Conformando o Discurso Sobre a História Pátria (ANPUH2011)

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History of Brazilian Historiography.

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  • Conformando o discurso sobre a Histria Ptria: Capistrano de Abreu e Rodolfo Garcia

    entre notas e prefcios.

    VITOR CLARET BATALHONE JNIOR

    Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro, sorocabano, brasileiro

    por decreto, engenheiro por formao, diplomata de carreira e historiador devotado

    Histria Ptria realizou durante sua vida uma obra que o consagrou e lhe rendeu predicados

    como o mestre e de grande exemplo a seguir e a venerar (ABREU, 1931: 129-131, 133,

    215; CEZAR, 2007: 165-171). Essa obra foi a Histria geral do Brasil, publicada em sua

    primeira edio, entre 1854 e 1857. Posteriormente, a Histria geral foi reeditada por

    Varnhagen, sendo a segunda edio publicada em 1877. Assim, poca, apesar dos desafetos

    surgidos entre o Visconde e os ento chamados indianistas romnticos muitos dos quais

    tambm eram membros do Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro fundado na Corte

    imperial em 1838 , Varnhagen experimentou grande prestgio por parte de seus pares e do

    pblico em funo do sucesso de sua obra monumental. Entretanto, no ano seguinte, em 29 de

    julho de 1878, falecia aquele que seria considerado o fundador da historiografia brasileira

    (CEZAR, 2007: 186).

    Por razo da morte de Varnhagen, um jovem escritor cearense chegado havia pouco

    capital imperial, a saber, Joo Capistrano de Abreu, publicou, em 1878, um artigo intitulado

    Necrolgio de Francisco Adolpho de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro. Nesse artigo,

    Capistrano comeou por estabelecer as bases sobre as quais, segundo suas concepes,

    deveria ser escrita a histria do Brasil. Em 1882, apenas quatro anos depois de seu Necrolgio

    sobre Varnhagen, Capistrano publicou um outro texto, Sobre o Visconde de Porto Seguro, no

    qual a exposio de suas concepes acerca de como deveria ser escrita a histria nacional

    foram ampliadas, estabelecendo uma crtica historiogrfica que encobriu desde a obra de

    Varnhagen at outros autores importantes porm de menor porte na opinio de Capistrano,

    como foi o caso do maranhense Joo Francisco Lisboa, caracterizado por Capistrano como o

    pioneiro em relao a uma escrita da histria das municipalidades brasileiras. Segundo as

    ponderaes do cearense, faltara a Joo Francisco a capacidade de sintetizar a histria do

    Brasil segundo um aspecto geral, assim como de coligir e sistematizar um corpus documental

    amplo sobre a histria do Brasil. Curiosamente, tanto Lisboa quanto Capistrano reconheciam

    a primazia de Varnhagen na questo que concernia coleta e utilizao do maior e mais

    Doutorando pelo Programa de Ps-Graduao em Histria da UFRGS. Bolsista CAPES.

  • 2

    valioso conjunto documental sobre a Histria Ptria disponvel at aproximadamente o

    ltimo tero do sculo XIX (ABREU, 1931: 198-201; OLIVEIRA, 2006: 42).

    Outra caracterstica bastante marcante das preopcupaes historiogrficas iniciais de

    Capistrano de Abreu, mas que se perpetuaram por toda sua carreira de historiador, foi o

    constante e consistente processo de rastreamento, de avaliao, de crtica e de edio de

    documentos relativos histria brasileira, especialmente queles do perodo colonial. Para

    Capistrano, fechar as lacunas documentais da Histria Ptria seria um momento decisivo

    na constituio no somente da historiografia e da disciplina da histria do Brasil, mas

    tambm na constituio da histria nacional enquanto arcabouo de experincias e tradies

    que conformariam a identidade nacional brasileira.1 Destarte, rastrear, coligir, avaliar,

    estabelecer processos de crtica documental e de edio de documentos histricos eram

    estgios fundamentais no somente formao e consolidao de uma disciplina mas

    tambm construo de uma identidade nacional.

    Entretanto, a preocupao e a execuo de um processo de coleta, crtica e edio de

    documentos histricos no comeou exclusivamente com Capistrano ou mesmo foi uma

    iniciativa isolada de sua parte. Em 1838 foi fundado o Instituto Histrico e Geogrfico

    Brasileiro (IHGB), o qual deveria orientar as atividades e as reflexes acerca da constituio

    de uma histria e de uma geografia do Brasil, realizando a tarefa de sistematizar uma

    produo historiogrfica capaz de contribuir para o desenho dos contornos que se quer[ia]

    definir para a Nao brasileira. Dentre os pressupostos estabelecidos nos estatutos de

    fundao e funcionamento do IHGB, ficaram definidos algumas diretrizes centrais de ao,

    dentre as quais uma das principais foi a coleta e publicao de documentos relevantes para a

    histria do Brasil (GUIMARES, 1988: 7-9). Havia uma crena comum entre os homens

    letrados da poca, de que o patamar fundamental para a fundao da histria e da

    historiografia brasileiras seria num primeiro momento um necessrio processo de descoberta,

    coleta, avaliao crtica e publicao de documentos considerados essenciais, os quais eram

    basicamente, documentos coloniais.

    1 Mas nem sempre o autor entenderia assim: no dera conta de toda a encomenda; avaliava que a parte realizada estava repleta de lacunas, assemelhando-se menos a um edifcio e muito mais a uma tapera. Ainda segundo Ilmar Mattos, para Capistrano de Abreu, a Histtia Ptria seria como um tempo homogneo que deve necessariamente ser preenchido, at o momento de uma plena constituio. MATTOS, Ilmar Rohloff de. Captulos de Capistrano. In: Modernos Descobrimentos do Brasil. Texto disponvel em: http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/desc/capistrano/frame.htm. Acessado em 05/06/2011. Dentre a mocidade que estuda, ser possvel que ningum ambicione tornar conhecido algum ponto obscuro do passado? H-os em abundncia, e cada qual mais importante. ABREU, J. Capistrano de, op. cit., p.199, 204-205. A narrativa histrica um meio de constituio da identidade humana. RSEN, Jrn. Razo histrica. Teoria da histria: os fundamentos da cincia histrica. Braslia: Editora UnB, 2001, p.53-67.

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    A partir da segunda metade do sculo XIX, o instituto passa a dar prioridade

    produo de trabalhos inditos nos campos da histria, da geografia e da etnologia, relegando

    a segundo plano a tarefa at ento prioritria de coleta e armazenamento de documentos

    (GUIMARES, 1988: 11). Entretanto, com exceo da supracitada Histria geral do Brasil

    de Varnhagen, tais trabalhos inditos se caracterizaram, de maneira geral, como monografias

    sobre temas histricos.2

    Apesar disso, Capistrano de Abreu, ao deliberar acerca (MATTOS, s/d: s/p):

    da importncia do conhecimento das viagens e dos viajantes para a compreenso de nossa histria, sublinharia parecer incrvel, embora exato, quase no haver no Instituto quem saiba fazer esta coisa to simples - editar um livro, residindo a prova no fato de que nem mesmo as coisas mais comezinhas, como determinar a poca em que foi escrito e assim circunscrever o perodo em que se deve procurar o autor quando o livro annimo, nem mesmo a isto se julgavam obrigados os seus scios. [. . .] O certo que seriam sempre ambguas suas relaes com a instituio que contara com o apoio do Imperador, at porque inevitavelmente mediatizadas pela sombra da figura de Francisco Adolfo de Varnhagen. Do Instituto destacaria sempre o zelo proveniente de seus fundadores na coleta e organizao dos documentos interessantes histria ptria, grande parte dos quais transcritos nas pginas de sua Revista Trimensal [. . .].

    No ano de 1900, sob pedido da Livraria Laemmert, Capistrano dera incio ao projeto

    de anotao crtica da terceira edio revista da Histria geral do Brasil de Varnhagen. A

    partir desse momento intensificar-se-ia para Capistrano a necessidade de coligir, avaliar,

    criticar e editar documentos histricos, uma vez que o historiador cearense acreditava serem

    os documentos, os elementos fundamentais para a constituio da historiografia (MATTOS,

    s/d: s/p).3

    E como segundo Ilmar Mattos, o mundo parecia coberto de documentos para aquele

    cearense que aos vinte e dois anos chegara ao Rio de Janeiro; se no o mundo, ao menos a

    Corte imperial, foi justamente na Corte, onde Capistrano trabalhara como professor no

    2 Como por exemplo Os indgenas do Brasil perante a Historia. Memoria offerecida ao Instituto Historico e Geographico do Brasil, escrito por Gonalves de Magalhes e publicado no tomo XXIII, do primeiro trimestre de 1860, da Revista Trimensal do Instituto Histrico. MAGALHES, D. J. G.. Os indgenas do Brasil perante a Historia. Memoria offerecida ao Instituto Historico e Geographico do Brasil. In: Revista Trimensal do Instituto Histrico e Geographico e Ethnographico do Brasil. Tomo XXIII, 1 trimestre. Rio de Janeiro/Nendeln: Kraus Reprint, 1860/1973, p.3-66. Texto disponvel em http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1860t0023c.pdf. Acessado em 05/06/2011. 3 Assim instrumentalizado, ele iniciaria um extenso e profcuo trabalho com aqueles que, declarada ou anonimamente, haviam legado testemunhos sobre a formao do Brasil, porque o melhor meio de estudar a histria ptria, ou antes o nico, tomar os testemunhos contemporneos autnticos e deles extrair a narrativa dos acontecimentos. Grifo do autor. Texto disponvel em: http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/desc/capistrano/frame.htm. Acessado em 05/06/2011.

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    Imperial Colgio de Pedro II e como oficial da Biblioteca Nacional a partir 1879, que ele

    conhecera seu grande amigo e companheiro de empreendimentos acadmicos: Rodolfo

    Augusto de Amorim Garcia. Radicado na Corte durante os primeiros anos da dcada de 1910,

    Garcia formou-se bacharel pela Faculdade de Direito de Recife, a famosa Escola do Recife,

    e atuou de maneira destacada como bibliotecrio e historiador (MATTOS, s/d: s/p;

    RODRIGUES, 1970: 155-162).4

    Todavia, foi trabalhando no processo de anotao da Histria geral do Brasil, junto a

    Capistrano de Abreu, que Garcia conheceu maior renome.5 Nesse esforo de tornar mais

    completa e aperfeioada a Histria geral, Capistrano e Garcia incluram na obra inmeras

    notas de rodap e de finais de seo. Nessas notas constavam referncias e informaes

    relativas no somente a estudos e documentos historiogrficos publicados aps a data de

    falecimento do Visconde como tambm, avaliaes crticas dos prprios documentos

    coloniais utilizados por aquele que foi considerado, especialmente por eles, o pai fundador da

    historiografia nacional. Durante e aps a tarefa de anotar criticamente a terceira e quarta

    edies revisadas da grande obra de Varnhagen, Rodolfo Garcia e Capistrano de Abreu

    colocaram em marcha, embora no de forma necessariamente coordenada, um amplo processo

    de coleta, crtica, anotao, prefaciamento, adio de introdues crticas, editorao e

    publicao de documentos considerados fundamentais para a consecuo de uma escrita da

    histria do Brasil, que, segundo os autores, fosse mais solidamente verdadeira, mais ampla e

    mais completa do que a de seus predecessores.

    Entre tais documentos, privilegiamos a anlise dos prefcios, introdues e notas de

    rodap da srie documental da Primeira visitao do Santo Ofcio s partes do Brasil, dos

    Tratados da terra e gente do Brasil de Ferno Cardim, do Dirio da navegao de Pero

    Lopes de Sousa e da Histria do Brasil de Frei Vicente do Salvador, pois acreditamos que tal

    4 Sobre a Escola do Recife, Roberto Ventura escreveu um interessante livro no qual aborda um tipo de prtica intelectual que foi bastante recorrente entre o perodo de 1870 e 1914. Tais prticas eram as polmicas travadas entre homens letrados em peridicos nacionais, acerca de assuntos referentes vida social, poltica e cultural nacional, e em especial, acerca do processo e do carter da formao da nacionalidade brasileira. Ventura estudou entre outros, como Capistrano de Abreu por exemplo, Slvio Romero de uma forma privilegiada, autor que foi formado na Escola do Recife e foi reconhecido publica e amplamente como polemista feroz e irascvel. VENTURA, Roberto. Estilo tropical: histria cultural e polmicas literrias no Brasil, 1870-1914. So Paulo: Companhia das Letras, 1991. 5 Capistrano de Abreu comeou a publicao de uma terceira tiragem da obra, corrigida e anotada por ele mesmo, em 1906, mas ele no a terminou por causa de um incndio na casa de edio. Rodolfo Garcia assumiu o projeto em 1928 e publicou, em cinco tomos, a terceira edio integral, com seus comentrios e o trabalho de Capistrano de Abreu sobre o texto original de Varnhagen. O texto original encontra-se em francs, sendo a traduo, de minha inteira responsabilidade. CEZAR, Temstocles. L'criture de l'histoire au Brsil au XIXe sicle: essai sur une rhtorique de la nacionalit : Le cas Varnhagen. Tese de Doutorado. Orientador: Prof. Dr. Franois Hartog. Paris: EHESS, 2002, p.540-541.

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    processo colaborou no sentido de conformar o discurso acerca da historiografia brasileira ao

    longo das trs primeiras dcadas do sculo XX.

    Primeiramente, seria importante explicitar as caractersticas principais dos apndices

    textuais metatextos , que escolhemos para a anlise, ou seja, prefcios, introdues

    (espcie de modulao do prefcio) e notas de rodap. Segundo Grard Genette, um metatexto

    uma zona espacial verbal de um texto impresso que opera direcionamentos na prtica da

    leitura, tendo como pressuposto por parte dos responsveis pelo texto autores e/ou editores

    , proporcionar uma melhor recepo do texto e de uma leitura mais pertinente mais

    pertinente, entendamos, aos olhos do autor e de seus aliados (2007: 8).6

    Neste estudo, tratamos basicamente de metatextos alogrficos tardios, ou seja, de

    anexos textuais que no foram escritos pelos autores originais durante sua vida, mas antes, por

    outros autores e/ou editores num perodo posterior ao falecimento dos autores originais. Tais

    metatextos possuem o predicativo de emanarem autoridade potencial sobre a leitura dos

    interlocutores, pois prtica comum que o autor do prefcio ou das notas alogrficas tardias

    seja um especialista ou uma autoridade referente rea de interesse da obra original. Eles

    exercem tambm uma espcie de fora ilocutria sobre as possibilidades de leitura dos textos

    principais, no sendo mera descrio dos denominados textos principais. Para o caso em

    questo, creio que o carter ilocutrio dos metatextos possa ocasionar efeitos determinantes

    sobre leituras possveis do texto principal. Embora no constitua uma determinao invarivel

    sobre o discurso e sobre o processo de leitura, esse potencial ilocutrio condiciona a

    performance da mesma, fenmeno que em si, funo dos metatextos (GENETTE, 2007: 16-

    17).7

    Importante frisar que a prtica de adicionar prefcios e notas de rodap alogrficos

    tardios est estritamente vinculada reproduo impressa de textos antigos no formato de

    edies crticas, como so os casos dos documentos editados por Garcia e Capistrano. Tais

    metatextos so o espao privilegiado para o surgimento de uma reflexo crtica acerca do

    texto principal, chegando frequentemente, a se incorporar a tal texto, dando permanncia a

    uma memria discursiva que delimitaria as possibilidades do discurso acerca da histria do

    Brasil (FOUCAULT, 2009: 31-32; GENETTE, 2007: 177-178, 180).

    Dessa forma, os prefcios (ou introdues crticas) e notas de rodap adicionados aos

    volumes impressos dos documentos histricos editados por Capistrano de Abreu e Rodolfo 6 O texto original encontra-se em francs, sendo a traduo, de minha inteira responsabilidade. 7 Segundo Arendt, que baseia-se em Mommsen, a autoridade constituiria uma fenmeno no qual uma enunciao seria mais que conselho e menos que uma ordem. ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. So Paulo: Perspectiva, 2007, p.163-165.

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    Garcia, metatextos esses escritos por eles, funcionariam de modo a possibilitar a existncia de

    um domnio de memria discursiva dentro do qual, por exemplo, aps a definio de certos

    conceitos, objetos e percepes acerca da hsitria do Brasil, as opes discursivas tornar-se-

    iam processualmente restritas (FOUCAULT, 2009: 73-78). A meta-estrutura factual da

    histria brasileira, por exemplo, foi-se tornando progressivamente consolidada desde a

    publicao da Histria geral do Brasil, de forma que durante muito tempo pouco se

    questionou acerca da prpria validade e da existncia de uma histria geral do Brasil

    condicionada pelos conceitos de Estado e nao, constituda por um determinado conjunto de

    fatos histricos que possuem como marca inicial aproximada o ano de 1500 se perpetuando

    at um presente histrico qualquer.

    Isso posto, comecemos pelos Tratados da terra e gente do Brasil (1939) de Ferno

    Cardim. Os Tratados foram uma fonte colonial utilizada em larga escala por Varnhagen em

    sua Histria geral. Alm disso, recebeu grande ateno por parte de Capistrano e Garcia, os

    quais a anotaram, adicionaram textos introdutrios e um apenso.

    Originalmente, o referido documento era composto por trs cdices distintos,

    reconhecidos sob os nomes Do Clima e Terra do Brasil, Do Princpio e Origem dos ndios do

    Brasil e Narrativa espistolar, ou Informao da Misso do Padre Christovo de Gouva s

    partes do Brasil (GARCIA, 1939: 8). Foi somente aps o trabalho de reconhecimento de

    autoria e de estabelecimento de um corpus textual relativamente coeso, realizado por

    Capistrano de Abreu, esforo esse calcado na crtica efetuada sobre cdices diversos, que os

    Tratados da terra e gente do Brasil puderam efetivamente ser acolhidos sob tal nome e

    reconhecidos como uma unidade referente a uma outra unidade que denominamos autor. De

    forma semelhante, a Histria do Brasil do Frei Vicente do Salvador, antes do trabalho de

    crtica e editorao realizado por Capistrano de Abreu e Rodolfo Garcia, tambm se

    assemelhava antes a um conjunto difuso, mais ou menos homogneo de documentos

    singulares, do que a um corpus documental nico, capaz de ser reunido em torno de uma

    identidade maior que poderamos caracterizar como sendo uma obra ou um autor.

    Dessa forma, um primeiro condicionamento aplicado ao discurso da histria do Brasil

    perceptvel atravs da anlise dos metatextos adicionados por Capistrano e Garcia aos

    documentos coloniais editados por eles foi a determinao de uma unidade atravs da

    definio de um ttulo e de um autor para um conjunto discursivo de textos at ento esparso e

    difuso. A partir de ento a Histria Ptria deveria tanger no apenas determinadas

    informaes e textos duversos, mas a unidade representada pelos nomes dos Tratados da

    terra e gente do Brasil de Ferno Cardim e da Histria do Brasil do Frei Vicente do Salvador.

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    Tal unidade deveu-se tambm reunio do antigo conjunto difuso de discursos numa

    materialidade nica, ou seja, um livro singular identificado a um ttulo e um autor

    determinados. Dentro desse conjunto unificado, os prefcios, introdues e notas operaram a

    funo de retificar e perpetuar uma srie de operaes de crtica documental que conduziu s

    unidades autor e obra. Mediante a narrao da histria tanto do referido processo de crtica

    que culminou na unidade da obra quanto na narrao da histria da vida dos autores, um

    sentido no processo de constituio da histria do Brasil lhes foi concedido. Ferno Cardim,

    por exemplo, foi considerado um dos nossos primeiros patricios que presidiram fundao

    da nacionalidade brasileira, um lo dessa cadeia a que pertenceram Anchieta e Vieira,

    como algum que estabeleceu entre os dois, uma espcie de linhagem gentica no rol dos

    grandes brasileiros que legaram obras importantes histria do Brasil: cuidado, trato,

    amor de um Brasil que ia passar, e morrer, legados ao Brasil da posteridade, que, esse,

    passando succecivamente, nunca morrer (GARCIA, 1939: 8-10).

    A idia da continuidade de uma pressuposta essncia nacional, no obstante as

    necessrias metamorfoses implicadas por todo processo de evoluo histrica, era portanto

    ratificada logo de sada no texto da Introduco Geral escrito por Garcia para os Tratados de

    Ferno Cardim. Dessa forma, desde o incio da edio, em funo de tais textos introdutrios,

    o leitor j se encontraria em contato com a concepo de que o objeto Brasil, dotado das

    propriedades de unidade e coeso, teria passado succecivamente por um processo histrico

    contnuo, no perecendo jamais, sendo capaz de manter uma identidade determinada atravs

    de um perodo de longa durao.

    Isso tambm ocorre nos outros metatextos dos documentos aqui considerados. Nas

    notas de rodap da Histria geral do Brasil, por exemplo, a orientao do sentido da

    narrativa, as bases tericas e o corpus documental utilizado foram constantemente

    corroborados pelos anotadores. Os quadros de ferro de Varnhagen tornavam-se mais

    slidos, ou talvez, estivessem sendo erguidos naquele exato momento.

    Um segundo elemento importante a ser destacado foi uma espcie de movimento

    circular de autorreferenciao do discurso histrico enunciado por Capistrano de Abreu e

    Rodolfo Garcia nos metatextos em questo.

    Na Introduco Geral aos Tratados de Ferno Cardim, assim como nos prefcios,

    introdues e notas de rodap constantes na srie documental da Primeira visitao do Santo

    Ofcio s partes do Brasil, no Dirio da navegao de Pero Lopes de Sousa e na Histria do

    Brasil de Frei Vicente do Salvador, a maior parte das fontes utilizadas para compor as

    narrativas de tais metatextos recorrente entre si. Os Annaes da Bibliotheca Nacional,

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    mltiplos nmeros da Revista do Instituto Histrico, Anchieta, Nbrega, Cardim, Frei

    Vicente, Jaboato, Gndavo, Grabriel Soares, a Histria geral do Brasil de Varnhagen e os

    volumes da Primeira visitao do Santo Officio aparecem como as referncias mais

    frequentes nos referidos prefcios, introdues e notas.

    Esse ltimo conjunto de textos foi prefaciado por Capistrano de Abreu e por Rodolfo

    Garcia, tendo sido inicialmente publicado pela Sociedade Capistrano de Abreu em 1922, na

    srie Eduardo Padro. No Prefcio escrito por Capistrano de Abreu em adio Primeira

    visitao do Santo Officio as partes do Brasil pelo licenciado Heitor Furtado de Mendoa:

    Confisses da Bahia (1591-92), o autor dissertou sobre as caractersticas gerais do contedo

    do volume e esboou uma pequena histria da primeira visitao do Santo Ofcio colnia

    portuguesa (ABREU, 1935).

    Para compor seu texto, recorreu basicamente ao conjunto de textos referido acima,

    adicionando algumas referncias s revistas do Arquivo Histrico Portugus, Mediaeval

    heresy & the Inquisition de Turberville e Historia dos Cristos novos Portuguezes, de seu

    amigo Joo Lcio dAzevedo. Todavia, as informaes so fundamentalmente lastreadas na

    Histria geral do Brasil, em Jos de Anchieta, Nbrega, Gndavo, Ferno Cardim, Frei

    Vicente do Salvador e Gabriel Soares, os quais, mesmo no sendo citados em notas de rodap,

    surgem referenciados no prprio corpo do texto, garantindo as informaes da narrativa de

    Capistrano de Abreu (1935: I-VI, VII-IX, XIV, XVI-XVIII, XIX, XXI-XXIX). Nas

    Denunciaes da Bahia, cuja Introduo tambm foi escrita por Capistrano de Abreu,

    encontramos novamente como referncia para a composio de seu breve texto, os recorrentes

    nomes de Gabriel Soares de Sousa, frei Jaboato, frei Vicente do Salvador, alm de Pero de

    Magalhes de Gndavo (ABREU, 1925: 11,12, 14-17).

    No caso das Denunciaes de Pernambuco, cujo estudo introdutrio coube a Rodolfo

    Garcia, o mesmo padro est presente. As prprias Denunciaes da Bahia, com Prefcio de

    Capistrano de Abreu, apareceram como referncia dezesseis vezes. A quarta edio da

    Historia geral do Brasil de Varnhagen tambm foi citada e usada como referncia

    recorrentemente. Portanto, ao mesmo tempo em que o autor trabalhava para oferecer uma

    verso anotada da Histria geral ao longo do ano de 1929, era escrito o prefcio e publicado o

    volume das Denunciaes de Pernambuco (GARCIA, 1929: VIII, XII-XIV, XVI-XIX, XXIII,

    XXVIII-XXX, XXXIII).

    Quanto utilizao de Varnhagen, importante notar que a edio da Histria geral

    do Brasil utilizada por Capistrano foi justamente aquela que o prprio historiador estava em

    vias de anotar e criticar. O Prefcio de Capistrano datado de 1922 e sua edio anotada da

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    Histria geral foi produzida entre 1906 e 1928, de forma que podemos julgar que os estudos

    crticos de Capistrano sobre as fontes coloniais em questo tenham sido executados ao mesmo

    tempo que seu trabalho de anotao da terceira edio da Histria de Varnhagen (ABREU,

    1935: XXIX).

    Dessa maneira, os estudos de Capistrano e Garcia acerca dos volumes da Primeira

    visitao do Santo Officio s partes do Brasil no estavam desconectados de seus estudos

    relativos anotao da obra de Varnhagen, assim como das demais fontes coloniais que os

    autores tambm prefaciavam, anotavam e editavam concomitantemente a essa tarefa. Parece

    que de certa forma, as possibilidades de se contar a histria do Brasil sem tocar nesses

    documentos eram restritas e apenas comeavam a aumentar medida em que monografias e

    novos estudos eram realizados, assim como novas fontes descobertas.

    Assim, o discurso histrico presente tanto nos metatextos da Histria geral do Brasil

    quanto nos metatextos dos documentos editados e comentados por Garcia e Capistrano

    apresentam uma conformao similar oriunda dessa espcie de movimento circular de

    autorreferenciao do discurso que surge, num primeiro momento, graas recorrncia de um

    determinado conjunto de documentos e suas respectivas informaes potenciais. Vale

    ressaltar uma vez mais que no somente existe um grupo de textos de base que

    fundamentaram tais metatextos, como alguns documentos editados com metatextos pelos dois

    autores em questo apareceram fundamentando os prefcios, introdues e notas de rodap de

    outros documentos processados por eles.

    Tais metatextos tambm afirmam uma proposio acerca da importncia dos

    documentos em questo em relao ao estgio de desenvolvimento da historiografia

    brasileira, atuando como espcies de sugestes, de questionrios mnimos a partir dos quais o

    processo de evoluo da historiografia brasileira deveria ser direcionado. A obra de Frei

    Vicente, por exemplo, teria o potencial de fechar as lacunas da histria brasileira,

    simbolizando uma histria do Brasil cuja existncia efetiva estaria potencial e possivelmente

    garantida para alm das representaes historiogrficas. Como escreveu Capistrano (1931:

    XXII):

    As entradas sertanejas teriam attrahido a atteno e o conhecimento dellas no ficaria em nomes escoteiros, sem indicaes biographicas, sem achegas geographicas, meros sujeitos sem predicados. Muitas anecdotas teriam sido colhidas, quebrando a monotonia pedestre ou solemne com que os Rocha Pittas, os Berredos, os Jaboates afrontaram a publicidade.

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    Frei Vicente ultimou a Historia do Brasil em 1627; s um seculo mais tarde sahiu Sebastio da Rocha Pitta com uma Historia... da America portugueza.8

    Assim tambm ocorreu em relao ao Dirio da navegao de Pero Lopes de Sousa,

    editado primeiramente por Varnhagen e algum tempo depois, por Capistrano de Abreu. Em

    seu Prologo edio de 1867 do Dirio, Varnhagen escreveu (1867: 3):

    A 1 edio do Dirio de Pero Lopes de Souza foi feita em 1839, havendo principalmente em vista o codice original (de letra de Pero Goes, com varios pretendidos retoques inadimissiveis do proprio punho de Martim Affonso de Souza) que existia em Lisboa na Livraria real da Ajuda. Esta edio tem sido sufficientemente dada a conhecer pelos biographos, comeando por Brunet (na palavra Souza) e por Mr. Rich na sua Bibliotheca Americana.

    Em seu Prologo, Varnhagen explicou que suprimira algumas das antigas notas

    existentes, de forma a ceder lugar reproduo de documentos que considerava de suma

    importncia para a Histria Ptria, uma vez que o Dirio pelo achamento de outros

    documentos, [havia perdido] uma parte da maxima valia que tinha no momento em que viu

    pela primeira vez a luz. Varnhagen afirmou ainda ter sido o Dirio um dos documentos

    fundamentais a lanar luz sobre vrias questes intrincadas da primeira poca da nossa

    Histria, que possibilitou a crtica das interminaveis conjecturas de Fr. Gaspar e de

    Jaboato (1867: 3-5).

    Em 1927, Capistrano publicou uma nova verso do Dirio da navegao de Pero

    Lopes de Sousa. O texto continuou basicamente o mesmo. Entretanto, desta vez a edio

    passou a contar com um Prefacio de J. Capistrano de Abreu. Segundo o historiador cearense

    (1927: s/p):

    Entre os manuscritos da Biblioteca da Ajuda, Francisco Adolfo de Varnhagen descobriu um codice relativo viagem de Martim Affonso de Sousa ao Brasil, attribuido a Pero Lopes de Sousa, seu irmo, donatario das capitanias de Santo Amaro e Tamarac. Nem Barbosa Machado nem qualquer outro bibliographo referira a obra, conservada em tres copias, e pode-se imaginar seu sobressalto. Cotejando-as preparou um texto, enriqueceu-o de notas preciosas e com os magros recursos de estudante editou alvoroado o Diario da navegao da armada que foi terra do Brasil em 1530... Lisba, 1839.

    Em seu Prefacio, Capistrano tornou a fazer referncia a documentos previamente

    analisados neste estudo, como foi o caso Frei Vicente do Salvador. Porm, fez questo de

    registrar que na edio de sua responsabilidade os factos historicos apontados no Dirio

    8 Grifo do autor.

  • 11

    foram esclarecidos, ora mais, ora menos, sendo que alguns, extrahidos de documentos

    castelhanos haviam sido ento adduzidos pela primeira vez em livro brasileiro e dos

    documentos, reunidos no segundo volume, alguns eram ineditos (1927: s/p). Desta forma,

    mesmo se no foi possvel encontrar de forma explcita no Prefacio de J. Capistrano de

    Abreu verso do Dirio editada em 1927, o movimento de autoreferenciao discursiva

    analisado mais acima, encontramos indcios de um padro referente ao discurso acerca da

    histria do Brasil. Percebemos que desde a edio sob responsabilidade de Varnhagen at a de

    Capistrano, existira uma espcie de emulao da crena na valorizao fundamental dos

    documentos para a composio da histria e da historiografia brasileiras. Alm disso, essa

    histria deveria ser narrada segundo uma perspectiva orientadora nacional.

    Destarte, ficavam registrados em tais metatextos os fundamentos de uma proposta

    historiogrfica especfica em vias de consolidao e perpetuao. A orientao dos sentidos

    possveis de serem implicados s narrativas historiogrficas permanecia estvel em torno da

    estrutura axial da histria do Estado e da nao, assim como os documentos necessrios para a

    escrita dessas narrativas surgiam ao pblico j circunscritos numa rede prescries acerca dos

    discursos possveis.

    Assim, creio que esse domnio de memria do campo discursivo foi se consolidando

    ao longo do processo de construo dos metatextos alogrficos tardios adicionados aos

    documentos considerados neste estudo, criando delimitaes discursivas que levaram

    Capistrano a especular, por exemplo, que desde ento, a nica possibilidade de se produzir

    uma grande inovao na historiografia brasielira capaz de se tornar digna do sculo de

    Comte e Herbert Spencer, seria atravs da utilizao do corpo de doutrinas criadoras que

    nos ltimos anos se constituram em cincia sob o nome de sociologia. Dessa forma, essa

    historiografia seria movida pela teoria da evoluo, mostrando a unidade que ata os trs

    sculos que vivemos, unidade essa, lastreada previamente no estabelecimento de um corpus

    documental previamente avaliado e aceito (ABREU, 1931: 139-141; FOUCAULT, 2009: 82).

    Referncias - ABREU, J. Capistrano de. Ensaios e estudos: (crtica e histria). 1. srie. Rio de Janeiro:

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    - ____________________. Nota preliminar. In: SALVADOR, Vicente do, Frei. Historia do

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  • 12

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