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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os potenciais riscos à saúde Gabriela Derani Domingues Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia- Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientador(a): Prof (a). Assoc. (a) M. Valeria Robles Velasco Co-Orientador(a): Dr (a). Claudineia Ap. Sales de O. Pinto São Paulo 2017

Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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Page 1: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os potenciais riscos à saúde

Gabriela Derani Domingues

Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo.

Orientador(a):

Prof (a). Assoc. (a) M. Valeria Robles Velasco

Co-Orientador(a):

Dr (a). Claudineia Ap. Sales de O. Pinto

São Paulo

2017

Page 2: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................. 1RESUMO ................................................................................................................ 21. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 42. OBJETIVOS ........................................................................................................ 63. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................... 64. RESULTADOS ................................................................................................... 64.1. Parabenos ....................................................................................................... 74.2. Formol ........................................................................................................... 104.3. Imidazolidinil ureia ....................................................................................... 134.4. Fenoxietanol ................................................................................................. 144.5. Álcool etílico ................................................................................................. 144.6. Metilisotiazolinona ....................................................................................... 155. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 176. CONCLUSÕES ................................................................................................. 237. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 24

Page 3: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

IARC International Agency for Research on Cancer

CIR

INCI

MIT

CMIT

NACDG

NOEL

RIPT

Cosmetic Ingredient Review

International Nomenclature of Cosmetic Ingredients

Metilisotiazolinona

Metilcloroisotiazolinona

North American Contact Dermatitis Group

No Observed Effect Level

Repeat Insult Patch Test

Page 4: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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RESUMO DOMINGUES, G. D. Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os potenciais riscos à saúde. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-

Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2017.

Palavras-chave: conservantes; cosméticos; toxicidade.

Introdução. Os conservantes são ingredientes essenciais aos cosméticos, pois

durante o uso do produto tem-se a possibilidade de ocorrer contaminação, pelo

ambiente e pelo usuário. Ao escolher um conservante, deve-se respeitar os limites

estabelecidos pela legislação para seu uso. Existe a preocupação de alguns

consumidores em utilizar produtos que contenham alguns conservantes específicos,

sobre quais constam na mídia informações de perigo, mesmo que não sejam

cientificamente embasadas. Estimuladas pela vontade dos consumidores e

buscando melhores práticas, algumas empresas decidem adotar novas posturas

perante o uso de conservantes. É importante verificar quais os riscos verdadeiros

baseados em informações da literatura científica, e quais alegações disponíveis ao

consumidor não são fundamentadas. Objetivos. Este trabalho busca apresentar os

principais conservantes utilizados em produtos cosméticos e os possíveis riscos à

saúde, documentados em pesquisas científicas, e avaliar se seu uso é justificado ou

se devem ser buscadas alternativas que ofereçam menor risco à saúde. Material e Métodos. A revisão bibliográfica do presente projeto é baseada em artigos, livros,

revistas e sites especializados sobre toxicologia dos conservantes e seus usos mais

comuns. Para efeito de comparação, é feita também uma busca em sites leigos.

Resultados. Por meio da revisão bibliográfica ampla, verificou-se as principais

características e a segurança de uso nas formulações dos conservantes mais

utilizados em produtos cosméticos. Foram estudados os parabenos, o formaldeído, a

imidazolidinil ureia, o fenoxietanol, o etanol e a metilisotiazolinona. Discussão. Verificou-se que a maioria dos conservantes estudados possuem alegações

disponíveis ao público leigo contraditórias àquelas apresentadas neste trabalho,

alegando perigos que os artigos científicos demonstram não ocorrer nas

concentrações permitidas pela legislação, e utilizadas no dia-a-dia do consumidor.

Page 5: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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Constatou-se também que, apesar de os conservantes de origem vegetal serem

usualmente utilizados como alternativas mais seguras aos sintéticos, eles não

possuem documentação científica suficiente para comprovar sua segurança de uso

tópico. Conclusão. As especulações sobre os conservantes podem muitas vezes

ser usadas para levar o consumidor a deixar de comprar determinados produtos.

Portanto, é necessário ser sempre crítico com as informações que se lê na mídia, e

confirmá-las na literatura científica.

Page 6: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

4

1. INTRODUÇÃO Os conservantes são ingredientes essenciais a qualquer produto

industrializado, salvo aqueles com produção estéril. Isso é fato porque, à medida

que um produto é utilizado, ele tem um tempo de vida útil, uma vez que o

consumidor o expõe ao contato com outros materiais, ar, e por vezes o manuseia

com os dedos. Todos estes contatos são meios de possíveis contaminações, e para

que um produto continue tendo suas características preservadas de forma adequada

desde o momento da produção (em que seguiram-se as Boas Práticas de

Fabricação), sendo seguro para uso, e tenha-se garantia de sua eficácia durante o

tempo de uso, que vai desde o prazo de validade até o momento de utilização pelo

consumidor final, são usados os conservantes (ANVISA, 2004).

O conservante ideal não deve reagir com os componentes da formulação e o

material de embalagem, deve ser incolor, inodoro, ter amplo espectro de ação, ser

ativo na fase aquosa (pois é onde os micro-organismos tem capacidade de se

desenvolver), ser eficaz em baixas concentrações e em ampla faixa de pH, não ser

tóxico ou irritante, não se degradar ao longo do prazo de validade do produto, ter

baixo custo e estar de acordo com a legislação vigente onde o produto é produzido

ou será exportado. Porém, nunca se consegue todas essas características em um

só conservante, o que justifica o uso de suas combinações. Para tanto, existem no

mercado algumas combinações específicas, ou blends, que buscam atender à

definição do conservante ideal.

Nos produtos cosméticos, existem algumas classes de conservantes que são

mais comumente utilizadas. São elas: parabenos, álcoois, quaternários,

halogenados, ácidos, compostos fenólicos, isotiazolinonas, e os que reagem com a

acetilacetona (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007). Eles são escolhidos isolados

ou em associação por apresentarem a maior parte das características citadas

anteriormente. Todas estas classes possuem representantes aprovados no Brasil

pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), desde que se respeite

limites de concentrações estabelecidos pelo Órgão Regulamentador.

No entanto, em relação à toxicidade, não são realizados testes no momento da

escolha do conservante de forma isolada. Os conservantes fazem parte do grupo de

três categorias de ingredientes que devem sempre ter seus níveis permitidos e sua

possibilidade de uso consultados na legislação (ANVISA, 2003). Então, os

fabricantes baseiam-se nessas restrições para a escolha do conservante que será

Page 7: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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utilizado e em qual concentração, adaptando, é claro, de acordo com a

compatibilidade da fórmula, mas tendo o respaldo legal de que a segurança do

usuário não está comprometida.

A ANVISA restringe os ingredientes permitidos em cosméticos, produtos de

higiene pessoal e perfumes, e suas concentrações máximas, juntamente com os

órgãos regulatórios dos demais países do Mercosul (ANVISA, 2012), e não é claro o

embasamento científico pelo qual ela justifica essas restrições. Além disso, na RDC

nº83 de 2016 (ANVISA), Resolução que proíbe o uso dos ingredientes nela listados,

estão descritos os critérios para essa classificação, mas também há margem para

exceção. O informado é que as substâncias listadas são classificadas como

perigosas de acordo com o IARC (Agência Internacional para Pesquisa em Câncer,

do inglês International Agency for Research on Cancer), e isso significa que eles

podem possuir potencial carcinogênico, mutagênico ou serem tóxicos ao sistema

reprodutor (substâncias CRM). Mas, se forem apresentados estudos de segurança

sobre o ingrediente, dependendo do modo como este será empregado, a ANVISA

pode considerar a aprovação de seu uso (ANVISA, 2016).

Com isso, existem controvérsias em relação ao que é realmente seguro. Há

muita divulgação de informações sobre os riscos dos ingredientes cosméticos, mas

não necessariamente elas são embasadas em fontes confiáveis. Estas informações

confundem e alarmam os consumidores, gerando preocupações que podem não ser

justificadas.

Nesse cenário, muitas indústrias estabelecem políticas próprias a respeito da

presença de alguns ingredientes em suas fórmulas, atuando além do previsto nas

normas regulatórias e considerando que a combinação nas formulações pode

resultar em algum malefício. Assim, a empresa também atende às demandas da

fatia de consumidores preocupados, e acaba por ganhar uma nova parte do

mercado, que teme que alguns conservantes possam predispor às reações

alérgicas.

É de se questionar, então, o motivo pelo qual se divulga informações sobre as

reações adversas que certos ingredientes cosméticos podem ocasionar e se há

perigo real ou não, e quais os caminhos possíveis para se buscar uma alternativa

segura.

Page 8: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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2. OBJETIVOS Avaliar os riscos oferecidos pelos conservantes mais amplamente utilizados

em cosméticos, relacionando os estudos toxicológicos com a via de administração

tópica, verificando os possíveis efeitos adversos que um conservante pode causar

no paciente quando usado em fórmulas cosméticas. A partir disso, também,

comparar os dados encontrados na pesquisa científica com informações divulgadas

na mídia, a fim de validar se o que se diz nos veículos leigos, e é amplamente

divulgado, é coerente ou não com a literatura científica. Por fim, pretende-se

ponderar se há necessidade de se buscar uma alternativa ou não, ou se esta é

apenas uma tendência mundial.

3. MATERIAL E MÉTODOS Para encontrar as informações toxicológicas dos conservantes, utilizou-se a

base de dados Cosmetic Ingredient Review (Revisão de Ingredientes Cosméticos,

CIR), buscando os ingredientes pela nomenclatura INCI (Nomenclatura Internacional

de Ingredientes Cosméticos, do inglês International Nomenclature of Cosmetic

Ingredients). Para aprofundar o conteúdo, as informações que não estavam bem

elucidadas no painel de revisão foram buscadas em artigos, utilizando-se a

ferramenta de busca Google Acadêmico.

A legislação foi encontrada no site da ANVISA, na seção destinada a

cosméticos.

As publicações leigas foram encontradas buscando-se os nomes usuais dos

ingredientes, acompanhados ou não da palavra “perigos”. No caso do álcool, foi

acrescentada a palavra “cosmético” à busca, a fim de refinar os resultados. Então,

foram selecionados os resultados mais relevantes para a discussão dentre os que

aparecem na primeira página de busca.

Para buscar informações sobre toxicidade de extratos vegetais, buscou-se os

nomes científicos das plantas, seguido da palavra toxicity e allergy no Google

Acadêmico.

4. RESULTADOS Após pesquisa em base de dados, foram coletados alguns dados regulatórios

e toxicológicos sobre os conservantes sintéticos mais utilizados na indústria e na

Page 9: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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manipulação cosmética. Esses dados são apresentados na Tabela 1 e nos tópicos

seguintes.

Tabela 1. Legislação brasileira e nomenclatura dos conservantes

Conservante Nome INCI Concentração permitida em formulações cosméticas

Parabenos Methylparaben, ethylpara-ben, butylparaben, propyl-paraben, isobutylparaben.

Até 0,4% de cada parabeno e 0,8% no total em uma formulação.

Formol (formaldeído)

Formaldehyde Proibido em aerossóis, permitido em produtos orais em até 0,1%, e nos demais, 0,2%.

Imidazolidinil uréia

Imidazolidinyl urea Até 0,6%.

Fenoxietanol Phenoxyethanol

Até 1%, com nível de fenol livre inferior a 0,1%.

Álcool etílico (etanol)

Alcohol Concentração mínima para atividade: 15% - não possui limite.

Metilizotia-zolinona

Methylisothiazolinone Até 0,01%.

Fonte: ANVISA, 2012.

4.1. Parabenos Os parabenos são uma classe de conservantes amplamente utilizados em

formulações, porque são os mais eficazes em baixas concentrações e tem um amplo

espectro de ação. Esta classe engloba: metilparabeno, etilparabeno, propilparabeno,

isopropilparabeno, butilparabeno, isobutilparabeno, benzilparabeno, entre outros

menos utilizados. Eles atuam principalmente contra bolores, leveduras e bactérias

gram-positivas, e são muito usados em associação com o fenoxietanol, que

complementa o espectro de ação. A atividade antibacteriana e antifúngica é

crescente conforme aumenta a lipofilicidade da molécula, ou seja, é proporcional ao

tamanho do grupo alquila ligado ao éster (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007).

Segundo o relatório de segurança da Cosmetic Ingredient Review de 2008, as

concentrações de uso dos parabenos variam segundo a Tabela 2.

Page 10: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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Tabela 2. Concentrações de uso dos parabenos.

Conservante Concentração utilizada

metilparabeno De 0,0003% a 1%, sendo que a concentração de 1% foi encontrada apenas em batons. Nos demais produtos, encontrou-se uma concentração máxima de 0,7%.

etilparabeno De 0,00002% a 0,98%, sendo que a concentração de 0,98% foi encontrada apenas em loções pré-barbear. Nos demais produtos, encontrou-se uma concentração máxima de 0,6%.

propilparabeno De 0,00002% a 0,7%. isopropilparabeno De 0,00001% a 0,3% butilparabeno De 0,00004% a 0,54% isobutilparabeno De 0,000007% a 0,5% benzilparabeno Não é mais utilizado atualmente.

Fonte: CIR, 2008.

Estudos demonstraram que os parabenos, em geral, produzem reduzida ou

nenhuma irritação na pele ou nos olhos. Um estudo, que apontou irritação moderada

na pele, foi feito com uma formulação contendo 0,3% de butilparabeno, aplicado por

3 dias consecutivos na pele de coelhos (CIR, 2008).

Não foram encontradas evidências de atividade carcinogênica e teratogênica

em uso tópico de formulações contendo parabenos.

Foi comprovado, também, que os parabenos não se bioacumulam, e são

excretados na urina, principalmente como ácido para-hidroxibenzóico, ou outros

metabólitos hidrolisados, e uma pequena parcela é excretada inalterada. Isso ocorre

por se tratar de um éster, sujeito à ação das várias esterases presentes em quase

todos os tecidos. A atividade das esterases diminuiu conforme aumenta a cadeia

alifática do éster (ABBAS et al., 2010).

A literatura relatou atividades prejudiciais ligadas ao potencial desruptor

endócrino dos parabenos, que ocorre pela semelhança estrutural de suas moléculas

dos parabenos com o 17ß-estadiol. Observando a molécula do 17ß-estradiol na

Figura 1, e de 4 parabenos na Figura 2, podemos observar a semelhança no grupo

fenol e na cadeia carbônica lateral, que fica maior conforme cresce o número de

átomos de carbono no grupo substituinte éster dos parabenos (CIR, 2008).

Page 11: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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Figura 1. Fórmula estrutural do 17ß-estradiol.

Fonte: Wikipedia.

Figura 2. Fórmulas estruturais de: a) metilparabeno; b) etilparabeno; c) propilparabeno; d) propilparabeno.

Fonte: BOTTOLI et al., 2011.

Em um estudo in vitro, a viabilidade do esperma foi mensurada observando-

se a motilidade dos espermatozoides após mistura de 0,2ml de esperma com 1,0ml

de parabenos em concentrações variadas, separadamente. Concentrações a partir

de 3mg/ml de propilparabeno, 6mg/ml de metilparabeno e 8mg/ml de etilparabeno

eliminaram a viabilidade do esperma. Como a concentração de metilparabeno que

inativou o esperma foi a menor estudada, acredita-se que essa inativação possa

acontecer em concentrações ainda menores (Song, 1989).

O impacto na qualidade do esperma foi evidenciado in vivo. Ratos que

receberam aproximadamente 12,4mg/kg de propilparabeno via oral diariamente por

4 semanas, tiveram significativa redução na produção e na contagem de esperma.

No mesmo estudo, o grupo de ratos que recebeu a dose de aproximadamente

125mg/kg teve também a concentração de testosterona sérica significativamente

reduzida (Oishi, 2002).

Em um estudo semelhante, desta vez avaliando a atividade do butilparabeno,

constatou-se que, também, houve significativa redução na contagem de esperma em

doses a partir de aproximadamente 10mg/kg diárias, durante 8 semanas (Oishi,

2001).

Page 12: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

10

Em relação à ligação aos receptores de estrogênio, todos os estudos

apontaram não ocorrer competição ou afinidade do metilparabeno pelo receptor

estrogênico. Os demais parabenos interagiram mais de acordo com o aumento do

grupo alquila da função éster, devido à crescente semelhança evidenciada nas

Figuras 1 e 2. Os valores comparativos variaram cerca de 300 vezes (no caso do

isobutilparabeno) a 10.000 vezes (no caso do etilparabeno) interação menor com os

receptores em relação ao 17ß-estradiol (Satoh et. al, 2000).

No entanto, estima-se que, em média, o uso diário de produtos cosméticos

que contenham parabenos seja de 17,76g (CIR, 2008). Considerando este valor e

que a concentração máxima de parabenos que pode ser usada em uma formulação

é de 0,8%, no máximo 142 mg/dia entrariam em contato com a pele após aplicar o

produto. Além disso, deve-se considerar que apenas uma porcentagem dessa

massa é absorvida pelo organismo, dependendo do veículo empregado na

formulação (CIR, 2008). Mesmo assim, se considerarmos que a dose diária

necessária para se obter efeitos endócrinos é acima de 10mg/kg, uma pessoa de

60kg teria de absorver diariamente, no mínimo, 600mg de parabenos para se

observar algum efeito adverso.

No geral, os parabenos se provaram não irritantes quando nas concentrações

normais de uso. Em relação a alergias, diversos estudos clínicos apontam a

presença de hipersensibilidade a parabenos em cerca de 1% da população, e de 4%

na população diagnosticada com dermatite atópica (CIR, 2008).

4.2. Formol O formol, também conhecido como formaldeído, é muito solúvel em água, e

seu uso em cosméticos se estende, além da finalidade de conservante, a produtos

para alisamento capilar e endurecimento de unhas. No Brasil, o uso do formol com

função alisante é proibido. Isso inclui outras substâncias similares, ou que produzem

formol por decomposição, como o glutaraldeído, o ácido glioxílico e o metilenoglicol,

sendo que este último é resultado do equilíbrio químico que se estabelece com o

formaldeído em solução aquosa, demonstrado pela Figura 3. No caso de esmaltes

endurecedores de unhas, o formaldeído pode ser usado em até 5%, porém é

obrigatória a sinalização da presença da substância no rótulo, juntamente com um

aviso para a proteção das cutículas (ANVISA, 2013). Para o escopo do trabalho,

Page 13: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

11

será abordada principalmente a toxicologia relacionada à via tópica de

administração.

O formaldeído atua contra bactérias gram-positivas e negativas, e também

contra bolores e leveduras, podendo ser usado como único conservante nas

formulações (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007). As concentrações utilizadas nos

produtos cosméticos, segundo o levantamento realizado pela Cosmetics Ingredient

Review de 2013, variam de 0,04 a 0,056%, porém a maior parte dos fabricantes

optou por não disponibilizar essa informação. Em relação a endurecedores de

unhas, as concentrações de formaldeído e de metilenoglicol variam de 0,5% a 2,2%

e de 0,8% a 3,5%, respectivamente.

Figura 3. Equilíbrio químico entre formaldeído e metilenoglicol.

Fonte: Labmuffin, 2012.

Por se tratar de um composto volátil e altamente hidrossolúvel, a absorção do

formaldeído ocorre facilmente pela via inalatória. Pelo mesmo motivo, a absorção

sistêmica por via cutânea é mínima.

Um estudo evidenciou esse fato após aplicar uma dose de 2 mg, em

concentração de 10mg/ml, de formaldeído marcado com C14 na pele de macacos, e

efetuar a coleta de amostras em alguns intervalos de horas em seguida, até 72h

depois. Foi observado que a soma da quantidade de carbono marcado

radioativamente nas fezes, na urina e no ar expirado desses macacos não

ultrapassou 1% da quantidade aplicada. No sangue, estimando-se a quantidade de

C14 no volume total, calculou-se que foi encontrado 0,015% da dose, e na área da

pele onde o analito foi aplicado, encontrou-se um total de 9,5% ao final das 72h.

Além disso, não foi observado acúmulo nos tecidos. Assume-se, portanto, que a

pele do macaco foi pouco permeável ao formaldeído, e que ocorreu evaporação do

produto (ATSDR, 1999). É possível afirmar, então, que o real perigo do uso do

formaldeído em cosméticos está em formulações que permitem sua volatilização,

Formaldeído Água Metilenoglicol

Page 14: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

12

como aerossóis e produtos que serão aquecidos durante o uso. Por esse motivo, ele

é proibido em produtos aerossóis, e sua concentração máxima em produtos

alisantes foi reduzida à mesma estabelecida para os demais produtos, para

configurar apenas sua ação conservante.

Desse modo, o maior risco relacionado ao formaldeído é o ocupacional, pois

funcionários de salões de beleza são expostos aos vapores do formaldeído todos os

dias. Há também muitos casos de adulteração clandestina do produto alisante, para

aumentar a quantidade de formol em no mínimo 5%, pois assim ele desempenha a

função de desnaturante proteico, contribuindo para o alisamento.

A metabolização do formaldeído ocorre rapidamente pela ação da aldeído

desidrogenase, enzima que está amplamente presente nos tecidos. Por isso, ele não

tem a capacidade de se bioacumular. O formaldeído, também, é intermediário de

reações metabólicas naturais, então antes de provocar efeitos tóxicos, ele pode

fazer parte da via metabólica da síntese de nucleotídeos e de aminoácidos, por

exemplo. Em altas doses, no entanto, o metabolismo é saturado, e tem-se os efeitos

tóxicos, que ocorrem por sua reatividade com bases nitrogenadas e aminoácidos,

provocando a ligação entre diferentes proteínas, entre fitas simples de DNA e

proteínas.

No uso tópico de formulações contendo formaldeído, há uma probabilidade de

aproximadamente 6% de pessoas desenvolverem hipersensibilidade à molécula,

segundo um estudo realizado com teste de contato publicado no Journal of the

American Academy of Dermatology (SHAUGHNESSY et al., 2017). Este estudo não

encontrou diferença entre a probabilidade em pacientes sem ou com dermatite

atópica. Outro estudo comparando a sensibilização de pacientes a agentes irritantes

avaliou que uma concentração de 0,37% de formol (1% de formalina) é capaz de

sensibilizar 4 a 5% dos sujeitos da pesquisa. As porcentagens aumentaram

conforme a concentração de indução também aumentou, e abaixo de 0,37%, os

resultados não foram claros, porém indicaram redução na sensibilização. Por isto, no

caso do uso tópico, a Cosmetics Ingredients Review considera o formaldeído seguro

para uso seguindo-se a restrição de concentração na legislação (CIR, 2013).

O formaldeído é classificado pela IARC na categoria 1, o que significa que ele

tem potencial carcinogênico em humanos baseado em evidências. Portanto, existe

essa correlação entre a exposição e a ocorrência de neoplasias, mas ela só é

estabelecida para as vias inalatória, subcutânea, injetáveis e oral. Em ratos, a

Page 15: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

13

concentração necessária para se provar essa correlação claramente, foi encontrada

por Monticello et al. (1996). A partir de 10ppm de formol no ar produziu neoplasias

em ratos expostos por 24 meses. Isso significa uma inalação contínua de 0,001% de

formol.

4.3. Imidazolidinil ureia

A imidazolidinil ureia atua contra bactérias gram-negativas, sendo muito

usada em associação a parabenos, para completar o espectro de ação (MAPRIC).

Ela também é um liberador de formaldeído, o que significa que ele é um produto de

decomposição, que ocorre em solução aquosa neutra ou básica (Lehmann, 2006).

Porém, como o processo é lento, isso resulta em concentrações muito baixas de

formaldeído livre na formulação, mas que acaba tendo um mínimo de atividade,

aumentando o espectro de ação, e pode provocar os mesmos efeitos alérgicos, pois

esses não são dose-dependentes. Contudo, os demais efeitos do formaldeído são

reduzidos (SHAUGHNESSY et al., 2017).

Os estudos de toxicidade aguda em ratos não apontaram irritação na pele,

avaliando-se edema e eritema, em doses de até 8g/kg. Os estudos crônicos

demonstraram leve irritação penas em doses acima de 20mg/kg, o que é muito

acima da quantidade usada em produtos cosméticos. Algo que aproxima às

concentrações que permeiam a epiderme foi apresentado por um estudo que

mostrou resultados negativos à sensibilização com imidazolidinil ureia aplicada por

injeção intracutânea em ratos, na concentração de 0,1%. Em coelhos, também não

foi observada reação a um teste de contato com solução de 5%, aplicado por 3 dias

consecutivos. Os mesmos modelos de testes foram aplicados em humanos, com

respostas correspondentes. Com isso, pode-se afirmar que a imidazolidinil ureia é

não-irritante ou sensibilizante (CIR, 1980).

Por esse motivo, seu uso é comum em produtos destinados a peles

sensíveis. Segundo o levantamento da Cosmetic Ingredient Review de 2003, as

concentrações de uso variam entre 0,1% e 1%, sendo que encontrou-se uma

concentração maior do que 0,7% apenas em cremes de barbear. Nesse mesmo

levantamento, observa-se que 40,7% dos produtos avaliados são destinados ao

cuidado com a pele, como hidratantes corporais, cremes para rugas e máscaras

faciais.

Page 16: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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4.4. Fenoxietanol O fenoxietanol tem boa atividade contra bactérias gram-negativas. Por esse

motivo, é muito usado em associação a parabenos, completando, assim, o espectro

de ação (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007). Porém, em maiores concentrações,

ele atinge a mínima concentração inibitória (MIC) para fungos, como a Candida

albicans (0,54%), e para bactérias gram-positivas, como o Staphylococcus aureus

(0,85%) (CIR, 1990). Suas concentrações de uso variam entre 0,0002% e 1%. Não

foi relatado uso em produtos para unhas, nem em perfumes (CIR, 2011).

Estudos de irritação ocular em ratos demonstraram que 0,1ml de solução de

fenoxietanol em uma concentração de 2,2% não causa irritação. Quanto à irritação

dérmica, em um estudo utilizando-se adesivos oclusivos com 2% de fenoxietanol em

coelhos, observou-se que ele produziu sutil eritema após 24h em apenas um de 3

coelhos testados. Não houve sensibilização dos 6 porquinhos da índia quando foi

verificada a indução do teste com 5 aplicações de 0,1ml de fenoxietanol a 10% (CIR,

1990).

Em humanos saudáveis, não foi observado nenhum tipo de reação de

irritabilidade ou alérgica quando aplicados testes de contato com soluções oleosas

de fenoxietanol a 1,0%. Os estudos que utilizaram concentração de 10% relataram

alguns casos de irritação branda, mas que desapareceram até 2 dias depois da

aplicação, e não se repetiram com aplicações seguintes (CIR, 1990).

4.5. Álcool etílico O álcool etílico ou etanol e comumente denominado de álcool, é usado nas

formulações com as funções: redutor de viscosidade, antiespumante, adstringente,

solvente para fragrâncias, além de ser antimicrobiano. Ele é usado em

concentrações entre 0,0002% e 90% (CIR, 2008). Seu espectro de ação é completo,

mas é necessário no mínimo 15% para que ele possa ser utilizado como único

conservante em uma fórmula (COSMÉTICOS E PERFUMES, 2007), e 70% é a

concentração ideal para a atividade bactericida do etanol (ROWE et al., 2009).

O álcool provou ser um potente irritante ocular. Um estudo em ratos utilizando

0,1ml de etanol 90%, demonstrou esse fato (Guillot et al., 1982).

A absorção de etanol pela pele é mínima, pois grande parte evapora em

questão de segundos após sua aplicação. Isto foi demonstrado em um estudo, que

avaliou a evaporação de etanol quando aplicado na pele de porcos, in vivo e in vitro,

Page 17: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

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e sua absorção em voluntários adultos (PENDLINGTON et al., 2001). Como

resultado, constatou-se que a meia vida de evaporação do álcool da pele de porcos

é de 11,7 segundos, que a oclusão da pele após sua aplicação aumenta a absorção

cutânea, e que a aplicação de etanol em spray por todo o corpo de 16 sujeitos

produziu uma concentração sanguínea máxima de 1,3mg/100ml entre os

voluntários, quando detectável, o que é uma dose incapaz de produzir efeitos

toxicológicos sistêmicos.

O álcool é facilmente absorvido quando inalado, mas a produção de efeitos

sistêmicos só ocorre quando há exposição ao vapor por um período de tempo longo

e concentrações altas, como demonstrado por Pastino et al. (1997). Ele verificou que

uma concentração máxima de 1,3mg/100ml no sangue seria atingida com uma

exposição a 600ppm de vapores de etanol por 6h. Estes valores são maiores do que

se poderia atingir com o uso de produtos cosméticos que contivesse etanol.

Uma característica importante atrelada ao uso tópico do etanol envolve sua

capacidade de aumentar a permeabilidade da pele. A água aumenta a

permeabilidade da pele, mas sem causar uma desordem nas camadas lipídicas. O

resultado é uma maior fluidez no espaço intercelular, o que facilita a passagem de

íons e outras substâncias do metabolismo celular. O álcool até 30% (m/m) também

causa este efeito sem perturbar as camadas do estrato córneo. Contudo, em

concentrações maiores, verificou-se que o etanol causa a dissolução de parte dos

lipídeos, de forma não benigna e a alteração estrutural e remoção de proteínas. Isso

suprime a resistência da barreira do estrato córneo. Como consequência, tem-se

maior perda de água transepidérmica, e a formação de poros (SUHONENAC et al.,

1999).

4.6. Metilisotiazolinona A metilisotiazolinona (MIT) possui boa atividade antibacteriana, porém não

atua bem contra fungos. Sua associação com a metilcloroisotiazolinona (CMIT) é

muito comum, pois assim o espectro de ação é completo. Essa mistura, na

proporção 3:1 (CMIT/MIT), é permitida no Brasil em concentrações até 0,0015%

(ANVISA, 2012). Ela também é utilizada em associação com o fenoxietanol, pois

provou-se que, desse modo, sua ação é potencializada e seu espectro de ação se

completa, em concentrações bem abaixo do máximo estabelecido pela legislação

(0,0005% de metilisotiazolinona combinada com 0,2% de fenoxietanol) (LUNDOV et

Page 18: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

16

al., 2011 - 1). Contudo, sua concentração de uso varia entre 3,5x10-8% e 0,01%

(CIR, 2014), que é o máximo permitido pela ANVISA (2012).

Estudos avaliando a toxicidade aguda de formulações de shampoo, filtro solar

e loção corporal demonstraram que uma concentração de 100ppm (0,01%) de MIT

nessas formulações não causa efeitos tóxicos, e chegou-se em uma aproximação de

LD50 de 2000mg de formulação/kg de massa corporal. Quando avaliada a irritação

ocular em coelhos, formulações nessas mesmas condições não provocaram

irritação. A MIT também provou-se não irritante em pele de coelhos, em

concentrações até 10%. Em humanos, estudos conduzidos com uma aplicação por

24h de amostras de solução, loção corporal, shampoo e filtro solar, contendo

100ppm de MIT, não demonstraram irritação (CIR, 2014).

Quanto à sensibilização, estudos em porquinhos da índia demonstraram que

a concentração de 0,0015% de MIT não produziu efeitos. Em humanos, estudos de

sensibilização utilizando o método RIPT (teste de contato de insulto repetido, do

inglês Repeat Insult Patch Test), demonstraram que a concentração de 100ppm não

foi sensibilizante, e testes realizados com 200, 300, 400, 500 ou 600ppm em

diferentes pacientes, apontaram que a MIT não é sensibilizante até 600ppm (CIR,

2014). Contraditoriamente, um estudo avaliou concentrações mais baixas em

pacientes que já tinham um histórico de pelo menos uma reação positiva à MIT. Os

resultados demonstraram reações alérgicas a 49ppm de MIT em 55% dos pacientes.

Esse estudo também avaliou se a presença de fenoxietanol influenciava nos

resultados, mas não obteve diferença significativa entre as reações às fórmulas com

ou sem fenoxietanol (LUNDOV et al., 2011 - 2).

Além disso, o parecer da Cosmetic Ingredient Review de 2014 aponta um

aumento do número de produtos leave-on, ou seja, sem enxágue, em que o

ingrediente é utilizado, entre 2007 e 2014. Essa informação, somada aos dados de

aumento de reações alérgicas associadas à MIT na população, levou-os a calcular

se a quantidade média em que um consumidor estaria exposto diariamente supera o

nível aceitável de exposição para se obter uma reação de hipersensibilidade. O

resultado foi que, para os produtos rinse-off, ou seja, com enxágue, não haveria

problemas na exposição à substância, mas o mesmo não foi observado para os

produtos leave-on.

Page 19: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

17

5. DISCUSSÃO Observando-se a repercussão em diversos veículos da mídia sobre a

segurança de conservantes em cosméticos, o consumidor fica exposto a um

conteúdo sensacionalista, e muitas vezes, falso. Alguns exemplos estão

demonstrados a seguir.

O terceiro, o quarto e o sexto resultado da pesquisa com o termo “parabenos”

no Google, trouxeram páginas que, após explicarem o que são os parabenos e

dizerem que há pesquisas polêmicas quanto a sua segurança, concluem que é

melhor evitar produtos que os contenham, e em seguida, fazem uma chamada para

uma marca livre de parabenos. As Figuras 4, 5 e 6, mostram as páginas

mencionadas.

Figura 4. Publicação sobre parabenos na página “Cabelos e Cia”.

Fonte: Cabelos e Cia, 2012.

Figura 5. Publicação sobre parabenos na página “Beleza no campo”.

Fonte: Beleza no campo.

Page 20: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

18

Figura 6. Publicação sobre parabenos na página “Dermus”.

Fonte: Dermus.

A principal controvérsia envolvendo parabenos é a desrupção endócrina.

Harvey and Johnson (2002) fizeram uma abordagem sobre a desrupção endócrina,

ressaltando que se trata de um mecanismo pelo qual efeitos tóxicos podem

acontecer nas glândulas endócrinas, e não um efeito tóxico por si só. Esses

mecanismos de desrupção devem ser avaliados individualmente para cada

composto, para termos dados dos efeitos tóxicos finais. Sendo assim, não bastam

os dados de interação de um potencial agente tóxico com um receptor endócrino,

mas ainda são necessários estudos de doses repetidas e efeitos a longo prazo,

evidenciando-se os efeitos tóxicos, o NOEL (No Observed Effect Level, em inglês,

nível em que não se observada qualquer efeito) e sua reversibilidade.

Nenhum desses sites da internet levam em consideração a absorção limitada

dos parabenos via derme, sua concentração mínima ou máxima real, que segue a

exigência regulatória nos produtos cosméticos, a metabolização rápida desses

compostos, e a fraca interação com o receptor de 17ß-estradiol, que no pior dos

cenários apresentou afinidade cerca de 300 vezes menor que a do hormônio em si.

Além disso, mesmo tratando-se da possibilidade que os parabenos tem de causar

reação alérgica, não temos um número consideravelmente grande para a população

sem problemas de pele (cerca de 1% da população). A única ressalva fica para os

pacientes atópicos, pois cerca de 4% dessa população sofre com alergias aos

parabenos (CIR, 2008). Como esse ingrediente está presente em grande parte dos

produtos, esses pacientes acabam tendo que recorrer aos produtos manipulados.

Contudo, a quantidade média de produtos cosméticos usados diariamente

contendo parabenos, citado na seção anterior, é um dado apresentado pela

Page 21: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

19

indústria, e como foi cedido sob demanda do CIR, não foi possível verificar a sua

confiabilidade. Mesmo assim, considerando o cálculo feito anteriormente, para se

observar efeitos adversos, é necessário que sejam absorvidos, no mínimo, 600mg

de parabenos. Como o máximo de parabenos que um produto pode conter é 0,8%,

calcula-se que teriam que ser utilizados 75g de produtos cosméticos que

contivessem parabenos na dose máxima para se obter algum efeito tóxico,

excluindo-se o fator de absorção cutânea, que aumentaria mais esse valor. Portanto,

mesmo que a média de utilização de produtos seja maior que 17,76g, tem-se uma

margem grande de segurança.

Muitos sites, também, afirmaram que os parabenos tem potencial irritante e

alergênico. Porém, conforme abordado na pesquisa realizada, há estudos científicos

que contrariam essa afirmação. Um estudo que realizou testes de alergia em

pacientes, que eram previamente diagnosticados ou não com dermatite atópica,

obteve um resultado próximo de 0 pacientes que apresentaram reações alérgicas. O

teste foi feito seguindo-se o padrão NACDG (Grupo de dermatite de contato norte-

americano, do inglês North American Contact Dermatitis Group), utilizando uma

mistura não especificada de parabenos. Esse estudo contraria muitas alegações

sobre o potencial alergênico (SHAUGHNESSY et al., 2017).

Os sites encontrados que falam sobre o formol não desviaram dos fatos ao

tratar dos efeitos toxicológicos, mas também não informaram em quais

concentrações são observados estes efeitos, que segundo a pesquisa realizada

para esse trabalho, não ocorrem nas concentrações permitidas pela legislação,

excetuando-se as reações alérgicas. Isto leva o consumidor a temer usar qualquer

produto que contenha formaldeído, o que é um medo sem fundamento. Outra

questão importante em relação ao formol é que deve-se ter cuidado com alguns

ingredientes que exercem a mesma função ou são produtos de equilíbrio químico do

formaldeído, sendo o principal deles, o metilenoglicol. Como apresentado na Figura 3, esse equilíbrio deixa uma brecha na legislação, pois uma empresa pode usar e

listar o metilenoglicol em um produto, por exemplo, mas na formulação acaba-se

tendo também o formol, e não se sabe ao certo em que quantidade.

As informações encontradas sobre a imidazolidinil ureia nos sites leigos

aproximam-se daquelas sobre o formol, por ela ser um composto liberador de

formaldeído. Do mesmo modo, a ausência de efeitos tóxicos dentro da

concentração permitida para uso foi ignorada. A Figura 7 apresenta uma página em

Page 22: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

20

que são listados ingredientes que supostamente se deve evitar em cosméticos, e

nela encontram-se os parabenos e a imidazolidinil ureia. A justificativa para banir a

imidazolidinil ureia é a de que ela seria a principal causa de dermatite de contato, e

liberadora de formaldeído. Como foi abordado, a liberação de formaldeído não é

prejudicial nas concentrações limites estabelecidas por lei, e o Grupo Norte-

Americano de Dermatite de Contato (2013) contradiz a informação de a imidazolidinil

ureia ser a maior causa de dermatite de contato. Portanto, o site transmite

informações equivocadas.

Figura 7: Publicação sobre imidazolidinil ureia na página “Macris”.

Fonte: Macris, 2013.

O fenoxietanol, também, é vítima da desconsideração da concentração de

uso, em que não foram observados efeitos tóxicos. As Figuras 8 e 9 apresentam

duas páginas com conteúdo que se pode entender como sensacionalista sobre o

fenoxietanol. Outro aspecto que não foi levado em conta foi a restrita absorção

cutânea, que impede que ocorram efeitos sistêmicos.

Figura 8: Publicação sobre fenoxietanol na página “Naturessima”.

Fonte: Naturessima, 2014.

Page 23: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

21

Figura 9. Publicação sobre fenoxietanol na página “Lookaholic”.

Fonte: Lookaholic, 2012.

Quanto ao álcool etílico, as informações encontradas são razoáveis e

condizentes com aquelas pesquisadas para este trabalho, tratando principalmente

do potencial irritante e de ressecamento da pele. Esses efeitos iniciam-se na

concentração de 30%, que é inferior à concentração em que se tem atividade

antimicrobiana ótima, de 70%. O álcool é muito usado acima dessa concentração

também para exercer a função de veículo, principalmente em fragrâncias e

desodorantes líquidos, e em pós-barbas, para a função de bactericida, chegando a

mais de 90% (CIR, 2008).

Uma consideração relevante é a do consumo de formulações cosméticas

contendo concentrações alcóolicas elevadas por adictos, que encontram nelas uma

fonte muitas vezes barata da substância. Para prevenir esse desvio de uso, são

utilizados os desnaturantes, conforme a resolução RDC nº 46, de 20 de fevereiro de

2002, que tornam o álcool impróprio para o consumo humano. Contudo, não se pode

afirmar que o sujeito adicto irá recusar o produto por esse motivo.

A metilisotiazolinona foi nomeada Alérgeno do Ano em 2013, pela Sociedade

Americana de Dermatite de Contato (CIR, 2014). Com base nesse fato e na

pesquisa realizada pela Cosmetic Ingredient Review em 2014 para a MIT, ela foi

proibida em produtos sem enxágue em 12 de fevereiro de 2017 na União Europeia.

Em 6 de julho de 2017, a Comissão Europeia aprovou uma nova regulamentação

que restringe a concentração máxima em todos os produtos com enxágue do

mercado para 15ppm, ou seja, 0,015%, a ser implementada até 27 de abril de 2018

(Brazil Beauty News, 2017).

Essa conduta mostra-se interessante, já que Lundov et al. (2011 – 1)

provaram que a associação de 5 ppm de MIT a 0,2% de fenoxietanol já resulta em

Page 24: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

22

atividade conservante suficiente. Porém, ao restringir-se muito a gama de

conservantes que podem ser utilizados nos produtos cosméticos, os conservantes

que normalmente são pouco utilizados começam a ser empregados em um número

muito maior de formulações. Isso aumenta a concentração diária à qual o

consumidor está exposto, aumentando os casos de alergia. Foi justamente isso que

ocorreu com a metilisotiazolinona.

Essa situação leva à reflexão sobre qual seria a necessidade de restringir as

quantidades de conservantes que são cientificamente provados como seguros, pois

se as agências regulatórias optassem por levar em conta a pressão midiática sobre

os “perigos” dos conservantes, não restariam muitas opções de conservantes

sintéticos, e os permitidos seriam utilizados em cada vez mais formulações,

causando mais reações adversas.

Nesse cenário, surge a necessidade de se buscar alternativas, como os

conservantes de origem vegetal. Um exemplo é o óleo essencial de tomilho, que

possui em sua composição grande quantidade de timol e carvacrol, de reconhecida

ação (LAIATE; ROSSI, 2012). O óleo essencial de cravo da índia também

apresentou boa atividade contra S. aureus (gram-positiva), S. typhimurium, E. coli e

P. aeroginosa (gram-negativas), mas não foi eficaz contra L. Monocytogenes

(RODRIGUEZ, 2014). Ele também mostrou-se inibitório ao crescimento dos fungos

T. mentagrophytes, T. rubrum, e M. Gypseum. Essa atividade deve-se

principalmente ao eugenol (PARK et al., 2007). Por sua vez, o extrato de gabiroba

inibiu o crescimento de P. aeroginosa, S. typhimurium, E. coli e S. aureus, porém

não teve boa atividade contra o crescimento de L. monocytogenes e E. coli

(RODRIGUEZ, 2014).

Contudo, não está bem elucidada a toxicologia de administração tópica dos

extratos vegetais. Destes óleos essenciais mencionados, foi encontrada informação

sobre uso tópico apenas sobre o tomilho, cujo óleo essencial não produziu irritação

na pele em concentração de 5% em emulsão O/A, e a literatura aponta que a

concentração de timol não deve ultrapassar 0,15%, pois este possui efeito cáustico

(LAIATE; ROSSI, 2012). Para o óleo essencial de cravo, foi encontrado um estudo in

vitro, que apontou citotoxicidade em fibroblastos incubados por uma hora em

solução contendo o óleo essencial. Essa toxicidade foi constatada a partir de 0,03%

de óleo essencial, e foi atribuída ao eugenol, que é o principal componente ativo

(PRASHAR et al, 2006). Também foi encontrado um estudo que avalia a

Page 25: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

23

citotoxicidade in vitro do óleo essencial de gabiroba, determinando que a IC50 do

óleo em células epiteliais HEp-2 é 0,04%, ou seja, é a concentração inibitória para o

crescimento de 50% das células. Porém, demonstrou também que os componentes

do óleo isolados não tiveram efeitos inibitórios, pois cerca de 99% das células

sobreviveram (HOOD et al., 2010).

Não foram encontrados, no entanto, dados sobre reações alérgicas para

esses óleos essenciais, ou sobre irritação cutânea, no caso dos óleos de cravo e de

gabiroba. A maioria dos dados toxicológicos disponíveis são para uso interno. Isso

nos leva ao questionamento sobre qual é a real segurança em se buscar

conservantes alternativos em extratos vegetais, já que, estes sim, não possuem

estudos toxicológicos tão vastos para comprovarem sua segurança.

6. CONCLUSÕES A partir dos resultados encontrados, notou-se que existe um sensacionalismo

midiático em torno de alguns conservantes utilizados nos produtos cosméticos.

Devemos questionar a veracidade das informações divulgadas na mídia e as de

cunho científico, pois são criadas informações nem sempre verdadeiras na sua

intensidade e acaba-se comprometendo a sensação de segurança do consumidor.

Devemos ter sempre o sentido de confrontar as informações divulgadas com a

realidade dos fatos. Existe também o interesse comercial das empresas que visam a

divulgação de seus produtos. Podemos considerar que muitas vezes os

conservantes acabam sendo considerados “culpados” dos problemas de pele,

embora outros ingredientes possam contribuir para as reações alérgicas que os

produtos ocasionam e, muitas vezes, suas misturas. Outro fato é que os usuários de

produtos contendo conservantes nem sempre realizam testes de alergia para

confirmar se é verídico o fato do problema ter sido causado pelo conservante, e isso

ocorre principalmente no caso dos parabenos.

Esse movimento de desconfiança não é algo exclusivo à indústria cosmética,

mas sim, um fenômeno mundial que são os fatos pós-verdades. As pós-verdades

foram definidas pelo dicionário Oxford como um adjetivo, "relativo a ou que denota

circunstâncias nas quais fatos objetivos são menos influentes na formação da

opinião pública do que apelos à emoção e à crença pessoal" (G1, 2017). Isso reflete

em todos os âmbitos que a mídia consegue alcançar, e principalmente as de menor

porte, que alegam que a indústria ou o governo “escondem” do consumidor estes

Page 26: Conservantes utilizados em produtos cosméticos e os

24

“fatos” veiculados. Isso gera uma sensação de medo e vulnerabilidade, e é da

natureza humana dar mais credibilidade a esse tipo de informação que atinge o

emocional (FOLHA, 2017).

Além disso, aponta-se que as alternativas para os conservantes tradicionais

sintéticos seriam os de origem natural que, sob a ótica do consumidor, teriam menos

chances de causar danos à saúde. Porém, essa visão está errada, e conservantes

de origem vegetal ainda não são muito bem estudados, não sendo possível uma

avaliação de segurança como foi desenvolvida no presente trabalho.

Portanto, conclui-se que é seguro permanecer utilizando os conservantes

tradicionais, que possuem seus riscos toxicológicos atrelados, porém com

concentrações conhecidas em relação ao efeito tóxico esperado, desde que os

limites de concentrações determinados pela legislação sejam respeitados. Devemos

considerar seu papel primordial na manutenção da qualidade microbiológica do

produto que foi produzido seguindo as Boas Práticas de Fabricação, que garantem

ao usuário a segurança de uso e a eficácia de seus componentes ativos durante seu

prazo de validade.

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