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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica
Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os potenciais riscos à saúde
Gabriela Derani Domingues
Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.
Orientador(a):
Prof (a). Assoc. (a) M. Valeria Robles Velasco
Co-Orientador(a):
Dr (a). Claudineia Ap. Sales de O. Pinto
São Paulo
2017
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................. 1RESUMO ................................................................................................................ 21. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 42. OBJETIVOS ........................................................................................................ 63. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 64. RESULTADOS ................................................................................................... 64.1. Parabenos ....................................................................................................... 74.2. Formol ........................................................................................................... 104.3. Imidazolidinil ureia ....................................................................................... 134.4. Fenoxietanol ................................................................................................. 144.5. Álcool etílico ................................................................................................. 144.6. Metilisotiazolinona ....................................................................................... 155. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 176. CONCLUSÕES ................................................................................................. 237. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 24
1
LISTA DE ABREVIATURAS
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
IARC International Agency for Research on Cancer
CIR
INCI
MIT
CMIT
NACDG
NOEL
RIPT
Cosmetic Ingredient Review
International Nomenclature of Cosmetic Ingredients
Metilisotiazolinona
Metilcloroisotiazolinona
North American Contact Dermatitis Group
No Observed Effect Level
Repeat Insult Patch Test
2
RESUMO DOMINGUES, G. D. Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os potenciais riscos à saúde. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-
Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2017.
Palavras-chave: conservantes; cosméticos; toxicidade.
Introdução. Os conservantes são ingredientes essenciais aos cosméticos, pois
durante o uso do produto tem-se a possibilidade de ocorrer contaminação, pelo
ambiente e pelo usuário. Ao escolher um conservante, deve-se respeitar os limites
estabelecidos pela legislação para seu uso. Existe a preocupação de alguns
consumidores em utilizar produtos que contenham alguns conservantes específicos,
sobre quais constam na mídia informações de perigo, mesmo que não sejam
cientificamente embasadas. Estimuladas pela vontade dos consumidores e
buscando melhores práticas, algumas empresas decidem adotar novas posturas
perante o uso de conservantes. É importante verificar quais os riscos verdadeiros
baseados em informações da literatura científica, e quais alegações disponíveis ao
consumidor não são fundamentadas. Objetivos. Este trabalho busca apresentar os
principais conservantes utilizados em produtos cosméticos e os possíveis riscos à
saúde, documentados em pesquisas científicas, e avaliar se seu uso é justificado ou
se devem ser buscadas alternativas que ofereçam menor risco à saúde. Material e Métodos. A revisão bibliográfica do presente projeto é baseada em artigos, livros,
revistas e sites especializados sobre toxicologia dos conservantes e seus usos mais
comuns. Para efeito de comparação, é feita também uma busca em sites leigos.
Resultados. Por meio da revisão bibliográfica ampla, verificou-se as principais
características e a segurança de uso nas formulações dos conservantes mais
utilizados em produtos cosméticos. Foram estudados os parabenos, o formaldeído, a
imidazolidinil ureia, o fenoxietanol, o etanol e a metilisotiazolinona. Discussão. Verificou-se que a maioria dos conservantes estudados possuem alegações
disponíveis ao público leigo contraditórias àquelas apresentadas neste trabalho,
alegando perigos que os artigos científicos demonstram não ocorrer nas
concentrações permitidas pela legislação, e utilizadas no dia-a-dia do consumidor.
3
Constatou-se também que, apesar de os conservantes de origem vegetal serem
usualmente utilizados como alternativas mais seguras aos sintéticos, eles não
possuem documentação científica suficiente para comprovar sua segurança de uso
tópico. Conclusão. As especulações sobre os conservantes podem muitas vezes
ser usadas para levar o consumidor a deixar de comprar determinados produtos.
Portanto, é necessário ser sempre crítico com as informações que se lê na mídia, e
confirmá-las na literatura científica.
4
1. INTRODUÇÃO Os conservantes são ingredientes essenciais a qualquer produto
industrializado, salvo aqueles com produção estéril. Isso é fato porque, à medida
que um produto é utilizado, ele tem um tempo de vida útil, uma vez que o
consumidor o expõe ao contato com outros materiais, ar, e por vezes o manuseia
com os dedos. Todos estes contatos são meios de possíveis contaminações, e para
que um produto continue tendo suas características preservadas de forma adequada
desde o momento da produção (em que seguiram-se as Boas Práticas de
Fabricação), sendo seguro para uso, e tenha-se garantia de sua eficácia durante o
tempo de uso, que vai desde o prazo de validade até o momento de utilização pelo
consumidor final, são usados os conservantes (ANVISA, 2004).
O conservante ideal não deve reagir com os componentes da formulação e o
material de embalagem, deve ser incolor, inodoro, ter amplo espectro de ação, ser
ativo na fase aquosa (pois é onde os micro-organismos tem capacidade de se
desenvolver), ser eficaz em baixas concentrações e em ampla faixa de pH, não ser
tóxico ou irritante, não se degradar ao longo do prazo de validade do produto, ter
baixo custo e estar de acordo com a legislação vigente onde o produto é produzido
ou será exportado. Porém, nunca se consegue todas essas características em um
só conservante, o que justifica o uso de suas combinações. Para tanto, existem no
mercado algumas combinações específicas, ou blends, que buscam atender à
definição do conservante ideal.
Nos produtos cosméticos, existem algumas classes de conservantes que são
mais comumente utilizadas. São elas: parabenos, álcoois, quaternários,
halogenados, ácidos, compostos fenólicos, isotiazolinonas, e os que reagem com a
acetilacetona (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007). Eles são escolhidos isolados
ou em associação por apresentarem a maior parte das características citadas
anteriormente. Todas estas classes possuem representantes aprovados no Brasil
pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), desde que se respeite
limites de concentrações estabelecidos pelo Órgão Regulamentador.
No entanto, em relação à toxicidade, não são realizados testes no momento da
escolha do conservante de forma isolada. Os conservantes fazem parte do grupo de
três categorias de ingredientes que devem sempre ter seus níveis permitidos e sua
possibilidade de uso consultados na legislação (ANVISA, 2003). Então, os
fabricantes baseiam-se nessas restrições para a escolha do conservante que será
5
utilizado e em qual concentração, adaptando, é claro, de acordo com a
compatibilidade da fórmula, mas tendo o respaldo legal de que a segurança do
usuário não está comprometida.
A ANVISA restringe os ingredientes permitidos em cosméticos, produtos de
higiene pessoal e perfumes, e suas concentrações máximas, juntamente com os
órgãos regulatórios dos demais países do Mercosul (ANVISA, 2012), e não é claro o
embasamento científico pelo qual ela justifica essas restrições. Além disso, na RDC
nº83 de 2016 (ANVISA), Resolução que proíbe o uso dos ingredientes nela listados,
estão descritos os critérios para essa classificação, mas também há margem para
exceção. O informado é que as substâncias listadas são classificadas como
perigosas de acordo com o IARC (Agência Internacional para Pesquisa em Câncer,
do inglês International Agency for Research on Cancer), e isso significa que eles
podem possuir potencial carcinogênico, mutagênico ou serem tóxicos ao sistema
reprodutor (substâncias CRM). Mas, se forem apresentados estudos de segurança
sobre o ingrediente, dependendo do modo como este será empregado, a ANVISA
pode considerar a aprovação de seu uso (ANVISA, 2016).
Com isso, existem controvérsias em relação ao que é realmente seguro. Há
muita divulgação de informações sobre os riscos dos ingredientes cosméticos, mas
não necessariamente elas são embasadas em fontes confiáveis. Estas informações
confundem e alarmam os consumidores, gerando preocupações que podem não ser
justificadas.
Nesse cenário, muitas indústrias estabelecem políticas próprias a respeito da
presença de alguns ingredientes em suas fórmulas, atuando além do previsto nas
normas regulatórias e considerando que a combinação nas formulações pode
resultar em algum malefício. Assim, a empresa também atende às demandas da
fatia de consumidores preocupados, e acaba por ganhar uma nova parte do
mercado, que teme que alguns conservantes possam predispor às reações
alérgicas.
É de se questionar, então, o motivo pelo qual se divulga informações sobre as
reações adversas que certos ingredientes cosméticos podem ocasionar e se há
perigo real ou não, e quais os caminhos possíveis para se buscar uma alternativa
segura.
6
2. OBJETIVOS Avaliar os riscos oferecidos pelos conservantes mais amplamente utilizados
em cosméticos, relacionando os estudos toxicológicos com a via de administração
tópica, verificando os possíveis efeitos adversos que um conservante pode causar
no paciente quando usado em fórmulas cosméticas. A partir disso, também,
comparar os dados encontrados na pesquisa científica com informações divulgadas
na mídia, a fim de validar se o que se diz nos veículos leigos, e é amplamente
divulgado, é coerente ou não com a literatura científica. Por fim, pretende-se
ponderar se há necessidade de se buscar uma alternativa ou não, ou se esta é
apenas uma tendência mundial.
3. MATERIAL E MÉTODOS Para encontrar as informações toxicológicas dos conservantes, utilizou-se a
base de dados Cosmetic Ingredient Review (Revisão de Ingredientes Cosméticos,
CIR), buscando os ingredientes pela nomenclatura INCI (Nomenclatura Internacional
de Ingredientes Cosméticos, do inglês International Nomenclature of Cosmetic
Ingredients). Para aprofundar o conteúdo, as informações que não estavam bem
elucidadas no painel de revisão foram buscadas em artigos, utilizando-se a
ferramenta de busca Google Acadêmico.
A legislação foi encontrada no site da ANVISA, na seção destinada a
cosméticos.
As publicações leigas foram encontradas buscando-se os nomes usuais dos
ingredientes, acompanhados ou não da palavra “perigos”. No caso do álcool, foi
acrescentada a palavra “cosmético” à busca, a fim de refinar os resultados. Então,
foram selecionados os resultados mais relevantes para a discussão dentre os que
aparecem na primeira página de busca.
Para buscar informações sobre toxicidade de extratos vegetais, buscou-se os
nomes científicos das plantas, seguido da palavra toxicity e allergy no Google
Acadêmico.
4. RESULTADOS Após pesquisa em base de dados, foram coletados alguns dados regulatórios
e toxicológicos sobre os conservantes sintéticos mais utilizados na indústria e na
7
manipulação cosmética. Esses dados são apresentados na Tabela 1 e nos tópicos
seguintes.
Tabela 1. Legislação brasileira e nomenclatura dos conservantes
Conservante Nome INCI Concentração permitida em formulações cosméticas
Parabenos Methylparaben, ethylpara-ben, butylparaben, propyl-paraben, isobutylparaben.
Até 0,4% de cada parabeno e 0,8% no total em uma formulação.
Formol (formaldeído)
Formaldehyde Proibido em aerossóis, permitido em produtos orais em até 0,1%, e nos demais, 0,2%.
Imidazolidinil uréia
Imidazolidinyl urea Até 0,6%.
Fenoxietanol Phenoxyethanol
Até 1%, com nível de fenol livre inferior a 0,1%.
Álcool etílico (etanol)
Alcohol Concentração mínima para atividade: 15% - não possui limite.
Metilizotia-zolinona
Methylisothiazolinone Até 0,01%.
Fonte: ANVISA, 2012.
4.1. Parabenos Os parabenos são uma classe de conservantes amplamente utilizados em
formulações, porque são os mais eficazes em baixas concentrações e tem um amplo
espectro de ação. Esta classe engloba: metilparabeno, etilparabeno, propilparabeno,
isopropilparabeno, butilparabeno, isobutilparabeno, benzilparabeno, entre outros
menos utilizados. Eles atuam principalmente contra bolores, leveduras e bactérias
gram-positivas, e são muito usados em associação com o fenoxietanol, que
complementa o espectro de ação. A atividade antibacteriana e antifúngica é
crescente conforme aumenta a lipofilicidade da molécula, ou seja, é proporcional ao
tamanho do grupo alquila ligado ao éster (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007).
Segundo o relatório de segurança da Cosmetic Ingredient Review de 2008, as
concentrações de uso dos parabenos variam segundo a Tabela 2.
8
Tabela 2. Concentrações de uso dos parabenos.
Conservante Concentração utilizada
metilparabeno De 0,0003% a 1%, sendo que a concentração de 1% foi encontrada apenas em batons. Nos demais produtos, encontrou-se uma concentração máxima de 0,7%.
etilparabeno De 0,00002% a 0,98%, sendo que a concentração de 0,98% foi encontrada apenas em loções pré-barbear. Nos demais produtos, encontrou-se uma concentração máxima de 0,6%.
propilparabeno De 0,00002% a 0,7%. isopropilparabeno De 0,00001% a 0,3% butilparabeno De 0,00004% a 0,54% isobutilparabeno De 0,000007% a 0,5% benzilparabeno Não é mais utilizado atualmente.
Fonte: CIR, 2008.
Estudos demonstraram que os parabenos, em geral, produzem reduzida ou
nenhuma irritação na pele ou nos olhos. Um estudo, que apontou irritação moderada
na pele, foi feito com uma formulação contendo 0,3% de butilparabeno, aplicado por
3 dias consecutivos na pele de coelhos (CIR, 2008).
Não foram encontradas evidências de atividade carcinogênica e teratogênica
em uso tópico de formulações contendo parabenos.
Foi comprovado, também, que os parabenos não se bioacumulam, e são
excretados na urina, principalmente como ácido para-hidroxibenzóico, ou outros
metabólitos hidrolisados, e uma pequena parcela é excretada inalterada. Isso ocorre
por se tratar de um éster, sujeito à ação das várias esterases presentes em quase
todos os tecidos. A atividade das esterases diminuiu conforme aumenta a cadeia
alifática do éster (ABBAS et al., 2010).
A literatura relatou atividades prejudiciais ligadas ao potencial desruptor
endócrino dos parabenos, que ocorre pela semelhança estrutural de suas moléculas
dos parabenos com o 17ß-estadiol. Observando a molécula do 17ß-estradiol na
Figura 1, e de 4 parabenos na Figura 2, podemos observar a semelhança no grupo
fenol e na cadeia carbônica lateral, que fica maior conforme cresce o número de
átomos de carbono no grupo substituinte éster dos parabenos (CIR, 2008).
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Figura 1. Fórmula estrutural do 17ß-estradiol.
Fonte: Wikipedia.
Figura 2. Fórmulas estruturais de: a) metilparabeno; b) etilparabeno; c) propilparabeno; d) propilparabeno.
Fonte: BOTTOLI et al., 2011.
Em um estudo in vitro, a viabilidade do esperma foi mensurada observando-
se a motilidade dos espermatozoides após mistura de 0,2ml de esperma com 1,0ml
de parabenos em concentrações variadas, separadamente. Concentrações a partir
de 3mg/ml de propilparabeno, 6mg/ml de metilparabeno e 8mg/ml de etilparabeno
eliminaram a viabilidade do esperma. Como a concentração de metilparabeno que
inativou o esperma foi a menor estudada, acredita-se que essa inativação possa
acontecer em concentrações ainda menores (Song, 1989).
O impacto na qualidade do esperma foi evidenciado in vivo. Ratos que
receberam aproximadamente 12,4mg/kg de propilparabeno via oral diariamente por
4 semanas, tiveram significativa redução na produção e na contagem de esperma.
No mesmo estudo, o grupo de ratos que recebeu a dose de aproximadamente
125mg/kg teve também a concentração de testosterona sérica significativamente
reduzida (Oishi, 2002).
Em um estudo semelhante, desta vez avaliando a atividade do butilparabeno,
constatou-se que, também, houve significativa redução na contagem de esperma em
doses a partir de aproximadamente 10mg/kg diárias, durante 8 semanas (Oishi,
2001).
10
Em relação à ligação aos receptores de estrogênio, todos os estudos
apontaram não ocorrer competição ou afinidade do metilparabeno pelo receptor
estrogênico. Os demais parabenos interagiram mais de acordo com o aumento do
grupo alquila da função éster, devido à crescente semelhança evidenciada nas
Figuras 1 e 2. Os valores comparativos variaram cerca de 300 vezes (no caso do
isobutilparabeno) a 10.000 vezes (no caso do etilparabeno) interação menor com os
receptores em relação ao 17ß-estradiol (Satoh et. al, 2000).
No entanto, estima-se que, em média, o uso diário de produtos cosméticos
que contenham parabenos seja de 17,76g (CIR, 2008). Considerando este valor e
que a concentração máxima de parabenos que pode ser usada em uma formulação
é de 0,8%, no máximo 142 mg/dia entrariam em contato com a pele após aplicar o
produto. Além disso, deve-se considerar que apenas uma porcentagem dessa
massa é absorvida pelo organismo, dependendo do veículo empregado na
formulação (CIR, 2008). Mesmo assim, se considerarmos que a dose diária
necessária para se obter efeitos endócrinos é acima de 10mg/kg, uma pessoa de
60kg teria de absorver diariamente, no mínimo, 600mg de parabenos para se
observar algum efeito adverso.
No geral, os parabenos se provaram não irritantes quando nas concentrações
normais de uso. Em relação a alergias, diversos estudos clínicos apontam a
presença de hipersensibilidade a parabenos em cerca de 1% da população, e de 4%
na população diagnosticada com dermatite atópica (CIR, 2008).
4.2. Formol O formol, também conhecido como formaldeído, é muito solúvel em água, e
seu uso em cosméticos se estende, além da finalidade de conservante, a produtos
para alisamento capilar e endurecimento de unhas. No Brasil, o uso do formol com
função alisante é proibido. Isso inclui outras substâncias similares, ou que produzem
formol por decomposição, como o glutaraldeído, o ácido glioxílico e o metilenoglicol,
sendo que este último é resultado do equilíbrio químico que se estabelece com o
formaldeído em solução aquosa, demonstrado pela Figura 3. No caso de esmaltes
endurecedores de unhas, o formaldeído pode ser usado em até 5%, porém é
obrigatória a sinalização da presença da substância no rótulo, juntamente com um
aviso para a proteção das cutículas (ANVISA, 2013). Para o escopo do trabalho,
11
será abordada principalmente a toxicologia relacionada à via tópica de
administração.
O formaldeído atua contra bactérias gram-positivas e negativas, e também
contra bolores e leveduras, podendo ser usado como único conservante nas
formulações (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007). As concentrações utilizadas nos
produtos cosméticos, segundo o levantamento realizado pela Cosmetics Ingredient
Review de 2013, variam de 0,04 a 0,056%, porém a maior parte dos fabricantes
optou por não disponibilizar essa informação. Em relação a endurecedores de
unhas, as concentrações de formaldeído e de metilenoglicol variam de 0,5% a 2,2%
e de 0,8% a 3,5%, respectivamente.
Figura 3. Equilíbrio químico entre formaldeído e metilenoglicol.
Fonte: Labmuffin, 2012.
Por se tratar de um composto volátil e altamente hidrossolúvel, a absorção do
formaldeído ocorre facilmente pela via inalatória. Pelo mesmo motivo, a absorção
sistêmica por via cutânea é mínima.
Um estudo evidenciou esse fato após aplicar uma dose de 2 mg, em
concentração de 10mg/ml, de formaldeído marcado com C14 na pele de macacos, e
efetuar a coleta de amostras em alguns intervalos de horas em seguida, até 72h
depois. Foi observado que a soma da quantidade de carbono marcado
radioativamente nas fezes, na urina e no ar expirado desses macacos não
ultrapassou 1% da quantidade aplicada. No sangue, estimando-se a quantidade de
C14 no volume total, calculou-se que foi encontrado 0,015% da dose, e na área da
pele onde o analito foi aplicado, encontrou-se um total de 9,5% ao final das 72h.
Além disso, não foi observado acúmulo nos tecidos. Assume-se, portanto, que a
pele do macaco foi pouco permeável ao formaldeído, e que ocorreu evaporação do
produto (ATSDR, 1999). É possível afirmar, então, que o real perigo do uso do
formaldeído em cosméticos está em formulações que permitem sua volatilização,
Formaldeído Água Metilenoglicol
12
como aerossóis e produtos que serão aquecidos durante o uso. Por esse motivo, ele
é proibido em produtos aerossóis, e sua concentração máxima em produtos
alisantes foi reduzida à mesma estabelecida para os demais produtos, para
configurar apenas sua ação conservante.
Desse modo, o maior risco relacionado ao formaldeído é o ocupacional, pois
funcionários de salões de beleza são expostos aos vapores do formaldeído todos os
dias. Há também muitos casos de adulteração clandestina do produto alisante, para
aumentar a quantidade de formol em no mínimo 5%, pois assim ele desempenha a
função de desnaturante proteico, contribuindo para o alisamento.
A metabolização do formaldeído ocorre rapidamente pela ação da aldeído
desidrogenase, enzima que está amplamente presente nos tecidos. Por isso, ele não
tem a capacidade de se bioacumular. O formaldeído, também, é intermediário de
reações metabólicas naturais, então antes de provocar efeitos tóxicos, ele pode
fazer parte da via metabólica da síntese de nucleotídeos e de aminoácidos, por
exemplo. Em altas doses, no entanto, o metabolismo é saturado, e tem-se os efeitos
tóxicos, que ocorrem por sua reatividade com bases nitrogenadas e aminoácidos,
provocando a ligação entre diferentes proteínas, entre fitas simples de DNA e
proteínas.
No uso tópico de formulações contendo formaldeído, há uma probabilidade de
aproximadamente 6% de pessoas desenvolverem hipersensibilidade à molécula,
segundo um estudo realizado com teste de contato publicado no Journal of the
American Academy of Dermatology (SHAUGHNESSY et al., 2017). Este estudo não
encontrou diferença entre a probabilidade em pacientes sem ou com dermatite
atópica. Outro estudo comparando a sensibilização de pacientes a agentes irritantes
avaliou que uma concentração de 0,37% de formol (1% de formalina) é capaz de
sensibilizar 4 a 5% dos sujeitos da pesquisa. As porcentagens aumentaram
conforme a concentração de indução também aumentou, e abaixo de 0,37%, os
resultados não foram claros, porém indicaram redução na sensibilização. Por isto, no
caso do uso tópico, a Cosmetics Ingredients Review considera o formaldeído seguro
para uso seguindo-se a restrição de concentração na legislação (CIR, 2013).
O formaldeído é classificado pela IARC na categoria 1, o que significa que ele
tem potencial carcinogênico em humanos baseado em evidências. Portanto, existe
essa correlação entre a exposição e a ocorrência de neoplasias, mas ela só é
estabelecida para as vias inalatória, subcutânea, injetáveis e oral. Em ratos, a
13
concentração necessária para se provar essa correlação claramente, foi encontrada
por Monticello et al. (1996). A partir de 10ppm de formol no ar produziu neoplasias
em ratos expostos por 24 meses. Isso significa uma inalação contínua de 0,001% de
formol.
4.3. Imidazolidinil ureia
A imidazolidinil ureia atua contra bactérias gram-negativas, sendo muito
usada em associação a parabenos, para completar o espectro de ação (MAPRIC).
Ela também é um liberador de formaldeído, o que significa que ele é um produto de
decomposição, que ocorre em solução aquosa neutra ou básica (Lehmann, 2006).
Porém, como o processo é lento, isso resulta em concentrações muito baixas de
formaldeído livre na formulação, mas que acaba tendo um mínimo de atividade,
aumentando o espectro de ação, e pode provocar os mesmos efeitos alérgicos, pois
esses não são dose-dependentes. Contudo, os demais efeitos do formaldeído são
reduzidos (SHAUGHNESSY et al., 2017).
Os estudos de toxicidade aguda em ratos não apontaram irritação na pele,
avaliando-se edema e eritema, em doses de até 8g/kg. Os estudos crônicos
demonstraram leve irritação penas em doses acima de 20mg/kg, o que é muito
acima da quantidade usada em produtos cosméticos. Algo que aproxima às
concentrações que permeiam a epiderme foi apresentado por um estudo que
mostrou resultados negativos à sensibilização com imidazolidinil ureia aplicada por
injeção intracutânea em ratos, na concentração de 0,1%. Em coelhos, também não
foi observada reação a um teste de contato com solução de 5%, aplicado por 3 dias
consecutivos. Os mesmos modelos de testes foram aplicados em humanos, com
respostas correspondentes. Com isso, pode-se afirmar que a imidazolidinil ureia é
não-irritante ou sensibilizante (CIR, 1980).
Por esse motivo, seu uso é comum em produtos destinados a peles
sensíveis. Segundo o levantamento da Cosmetic Ingredient Review de 2003, as
concentrações de uso variam entre 0,1% e 1%, sendo que encontrou-se uma
concentração maior do que 0,7% apenas em cremes de barbear. Nesse mesmo
levantamento, observa-se que 40,7% dos produtos avaliados são destinados ao
cuidado com a pele, como hidratantes corporais, cremes para rugas e máscaras
faciais.
14
4.4. Fenoxietanol O fenoxietanol tem boa atividade contra bactérias gram-negativas. Por esse
motivo, é muito usado em associação a parabenos, completando, assim, o espectro
de ação (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007). Porém, em maiores concentrações,
ele atinge a mínima concentração inibitória (MIC) para fungos, como a Candida
albicans (0,54%), e para bactérias gram-positivas, como o Staphylococcus aureus
(0,85%) (CIR, 1990). Suas concentrações de uso variam entre 0,0002% e 1%. Não
foi relatado uso em produtos para unhas, nem em perfumes (CIR, 2011).
Estudos de irritação ocular em ratos demonstraram que 0,1ml de solução de
fenoxietanol em uma concentração de 2,2% não causa irritação. Quanto à irritação
dérmica, em um estudo utilizando-se adesivos oclusivos com 2% de fenoxietanol em
coelhos, observou-se que ele produziu sutil eritema após 24h em apenas um de 3
coelhos testados. Não houve sensibilização dos 6 porquinhos da índia quando foi
verificada a indução do teste com 5 aplicações de 0,1ml de fenoxietanol a 10% (CIR,
1990).
Em humanos saudáveis, não foi observado nenhum tipo de reação de
irritabilidade ou alérgica quando aplicados testes de contato com soluções oleosas
de fenoxietanol a 1,0%. Os estudos que utilizaram concentração de 10% relataram
alguns casos de irritação branda, mas que desapareceram até 2 dias depois da
aplicação, e não se repetiram com aplicações seguintes (CIR, 1990).
4.5. Álcool etílico O álcool etílico ou etanol e comumente denominado de álcool, é usado nas
formulações com as funções: redutor de viscosidade, antiespumante, adstringente,
solvente para fragrâncias, além de ser antimicrobiano. Ele é usado em
concentrações entre 0,0002% e 90% (CIR, 2008). Seu espectro de ação é completo,
mas é necessário no mínimo 15% para que ele possa ser utilizado como único
conservante em uma fórmula (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007), e 70% é a
concentração ideal para a atividade bactericida do etanol (ROWE et al., 2009).
O álcool provou ser um potente irritante ocular. Um estudo em ratos utilizando
0,1ml de etanol 90%, demonstrou esse fato (Guillot et al., 1982).
A absorção de etanol pela pele é mínima, pois grande parte evapora em
questão de segundos após sua aplicação. Isto foi demonstrado em um estudo, que
avaliou a evaporação de etanol quando aplicado na pele de porcos, in vivo e in vitro,
15
e sua absorção em voluntários adultos (PENDLINGTON et al., 2001). Como
resultado, constatou-se que a meia vida de evaporação do álcool da pele de porcos
é de 11,7 segundos, que a oclusão da pele após sua aplicação aumenta a absorção
cutânea, e que a aplicação de etanol em spray por todo o corpo de 16 sujeitos
produziu uma concentração sanguínea máxima de 1,3mg/100ml entre os
voluntários, quando detectável, o que é uma dose incapaz de produzir efeitos
toxicológicos sistêmicos.
O álcool é facilmente absorvido quando inalado, mas a produção de efeitos
sistêmicos só ocorre quando há exposição ao vapor por um período de tempo longo
e concentrações altas, como demonstrado por Pastino et al. (1997). Ele verificou que
uma concentração máxima de 1,3mg/100ml no sangue seria atingida com uma
exposição a 600ppm de vapores de etanol por 6h. Estes valores são maiores do que
se poderia atingir com o uso de produtos cosméticos que contivesse etanol.
Uma característica importante atrelada ao uso tópico do etanol envolve sua
capacidade de aumentar a permeabilidade da pele. A água aumenta a
permeabilidade da pele, mas sem causar uma desordem nas camadas lipídicas. O
resultado é uma maior fluidez no espaço intercelular, o que facilita a passagem de
íons e outras substâncias do metabolismo celular. O álcool até 30% (m/m) também
causa este efeito sem perturbar as camadas do estrato córneo. Contudo, em
concentrações maiores, verificou-se que o etanol causa a dissolução de parte dos
lipídeos, de forma não benigna e a alteração estrutural e remoção de proteínas. Isso
suprime a resistência da barreira do estrato córneo. Como consequência, tem-se
maior perda de água transepidérmica, e a formação de poros (SUHONENAC et al.,
1999).
4.6. Metilisotiazolinona A metilisotiazolinona (MIT) possui boa atividade antibacteriana, porém não
atua bem contra fungos. Sua associação com a metilcloroisotiazolinona (CMIT) é
muito comum, pois assim o espectro de ação é completo. Essa mistura, na
proporção 3:1 (CMIT/MIT), é permitida no Brasil em concentrações até 0,0015%
(ANVISA, 2012). Ela também é utilizada em associação com o fenoxietanol, pois
provou-se que, desse modo, sua ação é potencializada e seu espectro de ação se
completa, em concentrações bem abaixo do máximo estabelecido pela legislação
(0,0005% de metilisotiazolinona combinada com 0,2% de fenoxietanol) (LUNDOV et
16
al., 2011 - 1). Contudo, sua concentração de uso varia entre 3,5x10-8% e 0,01%
(CIR, 2014), que é o máximo permitido pela ANVISA (2012).
Estudos avaliando a toxicidade aguda de formulações de shampoo, filtro solar
e loção corporal demonstraram que uma concentração de 100ppm (0,01%) de MIT
nessas formulações não causa efeitos tóxicos, e chegou-se em uma aproximação de
LD50 de 2000mg de formulação/kg de massa corporal. Quando avaliada a irritação
ocular em coelhos, formulações nessas mesmas condições não provocaram
irritação. A MIT também provou-se não irritante em pele de coelhos, em
concentrações até 10%. Em humanos, estudos conduzidos com uma aplicação por
24h de amostras de solução, loção corporal, shampoo e filtro solar, contendo
100ppm de MIT, não demonstraram irritação (CIR, 2014).
Quanto à sensibilização, estudos em porquinhos da índia demonstraram que
a concentração de 0,0015% de MIT não produziu efeitos. Em humanos, estudos de
sensibilização utilizando o método RIPT (teste de contato de insulto repetido, do
inglês Repeat Insult Patch Test), demonstraram que a concentração de 100ppm não
foi sensibilizante, e testes realizados com 200, 300, 400, 500 ou 600ppm em
diferentes pacientes, apontaram que a MIT não é sensibilizante até 600ppm (CIR,
2014). Contraditoriamente, um estudo avaliou concentrações mais baixas em
pacientes que já tinham um histórico de pelo menos uma reação positiva à MIT. Os
resultados demonstraram reações alérgicas a 49ppm de MIT em 55% dos pacientes.
Esse estudo também avaliou se a presença de fenoxietanol influenciava nos
resultados, mas não obteve diferença significativa entre as reações às fórmulas com
ou sem fenoxietanol (LUNDOV et al., 2011 - 2).
Além disso, o parecer da Cosmetic Ingredient Review de 2014 aponta um
aumento do número de produtos leave-on, ou seja, sem enxágue, em que o
ingrediente é utilizado, entre 2007 e 2014. Essa informação, somada aos dados de
aumento de reações alérgicas associadas à MIT na população, levou-os a calcular
se a quantidade média em que um consumidor estaria exposto diariamente supera o
nível aceitável de exposição para se obter uma reação de hipersensibilidade. O
resultado foi que, para os produtos rinse-off, ou seja, com enxágue, não haveria
problemas na exposição à substância, mas o mesmo não foi observado para os
produtos leave-on.
17
5. DISCUSSÃO Observando-se a repercussão em diversos veículos da mídia sobre a
segurança de conservantes em cosméticos, o consumidor fica exposto a um
conteúdo sensacionalista, e muitas vezes, falso. Alguns exemplos estão
demonstrados a seguir.
O terceiro, o quarto e o sexto resultado da pesquisa com o termo “parabenos”
no Google, trouxeram páginas que, após explicarem o que são os parabenos e
dizerem que há pesquisas polêmicas quanto a sua segurança, concluem que é
melhor evitar produtos que os contenham, e em seguida, fazem uma chamada para
uma marca livre de parabenos. As Figuras 4, 5 e 6, mostram as páginas
mencionadas.
Figura 4. Publicação sobre parabenos na página “Cabelos e Cia”.
Fonte: Cabelos e Cia, 2012.
Figura 5. Publicação sobre parabenos na página “Beleza no campo”.
Fonte: Beleza no campo.
18
Figura 6. Publicação sobre parabenos na página “Dermus”.
Fonte: Dermus.
A principal controvérsia envolvendo parabenos é a desrupção endócrina.
Harvey and Johnson (2002) fizeram uma abordagem sobre a desrupção endócrina,
ressaltando que se trata de um mecanismo pelo qual efeitos tóxicos podem
acontecer nas glândulas endócrinas, e não um efeito tóxico por si só. Esses
mecanismos de desrupção devem ser avaliados individualmente para cada
composto, para termos dados dos efeitos tóxicos finais. Sendo assim, não bastam
os dados de interação de um potencial agente tóxico com um receptor endócrino,
mas ainda são necessários estudos de doses repetidas e efeitos a longo prazo,
evidenciando-se os efeitos tóxicos, o NOEL (No Observed Effect Level, em inglês,
nível em que não se observada qualquer efeito) e sua reversibilidade.
Nenhum desses sites da internet levam em consideração a absorção limitada
dos parabenos via derme, sua concentração mínima ou máxima real, que segue a
exigência regulatória nos produtos cosméticos, a metabolização rápida desses
compostos, e a fraca interação com o receptor de 17ß-estradiol, que no pior dos
cenários apresentou afinidade cerca de 300 vezes menor que a do hormônio em si.
Além disso, mesmo tratando-se da possibilidade que os parabenos tem de causar
reação alérgica, não temos um número consideravelmente grande para a população
sem problemas de pele (cerca de 1% da população). A única ressalva fica para os
pacientes atópicos, pois cerca de 4% dessa população sofre com alergias aos
parabenos (CIR, 2008). Como esse ingrediente está presente em grande parte dos
produtos, esses pacientes acabam tendo que recorrer aos produtos manipulados.
Contudo, a quantidade média de produtos cosméticos usados diariamente
contendo parabenos, citado na seção anterior, é um dado apresentado pela
19
indústria, e como foi cedido sob demanda do CIR, não foi possível verificar a sua
confiabilidade. Mesmo assim, considerando o cálculo feito anteriormente, para se
observar efeitos adversos, é necessário que sejam absorvidos, no mínimo, 600mg
de parabenos. Como o máximo de parabenos que um produto pode conter é 0,8%,
calcula-se que teriam que ser utilizados 75g de produtos cosméticos que
contivessem parabenos na dose máxima para se obter algum efeito tóxico,
excluindo-se o fator de absorção cutânea, que aumentaria mais esse valor. Portanto,
mesmo que a média de utilização de produtos seja maior que 17,76g, tem-se uma
margem grande de segurança.
Muitos sites, também, afirmaram que os parabenos tem potencial irritante e
alergênico. Porém, conforme abordado na pesquisa realizada, há estudos científicos
que contrariam essa afirmação. Um estudo que realizou testes de alergia em
pacientes, que eram previamente diagnosticados ou não com dermatite atópica,
obteve um resultado próximo de 0 pacientes que apresentaram reações alérgicas. O
teste foi feito seguindo-se o padrão NACDG (Grupo de dermatite de contato norte-
americano, do inglês North American Contact Dermatitis Group), utilizando uma
mistura não especificada de parabenos. Esse estudo contraria muitas alegações
sobre o potencial alergênico (SHAUGHNESSY et al., 2017).
Os sites encontrados que falam sobre o formol não desviaram dos fatos ao
tratar dos efeitos toxicológicos, mas também não informaram em quais
concentrações são observados estes efeitos, que segundo a pesquisa realizada
para esse trabalho, não ocorrem nas concentrações permitidas pela legislação,
excetuando-se as reações alérgicas. Isto leva o consumidor a temer usar qualquer
produto que contenha formaldeído, o que é um medo sem fundamento. Outra
questão importante em relação ao formol é que deve-se ter cuidado com alguns
ingredientes que exercem a mesma função ou são produtos de equilíbrio químico do
formaldeído, sendo o principal deles, o metilenoglicol. Como apresentado na Figura 3, esse equilíbrio deixa uma brecha na legislação, pois uma empresa pode usar e
listar o metilenoglicol em um produto, por exemplo, mas na formulação acaba-se
tendo também o formol, e não se sabe ao certo em que quantidade.
As informações encontradas sobre a imidazolidinil ureia nos sites leigos
aproximam-se daquelas sobre o formol, por ela ser um composto liberador de
formaldeído. Do mesmo modo, a ausência de efeitos tóxicos dentro da
concentração permitida para uso foi ignorada. A Figura 7 apresenta uma página em
20
que são listados ingredientes que supostamente se deve evitar em cosméticos, e
nela encontram-se os parabenos e a imidazolidinil ureia. A justificativa para banir a
imidazolidinil ureia é a de que ela seria a principal causa de dermatite de contato, e
liberadora de formaldeído. Como foi abordado, a liberação de formaldeído não é
prejudicial nas concentrações limites estabelecidas por lei, e o Grupo Norte-
Americano de Dermatite de Contato (2013) contradiz a informação de a imidazolidinil
ureia ser a maior causa de dermatite de contato. Portanto, o site transmite
informações equivocadas.
Figura 7: Publicação sobre imidazolidinil ureia na página “Macris”.
Fonte: Macris, 2013.
O fenoxietanol, também, é vítima da desconsideração da concentração de
uso, em que não foram observados efeitos tóxicos. As Figuras 8 e 9 apresentam
duas páginas com conteúdo que se pode entender como sensacionalista sobre o
fenoxietanol. Outro aspecto que não foi levado em conta foi a restrita absorção
cutânea, que impede que ocorram efeitos sistêmicos.
Figura 8: Publicação sobre fenoxietanol na página “Naturessima”.
Fonte: Naturessima, 2014.
21
Figura 9. Publicação sobre fenoxietanol na página “Lookaholic”.
Fonte: Lookaholic, 2012.
Quanto ao álcool etílico, as informações encontradas são razoáveis e
condizentes com aquelas pesquisadas para este trabalho, tratando principalmente
do potencial irritante e de ressecamento da pele. Esses efeitos iniciam-se na
concentração de 30%, que é inferior à concentração em que se tem atividade
antimicrobiana ótima, de 70%. O álcool é muito usado acima dessa concentração
também para exercer a função de veículo, principalmente em fragrâncias e
desodorantes líquidos, e em pós-barbas, para a função de bactericida, chegando a
mais de 90% (CIR, 2008).
Uma consideração relevante é a do consumo de formulações cosméticas
contendo concentrações alcóolicas elevadas por adictos, que encontram nelas uma
fonte muitas vezes barata da substância. Para prevenir esse desvio de uso, são
utilizados os desnaturantes, conforme a resolução RDC nº 46, de 20 de fevereiro de
2002, que tornam o álcool impróprio para o consumo humano. Contudo, não se pode
afirmar que o sujeito adicto irá recusar o produto por esse motivo.
A metilisotiazolinona foi nomeada Alérgeno do Ano em 2013, pela Sociedade
Americana de Dermatite de Contato (CIR, 2014). Com base nesse fato e na
pesquisa realizada pela Cosmetic Ingredient Review em 2014 para a MIT, ela foi
proibida em produtos sem enxágue em 12 de fevereiro de 2017 na União Europeia.
Em 6 de julho de 2017, a Comissão Europeia aprovou uma nova regulamentação
que restringe a concentração máxima em todos os produtos com enxágue do
mercado para 15ppm, ou seja, 0,015%, a ser implementada até 27 de abril de 2018
(Brazil Beauty News, 2017).
Essa conduta mostra-se interessante, já que Lundov et al. (2011 – 1)
provaram que a associação de 5 ppm de MIT a 0,2% de fenoxietanol já resulta em
22
atividade conservante suficiente. Porém, ao restringir-se muito a gama de
conservantes que podem ser utilizados nos produtos cosméticos, os conservantes
que normalmente são pouco utilizados começam a ser empregados em um número
muito maior de formulações. Isso aumenta a concentração diária à qual o
consumidor está exposto, aumentando os casos de alergia. Foi justamente isso que
ocorreu com a metilisotiazolinona.
Essa situação leva à reflexão sobre qual seria a necessidade de restringir as
quantidades de conservantes que são cientificamente provados como seguros, pois
se as agências regulatórias optassem por levar em conta a pressão midiática sobre
os “perigos” dos conservantes, não restariam muitas opções de conservantes
sintéticos, e os permitidos seriam utilizados em cada vez mais formulações,
causando mais reações adversas.
Nesse cenário, surge a necessidade de se buscar alternativas, como os
conservantes de origem vegetal. Um exemplo é o óleo essencial de tomilho, que
possui em sua composição grande quantidade de timol e carvacrol, de reconhecida
ação (LAIATE; ROSSI, 2012). O óleo essencial de cravo da índia também
apresentou boa atividade contra S. aureus (gram-positiva), S. typhimurium, E. coli e
P. aeroginosa (gram-negativas), mas não foi eficaz contra L. Monocytogenes
(RODRIGUEZ, 2014). Ele também mostrou-se inibitório ao crescimento dos fungos
T. mentagrophytes, T. rubrum, e M. Gypseum. Essa atividade deve-se
principalmente ao eugenol (PARK et al., 2007). Por sua vez, o extrato de gabiroba
inibiu o crescimento de P. aeroginosa, S. typhimurium, E. coli e S. aureus, porém
não teve boa atividade contra o crescimento de L. monocytogenes e E. coli
(RODRIGUEZ, 2014).
Contudo, não está bem elucidada a toxicologia de administração tópica dos
extratos vegetais. Destes óleos essenciais mencionados, foi encontrada informação
sobre uso tópico apenas sobre o tomilho, cujo óleo essencial não produziu irritação
na pele em concentração de 5% em emulsão O/A, e a literatura aponta que a
concentração de timol não deve ultrapassar 0,15%, pois este possui efeito cáustico
(LAIATE; ROSSI, 2012). Para o óleo essencial de cravo, foi encontrado um estudo in
vitro, que apontou citotoxicidade em fibroblastos incubados por uma hora em
solução contendo o óleo essencial. Essa toxicidade foi constatada a partir de 0,03%
de óleo essencial, e foi atribuída ao eugenol, que é o principal componente ativo
(PRASHAR et al, 2006). Também foi encontrado um estudo que avalia a
23
citotoxicidade in vitro do óleo essencial de gabiroba, determinando que a IC50 do
óleo em células epiteliais HEp-2 é 0,04%, ou seja, é a concentração inibitória para o
crescimento de 50% das células. Porém, demonstrou também que os componentes
do óleo isolados não tiveram efeitos inibitórios, pois cerca de 99% das células
sobreviveram (HOOD et al., 2010).
Não foram encontrados, no entanto, dados sobre reações alérgicas para
esses óleos essenciais, ou sobre irritação cutânea, no caso dos óleos de cravo e de
gabiroba. A maioria dos dados toxicológicos disponíveis são para uso interno. Isso
nos leva ao questionamento sobre qual é a real segurança em se buscar
conservantes alternativos em extratos vegetais, já que, estes sim, não possuem
estudos toxicológicos tão vastos para comprovarem sua segurança.
6. CONCLUSÕES A partir dos resultados encontrados, notou-se que existe um sensacionalismo
midiático em torno de alguns conservantes utilizados nos produtos cosméticos.
Devemos questionar a veracidade das informações divulgadas na mídia e as de
cunho científico, pois são criadas informações nem sempre verdadeiras na sua
intensidade e acaba-se comprometendo a sensação de segurança do consumidor.
Devemos ter sempre o sentido de confrontar as informações divulgadas com a
realidade dos fatos. Existe também o interesse comercial das empresas que visam a
divulgação de seus produtos. Podemos considerar que muitas vezes os
conservantes acabam sendo considerados “culpados” dos problemas de pele,
embora outros ingredientes possam contribuir para as reações alérgicas que os
produtos ocasionam e, muitas vezes, suas misturas. Outro fato é que os usuários de
produtos contendo conservantes nem sempre realizam testes de alergia para
confirmar se é verídico o fato do problema ter sido causado pelo conservante, e isso
ocorre principalmente no caso dos parabenos.
Esse movimento de desconfiança não é algo exclusivo à indústria cosmética,
mas sim, um fenômeno mundial que são os fatos pós-verdades. As pós-verdades
foram definidas pelo dicionário Oxford como um adjetivo, "relativo a ou que denota
circunstâncias nas quais fatos objetivos são menos influentes na formação da
opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal" (G1, 2017). Isso reflete
em todos os âmbitos que a mídia consegue alcançar, e principalmente as de menor
porte, que alegam que a indústria ou o governo “escondem” do consumidor estes
24
“fatos” veiculados. Isso gera uma sensação de medo e vulnerabilidade, e é da
natureza humana dar mais credibilidade a esse tipo de informação que atinge o
emocional (FOLHA, 2017).
Além disso, aponta-se que as alternativas para os conservantes tradicionais
sintéticos seriam os de origem natural que, sob a ótica do consumidor, teriam menos
chances de causar danos à saúde. Porém, essa visão está errada, e conservantes
de origem vegetal ainda não são muito bem estudados, não sendo possível uma
avaliação de segurança como foi desenvolvida no presente trabalho.
Portanto, conclui-se que é seguro permanecer utilizando os conservantes
tradicionais, que possuem seus riscos toxicológicos atrelados, porém com
concentrações conhecidas em relação ao efeito tóxico esperado, desde que os
limites de concentrações determinados pela legislação sejam respeitados. Devemos
considerar seu papel primordial na manutenção da qualidade microbiológica do
produto que foi produzido seguindo as Boas Práticas de Fabricação, que garantem
ao usuário a segurança de uso e a eficácia de seus componentes ativos durante seu
prazo de validade.
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