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Gestão de matos na perspetiva da biodiversidade Conservar e restaurar habitats como problema de gestão da sucessão ecológica Jorge Capelo UISPF /Herbário OEIRAS

Conservar e restaurar habitats como problema de gestão da ... · mosaicos meta-estáveis que maximizam a biomassa e productividade primária líquida tipos de vegetação herbácea

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Gestão de matos na perspetiva da biodiversidade Conservar e restaurar habitats como problema

de gestão da sucessão ecológica

Jorge Capelo UISPF /Herbário OEIRAS

REDE NATURA 2000 :TIPOLOGIA de HABITATS: • Directiva 92/43/CEE • DL 75/91 de 14 de Fevereiro • DL 140/99 de 24 de Abril • Manual de Interpretação técnica (2003) • Fichas dos Habitats ALFA * / ICN (2004) [* Associação Lusitana de Fitossociologia] • Plano Sectorial Rede Natura 2000 (2005)

Habitat 6310 :Montados de sobro ou azinho

Mosaico de pastagens naturais perenes sob coberto variável, pouco denso, de sobreiros [Quercus suber] ou/ e azinheiras [Q. rotundifolia], associado a um sistema de pastorícia extensiva por ovinos e por vezes incluindo parcialmente sistemas de agricultura arvense extensiva em rotações longas.

9340pt2 *6220pt2

6310

*6220pt2

6310 6310

Outros habitats subordinados: 9330 e 9340: bosques 5330 matagais, giestais maduros 5210 zimbrais 5230 Loureirais, medronhais 4030pt3, pt5 urzais-tojais-estevais 6220 arrelvados anuais perenes não-higrófilos Outros: 2230pt2, 6430, 6510, 8210, 8220, 8230, *3170

Série de vegetação: unidade elementar de sucessão ecológica

(modelo simplificado da sucessão ecológica)

9330/40 5330/20 6220/2230

4030

6310

6220

9330/40

Bosques (clímax)

com. de caméfitos pulviniformes

Matagais

com. herbáceas (arrelvados) vivazes

matos heliófilos

com. terofíticas fugazes

não nitrófilas

rocha nua

com. terofíticas crassifolias

bosques secundários

Pastagens s. str. : arrelvados

zoo-antropogénicos

Comunidades herbáceas nitrófilas

N

H

H

N

H N

Culturas, Pastagens semeadas

H

H – herbivoria, pastoreio moderado

N – Fertilização, sobre-pastoreio

S – ‘abandono’ i.e. progressão sucessional

C – corte, arroteia

S

S

S

C

C

S

S

S

S S

S

C

S

N

Modelo dinâmico genérico das séries de vegetação climatófila e edafoxerófila em Portugal continental. (Costa, Aguiar, Capelo, Neto & Lousã, 1998) Em cinzento : tipos de comunidades nem sempres presentes. A amarelo “caminhos" sucessionais menos comuns.

Modelo descritivo da sucessão ecológica nos euclimatopos de Portugal continental

bosques

cimácicos

com. pioneiras

de caméfitos

matos altos

heliófilos

prados

vivazes

mesotrófilos

matos

baixos

prados anuais com. terofíticas

crassifólias

bosques

secundários

com. herbáceas

vivazes de solos

incoerentes

Produtividade primária ilíquida

(classificação ordinal)

Altura do estrato dominante

(classificação ordinal)

matos altos

esciófilos

Mosaicos de vegetação dominantes

sob regimes de perturbação natural

ou perturbação antrópica diversificada

Mosaicos de vegetação

perpetuado pelo fogo

prados

vivazes

oligotrófilos

Intensidade da

perturbação

(Aguiar & Capelo, inéd.)

Asparago aphylli-Querco suberis S.

(

Asparago aphylli-Quercetum suberis

Bupleuro fruticosae-Arbutetum unedonis

Erico-Quercetum lusitanicae

Avenulo sulcatae-Stipetum giganteae

Erico umbellatae-Ulicetum

welwitschiani

(sadensean sivariant)

Stachyo lusitanicae-

Origanetum virentis

Evax ramosissima and

Tubereraria guttata

community

Asparago Quercetum s.

Comunidade Corynephorus canesc.

Bupleuro-Arbutetum Erico-Quercetum lusit.

Gaudinio-Agrostietum cast. Avenulo-Celtietum gig.

Erico-Ulicetum welwitsc.

Trifolio cherleri Plantaginetum belardii

rocha nua

Sedetum caespitoso arenariae

Comunidade Quercus broteroi

Trifolio subterranei Poetum bulbosae

Lolio perennis Plantaginetum majoris Echio-Galactition toment.

Gestão da série de vegetação:

N

H

H

N

H N

Culturas, Pastagens semeadas

H

H – herbivoria, pastoreio moderado

N – Fertilização, sobre-pastoreio

S – ‘abandono’ i.e. progressão sucessional

C – corte, arroteia

S

S

S

C

C

S

S

S

S S

S

C

S

N

Tipos de Habitats

N.b. Este é um exemplo. Cada

variante de Série de Vegetação

é um caso distinto.

TESE:

1. O mosaico actual de comunidades [habitats] é a expressão concreta da série de

vegetação na paisagem vegetal e cultural.

2. Os ‘habitats’ são etapas sucessionais que fazem parte de uma série de vegetação.

3. O mosaico de comunidades resulta da interacção co-evolutiva de um sistema de

agricultura com a vegetação serial.

4. Os sistemas de agricultura agro-silvo- pastoris conduzem, de entre os possíveis, a

mosaicos meta-estáveis que maximizam a biomassa e productividade primária

líquida tipos de vegetação herbácea.

5. Dentro de limites e da especificidade do mosaico de cada série – e dados objectivos

de conservação definidos – é possível manipular o processo de sucessão para

optimizar a proporção de habitats presentes.

9330

c.f. 2330

5330pt3, pt4

6220pt4

4030pt3

6220 cf.pt3

rocha nua

8230pt3

Cf. 9240

6220pt2

Comunidades herbáceas nitrófilas

não são habitats N2000

Gestão da série de vegetação:

N

H

H

N

H N

Culturas, Pastagens semeadas

H

H – herbivoria, pastoreio moderado

N – Fertilização, sobre-pastoreio

S – ‘abandono’ i.e. progressão sucessional

C – corte, arroteia

S

S

S

C

C

S

S

S

S S

S

C

S

N

Tipos de Habitats

Picris algarbiensis

Malcolmia lacera

subsp. gracillima

Euphorbia transtagana

Armeria pinnifolia

Halimium verticilatum

Anthylis sampaioana

rocha nua

Narcissus fernandesii

Quercus broteroi

Coincya transtagana

Comunidades herbáceas nitrófilas

não são habitats N2000

Gestão da série de vegetação:

N

H

H

N

H N

Culturas, Pastagens semeadas

H

H – herbivoria, pastoreio moderado

N – Fertilização, sobre-pastoreio

S – ‘abandono’ i.e. progressão sucessional

C – corte, arroteia

S

S

S

C

C

S

S

S

S S

S

C

S

N

Espécies RELAPE (1 exemplo apenas)

PROJETO PAMAF 4069 – tipos de montado Avis, Mora, Arriolos

A B C D E F G

Principais tipos de montados identificados em Mora, Avis, Arraiolos: azinho

Tipo A

Montados de azinho dominados por arrelvados nitrófilos (infestantes) com origem agricultura

Reposição das comunidades vivazes de Poa bulbosa e tevo-subterrâneo ou pastagem biodiversa

rica em leguminosas ,por via do pastoreio ovino

Tipo B

Montados de azinho dominados por pastagens anuais não-nitrófilas extensivas.

Intensificação da componente florestal do sistema

Alternativamente: pastoreio ovino no sentido da condução em direcção a uma pastagem vivaz.

Tipo C

Montados de azinho em areias graníticas, com abandono prolongado e dominância de matagais altos com

piornos e codeços

Pastagens artificiais em manchas com matagais altos

O perigo de incêndio é um risco a ter em conta.

Cinegética e apicultura.

Tipo D

Montados de azinho dominados por estevais pioneiros resultantes de abandono recente.

Tais montados são imprestáveis.

Recuperação ativa: converter em A ou B; a persistência do sistema atual não conduz a qualquer

tipo de sustentabilidade.

Principais tipos de montados identificados em Mora, Avis, Arraiolos: sobro

Tipo E

Montados de sobro mesomediterrânicos em solos de areias grosseiras derivadas de substratos eruptivos com

mato e pastagem anual e vivaz.

A decisão fundamental passa por priorizar a cortiça ou a pastagem vivaz

Tipo F

Montados de sobro termomediterrânicos, assentes em areias quaternárias com mato e pastagem anual.

Dificuldade em manter pastagens vivazes.

Uso pastoril possível nos juncais com Agrostis castellana e Chetopogon fasciculatus, correspondentes às

depressões húmidas.

Priorização da componente florestal do sistema com vista à produção de cortiça

Tipo G

Montados de sobro termomediterrânicos em substratos siliciosos compactos (arenitos, cascalheiras

miopliocénicas) com mato e pastgem anual

Dificuldade em manter pastagens vivazes.

Uso pastoril muito extensivo possível na primavera nas pastagens anuais.

Priorização da componente florestal do sistema com vista à produção de cortiça

Notas finais:

1. A manutenção de mosaicos agro-florestais contendo mosaicos diversos

depende de gestão que serão emulações de sistemas de agricultura com objectivos

simultâneos de conservação e produção de outros serviços de ecossistemas,

incluindo os de mercado (e.g. gado, cortiça, cinegética).

1. Em face das alterações do tecido social tradicional na sociedade rural, existe

a necessidade de divisar NOVOS sistemas que sustentem a a persistência de

tais habitats, baseados no uso racional da herbivoria e gestão da vegetação.

1. As expectativas actuais da sociedade relativamente aos ecossistemas rurais

‘tradicionais’ nomeadamente de SERVIÇOS AMBIENTAIS e necessidades de

RACIONALIZAÇÃO ENERGÉTICA obrigam a políticas de gestão

fundamentadas em no conhecimento dos processos ecológicos.

1. O modelo apresentado pode contribuir para esse conhecimento.

Obrigado pela atenção.