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CONSIDERAÇÕES SOBRE OS FUNDAMENTOS DO PROJETO DE LEI N.º
002/2013 APROVADO PELA CÂMARA MUNICIPAL DE TAVARES - PB
Marcelo Saturnino da Silva1
Acabo de receber aqui, em minha casa, cópia do Projeto de Lei nº 002/2013 de
iniciativa do vereador Antônio Cândido Filho. Importante ressaltar que não apenas
estou de posse do referido projeto, como também do veto do Sr. Ailton Suassuna Porto
(Prefeito Constitucional) e do Relatório da Comissão de Justiça e Redação Final, que
em reunião realizada no último dia 06 de Maio do ano em curso, votou pela derrubada
do veto com base no Parecer Jurídico n.º 002/2013 redigido pelo assessor jurídico
daquela casa, o Sr. Clodoaldo José de Lima.
Para os que ainda não tem conhecimento sobre a matéria cabe esclarecer que o
Projeto de Lei tem como núcleo o estabelecimento do
Prazo de 01 (um) ano para que os ocupantes dos cargos de
Presidente e Vice-Presidentes de empresas públicas ou privadas,
bem como de qualquer sindicato se desincompatibilizem para
que possam assumir qualquer cargo de provimento em comissão
perante as esferas dos Poderes Executivo e Legislativo
Municipal (Câmara Municipal de Tavares - Projeto de Lei nº
002/2013, Art. 1º).
Cabe ainda esclarecer que tal projeto foi aprovado no dia 01 de Abril de 2013
(não sei por quantos votos), tendo sido integralmente vetado pelo prefeito constitucional
do município no dia 16 de Abril deste mesmo ano, veto este derrubado pela Comissão
de Justiça e Redação Final no último dia 06 de Maio de 2013.
Para melhor esclarecer (mesmo correndo o risco da redundância) o núcleo do
projeto, é importante salientar suas implicações. Trata-se, pois, de uma lei que, uma vez
promulgada, obriga que os Presidentes e Vice-Presidentes de empresas públicas ou
privadas, bem como de “qualquer sindicato” se afastem desses cargos durante um ano
para que possam assumir cargos de confiança tanto na esfera executiva quanto na esfera
legislativa do município.
Só para termos uma ideia da monstruosidade da propositura: como se trata de
cargos de confiança, o presidente ou vice-presidente de empresas e sindicatos teriam
que jogar no escuro, isto é, se afastar de suas funções tornando-se aptos para assumirem
os tais cargos, uma vez que o prefeito só poderia nomear os que comprovassem que se
1 Pedagogo, mestre em Sociologia e doutor em Ciências Sociais. Professor do Departamento de
Educação do Centro de Humanidades da Universidade Estadual da Paraíba – UEPB e da Faculdade de Integração do Sertão – FIS. E-mail: [email protected]
afastaram durante o prazo de um ano. Mas, tem mais: o fato de “José” ter se afastado da
presidência de sua empresa ou sindicato, nada lhes garantiria, uma vez que o prefeito
não estaria obrigado a lhe conceder a vaga, mesmo considerando a possibilidade da
existência de um acordo no ano anterior, pois sendo o cargo de confiança, o chefe do
executivo nomeia quem lhe aprouver. Ou seja, teríamos que pensar numa espécie de
homens e mulheres que ficariam sendo cevados (tais quais os porcos) isto é, afastados
de toda gestão (mesmo que no âmbito privado) para poder serem convidados a gerir a
coisa pública. Nota-se por aí que o projeto expressa o alto Q.I de nossos vereadores e
como não acredito que exista alguém que mereça a alcunha de “burro”, sou forçado a
acreditar que se trata mesmo é de perversidade, desonestidade e descompromisso
para com a coisa pública.
O projeto é tão esdrúxulo que não vale a pena gastar tinta, energia e neurônios
analisando-o de forma pormenorizada. Seria acender velas para defunto ruim. Nesse
sentido, peço a permissão do leitor para me deter no parecer do assessor jurídico da
Câmara de Vereadores, não por entender, como o referido assessor, que “a questão
versada realmente é passível de grande discussão na seara jurídica” (página 01 do
parecer) (acho que a questão não se presta a tão grande discussão e vou esclarecer este
ponto adiante), mas no sentido de desmistificar “o discurso competente” do assessor,
por meio do qual os vereadores buscam legitimar uma ação que tem seu fundamento
último no desejo de que a coisa pública seja gerida por critérios mesquinhos e imorais
(ponto este que também esclarecerei adiante).
Após afirmar que a questão é passível de grande discussão na seara jurídica o
assessor examina a lei orgânica municipal, detendo-se nos artigos que sustentaram o
veto do prefeito (o qual, diga-se de passagem, carecia de melhor fundamentação). Nesse
sentido concordo com o assessor da câmara quando o mesmo afirma que o projeto de lei
do vereador Antônio Cândido não afronta nenhum dos artigos da lei orgânica citados,
como fundamento, do veto do prefeito ao referido projeto. Ademais, é necessário
reconhecer que, conforme esclarece o assessor da câmara, a lei orgânica, no Art. 34,
afirma que a câmara tem competência para tratar de matéria atinente aos cargos
públicos. Todavia, como o silêncio do assessor deixa claro, tal competência não inclui a
possibilidade de fixar critérios (além dos constitucionais) para o provimento dos cargos
de confiança ou em comissão. Nesse sentido o próprio assessor jurídico da câmara
reconhece, que segundo o Art. 37 da Constituição Federal, tais cargos são “de livre
nomeação e exoneração, para os quais não há estabilidade nem segurança da
permanência no emprego” (página 06 do parecer).
Após refutar os argumentos exposto no veto do prefeito, o assessor jurídico da
câmara advoga que o projeto de lei de autoria do Sr. Antônio Cândido Filho, tem como
fundamento a Constituição Federal, em seu Art. 37, o qual reza que, “a administração
pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência”. Assim, conforme pode-se ler na página 04 do
parecer jurídico redigido pelo Sr. Clodoaldo José de Lima, o projeto tem como
PRINCIPAL FUNDAMENTO a “moralidade administrativa”, mediante o combate ao
NEPOTISMO MORAL por parte do administrador. Examinemos, portanto esses dois
conceitos chaves: moralidade administrativa e nepotismo moral.
I - Moralidade Administrativa – O assessor lembra que moralidade
administrativa (I) não se confunde com a moral comum, ou seja, com a moral pessoal.
Eu diria, com Weber, que ela não se confunde com a convicção pessoal de cada um,
mas (II) está relacionada a finalidade da ação. Assim, a moralidade ou imoralidade de
um ato administrativo deve ser buscada em sua finalidade, portanto, é moral todo ato
administrativo cuja finalidade seja a busca do bem comum e que se paute por critérios
de eficiência, eficácia, transparência, impessoalidade. Para ser moral o administrador
tem que se guiar pela busca dos interesses públicos. Vamos a um exemplo:
Exemplo 01 – Suponhamos que exista no município uma autarquia educacional
que presta serviço no âmbito da educação superior. Uma autarquia é uma empresa
pública que goza de autonomia financeira e administrativa. Suponhamos que seu
presidente ou presidenta, aqui denominados de “Pedro/Maria” vem desempenhando
uma boa gestão no âmbito dessa instituição. Por fim, suponhamos que o gestor, movido
pelo interesse de alavancar a secretaria municipal de educação convide este
presidente/presidenta para ocupar a referida secretaria. Seria este um ato imoral? Ver-se
por ai que o fato de alguém ocupar uma presidência de uma empresa ou sindicato pode
vir ao encontro da moralidade publica. Aliás, no cenário nacional temos o exemplo do
atual ministro da fazendo, o Sr. Guido Mantega que no momento em que foi convidado
para assumir o ministério da fazenda estava ocupando o cargo de Presidente do Banco
Nacional de Desenvolvimento Social - BNDS. Portanto, segundo os vereadores
tavarenses ele não poderia ocupar o ministério por ser, na época, presidente de uma
empresa pública.
Caro leitor, é questão de bom senso, pois qualquer adolescente sabe que ocupar
o cargo de presidente ou vice em empresas ou sindicatos em muitos casos é um sinal de
qualificação para ocupar determinados cargos públicos, uma vez que a pessoa
provavelmente tem experiência acumulada na área. A imoralidade é quando a escolha
do cargo não leva em conta a qualificação das pessoas, imoral é quando o gestor escolhe
não por competência, mas simplesmente por que o fulano votou ou faz parte de sua
família.
Ver-se, portanto, que não é a moralidade pública que fundamenta o projeto de lei
do Sr. Antônio Cândido Filho. Se realmente fosse essa a preocupação dos senhores e
senhoras vereadores/as eles/as deveriam ter proposto que a nomeação para cargos de
confiança ou em comissão estaria condicionada a apresentação de prova de que a pessoa
nomeada é detentora dos conhecimentos demandados para o cargo em questão.
Analisemos agora o segundo fundamento apresentado pelo assessor jurídico:
Nepotismo Moral – Depois de explicar detalhadamente a origem e o significado
do termo, o assessor jurídico, no parecer ora em análise, parece não se dar conta de que
comete um abuso semântico ao afirmar que “qualquer ato proveniente de quem detêm o
poder, que favoreça alguém, é nepotismo” (página 06 do parecer jurídico). Por esse
critério nenhuma nomeação escaparia da acusação de nepotismo, pois, ao nomear uma
pessoa para ocupar um cargo público, seja quem for, estar-se-ia cometendo nepotismo
uma vez que se teria favorecido alguém. Para acabar com tal prática só mesmo
extinguindo os cargos de confiança, instituindo, por exemplo, que tais cargos seriam
ocupados mediante concurso publico, assim, a escolha levaria em consideração,
exclusivamente, a meritocracia, e não teria favorecimentos. Ora, se a nomeação para o
cargo, como o próprio assessor reconhece, é de competência privativa do executivo,
então não tem como não favorecer o indivíduo escolhido. É inevitável que isto ocorra.
Isto, no entanto, não configura nepotismo, uma vez que nepotismo está relacionado a
nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da
mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para
o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na
administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Supremo Tribunal Federal, Súmula
Vinculante n.º 13).
A relação que o assessor busca estabelecer entre nomear presidentes de empresas
e sindicatos para ocupar cargos de confiança ou em comissão e o nepotismo não
encontra amparo nem na legislação, nem mesmo nas ditas “fontes clássicas”. Sempre fui
a favor do combate ao nepotismo, no entanto, não vi nem vejo nenhuma iniciativa dos
senhores e senhoras vereadores no sentido de efetivamente combater tal prática no
âmbito do município, donde se conclui mais uma vez que a preocupação com a
moralidade da administração pública não é algo que figure entre as sábias preocupações
dos senhores e senhoras vereadores/as.
O que o assessor jurídico trata como nepotismo se aproxima, no entanto, de
outro conceito prejudicial a vida pública, a saber, o conceito de clientelismo. Fernandez
(2002) realça que existe uma relação clientelista sempre que um indivíduo recebe
favores do chefe político em troca de apoio eleitoral. Para a autora, esta relação, em
princípio legítima pode desembocar em corrupção, tráfico de influências etc. Em suas
palavras:
En el clientelismo electoral, siempre que el cliente recibe la
contraprestación a su voto mediante una actuación que le
favorece, indirectamente está participando en la construcción de
su futuro. Ahora bien, se trata de un arma de doble filo porque
las relaciones de clientela son susceptibles de contaminarse y
llegar a constituirse en corrupción, tráfico de influencias, etc.
Embora a princípio práticas clientelistas e de corrupção não estejam ligadas
mecanicamente, isto é, nem toda relação clientelista é ilegal ou expressa a corrupção
(Ex: um grupo evangélico assume a opção política por determinado candidato em troca
de um maior reconhecimento de suas demandas), no entanto, o que a história política da
América Latina e do Brasil mostra é uma equação entre as duas práticas de modo que
uma termina sendo a expressão de outra. Assim, sobretudo neste nosso Nordeste ainda é
comum que a acesso a cargos que deveriam ser obtidos mediante concurso público (o
que não é o caso dos cargos de confiança), seja distribuído, mediante contratos
temporários aos eleitores fiéis. Isso não acontece apenas no executivo. Também tem
sido comum em nossa história os casos de perseguição política via transferência dos
“infiéis” para zona de difícil acesso. No que tange aos cargos de confiança ou em
comissão, existe clientelismo quando as pessoas são nomeadas simplesmente por “terem
votado”, sem nenhuma competência para assumir o cargo em questão. Como já
expressei não é o fato de alguém ter sido presidente ou vice em empresas ou sindicatos
que torna esta pessoa inapta para ocupar cargo público, muitas vezes é precisamente o
contrário, ou seja, é o fato de ter assumido tais cargos que as torna apta a ocupar os
cargos públicos, isto quando o gestor age moralmente, isto é, visando o interesse
público.
Diante do exposto é importante chamar a atenção dos vereadores e vereadoras,
pois se a projeto de lei apresentado pelo senhor Antônio Cândido e acolhido pelos
demais tem como fundamento a busca da moralidade administrativa, cabe a pergunta:
porque buscar resguardar a moralidade onde ela não é afrontada, deixando intactos os
espaços onde a mesma é diariamente ofendida? Preocupar-se com a moralidade da coisa
pública é preocupar-se por exemplo com os contratos de aluguéis de casas, armazéns
etc. Só a título de exemplo: qual o critério para mudar a biblioteca municipal do seu
antigo local para o armazém de propriedade do senhor Antônio Cândido? Será que tal
mudança tem como interesse o bem público? É triste constatar que quando as pessoas
estão aprendendo o caminho de uma biblioteca pública a mesma seja deslocada para
atender interesses pessoais de algumas pessoas. (isto é só a título de exemplo). Gostaria
de saber se o aluguel atual é significativamente menor que o que se pagava pelo prédio
anterior. Mas talvez essa seja uma pergunta maldita.
A preocupação com a moralidade pública e com o nepotismo legal e moral
nunca foi nem é preocupação de nossa casa legislativa. Necessário se faz buscar os
verdadeiros fundamentos do projeto de lei em questão. Eu confesso, leitor, que não
tenho a resposta, sei apenas que os fundamentos apresentados pelo assessor jurídico da
câmara não resiste a uma análise mais crítica (mesmo quando a crítica é apenas
superficial). Se, porém, os fundamentos apresentados não são os fundamentos reais, só
me resta à conclusão de que para além do dito, há um não-dito, isto é, os fundamentos
são outros. Quais? Não sei, mas acho que alguns fatos ajudam a esclarecer.
Primeiro – Acho que no município existem poucas empresas públicas e privadas que
tenham o cargo de presidente, sei bem da Associação de Radiodifusão Comunitária São
Miguel e dos Conselhos municipais. Quanto aos sindicatos, temos apenas dois: dos
Trabalhadores Rurais e dos Funcionários Públicos Municipais.
Segundo – Dos que atualmente assumem cargos de confiança, pelo que sei, somente
duas pessoas exerciam anteriormente o cargo de presidente e vice-presidente do
sindicato dos servidores públicos do município de Tavares – SINSEMT, a saber as
senhoras Ledecler de Oliveira Melo (Sec. de Assistência Social) e Maria de Fátima
Marques (Secretária Adjunta de Educação)
Terceiro – Pelo exposto, ganha plausibilidade a ideia de que o projeto de lei tenha sido
motivado pela intenção de prejudicar as funcionárias acima referidas;
Quarto – Pelo que consta nos currículos das mesmas, as duas são capacitadas para
ocuparem os respectivos cargos;
Quinto – Se não é a capacidade das duas que está em questão, provavelmente seja a
maneira como as duas estão exercendo suas funções o que motivou o projeto de lei em
questão. Aqui cabe referência a alguns fatos:
a) Visando moralizar a coisa pública a secretária adjunta de educação orientou
nos últimos dias, que a diretora da Escola Reunida Pe. Tavares oficializasse
as faltas da esposa do Sr. Antônio Cândido, a professora Maria de Fátima
Cândido, a qual teve suas faltas descontadas em seu vencimento, fato este
que desagradou enormemente a mesma bem como a seu ilustríssimo esposo
(achei estranho a reação, pois na administração anterior o mesmo bradava
constantemente em defesa do patrimônio público e da ética na
administração);
b) A mesma secretaria adjunta da educação exigiu que a vereadora e também
professora Maria do Socorro (mais conhecida como Socorrinha) retornasse a
sala de aula. A mesma, no inicio do ano letivo, encontrava-se de licença já há
dois anos e meio, segundo me informou a mesma secretária adjunta.
Estranho que se licencie da sala de aula, mas não se licencie igualmente de
sua função de vereadora.
c) Quanto a Sra. Ledecler de Oliveira Melo, a mesma tem pautado sua atuação
na secretaria de Ação Social pela moralidade e justiça, tendo inclusive
detectado alguns indícios de atos ilegais por parte da administração anterior.
Sucede que moralizar a Ação Social impacta muitos eleitores não só do
gestor mas também dos vereadores situacionistas que veem assim suas
demandas negadas por não se enquadrarem nos critérios dos diversos
programas.
Sexto – Pelo exposto nas letras “a”, “b” e “c” pode-se inferir que na formulação,
apresentação e aprovação do projeto de lei de autoria do Sr. Antônio Cândido, os
vereadores e vereadoras foram guiados não pela busca de moralização da administração
pública, mas ao contrário, por seus interesses pessoais, estes sim, atualmente afrontados
pelas respetivas funcionárias, pela competência e compromisso com os quais as mesmas
vêm assumindo suas funções a frente de duas secretarias importantes.
Nesse sentido afirmo a necessidade do executivo não se curvar diante da
intransigência de um grupo de vereadores que, desprovido de bom senso, não reconhece
sequer os limites de suas competências. O projeto afronta a Constituição Federal pois
expressa a intromissão dos legislativo em matéria que é competência privativa do
executivo, razão pela qual cabe uma ação de inconstitucionalidade. Dentre os vários
princípios que sustenta a constituição federal, destaca-se aqui o princípio da
independência e harmonia entre os poderes (Constituição Federal, Art. 2º). Para
operacionalização de tal princípio a carta magna previu algumas matérias cuja
competência é privativa do executivo, tais como a nomeação para os cargos de
confiança ou em comissão.
Nesse sentido, os indivíduos são escolhidos livremente pelo executivo ou
legislativo (dentro de suas respetivas jurisdições), sendo que a seleção é feita pelo
critério de confiança. Atualmente a sociedade brasileira tem clamado por outros
critérios além da “confiança”, assim espera-se que um bom administrador saiba escolher
a pessoa certa para o cargo certo, utilizando para tanto e ao lado da “confiança” o mérito
das pessoas para ocupação do cargo, como bem enfatiza Egon Zehnder, em entrevista a
Veja2, “a sociedade precisa ter a garantia de que o escolhido é o mais capaz para
desempenhar a função, conhece a área e já passou por várias situações parecidas com as
que vai enfrentar no futuro”. Tal fala só endossa um de meus argumentos ao longo deste
artigo, isto é, que o fato de ser presidente ou vice numa empresa pública ou privada
2 http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/administracao-publica/
como também num sindicato torna muitas vezes o indivíduo mais apto ainda para
ocupar determinados cargos públicos.
Referências:
________________
BARROS, Ana Maria. Educação e Clientelismo: Os Educadores e a Educação
Municipal no Nordeste. João Pessoa, Idéia, 2002.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Diário Oficial da
União de 05/10/1988.
FERNÁNDEZ, Susana Corzo. El clientelismo politico como intercambio. Barcelona:
Institut de Ciències Polítiques i Socials, 2002.
LIMA, Clodoaldo José de. Parecer Jurídico n.º 002/2013. Tavares-PB: Câmara
Municipal dos Vereadores, 2013 (mimeo).