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www.redebrasilatual.com.br BEBEDOURO nº 24 Março de 2013 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual Jornal Regional de Bebedouro Palhaça Bisteca ganha a vida fazendo o que gosta. Mas vai parar Pág. 6 ARTE FARRA NA RUA Polezzi, o zagueiro que fez história no São Caetano Pág. 7 FUTEBOL FÃ DO AZULÃO 102,7 FM chega a Bebedouro: democracia no ar Pág. 2 RÁDIO NÓS NA FITA PERFIL A dançarina que enfeitiçou os brasileiros mais simples, de garimpeiros a presidiários Pág. 4-5 RITA CADILLAC. PROFISSÃO: CHACRETE Chuvas alagam ruas e casas, destroem asfalto, tombam árvores e deixam lama e sujeira CIDADE É ÁGUA PRA TODO LADO

Jornal Brasil Atual - Bebedouro 24

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Bebedouro 24

www.redebrasilatual.com.br BeBedouro

nº 24 Março de 2013

DistribuiçãoGratuita

jornal brasil atual jorbrasilatualJornal Regional de Bebedouro

Palhaça Bisteca ganha a vida fazendo o que gosta. Mas vai parar

Pág. 6

arte

farra na rua

Polezzi, o zagueiro que fez história no São Caetano

Pág. 7

futebol

fã do azulão

102,7 FM chega a Bebedouro: democracia no ar

Pág. 2

rádio

nós na fita

Perfil

A dançarina que enfeitiçou os brasileiros mais simples, de garimpeiros a presidiários

Pág. 4-5

rita cadillac. Profissão: chacrete

Chuvas alagam ruas e casas, destroem asfalto, tombam árvores e deixam lama e sujeira

cidade

É água Pra todo lado

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2 Bebedouro

Expediente rede Brasil atual – BebedouroEditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros redação Enio Lourenço e Lauany Rosa revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3295-2800tiragem: 10 mil exemplares distribuição Gratuita

brasil atual: no ar e pra valer

Pirangi aprova emissora

Catanduva e Bebedouro já sintonizam a 102.7 FM

rádio

A Rádio Brasil Atual do Noroeste Paulista (RBA-NP), de Pirangi, já pode ser sinto-nizada em Catanduva e Bebe-douro. “A antena da rádio per-mite a cobertura de uma região mais ampla com a qualidade melhorada” – afirma o coorde-nador de jornalismo da RBA- -NP, Rafael Santos. A emis-sora deseja agora consolidar a sua grade de programação.

De segunda a sexta-feira, das 7 h às 9 h, ela apresenta Notícias do Brasil e do Mundo, com destaque para assuntos locais – o programa também é veiculado em São Paulo, Mogi das Cruzes, Baixada Santis-ta e na internet. Depois, até o meio-dia, a vez é do carro-che-fe, o programa Nossa Cidade, revista radiofônica apresen-

tada por Kelly Camargo, com variedades, música e presta-ção de serviços. “A gente faz campanhas com entidades como a APAE, fala de festas e dá dicas de emprego na re-gião” – diz Rafael. Das 14 h às18 h, a cultura caipira toma conta em Tarde Sertaneja, com

o comunicador Jeff. As noites e madrugadas ficam por conta da música popular brasileira.

Nos fins de semana, a RBA--NP tem programas segmenta-dos. Aos sábados e domingos, das 5 h às 9 h, Luís Romera apresenta o Orgulho Sertanejo, espaço da música de raiz, com moda de viola e histórias, lem-branças e emoções do homem do campo. E aos domingos, das 10 h às 12 h, é apresentado Um Show de Emoções, dedicado à vida e obra de Roberto Carlos. A gente mostra a carreira do ídolo, histórias curiosas do can-tor e compositor e seus álbuns. É o resgate da memória do ar-tista. “O resultado são os eleva-dos índices de audiência” – diz o coordenador de jornalismo da RBA-NP.

A faxineira aposenta-da Clarice Betiol, 64 anos, adorou a chegada da rádio à cidade. “Ela me alegra mui-to. O tempo passa rápido enquanto trabalho.” Dona Clarice comenta o matutino Jornal Brasil Atual: “Antes eu não sabia das notícias de fora; o jornal também me in-forma sobre o que ocorre na região”. O administrador de empresas Douglas de Vas-concelos, 31, fã de música sertaneja desde a infância, afirma: “Muitas rádios não

tocam o sertanejo de raiz e ou-tras cobram jabá (dinheiro para veicular música) para lançar artistas em início de carreira. A rádio Brasil Atual, não. Ela apoia a cultura e já entrevistou artistas como Craveiro e Cravi-nho e Jair Rodrigues”. Vascon-celos acredita que a emissora é uma conquista da cidade. “A população tem um canal de comunicação para saber o que acontece por aqui. E a au-diência já extrapola os limites de Pirangi. Tenho amigos em Bebedouro, Paraíso, Palmares

Paulista e Taquaritinga que escutam a Brasil Atual.”

A boleira Valdenice Zambom, 40, ouve a rá-dio diariamente. E faz uma crítica ao jornal da manhã: “É pesado e cansativo”. Ela sugere que o jornalismo seja intercalado aos programas de entretenimento da tarde. “Ligo para pedir as músicas do Daniel, que sonho em conhecer. Tomara que a rá-dio o traga algum dia para cá. Eu morreria infartada” – diz, com bom humor.

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Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornal on-line

editorial

O Pote, o nosso amigo aí em cima, curte o sol e o mar do nosso final de verão. Infelizmente, não é assim pra todo mundo. Em Bebedouro, a cada ano que passa, as chuvas des-se período são um perigoso presságio de maus dias. Restam lama e sujeira pra todo lado. Ruas ficam alagadas, casas são destelhadas, muros desabam. Os córregos enchem, como a denunciar os maus-tratos a que são submetidos. O lago arti-ficial não dá conta do tanto de água que lhe é despejado. Até o Hospital Municipal sofre com a cheia. Esse estado a que a chuva expõe Bebedouro serve de alerta às autoridades muni-cipais, que precisam tomar providências para evitar o que se vê cada vez mais amiúde, ou em breve será o caos.

Afora as cheias, trazemos boas notícias. A primeira de-las é que a nossa emissora de rádio, a Rádio Brasil Atual, 102,7 FM, que transmite de Pirangi, é uma nova opção para o bebedourense, que já estava exausto de ouvir a mesmice radiofônica a que estava submetido. Outra boa nova – afora a nossa palhaça Bisteca, que leva alegria às ruas do Centro – é o perfil da chacrete Rita Cadillac, que, aos 58 anos, continua rebolando como ninguém, para delírio – e desespero – dos apreciadores de um belo bumbum. É isso. Boa leitura!

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3Bebedouro

temporais de verão causam estragos a bebedouroJardim Cláudia é o mais prejudicado; Prefeitura pede R$ 8,2 milhões para obras Por Enio Lourenço

cidade

Mais uma vez, em feverei-ro, Bebedouro sofreu com as chuvas. No domingo, dia 10, no fim da tarde, a cidade so-freu uma forte tempestade, de quase duas horas, que com-prometeu a estrutura de pré-dios e ruas. Os bairros mais afetados foram o Jardim Cláu-dia, o Jardim Laranjeiras e o Centro, que teve a ruptura do muro da Estação Ferroviária. Ruas alagadas, destruição do asfalto, árvores caídas e des-telhamentos são algumas mar-cas dessa tragédia, que não deixou nenhum ferido.

O Jardim Cláudia foi um dos bairros que mais sofreu com as chuvas de verão. Até agora, nenhuma medida pre-ventiva foi tomada para que os moradores não tenham prejuízos com os danos decor-rentes do fenômeno natural. No Complexo Social Urbano

Tancredo Neves, o Tancredão, a enchente é comum e sempre invade as casas da vizinhança.

A cabeleireira Fabiana Fer-nandes, de 28 anos, conta que ninguém da Prefeitura aparece na região – “nem antes nem depois das chuvas” – para dis-cutir alguma solução. “Mais uma vez entrou água na minha casa. Não chegou a invadir o

meu salão de beleza, mas su-biu uns 20 centímetros.” Para ela, uma solução simples seria a limpeza dos bueiros. “Quan-do chove aqui sempre vira um pasto.”

O vizinho da cabeleireira, Cláudio Gimenes, de 60 anos, conta que a água não entrou em sua casa no último tempo-ral, porque ele instalou uma

válvula de retenção, que evi-tou o alagamento e o retorno do esgoto (comum a outras casas do bairro). O aposentado pede providências e considera a situação como irresponsabi-lidade do poder público: “As chuvas esburacaram o asfalto, que foi colocado no ano pas-sado. Deveriam fazer canaletas nas grandes avenidas e colocar

bueiros nas ruas do bairro para evitar que a água da chuva de-sague toda aqui”.

De acordo com o dire-tor de Obras e Planejamento, Gilmar Feltrin, as enchentes no Jardim Cláudia se devem à ausência de galeria do Jar-dim Eldorado (noticiada na última edição deste jornal), que vai da Rodovia Armando Sales de Oliveira até a Aveni-da Santos Dummont, no setor norte da cidade. No entanto, o diretor discorda da solução proposta pelo aposentado por considerar inviável escoar as águas para córrego Parati, que está degradado e em avançado processo de erosão. “Temos de criar outra galeria e desviar as águas para o Córrego Man-dembo, para solucionar o pro-blema. É uma situação crítica que nós temos que trabalhar com carinho.”

os recursos emergenciais. Para pontes, asfaltos...

o (velho) susto aos moradores do jardim laranjeira

A Prefeitura enviou uma comissão a Brasília, que se reuniu com representantes do Ministério da Integração Nacional. Na reunião, foi protocolado um documento solicitando R$ 8,2 milhões para investimento em obras de infraestrutura na cidade.

“O valor é para tudo o que precisa ser feito em Bebedou-ro, até para impermeabilizar a laje do hospital, que fica inun-dada quando chove. Só para asfaltar as ruas, o gasto será de R$ 3 milhões – há lugares em que o asfalto estava ruim e piorou com as chuvas. Temos

de refazer 65 km de estradas e existem pontes que precisam de manutenção” – diz Feltrin.

Uma dessas pontes fica so-bre o Córrego Bebedouro, entre as Avenidas Lourenço Santim e Maria Dias, perto do SAAEB CAP. II. A ponte foi pavimenta-da com recursos do governo fe-

deral, no ano passado, cedeu 50 metros num trecho lateral e abriu outros buracos em sua extensão. O Ministério Público entrou com uma ação contra a empresa que pavimentou a pon-te e quer que ela refaça o traba-lho, porque na primeira chuva todo o asfalto foi embora.

Há sete anos, o Jardim Laranjeira foi um dos mais afetados pela histórica chu-va que devastou Bebedouro e ocasionou duas mortes. A re-cente tempestade preocupou

o professor de educação físi-ca Juan Loureiro, de 40 anos, que vive no bairro há um ano e meio. “Sempre ouço histó-rias da chuva de 2006, quando o Córrego Bebedouro invadiu

as casas e muita gente perdeu seus bens materiais.” Este ano houve alagamento na Rua Dr. Honório da Fonseca Castro e Neto. Segundo Juan, o entu-lho jogado no rio causa as en-

chentes. “É preciso limpá-lo e afundar o leito para alargá-lo.”

O secretário Feltrin diz que o Córrego Bebedouro é uma prioridade. “Temos de desasso-reá-lo em sete quilômetros, pois

chuvas acima de 70 milímetros fazem com que a água retorne na direção do lago artificial, que não tem vazão para escoar esse volume. Naquele domin-go, choveu 120 milímetros.”

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4 Bebedouro

rita cadillac, a chacrete mais conhecida do brasil

o que ela faz hoje a infância e o começo da carreira

Uma breve história de vida da dançarina que reinou na Discoteca do Chacrinha Por Lauany Rosa

Perfil

Moradora de um prédio de três andares, estilo art déco, numa avenida arborizada do bairro paulistano de Santa Cecília, vizinho ao Centro da cidade, a carioca Rita de Cás-sia Coutinho – a Rita Cadillac, como é conhecida –, de 58 anos, convive numa boa com o caráter distinto do lugar, pois o sossego do dia dá lugar à agitação noturna de seus res-taurantes e barzinhos, sempre repletos. Paradoxo, aliás, que se estende pela história de vida da mais famosa chacre-te dentre as mais de 500 mu-lheres que trabalharam como assistentes de palco de Cha-crinha, o apresentador mais debochado do Brasil.

O apartamento dela exala ares do passado. Está no se-gundo andar de um edifício cinza e sem elevadores, onde se chega por uma escada ama-relada, de mármore puído, que enobreceria todo saguão de entrada, não tivesse ele se transformado numa papelaria, comércio solitário aos pés da fachada.

Na ampla sala há um sofá confortável e uma grande te-

levisão, que fica o tempo todo ligada. Mas é a simplicidade da decoração que conta a sua trajetória. Por exemplo: ela está repleta de artigos religio-sos, que misturam crenças. Há santos e pedras para energizar o ambiente. Buda e Iemanjá decoram esse cômodo de Rita, que não tem religião, acredita em “um pouquinho de tudo” e monta a sua crença.

No bairro em que mora, Rita é uma mulher comum:

caminha para manter a forma, faz compras, conversa com os vizinhos e passeia com a ca-chorrinha Angel, uma simpáti-ca poodle preta, de lacinhos nas orelhas. Em casa, usa moletom, não se maquia nem se preocupa com a aparência. “Não sou vai-dosa, levo uma vida simples”. Porém, na hora em que ela tem de virar Cadillac, produz-se em dois minutos.

Famosa mulher sensual, de belas curvas, essa mulher

avessa à academia diz que, para manter o corpão, ela ape-nas caminha e dança nos sho-ws. Sua única cirurgia foi uma prótese nos seios, em 2008. O silicone espantou a chegada de uma flacidez indesejável. Mas quando uma ruguinha a incomodar, “vou lá e modifi-co, mas não quero ficar igual a essa gente sem expressão ou com boca de pato”. E o que ela faz para manter o bumbum? “Nada” – garante. “Fiz um

seguro, que não chegou a um ano.” Um mês depois de parar de pagar, um fã apagou um ci-garro em sua nádega!

Ao contrário do que muita gente imagina, Rita Cadillac nunca pensou em sexo o tem-po todo. Ao contrário. Ela viveu dez anos em absoluta abstinência e, agora, está indo para mais três. “Quando sinto tesão, tomo um banho” – afir-ma essa “romântica à moda antiga”, que acredita no amor verdadeiro e espera a chegada do tão sonhado cara.

O segredo para a mulher se manter bonita e sensual é, antes de tudo, “aceitar-se com é. Não importa se ela é alta, baixa, gorda, magra; ser sensual é parte de sua natu-reza, basta deixar fluir”. Rita lamenta apenas que, desde a queima do sutiã, a mulher evoluiu muito, mas perdeu o sex appeal – a sensualida-de que produz desejo sexual – e, por medo de aparentar fraqueza, abdicou de sua ca-racterística natural feminina, como a de “pertencer a um sexo frágil, ainda assim mais forte que o homem”.

Com 36 anos de carreira, Rita Cadillac é feliz. “Alcan-cei o que queria, tenho um nome a zelar, uma carreira sólida e não me arrependo de nada do que fiz.” A artista faz em média 10 shows por mês. Antenada, usa e abusa das re-des sociais: posta notas em seu

Facebook e adora twittar novi-dades para os fãs. Avó coruja, ela acompanha a vida das ne-tas de 15 e de 2 anos e diz que “em vez de cuidar delas, adoro estragá-las, fazendo suas von-tades”. Para Rita Cadillac as coisas mais importantes são a família e o trabalho.

Rita nasceu no Rio de Ja-neiro, em 1954. Seu pai mor-reu logo que ela nasceu. A mãe abandonou-a e ela foi criada pela avó paterna, dona Regina d’Eça. Rita estudou em colégio interno e só ia para casa nas férias. Aos 16 anos, casou-se com um homem dez anos mais velho. Teve um fi-

lho, Carlos. A união durou um ano. Separada, prostituiu-se.

Um dia assistiu ao grupo de dança de Haroldo Costa. Lá, soube que precisavam de uma bailarina e, como estuda-ra balé clássico, ficou com a vaga. Entregou o filho ao ex--marido e se apresentou com o grupo fora do país por três

anos. Entre as idas e vindas ao Brasil, foi a um show de Paulo Silvino e conheceu Leleco, filho do Cha-crinha. Na noite se-guinte, era chacrete e logo apareciam maté-rias com fotos dela e, claro, de seu bumbum.

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bela e formosa a rainha dos presidiários

o amor pela Praia grande

Rita Cadillac ganhou seu apelido do humorista Paulo Silvino que a achava pare-cida com a artista francesa Nicole Yasterbelsky, que na década de 1940 fazia shows sensuais com esse codino-me. No Brasil, Rita virou Cadillac depois da aparição no programa do Chacrinha.

Houve mais de 500 cha-cretes. Porém, entre tantos rostos e corpos um dos que mais chamavam a atenção era o de Rita, conhecida pelo tamanho de seu bum-bum e pela sensualidade com que dançava. A fama e a popularidade a levaram a gravar Merenguendê, o pri-meiro vinil da carreira, com o qual se apresentava no programa e em shows pelo Brasil. “Era uma loucura; eu estava vestida de chacre-te, corria, trocava de roupa, cantava, depois me vestia novamente de chacrete”.

Depois de gravar o vinil,

Rita Cadillac fazia shows sozinha, o que levou a um “conflito de agendas” e a dançarina deixou o progra-ma para seguir na carreira de cantora. Rita diz que Chacri-nha sabia tudo de televisão e a ensinou a subir no palco e falar com o público. A dan-çarina lembra que o apresen-tador zelava pelas chacretes e fazia questão de que elas não saíssem sozinhas. “Era como um pai de virgem.”

Em suas andanças pelo Brasil, Rita fez um show para 30 mil homens no ga-rimpo de Serra Pelada e, diante de uma chuva de pe-dras, pensou que não esti-vesse agradando. Ia parar de rebolar o traseiro e dar uma bronca no povo quando per-cebeu que recebia uma chu-va de ouro. “Não fiquei com todas as pepitas, só com as que eram de minas clandes-tinas. Rendeu um dinheiri-nho” – recorda.

Em 1984, os artistas da gra-vadora RGE faziam shows pelas cadeias do país. Rita Cadillac então se apresentou na Peniten-ciária Frei Caneca, no Rio de Janeiro, o mais antigo presídio do país, que acabou implodido em 2010. Rita não gostou da ex-periência. “Achei deprimente; o local era sombrio.” Um ano de-pois, com essa lembrança ruim, ela foi escalada para ir ao Ca-randiru, em São Paulo, presídio que abrigou mais de 8.000 pre-sos, e era o maior de São Paulo. E se sentiu muito bem e curtiu fazer o show.

Um dia depois, a Comissão de Internos pediu aos dirigen-tes do Carandiru que convi-dassem Rita para um almoço, ocasião em que lhe pergun-taram se ela não queria ser madrinha dos detentos. Rita

não entendeu bem o convite e perguntou o que fazia uma madrinha dos presos. “Ah, participa de formaturas de es-colas, de capoeira, de eventos religiosos, de datas comemo-rativas; aceitei no ato.” A par-tir daí, ela lembra com carinho da convivência com os presos. “Eu tinha a maior honra, pois os respeitava e sempre acredi-tei que todos devem ter uma segunda chance.”

Após o massacre do Ca-

randiru, em outubro de 1992, quando a pretexto de sufocar uma rebelião a Polícia Militar invadiu a cadeia e deixou 111 presos mortos, Rita frequen-tou o local até seu fechamen-to, em 2002. Aliás, ao lembrar do “massacre do Carandiru”, Rita Cadillac se arrepia. Ela ouviu relatos dos detentos que sobreviveram à chacina e considera o que ocorreu como “uma tremenda covardia, um massacre cruel”.

Na época em que fazia shows no Carandiru, Rita fi-cou muito amiga de um dire-tor de patrimônio do presídio, que ela lembra chamar-se Francisco, o Chiquinho. Ele tinha um apartamento na Praia Grande, que Rita e o filho frequentavam. Tempos depois, ela comprou um apar-tamento para passar a tem-porada; depois, comprou um maior e foi morar nele. “Fi-quei apaixonada pela Praia Grande” – diz ela, que consi-dera as pessoas a melhor coi-sa da cidade: “São receptivas e maravilhosas”. Rita sente falta da casa praiana. Por isso, quando está de férias ou em período de descanso, adi-vinhe pra onde ela vai?

Em 2008, ela até se can-

didatou a vereadora em Praia Grande, pelo PSB, o Partido Socialista Brasileiro, e con-seguiu 378 votos. “O pre-conceito do eleitor continua” – desabafa. Em 2012, ela vol-tou a ser sondada por grandes

partidos em São Paulo, São Vicente e Praia Grande, que ofereceram uma nova chan-ce na política, mas ela recu-sou: “Já pensou você estar lá e não poder falar o que pensa ou o que considera errado!”.

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6 Bebedouro

Palhaça bisteca leva alegria às ruas da cidadeArtista diz que o sorriso alheio lhe dá ânimo para continuar buscando um emprego formal

arte

Os bebedourenses que passam pelo Centro, às sex-tas, sábados e domingos, de-param-se com uma interven-ção cultural inédita na cidade: a arte de rua da palhaça Bis-teca. Viviane Bezerra Pérez, de 24 anos, é a responsável pelo personagem que anima os faróis de trânsito e as pra-ças com números circenses de malabarismo e esculturas com bexigas.

A alegria contagiante da palhaça nasceu em meio a um momento de dificuldade. A artista, natural de Santa Fé

uma bolinha de borracha. e a artista sofre um acidenteO trabalho na rua expõe

os profissionais da cultu-ra a diversos imprevistos. A arte circense de Viviane, por exemplo, foi bruscamente in-terrompida por um acidente de trânsito. Em uma manhã, ela fazia malabarismo com boli-

nhas de borracha quando elas escaparam e Viviane foi atrás, para recuperá-las. De repente um motoqueiro, para assustá-la, veio em sua direção, mas não conseguiu desviar e a atropelou. “Eu só acordei lá pelas 18 horas, em uma cama

Há sete meses na cidade – depois de uma curta passagem por aqui, em 2011 –, Viviane conta que a vida de artista de rua em Bebedouro é difícil. “Consigo tirar no máximo R$ 50. Acho que é porque há menos habitantes.” Entretan-to, as suas apresentações pú-blicas chamam a atenção dos comerciantes. “Estou sendo convidada para animar lojas no comércio e festas infantis.”

Outro destaque das inter-venções artísticas de Viviane são as esculturas em bexigas e

“o pessoal se sente bem quando me vê. isso é ótimo”a pintura de rosto que ela faz, aos sábados, na Praça da Prefeitura. “É uma alegria. Eu faço cachor-ro, coração e outras formas, en-quanto brinco com as crianças e também pinto seus rostos.”

Apesar de levar a alegria de sua arte para as ruas, Viviane não considera essa a sua verda-deira profissão. “Esse serviço é só um ‘quebra galho’ até eu ar-rumar um emprego de verdade.” A artista vive hoje com o mari-do – que é pedreiro e também faz apresentações musicais em restaurantes –, a sogra, o cunha-

do e o filho de sete meses. Em Santa Fé do Sul, ela tem outra filha de cinco anos, que mora com a sua mãe.

A sinceridade transborda nas palavras emocionadas de Viviane quando resume o seu trabalho nas ruas: “Gosto de ser palhaça porque o pessoal se sente bem quando me vê. Isso é ótimo. Já existiram si-tuações em que as pessoas no trânsito, estressadas, me xin-garam, mas eu não mudei mi-nha postura. Continuei alegre e tratando todo mundo bem. E

do Sul, aprendeu o ofício en-quanto vivia nas ruas de São José do Rio Preto, aos 16 anos. “Eu era casada lá, mas foi uma relação que não deu certo e tive de ir morar na rua durante dois meses. Como eu não tinha coragem de pedir di-nheiro para as pessoas e já sa-bia fazer um pouco de malaba-res, resolvi pintar o rosto para ninguém me conhecer durante o número de circo no farol.” Viviane recorda que no início o dinheiro servia apenas para pagar as contas do hotel, que lhe possibilitava tomar banho

e dormir no lugar. No entan-to, um dia apareceram por lá alguns artistas argentinos, que rodam o mundo fazendo arte de rua. “Nós pegamos amiza-de e eles me ensinaram como fazer melhor os meus núme-ros, até que eu fui melhorando naturalmente.”

Um bom dia de trabalho, antes do contato com os “her-manos”, rendia a Bisteca em torno de R$ 40. Depois da rá-pida oficina, a palhaça multi-plicou seus lucros, chegando a ganhar R$ 80 e até R$ 100 nos melhores dias riopretenses.

o público, em geral, percebe isso. Tanto que muitas pesso-as que me ofenderam voltaram para pedir desculpas por agir grosseiramente. Pois o que

eu quero mesmo é mudar o humor das pessoas com meu trabalho. Trazer alegria pra elas. Eu sou uma artista do povo.”

de hospital, cheia de apare-lhos.”

O acidente deixou seque-las na artista. Uma fratura na clavícula e uma lesão na coluna a impossibilitaram de andar durante um mês. Ainda hoje, ela possui uma

saliência no ombro, que a impede de realizar trabalhos simples, como os serviços domésticos. “Fazer faxina, lavar roupa, tirar a roupa da máquina ou pegar qualquer peso é difícil para ela” – tes-temunha a sogra Franceli-

na Almeida Luciano, de 69 anos. A palhaça conta, com bom humor, a lição que o acidente lhe deixou: “Agora, eu só faço malabarismo com laranja ou mexerica, que se escaparem das minhas mãos não correm tanto”.

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7Bebedouro

o beque que viu surgir o são caetano Aos 43 anos, Daniel Polezzi jogou num monte de times. Mas do Azulão ele não esquece

futebol

Daniel Polezzi tem 43 anos, é de Terra Roxa, mas veio para Bebedouro aos nove anos de idade. Aos 12, ensaiou os primeiros dribles, passes e cabeceios, no antigo campi-nho de terra da Vila Elizabeth, onde hoje é a Praça do Cami-nhoneiro.

Daquela época para cá, o ex-zagueiro não largou o es-porte mais popular do país. Aos 14 anos, disputou os cam-peonatos varzeanos entre os adultos. Aos 16, ingressou no time de juniores da Associa-ção Atlética Internacional e se profissionalizou aos 17 anos, em 1988. Naquele ano, a “Ve-terana” montara um time com gente da cidade para disputar a Série A 3 do Campeonato Pau-lista e Polezzi atuou de lateral--esquerdo até o ano seguinte, quando a Inter deixou de subir para a A 2, pelo saldo de gols.

Em 1990, ele ajudou a levar o Jaboticabal Atlético da Série A 3 para a A 2.

Em 1991, Polezzi foi para o São Caetano, levado pelo saudoso professor José Car-los Tortorello, irmão do então prefeito da cidade do ABC. Em seu primeiro ano no Azu-lão, sagrou-se campeão da A 3, compondo a zaga ao lado do veterano Luis Pereira, então

com 42 anos. Atuavam ainda no time o lateral Vladimir (ex--Corinthians), o centroavante Serginho Chulapa (Ex-Santos e São Paulo), e o meia-direi-ta Paulinho Kobayashi (ex- -Santos, entre outros) que, em 1992, levaram o time à princi-pal divisão do Paulistão.

Em 1993, ocorreram os fatos decisivos na carreira de Polezzi. Ele trocou o São Cae-

tano pelo Juventus, da Capital, e sofreu uma séria contusão no joelho esquerdo. Ficou um ano sem jogar. Depois, passou novamente pelo Jaboticabal e encerrou sua carreira na Fran-cana, time que ajudou a as-cender para a A 2 e disputar a Série C do Brasileirão.

De lá para cá, Polezzi teve escolinhas de futebol – uma de-las com o amigo e também ex-

-jogador Marco Aurélio Lima. Atualmente, ele trabalha em programas esportivos do Depar-tamento Municipal de Esporte (DME) e no Bebedouro Clube, com garotos de 5 a 13 anos. Para Polezzi, o esporte o ajudou mui-to na formação do seu caráter e lhe deu uma profissão. “Fico feliz por isso, por ver crianças melhorando o seu comporta-mento e o desenvolvimento es-colar por causa dos programas esportivos que comando.”

Polezzi só tem o regis-tro no Conselho Regional de Educação Física (CREF), que lhe permite dar apenas aulas de futebol. Sua vontade é fa-zer faculdade de Educação Física. Casado com Gislene, de 40 anos, por enquanto ele prioriza a formação das filhas: Amanda, de 21 anos, que cur-sa Sistemas da Informação, e Aline, que tem 14 anos.

underground – sob este chão que pisamosLivro de J. Brevi quer debater o preconceito em todos os setores da sociedade

literatura

Lançado na noite de 6 de fevereiro, na Livraria Heran-ça Cultural, o livro Under-ground – Sob este chão que pisamos, de autoria de José Antônio Breviglieri, o J. Bre-vi, de 66 anos. O livro conta a história de “seres marca-dos pelas diferenças sociais, religiosas e sexuais, que se debatem na procura ancestral que a todos aflige – a busca pela felicidade – e que, nes-sa busca, enfrentam o maior

de todos os seus inimigos: o preconceito”.

J. Brevi é natural de Ter-ra Roxa e está em Bebedouro desde a infância. Formado em Letras pela hoje Universida-de São Marcos, da Capital, lecionou literatura brasileira na Escola Doutor Paraíso Ca-valcanti. Ganhou o concur-so Mapa Cultural Paulista, em 1995, com a poesia NoParking. Em 1997, foi pre-miado pela obra O Professor

Conta Sua História, pela Secretaria de Estado da Edu-cação, com uma viagem à Inglaterra, onde aprofundou seu conhecimento do sistema educacional do país. Publi-cou também Elegia à Pala-vra, poesias; Histórias Ligei-ras e Outros Absurdos Mais, contos. Possui dois livros de poesias inéditos: Medusa e Cidade dos Mortos. J. Brevi prepara um segundo livro de contos, ainda sem nome. m

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horizontal – 1. Arte que usa a linguagem escrita como meio de expressão 2. Amarelar 3. Museu da Imagem e do Som; Berne; Instrumento usado para cavar ou remover terra 4. Antigo Testamento; Ação ou resultado de usar; Vermelho, em inglês 5. Tabaco em pó, usado para cheirar; Porção, quantidade incerta 6. Que não está cozido; Sexta nota musical; Exprime dor ou alegria 7. Qualquer fecho ou selo inviolável; Radio Patrulha 8. Que está vazio, oco; Raiva 9. Ao longo de; Associação dos Alcoólicos Anônimos; Polícia nazista 10. Mem de, governador-geral do Brasil; Símbolo do álcool; Central Única dos Trabalhadores 11. Grande extensão que separa um espaço do outro.vertical – 1. Carlos, revolucionário brasileiro; Pronto Socorro 2. Reproduzir, arremedar; Tecido semelhante à musselina, fabricado com fios muito finos e torcidos, de aparência leve e transparente 3. Contração de te+as; Saltar 4. Exército Revolucionário; Sigla de União Europeia; A preposição a com o artigo definido masculino o; Em, em inglês 5. Pessoas julgadas por um crime ou processadas em ação cível; Lei complementar; Abreviação de álgebra 6. Escárnio, zombaria 7. Chá, em inglês; Época 8. Universidade de Coimbra; Sigla, em inglês, de ácido ribonucleico; Ânus 9. Tornar a dizer ou expressar-se; Sul, em espanhol 10. Instrumento para lavrar a terra; Doença epidêmica grave e contagiosa.

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