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History of Brazilian Historiography.
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Conformando o discurso sobre a Histria Ptria: Capistrano de Abreu e Rodolfo Garcia
entre notas e prefcios.
VITOR CLARET BATALHONE JNIOR
Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro, sorocabano, brasileiro
por decreto, engenheiro por formao, diplomata de carreira e historiador devotado
Histria Ptria realizou durante sua vida uma obra que o consagrou e lhe rendeu predicados
como o mestre e de grande exemplo a seguir e a venerar (ABREU, 1931: 129-131, 133,
215; CEZAR, 2007: 165-171). Essa obra foi a Histria geral do Brasil, publicada em sua
primeira edio, entre 1854 e 1857. Posteriormente, a Histria geral foi reeditada por
Varnhagen, sendo a segunda edio publicada em 1877. Assim, poca, apesar dos desafetos
surgidos entre o Visconde e os ento chamados indianistas romnticos muitos dos quais
tambm eram membros do Instituto Histrico e Geogrfico Brasileiro fundado na Corte
imperial em 1838 , Varnhagen experimentou grande prestgio por parte de seus pares e do
pblico em funo do sucesso de sua obra monumental. Entretanto, no ano seguinte, em 29 de
julho de 1878, falecia aquele que seria considerado o fundador da historiografia brasileira
(CEZAR, 2007: 186).
Por razo da morte de Varnhagen, um jovem escritor cearense chegado havia pouco
capital imperial, a saber, Joo Capistrano de Abreu, publicou, em 1878, um artigo intitulado
Necrolgio de Francisco Adolpho de Varnhagen, Visconde de Porto Seguro. Nesse artigo,
Capistrano comeou por estabelecer as bases sobre as quais, segundo suas concepes,
deveria ser escrita a histria do Brasil. Em 1882, apenas quatro anos depois de seu Necrolgio
sobre Varnhagen, Capistrano publicou um outro texto, Sobre o Visconde de Porto Seguro, no
qual a exposio de suas concepes acerca de como deveria ser escrita a histria nacional
foram ampliadas, estabelecendo uma crtica historiogrfica que encobriu desde a obra de
Varnhagen at outros autores importantes porm de menor porte na opinio de Capistrano,
como foi o caso do maranhense Joo Francisco Lisboa, caracterizado por Capistrano como o
pioneiro em relao a uma escrita da histria das municipalidades brasileiras. Segundo as
ponderaes do cearense, faltara a Joo Francisco a capacidade de sintetizar a histria do
Brasil segundo um aspecto geral, assim como de coligir e sistematizar um corpus documental
amplo sobre a histria do Brasil. Curiosamente, tanto Lisboa quanto Capistrano reconheciam
a primazia de Varnhagen na questo que concernia coleta e utilizao do maior e mais
Doutorando pelo Programa de Ps-Graduao em Histria da UFRGS. Bolsista CAPES.
2
valioso conjunto documental sobre a Histria Ptria disponvel at aproximadamente o
ltimo tero do sculo XIX (ABREU, 1931: 198-201; OLIVEIRA, 2006: 42).
Outra caracterstica bastante marcante das preopcupaes historiogrficas iniciais de
Capistrano de Abreu, mas que se perpetuaram por toda sua carreira de historiador, foi o
constante e consistente processo de rastreamento, de avaliao, de crtica e de edio de
documentos relativos histria brasileira, especialmente queles do perodo colonial. Para
Capistrano, fechar as lacunas documentais da Histria Ptria seria um momento decisivo
na constituio no somente da historiografia e da disciplina da histria do Brasil, mas
tambm na constituio da histria nacional enquanto arcabouo de experincias e tradies
que conformariam a identidade nacional brasileira.1 Destarte, rastrear, coligir, avaliar,
estabelecer processos de crtica documental e de edio de documentos histricos eram
estgios fundamentais no somente formao e consolidao de uma disciplina mas
tambm construo de uma identidade nacional.
Entretanto, a preocupao e a execuo de um processo de coleta, crtica e edio de
documentos histricos no comeou exclusivamente com Capistrano ou mesmo foi uma
iniciativa isolada de sua parte. Em 1838 foi fundado o Instituto Histrico e Geogrfico
Brasileiro (IHGB), o qual deveria orientar as atividades e as reflexes acerca da constituio
de uma histria e de uma geografia do Brasil, realizando a tarefa de sistematizar uma
produo historiogrfica capaz de contribuir para o desenho dos contornos que se quer[ia]
definir para a Nao brasileira. Dentre os pressupostos estabelecidos nos estatutos de
fundao e funcionamento do IHGB, ficaram definidos algumas diretrizes centrais de ao,
dentre as quais uma das principais foi a coleta e publicao de documentos relevantes para a
histria do Brasil (GUIMARES, 1988: 7-9). Havia uma crena comum entre os homens
letrados da poca, de que o patamar fundamental para a fundao da histria e da
historiografia brasileiras seria num primeiro momento um necessrio processo de descoberta,
coleta, avaliao crtica e publicao de documentos considerados essenciais, os quais eram
basicamente, documentos coloniais.
1 Mas nem sempre o autor entenderia assim: no dera conta de toda a encomenda; avaliava que a parte realizada estava repleta de lacunas, assemelhando-se menos a um edifcio e muito mais a uma tapera. Ainda segundo Ilmar Mattos, para Capistrano de Abreu, a Histtia Ptria seria como um tempo homogneo que deve necessariamente ser preenchido, at o momento de uma plena constituio. MATTOS, Ilmar Rohloff de. Captulos de Capistrano. In: Modernos Descobrimentos do Brasil. Texto disponvel em: http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/desc/capistrano/frame.htm. Acessado em 05/06/2011. Dentre a mocidade que estuda, ser possvel que ningum ambicione tornar conhecido algum ponto obscuro do passado? H-os em abundncia, e cada qual mais importante. ABREU, J. Capistrano de, op. cit., p.199, 204-205. A narrativa histrica um meio de constituio da identidade humana. RSEN, Jrn. Razo histrica. Teoria da histria: os fundamentos da cincia histrica. Braslia: Editora UnB, 2001, p.53-67.
3
A partir da segunda metade do sculo XIX, o instituto passa a dar prioridade
produo de trabalhos inditos nos campos da histria, da geografia e da etnologia, relegando
a segundo plano a tarefa at ento prioritria de coleta e armazenamento de documentos
(GUIMARES, 1988: 11). Entretanto, com exceo da supracitada Histria geral do Brasil
de Varnhagen, tais trabalhos inditos se caracterizaram, de maneira geral, como monografias
sobre temas histricos.2
Apesar disso, Capistrano de Abreu, ao deliberar acerca (MATTOS, s/d: s/p):
da importncia do conhecimento das viagens e dos viajantes para a compreenso de nossa histria, sublinharia parecer incrvel, embora exato, quase no haver no Instituto quem saiba fazer esta coisa to simples - editar um livro, residindo a prova no fato de que nem mesmo as coisas mais comezinhas, como determinar a poca em que foi escrito e assim circunscrever o perodo em que se deve procurar o autor quando o livro annimo, nem mesmo a isto se julgavam obrigados os seus scios. [. . .] O certo que seriam sempre ambguas suas relaes com a instituio que contara com o apoio do Imperador, at porque inevitavelmente mediatizadas pela sombra da figura de Francisco Adolfo de Varnhagen. Do Instituto destacaria sempre o zelo proveniente de seus fundadores na coleta e organizao dos documentos interessantes histria ptria, grande parte dos quais transcritos nas pginas de sua Revista Trimensal [. . .].
No ano de 1900, sob pedido da Livraria Laemmert, Capistrano dera incio ao projeto
de anotao crtica da terceira edio revista da Histria geral do Brasil de Varnhagen. A
partir desse momento intensificar-se-ia para Capistrano a necessidade de coligir, avaliar,
criticar e editar documentos histricos, uma vez que o historiador cearense acreditava serem
os documentos, os elementos fundamentais para a constituio da historiografia (MATTOS,
s/d: s/p).3
E como segundo Ilmar Mattos, o mundo parecia coberto de documentos para aquele
cearense que aos vinte e dois anos chegara ao Rio de Janeiro; se no o mundo, ao menos a
Corte imperial, foi justamente na Corte, onde Capistrano trabalhara como professor no
2 Como por exemplo Os indgenas do Brasil perante a Historia. Memoria offerecida ao Instituto Historico e Geographico do Brasil, escrito por Gonalves de Magalhes e publicado no tomo XXIII, do primeiro trimestre de 1860, da Revista Trimensal do Instituto Histrico. MAGALHES, D. J. G.. Os indgenas do Brasil perante a Historia. Memoria offerecida ao Instituto Historico e Geographico do Brasil. In: Revista Trimensal do Instituto Histrico e Geographico e Ethnographico do Brasil. Tomo XXIII, 1 trimestre. Rio de Janeiro/Nendeln: Kraus Reprint, 1860/1973, p.3-66. Texto disponvel em http://www.ihgb.org.br/rihgb/rihgb1860t0023c.pdf. Acessado em 05/06/2011. 3 Assim instrumentalizado, ele iniciaria um extenso e profcuo trabalho com aqueles que, declarada ou anonimamente, haviam legado testemunhos sobre a formao do Brasil, porque o melhor meio de estudar a histria ptria, ou antes o nico, tomar os testemunhos contemporneos autnticos e deles extrair a narrativa dos acontecimentos. Grifo do autor. Texto disponvel em: http://www.historiaecultura.pro.br/modernosdescobrimentos/desc/capistrano/frame.htm. Acessado em 05/06/2011.
4
Imperial Colgio de Pedro II e como oficial da Biblioteca Nacional a partir 1879, que ele
conhecera seu grande amigo e companheiro de empreendimentos acadmicos: Rodolfo
Augusto de Amorim Garcia. Radicado na Corte durante os primeiros anos da dcada de 1910,
Garcia formou-se bacharel pela Faculdade de Direito de Recife, a famosa Escola do Recife,
e atuou de maneira destacada como bibliotecrio e historiador (MATTOS, s/d: s/p;
RODRIGUES, 1970: 155-162).4
Todavia, foi trabalhando no processo de anotao da Histria geral do Brasil, junto a
Capistrano de Abreu, que Garcia conheceu maior renome.5 Nesse esforo de tornar mais
completa e aperfeioada a Histria geral, Capistrano e Garcia incluram na obra inmeras
notas de rodap e de finais de seo. Nessas notas constavam referncias e informaes
relativas no somente a estudos e documentos historiogrficos publicados aps a data de
falecimento do Visconde como tambm, avaliaes crticas dos prprios documentos
coloniais utilizados por aquele que foi considerado, especialmente por eles, o pai fundador da
historiografia nacional. Durante e aps a tarefa de anotar criticamente a terceira e quarta
edies revisadas da grande obra de Varnhagen, Rodolfo Garcia e Capistrano de Abreu
colocaram em marcha, embora no de forma necessariamente coordenada, um amplo processo
de coleta, crtica, anotao, prefaciamento, adio de introdues crticas, editorao e
publicao de documentos considerados fundamentais para a consecuo de uma escrita da
histria do Brasil, que, segundo os autores, fosse mais solidamente verdadeira, mais ampla e
mais completa do que a de seus predecessores.
Entre tais documentos, privilegiamos a anlise dos prefcios, introdues e notas de
rodap da srie documental da Primeira visitao do Santo Ofcio s partes do Brasil, dos
Tratados da terra e gente do Brasil de Ferno Cardim, do Dirio da navegao de Pero
Lopes de Sousa e da Histria do Brasil de Frei Vicente do Salvador, pois acreditamos que tal
4 Sobre a Escola do Recife, Roberto Ventura escreveu um interessante livro no qual aborda um tipo de prtica intelectual que foi bastante recorrente entre o perodo de 1870 e 1914. Tais prticas eram as polmicas travadas entre homens letrados em peridicos nacionais, acerca de assuntos referentes vida social, poltica e cultural nacional, e em especial, acerca do processo e do carter da formao da nacionalidade brasileira. Ventura estudou entre outros, como Capistrano de Abreu por exemplo, Slvio Romero de uma forma privilegiada, autor que foi formado na Escola do Recife e foi reconhecido publica e amplamente como polemista feroz e irascvel. VENTURA, Roberto. Estilo tropical: histria cultural e polmicas literrias no Brasil, 1870-1914. So Paulo: Companhia das Letras, 1991. 5 Capistrano de Abreu comeou a publicao de uma terceira tiragem da obra, corrigida e anotada por ele mesmo, em 1906, mas ele no a terminou por causa de um incndio na casa de edio. Rodolfo Garcia assumiu o projeto em 1928 e publicou, em cinco tomos, a terceira edio integral, com seus comentrios e o trabalho de Capistrano de Abreu sobre o texto original de Varnhagen. O texto original encontra-se em francs, sendo a traduo, de minha inteira responsabilidade. CEZAR, Temstocles. L'criture de l'histoire au Brsil au XIXe sicle: essai sur une rhtorique de la nacionalit : Le cas Varnhagen. Tese de Doutorado. Orientador: Prof. Dr. Franois Hartog. Paris: EHESS, 2002, p.540-541.
5
processo colaborou no sentido de conformar o discurso acerca da historiografia brasileira ao
longo das trs primeiras dcadas do sculo XX.
Primeiramente, seria importante explicitar as caractersticas principais dos apndices
textuais metatextos , que escolhemos para a anlise, ou seja, prefcios, introdues
(espcie de modulao do prefcio) e notas de rodap. Segundo Grard Genette, um metatexto
uma zona espacial verbal de um texto impresso que opera direcionamentos na prtica da
leitura, tendo como pressuposto por parte dos responsveis pelo texto autores e/ou editores
, proporcionar uma melhor recepo do texto e de uma leitura mais pertinente mais
pertinente, entendamos, aos olhos do autor e de seus aliados (2007: 8).6
Neste estudo, tratamos basicamente de metatextos alogrficos tardios, ou seja, de
anexos textuais que no foram escritos pelos autores originais durante sua vida, mas antes, por
outros autores e/ou editores num perodo posterior ao falecimento dos autores originais. Tais
metatextos possuem o predicativo de emanarem autoridade potencial sobre a leitura dos
interlocutores, pois prtica comum que o autor do prefcio ou das notas alogrficas tardias
seja um especialista ou uma autoridade referente rea de interesse da obra original. Eles
exercem tambm uma espcie de fora ilocutria sobre as possibilidades de leitura dos textos
principais, no sendo mera descrio dos denominados textos principais. Para o caso em
questo, creio que o carter ilocutrio dos metatextos possa ocasionar efeitos determinantes
sobre leituras possveis do texto principal. Embora no constitua uma determinao invarivel
sobre o discurso e sobre o processo de leitura, esse potencial ilocutrio condiciona a
performance da mesma, fenmeno que em si, funo dos metatextos (GENETTE, 2007: 16-
17).7
Importante frisar que a prtica de adicionar prefcios e notas de rodap alogrficos
tardios est estritamente vinculada reproduo impressa de textos antigos no formato de
edies crticas, como so os casos dos documentos editados por Garcia e Capistrano. Tais
metatextos so o espao privilegiado para o surgimento de uma reflexo crtica acerca do
texto principal, chegando frequentemente, a se incorporar a tal texto, dando permanncia a
uma memria discursiva que delimitaria as possibilidades do discurso acerca da histria do
Brasil (FOUCAULT, 2009: 31-32; GENETTE, 2007: 177-178, 180).
Dessa forma, os prefcios (ou introdues crticas) e notas de rodap adicionados aos
volumes impressos dos documentos histricos editados por Capistrano de Abreu e Rodolfo 6 O texto original encontra-se em francs, sendo a traduo, de minha inteira responsabilidade. 7 Segundo Arendt, que baseia-se em Mommsen, a autoridade constituiria uma fenmeno no qual uma enunciao seria mais que conselho e menos que uma ordem. ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. So Paulo: Perspectiva, 2007, p.163-165.
6
Garcia, metatextos esses escritos por eles, funcionariam de modo a possibilitar a existncia de
um domnio de memria discursiva dentro do qual, por exemplo, aps a definio de certos
conceitos, objetos e percepes acerca da hsitria do Brasil, as opes discursivas tornar-se-
iam processualmente restritas (FOUCAULT, 2009: 73-78). A meta-estrutura factual da
histria brasileira, por exemplo, foi-se tornando progressivamente consolidada desde a
publicao da Histria geral do Brasil, de forma que durante muito tempo pouco se
questionou acerca da prpria validade e da existncia de uma histria geral do Brasil
condicionada pelos conceitos de Estado e nao, constituda por um determinado conjunto de
fatos histricos que possuem como marca inicial aproximada o ano de 1500 se perpetuando
at um presente histrico qualquer.
Isso posto, comecemos pelos Tratados da terra e gente do Brasil (1939) de Ferno
Cardim. Os Tratados foram uma fonte colonial utilizada em larga escala por Varnhagen em
sua Histria geral. Alm disso, recebeu grande ateno por parte de Capistrano e Garcia, os
quais a anotaram, adicionaram textos introdutrios e um apenso.
Originalmente, o referido documento era composto por trs cdices distintos,
reconhecidos sob os nomes Do Clima e Terra do Brasil, Do Princpio e Origem dos ndios do
Brasil e Narrativa espistolar, ou Informao da Misso do Padre Christovo de Gouva s
partes do Brasil (GARCIA, 1939: 8). Foi somente aps o trabalho de reconhecimento de
autoria e de estabelecimento de um corpus textual relativamente coeso, realizado por
Capistrano de Abreu, esforo esse calcado na crtica efetuada sobre cdices diversos, que os
Tratados da terra e gente do Brasil puderam efetivamente ser acolhidos sob tal nome e
reconhecidos como uma unidade referente a uma outra unidade que denominamos autor. De
forma semelhante, a Histria do Brasil do Frei Vicente do Salvador, antes do trabalho de
crtica e editorao realizado por Capistrano de Abreu e Rodolfo Garcia, tambm se
assemelhava antes a um conjunto difuso, mais ou menos homogneo de documentos
singulares, do que a um corpus documental nico, capaz de ser reunido em torno de uma
identidade maior que poderamos caracterizar como sendo uma obra ou um autor.
Dessa forma, um primeiro condicionamento aplicado ao discurso da histria do Brasil
perceptvel atravs da anlise dos metatextos adicionados por Capistrano e Garcia aos
documentos coloniais editados por eles foi a determinao de uma unidade atravs da
definio de um ttulo e de um autor para um conjunto discursivo de textos at ento esparso e
difuso. A partir de ento a Histria Ptria deveria tanger no apenas determinadas
informaes e textos duversos, mas a unidade representada pelos nomes dos Tratados da
terra e gente do Brasil de Ferno Cardim e da Histria do Brasil do Frei Vicente do Salvador.
7
Tal unidade deveu-se tambm reunio do antigo conjunto difuso de discursos numa
materialidade nica, ou seja, um livro singular identificado a um ttulo e um autor
determinados. Dentro desse conjunto unificado, os prefcios, introdues e notas operaram a
funo de retificar e perpetuar uma srie de operaes de crtica documental que conduziu s
unidades autor e obra. Mediante a narrao da histria tanto do referido processo de crtica
que culminou na unidade da obra quanto na narrao da histria da vida dos autores, um
sentido no processo de constituio da histria do Brasil lhes foi concedido. Ferno Cardim,
por exemplo, foi considerado um dos nossos primeiros patricios que presidiram fundao
da nacionalidade brasileira, um lo dessa cadeia a que pertenceram Anchieta e Vieira,
como algum que estabeleceu entre os dois, uma espcie de linhagem gentica no rol dos
grandes brasileiros que legaram obras importantes histria do Brasil: cuidado, trato,
amor de um Brasil que ia passar, e morrer, legados ao Brasil da posteridade, que, esse,
passando succecivamente, nunca morrer (GARCIA, 1939: 8-10).
A idia da continuidade de uma pressuposta essncia nacional, no obstante as
necessrias metamorfoses implicadas por todo processo de evoluo histrica, era portanto
ratificada logo de sada no texto da Introduco Geral escrito por Garcia para os Tratados de
Ferno Cardim. Dessa forma, desde o incio da edio, em funo de tais textos introdutrios,
o leitor j se encontraria em contato com a concepo de que o objeto Brasil, dotado das
propriedades de unidade e coeso, teria passado succecivamente por um processo histrico
contnuo, no perecendo jamais, sendo capaz de manter uma identidade determinada atravs
de um perodo de longa durao.
Isso tambm ocorre nos outros metatextos dos documentos aqui considerados. Nas
notas de rodap da Histria geral do Brasil, por exemplo, a orientao do sentido da
narrativa, as bases tericas e o corpus documental utilizado foram constantemente
corroborados pelos anotadores. Os quadros de ferro de Varnhagen tornavam-se mais
slidos, ou talvez, estivessem sendo erguidos naquele exato momento.
Um segundo elemento importante a ser destacado foi uma espcie de movimento
circular de autorreferenciao do discurso histrico enunciado por Capistrano de Abreu e
Rodolfo Garcia nos metatextos em questo.
Na Introduco Geral aos Tratados de Ferno Cardim, assim como nos prefcios,
introdues e notas de rodap constantes na srie documental da Primeira visitao do Santo
Ofcio s partes do Brasil, no Dirio da navegao de Pero Lopes de Sousa e na Histria do
Brasil de Frei Vicente do Salvador, a maior parte das fontes utilizadas para compor as
narrativas de tais metatextos recorrente entre si. Os Annaes da Bibliotheca Nacional,
8
mltiplos nmeros da Revista do Instituto Histrico, Anchieta, Nbrega, Cardim, Frei
Vicente, Jaboato, Gndavo, Grabriel Soares, a Histria geral do Brasil de Varnhagen e os
volumes da Primeira visitao do Santo Officio aparecem como as referncias mais
frequentes nos referidos prefcios, introdues e notas.
Esse ltimo conjunto de textos foi prefaciado por Capistrano de Abreu e por Rodolfo
Garcia, tendo sido inicialmente publicado pela Sociedade Capistrano de Abreu em 1922, na
srie Eduardo Padro. No Prefcio escrito por Capistrano de Abreu em adio Primeira
visitao do Santo Officio as partes do Brasil pelo licenciado Heitor Furtado de Mendoa:
Confisses da Bahia (1591-92), o autor dissertou sobre as caractersticas gerais do contedo
do volume e esboou uma pequena histria da primeira visitao do Santo Ofcio colnia
portuguesa (ABREU, 1935).
Para compor seu texto, recorreu basicamente ao conjunto de textos referido acima,
adicionando algumas referncias s revistas do Arquivo Histrico Portugus, Mediaeval
heresy & the Inquisition de Turberville e Historia dos Cristos novos Portuguezes, de seu
amigo Joo Lcio dAzevedo. Todavia, as informaes so fundamentalmente lastreadas na
Histria geral do Brasil, em Jos de Anchieta, Nbrega, Gndavo, Ferno Cardim, Frei
Vicente do Salvador e Gabriel Soares, os quais, mesmo no sendo citados em notas de rodap,
surgem referenciados no prprio corpo do texto, garantindo as informaes da narrativa de
Capistrano de Abreu (1935: I-VI, VII-IX, XIV, XVI-XVIII, XIX, XXI-XXIX). Nas
Denunciaes da Bahia, cuja Introduo tambm foi escrita por Capistrano de Abreu,
encontramos novamente como referncia para a composio de seu breve texto, os recorrentes
nomes de Gabriel Soares de Sousa, frei Jaboato, frei Vicente do Salvador, alm de Pero de
Magalhes de Gndavo (ABREU, 1925: 11,12, 14-17).
No caso das Denunciaes de Pernambuco, cujo estudo introdutrio coube a Rodolfo
Garcia, o mesmo padro est presente. As prprias Denunciaes da Bahia, com Prefcio de
Capistrano de Abreu, apareceram como referncia dezesseis vezes. A quarta edio da
Historia geral do Brasil de Varnhagen tambm foi citada e usada como referncia
recorrentemente. Portanto, ao mesmo tempo em que o autor trabalhava para oferecer uma
verso anotada da Histria geral ao longo do ano de 1929, era escrito o prefcio e publicado o
volume das Denunciaes de Pernambuco (GARCIA, 1929: VIII, XII-XIV, XVI-XIX, XXIII,
XXVIII-XXX, XXXIII).
Quanto utilizao de Varnhagen, importante notar que a edio da Histria geral
do Brasil utilizada por Capistrano foi justamente aquela que o prprio historiador estava em
vias de anotar e criticar. O Prefcio de Capistrano datado de 1922 e sua edio anotada da
9
Histria geral foi produzida entre 1906 e 1928, de forma que podemos julgar que os estudos
crticos de Capistrano sobre as fontes coloniais em questo tenham sido executados ao mesmo
tempo que seu trabalho de anotao da terceira edio da Histria de Varnhagen (ABREU,
1935: XXIX).
Dessa maneira, os estudos de Capistrano e Garcia acerca dos volumes da Primeira
visitao do Santo Officio s partes do Brasil no estavam desconectados de seus estudos
relativos anotao da obra de Varnhagen, assim como das demais fontes coloniais que os
autores tambm prefaciavam, anotavam e editavam concomitantemente a essa tarefa. Parece
que de certa forma, as possibilidades de se contar a histria do Brasil sem tocar nesses
documentos eram restritas e apenas comeavam a aumentar medida em que monografias e
novos estudos eram realizados, assim como novas fontes descobertas.
Assim, o discurso histrico presente tanto nos metatextos da Histria geral do Brasil
quanto nos metatextos dos documentos editados e comentados por Garcia e Capistrano
apresentam uma conformao similar oriunda dessa espcie de movimento circular de
autorreferenciao do discurso que surge, num primeiro momento, graas recorrncia de um
determinado conjunto de documentos e suas respectivas informaes potenciais. Vale
ressaltar uma vez mais que no somente existe um grupo de textos de base que
fundamentaram tais metatextos, como alguns documentos editados com metatextos pelos dois
autores em questo apareceram fundamentando os prefcios, introdues e notas de rodap de
outros documentos processados por eles.
Tais metatextos tambm afirmam uma proposio acerca da importncia dos
documentos em questo em relao ao estgio de desenvolvimento da historiografia
brasileira, atuando como espcies de sugestes, de questionrios mnimos a partir dos quais o
processo de evoluo da historiografia brasileira deveria ser direcionado. A obra de Frei
Vicente, por exemplo, teria o potencial de fechar as lacunas da histria brasileira,
simbolizando uma histria do Brasil cuja existncia efetiva estaria potencial e possivelmente
garantida para alm das representaes historiogrficas. Como escreveu Capistrano (1931:
XXII):
As entradas sertanejas teriam attrahido a atteno e o conhecimento dellas no ficaria em nomes escoteiros, sem indicaes biographicas, sem achegas geographicas, meros sujeitos sem predicados. Muitas anecdotas teriam sido colhidas, quebrando a monotonia pedestre ou solemne com que os Rocha Pittas, os Berredos, os Jaboates afrontaram a publicidade.
10
Frei Vicente ultimou a Historia do Brasil em 1627; s um seculo mais tarde sahiu Sebastio da Rocha Pitta com uma Historia... da America portugueza.8
Assim tambm ocorreu em relao ao Dirio da navegao de Pero Lopes de Sousa,
editado primeiramente por Varnhagen e algum tempo depois, por Capistrano de Abreu. Em
seu Prologo edio de 1867 do Dirio, Varnhagen escreveu (1867: 3):
A 1 edio do Dirio de Pero Lopes de Souza foi feita em 1839, havendo principalmente em vista o codice original (de letra de Pero Goes, com varios pretendidos retoques inadimissiveis do proprio punho de Martim Affonso de Souza) que existia em Lisboa na Livraria real da Ajuda. Esta edio tem sido sufficientemente dada a conhecer pelos biographos, comeando por Brunet (na palavra Souza) e por Mr. Rich na sua Bibliotheca Americana.
Em seu Prologo, Varnhagen explicou que suprimira algumas das antigas notas
existentes, de forma a ceder lugar reproduo de documentos que considerava de suma
importncia para a Histria Ptria, uma vez que o Dirio pelo achamento de outros
documentos, [havia perdido] uma parte da maxima valia que tinha no momento em que viu
pela primeira vez a luz. Varnhagen afirmou ainda ter sido o Dirio um dos documentos
fundamentais a lanar luz sobre vrias questes intrincadas da primeira poca da nossa
Histria, que possibilitou a crtica das interminaveis conjecturas de Fr. Gaspar e de
Jaboato (1867: 3-5).
Em 1927, Capistrano publicou uma nova verso do Dirio da navegao de Pero
Lopes de Sousa. O texto continuou basicamente o mesmo. Entretanto, desta vez a edio
passou a contar com um Prefacio de J. Capistrano de Abreu. Segundo o historiador cearense
(1927: s/p):
Entre os manuscritos da Biblioteca da Ajuda, Francisco Adolfo de Varnhagen descobriu um codice relativo viagem de Martim Affonso de Sousa ao Brasil, attribuido a Pero Lopes de Sousa, seu irmo, donatario das capitanias de Santo Amaro e Tamarac. Nem Barbosa Machado nem qualquer outro bibliographo referira a obra, conservada em tres copias, e pode-se imaginar seu sobressalto. Cotejando-as preparou um texto, enriqueceu-o de notas preciosas e com os magros recursos de estudante editou alvoroado o Diario da navegao da armada que foi terra do Brasil em 1530... Lisba, 1839.
Em seu Prefacio, Capistrano tornou a fazer referncia a documentos previamente
analisados neste estudo, como foi o caso Frei Vicente do Salvador. Porm, fez questo de
registrar que na edio de sua responsabilidade os factos historicos apontados no Dirio
8 Grifo do autor.
11
foram esclarecidos, ora mais, ora menos, sendo que alguns, extrahidos de documentos
castelhanos haviam sido ento adduzidos pela primeira vez em livro brasileiro e dos
documentos, reunidos no segundo volume, alguns eram ineditos (1927: s/p). Desta forma,
mesmo se no foi possvel encontrar de forma explcita no Prefacio de J. Capistrano de
Abreu verso do Dirio editada em 1927, o movimento de autoreferenciao discursiva
analisado mais acima, encontramos indcios de um padro referente ao discurso acerca da
histria do Brasil. Percebemos que desde a edio sob responsabilidade de Varnhagen at a de
Capistrano, existira uma espcie de emulao da crena na valorizao fundamental dos
documentos para a composio da histria e da historiografia brasileiras. Alm disso, essa
histria deveria ser narrada segundo uma perspectiva orientadora nacional.
Destarte, ficavam registrados em tais metatextos os fundamentos de uma proposta
historiogrfica especfica em vias de consolidao e perpetuao. A orientao dos sentidos
possveis de serem implicados s narrativas historiogrficas permanecia estvel em torno da
estrutura axial da histria do Estado e da nao, assim como os documentos necessrios para a
escrita dessas narrativas surgiam ao pblico j circunscritos numa rede prescries acerca dos
discursos possveis.
Assim, creio que esse domnio de memria do campo discursivo foi se consolidando
ao longo do processo de construo dos metatextos alogrficos tardios adicionados aos
documentos considerados neste estudo, criando delimitaes discursivas que levaram
Capistrano a especular, por exemplo, que desde ento, a nica possibilidade de se produzir
uma grande inovao na historiografia brasielira capaz de se tornar digna do sculo de
Comte e Herbert Spencer, seria atravs da utilizao do corpo de doutrinas criadoras que
nos ltimos anos se constituram em cincia sob o nome de sociologia. Dessa forma, essa
historiografia seria movida pela teoria da evoluo, mostrando a unidade que ata os trs
sculos que vivemos, unidade essa, lastreada previamente no estabelecimento de um corpus
documental previamente avaliado e aceito (ABREU, 1931: 139-141; FOUCAULT, 2009: 82).
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12
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