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CONSEQUÊNCIAS DO NAFTA O O - · PDF fileCONSEQUÊNCIAS DO NAFTA s canadenses se perguntam se o Nafta cumpriu com a promessa de mais e melhores empregos, se melhorou os serviços públicos

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CONSEQUÊNCIAS DO NAFTA s canadenses se perguntam se o Nafta cumpriu com a promessa de mais e

melhores empregos, se melhorou os serviços públicos e trouxe padrões de

vida mais altos para todos.Elites políticas e empresariais o citam como uma das grandes

aquisições do periodo,expandidas pelo México.O Conselho Canadense de

Executivos(Canadian Council of Chief Executives), pressionou anos após para integrar

mais profundamente o Canadá na economia norte-americana.

Avaliando os efeitos para Canadá e México, acadêmicos, líderes de organizações

não governamentais, líderes sindicais e pequenas e médias empresas têm observado que

as corporações que integram o Conselho de Executivos e o recente Conselho de

Competitividade do Nafta construíram ao longo deste período 3.5 trilhões de dólares em

ativos e faturamento anual de mais de 800 bilhões. Em 1989, seus ativos eram de apenas

um trilhão.Houve, portanto, grandes modificações.Os salários médios dos canadenses,

porém, ajustados pela inflação, não cresceram desde 1987, e a hora média real caiu,

desde o começo da coleta destes dados em 1914.A produtividade média do trabalho

continuou a crescer regularmente e rápido desde 1987.

O cálculo é que se o crescimento de média de rendimentos refletisse completamente os

primeiros aumentos da produtividade durante 1991-2005, os trabalhadores de tempo

integral deveriam ter em media 10 mil dólares a mais de pagamentos em seus cheques

anuais.Já os pagamentos dos executivos canadenses super aumentaram.Os 100 maiores

executivos em pesquisa do jornal Globe and Mail, recebiam uma média de 9 milhões de

dólares em 2005, 237 vezes a média de salários. Dez anos antes, o gap era de 104 vezes.

A participação da fração de trabalhadores no conjunto da economia nacional declinou

do pico do fim dos anos 1970 de perto de 66% do PIB para 60% em 2005. Os lucros

corporativos como participação do PIB cresceram de 25% no começo dos anos 1980

para 33.7% , um nível igual a 1961.

Entre famílias, um estudo de 2006 demonstrou que os ganhos estavam

concentrados no topo de 10% das famílias.Todos os grupos de renda, exceto o topo,

estavam trabalhando mais longas horas para manter seus níveis de renda, ou no máximo

fazer ganhos muito modestos.Aqueles na metade de baixo das famílias, apesar de

trabalharem horas mais longas comparadas com 10 anos antes, estavam vendo seus

rendimentos caírem, ajustados em dólares pela inflação.

OO

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Pesquisadores da Statistics Canada descobriram recentemente que os rendimentos dos

5% de indivíduos muito mais ricos e famílias cresceram mais rapidamente desde 1982.

E os 1% no topo tiveram crescimentos excepcionais, se distanciando do restante da

sociedade canadense.A media de rendimento destes mais ricos passou de 268 mil

dólares anuais para 429 mil ,crescendo 60%. Os 15 mil canadenses que fazem parte dos

super-ricos, onde estão os executivos, saltaram de 2.5 milhões para 5.9 milhões de

dólares.

O Canadá sempre teve um sistema de transferências públicas entre regiões e entre

setores e grupos sociais que compensou desníveis de rendimentos e perdas do

crescimento econômico. Mas houve pressão por diminuição do Estado e dos programas

sociais, diminuindo despesa dos programas federais e provinciais de 53% do PIB para

39.5% de 1992 a 2006, mais do que em qualquer pais da OCDE. Houve menos recursos

em transferências pessoais(de 13.5 para 10.1% do PIB) o que significou menor

assistência ao desemprego e aos grupos de baixa renda precarizando o mercado de

trabalho. O Canadá, entretanto, continuou investido em educação, e medidas de

transformação da sociedade rumo à nova riqueza de serviços intensivos em

conhecimento, embora a vasta classe média (65% dos canadenses) tenha experimentado

mais insegurança, com flexibilidade maior em empregos e incertezas em carreiras

construídas anteriormente.

Ocorreu no Canadá uma transferência de muitas atribuições do setor público para um

terceiro setor muito ativo, ao mesmo tempo em que ocorriam privatizações e

desregulamentação da atividade econômica no comercio e investimentos.

Patrick Imbert, diretor da cátedra Canada: Challenges in a Knowledge Based Society,

pensa que houve muitos pontos positivos, e que a reflexão dos líderes sindicais e de

organizações não governamentais toca em aspectos verdadeiros nas estatísticas sobre o

Nafta, mas nem todas suas conexões são realistas, porque sem ele os fenômenos se

produziriam da mesma maneira como nos outros países cuja atividade repousa cada vez

menos sobre industrias tradicionais, mais sobre robotização e deslocalização para

industrias e insistência sobre serviços e sobre o saber. Há uma criação importante de

riquezas novas e uma diminuição da taxa de desemprego .Com crescimento do número

de estudantes nas universidades e faculdades cuja reflexão não faz parte desta

preocupação sobre consequências do Nafta no Canadá.

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O México

Já o México não teve as mesmas condições de fazer esta transição para o setor de

serviços, mesmo com perda de empregos industriais e diferenciais nos intervalos de

renda como ocorridos no Canadá.Sua estrutura social é muito mais fragilizada, e por

isto dependente do setor primário.

A diretora da Fundação Carnegie e ex-representante especial do Departamento de

Estado norte-americano para assuntos internacionais de trabalho, Sandra Polaski,

mostrou isto desde uma conferência na Comissão de Relações Exteriores do Senado

canadense em 2004. Houve efeito desapontador produzido pelo Nafta sobre ganhos de

empregos para o México, ao completar-se 10 anos do Tratado.

Os empregos nas indústrias de exportação não compensaram os perdidos na Agricultura

e houve também declínio na industria interna, uma parte pela competição das

importações e também pela queda dos investimentos estrangeiros nas operações

industriais.Nas chamadas maquiladoras, 30% dos empregos criados nos anos 1990

desapareceram porque foram realocados na China, com salários ainda mais baixos. A

agricultura mexicana tem sido perdedora no comércio com os Estados Unidos e o

emprego no setor declinou violentamente. .Os subsídios a grãos para exportações dos

Estados Unidos deprimiram preços da agricultura mexicana e os agricultores pobres do

Pais tiveram que se adaptar sem nenhum suporte governamental

O Nafta teve significativo papel no aumento da produtividade, mas o corte interno de

tarifas expôs o País a vizinhos gigantes. Poucos novos empregos foram criados.Os

salários reais da maior parte dos mexicanos estão mais baixos do que quando o Nafta

começou. A produtividade não se traduziu em crescimento de salários como antes, e os

salários divergiram ao invés de convergir com os dos americanos e canadenses.A

desigualdade de renda tem crescido revertendo a tendência do começo dos anos 1990, e

a maior parte dos 10% dos domicílios aumentaram a sua parcela na renda nacional,

enquanto os 90% restantes perderam renda em função das mudanças. As desigualdades

regionais aumentaram, revertendo um longo período de convergências regionais.

Ela esboçou algumas conclusões de que a experiência do México confirma a predição

da teoria de comércio, de que há ganhadores e perdedores e que os perdedores poderão

ser mais numerosos do que os ganhadores, principalmente a curto prazo. Os fazendeiros

e agricultores tentam se adaptar às mudanças induzidas.A perda é mais severa por causa

da abundância de trabalho e insuficientes qualificações pois a elevada taxa demográfica

dos anos 1970 se traduziu em população adulta nos 1990 buscando emprego, já com

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mulheres também sendo adicionadas na necessidade de buscar trabalho para sustentar

domicílios na crise econômica.A força de trabalho mexicana cresceu de 32 para 42

milhões em 2002, com o mercado de trabalho necessitando absorver quase 1 milhão de

novos empregos por ano.

A abertura de mercado não buscou muita mão de obra em paises com trabalho

abundante, e o efeito dependeu do grau de redução de tarifas de cada país, e em que

seqüência.Os Estados Unidos reduziram tarifas para muitos bens manufaturados

mexicanos, mas foram contenciosos onde o Pais era competitivo, como vestuário,

produtos químicos, equipamentos de transporte, e principais produtos agrícolas

mexicanos, como açúcar.O México, neste meio tempo, cortou drasticamente tanto a

agricultura como matérias primas e em todos os produtos manufaturados americanos.

Manteve o milho, até 2008.

O impacto disto fez o emprego em geral em 2003 ser de 1.3 milhões contra 1.4 milhões

em 1994 na industria, 100 mil empregos a menos. As maquiladoras, criadas em 1965,

por acordo entre os dois governos como zonas francas para processarem e montarem e

re-exportarem aos Estados Unidos concentradas em auto-peças, eletrônicas, não são

efeito do Nafta, e embora o Nafta tenha estimulado 800 mil empregos,empregavam em

2003, só 500 mil trabalhadores.O efeito multiplicador é limitado - processar e montar

dentro do mercado de trabalho. A proporção do trabalho qualificado na manufatura era

menos do que a fração média do trabalho qualificado em toda a economia, 13.9%.

Isto afeta o futuro das relações com o Estados Unidos e o Canadá, pois o México foi o

primeiro de baixa renda a fazer um acordo de livre comércio com os Estados Unidos

dentro do programa de preferências gerais expandidos pela OMC, e o acesso da China à

OMC trouxe muito mais competição para o México na área intensiva de trabalho na

eletrônica. A proliferação de acordos pelos Estados Unidos e Canadá significou que

para o México perda de valor no Nafta. Os acordos com a América Central montaram

uma rede de trabalho de baixo valor tirando a vantagem comparativa do México.

Na área agrícola, o México tem déficit de bens agrícolas com os Estados Unidos a cada

ano, déficit antes do Nafta, e as tarifas sobre grãos sendo eliminadas o comercio

bilateral continuará a evoluir.O crescimento de frutas e vegetais não foi acompanhado

com exportações competitivas de grãos e óleos aos Estados Unidos, também por

subsídios norte-americanos e eficiência dos produtores daquele pais. O milho americano

foi vendido no México por preços 30% mais baixos ou mesmo abaixo do seu custo de

produção.A lei agrícola de 2002 americana aumentou subsídios e o comércio agrícola

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não previu salvaguardas especiais para dumping e subsídios desleais. O déficit agrícola

se traduziu em desemprego no México, uma perda que já chegava a 1.3 milhões de

postos de 2002 para os anos 1990 e segue crescendo.

O setor de serviços é o epicentro da informalidade e onde os mexicanos foram buscar

emprego.Aumentou a participação de 51 para 57% enquanto a agricultura decaía de

25.7% em 1993 para 17.3 % em 2002.A informalidade responde por 46% de todo o

emprego, e o salário real é menor de quando o Nafta entrou em ação.Trabalhadores com

curso universitário e mesmo pós-graduados recebem menos em termos reais do que no

começo dos anos 1990. A produtividade aumentou, a oferta de trabalho supera a

demanda em grande categorias, e no trabalho não especializado e sub-especializado,

volta-se à questão chinesa que superou qualquer diferença de tarifas ao ter a vantagem

por unidade de custo de trabalho.

O salário mínimo também foi limitado e ele determina vários outros salários no

México.A desigualdade tornou-se ainda mais alta e a redução da pobreza não atingiu

sua eficácia. A desigualdade vinha em baixa nos anos 1980, mas subiu novamente nos

anos 1990.Os estados sulistas mexicanos se tornaram mais pobres, enquanto os do

Norte e ao redor da capital se tornaram mais prósperos. De 1940 a 1980, políticas

públicas fizeram convergir a renda per capita entre regiões, mas seguindo a crise dos

anos 1980 , esta longa tendência parou e foi revertida, com a desigualdade crescendo

nos anos 1990. O percentual de pessoas vivendo na extrema pobreza que havia

decrescido enormemente dos anos 1960 a 1970 de 61% para 30% alcançou em 1989,

41%, baixou para 31% no começo dos anos 1990, com instabilidades diversas a 41%,

estando nesta nova década, novamente em 31%.

Algumas lições que emergiram do Nafta são de que para economias com excesso de

trabalho, pactos comerciais não podem ser feitos para produzir crescimento de emprego

líquido sem outras políticas focadas. para maximizar ganhos de emprego do

comercio.Precisam promover industrias de fornecedores e peças nos paises em

desenvolvimento e termos de acordos que recompensem mais estímulos domésticos à

produção de bens exportáveis. Um País em desenvolvimento com alta proporção de sua

força de trabalho em agricultura de baixa produtividade deve negociar longos períodos

de transição para saída do regime de tarifas de grãos básicos cuidando a seqüência de

liberalização para permitir absorção de trabalhadores rurais a outros setores com acesso

liberalizado dos mercados externos antes que os grãos básicos sejam liberalizados.Neste

tempo de transição preparar agressivamente a população rural para ajustamento, com

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políticas para deslocar agricultores e fazendeiros para grãos competitivos em áreas

rurais alternativas e investir pesadamente na educação para preparar modernas

ocupações.

A produtividade aumentada é um ganho do comércio, mas tem que ser compartilhada

com os trabalhadores em salários crescentes, através de políticas públicas que sejam

reforçadas. Liberdade de associação e barganhas coletivas devem estar juntas com a

liberalização de comercio. Políticas de salário mínimo e arbitragem devem ser

consideradas. Medidas de governo que afetam a distribuição de renda como impostos e

mecanismos e transferências devem ser revistos e fortificados pelo impacto sobre

abertura de comércio e medidas de seguridade social devem ser examinadas quando da

indução reestruturante do comércio - para prover renda a trabalhadores e pequenos

agricultores, e fundos de transição para treinamento em novas ocupações.No México, o

impacto de liberalização de comércio na subsistência dos agricultores não foi

recuperado por políticas governamentais apropriadas.