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i
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
CAMPUS JATAÍ
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
TCCG- GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
CONSUMO DE ÁGUA EM DIFERENTES BEBEDOUROS TIPO
NIPPLE EM RELAÇÃO AO DESEMPENHO DE FRANGOS DE
CORTE
Wellington Rezende Carrijo
Orientadora: Profa. Dra. Ana Luisa Aguiar de Castro
JATAÍ
2008
ii
WELLINGTON REZENDE CARRIJO
CONSUMO DE ÁGUA EM DIFERENTES BEBEDOUROS TIPO
NIPPLE EM RELAÇÃO AO DESEMPENHO DE FRANGOS DE
CORTE
Trabalho de conclusão de curso de
graduação em Medicina Veterinária,
apresentado a Universidade Federal de
Goiás/Campus Jataí, como parte das
exigências para a obtenção do título
para de Médico.
Orientadora:
Profa. Dra Ana Luisa Aguiar de Castro
Supervisor:
Josson i Guerra Brigoni
JATAÍ
2008
iii
WELLINGTON REZENDE CARRIJO
Relatório de Estágio obrigatório supervisionada, apresentado e aprovado em 10 de dezembro de 2008, pela seguinte Banca Examinadora:
___________________________________________________________
Prof. Dra. Ana Luisa Aguiar de Castro- UFG/ Campus Jataí
Presidente da Banca
___________________________________________________________
Profa. Dra. Juliana dos Santos- UFG/ Campus Jataí
___________________________________________________________
Med. Vet. Francisco Eduardo Dias-Perdigão /Jataí
iv
A Deus, por ser a
minha força e presentear-me
com a Medicina Veterinária,
profissão a qual Ele mesmo
escolheu e que agora faz
parte da minha vida.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço os meus pais, Adélia Maria de Rezende Carrijo e Ailton
Carrijo Silva, pelo amor imensurável, base da minha educação. Ao meu
irmão Maxwell que sempre esteve presente com uma palavra de incentivo,
nas horas difíceis. À minha esposa Carine, que esteve comigo durante toda
a caminhada acadêmica, sabendo compreender nos dias incansáveis de
estudo. A minha orientadora e professores pela dedicação e empenho. Aos
colegas que se tornaram mais que amigos. Os meus sinceros
agradecimentos ao supervisor de agropecuária Jossoni, a quem abriu as
portas da empresa para os estágios extra-curiculares e curricular. Ao
supervisor do frango de corte Francisco, que nunca poupou esforços para
esclarecer minhas dúvidas. A todos os extencionistas, Thiago, Fernando,
Jader, Plínio, e a sanitarista Adriana, que passaram os seus ensinamentos,
sempre prontos para ensinar. Aos colegas de estágio, Higor, e Murilo, os
quais sempre estávamos discutindo sobre os nossos experimentos. Aos
recém integrantes da equipe de extencionistas, Andrade, Daniel, Bruno, e
Valéria, os quais com o pouco tempo de convívio já nos tornamos muito
amigo, e companheiros de profissão.
Sou grato a todos os funcionários da Perdigão Agroinduntrial S/A, que
não pouparam esforços em passar os seus ensinamentos . A todos que de
uma forma ou outra contribuíram para que esse período se tornasse tão
especial e inesquecível.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS.................................................... viii
LISTA DE FIGURAS.................................................... xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES......................... xii
1. INTRODUÇÃO.............................................................. 1
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................ 2
2.1.
2.2.
2.2.1.
2.2.2.
2.2.3.
2.2.4
Avicultura de corte no Brasil.........................................
Qualidade da água.......................................................
Microorganismos...........................................................
Ph..................................................................................
Sólidos Dissolvidos Totais (SDT)..................................
Dureza da água............................................................
2
3
3
4
4
4
2.3. Importância fisiológica da água.................................... 5
2.3.1. Regulação de temperatura corporal em frangos de
corte...............................................................................
5
2.3.2. Genética......................................................................... 10
2.3.3. Idade da ave.................................................................. 10
2.3.4. Sexo............................................................................... 11
2.3.5. Temperatura do ambiente.............................................. 11
2.3.6. Temperatura da água.................................................... 12
2.4 Aviários ......................................................................... 14
2.4.1. Disposição das construções.......................................... 14
2.4.2. Proteção contra o sol.................................................... 14
3. ESTÁGIO ..................................................................... 24
3.1. Local do estágio............................................................ 24
3.1.1. A PERDIGÃO................................................................ 24
3.2 Atividades desenvolvidas.............................................. 26
3.3 Alojamento..................................................................... 28
3.4. Abate.............................................................................. 29
3.5. Observações de produção............................................. 29
3.5.1. Estimativa de ingestão de água e ração........................ 29
3.5.2. Pesos das aves.............................................................. 30
vii
3.5.3. Quantidade de água consumida.................................... 30
3.5.4. Conversão alimentar e fator de produção..................... 30
4. RESULTADOS............................................................... 31
5. DISCUSSÃO.................................................................. 39
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................... 42
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................. 43
7
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 01 Produção Brasileira de carne de frango, anos 1989-
1996. 2
TABELA 02 Temperatura ambiente ideal para frangos de corte,
linhagem COBB, de acordo com a idade das aves 7
TABELA 03 Consumo de água por frangos de corte mantidos em
ambiente em termoneutralidade (21º C) 11
TABELA 04 Efeito do sexo no consumo de água (semanal) 11
TABELA 05 Efeito da temperatura ambiente no consumo de
água, em mL/dia, de frangos de corte com diferentes
idades. 12
TABELA 06 Efeito da temperatura da água no desempenho de
frangos submetidos ao estresse térmico. 13
TABELA 07 Valores de condutividade térmica para diferentes
materiais de cobertura 15
TABELA 08 Influência da temperatura do ar sobre a
produtividade de aves
20
TABELA 09 Porcentagem de consumo de água e ração após o
alojamento do 1º lote (29/08/2008) nos galpões A
(bebedouros nipple Avedrink®) e B (bebedouros
nipple Avicorvi®)
32
TABELA 10 Consumo diário de água, em mililitros, registrado no
galpão A (bebedouros nipple Avedrink®) e galpão B 33
ix
(bebedouros nipple Avicorvi®) no período de
29/08/2008 a 30/09/2008
TABELA 11 Porcentagem de consumo de água e ração após o
alojamento do 2º lote (15/10/2008) nos galpões A
(bebedouros nipple Avedrink®) e B (bebedouros
nipple Avicorvi®) 34
TABELA 12 Consumo diário de água, em mililitros, registrado no
galpão A (bebedouros nipple Avedrink®) e no galpão
B (bebedouro nipple Avicorvi®) no período de
15/10/2008 a 15/11/2008 35
TABELA 13 Evolução do ganho em peso das aves (em gramas)
dos lotes alojados em 29/08/2008 e 15/10/2008, nos
galpões A (bebedouros nipple Avedrink®) e B
(bebedouros nipple Avicorvi®) 36
TABELA 14
Mortalidade acumulada das aves (em número de
animais) dos lotes alojados em 29/08/2008 e
15/10/2008, nos galpões A (bebedouros nipple
Avedrink®) e B (bebedouros nipple Avicorvi®)
37
TABELA 15 Conversão alimentar das aves dos lotes alojados em
29/08/2008 e 15/10/2008, nos galpões A
(bebedouros nipple Avedrink®) e B (bebedouros
nipple Avicorvi®) 37
TABELA 16 Fator de produção das aves dos lotes alojados em
29/08/2008 e 15/10/2008, nos galpões A 38
x
(bebedouros nipple Avedrink®) e B (bebedouros
nipple Avicorvi®)
TABELA 17 Porcentagem de calos na sola do pé das aves dos
lotes alojados em 29/08/2008 e 15/10/2008, nos
galpões A (bebedouros nipple Avedrink®) e B
(bebedouros nipple Avicorvi®) 38
TABELA 18 Porcentagem de papo cheio das aves dos lotes
alojados em 29/08/2008 e 15/10/2008, nos galpões A
(bebedouros nipple Avedrink®) e B (bebedouros
nipple Avicorvi®) 39
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 Representação das temperaturas efetivas ambientais
criticas 6
Figura 02 Mecanismo de ingestão de água pelas aves 9
Figura 03 Ventilação de pressão positiva 18
Figura 04 Sistema de ventilação negativa 18
Figura 05 Bebedouro pendular 21
Figura 06 Bebedouro nipple Avedrink® 22
Figura 07 Regulador de Pressão Avedrink® 22
Figura 08 Regulador de Pressão Avicorvi® 23
Figura 09 Bebedouro nipple Avicorvi® 23
Figura 10 Vista externa do aviário A, equipado com bebedouro
tipo nipples Avedrink®
27
Figura 11 Vista externa do aviário B, equipado com bebedouro
tipo nipples Avedrink® 27
Figura 12 Caminhão com as caixas para o alojamento 28
Figura 13 Alojamento 29
xii
LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES
UBA: União Brasileira de Avicultura
ºC: graus Celsius
ADH: Hormônio anti- diurético
UR: Umidade Relativa do ar
g: gramas
xiii
1
1. INTRODUÇÃO
A água, importante riqueza natural do mundo, é nutriente essencial à
sobrevivência dos seres vivos. No organismo animal, é a principal
componente do sangue e dos fluidos extra e intracelular, é responsável pelo
transporte, absorção e digestão de nutrientes, pela excreção de metabólicos
e pelo equilíbrio da temperatura corporal.
Na indústria de produção animal de características intensivas, como a
avicultura de corte, o uso racional de água de boa qualidade é fundamental
para o bom desempenho do lote e, qualquer comprometimento em seu
fornecimento, pode acarretar sérios prejuízos ao desenvolvimento dos
animais e, conseqüentemente, ao produtor.
Para as aves, o consumo de água está relacionado ao consumo de
ração, sendo a privação hídrica causa de desidratação, queda no
desempenho e morte dos animais.
Visto a importância do fornecimento de água no desenvolvimento de
frangos de corte, a indústria de equipamentos avícolas desenvolveu
bebedouros do tipo "chupeta", do inglês nipple, pequenos que utilizam água
encanada liberada com o toque do bico das aves. Apresentam vantagens
sobre os bebedouros pendulares, pois melhoram a qualidade da cama,
reduzem a mão-de-obra e, por funcionarem em sistema fechado, asseguram
manutenção da qualidade e reduzem os riscos de contaminação da água.
Os bebedouros tipo nipple Avidrink® possuem pinos de ativação que
se deslocam verticalmente liberando água, na vazão de até 140 mL por
minuto, e são equipados com taças fixas que recolhem o excesso de água,
reduzindo o problema de umedecimento de cama. Os bebedouros tipo nipple
Avicorvi® são compostos por sistema de esfera que permite vazão de até
135 mL por minuto, e atendem até 12 frangos de corte.
O objetivo do presente trabalho foi comparar o desempenho de lotes
de frangos de corte utilizando dois tipos de bebedouros nipple, Avidrink® e
Avicorvi®.
2
2.REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Avicultura de corte no Brasil
A indústria avícola brasileira iniciou-se com a importação das
primeiras linhagens hibridas para corte e postura, no início da década de
sessenta. Antes desse período, existia mercado avícola nos estados de São
Paulo e Rio de Janeiro, baseado na criação de raças puras e caipiras e
comercialização dos animais vivos (GIULIETTI et al., 1980). No início da
década de setenta a Sadia trouxe dos Estados Unidos o modelo de sistema
de Produção integrada, implantado em Santa Catarina e posteriormente
adotado por outras empresas como Perdigão e Seara (CHAVES et al.,
1978).
Dados do ANUALPEC (1999) apontam a expansão da avicultura de
corte para a região Centro-Oeste a partir da década de noventa.
Tabela 1. Produção brasileira de carne de frango, em toneladas de
carcaça, no período de 1989 a 1996.
Regiões 1989 1990 1991 1992
Norte 91.219 106.165 121.532 131.493
Nordeste 354.873 397.068 429.106 466.509
Sudeste 628.898 704.308 784.452 892.618
SUL 930.270 1.060.072 1.191.126 1.323.761
C. Oeste 77.383 88.935 101.529 111.870
Regiões 1993 1994 1995 1996
Norte 148.296 153.670 168.313 144.641
Nordeste 443.350 493.921 532.375 495.101
Sudeste 913.752 1.013.452 1.172.205 1.191.159
SUL 1.477.875 1.563.505 1.964.113 1.989.722
C. Oeste 160.042 186.478 213.444 230.939
Fonte: adapatado de ANUALPEC (1999)
3
2.2. Qualidade da água
Várias são as características físico-químicas e microbiológicas que
devem ser observadas quando da avaliação da qualidade da água:
2.2.1. Microorganismos
Somente a determinação da presença de microorganismos na água
de bebida para frangos de corte não é suficiente. A quantidade com que eles
encontram-se na água é que deve ser avaliada.
Segundo Penz (2002) a água de bebida dos animais deverá ter
menos que 5.000 coliformes totais/100 ml.
Segundo Penz (2002) coliformes totais são bactérias encontradas na
vegetação, em resíduos de animais e no solo. Já coliformes fecais são as
bactérias provenientes de intestino de animais. Estas bactérias têm vida
curta quando fora do corpo do animal. Assim, sua presença como
contaminante indica uma contaminação recente. Macari et. al. (2002) indicou
que os valores máximos de coliformes totais e fecais para frangos de corte
são 10.000 UFC/100 ml e 2.000 UFC/100 ml, respectivamente. Entretanto,
como coliforme total significa poluição da água, a recomendação é que
sempre que aparecer coliforme total a água seja tratada. O mesmo autor
(MACARI, 2002) citou um trabalho de Geldreich (1972) em que o autor
identificou um aumento significativo na freqüência de isolamento de
salmonela, em amostras de água, quando o número de coliformes fecais foi
superior a 200 UFC/100 ml. O autor também identificou que quando o valor
foi superior a 2000 UFC/100 ml, 100% das amostras de águas analisadas
tinham a presença de salmonela.
A cloração da água serve como procedimento para a sua desinfecção,
eliminando enterobactérias. Entretanto, protozoários e enterovírus são
menos afetados pelo cloro. Também é importante lembrar que substâncias
como nitrito, ferro, hidrogênio, amônia e matéria orgânica diminuem a ação
do cloro. A matéria orgânica transforma cloro em cloramina, que tem menos
4
ação desinfetante. Maior o nível do pH da água maior a necessidade de
cloro como desinfetante. Entretanto, excessiva cloração altera o gosto da
água e pode comprometer o seus consumo e o desempenho dos frangos
(Penz, 2002).
2.2.2. pH
Estando o pH da água entre 6,0 e 9,0, a possibilidade de que ele venha
a interferir na sua qualidade é pouco provável . O pH normalmente interfere
nas reações químicas que podem estar envolvidas com o tratamento da
água. Valor alcalino de pH reduz a eficiência da cloração da água enquanto
que valor ácido, além de comprometer a conservação de metais das
tubulações e equipamentos, também pode proporcionar a precipitação de
algumas substâncias antibacterianas. O pH da água também pode interferir
na resposta vacinal. Pouco é sabido de qual a diluição que deve ser feita de
uma vacina quando o pH da água é ácido ou alcalino (Macari, 2002).
2.2.3.Sólidos Dissolvidos Totais (SDT)
Segundo o Penz (2002), a medida em que o SDT aumenta a
qualidade da água piora, causando a repulsa para o consumo de água e a
perda de desempenho zootécnico. Em casos extremos, quando conhecidos
os minerais que predominam na água, eles podem ser retirados total ou
parcialmente da formulação das dietas.
2.2.4.Dureza da água
Como no caso dos SDT, a dureza da água pode ser causada por
vários minerais e, entre eles, estão o cálcio e o magnésio. O maior problema
com a dureza da água não está relacionado com a sua qualidade para os
animais. Pouco eles são afetados por este fator. Entretanto, excesso de
dureza pode comprometer fortemente as tubulações, por acúmulo de
material no sistema (Penz,2002).
5
2.3. Importância fisiológica da água
Leeson & Summers (1997), citados por PENZ (2002) afirmam que a
água representa, aproximadamente, 70% do peso corporal das aves, na
primeira semana de vida. Desse total, 70% encontram-se no interior celular e
30% nos espaços intracelulares e sangue.
Dentre as funções fisiológicas da água no organismo pode-se citar a
movimentação de nutrientes entre as células e tecidos, a retirada de
substâncias tóxicas das células, a lubrificação das juntas, a proteção das
células do sistema nervoso e a dispersão de calor corporal (NRC, 1998).
2.3.1. Regulação de temperatura corporal em frangos de corte
Segundo MACARI et al. (2002), a dissipação de calor sensível (processo
físico de dissipação de calor) ocorre por meio dos seguintes mecanismos:
• Radiação: processo pelo qual as superfícies mais quentes emitem
calor na forma de ondas eletromagnéticas.
• Convecção: processo em que o calor é removido por meio do
movimento do ar mais frio sobre uma superfície de maior temperatura.
• Condução: ganho ou perda de calor a partir da transferência térmica
por contato entre moléculas adjacentes.
Os frangos não possuem glândulas sudoríparas, o que não permite
que eles transpirem como forma de regular a temperatura corporal. Assim,
as principais formas de perda de calor corporal pelos frangos de corte são a
respiração e a excreção via fezes e urina. Em animais em crescimento é
possível considerar como perda a água que participa da formação de novos
tecidos. No caso das poedeiras, ainda pode ser considerada como perda, a
água dos ovos (PENZ 2002).
Segundo MACARI et al. (2002), o resfriamento evaporativo
respiratório é o mais importante meio de perda de calor das aves em
temperaturas elevadas. Em altas temperaturas (acima de 37ºC) as aves têm
capacidade de aumentar em até dez vezes a freqüência respiratória e,
dessa forma, aumentar a perda de calor através do trato respiratório , sendo
6
calor latente. Entretanto o aumento na freqüência respiratória do frango,
além de aumentar a quantidade de calor para o meio o meio ambiente,
eleva a produção de energia pela contração da musculatura, produzindo
mais calor, podendo determinar quadros de hipertermia severos.
As perdas de calor via fezes são importantes e podem representar
entre 20 a 30% do volume de água consumido (PENZ 2002).
Segundo SOUSA (2000), Zona de Conforto é o intervalo de
temperatura ambiente em que a resposta animal é positiva e a demanda
ambiental (perda de calor por convecção, radiação e evaporação) é
conciliada com a produção basal, acrescida da produção de calor
equivalente à atividade normal e do incremento calórico da alimentação. A
energia líquida resultante é suficiente para manutenção e os suprimentos
adicionais levam ao ganho de peso. Nesta zona (variável de acordo com a
fase, manejo, ambiente), o animal alcança seu potencial máximo de
produção, e a temperatura corporal é mantida com mínima utilização de
mecanismos termorreguladores. O controle da termorregulação ocorre
através da seqüência estímulo resposta, conhecida como reflexo.
FIGURA 1 Representação das temperaturas efetivas ambientais criticas.
Fonte:Embrapa
7
SOUSA (2000) relata que a temperatura termoneutra para pintinhos
na primeira semana de vida encontra-se entre 33 e 37º C e da ave adulta
(acima de 21 dias) entre 21 e 28º C. Neste sentido, temperaturas acima de
37º C podem induzir à hipertermia com desidratação, levando a uma
redução no consumo de ração e atraso no crescimento. Por outro lado,
temperaturas abaixo da zona de conforto podem desencadear quadros
hipotérmicos, induzindo a síndrome da hipertensão pulmonar (acite) nos
frangos de corte.
Segundo Manual da Cobb (2002) há variação das temperaturas ideais
para frango de corte durante o desenvolvimento do animal (Tabela 2)
Tabela 2. Temperatura ambiente ideal para frangos de corte, linhagem
COBB, de acordo com a idade da ave.
Idade (dias) Temperatura (ºC)
1- 7 35
8 - 14 32
15 - 21 29
22 - 28 27
29 - 35 24
> 35 21
Fonte:Manual COBB (2005)
De acordo com Silva (2000), citado por YANAGI JUNIOR (2008),
frangos de corte, devido ao metabolismo acelerado e à capacidade de
retenção de calor devido à cobertura corporal, não se ajustam perfeitamente
aos extremos de temperatura e são sensíveis a temperaturas elevadas.
Portanto, em situações de grande amplitude térmica, as aves têm sua
sobrevivência ameaçada, particularmente acima de 38º C e sob condições
de alta UR (maior que 70%). Nessa situação as aves diminuem o ganho de
peso e a eficiência de conversão alimentar.
Segundo Borges et al. (2003) entre as respostas fisiológicas
compensatórias das aves, quando expostas ao calor, inclui-se a
8
vasodilatação periférica, resultando em aumento na perda de calor não
evaporativo. Assim, na tentativa de aumentar a dissipação do calor, a ave
consegue aumentar a área superficial, mantendo as asas afastadas do
corpo, eriçando as penas e intensificando a circulação periférica. A perda de
calor não evaporativo pode também ocorrer com o aumento da produção de
urina, se esta perda de água for compensada pelo maior consumo de água
fria.
De acordo com Macari et al. (2002), os mecanismos que induzem ao
consumo de água são a desidratação celular, a desidratação extra-celular e
o sistema renina-angiotensina. Destes, os principais são a desidratação
celular e o sistema renina-angiotensina (Figura 2).
9
Estresse Calórico Qualidade da água Doença Outros
Déficit Hídrico
Balanço Hídrico Negativo
Secreção de ADH Secreção de Renina
Queda da quantidade de urina Angiotensina I
Conservação da água do corpo Angiotensina II
Sede
Ingestão de água
FIGURA 2 Mecanismo de ingestão de água pelas aves ( MACARI, 2002)
A perda de água nos frangos mantidos em ambientes aonde a
temperatura esta acima da temperatura da zona de conforto térmico reduz a
quantidade de sangue circulante. Para evitar comprometimento do sistema
10
circulatório, a água das células e dos espaços intracelulares é transferida
para o compartimento plasmático. Esta desidratação celular e extracelular
causa à secreção de angiotensina. Se a redução de volume sangüíneo
ocorre por perda de água pelos rins, ocorrerá a secreção de renina,
hormônio que promove a conversão do angiotensinogênio em angiotensina
II. Uma vez que a angiotensina II é secretada, ocorrerá o desencadeamento
do processo de consumo de água por parte da ave MACARI et al.(2002).
Entre os fatores mais significativos que interferem no consumo de água
estão: genética, idade do animal, sexo, temperatura do ambiente,
temperatura da água, umidade relativa do ar, composição nutricional e forma
física do alimento MACARI et al. (2002).
2.3.2.Genética
Braun & Stallone (1989), citados por PENZ (2002), afirmam existir
diferenças no consumo de água entre diferentes linhagens de aves. Os
autores justificaram essa observação dizendo que algumas aves apresentam
síndrome da diabete insipidus nefrogênica, situações que faz com que os
rins não tenham a capacidade de concentrar a urina. Assim, animais com
esta síndrome perdem mais água do que aquele que não a tenha.
2.3.3.Idade da ave
O consumo de água por frangos de corte varia com a idade animal
Tabela 3; NRC(1994) .
11
Tabela 3 Consumo de água por frangos de corte mantidos em ambiente em
termoneutralidade (21º C)
Idade (semanas) Consumo (mL/frango/semana)
1 225
2 480
3 725
4 1000
5 1250
6 1500
7 1750
8 2000
Adaptado do NRC (1994)
2.3.4.Sexo
Segundo PENZ (2002), frangos machos consomem mais água do que
fêmeas. A relação entre consumo de água e ração relatada pelos autores foi,
respectivamente, 2,0: 1 e 1,7:1, volume este que se deve a um maior
desenvolvimento dos frangos machos quando comparado com as fêmeas
em uma mesma idade.(Tabela 3).
Tabela 4 Efeito do sexo no consumo de água (semanal)
IDADE (SEMANAS) Sexo
1 2 3 4 5 6 7
Macho 51 115 189 270 321 316 290
Fêmea 43 100 169 214 240 240 233
Fonte :Adaptado de Penz (2002)
2.3.5.Temperatura do ambiente
Segundo Penz (2002), citando LESSON & SUMMERS (2001), frangos
mantidos em ambiente com temperatura contínua de 24o C têm consumo de
água diário correspondente a 4% de seu peso corporal. Quando os animais
12
estão submetidos a ambiente quente (acima da temperatura de conforto
térmico), em estresse térmico, este consumo é de 6% do peso corporal.
Tabela 5 Efeito da temperatura ambiente no consumo de água, em mL/dia,
de frangos de corte com diferentes idades.
Idade (semanas) Temperatura Ambiente
(º C) 1 2 3 4 5 6
Termoneutra 47 111 184 244 282 300
Estresse calórico 61 155 266 366 410 450
Diferença em % 129,8 139,6 144,6 150 145,4 150
Fonte: Macari (2002)
Tinoco (2001) relata que estresse calórico em frangos de corte,
inicialmente, leva a uma maior ingestão de alimentos, para compensar a
maior necessidade de energia gasta para dissipar calor, fazendo assim com
que aumente a conversão alimentar.
2.3.6.Temperatura da água
O consumo de água depende, fundamentalmente, de sua temperatura
(PENZ, 2002). Observa-se, em condições de criação a campo, que a
temperatura da água tende a se assemelhar á do ambiente. Entretanto para
o bom desempenho dos animais, a água de consumo deve apresentar
temperatura inferior à 24º C. Na prática deve-se observar que, se o ambiente
está quente (temperatura superior á zona de conforto térmico para a idade),
a água deverá estar fria. Por falta de controle neste aspecto, nas condições
de criação onde não se controla a temperatura da água de consumo, há
elevação de sua temperatura e redução do consumo pelos animais (PENZ,
2002). Essa situação e observada nas pinteiras utilizadas no período inicial
de criação dos frangos de corte, onde observa-se a equiparação da
temperatura da água de consumo a do ambiente. Caso os animais entrem
em estresse por excesso de temperatura, não beberão água, por estar
quente, e desidratam-se. É comum os animais se molharem nos bebedouros
para trocar calor, entretanto, como não há consumo de água, os animais
13
permanecem no quadro de desidratação. Nestes casos é recomendado por
PENZ, 2002 que se faça a “sangria” do sistema hidráulico, forçando a troca
da água quente por água fresca, considerando que a água do reservatório
tem temperatura mais baixa do que aquela que está no encanamento.
Leeson & Summers (2001), citado por PENZ (2002) comentaram que
frangos são capazes de identificar diferenças na temperatura da água de 2o
C. A resposta em relação à temperatura da água desencadeia-se no nervo
lingual da ave e isto ocorre quando a temperatura da água atinge 24o C.
Com a temperatura da água em 36o C, a atividade nervosa nesta região é
dez vezes superior àquela com 24o C. Assim, de acordo com esta evidência,
é possível concluir que as aves preferem água com temperatura igual ou
inferior a 24o C (MACARI et al., 2002).
PENZ (2002), citando VIEIRA et al. (2000), confirmaram que o
aumento de consumo de ração está relacionado ao consumo de água e o
consumo de ração está relacionado ao ganho de peso e à conversão alimentar
dos frangos.
Tabela 6. Efeito da temperatura da água no desempenho de frangos
submetidos ao estresse térmico.
Temperatura Parâmetros
10,0o C 26,7o C 43,3o C
Consumo Água (mL) 452 348 344
Cons. Ração Diário (g) 115 106 103
GP Diário (g) 52 41 42
Efic. Alimentar (g/g) 0,42 0,40 0,38
Mortalidade % 9 10 11
Fonte: Penz (2002)
14
2.4. Aviários
2.4.1. Disposição das construções
O primeiro passo a ser considerado para a instalação de aviários é a
escolha do local propicie melhor conforto térmico para as aves.
Segundo Tinôco (2001), a distância entre galpões deve ser suficiente
para que o próprio galpão não seja barreira à ventilação natural dos outros.
Assim, recomenda-se que à distância entre o primeiro galpão e o segundo
seja 10 vezes a altura da construção e a distância do segundo galpão em
diante, seja de 20 a 25 vezes essa altura.
2.4.2. Proteção contra o sol
Segundo Bond et al. (1976) citado por Tinôco (2001), para atenuar o
efeito da insolação, o primeiro artifício objetivando o conforto térmico dentro
de galpões de frango de corte em climas quentes é o sombreamento natural
ou artificial. Os autores alertam que o sombreamento pode reduzir cerca de
30% da carga térmica de radiação (CTR) incidente sobre o animal.
No caso das paredes laterais (oitões) que recebem frontalmente o sol
de nascente e poente, a proteção pode ser feita pintando-as com cores
claras, sombreando-as por meio de vegetação ou beirais, adotando paredes
de grande capacidade calórica, como as construidas com tijolos maciços de
barro (TINÔCO, 2001).
Segundo Rivero (1994) citado por Tinôco (2001) os telhados mais
usuais são dos seguintes materiais, na seqüência de sua qualidade térmica
decrescente:
1) isopor entre duas lâminas de alumínio
2) sapé: isolante térmico similar ao isopor entre duas lâminas de alumínio,
porém susceptível ao ataque de pragas e fogo.
15
3) madeiriti: constituído de madeira compensada com 6 mm de espessura,
ondulada, revestida na parte superior por lâmina de alumínio. É durável
(aproximadamente 20 anos), bom comportamento térmico.
4) alumínio simples: sujeito a danos pelo granizo e ventos, termicamente
menos indicado do que o amianto, porém apresenta maior custo. Quando
novos, são melhores que os de barro, porém oxidam com o tempo, perdendo
a vantagem inicial.
5) barro;superior termicamente à telha de amianto comum e à de alumínio
(oxidado). Exige engradamento mais caro, apresenta frestas entre as telhas,
que atuam como bolsas de ar e permitem ventilação. Porém e de difícil
limpeza.
6) amianto: mais comum, apesar de esquentar muito ao solo que pode ser
amenizado com a pintura da parte exterior das telhas com tinta branca, o
que eleva o custo. Como ponto positivo apresenta fácil construção.
7) Chapa zincada ou ferro galvanizado: Termicamente não indicado.
Apresenta como vantagem ser resistente à quebra, alta durabilidade e baixo
custo.
Tabela 7 Valores de condutividade térmica para diferentes materiais de
cobertura
Material K(w/m ºc)
Alumínio 230
Aço 47
Concreto 1,74
Tijolo Maciço 0,81
Fibrocimento 0,76
Água 0,64
Palha 0,12
Lã de vidro 0,036
Poliestireno expandido 0,035
Espuma de poliuretano 0,023
Ar 0,023
Fonte: TINÔCO (2001)
16
Outra alternativa para melhorar o comportamento térmico das
coberturas é a utilização de forros sob a cobertura, pintura das telhas com
diferentes cores na face interna e externa, aspersão de água sobre o telhado,
relação entre a largura do galpão e a altura da cobertura ventilação.
a) Uso de forros sob a cobertura:
O forro atua como uma segunda barreira física, que permite a
formação de uma camada de ar móvel junto à cobertura, reduzindo a
transferência de calor do telhado para o interior da construção (Tinôco
2001). Segundo Abreu et al. (2007), citando Oliveira et al (2000), a utilização
de forro sob o telhado permite aumentar a densidade de criação de frangos
e melhorar o desempenho das aves. Moraes (1998), citado por Abreu et al.
(2007) demonstrou que a utilização de forro em aviários com coberturas de
telhas de barro, proporcionou uma queda de 5,6 ºC na temperatura do
aviário.
b) Pinturas com cores claras e escuras
A pintura da face externa das telhas de cor branca é insuficiente,
quando adotada isoladamente, para a solução do problema da insolação
sobre as coberturas. A combinação de cores que proporciona melhor
resultado em termos de redução do desconforto térmico para climas
caracterizados por altas temperaturas é a cor branca (que possibilita alta
refletividade solar) na face superior e a preta na face inferior do material de
cobertura. Embora a superfície negra possua efeitos indesejáveis, tais como
maior temperatura da superfície e maior emissividade e absortividade, tem a
vantagem de possuir baixa refletividade (Tinôco 2001).
Segundo Sarmento et al. (2005) a cor branca da superfície externa do
telhado de amianto provoca uma redução da temperatura da superfície
interna, reduzindo em até 9,0° C a temperatura no h orário das 13 horas.
17
c) Aspersão de água sobre o telhado
Segundo Moraes et al. (1999) a utilização de aspersão sobre a
cobertura produz redução da temperatura da telha, através da condução de
calor para a água e redução da temperatura da telha e do ar próximo à
mesma, em conseqüência do processo de resfriamento evaporativo,
reduzindo assim, o gradiente térmico que chega à superfície inferior
favorecendo as condições térmicas das instalações durante períodos de
calor, podendo diminuir em até 3º C a temperatura do aviário.
d) Largura do galpão e altura da cobertura
Em instalações para frangos de corte, ocorre uma tendência mundial
de se projetar galpões com 12 m de largura por 125 m de comprimento, com
objetivo de aperfeiçoar o uso dos equipamentos automáticos (bebedouros e
comedouros). Em relação á altura do pé-direito, recomenda alturas no
intervalo entre 3,0 a 4,0 m, como forma de reduzir a carga térmica de
radiação acumulada no abrigo (SARMENTO, 2005).
e) Ventilação
A ventilação é necessária para eliminar o excesso de umidade do
ambiente e da cama, provenientes da água liberada pela respiração das
aves e dos dejetos, além de permitir a renovação do ar e eliminar odores
Tinôco (2001).
Ventilação de pressão positiva
Neste sistema os ventiladores forçam o ar externo para dentro do
galpão expulsando o ar interno (Figura 03). Consiste em colocar ventiladores
ao longo das laterais dos galpões, de modo a promover o fluxo do ar no
sentido do comprimento, succionando o ar exterior, injetando-o para o
interior e expulsando o ar succionado pelo lado posterior. É o sistema
normalmente utilizado em construções abertas (VITOR HUGO, 2001)
18
FIGURA 03. Ventilação de pressão positiva (EMBRAPA-2003)
Ventilação de pressão negativa
Neste sistema os ventiladores (exaustores), colocados em uma
das extremidades do galpão força a saída do ar, criando um vácuo parcial na
construção (Figura 04). Por sua vez, a diferença de pressão do ar interior e
exterior, succiona o ar externo para o interior da construção na outra
extremidade. Este sistema é muito utilizado em instalações totalmente
fechadas, como é o caso de galpões climatizados (VITOR HUGO, 2001)
Figura 04 Sistema de ventilação negativa
Fonte: Bigdutchman
19
f) Resfriamento do ar
O processo mais utilizado de resfriamento do ar em instalações
abertas ou fechada é o resfriamento evaporativo utilizando nebulizadores ou
placas de resfriamento evaporativo (cooling), que têm por finalidade
incorporar umidade no ar e, em conseqüência, reduzir a temperatura
ambiente (Tinôco, 2001).
O sistema de resfriamento evaporativo consiste em mudar o
estado pisicrométrico do ar para maior umidade e menor temperatura,
mediante o contato do ar com uma superfície umedecida ou líquida, ou com
água pulverizada ou aspergida. Como a pressão de vapor do ar a ser
resfriado é menor que a da água de contato, ocorre vaporização da água; o
calor necessário para esta mudança de estado vem do calor sensível contido
no ar e na água, resultando em decréscimo da temperatura de ambas e,
conseqüentemente, do ambiente (STOTT, citado por VITOR HUGO,2001).
20
Tabela 8 Influência da temperatura do ar sobre a produtividade de aves
ºC Conseqüências fisiológicas
< 10 Redução no ganho de peso e na eficiência alimentar
10 a 21 Eficiência alimentar permanece afetada
≤ 20 Elevação da UR não interfere na perda de calor por evaporação
15 a 26 Melhor eficiência alimentar e ganho de peso
20 Ideal para ganho de peso de aves de corte. Cada 1º C a mais
entre 21 e 30º C e 32 a 38º C implicam em decréscimo na
ingestão alimentar de 1,5 e 4,6%, respectivamente.
29 a 32 Consumo alimentar diminui; ganho de peso é baixo
32 a 35 Consumo alimentar diminui; baixo ganho em peso. Consumo
alimentar continua decrescente. O consumo de água passa a ser
superior ao dobro do normal; nesta faixa de temperatura
ambiente a temperatura interna da ave começa a aumentar.
35 a 38 Prostração por calor: medidas emergenciais são necessárias
para o resfriamento das aves. A luta pela sobrevivência é o
interesse maior nessa faixa de temperatura.
Fonte: YANAGI JUNIOR (2006)
g) Bebedouros
Segundo Macari et al. (2002) existem diferentes tipos de
bebedouros:
• Bebedouros pendulares : Acredita-se que bebedouros com
contrapeso reduzem a umidade da cama, uma vez que resistem mais
ao balanço provocado pelo choque das aves. O espaço entre a borda
do bebedouro e o corpo é importante e, e nas medições que feita,
sendo que a variação de 22 a 32 mm é o espaço que a ave terá para
introduzir o bico e parte da cabeça e ingerir a água, bebedouros com
espaço menor para pintos seria o ideal, uma vez que evita que o pinto
entre nele; já para frangos na fase final, um espaço maior (32 mm)
seria ideal pelo volume e facilidade no consumo.
21
FIGURA 5. Bebedouro pendular(Granjatec)
Fonte: Granjtec
• Bebedouro nipple : Inicialmente, esse tipo de bebedouro surgiu para
atender aves de baixo peso corporal (> 1,70 kg). Posteriormente, as
indústrias avícolas, observando algumas vantagens nesse
equipamento, como redução da mão de obra, qualidade da água e
melhor saúde das aves, foi mudando esse conceito e mais tipos de
nipples foram surgindo para atender demanda para maior peso das
aves. Bebedouros tipo "chupeta" (do inglês nipple) são bebedouros
pequenos que utilizam água encanada liberada com o toque do bico
das aves – Figuras 6, 7, 8 e 9. Apresentam vantagens sobre os
bebedouros pendulares, melhorando a qualidade da cama, reduzindo
mão-de-obra, além de ser um sistema fechado capaz de assegurar a
boa qualidade da água e reduzir os riscos de contaminação.
22
Figura 6. Bebedouro nipple Avedrink®
Figura 7. Regulador de Pressão Avedrink®
23
Figura 8. Regulador de Pressão Avicorvi®
Figura 09. Bebedouro nipple Avicorvi®
• Bebedouro de calha : Muito usado antigamente, hoje praticamente
não é comercializado mais, geralmente e feito em alumínio ou PVC,
quando alimentado com água corrente e mais eficiente em casos de
24
estresse calórico, só que caiu em desuso pelo volume de água que
gastava e pela alta umidade da cama que causava.
• Bebedouro Sparkcup : Conceitualmente é a fusão do nipple com o
pendular, ou seja, tentando reunir as boas características de cada
tipo, sendo melhor qualidade da água e vazão que está entre 400 a
600 mL/min, e uma unidade abastece 34 frangos em função da maior
vazão.
3. ESTÁGIO
3.1. Local do estágio
O estágio curricular supervisionado foi realizado na Perdigão
Agroindustrial S/A , empresa localizada na cidade de Jataí, estado de Goiás,
Rodovia BR 060 km 504, tendo como atividade principal o
acompanhamento de lotes utilizando dois diferentes tipos de bebedouros
nipple. Dentre as atividades desenvolvidas, acompanhei os extensionistas
no manejo diário nas granjas integradas da empresa, sendo desde o
alojamento dos pintinhos da linhagem COBB500® até o abate de fêmeas
griller, sendo estas aves abatidas em média aos 32 dias de vida com um
peso médio de 1.480 g, sendo em sua maioria exportada para paises do
Oriente Médio.
3.1.1. A PERDIGÃO
A Perdigão, uma das maiores companhias brasileira do setor de
produtos alimentícios, foi fundada em 1934, em Videira - SC, pelas famílias,
Brandalise e Ponzoni, permanecendo sob a administração da família
Brandalise até 1994.
Nos anos quarenta iniciou o processamento de suínos. Nos anos
cinqüenta, ingressou no ramo de processamento de aves, realizando abate
artesanal nas dependências do abatedouro de suínos. Em 1962 o abate de
aves chegou a 500 aves/dia, comercializadas resfriadas em São Paulo e em
25
1968, inicia-se a automação da linha de abate, com produção de 1,5 mil
aves/dia. Em 1975/1976 construí-se o primeiro abatedouro exclusivo para
aves em Videira (SC), iniciando assim a exportação de carne de frango,
principalmente para Arábia Saudita, sendo até então pioneira na atividade.
Em 1979, através de melhoramentos genéticos surge a marca Chester®,
uma ave especial com 70 % de sua carne concentrada no peito. No ano de
1981 a empresa abre o seu capital iniciando e em 1986 começa o abate de
bovinos com a aquisição da Frigroplan Ltda, em Lages SC. Em 1990 inicia-
se a exportação de bovinos para União Européia, em 1994 a empresa é
adquirida por um fundo de pensão, encerrando assim a fase de
administração familiar. Em 2000 a empresa dá inicio ao segmento no ramo
de carne de peru e inicia o funcionamento do complexo de Rio Verde - GO.
No ano de 2005, a indústria se instalou em Jataí – GO, adquirindo o
incubatório, a granja de matrizes e arrendando o frigorífico de frango para o
abate de 70 mil aves/dia do grupo Gale. Em 2008, a fábrica de rações que
estava arrendada até a ocasião. Com a compra da unidade de Jataí, a
Perdigão inicia a produção compartimentalizada da produção avícola no
Sudoeste Goiano (Rio Verde, Mineiros e Jataí), garantindo o controle
sanitário dos plantéis de aves. Os fatores determinantes para a instalação da
Perdigão em Jataí foram: logística de escoamento, oferta de grãos na região
e interesse dos proprietários rurais em se integrarem ao sistema de
produção da empresa.
Já no ano de 2007 há inauguração da unidade industrial de Mineiros -
GO, a qual visa somente o processamento de carne de peru. Em 2008, a
Perdigão adquiriu a Eleva (antiga Avipal), e se tornou uma das maiores
empresas no ramo de lácteos do país. Ano este que a empresa anunciou
investimento de 1,1 bilhão de reais nas unidades de Rio Verde, Jataí, e
Mineiros.
26
3.2 Atividades desenvolvidas
As observações foram realizadas na granja do integrado da Perdigão
S/A, Genoir Belusso, localizada na rodovia GO 184 km 24, em dois aviários.
Os aviários são semelhantes quanto à construção e equipamentos;
Tem dimensões de 125 x 12 x 3 m (comprimento x largura x pé direito) e 1,5
m de beiral, com armação de madeira, cobertura de telha de barro, forrado.
Sistema de ventilação positiva constituído de 18 ventiladores, e de conjunto
de nebulizadores com 150 bicos. Comedouros automáticos dispostos em
quatro linhas, totalizando 480 pratos, sendo duas linhas da marca
Agromarau® e uma Big Duttchman®. Há caixa de ração, de
aproximadamente 100 kg, em cada linha de onde a ração é transportada do
silo (14 toneladas) aos comedouros. O aquecimento utiliza o consórcio forno
à lenha e 18 campânulas a gás.
O primeiro aviário (aviário A) foi equipado com bebedouro tipo nipples
Avedrink® com dose anos de uso, sendo composto por 1.428 bicos,
espaçamento de 0,35 m entre bicos, com quatro reguladores de pressão
sendo todos da marca Agromarau®, na proporção de 16,85 aves/bico. O
segundo aviário (aviário B) foi equipado com bebedouros tipo nipples
Avicorvi®, novo, com um total de 2.200 bicos com espaçamento de 0,20 m
entre nipple até o meio do galpão e 0.25 m no restante do aviário, com oito
reguladores de pressão que funcionam pelo sistema de nível, na proporção
10,91 aves/bico.
Dos 2.200 nipples 720 destes estão dentro da pinteira de 36 m, sendo
um com tacinha e dois sem, totalizando 240 tacinhas, sendo 10
tacinhas/ave, que funcionam pelo mesmo principio do bebedouro pendular,
tacinhas estas que foram retiradas no terceiro dia após o alojamento
permanecendo apenas com o nipple Avicorvi®.
27
Figura 10. Vista externa do aviário A, equipado com bebedouro tipo
nipples Avedrink®
Figura 11. Vista externa do aviário B, equipado com bebedouro tipo
nipples Avedrink®
28
3.3 Alojamento
Nos dias 29/08/2008 e 15/10/2008 foram alojadas 24.000 fêmeas, da
linhagem Cobb® ccoomm um dia de idade. As aves foram transportadas do
incubatório de Rio Verde, e chegaram ao galpão, respectivamente, as 19 e
12:30 horas.
No alojamento, houve pesagem de 3% dos animais, observando-se
média de peso de 45 g e 44 g para, respectivamente, 1º lote/galpão A; 1º
lote/galpão B e 2º lote/galpão A; 2º lote/galpão B. Após alojadas, as aves
receberam ração à vontade e, de acordo com o galpão de alojamento, água
através dos bebedouros nipple Avedrink® (aviário A) ou Avicorvi® (aviário B).
Figura 12: Caminhão com as caixas para o alojamento
29
Figura 13: Alojamento
3.4 . Abate
Os lotes alojados em 29/08/2008 e 15/10/2008 foram abatidos,
respectivamente, em 01/10/2008 e 17/11/2008, ambos no frigorífico da
Perdigão Agroindustrial S/A, no Município de Jataí – GO.
3.5 . Observações de produção
3.5.1 Estimativa de ingestão de água e ração
Sendo este fator de grande importância, pois quanto mais sedo as
aves ingerir água e ração, melhor será o seu desenvolvimento inicial, visto
que a mesma terá um menor gasto de suas reservas metabólicas, sendo
fundamental que após seis horas de alojamento no mínimo 90 % tenham
ingerido água e ração.
A estimativa de ingestão de água e ração foi realizada por técnicos
treinados através da palpação do papo de 150 aves, ou seja, 0,62% das
aves alojadas, em cinco pontos diferentes da pinteira, adotando um sistema
de zig-zag, três horas após o alojamento, repetindo o mesmo procedimento
30
três horas após a primeira avaliação, realizando o cálculo médio para o
restante do aviário.
3.5.2 Pesos das aves
A média de peso corporal das aves foi obtida por amostragens do lote
nos dois aviários, realizada no terceiro dia e semanalmente após o
alojamento até o abate. A pesagem foi realizada com a ajuda do proprietário
e funcionário em três pontos aleatórios em zig-zag no interior dos aviários, e
pesadas com auxilio de uma balança tipo salter e os valores anotados em
fichas. Já o peso final foi obtido na balança do frigorífico antes do abate.
3.5.3.Qualidade de água consumida
A quantidade de água consumida foi mensurada diariamente através
da leitura do hidrômetro de cada galpão. Os dados foram anotados em
planilha e posteriormente, realizado o cálculo do consumo através da
subtração do consumo acumulado até aquele dia pelo consumo do dia
anterior.
3.5.4.Conversão alimentar e fator de produção
Conversão alimentar é um índice zootécnico calculado pela razão
entre o consumo total de ração e o peso total do lote na retirada. A ração
consumida pelas aves que morreram no decorrer da criação creditada na
conversão, ou seja, quanto maior a mortalidade, pior a conversão alimentar.
Sendo este o fator de maior importância para o avicultor, visto que sua
remuneração é realizada em função conversão.
O índice zootécnico fator de produção é calculado pelo produto do
ganho de peso diário (kg) e a viabilidade (%), dividido pela conversão
alimentar.
31
FP= GPD x Viabilidade (100% - % mortalidade)
Conversão alimentar
Os dados de conversão alimentar (CA) e fator de produção (FP) foram
fornecidos pela regional de Rio Verde, SAP Perdigão Agroindústria S/A, e
enviados para a unidade de Jataí, a fim de fazer o fechamento do lote.
3.5.5. Porcentagem de Calos de pé
Obtidos ao final do lote, através do sistema SAP Perdigão
Agroindústria S/A, sendo de grande valia para avaliação da qualidade da
cama quanto a compactação, ou seja quanto maior o desperdício de água
maior o teor de umidade da cama e maior a compactação da mesma,
conseqüentemente maior o teor de calos de pé.
3.5.6. Porcentagem de Papo cheio
Parâmetro este de grande valia em sua análise, pois caso exista papo
cheio no momento do abate pode causar o rompimento do mesmo levando a
contaminação de demais carcaças, causando assim o descarte das
mesmas. No entanto é realizado um jejum quanto ao consumo de ração sete
horas antes do abate, para que seja feito o esvaziamento do papo e
vísceras, não causando assim papo cheio no momento do abate.
4. RESULTADOS
Os dados de ingestão de água e ração três e seis horas após
alojamento, ganho em peso, mortalidade, conversão alimentar, calos na sola
do pé, papo cheio ingestão de água diária dos lotes alojados em 29/08/2008
e 15/10/2008 nos galpões A (bebedouros nipple Avedrink®) e B (bebedouros
nipple Avicorvi®) são apresentados nas Tabelas abaixo, respectivamente.
32
Tabela 9 Porcentagem de consumo de água e ração após o alojamento
do 1º lote (29/08/2008) nos galpões A (bebedouros nipple
Avedrink®) e B (bebedouros nipple Avicorvi®)
3 horas após alojamento
Avedrink® Avicorvi®
Água e Ração 42,7 45,5
Ração 22,7 19,5
Água 17,30 23
Vazio 17,30 12
6 horas após alojamento
Avedrink® Avicorvi®
Água e Ração 62 60
Ração 12 13,4
Água 20 21,30
Vazio 6 5,30
33
Tabela 10 Consumo diário de água, em mililitros, registrado no galpão A (bebedouros nipple Avedrink®) e galpão B (bebedouros nipple Avicorvi®) no período de 29/08/2008 a 30/09/2008
Dias Avedrink® Avicorvi® 1 900 500 2 1.700 1.100 3 2.600 1.500 4 3.000 1.300 5 2.700 1.600 6 3.100 2.100 7 7.000 2.300 8 3.300 1.700 9 4.200 2.100
10 4.300 3.500 11 6.000 4.900 12 4.500 4.500 13 5.400 4.300 14 5.400 4.000 15 3.000 4.100 16 3.300 3.800 17 2.800 2.900 18 4.100 4.400 19 4.800 5.000 20 4.900 6.400 21 4.800 5.100 22 4.800 4.400 23 4.600 5.300 24 4.600 4.800 25 5.600 6.000 26 5.700 6.000 27 6.400 6.200 28 8.300 5.900 29 4.300 6.200 30 6.100 6.000
Consumo Total 132.200 117.900
34
Tabela 11 Porcentagem de consumo de água e ração após o alojamento
do 2º lote (15/10/2008) nos galpões A (bebedouros nipple
Avedrink®) e B (bebedouros nipple Avicorvi®)
3 horas após alojamento
Avedrink® Avicorvi®
Água e Ração 71,30 71,7
Ração 9,30 12,3
Água 14,7 5
Vazio 4,7 11
6 horas após alojamento
Avedrink® Avicorvi®
Água e Ração 86 91
Ração 6 0,40
Água 5 5,30
Vazio 3 3,30
35
Tabela 12 Consumo diário de água, em mililitros, registrado no galpão A (bebedouros nipple Avedrink®) e no galpão B (bebedouro nipple Avicorvi®) no período de 15/10/2008 a 15/11/2008
Dias Avedrink Avicorvi 1 800 800 2 800 1200 3 500 800 4 600 800 5 800 1.200 6 800 1.100 7 900 1.100 8 1.100 1.400 9 1.700 2.500
10 1.900 2.700 11 2.000 2.800 12 3.300 2.700 13 2.000 2.500 14 2.700 3.000 15 2.600 2.700 16 3.200 3.800 17 4.500 4.100 18 3.400 3.900 19 4.200 4.200 20 4.300 4.700 21 4.200 5.300 22 4.000 5.100 23 5.100 5.000 24 3.900 3.900 25 5.200 6.200 26 5.800 6.000 27 5.100 6.000 28 5.800 6.100 29 6.300 7.400 30 7.000 7.400
Consumo Total 94.500 106.400
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Tabela 13 Evolução do ganho em peso das aves (em gramas) dos lotes
alojados em 29/08/2008 e 15/10/2008, nos galpões A
(bebedouros nipple Avedrink®) e B (bebedouros nipple
Avicorvi®)
1º lote Dias
Avedrink® Avicorvi®
1 45 45
3 92 93
7 166 171
14 423 463
21 842 868
28 1.373 1.392
31 1.502 1.506
2º lote Dias
Avedrink® Avicorvi®
1 44 44
3 94 94
7 170 173
14 412 420
21 840 844
28 1.348 1.358
32 1.496 1.492
37
Tabela 14 Mortalidade acumulada das aves (em número de animais) dos
lotes alojados em 29/08/2008 e 15/10/2008, nos galpões A
(bebedouros nipple Avedrink®) e B (bebedouros nipple
Avicorvi®)
1º lote
Dias Avedrink® Avicorvi®
Média
Integrado
Média
mês
7 79 130 - -
14 124 182 - -
21 160 216 - -
28 235 286 - -
abate 242 301 412,21 403,2
2º lote
Dias Avedrink® Avicorvi®
Média
Integrado
Média
mês
7 90 125 - -
14 140 209 - -
21 163 255 - -
28 209 304 - -
abate 183 348 396 376
Tabela 15 Conversão alimentar das aves dos lotes alojados em
29/08/2008 e 15/10/2008, nos galpões A (bebedouros nipple
Avedrink®) e B (bebedouros nipple Avicorvi®)
1º lote
Avedrink® Avicorvi® Média Integrado Média mês
1.607 1.586 1.697 1.652
2º lote
Avedrink® Avicorvi® Média Integrado Média mês
1.643 1.642 1.689 1.683
Fonte: SAP Perdigão Agroindústria S/A (2008)
38
Tabela 16 Fator de produção das aves dos lotes alojados em
29/08/2008 e 15/10/2008, nos galpões A (bebedouros nipple
Avedrink®) e B (bebedouros nipple Avicorvi®)
1º Lote
Avedrink® Avicorvi® Média Integrado Média mês
2979 3025 2660 2788
2º Lote
Avedrink® Avicorvi® Média Integrado Média mês
2828 2809 2683 2635
Fonte: SAP Perdigão Agroindústria S/A (2008)
Tabela 17 Porcentagem de calos na sola do pé das aves dos lotes
alojados em 29/08/2008 e 15/10/2008, nos galpões A
(bebedouros nipple Avedrink®) e B (bebedouros nipple
Avicorvi®)
1º lote
Avedrink® Avicorvi®
28% 23%
2º lote
Avedrink® Avicorvi®
3% 1%
Fonte: SAP Perdigão Agroindústria S/A (2008)
39
Tabela 18 Porcentagem de papo cheio das aves dos lotes alojados em
29/08/2008 e 15/10/2008, nos galpões A (bebedouros nipple
Avedrink®) e B (bebedouros nipple Avicorvi®)
1º lote
Avedrink Avicorvi
3% 2%
2º lote
Avedrink Avicorvi
1,54% 2%
Fonte: SAP Perdigão Agroindústria S/A (2008)
5. DISCUSSÃO
Devido ao pequeno número de repetições, não foi possível realizar a
análise estatística dos dados coletados. Saliento que a colheita de dados
continua e, ao final de 12 lotes, será realizada a comparação estatística do
desempenho dos lotes criados com os bebedouros nipple Avedrink® e
Avicorvi®.
Os dados apresentados no item resultados são brutos, entretanto,
mesmo não confirmado estatisticamente, percebe-se alguns
comportamentos interessantes nos dados.
Na análise do lote alojado em 29/08/2008 (1º lote) em relação aos
diferentes bebedouros para ingestão de água e ração, três horas após o
alojamento (Tabela 9) pode-se perceber que o aviário B (bebedouros nipple
Avicorvi®) apresentou consumo de água e ração 2,7% superior ao aviário A
(bebedouros nipple Avedrink®). Também merece destaque o consumo de
água(Tabela 9) entre os aviários A e B, onde houve percentual de 5,7% a
mais de água no aviário B (nipple Avicorvi®), o que refletiu no percentual de
papo vazio (Tabela 9) onde o aviário B apresentou 5,3% a menos de papo
vazio nas três primeiras horas.
Quando comparado os dois aviários seis horas após o alojamento
(Tabela 9) não foi possível perceber diferença entre os dois aviários, o que
40
levou a suposição de que as tacinhas favorecem o consumo de água nas
primeiras três horas após o alojamento.
No segundo lote, relação ao exame do papo (Tabela 11), não se
observou diferença no consumo de água e ração nas três primeiras horas de
alojamento. A maior diferença foi devido à quantidade de água ingerida no
aviário A que foi 9,6% superior ao B, dados estes sendo contrário aos
resultados do primeiro lote do teste, que apresentou um consumo de água
5,7% maior no aviário B. O que refletiu diretamente na porcentagem de aves
com papo vazio, apresentando 6,4% a mais de aves com papo vazio nas
três primeiras horas no aviário B neste lote. Quando comparado às seis
horas após o alojamento (Tabela 11) o aviário B (bebedouros nipple
Avicorvi®) apresentou 5% a mais de aves com água e ração no papo em
relação ao aviário A (bebedouros nipple Avedrink®), já quanto ao consumo
de água e ração neste período não foi possível perceber diferença, só
podemos perceber diferença quanto ao consumo de ração que foi 5,34% no
aviário Avedrink®.
No segundo lote quando comparado ao primeiro, visualiza-se uma
maior quantidade de aves com água e ração no papo, o que possivelmente
aconteceu pelo fato do alojamento ter sido realizado no período do dia, visto
que o manejo realizado nos dois alojamentos foi semelhante.
Comparando o índice peso corporal final dos dois aviários (Tabela
13) percebe-se que o aviário A apresenta pesos inferiores desde há primeira
semana, sendo que no primeiro lote aproximou-se bastante do aviário B, no
período próximo ao abate. Já quando se compara o segundo lote quanto ao
ganho de peso pode visualizar que o aviário A apresenta pesos inferiores
desde há primeira semana superando o peso do aviário B no abate, e
quando compara com o lote anterior pode visualizar que o aviário A
apresenta um maior ganho de peso na fase final, ou seja, após os 28 dias.
Ao analisarmos a mortalidade dos dois aviários (Tabela 14), podemos
perceber uma maior mortalidade do aviário B, que se inicia no quarto dia se
estendendo até o sétimo dia, deve-se a dificuldade de adaptação das aves
após a retirada das tacinhas ao terceiro dia, sendo que até este momento
observa um número muito pequeno (menor que 1%) de aves que ingerem
41
água do nipple. Dificuldade esta que pode ser pelo fato de uma maior
facilidade de ingerir a água que esta na tacinha ou pela dificuldade da
visualização da esfera do nipple Avicorvi®, sendo que a mesma esta
instalada na ponta do nipple que e côncava, fatos estes que merecem um
estudo mais detalhado quanto ao comportamento dos animais neste
experimento.
Na analise da conversão alimentar (Tabela 15), pode ser notada
diferença numérica apenas no primeiro lote, sendo o aviário B melhor, já no
segundo lote não foi possível notar diferença.
Como o fator de produção (Tabela 16) esta ligado diretamente a
conversão alimentar, nota-se diferença apenas no primeiro lote, com o
aviário B sendo superior ao A, já no segundo lote não ocorreu diferença.
Tendo como parâmetro calo de pé (Tabela 17) para avaliar a
qualidade da cama, podendo dizer que o aviário B apresenta melhor
qualidade da mesma, visto que nos dois lotes a quantidade de calo de pé no
aviário B foi menor.
Na analise da quantidade de água ingerida, segundo Penz (2002),
citando Vieira et al. (2000), dizem que o aumento no consumo de água esta
diretamente relacionado ao aumento no consumo de ração e aumento no
ganho de peso, só que mesmo apresentando um menor consumo de água no
primeiro lote no aviário Avicorvi®, o mesmo apresentou melhor conversão, já
no segundo lote o mesmo apresentou um consumo superior, porem sua
conversão numericamente foi insiguinificativamente menor no primeiro lote,
fazendo assim com que nada possa afirmar.
Quando se analisa o consumo de água (Tabelas 10 e 12) juntamente
com o ganho de peso (Tabela 13) e possível perceber que após os 28 dias de
idade das aves o aviário B apresenta maior consumo de água do que o A,
porém apresenta menor ganho de peso nesta faixa etária, o que contradiz a
afirmação de PENZ (2002), citando VIEIRA et al. (2000), que confirmaram que
o aumento de consumo de ração está relacionado ao consumo de água e o
consumo de ração está relacionado ao ganho de peso e à conversão alimentar
dos frangos.
42
6. Considerações finais
Como este experimento ainda está apenas no seu segundo lote, e
muito cedo para tirarmos uma conclusão definitiva, porém nestes dois lotes,
o bebedouro Avicorvi® aparentemente apresenta-se melhor.
Devemos a nos atentar por compararmos dois equipamentos em
condições diferentes, sendo o bebedouro Avedrink® com dose anos de uso
e o bebedouro Avicorvi® novo, pois com o passar dos anos temos o
desgaste do equipamento.
43
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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em aviários com e sem o uso de forro. Arquivo Brasileiro de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Concórdia-SC, v.59, n.4, p.1014-1020,2007.,
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eletrólitos em frangos de corte. Ciência Rural, Santa Maria, vol.33, n.5,
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Embrapa Suínos e Aves. On-line. Disponível em:
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MACARI, M.; FURLAN,L.; GONZÁLES,E. Fisiologia aplicada a frangos de
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PENZ, M.A. A importância da água como nutriente na produção de frangos
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SOARES, L.F. et.al.; Influência da restrição de água e ração durante a fase
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TINÔCO, I.F.F. Avicultura Industrial: Novos Conceitos de Materiais,
Concepções e Técnicas Construtivas disponíveis para Galpões Avícolas
Brasileiros. Revista Brasileira de Ciência Avícola, Campinas,
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http://www.uba.org.br/ Acessado em: 30 de out.2008.
YANAGI JUNIOR, T.; Inovações tecnológicas na bioclimatologia animal
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Acessado em 02 de nov.2008.