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CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS 21.530/14/3ª 1 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB Acórdão: 21.530/14/3ª Rito: Ordinário PTA/AI: 01.000187985-68 Impugnação: 40.010133747-70 Impugnante: Vale S.A. IE: 317024161.56-23 Proc. S. Passivo: Rodolfo de Lima Gropen/Outro(s) Origem: DF/BH-3 - Belo Horizonte EMENTA CRÉDITO DE ICMS APROVEITAMENTO INDEVIDO - MATERIAL DE USO E CONSUMO ÓLEO DIESEL. Constatado o aproveitamento indevido de créditos de ICMS provenientes da entrada de óleo diesel não consumido na lavra, beneficiamento, estocagem e movimentação interna de minério de ferro, e ainda, utilizado em veículos de terceiros que prestam serviço à Autuada dentro do estabelecimento minerador, não podendo, em nenhuma das situações, ser considerado como produto intermediário, nos termos do art. 66, inciso V do RICMS/02. Procedimento fiscal respaldado no art. 70, inciso III do RICMS/02. Exigências de ICMS, multa de revalidação e Multa Isolada prevista no art. 55, inciso XXVI da Lei nº 6.763/75. Infração caracterizada. CRÉDITO DE ICMS APROVEITAMENTO INDEVIDO - MATERIAL DE USO E CONSUMO. Constatado aproveitamento indevido de créditos de ICMS provenientes de aquisições de óleos lubrificantes, graxas e pneus, os quais não se caracterizam como produtos intermediários, nos termos do art. 66, inciso V do RICMS/02. Procedimento fiscal respaldado no art. 70, inciso III do RICMS/02. Exigências de ICMS, multa de revalidação e Multa Isolada prevista no art. 55, inciso XXVI da Lei nº 6.763/75. Crédito tributário reformulado pela Fiscalização às fls. 468/507. Entretanto, deve ser alterada a apropriação do pagamento parcial de fls. 609/610, de forma que em relação aos itens constantes nas planilhas de fls. 605/607, cujas exigências remanescem no presente lançamento, sejam apropriados somente ICMS e juros de mora, excluindo-se as multas de revalidação e isolada sobre eles incidentes, nos termos art. 23, inciso I da Lei nº 21.016/13. Fica, ainda, resguardado o direito da Impugnante requerer a apropriação, no âmbito do PTA nº 01.000191136-07, referente aos itens cujas exigências foram a ele transferidas, da parcela do pagamento efetuado, que não for apropriado quando da liquidação do presente PTA. Lançamento parcialmente procedente. Decisão unânime. RELATÓRIO Da Autuação

CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS … · desgastam em contato direto com o minério de ferro, realizam atividades intrínsecas à movimentação e lavra do minério,

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CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS

21.530/14/3ª 1 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

Acórdão: 21.530/14/3ª Rito: Ordinário

PTA/AI: 01.000187985-68

Impugnação: 40.010133747-70

Impugnante: Vale S.A.

IE: 317024161.56-23

Proc. S. Passivo: Rodolfo de Lima Gropen/Outro(s)

Origem: DF/BH-3 - Belo Horizonte

EMENTA

CRÉDITO DE ICMS – APROVEITAMENTO INDEVIDO - MATERIAL DE

USO E CONSUMO – ÓLEO DIESEL. Constatado o aproveitamento indevido de

créditos de ICMS provenientes da entrada de óleo diesel não consumido na lavra,

beneficiamento, estocagem e movimentação interna de minério de ferro, e ainda,

utilizado em veículos de terceiros que prestam serviço à Autuada dentro do

estabelecimento minerador, não podendo, em nenhuma das situações, ser

considerado como produto intermediário, nos termos do art. 66, inciso V do

RICMS/02. Procedimento fiscal respaldado no art. 70, inciso III do RICMS/02.

Exigências de ICMS, multa de revalidação e Multa Isolada prevista no art. 55,

inciso XXVI da Lei nº 6.763/75. Infração caracterizada.

CRÉDITO DE ICMS – APROVEITAMENTO INDEVIDO - MATERIAL DE

USO E CONSUMO. Constatado aproveitamento indevido de créditos de ICMS

provenientes de aquisições de óleos lubrificantes, graxas e pneus, os quais não se

caracterizam como produtos intermediários, nos termos do art. 66, inciso V do

RICMS/02. Procedimento fiscal respaldado no art. 70, inciso III do RICMS/02.

Exigências de ICMS, multa de revalidação e Multa Isolada prevista no art. 55,

inciso XXVI da Lei nº 6.763/75. Crédito tributário reformulado pela Fiscalização

às fls. 468/507. Entretanto, deve ser alterada a apropriação do pagamento parcial

de fls. 609/610, de forma que em relação aos itens constantes nas planilhas de fls.

605/607, cujas exigências remanescem no presente lançamento, sejam apropriados

somente ICMS e juros de mora, excluindo-se as multas de revalidação e isolada

sobre eles incidentes, nos termos art. 23, inciso I da Lei nº 21.016/13. Fica, ainda,

resguardado o direito da Impugnante requerer a apropriação, no âmbito do PTA

nº 01.000191136-07, referente aos itens cujas exigências foram a ele transferidas,

da parcela do pagamento efetuado, que não for apropriado quando da liquidação

do presente PTA.

Lançamento parcialmente procedente. Decisão unânime.

RELATÓRIO

Da Autuação

CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS

21.530/14/3ª 2 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

A autuação versa sobre a falta de recolhimento do ICMS, nos períodos de

janeiro a dezembro de 2008 e agosto de 2009, verificada por intermédio da conferência

de livros, documentos fiscais, planilhas e arquivos eletrônicos.

Foi verificada a apropriação de créditos do imposto em desacordo com a

legislação tributária, que foram lançados no campo “outros créditos” da DAPI,

relativos a:

- óleo diesel não consumido na lavra, na movimentação do material ou no

beneficiamento de minério de ferro;

- óleo diesel consumido em veículos de terceiros e contratados pela Autuada

para diversas modalidades de prestação de serviço de qualquer natureza, fato gerador

do ISSQN;

- material de uso e consumo;

- ativo imobilizado, que foram apropriados integralmente, em desacordo

com a legislação tributária.

Exigências de ICMS, Multa de Revalidação prevista no art. 56, inciso II e

Multa Isolada capitulada no art. 55, inciso XXVI, todos da Lei nº 6.763/75.

O PTA encontra-se instruído com Auto de Infração - AI (fls. 02/04);

Demonstrativo de Correção Monetária e Multa – DCMM (fl. 05); Auto de Início de

Ação Fiscal – AIAF (fl. 06); Termo de Intimação, Procuração, Cópia de e-mail, etc.

(fls.07/16); Relatório Fiscal (fls. 17/18); Relação de Anexos (fl. 19); Anexo 01 –

Recomposição da Conta Gráfica (fls. 20/22); Anexo 02 – Consolidado dos Créditos de

ICMS Estornados Apropriados no Campo “Outros Créditos” da DAPI Período 2008

(fls. 23/24); Anexo 03 – Planilha Demonstrativa dos Créditos de Óleo Diesel

Estornados Período 2008 (fls. 25/38); Anexo IV – Planilha Demonstrativa dos Créditos

de Material de Uso e Consumo Estornados Período 2008 (fls. 39/44); Anexo 05 –

Planilha Demonstrativa dos Créditos de Ativo Imobilizado Apropriados Integralmente

e Fora do CIAP (fls. 45/46); Anexo 06 – Planilha Demonstrativa do Percentual de

Consumo de Óleo Diesel Utilizado Fora do Processo Produtivo Período 2008 (fls.

47/69) e Anexo 07 – Planilhas Composição de Outros Créditos, Composição do

Consumo de Óleo Diesel Período 2008 como enviada pelo Contribuinte (fls. 70/117).

Da Impugnação

Inconformada, a Autuada apresenta, tempestivamente e por procurador

regularmente constituído, Impugnação às fls. 121/147, e mostra em síntese, dentre

outros, os seguintes argumentos:

- que os itens, cujos créditos foram glosados, foram aplicados de forma

direta na linha principal de produção e consumidos de modo imediato;

- os materiais estão diretamente relacionados à atividade principal;

- com relação aos materiais lâmina para raspador e lâmina para

transportador correia, a função de limpeza de ambas nada mais é que o direcionamento,

a condução do minério sob o manto das correias em direção às demais fases do

processo, mediante a retirada do produto que adere a este manto;

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21.530/14/3ª 3 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

- conclui que estando presente de fato uma ação particularizada da peça, e

dos demais requisitos reconhecidos pelo próprio Fisco, não restam dúvidas quanto à

classificação destes como produtos intermediários;

- afirma que tais itens já foram objeto de discussão neste Conselho de

Contribuintes nos PTAs nºs 01.000164832-76 e 01.000159422-42 e que, neste último

caso, o Acórdão nº 20.083/11/3ª, mantido na parte ora citada, pela Câmara Especial,

destacou que tais produtos se encaixam na regra do item V da IN nº 01/86;

- assevera que nessa linha, concluiu o Perito Oficial nomeado nos autos da

Ação Anulatória nº 0024.10.204654-7 (PTA 01.000166997-67), proposta por ela,

Autuada;

- diz que esse fato ocorre com os produtos intitulados placas aplicadas no

chute telescópico – que são utilizadas ao final da correia transportadora e tem como

função reduzir a velocidade de descarga do minério;

- quanto ao mangote para válvula, afirma se tratar de partes aplicadas nas

tubulações que transportam a polpa do minério na mina, que é usado para limitar ou

aumentar o fluxo da polpa;

- afirma que conforme perícia realizada no PTA nº 01.000159782-12,

referente ao PTA nº 01.000158886-12, o Fisco tem deixado de estornar os créditos

sobre tais produtos, ante sua evidente natureza de produto intermediário;

- quanto aos ganchos componentes para peneira e longarina, diz que

exercem a função de fixação das peneiras, responsáveis pelo peneiramento do minério,

e que mantém permanente e constante contato físico com o minério;

- afirma também que, os mesmos tubos de condução que transportam a

polpa transportam, também, o rejeito, e que, o fato de os tubos transportarem rejeitos

não exclui a circunstância de que transportam, também, a própria polpa, em momentos

distintos;

- alega, que como não se pode precisar o tempo em que os tubos

transportam rejeito, ao invés de polpa, é de se glosar apenas parcialmente os créditos,

proporcionalmente a tal utilização;

- quanto ao floculante, alega que é aplicado no tratamento da água utilizada

no processo produtivo para se obter uma maior velocidade de sedimentação, sendo

portanto, consumido imediata e integralmente no processo de produção;

- relativamente ao elemento filtrante multifilar, informa que se trata de

artefato em tecido aplicado dentro dos britadores, com evidente atuação

particularizada, desgaste em contato com o minério e notória participação na linha

principal de produção;

- afirma que o óleo lubrificante, hidráulico e graxa são consumidos de

forma integral em uma das três fases do processo de mineração, que permitem o

funcionamento de equipamentos e veículos que fazem parte da linha principal de

produção da Impugnante;

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21.530/14/3ª 4 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

- a IN nº 01/01 demonstra claramente que estas espécies de insumos são de

fato creditáveis, já que foi permitida expressamente a apropriação de créditos relativos

ao óleo diesel;

- sustenta que a Ação Anulatória nº 0024.11.056608-0, por ela proposta,

relativa aos PTAs nºs 01.000163341.06 e 01.000163515.91, imputa aos itens

classificados como graxas a característica de produtos intermediários;

- quanto aos pneus, afirma que são aplicados em veículos usados em uma

das fases do processo de mineração (lavra, mineração e beneficiamento), que o seu

consumo é, portanto, direto, já que se dá nas fases de lavra e movimentação, e integral,

à medida que, gradativamente, perdem suas propriedades, atendendo os itens I e II da

IN nº 01/86;

- argumenta que é lógico que o tratamento legal, no que concerne o direito

de crédito pertinente a essa específica parcela de sua atividade se aproxime daquele

conferido às empresas prestadoras de serviço de transporte;

- no que se refere aos rolos de impacto e de carga, afirma que são aplicados

nas correias transportadoras são usados para amortecer o peso do minério nas correias e

que todo o conjunto da correia apresenta contato físico com o minério que ali é

despejado;

- quanto aos rolos de retorno para correia transportadora, diz que se

destinam a transmitir força motriz para movimentação da correia transportadora,

sofrendo desgaste, em razão do contato com o minério;

- partes e peças aplicadas nos tratores de esteira, retroescavadeiras e

motoniveladoras, a exemplo dos cantos componentes, borda, pontas e cunhas se

desgastam em contato direto com o minério de ferro, realizam atividades intrínsecas à

movimentação e lavra do minério, notadamente quando realizam a terraplanagem da

área da mina e a preparação do solo para perfuração, que, no caso dos tratores, consiste

em sua finalidade principal;

- quanto ao adaptador da carregadeira, diz que tem a função de adaptar o

dente da caçamba da pá carregadeira, evitando o desgaste prematuro deste dente que,

por sua vez, é aplicado nas bordas das caçambas para fazer o desmonte mecânico das

rochas minerais;

- solicita a realização de perícia e apresenta quesitos às fls. 136/137;

- quanto ao crédito estornado relativo ao óleo diesel, alega que é

considerado produto intermediário pela IN nº 01/01 e é consumido em veículos e

equipamentos que, de uma forma ou de outra participam da linha principal de produção

do minério;

- quanto aos tratores de esteiras e patrol, afirma que são responsáveis por

manter o nivelamento das pilhas de minério, evitando que desabem em si mesmas, que

realizam o desmonte mecânico do minério para carga e a terraplenagem e preparação

do solo para perfuração;

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21.530/14/3ª 5 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

- afirma que os tratores de pneus exercem funções análogas aos tratores de

esteiras de forma que a eles aplicam-se as mesmas considerações;

- acerca das motoniveladoras, diz que são utilizadas em trabalhos pesados

em mineração de superfície e manutenção de vias, exercendo, assim, papel na atividade

de movimentação do minério;

- relativamente ao caminhão pipa, argumenta que são necessários para

irrigar e sedimentar o trajeto realizado pelos caminhões de transporte de minério,

evitando que o acúmulo de poeira no ar inviabilize a utilização do produto;

- quanto ao caminhão guindalto (munck), argumenta que são utilizados na

movimentação, remoção, levantamento e transporte de peças e equipamentos utilizados

na mina;

- relativamente à carregadeira e mini carregadeira, diz que são utilizadas na

extração (carregamento de caminhões na mina) e na alimentação de minério na

britagem;

- acerca do caminhão comboio, explica que carregam combustível para

abastecer os caminhões fora de estrada e carregadeiras, já que esses não podem ser

retirados da mina para ser reabastecidos;

- acrescenta que, ainda que os veículos pertençam a terceiros, é legítimo o

aproveitamento de crédito relativo ao óleo diesel por eles consumidos;

- ressalta que é de se verificar se o contribuinte adquiriu óleo diesel para

prestar serviço não tributável para que seja possível a glosa, mas que não foi este o caso

dela, Impugnante, tendo a autoridade lançadora se descuidado de levar em conta que o

óleo diesel foi custeado por ela, foi consumido dentro de seu estabelecimento e que a

atividade dos veículos é dirigida por ela;

- em relação aos créditos do Ativo Imobilizado, afirma que lhe fora

imputado o aproveitamento indevido de créditos de ICMS sobre bens do ativo, ante a

constatação de que houve aproveitamento integral, sem lançamento no livro CIAP,

desrespeitando a proporção de 1/48 ao mês;

- diz que não há que se afastar o direito de crédito, nos temos do art. 66,

inciso II e § 3º do RICMS/02, simplesmente pelo fato de terem sido aproveitados

integralmente;

- frisa que é de se admitir também a manutenção do crédito,

equivocadamente lançado como se decorrente de produtos intermediários, uma vez

constatado que se tratava, na verdade, de ativo imobilizado;

- acerca das multas, afirma que não há previsão legal para a aplicação

cumulativa das penalidades impostas pela Fiscalização e que, no presente caso, tanto a

multa de revalidação quanto à multa isolada referem-se ao descumprimento de

obrigação principal;

- por fim, reitera o pedido de perícia e indica seu Assistente Técnico.

A Fiscalização reformula o crédito tributário, conforme documentos às fls.

468/507, e, salienta que tal reformulação não tem correlação com os argumentos

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21.530/14/3ª 6 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

trazidos na impugnação, conforme esclarecido às fls. 468/469, pois verificou-se após a

Impugnação, que as planilhas do Anexo 04 e 05 do PTA continham itens com CFOP de

saída, e que as notas fiscais correspondente (notas fiscais de saída) foram usadas pela

Impugnante para apropriar créditos na entrada.

Afirma a Fiscalização, que como o presente lançamento diz respeito a

crédito indevido de material de uso e consumo e crédito do ativo imobilizado, retirou

desse PTA as exigências relativas aos créditos com notas de saídas, optando por

colocá-las em outro Auto de Infração.

Aberta vista à Autuada, fls. 508/510, que não se manifesta.

O Fisco manifesta-se às fls. 511/525 dos autos.

Aberta vista ao Patrono da Impugnante, conforme fls. 528/529.

Da Impugnação Após a Reformulação do Crédito Tributário

Após a reformulação do crédito tributário, a Impugnante se manifesta, às

fls. 530/554, reitera seus argumentos consignados na Impugnação anterior.

Da Manifestação Fiscal

O Fisco, às fls. 558/559, ratifica a Manifestação Fiscal de fls. 511/525, e

ainda afirma que, embora revogada a IN SLT nº 01/01, à exceção da parcela do crédito

tributário relativo à energia elétrica consumida no processo, não houve alteração de

entendimento por parte da SEF/MG a respeito do direito ao crédito de ICMS na

atividade de extração e beneficiamento do minério, e, apresenta, em síntese, dentre

outros, os seguintes argumentos:

- excluiu quase que a totalidade da glosa dos créditos relativos a material de

uso e consumo, restando apenas os itens óleo lubrificante, graxa, pneus e gasolina, e,

ainda, excluiu a totalidade da glosa dos créditos relativos ao ativo imobilizado;

- diz que, quando se trata de produtos, a regra para o creditamento é do

imposto físico, que só se pode creditar o que sair (fisicamente) tributado;

- frisa que, em outras palavras, só dá direito ao crédito de ICMS na entrada,

os materiais que integram o produto final (novo produto), os que são consumidos

imediata e integralmente na produção do produto final, e que, portanto, para efeito de

direito ao crédito de ICMS, a relação produtos (insumos) → produto final tem que ser

direta;

- quanto ao óleo lubrificante e graxa, informa que têm a função de

lubrificação das partes e peças dos veículos/máquinas/equipamentos, diminuindo o

atrito entre elas, que sua função é a de lubrificação de máquinas/equipamentos/

veículos, não a produção de minério, e que, logo, esses produtos não contribuem de

forma direta para a produção do minério, não estando compreendidos no conceito de

produto intermediário definido pela IN SLT nº 01/86 e IN SLT nº 01/01;

- acrescenta que a função desses itens não guarda relação com a função do

óleo diesel que, quando utilizado como força motriz dos equipamentos que atuam

diretamente no processo produtivo, e somente nesta hipótese, tem o crédito de ICMS

autorizado;

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21.530/14/3ª 7 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

- quanto aos pneus, afirma que eles não desenvolvem uma atuação

particularizada, essencial e específica, dentro da linha de produção, uma vez que um

pneu tem a função de suportar carga, amortecer impacto, rodar, transmitir esforços do

motor ao solo em qualquer veículo, em qualquer lugar e que não existe, assim, uma

atuação particularizada desse item na produção de minério;

- assevera também, que ele não tem contato físico com o minério de ferro,

objeto de beneficiamento, isto é, o pneu não faz parte da linha de produção pela qual o

minério de ferro tem que percorrer até estar apto a ser comercializado, e, para o seu

beneficiamento, não é necessário que os pneus dos veículos da mina passem por cima

dele;

- salienta ainda, que se verifica que tais bens comportam recuperação e que,

logo, por mais esse argumento, haveria impedimento quanto ao aproveitamento de

crédito por força da vedação prevista no item II da Instrução Normativa nº 01/86, que

conceitua o consumo integral;

- informa que a função do pneu não é beneficiar o minério pelo contato

físico, não é transportar o minério de ferro, é mover os veículos dos quais faz parte;

- argumenta que o desgaste dos pneus ocorre em função da força de atrito

com o solo, decorrente do peso do veículo que sustenta, independentemente da

existência de minério nas vias em que rodam;

- afirma que o contato físico a que se refere a instrução normativa é o

contato para a produção do minério, como tem a mandíbula do britador (que mói o

minério), a tela da peneira (que peneira o minério), a manta da correia (que carrega o

minério), etc. e que, o desgaste desses materiais é consequência desse contato com o

minério na sua produção;

- acrescenta que a Autuada não presta serviço para terceiros, portanto, não

há que se falar de prestação de serviço para si própria;

- de forma didática e simplificada, resumir o processo produtivo de uma

mineradora, da seguinte forma:

EXTRAÇÃO – realizada por meio de escavações e/ou detonações. Depois o

minério é retirado por escavadeiras e transportado por caminhões para a fase de

processamento (ou beneficiamento);

BENEFICIAMENTO – são realizadas as britagens (primária, secundária e

terciária), o peneiramento (primário, secundário e terciário), a classificação;

ESTOCAGEM – acumulados em pilhas os diversos tipos de minério

produzidos pela VALE, estão prontos para serem levados aos clientes.

- assevera que todo o funcionamento do processo produtivo é em função do

produto minério de ferro e que, logo, se o produto for seguido, acompanhar todo o

trajeto percorrido por ele, tem-se todas as respostas necessárias para definição de quais

produtos adquiridos pela mineradora dão direito ao crédito do ICMS e porquê;

- explica que a matéria-prima é, indiscutivelmente, o minério de ferro, que

tudo o que se agrega ao produto nesse caminho, é produto intermediário, tudo o que é

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21.530/14/3ª 8 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

consumido em contato com o produto, também é produto intermediário, os britadores,

as peneiras, as correias transportadoras (o equipamento), os hidrociclones são bens do

ativo permanente que fazem parte do processo de produção, logo, todos são bens cujos

créditos são autorizados pela legislação tributária;

- conclui que, se a IN SLT nº 01/01 define o que seja processo produtivo,

estabelecendo, inclusive suas etapas, é possível concluir que as atividades exercidas em

uma mineradora, que não estejam incluídas nessas definições, não fazem parte do

processo produtivo e podem ser denominadas linha marginal, linha auxiliar, de

produção;

- o direito ao crédito de ICMS de óleo diesel na entrada da mineradora só é

reconhecido se ele for consumido no processo produtivo da mineração, isto é, no

desmonte, na movimentação de material entre o desmonte e o beneficiamento, no

beneficiamento, na movimentação de material entre o beneficiamento e a estocagem, e

na estocagem;

- afirma que o óleo diesel é consumido nessas fases da produção como

força propulsora (ou força motriz) das máquinas, equipamentos e veículos (assim como

a energia elétrica o é), pois participam de forma direta na produção do minério de ferro;

- ressalta que não foram concedidos créditos de óleo diesel consumido fora

do processo produtivo. Acrescenta que não há como negar que tal atividade é

importante numa mineradora, mas totalmente dissociada da atividade precípua de uma

mina – mineração, sendo atividade de apoio operacional conforme os itens descritos a

seguir:

- transporte interno de peças e equipamentos (Caminhões Munck): afirma

que o transporte de peças também não é atividade de mineração, não produz minério de

ferro, sendo atividade tipicamente de apoio operacional;

- esclarece que isso significa que as atividades exercidas pelos tratores não

são atividades produtivas, isto é, os tratores não contribuem de forma direta na

produção de minério de ferro, sendo que as funções por eles exercidas não geram o

produto objeto da produção, sendo, no máximo, atividades preparatórias para uma das

fases da produção, o que não se confunde com a produção propriamente dita;

- conclui que, pelo exposto, é pela continuidade do feito fiscal.

A Assessoria do CCMG elaborou Parecer de mérito, às fls. 560/581,

pedindo ao final pela procedência parcial do lançamento, nos termos da reformulação

efetuada às 468/507.

Pede ao final pela procedência do lançamento.

Do Objeto do Despacho Interlocutório

A 2ª Câmara de Julgamento, em sessão realizada no dia 05/02/14, exara o

Despacho Interlocutório, fls. 585, com o seguinte teor:

Acorda preliminar, à unanimidade, em exarar despacho interlocutório para

que a Impugnante, no prazo de 10 (dez) dias, contado do recebimento da intimação,

CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS

21.530/14/3ª 9 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

informe a que itens das exigências se referem os pagamentos efetuados, juntando os

respectivos comprovantes. Em seguida, vista ao Fisco.

Dos Esclarecimentos da Impugnante ao Despacho Interlocutório

A Impugnante manifesta-se às fls. 589/590, juntando documentos às fls.

591/600. Os documentos de fls. 589/600 voltam a ser apresentados às fls. 602/613,

com os seguintes esclarecimentos em relação ao pagamento realizado:

- utilizando-se da redução de juros e exclusão de multas prevista no Decreto

nº 46.383/13, estornou-se o crédito relacionado aos itens descritos no “doc. 01” (fls.

605/608) e foi efetuado, em 26/12/13, o recolhimento de um DAE (fls. 609/610) no

valor de R$ 61.247,03 (sessenta e um mil duzentos e quarenta e sete reais e três

centavos) – sendo R$ 47.700,36 (quarenta e sete mil e setecentos reais e trinta e seis

centavos) de ICMS e R$ 13.546,67 (treze mil quinhentos e quarenta e seis reais e

sessenta e sete centavos) referentes a juros de mora. Salienta que, ao fazer o cálculo do

estorno, considerou a proporção de saídas para exportação efetuadas pelo

estabelecimento Autuado, inclusive as remissões previstas;

- afirma que a Fiscalização deixou de considerar em seus cálculos um

estorno de R$ 821,10 (oitocentos e vinte e um reais e dez centavos), relacionado à

energia elétrica utilizada em etapas não estritamente atreladas à operação da mina, o

qual está devidamente registrado no livro Registro de Apuração do ICMS – doc. 03 de

fls. 612;

Por fim pede a reformulação do crédito tributário para excluir os itens em

relação aos quais realizou o recolhimento de ICMS.

Às fls. 615/617 reitera as alegações acima e solicita orientação da Delegacia

Fiscal quanto aos procedimentos a serem adotados para evidenciar os ajustes realizados

nas respectivas obrigações acessórias.

Da Manifestação do Fisco

A Fiscalização, por meio do Termo de Rerratificação, fls. 618, dos

documentos de fls. 622/626 e do Demonstrativo de Correção Monetária e Multas

(DCMM), fls. 627, retifica o crédito tributário para apropriar o DAE de fls. 609/610 de

forma a excluir R$ 26.756,31 (vinte e seis mil setecentos e cinquenta e seis reais e

trinta um centavos) a título de ICMS, R$ 13.378,15 (treze mil trezentos e setenta e oito

reais e quinze centavos) a título de multa de revalidação e R$ 13.378,11 (treze mil

trezentos e setenta e oito reais e onze centavos) a título de multa isolada, perfazendo

um total de R$ 53.512,57 (cinquenta e três mil quinhentos e doze reais e cinquenta e

sete centavos).

Oportunidade em que, às fls. 619/621, a Fiscalização manifesta a respeito

do Despacho Interlocutório exarado pela 2ª Câmara de Julgamento:

- informa que o recolhimento contido no DAE de fls. 609/610 ocorreu com

base em “anistia” concedida nos termos da Lei nº 21.016/13 e do Decreto nº 46.383/13,

e se refere a estorno de crédito decorrente da entrada de óleo diesel e materiais de uso e

consumo apropriado em desacordo com a legislação;

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21.530/14/3ª 10 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

- descreve o procedimento adotado na reformulação do crédito tributário

como um cruzamento dos dados de estorno levantados em Auditoria (Anexo 4 de fls.

625/626) com o demonstrativo dos recolhimentos efetuados pelo Contribuinte (fls.

605/606);

- lista as alterações realizadas no “Anexo 2 – Consolidado dos Créditos de

ICMS Estornados” (fls. 624), especialmente em relação às Colunas “C” (valores

recolhidos pela Autuada), “D” (estorno remanescente relativo a óleo diesel), “G”

(estorno remanescente relativo a material de uso e consumo) e “L” (Somatório do

estorno de crédito remanescente após a reformulação – levado à nova recomposição da

conta gráfica de fls. 622/623);

- apresenta quadro “Resumo das exigências fiscais remanescentes” por

exercício (fls. 620);

- salienta que a Impugnante se equivocou ao alegar a existência, em seu

LRACIMS, de um estorno de crédito desconsiderado pela Fiscalização, no valor de R$

821,10 (oitocentos e vinte e um reais e dez centavos), relativo a energia elétrica, na

medida em que não há no Auto de Infração nenhuma exigência relacionada com tal

mercadoria.

- quanto à manutenção dos créditos na proporção das exportações, entende

que apesar de se tratar de tese superada nos acórdãos mais recentes do CC/MG, presta-

se ao menos a encerrar a discussão quanto à classificação destas mercadorias como

matérias de uso e consumo;

Em seguida, abre prazo de 10 (dez) dias para manifestação da Autuada (fls.

630/631), nos termos do art. 120, inciso II, § 2º do Regulamento do Processo e dos

Procedimentos Tributários Administrativos (RPTA), publicado pelo Decreto nº 44.747,

publicado em 03 de março de 2008.

Do Aditamento da Impugnação

A Impugnante manifesta-se às fls. 632/634 nos seguintes termos:

- a identificação do pagamento procedida pela Fiscalização se deu sobre o

crédito tributário já reformulado, ao passo que o pagamento por ela realizado ocorreu

com base na planilha original de itens do Auto de Infração, anterior a qualquer

alteração no feito. A reformulação excluiu, em razão de divergência no CFOP, parte

dos itens envolvidos na quitação e os realocou em outro PTA, com capitulação legal

correta;

- ao fazer o cruzamento de um pagamento realizado nos termos da planilha

original (fls. 40/44) com a nova planilha de estorno de crédito resultante da

reformulação (fls. 478/486), apenas parte do pagamento efetivado pela Autuada foi

excluído da autuação, restando R$ 20.944,05 (vinte mil novecentos e quarenta e quatro

reais e cinco centavos) de ICMS referentes a itens transferidos a outro PTA, em relação

aos quais não houve apropriação;

Por fim, requer seja a DF/BH3 suscitada a apontar o Auto de Infração em

que foi decotada a diferença entre o valor efetivamente pago pelo Contribuinte e o

aproveitamento parcial no presente PTA.

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21.530/14/3ª 11 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

Por oportuno, reitera os termos da Impugnação anterior.

A Fiscalização manifesta-se às fls. 637/638 sob os seguintes argumentos:

- entende descabido o questionamento da Impugnante quanto à apropriação

e aduz que a Contribuinte se equivocou ao vincular os R$ 20.944,05 (vinte mil

novecentos e quarenta e quatro reais e cinco centavos) remanescentes à presente

autuação na medida em que, em reformulação anterior, os itens relacionados a tal valor

foram excluídos do presente feito e transferidos para outro Auto de Infração;

- salienta que a diferença não foi decotada em nenhum outro feito fiscal

porque o ônus de indicar a origem do estorno de crédito é de quem aderiu à remissão;

- entende, ainda, que relacionar a este PTA estorno de crédito de itens não

exigidos aqui não configura recolhimento indevido, pois o recolhimento se refere a

crédito de ICMS de itens que ela própria entendeu como não passíveis de apropriação.

Conclui que, no seu entendimento, a reformulação do crédito tributário está

correta.

DECISÃO

Da Preliminar

Do Pedido de Perícia

A Autuada pleiteia a produção de prova pericial, formula quesitos e nomeia

assistente técnico, conforme fls. 136/137, 143, 147, 545, 551/552 e 554 do PTA.

A Fiscalização, entende que o PTA possui todos os elementos necessários a

uma decisão, sendo desnecessária a perícia.

Repare-se que, segundo a doutrina “em casos em que o julgamento do

mérito da causa depende de conhecimentos técnicos de que o magistrado não dispõe,

deverá ele recorrer ao auxílio de um especialista, o perito, que dispondo do

conhecimento técnico necessário, transmitirá ao órgão jurisdicional seu parecer sobre

o tema posto à sua apreciação” (Alexandre Freitas Câmara; Lições de D. Processual

Civil), ou seja, somente deverá haver perícia quando o exame do fato probando

depender de conhecimentos técnicos ou especiais e essa prova tiver utilidade diante dos

elementos disponíveis para exame.

Entretanto, é verificado que as características da imputação fiscal e os

argumentos carreados aos autos pela Fiscalização, bem como pela própria Autuada em

sua defesa, revelam-se suficientes para a elucidação da questão.

Cite-se, a propósito, decisão já proferida pelo Tribunal de Justiça do Estado

de Minas Gerais abordando a questão anteriormente:

"Se a matéria tratada nos autos versar sobre questão eminentemente de direito, quanto ao reconhecimento ou não da percepção de diferença salarial, decorrente da conversão de URV, desnecessária a realização de prova pericial contábil, a qual poderá ser realizada, acaso necessário, em sede de execução. A prova

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21.530/14/3ª 12 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

pericial somente se apresenta necessária quando a informação depender da opinião de especialista na matéria que escapa do universo de conhecimento do Julgador, hipótese essa não caracterizada no caso vertido. Assim, indefere-se o pedido” (Processo número 1.0024.05.661742-6/001(1), Relator: Célio César Paduani, TJMG).

Ademais, prescreve o art. 142, inciso II do Regulamento do Processo e dos

Procedimentos Tributários Administrativos – RPTA, aprovado pelo Decreto n.°

44.747/08:

Art. 142. A prova pericial consiste em exame,

vistoria ou avaliação, e será realizada quando

deferido o pedido do requerente pela Câmara ou

quando esta a determinar, observado o seguinte:

§ 1° Relativamente ao pedido de perícia do

requerente:

I - não será apreciado quando desacompanhado da

indicação precisa de quesitos;

II - será indeferido quando o procedimento for:

a) desnecessário para a elucidação da questão ou

suprido por outras provas produzidas;

b) de realização impraticável;

c) considerado meramente protelatório.

(destacou-se).

Desse modo, é desnecessária a produção de prova pericial, que por se tratar

de prova especial, só pode ser admitida quando a apuração do fato em litígio não se

puder fazer pelos meios ordinários de convencimento, o que, entende-se, não ser o caso

dos autos.

As informações trazidas aos autos pela Fiscalização e pela própria Autuada

afastam a classificação dos materiais como produto intermediário.

Portanto, indefere-se o pedido de perícia.

Do Mérito Propriamente Dito

Relembrando, a autuação versa sobre constatação, com base em planilha

elaborada pelo próprio Contribuinte para justificar lançamento no campo “outros

créditos” da DAPI, de aproveitamento indevido de créditos de ICMS relativos a:

- aquisição de óleo diesel não consumido na lavra, no beneficiamento, na

estocagem ou na movimentação interna do minério de ferro, o qual não pode ser

caracterizado como produto intermediário, nos termos do art. 66, inciso V da Parte

Geral do RICMS/02;

- aquisição de óleo diesel consumido em veículos de terceiros contratados

pela Autuada para prestação de serviço no estabelecimento minerador, não podendo tal

combustível ser caracterizado como produto intermediário, nos termos do art. 66,

inciso V da Parte Geral do RICMS/02;

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21.530/14/3ª 13 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

- aquisição de óleos lubrificantes, graxas e pneus, os quais não se

enquadram no conceito de produto intermediário, nos termos do art. 66, inciso V da

Parte Geral do RICMS/02.

Há ainda um quarto item do Auto de Infração, relativo à entrada de bem do

ativo imobilizado com aproveitamento integral do crédito pelo Sujeito Passivo. No

entanto, tal item foi integralmente excluído pela Fiscalização no âmbito da

reformulação do crédito tributário de fls. 468/507 (ver, especificamente as fls.

487/488).

Exigências de ICMS, Multa de Revalidação prevista no art. 56, inciso II e

Multa Isolada capitulada no art. 55, inciso XXVI, ambos da Lei nº 6.763/75.

Inicialmente, cabe destacar, que o estorno dos créditos de ICMS realizado

pela Fiscalização tem respaldo no art. 29, §5º, item 4, alínea “d” da Lei nº 6.763/75:

Art. 29. O valor devido a título de imposto

resultará da diferença a maior entre o imposto

referente à mercadoria saída e ao serviço de

transporte ou de comunicação prestado e o imposto

cobrado relativamente à entrada, real ou

simbólica, de mercadoria, inclusive energia

elétrica, ou bem para uso, consumo ou ativo

imobilizado, e o recebimento de serviço de

transporte ou de comunicação, no respectivo

estabelecimento.

(...)

§5º Para o efeito de aplicação deste artigo, será

observado o seguinte:

(...)

4. darão direito a crédito:

(...)

d) a entrada, a partir da data estabelecida em

lei complementar federal, de bem destinado a uso

ou consumo do estabelecimento.

A referida data para créditos de ICMS relativo à entrada de bem destinado a

uso ou consumo está prevista no art. 33, inciso I da Lei Complementar nº 87/96, in

verbis:

Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o

seguinte:

I – somente darão direito de crédito as

mercadorias destinadas ao uso ou consumo do

estabelecimento nele entradas a partir de 1o de

janeiro de 2020;

Nesse sentido dispõe o art. 70, inciso III do RICMS/02:

Art. 70. Fica vedado o aproveitamento de

imposto, a título de crédito, quando:

(...)

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21.530/14/3ª 14 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

III - se tratar de entrada, até 31 de dezembro de

2019, de bens destinados a uso ou a consumo do

estabelecimento;

Cabe salientar que, conforme a legislação tributária (IN SLT nº 01/86), um

dos requisitos para que os materiais sejam classificados como produtos intermediários,

é estar diretamente ligado ao processo de industrialização:

considerando que o produto intermediário é aquele

que, empregado diretamente no processo de

industrialização, integrar-se ao novo produto;

considerando que, por extensão, produto

intermediário é também o que, embora não se

integrando ao novo produto, é consumido, imediata

e integralmente, no curso da industrialização;

(destacou-se).

Assim, entende-se que as expressões “empregado diretamente no processo

de industrialização” e “no curso da industrialização” delimitam o tema, para abranger,

exclusivamente, os materiais empregados, especificamente, no processo de

industrialização, não se podendo alargar esse conceito para abranger outras etapas da

cadeia produtiva, visto que, isso, a Instrução Normativa IN SLT nº 01/86 não o fez.

Frise-se que, pela classificação de produto intermediário por extensão, em

que o material não se integra ao novo produto, é necessário que seja consumido,

imediata e integralmente, no curso da industrialização.

O inciso I da IN SLT nº 01/86 define o que seja consumo imediato, nos

seguintes termos:

I - Por consumo imediato entende-se o consumo

direto, de produto individualizado, no processo

de industrialização; assim, considera-se

consumido diretamente no processo de

industrialização o produto individualizado,

quando sua participação se der num ponto

qualquer da linha de produção, mas nunca

marginalmente ou em linhas independentes, e na

qual o produto tiver o caráter de indiscutível

essencialidade na obtenção do novo produto.

(destacou-se)

Dessa forma, a própria norma tributária exclui da classificação de produto

intermediário, aquele produto que, não integrando o produto final, sua participação na

linha de produção aconteça de forma marginal ou então em linhas independente.

É a própria legislação tributária que distingue a linha principal de produção,

de linhas independentes e de participação marginal, dando tratamento diferente ao

produto em função de ser consumido em um ou em outro desses locais.

Frise-se ainda que os requisitos devem ser atendidos, não de forma isolada,

mas conjuntamente.

Assim, não basta, por exemplo, atender ao requisito da essencialidade, se

não atendidos os demais pressupostos.

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21.530/14/3ª 15 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

Já no caso de empresas mineradoras, a classificação de produto

intermediário por extensão, não abandona as premissas de consumo imediato e integral,

mas aqui, o consumo pode ser no processo de extração ou industrialização, conforme

Instrução Normativa SLT nº 01/01, vigente à época dos fatos geradores:

considerando que, por extensão, produto

intermediário é também o que, embora não se

integrando ao novo produto, é consumido, imediata

e integralmente, no processo da extração ou

industrialização; (destacou-se)

O art. 2º da Instrução Normativa SLT nº 01/01 considerava como produto

intermediário, o material consumido na lavra, na movimentação do material e no

beneficiamento, realizados pelas empresas mineradoras, mas, de forma expressa, exigia

a observância ao disposto na Instrução Normativa SLT n.º 01, de 20 de fevereiro de

1986:

Art. 2º- Para efeitos de crédito no imposto,

considera-se produto intermediário, observado o

disposto na Instrução Normativa SLT n.º 01, de 20

de fevereiro de 1986, todo o material consumido

nas fases do processo desenvolvido pelas empresas

mineradoras, tais como: broca, haste, manto

(correia transportadora), chapa de desgaste, óleo

diesel, tela de peneira, filtro, bola de moinho,

amido, amina/soda cáustica, dentre outros,

consumidos na lavra, na movimentação do material

e no beneficiamento. (destacou-se)

Cabe ressaltar que a Instrução Normativa SLT nº 01/01, foi expressamente

revogada pela Instrução Normativa SUTRI nº 02/13, que, da mesma forma, o foi pela

Instrução Normativa SUTRI nº 03/13, que, por sua vez, também da mesma forma, foi

revogada pela Instrução Normativa SUTRI nº 04/13.

Importante salientar que, tanto na Instrução Normativa SLT nº 01/01, como

demonstrado, assim como a Instrução Normativa SUTRI nº 04/13, atualmente vigente,

e com efeitos retroativos, a regra é expressa no sentido de que, para efeito do direito ao

crédito de ICMS relativo a produto intermediário, devem ser observados os mesmos

critérios da Instrução Normativa SLT nº 01/86.

Assim, entende-se que, portanto, se o material não se integrar ao novo

produto, não será classificado como produto intermediário, caso sua participação no

processo de extração ou de produção ocorrer de forma marginal ou em linha

independente.

Passa-se à análise por item, aqueles que remanesceram após a reformulação

do crédito tributário:

Óleo lubrificante e graxa:

Nesse caso, vê-se que tais itens têm a função de lubrificação das partes e

peças dos veículos/máquinas/equipamentos, diminuindo o atrito entre elas, e não a

produção de minério, não estando, portanto, compreendidos no conceito de produto

intermediário definido pela IN SLT nº 01/86.

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21.530/14/3ª 16 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

Ademais, o entendimento que tem prevalecido no CC/MG é o de que tais

produtos não se tratam de produto intermediário, devendo a glosa dos créditos ser

mantida.

Pneus:

Observa-se que os pneus não desenvolvem uma atuação particularizada,

essencial e específica, dentro da linha de produção, uma vez que têm a função de

suportar carga, amortecer impacto, rodar, transmitir esforços do motor ao solo em

qualquer veículo, em qualquer lugar.

A função do pneu não é beneficiar o minério pelo contato físico, não é

transportar o minério de ferro, é mover os veículos dos quais faz parte.

O desgaste dos pneus se dá em função da força de atrito com o solo,

decorrente do peso do veículo que sustenta, independentemente da existência de

minério nas vias em que rodam.

Além disso, nos casos em que o veículo transita sem carregamento de

minério ou estéril (por exemplo, no retorno após descarregamento, na ida para

lavagem, abastecimento, manutenção e outros deslocamentos), os pneus continuam a se

desgastar ao suportar a própria carga (massa do veículo).

No que se refere à equiparação com o direito ao crédito das empresas de

transporte, a Fiscalização esclarece que ainda que o transporte de minério dentro da

mina fosse feito por uma empresa prestadora de serviço de transporte, tal crédito (dos

pneus) não seria admitido, pois esse tipo de transporte não configura fato gerador do

ICMS, não havendo que se falar em crédito.

Pelo que foi apresentado, entende-se que cabem razões à Fiscalização não

devendo os pneus ser classificados com produtos intermediários.

Óleo Diesel:

Conforme demonstrado pela Fiscalização, não foram concedidos créditos de

óleo diesel consumido fora da linha principal de produção.

Neste caso, o consumo de óleo diesel se deu em:

- caminhões comboio: são caminhões carregados de combustível que

abastecem os veículos dentro da mina;

- caminhões Munck: fazem o transporte de peças, o que também não é

atividade de mineração, sendo atividade tipicamente de apoio operacional;

- caminhão bombeiro: da mesma forma, trata-se de atividade operacional;

- caminhão Pipa: como bem esclareceu o Fisco, é evidente que o excesso de

poeira é prejudicial ao trabalho em uma mineradora, sendo que o caminhão pipa

desempenha uma atividade importante, mas, não produz minério de ferro, mas sim,

realiza atividade de apoio operacional;

- apoio administrativo (diversos veículos): esses veículos (caminhonetes,

carros de passeio, etc.) são usados para transporte de pessoal, dentro e fora da mina, ou

seja, em atividade de apoio operacional;

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21.530/14/3ª 17 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

- terraplenagem de mina (Motoniveladoras): dentro de uma mina há

estradas e/ou vias que interligam os diversos setores, sendo que esses veículos são os

responsáveis pela abertura e conservação dessas vias, desempenhando, portanto,

atividade de apoio operacional;

- tratores de esteira: da mesma forma, os tratores em uma mina são veículos

de apoio operacional, usados na manutenção de estradas e vias, acerto de praças para

escavadeira, pilhas de estéril, manutenção de taludes, abertura de frente de trabalho

para as perfuratrizes (antes da detonação).

Assim, a Fiscalização esclarece que as atividades exercidas pelos tratores

não são atividades produtivas, isto é, os tratores não contribuem de forma direta na

produção de minério de ferro, sendo que as funções por eles exercidas não geram o

produto objeto da produção, sendo, no máximo, atividades preparatórias para uma das

fases da produção, o que não se confunde com a produção propriamente dita.

- consumo em veículos de terceiros: nesse caso, o óleo diesel é consumido

em veículos de terceiros contratados pela Impugnante para diversas modalidades de

prestação de serviço de qualquer natureza, fato gerador do ISSQN.

Tal fato é incontroverso, conforme o alegado pela Impugnante às fls.

141/142 dos autos.

Assim, sendo o óleo diesel consumido em veículos de terceiros, os quais

prestam serviços à Impugnante, entende-se correta a glosa dos créditos.

Por fim, cabe ressaltar que o Fisco aferiu o percentual de consumo de óleo

diesel fora da linha principal de produção, conforme planilha às fls. 48/69.

No caso, observa-se que no cálculo do percentual de óleo diesel utilizado

fora do processo produtivo (fls. 48/69), o Fisco leva em conta vários equipamentos que

aumentam o percentual com direito ao crédito.

Frise-se ainda que embora a Impugnante tenha apontado em sua

Impugnação os itens carregadeira e mini carregadeira (fl. 140), vê-se que tal

equipamento foi considerado favoravelmente a ela no cálculo do percentual de óleo

diesel utilizado fora do processo produtivo, conforme fl. 53 dos autos.

Assim, por tudo que foi apresentado, entende-se que as informações

trazidas aos autos, tanto pela Fiscalização, quanto pela própria Impugnante, acerca das

características dos materiais tratados, demonstram o não atendimento aos pressupostos

da Instrução Normativa SLT n.º 01, de 20 de fevereiro de 1986.

Neste momento, a celeuma dos autos gira em torno da sistemática utilizada

pela Fiscalização para apropriar o pagamento parcial do crédito tributário, realizado

pela Impugnante com fulcro na Lei nº 21.016/13 e no Decreto Regulamentar nº

46.383/13, os quais concederam remissão de juros e multas relativos a estorno de

créditos apropriados indevidamente pelo Contribuinte que atua na atividade minerária,

conforme regras que especificam.

O art. 23, inciso I da Lei nº 21.016/13 autorizou os destinatários da norma a

recolherem o ICMS decorrente de estorno de créditos apropriados em desacordo com a

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21.530/14/3ª 18 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

legislação com redução de 50% (cinquenta por cento) dos juros de mora e de 100%

(cem por cento) das penalidades, inclusive multa isolada:

Art. 23. Ao estabelecimento minerador

beneficiário do regime especial a que se refere o

art. 32-I da Lei nº 6.763, de 1975, fica

assegurado, em relação aos períodos de apuração

do imposto anteriores à data de vigência do

regime especial, o direito de recolher:

I - o ICMS decorrente do estorno de créditos

apropriados em desacordo com a legislação

tributária com redução de 50% (cinquenta por

cento) dos juros de mora e da totalidade das

penalidades, inclusive multa isolada relacionada

à apropriação indevida de créditos;

(Destacou-se)

O art. 2º, inciso I do Decreto nº 46.383/13 reproduz o texto da lei:

Art. 2º Ao contribuinte, relativamente ao

estabelecimento minerador beneficiário do regime

especial a que se referem o art. 32-I da Lei nº

6.763, de 26 de dezembro de 1975, e o art. 501 da

Parte 1 do Anexo IX do Regulamento do ICMS

(RICMS), aprovado pelo Decreto nº 43.080, de 13

de dezembro de 2002, fica assegurado, em relação

aos períodos de apuração do imposto anteriores à

vigência do regime especial, o direito de

recolher:

I - o ICMS decorrente do estorno de créditos

apropriados em desacordo com a legislação

tributária com redução de 50% (cinquenta por

cento) dos juros de mora e da totalidade das

penalidades, inclusive multa isolada relacionada

à apropriação indevida de créditos;

O § 4º, inciso II, alíneas “a” e “b” do mesmo art. 2º, com a redação vigente

à época do pagamento realizado pela Autuada, condiciona a fruição do benefício à

entrega de demonstrativo com as informações que lista:

Efeitos de 21/12/2013 a 11/06/2014 - Redação

original:

“§ 4º O contribuinte deverá, até 30 de junho de

2014, junto à Secretaria de Estado de Fazenda:”

(...)

II - entregar demonstrativo indicando:

a) em se tratando de crédito tributário não

formalizado, por período de apuração, o valor

total do estorno, o valor dos juros sem a

redução, o valor dispensado e os valores

recolhidos ou parcelados a título de imposto e de

juros;

b) em se tratando de crédito tributário

formalizado com exigência de ICMS, o número do

Processo Tributário Administrativo, os valores do

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21.530/14/3ª 19 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

imposto, dos juros e das multas sem a redução, os

valores dos juros e das multas dispensados e os

valores recolhidos ou parcelados a título de

imposto e de juros;

A Impugnante, atendendo aos ditames legais realizou o pagamento de fls.

609/610, o qual foi detalhado em relação a cada item que se quitava nas planilhas de

fls. 605/607.

A Fiscalização realizou apropriação dos valores pagos em desacordo com a

manifestação de vontade da Autuada.

O pagamento parcial realizado (fls. 604/610), envolvendo ICMS e multa

moratória, englobou tanto documentos fiscais que permanecem ao presente Auto de

Infração quanto outros, que em razão da reformulação do crédito tributário de fls.

468/507, foram excluídos do feito e transferidos para o Auto de Infração nº

01.000191136-07 em razão de conterem operações de saída e não de entrada de

mercadorias.

No entanto, por força do supratranscrito art. 23, inciso I da Lei nº

21.016/13, sobre as operações objeto do presente estorno de crédito não há incidência

de multa de revalidação e multa isolada. Importante reiterar ainda que o Contribuinte,

ao especificar no DAE as rubricas que quitava (fls. 609), claramente apontou apenas

ICMS e juros moratórios.

O pagamento parcial do crédito tributário é uma faculdade do Contribuinte,

que a exerce de forma discricionária, apontando livremente os itens em relação aos

quais reconhece a infração e pretende realizar a quitação. Não é dado à Fiscalização

substituir a vontade manifesta do Contribuinte pela sua, apropriando o pagamento de

forma diversa daquela manifestada por quem o realizou.

Em razão da previsão legal, as multas de revalidação e isolada vinculadas

aos itens que geraram o crédito estornado e pago pelo Contribuinte devem ser

sumariamente excluídas da Autuação.

Conclui-se que, no que tange ao pagamento parcial realizado, no âmbito do

presente Auto de Infração somente devem ser apropriados o ICMS e 50% (cinquenta

por cento) dos juros moratórios relacionados às mercadorias que ainda integram o feito,

sem incluir qualquer valor a título de multa, seja de revalidação ou isolada.

É de ressaltar que o cálculo realizado pela Impugnante em seu pagamento

considerou que o crédito de ICMS pela entrada de material de uso e consumo poderia

ser apropriado na proporção das exportações realizadas pelo estabelecimento,

entendimento este já superado no âmbito do Estado de Minas Gerais em razão da

revogação do art. 66, inciso VI do RICMS/02 e da publicação do Decreto nº 45.388/10,

que encerrou quaisquer dúvidas a respeito do entendimento da Administração

Tributária no que tange ao tema.

O art. 2º do referido decreto deixa clara a impossibilidade da apropriação ao

determinar o estorno do crédito efetivado, a qualquer tempo, pelo contribuinte:

Decreto nº 45.338/10

CONSELHO DE CONTRIBUINTES DO ESTADO DE MINAS GERAIS

21.530/14/3ª 20 Disponibilizado no Diário Eletrônico em 02/12/2014 - Cópia WEB

Art. 2º O sujeito passivo que tenha apropriado, a

qualquer tempo, a título de crédito, em sua

escrita fiscal, o valor do ICMS relativo à

entrada de bem de uso ou consumo aplicado no

processo produtivo de produto industrializado,

inclusive semielaborado, destinado à exportação

deverá promover o respectivo estorno e

regularizar sua conta gráfica de ICMS.

Desse modo, no que tange às mercadorias integrantes do presente feito e

que foram objeto do pagamento parcial efetuado pelo Contribuinte, a parcela

remanescente da apropriação indevida de créditos de ICMS, proporcional ao percentual

de exportações do estabelecimento no período envolvido, deve ser mantida no Auto de

Infração, acompanhada das multas de revalidação e isolada a ela proporcionais, em

razão das previsões do supracitado Decreto nº 45.338/10.

Diante do exposto, ACORDA a 3ª Câmara de Julgamento do CC/MG, em

preliminar, à unanimidade, em indeferir o pedido de perícia. No mérito, à unanimidade,

em julgar parcialmente procedente o lançamento, nos termos da reformulação do

crédito tributário efetuada pela Fiscalização às fls. 468/507 e, também, para alterar a

apropriação do pagamento parcial de fls. 609/610, de forma que em relação aos itens

constantes nas planilhas de fls. 605/607, cujas exigências remanescem no presente

lançamento, sejam apropriados somente ICMS e juros de mora, excluindo-se as multas

de revalidação e isolada sobre eles incidentes, nos termos art. 23, inciso I da Lei nº

21.016/13. Fica, ainda, resguardado o direito da Impugnante requerer a apropriação, no

âmbito do PTA nº 01.000191136-07, referente aos itens cujas exigências foram a ele

transferidas, da parcela do pagamento efetuado, que não for apropriado quando da

liquidação do presente PTA. Pela Impugnante, sustentou oralmente o Dr. João Emílio

Santiago Ramos e, pela Fazenda Pública Estadual, o Dr. Marcelo Pádua Cavalcanti.

Participaram do julgamento, além do signatário, os Conselheiros Carlos Alberto

Moreira Alves (Revisor), Eduardo de Souza Assis e Guilherme Henrique Baeta da

Costa.

Sala das Sessões, 21 de outubro de 2014.

Fernando Luiz Saldanha

Presidente / Relator

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