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Página 1 EDITORIAL Prezados (as) leitores (as), O Conjuntura #12 traz as principais notícias do mês de novembro sobre os temas relacionados às linhas de pesquisa e aos projetos do LABMUNDO. Política exter- na brasileira, relações Brasil-África, encontro dos BRI- CS e resolução sobre acesso à internet são os tópicos com atenção especial. Além disso, nesta edição, tra- zemos um trabalho conjunto entre o Ateliê de carto- grafia e o projeto “Análise de conteúdo dos discursos de política externa”, apresentando alguns resulta- dos sobre política externa brasileira com o avanço do projeto. Desejamos uma boa leitura e bons estudos. Equipe Conjuntura LABMUNDO NOTÍCIAS Brasil e África: Cooperação e controvérsias Enquanto o Diretor do Instituto Lula destaca o apro- fundamento da cooperação com o continente afri- cano no comércio, na cultura e no desenvolvimento de programas sociais, as controvérsias presentes nos projetos que envolvem o Brasil e os países africanos fi- cam mais evidentes. A Piauí traz série de reportagens sobre o submundo das concessões estatais na Repú- blica da Guiné, envolvendo Vale, Rio Tinto e magnata israelense. Os textos-novela, que narram métodos e meios de inserção das multinacionais no país africano, desvelam esquemas de corrupção e dificuldades para aquele jovem Estado soberano. Questionam também a “dádiva” da abundância de recursos naturais quando não há fartura nem financeira, nem de infraestrutura e tampouco controle democrático e transparente das tratativas sobre as concessões. Pergunta-se: quando as imensas reservas de minério de altíssima qualidade servirão ao desenvolvimento de seus nacionais? Fontes: Rede Brasil Atual, Revista Piauí e Lorotas polí- ticas e verdades. A ONU e a resolução sobre internet A 3ª Comissão da Assembleia Geral da ONU adotou, por consenso, no dia 25 de novembro, o projeto de re- solução O Direito à Privacidade na Era Digital,. Segun- do o Itamaraty, a resolução contou com o copatrocínio de 64 países mas foi apresentado conjuntamente por Brasil e Alemanha. A proposta sobre privacidade na internet é uma resposta às denúncias de espiona- gem internacional praticada pelos Estados Unidos em meios eletrônicos e digitais, especialmente após a espionagem do governo brasileiro que teve sérias repercussões para a relação entre os dois países. O do- cumento tem novos pontos em relação ao texto apro- vado no ano passado na Assembleia Geral das Nações Unidas. Fontes: G1 e EBC. BRICS A presidente Dilma Rousseff comandou a reunião do Brics com a presença do chinês Xi Jiping, o russo Vla- dimir Putin, o indiano Narenda Modi e o sul-africano Jacob Zuma, seis anos depois de primeira cúpula. Os países emergentes cobraram as economias desenvol- vidas mais ação para sustentar a demanda global no curto prazo. Em nota de imprensa divulgada após o encontro, os países do grupo se mostraram desapon- tados com o descumprimento da reforma do FMI e propuseram a discussão de novas medidas caso os EUA não retifiquem a decisão sobre a alteração de cotas até final do ano. Putin falou da necessidade de uma “nova ordem mundial”. Fontes: Gazeta Russa, Brazil Post e RT . 12 Novembro 2014

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    EDITORIAL

    Prezados (as) leitores (as),

    O Conjuntura #12 traz as principais notcias do ms de novembro sobre os temas relacionados s linhas de pesquisa e aos projetos do LABMUNDO. Poltica exter-na brasileira, relaes Brasil-frica, encontro dos BRI-CS e resoluo sobre acesso internet so os tpicos com ateno especial. Alm disso, nesta edio, tra-zemos um trabalho conjunto entre o Ateli de carto-grafia e o projeto Anlise de contedo dos discursos de poltica externa, apresentando alguns resulta-dos sobre poltica externa brasileira com o avano do projeto.

    Desejamos uma boa leitura e bons estudos.

    Equipe Conjuntura LABMUNDO

    NOTCIAS

    Brasil e frica: Cooperao e controvrsias

    Enquanto o Diretor do Instituto Lula destaca o apro-fundamento da cooperao com o continente afri-cano no comrcio, na cultura e no desenvolvimento de programas sociais, as controvrsias presentes nos projetos que envolvem o Brasil e os pases africanos fi-cam mais evidentes. A Piau traz srie de reportagens sobre o submundo das concesses estatais na Rep-blica da Guin, envolvendo Vale, Rio Tinto e magnata israelense. Os textos-novela, que narram mtodos e meios de insero das multinacionais no pas africano, desvelam esquemas de corrupo e dificuldades para aquele jovem Estado soberano. Questionam tambm a ddiva da abundncia de recursos naturais quando no h fartura nem financeira, nem de infraestrutura e tampouco controle democrtico e transparente das tratativas sobre as concesses. Pergunta-se: quando as imensas reservas de minrio de altssima qualidade serviro ao desenvolvimento de seus nacionais?

    Fontes: Rede Brasil Atual, Revista Piau e Lorotas pol-ticas e verdades.

    A ONU e a resoluo sobre internet

    A 3 Comisso da Assembleia Geral da ONU adotou, por consenso, no dia 25 de novembro, o projeto de re-soluo O Direito Privacidade na Era Digital,. Segun-do o Itamaraty, a resoluo contou com o copatrocnio de 64 pases mas foi apresentado conjuntamente por Brasil e Alemanha. A proposta sobre privacidade na internet uma resposta s denncias de espiona-gem internacional praticada pelos Estados Unidos em meios eletrnicos e digitais, especialmente aps a espionagem do governo brasileiro que teve srias repercusses para a relao entre os dois pases. O do-cumento tem novos pontos em relao ao texto apro-vado no ano passado na Assembleia Geral das Naes Unidas.

    Fontes: G1 e EBC.

    BRICS

    A presidente Dilma Rousseff comandou a reunio do Brics com a presena do chins Xi Jiping, o russo Vla-dimir Putin, o indiano Narenda Modi e o sul-africano Jacob Zuma, seis anos depois de primeira cpula. Os pases emergentes cobraram as economias desenvol-vidas mais ao para sustentar a demanda global no curto prazo. Em nota de imprensa divulgada aps o encontro, os pases do grupo se mostraram desapon-tados com o descumprimento da reforma do FMI e propuseram a discusso de novas medidas caso os EUA no retifiquem a deciso sobre a alterao de cotas at final do ano. Putin falou da necessidade de uma nova ordem mundial.

    Fontes: Gazeta Russa, Brazil Post e RT.

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    Reunio do G20

    A presidenta Dilma Rousseff participou da cpula do G20, grupo que rene os pases mais industrializados do mundo (19 naes mais a Unio Europeia, o que engloba dois teros da populao mundial e 85% da riqueza do planeta). A reunio, que ocorreu na Aus-trlia, apresentou tentativas de destravar relaes co-merciais e retomar o crescimento econmico global. dando foco as estratgias sinalizadas pelos pases em desenvolvimento, que apresentam cada vez mais voz no cenrio internacional. Na imprensa, o destaque foi para o presidente da Rssia, Vladmir Putin, quanto aos problemas proveninentes da crise Ucraniana. EUA e Europa adotaram estratgias diferentes em relao Rssia, enquanto os Brics, preocupados em man-ter alguma unio, manifestaram apoio ao parceiro no grupo.

    Fontes: BBC, IG, Portal Brasil, Carta Capital, Gazeta Russa.

    Poltica Externa Brasileira

    O desafio de Dilma ser, no seu segundo mandato, retomar a diplomacia presidencial ativa do ex-presi-dente Luiz Incio Lula da Silva e a proatividade carac-terstica do seu governo. O caminho indicado pelos especialistas reforar as alianas e integrao regio-nal com o Amrica do Sul e pases em desenvolvimen-to utilizando seu capital diplomtico, ou seja, o dom do dilogo. Pode-se afirmar que as conquistas obti-das pela diplomacia brasileira, governamental e no-governamental, tanto no mbito multilateral quanto no bilateral, resultam dessa capacidade de resoluo de conflitos por meios pacficos. as muanas ocor-ridas nos ltimos tempos fazem questionar se o Ita-maraty parece ressentir-se da falta de liderana, o que leva alguns seguinte pergunta: a Casa de Rio Branco ainda funciona adequada e ativamente sem diploma-cia presidencial?

    Fontes: Carta Capital, Brasil 247, Dirio de Pernambu-co, Carta Capital, Portal vermelho, Portal Cebri.

    Crticas dedicao de Dilma ao Itamaraty

    Na contramo das afirmaes positivas sobre a PEB de Dilma, o presidente do DEM na Bahia, o deputa-do federal eleito Jos Carlos Aleluia avalia que o atual modelo de poltica externa brasileira est submisso a preceitos ideolgicos firmados entre partidos de es-querda da Amrica Latina. Em suas palavras, no Brasil, transformaram nossa outrora respeitada diploma-cia em um instrumento a servio no mais do Estado, mas de uma poltica partidria e ideolgica do partido que est no poder. O lder representa um discurso co-mumente visto na mdia: o do necessrio combate ao bolivarianismo. Somam-se a essa percepo as crti-cas feitas ao abandono do Itamaraty pela Presidenta, alm das opinies que reforam a crtica aproxima-o do Brasil aos pases em desenvolvimento.

    Fontes: Brasil 247, Agncia de notcias Brasil-rabe, Redao brasileira da Rdio Frana Internacional.

    Chanceler e o Livro Branco da poltica ex-terna brasileira

    O Ministro das Relaes Exteriores, Embaixador Luiz Alberto Figueiredo, afirmou que o Livro Branco da Po-ltica Externa Brasileira deve ser concludo at o fim deste ano. Segundo o chanceler, o documento, de ca-rter pblico, um dos instrumentos elaborados pelo Itamaraty para fortalecer as bases domsticas da po-ltica externa e torn-la mais apta a promover os valo-res e os interesses da sociedade brasileira. atualmente, est em debate a ideia de diplomacia pblica, portan-to, o livro viria para consolidar a corrente que defende maior transparncia e a definio da poltica externa como poltica pblica. Alm disso, defendeu que a Amrica do Sul permanece como foco prioritrio da nossa poltica exterior e negou que tal escolha seja de carter ideolgico.

    Fontes Tribuna do Norte, EBC.

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    RESUMO DE PESQUISA

    Ttulo: PROJETO ANLISE DE CONTEDO DE DIS-CURSOS DE POLTICA EXTERNA

    Autores: Equipe Projeto Discursos

    Resumo: O projeto Anlise de Contedo de Discur-sos de Poltica Externa uma iniciativa do Labmun-do-Rio que visa a utilizar a anlise de contedo de discursos e pronunciamentos oficiais como mtodo para investigar as mudanas na poltica externa brasi-leira em seus diversos tpicos. A criao do banco de discursos tem por objetivo tornar pblica a ao e/ou inteno dos governos, buscando tambm facilitar e estimular o uso da interpretao dos discursos para fins de pesquisa acadmica, com ateno especial poltica externa e s relaes internacionais, mas tam-bm considerando a conjuntura domstica que tanto impacta as agendas da PEB.A anlise de contedo de discurso tem por princpio uma abordagem investigativa que segue o modelo proposto por Laurence Bardin (2011), no qual a anlise de contedo realizada por meio de trs fases distin-tas: a pr-anlise; a explorao do material; e o trata-mento dos resultados, a inferncia e a interpretao. Consideramos o discurso como uma estrutura social, expresso oficial da voz do Estado, por meio da qual podemos identificar as ideias e os interesses dos ato-res, levando em considerao tambm quem discur-sa, para quem se discursa, em qual lugar e com qual objetivo se discursa, sendo ento possvel obter da-dos para analisar as similaridades, diferenas e mu-danas na atuao dos governos .A metodologia adotada para a catalogao e catego-rizao dos discursos de vis qualitativo por meio do software de anlise de dados NVivo 10. As amostras que integram o banco de dados so principalmente discursos oficiais de presidentes e/ou ministros e ou-tros atores relevantes da PEB. A principal fonte utiliza-da o site da Biblioteca da Presidncia da Repblica , que disponibiliza inmeros discursos oficiais dos ex-presidentes da Repblica, e tambm o site do Pal-cio do Planalto com os discursos do atual governo. No momento, o banco de discurso do Projeto agre-ga mais de cinco mil discursos oficiais de Presidentes desde o perodo da redemocratizao, estando em contnua expanso. Recentemente, as diretrizes metodolgicas e primei-ros resultados do Projeto foram apresentados no IX Encontro da Associao Brasileira de Cincia Poltica,, por meio do artigo Anlise de Contedo de Discurso: interpretando a poltica externa brasileira na fala de seus lderes polticos , de autoria de Danielle Costa da Silva, Renata Albuquerque e Tssia Camila de Oliveira.Mais informaes no site do labmundo ou clicando aqui.

    Palavras-Chaves: Poltica Externa Brasileira; Dis-cursos; Anlise de Contedo.

    ATELI DE CARTOGRAFIA LABMUNDOPor Magno Klein e Daniele Costa

    O Ateli de Cartografia do Labmundo atua em parce-ria junto a diversos projetos de pesquisa, com priori-dade para o Atlas da Poltica Externa Brasileira e seu website, contribuindo para aprofundar o conheci-mento das dinmicas da poltica externa e interna-cional. Uma destas parcerias se d com o projeto realizado em nosso laboratrio Anlise de Discursos da Poltica Externa.

    Os dois mapas apresentados aqui so um primeiro es-foro para analisar as prioridades da poltica externa brasileira a partir dos discursos proferidos anualmen-te pelo Brasil na abertura dos trabalhos da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque.Por meio do software especializado NVivo 10, foram rastreadas, categorizadas e quantificadas as refe-rncias existentes nesses discursos a pases, regies e blocos. Com essa anlise, busca-se aferir os pases mais recorrentes no discurso diplomtico brasileiro, analisando as nfases e contrastes entre os governos de FHC e Lula. Os mapas foram elaborados a partir do contedo de 16 discursos (oito em cada governo) de modo a permitir uma anlise comparativa dois dos momentos da poltica externa brasileira.

    Em um primeiro momento, pode-se perceber que, nos 16 anos analisados, os pases desenvolvidos so citados apenas superficialmente. H ntida predomi-nncia do Sul Geopoltico nestes discursos, seja para citar crises internacionais (Palestina de forma geral e Angola durante o perodo FHC), aes internacionais do Brasil (Haiti) ou para mencionar parcerias brasilei-ras (como ndia, frica do Sul, Mercosul, etc.). clara a diferena na maneira como o contexto regional foi referenciado. Enquanto o governo FHC citou nomi-nalmente quase todos os pases da Amrica do Sul (regio que concentrou 67,18% das citaes de seus discursos), no governo Lula a nfase foi para uma re-ferncia mais regional e multilateral, citando o sub-continente (como Amrica do Sul, Amrica Latina,

    Caribe). O governo FHC no ter ignorado a frica, mas o governo Lula citou mais vezes a regio, assim como o Oriente Mdio e a sia. Os pases do BRICs tambm foram destaque no governo petista.

    Cabe comentar que os presentes mapas so instru-mentos para demonstrar a quantificao do material encontrado, auxiliando a anlise qualitativa do conte-do dos discursos. Deste modo, o trabalho cartogrfi-co faz parte do processo de pesquisa do material, ao apresentar os dados de maneira espacializada, con-tribuindo para o analista comparar informaes (en-tre tempos distintos ou entre regies diferentes) e

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    produzir ou explicar novas problemticas. Um estudo qualitativo dos discursos contribui para explanar os diferentes pesos que a agenda de cada governo, sua viso de mundo e a conjuntura internacional em que se insere, influenciam para produzir o quadro apre-sentado pela imagem.

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    Amrica do Sul

    Amrica Latina

    frica

    sia

    Unio Europeia

    Palestina

    Oriente Mdio

    Mercosul

    frica

    frica ustral

    AmricaCentral

    Amricado Norte

    Amrica do Sul

    Amrica Latina

    sia

    Europa

    Caribe

    Unio Africana

    Oriente Mdio

    Palestina

    Mercosul

    Liga rabe

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    A GEOGRAFIA DA POLTICA EXTERNA BRASILEIRA POR MEIO DOS DISCURSOS NA ONU, 1995-2010

    Fonte: Biblioteca da Presidncia da Repblica, 2014. Ate

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    Nmero de vezes em que o nome de pases, blocos e regies foram citados pelo Brasil no discurso anual de abertura da Assembleia Geral da ONU

    Governo FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, 1995 a 2002

    Governo LUIZ INCIO LULA DA SILVA, 2003 a 2010