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CONSELHO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMISSÃO DE REESTRUTURAÇÃO CURRICULAR PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO Graduação em Educação Física: Modalidades Licenciatura e Bacharelado PROPOSTA Setembro 2010

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CONSELHO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

COMISSÃO DE REESTRUTURAÇÃO CURRICULAR

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO

Graduação em Educação Física: Modalidades Licenciatura

e Bacharelado

PROPOSTA

Setembro 2010

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO ........................................................................................ .......... 04 1.1. A Educação Física como Campo Acadêmico e Profissional ............... .......... 04 1.2. A Tradição de Intervenção da Educação Física .................................. .......... 08 II. Conceitos Fundamentais ........................................................................ .......... 09 2.1 - Motricidade Humana .......................................................................... .......... 10 2.2 - Qualidade e Valor ............................................................................... .......... 12 III - As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Educação Física ........... .......... 14 3.1. - Competências Gerais a serem Desenvolvidas ................................. .......... 18 3.2 – Regulamentação da Profissão .......................................................... .......... 20 IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS CURSOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ............................................................

.......... 21

V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ...................................................................................

.......... 23

VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE ............................................................................................

.......... 23

VII - CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ..................... .......... 25 7.1 -A Educação Física Escolar ................................................................. .......... 25 7.2 - A Formação de Professores de Educação Física .............................. .......... 28 7.3- Objetivos ............................................................................................. .......... 35 7.4 - Eixos Nortedores da Organização Curricular ..................................... .......... 36 7.4.1 - Desenvolvimento de Competências ................................................ .......... 36 7.4.2. - Concepção de Conteúdo ................................................................ .......... 37 7.4.3. - Concepção de Aprendizagem ........................................................ .......... 38 7.4.4 - Simetria Invertida ............................................................................ .......... 39 7.4.5 - Conhecimento das Competências a Serem Desenvolvidas nos Alunos das Diferentes Etapas e Modalidades da Educação Básica ..........

.......... 40

7.4.6. - A Prática como eixo central ............................................................ .......... 40 7.4.7 - Pesquisa e Atitude Investigativa ..................................................... .......... 41 7.4.8. - Concepção de Avaliação ................................................................ .......... 42 7.5 - Competências Gerais a Serem Desenvolvidas .................................. .......... 44 7.5.1. Competências Referentes ao Comprometimento com os Valores Inspiradores da Sociedade Democrática ....................................................

.......... 44

7.5.2. Competências referentes à compreensão do papel social da escola .........................................................................................................

.......... 44

7.5.3. Competências referentes ao domínio dos conteúdos básicos e específicos da educação física como área de conhecimento ....................

.......... 45

7.5.4. Competências referentes ao domínio do conhecimento didático-pedagógico .................................................................................................

.......... 45

7.5.5 - Competências referentes ao conhecimento de processos de investigação ................................................................................................

.......... 46

7.5.6 - Competências referentes ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional .....................................................................

.......... 46

7.6 – Organização Curricular ...................................................................... .......... 47 7.6.1 - Dimensões do conhecimento .......................................................... .......... 47 7.6.2 - Organização Temática .................................................................... .......... 48 7.6.3 – Outras atividades de formação ....................................................... .......... 59 7.6.3.1 - Atividades Optativas ..................................................................... .......... 59 7.6.3.2 - Atividade Obrigatória .................................................................... .......... 62 7.6.4 – A Dimensão da prática ................................................................... .......... 62 7.6.5 – Matriz Curricular ............................................................................. .......... 65 VIII – CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ................... .......... 76

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8.1 - Conceitos Básicos: Atividade Física, Exercício e Aptidão Física ....... .......... 76 8.2 - Atividade Física e Saúde Coletiva ...................................................... .......... 77 8.3 - O Panorama Atual .............................................................................. .......... 80 8.4 - A Trajetória da Produção do Conhecimento em Atividade Física e Saúde no Brasil ..........................................................................................

.......... 81

8.5 – Parâmetros para a Definição da Formação do Bacharel em Educação Física com Aprofundamento em Aptidão Física e Saúde .........

.......... 86

8.6 – Objetivo ............................................................................................. .......... 89 8.7 – Eixos Norteadores ad organização Curricular ................................... .......... 89 8.7.1 - Desenvolvimento de competências ................................................. .......... 89 8.7.2 - Concepção de Conteúdo ................................................................. .......... 90 8.7.3 - Concepção de Aprendizagem ......................................................... .......... 90 8.7.4 - Simetria Invertida ............................................................................ .......... 92 8.7.5 - A Prática como Eixo Central ........................................................... .......... 92 8.7.6 - Pesquisa e Atitude Investigativa ..................................................... .......... 93 8.7.7 - Concepção de Avaliação ................................................................. .......... 94 8.8 - Competências Gerais a Serem Desenvolvidas .................................. .......... 95 8.8.1 - Competências Referentes ao Comprometimento com os Valores Inspiradores da Sociedade Democrática ....................................................

.......... 95

8.8.2 - Competências Referentes ao Domínio dos Conteúdos Básicos e Específicos da Educação Física como Área de Conhecimento: ................

.......... 96

8.8.3 - Competências Referentes ao Domínio do Conhecimento Didático-Pedagógico no Campo da Aptidão Física e Saúde ....................................

.......... 96

8.8.4 - Competências Referentes ao Conhecimento de Processos de Investigação ...............................................................................................

.......... 97

8.8.5 - Competências Referentes ao Gerenciamento do Próprio Desenvolvimento Profissional ....................................................................

.......... 97

8.9 – Organização Curricular ..................................................................... .......... 98 8.9.1 - Dimensões do Conhecimento ......................................................... .......... 98 8.9.2 - Organização Temática .................................................................... ........ 100 8.9.3 - Outras Atividades de Formação ...................................................... ........ 109 8.9.3.1 - Atividades Optativas ..................................................................... ........ 109 8.9.3.2 - Atividade Obrigatória ................................................................... ........ 112 8.9.4 - A Dimensão da Prática ................................................................... ........ 112 8.9.5 – Matriz Curricular ............................................................................ ........ 116 IX – CARGA HORÁRIA DOCENTE E DEMANDA DE CONTRATAÇÃO ........ 130 X – REINGRESSO ..................................................................................... ........ 133 ANEXO I – EMENTAS DAS DISCIPLINAS DO TRONCO COMUM DA FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA .....................................................

........ 136

ANEXO II – EMENTAS DAS DISCIPLINAS DA FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ....................

........ 224

ANEXO III – EMENTAS DAS DISCIPLINAS DA FORMAÇÃO ESPECÍFICA EM BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA ...................

........ 269

ANEXO IV – INFRAESTRURA GERAL PARA OS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – UNESP/BAURU ......................

........316

ANEXO V – RESOLUÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA (CONEF) ........................................................................................

........ 321

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ELEMENTOS DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

I - INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, houve mudanças importantes na área acadêmico-

profissional da Educação Física: desenvolvimento do conhecimento teórico-científico

e prático, reconhecimento social do valor das atividades físicas como meio de

educação, saúde e lazer, a ampliação do mercado de trabalho, e, por fim, o

reconhecimento legal da profissão. Identifica-se uma demanda profissional mais

especializada: além da atuação na educação básica, típica do Licenciado, há espaço

para profissionais com atuação mais específica na área de Saúde e Aptidão Física,

Esporte e Lazer e Rendimento Esportivo. As resoluções e pareceres do Conselho

Nacional de Educação que estabeleceram parâmetros para as Licenciaturas, bem

como as diretrizes curriculares para os cursos de graduação em Educação Física

fixam perfis profissionais diferenciados para o Licenciado e o Bacharel em Educação

Física. Por fim, resoluções do Conselho Federal de Educação Física, passaram a

exigir formação especializada do graduado (Licenciatura ou Bacharelado) para o

exercício profissional, na área escolar ou não-escolar.

1.1 - A EDUCAÇÃO FÍSICA COMO CAMPO ACADÊMICO E PROFISSIONAL

As bases filosóficas do moderno conceito de Educação Física foram

lançadas, no mundo ocidental, entre os séculos XVII e XIX, por pensadores como F.

Bacon, J. Locke e J.J. Rousseau, os quais abordaram a importância dos cuidados

com o corpo e dos exercícios físicos na formação dos indivíduos, no contexto do

surgimento e consolidação da sociedade burguesa.

No século XIX, filósofos ocupados com questões da educação das crianças e

jovens, e sob influência das idéias racionalistas e liberalistas do Iluminismo, do

conceito pedagógico de natureza de Rousseau e dos avanços da Medicina, referem-

se à necessidade da “educação física”, que deveria se justapor e relacionar à

educação moral, à educação intelectual etc.; sob essas idéias, escolas pioneiras

introduzem a ginástica em seu currículos.

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No século XIX, obras que propõem a sistematização científica (com base na

medicina e na biologia) e pedagógica da ginástica utilizam explicitamente a

expressão “educação física”. O termo “Educação Física” pode, então, ser referido à

sistematização científica ocorrida em torno dos exercícios físicos, jogos e esporte, e

o termo “ginástica” na obras do século XIX pode ser considerado sinônimo de

Educação Física. Essa “teorização” da Educação Física foi realizada a partir de um

olhar pedagógico (seja médico-pedagógico ou moral pedagógico), quer dizer, as

práticas corporais (em especial a ginástica), eram construídas e vistas como

instrumentos para a educação para a saúde e para a educação moral.

No século XX, o período compreendido entre as décadas de 1960 e 1980

assinala uma ruptura nessa tradição pedagógica, com a ascensão do discurso

científico como referencial privilegiado para a Educação Física. Na Europa e na

América do Norte, colocou-se a questão do estatuto científico da Educação Física,

se ela seria ou não uma disciplina acadêmica ou científica, qual seria seu objeto de

estudo etc., gerando as oposições e tensões que, daí em diante, iriam percorrer o

entendimento que a área busca construir de si própria.

Nos EUA, F. Henry1 propõe a Educação Física como “disciplina acadêmica”,

entendida como um corpo organizado de conhecimentos incluído num curso formal

de aprendizagem, diferenciada das disciplinas que tradicionalmente lhe dão suporte

(fisiologia, psicologia, antropologia, sociologia etc.), e em oposição ao caráter de

aplicação profissional (em especial no campo educacional) que lhe era tradicional.

Tal conhecimento seria organizado em torno da compreensão da função do corpo

humano praticando exercício.

Na Alemanha, ao final dos anos 1960, sob influência da importância social e

política do esporte, o conceito de pedagogia esportiva (Sportpädagogik) opõe-se e

põe fim ao conceito de teoria da Educação Física (Leibeserziehung) orientada nas

teorias da educação, iniciando o processo de “cientifização” da Educação Física.

Sob influência de precursores franceses, como J. Le Boulch e P. Parlebas,

Sérgio2 buscou fundamentar epistemologicamente uma “Ciência da Motricidade

1 HENRY, F. M. Physical education: an academic discipline. Journal of Health, Physical Education and

Recreation, v. 35, p. 32-38, 1964.

2 SÉRGIO, M. Uma nova ciência do homem - a quinantropologia. Desportos, n. 7 (separata). Direção

Geral dos Desportos, Lisboa, 1983; SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana:

prolegômenos a uma ciência do homem. Lisboa: Compendium, 1987.

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Humana” ou “Cineantropologia”, entendida como uma ciência da compreensão e da

explicação das condutas motoras, que estuda as constantes tendências da

motricidade humana, tendo em vista o desenvolvimento global do indivíduo e da

sociedade, e como fundamento simultâneo o físico, o biológico e o

antropossociológico. O termo “educação motora” aparece como substituto de

“Educação Física”, e é proposto como ramo pedagógico daquela Ciência da

Motricidade Humana, que busca o desenvolvimento das faculdades motoras

imanentes no indivíduo.

São comuns a essas proposições a idéia da interdisciplinaridade, que supõe a

superação de um modelo muldisciplinar das ciências em direção à interação ou

sínteses entre diversas ciências, tendo em vista o interesse por um objeto,

diferentemente definido em cada uma daquelas proposições.

Tal tendência repercute intensamente no Brasil desde meados da década de

1980. Na esteira do “movimento disciplinar” norte-americano, Tani3, por exemplo,

propõe a “Cinesiologia”, como uma área do conhecimento que objetiva investigar de

forma abrangente e profunda o fenômeno movimento humano, mais especificamente

o estudo de movimentos genéricos (postura, locomoção, manipulação) e específicos

do esporte, exercício, ginástica, jogo e dança, contemplando as sub-áreas

biodinâmica do movimento humano, comportamento motor e estudos socioculturais

do movimento humano. A Educação Física é definida como área de pesquisa(s)

eminentemente aplicada(s), que, fundamentada nos conhecimentos “básicos”

oriundos da Cinesiologia, possui preocupação pedagógica e profissionalizante,

produzindo conhecimentos que serviriam de base para a elaboração e

desenvolvimento de programas de Educação Física em nível formal (escolar) e não

formal. Nessa proposição, como em outras, a Educação Física aparece em posição

adjacente ou dependente, como ramo pedagógico ou aplicado da uma ciência

“básica”.

Já outros restringem a Educação Física ao ambiente escolar. Bracht4, por

exemplo, distingue a Educação Física em sentido restrito, que abrange as atividades

pedagógicas, tendo como tema o movimento corporal e que toma lugar na instituição

3 TANI, G. Perspectivas da educação física como disciplina acadêmica. In: SIMPÓSIO PAULISTA DE

EDUCAÇÃO FÍSICA, 2, Rio Claro. Anais... Rio Claro: Universidade Estadual Paulista, 1989. p. 2-12; TANI, G.

Cinesiologia, educação física e esporte; ordem emanente do caos na estrutura acadêmica. Motus Corporis, v.3,

n.2, p. 9-50, 1996. 4 BRACHT, V. Educação física & ciência: cenas de um casamento (in)feliz. Ijuí: Editora Unijuí, 1999.

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educacional; e em sentido amplo, que designaria todas as manifestações ligadas a

ludomotricidade humana, mas que seriam melhor abarcadas por termos como

cultura corporal ou cultura de movimento. Em Soares et alii5, a Educação Física é

definida como uma disciplina escolar que trata pedagogicamente do conhecimento

de uma área denominada “cultura corporal”, configurada com temas e formas de

atividades (jogo, esporte, ginástica, danças, lutas etc.) que constituem seu conteúdo.

Em uma tentativa de superar os dualismos, a “Teoria da Educação Física” é

concebida por Betti6 como um campo dinâmico de pesquisa e reflexão, que

sistematiza e critica conhecimentos científicos e filosóficos, recebe e envia

demandas à prática pedagógica e às ciências/filosofias, a partir de problemáticas

que emergem da prática, e que questionam as ciências e a filosofia. O princípio

integrador nesse processo não seria um “objeto científico” (movimento humano,

motricidade humana etc.), porque cada ciência recorta seu objeto sob diferentes

óticas, mas seriam as problemáticas que se articulam desde a prática social

envolvida no jogo, esporte, dança, ginásticas etc., e que são axiologicamente

condicionadas, quer dizer, são os valores eleitos pelo pesquisador que o fazem (ou

não), delimitar uma problemática que possa ser abordada pelas teorias/métodos de

uma dada ciência ou pela filosofia.

A “prática” passa então a configurar-se como possibilidade de mediação entre

a “matriz científica” e a “matriz pedagógica” que se apresentam no debate sobre a

identidade epistemológica da Educação Física, entre a “teoria” e a “prática”, entre o

“fazer corporal” e o “saber sobre esse fazer”.

Bracht7 realizou significativo avanço nesse debate, ao perceber a Educação

Física como campo acadêmico que teoriza a prática pedagógica e que tematiza as

manifestações da cultura corporal de movimento. O objeto da Educação Física é o

saber específico de que trata essa prática, e a definição desse objeto/saber

específico define o tipo de conhecimento buscado para sua fundamentação, e este

por sua vez determina a função atribuída à Educação Física. Haveria três

entendimentos desse saber próprio da Educação Física:

5 SOARES, C. L. et al. Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1994.

6 BETTI, M. Por uma teoria da prática. Motus Corporis, v.3, n.2, p. 73-127, 1996.

7 BRACHT, op. cit.

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(i) atividades físicas ou atividades físico-esportivas e recreativas – a função da

Educação Física é o desenvolvimento da aptidão física, e as referências teórico-

conceituais provém das ciências biológicas;

(ii) movimento humano, movimento corporal, motricidade humana ou

movimento humano consciente – o objetivo da Educação Física é o desenvolvimento

integral do educando; o referencial provém da aprendizagem motora e

desenvolvimento motor, e, em certo sentido, da antropologia filosófica;

(iii) cultura corporal, cultura de movimento ou cultura corporal de movimento –

movimentar-se é forma de comunicação com o mundo, constituinte e construtora de

cultura, mas também possibilitada por ela; é linguagem, que enquanto cultura habita

o mundo do simbólico.

1.2 - A TRADIÇÃO DE INTERVENÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA

É Lovisolo8 quem propõe o resgate da importância da tradição, que para a

Educação Física lhe parece ser a formulação de propostas ou programas de

intervenção no plano das atividades corporais que possibilitam a realização de

valores sociais. A Educação Física não é uma disciplina ou ciência como a

matemática ou a química, embora estas e outras disciplinas contribuam no processo

de formação dos profissionais da Educação Física. Isso não diminuiria sua

importância e significado, pois a sociedade moderna, complexa e plural, não poderia

funcionar sem os especialistas da intervenção. Em sua prática, os educadores

físicos deveriam produzir um "arranjo” das disciplinas num programa de atividade

corporal, combinando conhecimentos, técnicas e saberes para alcançar objetivos

sociais que se expressam em programas ligados ao treinamento, lazer, educação,

etc.

Segundo Lovisolo, a intervenção pode basear-se nos conhecimentos

científicos das disciplinas que a auxiliam, mas nem a definição dos valores

orientadores da intervenção nem a seleção das disciplinas ou conhecimentos

auxiliadores seriam decisões científicas. Como a Educação Física busca realizar

objetivos sociais, e não produzir conhecimentos, a principal discussão na Educação

Física diz respeito aos objetivos sociais que ela deve promover, e "não podemos

8 LOVISOLO, H. Educação física: a arte da mediação. Rio de Janeiro: Sprint, 1995.

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cientificamente decidir se a educação física deve perseguir o objetivo da

emancipação política ou o da saúde ou o da estética do corpo" 9.

A racionalidade e a cientificidade foram os critérios que legitimaram

socialmente áreas profissionais como a medicina, a engenharia e a economia. Tal

pretensão colocou-se também à Educação Física. Contudo, os seus limites situar-

se-iam na relação não racional e nem calculável entre meios e objetivos, e não na a-

cientificidade ou a-racionalidade dos objetivos. Embora os objetivos, no

entendimento de Lovisolo sejam valores socialmente compartilhados, os valores

também permeiam os meios na ação educacional, e relação meios-objetivos

apresenta-se como racional, quando, na realidade, é uma relação segundo valores.

Por isso, para ele, as discussões sobre o objeto de estudo da Educação

Física têm-se destinado apenas à obtenção da legitimidade acadêmica, enquanto as

discussões sobre os valores e objetivos "destinam-se à obtenção da legitimidade

social, da possibilidade de intervenção e de suas modalidades"10.

Enfim, Lovisolo propõe uma “arte da mediação” à Educação Física; mediação

entre diferentes demandas, entre objetivos e meios, entre intenções e efeitos, entre

conhecimentos, técnicas e saberes. Portanto, nessa perspectiva, a Educação Física

é uma área de intervenção, que se propõe a realizar valores nos campos da

educação, esporte, saúde e lazer, e o debate central na área deveria ocorrer em

torno da articulação entre objetivos, meios e valores.

II - CONCEITOS FUNDAMENTAIS

A Educação Física, então, pode ser entendida simultaneamente como área de

conhecimento, profissão e disciplina escolar na educação básica. Como área de

conhecimento, produz conhecimentos de natureza científica e filosófica em torno de

seu objeto de estudo, diferentemente definido por diversos teóricos: movimento

humano, motricidade humana, exercício, cultura corporal ou de movimento etc. Na

qualidade de profissão, possui o caráter de intervenção, elaborando, executando e

avaliando programas de atividades físicas e esportivas para diversos grupos,

atendendo demandas sociais que se avolumaram no Brasil desde a década de

9 LOVISOLO, op.cit., p. 25.

10 Ibid., p. 143

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1980, diversificando o campo de intervenção profissional da Educação Física nas

dimensões da educação, saúde e lazer e rendimento esportivo. Por fim, em sua

vinculação fortemente estabelecida com a instituição escolar desde as primeiras

décadas do século XX no Brasil, a Educação Física é um componente curricular

formalmente integrado ao ensino fundamental e médio, alcançando também a

educação infantil; enquanto tal, busca contribuir, por seus meios e conteúdos

específicos, com a formação e o desenvolvimento dos alunos.

O desafio maior que se coloca hoje é como articular esses diferentes

entendimentos, superando dualismos e divisões que opõem a teoria à prática, os

valores educacionais àqueles ligados a saúde/aptidão física, que distanciam a teoria

da prática, a educação básica da universidade, a formação profissional do mercado

de trabalho e os profissionais dos pesquisadores.

Propomos articular a formação profissional a partir dos conceitos de cultura

corporal de movimento e motricidade humana, entendendo a Educação Física como

área de conhecimento e intervenção profissional-pedagógica, que lida com a cultura

corporal de movimento, objetivando a melhoria qualitativa das diferentes

manifestações daquela cultura, mediante referenciais científicos, filosóficos e

estéticos11. Tal entendimento busca a ampliação da concepção de Educação Física

como prática pedagógica, não a percebendo como restrita à Escola. O conceito de

qualidade aqui referido é compreendido como valorativo, quer dizer, exige a opção

por valores, entendidos estes como possibilidades de escolha.

Por cultura corporal de movimento entende-se aquela parcela da cultura geral

que abrange as formas culturais que se vêm historicamente construindo, nos planos

material e simbólico, mediante a exercitação (em geral, intencionada e sistemática)

da motricidade humana: jogo, esporte, ginásticas, práticas de aptidão física,

atividades rítmicas/expressivas, dança e lutas/artes marciais12. A motricidade

humana é entendida, a partir de Sérgio13, como capacidade de movimento do ser

humano para a transcendência14, e como agente e criadora de cultura.

11

BETTI, M.. Educação física escolar: do idealismo à pesquisa-ação. 2002. 336 f. Tese (Livre-Docência

em Métodos e Técnicas de Pesquisa em Educação Física e Motricidade Humana) - Faculdade de Ciências,

Universidade Estadual Paulista, Bauru, 2003 12

Idem. 13

SÉRGIO, M. Para uma epistemologia da motricidade humana: prolegômenos a uma ciência do

homem. Lisboa: Compendium, 1987. 14

“Transcendência” é aqui entendida como “ir além de”, como “ultrapassar”, “superar”.

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Para melhor compreensão deste “ponto de partida”, faz-se necessário

aprofundar os conceitos de motricidade humana, qualidade e valor.

2.1 - MOTRICIDADE HUMANA

A motricidade humana, para Sérgio15 supõe que: (i) o ser humano é um ser

não-especializado e carente, aberto ao mundo, aos outros e à transcendência; (ii) o

ser humano é um ser práxico, que procura encontrar (e produzir) o que lhe permite a

unidade e a realização; (iii) como ser práxico, é agente e criador de cultura, “projeto

originário de todo sentido”16. Por isso a motricidade humana constitui processo

adaptativo de um ser não-especializado, cujo ritmo evolutivo é lento; constitui

processo evolutivo de um ser com predisposição à interioridade e à cultura, que

integra, progressivamente, padrões de comportamento necessários à criação e

manutenção de um meio artificial necessário à sua sobrevivência e

desenvolvimento; e constitui processo criativo de um ser, “em que as práxis lúdicas,

agonísticas, simbólicas e produtivas traduzem a vontade e as condições de o

Homem se realizar como sujeito, ou seja, como autor responsável dos seus actos”17.

A necessidade de encontrar soluções sempre novas, diante das infindas

contradições da vida, torna a motricidade de uma riqueza imprevisível e opulenta. Ao

passo que o animal, envolvido com necessidades predominantemente fisiológicas,

realiza-se plenamente com sua satisfação, o ser humano, ser práxico, ruma sempre

em direção à transcendência, infinitos possíveis apresentam-se a ele, mesmo que

estejam satisfeitas suas necessidades. Transcendência é “ascenção do Homem ao

mais humano”, e a motricidade “garante o dinamismo revelador e comunicativo da

procura e conquista de mais ser; o Homem é “um apelo à transcendência,

transcendência que nunca tem e sempre almeja; daí o seu sentimento de carência,

daí o radical fundante da motricidade”18.

A carência de especialização motora do ser humano exige a cultura como

exercício criador e de aprendizagem porque, “sem órgãos superespecializados, o

homem precisa, inelutavelmente, da chamada educação física e dá à sua

motricidade, mais do que um meio de luta pela vida, mais do que um esforço de

15

SÉRGIO, M. idem 16

Ibid., p. 109. 17

Ibid., p. 110. 18

SÉRGIO, op. cit., p. 155.

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12

adaptação da Natureza às suas necessidades imediatas, a expressão dos anseios

do homem ao mais ser”19. Como ser de cultura, a motricidade do homem -

movimento jamais acabado e sempre a recomeçar, porque nela há mais do que

movimento - visa o desenvolvimento não só do indivíduo, mas da espécie humana,

já que a motricidade acentua a vida de relação.

Por isso, então, a motricidade é definida como “processo adaptativo, evolutivo

e criativo de um ser práxico, carente dos outros, do mundo e da transcendência”20.

Daí o homem ser predisposto a uma abundância incalculável de condutas

motoras e conduta motora é “o comportamento motor enquanto portador de

significação, de intencionalidade, de consciência clara e expressa e onde há vida,

vivência e convivência”21. Uma conduta motora é uma significação vivida e, portanto,

única, irrepetível, intransferível, que se expressa pela linguagem corporal ou motora,

que é a “matéria prima” da motricidade. Toda linguagem é expressão e

comunicação, porém a linguagem corporal “remonta às verdades primigênias e

fundamentais do ser humano” – é neste sentido uma experiência original (no sentido

de “origem”), em dois sentidos: “como experiência radical das origens do ser e

experiência que inaugura realmente uma realidade nova”, porque “nenhum saber lhe

pré-existe”22. A linguagem corporal “é uma surpresa do ser, porque apresenta uma

densidade própria e se inicia por um ato de vontade criadora”23.

Já a cultura motora é entendida por Sérgio como “nível de humanização,

alcançado pela assimilação das condutas motoras, sistemáticas e livremente

adquiridas, através da instrução e da educação, e também pode entender-se como o

conjunto de comportamentos representativos de uma determinada sociedade ou

grupo natural”24.

Portanto, motricidade humana e cultura se imbricam; o ser humano, como ser

carente que é, exercita sua motricidade em busca da transcendência (por isso é um

ser práxico, que busca sempre superar sua condição, tornar-se mais ser, mais

humano), e nessa dinâmica torna-se agente e criador de cultura. A motricidade

manifesta-se em condutas motoras (que expressam significações e, portanto, são

19

Ibid., p. 143. 20

Ibid., p.156 21

Ibid, p.154. 22

Ibid., p. 144. 23

Ibid., p. 144. 24

Ibid., p. 155.

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linguagens: a linguagem corporal), que podem ser assimiladas pela cultura, em um

dado contexto sócio-histórico. A partir daí, pode-se falar na cultura corporal ou

cultura corporal de movimento de uma determinada sociedade ou grupo, em

determinado contexto histórico. Então, o esporte, as ginásticas, a dança etc.

constituem algumas das formas culturais assumidas pela motricidade no âmbito da

nossa cultura – manifestações estas que guardam uma relação histórica com a

cultura profissional e a tradição da Educação Física.

2.2 - QUALIDADE E VALOR

Muitas vezes, no âmbito da Educação Física, o termo “qualidade” tem sido

usado de modo restrito ao seu sentido comum de aspecto positivo de alguma coisa,

que a torna superior à média, enquanto que no seu sentido filosófico é um caráter

geral do objeto, nada nos diz a princípio sobre ele, sobre suas propriedades; ou,

então indica apenas as possibilidades do objeto. Portanto, "qualidade" pode

significar qualquer coisa, inclusive má qualidade, dependendo do ponto de vista. O

correto seria, então, falar em propriedades da Educação Física, propriedades do

esporte etc.

Para Abbagnano25 uma das determinações e distinções sobre a qualidade

refere-se ao aspecto disposicional, ou seja, compreende disposições, hábitos,

costumes, capacidades, faculdades, virtudes, tendências, ou qualquer outro nome

que se queira dar às determinações constituídas por possibilidades do objeto.

Essa determinação permite articular o conceito de “qualidade” com o de

“valor” – articulação fundamentada pelo fato de que as determinações disposicionais

são constituídas por possibilidades do objeto.

Também segundo Abbagnano, valor, em geral, designa o que deve ser,

objeto de preferência ou de escolha. O conceito filosófico contemporâneo de valor

indica que o valor pode ser definido como possibilidade de escolha, isto é, “como

uma disciplina inteligente das escolhas, que pode conduzir a eliminar algumas delas

ou a declará-las irracionais ou nocivas, e pode conduzir (e conduz) a privilegiar

outras”26. Daí decorre que existe uma multiplicidade de valores que continuamente

exigem escolhas por parte do homem, e historicamente haveria uma luta constante

entre diferentes valores oferecidos ao homem. Ou seja, quando se elegem as 25

ABBAGNANO, N. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1982. 26

ABBAGNANO, op. cit., p. 993.

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propriedades ou determinações disposicionais (possibilidades do objeto) do que

estamos chamando “melhoria qualitativa” do esporte, das ginásticas etc., se está

fazendo uma opção por valores. E como há uma multiplicidade de valores no objeto

“esporte”, por exemplo, pode-se fazer escolhas diferentes - o que em última

instância implica em optar por entendimentos de homem, sociedade, educação.

Contudo, isso coloca um problema para a Educação Física, pois o que é

“melhorar qualitativamente” uma determinada prática profissional-pedagógica pode

ser diferentemente entendido por diferentes profissionais. Tal nos leva a considerar

a exigência de haver valores minimamente consensuais, compartilhados por todos

os profissionais. Se tal possibilidade é duvidosa, é imperativo que a Educação

Física, como profissão que realiza intervenções profissionais de natureza

pedagógica, demonstre a racionalidade das suas escolhas, explicite por que uma

escolha (ou seja, um valor) é melhor do que outra. Mesmo porque, conforme ensina

Abbagnano27, valor não é um mero ideal, mas é guia ou norma das escolhas e, em

todo caso, seu critério de juízo. Portanto coloca-se ainda a necessidade de

articulação entre meios e fins – se elejo um valor, devo propor os meios coerentes

para realizá-lo. Se digo que “esporte é saúde”, devo ser capaz de demonstrar

racionalmente que tal possibilidade existe (quer dizer, é uma determinação

disposicional do objeto “esporte”), e articular uma prática que concretize a realização

daquele valor28.

Quando consagrados inter-subjetivamente, em diferentes teorizações e

práticas pedagógicas, tais valores e correspondentes articulações entre meios e fins

concretizam-se em princípios (por exemplo, o princípio da inclusão, amplamente

aceito hoje na Educação Física Escolar; ou ainda o princípio da individualidade, na

prática do exercício físico, quando se fala em adequação da sobrecarga e da

intensidade).

Todo esse processo reflexivo deve se dar com o auxilio explícito de

referenciais científicos, filosóficos e estéticos. As ciências contribuem com a

dimensão factual (o que é), a filosofia com a dimensão normativa-axiológica (o que

deve ou pode ser), e a dimensão estética, conforme busca evitar o excessivo

27

Idem. 28

Conforme demonstram inúmeros estudos: não há relação entre esporte de alto rendimento/espetáculo e

“boa saúde”.

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comprometimento com uma postura racionalista, no sentido cognitivista, “que não

abre espaço para a ampliação do conceito de verdade”.29

III - AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA OS CURSOS DE EDUCAÇÃO

FÍSICA

As novas referências legais emanadas do Conselho Nacional de Educação,

ao estabelecer Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em

Educação Física, espelham, ao menos em parte, o rico debate acadêmico que se

tem desenrolado na área. O Parecer CNE/CES Nº 58/2004 caracteriza a Educação

Física a partir de três dimensões interdependentes: (i) a dimensão da prática de

atividades físicas, recreativas e esportivas; (ii) a dimensão do estudo e da formação

acadêmico-profissional e (iii) a dimensão da intervenção acadêmico-profissional.

A dimensão da prática de atividades físicas, recreativas e esportivas refere-se

ao direito dos indivíduos conhecerem e terem acesso às manifestações e

expressões culturais que constituem a tradição da Educação Física, tematizadas nas

diferentes formas e modalidades de exercícios físicos, da ginástica, do jogo, do

esporte, da luta/arte marcial, da dança. Na perspectiva da Educação Física, a prática

das manifestações e expressões culturais do movimento humano são orientadas

para a promoção, a prevenção, a proteção e a recuperação da saúde, para a

formação cultural, para a educação e reeducação motora, para o rendimento físico-

esportivo e para o lazer.

A dimensão do estudo e da formação acadêmico-profissional refere-se às

diferentes possibilidades de formação, em consonância com a legislação vigente,

que objetivem qualificar e habilitar os indivíduos interessados em intervir acadêmica

e profissionalmente na realidade social, por meio das manifestações e expressões

culturais do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o

enriquecimento cultural das pessoas.

A dimensão da intervenção acadêmico-profissional refere-se ao exercício

político-social, ético-moral, técnico-profissional e científico da graduação em

Educação Física no sentido de diagnosticar os interesses e necessidades das

pessoas, de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar, assessorar,

29

BRACHT, op. cit., p. 53

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supervisionar, controlar e avaliar a eficiência, a eficiência, a eficácia e os efeitos de

programas de exercícios e de atividades físicas, recreativas e esportivas, assim

como participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes multi-

profissionais de discussão, de definição e de operacionalização de políticas públicas

de institucionais nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação, da

segurança, do urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, entre os afetos

direta e indiretamente à prática de exercícios e atividades físicas, recreativas e

esportivas.

Como desdobramento desse entendimento, a Resolução CNE/CES Nº 7/2004

concebe a Educação Física como “uma área de conhecimento e intervenção

acadêmico-profissional que tem como objeto de estudo o movimento humano, com

foco nas diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica, do jogo,

do esporte, das luta/arte marcial, da dança, nas perspectivas da prevenção de

problemas de agravo da saúde, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da

formação cultural, da educação e da reeducação motora, do rendimento físico-

esportivo, do lazer, da gestão de empreendimentos relacionados às atividades

físicas, recreativas e esportivas, além de outros campos que oportunizem ou

venham a oportunizar a práticas de atividades físicas, recreativas e esportivas”. O

Parecer CNE/CES 58/2004 esclarece que a finalidade é possibilitar a todo(a)

cidadão(ã) o direito inalienável de acesso a esse acervo cultural, importante

patrimônio histórico da humanidade e do processo de construção da individualidade

humana.

Também o Parecer CNE/CES 58/2004 reconhece que diferentes termos e

expressões vêm sendo defendidos e utilizados pela comunidade da Educação Física

com o propósito de definir seu objeto de estudo e de intervenção acadêmico-

profissional: exercício físico, atividade física, movimento humano, atividade físico-

esportiva, atividade corporal, cultura corporal, cultura corporal de movimento,

corporeidade, motricidade etc. Alerta o referido Parecer que estes termos e

expressões, bem como seus respectivos significados, foram propostos a partir de

diferentes, e, às vezes concorrentes, constructos de pretensão epistemológica e/ou

de motivação ideológica e, portanto, a sua utilização nos documentos legais, que

instituem as Diretrizes Curriculares dos cursos de graduação em Educação Física,

não deve ser vista como referência impositiva, cabendo a cada Instituição de Ensino

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Superior eleger aqueles julgados mais adequados e identificadores da matriz

epistemológica e/ou ideológica definida em seus respectivos projetos pedagógicos.

Tal entendimento encontra respaldo no princípio da “autonomia institucional”,

definido pela legislação superior.

A Resolução CNE/CES 7/2004 estabelece que “A graduação em Educação

Física deverá estar qualificado para analisar criticamente a realidade social, para

nela intervir acadêmica e profissionalmente por meios das diferentes manifestações

e expressões do movimento humano, visando a formação, a ampliação e o

enriquecimento cultural das pessoas, para aumentar as possibilidades de adoção de

um estilo de vida fisicamente ativo e saudável”. Para tal, o curso de graduação em

Educação Física “deverá assegurar uma formação generalista, humanista e crítica,

qualificadora da intervenção acadêmico-profissional, fundamentada no rigor

científico, na reflexão filosófica e na conduta ética”. O projeto pedagógico dos cursos

de graduação em Educação Física deverá estar pautado nos seguintes princípios:

autonomia institucional; articulação entre ensino, pesquisa e extensão; graduação

como formação inicial; formação continuada; ética pessoal e profissional; ação

crítica, investigativa e reconstrutiva do conhecimento; construção e gestão coletiva

do projeto pedagógico; abordagem interdisciplinar do conhecimento;

indissociabilidade teoria-prática; e articulação entre conhecimentos da formação

ampliada e específica. As competências de natureza político-social, ético-moral,

técnico-profissional e científica deverão constituir a concepção nuclear do projeto

pedagógico de formação da graduação em Educação Física.

A estrutura e organização curricular dos cursos de graduação em Educação

Física deverão articular duas unidades de conhecimento: formação específica e

formação ampliada. A formação específica abrange os conhecimentos

identificadores da Educação Física, que deve compreender e integrar as dimensões

culturais, didático-pedagógicas e técnico instrumentais das manifestações e

expressões do movimento humano, com o propósito de qualificar e habilitar a

intervenção acadêmico–profissional em face das competências e das habilidades

específicas da graduação em Educação Física. A formação ampliada deve

compreender o estudo da relação do ser humano, em todos os ciclos vitais, com a

sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá possibilitar uma formação

cultural abrangente para a competência acadêmico-profissional de um trabalho com

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seres humanos em contextos histórico-sociais específicos, promovendo um contínuo

diálogo entre as áreas de conhecimento científico afins e a especificidade da

Educação Física. Em resumo, a formação ampliada deve abranger as seguintes

dimensões do conhecimento: relação ser humano-sociedade, biológica do corpo

humano e produção do conhecimento científico e tecnológico; e a formação

específica as dimensões culturais do movimento humano, técnico-instrumental e

didático-pedagógico.

O trato das unidades de conhecimento deverá ser guiado pelo critério da

orientação e da formação crítica, investigativa e reconstrutiva, pelo princípio da

indissociabilidade entre teoria e prática, bem como orientado por valores sociais,

morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e democrática.

As questões pertinentes às peculiaridades regionais, às identidades culturais,

à educação ambiental, ao trabalho, às necessidades das pessoas portadoras de

deficiência e de grupos e comunidades especiais deverão ser abordados no trato

dos conhecimentos da formação da Educação Física.

Refere-se ainda a Resolução 7/2004 especificamente ao “Professor de

Educação Básica, Licenciatura plena em Educação Física”, que deverá estar

qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo

como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como

as orientações específicas para esta formação tratadas naquela própria Resolução.

Estabelece também a referida Resolução que a definição das competências e

habilidades gerais e específicas que devem caracterizar o perfil acadêmico-

profissional do professor da educação básica, Licenciatura plena em Educação

Física, deverá pautar-se na legislação própria do CNE30.

3.1. - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS

Conforme o Parecer CNE/CES 58/2004, a identidade acadêmico-profissional

em Educação Física deve partir da compreensão de competências que abranjam as

dimensões político-social, ético-moral, técnico-profissional e científica, considerando

que a intervenção do profissional pressupõe a mediação com seres humanos

historicamente situados. A configuração de tais competências deve ser a concepção

nuclear na orientação dos projetos pedagógicos de formação inicial em Educação 30

É importante observar que o Parecer CNE 58/2004 e respectiva Resolução 7/2004, não diferenciam

“Bacharelado” e “Licenciatura”.

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Física. Reconhecer as competências como núcleo do projeto pedagógico significa

dizer que é imperioso que o graduado saiba mobilizar os conhecimentos que

fundamentam e orientam sua intervenção acadêmico-profissional transformando-as

em ação.

O graduado deve compreender as questões e as situações-problema

envolvidas no seu trabalho, identificando-as e resolvendo-as. Precisa demonstrar

autonomia para tomar decisões, bem como se responsabilizar pelas opções feitas e

pelos efeitos da sua intervenção acadêmico-profissional. Precisa também avaliar

criticamente sua própria atuação e o contexto em que atua, bem como interagir

cooperativamente tanto com a comunidade acadêmico-profissional, quanto com a

sociedade em geral.

A aquisição das competências requeridas na formação do graduado em

Educação Física deverá ocorrer a partir de experiências de interação teoria-prática,

em que toda a sistematização teórica deve ser articulada com as situações de

intervenção acadêmico-profissional e que estas sejam balizadas por

posicionamentos reflexivos que tenham consistência e coerência conceitual. As

competências não podem ser adquiridas apenas no plano teórico, nem no

estritamente instrumental. É imprescindível, portanto, que haja coerência entre a

formação oferecida, as exigências práticas esperadas do futuro profissional e as

necessidades de formação, de ampliação e de enriquecimento cultural das pessoas.

Portanto, nos termos do Parecer 58/2204 e respectiva Resolução 7/2004, a

formação do graduado em Educação Física deverá ser concebida, planejada,

operacionalizada e avaliada visando a aquisição e o desenvolvimento das seguintes

competências específicas:

- Dominar os conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais

específicos da Educação Física e aqueles advindos das ciências afins, orientados

por valores sociais, morais, éticos e estéticos próprios de uma sociedade plural e

democrática.

- Pesquisar, conhecer, compreender, analisar e avaliar a realidade social para

nela intervir acadêmica e profissionalmente, por meio das manifestações e

expressões do movimento humano, com foco nas diferentes formas e modalidades

do exercício físico, da ginástica, do jogo, do esporte, da luta/arte marcial, da dança,

visando a formação, ampliação e o enriquecimento cultural da sociedade, para

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aumentar as possibilidades de adoção de um estilo de vida fisicamente ativo e

saudável.

- Intervir acadêmica e profissionalmente de forma deliberada, adequada e

eticamente balizada nos campos da prevenção de problemas de agravo da saúde,

promoção, proteção e reabilitação da saúde; da formação cultural, da educação e da

reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer, da gestão de

empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e esportivas, além

de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades

físicas, recreativas e esportivas.

- Participar, assessorar, coordenar, liderar e gerenciar equipes

multiprofissionais de discussão, de definição e de operacionalização de políticas

públicas e institucionais nos campos da saúde, do lazer, do esporte, da educação,

da segurança, do urbanismo, do ambiente, da cultura, do trabalho, dentre outros.

- Diagnosticar os interesses, as expectativas e as necessidades das pessoas

(crianças, jovens, adultos, idosos, pessoas portadoras de deficiências, de grupos e

comunidades especiais) de modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar,

assessorar, supervisionar, controlar e avaliar projetos e programas de atividades

físicas, recreativas e esportivas nas perspectivas da prevenção, da promoção, da

proteção e da reabilitação da saúde, da formação cultural, da educação e da

reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer e de outros campos que

oportunizem ou venham a oportunizar a prática de atividades físicas, recreativas e

esportivas.

- Conhecer, dominar, produzir, selecionar, e avaliar os efeitos da aplicação de

diferentes técnicas, instrumentos, equipamentos, procedimentos e metodologias

para a produção e a intervenção acadêmico-profissional em Educação Física nos

campos da prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, da formação

cultural, da educação e reeducação motora, do rendimento físico-esportivo, do lazer,

da gestão de empreendimentos relacionados às atividades físicas, recreativas e

esportivas, além de outros campos que oportunizem ou venham a oportunizar a

prática de atividades físicas, recreativas e esportivas.

- Acompanhar as transformações acadêmico-científicas da Educação Física e

de áreas afins, mediante a análise crítica da literatura especializada, com o propósito

de contínua atualização e produção acadêmico-profissional.

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- Utilizar recursos da tecnologia da informação e da comunicação, de forma a

ampliar e diversificar as formas de interagir com as fontes de produção e de difusão

de conhecimentos específicos da Educação Física e de áreas afins, com o propósito

de contínua atualização e produção acadêmico-profissional.

3.2 – REGULAMENTAÇÃO DA PROFISSÃO

No uso de suas atribuições estatutárias, o Conselho Federal de Educação

Física (CONFEF), aprovou pela Resolução nº 182/2009 as Diretrizes Curriculares

Nacionais diferenciadas para os Cursos Superiores de Licenciatura e de Graduação

(bacharelado) nas áreas acadêmica e profissional de Educação Física. A inscrição

junto ao Sistema CONFEF/CREFs (Conselhos Regionais de Educação Física) será

feita mediante requerimento, em formulário próprio, devidamente preenchido e

acompanhado de Documento da Instituição de Ensino Superior indicando a data de

autorização e reconhecimento do curso, a data de ingresso e conclusão do referido

curso, bem como a base legal do respectivo curso de Educação Física, qual seja: a)

Licenciatura - se instituído pela Resolução CNE/CP nº 1/2002, Resolução CFE nº

03/1987 ou anteriores; b) Bacharelado - se instituído pela Resolução CFE nº

03/1987; c) Graduação (Bacharelado) – se instituído pela Resolução CNE/CES nº

7/2004. Desta forma, estabelece cinco Identidades Profissionais de atuação no

campo da Educação Física: (a) Categoria Licenciatura, atuação: Educação Básica

(amparada pela Resolução 01/2002 CFE e campo de atuação restrito à escola); (b)

Categoria Bacharel, atuação: Bacharelado (amparado pela Resolução 07/2004 CFE,

e campo de atuação abrangendo todo o mercado de trabalho exceto a escola); (c)

Categoria Licenciado/Bacharel, atuação: Plena (graduado que obtiver as formações

amparadas pelas Resoluções 01/2002 e 07/2004 CFE); (d) Categoria Licenciado,

atuação Plena (amparado pelas Resoluções 03/1987 e 69/1969 do CFE e campo de

atuação irrestrito na Educação Física); e (e) Categoria Bacharel, atuação Militar

(amparado pela formação em cursos Militares).

IV - PRINCÍPIOS NORTEADORES DO PROJETO PEDAGÓGICO DOS CURSOS

DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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A Educação Física - entendida não como uma “ciência” no sentido tradicional

da palavra, mas, mas como área de conhecimento e intervenção - contando com o

auxílio das diversas ciências e da filosofia, busca examinar a cultura corporal de

movimento com o olhar interessado de projetos que expressam valores (ligados à

educação, esporte, saúde e lazer). “Projeto” é uma idéia, um desejo, a intenção de

fazer ou realizar algo no futuro; provém etimologicamente do latim projectus “ação

de lançar para a frente”31. Portanto, refere-se a algo que ainda não se tem, que

ainda não existe, mas que é desejada, planejada, intencionada por alguém. Um

projeto é um conjunto de ideologias, teorias (científicas ou não),

informações/conhecimentos, valores, expectativas, que refletem o interesse de

grupos sobre uma dada prática social.

Então, um projeto de Educação Física dirige o olhar que irá “recortar” a

cultura corporal de movimento segundo seus valores (e também, eventualmente,

segundo sua tradição) e, retroativamente, os dados científicos e filosóficos que irão

fundamentar tal projeto.

Isso conduz, então, a outro problema: como conceber um curso de formação

profissional no campo da Educação Física que não se feche em um único projeto,

quer dizer, um modo único de “olhar” a cultura corporal de movimento e optar

apenas por certos valores – ou ligados à educação, ou a saúde, ou ao esporte e

etc.? Por outro lado, “abrir o leque” para muitos projetos pode levar a uma formação

excessivamente genérica, aos moldes da conhecida licenciatura “ampliada”,

situação que ainda existe em muitas instituições.

Para fugir a esta armadilha, dois pontos são vitais:

(i) A delimitação do objetivo da formação tendo em vista a(s) especificidade(s)

de atuação do graduado (educação formal, saúde, lazer, esporte de alto rendimento

etc.), sem, todavia, limitar a formação geral do profissional (científica, filosófica. ética

e estética) e a apropriação da cultura corporal de movimento. Tal formação geral

deve incluir igualmente o estudo da motricidade humana como linguagem corporal

(experiência original do ser humano) e as linguagens da cultura corporal de

movimento (jogo, ginásticas, esporte etc.). As diversas ciências e a filosofia

31

HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. São Paulo: Objetiva, 2001. 1 CD-

ROM

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contribuem para esta “formação ampliada” por intermédio dos seus próprios olhares

dirigidos à cultura corporal de movimento.

(ii) A prática profissional/pedagógica em Educação Física (quer dizer, os

contextos de intervenção) deve constituir-se em eixo central do currículo, garantindo

a especificidade da formação. Tal prática profissional/pedagógica deve manter

diálogo privilegiado com as ciências e a filosofia, no sentido de que seus respectivos

instrumentais teóricos-metodológicos auxiliem a prescrutar os valores (ou

possibilidades, se preferirmos) presentes na cultura corporal de movimento,

apontando sua adequação a determinados projetos (quer dizer, articulando meios e

fins).

Um currículo assim concebido deverá conter duas características principais:

(i) Organizar-se a partir de temas, oriundos do projeto de Educação Física

adotado, da tradição acadêmico-profissional da Educação Física, das novas

tendências presentes na cultura corporal de movimento, que resultam da dinâmica

social mais ampla, assim como das direções apontadas pela pesquisa científica e

pela reflexão filosófica na área, e das competências gerais que se deseja

desenvolver.

(ii) Tomar como eixo central a dimensão da prática profissional-pedagógica,

buscando o desenvolvimento das competências específicas à habilitação pretendida

(Bacharelado ou Licenciatura). Esta dimensão da prática deveria ser a referência em

todas as disciplinas, no sentido de que devem buscar um permanente diálogo com a

Educação Física como área de intervenção acadêmico- profissional.

Assim, além de eixos norteadores comuns, teremos, em decorrência da

necessidade de uma formação geral, um núcleo comum aos Cursos de Bacharelado

e Licenciatura, (que inclui temas, desenvolvimento de competências e disciplinas

comuns) e desenvolvimento de competências, temas, disciplinas e vivências

profissionais-pedagógicas diferenciadas, tendo em vista a especificidade da

habilitação pretendida.

V - OBJETIVO GERAL DAS MODALIDADES DA GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

FÍSICA

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As modalidades Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da

Faculdade de Ciências buscam a formação de licenciados e profissionais capazes

de, por meio das diferentes formas e modalidades do exercício físico, da ginástica,

do jogo, do esporte, das lutas e das atividades rítmicas e dança, efetivar

intervenções fundamentadas científica, filosófica, ética e esteticamente, de modo a

realizar objetivos definidos nos diversos contextos de atuação.

No curso de Licenciatura em Educação Física buscar-se-á na cultura corporal

de movimento os valores que permitam ao licenciado a intervenção pedagógica no

âmbito da Educação básica, de modo a realizar os objetivos da disciplina “Educação

Física” nos diversos níveis escolares.

No curso de Bacharelado, com núcleo temático de aprofundamento em

Aptidão Física e Saúde, trata-se de prescrutar a cultura corporal de movimento em

busca dos valores que permitam ao graduado a intervenção profissional no campo

da saúde e da aptidão física para o desempenho ótimo (esportivo ou não), com

vistas aos aspectos de promoção de hábitos saudáveis de vida, bem como da

prevenção e reabilitação de distúrbios funcionais e metabólicos em indivíduos

manifestos, com necessidades especiais de saúde, naqueles aparentemente

saudáveis e, ainda, em portadores de deficiências.

A seguir são apresentados, respectivamente, os projetos específicos dos

cursos de Licenciatura em Educação Física e Bacharelado em Educação Física com

núcleo temático de aprofundamento em Exercício Físico e Saúde.

VI – PERÍODOS DE OFERECIMENTOS E TOTAL DE VAGAS POR MODALIDADE

As modalidades Bacharelado e Licenciatura em educação Física serão

oferecidas em dois períodos: integral e noturno. Serão oferecidas trinta (40) vagas

em cada período, totalizando sessenta (80) vagas. Destas 40 vagas de cada

período, um mínimo de 10 (dez) e máximo de 30 (trinta) estarão destinadas a cada

modalidade de curso (Bacharelado e Licenciatura).

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VII - CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

7.1 -A EDUAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Integrante do currículo das escolas brasileiras desde as primeiras décadas do

século XX, a Educação Física, do ponto de vista de suas finalidades educacionais,

passou de preocupações eugênicas/higiênicas nas décadas de 1930 e 1940 para

objetivos relacionados à formação esportiva e desenvolvimento da aptidão física na

década de 1970. A década de 80 caracterizou-se por uma crise de valores, que

questionou profundamente as bases filosóficas e pedagógicas da Educação Física,

instaurando um debate sobre suas finalidades e metodologia, do que resultou a

elaboração de inúmeras proposições teórico-metodológicas fortemente baseadas

nas ciências humanas, tendo como ponto comum a busca de uma Educação Física

que articulasse as múltiplas dimensões do ser humano.

O conceito de cultura corporal de movimento revelou-se capaz de integrar

muitas das novas concepções de Educação Física surgidas nas décadas de 1980 e

1990, culminando com a adoção do conceito pelos Parâmetros Curriculares

Nacionais propostos pelo governo federal em 1998.

Nessa perspectiva, a Educação Física passa a ser vista como uma disciplina

ou componente curricular que tem por finalidade introduzir e integrar o aluno no

âmbito da cultura corporal de movimento, visando formar o cidadão que possa

usufruir criticamente das formas culturais do exercício da motricidade humana, no

sentido de sua produção, reprodução, compartilhamento e transformação,

instrumentalizando-o para identificar os valores de saúde e lazer presentes nas

diversas práticas físicas e esportivas. Por motricidade humana entende-se a

capacidade de movimento que possui o ser humano para expressar-se e agir com

intencionalidades; o movimento humano portanto, sempre contextualizado histórica

e culturalmente, é pleno de expressividade e sentidos.

Em tal concepção fica implícito um determinado entendimento de ser humano:

o educando há de ser visto como uma totalidade, em suas dimensões afetivo-social,

cognitiva e físico-motora. Isso implica, portanto, que o trabalho pedagógico em

Educação Física deve objetivar atingir todas essas dimensões, à despeito da sua

especificidade como disciplina escolar privilegiar aparentemente o aspecto físico-

motor. Todavia, a finalidade definida para a Educação Física Escolar, qual seja a da

introdução e integração do aluno no âmbito da cultura corporal de movimento,

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6

visando formar o cidadão que possa usufruir criticamente das formas culturais do

exercício da motricidade humana, só pode ser alcançada se o trabalho pedagógico

envolver o aluno como um todo: sua vontade, sua emoção, seu intelecto. Em relação

ao envolvimento com as atividades físicas e esportivas que compõem a cultura

corporal de movimento, a Educação Física deve levar o aluno a descobrir os motivos

para praticá-las, favorecer o desenvolvimento de atitudes positivas para com elas,

levar à aprendizagem de comportamentos adequados para a sua prática, dirigir sua

vontade e sua emoção para a prática e a apreciação do corpo em movimento nas

diversas práticas, e por fim levar ao conhecimento, compreensão e análise de seu

intelecto as informações relacionadas à cultura corporal de movimento. Para isto,

não basta aprender habilidades motoras-esportivas e desenvolver capacidades

físicas; é preciso capacitar o aluno a construir autonomamente suas próprias

práticas corporais – o que implica na aprendizagem de conceitos, atitudes e valores.

Em síntese, no âmbito da cultura corporal de movimento a Educação Física deve

contribuir para a formação da autonomia e o exercício crítico da cidadania.

A noção de totalidade, por sua vez, dirige-se também à própria cultura

corporal de movimento; portanto, a Educação Física Escolar dever buscar incluir,

como objeto de ensino e aprendizagem, a maior parcela possível daquela cultura.

Também a integração à cultura corporal de movimento há de ser para todos os

alunos, implicando no princípio da inclusão ou não-exclusão, ou seja, a Educação

Física na escola, por intermédio de seus conteúdos e estratégias, deve buscar

incluir, antes que excluir uns ou outros, todos os alunos.

Ora, não é diferente o preconizado nos Parâmetros Curriculares Nacionais,

que incorpou muito das reflexões e avanços teóricos produzidos na comunidade

acadêmica da Educação Física desde o final da década de 1980, ao definir os

princípios que devem nortear a Educação Física no Ensino Fundamental: princípio

da inclusão, princípio da diversidade e categorias de conteúdo. Segundo o

documento do governo federal, o princípio da inclusão indica que a sistematização

de objetivos, conteúdos, processos de ensino e aprendizagem e avaliação tem como

meta a inclusão do aluno na cultura corporal de movimento, por meio da participação

e reflexão concreta e efetivas, buscando reverter o quadro histórico da área, de

seleção entre alunos aptos e inaptos para as práticas corporais, resultante da

valorização exacerbada do desempenho e da eficiência. O princípio da diversidade

aplica-se na construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a

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escolha de objetivos e conteúdos, visando ampliar as relações entre os

conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem,

buscando legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem

com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais

dos alunos. Já os conteúdos são categorizados, em consonância com as diretrizes

gerais dos Parâmetros Curriculares, em conceituais (fatos, conceitos e princípios),

procedimentais (ligados ao fazer) e atitudinais (normas, valores e atitudes); os

conteúdos conceituais e procedimentais giram em torno do fazer, do compreender e

do sentir com o corpo, e os atitudinais apontam para a necessidade dos alunos

vivenciarem valores e atitudes de modo concreto nas aulas de Educação Física.

A dimensão conceitual se caracteriza pela abordagem de conceitos, fatos e

princípios e refere-se à construção das capacidades intelectuais para operar com

símbolos, signos, idéias, imagens que permitem representar a realidade. Para O. L.

Ferraz32, especificamente na Educação Física, significa a aquisição de um corpo de

conhecimentos objetivos (p. e., aspectos nutricionais, aspectos sócio-culturais como

a violência no esporte ou o corpo como mercadoria de trabalho no âmbito dos

contratos esportivos). Tal dimensão, além do valor cultural e informacional, possui

um significado educacional, pois são passíveis de serem aplicados às situações do

dia a dia como orientação na compreensão dos mecanismos que regulam os

movimentos.

Conceitos aqui não são somente os históricos e/ou as regras das

brincadeiras, jogos e esportes. Muito mais que isso, dizem respeito a aprender sobre

determinados assuntos; por exemplo, qual a importância da ingestão de água para

se fazer atividade física, ou, quais os horários e períodos mais adequados para se

realizar atividade física, ou ainda, o que é brincadeira hoje e o que foi para os pais,

tios e avós dos alunos.

As aulas de Educação Física, nesse contexto, não precisam ser

desenvolvidas somente de maneira teórica e expositiva na sala de aula, fator que

muitas vezes contribui para a desmotivação dos alunos. Alternativas interessantes

podem ser baseadas em aulas que envolvam pesquisas sobre a cultura corporal de

movimento, realizadas pelos alunos – na biblioteca da escola, nas suas casas, com

os colegas, nas revistas e jornais, na televisão – orientadas, retomadas e discutidas

32

FERRAZ, O. L. Educação física escolar: conhecimento e especificidade, a questão da pré-escola.

Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, supl. 2, p.16-22, 1996

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pelo professor até para se construir novas atividades para as aulas de Educação

Física.

A dimensão procedimental está intimamente relacionada ao saber fazer,

envolvendo, portanto, o aprender a se movimentar. Na escola, muitas vezes a

Educação Física se limita em desenvolver os conteúdos nesta dimensão. Um

exemplo é quando se ensina o aluno a fazer um gesto técnico do voleibol ou do

basquetebol.

As atitudes aparecem nas reflexões feitas pelos alunos a partir dessas duas

dimensões: conceitual (o saber sobre) e procedimental (o saber fazer), envolvendo

normas, regras e valores. Neste contexto o movimento passa a ser um meio para

que o aluno aprenda sobre seus limites, seu potencial, sobre o outro. Tais elementos

caracterizam a dimensão atitudinal do conteúdo.

Essa dimensão envolve questões de aprendizagem bastante ricas nas aulas

de Educação Física, e é importante lembrar que os alunos não aprendem

espontaneamente a serem cooperativos, solidários, reflexivos, criativos e autônomos

só porque brincam ou jogam nas aulas de Educação Física. Para que esses valores

sejam incorporados, é fundamental que o professor esteja aberto para discutir e

problematizar os conflitos que surgem nas aulas. Por exemplo, quando meninos e

meninas não conseguem jogar juntos, o professor tem a importante tarefa de discutir

com eles quais os motivos que os fazem se separar, e buscar alternativas conjuntas

para encaminhar esse conflito.

7.2 - A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Nem sempre acompanhando as rápidas transformações teórico-

epistemológicas pelas quais passou a Educação Física nos últimos 25 anos, a

formação de professores/profissionais na área tem-se redirecionado sob múltiplas

influências: do esporte espetáculo, do discurso científico, das novas demandas

sociais, do surgimento de um novo “mercado do corpo”. É bem conhecida a

influência da instituição esportiva na determinação de conteúdos e objetivos nos

cursos de Licenciatura em Educação Física desde final da década de 60, quando a

ele somava-se, inclusive, a formação do Técnico Desportivo, conforme preconizava

a Resolução CFE 69/1969, que então definiu um currículo mínimo para os cursos.

Essa influência perpassou a criação de mais de uma centena de cursos até o início

da década de 1980, caracterizando o currículo de orientação tradicional-esportiva,

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que enfatiza as chamadas disciplinas “práticas” (especialmente as esportivas),

sendo que o conceito de “prática” está baseado na execução e demonstração, por

parte do graduando, de habilidades técnicas e capacidades físicas. Outra

característica do currículo tradicional-esportivo é a separação entre teoria e prática;

teoria é o conteúdo apresentado verbalmente, ou por meio de textos na sala de aula,

e prática é a atividade física na quadra, piscina etc. A maior carga horária da

fundamentação teórica costuma ser dedicada às disciplinas da área biológica:

biologia, fisiologia etc.

Nos primeiros anos da década de 80 formulam-se diagnósticos críticos da

Educação Física e da formação profissional na área, oriundos de órgãos

governamentais, associações de classe e universidades. Evidenciou-se que os

cursos de Licenciatura em Educação Física favoreciam a formação de professores

sem visão crítica da realidade brasileira, com pouca fundamentação científica e

filosófica, limitados a um enfoque puramente técnico-esportivo. A necessidade de

desatrelar os objetivos da Educação Física do sistema esportivo formal, a ênfase na

importância da Educação Física nas séries iniciais da escolarização e a

caracterização da Educação Física enquanto área do conhecimento, foram pontos

sempre presentes nesse debate.

A década de 80 também assiste, além dessa revisão crítica da área e da

ascensão do discurso científico como principal referência para a construção dos

currículos, a diversificação do mercado de trabalho, quando a intervenção

profissional dos licenciados e técnicos desportivos transpõe os muros das escolas

de 1º e 2º graus e do esporte formal nos clubes para alcançar uma variedade de

instituições e clientelas: academias, idosos, centros esportivos públicos, portadores

de deficiências, hospitais e clínicas médicas, escolas maternais, centros de lazer etc.

Os currículos que se constituem ou revisam à época nas Universidades cuja reflexão

sobre a questão estava mais avançada refletem essas influências. De um lado, o

currículo adquire uma orientação técnico-científica, com aumento da carga horária

das disciplinas “teóricas”, com destaque para as ciências humanas/filosofia, que

ganham espaço, mantendo-se todavia o forte embasamento na área biológica.

Espera-se que a teoria fundamente a prática, ou seja, a prática é a aplicação direta e

mecânica dos conhecimentos científicos. O conceito de “prática pedagógica” adquire

ainda outra dimensão: trata-se de “ensinar a ensinar” – um exemplo são as

“seqüências pedagógicas”. Trata-se, todavia, de um conceito ainda limitado, pois

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espera-se que o graduando aprenda a “executar” tais seqüências, e não apreendê-la

no contexto da prática pedagógica na escola, pois esta seria uma preocupação

exclusiva da Prática de Ensino, entendida como disciplina isolada e responsável

pela aplicação e integração dos conhecimentos adquiridos nas demais. Por outro,

introduz-se uma série de disciplinas “profissionalizantes”, que buscavam abarcar a

diversificação do mercado de trabalho: educação física adaptada, recreação e lazer,

ginásticas de academia etc., além de manter ênfase no fenômeno esportivo formal.

Tal situação acaba por gerar um relativo distanciamento dos Cursos de Licenciatura

em Educação Física do que deveria ser seu locus privilegiado - a Escola – em favor

de outros espaços de trabalho.

Em 1987, o Parecer CEF 215 e a conseqüente Resolução CFE 03 identificam

o problema, mas não o resolvem adequadamente, já que mantinham a possibilidade

da Licenciatura como um curso “ampliado” para a área não-escolar, mesmo com a

proposição do curso de Bacharelado em Educação Física. Permanece a tendência a

uma orientação técnico-científica, com resquícios do modelo tradicional-esportivo.

Todavia, consolida-se, agora de maneira legalmente expressa, a concepção da

formação teórica multidisciplinar (conhecimento filosófico, do ser humano e da

sociedade) e a idéia de que a formação do graduado em Educação Física deveria

considerar o desenvolvimento de atitudes éticas, reflexivas, críticas, inovadoras e

democráticas. Assim, definem-se como objetivos para os cursos de graduação em

Educação Física: (1) aquisição integrada de conhecimentos e técnicas no campo da

Educação Formal e Não Formal; (2) desenvolvimento de atitudes éticas, reflexivas,

críticas, inovadoras e democráticas; (3) aprofundamento em áreas do conhecimento

de interesse do aluno; e (4) realização pessoal e profissional.

Na década de 90, consolidou-se um novo “mercado do corpo” em que os

cuidados com a saúde e a beleza acirram-se no imaginário e nos hábitos de vida de

amplas parcelas das camadas médias urbanas, diversificando e especializando as

intervenções profissionais dos professores de Educação Física. Isso reforçou a

concepção do curso de licenciatura como preparação para o mercado de trabalho

escolar e não-escolar.

A partir de 1997, a situação altera-se substancialmente com a edição de uma

série de orientações e documentos legais emanados do Ministério da Educação e do

Conselho Nacional de Educação, já como reflexos do novo ordenamento legal da

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área educacional instaurado a partir da promulgação da LDBEN/199633. Assim,

como em conseqüência de novos referenciais teóricos e dados provenientes da

pesquisa pedagógica – em especial a orientação do “ensino reflexivo” – demonstrou-

se o esgotamento do modelo técnico-científico. Indica-se fortemente, dentre outros

aspectos, a necessidade dos cursos de licenciatura em constituir cursos específicos

para a formação de professores da educação básica, e não mais caminharem a

reboque da formação profissionalizante da área específica (bacharelados), e que a

dimensão da prática profissional permeie todo o currículo, e não seja tratada de

modo isolado ao final do curso.

O MEC e o CNE consolidaram a direção da formação ao nível de graduação

para três categorias de carreira: bacharelado acadêmico, bacharelado

profissionalizante e licenciatura. Tal direção faz com que a licenciatura passe a ter

um projeto específico, com currículo próprio, que não se confunda com o

bacharelado, eliminando, também, a possibilidade da obtenção do título de

licenciado mediante habilitação.

Desta maneira, é preciso que os cursos de licenciatura focalizem “(...) os

problemas e as especificidades das diferentes etapas e modalidades da educação

básica, estabelecendo o equilíbrio entre o domínio dos conteúdos curriculares e a

sua adequação à situação pedagógica (...)” (Parecer 009/2001, p.10). Assim sendo,

a educação básica (educação infantil, ensino fundamental e médio) passa ser a

referência principal para a formação dos profissionais de educação.

A partir dessas caracterizações que buscam superar os modelos tradicionais

das licenciaturas, os campos institucional e curricular são destacados para o

estabelecimento de necessidades e orientações referentes a essa nova perspectiva

formativa.

Quanto ao aspecto institucional, é preciso:

- Articular as diferentes etapas da educação básica na formação docente;

- Estabelecer ligação estreita entre a proposta pedagógica e a organização

institucional;

- Que as instituições formadoras penetrem na dinâmica cultural e social da

escola;

33

Entre os documentos referidos encontram-se os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino

Fundamental e o Ensino Médio, as Referências Curriculares para a Educação Infantil, Pareceres CNE/CES

n.776/97, CNE/CP n. 009/2001, CNE/CP n. 21/2001, CNE/CP n. 28/2001 e as Resoluções CNE 01/2002 e CNE

02/2002.

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- Familiarizar o futuro-professor aos documentos referentes às políticas

públicas municipais, estaduais e federais de educação;

Quanto ao aspecto curricular, faz-se necessário:

- Considerar os conhecimentos prévios dos futuros professores como o

ponto de partida para o planejamento das ações formativas, bem como, vê-los como

recurso para identificar e, quando for o caso, suprir eventuais deficiências da

educação básica;

- Distinguir e valorizar as dimensões do conhecimento como objeto de

ensino (conhecimento científico) e como transposição pedagógica (conhecimento

ensinável), estabelecendo as diferenças entre o que o futuro professor está

aprendendo e o que ele irá ensinar;

- Ampliar o acesso cultural do futuro docente, considerando as

produções culturais de natureza diversa;

- Trabalhar a formação inicial não só no campo da regência de classe,

mas também na atuação, participação e discussão dos elementos que constituem a

profissão docente (projeto educativo, sistema educacional, relacionamento com a

comunidade etc.);

- Superar a concepção de prática como aplicação de teoria, entendendo-

a, portanto, como uma dimensão do conhecimento que deve estar presente tanto na

reflexão sobre a atividade profissional quanto no exercício da mesma. Estabelece-se

que a prática seja desenvolvida em todos os componentes curriculares e não só nas

disciplinas pedagógicas, tendo como procedimento a observação e a reflexão,

contextualizando as diversas situações de trabalho e permitindo a resolução de

situações-problemas. Contudo, a legislação estabelece uma distinção entre prática e

estágio supervisionado. A prática, que corresponde ao mínimo de 400 horas da

carga horária total do curso, deverá estar presente desde o início do curso e

permear toda a formação docente. Já o estágio supervisionado, que corresponde, no

mínimo, a outras 400 horas da carga horária total do curso, deverá ser desenvolvido

a partir do início da segunda metade do curso. Quanto a este último sugere-se que

ele seja realizado por meio de períodos contínuos de acompanhamento e

participação nas escolas, viabilizando a observação da diversidade escolar, bem

como, favorecendo um processo progressivo de aprendizado do futuro professor;

- Desenvolver a prática da pesquisa de modo que os futuros docentes

possam compreender seus procedimentos de investigação e sua produção como

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processo histórico, entendendo a atuação profissional não só como reprodução, mas

também, como criação e recriação do conhecimento;

- Inserir os conteúdos relativos às tecnologias da informação e das

comunicações nesse processo formativo de modo que o futuro professor possa

interagir e compartilhar com/em ambientes reais e virtuais;

- Trabalhar as especificidades próprias dos níveis (infantil, fundamental e

médio) e das modalidades de ensino (Educação de Jovens e Adultos, integração

dos alunos com necessidades especiais, Educação Indígena) nas quais os alunos

da educação básica estão inseridos;

- Desenvolver as diferentes disciplinas a partir das múltiplas linguagens

que cada uma delas abrange, sem contudo, deixar de situar estes saberes

disciplinares no conjunto do conhecimento escolar

Outros princípios orientadores ainda são destacados pelo Parecer CNE

009/2001:

- Conceber o professor como um profissional que faz julgamentos de

suas próprias ações e toma decisões a partir dos conhecimentos sobre a docência,

portanto, sua formação não deve se pautar por perspectivas exclusivamente

genérica ou acadêmica;

- Prestigiar na formação inicial a concepção de competência como algo

que só existe “em situação”. Competência é entendida como a capacidade de

mobilizar conhecimentos de diferentes naturezas, transformando-os em ação. Deste

modo, o exercício das práticas profissionais e a reflexão sistemática das mesmas

ocupam um lugar de destaque neste processo formativo. Assim, ao invés de se

estabelecer primeiro as disciplinas e a carga horária das mesmas – como se fazia

nos modelos formativos tradicionais – as competências se destacam como

referência inicial para a organização curricular, devendo, portanto, serem definidas e

tomadas como norteadoras do projeto pedagógico. O Parecer 009/2001 aponta seis

direções para as competências a serem desenvolvidas: (i) competências referentes

ao comprometimento com os valores inspiradores da sociedade democrática; (ii)

competências referentes à compreensão do papel social da escola; (iii)

competências referentes ao domínio dos conteúdos a serem socializados, de seus

significados em diferentes contextos e de sua articulação interdisciplinar; (iv)

competências referentes ao domínio do conhecimento pedagógico; (v) competências

referentes ao conhecimento de processos de investigação que possibilitem o

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aperfeiçoamento da prática pedagógica; (vi) competências referentes ao

gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional Trabalhar a simetria

invertida, o que significa reconhecer que o futuro docente aprende no mesmo lugar

onde irá atuar e, por isso, é preciso que os formadores tenham coerência, fazendo

com que as experiências proporcionadas na formação inicial sejam semelhantes às

experiências de aprendizagem que esse futuro professor irá oferecer aos seus

alunos;

- Conceber a aprendizagem como um processo que depende da

interação entre o indivíduo e o meio a partir de uma perspectiva metodológica que

enfoque situações-problemas e o desenvolvimento de projetos interdisciplinares;

- Ampliar a concepção de conteúdo, entendendo as suas dimensões

conceituais, procedimentais e atitudinais, bem como, a articulação imprescindível

entre conteúdo e método;

- Desenvolver o conceito de avaliação tendo em vista que os

instrumentos avaliativos só cumprem sua finalidade se puderem diagnosticar o uso

funcional e contextualizado dos conhecimentos;

- Reconhecer e desenvolver os elementos referentes ao

desenvolvimento profissional (cultural, social, econômico, psicológico, dentre outros).

Vale destacar o conhecimento advindo da experiência que é um tipo de

conhecimento que não pode ser construído de outra forma senão na prática

profissional e de modo algum pode ser substituído pelo conhecimento “sobre” esta

prática. Saber – e aprender – um conceito, ou uma teoria é diferente de saber – e

aprender – a exercer um trabalho. Trata-se, portanto, de aprender a “ser professor”.

Tal conhecimento reforça a necessidade da prática no processo de formação inicial,

mas não uma prática espontaneísta e sim uma prática que tenha a reflexão como

base.

Em coerência com essas orientações, a Resolução CNE/CP 02/2002, que

instituiu a duração e a carga horária dos Cursos de Licenciatura em nível superior

definiu a cargha horária mínima total de 2.800 horas, nas quais a articulação teoria-

prática deverá garantir as seguintes dimensões: 1.800 horas para os conteúdos

curriculares de natureza científico-cultural; 400 horas de prática como componente

curricular, vivenciadas ao longo do curso; 400 horas de estágio curricular

supervisionado (a partir do início da segunda metade do curso) e 200 horas para

outras formas de atividades acadêmico-científico-culturais.

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A Resolução 7/2004 também se refere, especificamente, ao “Professor de

Educação Básica, licenciatura plena em Educação Física”, que deverá estar

qualificado para a docência deste componente curricular na educação básica, tendo

como referência a legislação própria do Conselho Nacional de Educação, bem como

as orientações específicas para esta formação tratadas naquela própria Resolução.

Estabelece também a referida Resolução que a definição das competências e

habilidades gerais e específicas que devem caracterizar o perfil acadêmico-

profissional do professor da educação básica, licenciatura plena em Educação

Física, deverá pautar-se na legislação própria do CNE.

Assim, a proposição de um Curso de Formação de Professores de Educação

Física para a educação básica, em nível superior, na modalidade Licenciatura, de

graduação plena, no atual contexto histórico, deve levar em conta, necessariamente,

tanto as diretrizes curriculares gerais estabelecidas para a formação de professores,

como a tradição e as experiências/reflexões acumuladas na área específica, desde a

década de 80, quando se revisam de modo intenso e profundo a questão da

formação dos profissionais em Educação Física, atualmente espelhada, do ponto de

vista legal, nos já citados Parecer CNE 58/2004 e Resolução CNE/CES 7/2004.

Para a superação dos equívocos e limitações dos modelos curriculares

vigentes na formação de professores de Educação Física, dois pontos são vitais: (i)

a delimitação do objetivo da formação tendo em vista o locus privilegiado da atuação

do licenciado – a Escola - sem todavia limitar a formação geral do profissional

(científica, filosófica e ética) e o acesso à cultura corporal de movimento; (ii) a

redefinição das relações entre “teoria” e “prática”, redefinindo a prática

profissional/pedagógica como eixo central do currículo, a qual deve manter um

diálogo privilegiado com as teorias científicas e filosóficas, caracterizando um

processo de reflexão e ação nos diversos espaços e tempos da organização

curricular.

7.3- OBJETIVOS

Formação inicial de professores aptos a desenvolver programas de Educação

Física Escolar no ensino infantil, fundamental e médio, visando o desenvolvimento

das competências exigidas no processo de ensino e aprendizagem de

conhecimentos, atitudes e habilidades por parte dos alunos dos diversos níveis e

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modalidades da educação básica, e que permitam orientá-los em direção ao

exercício da cidadania crítica e à autonomia no usufruto da cultura corporal de

movimento.

7.4 - EIXOS NORTEDORES DA ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

7.4.1 - DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

A concepção de "competência", entendida como a capacidade de mobilizar

conhecimento dos de diferentes naturezas, transformando-os em ação permite

superar a conhecida dicotomia entre teoria e prática na formação de professores,

dicotomia particularmente agudizada na Educação Física, pela tradicional distinção

entre aulas "práticas" (esporte, ginástica etc.) e aulas "teóricas" na sala de aula

(fisiologia, sociologia etc). Ademais, reconhece-se que os conhecimentos que o

professor mobiliza para responder às diferentes demandas das situações de

trabalho inclui não só os conhecimentos cientificamente elaborados, mas também os

construídos na vida profissional e pessoal. Particularmente na Educação Física o

denominado "conhecimento de trabalho" ou "saber docente", nem sempre passível

de verbalização ou teorização, parece desempenhar o importante papel na história

de professores bem-sucedidos no ensino de habilidades motoras e esportivas,

dando respaldo à afirmação de que "profissionais sabem mais do que conseguem

dizer". Se nem todas as competências podem ser "ensinadas" nas situações formais

de sala de aula, por outro lado, elas podem ser "aprendidas", desde que a

organização curricular propicie situações adequadas para tal aos graduandos - é o

que se deve pretender com as "vivências didáticas" planejadas nas disciplinas

diretamente ligadas à “Dimensão da Prática” e nos Estágios Supervisionados.

Portanto, a perspectiva do desenvolvimento de competências profissionais

deve ser central na organização curricular do curso de Licenciatura em Educação

Física, refletindo-se nos objetivos, conteúdos e metodologias das diversas

disciplinas, bem como na definição dos tempos e espaços da dimensão prática, que

adquire assim o sentido de prática profissional, e não prática de exercícios físicos.

Assim, espera-se, ao longo do curso, o desenvolvimento de competências

gerais que abranjam todas as dimensões da atuação profissional referentes: (i) ao

comprometimento com valores estéticos, políticos e éticos inspiradores da

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sociedade democrática; (ii) à compreensão do papel social da escola (iii) ao domínio

dos conteúdos, de seus significados em diferentes contextos e de sua articulação;

(iv) ao domínio do conhecimento pedagógico; (v) ao conhecimento de processos de

investigação; e (vi) ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional.

7.4.2 - CONCEPÇÃO DE CONTEÚDO

Embora se saiba que a educação escolarizada selecione e sistematize

saberes e conhecimentos que provém da cultura, assim como a Educação Física na

escola “recorta” e tematiza, com propósitos pedagógicos, conteúdos da cultura

corporal de movimento, adequando-os às atividades escolares próprias das

diferentes etapas e modalidades da educação básica e às características dos

próprios alunos e do contexto escolar, a formação do docente há de ser mais ampla.

Quer dizer, os conteúdos que compõe o currículo da graduação são mais amplos do

que os conteúdos do programa desenvolvido pelo professor na educação básica. No

caso da Educação Física, há dois aspectos a serem considerados: (i) a

fundamentação filosófica e científica (sendo que esta última inclui as abordagens

biológica, psicológica e sociocultural), não é integralmente objeto de ensino e

aprendizagem na educação básica, mas nem por isso menos importante para que o

profissional compreenda seu próprio trabalho, o papel da Educação Física na escola

e, principalmente, tal fundamentação guarda relação – embora nem sempre direta –

com a identificação dos conteúdos conceituais e atitudinais a serem trabalhados na

educação infantil e nos ensino fundamental e médio; e (ii) a Educação Física Escolar

trabalha com conteúdos “clássicos”, instaurados pela tradição (é o caso das diversas

modalidades esportivas e de algumas práticas de aptidão física), mas não se pode

descuidar das práticas “emergentes” na cultura corporal de movimento, como é o

caso dos “esportes radicais” e novas modalidades ginásticas;

Portanto, a matriz curricular do Curso de Licenciatura deve conter forte

fundamentação – científica e filosófica –, com enfoque biológico, psicológico e

sociocultural. Parte importante e volumosa dos conteúdos curriculares provém das

diversas práticas da cultura corporal, atendendo ao princípio da diversidade, inclui

conhecimentos, vivências e didáticas específicas em jogos, esportes, ginásticas e

práticas de aptidão física, atividades rítmicas e dança, e lutas/artes marciais, não

necessariamente restritos ao universo da atual tradição escolar brasileira, o que

significaria empobrecer a formação e limitar futuras possibilidades de mudança e

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enriquecimento daquela tradição.

7.4.3 - CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM

É necessário inicialmente distinguir “informação” de “conhecimento”.

Informação refere-se à ação de manter alguém informado (sobre acontecimentos,

por exemplo), refere-se a dados sobre alguém ou alguma coisa. Mas a informação

também instrui, orienta, dirige, por que “informar”, quer dizer dar forma, formalizar,

construir uma realidade a partir de alguns códigos. É uma forma de ordenar o caos,

organizar ou estruturar elementos dispersos procedentes do meio ambiente.

Já “conhecimento” é o ato ou efeito de compreender, de conhecer as

propriedades, as características, os traços específicos de alguma coisa; são as

operações pelas quais a mente procede à análise de um objeto, de uma realidade,

de modo a definir sua natureza. Segundo Abbagnano34, do ponto de vista filosófico,

conhecimento é a técnica para verificação de um objeto, é o procedimento que

possibilite a descrição, o cálculo ou a previsão controlável de um objeto (entidade,

fato, coisa, realidade ou propriedade).

Portanto, quando falamos em educação, informação e conhecimento estão

envolvidos, porque a informação é uma forma de estruturação e organização de

elementos do meio ambiente que pré-orienta um sentido, embora não esgote todos

os sentidos possíveis. Já o conhecimento é um procedimento construído pelo

sujeito, para o qual a informação é necessária, mas não suficiente.

Os indivíduos constroem seus conhecimentos em interação com a cultura na

qual vivem, com os demais indivíduos e colocando em uso suas capacidades

pessoais. O que se pode aprender em dado momento depende das formas de

pensamento de que se dispõem dos conhecimentos já construídos e das situações

de aprendizagem vivenciadas. Por isso, fala-se em constituição de competências, na

medida em que o indivíduo se apropria de elementos com significação na cultura. É

importante observar que não há oposição entre conhecimentos e competências, pois

não há real construção de conhecimentos sem que resulte, do mesmo movimento, a

construção de competências.

Situações escolares de ensino e aprendizagem são situações comunicativas,

nas quais alunos e professores são co-participes, concorrendo igualmente para o

êxito do processo. Embora o professor, os colegas e os materiais didáticos

34

ABAGNANNO, op. cit.

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9

contribuam muito para que a aprendizagem se efetive, nada substitui a atuação do

próprio aluno na tarefa de construir significados sobre os conteúdos da

aprendizagem. É ele que modifica, enriquece e, portanto, constrói novos e mais

potentes instrumentos de ação e interpretação. Nesse processo, é importante levar

em conta as características individuais e as experiências de vida dos futuros

professores, inclusive as experiências profissionais.

Tal implica que, do ponto de vista metodológico, é necessário propiciar

situações de aprendizagem focadas em situações-problema ou no desenvolvimento

de projetos que possibilitem a interação dos diferentes conhecimentos, organizados

estes em áreas ou disciplinas. É preciso que os futuros professores sejam

desafiados por situações-problemas que os confrontem com obstáculos que exijam

superação, e que experienciem situações didáticas nas quais possam refletir,

experimentar e agir, a partir dos conhecimentos que possuem.

7.4.4 - SIMETRIA INVERTIDA

A formação do professor possui duas características diferenciais em relação a

outros cursos. Em primeiro lugar, ele aprende a profissão no lugar similar àquele em

que vai atuar, porém numa situação invertida; isso exige coerência entre o que se

faz na formação e o que dele se espera como profissional. A segunda característica

é que o professorando já viveu como aluno a etapa de escolaridade na qual irá

atuar. A aceitação da “simetria invertida” como um fato evidencia a necessidade de

que o futuro professor experiencie, como aluno, durante o processo de formação, as

atitudes, modelos didáticos, capacidades e modos de organização que se pretende

venham ser concretizados em suas práticas pedagógicas; ou seja, a formação inicial

do professor deve ser uma experiência análoga – mas não cópia mecânica – à

experiência de aprendizagem que ele deve facilitar a seus futuros alunos.

No curso de formação de professores de Educação Física, a questão da

simetria invertida é particularmente importante nas disciplinas que incluem a vivência

corporal das atividades por parte dos graduandos, pois sabe-se que as experiências

de movimento vividas por um professor ao longo da sua vida influenciam

decisivamente o modo como ele as valoriza e transmite aos alunos, tendendo a

reproduzir na sua prática pedagógica o modo como ele próprio as vivenciou.

Portanto, os docentes responsáveis por essas disciplinas devem privilegiar

conteúdos, estratégias de ensino e formas de avaliação compatíveis – mas não

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necessariamente restritas – com as que recomendam desenvolver nas escolas

voltadas para a educação básica; por exemplo, favorecer, nas vivências corporais, a

participação de todos os graduandos, sem discriminação de qualquer espécie,

adotar atitudes de respeito mútuo, dignidade e solidariedade, avaliar, do ponto de

vista do desempenho físico-motor, segundo o progresso individual de cada um etc.

7.4.5 - CONHECIMENTO DAS COMPETÊNCIAS A SEREM DESENVOLVIDAS NOS ALUNOS

DAS DIFERENTES ETAPAS E MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Conhecimentos relativos aos processos de crescimento, desenvolvimento e

de aprendizagem do ser humano, com ênfase na faixa etária do zero aos 18 anos,

que cobre o período da educação básica, são fundamentais na formação do

professor de Educação Física. Portanto, além das disciplinas específicas, devem ser

tratados, de maneira aplicada, nas disciplinas didático-pedagógicas e nas que tratam

das manifestações da cultura corporal de movimento, na medida em que diferentes

faixas etárias demandam processos de ensino e aprendizagem diferenciados.

Além disso, os futuros professores devem conhecer com profundidade as

competências que deverão devolver nos seus alunos da educação básica, assim

como os conteúdos (procedimentais, atitudinais e conceituais) que dão suporte para

tal desenvolvimento, e os objetivos gerais e específicos dos vários ciclos de

escolarização. Tais conhecimentos deverão ser amplamente abordados nas

disciplinas didático-pedagógicas, e contextualizados na especificidade da Educação

Física e suas abordagens de ensino.

7.4.6 - A PRÁTICA COMO EIXO CENTRAL

A articulação entre teoria e prática (entendida como prática pedagógica, e não

prática de exercícios físicos) não pode ficar sob a responsabilidade restrita de uma

ou outra disciplina isolada (em geral sob a forma de “Prática de Ensino/Estágio

Supervisionado”), desarticulada do restante do Curso, sob pena de continuar

reproduzindo a dicotomia entre teoria e prática, questão historicamente problemática

na Educação Física. A prática transcende o estágio, e o Curso deve contemplar uma

diversidade de situações didáticas em que os futuros professores não só mobilizem

os conhecimentos que aprenderam, transformando-os em ação, mas também

possam mobilizar outros, de diferentes naturezas e, principalmente, tenham a

oportunidade de refletir sobre a prática docente, sua e de outrem, no sentido de

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avaliá-la, criticá-la, adquirindo a competência de permanentemente construí-la e

reconstruí-la. Assim o exercício da prática docente e da reflexão sistemática sobre

elas deve ocupar lugar central na matriz curricular, não se confundindo com uma

disciplina que transmite conteúdos “sobre” a prática.

Nessa perspectiva, a dimensão da prática, na organização curricular do Curso

de Licenciatura em Educação Física (denominada por Práticas Formativas) deverá

estar presente nas disciplinas das dimensões do conhecimento da formação

ampliada (o corpo humano, o ser humano e a sociedade, a produção do

conhecimento), que problematizarão a prática a partir de diferentes “olhares”, e nas

disciplinas das dimensões do conhecimento da formação específica (manifestações

da cultura corporal de movimento e técnico-instrumental), que deverão explicitar os

conteúdos e estratégias que garantam, sob diferentes enfoques e vivências, o

diálogo com a prática docente em Educação Física. Como eixo central da dimensão

da prática, as disciplinas ligadas à intervenção didático-pedagógica no âmbito da

escola estabelecerão interação com o “Estágio Supervisionado” a ser concretizado

em escolas de educação básica, quando o futuro professor toma conhecimento do

real em situação de trabalho.

7.4.7 - PESQUISA E ATITUDE INVESTIGATIVA

A pesquisa ou investigação que se desenvolve no âmbito do trabalho do

professor diz respeito, principalmente, a uma atitude cotidiana de busca de

compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos e

à autonomia na interpretação da realidade e dos conhecimentos que constituem

seus objetos de ensino.

Para forjar a autonomia dos professores, é indispensável que eles saibam

como são produzidos os conhecimentos que ensinam, quer dizer, conheçam

minimamente os contextos e métodos de investigação usados pelas diferentes

ciências, para que não se tornem meros repassadores de informações. Para isso é

necessário conhecer e saber usar procedimentos de pesquisa: levantamento de

hipóteses, delimitação de problemas, registro e análise de dados, etc., além de

familiarizar-se com os diferentes delineamentos de pesquisa: experimental, estudos

de campo, pesquisas qualitativas etc. Também é importante considerar que o

acesso aos conhecimentos e métodos da investigação acadêmica nas diferentes

áreas que compõem seu conhecimento profissional alimenta o seu desenvolvimento

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profissional e possibilita ao professor manter-se atualizado. O desenvolvimento de

tais competências deve ser preocupação constante das disciplinas da unidade de

formação ampliada, fortemente ligadas às ciências-mães (biologia, psicologia,

sociologia etc.).

Todavia, o foco principal do ensino da pesquisa nos curso de formação

docente deve ser o próprio processo de ensino e aprendizagem dos conteúdos

escolares na educação básica. Assim, as disciplinas que lidam especificamente com

o conhecimento didático-pedagógico deverão referenciar-se às pesquisas que

tratam do trabalho pedagógico do professor, no sentido de evidenciar como o próprio

professor, em seu cotidiano também produz, ele próprio, conhecimentos e saberes

docentes quando investiga, reflete, seleciona, planeja, organiza, integra, avalia, cria

e recria formas de intervenção didática junto aos seus alunos. As disciplinas que

tratam das manifestações da cultura corporal de movimento devem buscar as

pesquisas pedagógicas que têm buscado desvelar a prática pedagógica da

Educação Física, a fim de tornar mais evidentes aos professorandos os

procedimentos de ensino utilizados, facilitando a reflexão e integração de

conhecimentos pedagógicos a ser realizada nas disciplinas relativas ao

conhecimento didático-pedagógico.

Por fim, como etapa que finaliza a integração do trabalho científico e

pedagógico, tem-se o trabalho de conclusão do curso, explorando temas específicos

do campo educacional.

7.4.8 - CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO

A avaliação é um processo útil para problematizar a ação pedagógica, re-

orientar o processo de ensino e facilitar a auto-avaliação do professor, assim como

atribuir conceitos aos alunos, de modo a situá-los com relação aos seus progressos

e às exigências institucionais e culturais. A avaliação há de entendida como parte do

processo de formação, e destina-se à análise da aprendizagem dos futuros

professores, visando favorecer seu percurso e regular as ações de sua formação,

além de destinar-se a certificar sua própria formação profissional. Portanto, o

conhecimento dos critérios utilizados e a análise dos resultados e dos instrumentos

de avaliação e auto-avaliação são imprescindíveis, ao favorecerem a consciência do

professor em formação sobre o seu processo de aprendizagem. Deve-se avaliar não

só conhecimento adquirido, mas a capacidade de acioná-lo e de buscar outros para

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realizar o que é proposto, ou seja, a avaliação só cumpre plenamente o seu papel se

diagnosticar o uso funcional e contextualizado dos conhecimentos.

No caso específico da Educação Física, há a questão sempre problemática

da avaliação do desempenho físico-motor, e é aspecto crítico no fenômeno da

“simetria invertida”. Uma nova concepção de Educação Física, baseada no conceito

de "cultura corporal de movimento", exige uma melhoria de qualidade nos

procedimentos de avaliação. Isso inclui a avaliação da dimensão cognitiva mesmo

nas disciplinas que têm nas vivências corporais (esporte, dança, jogos etc.) parte

importante dos seus conteúdos/estratégias, assim como uma explicitação e

diferenciação entre os aspectos a serem considerados para a atribuição de

conceitos aos alunos, e os que serão úteis para a auto-avaliação do professor e do

próprio ensino. Além disso, uma parte dos processos avaliativos deverão ser

similares aos que se recomendam sejam utilizados na Educação Física Escolar, ou

seja, não se pode apresentar determinados procedimentos como mais adequados

para a Educação Básica, e utilizar outros nas próprias disciplinas do curso de

graduação.

Assim, na atribuição de conceitos aos graduandos, recomenda-se:

A avaliação deve ser contínua, compreendendo as fases que se

convenciou denominar: diagnóstica ou inicial, formativa e somativa;

A avaliação deve englobar os domínios cognitivo, afetivo ou

emocional, social e motor;

A avaliação deve referir-se aos conhecimentos científicos relacionados

à prática das atividades corporais de movimento;

A avaliação deve levar em conta os objetivos específicos propostos

pelo programa de ensino;

A avaliação deve operacionalizar-se na aferição da capacidade do

aluno expressar-se, pela linguagem escrita e falada, sobre a sistematização dos

conhecimentos relativos à cultura corporal de movimento, e, quando for o caso, da

sua capacidade de movimentar-se nas formas elaboradas por esta cultura.

Os processos avaliativos incluem aspectos informais e formais, concretizados

em observação sistemática/assistemática e anotações sobre o interesse,

participação e capacidade de cooperação do aluno, auto-avaliação, trabalhos e

provas escritas, testes para avaliação qualitativa e quantitativa de habilidades e

capacidades físicas, resolução de situações problemáticas propostas pelo professor,

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elaboração e apresentação de coreografias de dança, exercícios ginásticos ou

táticas de esportes coletivos, etc. Evidentemente, os instrumentos e exigências da

avaliação deverão estar em sintonia com o nível de desenvolvimento da turma e o

conteúdo efetivamente ministrado. É necessário que a avaliação inclua ao longo do

ano várias destas estratégias. É importante informar ao aluno quais são os

momentos de avaliação formal, e quais aspectos serão avaliados e transformados

em conceito.

7.5 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS

7.5.1 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO COMPROMETIMENTO COM OS VALORES

INSPIRADORES DA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

Pautar-se por princípios da ética democrática: dignidade humana,

justiça, respeito mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade, para

atuação como profissional e cidadão;

Orientar escolhas e decisões metodológicas e didáticas por valores

democráticos e por pressupostos epistemológicos coerentes;

Reconhecer e respeitar a diversidade manifestada pelos alunos, em

seus aspectos sociais, culturais e físicos, detectando e combatendo todas as formas

de discriminação.

7.5.2 - COMPETÊNCIAS REFERENTES À COMPREENSÃO DO PAPEL SOCIAL DA ESCOLA

Compreender o processo de sociabilidade e de ensino e aprendizagem

na escola e suas relações com o contexto no qual se inserem as instituições de

ensino e atuar sobre ele;

Utilizar conhecimentos sobre a realidade econômica, cultural, política e

social, para compreender o contexto e as relações em que está inserida a prática

educativa;

Promover uma prática educativa que leve em conta as características

dos alunos e de seu meio social, seus temas e necessidades do mundo

contemporâneo e os princípios, prioridades e objetivos do projeto educativo e

curricular.

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7.5.3 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO DOMÍNIO DOS CONTEÚDOS BÁSICOS E

ESPECÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA COMO ÁREA DE CONHECIMENTO

Conhecer e dominar os conteúdos básicos relacionados às áreas de

conhecimento que serão objeto da atividade docente (o corpo humano, o ser

humano e a sociedade, produção do conhecimento, manifestações da cultura

corporal de movimento, técnico-instrumental, inervenção didático-pedagógica) de

modo a: (a) reconhecer nos conteúdos suas dimensões conceituais, procedimentais

e atitudinais; (b) adequá-los às atividades escolares próprias das diferentes etapas e

modalidades da educação básica;

Relacionar os conteúdos básicos referentes às áreas de conhecimento

com: (a) os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos

significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;

Ser proficiente no uso de diferentes linguagens (verbal e corporal) nas

tarefas, atividades e situações relevantes no âmbito do exercício profissional

Fazer uso de recursos da tecnologia da informação e da comunicação,

e de produções das diferentes mídias, de forma a aumentar as possibilidades de

aprendizagem dos alunos;

7.5.4 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO DOMÍNIO DO CONHECIMENTO DIDÁTICO-

PEDAGÓGICO

Criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações didáticas eficazes para a

aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos, utilizando o conhecimento das

áreas ou disciplinas a serem ensinadas, das temáticas sociais transversais ao

currículo escolar (em especial as temáticas da Ética, Saúde e Orientação Sexual),

dos contextos sociais considerados relevantes para a aprendizagem escolar, bem

como as especificidades didáticas envolvidas no ensino das diferentes

manifestações da cultura corporal de movimento;

Utilizar modos diferentes e flexíveis de organização do tempo, do espaço e

de agrupamento dos alunos, para favorecer e enriquecer seu processo de

desenvolvimento e aprendizagem;

Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos, sabendo

eleger as mais adequadas considerando a diversidade dos alunos, os objetivos das

atividades propostas e as características dos próprios conteúdos;

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Identificar, analisar e produzir materiais e recursos para utilização didática,

diversificando as possíveis atividades e potencializando seu uso em diferentes

situações;

Gerir a classe, a organização do trabalho, estabelecendo uma relação de

autoridade e confiança com os alunos;

Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e

afirmação responsável de sua autoridade;

Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir

de seus resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o

desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos.

7.5.5 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO CONHECIMENTO DE PROCESSOS DE

INVESTIGAÇÃO

Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola, com o

distanciamento profissional necessário à sua compreensão;

Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o

contexto educativo e analisando a própria prática profissional;

Utilizar-se dos conhecimentos para manter-se atualizado em relação aos

conteúdos de ensino e ao conhecimento pedagógico;

Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática

profissional.

7.5.6 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO GERENCIAMENTO DO PRÓPRIO

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

Utilizar as diferentes fontes e veículos de informação, adotando uma atitude

de disponibilidade e flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura e empenho no

uso da escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;

Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho,

empenhando-se em compartilhar a prática e produzir coletivamente;

Utilizar o conhecimento sobre a organização, gestão e financiamento dos

sistemas de ensino, sobre a legislação e as políticas públicas referentes à educação

para uma inserção profissional crítica.

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7.6 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

7.6.1 - DIMENSÕES DO CONHECIMENTO

Formação Ampliada

A formação ampliada compreende o estudo da relação do ser humano, em

todos os ciclos vitais, com a sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá

possibilitar uma formação cultural abrangente para a competência acadêmico-

profissional de um trabalho com seres humanos em contextos histórico-sociais

específicos, promovendo um contínuo diálogo entre as áreas de conhecimento

científico afins e a especificidade da Educação Física. É constituída por três

dimensões do conhecimento:

A) O corpo humano

Enfoca o corpo humano como fenômeno biológico e social. As

representações do corpo na anatomia, na fisiologia e na biomecânica. O corpo e o

discurso filosófico. O corpo como produtor de linguagem. A saúde como fenômeno

biológico. O corpo e o processo de crescimento e desenvolvimento humano.

B) O ser humano e a sociedade

Enfoca os possíveis diálogos entre as Ciências Humanas/Sociais e a

especificidade da Educação Física em suas dimensões socioculturais e

educacionais, sob as perspectivas da psicologia, história, antropologia, sociologia e

filosofia da educação. Estuda a saúde como fenômeno social e histórico.

C) Produção do conhecimento

Estuda as formas e processos de produção e comunicação do conhecimento.

Discute os fundamentos epistemológicos da Educação Física como área de

conhecimento e as relações entre o conhecimento e a intervenção profissional em

Educação Física. A pesquisa científica em Educação Física.

Formação Específica

A formação específica abrange os conhecimentos identificadores da

Educação Física, que deve compreender e integrar as dimensões culturais, didático-

pedagógicas e técnico-instrumentais das manifestações e expressões do movimento

humano, com o propósito de qualificar e habilitar a intervenção acadêmico–

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profissional em face das competências e das habilidades específicas do licenciado

em Educação Física. É constituída por três dimensões do conhecimento:

A) Manifestações da cultura corporal de movimento

Aborda as manifestações da cultura corporal de movimento, possibilitando

sua transmissão por meio de vivências e aprendizagem de habilidades motoras

específicas, buscando a construção e transformação dos conhecimentos nas

dimensões conceitual, atitudinal e procedimental dos conteúdos, por meio do estudo

dos contextos, valores, princípios e métodos de ensino envolvidos.

B) Técnico-instrumental

Estuda os mecanismos de adaptação, ajustes e alteração do comportamento

biológico, motor e da aprendizagem, frente ao esforço físico e ao treinamento, de

técnicas, de atividades motoras sistematizadas ou não, buscando também a

compreensão e desenvolvimento de meios de avaliação

C) Intervenção didático-pedagógica no âmbito da Escola

Busca possibilitar o desenvolvimento de atitudes e conceitos que subsidiem

as tomadas de decisões políticas e metodológicas no planejamento, na intervenção

e na avaliação profissional no âmbito escolar, levando em consideração a

diversidade humana. Estuda as abordagens teóricas referentes à didática e à

psicologia do ensino escolar. Aborda as especificidades didático-pedagógicas da

Educação Física na educação básica, tratando da delimitação e sistematização dos

conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais dos programas de Educação

Física nos diversos níveis de ensino infantil, fundamental e médio. Interrelaciona

conhecimentos da Psicologia, Pedagogia e Educação Física, necessários para a

atuação do professor. Estuda o funcionamento e organização do sistema escolar.

7.6.2 - ORGANIZAÇÃO TEMÁTICA

Cada dimensão do conhecimento guia-se pelas competências específicas que

se deseja desenvolver, e desdobra-se em temas, oriundos da concepção de

Educação Física adotada, da tradição acadêmico-profissional da Educação Física e

das novas direções apontadas pela pesquisa científica e pela reflexão filosófica na

área.

Dimensão do Conhecimento: O Corpo Humano

Competências específicas desejadas:

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. Abordar e dominar os conteúdos básicos referentes ao corpo humano,

compreendendo sua estrutura e funcionamento como fenômeno biológico;

. Utilizar os conhecimentos aprendidos para compreender o processo de

crescimento e desenvolvimento humano no âmbito motor, cognitivo, afetivo e social;

. Fazer uso da tecnologia e informação para aumentar as possibilidades de

aprendizagem e ensino dos fenômenos relacionados ao corpo humano: suas

capacidades e limites;

. Abordar os conteúdos básicos referentes às diferentes formas de linguagem

corporal, facilitando a compreensão das manifestações da cultura corporal do

movimento;

. Analisar e utilizar estratégias diversificadas para conhecer os limites do

corpo humano, articulando exercícios específicos que visem a manutenção da saúde

e prevenção de doenças;

. Discutir e criticar o ensino sobre o corpo humano no ensino fundamental e

médio;

. Analisar e discutir criticamente as relações entre o corpo humano e a

sociedade.

Temas:

. O corpo anátomo-fisiológico

Estuda aspectos anatômicos e funcionais do ser humano e sua relação com a

prática da atividade física, procurando estabelecer conexão destes conhecimentos

com o desenvolvimento e desempenho motor.

. O corpo mecânico

Estuda a relação das estruturas de sustentação do corpo humano e sua

interação com o exercício. O papel da mecânica como ferramenta de estudo na

atividade física e a relação da Física com as manifestações da cultura corporal do

movimento.

. O corpo como conceito filosófico

Estuda o conceito de corpo nos vários sistemas ou escolas filosóficas. O

corpo como presença humana no mundo e sinal de pertencimento social.

. O corpo como linguagem

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Aborda o corpo como meio primário de comunicação e como produtor de

linguagem e significados. Estuda a linguagem corporal como matéria prima da

motricidade e base das manifestações da cultura corporal de movimento.

. Corpo e auto-conhecimento

Estuda princípios e elementos comuns das diferentes práticas corporais, nas

dimensões: da cultura; da sensibilidade; dos sentimentos; dos sentidos; da

percepção; do conhecimento; dos significados; da apropriação e transformação de

si, do outro e do mundo vivido e almejado.

. O crescimento e o desenvolvimento humano

Estuda os conceitos básicos envolvidos no processo de crescimento e

desenvolvimento humano nas esferas motora, cognitiva, afetivo-social e suas inter-

relações. Enfoca as alterações que ocorrem ao longo do ciclo vital e suas

implicações para a Educação Física.

Dimensão do Conhecimento: O Ser Humano e a Sociedade

Competências específicas desejadas:

. Dominar, contextualizar e relacionar os conteúdos básicos referentes às

dimensões históricas, sócio-culturais, antropológicas, filosóficas, educacionais e

psicológicas no âmbito da educação escolar;

. Articular os conteúdos básicos referentes ao Ser Humano e à Sociedade

com: (a) os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos

significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;

. Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola, com o

distanciamento profissional necessário à sua compreensão;

. Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o

contexto educativo e analisando a própria prática profissional;

. Utilizar-se dos conhecimentos relativos ao ser humano e a sociedade para

manter-se atualizado em relação aos conteúdos de ensino e ao conhecimento

pedagógico;

. Utilizar resultados de pesquisas sobre o ser humano e a sociedade para o

aprimoramento de sua prática profissional.

.Utilizar os conhecimentos apreendidos referentes ao Ser Humano e à

Sociedade para uma inserção profissional crítica no âmbito escolar.

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Temas:

. As dimensões históricas e socioculturais da Educação Física

Aborda conteúdos históricos e socioculturais referentes às manifestações da

cultura corporal do movimento no processo da civilização humana;

. A dimensão psicológica da Educação Física

Estuda as principais abordagens psicológicas e suas implicações para a

Educação Física. Enfoca a relação Indivíduo/Sociedade e Educação;

. A dimensão educacional da Educação Física

Estuda as tendências filosóficas no campo da Educação e implicações na

Educação Física. Aborda as interrelações entre Escola, Estado, Indivíduo e

Sociedade;

. A saúde como fenômeno social e histórico

Estuda as abordagens teóricas referentes ao conceito de saúde, numa

perspectiva social e histórica. Discute as interrelações entre saúde, sociedade,

educação e o papel do profissional da Educação Física.

Dimensão do Conhecimento: Produção do Conhecimento

Competências específicas desejadas:

. Ser proficiente no uso da língua materna nas tarefas, atividades e situações

relevantes no âmbito do exercício profissional;

. Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática docente, investigando o

contexto educativo e analisando a própria prática profissional;

. Utilizar-se dos conhecimentos para manter-se atualizado em relação aos

conteúdos de ensino e ao conhecimento pedagógico;

. Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática

profissional.

. Utilizar as diferentes fontes e veículos de adotando uma atitude de

disponibilidade e flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura, investigação e

empenho no uso da escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;

. Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho,

empenhando-se em compartilhar a prática e produzir coletivamente assuntos

relacionados à cultura corporal do movimento;

. Utilizar os conhecimentos apreendidos para uma inserção profissional crítica

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no âmbito escolar;

. Dominar, contextualizar e relacionar os conteúdos básicos referentes às

dimensões históricas, sócio-culturais, antropológicas, filosóficas, educacionais e

psicológicas no âmbito da educação escolar, relevando os fenômenos da saúde e da

cultura corporal do movimento;

. Articular os conteúdos básicos referentes ao Ser Humano e à Sociedade

com: (a) os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos

significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;

Temas:

A teoria do conhecimento e a epistemologia

Analisa os fundamentos/pressupostos que permitem ao homem acessar e

“conhecer” os fenômenos. As diferenças epistemológicas entre Ciências Naturais e

Ciências Humanas/Sociais.

A teoria da Educação Física

Estuda o universo de discurso e práticas da Educação Física como área do

conhecimento e profissão, analisando os principais conceitos envolvidos. Analisa

criticamente as relações da Educação Física com as demandas sociais e o contexto

histórico.

Os processos de produção do conhecimento científico e a Educação Física

Apresenta a ciência como um projeto humano e histórico, e o conhecimento

científico como uma das formas possíveis de produção do conhecimento. Estuda as

etapas do trabalho científico, os tipos e delineamentos de pesquisa relevantes para

a pesquisa em Educação Física e as formas de comunicação do conhecimento.

Dimensão do Conhecimento: Manifestações da Cultura Corporal de

Movimento

Competências específicas desejadas:

. Utilizar jogos, brinquedos, brincadeiras, esportes, danças, atividades rítmicas

e expressivas, ginásticas e lutas para a aprendizagem e desenvolvimento dos

alunos,

. Planejar, implementar, gerir e avaliar atividades de ensino que envolvam as

diversas manifestações da cultura corporal de movimento,

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3

. Manejar diferentes estratégias de ensino na utilização das várias

manifestações da cultura corporal de movimento considerando: a diversidade dos

alunos, as dimensões dos conteúdos (atitudinal, conceitual e procedimental) e o

contexto escolar,

. Articular as manifestações da cultura corporal de movimento com as

dimensões históricas, sociais, antropológicas, psicológicas, políticas, filosóficas e

econômicas que envolvem a vida humana, buscando compreender suas

construções e as relações com a atualidade,

. Identificar e analisar as distintas manifestações da cultura corporal de

movimento, reconhecendo e criando possibilidades para as manifestações de outras

formas de movimentação e sentidos corporais, bem como oferecer aos alunos tais

possibilidades de criação.

Temas:

O fenômeno lúdico

Estuda o fenômeno lúdico como manifestação humana. Discute as

interrelações entre Educação e o Lúdico. Aborda os jogos, brinquedos e as

brincadeiras na Educação Física.

O fenômeno esportivo

Estuda a história, especificidades, técnicas, táticas, regras, organização,

princípios pedagógicos e métodos de ensino dos esportes, assim como as

transformações didático-pedagógicas articuladas com a finalidade e o contexto da

instituição escolar.

As danças e atividades rítmicas/expressivas

Estuda a história e os processos pedagógicos da dança e os seus

estilos/ritmos, articuladas com a finalidade e o contexto da instituição escolar.

A ginástica

Estuda a história e os processos pedagógicos da Ginástica Geral, apresenta

as principais variações atuais das ginásticas especializadas, em termos de princípios

e técnicas, articuladas com a finalidade e o contexto da instituição escolar.

As lutas

Estuda a história, especificidades, técnicas, táticas, regras, organização,

princípios pedagógicos, métodos de ensino das lutas corporais-desportivas, assim

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como as transformações didático-pedagógicas, articuladas com a finalidade e o

contexto da instituição escolar.

Dimensão do Conhecimento: Técnico-Instrumental

Competências específicas desejadas:

. Abordar, contextualizar e discutir problemas, situações, e processos

relacionados a comportamento motor e treinamento físico, sob o ponto de vista da

variáveis fisiológicas e da aprendizagem;

. Compreender, discutir e relacionar os princípios das repostas fisiológicas do

organismo, frente aos programas de atividade física na infância e adolescência;

. Compreender os princípios para formulação de programas de atividades

físicas voltadas para na infância e adolescência;

. Conhecer e dominar os princípios, métodos e técnicas, históricos e

contemporâneos do treinamento físico;

. Conhecer e dominar os princípios fundamentais, os métodos e as técnicas

de avaliação das capacidades físico motoras na infância e adolescência;

. Elaborar, discutir, executar e avaliar programas de treinamento físico

voltados para necessidades específicas na infância e adolescência;

. Planejar, organizar, e manejar e administrar o uso da instrumentalização

técnica adequada no emprego da avaliação e treinamento físico e comportamento

motor;

. Planejar e organizar o espaço físico e as instalações do ambiente escolar

para a prática do treinamento

Temas:

Comportamento motor

Estuda os princípios e bases teóricas que regem os processos de controle e

aprendizagem da ação motora. Aborda aspectos didático-metodológicos importantes

no processo ensino-aprendizagem do movimento na Educação Física.

A fisiologia do exercício

Estuda as adaptações dos diferentes sistemas orgânicos frente às diferentes

formas do exercício físico.

Os princípios básicos do condicionamento físico

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5

Estuda os fundamentos do condicionamento físico, abordando as noções

gerais dos princípios de treinamento, adaptações e periodização nas diversas

formas de atividades físicas, bem como a análise de variáveis que influenciam o

desempenho físico.

Os princípios e as técnicas da avaliação físico-motora

Estuda a história da medição na Educação Física. Trata dos testes e

instrumentos para avaliação das capacidades físicas, habilidades esportivas e

aptidão física, da medição aplicada e prescrição de atividade física, das técnicas e

instrumentação associadas a medição do homem em movimento, bem como da

inter-relação da avaliação com a estatística.

Dimensão do Conhecimento: Intervenção Didático-Pedagógica no

Âmbito da Escola

Competências específicas desejadas:

. Criar, planejar, implementar, gerir e avaliar situações didático-pedagógicas

eficazes para a aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos;

. Utilizar os conhecimentos das áreas ou disciplinas a serem ensinadas, das

temáticas sociais transversais ao currículo escolar, das especificidades didáticas

envolvidas no ensino das diferentes manifestações da cultura corporal de movimento

e dos contextos sociais relevantes para a aprendizagem escolar;

. Utilizar modos diferentes e flexíveis de organização do tempo, do espaço e

de agrupamento dos alunos, para favorecer e enriquecer seu processo de

desenvolvimento e aprendizagem;

. Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos considerando

a diversidade dos alunos, os objetivos das atividades propostas e as características

dos próprios conteúdos;

. Identificar, analisar e produzir materiais e recursos para utilização didático-

pedagógica, diversificando as atividades e potencializando seus usos em diferentes

situações;

. Gerir a classe, a organização do trabalho, estabelecendo uma relação de

autoridade e confiança com os alunos;

. Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e afirmação

responsável de sua autoridade;

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6

. Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir

de seus resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o

desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos;

. Utilizar o conhecimento sobre a organização, gestão e financiamento dos

sistemas de ensino, sobre a legislação e as políticas públicas referentes à educação

para uma inserção profissional crítica;

. Reconhecer a instituição escolar como um espaço coletivo de trabalho,

empenhando-se na elaboração e no desenvolvimento de trabalhos em grupo;

. Reconhecer a prática docente como um espaço de construção de saberes,

se autovalorizando como profissional que tem autonomia sobre suas ações;

. Analisar, relacionar e avaliar os saberes produzidos na prática docente com

os conhecimentos científicos por meio de reflexões que resultem em uma atuação

de melhor qualidade;

. Adotar uma atitude de investimento na própria profissão, vendo-a como algo

que se desenvolve ao longo do tempo de atuação, em prol de novas aprendizagens

profissionais;

. Analisar a escola como um espaço que estabelece condições objetivas para

o trabalho docente, seus contextos, suas características, estruturas, hierarquias, de

modo a reconhecer que as mudanças buscadas vão além da responsabilidade

individual do professor e a buscar estratégias que envolvam toda a comunidade

escolar;

. Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na escola, com o

distanciamento profissional necessário à sua compreensão

. Fazer uso de estratégias que possibilitem a inclusão e a participação efetiva

de todos os alunos nas aulas;

. Fazer uso de recursos da tecnologia da informação e da comunicação, de

produções das diferentes mídias, objetos e fontes (documentais e orais), de forma a

aumentar as possibilidades de aprendizagem dos alunos;

. Manejar diferentes estratégias que permitam integrar os conteúdos

conceituais, atitudinais e procedimentais nas aulas de Educação Física para

favorecer aos alunos uma aprendizagem mais ampliada e articulada no que se

refere à cultura corporal de movimento;

Temas:

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Estrutura e funcionamento da educação básica

Analisa de modo crítico a estrutura e funcionamento da educação infantil,

ensino fundamental e ensino médio no Brasil, em suas relações com o Estado e a

sociedade civil. Busca fornecer subsídios para a atuação no contexto escolar.

Psicologia da educação

Relaciona as teorias da aprendizagem ao ensino da Educação Física, bem

como enfoca a relação professor-aluno.

Didática e metodologia do ensino em Educação Física

Estuda os objetivos, conteúdos, estratégias metodológicas e os processos

avaliativos que subsidiem a intervenção na construção do projeto político-

pedagógico na instituição escolar e o planejamento do ensino da Educação Física,

levando em conta as políticas públicas e as várias concepções teórico-

metodológicas da área.

Educação física na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio

Estuda os objetivos, conteúdos, estratégias metodológicas e os processos

avaliativos da Educação Física mais adequados para os diferentes níveis de ensino.

Busca possibilitar a construção e a análise de propostas de implementação da

Educação Física para estes níveis de ensino, bem como conhecer e refletir sobre a

prática pedagógica.

Educação física para alunos com deficiências

Aborda os aspectos relacionados a prática da atividade física para alunos

com deficiências, no âmbito da escola, seja em situação de inclusão ou não. São

estudados os conhecimentos relacionados as características da especificidade das

deficiências, assim como, as implicações para a prática da atividade física, com

ênfase nas estratégias de ensino adaptadas.

As dimensões do conhecimento não podem ser vistas isoladamente, mas em

interação. Os temas sugeridos em cada dimensão do conhecimento não se

confundem com as disciplinas que irão compor a matriz curricular, e devem ser

entendidos como os núcleos em torno das quais deverão reunir-se as vivências

didáticas planejadas ao longo do curso, sejam as obrigatórias, sejam as eleitas pelo

próprio aluno, na forma de disciplinas optativas ou de outras atividades de formação.

O Quadro 1, logo abaixo, busca sintetizar a organização curricular das

dimensões do conhecimento e dos temas em cada uma telas.

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QUADRO 1. DIMENSÕES DO CONHECIMENTO / TEMAS

FORMAÇÃO AMPLIADA

FORMAÇAO ESPECÍFICA

O CORPO HUMANO

. o corpo anátomo-fisiológico

. o corpo mecânico

. o corpo como conceito filosófico

. o corpo como linguagem

. corpo e auto-conhecimento

. o crescimento e o desenvolvimento

humano

O SER HUMANO E A SOCIEDADE

. as dimensões psicológicas da Educação Física

. as dimensões históricas e socioculturais da

Educação Física

. as dimensões educacionais da Educação Física

. a saúde como fenômeno social e histórico

A PRODUÇAO DO CONHECIMENTO

. a teoria do conhecimento e a epistemologia

. a teoria da Educação Física

. os processos de produção do conhecimento e a Educação Física

A INTERVENÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO ÂMBITO DA ESCOLA

estrutura e funcionamento da educação básica - psicologia da educação -didática e metodologia do ensino da Educação Física

educação física infantil - Educação Física no ensino fundamental e médio - Educação Física para alunos com deficiências

- Estágio Supervisionado

MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE

MOVIMENTO

. o fenômeno lúdico

. o fenômeno esportivo

. a dança e atividades rítmicas/expressivas

. a ginástica

. as lutas

TÉCNICO-INSTRUMENTAL

. comportamento motor

. a fisiologia do exercício

. os princípios e as técnicas do condicionamento físico

. os princípios e as técnicas da avaliação físico- motora

A DIMENSÃO DA PRÁTICA

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7.6.3 – OUTRAS ATIVIDADES DE FORMAÇÃO

Constituída por atividades de natureza acadêmica-científica-cultural diversas,

totalizando 210 horas earticuladas à formação específica e ampliada. Permitem a

diversificação e ampliação das situações de ensino e aprendizagem vivenciadas pelo

graduando, bem como atualização em assuntos de interesse educacional geral e

especialização em temáticas de interesse específico. Inclui o Trabalho de Conclusão

de Curso.

7.6.3.1 - Atividades Optativas

Serão programadas e indicadas pelo Conselho de Curso, ou selecionadas

pelo próprio aluno, a partir do segundo termo (semestre) do Curso, totalizando 120

horas dentre os seguintes grupos de atividades:

A) Participação em evento acadêmico-científico

O graduando poderá participar de eventos de natureza acadêmico-científica,

pré-selecionados anualmente pela Coordenação de Curso. Podem ser citados como

exemplo: Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (promovido pelo Colégio

Brasileiro de Ciências do Esporte), Simpósio Paulista de Educação Física (promovido

pelo UNESP/Rio Claro), Congresso Científico Latino-Americano da Fiep/Unimep

(promovido pela UNIMEP), Seminário de Educação Física Escolar (promovido pela

USP), e a “Reunião Científica da Educação Física”, promovida pelo Centro Acadêmico

de Educação Física/Coordenação do Curso de Educação Física da Faculdade de

Ciência. A participação em evento acadêmico-científico contabilizará um determinado

número de horas, a ser estabelecido pelo Conselho de Curso, e deverá ser

comprovada mediante comprovante emitido pela instituição promotora. A apresentação

de trabalho nestes eventos contabilizará bônus em horas, a ser quantificado pelo

Conselho de Curso.

B) Participação em eventos técnicos (clínicas, work-shops, mini-cursos

e Cursos de Extensão)

A área de Educação Física conta com grande oferta de eventos e cursos nas

mais variadas temáticas, promovidos por diversas entidades (instituições de ensino

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superior, SESC, associações profissionais etc.), os quais costumam contar com maciça

participação de graduandos em Educação Física. São eventos e cursos que em geral

abordam aspectos fisiológicos, didático-metodológicos ou socioculturais da Educação

Física. Além de aprofundar, ampliar e atualizar o leque de conteúdos na formação,

inclusive abordando temáticas emergentes, tais eventos e cursos podem atender aos

interesses específicos dos graduandos. Propõe-se, então, mediante critérios

estabelecidos pelo Conselho de Curso, o aproveitamento da carga horária dispendido

pelo aluno em tais atividades de formação, exigindo-se, além de certificado emitido

pela entidade promotora. Tais eventos e cursos poderão ser ofertados pela própria

Faculdade de Ciência, voltando-se a uma dupla finalidade: formação inicial e formação

continuada, o que traria a vantajosa situação, do ponto de vista pedagógico, de

interação entre profissionais e graduandos.

C) Assistência a palestras

Promovidas pela própria instituição, e proferidas por especialistas em temas

ligados à Educação e Educação Física. Os palestrantes convidados podem ser

estranhos ao corpo docente do Curso, ou a ele pertencentes (neste caso, devendo

tratar de tema diferenciado ou complementar às disciplinas que ministra no Curso), a

fim de propiciar novos pontos de vista sobre temas da área, enriquecendo assim a

formação do futuro professor. A Coordenação de Curso, em articulação com os

diversos Departamentos envolvidos no Curso, programará pelo menos uma palestra

por semestre, no período regular de aulas.

D) Participação em Grupo de Estudos ou Laboratório de Pesquisa/Bolsa de

iniciação científica/Monitoria de Ensino ou Participação em Projetos de Extensão

Estas atividades objetivam uma abordagem mais aprofundada e sistemática de

uma temática da área, a partir de uma perspectiva científica e/ou didática-pedagógica,

quer na forma de grupo de estudo orientado por docente do curso, Bolsa de Monitoria,

estágio em Laboratório de Pesquisa, participação em projeto de pesquisa mediante

Bolsa de Iniciação Científica de órgãos de fomento e participação em Projetos de

extensão sob coordenação de docente do Curso. O Departamento de Educação Física

e os demais departamentos envolvidos no curso já mantém diversos grupos de estudos

e Laboratórios, com temáticas definidas em função de linhas de pesquisa

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departamentais ou em decorrência de interesses específicos, aos quais podem se

agregar os graduandos, a partir de suas preferências. Atualmente, existem os

seguintes grupos de estudo/Laboratórios no Departamento de Educação Física.:

Laboratório de Pesquisas em Educação Física, Laboratório de Estudos Socioculturais e

Históricos da Educação Física, Laboratório de Avaliação e Prescrição de Exercícios,

Laboratório de Informação, Visão e Ação e o Laboratório de Fisiologia Experimental. O

Departamento de Educação Física mantém também projetos de extensão que

oferecerem programas de atividades físico-esportivas para a comunidade (iniciação

esportiva para crianças e adolescentes, ginástica, natação etc.), nos quais os

graduandos assumem a regência de turmas numa situação mais controlada e

simplificada, com menor grau de dificuldade em relação à situações “reais” (por

exemplo, com relação a espaço físico, material, número de alunos, pressão

institucional e financeira etc.) sob a supervisão do docente responsável, em geral

especializado na área. Tal ação propicia o contexto adequado à experiência inicial de

“ser professor”. O Conselho de Curso estabelecerá quais atividades deverão ser

minimamente cumpridas em cada tipo de atividade, para possibilitar a contabilização de

um determinado número de horas, bem como regulamentará as horas dispendidas

pelos alunos. Em qualquer caso, o aluno deverá apresentar relatório constando as

atividades desenvolvidas, com parecer favorável do docente responsável pelo estágio,

projeto, bolsa etc.

A previsão destas atividades expressa o entendimento de que a formação do

graduando não se esgota na situação formal de ensino e aprendizagem na sala de

aula, com a presença do docente, mas devem incluir vivências didáticas diversificadas,

com maior ou menor grau de formalidade e obrigatoriedade.

Assim, um determinado tema poderá incluir uma ou mais das seguintes

vivências: disciplina(s) obrigatória(s), disciplina(s) optativa(s), participação em evento

acadêmico, mini-cursos, work-shops, palestras, grupos de estudo, participação em

projetos de pesquisa e de extensão etc. Tal estratégia facilita também a integração

ensino-pesquisa-extensão.

Por outro lado, para que essas atividades complementares não se tornem mera

formalidade burocrática ou laissez-faire, é necessário que a Coordenação/Conselho de

Curso exerça algum tipo de direcionamento que as compatibilizem com o projeto

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pedagógico. Desse modo, todas elas deverão, direta ou indiretamente, referir-se aos

temas propostos neste projeto.

Tal organização facilita ainda a flexibilidade necessária à formação de um

profissional para atuar em uma sociedade em constante mutação, e caracterizada pela

crescente importância do conhecimento. Novos temas podem ser facilmente agregados

ao projeto, por intermédio de disciplinas optativas, palestras , mini-cursos etc.

7.6.3.2 - Atividade Obrigatória

Trabalho de Conclusão de Curso (90 horas):

A ser orientado por docente do curso, terá caráter monográfico, entendendo-se

por “monografia” um trabalho de cunho acadêmico que trata de modo estruturado de

um determinado tema, devidamente especificado, delimitado e aprofundado35. O

Trabalho de Conclusão de Curso deverá necessariamente contemplar tema ligado ao

campo educacional. A carga horária de 90 horas será distribuída ao longo dos últimos

três termos (semestres) do Curso, visando garantir suficiente tempo de interação entre

orientador e aluno. No termo anterior ao início do Trabalho de Conclusão de Curso, a

disciplina “Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física–II”

tratará da elaboração do projeto do Trabalho, e nos três últimos semestres do Curso

haverá o desenvolvimento do Trabalho propriamente dito, sob orientação de um

docente previamente aprovado pelo Conselho de Curso. A disciplina “Processos de

Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I e II” deverão subsidiar,

com conhecimentos básicos, a elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso.

Deverá ser garantido, pelo Departamento ao qual se vincula o orientador, encontros

periódicos entre orientadores e orientados.

7.6.4 – A DIMENSÃO DA PRÁTICA

Na organização curricular do Curso de Licenciatura em Educação Física da

Faculdade de Ciências, a dimensão da prática (as Práticas Formativas) deverá estar

presente:

35

Cf. SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 20ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.

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a) Em todas as disciplinas, no sentido de que deverão sempre buscar um

diálogo com a Educação Física como área de intervenção acadêmico-profissional.

b) No interior das disciplinas que tratam das diferentes manifestações da

cultura corporal de movimento (jogo, esporte, ginásticas, dança, lutas etc.).

Nessas disciplinas é que se manifesta em especial o fenômeno da “simetria invertida”,

pois nelas a apresentação dos conteúdos procedimentais (quer dizer, os “movimentos”

em si) implica em didáticas específicas; muitas vezes, o graduando encontra-se em

situação similar aos alunos ao quais futuramente ensinará – ou seja é um iniciante

naquela modalidade e portanto, é simultaneamente “sujeito” e “objeto” da prática

pedagógica. Portanto, é preciso alertar o futuro professor sobre as distinções e

similaridades de tais processos, assim como é necessário a integração entre a

disciplinas da dimensão “manifestações da cultura corporal de movimento” e da

dimensão “didático-pedagógica”, a fim de que não haja contradições entre a teorização

e a prática efetiva no plano das didáticas específicas. Essas disciplinas, para além do

mero ensino dos gestos motores (dimensão procedimental), envolvem as dimensões

conceituais e ações dos conteúdos, possibilitando reflexões sobre os princípios

pedagógicos e as transformações didático-pedagógicas possíveis em cada um das

manifestações corporais específicas. A dimensão da prática deverá enfatizar

procedimentos de observação e reflexão para compreender e atuar em situações

contextualizadas, envolvendo observação e registro de aulas, resolução de situações-

problemas no ensino das manifestações corporais específicas, entrevistas com

profissionais, situações simuladas, estudos de caso, participação na organização de

eventos esportivos e recreativos etc., que podem, inclusive extrapolar os limites das

escolas onde se dá mais diretamente a relação professor-aluno para alcançar outros

órgãos e entidades normativas e executivas do sistema educacional, inclusive

assinalando presença em agências educacionais não-escolares – no caso da

Educação Física pode-se relacionar: SESC, SESI, Secretarias de Esporte e Lazer

municipal e estadual etc.

c) De modo mais sistematizado e contabilizado em carga horária, a dimensão da

prática estará presente sob a denominação “práticas formativas” associadas às

disciplinas referentes às Manifestações da Cultura Corporal de Movimento (jogo,

esporte, ginásticas, dança, lutas etc), Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da

Educação Física, Educação Física para Alunos com Deficiências, Educação Física

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Infantil, Educação Física no Ensino Fundamental e Educação Física no Ensino Médio,

na medida em que são disciplinas de síntese, integração e aplicação em relação aos

conteúdos que serão objeto da atividade docente, adequando-os às atividades próprias

da Educação Física na qualidade de disciplina escolar nas diferentes etapas e

modalidades da educação básica. Nos conteúdos desenvolvidos em tais disciplinas,

além dos conteúdos específicos, próprios a cada uma delas, algumas das práticas

docentes vivenciadas pelos alunos nas atividades de Estágio Supervisionado poderão

ser recuperadas, na sala de aula, por intermédio de filmagens em vídeo, depoimentos,

situações simuladas, discussão de problemas encontrados etc., propiciando uma

reflexão crítica sobre a prática, balizada pelas orientações didático-pedagógicas

oferecidas pelas disciplinas envolvidas. O conjunto dessas disciplinas envolvidas no

desenvolvimento da dimensão da prática do Curso de Licenciatura em Educação Física

da Faculdade de Ciências, abaixo relacionadas, totalizam 405 horas, como mostra a

Tabela 1.

Tabela 1: Distribuição da prática formativa como componente curricular entre as disciplinas da Grade Curricular.

PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR

NC Carga

Horária

Práticas Formativas em Atletismo 1 15

Práticas Formativas em Futebol 1 15

Práticas Formativas em Ginástica Geral 1 15

Práticas Formativas em Primeiros Socorros 1 15 Práticas Formativas em Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer 1 15

Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 1 15 Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento 1 15

Práticas Formativas em Handebol 1 15

Práticas Formativas em Voleibol 1 15

Práticas Formativas em Basquetebol 1 15

Práticas Formativas em Educação em Saúde 1 15

Práticas Formativas em Capoeira 1 15

Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 1 15 Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física 1 15 Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico 1 15 Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor 1 15

Práticas Formativas em Karatê 1 15

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Práticas Formativas em Educação Física Escolar I 2 30

Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 1 15

Práticas Formativas em Educação Física Escolar II 2 30

Práticas Formativas em Dança 1 15 Práticas Formativas em Educação Física para Pessoas com Deficiência 1 15

Práticas Formativas em Educação Física Escolar III 2 30

Práticas Formativas em Ginástica Artística 1 15

d) Nos estágios supervisionados a serem concretizados em escolas de

educação básica, quando o futuro professor toma conhecimento do real em situação de

trabalho, e testa suas competências por um determinado tempo, mediante projeto

planejado e avaliado conjuntamente pelo Conselho de Curso/Departamento de

Educação e as escolas de educação básica conveniadas, o que pressupõe uma

relação pedagógica entre um professor experiente no âmbito escolar e um aluno

estagiário. O estágio é o momento de efetivar, sob a supervisão daquele professor

experiente, o processo de ensino e aprendizagem que tornar-se-á futuramente

autônomo. O estagiário, além de assumir efetivamente o papel de professor, deve

envolver-se também com outros espaços e tempos do projeto pedagógico da unidade

escolar em que se faz presente (planejamento, aspectos administrativos etc.). O

estágio supervisionado terá duração de 405 horas, concentradas nos dois últimos anos

dos cursos integral e noturno, e deverá dividir-se entre o ensino infantil, fundamental e

médio.

7.6.5 – MATRIZ CURRICULAR

A - A DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O CORPO HUMANO

Disciplinas Obrigatórias:

. Anatomia Humana Geral

. Anatomia do Sistema Locomotor

. Bases Biológicas da Educação Física

. Fisiologia Humana Geral

. Biomecânica do Sistema Locomotor

. Fisiologia do Exercício

. Crescimento e Desenvolvimento Humano

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Disciplinas Optativas: a serem definidas

B. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O SER HUMANO E A SOCIEDADE

Disciplinas Obrigatórias:

. Psicologia e Educação Física

. História da Educação Física

. Sociologia e Educação Física

. Filosofia e Educação Física

. Antropologia Cultural e Educação Física

. Filosofia da Educação

. Psicologia da Educação

. História da Educação

. Sociologia da Educação

. Lazer e Educação

Disciplinas Optativas: a serem definidas

C. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Disciplinas Obrigatórias:

. Teoria da Educação Física

. Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I

. Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

. Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

. Introdução à Pesquisa e ao Estudo em Educação Física

. Noções Básicas de Estatística

Disciplinas Optativas: a serem definidas

D. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO

Disciplinas Obrigatórias:

. Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer

. Ginástica Geral

. Atividades Rítmicas

. Atividades Aquáticas

. Basquetebol

. Voleibol

. Futebol

. Handebol

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. Atletismo

. Ginástica Artística

. Dança

. Capoeira

. Karatê

Disciplinas Optativas: a serem definidas

E. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: TÉCNICO-INSTRUMENTAL

Disciplinas Obrigatórias:

. Aprendizagem Motora

. Primeiros Socorros

. Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico

. Medidas e Avaliação em Educação Física

. Educação em Saúde

Disciplinas Optativas: a serem definidas

F. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: INTERVENÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO ÂMBITO DA

ESCOLA

Disciplinas Obrigatórias:

. Estrutura e Política da Educação Básica

. Didática e Educação Física

. Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física

. Educação Física Escolar I

. Educação Física Escolar II

. Educação Física Escolar III

. Educação Física para Pessoas com Deficiência

Disciplinas Optativas: a serem definidas

A grade e fluxo curricular da Licenciatura para os períodos Integral e Noturno

são apresentados nas Tabelas 2 e 3.

Tabela 2: Disciplinas e fluxo curricular para a Licenciatura em Educação Física, período Integral.

Graduação em Educação Física: Licenciatura

Período Integral – (para ingressantes a partir do ano de XXXX)

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Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº XX, de XX/XX/XXXX.

Reconhecido Pelas Portarias Mec N° XXXX e CEE/GP N° XXX, de XX/XX/XXXX e XX/XX/XXXX, Publicadas no D.O. de XX/XX/XXXX e XX/XX/XXXX.

Cód

Depto.

Disciplina Nc Pré-

Requisito

Curso

1º Termo

Bio Anatomia Humana Geral 04 TC

Def Bases Biológicas da Educação Física 02 TC

Def Teoria da Educação Física 02 TC

Def Atletismo 03 TC

Def Práticas Formativas em Atletismo 01 TC

Def Futebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Futebol 01 TC

Chu Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

02 TC

Def Atividades Rítmicas 03 TC

Def Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC

Créditos 22

2º Termo

Bio Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC

Bioi Fisiologia Humana Geral 04 TC

Def Primeiros Socorros 03 TC

Def Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC

Def História da Educação Física 04 TC

Chu Filosofia e Educação Física 02 TC

Def Handebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Handebol 01 TC

Def Atividades Aquáticas 03 TC

Def Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC

Créditos 26

3º Termo

Def Ginástica Geral 03 TC

Def Práticas Formativas em Ginástica Geral 01 TC

Def Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC

Def Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento

01 TC

Def Fisiologia do Exercício I 02 TC

Def Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer 03 TC

Def Práticas Formativas em Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer

01 TC

Def Voleibol 03 TC

Def Práticas Formativas em Voleibol 01 TC

Ep Noções Básicas de Estatística 02 TC

Chu Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC

Créditos 22

4º Termo

Def Dança 03 TC

Def Práticas Formativas em Dança 01 TC

Def Aprendizagem Motora 03 TC

Def Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC

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69

Def Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC

Def Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física

01 TC

Def Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC

Def Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico

01 TC

Def Ginástica Artística 03 TC

Def Práticas Formativas em Ginástica Artística 01 TC

Def Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física I

02 TC

Def Karatê 03 TC

Def Práticas Formativas em Karatê 01 TC

Psi Psicologia e Educação Física 02 TC

Chu Sociologia e Educação Física 02 TC

Créditos 30

5º Termo

Def Basquetebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC

Def Educação em Saúde 03 TC

Def Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC

Def Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

02 PPCCE

F -I TC

Def Capoeira 03 TC

Def Práticas Formativas em Capoeira 01 TC

Def Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC

Def Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor

01 TC

Créditos 18

6º Termo

Def Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física

04 L

Edu História da Educação 02 L

Edu Filosofia da Educação 02 L

Edu Psicologia da Educação 02 L

Edu Sociologia da Educação 02 L

Def Educação Física Escolar I 03 L

Def Práticas Formativas em Educação Física Escolar I

02 L

Edu Estágio Supervisionado no Ambiente Escolar 03 L

Edu Estágio Supervisionado em Educação Física na Educação Infantil e no 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental

08 L

Def Trabalho de Conclusão de Curso 02 L

Créditos 30

7º Termo

Edu Estrutura e Política da Educação Básica 02 L

Def Didática e Educação Física 04 L

Def Educação Física Escolar II 03 L

Def Práticas Formativas em Educação Física Escolar II

02 L

Edu Estágio Supervisionado em Educação Física do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental

08 L

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70

Edu Lazer e Educação 04 L

Def Optativa I 04 L

A Def Trabalho de Conclusão de Curso 03 L

Créditos 30

8º Termo

Def Educação Física para Pessoas com Deficiência 03 L

Def Práticas Formativas em Educação Física para Pessoas com Deficiência

01 L

Def Educação Física Escolar III 03 L

Def Práticas Formativas em Educação Física Escolar III

02 L

Edu Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio

08 L

Def Optativa II 04 L

Def Trabalho de Conclusão de Curso 03 L

Créditos 24

Obs.: “TC” disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Graduação em Educação Física (Licenciatura e Bacharelado); e “L” disciplinas específicas da formação em Licenciatura em Educação Física

Graduação em Educação Física: Licenciatura - Duração do Curso: 4 Anos (Mínimo) / 7 Anos (Máximo)

- Créditos em Disciplinas do Currículo de Licenciatura 132 Créditos – 1980 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Licenciatura 27 Créditos – 405 H/A - Créditos em Práticas Formativas em Licenciatura 27 Créditos – 405 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A Total de Créditos Exigidos na Licenciatura 208 Créditos – 3120 H/A

Tabela 3: Disciplinas e fluxo curricular para a Licenciatura em Educação Física, período Noturno.

Graduação em Educação Física: Licenciatura

Período Noturno – (para ingressantes a partir do ano de XXXX)

Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº XX, de XX/XX/XXXX.

Reconhecido Pelas Portarias Mec N° XXXX e CEE/GP N° XXX, de XX/XX/XXXX e XX/XX/XXXX, Publicadas no D.O. de XX/XX/XXXX e XX/XX/XXXX.

Cód.

Depto.

Disciplina Nc Pré-

Requisito

Curso

1º Termo

Bio Anatomia Humana Geral 04 TC

Def Bases Biológicas da Educação Física 02 TC

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71

Def Teoria da Educação Física 02 TC

Def Atletismo 03 TC

Def Práticas Formativas em Atletismo 01 TC

Def Futebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Futebol 01 TC

Chu Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

02 TC

Créditos 18

2º Termo

Bio Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC

Bio Fisiologia Humana Geral 04 TC

Def Primeiros Socorros 03 TC

Def Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC

Def História da Educação Física 04 TC

Def Atividades Aquáticas 03 TC

Def Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC

Créditos 20

3º Termo

Def Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC

Def Práticas Formativas em Crescimento e

Desenvolvimento 01 TC

Def Atividades Rítmicas 03 TC

Def Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC

Def Fisiologia do Exercício I 02 TC

Def Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer 03 TC

Def Práticas Formativas em Jogo, Atividades

Lúdicas e Lazer 01 TC

Dep Noções Básicas de Estatística 02 TC

Def Ginástica Geral 03 TC

Def Práticas Formativas em Ginástica Geral 01 TC

Créditos 20

4º Termo

Def Aprendizagem Motora 03 TC

Def Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC

Chu Sociologia e Educação Física 02 TC

Psi Psicologia e Educação Física 02 TC

Def Karatê 03 TC

Def Práticas Formativas em Karatê 01 TC

Def Handebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Handebol 01 TC

Def Capoeira 03 TC

Def Práticas Formativas em Capoeira 01 TC

Créditos 20

5º Termo

Chu Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC

Def Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC

Def Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor

01 TC

Def Voleibol 03 TC

Def Práticas Formativas em Voleibol 01 TC

Def Educação em Saúde 03 TC

Def Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC

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72

Def Basquetebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC

Def Processos de Produção e do Conhecimento

Científico em Educação Física I 02 TC

Créditos 20

6º Termo

Def Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC

Def Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em

Educação Física 01 TC

Def Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC

Def Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática

do Treinamento Físico 01 TC

Def Processos de Produção do Conhecimento

Científico em Educação Física II 02

PPCCEF -I

TC

Def Dança 03 TC

Def Práticas Formativas em Dança 01 TC

Def Ginástica Artística 03 TC

Def Práticas Formativas em Ginástica Artística 01 TC

Chu Filosofia e Educação Física 02 TC

Créditos 20

7º Termo

Edu Estrutura e Política da Educação Básica 02 L

Edu Didática e Educação Física 04 L

Edu Estágio Supervisionado no Ambiente Escolar 03 L

Edu História da Educação 02 L

Edu Filosofia da Educação 02 L

Edu Psicologia da Educação 02 L

Edu Sociologia da Educação 02 L

Créditos 17

8º Termo

Def Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física

04 L

Edu Estágio Supervisionado em Educação Física na Educação Infantil e no 1º ao 5º anos do Ensino Fundamental

08 L

Def Educação Física Escolar I 03 L

Def Práticas Formativas em Educação Física Escolar

I 02 L

Def Trabalho de Conclusão de Curso 02 L

Créditos 19

9º Termo

Def Educação Física Escolar II 03 L

Def Práticas Formativas em Educação Física Escolar II

02 L

Edu Estágio Supervisionado em Educação Física do 6º ao 9º anos do Ensino Fundamental

08 L

Edu Lazer e Educação 04 L

Def Optativa I 04 L

Def Trabalho de Conclusão de Curso 03 L

Créditos 24

10º Termo

Def Educação Física Escolar III 03 L

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73

Def Práticas Formativas em Educação Física Escolar

III 02 L

Edu Estágio Supervisionado em Educação Física no Ensino Médio

08 L

Def Educação Física para Pessoas com Deficiência 03 L

Def Práticas Formativas em Educação Física para

Pessoas com Deficiência 01 L

Def Optativa II 04 L

Def Trabalho de Conclusão de Curso 03 L

Créditos 24

Obs.: “TC” disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Graduação em Educação Física (Licenciatura e Bacharelado); e “L” disciplinas específicas da formação em Licenciatura em Educação Física

Licenciatura em Educação Física – Licenciatura: duração do Curso: 5 Anos (Mínimo) / 9 Anos (Máximo)

- Créditos em Disciplinas do Currículo 132 Créditos – 1980 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Licenciatura 27 Créditos – 405 H/A - Créditos em Práticas Formativas em Licenciatura 27 Créditos – 405 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A Total de Créditos Exigidos 208 Créditos – 3120 H/A

Na Tabela 4 estão distribuídas as disciplinas do Curso de Licenciatura em

Educação Física por docente responsável. A carga horária por docente está

apresentada na Tabela 5.

Tabela 4: Disciplinas por docente no Curso de Licenciatura em Educação Física.

NOME

TITULAÇÃO ACADÊMICA

REGIME DE TRABALHO

DISCIPLINA(S)

H/A

SEMANAIS

Ana Flora Zanirato Zonta

Doutor RDIDP Dança Atividades Rítmicas

08

08

Cassiano Merussi Neiva

Doutor P (24h) Fisiologia do Exercício 04

Márcio Pereira da Silva

Doutor RDIDP Atletismo

08

Denise Aparecida Corrêa

Doutora RDIDP Educação Física Escolar I Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer

10

08

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74

Dagmar Aparecida Cyntia França Hunger

Doutor RDIDP História da Educação Física, Esporte e Dança Basquetebol na Escola

08

08

Henrique Luiz Monteiro

Doutor RDIDP Educação em Saúde Medidas e Avaliação em Educação Física

08

08

Júlio Wilson dos Santos

Doutor RDIDP Futebol Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I Bases teórico-práticas do Treinamento Físico

08

04

08

Mauro Betti Professor Adjunto

RDIDP Educação Física Escolar III Concepções Teórico-Metodológicas no Ensino da Educação Física

10

08

Marli Nabeiro Doutor RDIDP Educação Física para Pessoas com Deficiência

08

Milton Vieira do Prado Junior

Doutor RDIDP Atividades Aquáticas Ginástica Geral

08

08

Sérgio Tosi Rodrigues

Doutor RDIDP Aprendizagem Motora Karatê

08

08

Paula Favaro Polastri Zago

Doutora P(24h) Crescimento e Desenvolvimento Humano

08

Sandra Lia do Amaral

Doutora RDIDP Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

04

Lílian Aparecida Ferreira

Doutora RDIDP Handebol na Escola Educação Física Escolar II

08

10

Dalton Muller Pessôa Filho

Doutor RDIDP Biomecânica do Sistema Locomotor

08

José Roberto Bosqueiro

Doutor RDIDP Primeiros Socorros Bases Biológicas da Educação Física

08

04

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75

Daniela Godoi Jacomassi

Doutor RDIDP Teoria da Educação Física Voleibol na Escola

04

08

Departamento de Educação Física

Ginástica Geral Capoeira Ginástica Artística Optativas Trabalho de Conclusão de Curso

08

08

08

16

16

Departamento de Ciências Biológicas

Anatomia Humana Geral Anatomia do Sistema Locomotor Fisiologia Humana Geral

08

08

08

Departamento de Educação

Lazer e Educação Psicologia da Educação História da Educação Sociologia da Educação Filosofia da Educação Didática e Educação Física Estrutura e Política da Educação Básica Estágio Supervisionado: Prática de Ensino I Estágio Supervisionado: Prática de Ensino II Estágio Supervisionado: Prática de Ensino III Estágio Supervisionado: Prática de Ensino IV

08

04

04

04

04

08

04

06

16

16

16

Departamento de Psicologia

Psicologia e Educação Física

04

Departamento de Ciências Humanas

Filosofia e Educação Física Sociologia e Educação Física

04

04

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76

Antropologia Cultural e Educação física Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

04

04

Departamento de Engenharia de Produção

Noções Básicas de Estatística

04

Obs. Está computado a soma da carga para os períodos Integral e Noturno

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77

VIII – CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA (Aprofundamento em

Aptidão Física e Saúde)

8.1 - CONCEITOS BÁSICOS: ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO E APTIDÃO FÍSICA

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define “Atividade Física” como

qualquer movimento produzido pela musculatura esquelética que resulte em energia

expendida36. Esta unidade de medida permite a criação de categorias de Atividade

Física normalmente identificadas por segmentos da vida diária, nos quais são

realizados determinados movimentos. Pode-se dividir, por exemplo, a quantidade de

energia gasta durante o sono, no trabalho, nas horas de estudo, na prática desportiva,

nas atividades de lazer, entre outras. Obviamente, cada uma dessas fases pode ser

estratificada em outras, como a realização de trabalho corporal manual e sedentário. A

estas categorias somam-se outras variáveis que devem ser consideradas, como o

sexo, os hábitos alimentares, as diferenças étnicas, as características regionais, o tipo

de ocupação, o nível sócio econômico, as condições de saúde, entre tantas outras37

Para efeito do campo de intervenção da Educação Física, o “Exercício Físico” é

classificado como uma sub-categoria de Atividade Física; em outras palavras, é

definido como um componente da Atividade Física, e caracteriza-se por ser

previamente planejado, estruturado, repetitivo e proposto para aumentar ou manter um

ou mais componentes da Aptidão Física. De igual modo, o Exercício Físico também

pode ser subdividido em outras categorias, dependendo dos objetivos com que se

desenvolve uma atividade, seja para fins pedagógicos, de condicionamento físico, ou

tratamento e reabilitação de condições mórbidas específicas.

Desta forma, assume papel de maior interesse, quando é considerado em sua

relação com a saúde, atuando neste caso, em dois momentos fundamentais: o primeiro

refere-se ao aspecto relacionado à aptidão física, cuja finalidade é melhorar a eficiência

das atividades e de prevenir o organismo de enfermidades provocadas pela vida

sedentária; o segundo relaciona-se com a reabilitação terapêutica destas moléstias, ou

seja, a partir de sua manifestação utiliza-se do exercício como forma de controle ou de

reabilitação do indivíduo38.

36

WHO – World Health Oganization. Habitual physical activity, Copenhagen, 1978 37

MONTEIRO, HL; GONÇALVES, A. Salud Colectiva y actividad física: evolucion de lãs principales

concepciones y practicas. Revista Ciências de la Actividad Física. v. 2, n.3, p.33-45, 1994. 38

RYAN, A. Exercise and health: lesson from the past. In: ECKERT, HM; MONTOYE, HJ. Exercise and

Health. Minnesota: Human Kinectics Publishers, 1984

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78

É importante destacar que a utilização do Exercício Físico com tais finalidades

não é recente, e há registros de tais usos desde a Antiguidade. Contemporaneamente,

registra-se aumento exponencial do interesse pelo exercício físico, ainda que de modo

controvertido, há profissionais da área de Saúde Coletiva que têm se interessado por

exercícios, utilizando-o como forma de prevenção de enfermidades, redução da

obesidade, promoção da longevidade, entre outros objetivos39.

No âmbito da saúde, a utilização do exercício tem por objetivo o

desenvolvimento da Aptidão Física. Este termo tornou-se popular durante a segunda

Guerra Mundial, quando as Forças Armadas Americanas desenvolveram testes para

avaliar a capacidade física de seus soldados, considerando o trabalho vigoroso com a

finalidade de resistir às difíceis condições dos campos de batalha. Com o passar do

tempo, sua utilização deixou de ser restrita ao ambiente de caserna, e foram surgindo

programas com a finalidade de aumentar nos participantes a força muscular,

resistência e eficiência cardiovascular, bem como diminuir a quantidade de tecido

adiposo40.

Nesse contexto, atualmente, os componentes da aptidão física dividem-se em

dois grupos: um relacionado à saúde, e, outro, com a destreza ou habilidade esportiva.

Trata-se de modelo didático para entender de forma mais detalhada a perspectiva e o

direcionamento da aplicação do exercício para finalidades específicas.

8.2 - ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE COLETIVA

Como já se mencionou anteriormente, com o advento da Revolução Industrial,

as cidades cresceram e as condições de vida se agravaram. A população vivia em

ambientes pútridos e insalubres. O Estado se tornava mais forte e aumentava sua

influencia sobre o povo; os movimentos sociais e revolucionários buscavam soluções

para as crises41.

39

MOTA, C. História moderna e contemporânea. Atual, 1988.

CAMPOS, R. História antiga e medieval. São Paulo, Atual, 1988.

CAMPOS, R. História moderna e contemporânea. São Paulo: Atual, 1988a.

SHARKEY, B.J. Condicionamento físico e saúde. Porto Alegre, Atmed/ Human Kinectics, 1998;

DÂMASO, AR. Obesidade. São Paulo: Medsi, 2003;

PIERIN, AMG. Hipertensão Arteiral: uma proposta para o cuidar. São Paulo: Manole, 2004 40

KIRKENDALL, D; GRUBER, J; JOHNSON, R. Measurement and evaluation for physical educator.

Illnois: Human kinectics Publishers. 1987 41

BARRETO, M. Epidemiologia, sua história e crises. In: COSTA, DC. Epidemiologia: teoria e objeto. São

Paulo, Hucitec, 1990

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79

No campo da saúde predominava a “Teoria dos Miasmas”, pela qual acreditava-

se que as doenças resultavam de emanações resultantes de acumulo de dejetos,

sendo a presença ou ausência de atividades físicas considerada responsável pelo

desequilíbrio na liberação de fluidos extracorpóreos, identificado por sensações

desagradáveis, como dor, paralisia, inflamação e cansaço42.

Caracterizado como um período subseqüente de transição, surge a

“Epidemiologia dos Modos de Transmissão”, como forma de ruptura da “Epidemiologia

da Constituição Pestilencial” (“Teoria dos Miasmas”). Tem como precursor John Snow,

considerado o Pai da Epidemiologia, por seus estudos sobre o cólera na cidade de

Londres, sendo, na época, um dos primeiros a considerar a possibilidade de existirem

agentes microscópicos na gênese desta enfermidade43 .

Com a intenção de encontrar um único agente causador da doença, esta fase

também é conhecida como a “Teoria da Unicausalidade”, em que agentes patológicos

da tuberculose, do sarampo, da febre amarela, da esquistossomose, entre outras, que

são estudados em contexto coletivo. Nessa fase, sem ignorar a sobrevivência das

tendências anteriormente mencionadas, observam-se iniciativas pontuais dos

profissionais de saúde, os quais, na tentativa de responder às diferentes formas de

manifestações mórbidas, recomendavam exercícios de aptidão como forma de

melhorar a saúde, bem como a prevenção e o tratamento de manifestações agudas e

enfermidades crônicas.

O século XX foi marcado por grandes guerras mundiais e significativos avanços

tecnológicos que provocaram substanciais mudanças nos hábitos de vida,

principalmente das populações dos centros urbanos. No entanto, ao mesmo tempo em

que estas alterações trouxeram comodidade e bem estar, também colocaram o

homem em uma situação de exposição a novos problemas de saúde, dentre os quais

estão aqueles provenientes da vida sedentária.

O processo saúde-doença passa então, a ser abordado, a partir da “História

Natural das Doenças”, isto é, da interação entre agente, hospedeiro e meio ambiente,

formando um triangulo ecológico. Assim, a saúde-doença passa a ser representada em

pólos opostos e vai alternando-se de forma dinâmica, sendo o resultado desta teoria

identificado como o “Modelo Preventivista”. Nesse período, a epidemiologia incorporou

e consolidou o paradigma da “História Natural das Doenças”, e coube a ela a tarefa de

42

GONÇALVES A; GONÇALVES, N. Saúde e Doença: conceitos básicos. Revista Brasileira Ciência e

Movimento. v. 2, n. 2, p. 48-56, 1988 43

SNOW, J. Sobre a maneira de transmissão do cólera. São Paulo, Hucitec, 1990.

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80

gerar conhecimentos sobre as fases pré-clinicas dos estados mórbidos, aspecto este

que deveria aumentar as possibilidades de prevenção pela identificação de fatores de

risco e desenvolvimento de técnicas de detecção precoce da doença (Leavell e Clark,

1976). Desse modo, possibilitaram-se inúmeras ações de controle das enfermidades,

antes de conhecer toda sua estrutura de causalidade, resultando, na época, num

significativo avanço para a prevenção (Silva, 1990).

Também conhecida como “epidemiologia dos fatores de risco”, essa área do

conhecimento e intervenção humana passou a ganhar status acadêmico com a criação

da carreira homônima na Escola de Saúde Pública da Universidade de John Hopkins,

nos Estados Unidos, em 1921. Trata-se de um período identificado por profundos

avanços, produto de grande desenvolvimento da bioestatística e de modelos

matemáticos complexos, em que as atividades de aptidão física assumem papel

importante na prevenção e reabilitação, inclusive, como relevante estratégia

governamental conduzida pelos “Centers for Disease Control” (CDC), com a intuição de

evitar e controlar as enfermidades provocadas pelo estilo de vida sedentário.

O “Modelo Preventivista”, por sua vez, não obteve o êxito esperado no interior

das escolas médicas. Sobre o período pré-patogênico, sugere o modelo que todos

estariam sujeitos a determinadas enfermidades e, portanto, somente aqueles que

aderissem a medidas específicas de prevenção primária estariam a salvo. De modo

geral, a grande limitação esta no fato de ignorar o papel que a vida social desempenha

na perpetuação das doenças, transferindo ao homem a culpa pelo adoecer44.

Sobre este modelo, os profissionais de Educação Física, bem como outros da

área de saúde continuam direcionando suas investigações. Por exemplo, nos estudos

sobre lesões desportivas, o agente está relacionado com a duração, freqüência e tipo

de movimento; o hospedeiro se caracteriza por variáveis correspondentes à idade,

fatores genéticos, sexo, graus de lesões, níveis de aptidão física entre outros fatores de

risco; e o ambiente diz respeito às condições climáticas, o tipo de superfície, o local de

atividade e o equipamento utilizado, entre outros aspectos.

44

AROUCA, S. O dilema preventivista. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas, Universidade

de Campinas, 1975.

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81

8.3 - O PANORAMA ATUAL

As últimas décadas foram marcadas por profundas mudanças nos hábitos e

costumes da população, que cada vez mais parece se preocupar com a manutenção

da saúde e qualidade de vida.

Assistimos a um forte crescimento daqueles que buscam a prática de atividades

físicas, de tal magnitude que o poder público, preocupado em ampliar as áreas de lazer

e também as destinadas à pratica de esportes, tem promovido políticas setoriais nesse

sentido’; estas, porém, têm se mostrado sempre insuficientes. Muitas estruturas para a

prática de atividades físicas e esportivas surgiram e, com frequência ascendente,

milhares e milhares de pessoas passaram a caminhar ou mesmo a correr com certa

regularidade.

O resultado dessa busca pelo exercício tem feito surgir, quase que diariamente,

um grande número de centros voltados à prática de exercícios físicos, destinadas a

proporcionar não só beleza estética, mas também, preparação física às exigências da

população. Entretanto, na ânsia pela beleza estética de um lado, e a gana por

obtenção de lucro fácil e rápido, tais “escolas”, mais popularmente conhecidas como

"Academias", dispõem de inúmeros equipamentos mecânicos que são disponibilizados

para os seus clientes, sem contudo pautar-se por uma preocupação efetiva com as

conseqüências que podem advir da má utilização destes recursos, ou sem mesmo

possuírem conhecimentos adequados sobre as condições físicas e de saúde dos seus

usuários.

Atualmente, é possível encontrar um grande número de pessoas não habilitadas

para a prescrição de esforços físicos no comando destes negócios. Além disso, a

formação de profissionais de Educação Física no Brasil, apresenta enorme defasagem

e insatisfatória qualidade, o que têm contribuído para a deterioração dos serviços

prestados por esses profissionais. No entanto, os efeitos dessa tendência não são

mensuráveis em curto prazo, e, muitas vezes demoram anos para se manifestarem,

mas, quando surgem, manifesta-se na forma de problemas com a saúde dos

praticantes, com a instalação de incapacidades temporárias ou permanentes. Milhares

de jovens e adultos entraram na "onda" da saúde, ou beleza, a qualquer preço.

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82

8.4 - A TRAJETÓRIA DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NO

BRASIL

Nas décadas de 60 e 70, na área, eram poucos os cursos instalados no Brasil, a

produção intelectual era incipiente e, sobretudo, desprovida de crítica. A experiência

“prática” era de fundamental importância, os poucos textos técnicos não passavam de

apostilas formuladas pelos próprios docentes, os livros que circulavam em nosso meio,

com algum conteúdo científico, eram o resultado de traduções de livros americanos

que geralmente referia-se estritamente a informações técnicas.

Destarte, tendo sido a década de setenta no Brasil demarcada pela ditadura

militar, e esta, por ter se dado ao papel de censurar as formas de manifestações

contrarias a sua ideologia, utilizou-se fortemente da Educação Física45, incentivando o

Desporto Universitário com a construção de Centros Esportivos bem equipados,

financiados pelos recursos financeiros advindos das Loterias. Também a pesquisa

científica na área foi incentivada, aparelhando-se várias Universidades Públicas do país

com laboratórios de avaliação da performance humana.

Nos anos oitenta, com o fim do cerceamento público da sociedade e a volta da

liberdade de expressão, profissionais mais afeitos às Ciências Humanas trazem para

as discussões acadêmicas questões tais como a crise de identidade conceitual da

Educação Física. Muitos dos pensadores de expressão da referida década

empreenderam esforços na direção de fixar as diretrizes de uma nova pedagogia

hegemônica, que pecou por resvalar no extremo oposto, ao rechaçar o biológico e, em

conseqüência a saúde, dado que a expressão mais popular repousa em tal

determinação.

Enquanto tais acontecimentos demarcavam o processo brasileiro, em países

desenvolvidos como Inglaterra, Canadá, Estados Unidos e Austrália, registravam-se

avanços no desvelamento da relação da atividade física e saúde. A título de exemplo,

segundo Powell e Paffenbarger46,os “Centers for Disease Control” elegeram a aptidão

física como um dos quinze campos de atuação mais importantes para melhorar as

condições de vida da população americana, criando a Seção de Epidemiologia

Comportamental vinculada ao Departamento de Educação e Promoção da Saúde.

Ainda que este enfoque seja controverso, houve, em decorrência e/ou associadamente,

crescente interesse por estudos a respeito. 45

GONÇALVES, A. A saúde e a população para entendimento desse binômio em nosso meio. Ciência e

cultura. v. 31, n. 11, 1425-37, 1981. 46

POWELL, K.; PAFFENBARGER, R. Workshop on epidemiologic and public health aspects of physical

activity and exercise: a summary. Public Health Reports. v. 100, n. 2, 118-25, 1985.

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Em síntese, pode-se admitir que o movimento intelectual brasileiro da área, ao

procurar evitar os desacertos anteriores, incidiu no viés da inadequação de ignorar as

eventuais contribuições à questão das conquistas que foram sendo amealhadas no

âmbito internacional no período (v.g. Montoye’s Recomendations47).

Na década de 1990, os acadêmicos da área de Educação Física, de maneira

gradual, começaram perceber os desacertos dos caminhos por onde trilharam, e, por

este motivo, observaram-se, novamente, esforços na direção de promover o

intercâmbio entre as áreas de conhecimento de naturezas biológicas, humanas e

exatas, no qual a atividade física e o exercício passaram a ser elos de ligação.

Desse modo, os acadêmicos da área de atividade física e saúde somente agora

têm voltado suas preocupações para a formação acadêmica de profissionais para atuar

neste campo, embora o mercado de trabalho já viesse, há algum tempo dando sinais

desta necessidade. De certo modo, tal fenômeno é compreensível, pois as atividades

econômicas normalmente são mais ágeis e respondem, quase que imediatamente, às

necessidades geradas pelo próprio homem.

De fato, no sentido de voltar-se à profissão para um enfoque clínico de

abordagem do aluno, no qual a avaliação física e a prescrição de exercícios tornam-se

condição para a realização de um trabalho que logre êxito em seus objetivos, uma

visita aos conhecimentos produzidos neste campo de atuação da profissão indica que

os parâmetros para a elaboração de programas de treinamento físico individualizado

foram veiculados em publicações estrangeiras do final dos anos oitenta e inicio dos

anos noventa. Contudo, a publicação de tais textos no Brasil só se deu 6 a 7 anos

depois.

O conteúdo destas obras só começou a ser objeto de aplicação nos cursos de

Bacharelado em Educação Física em meados da virada do milênio, e, no caso de

algumas obras, sua utilização ainda permanece restrita.

Uma das possíveis explicações para o lapso de tempo entre a publicação de um

livro texto e sua aplicação no ensino de graduação em Educação Física no Brasil pode

ser atribuída à prática de preços proibitivos para o acadêmico da área. Nesse contexto,

vários autores nacionais, atentos para as tendências de mercado voltadas à prescrição

de treinamento físico individualizado, publicaram, recentemente, obras em formato de

“manual”, com volume de informações inferior, e que se constituem em compilações

47

MONTOYE’S RECOMENDATIONS. Brasília, CNPq, 1982.

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dos conteúdos de livros textos estrangeiros considerados “clássicos”48. O preço destas

obras é bastante inferior, e em que possa pesar o fato de não acrescentarem avanços

científicos expressivos à formação dos profissionais da área, vale dizer que cumpriram

papel importante na difusão de conhecimentos científicos que, em nosso meio, têm

acontecido com um atraso de 15 ou 20 anos aproximadamente.

Sob outro ponto de vista, Tani49, argumenta que, na produção do conhecimento

e formação do profissional de Educação Física, houve uma sobrevalorização das

pesquisas básicas em detrimento da aplicação dos conhecimentos gerados para a

prática dos profissionais que atuam no mercado de trabalho.

Nessa perspectiva, parece ser ilustrativo apresentar o resultado de levantamento

dos trabalhos apresentados no XXV Congresso da Sociedade de Cardiologia do

Estado de São Paulo, realizado em 200450. No evento em tela ocorre o V Simpósio de

Educação Física e Esporte e, a análise dos temas livres demonstrou que foram

apresentados 26 trabalhos sobre hipertensão arterial, dos quais: 13 (50%) são

resultados de pesquisas com modelo animal; nove (35%) são estudos com humanos,

porém, do tipo transversal; entre as investigações em que o paciente foi seguido por

determinado período, dois (8%) são de natureza observacional e, apenas três (12%)

constituem estudos de intervenção.

Tais dados não chegam a ser surpreendentes. Entre os pesquisadores da área

biológica, é praticamente consensual a opinião de que é muito mais simples fazer

pesquisa básica utilizando cobaias, àquelas do tipo experimental, envolvendo

humanos. Não há dificuldades de aprovação dos projetos junto aos Comitês de Ética

das Universidades, é possível exercer controle sobre grande número de variáveis que

podem induzir a resposta e, praticamente, não há exposição do pesquisador ao risco

contrair moléstia ou ocorrer o óbito de seres humanos.

No entanto, cresce a procura dos serviços de saúde por profissionais de

Educação Física para atuar com pacientes portadores de Síndromes Metabólicas junto

48

MOLINARI, B. Avaliação Médica e Física : Para Atletas e Praticantes de Atividades Físicas. São Paulo:

ROCA, 2000

FERNANDES FILHO, J. A prática da Avaliação Física. Rio de Janeiro: SHAPE, 1999

PERUCA, A. Metodologia do Desenvolvimento do Personal Training. Londrina: Midiograf, 1999

MARINS JCB, GIANNICHI RS. Avaliação e prescrição de atividade física. Rio de Janeiro: Shape, 1998.

MONTEIRO, W. Personal Training Manual para avaliação e prescrição de condicionamento físico: Rio de

Janeiro: Sprint, 1998.

49 Tani, 1996)

50 Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, 25, Anais. Campos do Jordão, 2004

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às Unidades Básicas de Saúde, havendo, inclusive, projetos em andamento no Estado

de São Paulo, que acenam com duas possibilidades: i) realizar concursos públicos para

o provimento de novos cargos para Educadores Físicos nos serviços de saúde

municipal e estadual; ii) recrutar junto a Secretaria de Educação do Estado de São

Paulo, profissionais de Educação Física interessados em trabalhar com esta população

no âmbito ambulatorial.

Ainda de acordo com Tani51, outro problema a ser destacado nas disciplinas de

“orientação acadêmica”, é que elas se pautam por um método científico aplicado em

pesquisas que buscam gerar conhecimentos. Assim, juntamente com as disciplinas de

“orientação pedagógica” e as de “orientação às atividades” a grade curricular está

baseada em pressupostos éticos de formação do profissional de Educação Física.

Porém, quando o aluno vai a campo para realizar um estágio curricular/

profissionalizante, geralmente sofre um profundo impacto, porque observa que as

realidades de mercado são baseadas em parâmetros estéticos de beleza corporal. Esta

é uma equação difícil de ser resolvida.

Para sustentar o raciocínio que se pretende desenvolver aqui, é preciso resgatar

conceitos formulados por Soren Aabye Kierkegaard, filosofo existencialista, nascido na

Dinamarca em 1813, se destacou por construir severas criticas aos românticos, bem

como aos costumes religiosos da época. Afirmava ele que o ser humano pode ser

classificado dentro de três estágios, a saber: estético – o esteta se interessa apenas

pelo que é divertido ou entediante, vive no mundo dos sentidos; ético – baseia-se em

decisões consistentes tomadas segundo padrão moral; religioso – prefere a fé ao

prazer estético ou aos mandamentos da razão52.

Para o filósofo, o indivíduo pode passar a vida toda como um esteta, e o conflito,

consigo mesmo, é que o leva a assumir uma postura ética ou ainda avançar para o

estágio religioso. Por vezes, em épocas como a atual, a sociedade, enquanto cultura

de massa assume, com maior predominância, forte vínculo com um destes estágios

como é o caso, no momento, de valorização da estética em detrimento dos outros

estágios. Desse modo, as linhas de pensamento de massa exercem influencia a

postura individual de cada um.

Por esse motivo, não é raro que profissionais da área afirmarem que a formação

universitária mostra-se alheia às leis de mercado, no qual a regra de é: “o cliente

51

Tani,1996 52

VERGEZ, André. História dos filósofos ilustrada pelos textos. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1976.

GAARDER, J. O mundo de Sofia. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

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sempre tem razão”. Como a sociedade vive pressionada por forte apelo estético, a

modelagem corporal e a busca insana do homem por um padrão que reforce a sua

masculinidade, e da mulher pela imagem de “sílfide”, impõem ao profissional da área

servir-se de métodos e procedimentos que nem sempre se pautam por valores éticos,

principalmente quando coloca em risco a própria saúde. Nesse caso, é preciso, por

principio, entender que não é possível atribuir culpa ao Educador Físico, pois o

resultado de sua formação decorre principalmente daquilo que ensinamos e permitimos

a eles vivenciarem.

Desse modo, parece plausível considerar que é necessário criar novas

oportunidades de vivências práticas, nas quais, por exemplo, os valores éticos

presentes na investigação científica sejam contemplados e destacados, de tal forma a

que se torne o fundamento balizador de sua prática profissional. É preciso, de maneira

urgente, nas disciplinas de orientação acadêmica, pedagógica e para as atividades,

sinalizar que há outras perspectivas de atuação do profissional de Educação Física

neste campo de trabalho – que é possível exercer esta profissão de forma plena, como

formadores de opinião, sem que ninguém tenha de se sentir refém das “leis de

mercado”.

Face ao contexto que vem se delineando, parece ser urgente empreender

esforços na formação de um Profissional de Educação Física voltado à área de

exercício físico e saúde. De fato, devido ao aumento da expectativa de vida da

população, tem avançado a manifestação de doenças crônicas, tanto as de natureza

metabólica, quanto as relacionadas aos planos osteoarticular e músculo ligamentar.

Esses agravos são resultantes de processos cumulativos e encontram forte associação

com o estilo de vida, de tal modo que, tanto as pessoas que têm hábitos sedentários,

quanto aquelas que habitualmente se submetem a intensas rotinas de atividades

físicas, seja ocupacional ou de tempo livre, acumulam sequelas que ao longo dos anos

evoluem para condições mórbidas que se manifestam e se tornam mais agudas com o

avanço da idade.

Desse modo, o especialista em exercício físico deverá atuar na construção de

um diagnóstico que permita identificar possíveis fatores de risco ou condições

mórbidas, manifestas ou eminentes, que podem ser prevenidas ou tratadas com a

adequada intervenção por meio da prescrição de exercícios físicos específicos às

necessidades de cada aluno.

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87

8.5 – PARÂMETROS PARA A DEFINIÇÃO DA FORMAÇÃO DO BACHAREL EM EDUCAÇÃO FÍSICA

COM APROFUNDAMENTO EM APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

A formação do Bacharel em Educação Física, nesta proposta pedagógica, tem

por perspectiva a saúde global do ser humano, em diferentes fases da vida e em

diferentes processos da educação não-formal associada à atividade física. Desta

forma, atuando com a iniciação esportiva, os programas de condicionamento físico e

reabilitação em clubes, academias, clínicas e hospitais, com vistas à aptidão física para

o desempenho ótimo e à prevenção e tratamento de doenças pelo exercício.

Quanto ao aspecto de prevenção, o modelo preventivista, apesar das críticas a

ele dirigidas, tem sido fortemente utilizado como parâmetro norteador para organização

das ações em saúde no Brasil, com relativo sucesso. O Quadro 2 apresenta

organograma que permite observar os períodos de intervenção e as ações preventivas

serem realizadas em cada um.

Quadro 2: Modelo Preventivista de Leavell e Clark53

PERÍODO

PRÉ PATOGÊNICO PATOGÊNICO

PREVENÇÃO PRIMÁRIA PREVENÇÃO

SECUNDÁRIA

PREVENÇÃO

TERCIÁRIA

Prevenção de

doenças

Promoção da

saúde/Aptidão

Física

Diagnóstico precoce

Tratamento adequado

Reabilitação:

Física

Mental

Social

Na Educação Física brasileira difundiu-se e consolidou-se a idéia de que a ação

profissional na área volta-se exclusivamente ao trato com a saúde (ou, em outras

palavras, apenas das pessoas saudáveis), enquanto outros profissionais do setor

cuidariam apenas da doença. Por este motivo, há forte tendência dos profissionais de

Educação Física em afirmar que, no modelo preventivista, cabe a intervenção no

âmbito da promoção da saúde e, portanto, nosso foco de intervenção estaria, à priori,

na prevenção primária, bem como no desenvolvimento da aptidão física para o

53

LEAVELL, H.; CLARK, F. Medicina preventiva. São Paulo, McGraw-Hill, 1976.

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desempenho ótimo em práticas regulares de atividade física, seja na academia, clubes,

ou em clínicas especializadas em exercício físico.

Cabe ressaltar, porém, que nos últimos anos, há uma mudança de foco em

curso, resultante de uma crescente demanda de mercado, gerada por pessoas que

buscam os serviços dos profissionais de Educação Física para tratar de condições

patológicas manifestas.

Desse modo, por exemplo, a avaliação da composição corporal quando indica

propensão à obesidade, ou na aferição de flexibilidade muito abaixo do esperado,

como preditor de futuras limitações nos planos ósteomioarticular, caracterizam-se como

situações nas quais o profissional de Educação Física estaria realizando um

diagnóstico precoce. De forma semelhante, sua intervenção no tratamento da

hipertensão arterial, juntamente com a atuação de equipe multiprofissional, pode

contribuir sobremaneira para o controle da doença e prevenção de agravos

secundários.

No campo da Reabilitação, a recuperação física é imprescindível e, ao mesmo

tempo, a mais barata; nesse caso, há inúmeras frentes de atuação para o profissional

de Educação Física, entre elas, o condicionamento físico na fase pós-hospitalar, para

indivíduos que, por exemplo, sofreram infarto agudo do miocárdio ou que passaram por

cirurgia de revascularização cardíaca, ou ainda em pessoas acometidas por lesões no

sistema músculo-esquelético fruto da prática de atividade física. A esse respeito,

porém, a reabilitação social é considerada a mais importante, bem como também a

mais cara e, nesta fase, atividades como jogos e esporte podem exercer papel de

fundamental importância.

Em face de tais considerações, qual deve ser o corpo de conhecimentos

necessários à atuação do Graduado em Educação Física com aprofundamento em

Aptidão Física e Saúde?

Nos currículos dos cursos de Licenciatura, a questão dos conteúdos voltados

para o conhecimento das manifestações da cultura corporal de movimento, se explica

pelo fato do Licenciado atuar, predominantemente, no ensino formal. Desse modo, as

disciplinas voltadas às manifestações da cultura corporal, por exemplo os esportes,

concentram-se no desenvolvimento de recursos pedagógicos para que o futuro

professor seja capaz de ensinar tais conteúdos nas dimensões conceituais (história dos

esportes, as relações do esporte com a atualidade etc), atitudinais (valores morais e

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elementos éticos) e procedimentais (a vivência motora da modalidade, formas de

organização esportiva, dentre outros).

Já o profissional de Educação Física, com a formação voltada para a aptidão

física e saúde, deve dirigir seu foco de atenção para a prática de atividades físicas, sob

a perspectiva do rendimento ótimo, mediante demandas do condicionamento físico,

bem como no processo de reabilitação das doenças crônico-degenerativas, causadas

não somente pelo estilo de vida sedentário, mas também por decorrentes desgastes

físicos causados tanto pela exposição ocupacional quanto às de tempo livre, nas quais

estão presentes, também, as práticas esportivas. Nesse contexto, ainda que seja

importante o ensino de habilidades motoras para assimilação de novas técnicas de

trabalho corporal, o foco principal agora se concentra sobre o desenvolvimento de

capacidades físicas específicas nos diferentes locais de intervenção do profissional em

Educação Física junto à sociedade.

Desse modo, por exemplo, as dores e os sofrimentos causados pelos distúrbios

posturais têm, na aplicação de técnicas de alongamento específicas, uma das

principais formas de tratamento e prevenção de condições mórbidas mais graves. De

modo semelhante, doenças causadas pela pressão arterial elevada ou pela obesidade

são controladas ou tratadas com a prática de atividades aeróbias realizadas de

maneira contínua. Ressalta-se ainda, que detectar ou prognosticar tais aspectos

antecipadamente, em populações de crianças e jovens, e iniciar precocemente os

trabalhos é fundamental para o sucesso da intervenção.

Adicionalmente, vale destacar que o diagnóstico da condição física de uma

pessoa obesa, embora tenha como prescrição específica a prática de exercícios

aeróbios, pode indicar também comprometimento do grau de amplitude articular em tal

nível que, antes de iniciar, por exemplo, atividade de caminhada, deva tal pessoa ser

submetida a um tratamento específico com exercícios de flexibilidade, para prevenir

eventuais danos à realização da própria caminhada. Em outras palavras, recomenda-

se como adequado o oferecimento de disciplinas específicas para tratar das

capacidades físicas relacionadas à saúde, que envolvem os aspectos:

cardiorrespiratório, flexibilidade, resistência muscular localizada, força muscular e

composição corporal, com exercícios isolados e específicos, ou contextualizados na

prática de esportes individuais e coletivos.

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8.6 – OBJETIVO

Formação inicial de profissionais em Educação Física aptos a avaliar, prescrever

e orientar programas de exercícios físicos, visando a aptidão física para o rendimento

físico ótimo, e a prevenção de distúrbios metabólicos, funcionais e motores em pessoas

saudáveis nas diferentes fases do seu desenvolvimento, bem como a reabilitação da

saúde em pessoas com diferentes níveis de condição patológica associada a estes

distúrbios.

8.7 – EIXOS NORTEADORES AD ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

8.7.1 - DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

A concepção de "competência" é entendida como a capacidade de mobilizar

conhecimento de diferentes naturezas, transformando-os em ação que permite superar

a dicotomia entre teoria e prática na formação de profissionais, particularmente

destacada na Educação Física, pela tradicional distinção entre aulas "práticas"

(esporte, ginástica, exercícios físicos específicos, etc.) e aulas "teóricas" na sala de

aula (fisiologia, fisiopatologia, anatomia, etc). Ademais, reconhece-se que os

conhecimentos que o profissional mobiliza para responder às diferentes demandas das

situações de trabalho incluem não só aqueles cientificamente elaborados, mas também

os construídos na vida profissional e pessoal. Particularmente na Educação Física o

denominado "conhecimento de trabalho", nem sempre passível de verbalização ou

teorização, parece desempenhar importante papel na história de professores bem-

sucedidos no ensino de habilidades motoras e esportivas, dando respaldo à afirmação

de que "profissionais sabem mais do que conseguem verbalizar". Se nem todas as

competências podem ser "ensinadas" nas situações formais de sala de aula, por outro

lado, elas podem ser "aprendidas", desde que a organização curricular propicie

situações adequadas para tal aos graduandos - é o que se deve pretender com as

"vivências didáticas" planejadas nas disciplinas diretamente ligadas à “Dimensão da

Prática” e nos Estágios Supervisionados.

Portanto, a perspectiva do desenvolvimento de competências profissionais deve

ser central na organização curricular do curso de Bacharelado em Educação Física,

refletindo-se nos objetivos, conteúdos e metodologias das diversas disciplinas, bem

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como na definição dos tempos e espaços da dimensão prática, que adquire assim o

sentido de prática profissional.

Assim, espera-se, ao longo do curso, o desenvolvimento de competências gerais

que abranjam todas as dimensões da atuação profissional referentes: (i) ao

comprometimento com valores estéticos, políticos e éticos inspiradores da sociedade

democrática; (ii) à compreensão do papel social no campo da saúde (iii) ao domínio

dos conteúdos, de seus significados em diferentes contextos e de sua articulação; (iv)

ao domínio do conhecimento pedagógico; (v) ao conhecimento de processos de

investigação; e (vi) ao gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional.

8.7.2 - CONCEPÇÃO DE CONTEÚDO

Os conteúdos que compõem o currículo do bacharelado são mais amplos do que

os conteúdos do programa de intervenção desenvolvido pelo profissional que atua no

âmbito do exercício físico e saúde. Nesse caso, há dois aspectos a serem

considerados: (i) a fundamentação filosófica e científica (sendo que esta última inclui as

abordagens biológica, psicológica e sociocultural), não é integralmente objeto de

intervenção do campo do exercício físico e saúde, mas nem por isso menos importante

para que o profissional compreenda seu próprio trabalho; (ii) a Educação Física

trabalha com conteúdos “clássicos”, instaurados pela tradição (é o caso das diversas

modalidades esportivas e de algumas práticas de aptidão física), mas não se pode

descuidar das práticas “emergentes” na cultura corporal de movimento, como é o caso

de novas modalidades ginásticas e novas técnicas de tratamento pelo exercício no

campo da saúde.

Portanto, a matriz curricular do Curso de Bacharelado em Educação Física deve

conter forte fundamentação – científica e filosófica –, com enfoque biológico,

psicológico e sociocultural. Parte importante dos conteúdos curriculares provém das

diversas práticas da cultura corporal, incluindo conhecimentos, vivências e didáticas

específicas em jogos, atividades aquáticas, ginásticas, atividades rítmicas, esportes e

lutas, considerando as características individuais e grupos específicos.

8.7.3 - CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM

É necessário inicialmente distinguir “informação” de “conhecimento”. Informação

refere-se à ação de manter alguém informado (sobre acontecimentos, por exemplo),

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92

refere-se aos dados sobre alguém ou alguma coisa. Mas a informação também instrui,

orienta, dirige, por que “informar”, quer dizer dar forma, formalizar, construir uma

realidade a partir de alguns códigos. É um modo de ordenar o caos, organizar ou

estruturar elementos dispersos procedente do meio ambiente.

“Conhecimento” é o ato ou efeito de compreender, de conhecer as propriedades,

as características, os traços específicos de alguma coisa; são as operações pelas

quais a mente procede à análise de um objeto, de uma realidade, de modo a definir sua

natureza. Segundo Abbagnano54, do ponto de vista filosófico, conhecimento é a técnica

para verificação de um objeto, é o procedimento que possibilite a descrição, o cálculo

ou a previsão controlável de um objeto (entidade, fato, coisa, realidade ou

propriedade).

Portanto, quando falamos em formação profissional, informação e conhecimento

estão envolvidos, porque a informação é uma forma de estruturação e organização de

elementos do meio ambiente que pré-orienta um sentido, embora não esgote todos os

sentidos possíveis. Já o conhecimento é um procedimento construído pelo sujeito, para

o qual a informação é necessária, mas não suficiente.

Os indivíduos constroem seus conhecimentos em interação com a cultura na

qual vivem, com os demais indivíduos e colocando em uso suas capacidades pessoais.

O que se pode aprender em dado momento depende das formas de pensamento, dos

conhecimentos construídos e das situações de aprendizagem vivenciadas. Por isso,

fala-se em constituição de competências, na medida em que o indivíduo se apropria de

elementos com significação na cultura. É importante observar que não há oposição

entre conhecimentos e competências, pois não há real construção de conhecimentos

sem que resulte, do mesmo movimento, a construção de competências.

Situações particulares de ensino e aprendizagem são situações comunicativas,

nas quais profissionais são co-partícipes, concorrendo igualmente para o êxito do

trabalho. Embora o profissional, os colegas e os recursos disponíveis contribuam para

que a aprendizagem seja efetivada, nada substitui a atuação do próprio aluno na tarefa

de construir significados sobre os conteúdos da aprendizagem. É ele que modifica,

enriquece e, portanto, constroem novos e mais potentes instrumentos de ação e

interpretação. Nesse processo, é importante levar em conta as características

individuais e as experiências de vida dos futuros graduados, inclusive experiências

profissionais.

54

ABAGNANNO, op. cit.

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93

Tal implica que, do ponto de vista metodológico, é necessário propiciar situações

de aprendizagem focadas em situações-problema ou no desenvolvimento de projetos

que possibilitem a interação dos diferentes conhecimentos, organizados estes em

áreas ou disciplinas. É preciso que os futuros profissionais sejam desafiados por

situações-problemas que os confrontem com obstáculos que exijam superação, e que

vivenciem situações didáticas nas quais possam refletir, experimentar e agir, a partir

dos conhecimentos que possuem.

8.7.4 - SIMETRIA INVERTIDA

A aceitação da “simetria invertida” como um fato evidencia a necessidade de que

o futuro profissional vivencie, como aluno, durante o processo de formação, as atitudes,

modelos de intervenção, capacidades e modos de organização que possam ser

concretizados em sua atuação profissional; ou seja, a formação inicial deve ser uma

experiência análoga – mas não cópia mecânica – à experiência de aprendizagem que

ele deve facilitar a seus futuros alunos.

8.7.5 - A PRÁTICA COMO EIXO CENTRAL

A articulação entre teoria e prática não pode ficar sob a responsabilidade restrita

de uma ou outra disciplina isolada (sob a forma de Estágio Supervisionado),

desarticulada do restante do Curso, sob pena de continuar reproduzindo a dicotomia

entre teoria e prática, questão historicamente problemática na Educação Física. A

prática transcende o estágio, e o curso deve contemplar uma diversidade de situações

didáticas em que os futuros profissionais não só mobilizem os conhecimentos que

aprenderam, transformando-os em ação, mas também possam mobilizar outros, de

diferentes naturezas e, principalmente, tenham a oportunidade de refletir sobre a

prática profissional, sua e de outrem, no sentido de avaliá-la, criticá-la, adquirindo a

competência de permanentemente construí-la e reconstruí-la. Assim, o exercício da

prática profissional e da reflexão sistemática sobre elas deve ocupar lugar central na

matriz curricular, não se confundindo com uma disciplina que transmite conteúdos

“sobre” a prática.

Nessa perspectiva, a dimensão da prática, na organização curricular do Curso

de Bacharelado em Educação Física deverá estar presentes nas disciplinas das

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dimensões do conhecimento da formação ampliada (o corpo humano, o ser humano e

a sociedade, a produção do conhecimento), que deverão problematizar a prática a

partir de diferentes “olhares”, e nas disciplinas das dimensões do conhecimento da

formação específica (manifestações da cultura corporal de movimento e técnico-

instrumental), que deverão explicitar os conteúdos e estratégias que garantam, sob

diferentes enfoques e vivências, o diálogo com a prática profissional em Educação

Física. Como eixo central da dimensão da prática, as disciplinas ligadas à intervenção

didático-pedagógica no campo do exercício físico e da saúde estabelecerão interação

com o “Estágio Supervisionado” a ser concretizado em clínicas, centros de saúde,

hospitais, academias, dentre outros, quando o futuro profissional toma conhecimento

do real em situação de trabalho.

8.7.6 - PESQUISA E ATITUDE INVESTIGATIVA

A pesquisa ou investigação que se desenvolve no âmbito do trabalho do

professor diz respeito, principalmente, a uma atitude cotidiana de busca de

compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento de seus alunos e à

autonomia na interpretação da realidade e dos conhecimentos que constituem seus

objetos de ensino.

Para forjar a autonomia dos profissionais, é indispensável que eles saibam como

são produzidos os conhecimentos que ensinam, quer dizer, conheçam minimamente os

contextos e métodos de investigação usados pelas diferentes ciências, para que não se

tornem meros repassadores de informações. Para isso é necessário conhecer e saber

usar procedimentos de pesquisa: levantamento de hipóteses, delimitação de

problemas, registro e análise de dados, etc., além de familiarizar-se com os diferentes

delineamentos de pesquisa: experimental, estudos de campo, pesquisas qualitativas

etc. Também é importante considerar que o acesso aos conhecimentos e métodos da

investigação acadêmica, nas diferentes áreas que compõem seu conhecimento

profissional, alimenta o seu desenvolvimento e possibilita ao profissional manter-se

atualizado. O desenvolvimento de tais competências deve ser preocupação constante

das disciplinas da unidade de formação ampliada, fortemente ligadas às ciências-mães

(biologia, psicologia, sociologia etc.)

As disciplinas que lidam especificamente com o conhecimento didático-

pedagógico deverão referenciar-se às pesquisas que tratam do trabalho de intervenção

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do profissional, no sentido de evidenciar como ele, em seu cotidiano, também produz

conhecimentos e saberes quando investiga, reflete, seleciona, planeja, organiza,

integra, avalia, cria e recria formas de intervenção didática junto aos seus alunos.

Por fim, a etapa que finaliza a integração do trabalho científico e pedagógico é o

trabalho de conclusão do curso, com caráter de monografia específica para o bacharel,

abrangendo temas em todas suas vertentes de atuação profissional.

8.7.7 - CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO

A avaliação é um processo útil para problematizar a atuação profissional, re-

orientar o processo de ensino e facilitar a auto-avaliação do profissional, assim como

atribuir conceitos aos alunos, de modo a situá-los com relação aos seus progressos e

às exigências institucionais e culturais. A avaliação há de ser entendida como parte do

processo de formação, e destina-se à análise da aprendizagem dos futuros

profissionais, visando favorecer seu percurso e regular as ações de sua formação,

além de destinar-se a certificar sua própria formação profissional. Portanto, o

conhecimento dos critérios utilizados e a análise dos resultados e dos instrumentos de

avaliação e auto-avaliação são imprescindíveis, ao favorecerem a consciência do

profissional em formação sobre o seu processo de aprendizagem. Deve-se avaliar não

só conhecimento adquirido, mas a capacidade de acioná-lo e de buscar outros para

realizar o que é proposto, ou seja, a avaliação só cumpre plenamente o seu papel se

diagnosticar o uso funcional e contextualizado dos conhecimentos.

No caso específico da Educação Física, há a questão sempre problemática da

avaliação do desempenho físico-motor, e é aspecto crítico no fenômeno da “simetria

invertida”. Uma nova concepção de Educação Física, baseada no conceito de "cultura

corporal de movimento", exige uma melhoria de qualidade nos procedimentos de

avaliação. Isso inclui a avaliação da dimensão cognitiva mesmo nas disciplinas que têm

nas vivências corporais (atividades rítmicas, jogos etc.) parte importante dos seus

conteúdos/estratégias, assim como uma explicitação e diferenciação entre os aspectos

a serem considerados para a atribuição de conceitos aos alunos, e os que serão úteis

para a auto-avaliação do professor e do próprio ensino.

Assim, na atribuição de conceitos aos graduandos, recomenda-se:

A avaliação deve ser contínua, compreendendo as fases que se convencionou

denominar: diagnóstica ou inicial, formativa e somativa;

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A avaliação deve englobar os domínios cognitivo, afetivo ou emocional, social e

motor;

A avaliação deve referir-se aos conhecimentos científicos relacionados à prática das

atividades corporais de movimento;

A avaliação deve levar em conta os objetivos específicos propostos pelo cronograma

de estudo;

A avaliação deve operacionalizar-se na aferição da capacidade do aluno expressar-

se, pela linguagem escrita e falada, sobre a sistematização dos conhecimentos

relativos à cultura corporal de movimento, e, quando for o caso, da sua capacidade

de movimentar-se nas formas elaboradas por esta cultura.

Os processos avaliativos incluem aspectos informais e formais, concretizados

em observação sistemática/assistemática e anotações sobre o interesse, participação e

capacidade de cooperação do aluno, auto-avaliação, trabalhos e provas escritas, testes

para avaliação qualitativa e quantitativa de habilidades e capacidades físicas, resolução

de situações problemáticas em diferentes intervenções, propostas pelo professor.

Evidentemente, os instrumentos e exigências da avaliação deverão estar em sintonia

com o nível de desenvolvimento da turma e o conteúdo efetivamente ministrado. É

necessário que a avaliação inclua, ao longo do ano, várias destas estratégias. É

importante informar ao aluno quais são os momentos de avaliação formal, e quais

aspectos serão avaliados e transformados em conceito.

8.8 - COMPETÊNCIAS GERAIS A SEREM DESENVOLVIDAS

8.8.1 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO COMPROMETIMENTO COM OS VALORES

INSPIRADORES DA SOCIEDADE DEMOCRÁTICA

Pautar-se por princípios da ética democrática: dignidade humana, justiça, respeito

mútuo, participação, responsabilidade, diálogo e solidariedade, para atuação como

profissional e cidadão;

Orientar escolhas e decisões metodológicas e didáticas por valores democráticos e

por pressupostos epistemológicos coerentes;

Reconhecer e respeitar a diversidade manifestada pelos graduandos, em seus

aspectos sociais, culturais e físicos, detectando e combatendo todas as formas de

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discriminação.

8.8.2 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO DOMÍNIO DOS CONTEÚDOS BÁSICOS E

ESPECÍFICOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA COMO ÁREA DE CONHECIMENTO:

Conhecer e dominar os conteúdos básicos relacionados às áreas de

conhecimento que serão objeto da atividade profissional (o corpo humano, o ser

humano e a sociedade, produção do conhecimento, manifestações da cultura

corporal de movimento, técnico-instrumental, intervenção didático-pedagógica

no campo do exercício físico e saúde) de modo a: (a) reconhecer nos conteúdos

suas dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais; (b) adequá-los às

atuações profissionais próprias das diferentes etapas da vida;

Relacionar os conteúdos básicos referentes às áreas de conhecimento com: (a)

os fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos

significativos da vida pessoal, social e profissional dos alunos;

Ser proficiente no uso de diferentes linguagens (verbal e corporal) nas tarefas,

atividades e situações relevantes no âmbito do exercício profissional;

Fazer uso de recursos da tecnologia da informação e da comunicação, e de

produções das diferentes mídias, de forma a aumentar as possibilidades de

aprendizagem dos alunos;

8.8.3 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO DOMÍNIO DO CONHECIMENTO DIDÁTICO-

PEDAGÓGICO NO CAMPO DA APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

Criar, planejar, realizar, gerir e avaliar situações de intervenções eficazes para a

aprendizagem e para o desenvolvimento dos alunos, utilizando o conhecimento

das áreas ou disciplinas a serem ensinadas, das temáticas propostas, dos

contextos sociais considerados relevantes para uma atuação eficaz do

profissional na área de saúde, aptidão física e esporte.

Utilizar modos diferentes e flexíveis de organização do tempo, do espaço e de

agrupamento dos alunos, para favorecer e enriquecer seu processo de

desenvolvimento e aprendizagem;

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Manejar diferentes estratégias de comunicação dos conteúdos, sabendo eleger as

mais adequadas, consideradas a diversidade da clientela, os objetivos das

intervenções propostas e as características dos próprios conteúdos;

Identificar, analisar e produzir materiais e recursos para uma atuação profissional

eficiente, diversificando e adaptando as possíveis atividades e potencializando

seu uso em diferentes situações;

Estabelecer uma relação de autoridade e confiança com a clientela;

Intervir nas situações educativas com sensibilidade, acolhimento e afirmação

responsável de sua autoridade;

Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir de

seus resultados, formular propostas de intervenção pedagógica, considerando o

desenvolvimento de diferentes capacidades dos alunos;

8.8.4 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO CONHECIMENTO DE PROCESSOS DE

INVESTIGAÇÃO

Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem na intervenção

profissional;

Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática profissional, investigando o

contexto profissional e analisando a própria prática;

Utilizar-se dos conhecimentos para manter-se atualizado em relação aos

conteúdos da área de atuação e ao conhecimento necessários para a atuação;

Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática profissional.

8.8.5 - COMPETÊNCIAS REFERENTES AO GERENCIAMENTO DO PRÓPRIO

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL

Utilizar as diferentes fontes e veículos de informação, adotando uma atitude de

disponibilidade e flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura e empenho no

uso da escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;

Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se

em compartilhar a prática e produzir coletivamente;

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Utilizar o conhecimento sobre a organização, gestão e financiamento dos

sistemas, legislação e as políticas na área de saúde e Educação Física, para

uma inserção profissional crítica.

8.9 – ORGANIZAÇÃO CURRICULAR

8.9.1 - DIMENSÕES DO CONHECIMENTO

Formação Ampliada

A formação ampliada compreende o estudo da relação do ser humano, em todos

os ciclos vitais, com a sociedade, a natureza, a cultura e o trabalho. Deverá possibilitar

uma formação cultural abrangente para a competência acadêmico-profissional de um

trabalho com seres humanos em contextos histórico-sociais específicos, promovendo

um contínuo diálogo entre as áreas de conhecimento científico afins e a especificidade

da Educação Física. É constituída por três dimensões do conhecimento:

A) O corpo humano

Enfoca o corpo humano como fenômeno biológico e social. As representações do

corpo na anatomia, na fisiologia e na biomecânica. O corpo e o discurso filosófico. O

corpo como produtor de linguagem. A saúde como fenômeno biológico. O corpo e o

processo de crescimento e desenvolvimento humano.

B) O ser humano e a sociedade

Enfoca os possíveis diálogos entre as Ciências Humanas/Sociais e a especificidade da

Educação Física em suas dimensões socioculturais e educacionais, sob as

perspectivas da psicologia, história, antropologia, sociologia e filosofia da educação.

Estuda a saúde como fenômeno social e histórico.

C) Produção do conhecimento

Estuda as formas e processos de produção e comunicação do conhecimento. Discute

os fundamentos epistemológicos da Educação Física como área de conhecimento e as

relações entre o conhecimento e a intervenção profissional em Educação Física. A

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pesquisa científica em Educação Física.

Formação Específica

A formação específica abrange os conhecimentos identificadores da Educação

Física, que deve compreender e integrar as dimensões culturais, didático-pedagógicas

e técnico-instrumentais das manifestações e expressões do movimento humano, com o

propósito de qualificar e habilitar a intervenção acadêmico–profissional em face das

competências e das habilidades específicas do graduado em Educação Física. É

constituída por três dimensões do conhecimento:

D) Manifestações da cultura corporal de movimento

Aborda as manifestações da cultura corporal de movimento, possibilitando sua

transmissão por meio de vivências e aprendizagem de habilidades motoras

específicas, buscando a construção e transformação dos conhecimentos com

ênfase na dimensão procedimental dos conteúdos, por meio do estudo dos

contextos, valores, princípios e métodos de ensino envolvidos.

E) Técnico-instrumental

Estuda os mecanismos de adaptação, ajustes e alteração do comportamento biológico,

motor e da aprendizagem, frente ao esforço físico e ao treinamento, de técnicas, de

atividades motoras sistematizadas ou não, buscando também a compreensão e

desenvolvimento de meios de avaliação

F) Intervenção didático-pedagógica no campo do exercício físico e saúde

Busca conhecer as diferentes formas de manifestações patológicas de ordem estrutural

e metabólica, seus princípios etiológios, bem como suas conseqüências, as quais

subsidiem os profissionais na avaliação e intervenção pelo exercício físico. Estuda,

avalia e analisa criticamente os programas de treinamento físico, bem como as

informações nutricionais voltados à prevenção, tratamento e reabilitação das diferentes

patologias específicas. Busca inter-relacionar os conhecimentos obtidos durante a

graduação com situações reais, discutindo problemas, situações e processos

relacionados à atuação profissional.

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8.9.2 - ORGANIZAÇÃO TEMÁTICA

A. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O CORPO HUMANO

Competências específicas desejadas:

. Abordar e dominar os conteúdos básicos referentes ao corpo humano,

compreendendo sua estrutura e funcionamento como fenômeno biológico;

. Utilizar os conhecimentos aprendidos para compreender o processo de crescimento e

desenvolvimento humano no âmbito motor, cognitivo, afetivo e social;

. Fazer uso da tecnologia e informação para aumentar as possibilidades de

aprendizagem e ensino dos fenômenos relacionados ao corpo humano, suas

capacidades e limites;

. Abordar os conteúdos básicos referentes às diferentes formas de linguagem corporal,

facilitando a compreensão das manifestações da cultura corporal do movimento;

. Analisar e utilizar estratégias diversificadas para conhecer os limites do corpo

humano, articulando exercícios específicos que visem a manutenção da saúde e

prevenção de doenças;

. Analisar e discutir criticamente as relações entre o corpo humano e a sociedade.

Temas:

. O corpo anátomo-fisiológico

Estuda aspectos anatômicos e funcionais do ser humano e sua relação com a prática

da atividade física, procurando estabelecer conexão destes conhecimentos com o

desenvolvimento e desempenho motor.

. O corpo mecânico

Estuda a relação das estruturas de sustentação do corpo humano e sua interação com

o exercício. O papel da mecânica como ferramenta de estudo na atividade física e a

relação da Física com as manifestações da cultura corporal do movimento.

. O corpo como conceito filosófico

Estuda o conceito de corpo nos vários sistemas ou escolas filosóficas. O corpo como

presença humana no mundo e sinal de pertencimento social.

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2

. O corpo como linguagem

Aborda o corpo como meio primário de comunicação e como produtor de linguagem e

significados. Estuda a linguagem corporal como matéria prima da motricidade e base

das manifestações da cultura corporal de movimento.

. Corpo e auto-conhecimento

Estuda princípios e elementos comuns das diferentes práticas corporais, nas

dimensões: da cultura; da sensibilidade; dos sentimentos; dos sentidos; da percepção;

do conhecimento; dos significados; da apropriação e transformação de si, do outro e do

mundo vivido e almejado.

. O crescimento e o desenvolvimento humano

Estuda os conceitos básicos envolvidos no processo de crescimento e

desenvolvimento humano nas esferas motora, cognitiva, afetivo-social e suas inter-

relações. Enfoca as alterações que ocorrem ao longo do ciclo vital e suas implicações

para a Educação Física.

DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O SER HUMANO E A SOCIEDADE

Competências específicas desejadas:

. Dominar, contextualizar e relacionar os conteúdos básicos referentes às dimensões

históricas, sócio-culturais, antropológicas, filosóficas, educacionais e psicológicas na

área de saúde;

. Articular os conteúdos básicos referentes ao Ser Humano e à Sociedade com: (a) os

fatos, tendências, fenômenos ou movimentos da atualidade; (b) fatos significativos da

vida pessoal, social e profissional dos alunos;

. Analisar situações e relações interpessoais que ocorrem no contexto profissional, com

o distanciamento profissional necessário à sua compreensão;

. Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática profissional, investigando o

contexto profissional e analisando a própria prática;

. Utilizar-se dos conhecimentos relativos ao ser humano e a sociedade para manter-se

atualizado em relação aos processos de intervenção profissional;

. Utilizar resultados de pesquisas sobre o ser humano e a sociedade para o

aprimoramento de sua prática profissional.

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.Utilizar os conhecimentos apreendidos referentes ao Ser Humano e à Sociedade para

uma inserção profissional crítica na área de saúde.

Temas:

. As dimensões históricas e socioculturais da Educação Física

Aborda conteúdos históricos e socioculturais referentes às manifestações da cultura

corporal do movimento no processo da civilização humana.

. A dimensão psicológica da Educação Física

Estuda as principais abordagens psicológicas e suas implicações para a Educação

Física. Enfoca a relação Indivíduo/Sociedade e Educação.

. A saúde como fenômeno social e histórico

Estuda as abordagens teóricas referentes ao conceito de saúde, numa perspectiva

social e histórica. Discute as interrelações entre saúde, sociedade, educação e o papel

do profissional da Educação Física.

B. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Competências específicas desejadas:

. Ser proficiente no uso da língua materna nas tarefas, atividades e situações

relevantes no âmbito do exercício profissional;

. Sistematizar e socializar a reflexão sobre a prática profissional, investigando o

contexto de intervenção e analisando a própria prática profissional;

. Utilizar-se dos conhecimentos do âmbito do exercício físico e da saúde para manter-

se atualizado em relação aos processos de intervenção profissional;

. Utilizar resultados de pesquisa para o aprimoramento de sua prática profissional.

. Utilizar as diferentes fontes e veículos de adotando uma atitude de disponibilidade e

flexibilidade para mudanças, gosto pela leitura, investigação e empenho no uso da

escrita como instrumento de desenvolvimento profissional;

. Elaborar e desenvolver projetos pessoais de estudo e trabalho, empenhando-se em

compartilhar a prática e produzir coletivamente conhecimentos relacionados ao

exercício físico e saúde;

. Utilizar os conhecimentos apreendidos para uma inserção profissional crítica no

contexto dos serviços de saúde.

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Temas:

. A teoria do conhecimento e a epistemologia

Analisa os fundamentos/pressupostos que permitem ao homem acessar e “conhecer”

os fenômenos. As diferenças epistemológicas entre Ciências Naturais e Ciências

Humanas/Sociais.

. A teoria da Educação Física

Estuda o universo de discurso e práticas da Educação Física como área do

conhecimento e profissão, analisando os principais conceitos envolvidos. Analisa

criticamente as relações da Educação Física com as demandas sociais e o contexto

histórico.

. Os processos de produção do conhecimento científico e a Educação Física

Apresenta a ciência como um projeto humano e histórico, e o conhecimento científico

como uma das formas possíveis de produção do conhecimento. Estuda as etapas do

trabalho científico, os tipos e delineamentos de pesquisa relevantes para a pesquisa

em Educação Física e as formas de comunicação do conhecimento.

D. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO

Competências específicas desejadas:

. Utilizar jogos, brinquedos, brincadeiras, esportes, danças, atividades rítmicas e

expressivas, ginásticas e lutas para a aprendizagem e desenvolvimento dos alunos,

. Planejar, implementar, gerir e avaliar atividades que envolvam as diversas

manifestações da cultura corporal de movimento,

. Manejar diferentes estratégias na utilização das várias manifestações da cultura

corporal de movimento considerando a diversidade dos alunos e o contexto,

. Articular as manifestações da cultura corporal de movimento com as dimensões

históricas, sociais, antropológicas, psicológicas, políticas, filosóficas e econômicas que

envolvem a vida humana, buscando compreender suas construções e as relações com

a atualidade,

. Identificar e analisar as distintas manifestações da cultura corporal de movimento,

reconhecendo e criando possibilidades para as manifestações de outras formas de

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movimentação e sentidos corporais, bem como oferecer aos alunos tais possibilidades

de criação.

Temas:

. O fenômeno lúdico

Estuda o fenômeno lúdico como manifestação humana. Discute as interrelações entre

Educação e o Lúdico. Aborda os jogos, brinquedos e as brincadeiras na Educação

Física articulados com a finalidade e o contexto da intervenção em exercício físico e

saúde.

. O fenômeno esportivo

Estuda a história, especificidades, técnicas, táticas, regras, organização, princípios

pedagógicos e métodos de ensino dos esportes e das lutas, assim como as

transformações didático-pedagógicas articuladas com a finalidade e o contexto da

intervenção em exercício físico e saúde.

. As atividades rítmicas/expressivas

Estuda a história e os processos pedagógicos da dança e os seus estilos/ritmos,

articuladas com a finalidade e o contexto da intervenção em exercício físico e saúde.

. A ginástica

Estuda a história e os processos pedagógicos da Ginástica Geral, apresenta as

principais variações atuais das ginásticas especializadas, em termos de princípios e

técnicas, articuladas com a finalidade e o contexto da intervenção em exercício físico e

saúde.

DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: TÉCNICO-INSTRUMENTAL

Competências específicas desejadas:

. Abordar, contextualizar e discutir problemas, situações, e processos relacionados a

comportamento motor e treinamento físico, sob o ponto de vista da variáveis

fisiológicas e da aprendizagem;

. Compreender, discutir e relacionar os princípios das repostas fisiológicas do

organismo, frente aos programas de atividade física em diferentes etapas da vida do

ser humano;

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. Compreender os princípios para formulação de programas de atividades físicas

voltadas para diferentes etapas da vida do ser humano.

. Conhecer e dominar os princípios, métodos e técnicas, históricos e contemporâneos

do treinamento físico;

. Conhecer e dominar os princípios fundamentais, os métodos e as técnicas de

avaliação das capacidades físico motoras aplicadas às diferentes etapas da vida do ser

humano;

. Elaborar, discutir, executar e avaliar programas de treinamentos físicos voltados a

necessidades específicas nas diferentes etapas da vida do ser humano;

. Planejar, organizar, e manejar e administrar o uso da instrumentalização técnica

adequada no emprego da avaliação e treinamento físico e comportamento motor;

. Planejar e organizar o espaço físico e as instalações do ambiente para à prática

exercício físico.

Temas:

. Comportamento motor

Estuda os princípios e bases teóricas que regem os processos de controle e

aprendizagem da ação motora. Aborda aspectos didático-metodológicos importantes

no processo ensino-aprendizagem do movimento na Educação Física.

. A fisiologia do exercício

Estuda as adaptações dos diferentes sistemas orgânicos frente às diferentes formas do

exercício físico.

. Os princípios básicos do condicionamento físico

Estuda os fundamentos do condicionamento físico, abordando as noções gerais dos

princípios de treinamento, adaptações e periodização nas diversas formas de

atividades físicas, bem como a análise de variáveis que influenciam o desempenho

físico.

. Os princípios e as técnicas da avaliação físico-motora

Estuda a história da medição na Educação Física. Trata dos testes e instrumentos para

avaliação das capacidades físicas, habilidades esportivas e aptidão física, da medição

aplicada e prescrição de atividade física, das técnicas e intrumentação associadas a

medição do homem em movimento, bem como da inter-relação da avaliação com a

estatística.

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F - DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: INTERVENÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA NO CAMPO DA

APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

Competências específicas desejadas:

. Compreender, discutir e relacionar os conceitos e teorias do desenvolvimento e

adaptações diferentes sistemas fisiológicos (neuro-muscular; cárdio-respiratório,

digestório, endócrino e bioquímica humana) frente ao esforço físico e suas relações

com a manutenção de boas condições de saúde humana;

. Compreender os princípios e desenvolver programas de atividades físicas e

treinamento físico voltados ao desenvolvimento adequado dos diferentes sistemas

fisiológicos;

. Conhecer os diferentes constituintes da Morfologia Humana e suas formas de análise

e mensuração;

. Conhecer os diferentes formas de manifestações patológicas de ordem estrutural e

metabólica, seus princípios etiológios, conseqüências, tratamentos e meios de

prevenção;

. Elaborar, discutir, executar e avaliar programas de treinamento físico voltados às

necessidades patológias específicas de ordem estrutural e metabólica;

. Compreender, analisar, estudar e adequar o uso e a instrumentalização de técnicas e

planos nutrionais frente a programas de atividade física voltados à prevenção,

tratamento e reabilitação de distúrbios de ordem metabólica e nutricional;

. Abordar, contextualizar e discutir problemas, situações, e processos relacionados a

gerenciamneto e divulgação de suas atividades;

Temas:

Propriedades neuromusculares e cardiorrespiratória

Estuda os mecanismos de avaliação, desenvolvimento e adaptação das capacidades

físicas relacionadas à saúde.

Distúrbios estruturais e metabólicos: prevenção, tratamento e reabilitação pelo

exercício

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Estuda a gênese dos diferentes distúrbios, tanto estruturais como metabólicos,

compreendendo assim as formas de prevenção. Estuda as várias possibilidades de

tratamentos e reabilitação existentes, utilizando, entre outros meios, o exercício físico.

Aspectos bioquímicos e nutricionais do exercício

Estuda a utilização dos metabolismos de carboidratos, lipídios e protídios como fonte

energética durante o repouso e exercício. Aprofundamento em reações enzimáticas e

processos bioquímicos que ocorrem durante o exercício. Analisa criticamente como os

processos bioquímicos e nutricionais podem auxiliar juntamente com a execução

correta dos exercícios fisicos, os processos de prevenção, tratamento e reabilitação de

doenças crônico-degenerativas que acometem a sociedade moderna.

As dimensões do conhecimento não podem ser vistas isoladamente, mas em

interação. Os temas sugeridos em cada dimensão do conhecimento não se confundem

com as disciplinas que irão compor a matriz curricular, e devem ser entendidos como

os núcleos em torno das quais deverão reunir-se as vivências didáticas planejadas ao

longo do curso, sejam as obrigatórias, sejam as eleitas pelo próprio aluno, na forma de

disciplinas optativas ou de outras atividades de formação.

O Quadro 3 busca sintetizar a organização curricular das dimensões do

conhecimento e dos temas em cada uma delas.

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QUADRO 3. DIMENSÕES DO CONHECIMENTO / TEMAS

. A teoria do conhecimento e a

epistemologia

. A teoria da Educação Física

. Os processos de produção do conhecimento científico e a Educação Física

. O corpo anátomo-fisiológico

. O corpo mecânico

. O corpo como conceito filosófico

. Corpo e auto-conhecimento

. As dimensões históricas e socioculturais da Educação Física

. A dimensão psicológica da Educação Física

. A saúde como fenômeno social e histórico

FORMAÇÃO AMPLIADA

FORMAÇAO ESPECÍFICA

O CORPO HUMANO O SER HUMANO E A SOCIEDADE A PRODUÇAO DO CONHECIMENTO

INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NO CAMPO DA APTIDÃO FÍSICA E SAÚDE

MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE

MOVIMENTO

. o fenômeno lúdico

. o fenômeno esportivo e as lutas

. as atividades rítmicas

. a ginástica

TÉCNICO-INSTRUMENTAL

. comportamento motor

. a fisiologia do exercício

. os princípios e as técnicas do condicionamento físico

. os princípios e as técnicas da avaliação físico- motora

A DIMENSÃO DA PRÁTICA

. Propriedades neuromusculares e cardiorrespiratória

. Distúrbios estruturais e metabólicos: prevenção, tratamento e reabilitação pelo exercício

. Aspectos bioquímicos e nutricionais do exercício

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8.9.3 - OUTRAS ATIVIDADES DE FORMAÇÃO

Constituída por atividades de natureza acadêmica-científica-cultural diversas,

totalizando 210 horas e articuladas à formação específica e ampliada. Permitem a

diversificação e ampliação das situações de ensino e aprendizagem vivenciadas pelo

graduando, bem como atualização em assuntos de interesse educacional geral e

especialização em temáticas de interesse específico. Inclui o Trabalho de Conclusão

de Curso.

8.9.3.1 - Atividades Optativas

Serão programadas para um total de 120 horas e indicadas pelo Conselho de

Curso, ou selecionadas pelo próprio aluno, a partir do segundo termo (semestre) do

Curso, dentre pelo menos dois tipos dos seguintes grupos de atividades:

A) Participação em evento acadêmico-científico

O graduando poderá participar de eventos de natureza acadêmico-científica, pré-

selecionados anualmente pela Coordenação de Curso. Podem ser citados como

exemplo o Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte (promovido pelo Colégio

Brasileiro de Ciências do Esporte), Simpósio Paulista de Educação Física (promovido

pelo UNESP/Rio Claro), Congresso Científico Latino-Americano da Fiep/Unimep

(promovido pela UNIMEP), Simpósio de Educação Física e Esporte em Cardiologia,

(promovido pelo Departamento de Educação Física e Esporte da Sociedade de

Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP) e a “Reunião Científica da Educação

Física”, promovida pelo Centro Acadêmico de Educação Física/Coordenação do Curso

de Educação Física da Faculdade de Ciências. A participação em evento acadêmico-

científico contabilizará um determinado número de horas, a ser estabelecido pelo

Conselho de Curso, e deverá ser comprovada mediante comprovante emitido pela

instituição promotora. A apresentação de trabalho nestes eventos contabilizará bônus

em horas, a ser quantificado pelo Conselho de Curso.

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B) Participação em eventos técnicos (clínicas, work-shops, mini-

cursos e Cursos de Extensão)

A área de Educação Física conta com grande oferta de eventos e cursos nas mais

variadas temáticas, promovido por diversas entidades (instituições de ensino superior,

entidades representativas de classe, associações profissionais etc.), os quais

costumam contar com maciça participação de graduandos em Educação Física. São

eventos e cursos que em geral abordam aspectos fisiológicos, didático-metodológicos

ou socioculturais da Educação Física e da saúde. Além de aprofundar, ampliar e

atualizar o leque de conteúdos na formação, inclusive abordando temáticas

emergentes, tais eventos e cursos podem atender aos interesses específicos dos

graduandos. Propõe-se, então, mediante critérios estabelecidos pelo Conselho de

Curso, o aproveitamento da carga horária dispendido pelo aluno em tais atividades de

formação, exigindo-se certificado emitido pela entidade promotora. Tais eventos e

cursos poderão ser ofertados pela própria Faculdade de Ciências, voltando-se a uma

dupla finalidade: formação inicial e formação continuada, o que traria a vantajosa

situação, do ponto de vista pedagógico, de interação entre profissionais e graduandos.

Assistência a palestras

Promovidas pela própria instituição, e proferidas por especialistas em temas

ligados à Educação e Educação Física. Os palestrantes convidados podem ser

estranhos ao corpo docente do Curso ao a ele pertencentes (neste caso, devendo

tratar de tema diferenciado ou complementar às disciplinas que ministra no Curso), a

fim de propiciar novos pontos de vista sobre temas da área, enriquecendo assim a

formação do futuro profissional. A Coordenação de Curso, em articulação com os

diversos Departamentos envolvidos no Curso, programará pelo menos uma palestra

por semestre, no período regular de aulas.

D) Participação em Grupo de Estudos ou Laboratório de Pesquisa/Bolsa de

iniciação científica/Monitoria de Ensino ou Participação em Projetos de Extensão

Estas atividades objetivam uma abordagem mais aprofundada e sistemática de

uma temática da área, a partir de uma perspectiva científica e/ou didática-pedagógica,

quer na forma de grupo de estudo orientado por docente do curso, Bolsa de Monitoria,

estágio em Laboratório de Pesquisa, participação em projeto de pesquisa mediante

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112

Bolsa de Iniciação Científica de órgãos de fomento e participação em Projetos de

extensão sob coordenação de docente do Curso. O Departamento de Educação Física

e os demais envolvidos no Curso mantém grupos de estudos e Laboratórios, com

temáticas definidas em função de linhas de pesquisa departamentais ou em

decorrência de interesses específicos, aos quais podem se agregar os graduandos, a

partir de suas preferências. Atualmente, existem os seguintes grupos de

estudo/Laboratórios no Departamento de Educação Física.: Laboratório de Pesquisas

em Educação Física, Laboratório de Estudos Socioculturais e Históricos da Educação

Física, Laboratório de Informação Visual e Ação. O Departamento de Educação Física

mantém também projetos de extensão que oferecerem programas de atividades físicas

orientadas para a comunidade (atividade física para portadores de Hipertensão e

Diabetes e atividade física para prevenção e tratamento de fatores de risco de doenças

cardiovasculares), nos quais os graduandos assumem a regência de turmas numa

situação mais controlada, com grau de dificuldade menor em relação às situações

“reais” (por exemplo, com relação a espaço físico, material, número de alunos, pressão

institucional e financeira etc.) sob a supervisão do docente responsável, em geral

especializado na área. Tal ação propicia o contexto adequado à experiência inicial de

“ser profissional”. O Conselho de Curso estabelecerá quais atividades deverão ser

minimamente cumpridas em cada tipo de atividade, para possibilitar a contabilização de

um determinado número de horas, bem como, regulamentará as horas dispendidas

pelos alunos. Em qualquer caso, o aluno deverá apresentar relatório em que conste as

atividades desenvolvidas, com parecer favorável do docente responsável pelo estágio,

projeto, bolsa etc.

A previsão destas atividades expressa o entendimento de que a formação do

graduando não se esgota na situação formal de ensino e aprendizagem na sala de

aula, com a presença do docente, mas devem incluir experiências profissionais

diversificadas, com maior ou menor graus de formalidade e obrigatoriedade.

Assim, um determinado tema poderá incluir uma ou mais das seguintes

vivências: disciplina(s) obrigatória(s), disciplina(s) optativa(s), participação em evento

acadêmico, mini-cursos, work-shops, palestras, grupos de estudo, participação em

projetos de pesquisa e de extensão etc. Tal estratégia facilita também a integração

ensino-pesquisa-extensão.

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113

Por outro lado, para que essas atividades complementares não se tornem mera

formalidade burocrática ou laissez-faire, é necessário que a Coordenação/Conselho de

Curso exerça algum tipo de direcionamento que as compatibilizem com o projeto

pedagógico. Desse modo, todas elas deverão, direta ou indiretamente, referir-se aos

temas propostos neste projeto.

Tal organização facilita ainda a flexibilidade necessária à formação de um

profissional para atuar em uma sociedade em constante mutação, e caracterizada pela

crescente importância do conhecimento. Novos temas podem ser facilmente agregados

ao projeto, por intermédio de disciplinas optativas, palestras , mini-cursos etc.

8.9.3.2 - Atividade Obrigatória

A) Trabalho de Conclusão de Curso

A ser orientado por docente do Curso, terá caráter monográfico e um total de 90

horas, entendendo-se por “monografia” um trabalho de cunho acadêmico que trata de

modo estruturado de um determinado tema, devidamente especificado, delimitado e

aprofundado55. O Trabalho de Conclusão de Curso deverá necessariamente

contemplar tema ligado ao campo de exercício físico e saúde. A carga horária de 90

horas será distribuída ao longo dos últimos três termos (semestres) do Curso, visando

garantir suficiente tempo de interação entre orientador e aluno. No termo anterior ao

início do Trabalho de Conclusão de Curso, a disciplina “Processos de Produção do

Conhecimento Científico em Educação Física–II” tratará da elaboração do projeto do

Trabalho, e nos três últimos semestres do Curso haverá o desenvolvimento do

Trabalho propriamente dito, sob orientação de um docente previamente aprovado pelo

Conselho de Curso. A disciplina “Processos de Produção do Conhecimento Científico

em Educação Física I e II” deverá subsidiar, com conhecimentos básicos, a elaboração

do Trabalho de Conclusão de Curso. Deverá ser garantido pelo Departamento, ao qual

se vincula o orientador, encontros periódicos entre orientadores e orientados.

8.9.4 - A DIMENSÃO DA PRÁTICA

55

Cf. SEVERINO, A.J. Metodologia do trabalho científico. 20ª ed. São Paulo: Cortez, 1996.

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114

Na organização curricular do Curso de Bacharelado em Educação Física, com

aprofundamento em aptidão física e saúde, da Faculdade de Ciências, a dimensão da

prática deverá estar presente:

a) Em todas as disciplinas, no sentido de que deverão sempre buscar um diálogo

com a Educação Física como área de intervenção acadêmico-profissional.

b) No interior das disciplinas que tratam das diferentes manifestações da cultura

corporal de movimento e exercícios físicos voltados à prevenção e tratamento de

condições patológicas específicas. Particularmente, nas disciplinas relacionadas à

cultura corporal do movimento é que se manifesta em especial o fenômeno da

“simetria invertida”, em que a apresentação dos conteúdos procedimentais (quer

dizer, os “movimentos” em si) implica em didáticas específicas; muitas vezes, em

tais disciplinas o graduando encontra-se em situação similar aos alunos ao quais

futuramente ensinará – ou seja, é um iniciante naquela modalidade e, portanto, é

simultaneamente “sujeito” e “objeto” da prática. Portanto, é preciso alertar o futuro

profissional sobre as distinções e similaridades de tais processos, assim como é

necessário a integração entre a disciplinas da dimensão “Técnico Instrumental” e da

dimensão “Intervenção didático-pedagógica no campo do Exercício Físico e saúde”a

fim de que não haja contradições entre a teorização e a prática efetiva das

atividades. Essas disciplinas, para além do mero ensino dos gestos motores

(dimensão procedimental), envolvem as dimensões conceituais e atitudinais dos

conteúdos, possibilitando reflexões sobre os princípios pedagógicos e as

transformações didático-pedagógicas possíveis em cada um das manifestações

específicas. A dimensão da prática deverá enfatizar procedimentos de observação e

reflexão para compreender e atuar em situações contextualizadas, envolvendo

observação e registro de aulas, resolução de situações-problemas no ensino das

manifestações corporais específicas, entrevistas com profissionais, situações

simuladas, estudos de caso, participação na organização de eventos, etc.

c) De modo mais sistematizado e contabilizado em carga horária, a dimensão do

estágio estará sob a denominação de “práticas formativas” associadas às disciplinas

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115

específicas, como por exemplo: Fisiopatologia e Tratamento pelo exercício: da

Hipertensão, da Obesidade, do Diabetes, de Doenças Cardiovasculares, de Pessoas

com Deficiências e portadoras de Distúrbios Locomotores, na medida em que são

disciplinas de síntese, integração e aplicação em relação aos conteúdos que serão

objeto da atividade profissional, adequando-os às atividades próprias da Educação

Física. Nos conteúdos desenvolvidos em tais disciplinas, além dos conteúdos

específicos, próprios a cada uma delas, algumas das práticas docentes vivenciadas

pelos alunos nas atividades no Estágio Supervisionado poderão ser discutidas em

sala de aula, por intermédio de filmagem em vídeo, depoimentos, situações

simuladas, discussão de problemas encontrados etc., propiciando uma reflexão

crítica sobre a prática, balizada pelas orientações didático-pedagógicas oferecidas

pelas disciplinas envolvidas. O conjunto das disciplinas que compõem a totalidade do

estágio supervisionado do Curso de Bacharelado em Educação Física, com

aprofundamento em Exercício Físico e Saúde, da Faculdade de Ciências, são

apresentadas abaixo, como segue:

a) Conjunto de Disciplinas da Dimensão Geral da Prática

A distribuição da prática enquanto componente curricular está apresentado na

Tabela 5, totalizando 360 horas.

Tabela 6: Disciplinas com prática como componente curricular no curso de Bacharelado.

PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR

NC Carga

Horária

Práticas Formativas em Atletismo 1 15

Práticas Formativas em Futebol 1 15

Práticas Formativas em Ginástica Geral 1 15

Práticas Formativas em Primeiros Socorros 1 15 Práticas Formativas em Jogos, Atividades Lúdicas e Lazer 1 15

Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 1 15 Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento Humano 1 15

Práticas Formativas em Handebol 1 15

Práticas Formativas em Voleibol 1 15

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116

Práticas Formativas em Basquetebol 1 15

Práticas Formativas em Educação em Saúde 1 15

Práticas Formativas em Capoeira 1 15

Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 1 15 Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física 1 15 Práticas Formativas em Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 1 15 Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema Locomotor 1 15

Práticas Formativas em Karatê 1 15 Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório 1 15

Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 1 15 Práticas Formativas em Princípios e técnicas de Prescrição para a Flexibilidade 1 15 Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força 1 15 Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção na Composição Corporal 1 15

Práticas Formativas em Dança 1 15

Práticas Formativas em Ginástica Artística 1 15

b) Conjunto de Disciplinas do Estágio de Intervenção profissional no

campo da Aptidão Física e Saúde

As disciplinas que incorporarão o estágio profissional supervisionado no curso

de Bacharelado em Educação Física estão apresentadas na Tabela 6, totalizando 360

horas.

Tabela 6: Disciplinas com estágio profissional supervisionado no curso de Bacharelado.

ESTÁGIO SUPERVISIONADO

NC Carga

horária

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I 2 30

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II 3 45 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Doenças Cardiovasculares – I 2 30 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Doenças Cardiovasculares – II 3 45 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I 2 30 Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho 2 30

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117

Locomotor – II

Atividade Física para Pessoas com Deficiência – I 2 30 Atividade Física para Pessoas com Deficiência – II 2 30 Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório 2 30

Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força 2 30 Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção na Composição Corporal 2 30

Nos estágios supervisionados a serem concretizados em serviços de

atenção primária, secundária e terciária à saúde56, quando o futuro profissional

toma conhecimento do real em situação de trabalho, e testa suas competências por um

determinado tempo, mediante projeto planejado e avaliado conjuntamente pelo

Conselho de Curso/Departamento de Educação e os serviços especializados, o que

pressupõe uma relação pedagógica entre um profissional experiente no campo de

exercício físico e saúde e um aluno estagiário. O estágio é o momento de efetivar, sob

a supervisão daquele profissional experiente, o processo de ensino e aprendizagem

que, tornar-se-á futuramente autônomo. O estagiário, além de assumir efetivamente o

papel de profissional, deve envolver-se também com a prescrição dos exercícios e

planejamento das atividades, bem como as avaliações. O estágio supervisionado terá

duração mínima de 360 horas, concentradas nos dois últimos anos do Curso (integral e

Noturno), e deverá dividir-se entre as disciplinas específicas do núcleo de

aprofundamento. Assim, os Estágios Supervisionados deverão estar articulados, em

cada termo, com as seguintes disciplinas diretamente vinculadas, no terceiro e quarto

anos às disciplinas de aplicação específica ao campo da aptidão física e saúde. Tal

articulação far-se-á no sentido de recuperar as práticas vivenciadas pelos alunos nas

atividades de Estágio Supervisionado, por intermédio de depoimentos, situações 56

Serviços de Saúde compreendem instalações ambulatoriais de Unidades Básicas de Saúde, clínicas

particulares, hospitais, academias de ginástica, entidades representativas de classe, entre outras, que ofereçam

atividades físicas voltadas à prevenção primária, secundária e terciária. Por se tratar de campo de intervenção

recente e em expansão, o Departamento de Educação Física implantou dois serviços, um de atendimento a pacientes

em tratamento ambulatorial, portadores de hipertensão, diabetes e obesidade; e outro, com servidores da saúde, com

os agravos mencionados anteriormente, ou com fatores de risco para doenças cardiovasculares e

osteomioarticulares, devendo se consolidar como campo de estágio dos alunos do curso. Também implantará outros

serviços de atenção à clientela aparentemente saudável.

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simuladas etc., propiciando uma reflexão sobre a prática, balizada pelas orientações

didático-pedagógicas oferecidas a partir da perspectiva de cada uma das disciplinas.

8.9.5 – MATRIZ CURRICULAR

DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O CORPO HUMANO

Disciplinas Obrigatórias:

Anatomia Humana Geral

Anatomia do Sistema Locomotor

Bases Biológicas da Educação Física

Fisiologia Humana Geral

Fisiologia do Exercício I e II

Biomecânica do Sistema Locomotor

Princípios de Nutrição

Neurociência e Comportamento Motor

Bioquímica Aplicada ao Exercício Físico

Farmacologia

Crescimento e Desenvolvimento Humano

Disciplinas Optativas: a serem definidas

B. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: O SER HUMANO E A SOCIEDADE

Disciplinas Obrigatórias:

Psicologia e Educação Física

História da Educação Física

Sociologia e Educação Física

Antropologia Cultural e Educação Física

Filosofia e Educação Física

Disciplinas Optativas: a serem definidas

C. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

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119

Disciplinas Obrigatórias:

Teoria da Educação Física

Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I

Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

Introdução à Pesquisa e ao Estudo em Educação Física

Noções Básicas de Estatística

Disciplinas Optativas: a serem definidas

DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: MANIFESTAÇÕES DA CULTURA CORPORAL DE MOVIMENTO

Disciplinas Obrigatórias:

Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer

Karatê

Capoeira

Ginástica Geral

Voleibol

Basquetebol

Futebol

Handebol

Atletismo

Atividades Aquáticas

Dança

Atividades Rítmicas

Ginástica Artística

Disciplinas Optativas: a serem definidas

E. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: TÉCNICO-INSTRUMENTAL

Disciplinas:

Aprendizagem motora

Controle Motor

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120

Primeiros Socorros

Educação em Saúde

Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico

Medidas e Avaliação em Educação Física

Disciplinas Optativas: a serem definidas

F. DIMENSÃO DO CONHECIMENTO: INTERVENÇÃO PROFISSIONAL NO CAMPO DA APTIDÃO FÍSICA

E SAÚDE

Disciplinas Obrigatórias:

Princípios e Técnicas de Prescrição para a Flexibilidade

Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força

Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório

Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção sobre a Composição Corporal

Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor I

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor II

Atividade Física para Pessoas com Deficiências I

Atividade Física para Pessoas com Deficiências II

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes I

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes II

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Doenças Cardiovasculares I

Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Hipertensão e Doenças Cardiovasculares II

Disciplinas Optativas: a serem definidas

A grade e fluxo curricular da Licenciatura para os períodos Integral e Noturno

são apresentados nas Tabelas 7 e 8.

Tabela 7: Disciplinas e fluxo curricular para o curso de Bacharelado em Educação Física, período Integral.

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121

XXXX - Graduação em Educação Física: Bacharelado

Período Integral – (para ingressantes a partir do ano de XXXX)

Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº XX, de XX/XX/XXXX.

Reconhecido pelas Portarias Mec N° XXXX e CEE/GP N° XXX, de XX/XX/XXXX e XX/XX/XXXX, Publicadas no D.O. de XX/XX/XXXX e XX/XX/XXXX.

Cód.

Depto.

Disciplina Nc Pré-

Requisito

Curso

1º Termo

Bio Anatomia Humana Geral 04 TC

Def Bases Biológicas Da Educação Física 02 TC

Def Teoria da Educação Física 02 TC

Def Atletismo 03 TC

Def Práticas F ormativas em Atletismo 01 TC

Def Futebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Futebol 01 TC

Chu Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

02 TC

Def Atividades Rítmicas 03 TC

Def Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC

Créditos 22

2º Termo

Bio Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC

Bio Fisiologia Humana Geral 04 TC

Def Primeiros Socorros 03 TC

Def Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC

Def História da Educação Física 04 TC

Chu Filosofia e Educação Física 02 TC

Def Handebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Handebol 01 TC

Def Atividades Aquáticas 03 TC

Def Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC

Créditos 26

3º Termo

Def Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC

Def Práticas Formativas em Crescimento e Desenvolvimento Humano

01 TC

Def Ginástica Geral 03 TC

Def Práticas Formativas em Ginástica Geral 01 TC

Def Fisiologia do Exercício I 02 TC

Def Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer 03 TC

Def Prática Formativa em Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer

01 TC

Def Voleibol 03 TC

Def Práticas Formativas em Voleibol 01 TC

Def Noções Básicas de Estatística 02 TC

Chu Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC

Créditos 22

4º Termo

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122

Def Aprendizagem Motora 03 TC

Def Práticas Formativas em Aprendizagem Motora 01 TC

Def Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC

Def Práticas Formativas em Medidas e Avaliação em Educação Física

01 TC

Def Bases Teórico-Práticas do Treinamento Físico 03 TC

Def Práticas Formativas em Bases Teórico-Prática do Treinamento Físico

01 TC

Def Processos de Produção e do Conhecimento Científico em Educação Física I

02 TC

Def Dança 03 TC

Def Práticas Formativas em Dança 01 TC

Def Karatê 03 TC

Def Práticas Formativas em Karatê 01 TC

Psi Psicologia e Educação Física 02 TC

Chu Sociologia e Educação Física 02 TC

Def Ginástica Artística 03 TC

Def Práticas Formativas em Ginástica Artística 01 TC

Créditos 30

5º Termo

Def Capoeira 03 TC

Def Práticas Formativas em Capoeira 01 TC

Def Educação em Saúde 03 TC

Def Práticas Formativas em Educação Em Saúde 01 TC

Def Basquetebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC

Def Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC

Def Práticas Formativas em Biomecânica do

Sistema locomotor 01 TC

Def Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II

02 PPCCE

F -I TC

Créditos 18

6º Termo

Qui Bioquímica aplicada ao Exercício Físico 02 B

Qui Farmacologia 02 B

Def Fisiologia do Exercício II 02 FE - I B

Def Controle Motor 04 B

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I

02 B

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I

02 B

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I

02 B

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor –

02 B

Def Neurociência e Comportamento Motor 04 B

Def Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde

02 B

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123

Def Trabalho de Formatura 02 B

Créditos 26

7º Termo

Def Princípios e Técnicas da Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal

03 B

Def Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal

01 B

Def Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal

02 B

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor –II

02 B

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor –II

02 B

Def Atividade Física para Pessoas com Deficiência – I

02 B

Def Estágio Supervisionado em Atividade Física para Pessoas com Deficiência – I

02 B

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: hipertensão e cardiovascular - I

02 B

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: hipertensão e cardiovascular – I

02 B

Def Princípios de nutrição 02 B

Def Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória

03 B

Def Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória

01 B

Def Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória

02 B

Def Optativa I 04 B

Def Trabalho de Conclusão de Curso 03 B

Créditos 33

8º Termo

Def Princípios e Técnicas da Flexibilidade 03 B

Def Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Flexibilidade

01 B

Def Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de Força

03 B

Def Práticas Formativas em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de Força Exercício de Força

01 B

Def Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas da prescrição para o Exercício de Força

02 B

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Def Fisiopatologia e Exercício: hipertensão e cardiovascular – II

02 B

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Exercício: hipertensão e cardiovascular - II

03 B

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II

02 B

Def Estagio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II

03 B

Def Atividade Física para Pessoas com Deficiência – II

02 B

Def Estágio Supervisionado em Atividade Física para Pessoas com Deficiência – II

02 B

Def Optativa II 04 B

Def Trabalho de Conclusão de Curso 03 B

Créditos 31

Obs.: “TC” disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Graduação em Educação Física (Licenciatura e Bacharelado); e “B” disciplinas específicas da formação em Bacharelado em Educação Física

Graduação em Educação Física: Bacharelado - Duração do Curso: 4 Anos (Mínimo) / 7 Anos (Máximo)

- Créditos em Disciplinas do Currículo de Bacharelado 144 Créditos – 2160 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Bacharelado 24 Créditos – 360 H/A - Créditos em Práticas de Ensino em Bacharelado 24 Créditos – 360 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A Total de Créditos Exigidos no Bacharelado 214 Créditos – 3210 H/A

Tabela 8: Disciplinas e fluxo curricular para o curso de Bacharelado em Educação Física, período Noturno.

XXXX - Graduação em Educação Física: Bacharelado

Período Noturno – (para ingressantes a partir do ano de XXXX)

Estrutura Curricular: Resolução Unesp Nº XX, de XX/XX/XXXX.

Reconhecido pelas Portarias Mec N° XXXX e CEE/GP N° XXX, de XX/XX/XXXX e XX/XX/XXXX, Publicadas no D.O. de XX/XX/XXXX e XX/XX/XXXX.

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125

Cód Depto Disciplina Nc Pré-

Requisito

Co-Requisito

1º Termo

Bio Anatomia Humana Geral 04 TC

Def Bases Biológicas da Educação Física 02 TC

Def Teoria da Educação Física 02 TC

Def Atletismo 03 TC

Def Práticas Formativas em Atletismo 01 TC

Def Futebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Futebol 01 TC

Chu Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

02 TC

Créditos 18

2º Termo

Bio Anatomia do Sistema Locomotor 04 TC

Bio Fisiologia Humana Geral 04 TC

Def Primeiros Socorros 03 TC

Def Práticas Formativas em Primeiros Socorros 01 TC

Def História da Educação Física 04 TC

Def Atividades Aquáticas 03 TC

Def Práticas Formativas em Atividades Aquáticas 01 TC

Créditos 20

3º Termo

Def Crescimento e Desenvolvimento Humano 03 TC

Def Práticas Formativas em Crescimento e

Desenvolvimento Humano 01

TC

Def Fisiologia do Exercício I 02 TC

Def Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer 03 TC

Def Prática Formativa em Jogo, Atividades

Lúdicas e Lazer 01

TC

Def Atividades Rítmicas 03 TC

Def Práticas Formativas em Atividades Rítmicas 01 TC

Dep Noções Básicas de Estatística 02 TC

Def Ginástica Geral 03 TC

Def Práticas Formativas em Ginástica Geral 01 TC

Créditos 20

4º Termo

Def Aprendizagem Motora 03 TC

Def Práticas Formativas em Aprendizagem

Motora 01 TC

Psi Psicologia e Educação Física 02 TC

Chu Sociologia e Educação Física 02 TC

Def Handebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Handebol 01 TC

Def Karatê 03 TC

Def Práticas Formativas em Karatê 01 TC

Def Capoeira 03 TC

Def Práticas Formativas em Capoeira 01 TC

Créditos 20

5º Termo

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126

Def Processos de Produção do Conhecimento

Científico em Educação Física II 02 TC

Def Voleibol 03 TC

Def Práticas Formativas em Voleibol 01 TC

Def Educação em Saúde 03 TC

Def Práticas Formativas em Educação em Saúde 01 TC

Def Basquetebol 03 TC

Def Práticas Formativas em Basquetebol 01 TC

Def Biomecânica do Sistema Locomotor 03 TC

Def Práticas Formativas em Biomecânica do Sistema locomotor

01 TC

Chu Antropologia Cultural e Educação Física 02 TC

Créditos 20

6º Termo

Chu Filosofia e Educação Física 02 TC

Def Medidas e Avaliação em Educação Física 03 TC

Def Práticas Formativas em Medidas e Avaliação

em Educação Física 01

TC

Def Bases Teórico-Práticas do Treinamento

Físico 03

TC

Def Práticas Formativas em Bases Teórico-

Práticas do Treinamento Físico 01

TC

Def Processos de Produção e do Conhecimento

Científico em Educação Física II 02

PPCCEF - I

TC

Def Dança 03 TC

Def Práticas Formativas em Dança 01 TC

Def Ginástica Artística 03 TC

Def Práticas Formativas em Ginástica Artística 01 TC

Créditos 20

7º Termo

Def 02 B

Def Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória

03 B

Def Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória

01 B

Def Estágio Supervisionado Princípios e Técnicas de Prescrição para o Desenvolvimento da Aptidão Cardiorrespiratória

02 B

Def Atividade Física para Pessoas com

Deficiência – I 02 B

Def Estágio Supervisionado em Atividade Física

para Pessoas com Deficiência – I 02 B

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício:

hipertensão e cardiovascular – I 02 B

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: hipertensão e cardiovascular – I

02 B

Créditos 16

8º Termo

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127

Qui Bioquímica aplicada ao Exercício Físico 02

Def Fisiologia do Exercício II 02 FE - I

Def Estrutura e Funcionamento dos Serviços de

Saúde 02

Def Controle Motor 04

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício:

Obesidade e Diabetes – I 02

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – I

02

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício:

Distúrbios do Aparelho Locomotor – I 02 B

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor – I

02 B

Def Princípios e Técnicas da Prescrição para a

Flexibilidade 03 B

Def Práticas Formativas em Princípios e Técnicas

da Prescrição para a Flexibilidade 01 B

Def Trabalho de Conclusão de Curso 02 B

Créditos 24

9º Termo

Def Princípios e Técnicas de Prescrição para a

Intervenção em Composição Corporal 03 B

Def Práticas Formativas em Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal

01 B

Def Estágio Supervisionado Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção em Composição Corporal

02 B

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício:

Distúrbios do Aparelho Locomotor –II 02 B

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Distúrbios do Aparelho Locomotor –II

02 B

Def Fisiopatologia e Exercício: hipertensão e

cardiovascular – II 02 B

Def Estágio Supervisionado em Exercício para

hipertensão e cardiovascular – II 03 B

Def Atividade Física para Pessoas com

Deficiência – II 02 B

Def Estágio Supervisionado em Atividade Física

para Pessoas com Deficiência – II 02 B

Def Optativa I 04 B

Def Trabalho de Conclusão de Curso 03 B

Créditos 26

10º Termo

Qui Farmacologia 02 B

Def Neurociência e Comportamento Motor 04

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128

Def Princípios e Técnicas de Prescrição para o

Exercício de Força 03 B

Def Práticas Formativas em Princípios e Técnicas

de Prescrição para o Exercício de Força 01 B

Def Estágio Supervisionado em Princípios e Técnicas de Prescrição para o Exercício de Força

02 B

Def Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício:

Obesidade e Diabetes – II 02 B

Def Estágio Supervisionado em Fisiopatologia e Tratamento pelo Exercício: Obesidade e Diabetes – II

03 B

Def Optativa II 04 B

Def Trabalho De Conclusão De Curso 03 B

Créditos 24

Obs.: “TC” disciplinas do Tronco Comum aos Cursos de Graduação em Educação Física (Licenciatura e Bacharelado); e “B” disciplinas específicas da formação em Bacharelado em Educação Física

Licenciatura em Educação Física: Bacharelado - duração do Curso: 5 Anos (Mínimo) / 9 Anos (Máximo)

- Créditos em Disciplinas do Currículo 144 Créditos – 2160 H/A - Créditos em Disciplinas Optativas 08 Créditos – 120 H/A - Créditos em Estágio Supervisionado em Bacharelado 24 Créditos – 360 H/A - Créditos em Práticas de Ensino em Bacharelado 24 Créditos – 360 H/A - Atividades Acadêmico-Científico-Culturais 14 Créditos – 210 H/A Total de Créditos Exigidos 214 Créditos – 3210 H/A

Na Tabela 9, estão distribuídas as disciplinas do Curso de Bacharelado em

Educação Física por docente responsável.

Tabela 9: Disciplinas por docente no Curso (Integral e Noturno) de Bacharelado em

Educação Física.

NOME

TITULAÇÃO ACADÊMICA

REGIME DE TRABALHO

DISCIPLINA(S)

H/A

SEMANAIS

Cassiano Merussi Neiva

Doutor P (24h) Fisiologia do Exercício I Fisiologia do Exercício II Princípios Básicos de Nutrição

04

04

04

Ana Flora Z. Zonta

Doutor RDIDP Atividades Rítmicas

08

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129

Dança

08

Márcio Pereira da Silva

Doutor RDIDP Atletismo Princípios e Técnicas da Prescrição para a Flexibilidade Primeiros Socorros

08

08

08

Denise Aparecida Corrêa

Doutora RDIDP Jogo, Atividades Lúdicas e Lazer

08

Dagmar Aparecida Cyntia França Hunger

Doutor RDIDP Basquetebol História da Educação Física

08

08

Henrique Luiz Monteiro

Doutor RDIDP Educação em Saúde Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: distúrbios do aparelho locomotor – I e II Estágio Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: distúrbios do aparelho locomotor – I e II

08

08

08

Júlio Wilson dos Santos

Doutor RDIDP Futebol Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física I Bases Teórico Práticas do Treinamento Físico

08

04

08

Marli Nabeiro Doutor RDIDP Atividade Física para Pessoas com Deficiência – I e II Estágio em Atividade Física para Pessoas com Deficiência – I e II

08

08

Milton Vieira do Prado Junior

Doutor RDIDP Atividades Aquáticas Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção na composição corporal Estágio em Princípios e Técnicas de Prescrição para a Intervenção na composição

08

08

04

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130

corporal

Sérgio Tosi Rodrigues

Doutor RDIDP Aprendizagem Motora Karatê

08

08

Paula Favaro Polastri Zago

Doutora P(24h) Crescimento e Desenvolvimento Humano Neurociência e Comportamento Motor

08

08

Sandra Lia do Amaral

Doutora RDIDP Processos de Produção do Conhecimento Científico em Educação Física II Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: hipertensão e doenças cardiovasculares – I e II Estágio em Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: hipertensão e doenças cardiovasculares – I e II

04

08

10

Lílian Aparecida Ferreira

Doutora RDIDP Handebol

08

Dalton Muller Pessoa Filho

Doutor RDIDP Biomecânica do Sistema Locomotor Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de força Estágio em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Exercício de força

08

08

04

José Roberto Bosqueiro

Doutor RDIDP Bases Biológicas da Educação Física Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – I e II Estágio em Fisiopatologia e tratamento pelo exercício: obesidade e diabetes – I e II

04

08

10

Daniela Godoi Jacomassi

Voleibol Teoria da Educação Física Controle Motor

08

04

08

Departamento de Educação Física

Ginástica Artística

08

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131

Capoeira Medidas e Avaliação em Educação Física Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório Estágio em Princípios e Técnicas da Prescrição para o Desenvolvimento Cardiorrespiratório Ginástica Geral Optativas I e II Estrutura e Funcionamento dos Serviços de Saúde Trabalho de Conclusão de Curso

08

08

08

04

08

16

04

16

Departamento de Biologia

Anatomia Humana Geral Anatomia do Sistema Locomotor Fisiologia Humana

08

08

08

Departamento de Psicologia

Psicologia e Educação Física 04

Departamento de Ciências Humanas

Filosofia e Educação Física Sociologia e Educação Física Antropologia Cultural e Educação Física Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa

04

04

04

04

Departamento de Engenharia de Produção

Noções Básicas de Estatística

04

Departamento de Química

Bioquímica aplicada ao exercício físico Farmacologia

04

04

IX – CARGA HORÁRIA DOCENTE E DEMANDA DE CONTRATAÇÃO

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Na Tabela 10 está apresentada a carga horária total dos docentes do

Departamento de Educação nos cursos de Bacharelado e Licenciatura em Educação

Física, bem como a demanda de carga horária sobre o Departamento de Educação

Física sem docente responsável, sinalizando a necessidade de contratação em RDIDP

de pelo menos cinco docentes nas áreas de formação específica dos cursos de

Licenciatura e Bacharelado.

Tabela 10: Carga horária total por docente nos Cursos de Bacharelado e Licenciatura

em Educação Física, incluindo as disciplinas do Tronco Comum.

Docente Carga Horária

Tronco Comum

Licenciatura Bacharelado Estágio*

Ana Flora Z. Zonta 16 - - -

Cassiano Merussi Neiva 04 - 08 -

Dagmar Hunger 16 - - -

Henrique Luiz Monteiro 08 - 08 08

Mauro Betti - 18 - -

Marli Nabeiro - 08 08 08

Milton Vieira do Prado Júnior 08 - 08 04

Denise Aparecida Corrêa 08 10 - -

Júlio Wilson dos Santos 20 - - -

Sérgio Tosi Rodrigues 16 - - -

Paula Favaro P. Zago 08 - 08 -

Sandra Lia do Amaral 04 - 08 10

Lílian Aparecida Ferreira 08 10 - -

Dalton Müller Pessoa Filho 08 - 08 04

Márcio Pereira da Silva 16 - 08 -

José Roberto Bosqueiro 04 - 08 10

Daniela Godói Jacomassi 12 - 08 -

Depto EDUCAÇÃO FÍSICA 24 40 44 04

Depto BIOLOGIA 24 - - -

Depto QUIMICA - - 08 -

Depto EDUCAÇÃO - 28 - 54

Depto CIENCIAS HUMANAS 16 - - -

Depto ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

04 - -

-

Depto. PSICOLOGIA 04 - - -

*Os Estágios Supervisionados no campo de intervenção do Bacharelado são computados na fração de 30% na carga horária do docente.

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Deste total, 08 horas estarão sob a responsabilidade da Profa. Dra. Rosa Maria

Simões de Araújo, do Departamento de Artes e Representação Gráfica, FAAC/Bauru,

que vem se oferecendo regularmente para a disciplina de Capoeira. Assim como 08

horas do Tronco Comum, pela disciplina Ginástica Geral (04 créditos em cada curso), e

08 horas da Licenciatura, com Ginástica Artística (04 créditos) estarão sendo supridas

com o Concurso de Contratação Docente, que teve candidato aprovado, com previsão

de contratação para fevereiro de 2011. Cabe ainda ressaltar que 32 horas da parte

específica da Licenciatura e também do Bacharelado, com as disciplinas optativas I e II

(04 créditos cada, totalizando 08 créditos em cada curso) e TCC (8 créditos em cada

curso) serão distribuídas entre os docentes do Departamento de Educação Física, bem

como de outros Departamentos de Ensino da Faculdade de Ciências. Porém, gerando

sobrecarga de carga horária, uma vez que a Tabela 10 indica uma média de 17,9 horas

anuais de aula entre os docentes.

Tem-se, ainda, 12 horas distribuídas em duas disciplinas no Tronco Comum e 16

horas (sendo 04 de estágio) também distribuídas em duas disciplinas no curso de

Bacharelado, que não estão atribuídas ao corpo docente. Sem considerar as previsões

de aposentadoria no Departamento de Educação Física, fica em evidência a

necessidade de contratação docente para atender à demanda de carga horária da nova

proposta de projeto pedagógico para a Educação Física da Faculdade de Ciências.

Os docentes de outros Departamentos de Ensino que atenderão à nova

proposta de Projeto Político Pedagógico da Educação Física, estão apresentados na

Tabela 11.

Tabela 11: Docentes de outros Departamentos de Ensino que atuarão nos cursos de

Licenciatura e Bacharelado em educação Física.

NOME TITULAÇÃO REGIME DE TRABALHO

DISCIPLINA(S)* CARGA

HORÁRIA

Carlos Alberto Vicentini (DCB) Carlos Alberto Vicentini (DCB) Francisco Gouvêa Júnior (DCB)

Doutor

Doutor

Doutor

RDIDP

RDIDP

RDIDP

Anatomia Humana Geral (TC) Anatomia do Sistema Locomotor (TC) Fisiologia Humana (TC)

08

08

08

Antônio Francisco Marques

Doutor

RDIDP

Psicologia da Educação (L)

04

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Maria da Graça Magnoni Márcia Cristina Argenti Perez Marcos Jorge Luciene Ferreira da Silva Eliana Marques Zanata Luciene Ferreira da Silva Luciene Ferreira da Silva Luciene Ferreira da Silva Luciene Ferreira da Silva

Doutor

Doutor

Doutor

Doutor

Doutor

Doutor

Doutor

Doutor

Doutor

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

História da Educação (L) Sociologia da Educação (L) Filosofia da Educação (L) Didática e Educação Física (L) Estrutura e Política da Educação Básica (L) Estágio Supervisionado: Prática de Ensino I (L) Estágio Supervisionado: Prática de Ensino II (L) Estágio Supervisionado: Prática de Ensino III (L) Estágio Supervisionado: Prática de Ensino IV (L)

04

04

04

08

04

06

16

16

16

Departamento de Psicologia

Doutor

RDIDP

Psicologia e Educação Física (TC)

04

Marcelo Carbone Carneiro Clodoaldo Meneguello Cardoso Danilo Rothberg José Carlos Marques

Doutor

Doutor

Doutor

Doutor

RDIDP

RDIDP

RDIDP

RDIDP

Filosofia e Educação Física (TC) Sociologia e Educação Física (TC) Antropologia Cultural e Educação Física (TC) Comunicação e Expressão em Língua Portuguesa (TC)

04

04

04

04

Departamento de Engenharia de Produção

Doutor RDIDP Noções Básicas de Estatística (TC)

04

Departamento de Química

Doutor

Doutor

RDIDP

RDIDP

Bioquímica aplicada ao exercício físico (B) Farmacologia (B)

04

04

*Obs.: TC, disciplinas tronco comum às modalidades; L, disciplinas específica da modalidade Licenciatura; e “B” disciplinas específica da modalidade Bacharelado.

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X – REINGRESSO

Conforme a Resolução UNESP nº 27 de 04 de maio de 1995, fica estabelecido o

reingresso para que os alunos integralizem ambas as modalidades (Licenciatura e

Bacharelado), a partir de seu ingresso inicial via vestibular. Para tanto, os alunos de

deverão observar as seguintes disposições:

a) os alunos serão selecionados e cursarão a outra modalidade,

conforme as normas fixadas pelo Conselho de Curso, aprovadas pela

Congregação da Faculdade de Ciências e homologadas pelo CEPE;

b) os alunos deverão obter o grau oferecido pela outra modalidade,

observando o prazo máximo para a integralização prevista no currículo

inicial de sua entrada;

c) serão disponibilizadas no mínimo cinco (05) e máximo de vinte

(20) vagas em cada modalidade para o reingresso do aluno que já tenha

concluído uma das modalidades;

d) alunos do currículo 2606 e 2607, cuja estrutura curricular

(Resolução UNESP 05, de 09/02/2007) está vigente desde 2006, também

poderão solicitar o reingresso, seguindo as disposições contidas nos itens

(a) e (b) e observando a necessidade de cursar disciplinas do tronco

comum entre as modalidades que não tenha cursado, além daquelas

previstas na modalidade de escolha. Para este aluno, estarão disponíveis

no mínimo uma (01) e máximo de cinco (05) vagas em cada modalidade,

por período de oferecimento;

e) se preenchidas as vagas disponíveis em cada modalidade, após a

ramificação ter-se-á um limite de 55 vagas em cada modalidade, sem a

necessidade de duplicação de salas/turmas por modalidade, em cada

período de oferecimento.