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CONFERêNCIA DA UNIMED EM COIMBRA Discussão e análise dos efeitos da crise e o papel do movimento sindical na nova conjuntura SBC Sindicato dos Bancários do Centro Revista de Informação Número Catorze Mai/Jun 2010 Distribuição gratuita aos associados

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ConferênCia da UniMed eM CoiMbra

Discussão e análise dos efeitos da crise e o papel do movimento sindical na nova conjuntura

SBCSindicato dos Bancários do Centro

Revista de Informação

Número CatorzeMai/Jun2010

Distribuição gratuita aos associados

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CALDAS DA RAINHA

Rua da Caridade, 17 – 1º Dtº2500-141 CALDAS DA RAINHA

FIGUEIRA DA FOZ

Rua da Guiné, 573080-034 FIGUEIRA DA FOZ

GUARDA

Lg. de S. Francisco, 6º Piso – 1º B6300-754 GUARDA

SecRetaRIado RegIonal da guaRda

Tel.: 271222016

LEIRIA

Rua Dr. José Henrique Vareda, 27 – 1º2410-122 LEIRIA

SecRetaRIado RegIonal de leIRIa

Tel.: 244822743

VISEURua Nossa Senhora de Fátima, 113510-094 VISEU

SecRetaRIado RegIonal de VISeu

Tel.: 232425033

Posto clínico:

Tel.: 271220450Fax: 271220455

Posto clínico:

Tel.: 262840020Fax: 262840029

Posto clínico:

Tel.: 233407310Fax: 233407319

Posto clínico:

Tel.: 244820080/90Fax: 244820091

Posto clínico:

Tel.: 232430670Fax: 232430679

Av. Fernão de Magalhães, 476 Apartado 4043001-958 COIMBRATel.: 239854880; Fax: 239854889

dePaRtamento temPoS lIVReS

deP. e gab. de aPoIo aoS temPoS lIVReSAv. Fernão de Magalhães, 476 Apartado 4043001-958 COIMBRATel.: 239854880; Fax: 239854886;[email protected]

COIMBRA gab. do deSPoRto/clube do bancáRIoRua Lourenço Almeida Azevedo, 173000-250 COIMBRATel.: 239852340; Fax: [email protected]

SecRetaRIado RegIonal de coImbRaTel./Fax: 239821935

comISSão de RefoRmadoSRua Lourenço Almeida Azevedo, 173000-250 [email protected].: 918167510 | 239852340

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Ficha TécnicaPropriedadeSindicato dos Bancários do CentroAv. Fernão de Magalhães, 4763001-958 Coimbrawww.sibace.pt

Tel.: 239854880 Fax: [email protected]

Director e EditorLuis Filipe Ardérius

Conselho EditorialAníbal RibeiroCarlos SilvaFrancisco CarapinhaFreitas Simões

FotografiaSBCJoão Antunes

ColaboradoresA. Castelo Branco,Álvaro Ribeiro,António Tejo,Carlos Silva,Isabel Rocha,João Antunes,José Costa Pinto,Luis Flipe Ardérius,Luís Tudella,Paulino Mota Tavares,Sequeira Mendes

Composição GráficaSub Verso - Design Gráfico e Conteúdos Lda.

Rua Dr. Francisco Fernandes Costa, Lota 22, Loja P3200-265 Lousã

Tel.: 239 992 646

Depósito Legal260437/07

Tiragem Bimestral6 500 exemplares

Distribuição gratuita aos associados

DesTaquesnegociação colectiva pág. 7

conselho geral aprova Relatório e contas de 2009 pág. 8

1º de maio - contra o desemprego e pela melhoria das condições laborais pág. 12

75 anos do Sbc - comemorações na cidade da guarda pág.13

conferência da unImed em coimbra - marco histórico págs. 16 a 19

“favas me fartam, favas me matam” - Paulino mota tavares pág.29

“bandarra: Poeta, profeta e sapateiro” - a. castelo branco págs. 30 e 31

editorial Pág. 4

mensagem do Presidente Pág. 5

Sindical Págs. 6 a 9, 12 e 14 • Urge sensibilizar bancários para eleição de delegados sindicais;

• Negociação colectiva;

• Conselho Geral aprova Relatório e Contas e Proposta de Revisão parcial dos Estatutos;

• Conselho Geral aprova aquisição de imóvel nas Caldas da Rainha e elege delegados aos Congressos Fundadores da UGT/Viseu e UGT/Leiria;

• FEBASE - O Secretariado da Febase, os Conselhos Geral e Sectorial da Actividade Bancária reuniram no passado dia 31 de Maio, em Coimbra;

• Manifestação - 1º DE MAIO contra o desemprego e pela melhoria das condições laborais;

• Congresso fundador da UGT – Guarda

Aníbal Ribeiro eleito presidente;

• Congresso Fundador da UGT – Viseu

João Melo, Presidente da Mesa

entrevista Págs. 10 e 11 • Carlos Silva entrevistado pelo Diário de Coimbra – “Sindicalismo é cada vez mais pertinente”;

comemorações dos 75 anos do Sbc Pág. 13• Ainda as comemorações dos 75 Anos do SBC, na cidade da Guarda

Internacional Pág. 15 a 18• 2º Congresso Mundial da CSI

• Conferência da UNIMED em Coimbra foi marco histórico

formação Págs 19• Cursos e opiniões dos seus frequentadores;

c. I. comissão de Reformados Págs. 20 e 22• Passeios Culturais: “Visita ao Mosteiro de Semide e passeio à Quinta do Paiva” – José Costa Pinto;

• Actividades

Viagens Pág. 21• SBC em “Cruzeiro ronda Veneziana” de 7 a 14 de Junho – João Antunes

desporto Págs. 22 e 23• XIV Final Nacional Interbancária de Tiro aos Pratos – José Coelho (Mbcp/SBN), foi o grande vencedor;• XXXIV Torneio Nacional Interbancário de Futsal – O “Clube Millennium BCP” apurado para a final nacional

escola de pintura Pág. 24• Exposição de Trabalhos no Hotel D.Luís;

numária Pág. 25• Centenário da implantação da República

– O Papel moeda 1910-2010

“Dois Escudos e Cinquenta Centavos“

– Luís Manuel Tudella

entre nós Pág. 26• “Estou apreensivo” – Álvaro Ribeiro

este nosso mundo Pág. 27• “Desemprego e a Situação Económica” – Sequeira Mendes;

área do nosso Sindicato Pág. 28• “Por terras de Riba-Côa” – L. Ardérius;

cultura pág. 29• “Favas me fartam, favas me matam”

– Paulino Mota Tavares;

cultura na cidade págs. 30 e 31• “Bandarra: Poeta, Profeta e Sapateiro”

– A. Castelo Branco

ÍnDice

na capa: Imagem do cartaz relativo à conferência da UNIMED em Coimbra

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75anos

três quartos de século1935-2010

a unir gerações de bancários...!

[email protected]

O processo de revisão das tabelas salariais para 2010, cujas negociações se arrastaram durante vários meses, foi agora, quando

já estamos em meados do ano, concluído. Os ganhos são poucos, mas os Sindicatos dos Bancários e a Febase fizeram, como sempre têm feito, o seu melhor.É sabido como o actual quadro em que se insere o conjunto de mudanças sociais e económicas, em que vivemos, contribui para que as organizações sindicais sintam maiores dificuldades no desempenho do seu dever de representar e defender os interesses dos trabalhadores em geral e dos seus associados em particular. Contudo, o empenho e a perseverança de Sindicatos cujas preocupações passam também pela construção de uma sociedade mais justa, mais inclusiva, mais solidária, onde seja possível um verdadeiro desenvolvimento humano, acabou por dar os seus frutos. Mas as inquietações dos Sindicatos não se ficam pelas negociações, elas estendem-se à defesa e manutenção dos postos de trabalho, aos problemas da mobilidade laboral, que quando se torna endémica gera formas de instabilidade psicológica que dificultam a construção de percursos coerentes na própria vida.A crise financeira que temos vivido desde 2008 e as suas implicações constitui um desafio fundamental para o desenvolvimento futuro da nossa sociedade. Vivemos numa época em que a instabilidade é uma constante e as incertezas circundantes com todo o seu cortejo de consequências negativas, desde inoperância de instituições e a falência de empresas aparentemente sólidas até ao alastramento do desemprego causam perturbação e angústia ao cidadão comum.A percepção de um mundo em que os escandalosos desequilíbrios preponderam, como são os valores das remunerações de alguns quadros e administradores que atingem milhões de euros, face a enormes dificuldades e exigência de sacrifícios pedidos aos trabalhadores, é incompreensível. É uma imoralidade. O aumento sistemático das desigualdades tende não só a minar a

coesão social - e, por esse caminho, põe em risco a democracia -, mas tem também um impacto negativo no plano económico com a progressiva corrosão do “capital social”. Entre todos esses sinais de crise permanente avulta a incapacidade dos governos, para lidarem, de forma isolada, com fenómenos que lhes escapam e se situam cada vez mais na dependência de instâncias supranacionais ou de grandes grupos empresariais e financeiros. Os pacotes de estímulo económico que, em Abril passado, eram dados como necessários, foram substituídos pela urgência de endireitar as finanças públicas, sendo a prioridade a contenção de despesas e consequente aumento da carga fiscal.Os salários na administração pública, cujo padrão de remunerações serve de referência ao sector privado, são congelados, numa medida injusta e com previsíveis consequências negativas do ponto de vista da desejada sustentação da actividade económica, pelo lado da procura. Mesmo admitindo ser necessário reduzir as despesas com pessoal, tal redução deveria fazer-se de modo equitativo, aproveitando para consagrar um leque salarial mais justo, restringindo o recurso a prémios, despesas de representação e outras de que beneficiam os gestores e os quadros técnicos superiores.

Por ocasião de mais uma reunião do G20, no Canadá, várias organizações não governamentais e países europeus, fizeram um apelo no sentido da adopção de uma taxa sobre as transacções financeiras internacionais. Esta taxa deveria ser uma contribuição sistémica para refrear os excessos especulativos nos mercados financeiros e contribuir para gerar fundos para ajudar a estimular a recuperação financeira e dar um novo ímpeto à luta global contra a pobreza. No entanto, O Canadá, anfitrião da cimeira, considerando marginal a questão da taxa, pressionou essencialmente por uma política de redução do défice, tendo as 20 economias mais desenvolvidas do mundo acordado em baixa-lho em 50%, até 2013. Quanto à criação da taxa bancária, ela foi

deixada para segundo plano e ao critério de cada Estado. O presidente francês anunciou, entretanto, que a França, Alemanha e Reino Unido irão avançar com a criação de um imposto a aplicar às transacções financeiras. Esperemos que muitos mais lhes sigam as pisadas.

Pec – aí está a factura da crise

Depois dos impostos pagos pelos trabalhadores terem sido usados para ajudar os bancos, para fornecer garantias e para financiar programas para estimular a economia, e de estudos da OIT revelarem que a regulação dos mercados financeiros é necessária para encorajar a criação de empregos na economia real, o que ainda não aconteceu, aí está o PEC e os trabalhadores a serem chamados para pagar novamente a factura da crise.Como é que Portugal pode sair disto? Deste permanente tormento? Desta comiserada inviabilidade? Deste rame-rame da desgraça?Com efeito, o País precisa de um rumo para um desenvolvimento sustentável, do ponto de vista ambiental e de coesão social e não é um mero crescimento económico que o permitirá alcançar, se não consubstanciar uma equitativa repartição do emprego e do rendimento; trabalho digno para todos; igualdade de oportunidades no acesso ao progresso; prioridade da erradicação da pobreza e promoção da qualidade de vida dos cidadãos.

Esta Revista de Informação, como já foi divulgado, deixou de ter periodicidade regular, face aos compromissos assumidos no âmbito da Federação do Sector Financeiro, que edita mensalmente a Revista Febase.

empenho e perseverança

“[…] Meu país desgraçado!...E no entanto há Sol a cada canto

E não há Mar tão lindo noutro lado.Nem há céu mais alegre do que o nosso,

nem pássaros, nem águas […]”

- Sebastião da Gama

(Luis Filipe Ardérius)

4 Revista de Informação

editorial

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Tal como havíamos referido oportunamente, sempre que for possível a Direcção do nosso sindicato

editará a Revista de Informação do SBC, ainda que a Revista da FEBASE tenha vindo ocupar o lugar de destaque na informação unida dos três sindicatos que integram a Federação. E isto porque, na sequência da reflexão da Direcção, fomos auscultando outros associados que nos têm transmitido as melhores referências aos conteúdos da Revista do SBC e, porque não afirmá-lo sem rodeios ou complexos, pelo facto de a mesma se revelar abrangente nas abordagens e concepções de análise do mundo que nos rodeia e aceitar a divulgação das diferentes visões das questões sociais em que os trabalhadores estão envolvidos.

No período que já passou do corrente ano, a Direcção do SBC viu-se envolvida num difícil processo negocial de revisão das tabelas salariais para 2010, sempre em estreita colaboração e convergência com as Direcções do SBSI e do SBN. Os contornos da crise económica que nos afecta, a Portugal em particular, conduziram a um desfecho de um valor percentual de 1% que fica aquém das legítimas aspirações dos bancários. Mas perante as graves dificuldades económicas com que nos confrontamos, as Direcções fizeram o seu melhor à mesa das negociações, sabendo que em momentos de expansão e crescimento económicos, o discurso dos banqueiros foi sempre igual, mesmo perante lucros fabulosos de milhões e de prémios milionários obscenos aos administradores, como se verificou em anos anteriores.

Agora, que estamos mesmo em crise, o discurso pegou mesmo, como na fábula.

Perante a enorme resistência que foi colocada ao processo negocial, num crescendo de dificuldades que aumentava dia após dia, com as agências de rating a baixar as notações da

DiFÍcil processo negocial

dívida pública portuguesa e a consequente maior dificuldade no financiamento externo dos bancos nacionais, as Direcções optaram por uma actuação pragmática, procurando não pôr em causa a estabilidade do sector e tentando, apesar de todo o cenário negativo, obter os ganhos possíveis para os bancários, mesmo que em clima de forte austeridade e de subida de impostos. E foi pelo valor mínimo, ainda que arrancado a ferros.

Na CGD foram os sindicatos da FEBASE que, com o Secretário-Geral da UGT fortemente empenhado e interventivo, conseguiram desbloquear, junto do Governo, a cláusula de excepção ao congelamento dos aumentos salariais decididos para o sector público, onde se inclui a CGD.

Não podemos deixar de lamentar que, a um contributo que apelidamos de responsável, tal como expresso no editorial da Revista da FEBASE de Maio 2010, venha o sindicato de empresa da CGD recorrer à calúnia, à desinformação e â mentira, como armas de arremesso utilizadas contra o SBC, o SBSI e o SBN e a UGT, por terem estes conseguido um facto de indesmentível significado político-sindical, que esvaziou de sentido a greve por estes convocada para 11 de Junho e, entretanto, desconvocada por se terem cumprido as reivindicações plasmadas no Pré-Aviso da sua convocação - aumento salarial idêntico ao da restante Banca e continuação do processo negocial para contratualização das admissões pelo nível 5, criação de plano complementar de pensões idêntico ao do restante sector e adaptação do AE da CGD ao Código do Trabalho.

Mas o STEC, ávido de demonstrar à sua tutela político-partidária que “quanto pior, melhor”, manteve o seu pré-aviso de greve e… foi o que se viu. Um fiasco.

Que melhor forma encontrou o STEC de

expressar a sua desilusão pela fraca adesão dos trabalhadores da CGD à greve que decretou? Acusou os sindicatos verticais de serem os maus da fita, em vez de assumir a sua própria incompetência e ineficácia da sua acção.

O STEC preferiu inundar em doses industriais as agências e as caixas de mensagens dos trabalhadores da CGD de comunicados de pura propaganda política. Para quê? Para justificar o descalabro da sua febre grevista.

Não é assim que se constrói a desejada unidade sindical.Haja seriedade.

“[...]Perante a enorme resistência que foi colocada ao processo negocial, num crescendo de dificuldades que aumentava dia após dia, com as agências de rating a baixar as notações da dívida pública portuguesa e a consequente maior dificuldade no financiamento externo dos bancos nacionais, as Direcções optaram por uma actuação pragmática, procurando não pôr em causa a estabilidade do sector e tentando, apesar de todo o cenário negativo, obter os ganhos possíveis para os bancários, mesmo que em clima de forte austeridade e de subida de impostos.[...]”

(Carlos Silva)

5 Sindicato dos bancários do centro

mensagem do Presidente

MENSAGEM DO PRESIDENTE DA DIRECçãO DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DO [email protected]

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75anos

três quartos de século1935-2010

a unir gerações de bancários...!

Sindicalização

Urge sensibilizar bancários para eleição de delegados sindicais

contrariando aqueles que dizem que a actividade sindical quase não existe e que poucos

trabalhadores participam nas reuniões e acções promovidas pelos sindicatos, o pelouro da sindicalização do sbc mantém uma dinâmica e actividade constantes.

Assim aconteceu nos últimos tempos, com uma reunião de toda a Estrutura Sindical e as já habituais visitas aos balcões.Na reunião foi analisada e discutida a actual situação sindical, quer sob o ponto de vista genérico, quer quanto à situação específica do BES, onde acaba de ser criado um Secretariado Sindical de Empresa ligado ao Sindicato dos Quadros Técnicos Bancários,

quer quanto aos esforços desenvolvidos na CGD, com frutos realmente evidentes, tendo da mesma saído a vontade e a determinação de se tentar persuadir o maior número de Colegas para exercerem a função de Delegados Sindicais, já que estes são o elo de ligação entre os balcões e a Direcção.A tarefa não é fácil, porque sobre os trabalhadores, muitas vezes, apesar de se poderem sentir ameaçados nos seus direitos mais fundamentais, assomam o medo das represálias, da pressão, de conotação, da eventual não renovação do contrato, o medo de perder o emprego.Concluí-se também quão importante é combater, com lisura, a actividade demagógica do Sindicato dos Quadros, que oferece uma política de serviços como uma qualquer companhia de seguros de

saúde, sem qualquer preocupação quanto ao aspecto laboral, social e sindical, como se viu recentemente nas lutas travadas no BCP, no BPN ou nas negociações com o Banif e com o BIC, entre outras, e não há muito tempo, a forma como “venderam” aos Bancos a integração dos trabalhadores na Segurança Social, deixando cair a majoração prevista no ACT do sector bancário. As idas aos locais de trabalho são uma constante para o pelouro da Sindicalização, a maior parte das vezes, acompanhado dos representantes dos Secretariados, dos Secretariados de Empresa e dos Delegados Sindicais, onde conversam com os trabalhadores, ouvem as suas preocupações, apreendem os seus problemas e receios e prontificam-se a ajudar em tudo o que estiver ao seu alcance, prestando as informações adequadas e disponibilizando, entre outros, desde logo, os serviços do Gabinete Jurídico e de assistência médica.Os balcões do Distrito da Guarda, estiveram, nos últimos tempos, no topo das prioridades, tendo, todos eles, sido visitados no âmbito da campanha “política de proximidade” inserida nas comemorações dos 75 Anos do SBC, naquela área geográfica.

6 Revista de Informação

Sindical

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o último acordo de revisão da tabela salarial para 2010 assinado pelo sbc, sbn e sbsi

foi com a cgd, igual ao firmado no âmbito do acT do sector bancário e do grupo bcp, ou seja, 1% de acréscimo às tabelas em vigor.

Atenta à actual situação do País e do sector financeiro, a FEBASE reclamou para a CGD, que no âmbito do sector público estava condicionada a não ter qualquer aumento, tratamento idêntico ao encontrado para os principais bancos e, ao consegui-lo, desconvocou a greve marcada para o passado dia 11 de Junho.O STEC assim não o entendeu e manteve o pré-aviso de greve, lançando, com base em mentiras, acusações aos Sindicatos da FEBASE.É o caso das calúnias sobre um regime complementar de reforma para os trabalhadores admitidos na CGD após 1 de Janeiro de 2006, em que o STEC acusou a

FEBASE de aceitar o regime complementar por isso lhe possibilitar a gestão e o benefício das contribuições para se auto-financiar. O que não corresponde à verdade.A FEBASE e os seus Sindicatos não só não gerem qualquer fundo de pensões, como também não são accionistas de nenhuma sociedade gestora desses fundos.O Plano Complementar proposto à CGD é rigorosamente igual ao que já está em vigor para todos os bancários admitidos no sector a partir de 1 de Março de 2009.É um plano de contribuição definida (1,5% a cargo da entidade patronal e igual percentagem a cargo do trabalhador) que no final da carreira contributiva renderá o que o fundo escolhido pelo trabalhador proporcionar face à sua taxa de rentabilidade. É o trabalhador quem escolhe o fundo, sendo o resultado dessas aplicações sua pertença e acrescerá à sua pensão do regime geral.A FEBASE considera esta norma contratual, constante do ACT do Sector Bancário, uma conquista e deseja que passe a fazer parte do AE da CGD, sendo até, a par da

revisão salarial, uma das reivindicações dos Sindicatos da FEBASE no ano passado, quando havia melhores condições para a negociação colectiva. O STEC, ao contrário dos Sindicatos que integram a Federação, nunca apresentou qualquer proposta para colmatar esta desigualdade, o que tem contribuído para o arrastar das negociações.Estranho o actual protesto do STEC, quando foi precisamente a sua acção no passado ano, ao assinar o acordo salarial DE 1,5%, que impediu os Sindicatos Verticais de irem além desse valor e de verem consagrado no AE o Plano Complementar de Pensões.A Administração da CGD informou ter luz verde do Governo para avançar e os Sindicatos Verticais, mais uma vez, estarão na linha da frente por esta conquista contratual que poucas convenções colectivas de trabalho dos restantes sectores integram.Os sindicatos da FEBASE continuarão a fazer o seu trabalho - como é seu dever -, com o apoio dos trabalhadores e da UGT, tal como sucedeu neste processo.

acordo de reviSão Salarial para 2010

negociação colecTiva

Morreu José Saramago, prémio Nobel da literatura, cidadão e homem da mais rara dignidade. Homem simples, afirmou a sua criação literária através da

liberdade de pensamento, deixa uma grande obra, notável no estilo, na renovação, na riqueza e no conteúdo político. De uma humanidade intensa e com uma obra marcada pela fusão entre a preocupação social e a exigência estética, José Saramago foi um “escritor de lucidez e compromisso”, com uma postura interventiva e desassombrada. A sua perda é recebida com muita tristeza, particularmente pelos que têm apreço pela sua pessoa, pela língua portuguesa e pela sua importância cultural. O Sindicato dos Bancários do Centro e a Direcção da Revista de Informação junta-se aos que lamentam e manifestam a sua dor pela perda deste grande humanista, um dos mais importantes escritores contemporâneos.

o prémio nobel da literatura, José Saramago faleceu dia 18 de Junho

“[…]Sonhou com um mundo em que os fortes eram mais fracos, e

os fracos eram mais fortes.[…]”Teresa de La Vega

7 Sindicato dos bancários do centro

Sindical

acontecimento

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1.000.000 €

800.00 €

600.000 €

400.000 €

200.000 €

0 €

-200.000 €

Resultado Consolidado

Acção Sindical

Regime Geral

Regime Especial

2009 200897.733,78 €

20.151,65 €

21.283,52 €

56.298,61 €

692.662,24 €

- 64.652,39 €

906.041,48 €

- 148.726,85 €

75anos

três quartos de século1935-2010

a unir gerações de bancários...!

presidido por amílcar pires, presidente da Mag/cg em exercício, o conselho geral, reunido no passado dia catorze de abril, aprovou o relatório e contas relativo

ao exercício de 2009.

aPRoVação do RelatóRIo e contaS

Depois de apresentadas as contas, pelo tesoureiro, foi posto à discussão e votação o relatório e contas respeitante ao exercício do ano 2009, dos Regimes de Acção Sindical, SAMS – Regime Geral e Regime Especial, tendo a proposta sido aprovada por 42 votos a favor e três abstenções.O Tesoureiro fez uma análise dos valores apresentados nos Regimes Acção Sindical e SAMS Regime Geral e Especial, bem como dos valores consolidados, cujo resultado liquido positivo foi da ordem

dos € 98.000. Este resultado, segundo Freitas Simões, é consequência, essencialmente, da quebra dos resultados do Regime Geral. Já quanto ao Regime Especial e à Acção Sindical verificou-se uma melhoria relativamente ao ano transacto.A Acção Sindical, obteve um resultado líquido positivo de € 20.152. Depois de justificar a redução dos Proveitos, que fica a dever-se, segundo Freitas Simões, à diminuição das receitas provenientes das viagens de turismo e à significativa redução dos rendimentos das aplicações financeiras, concluiu que a situação do Sector Sindical, saiu reforçada no exercício de 2009, tendo proposto que o lucro obtido fosse contabilizado em Reserva Legal - € 2.015,17 e Reserva para Fins Sindicais - € 18.136,48.Quanto aos SAMS – Regime Geral, o resultado obtido de € 21.283, representa um decréscimo relativamente ao ano de 2008, para o que contribuiu o crescimento dos “Custos Operacionais”, fundamentalmente devido ao aumento das comparticipações em cerca de um milhão de euros, num crescimento de cerca de 8 %, o que originou que o peso das comparticipações face às contribuições evoluísse de 88 % em 2008, para 95 % em 2009.O SAMS – Regime Especial, com um resultado líquido positivo de € 56.299, inverteu a situação verificada nos anos anteriores.Os custos operacionais cresceram apenas 3 %, em oposição aos proveitos operacionais que tiveram um aumento de 13 %, destacando-se o crescimento de 24 % na prestação de serviços de assistência. Estes valores originaram um resultado operacional positivo na ordem dos 50.000 euros. A taxa de cobertura das despesas pelas receitas do conjunto dos postos clínicos passou de 90 para 106 %., tendo, todos eles, melhorado os seus resultados, com destaque para Coimbra e Viseu. Em sentido inverso os resultados da Loja de Óptica desceram de € 18.341 para € 13.096, no essencial devido a regularização de stocks.

conSelho geral de 14 de abril

CONSELHO GERAL APROVA RELATÓRIO E CONTAS E PROPOSTA DE REVISãO PARCIAL DOS ESTATUTOS

aPRoVação da PRoPoSta de ReVISão PaRcIal doS eStatutoS

A proposta de revisão parcial dos estatutos do SBC, apresentado pela direcção, decorrente da apreciação da Dgert do Ministério do Trabalho, sobre a legalidade da última alteração aprovada pelo Conselho Geral de 11 de Setembro de 2009, face à sua desconformidade com o estabelecido no Código do Trabalho, foi também, quer na votação na generalidade, quer na votação artigo a artigo, aprovada por unanimidade.

comPaRatIVo doS ReSultadoS líquIdoS

20092008

Resultado Consolidado

Acção Sindical

RegimeGeral

RegimeEspecial

8 Revista de Informação

Sindical

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conSelho geral de 26 de Maio

CONSELHO GERAL APROVA AQUISIçãO DE IMÓVEL NAS CALDAS DA RAINHA E ELEGE DELEGADOS AOS CONGRESSOS FUNDADORES DA UGT/VISEU E UGT/LEIRIA

Presidido por Amílcar Monteiro Pires, primeiro secretário da MAG/CG, por impedimento do Presidente, Mário Figueira, em convalescença de delicada intervenção cirúrgica, reuniu no

passado dia vinte e seis de Maio, no Hotel Dona Inês, em Coimbra, o Conselho Geral do Sindicato dos Bancários do Centro, Após o período de Informações em que intervieram vários conselheiros, passou-se à questão da aquisição de imóvel nas Caldas da Rainha. Carlos Silva fez uma explanação sobre os vários motivos que a Direcção considerava justificarem a aquisição daquele imóvel, de entre os quais realçou o facto do apartamento em causa se encontrar no mesmo piso, situado entre os dois apartamentos onde se encontra situado o Posto Clínico dos SAMS daquela cidade, a que se seguiu a respectiva votação, que se cifrou em quarenta e sete votos a favor e uma abstenção. De realçar o Parecer do Conselho Fiscalizador de Contas que apreciou positivamente a aquisição, permitindo ao SBC valorizar o seu património.O último ponto em discussão foi a eleição de delegados do SBC aos Congressos Fundadores da UGT/Viseu (30 de Maio) e da UGT/

Leiria (3 de Julho) para o que foram apresentadas listas encabeçadas respectivamente pelos Colegas José da Silva Ferreira, de Viseu e Eduardo Maximiano, de Leiria, ambas votadas favoravelmente por maioria dos conselheiros presentes.

FebaSe - conSelho geral aprova relatório e contaS

O SECRETARIADO DA FEBASE, OS CONSELHOS GERAL E SECTORIAL DA ACTIVIDADE BANCÁRIA REUNIRAM NO PASSADO DIA 31 DE MAIO, EM COIMBRA

contratação e comunicação

O Relatório de Actividades e Contas do Exercício de 2009 foi aprovado por larga maioria, com apenas 7 votos contra.De referir a candidatura apresentada pelo Secretariado, que foi aprovada, à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), com o objectivo de permitir um melhor desenvolvimento de boas práticas laborais, designadamente na área da Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho no sector bancário. Também a Informação mereceu um empenho especial do Secretariado, designadamente a “Revista Febase”, instrumento de ligação aos associados dos sindicatos que integram a federação. Quanto às Relações Externas, outro eixo prioritário, foi referido que Portugal acolherá em 2011 as Conferências Mundiais da UNI-Finanças e a da Unimed.

SaMS portugal

O Relatório dá também conta das várias reuniões realizadas com o objectivo de projectar as bases dos SAMS único, adiantanto estar previsto o lançamento, no primeiro semestre de 2010, de um concurso a consultoras para a realização de um estudo sobre a sua organização.

contas aprovadas

Relativamente às Contas do exercício de 2009, uma nota introdutória salienta que a maior actividade verificou-se no Pelouro da Contratação Colectiva/Banca.

acordo ratificado

Já no Conselho Sectorial da Actividade Bancária que se seguiu ao Conselho Geral, os membros daquele órgão aprovaram por larga maioria a proposta apresentada pelo Secretariado, ratificando o acordo de princípio de revisão da tabela salarial do ACT do sector bancário e mandatando o Secretariado para nas restantes convenções colectivas outorgar acordos cujo aumento salarial tenha um valor no mínimo igual ao da da tabela do ACT.

9 Sindicato dos bancários do centro

Sindical

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75anos

três quartos de século1935-2010

a unir gerações de bancários...!

EntrEviSta ao Diário DE Coimbra

sindicalisMo é cada vez Mais perTinenTe

Rosette Marques

a propósito dos 75 anos, carlos silva, presidente da direcção do sindicato dos bancários do centro, fala da importância do sindicalismo depois de três décadas de

democracia, numa época em que o mundo atravessa uma crise sem precedentes. a coesão sindical nacional é uma das metas

Diário de Coimbra: O que representa para esta direcção comemorar 75 anos de uma instituição sindical que iniciou a actividade no tempo do Estado Novo?

carlos Silva: Cumpre-me dizer que 75 anos de um sindicato é uma prova de longevidade. Sobretudo, porque o sindicato foi fundado em 1935, de acordo com as metodologias corporativa. Por outro lado, hoje, passados que são 36 anos do 25 de Abril, há quem questione sobre a pertinência do sindicalismo. Naturalmente que sim, sobretudo porque Portugal e o mundo atravessam uma crise financeira sem precedentes que tem despoletado consequências dramáticas de índole social, pelo que a existência de estruturas sindicais fortes são uma obrigação e vêm cumprir os pressupostos destas associações. Os 75 anos do Sindicato resultam do mérito de todas as famílias e gerações de bancários que, pelo seu trabalho, desenvolvura e dedicação, possibilitaram a manutenção e o crescimento de uma instituição sindical. O sindicato dos Bancários do Centro tem vindo a crescer e isso é uma realidade que muito nos apraz. Quando a direcção faz uma avaliação mensal sobre a movimentação dos seus associados e sobre o seu trabalho de sindicalização – trabalho de proximidade que esta direcção tem vindo a desenvolver – temos verificado que o número de associados tem aumentado. Portanto, são 75 anos cheios de vigor, rejuvenescidos, e acima de tudo com um clima de confiança instalada na classe. É com satisfação que vemos que o nosso trabalho é reconhecido pelos bancários.

dc: ao longo dos anos, como tem sido a adesão dos trabalhadores ao sindicato?

cS: O sector bancário é sui generis em relação à Europa e ao Mundo. Em 1975, os bancários, quando foram criados os serviços de assistência médico-social, à mesa das negociações, foi obtido um acordo – o Acordo Colectivo de Trabalho Vertical do sector bancário – em que, na convenção, as entidades patronais assumiam a responsabilidade de dotar um serviço de assistência médico-social, organizado e gerido pelos bancários, como contrapartida das despesas de saúde. Como resultado, surgiram então os SMAS. Ora, o SMAS implica a sindicalização a 100 por cento. Basta ser funcionário bancário para ser automaticamente sindicalizado. O bancário desconta 1,5 por cento do seu salário e a entidade patronal contribui com 6,5 por cento sobre o vencimento do trabalhador. São estes 8 por cento que garantem a sustentabilidade do sistema.

dc: ao longo dos anos, o SamS tem sido afectado por vulnerabilidades na sua sustentabilidade?

CS: Na imprensa, surgem algumas dúvidas que, a meu ver, prendem-se com o crescimento do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas. De facto, a realidade aponta para o aumento dos SMAS. Há mais bancários, mais reformados. Todos sabemos que a esperança de vida aumentou considerável e a população envelhecida precisa de cuidados de saúde. Os encargos com a saúde vão para além dos custos médios da inflação. Apesar disso, o SAMS continua a ser sustentável, tanto que, há 10 anos atrás, os três sindicatos fizeram um acordo com o MS, em que o Sindicato garante o pagamento integral dos custos de saúde na Sistema Nacional de Saúde, como contrapartida da contribuição do Ministério por cada funcionário. É um sector em pujança. A sustentabilidade do SAMS coloca-se apenas quando se fala da dimensão do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas, que tem cerca de 120 mil beneficiários e um Hospital.

10 Revista de Informação

Entrevista

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dc: Os serviços de Saúde do Sindicato estão abertos ao público em geral?

cS: Os serviços de Saúde do Sindicato estão abertos aos bancários e aos seus familiares. Recentemente, criámos a metodologia de utente, que é uma nova figura que possibilita o acesso de familiares e associados de outros sindicatos da UGT, aos nossos postos clínicos. O público em geral só tem acesso às lojas de óptica, existentes em nas quatro capitais de distrito.

dc: O Sindicato tem Convenções Colectivas diferentes perante as instituições bancárias?

cS: Em 1998, optámos por tentar esbater, na contratação colectiva, diferenças e particularidades de algumas instituições de referência. Uma medida que resultou de uma posição do Millennium bcp decidiu deixar de pagar as quotizações para o SAMS, desrespeitando o ACT Vertical. Os sindicatos bancários reagiram de forma reivindicativa e assim surgiu a negociação exclusiva de que resultou o ACT do BCP. No final do ano passado, foi feita uma proposta para criar com a Associação Portuguesa de Bancos, que seria o interlocutor privilegiado entre as instituições e os sindicatos, para criar um Acordo Colectivo de Trabalho Vertical.

dc: Com a crise financeira que o mundo atravessa, o Sindicato sente que tem havido uma retracção dos direitos adquiridos?

cS: Não há uma retracção dos direitos adquiridos. Mas há uma tentativa, por vezes camuflada por parte de algumas instituições de crédito, de tentar de desvalorizar algumas das cláusulas do Acordo Colectivo. O Sindicato tem apelado às entidades governamentais para que as acções inspectivas sejam mais insidiosas.

dc: Voltando às comemorações dos 75 anos, qual vai ser o ponto alto?

cS: O que pretendemos é estar próximo dos nossos associados. Esta direcção tem levado a cabo uma política de proximidade com os associados, pelo que se pode dizer é que o ponto alto é simbólico, pois através da visita às agências pretendemos levar aos associados a vivência dos sindicatos, as questões que se levantam hoje ao sector, enfim alertar para os problemas que se nos deparam.

Dc: a formação é uma das vertentes essenciais do Sindicato?

cS: O Sindicato promove dois tipos de formação. A que se destina aos trabalhadores no activo, que decorre em parceria com o Centro de Formação da UGT. Por outro lado, o Sindicato candidata-se a um conjunto de cursos que se destinam não só aos activos, mas também aos reformados. Esta é também uma forma de apoiar o sector dos reformados do sector, já que também eles também sofrem o impacto negativo da reforma. Fazendo formação, além de aumentarem os seus conhecimentos, sentem-se em família.

dc: Para além da quotização para o Sindicato, que outras obrigações têm os bancários?

cS: Temos regimes distintos. Os trabalhadores do sector bancário admitidos até 1994, não descontam para a Segurança Social. Os que foram admitidos entre 1995 e 2008, descontam 5 por cento para o Fundo de Pensões. A partir de 2009, os «trabalhadores admitidos para o sector bancário fazem os descontos normais para a Segurança Social, pois o Sindicato só assinou o Acordo Tripartido (Banca, Sindicatos e Segurança Social) em finais de 2008.

dc: Em termos práticos, essa diferença traduz-se em benefícios diferentes?

CS Sim, sobretudo quando se chega ao tempo da reforma. No sector bancário, os funcionários com cargos de chefia com remunerações complementares, em situação de reforma, recebe apenas o correspondente ao salário. Para os novos trabalhadores, a reforma acontece aos 65 anos e, de acordo com o regime normal da Segurança Social, recebe de acordo com o global dos descontos.

dc: A actual direcção iniciou o mandato em Março de 2007. Quais os projectos da direcção até final do mandato?

CS Continuar a reforçar o nosso papel no crescimento do Sindicato e garantir a sustentabilidade do nosso sistema de saúde. Continuar com a política de reforço de coesão sindical nacional. Os três sindicatos têm um âmbito regional e, por isso, sentimos a necessidade de ter uma federação nacional que tenha uma capacidade reivindicativa maior e possa reforçar o papel dos sindicatos na UGT. No sentido de continuar a dignificação e responder aos novos desígnios e novos tempos e pugnar por prestar mais e melhores serviços aos bancários e aos seus familiares.

dc: Tendo a crise tido origem no sector financeiro, como é que o Sindicato enfrenta as repercussões da crise?

cS: Os três sindicatos, através da Confederação Europeia de Sindicatos, na qual a UGT é filiada e da United Networking International, têm manifestado as suas preocupações. O que temos vindo a apelar é que as boas práticas sejam uma realidade no sector financeiro. No entanto, a Banca continua a ser exageradamente complacente com os seus gestores. O que exigimos é que haja contenção nos lucros aos administradores e que alguns deles devem ser repartidos, na justa proporção, pelos funcionários.

11 Sindicato dos bancários do centro

entrevista

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grande ManiFeStação nacional

1º de Maio conTra o deseMprego e pela Melhoria das condições laborais

o sindicato dos bancários do centro esteve, mais uma vez, presente nas comemorações do 1º de Maio, integrando a grande manifestação nacional contra o

desemprego e pela melhoria das condições laborais, promovida em lisboa, pela central sindical UgT.

Apesar do actual cenário de crise, a UGT entende que a data é para festejar, sem deixar cair a defesa do emprego, dos salários e a luta contra a pobreza e as desigualdades, decidindo assinalar o dia do Trabalhador com uma grande manifestação/desfile, onde estiveram presentes mais de 30 mil trabalhadores, ao som de palavras de ordem como «trabalho sim, desemprego não» e ao ritmo de bombos e concertinas.Depois do desfile, entre o Marquês de Pombal e os Restauradores, o Presidente e o Secretário-Geral da UGT, respectivamente João de Deus Pires e João Proença, falaram da luta que há 120 anos os trabalhadores de Chicago travaram pelas 8 horas de trabalho diário - cuja violenta repressão policial, justeza das reivindicações e os reflexos que tiveram a nível internacional, levaram à declaração do dia 1 de Maio como o Dia Internacional do Trabalhador - da situação socio-económica do país, da especulação internacional sobre os mercados financeiros, provocada ao longo da última semana pelas agências de “rating”, incentivando Portugal “a não se vergar a estes ataques”, e defenderam a necessidade de mais investimento público e privado para se poder crescer e, dessa forma, se estancar a perda de postos de trabalho.

Admitindo que o desemprego ainda vai aumentar mais, João Proença centrou a sua intervenção na necessidade de “se defender o crescimento dos salários para não se deprimir, ainda mais, a situação económica” afirmando que “existem alternativas ao PEC que a UGT quer discutir com o Governo”. O líder sindical saudou ainda “o diálogo entre o Governo e o maior partido da oposição”, dizendo que este tem de ter o objectivo claro de “melhorar a vida dos mais fracos”.

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sindical

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o distrito e a cidade da guarda estiveram, durante o segundo trimestre de 2010, no centro das atenções quanto à realização de actividades e acções levadas a

efeito no âmbito das comemorações dos 75 anos do nosso sindicato.

Além de uma reunião simbólica da Direcção, na cidade dos 5 efes [Fria, por ser uma das cidades mais frias de Portugal, Farta, devido à riqueza das suas terras, Forte, pela sua importância, com as sua muralhas e Torre de Menagem, na defesa da fronteira, na Idade Média, Feia, face às suas ruas antigas e Falsa, devido à traição do bispo durante a crise de 1383-1385), foram visitados todos os estabelecimentos bancárias do distrito, promoveu-se a Exposição “O 25 de Abril e a Liberdade Sindical”, que esteve patente na Câmara Municipal da Guarda, entre os dias 17 e 24 de Maio, e realizou-se um jantar convívio, em que estiveram presentes cerca de cem pessoas.A receptividade e a adesão dos associados, quer nos contactos estabelecidos aquando das visitas aos balcões, quer com a qualidade da exposição ou no jantar/convívio das celebrações no distrito foi muito boa.A inauguração da exposição, mostra iconográfica do encontro com a liberdade, foi honrada com a presença, entre outras personalidades, dos Senhores Governador Civil, António Santinho Pacheco, Presidente da Câmara, Eng.º Joaquim Valente e do Director da Agência da Guarda da Fundação Inatel, Álvaro Nunes e do Director Regional do Inatel Dr. Arménio Carlos.Nos discursos de circunstância então pronunciados, Carlos Silva e Aníbal Ribeiro, em nome do SBC, referiram os valores do sindicalismo democrático, da nossa Instituição enquanto organização de defesa dos direitos dos seus associados e de um trabalho digno para todos os trabalhadores, que continuam a ser fortemente penalizados nestes tempos de crise, para a qual não contribuíram.Carlos Silva referiu ainda, que continuam por cumprir muitas promessas que Abril anunciara, ao que em jeito de resposta, o Senhor Governador Civil, aquando do uso da palavra, respondeu que as pessoas também “têm que fazer por isso”, pois a democracia já lhes deu condições que antes não existiam. Santinho Pacheco regozijou-se ainda com a actividade do Sindicato, a forma como as comemorações estão a decorrer e a excelência da exposição, cuja qualidade enalteceu.Joaquim Valente, num discurso menos institucional, também ele sindicalizado, como teve o cuidado de referir, felicitou os representantes do Sindicato, enalteceu o seu papel social e a sua história e diz-se honrado pelo local escolhido para a exposição, “a casa do povo”.O jantar, durante o qual Carlos Silva e Aníbal Ribeiro se congratularam com a adesão dos associados e sublinharam os valores defendidos pelo sindicato, foi muito bem servido, decorreu de forma muito agradável, com o grupo de fados convidado a contribuir para um convívio e uma confraternização, que os presentes enalteceram.

ainda as coMeMorações dos 75 anos do sbc, na cidade da gUarda

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comemorações 75 anos Sbc

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congreSSo Fundador da ugt – guarda

anÍbal ribeiro eleiTo presiDenTe

congreSSo Fundador da ugt – viSeu

João melo, presiDenTe Da mesa

com a realização do congresso Fundador, que ocorreu no passado dia 10 de abril, a aprovação de estatutos,

programa de acção e tomada de posse dos órgãos eleitos, está formalmente constituída a ugt guarda.

Esta é uma aposta de descentralização da estrutura sindical, que procura assim estar mais próxima dos trabalhadores. Aníbal Ribeiro eleito presidente anunciou as bases de trabalho com que procurará defender os interesses dos trabalhadores no Distrito e prometeu lutar por “postos de emprego estáveis”, reafirmando a importância em “reforçar a representatividade sindical” dos trabalhadores e sublinhado que a partir de agora os trabalhadores podem filiar-se directamente na UGT Guarda. Referiu ainda a importância de “Cooperar com o Governo Civil, com as diversas autarquias, com vista à resolução de dificuldades de algumas empresas, e à defesa dos postos de trabalho e garantia de empregos estáveis” como objectivos da UGT Guarda. João Proença, secretário-geral da UGT, prometeu reunir três vezes por ano, com a UGT-Guarda, para que se avaliem melhor os problemas do distrito e defender os trabalhadores face às dificuldades de emprego, na negociação colectiva, na

administração pública, no sector empresarial do Estado e nas empresas privadas. Para João Proença, “a política de congelamento de salários vai contra a promoção de mais emprego”, considerando que “para crescer não é apenas necessário exportar. As empresas precisam vender mais no nosso mercado, e isso faz-se com aumento dos

salários”, tendo admitido mesmo que “a crise é mais profunda quando estamos num distrito fronteiriço como a Guarda”, referido a propósito a questão da Delphi, dizendo que o Governo e as entidades locais devem “criar alternativas de emprego” para quem fica sem ele.

realizou-se no passado dia 30 de Maio o congresso Fundador da ugt – viseu.

A reunião começou com uma intervenção do Presidente da UGT, João de Deus Pires, a tomada de posse da Mesa eleita para dirigir os trabalhos, cujo presidente é o nosso Colega João Melo e uma breve apresentação do Secretário-Geral da UGT, João Proença. Foram de seguida discutidos e votados os novos Estatutos da União e o programa de acção a desenvolver para uma intervenção sindical mais eficaz na região, razão de ser da criação destas organizações a nível regional.Após a tomada de posse dos órgãos eleitos da nova UGT-Viseu, que será presidida por Manuel Teodósio, em representação do Sindicato dos Professores da Zona Centro, e que inclui na sua Direcção o nosso colega Manuel António como 1º Vice-Presidente, para além de Silvino Vieira, membro do Conselho Fiscalizador de Contas do SBC e agora eleito para Vice-Presidente de órgão similar da UGT-Viseu, seguiu-se a sessão de encerramento do Congresso que contou com as

intervenções de João Melo, de Manuel Teodósio e novamente de João Proença, terminando este evento com um Seminário subordinado ao tema “Promover o Desenvolvimento e o Emprego de Qualidade”, com a presença e intervenções do Dr. Henrique Magalhães, do Dr. José Costa, respectivamente Vice-presidentes da Câmara

Municipal e do Instituto Politécnico e da Dr.ª Domitilia Costa da Autoridade para as Condições de Trabalho de Viseu.Marcaram presença neste congresso, entre várias personalidades, os presidentes da UGT-Coimbra e da UGT-Guarda, os nossos Colegas Carlos Silva e Aníbal Ribeiro.

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Sindical - Congressos

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vancouver, canadá

2º congresso munDial Da csi

decorreu em vancouver, no canadá, entre os dias 21 e 25 de Junho, o 2º congresso Mundial da

cSi, sob o lema “agora as pessoas – passar da crise à justiça global”.

A Confederação Sindical Internacional é a maior e mais importante organização sindical mundial, na qual a UGT está filiada e que se fez representar neste Congresso, que contou com a presença de cerca de mil delegados, pelo Secretário-geral João Proença e pelos vice-presidentes Delmiro Carreira e Carlos Silva, actual Presidente da Febase-Federação do Sector Financeiro. O Congresso, que se desenvolveu-se em vários painéis, entre os quais “…Até à justiça global”, com moderação do secretário-geral da CSI, Guy Ryder, e a participação de Paul Rasmussen, do Global Progressive Forum e Kumi Naidoo, da Greenpeace Internacional, teve como oradores convidados, entre outros, Dominique Strauss-Kahn, presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Helen Clark, responsável pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Durante os trabalhos foi discutida a actual crise mundial e as suas consequências para os trabalhadores, bem como as eventuais medidas para a ultrapassar, sempre com base na justiça social, as quais serão reivindicadas junto dos poderes instituidos. Foram também discutidas e votadas a estratégia a desenvolver pela Confederação no futuro imediato, a sua organização, bem como as resoluções do comité executivo, o que ocorreu no final do Congresso. Na sua intervenção João Proença, disse em nome da UGT de Portugal “apoiar as Resoluções Principais submetidas a este Congresso, que afirmam de forma clara e firme a luta sindical por uma globalização diferente e pelo combate à crise e ao insustentável nível de desemprego, cujo aumento continua a agravar a pobreza, a exclusão e as desigualdades”. Referiu ainda que “a ausência de regulação financeira fez do Mundo um gigantesco casino, em que se joga contra Países, moedas e empresas produtivas, com base em paraísos fiscais que muitas vezes dão cobertura ao crime organizado e à fuga ao pagamento de impostos”, que deu origem à actual crise, que só não é mais grave ainda face à resposta dos Serviços Públicos e do Estado. Para o Secretário geral da UGT , para quem crise mundial exige uma resposta sindical à mesma dimensão, centrada na CSI, “é indispensável regulação financeira e uma taxa sobre as operações especulativas, e que o FMI siga as declarações do seu Presidente e abandone políticas e intervenções monetaristas, privatizadoras e de desregulação que estiveram na origem da crise”. João Proença terminou o seu discurso felicitando a eleição da nova Secretária-Geral, Sharon e homenageando o antecessor Guy Ryder, que liderou a unificação do movimento sindical e demonstrou uma grande capacidade de liderança.

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Internacional

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conferência da UniMed eM coiMbra foi Marco hisTórico

ConFErÊnCia UnimED DE 27 a 30 DE maio

a cidade de coimbra acolheu de 27 a 30 de Maio, a conferência anual dos sindicatos oriundos dos países da área do Mediterrâneo, do sector financeiro da

Uni-europa finanças.

A escolha desta cidade foi originada pela sugestão apresentada na conferência do ano transacto, realizada em Malta, pelo Presidente do SBC, Carlos Silva, que instou os responsáveis da UNI-Europa Finance e dos sindicatos presentes, a aceitarem o convite para que a Conferência anual de 2010 pudesse ter lugar na nossa cidade, sob organização do nosso Sindicato e incluída nas comemorações dos seus 75 anos.Com uma presença relevante quer a nível de organizações sindicais, quer de personalidades, com destaque para os italianos Edgardo Iozia, Presidente da UNI-Europa Finanças, Barbara Pungetti, do DIRCREDITO UNI, Aleardo Pelacchi, da Falcri, Dante Barban, da FNA, Mauro Bossola e Angelo di Cristo, da Fabi, Alessandro Corsini, do SINFIA, Luciano Malvolti, da FIBA-CISL, Franca della Casa, da FISAC/CGIL – Itália, para os espanhóis José António Gracia Guerrero, da FES/UGT e Manuel Rodriguez Aporta, da COMFIA/CC.OO, para o grego Dimitris Tseggenes, do OTOE e para os Secretário Geral e Vice-Secretário Geral da FEBASE, respectivamente Carlos Silva e Delmiro Carreira, a conferência , que discutiu e analisou os efeitos da crise global e o papel do movimento sindical na nova conjuntura, abordou vários temas, em painéis tão diversificados como “Vendas e Ética”, “Depois da Crise- O Sector Financeiro na Europa e no Mundo””a Unimed e o Congresso Mundial da Uni/Nagasaki 2010” e “A Crise económica Global” .A nível dos convidados presentes, ente outros, são de referir o Governador Civil de Coimbra, Dr Henrique Fernandes, o Presidente da Fundação Inatel, Dr. Vitor Ramalho e o Director de Recursos Humanos do BES, Dr. Pedro Raposo, bem como o Secretário-Geral da UGT, João Proença.Coube a Carlos Silva, Secretário-geral da Febase, enquanto anfitrião, dar as boas-vindas aos participantes, traçando uma breve mas notável história da “Cidade do conhecimento”.Logo a seguir, o presidente da UNI-Europa Finanças, Edgardo

A maior fraqueza do sindicalismo é ser nacional, quando o capital é multinacional e só conhece e reconhece uma lei: a do lucro.

A Europa comprometeu-se a introduzir medidas de regulação financeira, o que não concretizou atempadamente, permitindo o reforço dos ataques do capital especulativo

Iozia, fez jus à amizade e ao conhecimento que tem do nosso País, acrescentando que Coimbra é também a “Cidade da tolerância e do respeito, reconhecida em todo o Mundo”. E exortou a que a UNIMED se tornasse a “grande universidade sindical do Mediterrâneo”, instituindo-se também como uma grande força política, capaz de ombrear com os decisores governamentais da região, na tomada de decisões, no que se refere a este importante sector de actividade económica.Para Edgardo Iozia “o grande desafio com que a Banca está agora confrontada é o de abandonar as práticas especulativas e de contribuir para o desenvolvimento da economia”, tendo terminado dizendo acreditar num “milagre laico”, que faça com que os Bancos acabem por compreender, no seu próprio interesse, que é necessário respeitarem a dignidade dos trabalhadores.

Tema central de discussão, foi a actual situação da Europa, e em especial da zona do Mediterrâneo, que atravessa um momento particularmente difícil com elevados custos para os trabalhadores, flagelados pelo desemprego e por medidas de uma grande dureza, como se fossem responsáveis pela crise.

“- edgardo Iozia,

Presidente da UNI-Europa Finanças

- João Proença, Secretário-geral da UGT

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Internacional

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Também a exigência de uma nova ordem para o sistema financeiro foi tema de análise e reflexão dos participantes, até porque a a UNI-Europa Finanças tem em curso uma campanha centrada num “código de conduta” sobre a venda de produtos financeiros que pretende fomentar o aparecimento de normas mais claras e transparentes, assentes no respeito pelos clientes e pelos trabalhadores.

“Vendas e Ética” foi precisamente um dos temas da Ordem de Trabalhos da reunião de Coimbra, sobre o qual intervieram, além de Pereira Gomes, um dos vice-secretários-gerais da Febase, que referiu que “Os Bancos precisam de continuar a vender produtos financeiros e os consumidores querem continuar a comprá-los. Só que as regras do jogo têm de mudar. A isto poderá chamar-se uma nova ética”, representantes de organizações sindicais de Itália e Espanha e o coordenador do Departamento de Recursos Humanos do BES, Dr. Pedro Raposo, que sublinhou que tudo poderia mudar se se introduzissem, no ensino, ensinamentos simplificados de matemática financeira, “porque todos irão ter de saber o que são juros, cartões de crédito, etc.” Por outro lado, “os produtos financeiros deveriam estar associados a cores, em termos de risco, ou, por exemplo, referenciados numa escala de 1 a 10., Os consumidores passariam assim, segundo ele, a estar muito mais conscientes nas suas opções.O Secretário nacional da FES/Espanha, José Antonio Gracía, sublinhou que “a crise ensinou os Bancos a serem mais espertos e a esconderem melhor as suas próprias crises da opinião pública: estão a ganhar agora mais, durante a crise do que na época da bonança”. Terminou com um apelo: “Temos de trabalhar no sentido de que os poderes políticos façam com que os reguladores modifiquem o estado de coisas a que se chegou”.A necessidade de mudanças claras no actual quadro regulatório e comportamental esteve em foco no painel subordinado ao tema “Depois da crise – o sector financeiro na Europa e no Mundo”. As intervenções dos dirigentes sindicais de Portugal, Itália e Espanha permitiram um enfoque local a um problema global.A abrir o painel, Delmiro Carreira, vice Secretário-geral da Febase, criticou aqueles que “apregoam que nada pode ficar como dantes mas que nada fazem para mudar o “status quo”, e os que dizem que estão a trabalhar no sentido de modificar a situação, embora tudo o que façam seja no sentido de que pouca coisa seja alterada”.Uma dúvida não subsiste: “os trabalhadores sabem é que a situação não pode ficar inalterada, sob pena de, dentro de pouco tempo, serem confrontados com uma crise ainda pior”.Manuel Rodriguez Aporta, do Departamento Internacional da Comfia (Comisiones Obreras), recordou que, desde o início da crise, mais de 500 mil trabalhadores do sector financeiro foram lançados no desemprego, e referiu entre outros temas, a necessidade imperiosa de

– “fiscalizar decididamente, a nível europeu, os bónus estratosféricos dos gestores bancários, reduzindo-os significativamente e diferindo-os no tempo”, bem como a eliminação dos paraísos fiscais.Ao iniciar o painel intitulado “A crise económica global”, o Presidente da Fundação Inatel, Vítor Ramalho, fez lembrar que esta é a primeira crise resultante da globalização, sendo “o resultado da implosão de um dos pólos da bipolarização em que o Mundo se encontrava dividido o que provocou - a aceleração dos espaços económicos supranacionais, como a Organização Mundial do Comércio, a universalização do conceito de democracia, sem tomar em consideração as especificidades de cada país;- a emergência de desenvolvimentos económicos impressionantes e impensáveis, como na China e na Índia, enquanto o Ocidente ia perdendo competitividade e - o envelhecimento da população, o que provoca questões como o financiamento da segurança social.” Com o mundo em mudança, “vamos entrar num novo paradigma de vida; as velhas respostas para os novos problemas estão condenadas ao fracasso; agora há que redefinir o papel do Estado e da Justiça, entre outras Instituições, sem o que podemos ver agravada a situação”. Neste aspecto, alertou para o caso alemão, em que 80% da população quer sair da zona euro – o que, se fosse concretizado, significaria o colapso do maior espaço económico e social mundial, com consequências imprevisíveis – enquanto o Reino Unido continua sem rumo e a Rússia, a China e a Índia se encontram cada vez mais fortes.João Proença, Secretário-geral da UGT, considerou que, passados já 18 meses sobre o início da crise, “se desencadeou um ataque brutal e especulativo à Europa e ao euro, com concentração na Grécia, em Portugal e na Espanha, embora a Europa tenha continuado a ser o

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Internacional

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maior exportador e importador mundial”. O problema é que “a Europa se comprometeu a introduzir medidas de regulação financeira, o que não concretizou atempadamente, permitindo o reforço dos ataques do capital especulativo”.E não poupou palavras: “De resto, a Europa regista uma brutal falta de liderança, falhando em toda a linha da coordenação económica e financeira. Só lhe resta uma solução: ser mais federal. Não pode continuar a ser totalmente dependente dos Estados Unidos, designadamente, como é o caso, na área da regulação. E por isso o movimento sindical precisa de estar unido, hoje mais do que nunca, para defender o Estado Social”.Os trabalhos incluíram ainda um painel centrado nas questões organizacionais internas, que se desenrolou sob o título genérico “A UNIMED e o Congresso mundial da UNI/Nagasaki 2010”.Também o Governador civil de Coimbra, Henrique Fernandes, se quis associar a este encontro, salientando a capacidade de auto-regulação e a vontade de diálogo que os Sindicatos da Febase têm vindo a evidenciar com todos os outros parceiros sociais, considerando que “este encontro alargado constitui um marco histórico para a vida do sindicalismo no sector financeiro europeu”.Além da partilha de conhecimentos e experiências, mas também das reflexões e debates, houve, como não podia deixar de ser, momentos altos de convívio e confraternização entre todos os que, a milhares de quilómetros uns dos outros, lutam pelos mesmos ideais em prol e na defesa dos trabalhadores, do direito ao emprego e de um tratamento digno.

Assim, ainda na sexta-feira, os participantes da conferência foram obsequiados com um jantar nos jardins das instalações do SBC da Rua Lourenço Almeida Azevedo, acompanhado de música ao vivo. No sábado, depois de uma visita a alguns dos lugares mais emblemáticos da cidade dos estudantes, tais como a Sala dos Capelos, antigos aposentos dos Reis, entre os séc. XII e XV, no então Paço Real das Alcáçovas e a Biblioteca Joanina, que deve o seu nome ao monarca sob cuja égide se verificou a sua edificação: D. João V, o Rei Magnânimo, como historicamente ficaria conhecido, em legítima consagração da sua acção mecenática, foram percorridas as Caves Messias, na Mealhada, observados os ciclos da produção e conservação dos vinhos, nas quais foi servido o almoço, cujo prato principal foi o tradicional leitão assado à moda da Bairrada, acompanhado de espumantes brancos e tintos.Depois do almoço, que terminou com uma sessão de Fados de Coimbra, pelo Grupo San’Tiago – “Sons da Alma”, com excelentes interpretações de Joaquim Afonso, nosso colega reformado do Banco BPI, ainda se visitaram o Palácio e Museu do Buçaco, antes de se seguir para a Figueira da Foz, onde o jantar compreendia vários tipos de peixe assado. Escusado será dizer que foi unânime o encantamento de todos o presentes, o que levou mesmo, um deles, Manuel Rodriguez Aporta, das Comisiones Obreras de Espanha a afirmar que este tinha sido o Congresso melhor organizado em que alguma vez tinha participado.Tratou-se de uma jornada de extrema relevância para o movimento sindical internacional, designadamente no que ao sector financeiro diz mais directamente respeito.

Nota:Alguns excertos desta reportagem, assim como o título, foram retirados do artigo publicado na Revista Febase de Maio, da autoria dos jornalistas Inês F. Neto e Francisco José Oliveira, o que, desde já, se agradece.

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PaRa colegaS na SItuação de RefoRma:

1 - Competências de Base em Tecnologias da Informação, em Coimbra, de 28 de Janeiro a 26 de Fevereiro;Ouvimos a opinião de alguns dos participantes, cujas opiniões a seguir transcrevemos:“Foi muito bom, aprendi imensas coisas. O curso é explicado e mostrado, achei bastante útil”, disse-nos Joaquim Carvalho Neves Soares; A Colega Olga Maria Joaquim, também se mostrou satisfeita e referiu-nos: “Eu gostei do curso, era aquilo que esperava, vem na continuação do curso anterior que fiz. Entendi perfeitamente o programa e os caminhos. Houve muito bom ambiente na sala e o formador é excelente e muito conhecedor”.

2 - Competências de Base em Tecnologias da Informação, em Viseu, de 02 de Março a 26 de Março;

3 - Competências de Base em Tecnologias da Informação, em Leiria, de 09 de Abril a 30 de Abril;

4 - Word – nível I – prático em Coimbra de 12 de Abril a 05 de Maio - “O curso foi muito bom, o professor explica muito bem, os passos são muito bem dados e a sequência está muito bem. Consegui aprender o Word e só tenho pena de não ser feito outro curso já a seguir”, disse-nos a Colega Maria Antonieta Costa S. N. Afonso Santos; - “Gostei do curso e tive oportunidade de acrescentar os conhecimentos que necessitava que me irão beneficiar nos meus trabalhos, dado que usava mais empirismo e tinha as suas consequências”, foi a opinião manifestada por António Coelho Dinis Tejo.

5 - Word – nível I – prático em Coimbra de 17 de Maio a 09 de Junho “Correu bem, não aprendi aquilo que eu queria por minha culpa, porque não treinei em casa o suficiente, mas foi muito positivo”. (Maria de Lurdes Oliveira Lucas Rito) “O curso correu bem, é interessante que pessoas como eu que na parte do Word estava em branco, pois no banco o meu trabalho era muito específico na área do crédito com programas adequados e não praticava o Word e quando praticava já estava pré-definido, por isso com este curso tive a vantagem de dar os primeiros passos na preparação de uma carta”, António Moreira Silva

6 - Word – nível I – prático, em Viseu, de 27 de Maio a 29 de Junho

PaRa colegaS no actIVo:

7 - Sistema de Normalização Contabilística, em Coimbra, de 06 de Maio a 02 de Junho “Foi interessante, serviu para aprofundar os conhecimentos adquiridos”, disse-nos Isabel Maria Gomes da Silva; Gostei bastante pela forma como foram dados os conteúdos e a dinâmica de como foi apresentada a formação. Márcia Margarida Lopes Duarte Figueiredo

8 - Língua Inglesa – Relações Laborais – Aprofundamento – Chão da Parada – Caldas da Rainha – de 07 de Maio a 02 de Julho.Esta acção decorreu em horário pós-laboral e contou com a participação de 16 formandos. Ouvida a sua opinião, manifestaram o seu agrado, fazendo referência ao bom relacionamento do grupo, bem como às qualidades do formador e mostraram a maior receptividade e desejo que o Sindicato organize mais acções de formação.

curSoS deSde o início do ano

FORMAÇÃO

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formação

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Numa iniciativa da Comissão Instaladora da Comissão de Reformados, realizou-se no dia 20 de Maio, com 52 participantes, colegas reformados e acompanhantes, de

Coimbra, Viseu e Figueira da Foz, um passeio à Quinta da Paiva -Miranda do Corvo.Semide foi a primeira paragem, onde nos foi proporcionada uma visita guiada à Igreja do Convento de Santa Maria, que nos permitiu saber um pouco mais do que foi aquele mosteiro mandado construir por D. Afonso Henriques. Após uma volta pelos Claustros, donde se avista o espaço agrícola e partimos para Gondramaz, aldeia integrada nas Aldeias de Xisto. Exemplo vivo da recuperação que tem sido feita nestas aldeias quase abandonadas, mereceu de todos uma nota de muito apreço pelo magnífico trabalho de restauro e dinamização.Chegados, entretanto à Quinta da Paiva, esperava-nos um excelente almoço, no restaurante do Parque, espaço muito acolhedor e agradável. Saciados partimos para a visita, à Quinta, também Parque Biológico da Serra da Lousã, que resulta de uma parceria entre a ADFP e o Município de Miranda do Corvo, projecto este que obteve o 1º Prémio do Concurso Nacional para o European Enterprise Awards/Prémio Internacional de Empreendedorismo, na Categoria de Investimento Humano, atribuído pelo Ministério da Economia / IAPMEI.Este é um projecto sustentável em termos económicos e ambientais e que aposta na coesão social e tem por objectivo criar emprego e actividades ocupacionais para pessoas vítimas de exclusão, desempregados de longa duração, deficientes ou doentes crónicos, integrando, promovendo a igualdade e a dignidade humana, incentivando a biofilia e a paixão pela natureza. Os trabalhos realizados no Museu Vivo de Artes e Ofícios Tradicionais (olaria, tapeçaria, cestaria e vime) são exemplo de oportunidades de integração de pessoas com diversos tipos de deficiência ou doença crónica.O Centro Hípico para além de uma actividade lúdica e desportiva, gera postos de trabalho no tratamento de cavalos, promove a hipoterapia e a equitação adaptada. A prova do sucesso é um cavaleiro deste Centro Hípico ter representado Portugal em Atenas em 2004, a primeira representação nacional nos jogos paralímpicos.

O visitante não só pode divertir-se, aprofundar a biofilia, apaixonar-se pela natureza, aprendendo a valorizar o ambiente, como apoiar um projecto que integra trabalhadores deficientes, associando a ecobiótica a fins terapêuticos como hipoterapia com deficientes e terapia ocupacional com pessoas com doença mental.Durante duas horas percorremos os caminhos que nos levam a ver animais como a lontra, o javali, a águia, o corso, e tantos outros e também as hortas e pomares cuidadosamente cuidados, bem como as oficinas de artesanato e o posto de venda dos produtos. A visita terminou com a certeza de termos enriquecido o nosso conhecimento e termos tido umas horas de franco e salutar convivo.

Até à próxima...

Revista de Informação20

c. I. comissão de Reformados - Passeios culturais

“Visita ao Mosteiro de Semide e passeio à Quinta do Paiva”

José Costa [email protected]

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Porque viajar é uma necessidade que toca a todos, munimo-nos de “armas e bagagem” e partimos rumo ao aeroporto de Barajas em Madrid. Timidamente, porque era um grupo

grande (64 pessoas) fomo-nos conhecendo e fazendo conversa… viagem de autocarro longa…de noite! Uma pane no autocarro que nos transportava fez-nos pensar por momentos que iríamos adiar a nossa aventura. Valeu-nos a sorte ! Chegámos mesmo em cima da hora e …dentro de um “gigante” Jumbo descolámo-nos para Atenas, só com um desejo… embarcar …embarcar!Atenas, Grécia,…cais de embarque… alguma azáfama com os procedimentos inerentes a um cruzeiro! Quase já nos conhecíamos todos… neste momento já sorriamos sempre que nos cruzávamos.E … no lado de lá o M/V Zenith!!! Um hotel ambulante de dimensões enormes! entrámos, acomodámo-nos e zarpámos para uma semana a navegar através do azul turquesa do mar Adriático. Primeiro destino a Croácia - Dubrovnik (cidade com uma baía lindíssima e muita história) seguido de Veneza, onde a pé percorremos as suas estreitas ruas e atravessámos algumas das 420 pontes. Experimentámos também a sensação maravilhosa de nos deslocarmos de Gôndola, numa passeio nocturno, onde à falta de musica italiana entoámos fados de Coimbra. Chegádos a Brindisi. Fomos conhecer a cidade, com muralhas, igrejas e ruas de empedrado, carregadas de um ambiente tipicamente do Sul de Itália, que abrasava de tanto calor, havendo registos de 51 graus célsius. Já de novo na Grécia, em Katakolón, desembarcámos e veraneámos pelos arredores, pela praia de areias escuras mas águas límpidas, numa carroça típica. A tarde foi para compras!!! E de novo Atenas, com muito calor e um sol abrasador, mesmo às 9 da manhã, para fazermos um périplo pela Acrópole, onde apesar das actuais obras de restauro se respira muita história! Ao final do dia iniciámos o regresso a casa! O Navio “Zenith” é um misto de elegância e conforto que a todos apraz. Sente-se um clima de intimidade aliado a um toque de luxo e distinção. Design moderno, decorações aprazíveis, acessibilidades suaves, gentes de grande amabilidade… o sonho tornado realidade!!! As tais férias inesquecíveis que sempre desejamos!Desfrutámos durante oito dias de um serviço de refeições de grande qualidade, pequenos-almoços, snacks, almoços, lanches, tapas, jantares e buffets de meia-noite, que incluíam todas as bebidas, águas, sumos, cafés, refrescos, cervejas, vinhos, licores e combinados, sem limites e em todos os bares, restaurantes e discoteca do navio.Fizemos novos amigos, reforçamos amizades, conhecemos outras realidades, enfim uma semana de SONHO! Como apelidar esta viagem?Fantástica!! Maravilhosa!! Deliciosa!! Repetível!

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departamento tempos livres - Viagens

SBC em “Cruzeiro ronda Veneziana”-7 a 14 de Junho

João [email protected]

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TIRO

Xiv Final nacional inTerbancária De Tiro aos praTos José coelho (mbcp/sbn), Foi o granDe venceDor

Com a presença de 26 atiradores, 4 do SBC, 8 do SBN e 14 do SBSI, realizou-se em Ovar, no Clube de Caça e Pesca daquela cidade, no passado dia 26 de Junho a final nacional de tiro aos pratos.

A prova, realizada na variante de fosso universal e constando de 3 pranchadas por cada participante (3 séries de 25 pratos), foi muito disputada tendo que se recorrer ao desempate para apurar o vencedor absoluto.José Coelho (Mbcp/SBN), ao registar, nas 3 pranchadas, 71 pratos partidos (24 + 25 + 22) em 75, levou no desempate de vencida, Custódio Pereira (BST/SBSI) que também tinha partido idêntico número de pratos (24 + 23 + 24).Os representantes do SBC tiveram comportamento meritório, tendo António Joaquim Teixeira Campos (Mbcp), com 61 pratos partidos, obtido o 19º lugar, seguido de José Manuel Lourenço Louro (BES), com 60, no 20º, Victor Manuel Rasteiro Vaz (BBVA), também com 60, no 21º lugar e de Carlos Adriano Duarte Coelho (Mbcp), com 59, no 23º lugar.A XV Final Nacional de Tiro aos Pratos, em 2011, terá lugar na área do SBC.

comISSão InStaladoRa da comISSão de RefoRmadoSSIndIcato doS bancáRIoS de centRo

CUrSo DE artES DECorativaS

Esperamos muito em breve, retomar o funcionamento do Curso de Artes Decorativas. Se estás interessado(a), ou tens na família quem o esteja, eis a oportunidade: não a desperdices.

WorKSHoP DE CoZinHa SaUDávEL

De igual modo, levaremos a efeito, experimentalmente numa primeira fase, um “Worshop “. A continuidade, dar-se-á em termos de curso, digamos, em função da adesão.

Esperamos a melhor receptividade, dos associados e familiares, para as iniciativas formuladas e a levar à prática.Informa-te, ou faz, desde já, a tua inscrição através de:

E-mail. - [email protected] [email protected] telemóveis: - 962673695 ou 919882088 ou 917666076telefones: - 239714365 ou 239852340

A fim de organizarmos cuidadosamente, em tempo de pausa, as propostas elencadas: a pintura já em funcionamento, como é conhecido e as outras, a implementar, queiram com a brevidade recomendável, dar-nos a conhecer as vossas as vossas intenções. Pela Comissão De Reformados

António Coelho Dinis Tejo

c. I. comissão de Reformados - actividades

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departamento tempos livres - desporto

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FUTSAL

XXXiv Torneio nacional inTerbancárioo “clube millennium bcp” apuraDo para a Final nacional

o “clube Mllennium bcp” de coimbra, disputou nos passados dias 4, 5 e 6 de Junho, na cidade de évora, conjuntamente com as equipas apuradas na área do

sbn, o bpi-porto e as duas equipas apuradas na área do sbsi, o “Team foot” e o “Uniteam” de lisboa, a final nacional deste XXXiv Torneio nacional interbancário.

Com os jogos a serem realizados no Pavilhão Gimnodesportivo D. Bosco, nos Salesianos, depois de um jogo muito disputado e equilibrado a equipa do Centro perdeu o 1º jogo por 1 – 0 com o Uniteam. Na disputa dos 3º e 4º lugares, depois também de um jogo bastante vivo, e da equipa do Club Millennium BCP ter estado a vencer por 3-1, veio ao de cima a maior experiência do Team Foot, a quem a sorte também acompanhou, que no prolongamento acabaram por dar a volta ao resultado para 3-4.Saiu vencedor do torneio a equipa do BPI Norte, que bateu o Uniteam por 2 – 1.Embora a sorte nada quisesse com ela, a equipa representante do SBC teve um bom comportamento, ganhou o Troféu Disciplina e teve no seu atleta André Cardoso, o melhor marcador do torneio.O torneio encerrou, em excelente ambiente de camaradagem, com a entrega de prémios e almoço no Évora Hotel, em que discursaram por parte da organização Manuel Camacho e Delmiro Carreira, e pela Febase o seu Secretário-geral e Presidente do SBC, Carlos Silva. Estiveram presentes em representação do SBC (Tempos Livres), os colegas Francisco Carapinha e António Guiné.

Final nacional em Évora

Lembramos que o “Clube Millennium BCP”, tinha ganho o direito a disputar a final em meados do mês de Maio, quando em Viseu venceu o Torneio Regional de apuramento. Na primeira meia-final, ganhou aos “Os Viriatos”, de Viseu, por 3 – 0 e na final, num jogo muito vivo, bem disputado e com resultado incerto até ao último minuto, derrotou “Os Mesmos”, da Guarda, por 3 – 2, com golos de Paulo Alves (2) e de Miguel Lourenço para os vencedores e de Marco Gaspar e Nuno Ramos para os vencidos.

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departamento tempos livres - desporto

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75anos

três quartos de século1935-2010

a unir gerações de bancários...!c. I. comissão de Reformados - escola de Pintura

No passado dia 3 de Junho teve lugar, no Hotel D. Luís, em Coimbra, a inauguração da já tradicional exposição anual dos trabalhos desenvolvidos na Escola de Pintura do Sindicato

dos Bancários do Centro, que funciona nas instalações da Rua Lourenço de Almeida Azevedo.O acontecimento que contou com a presença do Presidente da Direcção do Sindicato, Carlos Silva, da orientadora artística Mia Dinis, do responsável directo pela Escola, António Tejo, de muitos alunos, artistas, colegas bancários e público em geral, suscitou vivo interesse pelo conjunto das obras expostas.Patente ao público durante todo o mês de Junho, trata-se de uma mostra plural e rica, com uma grande diversidade e espontaneidade, o que dignifica os seus autores e o Sindicato.

ESCOLA DE PINTURA DO SBC

eXposição De Trabalhos no hoTel D.luis

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Centenário da Implantação da RepúblicaNumária: O Papel-Moeda 1910 – 2010

dois escudos e cinquenta centavos

Luís Manuel [email protected]

Como se tem vindo a verificar com outros valores de pequena monta, a criação deste tipo de nota foi também ele motivado pela escassez de espécie metálica, que se fez sentir durante e

após a 1ª Guerra Mundial (1914-1918).

A frente assenta sobre um fundo impresso tipograficamente em íris vertical, verde e lilás na parte central, esbatendo para verde e amarelo nas laterais, vendo-se estampado em tom escuro, o desenho principal, que é composto pela efígie de D. Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável (1360-1431), as legendas do Banco de Portugal, o valor da nota, DOIS ESCUDOS E CINQUENTA CENTAVOS, e ornatos de guilhoché em linha branca. O verso tem um fundo tipográfico, em gravura mecânica, impresso a vermelho ao centro e verde nos lados. Sobre este fundo vê-se estampado calcograficamente todo o desenho, a preto, que inclui a figura simbolizando a Geografia, legendas e ornatos de guilhoché em linha branca.

Os preparativos da estampagem das notas foram da execução da firma inglesa Bradbury, Wilkinson & Co. Ltd, de Londres, excepto a gravura de D. Nuno Álvares Pereira, que foi fornecida pelo Banco. O papel é do fabrico dos papeleiros franceses Société Anonyme des Papeteries du Marais et de Sainte-Marie, apresentando como marca de água, à esquerda, uma cabeça alegórica de perfil para o centro. A dimensão da nota é de 135x90 mm. A primeira emissão é de 22 de Dezembro de 1920 e a última de 24 de Agôsto de 1923. Esta nota foi retirada de circulação em 24 de Junho de 1929.Mas quem foi esta ilustre personagem portuguesa do século XIV?D. Nuno Álvares Pereira, nasceu em 24-06-1360, pensa-se que em Cernache do Bonjardim e faleceu em Lisboa em 01-11-1431; filho de D. Álvares Gonçalves Pereira, prior da Ordem do Hospital, e de Íris Gonçalves. Casou no ano de 1376 com Leonor de Alvim.

Foi um notável estratega militar do século XIV, apoiando logo de inicio as pretensões do Mestre D. João de Avis, à coroa portuguesa, devido à crise que se instalou com a morte do rei D. Fernando I, em virtude de este não ter deixado filho varão. Esta crise provoca uma guerra com Castela, pela sucessão ao trono português (1383-1385), que teve como desenlace cinco batalhas, em que, D. Nuno Álvares Pereira, mostrou as suas capacidades inatas de combatente, de chefe e génio militar, em especial na célebre batalha de Aljubarrota, onde aplicando tácticas e técnicas de guerra, como a defesa em quadrado, lhe permitiu uma estrondosa vitória sobre o inimigo, este, em muito maior número, permitindo assim, o fim do conflito com Castela, e por conseguinte a perda definitiva desta, ao direito à coroa portuguesa. O nome das batalhas por ordem cronológica, formam a palavra ATAV, fácil de memorizar: A- Atoleiros; T- Trancoso; A- Aljubarrota e V- Valverde. Da sua descendência com D. Leonor de Alvim, advieram três filhos, destacando-se Dona Beatriz Pereira de Alvim, que casou com D. Afonso, primeiro Duque de Bragança, que deu origem à Casa de Bragança, que viria a governar Portugal durante três séculos. No ano de 1423, após a morte de sua mulher, ingressa no Convento do Carmo, tornando-se carmelita, adoptando o nome de Irmão Nuno de Santa Maria, aí vivendo até à sua morte a qual ocorreu no ano de 1431.Foi beatificado em 23-01-1918, pelo Papa Bento XV, e canonizado,

em 26-04-2009, pelo Papa Bento XVI; A curiosidade a reter consiste na coincidência do nome dos papas, nos actos de beatificação e de canonização, passados que foram mais de 90 anos.

A título de curiosidade esta nota de 2$50 (dois escudos e cinquenta centavos), seria equivalente à actual moeda de 1,25 cêntimos. Uma outra curiosidade, que poderemos ter em relação aos últimos sistemas monetários e às suas equivalências: O euro como moeda fiduciária entrou em circulação em 01-01-2002, tendo o escudo entrado em circulação após a Implantação da República (05 de Outubro de 1910), com a criação do decreto que o criou, em 22 de Maio de 1911; coabitou conjuntamente com as moedas e notas de reis, durante cerca de 30 anos, finalizando, as moedas, o seu ciclo em 28 de Fevereiro e as notas em 31 de Dezembro de 2002, o que corresponde a uma coabitação de 58 dias para as moedas e 365 dias para as notas, com as moedas e notas de euro. [1 Euro = 200,418 escudos = 200.418,000 reis].

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numária

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75anos

três quartos de século1935-2010

a unir gerações de bancários...!

[...]Quando o comprador não era conhecido ou o vendedor tivesse algumas dúvidas, recorriam a um “homem bom” pessoa honrada e de prestígio no meio que, ao aperto de

mão dos intervenientes colocava a sua mão em cima e validava o negócio, dizia-se que cortava o compromisso[...]

26 Revista de Informação

“Estou Apreensivo”

Razões pergunto-as a mim mesmo e apenas uma resposta eu encontro: o presente é para mim um desencanto total, pois, semeei sonhos e alguns anos depois colhi frustrações. Neste

estado de espírito que esperar do futuro?Já que não posso voltar ao ventre materno, de onde nunca devia ter saído, resta-me mergulhar no passado, na infância, já que aí imperava a inocência e a confiança nos outros o que, na maioria dos casos, me permitia ser feliz.Naturalmente tenho recordações de vários sítios, começando por Vale de Açores, Mortágua.A casa dos meus avós situava-se num cabeço donde se contemplava todo o vale das gândaras mas, qual encanto, observava alguns quilómetros da via-férrea e, obviamente o engenho mágico que era o comboio. Mal ouvia ao longe o apito do comboio. Mal ouvia ao longe o apito do comboio saltava logo e corria em direcção do lugar do meu encantamento. Conhecia todas as máquinas mas era a da série 900, a do Sud-Expresso, que me lavava ao delírio. Para minha alegria quando algum familiar tinha de ir à estação, perfilava-me para ser seu acompanhante. Não eram as saudades de alguém que chegava, mas sim ver a máquina de perto. À época a locomotiva tinha de ser abastecida de água já que as máquinas eram a vapor. Nesse espaço falava com o maquinista, que já me conhecia, pelas diversas vezes que ia à estação e falava-lhe da máquina como de um familiar muito querido. Quando o comboio abalava com ele iam os meus sonhos e o desejo de o ver de volta. Para minha felicidade essa máquina está exposta em Vilar Formoso.Não serei, por certo, um ser diferente daqueles que tiveram a sorte de viver na aldeia.Para além desta situação o meu mundo não se acabava.O ar puro enchia-me os pulmões, a paisagem era uma beleza rara, o céu muito azul, o Sol irradiava uma luz clara, cujos raios, por entre os pinheiros que envolviam o sítio, me proporcionavam uma rara beleza, ainda mais quando a luz solar atravessava a neblina matinal.Quantas vezes eu gritava com toda a força e a voz me era devolvida, para gozo daquele pequenote que se entretinha sozinho brincando com a natureza. Ao longe ouvia o balir das ovelhas, o relógio da igreja, ou, ainda, uma sirene de alguma fábrica das muitas que por ali existiam dedicadas à transformação do pinheiro.Admirava a beleza dos prados, o cheiro do mato, o odor acre do fumo e até das noites de lua cheia. O coaxar das rãs e dos sapos, barulho dos grilos e dos ralos serviam para me adormecer.O meu fascínio era o dia de feira.Logo pela manhã, quando a fuga me era permitida, lá ia eu pelo atalho mais directo, saltitando e cantarolando, excepto quando o

sibilar de alguma cobra me interrompia momentaneamente a voz.As feiras tiveram um papel importante sob o ponto de vista social e cultural. As pessoas que viviam o seu dia a dia no campo, vergados ao peso da sachola, aproveitavam esse tempo para se divertirem, ver os amigos, dar largas ao seu instinto de sociabilidade bem como adquirirem os bens necessários até à próxima feira.O espaço era amplo. Numa zona prosperavam as tendas com artigos muito diversos. Estava dividido em ruas paralelas por onde o povo deambulava segundo os seus interesses.Os tendeiros eram quase sem pré os mesmos já que adquiriam uma licença anual para ocupar um lugar que, previamente, era sorteado. Havia ainda, ao lado das tendas, vendedores de ocasião. Estes exponham os seus produtos agrícolas, aves vivas, albardas, e até por vezes, ciganos a venderem cestaria de vime.Num espaço mais afastado, mas não menos concorrido, havia bois já cangados e outros que ainda não tinham sido. Os frequentadores

daquele espaço apertavam frequentemente as mãos. Vim a saber mais tarde que era a palavra de honra. Era a palavra dada, era o compromisso do comprador perante o vendedor quando o primeiro não tinha parte ou todo o dinheiro do negócio e era, igualmente o compromisso perante a sociedade. Era de tal forma importante aquele acto, que, mesmo que o devedor morresse os seus herdeiros cumpriam religiosamente o compromisso da pessoa de quem herdavam os bens, pois, se tal não acontecesse rapidamente se espalhava pelas redondezas que certa pessoa ou pessoas faltaram à palavra e assim se acabava o crédito. O crédito era importante, pois que dependendo as pessoas dos produtos da terra, só após os venderem

pagavam as suas dívidas e isso acontecia pelo S. Miguel.Quando o comprador não era conhecido ou o vendedor tivesse algumas dúvidas, recorriam a um “homem bom” pessoa honrada e de prestígio no meio que, ao aperto de mão dos intervenientes colocava a sua mão em cima e validava o negócio, dizia-se que cortava o compromisso…Hoje as feiras ou desapareceram ou deixaram de ter a importância que tiveram, sendo excepção algumas feiras anuais de cariz religioso.A estrutura agrícola e rural dos anos 50 desapareceu.As diversas causas da evolução migratória e a mobilidade associada. O mundo rural esvazia-se do que era seu e rende-se ao que vem de fora. As pessoas emigram para o estrangeiro ou deslocam-se para os grandes Centros do litoral. Perdem-se assim: pessoas, rebanhos, gado de trabalho, abandonam-se os campos e práticas agrícolas.Que saudades tenho desse tempo, Palavra de Honra.

Álvaro [email protected]

entre nós

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27 Sindicato dos bancários do centro

Temos para nós que, em Portugal, o volume do desemprego e a incorrecta e injusta distribuição da riqueza, com dois milhões de pessoas a viverem abaixo do limiar da pobreza, constituem o

maior e mais grave problema social. Se incidirmos, agora, a nossa atenção na problemática do desemprego e se recordarmos que na última década do século passado vivíamos uma situação de quase pleno emprego e que hoje já ultrapassa a fasquia dos 10% da população activa, teremos a noção exacta do real problema que a sociedade portuguesa enfrenta. Se a esta situação acrescentarmos que se praticam em Portugal salários extremamente baixos, que os nossos trabalhadores possuem um nível de qualificação dos mais baixos de toda a Europa, que possuímos um sistema de Segurança Social altamente deficiente, agravado com a crise financeira que nos atravessa, temos todos os ingredientes para afirmar que estamos perante uma crise social de dimensões enormes cujos contornos não vislumbramos.

É incontornável que a crise económica internacional aumentou de maneira exponencial o nosso desemprego, agravado por sermos uma economia pequena, aberta ao exterior e dele dependente, que sobrevive em muito das exportações. Porém, já vinhamos a assistir, anteriormente, ao estagnamento da nossa economia, com os sucessivos governos mais interessados no controlo do défice orçamental em detrimento do desenvolvimento económico e da reconversão da nossa economia, que até finais do século passado se traduzia em mão de obra maciça e pouco qualificada, com o Estado a mostrar-se incapaz de proceder a uma verdadeira reestruturação da nossa economia.Ainda em finais do século passado, era através da velha política cambial, com o escudo ancorado ao marco que a economia ia sobrevivendo, procedendo-se à desvalorização do escudo para controlo da inflação, provocando ao mesmo tempo a nível interno uma estrutura de custos elevada, expondo o sector dos bens exportáveis à competição de custos europeia. As empresas portuguesas encontravam-se, desta forma, impossibilitradas de aumentar os preços dos seus bens mas sofriam, a nível interno, uma estrutura de custos mais elevada do que as economias europeias, com excepção dos salários cuja estrutura de custos se manteve invariável. Mas com a adesão au Euro a economia portuguesa foi perdendo ritmo e competitividade, que por sua vez nos arrastou para o endividamento externo que tanto nos assusta. Há saída para a crise? Se não estivermos obcecados com os défices que muitas vezes constituem males necessários, se a nossa frágil economia não for apoiada e dinamizada, vamos continuar a assistir ao aumento do desemprego. Se não corrigirmos os níveis de desperdício, se o investimento público não for dinamizado, se do lado da receita nada for feito, se a despesa continuar a aumentar, principalmente em sectores não reprodutivos, então, aí sim, estamos condenados a ter grandes dificudlades em vencer a crise e o desemprego.

Poderíamos enumerar algumas medidas, quer do lado da receita, quer do lado da despesa, que poderiam ajudar a alavancar a nossa economia. Porém seria fastidioso e nada acrescentaríamos ao rol das que os arautos da nossa praça têm vindo a enumerar. Mas gostaríamos de acrescentar que na zona euro existem grandes distorsões que precisam de ser corrigidas, como o que acontece com a economia alemã, com grandes excedentes externos, obtidos em grande parte, como contra ponto de economias com grandes défices externos, como acontece com as economias portuguesa, grega e espanhola.Assim, vamos ter que esperar pela recuperação económica internacional, para que, lentamente, as nossas exportações possam vir a ser absorvidas por esses mercados, já que pelo lado do consumo interno não vai ser fácil que este factor venha a ter alguma importância nessa recuperação e por consequência no abaixamento do desemprego. A não ser assim, alguns países poderão ter que sair do euro para poderem ganhar margem de manobra jogando com a política cambial, mas esta saída nunca poderia constituír uma solução e poderia conduzir-nos a uma espiral ainda mais recessiva.Há algumas alternativas que nos podem ajudar. A especulação financeira não deve ser facilitada, devendo ser taxada, o que já acontece em alguns países mas que em Portugal incide só sobre particulares, deixando de fora as sociedades gestoras de capitais. Devem ser proibidos e interditados os Credit Default Swaps que constituem a fonte de especulação sobre os títulos da dívida pública. Os estados membros europeus devem financiar-se junto do Banco Central Europeu e abandonar o endividamento junto dos mercados financeiros e devem os bancos nacionais ser obrigados a deter um montante de dívida pública, à mesma taxa de refinanciamento de que eles próprios beneficiam. Deve ser criado um fundo europeu de harmonização a fim de substituir o princípio da concorrência O fim da crise será o regresso ao pleno emprego com a criação de empregos social e ecologicamente uteis e ainda à redução da duração do trabalho No campo económico e da reconversão da economia devemos estar atentos às novas proposta de um “New Deal” verde, vindo da parte de alguns economistas que propõem um forte investimento público na área ambiental, gerador de empregos, articulado quer com agentes privados, quer com instituições públicas e universidades, com a grande vantagem de daí advir uma economia ambientalmente mais eficiente.

Neste contexto, mesmo em termos de solidariedaxde europeia não vislumbramos grandes melhorias, pois a reacção à crise grega e portuguesa revelaram total incapacidade dos governos europeus de implementarem políticas de cooperação entre países. Assim tememos que cresçam grandes movimentos populares de resistência aos planos de austeridade.

“Desemprego e a Situação Económica”

Sequeira [email protected]

este nosso mundo

migrant mother”, uma das fotos americanas mais famosas da década de 1930, mostrando florence owens thompson,

mãe de sete crianças, de 32 anos de idade, em nipono, califórnia, março de 1936, em busca de um emprego ou de

ajuda social para sustentar sua família. Seu marido havia perdido seu emprego em 1931, e morrera no mesmo ano

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O rio Côa constituiu um marco importante no delinear da fronteira entre o Reino de Leão

e o território português, até que em 1297, o tratado de Alcanizes, reconhecia a posse

portuguesa das chamadas terras de Riba-Côa.

75anos

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28 Revista de Informação

área do nosso Sindicato

Neste número da nossa Revista de Informação, por se enquadrar no período em que as comemorações dos 75 Anos do Sindicato dos Bancários do Centro se inserem no Distrito da

Guarda, pretendemos exaltar estas maravilhosas terras tão longínquas dos media quão dos centros de decisão.Podíamos fazê-lo, escrevendo sobre o percurso do Rio Côa até à sua junção com o Douro e sobre o maior complexo, ao ar livre, de arte rupestre do Paleolítico conhecido no mundo, onde o homem há mais de 20.000 anos gravou nas suas rochas xistosas milhares de desenhos; ou sobre a Serra da Marofa, a poente de Figueira de Castelo Rodrigo, que constitui um admirável miradouro sobre as terras do Côa e cujo cume atinge os 975 metros, coroado por uma capela e uma estátua do Cristo-Rei; ou ainda sobre Castelo Rodrigo e da capela românica, dedicada a Nossa Senhora de Rocamador, mandada erigir no séc.XII para apoiar os peregrinos que, de toda a Europa, se dirigiam a Santiago de Compostela. No entanto, vamos falar de Almeida, cidade fortaleza, de forma hexagonal e do seu concelho, cuja multiplicidade de fronteiras culturais, históricas e paisagísticas nos fazem recordar um passeio por aquelas paragens, há alguns anos.Exibindo vestígios da presença humana desde o paleolítico, passando pelas referências castrejas da Idade do Bronze e do Ferro aos vestígios da presença dos romanos é a época medieval a mais relevante para a história desta região, devido à sua localização privilegiada aquando da consolidação fronteiriça do território.O rio Côa constituiu um marco importante no delinear da fronteira entre o Reino de Leão e o território português, até que em 1297, o tratado de Alcanizes, reconhecia a posse portuguesa das chamadas terras de Riba-Côa.

Por terras de Riba-côa

L. Ardé[email protected]

Baluarte em forma de estrela, com uma conservação exemplar, a fortaleza de Almeida representa um ícone da arquitectura militar e testemunhou importantes factos da história de Portugal, de que se realçam, entre outros, a sua tomada por Massena em 1810, aquando das invasões francesas e a sua libertação por Wellington no ano seguinte.Depois de mais um passeio intra muralhas apreciando, entre outros monumentos, a Capela do Antigo Convento de Nª Srª do Loreto, A Casa Judaica Quinhentista da Rua do Arco, o Picadeiro D’el Rey e as Portas Duplas de S. Francisco, saímos em direcção a Castelo Mendo, através do vale do rio Côa, pela antiga ponte, belo exemplo da arquitectura medieval. Chegados a Castelo Mendo, autêntico museu vivo, deixamo-nos levar pelo encanto das ruas e subimos ao castelo.De seguida partimos para Freineda, aldeia situada num planalto, dominando a paisagem por entre as terras de Riba-Côa, quartel-general de Wellington, entre Novembro de 1812 e Maio do ano seguinte. Aqui chegados, detemo-nos defronte do edifício solarengo onde aquele general inglês se alojou e visitamos a igreja matriz, com o seu altar renascentista. Como não podia deixar de ser nestas terras raianas da Beira Alta, esperava-nos o tradicional bucho, que comemos refasteladamente, pois a caminhada já nos tornara credores de tal merecimento.

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29 Sindicato dos bancários do centro

“favas me fartam, favas me matam”

O Sindicato dos Bancário do Centro houve por bem, neste ano de 2010, celebrar a Festa da Fava que decorreu, com grande êxito, no paraíso as Sete Fontes, perto de Cantanhede, a caminho da

Mealhada.Mas digamos, em curtas palavras, qualquer coisa acerca deste maravilhoso e histórico produto.Na Grécia, em tempos de Plutarco, nas eleições políticas, os votos eram dados por meio de favas, as quais, depois de contadas indicavam os vencedores.

Daí ter surgido a expressão que todos nós conhecemos e utilizamos em determinadas circunstâncias: ”São favas contadas”…Os autores latinos, tais como Virgílio e o naturalista Plínio, registam a fava como alimento especial do mês consagrado à deusa Maia.S. Jerónimo proibiu o consumo de favas às religiosas sob o pretexto de que “in partibus genitalibus titilationes producunt”, isto porque as freiras utilizavam a fava para fins menos apropriados.E já agora não esqueçamos Gil Vicente na Farsa Inês Pereira, no Auto da Barca do Purgatório, no Auto da Feira e no Auto da Lusitânia onde a fava tão bem se ajusta aos textos vicentinos.Mas voltemos aos estudos clássicos, a Horácio e ao nosso grande escritor Eça de Queirós.Horácio chama à fava a prima de Pitágoras, autor este, que proibia aos seus amigos que tocassem nesse símbolo da morte.Nós, Portugueses, ao contrário do filósofo grego, muito apreciamos a fava e até somos capazes de alguns exageros. É por isso que ainda repetimos o velho rifão: “Favas me fartam, favas me matam”.Mas o que gostamos mesmo é de recordar Eça de Queirós, “A Cidade

e as Serras” e a surpresa de Jacinto que “já espreitava à porta, esperando a portadora dos pitéus, a rija moça de peitos trementes, que enfim surgiu, mais esbraseada, abanando o sobrado – e pousou sobre a mesa uma travessa a transbordar de arroz de favas”.Após várias garfadas de prova, Jacinto deu um brado:“Óptimo!...Ah, destas favas sim!Oh que fava! Que delícia!

E por essa santa gula louvava a serra, a arte perfeita das mulheres palreiras que, em baixo, remexiam as panelas, e Melchior que presidia ao bródio…”E hoje, tal como Eça de Queirós ou Jacinto, neste dia 8 de Maio de 2010, todos, alegremente, provamos as favas e presidimos, em alvoroço, ao desenrolar deste feliz e continuado bródio. Assim seja.

cultura

Paulino Mota Tavares

Paulino Mota Tavares, funcionário do Banco de Portugal de 1962 a 1993, licenciado em História Económica e Social pela U.C., autor, investigador e especialista em temas “inesianos”, acaba de lançar mais uma obra. “Quase poesia. Quase…” é o título do livro – ilustrado por Valdemar Peixoto – que foi apresentado no passado dia 15 de Maio, pela Drª. Regina Rocha, especialista em Língua Portuguesa, na Livraria Almedina e que contou com a leitura de poemas pelo também nosso Colega Dr. José Machado Lopes e um momento musical por Milú, acompanhada à viola por Zé Manel. Paulino Mota Tavares, sócio do SBC, membro fundador e associado de vários organismos, associações e grupos de intervenção cultural, entre os quais a Fundação Inês de Castro e a LATA – Liga dos Amigos das Tabernas Antigas, é um divulgador incansável de muito do que importa na tradição e na história literária, artística e social portuguesas.

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“Bandarra: Poeta, Profeta e Sapateiro”

Terá nascido em Trancoso, nos inícios do século XVI, uma figura incontornável para a época, figura desde logo envolta em mistério quanto às suas origens, formação e percurso de vida.

Rico ou pobre, com berço, linhagem ou sem ela, Gonçalo Anes de seu nome, alcunhado depreciativamente (?) de Bandarra, irá, para sobreviver, exercer o ofício de sapateiro na terra onde nascera. É através do processo movido pela Inquisição que o acabaria por levar a julgamento e condenar num auto de fé, em Lisboa a 23 de Outubro de 1541, que sabemos dele detalhadamente entre 1538 e 1541, não havendo para além daqueles dados, outras referências pessoais senão os do seu túmulo na igreja de S. Pedro, em Trancoso. Com efeito, tal acontece na sequência de denúncias feitas ao dito Tribunal, consequência da agitação que as suas profecias causavam na população e que eram de bom agrado para os cristãos-novos.Estamos assim perante um sapateiro que faz a predição do futuro… Volvamos no tempo: Trancoso fora à época terra de judeus de que não se provando ser Bandarra descendente, se reconhece ser um admirador e defensor das suas causas. Daí ele aparecer em Lisboa em 1531 já reconhecido como poeta e profeta, em casa de um livreiro judeu, obtendo grande notoriedade entre a população afecta aos cristãos-novos. De novo ali em 1538 as cópias dos seus manuscritos a que se vieram chamar Trovas, criam efervescência entre a comunidade judia por preverem a vinda do Messias. É então que é levado à Inquisição onde acaba por ser silenciado : … a partir daqui por diante se não entremeta mais a responder nem escrever em nenhuma cousa da Sagrada Escritura, nem tenha nenhuns livros da mesma. Mas as suas profecias não tinham apenas a ver com o caso dos judeus. Elas eram para além disso vaticínios que envolviam o futuro de Portugal. Parafraseando Santos Costa, in “O Mito do V Império”, Bandarra deu em versejar estas “esquisitices” de bom agrado para os judeus e de muito mau agoiro para os inquisidores do reino de então. Mais tarde, seriam aproveitadas as profecias para servirem o mito nebuloso do regresso de D. Sebastião, o “Encoberto”, a que se seguiu a causa dos restauradores de 1640, a derrota das tropas de Napoleão, (…), também previstas nas quadras, bem como o mito do Quinto Império, ateado pelo padre António Vieira e incendiado por Fernando Pessoa.Porque fruto proibido, é na clandestinidade que as Trovas ganham um tão grande estatuto, ainda que por detrás pairasse a ameaça da

Inquisição. E é assim que elas passam de mão em mão e entram na oralidade, sentindo-se, não muito distante do nosso tempo, a sua grande influência no quotidiano das pessoas, acentuadamente nas do interior, sendo que negócios, viagens e muitas das decisões que a vida exigia, deviam ser consentâneas com tais profecias. E numa altura em que a circulação de bens e pessoas não era coisa fácil, sobretudo nos reinos onde o Santo Ofício operava, sabe-se que as Trovas eram conhecidas no estrangeiro, nomeadamente em Castela, em França, em Inglaterra e também no Brasil, tendo sido pela primeira vez impressas em Paris no ano de 1603 e posteriormente em Nantes em 1644. Em 1809 aparece uma nova edição, provavelmente editada em Barcelona e em 1810, aquando das invasões francesas surge uma outra em Londres e depois ainda uma outra em 1816. Entre nós, são editadas novas publicações em 1823,1883,1886, 1911 e 1942 e mais recentemente em 1978, 1989 e ainda em 2001e 2005, estas últimas pela Câmara de Trancoso. O seu rol tem por finalidade dar a conhecer o interesse que desde sempre suscitaram as ditas Trovas, que desde as origens mobilizaram gentes das mais diversas formações e que seria fastidioso aqui enumerar. Não queremos agora trazer à discussão se todas as que foram publicadas têm a autoria de Bandarra, o que parece e nos leva a concluir pela sua análise que não, notando-se haver ali foice em seara alheia. Mas isso em nada lhes retira o valor nem põe em causa a sua razão de ser. Assim sendo e em plena concordância, transcrevemos o que Amado Caramelo disse na biografia do profeta: “ que cada estudioso tire as suas conclusões e, se possível, as demonstre com provas acessíveis verdadeiras e com plena certeza. (…), acrescentando ainda que passados tantos anos, após a morte do seu autor, não será fácil a sua leitura unívoca, clara e convincente. Questões, deixamo-las evidentemente, porque elas nos surgiram no decurso do trabalho que encetámos para conhecer Bandarra e para as quais talvez alguém encontre respostas. Interrogamo-nos por exemplo acerca de quem terá suportado os encargos das primeiras publicações em Paris e em Nantes e com que objectivos, atendendo tratar-se de um conteúdo polémico, tão polémico que a Inquisição interveio. Não estariam os judeus por detrás, até porque o seu encontro, em 1531, foi em casa de um judeu que era livreiro? E sendo assim, será que não havia uma qualquer organização

A. Castelo Branco

30 Revista de Informação

cultura na cidade

Porque fruto proibido, é na clandestinidade que as Trovas ganham um tão grande estatuto, ainda que por detrás

pairasse a ameaça da Inquisição. E é assim que elas passam de mão em mão e entram na oralidade, sentindo-se, não

muito distante do nosso tempo, a sua grande influência no quotidiano das pessoas, acentuadamente nas do interior, sendo que negócios, viagens e muitas das decisões que a vida exigia, deviam ser consentâneas com tais profecias

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“secreta” que custeava esses presumíveis movimentos? Outra questão tem a ver com a forma como Bandarra se movimentava desde a sua terra erma até Lisboa e o seu aparente à vontade naquele meio. O facto de ele ter sido condenado com uma pena tão leve pela Inquisição e se ter remetido ao silêncio, enquanto as suas profecias continuavam a ser publicadas e a dar que falar é outra questão que se nos coloca. Ainda a situação de um condenado a quem foi imposta a mudez, aparecer com a imagem no altar aquando da coroação de D. João IV, na sequência de uma das muitas profecias que o levaram à condenação é outra interrogação que nos leva a pensar que alguém estava a dar continuidade a este movimento em que o rei saía beneficiado. Também o lavrado no seu túmulo em 1545 onde está escrito que profetizou a restauração deste Reino (…). Entretanto e constatando-se os acrescentos às primitivas Trovas, questionamo-nos se quem o fazia era por ignorância ou seu belo prazer ou se não haveria intenções em dar continuidade ao presumível movimento já referido. Mais incómoda é a dúvida que se nos coloca quando deparamos com uma figura oriunda do interior de um País tão pouco letrado, que vaticina profecias de linguagem rebuscada e conteúdo filosófico a preceito, ao ponto de ainda hoje não haver consenso entre os intelectuais coevos, quanto aos seus conteúdos. Será de facto Bandarra a figura cimeira que nos é contada e daí muitos terem vindo a acreditar nas suas profecias, ou terá sido um elo do suposto movimento? Encontrem-se ou não respostas para tudo quanto sejam questões, há que louvar o empenho da Câmara de Trancoso e de quantos têm estado envolvidos neste processo que de uma forma grandiosa dá força ao nosso velho adágio que diz que: Quem meus filhos beija, minha boca adoça. Notável é assim o termo que encontramos para expressar a forma como tem sido tratado e desenvolvido este trabalho de qualificação / requalificação histórica e literária.Deixando apenas aqui um aguçar de apetite para quem se queira envolver nesta temática fascinante, permitimo-nos subscrever Lima Garcia quando diz: (…) país que se pretende projectar no futuro, só o poderá fazer se puder no presente cuidar do seu passado.

Nota: Agradecemos à Câmara Municipal de Trancoso a disponibilidade em nos ter cedido alguma da bibliografia acerca do tema visado, que

por vicissitudes de espaço tão sucintamente aqui tratámos.

VISITE:

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31 Sindicato dos bancários do centro

cultura na cidade

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