109
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE ANFÍBIOS ANUROS E BIOCONTROLE DE INSETOS PRAGAS EM SISTEMAS AGRÍCOLAS DE REGIÃO SEMIÁRIDA BRASILEIRA: SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA Natal RN 2016

CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE

ANFÍBIOS ANUROS E BIOCONTROLE DE INSETOS PRAGAS EM

SISTEMAS AGRÍCOLAS DE REGIÃO SEMIÁRIDA BRASILEIRA:

SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO

IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA

Natal – RN

2016

Page 2: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA

CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE

ANFÍBIOS ANUROS E BIOCONTROLE DE INSETOS PRAGAS EM

SISTEMAS AGRÍCOLAS DE REGIÃO SEMIÁRIDA BRASILEIRA:

SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em

Desenvolvimento e Meio Ambiente,

Associação Ampla em Rede, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título

de Doutor.

Orientadora: Prof.Dra. Eliza Maria Xavier Freire (UFRN)

Co-Orientador: Prof.Dr. Reinaldo Farias Paiva de Lucena (UFPB)

NATAL – RN

2016

Page 3: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Biociências - CB

Oliveira, Iaponira Sales de.

Conhecimento ecológico local sobre espécies de anfíbios anuros e biocontrole de insetos pragas em sistemas agrícolas de região

semiárida brasileira: subsídios à etnoconservação / Iaponira Sales de Oliveira. - Natal, 2016.

108 f.: il.

Orientadora: Profa. Dra. Eliza Maria Xavier Freire.

Coorientador: Prof. Dr. Reinaldo Farias Paiva de Lucena.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Biociências. Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

1. Anfíbios anuros da caatinga - Tese. 2. Biocontrole de pragas agrícolas - Tese. 3. Sustentabilidade - Tese. I. Freire, Eliza Maria Xavier. II. Lucena, Reinaldo Farias Paiva de. III.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 597.8

Page 4: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA

Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente,

Associação Ampla em Rede, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título de Doutor.

Aprovada em:

BANCA EXAMINADORA:

ORIENTADORA

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DDMA/UFRN)

Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Prof. Dr. ERALDO MEDEIROS COSTA NETO

Universidade Estadual de Feira de Santana (CCBS/UEFS)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CCSA/UFRN)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN)

Page 5: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

APRESENTAÇÃO

E s t a Tese tem como título “ Conhecimento ecológico local sobre espécies de

anfíbios anuros e biocontrole de insetos pragas em sistemas agrícolas de região semiárida

brasileira: Subsídios à Etnoconservação” e, conforme padronização do colegiado do

DDMA local, encontra-se composta por uma Introdução geral (embasamento teórico e

revisão bibliográfica do conjunto do tema abordado, incluindo a identificação do problema da

Tese), uma Caracterização geral da Área de estudo, Metodologia geral empregada para o

conjunto da obra, além de dois Capítulos que correspondem a artigos científicos. O primeiro

capítulo gerou o artigo que foi publicado na Revista Brasileira de Ciências Ambientais (B1 na

Área de Ciências Ambientais), e o segundo será submetido, após a defesa, à revista Gaia

Scientia (B2 na Área de Ciências Ambientais). Os capítulos/artigos estão no formato dos

respectivos periódicos; os endereços dos sites onde constam as normas dos periódicos estão

destacados em cada capítulo/artigo. Além dos artigos, esta Tese tem como Produto Educativo

uma Cartilha no Formato de Cordel Ilustrado, intitulado “Com caçote, Sapo e Jia, vamos

salvar Planta e Gente”; o conteúdo é produto deste Estudo, mas foi elaborado em Literatura

de Cordel pelo Dr. Marcos Medeiros, e encontra-se inserida após o segundo Capítulo.

Page 6: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

AGRADECIMENTOS

Como tudo começou...

A ideia desse trabalho surgiu a partir de um convite recebido pela minha orientadora,

Profa. Dra. Eliza Maria Xavier Freire, para integrar o projeto de pesquisa amplo e binacional

Brasil – Alemanha (INNOVATE Project), o qual tem por objetivo geral identificar os múltiplos

usos da água do reservatório de Itaparica, ao longo do médio Rio São Francisco, Pernambuco, e

analisar as inovações referentes ao manejo dos recursos aquáticos e terrestres, e de cujo

subprojeto, SP-4 - Biodiversidade e Serviços do Ecossistema, esta tese é integrante.

Identificamos no referido Projeto a possibilidade de integrarmos os conhecimentos de

Etnobiologia com a de Biologia de Anfíbios; até então, meu conhecimento sobre anfíbios era

ínfimo, no entanto, com a expertise da Profa. Eliza e meu desejo de continuar pesquisando na

área de Etnobiologia possibilitaram a execução desta pesquisa.

Agradeço à Equipe do INNOVATE Project, por meio do qual foram custeadas as

despesas com visitas a campo e coleta dos dados junto às duas comunidades estudadas,

Petrolândia e Itacuruba/PE. Muito especialmente, agradecemos às Drs. Marianna Siegmund-

Schultze e Maria do Carmo Sobral, coordenadoras do referido projeto na Alemanha e no Brasil,

respectivamente. Agradeço à CAPES pela concessão da bolsa de estudos que proporcionou a

dedicação exclusiva durante os quatro anos de doutoramento, e ao Curso de Doutorado em

Desenvolvimento e Meio Ambiente (DDMA) pelo custeio necessário para o cumprimento dos

créditos disciplinares em outras IES públicas do Nordeste, integrantes da Rede PRODEMA.

O reconhecimento ao trabalho imprescindível, desenvolvido com empenho e amor à

literatura de Cordel, pelo Dr. Marcos Medeiros, é um Capítulo à parte! Sem sua participação

efetiva na elaboração do Cordel ilustrado, o principal produto desta Tese, em prol de possível

mudança na qualidade de vida das comunidades de Petrolândia e Itacuruba, não seria possível.

Durante o doutoramento...

Agradeço à minha orientadora, Profa. Drª Eliza Maria Xavier Freire, pelo empenho e

dedicação que guiaram os passos para a conclusão desse trabalho. Seus conselhos e orientações

serviram para o sucesso da tese e, ainda mais importante, para a minha formação profissional.

Ao meu coorientador, o Prof. Dr. Reinaldo Farias Paiva de Lucena, PRODEMA/UFPB, por sua

dedicação e atenção a este trabalho. Considero um privilégio poder contar com estes excelentes

profissionais.

Aos colegas do Laboratório de Herpetologia da UFRN: Jaqueiuto Jorge, que me ajudou

a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros olhos e encontrar beleza. Sua ajuda

Page 7: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

em campo e a presteza em partilhar informações me ajudaram muito!!

Mycarla Lucena, além de confeccionar os mapas de georreferenciamento, foi uma

grande amiga.

Agradeço ainda a Jaqueline, Matheus, Raul, Miguel, Jadna, Bruno, Mikaelle, Cris.

Compartilhamos ótimos momentos de estudos e descontrações no laboratório.

Em campo...

Agradeço aos colegas de campo, a Profa. Drª Jarcilene Cortez, por conduzir a

intermediação junto às comunidades estudadas. Às colegas do grupo de pesquisa, Gérsica

Morais (sempre alegre e destemida), Marianny Monteiro (pelas intermediações junto aos

coordenadores da pesquisa) e Fernanda Tavarez (suas habilidades na cozinha). Além de

partilharem conhecimentos sobre a Caatinga, foram ótimas companhias na coleta de dados.

Agradeço ao casal de agricultores, Ana e Izidoro, que me acolheram em sua casa na área

agrícola de Petrolândia/PE; além de me abrigarem foram excelentes guias, contribuindo para o

sucesso da coleta de dados. Este agradecimento é extensivo a todos os agricultores de

Petrolândia e Itacuruba, que se disponibilizaram a fazer parte da pesquisa, me ajudaram na

identificação dos sítios de reprodução dos anuros, além de descreverem detalhadamente as

práticas agrícolas e a relação estabelecida com o meio, sem “papas na língua”. Senti-me

acolhida por todos! Guardarei na recordação os bons momentos em que fui recebida para comer

à mesa (mesmo tendo como prato principal tatu – costume local), além das pescas de acará-açú

no Rio São Francisco aos domingos, e partidas de vôlei com as crianças no final da tarde.

Agradeço a Batata e João (guias em Itacuruba), sempre prestativos, apesar de terem

medo de sapos, mas enfim... Ganhei o apelido da menina dos sapos (valente e corajosa), e

muitos mimos, como água de coco, para aguentar o calor de 35ºC no semiárido nordestino.

E na hora de escrever...

Colocar tudo no papel não é fácil... mas tive ajudas significativas desde as análises

estatísticas (escolha do melhor método), às revisões textuais, as quais agradeço: Drs. Alexandre

Schiavetti (PRODEMA/UESC), José Mourão (UEPB), Kallyne Bonifácio, Thaise Souza,

Mycarla Lucena e Marinaldo Cunha. Contribuições importantíssimas.

E por fim, não menos importante...

Agradeço a minha família que me apoiou na escolha do doutoramento, me fornecendo

a base emocional necessária para o alcance dos meus objetivos. Aos colegas de turma do

doutorado, em especial à Klégea Maria e ao Jorge Filho, por todos os momentos

Page 8: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

compartilhados.

Page 9: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

RESUMO

Conhecimento ecológico local sobre espécies de anfíbios anuros e biocontrole de insetos

pragas em sistemas agrícolas de região semiárida brasileira: Subsídios à

Etnoconservação

Historicamente, a agricultura praticada na região semiárida do nordeste brasileiro é nômade,

itinerante ou migratória; os agricultores desmatam, queimam, fertilizam o solo, plantam por um

curto período e migram para outras áreas, onde repetem a mesma prática, além de utilizarem

uma quantidade significativa de agroquímicos para o combate de pragas. Esta atividade tem

provocado perda significativa de qualidade de vida e da biodiversidade local. No contexto da

biodiversidade, destacam-se os Anfíbios Anuros, que compreendem os sapos, rãs, pererecas e

jias, são relevantes nas cadeias e teias ecológicas, especialmente por serem bioindicadores de

qualidade ambiental e biocontroladores de populações de insetos, estabelecendo um controle

natural de pragas em áreas agrícolas. Ap e sar d e su a s impo r t â nc ia s , nas d ua s últimas

décadas têm ocorrido declínio e desaparecimento de algumas espécies de Anuros no Brasil e

em todo o mundo, por seres sensíveis; uma vez que são sensíveis a mudanças ambientais. A

redução de espécies pode ser decorrente de ações antrópicas relacionadas à devastação de

áreas naturais para utilização agrícola, garimpos ou pastagens. Nesse contexto, inexistem

estudos que abordem as interações e reconhecimento de comunidades agrícolas e os anfíbios

anuros, em especial em região semiárida do nordeste brasileiro, a exemplo daquelas sob

influência da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, onde comunidades vivem da

agricultura e pecuária como principais atividades econômicas, utilizando a água daquele rio

para irrigação. A região de Itaparica e respectivos sistemas agrícolas constituem parte de um

projeto de pesquisa amplo e binacional, Brasil – Alemanha (INNOVATE Project), o qual tem

por objetivo geral identificar os múltiplos usos da água do reservatório e analisar as inovações

referentes ao manejo dos recursos aquáticos e terrestres, e de cujo subprojeto, SP-4 -

Biodiversidade e Serviços do Ecossistema, esta tese é decorrente. Neste cenário e contexto, o

objetivo geral desta tese foi registrar, descrever e analisar qualitativamente o conhecimento de

comunidades locais sobre as espécies de anfíbios anuros e sua biologia, visando o

r e c o n h e c i m e n t o destes como biocontroladores de insetos pragas nos sistemas

agrícolas, em substituição aos agroquímicos, a fim de promover a conservação dos anuros e

melhorar a qualidade de vida dos agricultores locais, em prol da sustentabilidade. As

comunidades estudadas, Petrolândia e Itacuruba, estão situadas às margens do médio Rio

São Francisco, Estado de Pernambuco, onde o trabalho de campo foi efetuado durante quatro

excursões, duas a cada um dos municípios estudados, entre os meses de novembro/2012 a

abril/2013. Foram entrevistados 369 agricultores, com idades entre 18 e 65 anos, todos do sexo

masculino, sobre as práticas agrícolas e biologia das espécies de anfíbios anuros. Para a

identificação das espécies de anfíbios anuros, foram inicialmente realizados estímulos visuais,

com o auxílio de fotografias de espécies comuns em áreas de caatinga. Este método serviu para

nortear os entrevistados contextualmente, assegurando que as entrevistas fossem direcionadas

ao mesmo objeto (espécies de anfíbios anuros), a fim de coletar dados etnobiológicos precisos.

Posteriormente, as espécies de anfíbios anuros mais citadas nas entrevistas foram coletadas

através de busca ativa ao longo das áreas agrícolas e Caatinga circunvizinha (parte dos dados

secundários do Innovate Project). Para caracterizar os locais de reprodução e desenvolvimento

dos anfíbios anuros nas áreas agrícolas, fo r a m elaborados mapas orais, obtidos a partir de

turnês guiadas com os agricultores que citaram a existência de sítios reprodutivos em suas

áreas de cultivo, os quais foram georreferenciados. Os agricultores reconheceram e nomearam

oito etnoespécies, que correspondem a 13 espécies de anfíbios anuros, be m co mo seus

Page 10: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

principais locais de reprodução e desenvolvimento. A partir destas informações, foram

elaborados dois mapas georreferenciados, relacionados principalmente aos locais de

reprodução, os quais demonstram 13 sítios de reprodução em Itacuruba e seis em Petrolândia/PE.

As respostas dos agricultores também possibilitaram identificar os valores atribuídos aos

anfíbios nas áreas agrícolas, por meio do conhecimento acerca dos seus hábitos alimentares, ao

citarem que os anfíbios comem principalmente insetos (65% dos agricultores de Petrolândia,

n=238; 58% em Itacuruba, n=131), demonstrando conhecimento acerca da participação destes

animais no equilíbrio ambiental e possível controle de pragas agrícolas. Não se constataram

diferenças de concepção local, quanto à importância dos anfíbios no controle de pragas, entre

sistemas irrigados e não irrigados. Os agricultores de Petrolândia (83%, n=238) e de Itacuruba

(78%, n=131) relataram ter identificado, por observações in loco, que os anfíbios se alimentam

de pragas agrícolas locais, possibilitando inferir que são biocontroladores dessas pragas.

Também foram bastante enfáticos ao afirmarem que os anfíbios devem ser preservados (78%,

n=238 em Petrolândia; 73%, n=131 em Itacuruba), principalmente por se alimentarem de

insetos pragas, e por não constituir ameaça às comunidades agrícolas. Estas respostas

possibilitaram a elaboração de uma cartilha ilustrada, em literatura de Cordel, a qual será

distribuída e divulgada em escolas, cooperativas agrícolas e associações comunitárias dos

municípios estudados, como instrumento de popularização da Ciência sobre a importância dos

anfíbios no biocontrole de pragas agrícolas, em substituição ao uso de Agroquímicos.

Entretanto, apesar de os agricultores locais destacarem a importância dos anfíbios e de sua

preservação para controle de insetos pragas, ainda não os aceitam como aliados no controle

natural de pragas em substituição aos agroquímicos. A popularização da Ciência por meio do

Cordel Ilustrado é o primeiro passo em prol da sustentabilidade por meio de alternativas viáveis

e práticas agrícolas sustentáveis, que visem à conservação das espécies e das atividades locais.

PALAVRAS-CHAVES: Anfíbios anuros da Caatinga, Etnobiologia, Biocontrole de pragas

agrícolas, Sustentabilidade.

Page 11: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

ABSTRACT

Local ecological knowledge about species of amphibians and insect pest biocontrol in

agricultural systems of Brazilian semiarid region: Subsidies etnoconservation

Historically, agriculture in the semiarid region of northeastern Brazil is nomadic, traveling or

migration ; farmers deforestation, burn, fertilize the soil, plant for a short period and migrate to

other areas where repeat the same practice , and use significant amounts of pesticides for

combating pests. This activity has caused significant loss of quality of life and local

biodiversity. In the context of biodiversity, Amphibian Anura stand out, which include frogs,

toads and jewelry, are relevant in chains and ecological webs, especially because they are bio-

indicators of environmental quality and biocontrol of insect populations, establishing a natural

control pests in agricultural areas. Despite their importance in the last two decades there has

been decline and disappearance of some species of Anura in Brazil and around the world; since

they are sensitive to environmental changes, reducing species may be due to human activities

related to the devastation of natural areas for use of agricultural land, mining or pasture. In this

context, there are no studies that address on the interactions and recognition of agricultural

communities and amphibians, especially in semi-arid region of northeastern Brazil, like those

under the influence of River Basin San Francisco, where communities living from agriculture

and livestock as main economic activities using the water of this river for irrigation. Itaparica

region and their agricultural systems are part of a broad research project and binational, Brazil

- Germany (INNOVATE Project), which has the objective to identify the multiple reservoir

water uses and analyze innovations for the management of resources water and land, and whose

subproject, SP-4 - Biodiversity and Ecosystem Services, this thesis is integral. In this scenario

and context, the general objective of this thesis was to record, describe and qualitatively analyze

the knowledge of local communities on the species of amphibians and their biology, aimed at

recognizing these as insect biocontrol pests in agricultural systems in place to agrochemicals,

to promote the conservation of frogs and improve the quality of life of local farmers for

sustainability. The communities studied, Petrolândia and Itacuruba, are situated to the average

margins São Francisco River, State of Pernambuco, where the fieldwork was carried out for

four trips, two to each of the cities studied, between the months from November / 2012 to April

/ 2013. A total of 369 male farmers were interviewed, whose ages ranged from 18 to 65 years

old.They were asked about agricultural practices and biology of species of amphibians. For the

identification of the species, they were initially made visual stimuli, with the help of

photographs of common species in areas of caatinga. This method served to guide respondents

contextually, ensuring that the interviews were directed to the same object (anurans) in order to

collect accurate data ethnobiological. Later, the species of amphibians most mentioned in the

interviews were collected by active search throughout the agricultural areas and Caatinga

surrounding (part of secondary data from Project Innovate). To characterize the breeding sites

and development of anurans in agricultural areas were prepared oral maps obtained from

conducted tours to farmers who cited the existence of breeding sites in their areas of cultivation,

which were georeferenced. Local farmers recognized and named eight ethnospecies, which

correspond to 13 species of amphibians, as well as major sites of reproduction and development.

From this information, we were prepared two georeferenced maps, mainly related to breeding

sites, which show 13 breeding sites in Itacuruba six in Petrolândia / PE. The responses of

farmers also possible to identify the values assigned to amphibians in the agricultural areas,

through knowledge about their eating habits, to cite that amphibians eat mostly insects (65% of

farmers Petrolândia, n = 238; 58% in Itacuruba, n = 131), demonstrating knowledge of the

participation of these animals in the environmental balance and can control agricultural pests.

Not found-site design differences, the importance of amphibians in pest control, between

irrigated and non-irrigated systems. Farmers Petrolândia (83%, n = 238) and Itacuruba (78%, n

Page 12: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

= 131) reported having identified by observations on the spot that amphibians feed on local

agricultural pests, making it possible to infer that are biocontrol of these pests. They were also

quite emphatic in stating that amphibians should be preserved (78%, n = 238 in Petrolândia,

73%, n = 131 in Itacuruba), mainly feed on insect pests, and not pose a threat to agricultural

communities. These responses allowed for the creation of an illustrated booklet in Cordel

literature, which will be distributed and disseminated in schools, agricultural cooperatives and

community associations of municipalities studied, such as the Science popularization

instrument on the importance of amphibians in biocontrol of agricultural pests, replacing the

use of agrochemicals. However, although local farmers stress the importance of Amphibian and

its preservation to control insect pests, they do not accept them as allies in natural pest control

to replace agrochemicals. The popularization of science through the Cordel Illustrated is the

first step towards sustainability by sustainable agricultural and viable alternatives practices

aimed at the conservation of species and local activities.

KEYWORDS: Caatinga’s Anurans, Ethnobiology, Biocontrol of agricultural pests,

Sustainability.

Page 13: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/FUNDAMENTAÇÃO

TEÓRICA ...........................................................................................................................................14

1.1 Sistemas agrícolas no semiárido nordestino ................................................................. 16

1.2 Alterações ambientais e suas possíveis consequências sobre os anfíbios ....................... 19

1.3 Etnoconservação – Alternativas para a conservação da natureza .................................. 21

2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO......................................................23

FIGURA 1: Localização das comunidades agrícolas estudadas nos municípios de Itacuruba e

Petrolândia, Pernambuco, às margens do Rio São Francisco, nordeste do Brasil. ................... 28

3. METODOLOGIA GERAL ......................................................................................................28

3.1 Procedimentos metodológicos ..................................................................................... 28

3.2 Aplicação das entrevistas............................................................................................. 29

3.3 Identificação dos sítios de reprodução dos anfíbios anuros ............................................ 31

3.4.Popularização da Ciência em sistemas agrícolas .......................................................... 31

Capitulo I. Conhecimento ecológico local sobre anfíbios anuros por agricultores em sistemas

agrícolas de região Semiárida brasileira ........................................................................................33

RESUMO................................................................................................................................. 33

ABSTRACT ............................................................................................................................ 33

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 34

MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 36

Delimitação e caracterização da área de estudo.................................................................. 47

Procedimentos metodológicos ........................................................................................... 48

RESULTADOS E DISCUSSÃO .....................................................................................................49

Tabela 1: Etnoespécies citadas por agricultores locais e respectivas espécies de anfíbios

identificadas (este estudo) na região de Petrolândia e Itacuruba, estado de Pernambuco, nordeste

do

Brasil............................................................................................................................................38

Figura 1. Espécies de sapo cururu (gênero Rhinella) encontradas na região agrícola de

Petrolândia e Itacuruba-PE. a) Rhinella granulosa (Spix, 1824), b) Rhinella jimi (Stevaux,

2002). ............................................................................................................................................ 51

Tabela 2: Tabela de cognição comparada: citações e relatos dos agricultores locais de

Petrolândia e Itacuruba, Pernambuco, acerca do modo de vida do sapo cururu, espécies do

gênero Rhinella, e o que é encontrado na literatura cientifica sobre este tema......................... 51

Figura 2: Espécies de “Caçote” (gênero Leptodactylus) encontradas nas áreas agrícolas de

Petrolândia e Itacuruba, Pernambuco. Janeiro e Abril/ 2013. A) Leptodactylus vastus Spix

1824; B) Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926; C) Leptodactylus fuscus

(Schneider, 1799); D) Leptodactylus troglodytes A. Lutz, 1926.. ............................................. 53

Tabela 3: Tabela de cognição comparada: citações e relatos dos agricultores locais de

Petrolândia e Itacuruba acerca do modo de vida dos caçotes (espécies do gênero Leptodactylus)

e o que é encontrado na literatura cientifica sobre este tema. .................................................... 53

CONCLUSÃO....................................................................................................................................55

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................44

Page 14: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Capítulo II Percepção ambiental de agricultores de região semiárida sobre os Anfíbios

Anuros e biocontrole de insetos praga em sistemas irrigados e não irrigados, às margens do

Rio São Francisco, Brasil

.......................................................................................................................................................47

RESUMO ............................................................................................................................................47

ABSTRACT .......................................................................................................................................47

RESUMEN .........................................................................................................................................48

INTRODUÇÃO .................................................................................................................................48

2.METODOLOGIA ..........................................................................................................................51

2.1 Delimitação e caracterização da área de estudo ....................................................... 51

Figura 1: Localização das comunidades agrícolas estudadas nos municípios de Itacuruba e

Petrolândia, Pernambuco, às margens do submédio rio São Francisco, nordeste do Brasil. ... 51

2.2 Procedimentos metodológicos ................................................................................... 52

2.3 Aplicação das entrevistas .......................................................................................... 52

2.4 Analise dos formulários de entrevistas..............................................................................53

2.5 Elaboração dos mapas referentes aos principais locais de desenvolvimento dos

anfíbios anuros ................................................................................................................ 53

2.6 Análise dos dados ...................................................................................................... 53

3.Resultados e Discussões .................................................................................................................54

3.1 Análise da percepção ambiental................................................................................... 54

Figura 2: Principais pragas agrícolas citadas pelos agricultores de Petrolândia e Itacuruba/PE

existentes nas lavoras. .................................................................................................................. 54

Figura 3: Principais artrópodes citados pelos agricultores locais, como alimento para os anuros

da região agrícola de Petrolândia e Itacuruba/PE. ...................................................................... 55

Tabela 1: Principais agroquímicos utilizados pela comunidade agrícola de Petrolândia e

Itacuruba/PE. ................................................................................................................................ 56

Figura 4: Agroquímicos (inseticidas e herbicidas) e equipamentos utilizados pelos agricultores

de Petrolândia e Itacuruba/PE para o controle de pragas agrícolas. .......................................... 57

Figura 5: Percepção dos agricultores sobre a ação dos anfíbios como biocontroladores de pragas

agrícolas. ....................................................................................................................................... 58

Figura 6: Vista parcial das duas áreas agrícolas estudadas. A) Petrolândia com sistema irrigado;

B) Itacuruba sem sistema irrigado. .............................................................................................. 59

Figura 7: Percepção dos agricultores sobre a interferência dos anfíbios anuros no

desenvolvimento da lavoura nas áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba/PE. ..................... 60

Figura 8: Percepção dos agricultores quanto a importância da preservação dos anfíbios em

Petrolândia e Itacuruba/PE. ......................................................................................................... 60

3.2 Principais sítios de reprodução dos anfíbios anuros em Petrolândia e Itacuruba/PE ...... 61

Figura 9. Principais sítios de reprodução de Anfíbios anuros localizados, registrados e

georreferenciados segundo relatos dos agricultores locais de Itacuruba/PE, Abril, 2013. ..... 61

Figura 10. Principais sítios de reprodução de Anfíbios anuros localizados, registrados e

georreferenciados segundo relatos dos agricultores locais de Petrolândia/PE, Abril, 2013. .. 62

Figura 11: a) Vista de um dos drenos localizados na Agrovila 07 dos assentados do Icó-

Mandantes em Petrolândia/PE. b) Visão lateral do dreno e da estrada na parte superior. c) água

Page 15: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

que escorre das lavouras para o dreno, em destaque girinos em fase de desenvolvimento...... 64

Figura 12: Principais pontos de reprodução das espécies de anfíbios anuros da região agrícola

de Itacuruba/PE ............................................................................................................................ 64

3.3 Preservação dos anfíbios anuros como alternativa para sustentabilidade local .............. 65

Figura 13: Principais causas do desaparecimento dos anfíbios anuros nas lavouras, de acordo

com as citações dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba/PE. .................................... 65

CONCLUSÃO....................................................................................................................................67

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................67

PRODUTO DA TESE .......................................................................................................................75

4.CONSIDERAÇÕESFINAIS....................................................................................................91

5. REFERÊNCIAS ............................................................................................................................93

ANEXO I .................................................................................................................................... 106

ANEXO II .................................................................................................................................. 108

Page 16: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

14

44

1. INTRODUÇÃO GERAL E REVISÃO DA LITERATURA/FUNDAMENTAÇÃO

TEÓRICA

A Etnociência, segundo Mourão e Nordi (2006), é uma das propostas científicas que

aborda como as comunidades locais manejam os recursos naturais, por meio de diferentes

formas de classificar, nomear e identificar a fauna e flora do ambiente.

Por exemplo, de acordo com Araújo et al. (2005), dentre vários sinais observados pelas

comunidades locais do interior da Paraíba como indicadores de estações chuvosas, as aves

oferecem uma contribuição a partir de seus comportamentos e suas vocalizações, que

pressagiam o inverno. Além da fauna (MOURÃO & NORDI 2006; HANAZAKI et al., 2009;

ALVES et al., 2010), a flora também é utilizada como bioindicador de chuva, como citado por

Lucena et al., (2012), em um estudo utilizando o conhecimento local das comunidades rurais

sobre cactáceas na mesorregião do sertão da Paraíba, Nordeste do Brasil.

Como subdivisão da Etnociência, a Etnoherpetologia, conforme Costa-Neto (2003) e

Alves et al., (2009 e 2010), pode ser compreendida como o conhecimento da ciência

herpetológica por uma determinada sociedade, tendo como base os conhecimentos adquiridos

pela observação e manejo das espécies de anfíbios e répteis. A utilização e manejo dos recursos

naturais, segundo Franco (2005), é uma arte que acompanha o ser humano desde os

primórdios da civilização, sendo fundamentada no acúmulo de conhecimento local e

informações repassadas oralmente, fato que tem sido confirmado como relevante nos estudos

de Silva e Freire (2010) e Silva et al. (2011), em áreas de Caatinga.

No Brasil, a maioria dos estudos etnoherpetológicos (ALVES et al., 2006; ALVES et al.,

2007; ALVES & PEREIRA FILHO, 2007; ALVES & SANTANA, 2008; ALVES et al., 2009;

SANTOS-FITA et al., 2010) tratam do conhecimento e de como as comunidades manejam os

répteis. Em sua maioria, os trabalhos envolvendo o conhecimento local sobre anfíbios abordam

o uso das espécies na produção de medicamento utilizado por comunidades tradicionais que

vivem na Região Amazônica (RODRIGUES et al., 2012);

Outros estudos, como os de Costa-Neto e Resende (2004) e Barros (2005), demonstraram

que em várias sociedades, o lexema “inseto” é utilizado como uma etnocategoria classificatória

ampla, na qual são incluídos organismos não sistematicamente relacionados com a classe

Insecta, tais como os anfíbios. São escassos, portanto, os trabalhos que exploram a relação do

ser humano com os anfíbios anuros e, mais escassos ainda, são aqueles sobre a importância dos

anfíbios como biocontroladores de insetos pragas.

Os Anfíbios Anuros compreendem os sapos, rãs e pererecas. São animais relevantes nas

Page 17: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

15

44

cadeias e teias ecológicas, especialmente por serem biocontroladores de populações de insetos

e de alguns vertebrados, estabelecendo um controle natural de pragas em áreas agrícolas

(STUART et al., 2008). E nt r e t a nt o , nas d ua s últimas décadas, têm ocorrido declínio e

desaparecimento de algumas espécies no Brasil e em todo o mundo (ARAÚJO et al., 2006;

STUART et al., 2008; CASSEMIRO et al., 2012). Como o s anuros são sensíveis a

mudanças ambientais, a redução de espécies e de habitat, em sua maioria, decorre das ações

antrópicas relacionadas à devastação de áreas naturais, a transformação de áreas para

pastagem, garimpo, além da poluição do ar e das águas por agentes químicos e mudanças

climáticas, fatores que têm contribuído para tornar os anfíbios os animais mais ameaçados

do planeta (STEBBINS & COHEN, 1995; STUART et al., 2008; HADDAD et al., 2008;

COLLINS et al., 2009; HOFFMANN et al., 2010).

Este fato é preocupante, especialmente na região semiárida do Nordeste brasileiro,

intermitentemente atingida por sucessivas “secas”. Além da possível interferência sobre a

fauna, a estiagem promove ações diretas sobre a condição de vida da população, sobretudo

nas áreas onde predominam a agricultura e a pecuária extensiva, atividades que, quando

desenvolvidas sem planejamento, resultam em problemas ambientais irreversíveis, como a

desertificação (LEAL, 2003; SAMPAIO et al., 2008; CERIACO et al, 2010).

Nesse contexto, a compreensão das relações estabelecidas pelas comunidades locais

com os recursos naturais torna-se uma alternativa que poderá subsidiar a Etnoconservação, a

qual defende a possibilidade do manejo dos recursos naturais associado aos conhecimentos das

comunidades locais, a fim de proporcionar a conservação da natureza in situ (DIEGUES, 2000;

PEREIRA et al., 2010; DIEGUES, 2013). A discussão acerca da Etnoconservação remete ao

ano de 1952 e foi iniciada com estudos sobre o uso de plantas por populações indígenas, visando

à conservação de áreas e à compreensão sobre o manejo dos recursos naturais por populações

tradicionais (DIEGUES, 2000; 2013).

Em se tratando de áreas de Caatinga utilizadas para a agricultura e o conhecimento

das comunidades locais, encontra-se a região semiárida à s margens do reservatório de

Itaparica, ao longo do qual se encontram os sistemas agrícolas dos municípios de Petrolândia

e Itacuruba, Pernambuco, fronteira com o Estado da Bahia. Sob a influência da Bacia

Hidrográfica do Rio São Francisco, estas comunidades vivem da agricultura e pecuária como

principais atividades econômicas, utilizando a água deste rio para irrigação. No entanto, estes

municípios diferem quanto ao sistema de irrigação utilizado, pois Petrolândia possui um

sistema irrigado que proporciona cultivo durante todo o ano, enquanto em Itacuruba os

agricultores necessitam da água da chuva, por falta de um sistema adequado de irrigação.

Page 18: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

16

44

A região de Itaparica e respectivos sistemas agrícolas constituem parte de um projeto de

pesquisa amplo e binacional, Brasil – Alemanha (INNOVATE Project), o qual tem por objetivo

geral identificar os múltiplos usos da água do reservatório e analisar as inovações referentes ao

manejo dos recursos aquáticos e terrestres, e de cujo subprojeto, SP-4 - Biodiversidade e

Serviços do Ecossistema, esta tese é integrante. Nesse contexto, o principal problema

identificado para este estudo é que duas comunidades agrícolas situadas nessa região semiárida

ao longo do Rio São Francisco fazem uso de Agroquímicos para controle de insetos pragas,

com consequências sérias sobre a biodiversidade local e qualidade de vida das comunidades,

embora os anfíbios anuros constituam excelentes biocontroladores naturais de populações de

insetos.

Diante deste cenário posto, surgem os seguintes questionamentos:

1) As comunidades locais identificam as diferentes espécies de anfíbios anuros encontradas

nas áreas agrícolas e sua importância para a melhoria da qualidade de vida?

2) Estas comunidades reconhecem a importância dos anfíbios anuros para o controle natural

de insetos pragas em substituição aos agroquímicos e, consequentemente, sustentabilidade para

essas áreas agrícolas?

3) Conhecem e descrevem aspectos da biologia dos anfíbios anuros?

4) Existem diferenças de concepção local, quanto à importância dos anfíbios no controle de

insetos pragas em sistemas irrigados e não irrigados?

5) O conhecimento ecológico local das comunidades estudadas acerca da importância dos

anfíbios é relevante ao nível das comunidades locais poderem constituir parceria no

processo de Etnoconservação dos anfíbios desta região?

Nesta perspectiva, os objetivos desta Tese são: (a) Registrar e descrever o

conhecimento das comunidades locais sobre as espécies de anfíbios anuros e aspectos da

sua biologia; ( b ) Analisar o conhecimento local sobre a importância destes animais

como biocontroladores de insetos pragas nos sistemas agrícolas estudados, em substituição

aos agroquímicos; ( c ) Promover a conservação dos anfíbios anuros nos sistemas agrícolas

estudados, por meio da popularização da Ciência aos agricultores locais em prol da

sustentabilidade desses agroecossistemas.

1.1 Sistemas agrícolas no semiárido nordestino

O Sertão é uma extensa área de clima semiárido, caracterizado pela escassez e

irregularidade de chuvas que causam secas periódicas. Compreende o Domínio das Caatingas

e florestas deciduais do Nordeste, caracterizado por extensas áreas morfoclimáticas de

Page 19: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

17

44

ecossistemas bastante semelhantes em termos de suas características ecológicas (AB'SÁBER,

2008).

O Domínio da Caatinga abriga 15% da população nacional, especialmente na zona rural,

sendo submetida a longos períodos de estiagem que afetam a produtividade (LEAL et al., 2005;

BARBOSA et al., 2007). Depois da erosão do solo, o processo mais importante de degradação

no semiárido nordestino é a perda de fertilidade, muitas vezes promovida pela prática das

queimadas da vegetação para o desenvolvimento de pastos para o gado ou preparo da terra para

as atividades agrícolas (KAUFFMANN et al., 1993, SAMPAIO et al., 2003).

Historicamente, a agricultura praticada na região semiárida é nômade, itinerante ou

migratória, onde os agricultores desmatam, queimam e plantam por um curto período (em torno

de dois ou três anos) e mudam para outras áreas repetindo a mesma prática, na expectativa de

uma recuperação da capacidade produtiva dos solos. Esta prática vem reduzindo

consideravelmente a biodiversidade; entretanto, a agricultura constitui a base alimentar e a fonte

de matéria-prima para inúmeras atividades de populações locais (KUSTER, 2008).

Nas atividades agrícolas, destacam-se dois modelos de produção: o tradicional e o

convencional. No primeiro, as práticas utilizadas pelos agricultores geralmente é sem a

utilização de insumos externos, com técnicas mais tradicionais e muitas vezes a utilização de

mão-de-obra é de base familiar (MOREIRA, 2004; MENEZES et al., 2011). O segundo modelo

se caracteriza por práticas modernas, altamente mecanizadas e com intenso uso de insumos

externos, baseado no modelo agroquímico característico da “Revolução Verde” (TAVARES,

2009). No Brasil, a “Revolução Verde” assumiu a forma de uma modernização tecnológica com

características socialmente conservadoras, onde os créditos agrícolas altamente subsidiados

foram dirigidos às elites do mundo rural (SILVA, 2001). No entanto, os impactos destas

práticas agrícolas promoveram altos índices de degradação dos recursos naturais (TAVARES,

2009; MENEZES et al., 2011). Assim, a inadequação do modelo difundido pela “Revolução

Verde”, bem como a aceitação e a difusão do conceito de sustentabilidade, têm levado a

pesquisa agropecuária a uma crescente busca pelos modelos alternativos e sustentáveis para a

agricultura (MARQUES, et al., 2003; TAVARES, 2009; MENEZES et al., 2011).

É nesse contexto que surge o conceito de agroecossistemas, o qual proporciona uma

organização estrutural dos sistemas de produção de alimentos, incluindo seus conjuntos

complexos de insumos e produção e as interconexões entre as partes que os compõem

(CAPORAL & COSTABEBER, 2004; GLIESSMAN, 2009). Para Santos (2011),

agroecossistemas são sistemas ecológicos alterados, manejados de forma a aumentar a

produtividade de um grupo seleto de produtores e de consumidores, podendo desencadear a

Page 20: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

18

44

retirada de vegetais e animais nativos, substituídos por poucas espécies, mas que transite entre

o modelo agroquímico de produção para um modelo de agricultura com princípios, métodos e

tecnologias de base ecológica.

Esse novo modelo de organização da atividade agrícola tem como meta a

sustentabilidade ambiental para estas áreas que, segundo Ferreira (2008), vai além de um

sistema de produção, porque significa manter e prosperar as condições naturais, preservar o

meio ambiente e ofertar melhores condições de vida para as comunidades agrícolas.

Nesta perspectiva, o desenvolvimento agrícola sustentável visa minimizar os efeitos

antrópicos negativos resultantes do manejo inadequado dos recursos naturais (FERREIRA,

2008; SANTOS, 2011). Para isso, o entendimento das atividades humanas torna-se

indispensável na compreensão da relação pessoas/recursos biológicos, visto que as atuais

formas de usos e aproveitamento dos recursos da Caatinga são bastante precárias e muitas vezes

não são conduzidas de forma sustentável, desrespeitando a complexidade presente neste

Domínio (SILVA et al., 2014).

Para a obtenção desse novo modelo de desenvolvimento sustentável, o principal desafio

é compreender como as comunidades interagem com os recursos, considerando que a maior

dificuldade das comunidades agrícolas na região semiárida é a escassez de água. Assim sendo,

torna-se necessário aumentar a demanda de ações que viabilizem a expansão das fronteiras

agrícolas no domínio da Caatinga e o suprimento extra de água (FERREIRA, 2008; SANTOS,

2011). No entanto, o caráter insuficiente e irregular do regime pluviométrico do Semiárido

nordestino induz à adoção de práticas alternativas de suprimento hídrico, quando a irrigação

torna-se um fator de grande interesse para os produtores de alimentos, em diversas partes do

mundo e na região semiárida do Nordeste brasileiro (MANTOVANI et al., 2007).

Os estudos sobre o impacto da irrigação em zonas semiáridas são ainda incipientes,

sendo necessárias investigações mais refinadas sobre o uso da irrigação e quais as mudanças

ambientais geradas pela inclusão da técnica de irrigação (FRANCA-ROCHA et al., 2007).

Alguns estudos têm demonstrado que a falta de habilidade dos irrigantes no manejo da irrigação,

sem levar em consideração as características edafoclimáticas da região, tem contribuído para o

processo de degradação dos solos em perímetros irrigados da Região Semiárida do Nordeste

brasileiro (FRANCA-ROCHA et al., 2007). Exemplos de fracassos na implantação de

perímetros irrigados, principalmente relacionados à falta de planejamento e desperdícios de

recursos financeiros, foram constatados nos Estados de Pernambuco, em Moxotó (SAMPAIO

et al., 2005), Ibimirim e Serra Talhada (FERNANDES, 2008), nos Perímetros Irrigados de

Engenheiro Arcoverde e São Gonçalo, em Condado (LEÃO et al., 2009), e Sergipe, em Canindé

Page 21: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

19

44

do São Francisco (AGUIAR-NETTO et al., 2007).

Em relação ao perímetro irrigado do Vale do São Francisco, este foi implantado a partir

da década de 1970 e impulsionou a geração de emprego e renda em vários municípios do

Nordeste brasileiro, por meio de empresas agrícolas e assentamentos de famílias de agricultores

que, juntos, tornaram a região um dos principais polos de produção da fruticultura irrigada do

país, destacando-se os municípios de Petrolina - PE e Juazeiro - BA (SANTOS, 2010). A

irrigação promoveu uma nova dinâmica na região semiárida, principalmente no que se refere à

inserção de famílias de baixa renda na produção de frutas e, na agroindústria para consumo

interno e exportação (GIONGO, 2011). É nesse perímetro irrigado que se encontra a área de

estudo desta Tese.

No entanto, a sustentabilidade de um perímetro irrigado está condicionada, entre outros

aspectos, à manutenção da produtividade dos solos, que dentro dos sistemas de produção sofrem

modificações nos seus atributos biológicos, físicos e químicos pela aplicação de fertilizantes e

defensivos agrícolas, tráfego de máquinas e alteração do regime hídrico nas bacias hidrográficas

(CORRÊA, 2007). Além disso, por ser uma Agricultura com maior necessidade de investimento

e conhecimento técnico, a Agricultura Irrigada sofre algumas dificuldades de inclusão de

pequenos produtores. Nessa perspectiva, a inclusão da comunidade local atrelada à

incorporação inclusiva de novas técnicas, podem ser ferramentas úteis para o alcance da

sustentabilidade nos sistemas agrícolas.

1.2 Alterações ambientais e suas possíveis consequências sobre os anfíbios

Considerando que os anfíbios anuros são excelentes bioindicadores ambientais, eles são

relevantes em estudos que visem detectar as mínimas alterações em diferentes ambientes

ecossistêmicos (STUART et al, 2008; TEJEDO et al., 2010).

Os anfíbios possuem uma importante dependência da sua atividade e sobrevivência em

relação aos fatores ambientais. Esta dependência do clima explica o padrão geográfico de

variação na riqueza específica de anfíbios, sendo esta maior nos trópicos (mais de 80% das

espécies atuais; DUELLMAN, 1999; WELLS, 2007; STUART et al., 2008), do que nas regiões

temperadas. Na parte centro-sul do continente americano concentra-se a maior diversidade de

anfíbios mundial, com 2.916 espécies reconhecidas (49% do total mundial) (IUCN, 2006;

IPCC, 2007b). No Brasil são reconhecidas 1.026 espécies de anfíbios (SBH, 2014), o que

representa 14% das 6.771 espécies de anfíbios do mundo (FROST 2011).

Apesar da importância dos anfíbios anuros, nas últimas duas décadas têm ocorrido

redução e desaparecimento de algumas espécies no Brasil e em todo o mundo (COSTA et al.,

Page 22: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

20

44

2012; HADDAD et al., 2008; KATZENBERGER et al., 2012), em decorrência da ação

antrópica e perda de habitats (STEBBINS & COHEN, 1995, RIBEIRO & NAVAS, 2012).

Assim sendo, a devastação de áreas naturais, o reaproveitamento em larga escala dos campos

nativos para pastagem e reflorestamento com espécies exóticas, a introdução de animais

exóticos, como peixes e rãs, o crescimento das áreas urbanas, construção de hidrelétricas,

estradas e gasodutos (HADDAD, 1998; MARSH, 2000; GARCIA & VINCIPROVA, 2003,

BRANDT, 2012), além da poluição do ar e das águas por agentes químicos está contribuindo

diretamente para o declínio desses animais (STUART et al., 2008).

Este problema tem sido potencializado especialmente na região semiárida do Nordeste,

intermitentemente atingida por sucessivas “secas” e onde a agricultura e a pecuária extensiva

podem desencadear problemas ambientais irreversíveis, como a desertificação (LEAL, 2003,

CLOSEL & KOHLSDORF, 2012).

Para tentar prever cenários futuros é necessário definir com maior exatidão as condições

atuais que determinam a distribuição das espécies e entender melhor o seu passado. É também

muito importante saber a proximidade dos organismos ao seu limite de tolerância na natureza e

determinar a capacidade de os organismos ajustarem ou aclimatizarem a sua sensibilidade

térmica (STILLMAN, 2003; GILMAN et al., 2006), seja por plasticidade fenotípica ou

adaptação evolutiva (KATZENBERGER et al., 2012). No estudo do impacto das alterações

climáticas, os anfíbios começam a ser alvo de um maior interesse e preocupação. É considerado

o grupo de vertebrados mais ameaçados, uma vez que cerca de 41% de todas as espécies que o

constituem estão em perigo de extinção (HOFFMANN et al., 2010).

No entanto, muitos dos cenários usados para se investigar efeitos de mudanças

climáticas sobre a fauna assumem relações de diversos tipos entre as condições abióticas

apropriadas para uma espécie e a sua distribuição atual (RIBEIRO & NAVAS, 2012).

Além da pressão direta exercida pelas atividades antrópicas (por exemplo, degradação

e destruição de habitat e poluição) sobre as populações de anfíbios, têm sido identificados outros

fatores indiretos associados ao aquecimento global, tais como mudanças no teor de umidade

dos ambientes terrestres (POUNDS et al., 2006) ou diminuição da duração do charco

(hidroperíodo) (MCMENAMIN et al., 2008).

Nesse contexto, a compreensão das inter-relações entre as sociedades humanas e os

recursos naturais é de fundamental importância para a execução de medidas

Etnoconservacionistas, pois ao longo dos anos esta preocupação tem sido um dos principais

desafios da ciência contemporânea.

Page 23: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

21

44

1.3 Etnoconservação – Alternativas para a conservação da natureza

A interdependência da espécie humana com os demais elementos bióticos da Natureza

pode ser explicada pela hipótese da biofilia (COULON, 1995), segundo a qual o ser humano

teve 99% de sua história evolutiva intimamente envolvida com outros seres vivos, tendo

desenvolvido um significativo sistema informacional acerca das espécies e do ambiente, que se

traduz nos saberes, crenças e práticas culturais relacionados com a fauna e flora de cada lugar.

Surgida do campo da sociolinguística e da antropologia cognitiva (particularmente da

Etnociência), a Etnobiologia é um campo de pesquisa multidisciplinar que investiga as diversas

percepções culturais das inter-relações entre pessoas/recursos biológicos, assim como a maneira

e finalidade como estas percepções são ordenadas e classificadas pelas sociedades por meio da

linguagem (POSEY, 1987; BEGOSSI, 1993; MOURÃO et al., 2006; SANTOS-FITA et al.,

2007; ANDERSON, 2011; ALVES & ALBUQUERQUE, 2012), uma vez que existe uma

necessidade intelectual inerente ao ser humano em demandar ordem no Universo (LÉVI-

STRAUSS, 1989).

Quando o conhecimento ecológico local e o conhecimento científico são usados de

modo apropriado e complementar, ambos os sistemas de conhecimento fornecem uma

ferramenta poderosa para manejar recursos naturais e resultar no alcance do desenvolvimento

sustentável (SANTOS-FITA et al., 2007; ALBUQUERQUE et al., 2013). Este conjunto de

conhecimentos, que de fato é a expressão de um dado saber pessoal ou comunal, é também a

síntese histórica e cultural transformada em realidade na mente das pessoas (TOLEDO et al.,

2012). O papel dos seres humanos e da importância de suas ações sobre a biodiversidade só

foram reconhecidos recentemente, e os estudos nesta área demonstram que a conservação da

natureza deve levar em consideração a influência dos seres humanos como agentes de

transformação de espaços naturais, não só nos aspectos considerados negativos, mas também

nas diferentes formas de apropriação e conservação dos recursos (ALVES &

ALBUQUERQUE; 2012). Além disso, mesmo naqueles ambientes onde existe um

conhecimento razoável de sua flora e fauna, não é possível, com base no modelo atual de

desenvolvimento socioeconômico, evitar o processo de degradação contínua a que estão

submetidos (BARBOSA, 2001; JÚNIOR et al., 2006).

Estas discussões inserem novos direcionamentos para a conservação da natureza, o qual,

para Diegues (2000), é o manejo humano dos organismos e ecossistemas com a finalidade de

garantir a sustentabilidade desse uso através da proteção, manutenção, reabilitação, restauração

e melhoramento de populações (naturais) e do próprio ecossistema. A partir de um novo

enfoque, a Etnoconservação, que pode ser considerada como uma das soluções capazes de

Page 24: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

22

44

interromper, ou ao menos diminuir, a intensa destruição da natureza ocasionada pelo modelo

de desenvolvimento econômico, adotado por diversos países capitalistas (PEREIRA et al.,

2010).

A Etnoconservação se insere na Etnociência a qual, segundo Posey (1987), indica que a

partir da percepção humana se desenvolve a hierarquização dos elementos e fenômenos,

utilizando categorias cognitivas como a cosmologia (influência mítica sobre a visão da

natureza, recursos e fenômenos naturais), os conhecimentos (dinâmicas, relações e utilidades

dos recursos naturais transmitidos por meio da tradição) e as práticas (a práxis entre o

conhecimento e sua utilização como garantia da sobrevivência).

Estes conhecimentos sobre os recursos naturais são acumulados no decorrer de longas

gerações. A valorização do conhecimento ecológico local surge como uma alternativa capaz de

auxiliar na conservação de áreas naturais remanescentes. Neste contexto, faz-se necessário que

estes conhecimentos sejam compreendidos e analisados como uma probabilidade para a

conservação da natureza, o que determina uma nova especificidade para a área da Etnociência,

designada por etnoconservação (PEREIRA et al., 2010).

A Etnoconservação defende que o ser humano e os recursos biológicos não são

independentes, visto que o vínculo entre eles constitui uma relação simbiótica, na qual ambos

desempenham funções para a manutenção do meio, sendo as ações humanas desenvolvidas com

base em diversos valores e regras, próprios da cultura pela qual são difundidos (DIEGUES,

2008, PEREIRA et al., 2010).

Etnoconservação permite constituir, a partir da associação da conservação da natureza

in situ com os conhecimentos locais e o manejo dos recursos naturais, uma alternativa para a

conservação de áreas naturais, exigindo uma articulação entre o natural e o social, utilizando

como metodologia a investigação das nomenclaturas designadas pelas comunidades locais para

os elementos e fenômenos naturais, assim como os valores culturais que transportam

(PEREIRA et al., 2010).

A etnoconservação da natureza torna-se uma possibilidade em potencial para a proteção

dos recursos naturais, pois nas últimas décadas foram desenvolvidas pesquisas com abordagens

integrativas, em que a conexão sociedade e natureza é vista como fundamental para a

compreensão dos processos que envolvem a biodiversidade, os recursos naturais e sua

conservação, no Brasil (COSTA-NETO, 2000; BEGOSSI et al., 2002) e em outras parte do

mundo (TOLEDO et al. 2003; BECKER & GHIMIRE, 2003; PEREIRA & QUEIROZ, 2009;

PAILLER et al., 2009).

Page 25: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

23

44

2. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO

O semiárido brasileiro inclui o Domínio das Caatingas, que ocupa cerca de 12% do

território nacional e 60% da região Nordeste; inclui os Estados do Maranhão, Piauí, Ceará,

Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte do norte de Minas

Gerais (BARBOSA, 2007). Além da severidade climática a que está submetida, esta região

abriga cerca de 18,5 milhões de pessoas, dentre as quais 8,6 milhões na zona rural (CIRILO

et al., 2007).

A ocupação populacional dessa região semiárida foi bastante tardia em decorrência

das inúmeras crises por falta de água para o abastecimento, principalmente no período

de 1845 a 1876, que resultou em 32 anos de secas intensivas (CAMPOS & STUDART,

1997). A partir dessa catástrofe, a sociedade brasileira despertou em busca de novas soluções

estruturais para esta região (CAMPOS & STUDART, 1997).

Além dos problemas relacionados à falta de água, a ocupação populacional

desordenada do semiárido pode ter contribuído para as alterações nas paisagens,

caracterizadas pelo processo de expansão agrícola, resultando na presença de espécies de

florestas xerófitas em áreas de cerrado e de espécies de florestas tropicais úmidas nas savanas

da caatinga (SÁ-NETO et al, 2013). Portanto, na região semiárida é possível observar um

mosaico de florestas xerófitas com outros Domínios, o que proporciona discussões sobre a

classificação e os limites da Caatinga. Ab'Sáber (2003), por exemplo, classificou a Caatinga

como um Domínio, que incluía não só fisionomias xerófitas (Caatinga stricto sensu), mas

também apresentando o desenvolvimento de ecótonos (Caatinga lato sensu).

O desenvolvimento de ecótonos tem contribuído para tornar a paisagem da Caatinga

bastante alterada (AB’SÁBER, 2003); uma das principais consequências é a substituição de

espécies vegetais nativas pela atividade agrícola e pecuária. Estas ações, que promovem o

desmatamento e o mau uso do solo, são responsáveis pela ocorrência de extensas áreas

degradadas e núcleos de desertificação, tornando a Caatinga um dos Domínios mais

alterados do Brasil (CASTELLETTI et al, 2005; SAMPAIO et al., 2008). Inversamente

proporcional aos valores de destruição, estão os dados relativos à proteção da Caatinga,

pois se trata do Domínio brasileiro com o menor percentual de áreas protegidas (7,12%)

entre Unidades de Conservação federais, estaduais e privadas, dentre as quais menos de

14% são de proteção integral (HAUFF, 2008; ROSA et al, 2013).

A antropização da Caatinga acontece de forma desordenada; apesar de esta região

apresentar um regime de chuvas concentrado em quatro meses (fevereiro a maio) e uma

Page 26: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

24

44

grande variabilidade interanual, a região está submetida a fortes secas que moldam o

comportamento das comunidades locais (SILVA et al., 2011).

A variabilidade interanual no Nordeste brasileiro está associada a padrões de

variação da mesma escala de tempo nos oceanos Pacífico e Atlântico, como a variabilidade

interanual associada a El Niño, Oscilação Sul, ENOS, ou a variabilidade decadal do Pacífico

(Pacific Decadal Oscillation - PDO), do Atlântico (North Atlantic Oscillation- NAO) e a

variabilidade do Atlântico Tropical e do Atlântico Sul (MARENGO, 2006).

No contexto da ocupação do semiárido, estudo sobre o Domínio das Caatingas

possibilitou constatar que os primeiros habitantes concentravam-se nas áreas mais úmidas,

por apresentarem vales de rios perenes e os brejos de altitude. Estes colonizadores

tiveram como objetivos realizar as inclusões agrícola e pecuária, aproveitando os recursos

locais. Para isso, suas atividades concentraram-se principalmente às margens dos rios, que

além de fornecer água para o pasto e a irrigação, também foram utilizados como estradas

naturais (SAMPAIO, 2003).

Tendo em vista que o semiárido nordestino é uma região pobre em volume de

escoamento de água dos rios, as comunidades humanas locais tiveram que se adaptar a este

cenário. Esta falta de escoamento pode ser explicada em função da variabilidade temporal

das precipitações e das características geológicas dominantes, com solos rasos sobre rochas

cristalinas e, consequentemente, baixas trocas de água entre o rio e o solo adjacente

(CIRILO et al., 2007). O resultado é a existência de densa rede de rios intermitentes, com

poucos rios perenes, com destaque para os Rios São Francisco e Parnaíba. O Rio São

Francisco, por exemplo, foi considerado como a avenida principal utilizada para o avanço

da colonização na região semiárida do Nordeste brasileiro. No entanto, esse processo

civilizatório deixou marcas na região, resultando em maior adensamento populacional e

exploração da terra (SAMPAIO, 2003).

Contudo, o semiárido brasileiro tem um potencial de área apta para irrigação de mais

de 2,4 milhões de hectares, por apresentar áreas que, se trabalhadas com tecnologias

adequadas, constituir-se-iam num grande potencial para o agronegócio (CIRILO et al., 2007;

MANTOVANI et al., 2007). As principais vantagens da irrigação são o aumento na

produtividade e produção de alimentos; geração de emprego e renda de forma consistente e

estável; diminuição do êxodo rural; auxilio no desenvolvimento regional, do estado e do país

(MANTOVANI et al., 2007).

Diante desses fatores, o principal desafio é alcançar um desenvolvimento de forma

sustentável, que garanta o suprimento das necessidades básicas das comunidades, sejam

Page 27: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

25

44

locais ou globais, como também a adequação de técnicas acessíveis a estas comunidades

humanas para o pleno desenvolvimento das áreas agrícolas (CERIACO et al., 2010). É

provável que nestas áreas muitas comunidades locais utilizem métodos simples para o cultivo,

os quais fazem parte das suas tradições culturais. Utilizar os conhecimentos destas

comunidades locais sobre o manejo dos recursos naturais, atrelado à inserção de novas

tecnologias, pode contribuir para o alcance da sustentabilidade nas áreas agrícolas

(ALBUQUERQUE et al., 2006; ALBURQUERQUE et al., 2012; SILVA et al., 2011).

Neste contexto se insere o presente estudo, o qual foi desenvolvido no âmbito do

INNOVATE Project (Interplay between the multiple use of water reservoirs via innovative

coupling of substance cycles in aquatic and terrestrial ecosystems), projeto binacional Brasil-

Alemanha, especificamente como parte do subprojeto SP-4 - Biodiversidade e Serviços do

Ecossistema, na região do reservatório de Itaparica, médio Rio São Francisco, entre os

Estados da Bahia e Pernambuco. Dentre estes foram escolhidos para integrar o INNOVATE

Project, municípios que desenvolvem atividade agrícola, no Estado de Pernambuco. Esta

região do Lago de Itaparica está inserida na Ecorregião Depressão Sertaneja Meridional,

que possui como formação geológica básica o embasamento cristalino, com solos rasos,

pedregosos e rochosos, com relevo variando de plano a montanhoso. O lençol freático,

quando existente, é raso, pouco volumoso e as águas superficiais e subterrâneas muito

mineralizadas (VELLOSO et al., 2002).

A vegetação da Caatinga é, em geral, de pequeno porte, rala, com espécies xerófilas e

caducifólias (VELLOSO et al., 2002). A climatologia é caracterizada por temperaturas médias

que variam de 23º a 27ºC, insolação anual de até 2.800 horas, com altas taxas de

evapotranspiração potencial e baixa precipitação, abaixo da média de 448 mm/ano,

configurando déficit hídrico na região (MATALLO JR, 2000). As precipitações apresentam

irregularidades na distribuição temporal (3 a 4 meses com chuvas) e espacial, com secas

periódicas, decorrentes dos movimentos da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e

as descargas da Frente Polar Atlântica (FPA) (OLIVEIRA et al., 2000).

Neste cenário estão inseridos os municípios e comunidades estudados, Petrolândia e

Itacuruba, ambas situadas às margens do Rio São Francisco no Estado de Pernambuco (Figura

1). O Município de Petrolândia (08º58'45" S e 38º13'10" W) situado em altitude de 282 m,

localiza-se às margens do lago e dos riachos do Limão Bravo e Mandantes (afluentes do

Rio São Francisco). Contempla o Projeto “Icó-mandantes”, que foi concebido para

reassentar as famílias que tiveram suas terras inundadas pelas águas do Rio São Francisco,

durante a construção da Barragem de Itaparica. É uma área de 2.600 hectares irrigados, e

Page 28: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

26

44

uma reserva legal de aproximadamente 19.000 hectares com 618 famílias cadastradas

(Carvalho, 2009).

O perímetro irrigado do Município de Petrolândia, região do submédio da Bacia

Hidrográfica do Rio São Francisco, faz parte do Sistema Itaparica de Projetos de Irrigação,

construído pelo Governo Federal através da Companhia Hidroelétrica do São Francisco

(CHESF) para compensar as famílias deslocadas pela construção da Usina Hidroelétrica

Luiz Gonzaga (Usina de Itaparica), no final da década de 1980. O consumo médio de água

pelas comunidades no perímetro irrigado é de 57.000 m³ (Carvalho, 2009).

Com a construção da usina Hidroelétrica de Itaparica, 834 km² de terras foram

inundadas, implicando no deslocamento de 5.542 pessoas somente na margem esquerda do

Rio São Francisco, no estado de Pernambuco. Em março de 1986 a CHESF iniciou um

estudo de viabilidade para o reassentamento das famílias atingidas pela inundação do lago.

Hoje estas famílias estão distribuídas em 16 agrovilas na área rural da cidade. Nestas

agrovilas as comunidades dispõem de casas de alvenaria, escola, igrejas, quadras e praças.

Inserido no perímetro irrigado do Vale do São Francisco está a região de Icó-Mandantes

em Petrolândia/PE, na qual parte deste estudo foi efetuado; a principal atividade econômica da

população local é a agricultura irrigada, que vem se desenvolvendo, de modo geral, com base

na organização familiar (Carvalho, 2009). A agricultura de sequeiro ainda é praticada, mas de

forma pouco expressiva. As culturas de maior densidade de renda são hortaliças e fruticultura,

mas as culturas de ciclo curto como feijão, melancia, milho, abóbora, amendoim, são as que

concentram a preferência dos agricultores dessa região, basicamente pelas facilidades de

apropriação e aplicação da tecnologia, e por oferecerem menor risco financeiro na sua

comercialização (D’ALPUIM et al., 2012; CARNEIRO et al., 2012). Plantios comerciais de

culturas mais rentáveis como cebola, melão, tomate e coentro semente estão crescendo entre os

agricultores, especialmente aqueles mais tecnificados. Nesta região também se encontra uma

área de vegetação nativa de Caatinga preservada, representada por áreas de mata circunvizinha

aos lotes irrigados (CORRÊA et al., 2010).

O outro município estudado, Itacuruba (08º43'38"S e 38º41'00”W), situa-se a 292

metros de altitude. Segundo o censo do IBGE de 2010, sua população era de 4.639

habitantes. Suas principais atividades são a agricultura e a pecuária. Apesar das famílias não

serem beneficiadas com programas de irrigação, poucas ainda dependem da agricultura,

tornando a atividade cada vez menos desenvolvida nesta região. As comunidades agrícolas

de Itacuruba/PE estão organizadas em três assentamentos concedidos pelo Instituto

Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que possibilitou a reforma agrária

Page 29: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

27

44

nesta região de maneira justa e sistematizada, mantendo estas comunidades no cadastro

nacional de imóveis rurais, além de identificar e registrar, demarcar e titular terras

destinadas a comunidades tradicionais quilombolas ai existentes. Foram identificadas 198

famílias em Itacuruba/PE, as quais desenvolvem agricultura de subsistência; outros

agricultores desenvolvem suas atividades em propriedades de grandes fazendeiros da

região, em troca de salários e muitas vezes moradia. É notória a diferença entre esta

comunidade e a de Petrolândia por não apresentarem recursos para desenvolvimento de

agricultura em larga escala, em um sistema de irrigação como nas comunidades rurais de

Petrolândia/PE. Mesmo com as dificuldades postas, estas comunidades tentam desenvolver

suas atividades às margens do Rio São Francisco, de onde retiram água para irrigação apesar

de utilizarem poucas tecnologias.

FIGURA 1: Localização das comunidades agrícolas estudadas nos municípios de Itacuruba e

Petrolândia, Pernambuco, às margens do Rio São Francisco, nordeste do Brasil.

Page 30: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

28

44

Fonte: Lucena, M. (2013)

3. METODOLOGIA GERAL

3.1 Procedimentos metodológicos

O trabalho de campo ocorreu durante quatro excursões, duas a cada um dos

municípios estudados, entre os meses de novembro/2012 a abril/2013. A primeira visita

junto às duas comunidades rurais ocorreu em novembro/2012 durante quinze dias, o que

possibilitou observação participante (COMBESSIE, 2004), que consiste em um momento de

exploração da realidade e estabelecimento da pesquisa. Neste primeiro contato foi possível

conhecer a realidade das comunidades a serem estudadas e apresentar a proposta do projeto,

bem como identificar as áreas de pesquisa nos sistemas agrícolas.

Em relação à escolha dos entrevistados, a amostragem foi aleatória intencional

(ALMEIDA & ALBUQUERQUE, 2002), por meio da qual os indivíduos das

comunidades foram abordados em seus locais de trabalho (lavoura) sobre a disponibilidade

de participar da pesquisa conforme sugerido por Caló; Schiavetti; Cetra (2009). Foram

entrevistados 369 agricultores entre 18 e 65 anos (todos homens, pois são maioria na atividade

desenvolvida na região), sobre as práticas agrícolas e as espécies de anfíbios anuros

encontradas na região.

Page 31: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

29

44

O universo amostral de ambas as áreas foi definido pela amostragem probabilística,

a qual define que todos os elementos possuem a mesma probabilidade de serem escolhidos

(SAMPIERI, 2006), considerando um intervalo de confiança de 5% e erro amostral de 0,1%

utilizando a fórmula de Levin (1987).

Na qual:

n = amostra calculada

N = população

Zα /2 = variável crítica que corresponde ao grau de confiança desejado

p = proporção populacional de indivíduos que pertence à categoria

q = proporção populacional de indivíduos que não pertencem à categoria

E = erro amostral

A comunidade agrícola de Petrolândia abriga 618 famílias cadastradas em 16

agrovilas e que desenvolvem agricultura com sistema irrigado, enquanto que a comunidade

agrícola de Itacuruba possui 198 famílias que desenvolvem agricultura familiar. Diante deste

número de famílias envolvidas em atividades agrícolas, com base no cálculo da amostragem

probabilística, foram entrevistados 238 agricultores em Petrolândia e 131 agricultores em

Itacuruba.

1.2 Aplicação das entrevistas

Após a definição da amostragem, as entrevistas foram realizadas entre janeiro e abril

de 2013. Foram aplicadas entrevistas estruturadas para a obtenção de informações sobre o

perfil socioeconômico e demográfico dos agricultores. Em seguida, a aplicação de entrevistas

semiestruturadas, conforme Viertler (2002), quando foram obtidos dados sobre a existência

de espécies de anfíbios anuros nas áreas agrícolas; o conhecimento das comunidades locais

acerca do modo de vida dos anfíbios, incluindo os mais citados e observados pela

comunidade agrícola entrevistada; identificação dos diferentes tipos de cultivares agrícola

desenvolvido pelas comunidades; tipos de pragas agrícolas existentes na região; identificação

dos principais agroquímicos utilizados no controle de pragas agrícolas nestas áreas;

importância da conservação da biodiversidade de anfíbios anuros para a Caatinga.

Page 32: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

30

44

A identificação das espécies de anfíbios anuros nas áreas agrícolas de Petrolândia

e Itacuruba foi incialmente realizada através de estímulos visuais com o auxílio de fotografias

de espécies comuns em áreas de caatinga, à semelhança do método utilizado por Garcia (2006);

Monteiro et al. (2006); Souto (2008); Maciel & Alves (2009). Este método serviu para nortear

os entrevistados contextualmente, assegurando que as entrevistas fossem direcionadas ao mesmo

objeto (espécies de anfíbios anuros), a fim de coletar dados etnobiológicos precisos (GARCIA,

2006). Posteriormente, as espécies de anfíbios citadas nas entrevistas foram coletadas através de

busca ativa ao longo das áreas agrícolas e Caatinga circunvizinha; parte destes dados resulta de

dados secundários do INNOVATE Project.

No que se refere ao conhecimento das comunidades agrícolas, as respostas das

entrevistas foram organizadas em seis categorias conforme adaptação de Kellert (1996):

Quanto à estética (Se a aparência física do animal reflete algum sentimento de repulsa ou

atração pela comunidade local); utilitária (Se os anuros são utilizados para algum fim –

Econômico ou alimentar); Ecológica/Científica (Se a comunidade local reconhece a

importância ecológico-biológica das espécies de anfíbios anuros); Simbólica (Se os anfíbios

anuros da região apresentam alguma utilização religiosa); Dominista (Se os anfíbios anuros

são espécies predominantes na região); e Negativista (Se os anfíbios anuros apresentam

alguma ameaça à comunidade local). Duas questões das entrevistas foram elaboradas para

construir esta escala: Qual o importância dos anfíbios anuros? Para que servem os anfíbios

anuros? As respostas possibilitaram inventariar as principais espécies de anuros existentes

nas áreas agrícolas (dados secundários) e caracterizar a percepção dos valores biológicos

predefinidos pelas comunidades.

Em relação às análises das respostas, foram agrupadas nas seguintes categorias

cientificamente comprovadas ou possíveis de comprovação, recebendo pontuação “1” para

comprovadas, “0,5” possível de comprovação e “0” para não comprovadas conforme a Escala

de Likert (DENCKER, 1998; CASTILHO et al., 2013). Para analisar a confiabilidade destas

respostas foi utilizado o Coeficiente Alfa de Cronbach, que avalia a magnitude com que os

itens de um grupo estão correlacionados entre si conforme sugerido por Oviedo; Campo-Arias

( 2005). Este coeficiente também pode ser avaliado como a medida pela qual algum

constructo, conceito ou fator medido está presente em cada item.

Foram efetuadas análises de correlação simples entre os indicadores de

conhecimento dos agricultores e a biologia dos anfíbios anuros, a fim de investigar a

relação entre variáveis do perfil do entrevistado (tempo associado à atividade agrícola e idade)

e os conhecimentos sobre a biologia dos anuros, bem como se há relação entre nível de

Page 33: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

31

44

educação formal e o conhecimento adquirido pela observação direta destes animais. Para

isto será aplicado o teste de Kruskal- Wallis (H), que é um teste não paramétrico para

análises de correlação.

3.3 Identificação dos sítios de reprodução dos anfíbios anuros

Para caracterizar os locais de reprodução e desenvolvimento dos anfíbios anuros nas

áreas agrícolas, foram elaborados mapas orais (FIGUEIREDO, 2000; CALAMIA, 1999),

obtidos a partir de turnês guiadas (SPRADLEY et al., 1997) com os agricultores que citaram

a existência de sítios reprodutivos em suas áreas de cultivo, a fim de nomear e georreferenciar

os principais locais onde os anfíbios se reproduzem. Para a construção dos mapas foi usado

o software ArcGis10 e as coordenadas coletadas em campo por meio de GPS e de acordo

com as informações e orientações dos agricultores.

Os mapas obtidos foram escaneados e ilustrados com auxílio de computação

gráfica. As cenas das imagens utilizadas foram: 1442 – Itacuruba/PE e 1443 e 1520 para

Petrolândia/PE. Foram obtidas imagens ortorretificadas AVNIR-2 (na combinação RGB das

bandas 3, 2 e 1), projeção UTM fuso 24 e sistema geodésico SIRGAS2000, no formato

de arquivo geotiff com 3 bandas de 8 bits cada, disponibilizadas pelo Projeto Base Contínua

Escala 1:100.000 do Estado de Pernambuco.

Considerando que nas áreas agrícolas com sistema de irrigação o uso de agroquímicos

é bastante intenso, compararam-se os resultados obtidos sobre as espécies de anfíbios anuros de

Petrolândia (sistema irrigado) e Itacuruba (não irrigado) utilizando o teste Qui-quadrado, que é

um teste de hipóteses que se destina a encontrar um valor da dispersão para duas variáveis

nominais, avaliando a associação existente entre variáveis qualitativas (ALVES; ROSA, 2006).

3.4.Popularização da Ciência em sistemas agrícolas

Com as informações coletadas nas entrevistas sobre o uso dos agroquímicos e sua influência

negativa no desenvolvimento dos anfíbios anuros, foi elaborada uma cartilha ilustrada com

texto em literatura de cordel. Essa cartilha será distribuída e divulgada em escolas, cooperativas

agrícolas e associações nas regiões de Petrolândia e Itacuruba/PE a fim de informar sobre os

riscos da prática e alertar sobre a importância dos anfíbios no biocontrole natural das pragas

agrícolas. Dessa forma, o conhecimento local atrelado às informações da literatura poderá

constituir ferramenta viável a mudanças de práticas e manejo de agroecossistemas, em especial

do semiárido nordestino.

Page 34: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

44

Capítulo I

CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ANFÍBIOS ANUROS POR

AGRICULTORES EM SISTEMAS AGRÍCOLAS DE REGIÃO SEMIÁRIDA BRASILEIRA LOCAL ECOLOGICAL KNOWLEDGE ABOUT AMPHIBIANS BY FARMERS IN THE AGRICULTURAL SYSTEMS OF

THE BRAZILIAN SEMIARID REGION

Iaponira Sales de

Oliveira Doutoranda do Curso de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, associação em Rede, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. [email protected]

Eliza Maria Xavier

Freire Orientadora, Docente do Departamento de Botânica e Zoologia -DBEZ, e do Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, associação em Rede, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. [email protected]

RESUMO Os anfíbios anuros são considerados bioindicadores de qualidade ambiental e biocontroladores de populações de insetos, inclusive de pragas agrícolas. Daí a relevância de avaliar o conhecimento de comunidades de áreas agrícolas acerca destes animais e a importância destes para o ambiente em que vivem, já que estes são, culturalmente, considerados repugnantes; esta abordagem é uma das vertentes da Etnociência. Nessa perspectiva, os objetivos deste trabalho foram avaliar o conhecimento local de comunidades agrícolas do semiárido ao longo do médio Rio São Francisco, estado de Pernambuco, sobre as espécies de anfíbios anuros e a importância destas como controladoras de insetos pragas. F oram realizadas quatro excursões de 15 dias cada, duas por comunidade, entre novembro/2012 e abril/2013, quando se efetuaram observações diretas sobre as áreas, entrevistas semiestruturadas, e identificação dos sítios de reprodução dos anfíbios ao longo dos sistemas agrícolas. A amostragem foi não aleatória intencional, resultando em 347 participantes da pesquisa. Foram citadas pelos agricultores oito Etnoespécies, correspondentes a 13 espécies de anf íbios anuros, a l é m d e identificados locais de reprodução e desenvolvimento destas espécies. Foi constatada importância biológica dos anuros para práticas agrícolas sustentáveis.

Palavras-chave: agroecossistemas, conhecimento local, entomologia, biocontrole de pragas.

ABSTRACT The frogs are considered bioindicators of environmental quality and biocontrol of insect Populations, including agricultural pests. Hence the importance of assessing the knowledge of agricultural zones communities about these animals and the importance of these to the environment in which they live, as they are culturally considered repugnant; this approach is one of the aspects of Cognitive Anthropology. In this perspective, the objectives of this study were to evaluate the site knowledge of semi-arid farming communities along the middle São Francisco River, Pernambuco State, on the species of Anurans and Their importance the pest insect controllers. 15 excursions were held four days each, two for community, between November and April 2012/2013 when effected direct observations over the zones, semi-structured interviews, and geo-referencing of sites of reproduction of amphibians throughout the agricultural systems. Random sampling was not intentional, resulting in 347 participants of the search. Farmers mentioned eight ethnospecies, corresponding to 13 species of frogs, as well as the local breeding and development of these species identified. Biological importance of anurans was for sustainable agricultural practices.

Keywords: agroecosystems, local knowledge, entomology, pest-biocontrol.

Page 35: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

INTRODUÇÃO

O semiárido brasileiro, que inclui o Domínio Morfoclimático da Caatinga (sensu AB’SABER, 1974),

tem sido utilizado para diversos fins econômicos, tais como, pecuária, agricultura e extração de

minérios, atividades que vêm causando degradações por vezes irreversíveis (ABÍLIO et al., 2010). Para

cada uma destas atividades foram necessárias adaptações específicas por parte das comunidades locais,

uma vez que a região caracteriza-se por condições edafoclimáticas especificas, as quais tornam esse

ambiente muito frágil e de alta susceptibilidade aos processos erosivos, necessitando alternativas de uso

e manejo (AGUIAR, 2006). Por se tratar de um ecossistema restrito ao território nacional, a preocupação

é ainda maior.

Nesse contexto, o semiárido brasileiro e especificamente a Caatinga abriga uma rica

biodiversidade, constituída até recentemente por 932 espécies de plantas vasculares (380 endêmicas;

SILVA et al, 2003), 187 de abelhas, 240 de peixes, 175 de répteis e anfíbios (12% endêmicas), e 510

espécies de aves (ALBUQUERQUE et al., 2012). Embora o conhecimento acerca da biodiversidade da

Caatinga seja relevante, ainda é restrito a algumas áreas que, em sua maioria, não são protegidas

(RODRIGUES, 2003; ALBUQUERQUE et al., 2012), além de constituir uma das regiões semiáridas mais

populosas do mundo, com cerca de 50 milhões de habitantes vivendo em condições muito precárias e,

consequentemente, explorando os recursos naturais de forma inadequada (FREIRE et al, 2009, p. 86;

ABÍLIO et al., 2010). Nesse cenário, é necessário ampliar o s estudos que abordem o conhecimento das

comunidades locais e suas interações com os recursos da Caatinga, de forma a contribuir para sua

conservação. Os campos de estudos que se destacam nesse sentido são a Etnobiologia e a Etnoconservação

(MARQUES, 1995; ALBUQUERQUE, 2006).

O uso popular dos recursos naturais é uma prática que acompanha o ser humano desde os

primórdios da civilização, sendo fundamentado no acúmulo de informações repassadas oralmente ou

de forma gestual a cada geração (ALVES et al. 2007; 2009; 2012; LEO NETO et al., 2011, 2012; SILVA et

al., 2010). Segundo Mourão e Nordi (2006), os estudos que se referem ao conhecimento ecológico

tradicional e/ou local, abordam, de um modo geral, a maneira como as pessoas usam e se apropriam

dos recursos naturais, seja através do manejo, das crenças, conhecimentos, percepções e

comportamentos, a l é m das várias formas de classificar, nomear e identificar as plantas e animais do

seu ambiente.

No âmbito da Etnobiologia, a Etnoherpetologia compreende grupos biológicos específicos,

buscando registrar e avaliar o conhecimento, classificação, utilização e convivência de comunidades locais

com os anfíbios e répteis. Para a Etnoherpetologia tem sido um grande desafio compreender esta

relação, já que os répteis são considerados um grupo perigoso e, consequentemente, perseguido (ALVES

et al. 2007). No caso das serpentes, mesmo as espécies não peçonhentas são frequentemente espancadas

ou mortas quando encontradas (ALVES et al. 2007; ALBUQUERQUE et al., 2012) fato que dificulta as

estratégias de manejo aplicadas para outros grupos, como as aves e mamíferos, por exemplo.

Em relação aos anfibios, são parcos os registros sobre a relação que as comunidades ocidentais

estabalecem com estes animais, embora para algumas populações orientais sirvam como “amuletos”

Page 36: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

em rituais religiosos (CERÍACO, 2010). Muitas civilizações antigas veneravam os sapos por associá-los à

água e seu processo de transição para a terra, fato que tornava estes animais símbolo de fertilidade e

renascimento. Para os egípcios, além do grande respeito, os sapos eram considerados futuros bebês, e a

criação do homem e dos deuses era atribuída à deusa Heket, personificada por uma mulher com cabeça

de sapo (BLAUSTEIN et al, 1995). Já os chineses e indianos acreditavam que o mundo se apoiava nas costas

de um sapo gigante e que os terremotos ocorriam devido à movimentação desse sapo. Outra crença era

de que os eclipses ocorriam porque um sapo engolia a Lua. Na China, as rãs protagonizam muitas lendas

e sempre foram tema obrigatório na pintura e nas artes cerâmicas, estilizadas em vasos, potes e peças

entalhadas (BLAUSTEIN et al, 1995; IZECHSOHN et al, 2002; CERÍACO, 2010). Na América Central, a

civilização Maia considerava o coaxar das rãs uma manifestação do deus Chac para anunciar a chuva que

fazia brotar o verde nas planícies secas. Por meio dessa associação com a água, as rãs eram relacionadas

não somente com o crescimento das plantas, mas também com a fertilidade e com o nascimento

(DUELLMAN et al, 1994; CERÍACO, 2010). Já os girinos e rãs adultas faziam parte da decoração de potes,

roupas e ornamentos. Por fim, os índios brasileiros consideravam os anfíbios como guardiões das águas

(BLAUSTEIN et al, 1995; CERÍACO, 2010).

No entanto, na Idade Média na Europa, esses animais passaram a ser associados a

manifestações do mal e bruxarias (CERÍACO, 2010). A sociedade moderna herdou tal preconceito dos

europeus medievais e, por isso, não é dada a devida atenção aos anfíbios que, segundo Vitt & Caldwell

(2009), por exemplo, constituem elementos-chave para avaliação da qualidade ambiental e como

biocontroladores de insetos vetores de doenças e/ou pragas agrícolas. Portanto, os anfíbios anuros, que

compreendem os sapos e seus parentes, constituem animais importantíssimos nas cadeias e teias

ecológicas, especialmente por serem biocontroladores de populações de insetos e outros vertebrados,

atuando como presas e predadores (STUART et al, 2008; VITT & CALDWELL, 2009, ABROL 2012;

VALÊNCIA-AGUILAR et al. 2013).

Apesar da reconhecida importância dos anfíbios anuros, nas últimas décadas têm ocorrido

redução e desaparecimento de espécies em todo o mundo (HOFFMANN et al.,2010; KATZENBERGER et

al.,2012; COSTA et al., 2012). Como estes animais são sensíveis a mudanças ambientais, sua redução

pode ser decorrente da ação antrópica e/ou das alterações climáticas atuais (STEBBINS & COHEN, 1995;

STUART et al 2008; COSTA et al., 2012).

Neste cenário, alguns questionamentos nortearam este trabalho efetuado em sistemas agrícolas

localizados no semiárido brasileiro e cujo controle de pragas agrícolas é feito atualmente por meio do uso

de agroquímicos: Qual o conhecimento ecológico dos agricultores locais sobre os anfíbios anuros? Q ual

a relevância desse conhecimento para subsidiar proposta de uso dos anfíbios anuros no biocontrole de

insetos pragas e, consequentemente, conservação das espécies, preservação da saúde humana e

sustentabilidade desses sistemas agrícolas? Na perspectiva de responder a estes e outros desafios postos,

os objetivos deste trabalho foram identificar e avaliar o conhecimento das comunidades agrícolas de região

semiárida, especificamente dos municípios de Itacuruba e Petrolândia, estado de Pernambuco, Brasil,

sobre as espécies de anfíbios anuros e respectivos modos de vida e, a partir destes, propor o uso dos

anfíbios anuros no biocontrole de insetos pragas para minimizar o uso dos agroquímicos, dos riscos

ambientais, e promover a conservação das espécies e sustentabilidade dos agro ecossistemas.

Page 37: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

MATERIAIS E MÉTODOS

Delimitação e caracterização da área de estudo

Esta pesquisa é parte do Projeto INNOVATE (Interplay between the multiple use of water reservoirs

via innovative coupling of substance cycles in aquatic and terrestrial ecosystems), que envolve instituições

brasileiras e alemães de ensino e pesquisa com o objetivo de estudar e propor estratégias para otimização

dos múltiplos usos dos reservatórios construídos pela intervenção humana, por meio do aumento paralelo

da produtividade, redução da emissão de gases de efeito estufa e manutenção da biodiversidade. O

projeto está estruturado em cinco módulos interligados, com o objetivo de conhecer e fornecer

informações que comporão um banco de dados que possa gerar modelos preditivos para regiões

semiáridas. Nessa perspectiva, foram estudadas duas comunidades agrícolas nos municípios de Itacuruba

(08º43'38"S e 38º41'00”W) e Petrolândia (08º58'45" S e 38º13'10" W) no Estado de Pernambuco, ambas

ao longo do submédio Rio São Francisco.

O município de Itacuruba está localizado na microrregião de Itaparica e tem como característica

marcante a falta de recursos naturais (especialmente solos) para a prática de atividades agrícolas. Está

incluído no Núcleo de Desertificação do Cabrobó da Organização das Nações Unidas (ONU), uma área

muito vulnerável à degradação (NETO et al, 2014). Segundo o censo do IBGE 2010, sua população à

época era de 4.639 habitantes e s uas principais atividades são a pecuária e agricultura, apesar das

famílias não serem beneficiadas com programas de irrigação.

As comunidades agrícolas de Itacuruba estão organizadas em três assentamentos concebidos

pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que possibilitou o reassentamento

destas comunidades para esta região de maneira justa e sistematizada, mantendo-as no cadastro

nacional de imóveis rurais, além de identificar, registrar, demarcar e titular terras destinadas a

comunidades tradicionais quilombolas aí existentes. Foram identificadas 198 famílias que desenvolvem

agricultura de subsistência em Itacuruba; outros agricultores desenvolvem suas atividades em

propriedades de grandes fazendeiros da região, em troca de salários e/ou moradia. É notória a

diferença desta comunidade por não apresentar recursos para o desenvolvimento de agricultura em

larga escala, e pela falta de um sistema de irrigação como nas comunidades rurais de Petrolândia.

O perímetro irrigado do Município de Petrolândia, também s i t ua do n a região do submédio

Rio São Francisco, faz parte do Sistema Itaparica de Projetos de Irrigação, construído pelo Governo

Federal por meio da Companhia Hidroelétrica do São Francisco – CHESF, para compensar as famílias

deslocadas pela construção da Usina Hidroelétrica Luiz Gonzaga (Usina de Itaparica) no final da década

de 1980. Com a construção da usina Hidroelétrica de Itaparica, 834 km² de terras foram inundadas

implicando no deslocamento de 5.542 pessoas somente na margem esquerda do rio São Francisco. Em

março de 1986 a Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF) iniciou um estudo de viabilidade

para o reassentamento das famílias atingidas pela inundação do lago.

A comunidade local de Petrolândia compreende 618 famílias cadastradas em 16 agrovilas na zona

rural do município, as quais desenvolvem agricultura com sistema irrigado.

Page 38: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

Procedimentos metodológicos

Nas duas comunidades estudadas, durante estudo piloto, foram realizadas visitas às residências

habitadas para esclarecimentos sobre este estudo. Em seguida, foi solicitado aos que concordaram em

participar da pesquisa, que assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido exigido pelo

Conselho Nacional de Saúde por meio do Comitê de Ética em Pesquisa no Brasil (Resolução 196/96). Além

disso, este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP),

da UFRN (Parecer nº 466/2012).

O trabalho de campo ocorreu durante quatro excursões, duas a cada um dos municípios estudados,

entre os meses de novembro/2012 e abril/2013. A primeira visita às duas comunidades rurais ocorreu

em novembro/2012, a qual possibilitou observação participante conforme Combessie (2004) e consistiu

em exploração da realidade local e estabelecimento da pesquisa, possibilitando conhecer as comunidades

a serem estudadas e a identificação das áreas de estudo.

Quanto à escolha dos entrevistados, a amostragem foi aleatória intencional (ALMEIDA &

ALBUQUERQUE, 2002), por meio da qual os indivíduos das comunidades foram abordados em seus

locais de trabalho (lavoura) sobre a disponibilidade de participar da pesquisa conforme sugerido por

Caló; Schiavetti; Cetra (2009). O universo amostral de ambas as áreas foi definido pela amostragem

probabilística, a qual define que todos os elementos possuem a mesma probabilidade de serem

escolhidos (SAMPIERI, 2006), considerando um intervalo de confiança de 5% e erro amostral de 0,1%

Levin (1987). Assim, do número de famílias envolvidas em atividades agrícolas nas comunidades

estudadas (198 em Itacuruba e 618 em Petrolândia), foram entrevistados 238 agricultores em Petrolândia,

e 131 em Itacuruba, com idade entre 18 e 65 anos, todos do sexo masculino; após a definição dessa

amostragem, as entrevistas foram realizadas.

Foram aplicadas entrevistas semiestruturadas conforme Viertler (2002) para a obtenção de dados

sobre a existência de espécies de anfíbios anuros nas áreas agrícolas, conhecimento das comunidades

locais acerca dos anfíbios conhecidos e respectivos modos de vida, incluindo os mais citados e

observados pela comunidade agrícola. Para análise destes dados foi aplicado o teste de Kruskal-Wallis

(H), que é um teste não paramétrico para análises de correlação simples.

A identificação das espécies de anfíbios anuros ocorrentes nas áreas agrícolas de Petrolândia e

Itacuruba foi incialmente realizada mediante estímulos visuais com o auxílio de fotografias de espécies

comuns em áreas de caatinga, à semelhança do método utilizado por Garcia (2006); Monteiro et al (2006);

Souto (2008); Maciel & Alves (2009). Esse método serviu para nortear os entrevistados contextualmente,

assegurando que as entrevistas fossem direcionadas ao mesmo objeto (espécies de anfíbios anuros), a fim

de coletar dados etnobiológicos precisos (GARCIA, 2006). As informações coletadas serviram para a

construção de tabelas de cognição comparada para correlacionar as respostas dos entrevistados com as

informações da literatura, principalmente referente à biologia dos anfíbios anuros. Posteriormente, as

espécies de anfíbios citadas nas entrevistas foram coletadas através de busca ativa ao longo das áreas

agrícolas e na caatinga circunvizinha, para identificação por especialista e por meio de bibliografia

pertinente, e se encontram depositadas na Coleção Herpetológica da UFRN e na Senckenberg Natural

History Collections Dresden, Alemanha.

Page 39: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nas áreas estudadas foram registradas oito etnoespécies, segundo registros das entrevistas com

os agricultores, as quais correspondem a 13 espécies, conforme espécimes coletados em campo e

identificados por especialistas (Tabela 1). São conhecidas mundialmente 6.771 espécies de anfíbios

(FROST 2011), das quais 988 de anfíbios anuros são registradas para o Brasil (SEGALLA et al., 2014) e 103

(10,4%) para o Domínio das Caatingas (CAMARDELLI & NAPOLI, 2012), riqueza considerada ainda

subestimada.

A presença de anfíbios anuros nas áreas agrícolas foi citada por 79% (n=238) dos agricultores

entrevistados em Petrolândia e 65% (n=131) em Itacuruba. O número maior de citações em Petrolândia

provavelmente se deve a maior quantidade de agricultores entrevistados nesta área (n=238); no entanto,

a informação dos agricultores quanto à ocorrência de até dez etnoespécies de anfíbios anuros em ambas

as áreas estudadas confirmam que, apesar do pouco conhecimento por parte dos agricultores sobre a

biologia destes animais, os anfíbios anuros são observados e reconhecidos nas áreas agrícolas.

Tabela 1: Etnoespécies citadas por agricultores locais e respectivas espécies de anfíbios identificadas (este estudo) na região de Petrolândia e Itacuruba, estado de Pernambuco, nordeste do Brasil.

Município Petrolândia Itacuruba

Etnoespécies Nome científico

Áreas de intensa atividade agrícola

Áreas de intensa atividade agrícola

Jia Dermatonotus muelleri (Boettger,

1885) X

Rã de bananeira

Hypsiboas raniceps Cope, 1862 X X

Caçote Leptodactylus fuscus (Schneider,

1799 X X

Caçote Leptodactylus macrosternum

Miranda-Ribeiro, 1926 X X

Caçote Leptodactylus troglodytes A. Lutz,

1926. X

Caçote Leptodactylus vastus A. Lutz, 1930 X

Rãzinha Physalaemus kroyeri (Reinhardt &

Lütken, 1862 “1861”) X

Rãzinha Pseudopaludicola pocoto

Magalhães, Loebmann, Kokubum, X X

Page 40: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

A Etnoespécie mais comumente citada foi o sapo cururu (42% em Petrolândia e 53% em

Itacuruba), que corresponde às espécies do gênero Rhinella encontradas nas áreas agrícolas e urbanas (Figura 1 – Fotos de Jorge, J. 2013). Duas espécies correspondem ao que os agricultores locais denominam de sapo cururu: Rhinella jimi (Stevaux, 2002) e Rhinella granulosa (Spix, 1824). A primeira, conhecida na região do semiárido como sapo cururu ou sapo-boi, possui ampla distribuição no Nordeste do Brasil, principalmente na Caatinga, ocupando áreas próximas a habitações humanas, lagoas, margens de riachos, estradas e rodovias (BORGES-NOJOSA e SANTOS, 2005). Rhinella granulosa é encontrada ao longo do Nordeste do Brasil e nos Estados de Minas Gerais e Espirito Santo, sobretudo em ambientes abertos e secos, sendo assim conspícuo da Caatinga (NARVAES E RODRIGUES 2009). Os agricultores das comunidades estudadas classificam estes animais, descrevem aspectos de seus modos de vida e comportamentos, conforme conteúdo da Tabela 2, que inclui comparações com informações da literatura.

Os relatos dos agricultores locais de Petrolândia (37%) e Itacuruba (48%) sobre o “sapo cururu” demonstram algum conhecimento sobre os modos de vida deste animal, inclusive que ele contribui para o controle de populações de insetos, pois afirmam que os cururus são responsáveis pela “limpeza do ambiente agrícola”.

No entanto, é necessária atenção especial a experiências para controle de insetos por espécies exóticas de anfíbios. Segundo Turvey (2013), uma espécie de sapo-cururu (Rhinella marina) foi introduzida na Austrália em uma área agricola, a fim de combater o Cane Beetle (Dermolepida albohirtum) e proteger as culturas de cana de açúcar. Como a maioria das introduções de espécies não nativas apresenta um controle ineficaz, o sapo-cururu agora é uma grande praga na Austrália. Isso ocorreu apesar de a idéia da introdução de Rhinella marina, ter surgido do conhecimento local sobre os sapos serem os principais predadores de invertebrados. Apesar desse fato ter ocorrido sem as devidas precauções de controle biológico, o papel potencialmente importante dos anfíbios como predadores de invertebrados deve ser destacado. Na Argentina, Rhinella arenarum, Leptodactylus latinasus, Leptodactylus chaquensis e Physalaemus albonotatus são conhecidos por forragearem artrópodes que habitualmente danificam as culturas de soja (VALÊNCIA-AGUILAR et al. 2013), mas os possíveis beneficios do controle biológico realizado por esses anuros, para estes sistemas agrícolas, não foram testados.

Haddad & Garda, 2014

Rãzinha Physalaemus cicada Bokermann,

1966 X

Cumbá Pleurodema diplolister (Peters,

1870) X

Sapo cururu pequeno

Rhinella granulosa (Spix, 1824) X X

Sapo cururu grande

Rhinella jimi (Stevaux, 2002) X X

Rãzinha puladeira

Scinax x-signatus (Spix, 1824) X X

Page 41: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

FIGURA 1. Espécies de sapo cururu (gênero Rhinella) encontradas na região agrícola de Petrolândia e Itacuruba-PE. a) Rhinella granulosa (Spix, 1824), b) Rhinella jimi (Stevaux, 2002).

Tabela 2: Tabela de cognição comparada: citações e relatos dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba, Pernambuco, acerca do modo de vida do sapo cururu, espécies do gênero Rhinella, e o que é encontrado na literatura cientifica sobre este tema.

Relatos de agricultores sobre o modo de vida do sapo cururu em Petrolândia.

Relatos de agricultores sobre o modo de vida do sapo cururu em Itacuruba

Citações da literatura científica

“Sai da toca a noite para caçar”

Informante 6

“A noite ficam nas ramas e onde tem luz procurando cascudos”. Informante 5

São animais de hábito noturno (Cassemiro et al, 2012).

“Tenho nojo porque é frio e molhado”

Informante 8

“Ele é cheio de rugas e é molhado, dar nojo”

Informante 3

São animais ectotérmicos e também apresentam respiração cutânea, por isto devem manter a pele sempre úmida (Narvaes e Rodrigues, 2009).

“Se cutucar ele incha” Informante 40

“Incha quando tá com raiva”

Informante 45

Como forma de defesa os anuros do gênero Rhinella tendem a inflar os pulmões de ar para amedrontar os predadores (Buckley et al., 2010).

“Libera um leite que irrita os olhos”

Informante 23

“Libera um leite que é seu veneno”

Informante 58

O gênero Rhinella apresenta as glândulas granulares que liberam uma substância de aspecto leitoso, com capacidade de provocar irritabilidade nos predadores (Duellman & Trueb, 1994; Narvaes e Rodrigues, 2009).

“Se ele mijar nos olhos “Se mijar no olho cega” Não existe comprovação de

a) b)

Page 42: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

A segunda Etnoespécie mais citada pelos agricultores locais para as regiões de Petrolândia (29%) e Itacuruba (16%), o “Caçote”, corresponde às espécies do gênero Leptodactylus (Figura 2 - Fotos: Oliveira, I.S (A), Jorge J. (Fotos B, C e D), 2013). Estas espécies são encontradas em margens de riachos e drenos de irrigação da região agrícola de Petrolândia, e em caixas d’água e margens de riachos em Itacuruba.

Apesar da generalização na definição das espécies de Leptodactylus, os agricultores entrevistados percebem diferenças entre elas, mas não conseguem distinguir a ponto de agrupá-las em espécies diferentes, apenas identificam e as classificam quanto às diferenças de tamanho e cores, características geralmente relacionadas a fases de desenvolvimento e não a espécies distintas. A exemplo disso, as “rãzinhas” que para os agricultores tratam-se de uma mesma espécie e as diferenças citadas referem-se a cor e ao tamanho, correspondem a diferentes espécies das Famílias Leiuperidae e Leptodactylidae, tais como, Physalaemus cicada, P. kroyeri e Pseudopalodicola sp.

A generalização na caracterização das espécies é um fato comum constatado em outros estudos referentes à similaridade da composição faunística em diferentes áreas do semiárido, com o mesmo tipo de vegetação e condições climáticas. Quanto à composição de espécies, constatou-se semelhança entre este trabalho e outros realizados na Caatinga por VIEIRA et al. (2007) e CALDAS et al. (2009), especialmente quanto às espécies R. granulosa, H. raniceps, Scinax x-signatus, L. troglodytes, e P. diplolister.

Os agricultores (89% de Petrolândia, n=238 e 94% de Itacuruba, n=131) relatam e descrevem alguns aspectos relevantes da biologia dessas espécies, tais como: hábitos, comportamento, alimentação e desenvolvimento, conforme destacado como cognição comparada na Tabela 3.

pode cegar” Informante 33

Informante 28

substâncias tóxicas na urina dos anuros que possa provocar cegueira.

“Onde ele faz cama, não Nasce mais coentro”. Informante 12

“De dia vivem em tocas no meio das ramas, em baixo dos galhos e onde tem água”

Informante 9

Os anfíbios anuros do gênero Rhinella tendem a aumentar de tamanho rapidamente; outra característica é que estes animais tendem a se entocarem durante o dia em lugares úmidos e sombreados (Buckley et al., 2010; Narvaes e Rodrigues, 2009).

“Seu canto atrai chuva” Informante 7

“Ele canta para chamar a fêmea”

Informante 50

Os anfíbios precisam de água o u umidade para se reproduzirem, por isso o período chuvoso é o ideal para atrair as fêmeas com o canto e realizar o acasalamento (Duellman & Trueb, 1994; Narvaes e Rodrigues, 2009, Buckley et al., 2010).

Page 43: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

Figura 2: Espécies de “Caçote” (gênero Leptodactylus) encontradas nas áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba, Pernambuco. Janeiro e Abril/ 2013. A) Leptodactylus vastus Spix 1824; B) Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926; C) Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799); D) Leptodactylus troglodytes A. Lutz, 1926..

As informações dos agricultores locais sobre os caçotes, listadas na cognição comparada (Tabela

3), principalmente quanto à dieta e a reprodução, reforçam estes como os aspectos mais marcantes observados pelos agricultores e evidenciados nas respostas aos formulários. Esse conhecimento de comunidades locais sobre a natureza e importância dos recursos biológicos, principalmente sobre a biologia das espécies, coincide com o destacado em trabalhos sobre os animais caçados por comunidades do sertão nordestino (ALVES et al., 2010) e por pescadores em relação aos recursos pesqueiros de regiões litorâneas (BEGOSSI et al., 1999; MOURÃO et al., 2006). Tabela 3: Tabela de cognição comparada: citações e relatos dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba acerca do modo de vida dos caçotes (espécies do gênero Leptodactylus) e o que é encontrado na literatura cientifica sobre este tema.

Espécies do gênero Leptodactylus

A)

B)

C)

D) D)

Principais relatos dos agricultores locais sobre o caçote (espécies do gênero Leptodactylus)

Citações da literatura científica sobre espécies do gênero Leptodactylus

Petrolândia/PE Itacuruba/PE “Não possuem veneno

porque sua pele é lisa sem verruga”;

Informante 9

“Pele fria e molhada”; Informante 16

As espécies de Leptodactylus apresentam a pele úmida para evitar ressecamento e auxiliar na respiração (Giaretta e Kokubum, 2004).

Page 44: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

Outra Etnoespécie bastante citada pelos agricultores foi a “rã de bananeira”, que corresponde à espécie Hypsiboas raniceps Cope 1862, a qual ocorre em abundância significativa principalmente nas plantações de banana em Petrolândia (77% das citações; n=238), e em árvores frutíferas, como goiabeiras e mangueiras, na região de Itacuruba (28% dos entrevistados; n= 131). Ainda conforme relato dos agricultores, sua ocorrência em bananeiras s e d á sob e entre os cachos de bananas, e entre as bases das folhas, local geralmente úmido que armazena água da chuva ou da irrigação. Algumas das características citadas pelos agricultores sobre a rã de bananeira são confirmadas pela literatura, pois sua reprodução ocorre na estação chuvosa, quando os indivíduos formam densas agregações em corpos de água (brejos, poças, veredas). São de reprodução prolongada, isto é, reproduzem-se por várias semanas ou meses e são territoriais; ou seja, machos defendem suas áreas de vocalização contra intrusos da mesma espécie (LINGNAU et al, 2004; PANSONATO et al, 2011; SUGAI, 2014). Durante o dia permanecem imóveis e sua aparência pálida e pele úmida causam repulsa aos agricultores. No período da noite,

“Não tem diferença, todos são caçotes, uns pequenos outros grandes”;

Informante 15

“O caçote é marrom quando pequeno e escuro quando tá grande”;

Informante 33

Estas espécies podem atingir d e 5,0 a 1 2 cm de comprimento. Suas colorações variam do amarelo ao marrom escuro (Freitas e Silva, 2007; Heyer, 1969; Giaretta e Kokubum, 2004).

“vivem entre o capim rasteiro”;

Informante - 30

“Vivem onde tem mato”; Informante 12

Habitam áreas preferentemente abertas e também de matas em todo o Nordeste (Freitas e Silva, 2007; Heyer, 1969; Giaretta e Kokubum, 2004).

“Vivem onde tem drenos e poças”;

Informante 28

“Vivem onde tem água, lama e caixa d’água”.

Informante 11

Estes animais também habitam locais com água, principalmente no período de reprodução para oviposição e equilibra a temperatura (Giaretta e Kokubum, 2004).

“Quando se reproduzem formam escuma”.

Informante 19

“Fazem escuma para botar os ovos”;

Informante 8

Quando o casal faz amplexo, a fêmea libera uma substância albuminoide pela cloaca e o macho bate forte essa substância com suas patas traseiras até formar espuma abundante. Em seguida, a fêmea libera os óvulos, os machos os fertilizam e os ovos ficam envoltos pelo ninho de espuma até a eclosão (Giaretta e Kokubum, 2004).

envolve os ovos que aí são depositados. (Freitas e Silva, 2007; Giaretta e Kokubum, 2004).

“Fazem a limpeza do ambiente, pois comem insetos”; Informante 50

“Comem os insetos”; Informante 38

Espécies do gênero Leptodactylus têm por característica alimentar-se de artrópodes e pequenos vertebrados como outras rãs, serpentes e até camundongos (Freitas e Silva, 2004).

“São brabos”. Informante 139

“Pulam muito e vem para cima da pessoa”.

Informante 36

As espécies do gênero Leptodactylus são predadores muito vorazes (Freitas e Silva, 2004).

Page 45: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

segundo Ribeiro et al (2009), se tornam mais ativas e os machos emitem sons para atrair as fêmeas, além de caçarem os insetos para alimentação.

Também foi identificada, embora pouco observada pelos agricultores locais, a “rãzinha puladeira”, Scinax x-signatus (Spix, 1824), pertencente à família Hylidae. De acordo com relatos dos agricultores de Itacuruba (72%, n=131) e Petrolândia (58%, n= 238), esta Etnoespécie é facilmente encontrada em árvores frutíferas, além de em residências, costumeiramente junto aos potes de cerâmica onde são armazenadas água para o consumo humano. Estes relatos coincidem com informações da literatura de que Scinax x-signatus é muito comum próximo às habitações humanas, tem hábitos noturno e arborícola (Galatti et al., 2007). Além disso, é facilmente adaptável à perturbação humana, ocorrendo em savanas tropicais e bordas de floresta da Venezuela até o Suriname e em boa parte do Brasil (Miquel, Ulisses e Abraham, 2010). As comunidades locais de Petrolândia (58%, n=238) e Itacuruba (72% n=131) denominam esta espécie de rãzinha puladeira porque emitem som por meio da interação entre as patas. Esta afirmação pode estar relacionada ao movimento das patas em direção à região dorsal, pois a manutenção da umidade da superfície externa da pele é fundamental para a difusão dos gases respiratórios, garantida pela secreção de muco produzido pelas glândulas mucosas (HUTCHINSON e SAVITZKY, 2004).

A pele dos anfíbios anuros em geral desempenha uma série de funções vitais, destacando-se a respiração, o transporte de água e solutos, a regulação da temperatura corpórea e a defesa contra o ataque de microrganismos e predadores (LEITE et al., 2005). Scinax x-signatus habita áreas de Mata Atlântica e Caatinga, geralmente pode alcançar um comprimento de até 3,5cm e sua coloração de fundo é o pardo-mostarda com manchas dorsais bem definidas (Freitas e Silva, 2007). Cabe destacar ainda outras etnoespécies de anfíbios anuros que foram menos citadas pelos agricultores locais das áreas estudadas, mas que são relevantes no contexto deste estudo em agroecossistemas do semiárido brasileiro.

CONCLUSÃO

Apesar das condições climáticas adversas e as alterações ocorridas na paisagem da região semiárida estudada, ela ainda abriga uma riqueza considerável de anfíbios anuros que é reconhecida e descrita à luz do conhecimento local dos agricultores de agroecossistemas nos municípios de Petrolândia e Itacuruba, ao longo do médio Rio São Francisco, Pernambuco.

O conhecimento ecológico local sobre as Etnoespécies de anfíbios anuros possibilitou identificar relações cognitivas e comportamentais dos agricultores com os recursos naturais, especialmente sobre a importância biológica dos anfíbios anuros. A partir destes resultados foi possível iniciar processo para construção de alternativas viáveis ao controle de pragas agrícolas nesta região, aliando o conhecimento dos agricultores locais ao científico e viabilizando a popularização da ciência por meio da divulgação através de cartilha escrita em literatura de cordel, típica do nordeste brasileiro. É possível que esse veículo de popularização da ciência promova o incremento do conhecimento local sobre a importância dos anfíbios anuros e sua utilização no biocontrole de insetos pragas em substituição paulatina do uso de agroquímicos, e consequentes diminuição dos riscos ambientais, conservação das espécies e sustentabilidade dos agroecossistemas. REFERÊNCIAS ABÍLIO, F. J. P. (Org.) 2010. Bioma Caatinga: ecologia, biodiversidade, educação ambiental e práticas pedagógicas. João Pessoa: Editora Universitária, UFPB, p. 196.

Page 46: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

ABROL, D.P. 2012. Pollination Biology: Biodiversity Conservation and Agricultural Production. Springer, New York, New York, USA. AGUIAR, M. I. MAIA, S. M. F. OLIVEIRA, T. S. MENDONÇA, E. S. FILHO, J. A. A. 2 0 0 6 . Perdas de solo, água e nutrientes em sistemas agroflorestais no município de Sobral, CE. Soil, water and nutrients losses in the agroforestry systems in Sobral county, Ceará, Brasil. Revista Ciência Agronômica, v.37, n.3, p.270-278, Centro de Ciências Agrárias - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE www.ccarevista.ufc.br ALBUQUERQUE, U. P. de. 200 6. Reexamining hypotheses concerning the use and knowledge of medicinal plants: a study in the Caatinga vegetation of NE Brazil Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 2:30. ALBUQUERQUE, U.P.; ARAÚJO, E.L. (2012) El-Deir, A.C.A. et al. Conservation of an Important Seasonal Dry Forest. The Scientificworld Journal. 18 pages. ALMEIDA, C.F.C.B. & ALBUQUERQUE, U.P. 2002. Uso econservação de plantas e animais medicinais no estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil): um estudo de caso. Interciencia 26(6): 276-285. ALVES, R. R. N, ALBUQUERQUE, U. P. 2012. Ethnobiology and conservation: Why do we need a new journal? Ethnobiology and Conservation. ISSN 2238-4782 ALVES. G. P. F. RAMOS. R. da N. 2007. Commercialization and use of snakes in North and Northeastern Brazil: implications for conservation and management. Biodivers Conserv 16:969–985 DOI 10.1007/s10531-006-9036-7 ALVES et al. O. 2009. Almeida Reptiles used for medicinal and magic religious purposes in Brazil Applied Herpetology 6 257–274. ALVES, R. R.N. NETO, N. A. L. SANTANA, G. G. VIEIRA, W. L.S. ALMEIDA, W. O. (2009): Reptiles used for medicinal and magic religious purposes in Brazil. Applied Herpetology 6 257–274. Koninklijke Brill NV, Leiden. ALVES, R.R.N., PEREIRA-FILHO, G.A. (2007): Commercialization and use of snakes on North and Northeastern Brazil: implications for conservation and management. Biodivers. Conserv. 16: 969-985. ALVES, R. R. N. SOUTO, W. M. S. (2010) Etnozooologia: Conceitos, considerações históricas e importância. Livro: Etnozoologia no Brasil: Importância, status atual e perspectivas. Cap1, pág. 19-40. Vol 4/ Série: Estudos e Avanços. Recife/PE: NUPEEA. ALVES, R., SOUTO, W., & BARBOZA, R. R. (2010). Primates in traditional folk medicine: a world overview. Mammal Review, 40(2), 155-180. BEGOSSI, A., SILVANO, R.A.M., AMARAL, B.D. (1999): Uses of fish and game by inhabitants of an Extractive Reserve (Upper Juruá, Acre, Brazil). Environ. Dev. Sustain. 1: 73-93. BLAUSTEIN, Andrew R. & WAKE, David B. (1995) The Puzzle of Declining Amphibian Populations. Scientific American, 272 (1), p.56-61. April. BUCKLEY, L. B., URBAN, M. C., ANGILLETTA, M. J., CROZIER, L. G., RISSLER, L. J., E SEARS, M. W. 2010. Can mechanism inform species’ distribution models? Ecology letters 1041-1054. BORGES-NOJOSA, D.; SANTOS, E. M. 2005. Herpetofauna da área de Betânia e Floresta, Pernambuco. In: Araújo, F. S.; Rodal, M. J. N. & Barbosa, M. R. V. (Eds). Análise das variações da biodiversidade do Bioma Caatinga – Suporte a estratégias regionais de conservação. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Brasília, Brasil, p.276-289. CALDAS, F. L. S.; SANTANA, D. O.; CARVALHO, C. B.; FARIA, R. G.; SANTOS, R. A. 2009. Levantamento preliminar de anurofauna em uma área de Caatinga no alto sertão Sergipano. http://www.seb-ecologia.org.br/2009/resumos_ixceb/1351.pdf. CALAMIA, M. A. (1999). A methodology for incorporating traditional ecological knowledge with geographic information systems for marine resource management in the Pacifc. Traditional Marine

Page 47: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

Resource Management and Knowledge Information Bulletin n.10, p. 2-12. CALÓ, C. F. F. SCHIAVETTI. A.; CETRA, M. (2009). Local ecological and taxonomic knowledge of snapper fish (Teleostei: Actinopterygii) held by fishermen in Ilhéus, Bahia, Brazil. Neotrop. Ichthyol. vol.7 no.3 Porto Alegre. CAMARDELLI, M. & NAPOLI, M.F. 2012. Amphibian Conservation in the Caatinga Biome and Semiarid Region of Brazil. Herpetologica. 68:31-47. CASSEMIRO, F. A. S. GOUVEIA, SIDNEY F., DINIZ-FILHO, JOSÉ ALEXANDRE FELIZOLA. (2012). Distribuição de Rhinella granulosa: integrando envelopes bioclimáticos e respostas ecofisiológicas. Revista da Biologia. Especial Mudanças Ambientais 8: 38-44, USP-SP. CERÍACO, L, M, P. (2010) Human attitudes towards herpetofauna how preferences, fear and beliefs can influence the conservation of reptiles and amphibian. Dissertação apresentada para obtenção de mestre em biologia da conservação. Universidade de Évora. 164pp. COMBESSIE, J. C. 2004. O método em sociologia o que é, como se faz. São Paulo, Ed. Loyola. COSTA, T.R.N., CARNAVAL, A.C.O.Q., TOLEDO, L.F. (2012) Mudanças climáticas e seus impactos sobre os anfíbios brasileiros. Revista da Biologia 8, 33–37. CROWDER, L. & NORSE, E. (2008) Essential ecological insights for marine ecosystem-based management and marine spatial planning. Marine Policy 32:772-778. DUELLMAN, W.E. & L.TRUEB. (1994). Biology of Amphibians. Baltimore, The Johns Hopkins University Press. ETEROVICK, P.C. & SAZIMA, I. 2004. Anfíbios da Serra do Cipó. Ed. PUC Minas, Belo Horizonte. FREITAS, M.A.; SILVA, T.F.S. 2007. Guia ilustrado: a herpetofauna das Caatingas a áreas de altitude do Nordeste brasileiro. Pelotas: USEB, 384p FREIRE, E.M.X.; G.O.S. SUGLIANO; M.F. KOLODIUK; L.B. RIBEIRO; B.S. MAGGI; L.S. RODRIGUES; W.L.S. VIEIRA & A.C.G.P. FALCÃO. 2009. Répteis Squamata das Caatingas do Seridó do Rio Grande do Norte e do Cariri da Paraíba: síntese do conhecimento atual e perspectivas, p. 51-84. In: E.M.X. FREIRE (Ed.). Recursos Naturais das Caatingas: uma visão multidisciplinar. Natal, EDUFRN, 239p FROST, D.R. 2011. Amphibian Species of the World: an Online Reference. version 5.5. http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/ (Acesso em 15/09/2014). GALATTI, U. et al. (2007). Anfíbios da Área de Pesquisa Ecológica do Guamá (APEG) e Região de Belém. In: GOMES, J. I.;MARTINS-DA-SILVA, M., et al (Ed.). Mocambo: Diversidade e Dinâmica Biológica da Área de Pesquisa Ecológica do Guamá (APEG). Belém: MCT/Museu Paraense Emílio Goeldi. p.75-95. GARCIA, G.F.C. 2006. The mother – child nexus. Knowledge and valuation of wild food plants in Wayanad, Western Ghats, India. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 2(39). GIARETTA, A. A., & KOKUBUM, M. D. C. (2004). Reproductive ecology of Leptodactylus furnarius Sazima & Bokermann, 1978, a frog that lays eggs in underground chambers. Herpetozoa, 16, 115-126. GERHARDINGER, L.C.; GODOY, E.A.S. & JONES, P.J.S. GERHARDINGER, L.C. (2009) Local ecological knowledge and the management of marine protected areas in Brazil. Ocean & Coastal Management 52: 154-165. HEYER, W. R. et al., (1994). Measuring and monitoring biological diversity. Standard methods for Amphibians. Washington. Smithsonian Institution Press. U.S.A. HOFFMANN, M., HILTON-TAYLOR, C., ANGULO, A., BÖHM, M., BROOKS, T. M., BUTCHART, S. H. & DARWALL, W. R. (2010). The impact of conservation on the status of the world’s vertebrates. science, 330(6010), 1503-1509. HUTCHINSON, D. A. e SAVITZKY, A. H. (2004). Vasculature of the parotoid glands of four species of toads (bufonidae: bufo). J Morphol, 260(2): 247-54. IZECHSOHN, Eugênio e CARVALHO-E-SILVA, Sergio P. (2002). Anfíbios do Município do Rio de Janeiro. Rio

Page 48: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

de Janeiro: Editora UFRJ. KATZENBERGER, M., TEJEDO, M., DUARTE, H., MARANGONi, F., e BELTRÁN, J. F. (2012). Tolerância e sensibilidade térmica em anfíbios. Revista da Biologia 8, 25–32. LEO NETO, N.A, MOURÃO, J.S, ALVES, R.R.N (2011) “It all begins with the head’’: initiation rituals and the symbolic conceptions of animals in Candomblé. Journal of Ethnobiology 31:244–261. LEO NETO N.A, VOEKS, R.A, DIAS, T.L.P, ALVES, R.R.N (2012) Mollusks of Candomble: symbolic and ritualistic importance. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine 8:10. LEITE, J. R., SILVA, L. P., RODRIGUES, M. I., PRATES, M. V., BRAND, G. D., LACAVA, B. M., AZEVEDO, R. B., BOCCA, A. L., ALBUQUERQUE, S. e BLOCH, C., JR. (2005). Phylloseptins: a novel class of anti-bacterial and anti-protozoan peptides from the Phyllomedusa genus. Peptides, 26(4): 565-73. LINGNAU, R., GUIMARÃES, L. D., & BASTOS, R. P. (2004). Vocalizations of Hyla werneri (Anura, Hylidae) in southern Brazil. Phyllomedusa: Journal of Herpetology, 3(2), 115-120. MACIEL, D.C. & ALVES, A.G.C. 2009. Conhecimento e práticas locais relacionados ao aratu Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) em Barra de Sirinhaém, litoral sul de Pernambuco, Brasil. Biote neotropical 9: 29-36. MARQUES, J. G. W. (1995). Pescando pescadores: ciência e inocência em uma perspectiva ecológica. 2. ed. São Paulo, Brasil: NUPAUB/ USP, 304p. MIGUEL, T. R.; ULISSES, C.; ABRAHAM, M. (2010). Scinax x-signatus. IUCN Red List of Threatened Species. Version 2013.1.: IUCN 2013. MONTEIRO, J.M.; ALBUQUERQUE, U.P.; LINS-NETO, E.MF.; ARAÚJO. E.L. & AMORIM, E.L. C. 2006. Use patterns and knowledge of medicinal species among two rural communities in Brazil’s semi-arid northeastern region. Journal of ethnopharmacology 105: 173-186. MOURÃO, J. S.; NORDI, N. (2006). Pescadores, peixes, espaço e tempo: uma abordagem etnoecológica. Interciência, Caracas, v. 31, n. 5, p.17. NARVARES, P. e Rodrigues, M. T. (2009). Taxonomic revision of Rhinella granulosa species group (Amphibia, Anura, Bufonidae), with a description of a new species. Arquivos de Zoologia 40, 1-73. NETO M. V. B., ARAÚJO, M. S. B. FILHO, J. C. A. (2014). Land use and soil degradation in the municipality of Itacuruba, Pernambuco, Brazil. Anais III Seminário Internacional Brasil – Alemanha. Uso sustentável de água e do solo de reservatórios em regiões semiáridas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife-PE. INNOVATE Status Conference. PANSONATO, A., TAMÍ, M., and STRÜSSMANN, C. (2011). "Anuran amphibians' diversity in a northwestern area of the Brazilian Pantanal." Biota Neotropica 11.4: 77-86. RIBEIRO-JÚNIOR, J.W. & BERTOLUCI, J. Anurans of the cerrado of the Estação Ecológica and the Floresta Estadual de Assis, southeastern Brazil. Biota Neotrop., 9(1): http://www.biotaneotropica.org.br/v9n1/en/abstract?inventory+bn0270901. 2009. RODRIGUES, M. T. Herpetofauna da Caatinga. 2003. Cap. 4. In LEAL, I. R, TABARELLI, M., SILVA, J.M.C. Ecologia e Conservação da Caatinga. Recife: UFPE, 180p. ROBERTO, I. J., RIBEIRO, S. C., & LOEBMANN, D. (2013). Amphibians of the state of Piauí, Northeastern Brazil: a preliminary assessment. Biota Neotropica, 13(1), 322-330. SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, P. B. 2006. Metodologia de pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill. SANTOS, G. E. O. Cálculo amostral: calculadora on-line. Disponível em: <http://www.calculoamostral.vai.la>. Acesso em: 20/05/2013. SILVA, J.M.C.; SOUZA, M.A.; BIEBER, A.G.D. & CARLOS, C.J. 2003. Aves da Caatinga: status, uso do habitat e sensitividade. In: Leal, I.R.; Tabarelli, M. & Silva, J.M.C. (Eds.), Ecologia e conservação da Caatinga. Editora Universitária UFPE, Recife. p.237274. SILVA, T. S.; FREIRE, E. M. X. 2009; Fauna e Flora da Estação Ecológica do Seridó, Rio Grande do Norte;

Page 49: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Revista Brasileira de Ciências Ambientais

ISSN Eletrônico 2176-9478 Junho de 2015 Nº 36

53

Percepções e usos pelas comunidades do seu entorno. In: FREIRE, E. M. X. (Org.). Recursos Naturais das Caatingas: uma visão multidisciplinar. 1 ed. Natal: Editora da UFRN - EDUFRN, 2009. P. 85-129. SEGALLA, M. V.; CARAMASCHI, U.; Cruz, C. A. G.; GARCIA, P. C. A.; GRANT, T.; HADDAD, C. F. B & LANGONE, J. 2014. Brazilian amphibians – List of species. Disponível em: http://www.sbherpetologia.org.br. (01/03/2016) SILVA, T. S. da. and FREIRE, E. M. X. (2010). Perception and use of fauna resources in communities surrounding a conservation unit in northeast Brazil. DOI: 10.4025/actascibiolsci.v32i4.5668. SOUTO, F.J.B. 2008. A ciência que veio da lama: etnoecologia em área de manguezal. Recife: NUPEEA/Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia. SPRADLEY, J. P. & McCURDY, D. W. 1972. The cultural experience: ethnography in complex society. Tennessee, Kingsport Press of Kingsport. STEBBINS, R. C.; COHEN, N. W. (1995). A Natural History of Amphibians. New Jersey: University Press. STUART, S.N. HOFFMAN, M. CHARSON, J.S. COX, N.A. BERRIDGE, R.J. RANANI, P. and youg, B.E. (eds), 2008. Threatened Amphibions of the world. Lynx \edicions, Barcelona, Spain. IUCN, Gland, Switzerland, and conservation international, Arlington, Virginia, USA. SUGAI, J. L. M. M., TERRA, J. D. S., & FERREIRA, V. L. (2014). Anurans of a threatened savanna area in western Brazil. Biota Neotropica, 14(1), 1-9. TURVEY, N. (2013). Cane Toads: A Tale of Sugar, Politics and Flawed Science. Sydney University Press, Sydney, Australia. VALENCIA-AGUILAR, A., A.M. CORTÉS-GÓMEZ, AND C.A. RUIZ-AGUDELO. (2013). Ecosystem services provided by amphibians and reptiles in neotropical ecosystems. International Journal of Biodiversity Science, Ecosystem Services and Management 9:257–272. VIEIRA, W.L.S., ARZABE, C. & SANTANA, G.G. (2007). Composição e distribuição espaço - temporal de anuros no Cariri paraibano, Nordeste do Brasil. Oecologia Brasiliensis, v.11, p. 383 - 396. VIERTLER, R. B. (2002). Métodos antropológicos como ferramenta para estudos em etnobiologia e etnoecologia. In: AMOROZO, M. C. M.; MING, L. C.; SILVA, S. P. (Ed.). Métodos de coleta e análise de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas correlatas. Rio Claro: Unesp. p. 31-46 VITT, L. J., and J. P. CALDWELL. 2009. Herpetology: An Introductory Biology of Amphibians and Reptiles. Third Edition [Burlington, Massachusetts, U.S.A.]: Academic Press.

Page 50: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

Capítulo II

(Artigo a ser submetido à revista Gaia Scientia -

http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/gaia)

Percepção ambiental de agricultores de região semiárida sobre os Anfíbios Anuros e biocontrole

de insetos pragas em sistemas irrigados e não irrigados, às margens do Rio São Francisco, Brasil

Iaponira Sales de Oliveira¹; Reinaldo Farias Paiva Lucena²; Eliza Maria Xavier Freire³.

¹Doutoranda no Curso de Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, associação ampla em

Rede, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brasil. E-mail:

[email protected]

²Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Exatas e da Natureza. Docente do Departamento de Sistemática e Ecologia, Laboratório de Etnobiologia e Ciências Ambientais, e do

Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, associação ampla em Rede. João Pessoa, PB,

Brasil. E-mail: [email protected] ³ Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Biociências. Docente do Departamento

de Botânica e Zoologia, Laboratório de Herpetologia, e do Doutorado em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, associação ampla em Rede. Natal, RN, Brasil. E-mail: [email protected]

RESUMO

Dentre a diversidade biológica habitante da Caatinga, os anfíbios contribuem em diversas funções

ecológicas, apesar de sua relevância ser pouco conhecida e reconhecida em comunidades locais e até por gestores ambientais. Nesse sentido, o objetivo deste estudo foi identificar o conhecimento empírico

das comunidades agrícolas de Petrolândia e Itacuruba, ambas no Estado de Pernambuco, semiárido

brasileiro, sobre a importância dos anfíbios anuros para o controle natural de insetos pragas, em

substituição aos agroquímicos. Realizaram-se 369 entrevistas semiestruturadas sobre o conhecimento das comunidades locais acerca dos anfíbios anuros, seus modos de vida, e os tipos de pragas agrícolas

existentes na região. Os resultados demonstraram que esses agricultores reconhecem os anfíbios como

importantes no controle de pragas (87%, n=238, em Petrolândia; 79%, n=131, em Itacuruba), como também que o uso de agroquímicos na lavoura pode ter influenciado a migração dos anuros para as áreas

urbanas (Petrolândia, 75% n=238; Itacuruba, 83% n=131). A maioria dos agricultores, 79% (n=238)

Petrolândia e 87% (n=131) em Itacuruba, reconhece que muitas espécies já não existem mais nessa

região. Os conhecimentos locais sobre os modos de vida dos anuros possibilitaram a identificação de

pontos de localização em três mapas (dois em Itacuruba, um em Petrolândia), indicando a localização

dos principais sítios de reprodução dos anuros. Estas informações, atreladas ao conhecimento empírico

das comunidades estudadas, são relevantes e podem constituir subsídios à parceria no processo de

conservação dos anfíbios e diminuição do uso de agroquímicos nas lavouras.

Palavras chaves: Percepção Ambiental; Anfíbios anuros; Agroecossistemas.

ABSTRACT

Among the habitate biological diversity Caatinga amphibians contribute in various ecological functions, despite the relevance is little known and recognized in local communities and even by environmental

managers. In this sense, the objective of this study was to identify the empirical knowledge of farming

communities and Petrolândia Itacuruba, both in the state of Pernambuco, Brazilian semiarid region,

about the importance of amphibians to the natural control of insect pests, replacing the agrochemicals.

Page 51: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

48

There were 369 semi-structured interviews on the knowledge of local communities about the

amphibians, their ways of life, and the types of agricultural pests in the region. The results showed that

these farmers recognize amphibians to be important in the control of pests (87%, n = 238, in Petrolândia,

79%, n = 131, in Itacuruba), as well as the use of pesticides in crop can be influenced migration of frogs to urban areas (Petrolândia, 75% n = 238; Itacuruba, 83% n = 131). Most farmers, 79% (n = 238)

Petrolândia and 87% (n = 131) in Itacuruba recognizes that many species no longer exist in this region.

Local knowledge of the ways of life of frogs allowed the identification of location points in three maps (two in Itacuruba, one in Petrolândia), indicating the location of the main breeding sites of frogs. This

information, linked to the empirical knowledge of the communities studied are relevant and can provide

grants to the partnership in the conservation process of amphibians and decreased use of agrochemicals in farming.

Key words: Environmental Perception; Amphibian frogs; Agroecosystems.

RESUMEN

Entre la diversidad biológica habitate anfibios Caatinga contribuyen de diversas funciones ecológicas, a pesar de la relevancia es poco conocido y reconocido en las comunidades locales e incluso por los

gestores ambientales. En este sentido, el objetivo de este estudio fue identificar el conocimiento empírico

de las comunidades agrícolas y Petrolândia Itacuruba, tanto en el estado de Pernambuco, región semiárida brasileña, sobre la importancia de los anfibios en el control natural de las plagas de insectos,

en sustitución de los productos agroquímicos. Había 369 entrevistas semiestructuradas en el

conocimiento de las comunidades locales sobre los anfibios, sus formas de vida, y los tipos de plagas

agrícolas en la región. Los resultados mostraron que estos agricultores reconocen anfibios a ser importante en el control de plagas (87%, n = 238, en Petrolândia, 79%, n = 131, en Itacuruba), así como

el uso de pesticidas en el cultivo puede ser influenciada la migración de las ranas a las zonas urbanas

(75% Petrolândia, n = 238; Itacuruba, 83% n = 131). La mayoría de los agricultores, el 79% (n = 238) Petrolândia y el 87% (n = 131) en Itacuruba reconoce que muchas especies ya no existen en esta región.

El conocimiento local de las formas de vida de las ranas permitió la identificación de puntos de

localización en tres mapas (dos en Itacuruba, una en Petrolândia), lo que indica la ubicación de los

principales lugares de reproducción de ranas. Esta información, unida al conocimiento empírico de las comunidades estudiadas son relevantes y puede proporcionar subvenciones a la asociación en el proceso

de conservación de los anfibios y la disminución en el uso de agroquímicos en la agricultura.

Palabras clave: Percepción ambiental; Ranas anfibios; Agroecosistemas.

INTRODUÇÃO

No contexto da ocupação do semiárido, estudo sobre o Domínio da Caatinga permitiu constatar que os primeiros habitantes concentravam-se nas áreas mais úmidas por apresentarem vales de rios

perenes e brejos de altitude (SAMPAIO & BATISTA, 2003). Esses primeiros colonizadores tiveram

como objetivo realizar as inclusões agrícola e pecuária, aproveitando os recursos locais (SAMPAIO &

BATISTA, 2003). Para isso, suas atividades concentraram-se principalmente às margens dos rios, que além de fornecer água para o pasto e irrigação, também foram utilizados como estradas naturais

(SAMPAIO & BATISTA, 2003).

Esse processo de desenvolvimento teve como consequências diversos problemas ambientais constatados atualmente nos diferentes biomas brasileiros. Entre as atividades mais comuns estão as

práticas agrícolas, as quais consistem na retirada da cobertura vegetal endêmica para a plantação de

cultura, e a extração de madeiras lenhosas. Ao longo dos anos, atividades como estas promoveram a

perda de 80% da vegetação natural do Cerrado, 93% da Mata Atlântica, 64% dos habitats presentes nos Pampas e 80% da região pertencente ao Domínio Caatinga, segundo dados do Ministério do Meio

Ambiente (2008).

Nesse contexto, o ser humano parece ser um dos protagonistas de uma erosão contínua da biodiversidade associada a outros fatores, em especial mudanças climáticas, e que se amplia

exponencialmente conforme os ecossistemas vão sendo destruídos (ARAIA, 2010). As intervenções,

Page 52: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

49

sem preocupação com tempo de regeneração dos ecossistemas, têm provocando danos que podem ser

irreversíveis e nos conduzem ao desequilíbrio total da biosfera (MARCOMIN, 2010). Neste sentido,

concordamos com Altvater (2006) ao apontar que o meio ambiente, mesmo que necessário para o

processo produtivo, sempre esteve à margem da lógica capitalista, na qual exploração é uma questão de dias, mas a sua recuperação uma questão de anos.

Nesse cenário, a maneira como o ser humano reconhece o meio onde está inserido, a dinâmica

de suas interações e leis que o rege, corresponde à percepção ambiental (SILVA e LEITE, 2008), a qual está relacionada a uma série de fatores conscientes e inconscientes da existência humana (GADOTTI,

2008; MAIA et al., 2013).

A formação da percepção ambiental reflete o processo histórico do indivíduo, ocorrendo a partir do processamento de informações geradas por meio do contato com o ambiente (Silva et al., 2012),

enquanto a percepção ambiental ganha representações cognitivas, mediante as sensações geradas, a

partir dos sentidos e as respostas a tais experiências em conjunto com as crenças, culturas, valores,

fatores sociais, econômicos e educacionais do indivíduo (MELAZO, 2005; SOUZA et al., 2012). O estudo da percepção ambiental é de fundamental importância para que se possa compreender

melhor as inter-relações entre o ser humano e o ambiente, suas expectativas, satisfações e insatisfações,

julgamentos e condutas (FAGGIONATO, 2009). Considerando o Domínio da Caatinga no contexto da problemática ambiental e a busca pela

sustentabilidade, conforme Barbosa et al. (2011), um dos aspectos que reproduzem a percepção

incoerente da Caatinga se refere à maneira como este bioma é abordado nos livros didáticos, adotados pelas escolas brasileiras, no qual a população caatingueira é retratada de forma marginalizada,

convivendo com um ambiente físico pobre, feio e de solo infértil, promovendo o uso dos recursos

ambientais de maneira insustentável, por parte dos atores sociais, os quais não reconhecem seus

mistérios e beleza, “pois não se defende o que não se valoriza” (BARBOSA; SILVA; FERNANDES, 2011, p. 407).

Nesse contexto, quebrar os paradigmas recorrentes na população da Caatinga, quanto às suas

características, representa hoje um dos principais desafios a ser alcançado. Faz-se necessária uma abordagem holística e crítica, exercida de maneira interdisciplinar, que aponte que o Domínio da

Caatinga faz parte de um todo, trazendo sentido ao conhecimento explicitado e valoração dos aspectos

que o compõe (ALMEIDA & ALBUQUERQUE, 2002).

Além disso, a região semiárida do Nordeste é intermitentemente atingida por sucessivas “secas”, onde a agricultura e a pecuária extensiva podem desencadear problemas ambientais irreversíveis (LEAL,

2003, CLOSEL & KOHLSDORF, 2012). Dentre a diversidade biológica existente na Caatinga, os

anfíbios anuros sofrem diretamente a ação dos impactos ambientais que estas atividades promovem na região semiárida, uma vez que os anfíbios anuros são bioindicadores ambientais, e são relevantes e

capazes de detectar as mínimas alterações em diferentes ambientes ecossistêmicos (STUART et al.,

2008; TEJEDO et al., 2010). Apesar da importância dos anfíbios, nas últimas décadas têm ocorrido redução e

desaparecimento de algumas espécies de anuros, no Brasil e em todo o mundo (COSTA et al, 2012;

HADDAD et al., 2005; KATZENBERGER et al, 2012), em decorrência da ação antrópica e perda de

habitats (STEBBINS & COHEN, 1995, RIBEIRO & NAVAS, 2012). Assim sendo, a devastação de áreas naturais, o reaproveitamento em larga escala dos campos nativos para pastagem, reflorestamento

com espécies exóticas, a introdução de animais exóticos, como peixes e rãs, o crescimento das áreas

urbanas, construção de hidrelétricas, estradas e gasodutos (HADDAD, 2000; MARSH, 2001; GARCIA & VINCIPROVA, 2003, BRANDT, 2012), além da poluição do ar e das águas por agentes químicos,

estão contribuindo diretamente para o declínio desses animais (STUART et al., 2008).

Diante dos desafios impostos pelos limites relacionados à escassez de recursos naturais na contemporaneidade, compreender a dinâmica da Caatinga e em especial a relação das comunidades

locais com os anfíbios anuros, corresponde à formação de um saber para o meio ambiente, fator

importante na tomada de atitudes e adoção de estratégias sustentáveis (BARBOSA; SILVA;

FERNANDES, 2011 p. 407). No entanto, o registro das relações dos anfíbios anuros com as comunidades locais é escasso, e alguns trabalhos destacam apenas a utilização dos anfíbios para fins

alimentícios e/ou medicinal (URBIN – CARDONA, 2008; VALENCIA-AGUILAR, et al., 2013).

A exemplo de como as comunidades locais fazem uso dos anfibios, tem-se a utilização da gordura e a pele da Rhinella jimi e Leptodactylus vastus no tratamento de doenças como asma e

Page 53: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

50

dermatites. Este conhecimento é muito difundido na região neotropical, onde mais de 60 espécies de

anfíbios e répteis são usadas na medicina tradicional – esta região contém o maior número de espécies

de anfíbios (49,2%) e sofreu as maiores taxas de declínio da população (63,1%) - (VALENCIA-

AGUILAR, et al., 2013). Além da pele e da gordura, as pessoas também fazem uso das secreções extraídas de algumas espécies de anuros contra infecções microbianas (DUELLMA & TRUEB, 1994;

STEBBINS & COHEN, 1997; PETRANKA, 1998). Essas substâncias contribuem de forma potencial

como ponto de partida para novas drogas. Os peptídeos antimicrobianos extraídos de secreções têm demonstrado um potencial significativo para inibir a infecção e transferência do vírus da

imunodeficiência humana – HIV (LORIN et al., 2005; VAN COMPERNLLE et al., 2005). Os anfíbios

não contribuem apenas com o fornecimento da pele e gordura. Analisando os hábitos alimentares destes animais, alguns estudos relatam a preferência por artrópodes (principal item alimentar), o que pode

ajudar na redução da propagação de doenças transmitidas por mosquitos, por meio da predação de

algumas espécies, influenciando na diminuição de surtos (DURANT & HOPKINS, 2008). Devido à

predileção alimentar dos anfíbios por variedades de artrópodes, incluindo moscas, borboletas, mariposas (principalmente larvas), e besouros (DUELLMAN & TRUEB, 1994; PETRANKA, 1998; LANNOO,

2005; ABROL, 2012), muitas espécies contribuem efetivamente para o controle de pragas. O sapo

Lysapsus limellus, por exemplo, se alimenta de moscas da família Ephydridae que transmitem doenças humanas em regiões neotropicais (VALENCIA-AGUILAR et al., 2013; SAZIMA et al., 2009). A

predação de mosquitos por anfíbios pode contribuir para a diminuição de doenças humanas, onde esses

artrópodes são vetores de transmissão de vírus, como da febre amarela, dengue e malária (ABROL, 2012).

Além do controle de vetores transmissores de doenças às populações humanas, os anfíbios

podem interferir diretamente para a regulação do controle de pragas agrícolas, por meio da alteração na

dinâmica de polinização (GODÍNEZ-ÁLVAREZ, 2004; ABROL, 2012). Na Argentina, as espécies Rhinella arenarum, Leptodactylus latinasus, Leptodactylus chaquensis e Physalaemus albonotatus se

alimentam de artrópodes conhecidos na região por danificarem as culturas de soja (VALÊNCIA-

AGUILAR et al., 2013), porém não há estudo sobre a extensão do controle biológico nestes sistemas agrícolas, afim de verificar se houve algum tipo de impacto nos recursos endêmicos.

No entanto, alguns fatores podem interferir diretamente no declínio de espécies, especificamente

de anfíbio, como a utilização de agroquímicos nas lavouras (HADDAD et al., 2008; COLLINS et al.,

2009; HOFFMANN et al., 2010; CERIACO et al, 2010). Sabe-se que a utilização de produtos sulfurados na agricultura data do século XI, entretanto somente a partir do século XX, com a introdução da molécula

sintética do herbicida DDT (diclorodifeniltricloroetano) por Muller, em 1931, ocorreu o reconhecimento

da eficiência do controle químico, sendo o marco inicial da era “química” na produção vegetal (NUNES; RIBEIRO, 1999). Porém, em 1950, período pós-guerra, com o advento da “Revolução Verde”,

ocorreram mudanças no processo do manejo tradicional da agricultura, bem como nos impactos

causados ao ambiente e à saúde humana (MOREIRA et al., 2002). Segundo Konradsenet et al. (2003), a introdução de agroquímicos na agricultura brasileira, por volta da década de 1960, está vinculada aos

Programas de Saúde Pública, que tinham como objetivo o combate de vetores e de parasitas. Neste

contexto, a exposição humana a estes produtos constitui grave problema de saúde pública em todo o

mundo, principalmente nos países em desenvolvimento (TAVELLA, 2012). No Brasil, a partir de 1970, criou-se a necessidade de regulamentação dos agrotóxicos, tendo em vista o aumento do seu uso no país

(TAVELLA, 2012).

Além disso, segundo o IBGE (2011), mais de 50% dos agricultores não possuem orientações técnicas, de nenhuma forma, muito menos quanto ao uso correto de agroquímicos, ficando expostos aos

perigos destes produtos. Assim, o baixo nível de instrução dos agricultores associado à complexidade

das informações descritas nos rótulos dos agrotóxicos criam uma grande barreira na comunicação sobre os riscos à saúde e ao meio ambiente (FEHLBERG et al., 2003; TAVELLA, 2012). Como consequência

desta situação, muitos agricultores desconhecem a importância da utilização dos equipamentos de

proteção individual ou, se conhecem, não utilizam ou empregam de maneira inadequada (SCATENA,

2006; TAVELLA, 2011). Uma das alternativas para a promoção de mudanças no comportamento das comunidades locais,

em se tratando do uso de agroquímicos para o controle de pragas agrícolas, está na compreensão das

inter-relações entre as sociedades humanas e os recursos naturais, especificamente o biocontrole de pragas, por meio dos anfíbios anuros. Este fato é de fundamental importância para a execução de

Page 54: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

51

medidas sustentáveis, pois ao longo dos anos esta preocupação tem sido um dos principais desafios da

ciência contemporânea (SANTOS-FITA et al., 2007; ALBUQUERQUE et al., 2013).

Neste contexto de utilização de áreas para a agricultura e o conhecimento das comunidades

locais, se encontram os sistemas agrícolas dos municípios de Petrolândia e Itacuruba, Pernambuco, fronteira com o Estado da Bahia às margens do reservatório de Itaparica. Sob a influência da Bacia

Hidrográfica do Rio São Francisco, estas comunidades vivem da agricultura e pecuária como principais

atividades econômicas, utilizando a água deste rio para irrigação (CARVALHO, 2009). No entanto, diferem entre si quanto ao sistema de irrigação utilizado: enquanto Petrolândia possui um sistema

irrigado que proporciona cultivo durante todo o ano, Itacuruba depende da água da chuva, por falta de

um sistema adequado de irrigação. Diante do cenário posto, surgem os seguintes questionamentos: As comunidades agrícolas reconhecem e identificam as pragas existentes na região agrícola? Estas

comunidades reconhecem a importância dos anfíbios anuros para o controle natural de insetos pragas

em substituição dos agroquímicos e, consequentemente, sustentabilidade para essas áreas? Existem

diferenças de concepção local quanto à importância dos anfíbios no controle de insetos pragas em sistemas irrigados e não irrigados?

Portanto, o principal objetivo desta pesquisa foi avaliar a percepção dos agricultores locais em

relação a existência de anfíbios anuros na região de Petrolândia e Itacuruba/PE, identificando sua importância biológica no controle de pragas agrícolas, por meio da relação existente entre as

comunidades locais e esses anfíbios, a fim de diagnosticar o conhecimento local sobre estas espécies,

no nível de contribuição ecológica para a redução do uso intensivo de pesticidas agrícolas.

2. METODOLOGIA

2.1 Delimitação e caracterização da área de estudo

Essa pesquisa é parte do Projeto INNOVATE (Interplay between the multiple use of water

reservoirs via innovative coupling of substance cycles in aquatic and terrestrial ecosystems), que envolve instituições de ensino e pesquisa do Brasil e da Alemanha com o objetivo de estudar e propor estratégias

para otimização dos múltiplos usos dos reservatórios construídos pela intervenção humana, por meio do

aumento paralelo da produtividade, redução da emissão de gases de efeito estufa e manutenção da

biodiversidade. Este projeto está estruturado em cinco módulos interligados, com o objetivo de conhecer e fornecer informações que comporão um banco de dados que possa gerar modelos preditivos para

regiões semiáridas. Nessa perspectiva, foram estudadas duas comunidades agrícolas nos municípios de

Itacuruba e Petrolândia no Estado de Pernambuco, ambas ao longo do submédio Rio São Francisco (Figura 1).

Figura 1: Localização das comunidades agrícolas estudadas nos municípios de Itacuruba e Petrolândia, Pernambuco, às margens do submédio Rio São Francisco, nordeste do Brasil.

Fonte: Elaborado por Dra. Mycarla Lucena (2013).

O município de Itacuruba (08º43'38"S e 38º41'00”W) fica a 292 metros de altitude e está

Page 55: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

52

localizado na microrregião de Itaparica, Pernambuco, Brasil. Tem como característica marcante a falta

de recursos naturais (especialmente em solos) para a prática de atividades agrícolas. Este município está

incluído no Núcleo de Desertificação do Cabrobó da ONU (Organização das Nações Unidas), que é

configurada como uma área muito vulnerável à degradação (COSTA-NETO et al., 2014). Segundo o censo do IBGE d e 2010, sua população à época era de 4.639 habitantes. Suas principais atividades

são a pecuária e a agricultura, apesar das famílias não serem beneficiadas com programas de irrigação.

As comunidades agrícolas de Itacuruba estão organizadas em três assentamentos concedidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), que possibilitou o

reassentamento destas comunidades para esta região de maneira justa e sistematizada, mantendo-as

no cadastro nacional de imóveis rurais, além de identificar, registrar, demarcar e titular terras destinadas a comunidades tradicionais quilombolas lá existentes. Foram identificadas 198 famílias

que desenvolvem agricultura de subsistência em Itacuruba; outros agricultores desenvolvem suas

atividades em propriedades de grandes fazendeiros da região, em troca de salários e/ou moradia.

É notória a diferença desta comunidade por não apresentar recursos para o desenvolvimento de agricultura em larga escala, e pela falta de um sistema de irrigação semelhante às comunidades rurais

de Petrolândia.

O Município de Petrolândia (08º58'45" S e 38º13'10" W) está situado a uma altitude de 282 m, na região do Rio São Francisco. Faz parte do Sistema Itaparica de Projetos de Irrigação, construído

pelo Governo Federal por meio da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), para

compensar as famílias deslocadas pela construção da Usina Hidroelétrica Luiz Gonzaga (Usina de Itaparica) no final da década de 1980. Com a construção da usina Hidroelétrica de Itaparica, 834 km²

de terras foram inundadas, implicando no deslocamento de 5.542 pessoas somente na margem esquerda

do R io São Francisco. Em março de 1986 a CHESF iniciou um estudo de viabilidade para o

reassentamento das famílias atingidas pela inundação do lago (CARVALHO, 2009).

2.2 Procedimentos metodológicos

Nas comunidades estudadas, foram realizadas visitas em todas as residências habitadas (n=369).

Buscou-se explicar o objetivo do estudo, solicitando aos que concordaram participar a assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido exigido pelo Conselho Nacional de Saúde por meio do

Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução 466/12). O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),

parecer nº 352/2012. O trabalho de campo ocorreu durante quatro excursões, duas a cada um dos

municípios estudados, entre os meses de novembro de 2012 a abril de 2013. A primeira visita junto às duas comunidades rurais ocorreu em novembro/2012, a qual

possibilitou observação participante (COMBESSIE, 2004) e que consistiu em um momento de

exploração da realidade e estabelecimento da pesquisa. Neste primeiro contato foi possível conhecer as comunidades a serem estudadas e apresentar a proposta do trabalho, bem como a identificar as áreas de

estudo. Em relação à escolha dos entrevistados, a amostragem foi aleatória intencional (ALMEIDA &

ALBUQUERQUE, 2002), por meio da qual os indivíduos das comunidades foram abordados em seus

locais de trabalho (lavoura) sobre a disponibilidade de participar da pesquisa conforme sugerido por Caló; Schiavetti; Cetra (2009).

2.3 Aplicação das entrevistas

O universo amostral de ambas as áreas foi definido pela amostragem probabilística, a qual

define que todos os elementos possuem a mesma probabilidade de serem escolhidos (SAMPIERI, 2006), considerando um intervalo de confiança de 5% e erro amostral de 0,1% (Levin, 1987). Assim,

do número de famílias envolvidas em atividades agrícolas nas comunidades estudadas (198 em

Itacuruba e 618 em Petrolândia), foram entrevistados 238 agricultores em Petrolândia, e 131 em

Itacuruba, com idades entre 18 e 65 anos, todos do sexo masculino; após a definição dessa amostragem, as entrevistas foram realizadas.

Foram aplicados formulários por meio de entrevistas estruturadas para a obtenção de

informações sobre o perfil socioeconômico e demográfico dos agricultores. Em seguida, a aplicação de entrevistas semiestruturadas, conforme Viertler (2002), possibilitou a obtenção dos dados sobre o

Page 56: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

53

conhecimento das comunidades locais acerca do modo de vida dos anfíbios anuros; identificação dos

diferentes tipos de cultivares desenvolvidos pelas comunidades; tipos de pragas agrícolas existentes na

região; identificação dos principais agroquímicos utilizados no controle de pragas agrícolas nestas áreas;

caracterização dos locais de desenvolvimento dos anfíbios anuros; importância da conservação da biodiversidade de anfíbios anuros para o semiárido nordestino.

2.4. Análise dos formulários de entrevista

Para a categorização da percepção ambiental dos informantes sobre os anfíbios e sua biologia,

utilizou-se a tipologia proposta por Sauvé (2005) e revisada por Camargo et al. (2008) e Florentino et al. (2008), adaptada à pesquisa quanto às seguintes categorias:

1) Natureza: para ser apreciada e preservada em ralação à existência de anuros na região.

2) Recurso: diante da importância dos anfíbios, este recurso pode ser gerenciado.

3) Como problema: de acordo com a valorização ambiental dos anfíbios, este recurso pode ser

apresentado como um problema a ser resolvido.

4) Como lugar para viver: a caatinga com seus componentes históricos, sociais e tecnológicos.

5) Como biosfera: como ambiente a ser preservado e cuidado.

6) Como projeto comunitário: a caatinga como foco de análise crítica, participação política e social, transformação comunitária.

Por tratar-se de uma pesquisa participante, o conhecimento e a ação sobre a realidade são

constituídos no curso da pesquisa, de acordo com as análises e decisões coletivas, dando à comunidade participante uma presença ativa no processo (ROCHA, 2006). Na visão de Thiollent (2007), é um tipo

de pesquisa que estabelece relações comunicativas com pessoas, ou grupos, investigados no intuito de

serem melhores aceitos, enquanto desempenham papel atuam nas soluções de problemas encontrados durante a pesquisa.

2.5 Elaboração dos mapas georreferenciados contendo os principais locais de desenvolvimento dos

anfíbios anuros

Para caracterizar os locais de reprodução e desenvolvimento dos anfíbios anuros nas áreas agrícolas, foram elaborados mapas georreferenciados (CALAMIA, 1999; CROWDER & NORSE,

2008; GERHARDINGER et al., 2009). Os pontos marcados nos mapas foram obtidos durante turnês

guiadas (SPRADLEY & MCCURDY, 1972) com os agricultores, que citaram a existência de sítios reprodutivos em suas áreas de cultivo, a fim de nomear e georreferenciar os principais locais onde os

anfíbios se reproduzem. Para a construção dos mapas foi usado o software ArcGis10 e as coordenadas

coletadas em campo por meio de GPS (Global Positioning System) e de acordo com as informações e

orientações dos agricultores. Os mapas obtidos foram escaneados e ilustrados com auxílio de computação gráfica. As

cenas das imagens utilizadas foram: 1442 – Itacuruba/PE e 1443 e 1520 para Petrolândia/PE. Foram

obtidas imagens ortorretificadas AVNIR-2 (na combinação RGB das bandas 3, 2 e 1), projeção UTM fuso 24 e sistema geodésico SIRGAS2000, no formato de arquivo geotiff com 3 bandas de 8 bits

cada, disponibilizadas pelo Projeto Base Contínua Escala 1:100.000 do Estado de Pernambuco.

2.6 Análise dos dados

Os dados foram apresentados em frequências e mediana, com faixa de variação e desvio interquartil (DIQ) para variável quantitativa, que não apresenta distribuição normal (análise univariada).

Na análise bivariada, foi utilizado o teste Qui-Quadrado para tendência para comparar proporções. Um

valor de P<0,05 (teste bicaudal) foi considerado estatisticamente significante. Todas as análises foram realizadas utilizando-se o pacote estatístico GraphPad Instat versão 3.05 (GraphPad Software, San

Diego, Califórnia, EUA).

Page 57: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

54

Em relação à comparação entre as duas comunidades: Petrolândia, com sistema de irrigação

desenvolvido e Itacuruba, sem sistema de irrigação adequado para um melhor desenvolvimento

econômico, foi utilizado o teste Qui-quadrado (ALVES; ROSA, 2006).

3.Resultados e Discussões

3.1 Análise da percepção ambiental

A fim de compreender a dinâmica das interações ecossistêmicas nas áreas estudadas, os

agricultores foram questionados sobre as principais pragas agrícolas observadas na região. A mais citada foi a Mosca-branca - Bemisia argentifolii (que ataca as plantas frutíferas), 48% (n=238) em Petrolândia

e 43% (n=131) em Itacuruba; em seguida, a Tripes - Thrips tabaci (Lindeman, 1888) 20% (n=131) em

Itacuruba e 27% (n=238) em Petrolândia, também conhecida como “broca”, que ataca a cebola; e a

lagarta-verde - Agrotis ipsilon (Hufnagel, 1767) 73% (n=238) em Petrolândia e 32% (n=131) em Itacuruba, que costuma se desenvolver em lavouras de feijão. A figura 2 representa as principais pragas

(fungos e insetos) que afetam a região, de acordo com o conhecimento da comunidade local.

Figura 2: Principais pragas agrícolas citadas pelos agricultores de Petrolândia e Itacuruba/PE

existentes nas lavoras.

Dentre as pragas que atacam o feijoeiro, as moscas-brancas (Bemisia spp.) causam enormes

prejuízos, principalmente pela transmissão do vírus do Mosaico-dourado-do-feijoeiro (praga mais citada pelos agricultores entrevistados). Trata-se de uma doença de significativa importância econômica em

grandes regiões agrícolas do Brasil, Argentina e países da América Central e do Caribe (BARBOSA,

2007). É certo que as pragas atacam a cultura desde o seu desenvolvimento até o armazenamento das

sementes. O estudo de Barbosa (2007), referente à identificação de pragas agrícolas, destaca o elasmo

(Elasmopalpus lignosellus), como uma das principais lagartas que atacam as plantações, e perfura o

caule próximo da superfície do solo, ou logo abaixo do caule da planta e faz galerias ascendentes no xilema, causando a morte de plantas. Ocorre maior dano quando as plantas são atacadas na fase inicial

de desenvolvimento (QUINTELA, 2002; BARBOSA, 2007). O ataque desse inseto se dá principalmente

em solos arenosos e em época de seca, fenômeno comum na região semiárida nordestina (MORAES,

1981, QUINTELA, 2002; BARBOSA, 2007). Os besouros Diabrotica speciosa, D. significata, D. bivitata e Cerotoma arcuata, conhecidos

como cascudos ou vaquinhas, também compõem a lista das pragas comuns na região dos cultivares.

Quando adultos, os besouros causam desfolha durante todo o ciclo da cultura, reduzindo a área fotossintética da planta (BARBOSA, 2007). Algumas espécies se alimentam das flores e vagens,

podendo causar a morte da planta. As larvas se alimentam das raízes e sementes em germinação, fazendo

perfurações nestes órgãos da planta; se o dano na raiz for severo, as plantas atrofiam e ocorre o

Page 58: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

55

amarelecimento das folhas basais, comforme estudos de Costa et al., 1986; Quintela, 2002, e Barbosa,

2007).

No contexto do controle dessas pragas agrícolas, os anfíbios anuros são uma das alternativas

viáveis para o controle natural dessas pragas, pois quando adultos são exclusivamente carnívoros (HADDAD, 1998; MARSH, 2000; GARCIA & VINCIPROVA, 2003). As espécies menores de anuros

se alimentam de insetos e outros vertebrados, enquanto que espécies de grande porte podem ingerir

pequenos vertebrados, como cobras, lagartos, ratos, pássaros e até mesmo outros anfíbios (DUELLMAN, 1999; WELLS, 2007; STUART et al., 2008).

Para os agricultores, nem todas as pragas citadas fazem parte da dieta dos anfíbios locais, pois

alguns acreditam que os anuros preferem artrópodes de grande porte (25%, n=238 em Petrolândia e 13%, n=131 em Itacuruba). A figura 3 representa as principais pragas existentes nas lavouras da região,

que de acordo com os agricultores locais servem de alimento para os anuros.

Figura 3: Principais artrópodes citados pelos agricultores locais, como alimento para os anuros da região agrícola de Petrolândia e Itacuruba/PE.

Para 27% (n=238) dos agricultores de Petrolândia e 29% (n=131) de Itacuruba, os besouros

(denominado por eles de cascudo) são os principais alimentos para os anfíbios anuros. Em seguida,

citam as mariposas (espécie não identificada), Petrolândia 16% (n=238) e Itacuruba 19% (n=131), como

outra fonte de alimento. As pequenas lagartas (espécie não identificada) foram citadas por 26% (n=238) em Petrolândia e 16% (n=131) em Itacuruba, e os mosquitos (espécies não identificadas) citados por

22% (n=238) em Petrolândia e 17% (n=131) em Itacuruba.

“Os sapos comem insetos do tipo cascudo”

J. F. – 39 (Petrolândia/PE)

“O cururu come muita lagarta que fica no feijão” A. S. – 43 (Itacuruba/PE)

Outras comunidades estudadas no Pará atribuem valores semelhantes para os anfíbios anuros.

Para alguns sujeitos da comunidade do Assurini/PA, os anuros representam seres fundamentais para a manutenção do equilíbrio ecológico, como no presente relato:

“Os sapos são verdadeiros amigos, sendo controladores do ecossistema, pois comem insetos das casas, das plantações, das hortas, as baratas, lagartas, cigarretes, etc.” (Barros, 2005).

Entretanto, no mundo inteiro, relevantes e diferentes valores são atribuídos aos anfíbios anuros.

Nos ecossistemas próximos a corpos d’água, por exemplo, eles têm o papel na regulação das cadeias alimentares, servindo de alimento para muitos vertebrados; por outro lado, são controladores de

Page 59: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

56

populações de insetos e outros artrópodes, pois constituem a base alimentar dos anuros (DUELLMAN

& TRUEB, 199; HADDAD & PRADO, 2005). Consequentemente, esses animais que contribuem para

a manutenção das produções agrícolas, evitando assim a explosão de organismos que causam destruição

de muitas culturas (BLAUSTEIN & WAKE, 1995; COLLINS & STORFER, 2003). Apesar da relevância dos anfíbios anuros, são relatadas ocorrências de diminuição de espécies

de anfíbios locais, e um dos principais fatores que pode contribuir para essa diminuição em áreas

agrícolas, pode estar relacionado ao uso intensivo de agroquímicos. Devido aos diferentes graus de toxicidade que estes produtos concentram, contribuem para a diminuição de espécies e contaminação de

solos e água, já que o desenvolvimento larval em anfíbios anuros geralmente ocorre em ambiente

aquático, embora possa ocorrer em outros ambientes (DUELLMAN &TRUEB 1994). Além disso, as mudanças ambientais crescentes contribuem para o número de relatos sobre declínios e extinções

populacionais de anfíbios em muitas regiões do mundo (BLAUSTEIN & WAKE 1995, HOULAHAN

et al.; 2000, COLLINS & STORFER, 2003).

Atualmente, o uso de agrotóxicos é um dos principais problemas ambientais brasileiros, por seu forte impacto ambiental que é cada vez mais entendido como uma questão essencial, não apenas para

políticas governamentais na área de meio ambiente, como também na área de saúde pública (DA

SILVA-MATOS, 2013). A Tabela 1 mostra os principais agroquímicos utilizados pelos agricultores de Petrolândia e

Itacuruba/PE (citados nas entrevistas), as pragas que combatem e os tipos de cultivares utilizadas, além

do grau de toxicidade e periculosidade destes produtos.

Tabela 1: Principais agroquímicos utilizados pela comunidade agrícola de Petrolândia e Itacuruba/PE.

AGROQUÍMICO CLASSE TOXICOLOGIA PERICULOSIDADE

AMBIENTAL

PRAGAS CULTIVARES

Karate 50 EC Inseticida de contato

e ingestão

Altamente tóxico II I - Altamente perigoso

ao ambiente

Tripes -do- fumo (Thrips

tabaci); Pulga - do - fumo

(Epitrix fasciata).

Cebola e feijão

Trinity 250 SC Fungicida sistemica Mediamente tóxico

III

III - Perigoso ao meio

ambiente

Sigatoka nega Banana

Score Fungicida sistemico Extremamente

tóxico I

I - Persistente no meio

ambiente

Sigatoka nega Banana

Lannate BR Inseticida sistêmico Extremamente

tóxico I

II - Muito perigoso ao

meio ambiente

Pulgão - verde (Myzus

persicae)

Batata

Lorsban 480 BR Inseticida acaricida Altamente tóxico II III - Perigoso ao meio ambiente

Broca - da - vargem (Etiella zinckenella); mosca - branca

(Bemisia tabaci); lagarta - da

- vargem (Michaelus jebus)

Feijão

Mospilan Inseticida sistêmico Mediamente tóxico

III

II - Muito perigoso ao

meio ambiente

Mosca branca (Bemisia

tabaci); pulgão da

inflorescência (Aphis

gossupin)

Batata, Melão e

Melancia

Orthene 750 BR Inseticida

Organosfosforado

sistêmico

IV - pouco tóxico III - Perigoso ao meio

ambiente

Pulgão-do-feijoeiro (Aphis

craccivora), Mosca-branca

(Bemisia tabaci), Lagarta-

rosca (Agrotis ipsilon)

Feijão

Sevin 480 SC Inseticida de contato e ingestão

Mediamente tóxico III

II - Muito perigoso ao meio ambiente

Broca das cucurbitáceas (Diaphania nitidalis),

Lagarta rosca (Agrotis

ipsilon), Tripes do feijoeiro

(Caliothrips phaseoli)

Abobora, Batata, feijão

Talento Acaricida Altamente tóxico II II - Muito perigoso ao

meio ambiente

Ácaro-da-necrose-do-

coqueiro (Eriophyes

guerreronis), Ácaro-da-mal-

formação-das-gemas

(Eriophyes mangiferae)

Coco e Manga

Vertimec 18 EC Acaricida/ Mediamente tóxico II - Muito perigoso ao Ácaro- branco ou Ácaro – Manga, mamão,

Page 60: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

57

Inseticida/

Nematicida

III meio ambiente tropical

(Polyphagotarsonemus

latus) Ácaro – rajado

(Tetranychus urticae), Mosca

– minadora (Lyriomyza

huidobrensis).

melão,

melancia, coco

Fonte: Ficha técnica dos agroquímicos registrados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento – Brasil, 2015. Informações encontradas nas bulas das amostras coletadas nas áreas agrícolas estudadas, e adaptadas pela autora.

Os agrotóxicos, utilizados nas áreas agrícolas de Petrolândia e Ituacuruba/PE, são os mesmos utilizados em todo o Brasil. Estes agroquímicos são classificados de acordo com sua finalidade, sendo

definidos pelo seu mecanismo de ação no alvo biológico (plantas daninhas, doenças e pragas de espécies

agrícolas cultivadas). Os herbicidas somam 48% (Petrolândia e Itacuruba/PE) do uso em cultivares, os

inseticidas 25% (Petrolândia e Itacuruba/PE) e fungicidas 22% (Petrolândia e Itacuruba/PE); eles movimentam 95% do consumo mundial de agrotóxicos (AGROW, 2007). Em 2008, o Brasil assumiu a

colocação de maior consumidor de agrotóxicos do mundo, segundo levantamento realizado pelo

Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Agrícola - SINDAG (ANDEF, 2009). Outro fator preocupante é a forma de manipulação e preparo da calda de agroquímico, que

também provocam sérios riscos à saúde do agricultor, desde o rompe do lacre, a retirada da tampa, até

a pesagem do material para a dosagem correta da formulação (TÁCIO et al., 2010). Neste sentido, o risco de intoxicação do agricultor é maior nas atividades de preparo de formulações de agroquímicos do

que na própria aplicação em campo, devido à diluição das formulações em água (GARCIA, 2005;

IBAMA, 2009). No entanto, um fator que contribui para essa exposição está relacionado às condições

de trabalho no meio rural, que compreende desde o ambiente onde o trabalhador se encontra, até os componentes materiais utilizados para realizar a sua atividade laboral (MACHADO NETO et al., 2007;

TAVELLA, 2011).

A figura 4 exemplifica os equipamentos utilizados pelos agricultores das áreas agrícolas em estudo, e os recipientes de agroquímicos utilizados que muitas vezes são descartados nas imediações

das áreas agrícolas.

Figura 4: Agroquímicos (inseticidas e herbicidas) e equipamentos utilizados pelos agricultores de

Petrolândia e Itacuruba/PE para o controle de pragas agrícolas.

FOTO: Iaponira S. Oliveira, 2013.

Um exemplo semelhante é encontrado na região da Chapada da Ibiapaba/CE, onde se constata

uma situação alarmante, pois a utilização de inseticidas organofosforados, carbonatos, piretróides e

Page 61: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

58

nicotinóides e fungicidas protetores e sistêmicos vem contribuindo para a poluição do lençol freático,

contaminação de solos, existência de resíduos químicos em alimentos, contaminação de água potável,

aumento dos casos de intoxicações por substâncias químicas e poluentes orgânicos persistentes

(ALENCAR et al., 2013). Outro alerta importante, constatado nesta pesquisa pela observação in loco e respostas dos agricultores entrevistados, é que o uso de agroquímicos ocorre sem conhecimento técnico

necessário das consequências relativas aos excessos praticados, bem como pela falta de uso de

equipamentos de proteção individual, observado na região da Chapada de Ibiapaba/CE (ALENCAR et al., 2013), assim como nas áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba/PE. Esse contexto também foi

observado em um estudo realizado no semiárido da Paraíba com os agricultores do município de Lagoa,

onde os produtores afirmaram utilizar intensamente os agroquímicos, e ignorarem os defensivos naturais por não serem tão eficazes como os industrializados, assim como não reconhecem a importância do

controle biológico, além da falta de apoio técnico e governamental (OLIVEIRA NETO et al 2012).

O uso exagerado de agrotóxicos nas lavouras pode ser constatado nos dados de uma pesquisa

que mostra que o consumo médio de agrotóxico no Brasil é de 1,5 kg/ha/ano, sendo a fruticultura consumidora de 8 kg/ha/ano e a horticultura chegando a 10 kg/ha/ano, o que coloca o país como o

terceiro maior consumidor de agrotóxicos do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e Japão

(ALENCAR et al., 2013). O alto índice de utilização dos agroquímicos em áreas agrícolas pode interferir também no desenvolvimento da fauna local, pois os rejeitos são despejados em corpos aquáticos

próximos às plantações, além de contaminarem o lençol freático (ALENCAR et al., 2013).

Uma alternativa sustentável para amenizar o uso de agroquímicos em lavouras é a utilização de anfíbios no biocontrole de pragas agrícolas. A literatura confirma que muitos anuros são insetívoros e

considerados forrageadores oportunistas, sendo suas dietas um reflexo da disponibilidade de presas no

ambiente (ETEROVICK & SAZIMA 2004; ESBÉRARD et al., 2007; GOUVEIA et al., 2009); daí os

anfíbios serem considerados importantes elos nas cadeias alimentares dos ecossistemas, embora estudos como os de Haddad (1991) e Well (1977) demonstrem diminuição ou o desaparecimento de algumas

populações de anfíbios em vários locais do mundo. Diante disto, os agricultores locais foram

questionados sobre a importância dos anfíbios no biocontrole de pragas, figura 5.

Figura 5: Percepção dos agricultores sobre a ação dos anfíbios como biocontroladores de pragas agrícolas.

Os agricultores de Petrolândia (83% n=238) e Itacuruba (78% n=131) já identificaram, por

observações locais, que os anfíbios se alimentam de pragas agrícolas sendo, portanto, considerados

biocontroladores. O resultado das entrevistas demonstra que os agricultores locais conhecem bem a biologia e

ecologia dos anfíbios anuros presentes nas áreas agrícolas, confirmado pela literatura, pois os anfíbios

Page 62: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

59

apresentam uma grande diversidade de estratégias reprodutivas, interações ecológicas e utilização de

hábitats. Além disso, as espécies desse grupo estão presentes nos locais mais inóspitos do planeta e

apresentam inúmeras especializações (DUELLMAN & TRUEB, 1994; HADDAD & PRADO, 2001;

2005; FROST, 2009). O que não difere das áreas cultivadas em Petrolândia, que apresentam um sistema de irrigação

com tecnologia avançada, a qual promove o desenvolvimento em larga escala de vários produtos

agrícolas, tornando esta área sempre favorável à atividade, fator que pode atrair uma diversidade de espécies animais, incluindo de anfíbios anuros observados por 88% dos agricultores (n=238).

Diferentemente das áreas de cultivo de Itacuruba/PE (66% - n=131), que não possuem sistema irrigado,

a qual depende dos períodos chuvosos ou da água acumulada em pequenos reservatórios, tornando a atividade agrícola escassa. A figura 6 representa as áreas de cultivares das duas regiões estudadas.

Figura 6: Vista parcial das duas áreas agrícolas estudadas. A) Petrolândia com sistema irrigado; B) Itacuruba sem sistema irrigado.

A) B)

Portanto, a percepção ambiental dos agricultores sobre os anfíbios anuros nestas áreas agrícolas é resultante de diversos fatores de interação com o meio, como a própria modificação do ambiente e dos

recursos observados e utilizados pelas comunidades. Nesse contexto, cada pessoa processa a percepção

de forma diferente, podendo trazer consigo reflexos da sociedade que age de forma constante, de acordo com seus princípios e valores (SÀNCHEZ, 2008; MORIN, 2005; CAPRA, 1996); GADOTTI, 2007 e

ODUM, 2007).

Em contrapartida, nos estudos de VALLEJO e GONZÁLEZ (2013), os anfibios são

considerados objetos de horror para a maioria das pessoas, isso se deve a lentidão dos seus movimentos. No entanto, longe de ser prejudicial, é inofensivo, se alimenta de vermes, pequenos animais, larvas,

lagartas e insetos (CHARRO, 2000). E isso, segundo VALLEJO e GONZÁLEZ (2013), não é única

vantagem da presença dos sapos anuros nas áreas agricolas; na medicina popular estes animais vêm se destancando em tratamento de combate ao câncer, por exemplo. Sendo assim, é possivel dizer que

atitudes de repulsa para com os anfíbios são, por vezes, controversas e que muitas vezes a influência

cultural favorece o comportamento negativo junto à herpetofauna (CERÍACO, 2012). No entanto, o

conhecimento das comunidades locais contribui para o acumulo de informações a respeito do manejo destas espécies de repteis e anfibios (ALVES e SOUTO, 2011).

Diante das descrições colocadas, pode-se perceber que há pensamentos distintos em relação aos

anuros: um, de valor relevante para o homem (parceiros no equilíbrio ambiental) quando alguém relata sua função trófica nos ecossistemas, como apresentado e confirmado neste trabalho pelos agricultores

de Petrolândia e Itacuruba/PE; e o outro seria de natureza maligna (perigo, morte, ou algo de ruim).

Diante destas colocações, referente à existência de anfíbios anuros nas áreas agrícolas, os agricultores foram questionados sobre a influência destes animais nas áreas de cultivo (Figura 7).

Page 63: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

60

Figura 7: Percepção dos agricultores sobre a interferência dos anfíbios anuros no desenvolvimento da lavoura nas áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba/PE.

De acordo com os agricultores, 89% de Petrolândia (n=238) e 77% Itacuruba (n=131), os

anfíbios existentes nas áreas agrícolas não interferem no desenvolvimento da lavoura; apenas 13% dos entrevistados em Itacuruba alegaram que alguns anfíbios apresentam uma ameaça para os que cultivam

hortaliças, principalmente a espécie Rhinella jimi, que costuma se acomodar por cima das plantações de

coentro e seu peso acaba machucando a planta, provocando a sua morte.

“O cururu é pesado e faz cama em cima do coentro. Isso mata a planta”.

P. V. – 38 (Itacuruba/PE)

Um dos fatores que pode contribuir para a existência de anfíbios anuros nas regiões agrícolas

pode estar relacionado às estratégias de forrageamento e a utilização do hábitat por espécies simpátricas.

Fatores que podem reduzir os efeitos negativos que uma espécie teria sobre a outra, facilitando assim a sua coexistência (CARVALHO, 2008). Também a exploração de uma grande diversidade de

microambientes, como sítios reprodutivos (oviposição e desenvolvimento larval) ou de forrageamento,

os quais podem ser utilizados de modos distintos por várias espécies (DUELLMAN & TRUEB 1994, STEBBINS & COHEN 1997).

No entanto, os agricultores foram questionados sobre a importância ecológica destes animais.

Os agricultores de Petrolândia (78% n=238) e Itacuruba (73% n=131) foram bastante enfáticos ao

afirmarem que os anfíbios devem ser preservados, principalmente por se alimentarem de insetos pragas e não constituírem ameaça às comunidades agrícolas, já que as espécies existentes na região não

produzem risco algum à população, por não serem venenosos nem peçonhentos (Figura 8).

Figura 8: Percepção dos agricultores quanto a importância da preservação dos anfíbios em

Petrolândia e Itacuruba/PE.

Page 64: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

61

Os agricultores de Petrolândia (87% - n=238) e Itacuruba (89% - n= 131) reconhecem a

importância da preservação dos anfíbios anuros, e principalmente seu papel no controle de insetos

pragas, para isso são necessárias mudanças de atitudes em relação ao manejo dos ecossistemas. Diante

desta percepção é possível constatar que as atividades antrópicas estão associadas direta ou indiretamente com alterações à diversidade biológica da Terra (CHAPIN III et al., 2000; HABERL et

al., 2006, SODHI e EHRLICH, 2010). Estudos comprovam que a atividade agrícola promove a

destruição de aproximadamente 6.530 km2 de vegetação da Caatinga por ano, de modo que restam apenas aproximadamente 42% da vegetação original (LIMA, 2011).

Por isso os seres humanos precisam compreender que são componentes integrantes dos

ecossistemas; Da mesma forma, as funções e os produtos dos ecossistemas são fundamentais para os

sistemas sociais (CHAPIN & WHITEMAN, 1998). Muitos ecossistemas estão dominados pela humanidade, e nenhum ecossistema na superfície da Terra está livre da influência humana generalizada

(VITOUSEK et al., 1997). Neste sentido, para garantir um futuro para as populações de animais, os

conservacionistas devem compreender não só a ecológica, mas também as interações culturais e econômicas que apontam sistemas ecológicos e sociais em um sistema regional comum, e os feedbacks

que governam essas interações (ALVES e ALBUQUERQUE 2012a ; BOGART et al., 2009;. CHAPIN

e WHITEMAN, 1998; GEIST & LAMBIN, 2002).

3.2 Principais sítios de reprodução dos anfíbios anuros em Petrolândia e Itacuruba/PE

Com os relatos dos agricultores de ambas as localidades estudadas, e as visitas guiadas aos sítios de reprodução e desenvolvimento dos anfíbios anuros nas áreas agrícolas, foi possível marcar em

mapas georreferenciados a localização e registro de sítios de reprodução, como pequenas lagoas e

poças de água formadas durante processo de irrigação em Itacuruba (Figura 9) e Petrolândia/PE (Figura 10).

Figura 9. Principais sítios de reprodução de Anfíbios anuros localizados, registrados e georreferenciados segundo relatos dos agricultores locais de Itacuruba/PE, Abril, 2013.

Page 65: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

62

Legenda: Pontos de registros e localizações de reprodução dos anuros em Itacuruba-PE.

Figura 10. Principais sítios de reprodução de Anfíbios anuros localizados, registrados e

georreferenciados segundo relatos dos agricultores locais de Petrolândia/PE, Abril, 2013.

Pontos e localizações

P1:Assentamento Coopafita S08°43249 W038°40,620’1076FT – lagoa temporária (pequeno reservatório que acumula água para a irrigação- ovos e girinos)

P2:Fazenda Belo Horizonte. S08°44119’ W038°39427’1053FT – lagoa temporária (pequeno reservatório que

acumula água para a irrigação – ovos e girinos)

P3:Fazenda 2. S08°43655’ W038°39211’114FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)

P4:Fazenda Novo Horizonte. S08°36935’W038°34574’0FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)

P5:FazendaSanta Clara. S08°43.396’W038°39.089’1163FT – lagoa temporária (pequeno reservatório que acumula água para a irrigação – ovos e girinos)

P6: Assentamento união e simpatia. S08°44978’W038°414471085FT – lagoa temporária (pequeno reservatório

que acumula água para a irrigação – ovos e girinos)

P7:Fazenda Lealdade. S08°47780’W038°41971’1045FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)

P8:Assentamento Paulo Freire S08°42.727’W038°41168’1073FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)

P9:Fazenda Poço grande S08°49234’W038°40510’960FT – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)

P10: Fazenda Calundi. S08°36402’ W038°35299’FT – Lagoa temporária (pequeno reservatório que acumula água

para a irrigação – ovos e girinos)

P11: Fazenda São José. S08°45.809’W038°40.101’ – Lagoa temporária (pequeno reservatório que acumula água para a irrigação – ovos e girinos)

P12: Comunidade poço dos cavalos 2.S08°46.978’W038°44.268’ – Riacho próximo a roça (ovos e girinos)

P13:Comunidade Ingazeira. S08°36.152’W038°34.721’ – Lagoa temporária (pequeno reservatório que acumula água para a irrigação – ovos e girinos)

Page 66: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

63

LEGENDA: Pontos de registro e localizações de reprodução de anuros em Petrolândia-PE.

De acordo com as localizações nos mapas, as comunidades locais apontam como sítios de

reprodução e desenvolvimento de anfíbios anuros pontos específicos nas áreas agrícolas, como pequenos reservatórios que acumulam água durante o período chuvoso, drenos de escoamento de água proveniente

do sistema agrícola e pequenos riachos formados pelos braços do Rio São Francisco, pois a atividade

agrícola nessa região se concentra às margens do rio. Estas informações são revelenates ao modo de

caracterizar as áreas e registrar a observação da comunidade, em relação a percepção dos locais de desenvolvimento dos anfíbios anuros. Esses locais podem ser interpretados como dimensões dinâmicas

(de padrões e processos), pois estão relacionadas a eventos temporários, como a chuva e a drenagem da

água do rio, promovendo uma relação entre os elementos e os eventos naturais, além de um caráter utilitário dos recursos naturais, sobre os fenômenos de caráter geofísico, biológico, ecológico e

geográfico (ALVES 2007; DUVALL, 2008).

Fatores que influenciam na relação entre o tipo de ambiente ocupado e o tipo de organização dos anfíbios anuros, durante a formação de agregados para a reprodução, que provavelmente indica a

importância de estratégias comportamentais para o desenvolvimento das espécies e, de locais para

postura dos ovos (FREITAS e SILVA, 2007). Em geral, espécies de matas de encostas não apresentam

grandes agregações para a reprodução, ao passo que espécies de áreas abertas se congregam em altas

Pontos e localizações

P1. Riacho 01 - Agrovila 05. S08°47404’W038°20608’ – Riacho próximo a roça

P2. Riacho 06 – Agrovila 05. S08°47111’W038°21030’ – Riacho próximo a roça

P3. Riacho 03 - Propriedade de Sr. Júlio. S08º47164’W038°21725 – Riacho próximo a roça

P4. Base do chef das Agrovilas. S08°4781’W038°21986’ – Dreno de irrigação dentro do

sistema agrícola

P5. Riacho próximo ao chef. S08°4745’W038°21964’ – Riacho próximo a roça

P6. Propriedade particular. S08°47209°W038°21528’ – Dreno de irrigação dentro do sistema agrícola

Page 67: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

64

densidades durante a estação reprodutiva (WELLS, 1977, RIBEIRO-JÚNIOR, 2009; LOEBMANN &

HADDAD, 2010).

Os anfíbios possuem uma importante dependência da sua atividade e sobrevivência em relação

aos fatores ambientais. Esta dependência do clima e da água, por exemplo, explica o padrão geográfico de variação na riqueza específica de anfíbios, sendo esta maior nos trópicos – mais de 80% das espécies

atuais (DUELLMAN, 1999; WELLS, 1977; STUART et al., 2008), do que nas regiões temperadas.

Entre os lotes do sistema irrigado de Petrolândia/PE existem drenos para o escoamento da água superficial, e é provável que nestas águas existam um alto teor de agroquímico; no entanto, aí foi possível

observar o desenvolvimento de anfíbios, como mostra a Figura 11. Segundo Mendes et al. (2014),

existem três formas de contaminação humana por agroquímicos: 1) por via ocupacional, que se caracteriza pela manipulação, formulação e aplicação; 2) por via ambiental, que se caracteriza pela

dispersão e/ou distribuição no ambiente, contaminando rios, fontes, lençóis freáticos, atmosfera; e 3) a

contaminação via alimentar, caracterizada pela ingestão dos produtos contaminados por agroquímicos.

Figura 11: a) Vista de um dos drenos localizados na Agrovila 07 dos assentados do Icó-Mandantes

em Petrolândia/PE. b) Visão lateral do dreno e da estrada na parte superior. c) água que escorre das lavouras para o dreno, em destaque girinos em fase de desenvolvimento.

FOTO: Oliveira, Iaponira S. 2013

Entre os sistemas agrícolas de Itacuruba/PE (Figura 12), também é possível identificar alguns

sitos de desenvolvimento de anfíbios anuros, principalmente próximo a pequenas poças d’água que se

formam durante o processo de irrigação e pequenos lagos de armazenamento da água da chuva e/ou do

rio, pois esta região não possui sistema de irrigação em larga escala; no entanto é possível observar que não há uma preocupação com a qualidade desta água, sendo utilizada sem um tratamento adequado.

Figura 12: Principais pontos de reprodução das espécies de anfíbios anuros da região agrícola de

Itacuruba/PE

Page 68: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

65

FOTO: Oliveira, Iaponira S. 2013.

Sendo assim, os pontos de localização dos sítios de reprodução e desenvolvimento nos mapas

georreferenciados, a partir das informações e interpretação de como estas comunidades convivem com

o ambiente, e como suas práticas podem influenciar a transformação de espaços naturais, permite o registro do conhecimento local. A combinação dessas informações com a literatura, possibilita a

caracterização de pontos de referência para localizar de maneira sistemática os sítios reprodutivos dos

anfíbios anuros desta região e sua importância para a conservação.

3.3 Preservação dos anfíbios anuros como alternativa para sustentabilidade local

Ao serem questionados sobre as causas de possíveis desaparecimentos de espécies de anfíbios anuros na região agrícola de Petrolândia e Itacuruba/PE, os agricultores citaram os problemas

ambientais, como: aumento da temperatura 57% (n=238) em Petrolândia e 43% (n=131) em Itacuruba;

a pouca chuva na região 64% (n=238) Petrolândia e 39% (n=131) em Itacuruba; uso de fertilizantes 32% (n=238) em Petrolândia e 26% (n=131) em Itacuruba, e o uso de agroquímicos 28% (n=238) Petrolândia

e 16% (n=131) em Itacuruba. Mesmo sabendo que algumas práticas agrícolas, no manejo do solo e da

água, podem interferir na existência das espécies animais, os agricultores pouco reconhecem que o uso

de agroquímicos provoque o desaparecimento de espécies de anuros (Figura 13).

Figura 13: Principais causas do desaparecimento dos anfíbios anuros nas lavouras, de acordo com as citações dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba/PE.

Page 69: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

66

A maioria dos agricultores, 79% (n=238) em Petrolândia e 87% (n=131) em Itacuruba,

reconhecem que muitas espécies de anfíbios anuros já não existem na região, por meio da observação.

Essa afirmação vem da própria observação das modificações do ambiente, pois ao longo dos últimos

dez anos, a paisagem do semiárido nordestino tem sofrido alterações significativas (SANTOS et al, 2012).

Apesar da importância dos anfíbios, nas últimas décadas ocorreu redução e até desaparecimento

de algumas espécies de anuros, no Brasil e em todo o mundo (COSTA et al., 2012; HADDAD et al., 2008; KATZENBERGER et al., 2012), em decorrência da ação antrópica e perda de habitats

(STEBBINS & COHEN, 1995, RIBEIRO & NAVAS, 2012). Este problema tem sido potencializado

especialmente na região semiárida do Nordeste, intermitentemente atingida por sucessivas “secas” e

onde a agricultura e a pecuária extensiva podem desencadear problemas ambientais irreversíveis, como a desertificação (LEAL, 2003, CLOSEL & KOHLSDORF, 2012).

Portanto, por meio da análise integrada da avaliação do conhecimento empírico das

comunidades agrícolas existentes ao longo dos agroecossistemas das regiões de Petrolândia e Itacuruba, destaca-se especialmente o conhecimento local sobre a dieta dos anfíbios anuros e sua contribuição no

biocontrole, particularmente daqueles organismos que constituem pragas em agroecossistemas. Uma

das ferramentas utilizadas para propagar esta informação foi a confecção de uma cartilha em forma de Literatura de Cordel (gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada), com a

participação do conhecimento da comunidade local registrado nas entrevistas, compondo dessa forma

uma estratégia de educação e popularização da ciência em prol da preservação dos anfíbios anuros nestas

e em outras áreas agrícolas do semiárido nordestino. De acordo com Silva et al. (2012), a Literatura de Cordel não é uma criação/ produção

desvinculada da realidade e das práticas sociais. Pelo contrário, por intermédio de seus versos e de sua

linguagem, ela reflete sobre diversos tipos de temáticas, tais como histórias fictícias, lendas, mitos etc. Algumas dessas histórias são provenientes de gerações anteriores abordando seu conhecimento

empírico, mas chegam aos dias atuais em função do povo e das suas memórias. O uso dessa literatura

se dá na medida em que seus versos fazem um convite para refletir acerca das problemáticas do cotidiano, em especial o uso dos agroquímicos nas lavouras e a importância dos anfíbios anuros no

biocontrole natural de insetos pragas. Em função disso, propõe-se o uso dessa literatura como iniciativa

para discursões em escolas, cooperativas e associações agrícolas.

O cordel confeccionado com rima e ritmo cumpre relevante função social de permitir a assimilação de diferentes conteúdos, conforme Silva et al. (2012), refletindo o caráter sócio-

interacionista de sua linguagem, sendo caracterizada como um gênero secundário e plurivocal, que

segundo Alves (2008), não proporciona a desvinculação da realidade e da verdade científica. Acredita-se que com a distribuição destas cartilhas em forma de literatura de cordel junto às

comunidades agrícolas de Petrolândia e Itacuruba será possível promover mudanças de atitudes em

Page 70: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

67

relação ao uso dos recursos naturais, em especial os anfíbios anuros, mediante as informações sobre sua

importância biológica no controle natural de pragas agrícolas, diminuindo assim o uso dos agroquímicos

nas lavouras e promovendo a conservação das espécies de anfíbios anuros da região semiárida do

nordeste brasileiro.

CONCLUSÃO

A avaliação da percepção dos agricultores locais de Petrolândia e Itacuruba/PE demonstrou que

eles conhecem uma variedade de espécies nas áreas agrícolas, além de identificar aspectos da biologia

dos anfíbios anuros, em especial sobre seus hábitos e comportamento. Apesar de serem animais pouco conhecidos por gerarem algum tipo de aversão, as comunidades locais percebem sua importância

biológica no controle de pragas agrícolas, ao relatarem que os anuros se alimentam de insetos pragas.

Por outro lado, esses agricultores ainda não reconhecem os sapos e seus parentes como aliados

no controle natural de pragas em substituição aos agroquímicos e consequente promoção da sustentabilidade para essas áreas agrícolas.

A percepção dos agricultores sobre sítios reprodutivos e de desenvolvimento dos anuros, sua

contribuição ecológica para a redução do uso intensivo de pesticidas agrícolas, além dos males causados pelos agroquímicos, são de grande utilidade e relevância para implementação de planos de manejo

sustentáveis, adequados à convivência em áreas agrícolas da caatinga.

REFERÊNCIAS

ABROL, D.P. 2012. Pollination Biology: Biodiversity Conservation and Agricultural Production.

Springer, New York, New York, USA.

AGROW. Completeguidetogenericpesticides. 2007. Disponível

em:<http://www.agrow.com/multimedia/archive/00053/DS258_58994a_53150a.pdf>Acesso em: 18 maio 2015

ALBUQUERQUE, U.P.; Araujo, E.L. (2012) El-Deir, A.C.A. et al. Conservation of an Important

Seasonal Dry Forest. The Scientificworld Journal. 18 pages.

ALENCAR, G. V., et al. "Percepção ambiental e uso do solo por agricultores de sistemas orgânicos e

convencionais na Chapada da Ibiapaba, Ceará." Revista de Economia e Sociologia Rural 51.2 (2013): 217-236.

ALENCAR, J. B. R., SILVA, E. F. da; SANTOS, V. M. dos; LUCENA SOARES, H. K. de; LUCENA, R. F. P. de; BRITO, C. H. de. (2012). PERCEPÇÃO E USO DE “INSETOS” EM DUAS

COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO DO ESTADO DA PARAÍBA. Biofar – Revista de

Biologia e Farmácia. Volume Especial. P 72-91.

ALVES, R.R.N., PEREIRA-FILHO, G.A. (2007): Commercialization and use of snakes on North

and Northeastern Brazil: implications for conservation and management. Biodivers. Conserv. 16:

969-985.

ALVES, R. M. Literatura de Cordel: por que e para que trabalhar em sala de aula. Revista Fórum

Identidades. Ano 2, v. 4, p.103 – 109. Jul. – dez, 2008.

ALVES RRN, ALBUQUERQUE, UP. Ethnobiology and conservation: Why do we need a new

journal? Ethnobiology and Conservation 1:1-3, (2012a).

ALVES, R. R. N; SOUTO, W. M. S. Ethnozoology in Brazil: current status and perspectives.

Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, n.7, art.22. 2011.

ALMEIDA, C.F.C.B. & ALBUQUERQUE, U.P. 2002. Uso e conservação de plantas e animais

Page 71: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

68

medicinais no estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil): um estudo de caso. Interciencia 26(6): 276-

285.

ALTVATER, E. Existe um marxismo ecológico? In: BORON, Atilio A.; AMADEO, Javier; GONZÁLEZ, Sabrina (orgs). A teoria marxista hoje: problemas e perspectivas. 1ªed. Buenos Aires:

Consejo Latino-americano de Ciências Sociales – CLACSO; (2006), 488 p.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL (ANDEF) Tecnologia em primeiro lugar: o

Brasil a caminho de se tornar o maior produtor mundial de grãos. Revista Defesa Vegetal. Maio de 2009.

ARAIA, E. Homem o Exterminador do Presente: A vida pede socorro. Revista Planeta, Ed. 448,

janeiro de 2010. Disponível em: www.terra.com.br. Acesso em de julho de 2012.

BARBOSA, F. R. (2007). Desafios ao Controle de Pragas na Cultura do Feijoeiro (Phaseolus Vulgaris): Região Nordeste. Anais VI Seminário Sobre Pragas, Doenças E Plantas Daninhas do

Feijoeiro. Documentos IAC, Campinas, (79).

BARBOSA, A.R. NISHIDA, A. K. COSTA, E. S. CAZÉ, A. L, R. Abordagem etnoherpetologica de

São José da Mata Paraíba/ Brasil. Revista de Biologia e Ciências da Terra. Segundo semestre, ano/vol. 7, número 002. Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande/Brasil, 2007.

BARBOSA, J. E. L.; SILVA, M. M. P.; FERNANDES, M. Educação Ambiental e o desenvolvimento

sustentável no semiárido. In: ABÍLIO, F. J. P (org). Educação Ambiental para o semiárido. João

Pessoa: Editora Universitária da UFPB. (2011), 580 p.

BARROS, F.B. Sapos e seres humanos: uma relação de preconceitos? Núcleo de Estudos

Integrados Sobre Agricultura Familiar – NEAF. Programa de Pós-Graduação em Agriculturas

Amazônicas – MAFDS. Universidade Federal do Pará, 2005.

BLAUSTEIN, A.R. & WAKE, D.B. 1995. The puzzle of declining amphibian populations. Sci. Am.

272(4):52-57.

BOGART, R.E, Duberstein J.N, Slobe D.F. Strategic communications and its critical role in bird

habitat conservation: understanding the social-ecological landscape. Proceedings of the fourth

international partners in flight conference. Texas, USA. 2009, p 441-452.

BRANDT, R. Mudanças climáticas e os lagartos brasileiros sob a perspectiva da historia de vida.

Revista da Biologia 8, 15–18. 2012.

CALAMIA, M. A. (1999). A methodology for incorporating traditional ecological knowledge with

geographic information systems for marine resource management in the Pacifc. Traditional Marine

Resource Management and Knowledge Information Bulletin n.10, p. 2-12.

CALÓ, C. F. F. SCHIAVETTI. A.; CETRA, M. Local ecological and taxonomic knowledge of

snapper fish (Teleostei: Actinopterygii) held by fishermen in Ilhéus, Bahia, Brazil. Neotrop.

ichthyol. vol.7 no.3 Porto Alegre Sept. 2009.

CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 10ª reimpressão.

SÃO PAULO: Cultrix, 2006.

CARVALHO, C.B., FREITAS, E. B., FARIA, R.G., BATISTA, R.C., BATISTA, C.C., COELHO,

W.A. & BOCCHIGLIERI, A. Natural history of Leptodactylus mystacinus and Leptodactylus fuscus

(Anura: Leptodactylidae) in the Cerrado of Central Brazil. Biota Neotrop. 8(3), 2008.

CERÍACO, L. M.P. Human attitudes towards herpetofauna: the influence of folklore and negative

Page 72: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

69

values on the conservation of amphibians and reptiles in Portugal. Journal of Ethnobiology and

Ethnomedicine, n.8, art.8. 2012.

CERÍACO, L, M, P. Human atitudes towards herpetofauna how preferences, fear and beliefs can

influence the conservation of reptiles and amphibian. Dissertação apresentada para obtenção de

mestre em biologia da conservação. Universidade de Évora. 164pp, 2010.

CHAPIN F.S, WHITEMAN G. Sustainable development of the boreal forest: interaction of

ecological, social, and business feedbacks. Conservation Ecology 2:12. 1998.

CHAPIN F.S, ZAVALETA E.S, EVINER V.T, NAYLOR R.L, VITOUSEK P.M, REYNOLDS H.L,

HOOPER D.U, LAVOREL S, SALA O.E, HOBBIE S.E. Consequences of changing biodiversity.

Nature 405:234-242. 2000.

CHARRO, M. Á. Sapos: historia de una maldición. Revista de Folklore, n.235, p.20-32. 2000.

CLOSEL, M. B. E KOHLSDORF, T. (2012). Mudancas climáticas e fossorialidade:

implicacoes para a herpetofauna subterranean. Revista da Biologia 8, 19–24

COMBESSIE, J. C. O método em sociologia o que é, como se faz. São Paulo, Ed. Loyola. 2004.

COLLINS, J.P. & STORFER, A. 2003. Global amphibian declines: sorting the hypotheses. Divers. Distrib. 9:89-98.

COLLINS, J. P. E CRUMP, M. L. (2009). Extinction in our times: global amphibian

decline. Oxford University Press, New York, NY, USA. 304pp.

COSTA, T.R.N., CARNAVAL, A.C.O.Q., TOLEDO, L.F. Mudanças climáticas e seus impactos

sobre os anfíbios brasileiros. Revista da Biologia 8, 33–37. 2012.

COSTA, J. M. da; BARBOSA, E. H. O.; KLUTCHOWSKI, M. L. (1986). Pragas do feijoeira na Bahia e meios de combate. Salvador: Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia. 80 p. (EPABA. Circular

Técnica, 13).

CROWDER, L. & NORSE, E. (2008) Essential ecological insights for marine ecosystem-based

management and marine spatial planning. Marine Policy 32:772-778.

DUELLMAN, W.E. & L.TRUEB. 1994. Biologyof Amphibians. Baltimore, The Johns Hopkins University Press.

DUVALL, S. Ch. (2008). Classifying physical geographic features: the case of Maninka farmers in

southwestern Mali. Geografiska Annaler, Series B, v. 90, n. 4, p. 327-348.

ESBÉRARD, C. E. L.; Vrcibradic, D. 2007. Snakes preying on bats: New records from Brazil and a review of recorded cases in the Neotropical Region. Revista Brasileira de Zoologia 24 (3): 949- 953.

ETEROVICK, P.C. & SAZIMA, I. 2004. Anfíbios da Serra do Cipó. Ed. PUC Minas, Belo Horizonte

FAGGIONATO, Sandra. (2009) Percepção ambiental. Disponível em:

<http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt4.html> acesso em: 31 JUL. 2013.

FEHLBERG, Lorena CC; LUTZ, Leonardo V; MOREIRA, Adriana H. Agrotóxicos e seus efeitos sócio-

culturais: Zona Rural do Valão de São Lourenço, Santa Teresa, ES, Brasil. 2003. Natureza on line.

Disponível em:

Page 73: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

70

<http://www.naturezaonline.com.br/natureza/conteudo/pdf/Revista_Online_Fehlberg.pdf >. Acesso

em: 22/08/2015

FONSÊCA, A. V. L. FONSÊCA, K. S. B. Contribuições da literatura de cordel para o ensino da cartografia. Revista Geografia (Londrina), v. 17, n. 2, jul./dez. 2008, Disponível na World Wide Web:

<http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/article/view/2357/2038>. Acesso em: 16 nov.

2015. ISSN 0102 – 3888.

FLORENTINO, H. S.; ABÍLIO, F. J. P. Percepção de Educandos do Ensino Médio da Escola

Estadual Dr. Trajano Nóbrega, Município de Soledade-PB, sobre os Conceitos de Meio Ambiente e Educação Ambiental. IN: X Encontro de Extensão da UFPB, 2008, João Pessoa. Anais do X Encontro

de Extensão da UFPB. João Pessoa : UFPB, v. 01, p. 01-09, 2008.

FREITAS, M.A.; SILVA, T.F.S. 2007. Guia ilustrado: a herpetofauna das Caatingas a áreas de

altitude do Nordeste brasileiro. Pelotas: USEB, 384p.

FROST, D. R. 2009. Amphibian species of the world: An online reference. Version 5.3 (12 February, 2009). American Museum of Natural History, New York, USA. Disponível em

<http://research.amnh.org/herpetology/amphibia>. Acesso em 20 de abril de 2013.

GADOTTI, M. Educar para um novo mundo possível. 1 ed. São Paulo: Publisher Brasil, 2007. 111

p.

GARCIA, E. G.; BUSSACOS, M. A.; FISCHER, F. M.Impacto da legislação no registro de agrotóxicos de maior toxicidade no Brasil.Revista de saúde Publica.v. 39, n. 5, 2005.

GARCIA, P., DE A., & VINICIPROVA, G. Anfíbios In: Livro Vermelho da Fauna ameaçada de

extinção no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Edipucrs, 2003 p. 147 - 164.

GADOTTI, M. Educar para a Sustentabilidade. São Paulo- SP: Editora e Livraria Instituto Paulo

Freire, 2008.127p.

GEIST H.J, LAMBIN E.F. Proximate causes and underlying driving forces of tropical

deforestation. BioScience 52:143-150. 2002.

GERHARDINGER, L.C.; GODOY, E.A.S. & JONES, P.J.S. GERHARDINGER, L.C. (2009) Local

ecological knowledge and the management of marine protected areas in Brazil. Ocean & Coastal Management 52: 154-165.

GODÍNEZ-ÁLVAREZ, H. (2004) Pollination and seed dispersal by lizards: a review. Revista Chilena

de Historia Natural 77:569-577.

GOUVEIA, S. F.; ROCHA, P. A.; MILKALAUSKAS, J. S.; SILVEIRA, V. V. 2009. Rhinella jimi

(Cururu toad) and Leptodactylus vastus (Northeastern pepper frog). Predation on bats. Herpetological Review, 40: 210.

HABERL H, WINIWARTER V, ANDERSSON K, AYRES R.U, BOONE C, CASTILLO A, CUNFER G, FISCHER-KOWALSKI M, FREUDENBURG W.R, FURMAN E. FROM LTER TO LTSER:

CONCEPTUALIZING THE SOCIOECONOMIC DIMENSION of long-term socioecological

research. Ecology and Society 11:13. 2006.

HADDAD, C.F.B. & PRADO, C.P.A. Reproductive modes in frogs and their unexpected diversity in

the Atlantic forest of Brazil. Bioscience 55(3):207-217. 2005.

HADDAD, C.F.B. & SAWAYA, R.J. 2000. Reproductive modes of Atlantic Forest hylid frogs: a

Page 74: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

71

general overview and the description of a new mode. Biotropica 32(4b):862-871.

HADDAD, C. F. B., GIOVANELLI, J. G. R. E ALEXANDRINO, J. 2008. O

aquecimento global e seus efeitos na distribuição e declínio dos anfíbios. In: Marcos S.

Buckeridge. (Org.). Biologia e Mudanças Climáticas no Brasil. 1 ed. São Carlos SP: Rima

Editora. p. 195-206

HOFFMANN, M., HILTON-TAYLOR, C., ANGULO, A. E COL. (mais de 100 autores).

2010. Impact of conservation on the status of the world’s vertebrates. Science 330

(6010), 1503-1509.

HOULAHAN, J.E., FINDLAY, C.S., SCHMIDT, B.R., MEYER, A.H. & KUZMIN, S.L. 2000. Quantitative evidence for global amphibian population declines. Nature 404(6779):752-755

IBAMA. Produtos agrotóxicos e afins comercializados em 2009 no Brasil. Disponível em:<http://www.ibama.gov.br/qualidadeambiental/wpcontent/files/Produtos_Agrotoxicos_Comerciali

zados_Brasil_2009.pdf>.Acesso em 17 de maio 2015.

IBGE. Censo Agropecuário 2006: IBGE revela retrato do Brasil agrário. 2009. Disponível em: <http:/ /www. ibge.gov. br/home/presidencia /noticias/ noticia_ visualiza.php?id_ noticia = 1464 &id _

pagina=1> Acesso em: 06/02/2015

KATZENBERGER, M., TEJEDO, M., DUARTE, H., MARANGONi, F., e BELTRÁN, J. F.

Tolerância e sensibilidade térmica em anfíbios. Revista da Biologia 8, 25–32. 2012.

KONRADSEN, F.; VAN DER HOEK, W.; COLE, D. C.; HUTCHINSON, G.; DAISLEY, H.; SINGH,

S.; EDDLESTON, M. Reducing acute poisoning in developing countries options forrestricting the

availability of pesticides. Toxicology. 2003;192(2-3):249-61.

LEAL, I.R. TABEPELLI, M. SILVA, J.M.C. da. Ecologia e conservação da Caatinga. Prefacio de

Marcos Luiz Barroso Barros. Recife, Ed. Universitária da UFPE, 2003.

LEVIN, J. Correlação. Em: Estatística aplicada a ciências humanas. (pp. 276-316). São Paulo:

Habra. 1987.

LIMA, R. S.; Educação Ambiental e a conservação da biodiversidade terrestre semiárido (Bioma

Caatinga). In: ABÍLIO, F. J. P (org). Educação Ambiental para o semiárido. João Pessoa: Editora

Universitária da UFPB, 2011. 580 p.

LOEBMANN, D. & HADDAD, C.F.B. (2010). Amphibians and reptiles from a highly diverse area

of the Caatinga domain: composition and conservation implications. Biota Neotrop. 10(3):

http://www.biotaneotropica.org.br/v10n3/en/abstract?article+bn0391003.

MACHADO NETO, J. G.; COSTA, G. M.; OLIVEIRA, M. L. Segurança do trabalhador em aplicações

de herbicidas com pulverizadores de barra em cana-de-açúcar. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 25, n. 3, p. 639-648, 2007.

MAIA, H. J. L., CAVALCANTE, L. P. S., OLIVEIRA, A. G., SILVA, M. M. P. Educação ambiental:

instrumento de mudança de percepção ambiental de catadores de materiais recicláveis

organizados em associação. REMOA - V. 13, N. 13: OUT - DEZ, p. 2797 – 280, 2013.

MARCOMIN. F. E. Discutindo a formação em educação ambiental na universidade: o debate e a

reflexão continuam. Rev. Eletrônica Mestr. Educ. Ambient. Rio Grande do Sul, v. especial, p.172-187,

Page 75: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

72

set, 2010.

MARSH, D.M. Flutuactions in amphibian populations: A meta - analysis. Biological Conservation.

101 (2001):P.327 - 335.

MENDES, Ednaldo do Nascimento et al. O uso de agrotóxicos por agricultores no município de

Tianguá-Ce. AGROPECUÁRIA CIENTÍFICA NO SEMIÁRIDO, v. 10, n. 1, p. 07-13, 2014.

MELAZO, G. C. Percepção Ambiental e Educação Ambiental: Uma reflexão sobre as relações

interpessoais e ambientais no espaço urbano. Olhares e Trilhas. Uberlândia-MG, Ano VI, n. 6, p. 45-51, 2005. Disponível em:

http://www.seer.ufu.br/index.php/olharesetrilhas/article/viewFile/3477/2560. Acesso em 18 de junho de

2013.

MMA, Ministério do Meio Ambiente. 2008. Programa de ação nacional de combate à

desertificação e mitigação dos efeitos da seca. PAN Brasil. 213 p

MORAES, G. J. (1981). Ácaros e insetos associados a algumas culturas irrigadas do Submédio São Francisco. Petrolina: EMBRAPA-CPATSA. 32 p. (EMBRAPA-CPATSA. Circular Técnica, 4).

MOREIRA, J. C., JACOB, S. C., PERES, F. et al. Avaliação integrada do impacto do uso de agrotóxicos

sobre a saúde humana em uma comunidade agrícola de Nova Frigurgo, RJ. Ciência e Saúde Coletiva, v. 7, n. 2, 2002.

MORIN, E. A. Cabeça Bem-Feita. São Paulo-SP: 12º Ed. Bertrand Brasil, 2006, 128p.

NETO M. V. B., ARAÚJO, M. S. B. FILHO, J. C. A. (2014). Land use and soil degradation in the

municipality of Itacuruba, Pernambuco, Brazil. Anais III Seminário Internacional Brasil – Alemanha. Uso sustentável de água e do solo de reservatórios em regiões semiáridas, Universidade

Federal de Pernambuco, Recife-PE. INNOVATE Status Conference.

NUNES, G. S.; RIBEIRO, M. L. Pesticidas: Uso, Legislação e Controle. Pesticidas. Ecotoxicologia e Meio Ambiente, Curitiba, v.9, p.31- 44, jan./dez.1999.

OLIVEIRA NETO, P. M. de; RIBEIRO, J. P. O. ARAÚJO, T. F. M. de; SOUZA, L. C. SOUSA JÚNIOR, S. P. de. LUCENA, R. F. P. de. 2012. CONHECIMENTO TRADICIONAL SOBRE

PRODUÇÃO AGRÍCOLA EM COMUNIDADES RURAIS NO SEMIÁRIDO PARAIBANO,

NORDESTE, BRASIL. Biofar – Revista de Biologia e Farmácia. Volume Especial. P 23-38.

ODUM, E. P.; BARRETT, G. W. Fundamentos de Ecologia. 5a ed. São Paulo: Thomson, 2007.

RIBEIRO-JÚNIOR, J.W. & BERTOLUCI, J. Anurans of the cerrado of the Estação Ecológica and

the Floresta Estadual de Assis, southeastern Brazil. Biota Neotrop., 9(1):

http://www.biotaneotropica.org.br/v9n1/en/abstract?inventory+bn0270901. 2009.

RIBEIRO, P. L. E NAVAS, C. A macrofisiologia e sua importância em estudos sobre mudanças

climáticas. Revista da Biologia 8, 1–4. 2012.

SANTOS-FITA, D. COSTA-NETO. E. M. As interações entre os seres humanos e os animais: a contribuição da etnozoologia Biotemas, 20 (4): 99-110, dezembro de 2007 ISSN 0103 – 1643.

SAMPAIO, Y. BATISTA, J. E. M. Desenvolvimento regional e pressões antrópicas no

bioma Caatinga. Livro: Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias para a

conservação/organizadores: – Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente:Universidade

Page 76: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

73

Federal de Pernambuco. Pág 311 a 346. 2003.

SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. F.; LUCIO, P. B.. Metodologia de pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill, 2006.

SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impactos ambientais: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de textos, 2008. 495 p.

SANTOS, E.M. & AMORIM, F.O. Parental care behaviour in Leptodactylus natalensis (Amphibia,

Anura, Leptodactylidae). Iheringia, Série. Zool. 96(4):491-494. 2006.

SANTOS, C. et al. 2012. Aspectos da sustentabilidade sócioeconômico dos agroecossistemas do

milho no estado de Sergipe. In: SIMPÓSIO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL, 2. 2012. São Cristóvão. Anais eletrônicos. São Cristóvão: NPGEO/UFS, 2012.

Disponível<files.gepru.com/20000008028f052ae14/ASPECTOS%20DA%20SUSTENTABILIDADE

%20S%C3%93CIOECON%C3%94MICO%20DOS.pdf>. Acesso em: 6 set. 2013.

SAUVÉ, L. Educação Ambiental: Possibilidades e Limitações. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31,

n. 2, p. 317-322. 2005.

SAZIMA, I. SAZIMA, C. SAZIMA, M (2009) A catch-all leguminous tree: Erythrina velutina visited

and pollinated by vertebrates at an oceanic island. Australian Journal of Botany 7:26-30.

SILVA, M. M. P.; LEITE, V. D. Estratégias para realização de educação ambiental em escolas do ensino

fundamental. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 20, p. 1-21, jan/jun. 2008.

SILVA, M. M. P.; RIBEIRO, L. A.; CAVALCANTE, L.P.S.; OLIVEIRA, A. G.; SOUZA, R. T. M.; OLIVEIRA, J. V. Quando educação ambiental faz diferença, vidas são transformadas. Revista

eletrônica de mestrado em educação ambiental. v.28, 2012.

SCATENA, L. M.; DUARTE, R de G. Como o produtor rural usa agrotóxicos. JBSE- Journal of The

Brazilian Society of Ecotoxicology, São Paulo, v. 1, n. 2, 191-194, 2006.

SODHI NS, EHRLICH PR. Conservation biology for all. 1 ed. Oxford University Press Oxford, UK.

2010.

SOUZA, T. J., AMORIM, M. C. C., NETO, J. A. S., SANTOS, E. F. N. Percepção dos frequentadores

de Área de Preservação Permanente em Petrolina-PE quanto ao meio ambiente e a degradação

ambiental. Revista Semiárido De Visu, v.2, n.3, p.317-325, 2012

SPRADLEY, J. P. & McCURDY, D. W. 1972. The cultural experience: ethnography in complex

society. Tennessee, Kingsport Press of Kingsport.

STEBBINS, R. C.; COHEN, N. W. A Natural History of Amphibians. New Jersey: University

Press,1995.

STUART, S.N. HOFFMAN, M. CHARSON, J.S. COX, N.A. BERRIDGE, R.J. RANANI, P. and youg, B.E. (eds), 2008. Threatened Amphibions of the world. Lynx \edicions, Barcelona, Spain. IUCN, Gland,

Switzerland, and conservation international, Arlington, Virginia, USA.

TÁCIO, M. B.; OLIVEIRA, M. L.; MACHADO NETO, J. G. Segurança no preparo de calda com

formulações líquidas de agrotóxicos para cultura da goiaba. Revista Brasileira de Fruticultura. v. 32, p.

726-735, 2010.

TEJEDO, M., MARANGONI, F., PERTOLDI, C., RICHTER-BOIX, A., LAURILA, A., ORIZAOLA,

Page 77: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

74

G., NICIEZA, A. G., ALVAREZ, D. E GOMEZ-MESTRE, I. Contrasting effects of environmental

factors during larval stage on morphological plasticity in post-metamorphic frogs. Climate

Research 43, 31–39, 2010.

TAVELLA, L. B. et al. O uso de agrotóxicos na agricultura e suas consequências toxicológicas e

ambientais. Agropecuária Científica no Semiárido, v. 7, n. 2, p. 06-12, 2012.

THIOLLENT, Michael. Metodologia da pesquisa-ação. 15ªed. São Paulo: Cortez, 2007. 134 p.

VALENCIA-AGUILAR, A., A.M. CORTÉS-GÓMEZ, AND C.A. RUIZ-AGUDELO. (2013). Ecosystem services provided by amphibians and reptiles in neotropical ecosystems. International

Journal of Biodiversity Science, Ecosystem Services and Management 9:257–272.

VAN-SLUYS, M. & ROCHA, C.F.D. 1998. Feeding habitats an microhabitats utilization by two syntopic Brazilian Amazonian frogs Hyla minuta and Pseudopaludicula sp. (gr. Falcipes). Rev. Bras.

Biol. = Braz. J. Biol. 58(4):559-562.

VALLEJO, J. R.; GONZÁLEZ, J. A. Los anfibios en la medicina popular española, la farmacopea

de Plinio y el Dioscórides. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, 2013.

VIERTLER, R. B. Métodos antropológicos como ferramenta para estudos em etnobiologia e

etnoecologia. In: AMOROZO, M. C. M.; MING, L. C.; SILVA, S. P. (Ed.). Métodos de coleta e análise

de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas correlatas. Rio Claro: Unesp. 2002. p. 31-46

VITOUSEK P.M, MOONEY H.A, LUBCHENCO J, MELILLO J.M. Human domination of Earth's

ecosystems. Science 277:494-499. 1997.

WELLS, K. D. The courtship of frogs. In: The Reproductive Biology of Amphibians New York: Plenum

Press, 1977.

Page 78: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

75

PRODUTO EDUCATIVO DA TESE

A Cartilha no formato de literatura de cordel, intitulada “Zé da Jia: Com caçote, sapo e

jia vamos salvar planta e gente”, é um produto educativo desta tese vinculada ao curso de

Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente/UFRN, desenvolvida em parceria com o

Innovate Project e a CAPES.

O principal objetivo da cartilha em forma de literatura de cordel é promover

conhecimentos ambientais, por meio de recursos lúdicos, proporcionando aos agricultores e

comunidades locais uma reflexão acerca do uso dos agroquímicos nas lavouras e a importância

dos anfíbios anuros no biocontrole natural de insetos pragas.

Este foi o único produto brasileiro do Projeto Innovate divulgado e distribuído na Final

Conference of the Sustainable Land Management Program 7-9 March 2016, em Berlin.

Este evento envolveu pesquisadores do Innovate Project e instituições parceiras.

As comunidades locais de Petrolândia e Itacuruba/PE participaram recentemente de

uma oficina sobre os resultados dos subprojetos que estão sendo finalizados e, nessa ocasião,

foram distribuídas as Cartilhas para os representantes de organizações comunitárias, com o

intuito de que as Cartilhas contribuirão para mudanças de atitudes em relação à conservação

dos recursos naturais, em especial dos anfíbios anuros, mediante as informações sobre as

consequências do uso dos agroquímicos nas lavouras, promovendo assim a conservação das

espécies de anfíbios anuros e a sustentabilidade de agroecossistemas de região semiárida do

nordeste brasileiro.

A cartilha encontra-se exposta a partir da página seguinte.

Page 79: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

76

Page 80: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

77

Page 81: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

78

Quem quiser saber que

suba no pico dessa

procura para entender que

agrotóxico causa doença e

tontura em quem quer tratar de

planta só cavando a

sepultura.

Qualquer que seja a

cultura tem controle

natural me dizia Zé da

Jia, no tom mais

professoral, pois anfíbio come

inseto no roçado ou no

quintal.

Tendo muito

bananal, me dizia o Zé

sabido, que o sapo estando por

perto o cascudo está

perdido, tendo rã na

bananeira lagarta já teve

havido.

Page 82: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

79

Page 83: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

80

Na hora, bem humorado,

Zé da Jia aconselhou:

mantenha o sapo e o caçote

do jeito que Deus criou,

não use veneno em planta,

nem pense que isso ajudou.

Seguindo, o Zé informou:

um grande equilíbrio existe

entre predador e presa

e a natura não desiste;

quem entender desse jeito

no biocontrole insiste.

Se não quiser ficar triste,

em ver camponês doente

atente para o que eu digo,

disse o Zé todo contente:

- “com sapo, rã e caçote

vamos salvar planta e gente.”

Page 84: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

81

Nessa hora a minha mente

quis dar um nó de verdade,

mas o Zé me explicou,

com muita simplicidade,

que seu nome Zé da Jia

vinha da finalidade.

Em uma localidade

muito rica em produção

de manga, coco e banana,

melancia e feijão,

Zé pode acompanhar

uma grande confusão.

Tendo pulverização

de veneno, todo dia,

parte da praga escapava,

enquanto a outra morria,

mas nada de eliminar

aquela que resistia.

Page 85: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

82

No meio da estripulia,

Zé pode então perceber

que, além de inseto praga,

viu muito bicho morrer,

inclusive o ser humano

depois de adoecer.

Disse logo, deve haver

jeito para contornar

essa coisa bagunçada

que aqui veio bagunçar,

assim teve uma ideia

que logo quis aplicar.

Com seu patrão foi falar

afim de fazer um teste,

agiu correndo, ligeiro,

feito um bom cabra da peste,

espalhando sapo e jia

norte sul, leste oeste.

Page 86: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

83

Com este gesto inconteste

de tirar o defensivo,

o patrão ficou ciente,

sem ficar apreensivo,

e começou a notar

mais planta e mais sapo vivo.

Com isso houve motivo,

segundo me disse Zé,

de mostrar que a medida

ia, de fato, dar pé,

e, assim, ia escapar

até o fumo do rapé.

Abrigado no boné,

Zé viu que mais produzia

a plantinha acompanhada

de sapo, caçote e jia

e desse dia em diante

pode colher com franquia.

Page 87: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

84

A vida ficou sadia,

disse a mim, em narrativa,

a escolha foi bacana

e a natureza é mais viva,

distante dos agrotóxicos

de quem muito foi cativa.

A mudança efetiva,

que ocorreu no ambiente,

mostrou sapo, rã e jia

com a força consequente

de controlar os insetos

que deixam planta doente.

Assim tive, finalmente,

a certeza que eu queria,

pois ambiente saudável

tem que ter a primazia

de sapo, jia e caçote

e o saber de Zé da Jia.

Page 88: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

90

APOIO CULTURAL

Page 89: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

91

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi de fundamental importância o desenvolvimento desta Tese como parte do

INNOVATE Project, projeto binacional Brasil-Alemanha, especificamente integrando o

subprojeto SP-4 - Biodiversidade e Serviços do Ecossistema, na região do reservatório de

Itaparica, médio Rio São Francisco, entre os Estados da Bahia e Pernambuco, por possibilitar

parceria internacional e uso de alguns dados secundários do Projeto como um todo. Destaca-

se ainda a importância de registrar o conhecimento local das comunidades agrícolas de

Petrolândia e Itacuruba/PE, situadas em área de Caatinga, no Estado de Pernambuco,

especialmente na região do Lago de Itaparica, Bacia do Rio São Francisco. Estas comunidades

inseridas no Domínio da Caatinga desenvolvem a agricultura como a principal atividade de

subsistência.

Para esta atividade os agricultores fazem uso das águas do Rio São Francisco, porém

Petrolândia se destaca por apresentar sistema de irrigação, e consequentemente um maior e

lucrativo sistema agrícola, diferentemente de Itacuruba onde as comunidades locais não

possuem sistema de irrigação, dificultando a prática da atividade agrícola. No entanto, ambas

as comunidades, por estarem inseridas no semiárido nordestino, enfrentam sérios problemas

com a estiagem e o desmatamento das áreas de Caatinga para o avanço da agricultura, fatos

que os obrigam a utilizar fertilizantes. Além disso, o uso excessivo de agroquímicos tem

contribuído para a modificação da paisagem nessa região, tendo em vista que estes tóxicos

influenciam diretamente na extinção de espécies da flora e da fauna.

Por meio do estudo da percepção ambiental, as comunidades locais de Petrolândia e

Itacurura/PE demonstraram conhecimento acerca de diferentes espécies de anfíbios anuros

existentes nas áreas agrícolas, além de suas importâncias para a conservação da biodiversidade

local e sustentabilidade dos agroecossistemas.

Durante as entrevistas aplicadas os agricultores demonstraram conhecimento acerca da

biologia dos anuros e reconhecimento à contribuição destes no equilíbrio ambiental por serem

úteis ao controle natural de insetos pragas, já que estes animais se alimentam quase que

exclusivamente de artrópodes. Por outro lado, em muitos momentos demonstraram sentimento

de repulsa e crença de que algumas espécies liberam substâncias tóxicas. Por isso, tornar os

agricultores locais parceiros no controle de pragas, em substituição dos agroquímicos, é o

principal desafio a ser superado, para possibilitar a sustentabilidade desses agroecossistemas

em região semiárida do nordeste brasileiro.

Nessa perspectiva, uma devolutiva desta Tese foi uma cartilha ilustrada, em formato de

literadura de cordel, a qual aborda a importância dos anfíbios anuros no controle natural de

Page 90: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

92

pragas agrícolas. Esta cartilha será distribuída nas associações, escolas e entidades

comunitárias das áreas agrícolas de Petrolândia e Itacuruba, como instrumento de

popularização da Ciência em prol da Conservação dos Anfíbios Anuros e sustentabilidade de

sistemas agrícolas do semiárido.

Page 91: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

93

4 REFERÊNCIAS

AB’SÁBER, A.N. 2003. Os domínios da natureza do Brasil - Potencialidades

paisagísticas. Ateliê, São Paulo.

AGUIAR-NETTO, A.de O.; GOMES, C.C.S.; LINS, C.C.V.; BARROS, A.C.; CAMPECHE,

L.F. de S.M.; BLANCO, F.F. 2007. Características químicas e salino-sodicidade dos solos

do Perímetro Irrigado Califórnia, SE, Brasil. Ciência Rural, Santa Maria, v.37, n.6, p.1640-

1645.

ALBUQUERQUE, U. P. de. 2006. Reexamining hypotheses concerning the use and

knowledge of medicinal plants: a study in the Caatinga vegetation of NE Brazil

Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, 2:30.

ALBUQUERQUE, U.P.; Araújo, E.L. (2012) El-Deir, A.C.A. et al. Conservation of na

Important Seasonal Dry Forest. The Scientificworld Journal. 18 pages.

ALVES, R. R. N, ALBUQUERQUE, U. P. 2012. Ethnobiology and conservation: Why do

we need a new journal? Ethnobiology and Conservation. ISSN 2238-4782

ALBUQUERQUE, U.P. MEDEIROS, P. 2013. Introdução à etnobiologia de bases

ecológicas e evolutivas. In Albuquerque UP (ed) Etnobiologia: bases ecológicas e evolutivas.

Nupeea, Recife.

ALVES. G. P. F. RAMOS. R. da N. 2007. Commercialization and use of snakes in North

and Northeastern Brazil: implications for conservation and management. Biodivers

Conserv 16:969–985 DOI 10.1007/s10531-006-9036-7

ALVES et al. O. 2009. Almeida Reptiles used for medicinal and magic religious purposes

in Brazil Applied Herpetology 6, 257–274.

ALVES, R.R.N. (2009): Fauna used in popular medicine in Northeast Brazil. J.

Ethnobiol. Ethnomed.5: 1.

ALVES, R. R.N. NETO, N. A. L. SANTANA, G. G. VIEIRA, W. L.S. ALMEIDA, W.

O. 2009. Reptiles used for medicinal and magic religious purposes in Brazil. Applied

Herpetology 6 257–274. Koninklijke Brill NV, Leiden.

ALVES, R.R.N., PEREIRA-FILHO, G.A. (2007): Commercialization and use of snakes

on North and Northeastern Brazil: implications for conservation and management.

Biodivers. Conserv. 16: 969-985.

ALVES, R. R. N. SOUTO, W. M. S. 2010. Etnozooologia: Conceitos, considerações

históricas e importância. Livro: Etnozoologia no Brasil: Importância, status atual e

perspectivas. Cap1, pag 19-40. Vol 4/ Série: Estudos e Avanços. Refice/PE: NUPEEA.

ALVES, R. R. N. PEREIRA-FILHO, G. A. VIEIRA, K. S. SANTANA, G. G.

ALMEIDA, W. O. 2010. Répteis e as populações humanas no Brasil: Uma abordagem

etnoherpetológica. Livro: Etnozoologia no Brasil: Importância, status atual e

perspectivas. Cap 6, pag 123-147. Vol 4/ Série: Estudos e Avanços. Refice/PE: NUPEEA.

Page 92: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

94

ALMEIDA, C.F.C.B. & Albuquerque, U.P. 2002. Uso econservação de plantas e

animais medicinais no estado de Pernambuco (Nordeste do Brasil): um estudo de caso.

Interciencia 26(6): 276-285.

ALTIERI, M. 1989. Agroecologia: As bases cientificas da agricultura alternativa. Rio de

Janeiro: PTA/ FASE.

ANDERSON, E.N. 2011. Ethnobiology: overview of a growing field. In Anderson EN,

Pearsall D, Hunn E, Turner N (eds) Ethnobiology. Wiley-Blackwell, New Jersey.

ARAUJO, H. F. P.; LUCENA, R. F. P.; MOURÃO, J. S. 2005. Prenúncio de chuvas pelas

aves numa percepção etnoecológica de moradores de comunidades rurais no município

de Soledade -PB, Nordeste - Brasil. Interciencia (Caracas), v. 30, n.12, p. 764-769.

ARAÚJO, M. B., $UILLER, W. E PEARSON, R. G. (2006). Climate warming and

the decline of amphibians and reptiles in Europe. Journal of Biogeography 33, 1712– 1728.

ÁVILA, R.W. & FERREIRA, V.L. 2004. Richness of species and density of vocalization

of anurans in an urban area of Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brazil. Rev. Bras. Zool.

21(4):887-892.

BARBOSA, F. A. R. 2001. Nova abordagem para a Ecologia e Conservação non Brasil. In:

GARAY, Irene & DIAS, Bráulio. Conservação da biodiversidade em ecossistemas tropicais.

Petrópolis: Vozes. p. 43-58.

BAILEY, K. D. 1982. Methods of social research. New York, USA: McMillan Publishers,

The Free Press. 553p.

BARBOSA, M. R. de V. LIMA, I. B. LIMA, J. R. CUNHA, J. P. AGRA, M.

F.THOMAS, W. W. 2007. Vegetation and flora in the Cariri region of Paraíba. Oecologia

Australis, Vol 11, No 3. ISSN 2177-6199.

BARBOSA, A.R. NISHIDA, A. K. COSTA, E. S. CAZÉ, A. L, R. 2007. Abordagem

etnoherpetologica de São José da Mata Paraíba/ Brasil. Revista de Biologia e Ciências da

Terra. Segundo semestre, ano/vol 7, número 002. Universidade Estadual da Paraíba, Campina

Grande/Brasil.

BARROS. S.J. 2005. Sapos e seres humanos: uma relação de preconceitos? Núcleo de

Estudos Integrados Sobre Agricultura Familiar – NEAF. Programa de Pós-Graduação

em Agriculturas Amazônicas –MAFDS. Universidade Federal do Pará.

BECKER, C. D. & GHIMIRE, K. 2003. Synergy between traditional ecological knowledge

and conservation science supports forest preservation in Ecuador. Conservation Ecology,

8 (1): 1.

BEGOSSI, A.; HANAZAKI, N. & SILVANO, R. A. M. 2002. Ecologia Humana,

Etnoecologia e Conservação. In: Amorozo, M. C. de M.; MING, L. C. & SILVA, S. M. P.

(Eds.). Métodos de coleta e análise de dados em Etnobiologia, Etnoecologia e disciplinas

correlatas. Rio Claro: Anais do I Seminário de Etnobiologia e Etnoecologia do Sudeste, pp. 93-

127.

Page 93: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

95

BERNARDE, P.S. & ANJOS, L. 1999. Distribuição espacial e temporal da anurofauna

no Parque Estadual Mata dos Godoy, Londrina, Paraná, Brasil (Amphibia: Anura).

Comum. Mus. Cienc. PUCRS, Ser. Zool. 12:127-140.

BEGOSSI, A., SILVANO, R.A.M., AMARAL, B.D. 1999: Uses of fish and game by

inhabitants of an Extractive Reserve (Upper Juruá, Acre, Brazil). Environ. Dev.

Sustain. 1: 73-93.

BERLIN, B. 2006. The fi rst congress of ethnozoological nomenclature. Journal of the Royal

Anthopological Institute, N.S.: 23-44.

BLAUSTEIN, A.R. & WAKE, D.B. 1995. The puzzle of declining amphibian

populations. Sci. Am. 272(4):52-57.

BORGES-NOJOSA, D.; SANTOS, E. M. 2005. Herpetofauna da área de Betânia e

Floresta, Pernambuco. In: Araújo, F. S.; Rodal, M. J. N. & Barbosa, M. R. V. (Eds). Análise

das variações da biodiversidade do Bioma Caatinga – Suporte a estratégias regionais de

conservação. Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas,

Brasília, Brasil, p.276-289.

BRANDT, R. 2012. Mudanças climáticas e os lagartos brasileiros sob a perspectiva da

historia de vida. Revista da Biologia 8, 15–18.

BRASIL. 2 0 0 2 . Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Recursos Hídricos.

Avaliação das águas do Brasil. Brasília. 86 p.

CALAMIA, M. A. 1999. A methodology for incorporating traditional ecological

knowledge with geographic information systems for marine resource management in the

Pacific.TRADITIONAL. Number 10 — February.

CALÓ, C. F. F. SCHIAVETTI. A.; CETRA, M. 2009. Local ecological and taxonomic

knowledge of snapper fish (Teleostei: Actinopterygii) held by fishermen in Ilhéus, Bahia,

Brazil. Neotrop. ichthyol. vol.7 no.3 Porto Alegre Sept.

CAMPOS, M. D’OLNE. 2 0 0 2 . Etnociência ou Etnografia do saber, técnicas e

práticas? Métodos, coletas e analises de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas

correlatas. Anais UNESP/CNPq, Rio Claro, SP. Págs 47-91.

CAMPOS, J.N.B. & STUDART, T.M.C. 1 9 9 7 . Droughts and water policy in

Northeast of Brazil: back ground and rationale: water policy. Universidade de São Paulo,

São Paulo. Vol. 11(29): 127-154.

CASSEMIRO, F. A. S., GOUVEIA, S. F. E DINIZ-FILHO, J. A. F. 2012. Distribuição

de Rhinella granulosa: integrando envelopes bioclimáticos e respostas ecofisiológicas. Revista da Biologia 8, 38–44.

CASTELLETTI, C. H. M. SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M.; SANTOS, A.M.M. 2005.

Quanto ainda resta da Caatinga? Uma estimativa preliminar. In: LEAL, Inara R.;

TABARELLI, M.; SILVA, J. M.C. (Eds.). Ecologia e Conservação da Caatinga. 2ª ed. Recife:

Editora Universitária da UFPE. p. 719-734.

CASTRO, E: Território, biodiversidade e saberes de populações tradicionais.

Page 94: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

96

InEtnconservação: novo rumos para a proteção da natureza nos trópicos. São Paulo: Nupaub

– USP; 2000::165-182.

COSTA-NETO, E. M. 2000. Conhecimento e usos tradicionais de recursos faunísticos por uma

comunidade afrobrasileira. Resultados preliminares. Interciencia, 25 (9): 423- 431.

CERÍACO, L, M, P. Human atitudes towards herpetofauna how preferences, fear and

beliefs can influence the conservation of reptiles and amphibian. Dissertação

apresentada para obtenção de mestre em biologia da conservação. Universidade de Évora.

164pp, 2010.

CIRILO, J.A., GÓES, V.C. & ASFORA, M.C. Integração das águas superficiais e

subterrâneas. In: Cirilo, J.A., Cabral, J.J.S.P., Ferreira, J.P.L., Oliveira, M.J.P.M., Leitão,

T.E., Montenegro, S.M.G.L. & Góes, V.C. (orgs.). O uso sustentável dos recursos hídricos

em regiões semi-áridas. ABRH, Editora Universitária da Universidade Federal de

Pernambuco. p. 167-175. 2007.

CLOSEL, M. B. E KOHLSDORF, T. (2012). Mudancas climáticas e fossorialidade:

implicacoes para a herpetofauna subterranean. Revista da Biologia 8, 19–24.

COLLINS, J.P. & STORFER, A. 2003. Global amphibian declines: sorting the hypotheses.

Divers. Distrib. 9:89-98.

COLLINS, J. P. E CRUMP, M. L. (2009). Extinction in our times: global amphibian

decline. Oxford University Press, New York, NY, USA. 304pp.

COMBESSIE, J. C. 2004. O método em sociologia o que é, como se faz. São Paulo, Ed.

Loyola.

CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia: alguns conceitos e princípios.

Brasília: MDA/SAF/DATER/IICA, 2004.

CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: Ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix,

2002.

CARNEIRO, F. F.; RIGOTTO, R. M.; PIGNATI, W.. Frutas, cereais e carne do Sul:

agrotóxicos e conflitos ambientais no agronegócio no Brasil. e-cadernos ces, n. 17, 2.

CARVALHO, C.B., FREITAS, E. B., FARIA, R.G., BATISTA, R.C., BATISTA, C.C.,

COELHO, W.A. & BOCCHIGLIERI, A. Natural history of Leptodactylus mystacinus and

Leptodactylus fuscus (Anura: Leptodactylidae) in the Cerrado of Central Brazil. Biota

Neotrop. 8(3), 2008.

CERIACO, L. SAMPAIO, M. A. CLARO, J. C. Values, Perceptions and the Conservation

of Reptilies and Amphibians. Human atittudes towards herpetofauna. Dissertação de

mestrado em Biologia da Conservação não publicada. Évora. Universidade de Évora. 2010.

CORRÊA, R. M., FREIRE, M. B. G. S., FERREIRA, R. L., SILVA, J. A. A., PESSOA, L. G.,

MIRANDA, M. A., & MELO, D. V. M. (2010). Atributos físicos de solos sob diferentes usos

com irrigação no semiárido de Pernambuco. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e

Ambiental, 14, 358-365.

Page 95: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

97

COSTA, T.C.C.; ACCIOLY, L.J.O.; OLIVEIRA, M.A.J.; BURGOS, N.; SILVA, F.H.B.B.

Phytomas mapping of the “seridó caatinga” vegetation by the plant area and the normalized

difference vegetation indeces. Scientia Agricola, v. 59, n. , p. 707-715,

2002.

COSTA, T. C. C.; OLIVEIRA, M. A. J.; ACCIOLY, L. J. O. & SILVA, F. H. B. B. 2009.

Análise da degradação da caatinga no núcleo de desertificação do Seridó (RN/PB). Revista

Brasileira de Engenharia Agrícola Ambiental, v.13 (Suplemento), p.961-974

COSTA-NETO, E. M.; MARQUES, J. G. W. 2000. Faunistic resources used as medicines

by artisanal fishermen from Siribinha Beach, State of Bahia, Brazil. J Ethnobiol, v. 20,

p. 93–109.

COSTA NETO, E. M.; RESENDE, J. J. 2004. A percepção de animais como “insetos” e sua

utilização como recursos medicinais na cidade de Feira de Santana, Estado da Bahia,

Brasil. Acta Scientiarum. Biological Sciences. Maringá, v. 26, no. 2, p. 143-149.

COSTA, T.R.N., CARNAVAL, A.C.O.Q., TOLEDO, L.F. 2012. Mudanças climáticas e seus

impactos sobre os anfíbios brasileiros. Revista da Biologia 8, 33–37.

COULON, A. 1995. Etnometodologia. Petrópolis: Vozes. 134 p.

D`ALPUIM J. P. A. D`AGORRETA, S. L. P., SANTOS K. F., BILICH, F. B. 2008 ANÁLISE

DO ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO DOS PEQUENOS PRODUTORES DOS

PERÍMETROS IRRIGADOS DO VALE DO SÃO FRANCISCO. II Colóquio Sociedade,

Políticas Públicas, Cultura e Desenvolvimento-CEURCA, ISSN 2316-3089. Universidade

Regional do Cariri-URCA, Crato-Ceará-Brasil.

DIEGUES, A. C. 2000. A etnoconservação da natureza. In: (Org.). Etnoconservação: novos

rumos para a proteção da natureza nos trópicos. 2. ed. São Paulo: Hucitec e NUPAUB, p. 1-46.

DUELLMAN, W.E. & L.TRUEB. 1994. Biologyof Amphibians. Baltimore. The Johns

Hopkins University Press.

ESBÉRARD, C. E. L.; Vrcibradic, D. 2007. Snakes preying on bats: New records from

Brazil and a review of recorded cases in the Neotropical Region. Revista Brasileira de

Zoologia 24 (3): 949- 953.

ETEROVICK, P.C. & SAZIMA, I. 2004. Anfíbios da Serra do Cipó. Ed. PUC Minas,

Belo Horizonte.

FARIAS, G.B. 2007. Avifauna em quatro áreas de caatinga strictu senso no centro-oeste

de Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Ornitologia, 15 (1) 53-60.

FERNANDES, J. G. 2008. Caracterização de águas e solos do Perímetro Irrigado

Cachoeira II, Serra Talhada/PE. 77p. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) –

Universidade Federal Rural de Pernambuco, Departamento de Agronomia, Recife, PE.

FIGUEIREDO, L. F. G. 2000. Sistema de apoio multicritérios para aperfeiçoamento de

Mapas de sensibilidade ambiental ao derrame de petróleo em Região costeira do estado

de Santa Catarina. Um método que integra MCDA e Geoprocessamento para Planejar e

avaliar mapas de sensibilidade ambiental. Tese submetida à Universidade Federal de Santa

Page 96: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

98

Catarina para obtenção do título de Doutor em Engenharia de Produção. Florianópolis - Santa

Catarina.

FRANCO, E.A.P. 2005. A diversidade etnobotânica no quilombo Olho d'água dos Pires,

Esperantina, Piauí, Brasil. 2005. 104p. Dissertação (Mestrado - Área de concentração em

Desenvolvimento e Meio Ambiente) - PRODEMA, Universidade Federal de Piauí, Teresina.

FROST, D. R. 2009. Amphibian species of the world: An online reference. Version 5.3

(12 February, 2009). American Museum of Natural History, New York, USA. Disponível

em <http://research.amnh.org/herpetology/amphibia>. Acesso em 20 de abril de 2013.

FROST, D.R. 2011. Amphibian Species of the World: an Online Reference. version 5.5.

http://research.amnh.org/herpetology/amphibia/ (Acesso em 15/09/2014).

GARCIA, G.F.C. 2006. The mother – child nexus. Knowledge and valuantion of wild food

plants in Wayanad, Western Ghats, India. Juornal of Ethnobiology and Ethnomedicine

2(39).

GARCIA, P., DE A., & VINICIPROVA, G. 2003. Anfíbios In: Livro Vermelho da Fauna

ameaçada de extinção no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Edipucrs, p. 147 - 164.

GILMAN, S.E., WETHEY, D.S. E HELMUTH, B. 2006. Variation in the sensitivity of

organismal body temperature to climate change over local and geographic scales.

Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 103, 9560–

9565.

GOUVEIA, S. F.; ROCHA, P. A.; MILKALAUSKAS, J. S.; SILVEIRA, V. V. 2009.

Rhinella jimi (Cururu toad) and Leptodactylus vastus (Northeastern pepper frog).

Predation on bats. Herpetological Review, 40: 210.

HADDAD, C. F. B. 1998. Biodiversidade dos anfíbios do Estado de São Paulo. p. 17 - 26.

In: Castro, R. M. C. (ed.) Biodiversidade do Estado de São Paulo: Síntese do conhecimento ao

final do século XX - 6: Vertebrados. FAPESP. São Paulo.

HEVER, W. R. et al., 1 9 9 4 . Measuring ands monitoring biological diversity.

Standard methods for Amphibians. Washington. Smithsonian Institution Press. U.S.A.

HADDAD, C.F.B. & PRADO, C.P.A. Reproductive modes in frogs and their unexpected

diversity in the Atlantic forest of Brazil. Bioscience 55(3):207-217. 2005.

HADDAD, C.F.B. & SAWAYA, R.J. 2000. Reproductive modes of Atlantic Forest

hylid frogs: a general overview and the description of a new mode. Biotropica

32(4b):862-871.

HADDAD, C. F. B., GIOVANELLI, J. G. R. E ALEXANDRINO, J. 2008. O

aquecimento global e seus efeitos na distribuição e declínio dos anfíbios. In: Marcos S. Buckeridge. (Org.). Biologia e Mudanças Climáticas no Brasil. 1 ed. São Carlos SP: Rima

Editora. p. 195-206

HANAZAKI, N; ALVES, R & BEGOSSI, A. 2009. Hunting and use of terrestrial fauna

used by Caiçaras from the Atlantic Forest coast (Brazil). Journal of Ethnobiiology and

Ethnomedicine 5(1): 1-36.

Page 97: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

99

HAUFF, S. N. 2008 . Unidades de Conservação e Terras Indígenas do bioma Caatinga.

The Nature Conservancy e Ministériodo Meio Ambiente. Brasília.

HOFFMANN, M., HILTON-TAYLOR, C., ANGULO, A. E COL. (mais de 100

autores). 2010. Impact of conservation on the status of the world’s vertebrates. Science

330 (6010), 1503-1509.

HOULAHAN, J.E., FINDLAY, C.S., SCHMIDT, B.R., MEYER, A.H. & KUZMIN, S.L.

2000. Quantitative evidence for global amphibian population declines. Nature

404(6779):752-755

HEROLD, E. MACHADO, R. A. S. NAZAR, M. L. 2007. Zoneamento do uso e ocupação

territorial como ferramenta de planificação para o desenvolvimento social, econômico

e ambiental em municípios de vocação extrativista - O caso de Salinas da Margarida-

BA. Anais XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, Florianópolis, Brasil, 21-

26 abril, INPE, p. 3975-3982.

HEYER, W. R. et al., 1994. Measuring and monitoring biological diversity. Standard

methods for Amphibians. Washington. Smithsonian Institution Press. U.S.A.

JÚNIOR, S. B. de O; SATO, M. 2006. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E

ETNOCONHECIMENTO: PARCEIROS PARA A CONSERVAÇÃO DA

DIVERSIDADE DE AVES PANTANEIRAS* Revista Ambiente & Educação, FURG/RS,

vol. 11.

KATZENBERGER, M., TEJEDO, M., DUARTE, H., MARANGONI, F., E BELTRAN, J. F.

2012. Tolerância e sensibilidade térmica em anfíbios. Revista da Biologia 8, 25–32.

KAUFFMAN J. B.; SANFORD, R.L.; CUMMINGS, D.L.; SALCEDO, I.H.; SAMPAIO,

E.V.S.B. 1993. Biomass and nutrient dynamics associated with slash fires in neotropical

dry forests. Ecology, v. 74, n. 1, p. 140-151.

KUSTER, A.; MARTÍ, J. F.; MOTA, N. R.; NETO, A.; PEREIRA, I.; MOTA, N. F. 2008.

Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado. Agroecologia: plante esta ideia. Fortaleza:

Fundação Konrad Adenauer.

LEAL, I.R. TABEPELLI, M. SILVA, J.M.C. 2003 Ecologia e conservação da Caatinga.

Prefacio de Marcos Luiz Barroso Barros. Recife, Ed. Universitária da UFPE.

LEÃO, A.B.; CHAVES, L.H.G.; CHAVES, I. de B.; GUERRA, GUERRA, H.O.C.;

ANDRADE, A.R.S. de. 2009. Variabilidade espacial da salinidade do solo no Perímetro

Irrigado Engenheiro Arcoverde, Condado, PB. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do

Pinhal , v. 6, n. 3, p. 404-421.

LEFF E. 2002. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez.

LEO NETO N.A, MOURÃO JS, ALVES R.R.N. 2011. “It all begins with the head’’:

initiation rituals and the symbolic conceptions of animals in Candomblé. Journal of

Ethnobiology 31:244–261.

LEO NETO N.A, VOEKS R.A, DIAS T.L.P, ALVES R.R.N. 2012 Mollusks of

Page 98: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

100

Candomble: symbolic and ritualistic importance. Journal of Ethnobiology and

Ethnomedicine 8:10.

LEVIN, J. 1987. Correlação. Em: Estatística aplicada a ciências humanas. (pp. 276-316).

São Paulo: Habra.

LÉVIS-STRAUSS C. 1997: O Pensamento Selvagem. 2nd edition. Campinas, SP: Papirus.

LINGNAU, R.; Zank, C.; Colombo, P.; Kwet, A. 2013. Vocalization of Hylodes

meridionalis(Mertens 1927) (Anura, Hylodidae) in Rio Grande do Sul, Brazil, with

comments on nocturnal calling in the family Hylodidae. Studies on Neotropical Fauna and

Environment 48: 76-80.

MACIEL, D.C. & ALVES, A.G.C. 2009. Conhecimento e práticas locais relacionados ao

aratu Goniopsis cruentata (Latreille, 1803) em Barra de Sirinhaém, litoral sul de

Permambuco, Brasil. Biote neotropical 9: 29-36.

MAGNUSSON, W.E. & J. HERO. 1991. Predation and the evolution of complex

oviposition behaviour in Amazon rainforest frogs. Oecologia, Heidelberg, 86: 310-318

MMA, Ministério do Meio Ambiente. 2004. Programa de ação nacional de combate à

desertificação e mitigação dos efeitos da seca. PAN Brasil. 213 p

MANTOVANI, E. C.; BERNARDO, S.; PALARETTI, L. F. 2007. Irrigação - Princípios e

Métodos. 2a. Ed.Viçosa: Editora UFV, 358p.

MARQUES, J. G. W. 1995. Pescando pescadores: ciência e etnociência em uma

perspectiva ecológica. 2. ed. São Paulo, Brasil: NUPAUB/ USP, 304p.

MARQUES, J. G. W. 2001. Pescando pescadores. São Paulo: NUPAUB. 1. 258 p.

MARQUES, J. G. W. 2000. Da gargalhada ao pranto. Inserção Etnoecológica da

vocalização de aves em ecossistemas rurais do Brasil. Tese para professor titular

apresentada à Universidade Estadual de Feira de Santana.

MARQUES, J. F.; et al. 2003. Indicadores de sustentabilidade em agroecossistemas.

Jaguariúna, SP: Embrapa Meio Ambiente.

MARIN, A.A.; OLIVEIRA, H.T.; COMAR, V. 2003. A educação ambiental num contexto

de complexidade do campo teórico da percepção. Interciencia, v.28, n.10, p.616-9, 2003.

MARENGO, J. A. 2 0 0 6 . Mudanças climáticas globais e seus efeitos sobre a

biodiversidade: caracterização do clima atual e definição das alterações climáticas para

o território brasileiro ao longo do século XXI, 212 p.: il. color ; 21 cm. (Série

Biodiversidade, v. 26), Brasília: MMA.

MARSH, D.M. 2012 Flutuactions in amphibian populations: a meta - analysis. Biological

Conservation. 101: P.327 - 335.

MATALLO JR., H. 2000.A desertificação no Brasil. In: OLIVEIRA, T. S.; ASSIS JR.

R. N.; ROMERO, R. E.; SILVA, J. R. C. (Org.). Agricultura, sustentabilidade e o semi-

árido. Fortaleza: UFC/Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. P. 322- 328.

Page 99: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

101

MENEZES, R. SOUZA, B. I. 2011. Manejo sustentável dos recursos naturais em uma

comunidade rural do semiárido nordestino. Cadernos do Logepa. João Pessoa. v. 6, n. 1, p.

41‐57.

MONTENEGRO, S. C. S. 2002. A conexão homem/camarão (Macrobrachium carcinus e

M. acanthurus no baixo São Francisco alagoano: uma abordagem etnoecológica. 2002.

210f. Tese (Doutoramento em Ecologia e Recursos Naturais). Programa de Pós- Graduação

em Ecologia e Recursos Naturais. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP.

MONTEIRO, J.M.; ALBUQUERQUE, U.P.; LINS-NETO, E.MF.; ARAÚJO. E.L. &

AMORIM, E.L. C. 2006. Use patterns and knowledge of medicinal species among two rural

communities in Brazil’s semi-arid northeastern region. Journal of ethnopharmacology 105:

173-186.

MOURÃO, J. S.; NORDI, N. 2006. Pescadores, peixes, espaço e tempo: uma abordagem

etnoecológica. Interciência, Caracas, v. 31, n. 5, p.17.

MOURÃO, J. S.; ARAUJO, H. F. P.; ALMEIDA, F. S. 2006. Ethnotaxonomy of mastofauna

as practised by hunters of the municipality of Paulista, state of Paraíba-Brazil. Disponível

em <http://www.ethnobiomed.com/content/2/1/19.

NARVARES, P. e Rodrigues, M. T. 2009. Taxonomic revision of Rhinella granulosa species group (Amphibia, Anura, Bufonidae), with a description of a new species.

Arquivos de Zoologia 40, 1‑73.

NAVAS, C. A., Antoniazzi, M. M., Carvalho, J. E., Suzuki, H. e Jared, C. 2007.

Physiological basis for diurnal activity in dispersing juvenile Bufo granulosus in the

Caatinga, a Brazilian semi-arid environment. Comparative biochemistry and physiology.

Part A, 147, 647-657.

OLIVEIRA, I., & SILVA, M. 2007. Educação Ambiental em comunidade eclesial de base

na cidade de Campina Grande: contribuição para o processo de mobilização

social. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, 18, 212-231.

OLIVEIRA, J.A., P.R. Gonçalves & C.R. Bonvicino. 2003. Mamíferos da Caatinga. In

I.R. Leal, M. Tabarelli & J.M.C. Silva (eds.). Ecologia e conservação da Caatinga. pp.

275-333. Editora Universitária, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil.

I.S.

PAILLER, S.; WAGNER, J. E.; MCPEAK, J. G. & FLOYD, D. W. 2009. Identifying

conservation opportunities among Malinké Bushmeat hunters of Guinea, West Africa.

Human Ecology, 37: 761-774.

PEDRINI, A. G. et al. 1997. Educação Ambiental: Reflexões e práticas contemporâneas.

Petrópolis: Vozes.

PEREIRA, B. E.; DIEGUES, A. C. 2010. Conhecimento de populações tradicionais como

possibilidade de conservação da natureza: uma reflexão sobre a perspectiva da

etnoconservação. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 22, p. 37-50, jul./dez. Editora UFPR.

Page 100: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

102

PEREIRA, E. & QUEIROZ, I. C. F. 2009. Sistelo: um estudo participativo numa freguesia

de montanha. In: Pereira, H. M.; Domingos, T.; Vicente, L. & Proença, V. (Eds.). Ecossistemas

e Bem-Estar Humano: Avaliação para Portugal do Millennium Ecosystem Assessment. Lisboa:

Escolar Editora, pp.585-635.

POMBAL Jr, J.P. & GORDO, M. 2004. Anfíbios anuros da Juréia. In Estação Ecológica

Juréia-Itatins: Ambiente físico, flora e fauna (O.A.V. Marques & W. Duleba, eds.). Editora

Holos, Ribeirão Preto, p.243-256.

POUGH, I. HARVEY, F. 1998. Hepertology. Library of congress cataloging-in-publication,

Prentice-Holl, New Jarsey.

POSEY DA: Etnobiologia e ciência de folk: sua importância para a Amazônia.

Tübinger Geographische Study 1987, 95:95-108

Projeto Base Contínua Escala 1:100.000 do Estado de Pernambuco. Disponível em:

ftp://geoftp.ibge.gov.br/imagens_orbitais/ (acesso no dia 25.07.2013)

QUEIROZ, E.U. MARINHO, J.R. 2009. Estrutura da comunidade de anuros em um

fragmento florestal no município de Erechim, RS. Anais do III Congresso Latino Americano

de Ecologia, São Lourenço/MG.

RIBEIRO, P. L. E NAVAS, C. (2012). A macrofisiologia e sua importancia em estudos

sobre mudanças climáticas. Revista da Biologia 8, 1–4.

RODRIGUE, A. N .E. J.DEF.L.SANTOS B, S.M.SOUZA C, J.H.G.LAGO. 2012. The

mystery of the ‘resin-of-canuaru’: A medicine used by caboclos river-dwellers of the

Amazon, Amazonas, Brazil. Ethnopharmacological communication. Journal of

Ethnopharmacology 144/ 806–808.

RODRIGUES, M. T. 2003. Herpetofauna da Caatinga. Cap. 4. In LEAL, I. R,

TABARELLI, M., SILVA, J.M.C. Ecologia e Conservação da Caatinga. Recife: UFPE. 180p.

ROSA, C. M. M. MENDES, C. F. S. 2013. FLORESTAS DO BRASIL em resumo - dados

de 2007-2012. / Cap. Os Biomas Brasileiros e suas Floresta a Caatinga . pág 56-58. Serviço

Florestal Brasileiro. – Brasília: SFB, 20133. 188 p., il.; 2013.

SÁ-NETO, R.J. ; MARINHO-FILHO, J. 2013. Bats in fragments of xeric woodland

caatinga in Brazilian semiarid. Journal of Arid Environments, Vol.90, pp.88-94. ISSN:

0140-1963.

SANTOS, G. E. O. Cálculo amostral: calculadora on-line. Disponível em:

<http://www.calculoamostral.vai.la>. Acesso em: 20/05/2013.

SANTOS-FITA, D. COSTA-NETO. E. M. As interações entre os seres humanos e os

animais: a contribuição da etnozoologia Biotemas, 20 (4): 99-110, dezembro de 2007 ISSN

0103 – 1643.

SANTOS, E.M. & AMORIM, F.O. 2006. Parental care behaviour in Leptodactylus

natalensis (Amphibia, Anura, Leptodactylidae). Iheringia, Série. Zool. 96(4):491-494.

Page 101: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

103

SAMPAIO, Y.; SAMPAIO, E.V.S.B. 2002. A economia do semi-árido pernambucano e

seu potencial de crescimento. In: TEUCHLER, H. & MOURA, A.S. Quanto vale a caatinga?

Fortaleza: Fundação Konrad Adenauer. p. 14-43.

SAMPAIO, Y. BATISTA, J. E. M. 2003. Desenvolvimento regional e pressões

antrópicas no bioma Caatinga. Livro: Biodiversidade da caatinga: áreas e ações prioritárias

para a conservação/organizadores: – Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente:

Universidade Federal de Pernambuco. Pág 311 a 346.

SAMPAIO, E.V.S.B.; ARAÚJO, M. do S.B.; SAMPAIO, Y.S.B. 2005. Impactos ambientais

da agricultura no processo de desertificação no Nordeste do Brasil. Revista de Geografia.

v. 22, n. 1.

SANTOS, C. et al. 2012. Aspectos da sustentabilidade sócioeconômico dos

agroecossistemas do milho no estado de Sergipe. In: SIMPÓSIO REGIONAL DE

DESENVOLVIMENTO RURAL, 2. 2012. São Cristóvão. Anais eletrônicos. São Cristóvão:

NPGEO/UFS, 2012.

Disponível<files.gepru.com/20000008028f052ae14/ASPECTOS%20DA%20SUSTENTABIL

IDADE%20S%C3%93CIOECON%C3%94MICO%20DOS.pdf>. Acesso em: 6 set. 2013.

SANTOS, A. S. et al. 2011. "11241-Agroecossistema um modelo de sustentabilidade: Sítio

Almeida município de Lagoa Seca, PB." Cadernos de Agroecologia 6.2.

SATO, M.; PASSOS, L. A. 2002. BIORREGIONALISMO: Identidade Histórica e

Caminhos para a Cidadania. In: SATO, Michèle (Coord.). Sentidos Pantaneiros:

Movimentos do Projeto Mimoso. KCM: Cuiabá. p. 10-33.

SAUER, C. A 1998. morfologia da paisagem. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Z. (Eds).

Paisagem, Tempo e Cultura. Rio de Janeiro: Editora UERJ. p. 12 - 74.

SILVA, J. G. da. 1981. Progresso técnico e relações de trabalho na agricultura. São Paulo:

Hucitec.

SILVA, J. G. da. 2001. O que é a questão agrária. São Paulo: Brasiliense.

SILVA, J. G. da. 2003. Tecnologia e agricultura familiar. Porto Alegre: Editora da UFRGS.

SILVA, R. M. A. 2006. Entre o combate à seca e a convivência com o Semi-árido:

transições paradigmáticas e sustentabilidade do desenvolvimento. (Tese de Doutorado).

Brasília: Centro de Desenvolvimento Sustentável/UNB. 298p.

SILVA, R. J. VIEIRA, L. C. G. PINTO, M. P. 2006. Malha rodoviária e conflitos de

conservação alha no cerrado: um estudo para a preservação de anfíbios. Acta Sci. Biol.

Sci. Maringá, v. 28, n. 4, p. 373-378, Oct./Dec.

SILVA, T. S. da. and FREIRE, E. M. X. 20 1 0 . Perception and use of fauna resources

in communities surrounding a conservation unit in northeast Brazil. DOI:

10.4025/actascibiolsci.v32i4.5668.

SILVA, N., LUCENA, R. F. P., DE FARIAS LIMA, J. R., LIMA, G. D. S., CARVALHO, T.

K. N., DE SOUSA JÚNIOR, S. P., & ALVES, C. A. B. (2014). Conhecimento e Uso da

Vegetação Nativa da Caatinga em uma Comunidade Rural da Paraíba, Nordeste do

Page 102: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

104

Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Leitão, (34).

SCHOBER, J. 2 0 0 2 . Caatinga: preservação e uso racional do único bioma

exclusivamente nacional. In: Notícias do Brasil. Ciência e Cultura, v.54, n.2, p. 6 – 7.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE HERPETOLOGIA - SBH. 2012. Lista de anfíbios do Brasil.

http://www.sbherpetologia.org.br (Acesso em 26/09/2014).

SOUZA, M. L. 2003 . O território: sobre espaço e poder, autonomia e desenvolvimento.

In: CASTRO, I. E.; GOMES, P. C. C.; CORRÊA, R. L. (Eds). Geografia: Conceitos e

Temas. 5 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

SOUTO, F. J. B. 2004. A ciência que veio da lama. Uma abordagem etnoecológica

abrangente das relações ser humano/manguezal na comunidade pesqueira de Acupe,

Santo Amaro- BA. Tese Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

SOUTO, F.J.B. 2008. A ciência que veio da lama: etnoecologia em área de manguezal.

Recife: NUPEEA/Sociedade Brasileira de Etnobiologia e Etnoecologia.

SOLÓRZANO A.; OLIVEIRA, R. R.; GUEDES-BRUNI, R. R. 2009. Geography, history

and ecology: building bridges to interpret landscape. Ambiente & Sociedade. On- line

version ISSN 1809-4422 Ambient. soc. vol.12 no.1 Campinas Jan./June.

SPALDING, M. D., Blasco, F. and Field, C. 1997. World Mangrove Atlas. The International

Society for Mangrove Ecosystems. Okinawa, Japan, 178 pp.

STEBBINS, R. C. 1995. COHEN, N. W. A Natural History of Amphibians. New Jersey:

University Press.

STILLMAN, J.H. (2003). Acclimation capacity underlies susceptibility to climate change.

Science 301, 65.

STUART, S.N. HOFFMAN, M. CHARSON, J.S. COX, N.A. BERRIDGE, R.J.

RANANI, P. and youg, B.E. (eds), 2008. Threatened Amphibions of the world. Lynx

\edicions, Barcelona, Spain. IUCN, Gland, Switzerland, and conservation international,

Arlington, Virginia, USA.

TAVARES, E. D. 2009. Da agricultura moderna à agroecologia: análise da

sustentabilidade de sistemas agrícolas familiares. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil;

Embrapa.

TEJEDO, M., MARANGONI, F., PERTOLDI, C., RICHTER-BOIX, A., LAURILA, A.,

ORIZAOLA, G., NICIEZA, A. G., ALVAREZ, D. E GOMEZ-MESTRE, I. (2010).

Contrasting effects of environmental factors during larval stage on morphological

plasticity in post-metamorphic frogs. Climate Research 43, 31–39.

THIOLLENT, M. 1998. Metodologia da pesquisa ação. 8ªed. São Paulo: Cortez.

TELLES, M. P. C. 2005. Estrutura genética populacional de Physalaemus cuvieri

Fitzinger, 1826 (Anura: leptodactylidae) e padrões de ocupação humana no estado

de Goiás. Dissertação (mestrado Biologia). Goiânia: UFG.

Page 103: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

105

THOMÉ, M.T.C. & BRASILEIRO, C.A. 2 0 0 7 . Dimorfismo sexual, uso do ambiente

e abundância sazonal de Elachistocleis cf. ovalis (Anura: Microhylidae) em um

remanescente de Cerrado no Estado de São Paulo, sudeste do Brasil. Biota Neotrop. 7(1).

TOLEDO, V. ALÁRCON-CHÁIRES, P. 2012. La etnoecología hoy: panaroma, avances,

desafíos. Etnoecológica 9(1):1-16.

TOLEDO, V. M. 1992. What is ethnoecology? Origens, Scope and implications of arising

discipline. Etnoecológica, 1(1):527.

VAN-SLUYS, M. & ROCHA, C.F.D. 1998. Feeding habitats an microhabitats

utilization by two syntopic Brazilian Amazonian frogs Hyla minuta and

Pseudopaludicula sp. (gr. Falcipes). Rev. Bras. Biol. = Braz. J. Biol. 58(4):559-562.

VASCONCELOS SOBRINHO, J. 1982. Processos de desertificação ocorrentes no Nordeste

do Brasil: sua gênese e sua contenção. Recife: SUDENE – DDL.

VELLOSO, A. L. S. SAMPAIO, E. U. S. B. FRARIAS, G.C.P.2002. Ecoregiões: propostas

para o bioma Caatinga. Associação plantas do Nordeste; Instituto de Conservação Ambiental.

The Nature Conservancy in Brasil. Recife, 2002.

VIERTLER, R. B. 2 0 0 2 . Métodos antropológicos como ferramenta para estudos

em etnobiologia e etnoecologia. In: AMOROZO, M. C. M.; MING, L. C.; SILVA, S. P.

(Ed.). Métodos de coleta e análise de dados em etnobiologia, etnoecologia e disciplinas

correlatas. Rio Claro: Unesp. p. 31-46

VITT, L. J., and J. P. CALDWELL. 2009. Herpetology: An Introductory Biology of

Amphibians and Reptiles. Third Edition [Burlington, Massachusetts, U.S.A.]: Academic

Press.

VIANNA, L. P. 2008. De invisíveis a protagonistas: populações tradicionais e unidades de

conservação. São Paulo: Annablume - Fapesp.

WELLS, K. D. 1977. The courtship of frogs. In: The Reproductive Biology of

Amphibians New York: Plenum Press.

WORSTER, D. 1991. Para fazer história ambiental. Estudos Históricos, v. 4, n. 8, p.

198- 215.

Page 104: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

106

ANEXO I

FORMULÁRIO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA Dados Pessoais:

Nome:______________________________________________________ Idade: __________ Rua: ______________________________________________ n°_____ Bairro: ____________ Cidade: _______________ Tel:____________________ Estado civil: __________________ Possui filhos? Quantos ____________ Nível de escolaridade___________________ Você mora: (___) sozinho (___) com os pais (___) com amigos (___) com avós (___) com tios (___) com parceiro (___) com filhos (___) com irmãos (___) outros:_______________________________________ Em relação à sua moradia, o imóvel é: (___) Alugado (___) Financiado (___) Próprio (quitado) (___) Cedido Faz parte de alguma associação comunitária?_________ Qual? _________________ Em relação à sua renda familiar (parentes de residem na mesma casa), preencha os dados abaixo: Nome Idade Parentesco Estado

Civil Grau de instrução

Profissão Renda

Atividade profissional

Qual atividade exercida?____________________________ Qual horário de trabalho? ______________ Quais vegetais são cultivados?____________________________ Cria animais? ______________________________________ Quanto produz para a venda?__________________________ Exerce agricultura de subsistência? _____________________________ Média da renda familiar________________________________ Tem observado o desenvolvimento de alguma praga agrícola? _____________ Qual a principal praga?__________________________ Faz uso de agroquímicos? _______________________________ Quais agroquímicos mais utilizados?___________________________ Faz uso de EPI?___________________________________________ Possuem incentivos financeiros?___________________________________ Qual o horário de trabalho? ___________________________________________

Page 105: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

107

Etnoherpetologia

1) Existem anfíbios da região de cultivo? ___________________________________________________________________ 2) Onde os anfíbios vivem? _____________________________________________________________________ 3) Quantas espécies você já observou?

4) Quais são as espécies mais comuns na região?

_______________________________________________________________________ 5) Qual período do ano os anfíbios aparecem? __________________________________________________________________ 6) Qual período do dia é possível observar os anfíbios? _______________ Por quê? __________________________________________________________________ 7) Para que servem os anfíbios? _______________________________________________________________________ 8) De que estes anfíbios se alimentam? _______________________________________________________________________ 9) Eles se alimentam de alguma praga? ____________ Qual? _____________________________________________________________________ 10) Os anfíbios atrapalham a lavoura?___________Por quê? _____________________________________________________________________ 11) Os anfíbios morrem por conta do uso dos agroquímicos? _________________ Porque?______________________________________________________________ 12) A quantidade de espécies tem diminuído ao longo dos anos?_______________ 13) Qual espécie você não encontra mais na região? _____________________________________________________________________ 14) O que tem provocado o desaparecimento dos anfíbios? __________________________________________________________________________________________________________________________________________ 15) É importante preservar os anfíbios? _____________ Por quê? _____________________________________________________________________

Page 106: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

108

ANEXO II

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Título da Pesquisa: Conhecimento local sobre espécies de anfíbios e biocontrole de insetos- praga

em sistemas agrícolas de região semiárida: Subsídios e proposta para

Etnoconservação

Pesquisador: Iaponira Sales de Oliveira Área Temática: Ciências

ambientais Versão: 1

CAAE: 42951814.7.0000.5537

Instituição Proponente:Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente

Patrocinador Principal: Financiamento Próprio

DADOS DO PARECER

Número do Parecer: 352/2012

Data da Relatoria: 27/03/2015

Apresentação do Projeto:

Projeto relevante, contemporâneo e que contribuirá para a compreensão, o reconhecimento e a elaboração de medidas socioambientais preventivas. Sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (CEP), da UFRN (Parecer nº 352/2012).

Objetivo da Pesquisa:

A delimitação dos objetivos está suficientemente detalhada.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Segundo as pesquisadoras, não há riscos.

Página 01 de

Continuação do Parecer: 1.024.946

Page 107: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

109

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Os documentos foram apresentados de forma correta.

Situação do Parecer:

Aprovado

Necessita Apreciação da CONEP:

Não

NATAL, 15 de Abril de 2015

Assinado por:

LÉLIA MARIA GUEDES QUEIROZ

(Coordenador)

Página 02 de

Page 108: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

110

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: Conhecimento local sobre espécies

de anfíbios biocontroladoras de insetos-praga em sistemas agrícolas de região semiárida do

médio Rio São Francisco, proposta para Etnoconservação, que tem como pesquisador

responsável: Iaponira Sales de Oliveira.

Esta pesquisa pretende avaliar o conhecimento etnoherpetológico de agricultores existentes ao

logo dos sistemas agrícolas das comunidades de Petrolândia/PE e Itacuruba/PE no tocante a fauna

local de anfíbios, no processo de conservação da biodiversidade e controle de insetos-praga.

O motivo que nos leva a fazer este estudo: Nas áreas de utilização da Caatinga para a

agricultura, está a região de Itaparica-BA, onde ao longo de comunidades rurais, encontram-se

agroecossistemas. Inseridos neste região estão os municípios de Petrolândia-PE e Itacuruba-PE,

ambos fazem fronteira com o estado da Bahia, e estão sob a influencia da bacia hidrográfica do Rio

São Francisco. Estas comunidades vivem da agricultura e pecuária como principais atividades

econômicas utilizando a água do rio para irrigação. Porem os agricultores de Petrolândia-PE possuem

um sistema de irrigação que proporciona cultivo durante todo o ano, diferentemente da região de

Itacuruba-PE em que os agricultores necessitam da água da chuva, por fatal de um sistema adequado

de irrigação.

Diante desta realidade surgem os seguintes questionamentos: Existem diferenças de

concepção em relação à importância do uso de anfíbios no controle de pragas agrícolas em sistemas

irrigados e não irrigados? A comunidade local entende a importância biológica dos anfíbios no controle

biológico de pragas como alternativa para uma melhor convivência no semiárido? E o conhecimento

empírico destas comunidades é uma ferramenta importante como etnoconservação para os anfíbios

desta região? Portanto, como parte do projeto INNOVATE, especificamente do subprojeto

Biodiversidade e Serviços do Ecossistema (Diversidade de anfíbios e sua importância como

biocontroladores de insetos-praga em agroecossistemas) se insere este projeto que, aliando o

Etnoconhecimento das comunidades locais e o conhecimento cientifico, sobre os anfíbios como

biocontroladores de insetos, proporá Etnoconservação para esta área.

Caso você decida participar, você deverá: Está disponível a acompanhar uma visita de campo,

para reconhecimento das áreas agrícolas, responder a perguntas livres e entrevista semi-estruturada

contendo 33 perguntas de caráter socioeconômico e conhecimento etnohepertológico. As entrevistas

terão duração de 30 minutos. As entrevistas serão armazenadas em meio digital para serem

processadas e tabuladas quantitativamente. Não será divulgado os nomes dos participantes, nem

imagens que comprometam suas atividades em campo.

Em caso de algum problema que você possa ter, relacionado com a pesquisa, você terá direito

a assistência gratuita que será prestada pelos responsáveis do projeto INNOVATE

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Iaponira Sales

de Oliveira Número: (84) 99811-9778

Page 109: CONHECIMENTO ECOLÓGICO LOCAL SOBRE ESPÉCIES DE … · SUBSÍDIOS À ETNOCONSERVAÇÃO IAPONIRA SALES DE OLIVEIRA ... a se encantar pelos sapos, observar estes animais com outros

111

Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em qualquer fase da

pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe

identificar.

Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local

seguro e por um período de 5 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo

pesquisador e reembolsado para você.

Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será

indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, telefone 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador

responsável Iaponira Sales de Oliveira.

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão

coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para

mim e ter ficado ciente de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa

Etnoconhecimento sobre espécies de anfíbios biocontroladoras de insetos-praga em agroecossitemas

de região semiárida: Subsídios e proposta para Etnoconservação, e autorizo a divulgação das

informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado

possa me identificar.

Natal

Assinatura do participante da pesquisa

Impressão datiloscópica do

participante