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antonio-pereyra
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Conheço a residência da dor.É um lugar afastado,
Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas,
Com umas imensas vigílias, diante do céu.
A dor não tem nome,Não se chama, não atende.
Ela mesma é solidão:nada mostra, nada pede, não precisa.
Vem quando quer.
O rosto da dor está voltado sobre um espelho,Mas não é rosto de corpo,
Nem o seu espelho é do mundo.
. Conheço pessoalmente a dor.A sua residência,
longe,em caminhos inesperados
Cecília Meireles26, agosto, 1954
Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores.
E ouço dizer:“Quem visse, como vês,
a dor, já não sofria”.E olho para ela, imensamente.
Conheço há muito tempo a dor.Conheço-a de perto.
Pessoalmente.