Conservação de Água Em Máquina de Fabricação de Papel

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DA ENERGIA

    CONSERVAO DE GUA EM MQUINA DE FABRICAO DE PAPEL

    O caso da Bahia Sul Papel e Celulose S.A.

    DEBORA CRISTINA LEITE NUNES

    Itajub, Setembro de 2007

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DA ENERGIA

    CONSERVAO DE GUA EM MQUINA DE FABRICAO DE PAPEL

    O caso da Bahia Sul Papel e Celulose S.A.

    DEBORA CRISTINA LEITE NUNES

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-Graduao em

    Engenharia da Energia como parte dos requisitos para obteno do

    Ttulo de Mestre em Cincias em Engenharia da Energia

    Setembro de 2007 Itajub

  • FOLHA DE APROVAO

    DEBORA CRISTINA LEITE NUNES

    CONSERVAO DE GUA EM MQUINA DE FABRICAO DE PAPEL- O CASO DA BAHIA SUL PAPEL E CELULOSE

    Dissertao defendida e aprovada em 10/09/2007 pela comisso julgadora:

    (Prof.Dr. Ivanildo Hespanhol/USP-So Paulo)

    (Prof. Dra. Herlane dos Santos Costa/UNIFEI)

    (Prof.Dr Roberto Alves de Almeida(Orientador)/UNIFEI)

    Dr. Edson da Costa Bortoni

    Coordenador da Engenharia da Energia

  • Aos meus pais Sandra e Srgio,

    ao meu marido Fabrcio e ao meu filho Lucas.

  • Agradeo primeiramente a Deus,

    pois sem ele nada podemos.

    Agradeo ao professor Roberto Alves de Almeida,

    meu orientador, pela confiana e amizade.

    Agradeo a Indstria Suzano Bahia Sul Papel e Celulose S.A.,

    pela oportunidade proporcionada.

    Agradeo aos amigos Thomas ber Jr., pela colaborao na coleta de dados

    e der, pelo auxlio e pacincia na fase final deste trabalho.

    Agradeo minha famlia,

    pela colaborao, imprescindvel para a concluso deste trabalho.

    A todos da UNIFEI que direta ou indiretamente contriburam para a

    finalizao deste trabalho, em especial minhas queridas amigas da ps-

    graduao (PPG), muito obrigado de corao!

  • SUMRIO LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. VIII

    LISTA DE TABELAS ................................................................................................. X

    LISTA DE ABREVIATURAS E NOMENCLATURAS.............................................. XIII

    LISTA DE SMBOLOS............................................................................................XIV

    RESUMO.................................................................................................................XV

    ABSTRACT ............................................................................................................XVI

    1 INTRODUO .....................................................................................................1

    1.1 Objetivo ............................................................................................................2 1.1.1 Objetivo geral: ..........................................................................................2 1.1.2 Objetivos especficos: .............................................................................2

    1.2 Metodologia .....................................................................................................3

    1.3 Relevncia do tema abordado........................................................................3

    1.4 Estrutura da dissertao......................................................................................... 4

    2 REVISO BIBLIOGRFICA................................................................................6

    2.1 Evoluo dos problemas mundiais relacionados ao uso da gua.............6

    2.2 Disponibilidade de gua no Brasil e no mundo .........................................12

    2.3 Demanda de gua por atividade no Brasil e no mundo.............................18

    2.4 Legislao brasileira indutora a conservao do uso da gua ................24

    2.5 Principais usos da gua na indstria ..........................................................32 2.5.1 Classificao do sistema hdrico industrial.........................................32 2.5.2 Tipos de uso de gua na indstria .......................................................34

    2.6 Conservao do uso da gua na indstria ...................................................... 36

    3 USO DA GUA NA INDSTRIA DE PAPEL E CELULOSE ............................46

    3.1 Despejos industriais nas vrias etapas de fabricao de papel...............46

    3.2 Fabricao de papel ......................................................................................51 3.2.1 Processo de formao da folha ............................................................51

  • 3.2.2 Sistema de circulao de massa e de gua branca nas mquinas Fourdrinier ..........................................................................................................52 3.2.3 Fechamento do sistema de guas brancas .........................................54 3.2.4 Recuperao de fibras ...........................................................................55

    3.3 Funcionamento de uma mquina Fourdrinier convencional..........................55 3.3.1 Sistema de alimentao da caixa de entrada ......................................56 3.3.2 Formao e drenagem na mquina Fourdrinier ..................................57 3.3.3 Prensagem mida da folha de papel ....................................................60 3.3.4 Secagem de papel e papelo.................................................................61 3.3.5 Enrolamento ou corte ............................................................................62

    3.4 Conservao de gua na indstria de papel e celulose ............................62 3.4.1 Requisitos gerais para o uso da gua e restries qualitativas...............64

    3.4.1.1 gua para diluio.............................................................................65 3.4.1.2 gua utilizada para chuveiros ...........................................................67 3.4.1.3 gua utilizada para selagem .............................................................68 3.4.1.4 gua utilizada para aquecimento e resfriamento ..............................68 3.4.1.5 Usos diversos da gua ......................................................................69 3.4.1.6 Restries gerais...............................................................................69

    3.4.2 Reviso sobre a observao de prticas de reuso e de sistemas de qualidade de gua para a mquina de papel ...................................................71

    3.4.2.1 A significncia de prticas de lavagem de polpas.............................79 3.4.2.2 Qualidade da gua do estoque de diluio e da caixa de entrada....81 3.4.2.3 Reuso de gua em chuveiros............................................................85 3.4.2.4 Reuso de gua em aplicaes de selagem.......................................88 3.4.2.5 Reuso de gua para transferncia de energia ..................................90 3.4.2.6 Problemas gerais associados com reuso de gua............................91 3.4.2.7 Benefcios gerais associados com reuso de gua ............................93 3.4.2.8 Concluses a respeito da observao de prticas de reuso de gua em plantas de produo de papel ....................................................................94

    3.4.3 Situao atual a respeito da aplicao da gua branca reciclada na fbrica de papel ..................................................................................................96

    3.4.3.1 gua de selagem, resfriamento, lavagem e vazamento ...................97 3.4.4 Concluso sobre o fechamento de circuitos de gua branca na indstria de papis...........................................................................................100

    4 METODOLOGIA PROPOSTA .........................................................................101

    4.1 Etapa 1 Definio do processo ...............................................................101 4.1.1 Descrio do processo industrial de interesse .................................101 4.1.2 Definio das variveis de interesse..................................................102

    4.2 Etapa 2 Diagnstico hdrico ....................................................................102 4.2.1 Fase 1 Realizao das medies das variveis de interesse .......102 4.2.2 Fase 2 Anlise da consistncia dos dados coletados e medidos na empresa.............................................................................................................103

    4.3 Etapa 3 Estudo de conservao de gua...............................................103 4.3.1 Fase 1 Avaliao de perdas e desperdcio .....................................104 4.3.2 Fase 2 Reavaliao do diagnstico hdrico ....................................105

  • 4.3.3 Fase 3 Proposio do mtodo de avaliao do potencial da reutilizao de efluentes..................................................................................106

    5 ESTUDO DE CASO .........................................................................................110

    5.1 Etapa 1 Descrio do processo de fabricao de papel ......................111 5.1.1 Mquina de papel .................................................................................111 5.1.2 Identificao dos pontos de coleta de dados ....................................114

    5.2 Etapa 2 Diagnstico hdrico ....................................................................115 5.2.1 Fase 1 Medies das variveis selecionadas .................................115 5.2.2 Fase 2 Anlise da consistncia dos dados.....................................117

    5.3 Etapa 3 Estudo de conservao de gua...............................................117 5.3.1 Fase 1 Avaliao de perdas e desperdcios ...................................117 5.3.2 Fase 2 Reavaliao do diagnstico hdrico ....................................118 5.3.3 Fase 3 Proposio do mtodo de avaliao do potencial de reutilizao de efluentes........................................................................................... 118

    6 RESULTADOS E DISCUSSO.......................................................................123

    7 CONCLUSO ..................................................................................................127

    ANEXO A ...............................................................................................................129

    FIGURAS REFERENTES MQUINA DE PAPEL FOURDRINIER ...................129

    ANEXO B ...............................................................................................................131

    DESCRITIVO DA PREPARAO DA MASSA REFERENTE MQUINA MB-6...............................................................................................................................131

    ANEXO C ...............................................................................................................149

    ANLISES QUALITATIVAS REFERENTES MQUINA MB-6 .........................149

    8 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................158

    APNDICE 1..........................................................................................................168

    DIAGRAMA ESQUEMTICO DO PROCESSO KRAFT ( SULFATO)..................168

  • viii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Distribuio das reservas de gua no planeta ...........................................7

    Figura 2 Escala para relacionar a tendncia do surgimento de ...............................8

    estresse ambiental e gerao de conflitos, em funo da ..........................................8

    disponibilidade hdrica e o aumento da populao .....................................................8

    Figura 3 Relao entre ICRH e DEA......................................................................11

    Figura 4 Distribuio de gua doce superficial no planeta.....................................12

    Figura 5 Distribuio de gua doce superficial no continente americano ..............13

    Figura 6 Classificao mundial dos continentes em funo do ndice de

    comprometimento dos recursos hdricos...................................................................13

    Figura 7 Distribuio geogrfica dos recursos hdricos,.........................................17

    superfcie e populao por regio .............................................................................17

    Figura 8 Consumo de gua mundial por atividade em cada continente ................19

    Figura 9 Variao do ndice de comprometimento dos recursos hdricos em funo

    da disponibilidade especfica de gua para o Estado de So Paulo.........................22

    Figura 10 Fluxo de gua em uma planta industrial ................................................32

    Figura 11 Setor de utilidades industrial ..................................................................33

    Figura 12 Potencial de reuso da gua..................................................................108

    Figura 13 Estudo de conservao de gua..........................................................109

    Figura 14 Superposio das quatro linhas da mquina MB-6..............................112

    Figura 15 Entradas e sadas de gua da mquina MB-6 .....................................119

    Figura 16-Mquina Fourdrinier ................................................................................130

    Figura17- Sistema de Circulao de Massa............................................................130

    Figura 18 Esquema de um desagregador com rotor do tipo Volkes ....................134

    Figura 19 - Princpio de funcionamento dos Separadores Centrfugos...................135

    Figura 20 Depuradores (Peneiras pressurizadas)................................................137

    Figura 21 . Desagregador de Refugo mido do Couch Pit e eixo transversal com

    rotor .........................................................................................................................140

    Figura 22 Separador Centrfugo de alta consistncia com coletor de rejeitos .....141

    Figura 23 Esquema (esq.) e fotografia (dir.) de um filtro a disco ..........................142

  • ix

    Figura 24 Sistema de proteo em vrios estgios de limpeza ...........................143

    Figura 25 - Refinador de disco duplo da Voith Papel ..............................................145

  • x

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Classificao dos problemas associados competio pela gua...........8

    Tabela 2 Associao entre as tendncias para o surgimento de estresse ambiental

    e gerao de conflitos e os problemas associados competio pelo uso da gua..9

    Tabela 3 Relao entre nvel de receitas das naes e DEA ................................11

    Tabela 4 Distribuio dos recursos hdricos por continente...................................14

    Tabela 5 Classificao de disponibilidade, conforme ONU, (m3/hab.ano) .............15

    Tabela 6 Situao Hdrica dos Municpios Brasileiros ...........................................16

    Tabela 7 Consumo de gua doce por Continente..................................................19

    Tabela 8 Consumo de gua setorial de acordo com o nvel de renda...................20

    Tabela 9 Demanda de gua por atividade nos Estados Brasileiros.......................21

    Tabela 10 Evoluo na demanda de gua no perodo de 1990 a 2010.................21

    Tabela 11 Variao do consumo mdio de gua por habitante no perodo de 1990

    a 2010 .......................................................................................................................21

    Tabela 12 Categorias de gua de acordo com sua qualidade...............................33

    Tabela 13 Exemplo das origens e vazes dos despejos para produzir 350t/dia de

    celulose .....................................................................................................................47

    Tabela 14 Redues dos despejos no processamento..........................................48

    Tabela 15 Fonte dos despejos e setores de sua reutilizao ................................49

    Tabela 16 Testes selecionados para caracterizar a qualidade de gua para reuso

    ..................................................................................................................................66

    Tabela 17 Programao para anlises de qualidade de gua, conforme dados do

    NCASI (1980). ...........................................................................................................70

    Tabela 18 Demanda do potencial das fontes de uso da gua em torno da rea de

    fabricao de papel ...................................................................................................70

    Tabela 19 Prticas de reuso de gua para as plantas industriais visitadas...........73

  • xi

    Tabela 20 Fbricas que utilizaram o excesso de gua branca para lavagem final

    do licor marrom Qualidade da gua do chuveiro para o estgio de lavagem final.79

    Tabela 21 Reuso de gua em aplicaes de selagem...........................................88

    Tabela 22 Resumo dos parmetros de qualidade de gua de reuso para selagem

    em plantas industrias de produo de papel.............................................................89

    Tabela 23 Resumo dos parmetros de qualidade da gua de reuso para

    aquecimento e resfriamento em plantas de produo de papel................................91

    Tabela 24 Apresentao dos problemas relacionados ao reuso de gua em 18

    mquinas de papel ....................................................................................................92

    Tabela 25 - Reduo de cargas associadas a prticas de reuso em uma planta

    industrial ....................................................................................................................93

    Tabela 26 Matrias-primas componentes dos produtos da linha de papis-carto

    da Suzano ...............................................................................................................112

    Tabela 27 Mtodos de coleta de dados quantitativos ..........................................115

    Tabela 28 Consumo de gua industrial da mquina MB-6 ..................................119

    Tabela 29 Gerao de efluentes da mquina MB-6.............................................120

    Tabela 30 Proposta para reutilizao dos efluentes da mquina de papel carto

    MB6 .........................................................................................................................121

    Tabela 31 Consumo de gua industrial nos diferentes subsistemas da mquina

    MB6 antes e depois da implementao do estudo de conservao de gua .........123

    Tabela 32 Gerao de efluente industrial nos diferentes subsistemas da mquina

    MB6 antes e depois da implementao do estudo de conservao de gua. ........123

    Tabela 33 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle

    ambiental para amostras do canal de vcuo...........................................................150

    Tabela 34 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para

    amostras do canal de vcuo ...................................................................................150

    Tabela 35 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle

    ambiental para amostras do TQ-14.........................................................................151

    Tabela 36 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para

    amostras do TQ-14 .................................................................................................151

  • xii

    Tabela 37 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle

    ambiental para amostras do TC-4...........................................................................152

    Tabela 38 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para

    amostras do TC-4....................................................................................................152

    Tabela 39 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle

    ambiental para amostras do TC-3...........................................................................153

    Tabela 40 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para

    amostras do TC-3....................................................................................................153

    Tabela 41 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio de controle

    ambiental para amostras do TQ-13.........................................................................154

    Tabela 42 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para

    amostras do TQ-13 .................................................................................................154

    Tabela 43 Resultados obtidos nas anlises realizadas no laboratrio de controle

    ambiental para amostras do Tanque Flouclin .........................................................155

    Tabela 44 Resultados obtidos nas anlises realizadas no Laboratrio Central para

    amostras do Tanque Flouclin ..................................................................................155

    Tabela 45 Resultados obtidos nas anlises realizadas no laboratrio de controle

    ambiental para amostras do efluente final da mquina MB-6 .................................156

    Tabela 46 Resultados obtidos nas anlises realizadas no laboratrio central para

    amostras do efluente final da mquina MB-6..........................................................156

    Tabela 47 Caractersticas da gua industrial, segundo laudo da Suzano ...........157

    Tabela 48 Caractersticas da gua industrial, segundo laudo da Suzano ...........157

  • xiii

    LISTA DE ABREVIATURAS e NOMENCLATURAS

    ANA Agncia Nacional de guas

    ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica

    CNRH Conselho Nacional de Recursos Hdricos

    CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

    CKT Circuito

    DAF Clarificadores de Ar Dissolvido

    DBO Demanda Bioqumica de Oxignio

    DEA Demanda Especfica de gua

    DQO Demanda Qumica de Oxignio

    ETA Estao de Tratamento de gua

    ETE Estao de Tratamento de Efluentes

    FCB Fibra Curta Branqueada

    FCNB Fibra Curta No Branqueada

    FIESP Federao Nacional das Indstrias

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    ICRH ndice de Comprometimento de Recursos Hdricos

    NCASI National Council of the Paper Industry for Air and Stream

    Improvement

    OCDE Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    OMS Organizao Mundial da Sade

    ONU Organizao das Naes Unidas

    OP Ordem de Processo

    SDT Slidos Dissolvidos Totais

    SST Slidos Suspensos Totais

    ST Slidos Totais

    SVT Slidos Volteis Totais

    UGRH Unidade de Gerenciamento de Recursos Hdricos

    UFESP Unidade Fiscal do Estado de So Paulo

    UNESCO Unidades de Gerenciamento de Recursos Hdricos

  • xiv

    LISTA DE SMBOLOS

    cRD concentrao de entrada para reuso com diluio (mg/L)

    cE1 concentrao do efluente 1 (mg/L)

    cE2 concentrao do efluente 2 (mg/L)

    cEN concentrao do efluente n (mg/L)

    H altura da lmina dgua (m)

    mRD vazo de entrada para reuso com diluio (m3/h)

    mE1 vazo do efluente 1 (m3/h)

    mE2 vazo do efluente 2 (m3/h)

    mEn vazo do efluente n (m3/h)

    V vazo (m3/h)

  • xv

    RESUMO

    Este trabalho traz, como contribuies principais, o estudo de conservao de

    gua e reuso na indstria de papel e celulose, mais especificamente no setor de

    produo de papel, bem como o desenvolvimento de uma metodologia de

    conservao de gua aplicada uma mquina de papel, que por sua vez pode ser

    aplicada em qualquer outro setor da indstria. A metodologia desenvolvida neste

    trabalho considerou as principais formas de minimizao do uso de gua, isto , as

    mudanas no processo, reuso direto, reciclo e reuso ps-tratamento. A metodologia

    composta de trs etapas: a primeira etapa consiste na definio do processo, que

    por sua vez, tm por objetivo a realizao do modelo hdrico do processo; a

    segunda etapa o diagnstico hdrico, que se refere determinao dos pontos de

    medio, na execuo das medies in loco e na anlise de consistncia dos dados

    e, finalmente, na ltima etapa efetua-se a realizao do estudo de conservao de

    gua, que contempla a avaliao de perdas e desperdcios, bem como a proposio

    do mtodo de avaliao do potencial de reutilizao de efluentes. A aplicao desta

    metodologia atende o objetivo proposto e possibilitou a reduo de 66% do

    consumo de gua e de 54% da gerao de efluentes total da mquina de papel MB6

    da Suzano. Os resultados obtidos nesta dissertao confirmaram que indstrias

    hidrointensivas, como a do segmento de papel e celulose, possuem um alto

    potencial de conservao de gua.

    Palavras-chave: conservao de gua; indstria de papel e celulose; mquina de

    papel.

  • xvi

    ABSTRACT

    This work brings, as principal contribution, the water conservation analysis in a

    pulp and paper company, more specifically in the paper production sector, as well a

    water conservation methodology applied to the paper machine was developed,

    which can be carried out to any other system in the plant. The methodology

    developed in this work toke into consideration the principal ways of water

    conservation, which are process change, direct reuse, recycle and reuse after

    treatment. The methodology is composed of three steps: the first step consist in the

    process definition, what is important to define the hydric process model; the second

    step is the hydric diagnostic , which involves the establishment of measurement

    points, the execution of this measurement and consistence analysis of the this data.

    Finally, the third and last step is the water conservation study that go over loses and

    inefficiency in the water usage and proposition of verification methodology to

    understand the effluents reuse potential. The application of this methodology made

    possible reach the objective and brought as a result a reduction proposal of 66% of

    water consume and a reduction of 54% in the paper machine total effluent

    generation. The results of this work shows that hydro intensive industries, like paper

    industries, have a large potential for water reuse and conservation.

    Keywords: water conservation; pulp and paper industries; paper machine.

  • 1

    1 Introduo

    A limitao de reservas de gua doce no planeta, o aumento da demanda de

    gua, os usos prioritrios dos recursos hdricos disponveis e as restries que so

    impostas ao lanamento de efluentes, torna necessria a adoo de estratgias

    que visem racionalizar o uso dos recursos hdricos.Alm disso, a disperso da

    distribuio dos recursos hdricos e das populaes nas diversas regies do

    planeta, e mesmo no Brasil, torna mais difcil o abastecimento de algumas regies,

    principalmente as metropolitanas, tendo por conseqncia aumentos gradativos dos

    custos de fornecimento de gua. A regio sul/sudeste, por exemplo, possui uma

    relativa abundncia de recursos hdricos, porm grande parte destes recursos

    encontra-se comprometido pela poluio de origem domstica e industrial.

    Tambm, h reas de escassez hdrica, como a regio metropolitana de So Paulo.

    Neste contexto, as prticas conservacionistas como o uso eficiente da gua e

    o reuso de guas servidas, constituem uma maneira inteligente de poder ampliar o

    nmero de usurios de um sistema de abastecimento, sem a necessidade de

    grandes investimentos.

    Um dos maiores desafios da indstria neste sculo coexistir pacificamente

    em tempos de escassez de recursos naturais. A baixa disponibilidade de gua

    utilizada como matria prima em processos produtivos e as crescentes exigncias

    da humanidade por um ambiente mais saudvel tm impulsionado nas ultimas

    dcadas a implantao de programas de conservao e reutilizao de efluentes

    lquidos em todo o mundo.

    As atividades industriais no Brasil respondem aproximadamente por 20% do

    consumo de gua, sendo que desta parcela, metade extrada diretamente de

    corpos dgua e grande parte do efluente gerado tratado de forma inadequada ou

    nem sequer recebe tratamento.

    Devido sistemtica de outorga e cobrana de uso da gua observa-se que a

    indstria penalizada tanto no mbito da captao como no lanamento de efluentes,

  • 2

    por este motivo medidas de racionalizao, o reuso e o reciclo da gua na indstria

    passam a se constituir ferramentas de gesto fundamentais para a atividade industrial.

    As indstrias hidrointensivas, isto , aquelas que necessitam de grandes

    quantidades de gua nos processos industriais, como, por exemplo, as indstrias

    de petrleo, txtil, de cerveja e de papel so aquelas nas quais um programa de

    conservao e reuso de gua, faz-se extremamente necessrio para sua

    sobrevivncia no mercado.

    1.1 Objetivo

    Este trabalho visa desenvolver uma metodologia para a implantao de

    conservao de gua na indstria de papel, com aplicao na Suzano Bahia Sul,

    mais especificamente, no setor de produo de papel, em uma de suas mquinas

    de produo de papel. Assim, esta dissertao vem contribuir para a obteno de

    uma metodologia padro para a reduo do consumo de gua no setor industrial.

    1.1.1 Objetivo geral:

    Realizar um estudo visando conservao de gua na indstria de papel e

    celulose para desenvolver uma metodologia visando conservao de gua em

    uma mquina de papel carto.

    1.1.2 Objetivos especficos:

    Desenvolver uma metodologia para diagnstico hdrico; Dimensionar o potencial de economia de gua industrial no processo de

    produo de papel via racionalizao do uso, reuso direto, reuso com diluio,

    recirculao e reuso ps-tratamento; e

    Dimensionar a reduo da gerao de efluente final;

  • 3

    1.2 Metodologia

    A metodologia utilizada na realizao deste trabalho composta basicamente

    por trs etapas: definio do processo, diagnstico hdrico e determinao do

    potencial de conservao de gua.

    A primeira etapa desta metodologia, visa o conhecimento do processo,

    realizada atravs da coleta de informaes (mapeamento do processo), tanto em

    literatura especfica, como em documentos da indstria. Esta etapa tem como

    objetivo gerar um modelo hdrico do processo, sendo que todas as informaes que

    caracterizam e restringem o processo devem ser estabelecidas neste momento.

    Na etapa subseqente, realiza-se o diagnstico hdrico que consiste no

    levantamento de dados em campo e verificao da consistncia destes dados.

    A terceira e ltima etapa consta em determinar o potencial de conservao de

    gua, que inclui desde medidas para racionalizao do uso da gua, como um

    algoritmo para implementao de prticas de reuso. Este algoritmo foi elaborado com

    base no conhecimento acumulado de idias j provadas e trata-se, portanto, de uma

    metodologia heurstica, onde a seqncia lgica da evoluo do fluxograma segue

    regras geradas com experincias prvias, que visa diminuir o consumo de gua e a

    gerao de efluentes. Apesar do fluxograma ter sido desenvolvido para aplicao em

    uma mquina de papel carto, pode ser aplicado para qualquer setor industrial.

    Este trabalho finalizado com a estimativa do potencial de reduo do

    consumo de gua industrial da mquina de papel, atravs da aplicao da

    metodologia proposta e de sugestes para trabalhos futuros, tendo como premissa

    a otimizao do uso da gua no contexto industrial.

    1.3 Relevncia do tema abordado

    Segundo a Lei 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Poltica Nacional

    de Recursos Hdricos, a gua um bem pblico e a gesto dos recursos hdricos

    deve ser participativa, alm disso a utilizao dos recursos hdricos deve ser feita

  • 4

    de forma racional assegurando sua disponibilidade atual e s futuras geraes.

    Este trabalho vem contribuir para o cumprimento desta Lei pelo setor industrial ao

    desenvolver instrumentos que ir possibilitar conservar a gua e reduzir o

    lanamento de efluentes, sem elevar seus custos de produo.

    O setor industrial o terceiro maior consumidor de gua, perdendo para o

    abastecimento pblico e para a agricultura. Entretanto, este setor o que tem maior

    capacidade de investimento em conservao de gua e o que mais afetado em

    situao de estresse hdrico, a ponto de a escassez de gua ser restritiva

    atividade produtiva, quer seja impedindo a expanso da atividade industrial ou

    mesmo obrigando o fim das mesmas em uma determinada bacia hidrogrfica.

    A escolha da Companhia Suzano Bahia Sul de Papel e Celulose deveu-se ao

    fato dela se localizar em uma bacia considerada estressada e ser considerada

    hidrointensiva.

    Face complexidade da planta industrial e, conseqentemente, de seus

    sistemas hdricos, foi consenso que o estudo de conservao e reuso de gua

    fosse aplicado na mquina de papel carto MB-6, uma vez que ela possui o maior

    consumo de gua industrial dentre as mquinas de papel. Contudo, ressalta-se que

    a metodologia utilizada para o estudo de conservao de gua nesta mquina foi

    desenvolvido para que possa ser aplicada toda a planta industrial.

    1.4 Estrutura da dissertao

    Aps este captulo introdutrio, o segundo captulo ser composto por uma

    reviso bibliogrfica que abordar a evoluo dos problemas referentes ao uso da

    gua e os instrumentos legais indutores conservao de gua. Tambm ser

    abordado o uso da gua na indstria e os conceitos bsicos de racionalizao e

    reuso de gua. Sero apresentadas as metodologias desenvolvidas para fins de

    conservao de gua.

    No terceiro captulo ser abordado a indstria de papel e celulose, onde se

    tratar sobre o consumo de gua, despejos produzidos e efluentes passveis de

    reuso nos processos de fabricao de papel e celulose, alm dos requisitos gerais,

  • 5

    funes e restries para o uso da gua em mquina de papel, bem como as

    prticas de implementao de reuso neste segmento industrial.

    No quarto captulo, referente metodologia, ser apresentado o algoritmo

    elaborado para a execuo do estudo de conservao de gua na indstria de

    papel e celulose, descrevendo detalhadamente cada etapa necessria para a

    execuo deste processo.

    O quinto captulo, que antecede a concluso, enfocar o estudo de caso,

    sendo composto pela caracterizao da mquina de papel carto e pela aplicao

    da metodologia de diagnstico hdrico, bem como pela determinao do potencial

    de conservao de gua na mquina de papel.

    No sexto captulo sero apresentados os resultados e discusso e ao final

    deste trabalho ser apresentada a concluso do estudo proposto juntamente com

    propostas para trabalhos futuros.

  • 6

    2 Reviso bibliogrfica

    2.1 Evoluo dos problemas mundiais relacionados ao uso da gua

    Segundo MORAN et al. (1985) e BEECKMAN (1998) apud MIERZWA (2002),

    a gua, essencial ao surgimento e a manuteno da vida em nosso planeta,

    indispensvel para o desenvolvimento de diversas atividades criadas pelo ser

    humano e por esta razo apresenta valor econmico, social e cultural.

    Embora trs quartos de nosso planeta seja coberto por gua, apenas uma

    pequena parcela, referente gua doce, est disponvel para aproveitamento

    direto, isto , sem que seja necessrio grandes investimentos no que diz respeito

    coleta e tratamento de gua. A Figura 1, ilustra esta informao,conforme os dados

    apresentados por MAYS (1996) e MIERZWA (2002).

    A disponibilidade de gua em qualquer local no constante (varia de acordo com

    as condies climticas de cada regio e com o perodo do ano) e est susceptvel a

    ao das atividades humanas, tanto pela demanda excessiva como por problemas de

    poluio provenientes do lanamento de esgotos domsticos e efluentes industriais.

    Sempre houve grande dependncia dos recursos hdricos para o

    desenvolvimento econmico, fato que pode ser confirmado atravs do processo de

    colonizao que se desenvolveu ao longo das margens de cursos dgua.

    Inicialmente a gua era utilizada como recurso abundante e o aumento da

    populao e o desenvolvimento industrial provocaram um aumento significativo no

    consumo de gua mundial. Alm disso, as caractersticas do ciclo hidrolgico no

    so homogneas, da a distribuio desigual dos recursos hdricos. Atualmente h

    26 pases com escassez de gua e pelo menos quatro pases (Kuwait, Emirados

    MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento de gua e efluentes na indstria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.

  • 7

    rabes Unidos, Ilhas Bahamas, Faixa de Gaza territrio palestino) com extrema

    escassez de gua (entre 10 e 66 m3/hab) (TUNDISI, 2003).

    Figura 1 Distribuio das reservas de gua no planeta Fonte: MIERZWA (2002)

    existncia do

    incremento da poluio, alm de um gerenciamento inadequado dos recursos hdricos,

    nota-se uma tendncia para o surgimento de conflitos em relao ao uso da gua,

    devido reduo da disponibilidade hdrica e ao aumento da demanda de gua.

    Atualmente, utilizam-se diferentes indicadores para quantificar a predominncia

    de conflitos, de acordo com caractersticas de determinada regio. Observando-se a

    escala abaixo (Figura 2), por exemplo, possvel notar a tendncia para surgimento de

    conflitos, atravs da relao feita entre as condies climticas de cada regio

    (diretamente relacionadas disponibilidade hdrica) e o nmero de habitantes desta

    regio (relacionado demanda dos recursos hdricos). Nota-se que com o aumento

    A escassez de gua determinada geralmente por dois fatores principais:

    aumento da populao principalmente em reas com alta concentrao populacional.

    condies climticas desfavorveis baixa disponibilidade hdrica, baixas precipitaes e diferentes tipos de climas.

    Considerando-se estas duas causas e levando em considerao a

  • 8

    populacional, a cia, aumenta a

    tendncia para o surgimento d o uso da gua.

    disponibilidade hdrica diminui e, por conseqn

    e problemas relacionados a

    Figu ar a tendde con

    e o aumentoonte: MIERZW

    ALKENMARK IERZWA (2002) inada

    nid e anual de fluxo sua vez, equiv e

    istente entre esta unidade,

    o nmer

    Tabela 1 Classificao dos problemas associados competio pela gua

    ra 2 Escala para relacionestresse ambiental e gerao

    disponibilidade hdrica

    ncia do surgimento de flitos, em funo da

    da populao F A (2002)

    F (1992) apud M definiu a grandeza denom

    u ad que, por ale a um volume de um milho d

    metros cbicos de gua por ano e estabeleceu a relao ex

    o de consumidores e a tendncia para surgimento de problemas relacionados

    ao gerenciamento hdrico. Assim obteve-se uma classificao de acordo com estas

    caractersticas. Esta classificao apresentada na Tabela 1.

    Cdigo Relao entre nmero de

    consumidores por unidade de fluxo (hab/106m3/ano)

    Problemas associados ao gerenciamento hdrico

    1 2.000 Alm do limite de disponibilidade

    Fonte: FALKENMARK (1992) apud MIERZWA (2002)*.

    MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento de gua e efluentes na indstria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.

  • 9

    De acordo com a tabela 1, pode-se afirmar que quanto maior o nmero de

    consumidores menor a disponibilidade de gua por consumidor, isto , maior o

    nmero obtido atravs da relao entre o nmero de consumidores e a unidade de

    fluxo e maior a tendncia para a existncia de problemas hdricos nesta regio.

    de

    problemas referentes pode-se citar a grandeza

    D a e

    Co to de Recu dricos ui

    DEA: relaciona a disponibilidade anua ant metros cbicos por ano, por habitante (m

    ICRH: associado tendncia do su otenciais e outros prob as ambien ter a

    pode variar de 1 a 5.

    A associao entre DEA, ICRH e a

    (Tabela 1) resultou na Tabela 2.

    Tabela 2 Associao entre as tendncias para o surgimento de estresse ambiental e gerao de conflitos e os problemas associados competio pelo uso da gua

    ndice de

    Comprometimento

    (IC

    Disponibilidade Especfic

    para o Problemas

    ico

    Entre os indicadores que atualmente so utilizados para a identificao

    escassez de recursos hdricos,

    emanda Especfic

    rsos H

    denominada de

    mprometimen

    de gua (DEA)

    (ICRH), definidos da seg

    o ndice de

    nte forma:

    l de gua por habit e, expressa em3/ano.hab);

    rgimento de conflitos p

    mina ero lem tais em uma de da regio, nm

    classificao proposta por FALKENMARK

    dimensional que

    de Recursos Hdricos

    RH)

    (DEA)

    (m

    a de gua Tendncia

    3/ano. habitante)

    surgimento de Estresse Ambiental e Gerao de

    Conflitos

    Associados ao Gerenciamento

    Hdr

    1 DEA 10.000 N

    suficien sfazer

    S o possui tendnciapara o surgimento de

    estresse hdrico. Quantidade hdrica

    te para satias necessidades bsicas

    em problemasou problemas

    limitados

    2 10.000> DEA 2.000 surgime uenos

    u p

    de gTendncia para

    nto de peqconflitos em relao o so da gua e episdios

    oluio com efeitosadversos ao meio

    ambiente

    Problemas gerais erenciamento

  • 10

    Tabela 2 (contiAssociao entre as tendncias para o surgim biental de

    conflitos e os problemas associad da gua

    ndice de Comprometimento

    de Recursos Hdricos (IC )

    Disponibilidade Especfica de gua

    (DEA)

    (m3/ te)

    s Am e

    Problemas Associados ao Gerenciamento

    nuao) ento de estresse am

    os competio pelo uso

    Tendncia para o urgimento de Estresse

    biental e Gerao d

    e gerao

    RH ano.habitan Conflitos Hdrico

    3 2.000>DEA 1.000 Te o

    c

    a

    relaci o da gua, causados por

    problemas de poluio e podendo reduzir ou interromper certas

    sobre ursos hdricos

    Grande presso os rec

    ndncia ao surgimentde estresse ambiental,

    devido ao omprometimento da

    capacidade natural de autodepurao e contaminao do mbiente aqutico e

    surgimento de conflitos onados ao us

    atividades humanas 4 1.000> DEA500 Possibilidade da

    ocorrncia de graves problemas ambientais,

    podendo contribuir para a qualidade

    Escassez crnica de gua

    de vida da populao e agravar os

    gua conflitos pelo uso da

    5 DEA

  • 11

    Figura 3 Relao entre ICRH e DEA

    nda muito baixa, salvo

    situaes onde existe um alto grau desenvolvimento,que tenha ocorrido tambm

    travs da explorao desordenada dos recursos hdricos.

    A relao entre o nvel de receitas e a disponibilidade especfica de gua est

    Fonte: MIERZWA (2002)

    O consumo de gua de uma regio, varia de acordo com o nvel de renda,

    geralmente pases ou regies mais ricas tendem a possuir uma maior

    disponibilidade de gua que regies com nvel de re

    a

    explcita na Tabela 3 .

    Tabela 3 Relao entre nvel de receitas das naes e DEA

    Tipo de Economia DEA ( m3/ ano. Habitante) Economia com baixo nvel de renda 4.119,63 Economias com nvel mdio- baixo de receita 11.452,37 Economias com nvel mdio-alto de receita 22.381,93 Economias com nvel alto de receita 9.354,91 Brasil 30.184,58

    Fonte: WORLD RESOURCES INSTITUTE (1998-99) apud MIERZWA (2002).

    MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento de gua e efluentes na indstria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.

  • 12

    Observa-se que as naes com maior DEA esto na categoria de Economias

    com Nvel Mdio-Alto de Receita, entre elas o Brasil, que apresentam, portanto,

    maior potencial para aumento de suas receitas. J as economias com nvel alto de

    receita possuem uma disponibilidade especfica de gua no muito alta, devido a

    uma maior explorao os recursos hdricos proveniente de seu desenvolvimento.

    Conclui-se, ento, que a regies com nvel de receita muito baixo bem como

    as naes com alto nvel de receitas esto mais susceptveis a apresentar um alto

    ICRH para e

    Enfim, com os dados referentes disponibilidade hdrica de uma regio e

    om uma projeo do crescimento populacional para a mesma possvel identificar

    as possveis reas sujeitas ao surgimento de conflitos associados ao uso da gua e

    deste modo, pode-se desenvolver

    efeitos adversos aos

    stabilizar o seu crescimento.

    c

    programas que visem minimizar os possveis

    seres humanos e ao meio ambiente.

    2.2 Disponibilidade de gua no Brasil e no mundo

    Segundo dados da Organizao das Naes Unidas para a Educao, Cincia e

    Cultura (UNESCO), na Agncia Nacional de guas (ANA), a distribuio da reserva de

    gua doce no mundo e no continente americano ocorre da forma apresentada nas

    Figuras 4 e 5.

    Figura 4 Distribuio de gua doce superficial no planeta Fonte: ANA (2006)

  • 13

    Figura ricano

    m dia es erentes de

    a nece alisar, alm d tes u

    ricos, a citado an te,

    or habitant

    da por MAYS (1996) em WORLD RESOURCES

    E (1997 e 1998) e extrada de MIERZWA (2002), relaciona em uma

    ndice ometimento urs o o

    specfica nte.

    5 Distribuio de gua doce superficial no continente ameFonte: ANA (2006)

    Para u gnstico das regi com problemas ref disponibilida

    de gu ssrio an de da os referen distrib io dos

    recursos hd como for teriormen os ICRH s de cada uma destas

    regies, bem como a DEA p e.

    A Figura 6, apresenta

    INSTITUT

    escala o de compr de rec os hdric s e a disp nibilidade

    hdrica e por habita

    Figura 6 Classificao mundial dos continentes em funo do ndice de

    comprometimento dos recursos hdricos Fonte: MIERZWA (2002)

    Os valores encontrados para o ano de 1995 e a previso para o ano de 2005,

    no que diz respeito aos valores de disponibilidade hdrica, populacional e DEA so

    mostrados na Tabela 4.

  • 14

    Tabela 4 Distribuio dos recursos hdricos por continente

    Populao (milhes de hab)

    DEA (m3/ano.hab) Local Disponibilidade Hdrica 1995 2025 1995 2025

    frica 3,95e12 728,074 1.495,772 5.425,27 2.640,78Amrica do Norte e Central

    6,40e12 454,229 615,546 14.089,81 10.397,22

    Amrica do Sul 1,19e13 319,790 462,664 37.211,92 25.720,61sia 1,38e13 3.475,957 4.959,987 3.990,80 2.782,27Austrlia e Oceania

    1,47e13 28,549 41,027 51.490,42 35.830,06

    Europa 7,03e12 726,999 718,203 9.669,89 9.788,32Brasil 6,95 e12 161,790 230,250 42.956,92 30.184,58Mundo 4,46e13 5.715,598 8.293,202 7.803,21 5.377,90

    Fonte: WORD RESOURCES INSTITUTE (1997-1998) apud MIERZWA (2002).

    Atravs de uma anlise isolada, isto , apenas da distribuio de gua pelos

    continentes, possvel que sejamos induzidos a pensar errneamente, por

    exemplo, que o continente asitico (segundo maior continente em reserva de gua

    doce) no possui problemas referentes a disponibilidade de gua, porm atravs da

    observao do ICRH deste continente e da DEA (Figura 6 e Tabela 4), no somos

    induzidos a este erro.

    Analisando os dados da Tabela 4 referentes apenas distribuio dos

    recurs como

    hor disponibilidade de gua doce do planeta,

    a inexistncia de problemas de ca

    exemplo disto, a regio sileiro.

    ma boa dis

    Organizao para Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), devido ao

    desen ento p d

    hdricos j afetados tanto na qualidade quan ue a

    frica sia ap reoc

    que nesses blocos OSTA &

    os hdricos por continente, nota-se que a Amrica Latina apresenta-se

    o bloco geo-econmico com mel

    pos a quantidade muito superior mdia mundial, porm isso no garante suindo um

    rter hdrico nesta regio, pode-se citar como

    do nordeste bra

    Apesar de apresentarem u ponibilidade per capita, os pases da

    volvim rodutivo dos setores in ustrial e agrcola, tm os recursos

    to na quantidade. Percebe-se q

    e a resentam situaes p upantes, devido grande populao

    se concentram (C BARROS JNIOR, 2005).

    MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento de gua e efluentes na indstria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo.

  • 15

    O caso do do

    lstica de sua disponibilidade de o seguinte: o

    vilegiado no que diz respeito a reserva de recursos hdricos,

    com cerca de 13% de toda a reserva de gua doce do mundo, que representa 35%

    do total de gua doce do continente com maior reserva de gua no mundo

    (Americano) e, portanto, dificilmente ter problemas referentes a escassez de gua.

    De fato, de acordo com dados da ANA apud MACHADO(2006), a

    disponibilidade rno de 33.376 3/hab.ano), valor que indica um pas rico em dispon

    mostrado n a Organiza aes Unidas (ONU). Porm,

    realizando-se uma anlise das micro-regies brasileiras, ou at mesmo de cada

    estado brasileiro, possvel identificar facilmente regies que ou que

    tendem a possuir conflitos devido baixa disponibilidade de gu .

    T disponibilid conforme ONU )

    Disponibilidade de gua

    (m3/hab.ano) Classificao Pases

    Brasil similar ao cita acima.Considerando-se apenas uma

    gua possvel afirmar anlise ho

    Brasil um pas pri

    mdia de gua por habitante do Brasil est em to

    (m ibilidade de gua, como

    a Tabela 5 d o das N

    j possuem,

    a (Tabela 6)

    abela 5 Classificao de ade, , 3 o (m /hab.an

    100.000 Muito rico em gua iana Francesa Gabo, riname e Sibri

    Guu

    , Islndia,aS .

    10.000 Rico em gua Breasil (33.376), Austrlia, Colmbia, nezuela, Sucia, Rssia, Canad, gentina e Angola

    VAr .

    2.000 Tm apenas o suficiente manha, Fran o, Reino ido, Japo, It Holanda, panha, Cuba, Ir A.

    Ale a, MxicUn

    slia, ndia,

    E aque e EU1.000 Tm situao regular quisto, Etipia Blgica e

    lnia. Pa

    o, Ucrnia,

    P500 Pobres em gua ito, Qunia e Ca Eg bo Verde.

    - Permanente escassez ia, Arbia Sa el (470), rdnia e Cingap

    Lb udita, IsraJo ura.

    Fonte: ANA (2005).

    MACHADO, J. (2006). A ANA e a Agricultura Sustentvel. / Apresentado ao Seminrio Desafios Expanso da Agropecuria Brasileira/. Nov.

  • 16

    Tabela 6 Situao Hdrica dos Estad

    os Brasileiros1

    Classificao Estado Disponibilidade Hdrica (m3/hab.ano) Muito rico >100.000 AC

    AP AM PA RR RO TO MT

    289.976,99 338.785,25 506.921,47 203.776,96 733.085,76 182.401,59 109.903,67 370.338,08

    Rico em gua >10.000 MA PI RS SC

    12.362,35 10.764,47 19.426,78 14.737,50

    ,69 ,73

    GO 29.76443.694MS

    Tm apenas o suficien

    PB

    5.933,55 2.667,94 2.216,60

    te> 2.000 BA CE

    RN ES MG SP PR

    2.271,67 8.016,34 9.172,50 2.916,11 8.946,61

    Tm situao regular>1.000 AL 1.349,96 PE SE RJ DF

    1.712,77 1.677,09 1.772,27 1.013,29

    Fonte: MACHADO (2006).

    Dentre as principais causas da existncia de regies com tendncia a um

    cenrio de escassez de gua em um pas rico em disponibilidade de gua como o

    Brasi

    sos hdricos superficiais a regio norte que

    abriga apenas cerca de 7% da populao enquanto regies com menor

    l, pode-se citar alm da distribuio heterognea dos recursos hdricos, a

    distribuio desigual da populao ao longo do pas.

    A ocorrncia da distribuio dos recursos hdricos e da populao em cada

    umas das regies do pas mostrada na Figura 7. Logo, observa-se que a regio

    com maior disponibilidade de recur

    1 Os valores apresentados na tabela so aproximados e podem divergir de outras fontes. MACHADO, J. (2006). A ANA e a Agricultura Sustentvel. / Apresentado ao Seminrio Desafios Expanso da Agropecuria Brasileira/.nov.

  • 17

    porcentagem de recursos hdricos como a regio Sudeste e Sul, tendem a abrigar

    uma maior porcentagem da populao, devido migrao de pessoas de outros

    estados para estas regies consideradas mais desenvolvidas.

    Figura 7 Distribuio geogrfica dos recursos hdricos,

    Observa-se que atravs da anlise dos dados da figura7 que existe uma

    grand

    ida pela regio sudeste.

    importante estar atento para o fato de que as razes pelas quais estas duas

    regies apresentam a menor disponibilidade especfica de gua so distintas. Na

    regio nordeste o fator preponderante refere-se ao prprio potencial hdrico,

    principalmente em funo das condies climticas da regio, enquanto na regio

    sudeste o principal fator refere-se ao nmero de pessoas que devem ser atendidas,

    ou seja, demanda excessiva.

    Atualmente, 81,2% da populao do Brasil residem em reas urbanas, sendo

    que aproximadamente 40% desta populao concentra-se em 22 regies

    metropolitanas (IBGE, 2000), atravs de uma anlise deste panorama, identifica-se

    superfcie e populao por regio Fonte: MACHADO (2006)

    e variao na disponibilidade especfica de gua entre os diversos Estados

    que compem o territrio brasileiro, constatando-se que a regio mais crtica a

    regio nordeste, segu

  • 18

    facilm reas

    metro olita rto Alegre

    (HESPANHOL & MIERZWA, 2005).

    situao evidencia a influncia que a demanda excessiva de gua

    exerce sobre a disponibilidade hdrica em vrias regies do pas, deste modo

    importante lembr onstante, mas a

    populao no, n sp

    emanda de gua por atividade no Brasil e no mundo

    A gua apresenta diferente ntre os qua ode-se ci o consum

    in irriga de energia; transport qicultur

    o da fauna e flora; assimilao e transporte de efluentes.

    estas atividades difere em

    -qumicas de acordo com os requisitos necessrios para cada

    po de uso.

    gua superficial do mundo

    70% utilizado pelas atividades agrcolas, 20% pelas indst

    ente reas com problemas relacionados a escassez de gua, como as

    p nas de So Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Po

    Esta

    ar que a quantidade de gua de uma regio c

    evidencia do, portanto, que a di onibilidade se reduz medida

    que a populao aumenta.

    2.3 D

    s usos, de is p tar o

    humano; uso

    preserva

    dustrial; o; gerao e; a a;

    A qualidade requerida para cada uma d

    caractersticas fsico

    ti

    Para que possa ser realizado um planejamento da gesto de recursos

    hdricos, necessrio obter a demanda de gua de acordo com o tipo de atividade.

    Geralmente agrupam-se os diferentes usos da gua em trs categorias

    distintas: uso domstico, agrcola e industrial.

    Segundo REBOUAS (2001), da demanda total de

    rias e 10% referentes a

    demanda do consumo domstico .

    A distribuio do uso da gua pelos diferentes continentes em valores anuais

    por metro cbico apresentada na Figura 8, extrada da Revista National

    Geoghrafic de 2001.

  • 19

    Figura 8 Consumo de gua mundial por atividade em cada continente

    O uso setorial de gua em cada um destes continentes apresentado na

    Tabela 7

    la 7 Consu oRetirada

    Doce 3

    ua est da Ano 00

    (m3/hab/ano)

    ConsumDomsti

    (%)

    Consumo Industrial

    (%)

    sumo rcola (%)

    Fonte: National Geoghrafic (2001) apud REBOUAS (2001)

    .

    Tabe mo de doce pgua

    r Con te tinen

    Continente gua gpara oTotal de Volume de Retirada de ima

    20o

    co ConAg

    (Km /ano) frica 151,99 7738,00 10 4 86 Amrica do NorteCentr

    608,93 6868,00 11 33 56 e al

    Amrica do Sul

    106,21 6164,00 9 6 85

    sia 1495,65 16252,00 11 7 82 Europa 311,87 13757,00 15 52 33 Antiga Unio Sovitica

    269,87 19516,00 7 13 80

    Oceania 16,93 1374,00 56 6 38 Total 2961,45 71669,00 - - -

    Fonte: AN

    nd bela onc que o setor ola, , d du

    dera ns e u seguido pe r i ial

    seto m por em s os continentes possuem o

    de g nce n r a . N op ex , o

    A (2005).

    Analisa o a ta 7, c lui-se agrc isto e pro o de

    alimentos li o co umo d gua m ndial, lo seto ndustr e por

    ltimo pelo r do stico, m n todo maior

    consumo ua co ntrado o seto grcola a Eur a, por emplo maior

    REBOUAS, A. C. (2001). gua e desenvolvimento rural. Estud. av., v.15, n. 43, p.327-44, dez.

  • 20

    consumo refere-se ao setor industrial, seguido pelo setor agrcola, e domstico,

    padro caracterstico, de continentes mais desenvolvidos.

    s altos e discrepantes no setor

    indus

    la, que geralmente a base de sua economia.

    O consumo domstico, tende a ser maior, entretanto, em continentes como

    uropa mrica

    do a, s e m

    nes o mais ava s devido a me onibilidade de recursos

    hdri o caso da A do Norte.

    O umo mdio de planeta por ati ifere tambm de acordo

    rvado na Tabela 8.

    maior renda tendem a ter um maior consumo de gua tanto no setor

    domstico

    No Brasil, seg C sum de

    1 trias, 2 mstico e o da agri a.

    la 8 Consu setorial de a vel de re

    onsumo Uso Domstico Industrial

    grcola (%)

    Observa-se claramente que os continentes com maior desenvolvimento

    tecnolgico e industrial como Amrica do Norte e Central, Europa e antiga Unio

    Sovitica tendem a apresentar consumos considerado

    trial quando comparados com continentes com menor nvel de desenvolvimento,

    como Oceania, frica e Amrica do Sul, que por sua vez tendem a ter um maior

    consumo no setor agrco

    E e sia, com maior poder aquisitivo e menor em continentes como A

    Sul e Oceani alvo o casos em qus as te nologias parac enor consumo

    te setor est nada nor disp

    cos, como mrica

    cons gua no vidade d

    com o nvel de renda de cada pas, este fato pode ser obse

    Pases com

    como em outros setores.

    undo dados da UNES O, a distribuio do con o de gua

    9% pelas inds 2% para uso do 60% para irriga cultur

    Tabe mo de gua cordo com o n nda

    C(%) (%)

    Uso Uso A

    Mundo 8 22 70 Pases de Elevado Rendimento 11 59 30 Pases de Baixo e Mdio Rendimento

    8 10 82

    Fonte: UNESCO (2003)

    Dados de distribuio das maiores demandas de gua por atividades

    brasileiras esto contidos na Tabela 9. Nota-se que grande parte da demanda de

    gua do setor agrcola corresponde aos estados de Minas Gerais e Rio Grande do

    Sul, enquanto a maior parcela da demanda do setor industrial concentra-se nos

    estados de So Paulo e Santa Catarina, e a demanda para consumo humano tende

    a ser maior nos grandes centros como So Paulo, Distrito Federal e Cear.

  • 21

    Tabela 9 Demanda de gua por atividade nos Estados Brasileiros Estados Brasileiros Setores de

    Consumo MG SP CE BA RS SC DF Brasil

    Domstico 8,9 32,0 31,6 28,8 6,2 19,9 32,9 21,0

    Industrial 0,6 26,8 6,7 8,1 10,3 26,7 1,3 18,0

    Agrcola 90,5 41,2 60,5 63,1 83,5 53,5 65,8 61,0

    Fonte: CRISTOFIDIS (2001) apud ANA (2006).

    ada

    no Estado de So Paulo, por dados de demanda de gua

    por a r detalhamento.

    11 extradas de MIERZWA (2002) apresentam dados da

    variao do consumo mdio de gua por habitante no perodo compreendido entre

    Evoluo na demanda de gua no perodo de 1990 a 2010

    Uso da gua Demanda em 1990 Demanda em 2010 (m3/ano.hab)

    Variao(%)

    A indstria escolhida para estudo de caso, nesta dissertao, est localiz

    tanto sero apresentados

    tividade deste Estado com maio

    As Tabelas 10 e

    o ano de 1990 e 2010.

    Tabela 10

    (m3/ano .hab) Domstico 117,3 149,50 27,45 Industrial 91,80 145,90 58,93 Irrigao 153,50 297,80 94,01

    Total 362,60 593,20 63,60

    (1997) apud MIERZWA (2002).

    Variao do consumo mdio de gua por habitante rodo de 1990 a 2010

    Consumo em 1990 )

    Consumo em 2010 (m3/ano.hab)

    Variao (%)

    Fonte: WORLDS INSTITUTE

    Tabela 11no pe

    Uso da gua (m3/ano.habDomstico 113,43 107,31 -5,40 Industrial 88,77 104,73 17,98 Irrigao 148,44 213,76 44,00

    Total 350,65 425,80 21,43

    Fonte: WORLDS INSTITUTE (1997) apud MIERSWA (2002).

    .br/GestaoRecHidricos/InfoHidrologicas/mapasSIH/1-

    Mundo.pdf MIERZWA, J.C. (2002). O uso racional e o reuso como ferramentas para o gerenciamento

    ria o caso da Kodak brasileira. So Paulo. 367p. Tese (Do a Universidade de So Paulo.

    http://www.ana.gov

    AAguaNoBrasilENo

    de gua e efluentes na indstutorado) Escola Politcnica d

  • 22

    Pelos dados apresentados anteriormente possvel constatar que dever

    na demanda de gua para consumo industrial e para irrigao nos

    prximos anos, enquanto que a demanda para consumo humano dever sofrer uma

    cipalmente a uma alta densidade populacional desta regio.

    de So Paulo observa-se que muitas reas apresentam uma

    disponibilidade hdrica estando associados os dois

    fatores que conduzem aos problemas de escassez hdrica, isto , alta densidade

    popul

    ossvel identificar

    reas

    haver um aumento

    reduo, devido prin

    No Estado

    situao crtica com relao

    acional e degradao dos recursos hdricos.

    A relao de reas que fazem parte das Unidades de Gerenciamento de

    Recursos Hdricos (UGRH) do Estado de So Paulo, para que seja p

    crticas ao surgimento de conflitos pelo uso da gua, apresentada na Figura 9.

    Figura 9 Variao do ndice de comprometimento dos recursos hdricos em funo da disponibilidade especfica de gua para o Estado de So Paulo.

    Fonte: MIERZWA (2002)

    Sendo as seguintes UGRHs:

    Rio Paraba do Sul Serra da Mantiqueira Litoral Norte

  • 23

    Rio Pardo Rios Piracicaba, Capivari e Jundia Alto Tiet

    Rio Mogi Guau

    Rios Sorocaba e Mdio Tiet

    o Pardo / Grande

    T

    Turvo / Grande

    B

    ser consideradas

    crtica

    (DEA = 1232 m3/ano.hab).

    Baixada Santista Sapuca Mirim / Grande

    Ribeira do Iguape e Litoral Sul Baix

    iet / Jacar

    Alto Paranapanema Tiet / Batalha Mdio Paranapanema Rio So Jos dos Dourados

    aixo Tiet

    Rio Aguapei Rio Peixe Pontal do Paranapanema

    Nota-se que as UGRHs do Alto Tiet (DEA = 179,3 m3/ano.hab) e dos Rios

    Piracicaba, Capivari e Jundia (DEA = 278,9 m3/ano.hab), podem

    s com relao ao surgimento de conflitos pelo uso da gua.

    Alm destas,existem outras, que j se encontram em uma condio de alerta,

    uma vez que a DEA destas regies j est se aproximando do valor crtico, exemplo da

    UGRH Turvo / Grande (DEA = 795,2 m3/ano.hab), UGRH da Baixada Santista (DEA =

    1102 m3/ano.hab) e UGRH do Rio Mogi Guau

  • 24

    Pelo exposto anteriormente, nota-se que o Estado de So Paulo atualmente

    considerado uma regio crtica com relao ao surgimento de conflitos pelo uso da

    gua, devido principalmente ao grande conglomerado urbano que se concentra

    neste estado, principalmente em sua regio metropolitana e a grande concentrao

    de ind

    ignio; na dcada de 60, a

    eutro

    marcada pela poluio industrial e

    pela e

    os problemas ambientais urbanos. Algumas regies do pas tm

    demo

    trata do gerenciamento dos recursos hdricos, bem como dos

    instru

    strias instaladas nesta regio.

    Segundo HESPANHOL & MIERZWA (2005), este cenrio deixa evidente que

    o entendimento do recurso natural gua como um bem econmico e finito deve

    fazer com que todos a utilizem de forma a maximizar o bem-estar social, seja

    produzindo com a mxima eficincia, seja consumindo sem desperdcios.

    Ao longo das dcadas, a degradao ambiental ocorreu de diferentes formas.

    Na dcada de 50, foi marcante a depleo de ox

    fizao; nos anos 70, a poluio por metais pesados; nos 80, o uso excessivo

    de micropoluentes orgnicos e pesticidas; nos 90, a contaminao da gua

    subterrnea; e a dcada de 2000 est sendo

    scassez da gua.

    Nesse contexto, a legislao urbana no Brasil tem sido ineficaz, e a ocupao

    de reas de fcil degradao ambiental tem sido comum nas cidades, sem falar na

    especulao imobiliria. Os planos diretores tm sido desrespeitados, agravando

    ainda mais

    nstrado acelerado processo de industrializao aliado a uma forte expanso

    demogrfica, trazendo, por um lado, o aumento da riqueza e do bem-estar social, e

    por outro lado, o agravamento dos problemas ambientais.

    A seguir ser apresentado um panorama geral do aspecto legislativo

    brasileiro, que

    mentos legislativos existentes na situao atual, que visam a conservao e

    o uso racional dos recursos hdricos.

    2.4 Legislao brasileira indutora a conservao do uso da gua

    O estabelecimento de polticas pblicas, com a participao da sociedade

    civil, a forma mais eficaz de tratamento dos problemas gerados pelos conflitos do

    uso da gua.

  • 25

    Atravs de um panorama geral, do aspecto legislativo referentes gesto do

    uso da gua, possvel observar a evoluo dos mecanismos, ou melhor dos

    instrumentos legislativos institudos at a atualidade que visam o gerenciamento

    adequado dos recursos hdricos.

    As primeiras normas a tratar especificamente da gua eram provenientes do

    Decreto n 24.643 de 10 de julho de 1934, nomeado Cdigo de guas. Este

    cdigo veio a definir os diversos tipos de gua do territrio nacional,os requisitos

    relaci

    ras e salinas

    e funcionava como instrumento para controle da qualidade da gua, este resoluo

    foi su

    ao Distrito Federal. Pela Constituio de

    1988, deixavam de existir, as guas comuns, municipais e particulares, cuja

    exist

    trumento atravs do qual o Poder pblico

    autoriza o usurio a utilizar as guas de seu domnio por tempo determinado e

    Em 8 de janeiro de 1997 foi sancionada a Lei Federal n 9.433, que instituiu a

    Poltica Nacional de Recursos Hdricos. At ento o aspecto legislativo enfatizava a

    onados com as autorizaes para a derivao, alm de abordar a

    contaminao dos corpos dgua.(MANCUSO,2003)

    O Cdigo de guas tambm previa a propriedade privada de corpos dgua e

    assegurava o uso gratuito de qualquer corrente ou nascente, porm tratava de

    conflitos para o uso da gua como questes de mera vizinhana.

    O Cdigo Florestal, Lei n 4771 de 15 de setembro de 1965, apesar de no se

    tratar de uma legislao desenvolvida especificamente para o uso dos recursos

    hdricos, foi consideravelmente modificado para dar mais proteo aos cursos

    dgua, atravs da preservao da vegetao das propriedades urbanas em

    decorrncia da perenizao de suas guas.

    A resoluo do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) n 20 de

    1986, tratava especificamente da classificao das guas doces, salob

    bstituda em 2005 pela resoluo CONAMA n 357.

    Em 1988, a Constituio veio a introduzir o conceito de que a gua era um

    bem finito,e assim as guas do territrio brasileiro passaram a ser consideradas

    como bens pblicos da Unio ou dos Estados e sua utilizao viria a depender de

    manifestao especfica (outorga) do Poder Executivo Federal da Unio,que por

    sua vez, poder deleg-lo aos Estados ou

    ncia era prevista no Cdigo de guas de 1934.

    A outorga de uso da gua um ins

    atravs de condies estabelecidas

  • 26

    racionalizao do uso primrio da gua e tratava de princpios e instrumentos para

    a sua utilizao, o reuso de gua pouco ou quase nunca era citado no aspecto

    a

    gesto de recursos hdricos, vm a estabelecer condies jurdicas e econmicas

    m a atuar como ferramenta no

    gerenciamento dos recursos hdricos, concomitantemente a racionalizao do uso

    deste

    os, alm de incentivos a pesquisa

    de te

    s recursos hdricos como o

    enqua

    A cobrana, por sua vez, tem como objetivos: arrecadar recursos financeiros

    para

    titudos para a gesto

    nte criou, em 2000, a Lei n 9.984,

    ma Nacional de

    Recursos Hdricos, que segundo seu artigo 3, possui as seguintes competncias:

    mprimento da

    imp

    Pol de Recursos Hdricos, outorgar, por meio de autorizao, o direito

    de uso dos recursos hdricos de domnio da Unio, fiscalizar o uso de recursos

    legislativo.

    A Poltica Nacional de Recursos Hdricos, ao instituir fundamentos para

    para o reuso de gua, que por sua vez v

    s ltimos.

    O artigo 2 da Poltica de Recursos Hdricos cita como objetivos desta, a

    utilizao racional e integrada dos recursos hdric

    cnologias orientadas para o uso racional e a proteo dos recursos ambientais

    e reafirma em seu artigo 7 que os planos de recursos hdricos devem conter em

    seu contedo metas de racionalizao de uso, aumento da quantidade e melhora

    da qualidade dos recursos hdricos disponveis.

    A Lei n 9433 utiliza mecanismos de gesto do

    dramento dos corpos dgua, a outorga de direito de uso e a cobrana pelo

    uso dos recursos hdricos, para cumprimento de seus objetivos.

    A outorga de uso da gua um instrumento atravs do qual o poder pblico

    autoriza o usurio a utilizar as guas de seu domnio, por tempo determinado e

    condies estabelecidas, e objetiva assegurar o controle qualitativo e quantitativo

    das guas superficiais e subterrneas e o efetivo direito de acesso a gua.

    a conservao e recuperao dos corpos hdricos da bacia, e ser vetor indutor

    de uso racional dos recursos hdricos.

    Para facilitar a implantao dos novos mecanismos ins

    dos recursos hdricos, o Ministrio do Meio Ambie

    que instituiu a ANA, uma entidade Federal de apoio ao Siste

    supervisionar, controlar e avaliar aes e atividades decorrentes do cu

    legislao federal pertinente aos recursos hdricos, disciplinar em carter normativo a

    lementao, operacionalizao, o controle e a avaliao dos instrumentos da

    tica Nacional

  • 27

    hdricos nos corpos de gua da Unio e elaborar estudos tcnicos para subsidiar a

    inio peldef o Conselho Nacional de Recursos Hdricos (CNRH), dos valores a serem

    e nos

    mecanismos sugeridos no inciso VI, do art. 38, da Lei n 9433, de 1997.

    dades multas e at recluso, e que portanto veio a auxiliar de modo

    efetivo, na proteo dos recursos hdricos.

    de obras ou servios que possam alterar o regime, a quantidade e a

    qu

    e a obteno da outorga do direito de uso, fato que se encontra

    explc

    recursos hdricos da prpria ANA.

    cobrados pelo uso de recursos hdricos de domnio da Unio, com bas

    Outra lei que importante mencionar a Lei de Crimes Ambientais, n 9.625

    de 12 de fevereiro de 1998, que trata, em seu captulo VI, seo III, de crimes

    contra o meio ambiente e define como crime processos que causem poluio de

    qualquer natureza ou possam resultar em danos para a sade humana, ou que

    provoquem a mortandade de animais ou a destruio significativa da flora, tendo

    como penali

    O CNRH aprovou em 8 de maio de 2001 a Resoluo n 16, que trata da

    outorga tanto no nvel Federal como Estadual, que diz que a obteno da outorga

    imprescindvel nas seguintes condies:

    implantao de qualquer empreendimento que possa demandar a utilizao de recursos hdricos superficiais ou subterrneos;

    execuo alidade desses mesmos recursos;

    execuo de obras para a extrao de guas subterrneas; derivao de gua do seu curso ou depsito, superficial ou subterrneo; lanamento de efluentes nos corpos dgua;

    Alm destes casos citados acima, o uso da gua para gerao de energia

    tambm exig

    ito na Resoluo n 16 de 2001 do CNRH.

    A concesso da outorga do uso da gua, como fora dito anteriormente de

    competncia da Unio e pode ser delegada aos Estados ou ao Distrito Federal

    segundo a Poltica Nacional de Recursos hdricos. A Lei n 9984 de 2000,

    responsvel pela criao da ANA, definiu que a responsabilidade pela outorga de

    direito de uso dos

    A outorga consiste em uma autorizao (quando as obras ou o uso dos recursos

    hdricos no forem de utilidade pblica, requerendo vazes superiores s definidas

  • 28

    como pequenas captaes, possuindo validade de 5 anos), ou concesso (quando

    obras ou o uso dos recursos hdricos for de utilidade pblica, possuindo validade de 20

    anos) ou ainda uma permisso (quando o uso dos recursos hdricos no for de

    utilidade pblica e, ao mesmo tempo, requerer pequenas captaes, possuindo

    validade de 3 anos), dada ao usurio, para que ele possa fazer uso da gua.

    A outorga de uso da gua apesar de definitiva no imutvel, isto ,

    existe

    tender situaes de emergncia;

    ne

    ntidas caractersticas de navegabilidade do corpo

    dgua.

    das acima, existem outras em que a outorga pode ser

    extint

    crit fsico-qumicos) e quantitativos e partir do

    o de gua,

    como para a assimilao e transporte de poluentes simultaneamente. Deste modo,

    om a

    Hid

    m situaes em que esta pode ser suspensa, dentre estas:

    no cumprimento pelo outorgado dos termos da outorga; ausncia de uso por trs anos consecutivos; necessidade de gua para a

    cessidade de prevenir ou reverter grave degradao ambiental;

    necessidade de atender usos prioritrios de interesse coletivo, para os quais no se dispe de fontes alternativas, como por exemplo abastecimento das

    populaes;

    necessidade de serem ma

    no caso de ser institudo o regime de racionamento de recursos hdricos;

    Alm das situaes cita

    a, como por exemplo, no caso de indeferimento ou cassao da licena

    ambiental, quando houver morte do usurio (pessoa fsica), no caso de liquidao

    judicial ou extrajudicial do usurio (pessoa jurdica) e at mesmo ao trmino do

    prazo de validade de outorga quando no tenha havido tempestivo pedido de

    renovao.

    Os modelos desenvolvidos para obteno da outorga, devem considerar

    rios qualitativos (parmetros

    pressuposto que os recursos hdricos so utilizados tanto para extra

    possibilita-se a obteno do volume de gua passvel de ser outorgado, c

    garantia de que no ir ocorrer a degradao do corpo receptor ao longo da Bacia

    rogrfica.

  • 29

    A cobrana pelo uso da gua, materializando o princpio do usurio-pagador,

    objetiva reconhecer a gua como bem- econmico e fornecer ao usurio uma

    de seu real valor. A Lei n 9433, em seu artigo 21, diz que a fixao dos

    valore

    toxicidade

    do afl

    vou em considerao os volumes de gua captada, consumida

    e de

    ica e de

    toxicidade do afluente e no apenas em sua carga orgnica. A importncia da

    considera

    NRH regulamentou a

    cobrana pelo uso da gua em todo o territrio nacional, que estabeleceu os

    critrios ger

    aproximadamente R$ 0,13 e o incio da cobrana estava previsto para janeiro de

    2001,

    indicao

    s a serem cobrados pelo uso dos recursos hdricos devem ser estabelecidos

    observando o volume retirado e o regime de variao do corpo receptor, nas

    extraes derivaes e captaes de gua, alm do volume lanado e seu regime

    de variao bem como as caractersticas fsico-qumicas, biolgicas e de

    uente.

    A bacia do Rio Paraba do Sul foi pioneira no desenvolvimento de um modelo

    de cobrana para o uso de recursos hdricos para os setores industrial e de

    saneamento, que le

    efluentes lanados no corpo receptor,e baseou-se na eficincia do processo

    de tratamento para reduo da demanda bioqumica de oxignio.(HESPANHOL &

    MIERZWA,2005)

    Como pde ser observado, apesar de pioneiro, o modelo desenvolvido ainda

    no atende plenamente o artigo citado anteriormente, isto , segundo este artigo, a

    utilizao da cobrana de recursos hdricos para a assimilao de poluentes

    deveria ser elaborada com base nas caractersticas fsico-qumicas, biolg

    o deste aspecto, ocorre principalmente, quando trata-se de efluentes

    industriais, que podem conter baixa carga orgnica e alta toxicidade devido aos

    demais contaminantes.

    Em 21 de maro de 2005, a Resoluo no 48 do C

    ais que norteiam a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Comits

    de Bacia Hidrogrfica quando da elaborao das respectivas normas para a

    cobrana de recursos hdricos.

    A cobrana pelo uso da gua no estado de So Paulo foi estabelecida pelo

    Projeto de Lei n 676, de 2000, e o valor a ser cobrado pelo uso dos recursos

    hdricos teve como limite o valor de 0,001078 Unidade Fiscal do Estado de So

    Paulo (UFESP) por metro cbico de gua captada, o que equivale a

    mas isto no aconteceu.

  • 30

    Atravs destes dados observa-se que h a necessidade da implementao e

    da execuo dos mecanismos atuais, bem como da criao de novas estratgias

    para o gerenciamento de recursos hdricos que garantam a conservao dos

    recur

    cursos hdricos;

    re

    uas

    di

    presentear

    os usurios mais eficientes e estabelecer valores que promovam a adoo de

    tecnologias hidricamente mais eficientes (ALMEIDA & SANTOS, 2003).

    principalmente, devido a diversidade de substncias poluentes que so lanadas no

    ser o terceiro em

    consumo de gua.

    ento e potencial de racionalizao de uso da gua.

    O setor industrial em uma situao de estresse hdrico um dos maiores

    afetados pelos mecanismos legais indutores da racionalizao (outorga e

    sos hdricos.

    A outorga e o valor da cobrana pelo direito de uso da gua deveriam ser

    fatores indutores de uso eficiente de recursos hdricos. Segundo FERNANDEZ

    (1996) em SANTOS (2000), a experincia internacional tem mostrado que a

    cobrana pelo uso e poluio da gua, alm de ser utilizada como forma de

    racionalizar o uso dos recursos hdricos, atua tambm como mecanismo eficiente de:

    gerenciamento da demanda, aumentando a produtividade e a eficincia na utilizao dos re

    distribuio dos custos sociais de forma mais eqitativa;

    localizao dos usurios, buscando a conservao dos recursos hdricos; promoo do desenvolvimento regional integrado, principalmente nas s

    menses social e ambiental;

    incentivo melhoria dos nveis de qualidade dos efluentes lanados nos mananciais,

    Destaca-se que a cobrana no pode ser entendida como sendo uma

    penalizao, mas como um fator educador do uso. Entretanto, h de se

    O setor industrial representa o maior potencial poluidor dos corpos dgua,

    meio ambiente atravs de seus efluentes, apesar deste ainda

    No Brasil, observa-se que o setor industrial, o segundo maior contribuinte

    para a formao do fundo de recuperao da bacia,e portanto torna-se o setor com

    maior capacidade de investim

  • 31

    cobrana), uma vez que o uso da gua para abastecimento pblico e

    dessedentao de animais preponderante (ALMEIDA & SANTOS, 2003).

    A racionalizao do uso de recursos hdricos deve ser, portanto, preocupao

    do setor industrial e dos rgos gestores da bacia. Tambm, sendo este setor o que

    mais emprega mo de obra e o que mais arrecada impostos, uma reduo dos

    nveis de atividade industrial pode acarretar conseqncias scio-econmicas e

    aes polticas, inicialmente no mbito da bacia hidrogrfica.

    A racional longamento do

    tempo de permannci sta sobrevida quali-

    promove a reduo dos volumes captado e devolvido ao

    corpo dgu

    ipo de concesso.

    A implantao de um programa de conservao de efluentes industrial

    objetiva, portanto, a reduo da captao e do lanamento de efluentes no corpo

    hdrico da empresa, e para sua efetivao, deve-se obter um profundo

    conhecimento dos processos industriais, no que se refere aos processos e os

    parmetros quali-quantitativos requeridos do insumo gua. Uma excelncia

    gerencial requerida quando a empresa pretende adotar uma poltica de

    racionalizao do uso da gua, eliminando perdas e compatibilizando quantidade e

    qualidade ao uso.

    O setor industrial deve, portanto, receber ateno especial dos rgos

    gestores de recursos h s

    com vistas a efetiva e descentralizada,

    rincipalmente, neste momento com a difuso do conceito de empresa cidad.

    izao do uso dos recursos hdricos consiste no pro

    a da gua na planta industrial. E

    quantitativa da gua

    a. Como exemplo de aes que contribuem para a racionalizao do

    uso dos recursos hdricos pode-se citar, a implantao de programas visando a

    conservao do uso da gua industrial, que abrangem desde a implantao de

    medidas visando o uso racional da gua, como identificao e reduo de perdas e

    desperdcio na planta industrial, at o reuso de efluentes internos a planta industrial.

    A importncia do reuso de gua para o processo de outorga, por exemplo,

    reside no fato de que, a partir da implantao do reuso direto no processo

    produtivo, fica o usurio automaticamente dispensado de qualquer autorizao por

    parte do poder pblico para o prprio reuso da gua, uma vez que, sua reutilizao

    no se enquadra em nenhuma das hipteses legais deste t

    dricos no que concerne ao aprofundamento das relae

    ao de parcerias, gesto participativ

    p

  • 32

    A Resoluo n 54 de 28 de novembro de 2005, que estabelece critrios

    gerais para o reuso de gua potvel, a primeira lei que trata diretamente da

    questo do reuso,incentivando, por exemplo, questes referentes a critrios de

    cobra

    racionalizao devem ser introduzidos na gesto de recursos hdricos

    industrial po auxiliares,

    como ilustrado na Figura 10.

    s setores auxiliares englobam a administrao, almoxarifado, armazns,

    expedio, manuteno, combate a incndio, etc. Estes setores consomem,

    para o sistema de combate a

    cndio. Nas indstrias cuja preocupao com o meio ambiente mais difundida

    muito

    na diferenciados para usurios que adotem medidas de reuso.Conclui-se,

    portanto, que mecanismos mais efetivos de incentivo adoo de medidas de

    2.5 Principais usos da gua na indstria

    2.5.1 Classificao do sistema hdrico industrial

    Segundo ALMEIDA & SANTOS (2003), do ponto de vista hdrico, uma planta

    de ser dividida em utilidades, processo industrial e setores

    Corpo hdrico

    Setor dd

    e Utilida es

    Processo industrial

    Setores auxiliares

    Figura 10 Fluxo de gua em uma planta industrial Fonte: ALMEIDA & SANTOS (2003)

    O

    sobretudo, gua potvel para higiene e gua bruta

    in

    comum utilizar a gua coletada pela rede pluvial da planta industrial para

    complementar a reserva do sistema de combate de incndio.

    O setor de utilidades responsvel pela captao e tratamento de gua, pelo

    fornecimento dos insumos bsicos de produo, notadamente, vapor, potncia,

  • 33

    gua quente, gua gelada, gelo, gua bruta e gua tratada e pelo tratamento dos

    efluentes industriais, como apresentado na Figura 11.

    Figura 11 Setor de utilidades industrial

    tamento de gua fornece basicamente trs tipos de gua

    res industriais: gua potvel; gua industrial e gua desmineralizada.

    veis qualitativos que so definidos pelo

    processo produtivo. Neste aspecto o processo industrial representa um dos setores

    que m

    Tabela 12 Categorias de gua de acordo com sua qualidade Parmetros

    FONTE: ALMEIDA & SANTOS (2003)

    No processo industrial esto as unidades produtivas, ou seja, aquelas

    unidades que convertem os insumos em produtos finais ou semi-acabados. Este

    setor executa a atividade produtiva da indstria.

    A estao de tra

    para os seto

    A gua industrial inclui diversos n

    ais podem racionalizar o uso de gua, alm disso, a adequao qualitativa da

    gua ao seu uso tambm um dos pontos que podem reduzir custos e consumo de

    guas mais nobres. De acordo com sua aplicao e do grau de qualidade requerido

    para esta, a gua pode ser enquadrada em uma das quatro categorias adaptadas

    da classificao (Tabela 12).

    Grau de Qualidade SDT DQO SST Dureza

    (mg/l) a (mg/l) (mg/l) (mg/l) bTipo I; gua ultra pura

  • 34

    (b) valores baseados em dados fornecidos pela ANEEL e pela classificao de acordo com a dureza

    Fonte: HESPANHOL & MIERZWA (2005)

    ireto, a gua empregada para aquecimento, resfriamento,

    iluio, limpeza, ou seja, a gua utilizada e depois retorna para sistema hdrico

    da indstria ou perdida para o meio ambiente (ALMEIDA & SANTOS, 2003).

    No mbito industrial a gua pode ter as seguintes aplicaes, segundo

    HESP

    o humano

    umano de 25/02/2004.

    mo humano e, muitas vezes, requer qualidade superior a esta, com o fim de

    garan

    A classificao da gua para aplicaes industriais segue caractersticas

    fsico-qumicas, biolgicas e radioativas e varia de acordo com o tipo de aplicao e

    o tipo de atividade industrial.

    2.5.2 Tipos de uso de gua na indstria

    Quanto ao uso da gua na indstria, faz-se necessrio classificar o uso da

    gua em uso direto e indireto. Por uso direto entende-se aquele que a gua est

    presente no produto final, como, por exemplo, em indstrias de bebidas e

    refrigerantes. No uso ind

    d

    ANHOL & MIERZWA (2005):

    ConsumA gua utilizada para consumo humano na unidade industrial deve atender os

    requisitos de potabilidade determinados pela Portaria n 518 Norma de qualidade

    de gua para consumo h

    Matria-prima A gua incorporada ao produto final, como em indstrias farmacuticas,de

    bebidas, e do ramo alimentcio entre outras, pode apresentar um grau de qualidade

    variado, sendo que esta no pode ser inferior qualidade estabelecida para

    consu

    tir no apenas a sade do consumidor , como tambm de preservar a

    qualidade do produto.

  • 35

    U

    tersticas do processo que se destina, geralmente quando apresent