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CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÕES COM BORRACHA DE PNEU RECICLADA SEGUNDO PROCESSO JOSÉ NETO DE MEDEIROS Prof. Coordenador do projeto: José Dafico Alves

Construção de Habitações Com Borracha de Pneu Reciclada

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CONSTRUO DE HABITAES COM BORRACHA DE PNEU RECICLADA SEGUNDO PROCESSO JOS NETO DE MEDEIROS Prof. Coordenador do projeto: Jos Dafico Alves CONSTRUO DE HABITAES COM BORRACHA DE PNEU RECICLADA SEGUNDO PROCESSO JOS NETO DE MEDEIROS JosDaficoAlves,DivinoGabrielLimaPinheiro,FlvioAugustoMarcilio Cardoso e Thiago Monteiro dos Santos. RESUMO A disposio de resduos slidos provenientes das indstrias de alimentos tem somadotemsomadoaosdas outrastantas nomontantedelixosdescartados nanaturezaquejseencontraseveramentepoludapornshumanos.Haja vista que carregamos o estigma de maior predador do planeta. Jnofazmuitotempoqueahumanidadecomeouapreocuparcomsua agresso natureza. Na ECO-92, com a definio da Agenda 21, destacou-se anecessidadedeseimplementarumagestoambientalparatratardos resduosslidos.Sovriasaesquedeveroserimplementadaspara reciclagemdosvriostiposderesduosslidosgeradosnosdiversossetores da atividade humana. Nesteprojetoprope-seareciclagemdacarcaadepneusvisandosua aplicaocomomaterialecomponentedaconstruodehabitaes.A carcaa de pneu composta de borracha e fibras de ao de alta resistncia. AquestoambientalnoBrasiltratadasomentedopontodevistade preservaodanatureza,taiscomo:desmatamento,extraespredatriasde recursosnaturais,caa,pesca,etc,aindaestmuitovoltadaparapunies, devervoltar-separaelaboraodeProgramasdeReciclagemquepermitam valorizareincentivaraindustrializaoderesduosgeradosnosSetores: agropecurios, industriais e extrativistas. Aestimativaquecercade30milhesdepneussodescartadosporano, sendoquemuitossoretidospelosdonosnasresidnciassemnenhuma preocupao com os transtornos ambientais, porque acumula gua, facilitando aproliferaodeinsetoscomoalarvadomosquitodadenguequetem causado problemas de sade nos ltimos anos em vrios estados brasileiro. A Resoluo do CONAMA de n258 de 26/07/1999 prev a reciclagem de 30 milhesdepneusnosprximosanos.umaatitudeaindapequena,mas representa um grande passo para incentivar a reciclagem deste material. As carcaas de pneu antes de ser descartadas devem separar a borracha das fibras e fragment-las para reduzir o volume nos lixes. 1.Engenheiro Civil, Notrio Saber, Professor do Departamento de Engenharia agrcola da UEG. E-mail: [email protected] 2.Acadmicos de Engenharia Civil da Pontifcia Universidade Catlica de Gois. Todos os componentes do pneu podem ser reciclados para a construo civil, sendoasfibraspreparadasparaincorporaraoconcretocomoarmadura,a borrachapodeserpreparadaparacomponentesdaconstruo,taiscomo: placasimpermeabilizantesdecontrapiso,enchimentodefundaespara habitaes, composies de painis de paredes de concreto, etc. Palavraschaves:borrachadepneu,construo,entulhodeobraede demolio, habitaes. a - QUALIFICAO DO PROBLEMA A SER ABORDADO Opneucompostode85%deborracha,negrodefumoeoutrosprodutos qumicos, 12% de ao e 3% de lona (txtil).A reciclagem da carcaa constar daseparaodaborrachadasfibraseseparaodasfibrasmetlicase txteis.Noprocessodeseparaodaborrachaproduzirtambmasraspas queseroaproveitadasparaincorporaraoconcretoeaopreparodeaterros paraocontrapiso.Numaoutralinhadereciclagemseroprojetadosmveis domiciliares, reservatrios, tanques, etc. b - OBJETIVOS E METAS A SEREM ATINGIDAS 1 Desenvolvimento uma tecnologia apropriada para utilizao da carcaa de pneusnosprojetosdeconstruessustentveis,empregandoumproduto incmodo para os lixes das cidades. Meta1Desenvolverprocessosconstrutivosquepermitamfacilidadena construo com acesso fcil para os profissionais e permitir uma boa aceitao do usurio final. 2Incluiropneunasconstrueshabitacionaiscomomaisumaopode baixo custo e adaptabilidade cultural da populao. Meta2Estimulare oferecer alternativatcnicaeconomicamentevivelpara usodoresduodepneunaconstruocivil.Obterinformaessobreas caractersticas da borracha, as fibras de ao e txtil dos pneus e adequar estes resduos para as aplicaes possveis nas obras habitacionais. 3Estudarocritriodesustentabilidade,pelaadooouassociaocom outrosmateriaisecomponentes,taiscomo:incorporaoaoconcretocomo partedeagregado,comomaterialdeenchimentoempeasdeconcreto, incorporaodasfibrascomoarmaduraparaconcreto,comparadoaos materiais convencionais. Avaliar a capacidade de isolamento acstico e trmico das construes empregando produtos da carcaa de pneus. Meta 3 Utilizar concreto com agregados de entulho de obra e de demolies para aplicaes em concreto de regularizao e peas de baixa resistncia. 4Realizarumaavaliaodedesempenhodosistemaconstrutivo,mediante anlise dos painis de paredes utilizados na construo. c - METODOLOGIA A SER EMPREGADA c.1 - Local do experimento OsprojetosestosendorealizadosnoDepartamentodeEngenhariada PUC/GO. As anlises e ensaios sero nos laboratrios deste Departamento. c.3 - Construo da habitao c.3.1 Fundaes Asfundaessodotipoalicerce,sendoasvalaspreenchidascomsolo-cimentoerolosamarradosdeborrachadepneu,dispostosefilas,com espaamento entre as peas e travados na vertical para aumentar a resistncia ao cisalhamento.Amisturadesolocimentosernarelao1:10(cimento:solo)emvolume, sendoosolocomteordeareiaentre4590%,siltemaisargilaentre10 55%, (ALVES, 2006). As cavas das fundaes devem ter 40 cm de largura e 50 cm de profundidade, podendoterdistribuidocarcaasdepneuspreenchidascomconcretocom agregadodeentulho,conformefoto1.Acada2,0maolongodafundao deverserexecutadoumpilaretedeconcreto,deixandoembutidonestes quatrobarrasdeaode10mmdedimetroe30cmdecomprimento,nos cantos, sendo 15 cm embutido nos pilaretes. Figura 1 Fundao de uma residncia trrea utilizando carcaa de pneus. c.3.2 Contrapiso No arremate da fundao, ser compactado o aterro interno da obra, com solo naumidadetimaedeversercolocadaumalonadePVC,lminaseou carcaasdepneus,foto2,parareceberocontrapisodeconcretoquedever com agregado reciclado de entulho de obra ou demolio. Figura 2 preparo para execuo do contrapiso. c.3.3 Piso Opisoserumcimentadocomargamassadecimentoeareiaartificial(areia provenientedebritagemderocha),executandoasjuntascomfitasdebambu mineralizadas com calda de cimento. Na proporo de 1:10. (ALVES, 2006).A argamassasercoloridacompigmentoverdequebemaceitopelocimento comum. O acabamento final do piso ser com resina poliuretnica aliftica. c.3.4 Cintas Ascintascomseode15x19cm,serodevigasdeconcretoarmadocom quatrobarrasdeaoCA50,dimetrode8mmeumestribode4,2mmde dimetroacada15cm.Nasaberturasdeportasdeveroterverganaparte superior, podendo ser prmoldada com uma armadura de duas barras de 8 mm dedimetronaparteinferioreumasuperioreumestribode4,2mmde dimetro a cada 15 cm. Tambm nas aberturas de janelas, dever ter verga na parte superior e contraverga na parte inferior da abertura. A armadura da verga econtravergaseguiroamesma orientaoparaportasparavosat2,0 m. Quando o vo da janela acima de 2,0 m, dever ser calculado a armadura da verga e contraverga. (ASSED, 1988). As cintas superiores podero ter armadura semelhante s inferiores quando os vos das lajes no ultrapassar a 5,0 m. Nota1Todososconcretospoderocomagregadosdeentulhodesdeque tenha trao dosado no laboratrio. c.3.5 Painis de paredes Ospainisdeparedespoderoserdeblocosouplacasdeconcretocom materiaisreciclados,tendorolosoupedaosdeborrachadepneuembutido, cuja forma geomtrica ser objeto desta pesquisa. Nota 2 Todas as argamassas sero com areia artificial, e mais raspa de pneu cujaaplicaodiferentedaareianaturaletambmserobjetodesta pesquisa. c.3.6 Pilares Os pilares devero ser dimensionados de acordo com as normas da ABNT e o concretodeverseragregadosrecicladosdeentulhodeobrasoude demolio. c.3.7 Cobertura Acoberturapodertertesouradecolmosdebambu,tipoDendrocalamus Giganteus(BambuAsitico),ouainda,madeirarecicladaetratada.Astelhas podero ser de material reciclado, tais como: tetra pak, fibras de papel, etc. c.3.8 Pintura ApinturainternasercomPVAeexternacomacrlica.Revestimentodo banheiroecozinhateracabamentocompastadecimentobrancoeclarade ovo. c.3.9 Calada externa Acaladaexternadeversercompisointertravado,executadocomconcreto dosado com agregado de entulho de demolio. c.3.10 Avaliao de desempenho do sistema construtivo Esta avaliao de desempenho consiste em prever o comportamento potencial dosistemaconstrutivoaolongodeseuuso,considerando-seasobservaes dousurioeoestadogeraldaobra.Quantoaoestadogeraldaobraser observadoosseguintesitens:degradaodosmateriaisecomponentes, desempenhoestrutural,umidade,confortotrmicoeacstico,seguranaao fogo e durabilidade.EstaavaliaotercomobaseodocumentoCritriosMnimosde DesempenhoparaHabitaesTrreasdeInteresseSocialdoInstitutode Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo (IPT), de 1998 e o projeto de normadaAssociaoBrasileiradeNormasTcnicas(ABNT02:136.01) Desempenho de edifcios habitacionais de at cinco pavimentos.Osensaios,deacordocomaCAIXAECONMICAFEDERAL,devem abranger os seguintes requisitos: - SEGURANA ESTRUTURAL; - Segurana ao fogo; - Conforto trmico; - Conforto acstico; - Estanqueidade; - Durabilidade. c.4 Potencial do entulho como agregado para concretos Osresduosdeobraspodemserseparadosporclassesoucomponentesde origem conforme sugesto de Alves (2006), a seguir: - resduos de argamassas; - resduos de cermica vermelha; - resduos de cermica de revestimento; - resduos de concretos; - resduos de aos para armaduras; - resduos de madeiras; - etc. Joresduodedemolioumamisturadetudoquefoiapresentadoanteriormenteetorna-seimpraticveltentarumaseparaoporclasse, portanto h que encarar uma aplicao deste material na construo civil. Tabela 1 Resultados das caractersticas avaliadas dos traos Fator A/C Abatimento mm Resistnciacompresso(MPa) Md.Def.(GPa) 7 dias28 dias28 dias 0,3512038.140,519,58 0,4011031,635,216,30 0,459025,829,814,16 0,506023,529,816,9 Tabela 2 Resultados das resistncias trao por compresso diametral Fator A/C Resistnciaatraoporcompresso diametral (MPa) 7 dias28 dias 0,352,42,9 0,402,63,3 0,452,42,8 0,502,53,1

Para as construes no processo de Jos Neto, sugere-se os seguintes traos em volume j avaliados no Laboratrio da PUC/GO: -Trao para as paredes: 1:7,5 e relao gua/cimento = 1,2. - Trao para as cintas e pilares: 1:3,3 e fator gua/cimento = 0,57. CONCLUSES Osagregadosdeentulhos,sejamdeobrasededemolies,tm condiestcnicaseeconmicasparaseremutilizadosdeformaabrangente nasvriasobrasurbanas,trazendoumasoluoparaoslixesegerando recursos para construes habitacionais. uma soluo que custar pouco no investimentoinicialparagerarretornoemcurtoprazoecriandonovas oportunidades para as cooperativas das populaes mais perifricas.Tambm asparceriascomlaboratrioseInstituies deEnsinonosetordaconstruo sero importantes para que o plano tenha sucesso. h REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS: ALVES,J.DaficoMateriaisdeConstruo.Goinia:Ed.DaUFG/Ed.Da UCG, 2006. 225p.: il. ----------. Materiais Alternativos de Construo. Goinia: Ed. Da UCG. 2006. 103 p.: il. ASSED,AlexandreJ.,ASSED,P.CezarConstruoCivil:metodologia construtiva. Rio de Janeiro: LTC. 1988. 220p.: il. RIPPER, Ernesto Como Evitar Erros na Construo. So Paulo: PINI. 1984. 122p.: il. ASSOCIAOBRASILEIRADENORMASTCNICAS.NBR15220-1. Desempenho trmico de edificaes. Parte 1: Definies, smbolos e unidades. Rio de Janeiro, 2005, b. 10p. ------------.NBR15220-2.Desempenhotrmicodeedificaes.Parte2: Mtodos de clculo da transmitncia, da capacidade trmica, do atraso trmico edofatorsolardeelementosecomponentesdeedificaes.RiodeJaneiro, 2005c. 27p. ----------. NBR 15220-3. Desempenho trmico de edificaes. Parte 3. Zoneamento bioclimtico brasileiro e diretrizes construtivas para habitaes unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro, 2005. 28p. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLGICAS DO ESTADO DE SO PAULO. IPT. Critrios mnimos de Desempenho para Habitaes Trreas de Interesse Social. IPT/FINEP: So Paulo. 1998.