8
Jornal Regional de Bebedouro www.redebrasilatual.com.br BEBEDOURO nº 5 Janeiro de 2011 DISTRIBUIçãO GRATUITA Onde estão os restos mortais dos brasileiros assassinados na ditadura militar? HERANçA MACABRA FUTEBOL Ele nasceu em Bebedouro e cresceu na vizinha Taiuva. E faz gol que só ele Pág. 7 ARTILHEIRO JONAS é UM DOS NOSSOS Tempestades de verão causam destruição em várias regiões na cidade Pág. 2 CHUVAS É ÁGUA DEMAIS Crianças recebem grana de quem paga Imposto de Renda Pág. 6 CONTRIBUINTE MOLECADA FELIZ Fraudadores causam prejuízo de R$ 400 mil à Prefeitura Pág. 3 ESCâNDALO QUE REMÉDIO! PROCURAM-SE OS CORPOS FOTO: DOUGLAS MANSUR FOTO: SXC.HU FOTO: MAURO RAMOS FOTO: DIVULGAÇÃO FOTO: DIVULGAÇÃO

Jornal Brasil Atual - Bebedouro 05

Embed Size (px)

DESCRIPTION

escânDalo Onde estão os restos mortais dos brasileiros assassinados na ditadura militar? molecada feliz que remédio! é água demais foto: mauro ramosfoto:divulgação nº 5 Janeiro de 2011 Pág. 7 Pág. 6 Pág. 2 Pág. 3 Fraudadores causam prejuízo de R$ 400 mil à Prefeitura Jornal Regional de Bebedouro Crianças recebem grana de quem paga Imposto de Renda www.redebrasilatual.com.br Distribu ição Tempestades de verão causam destruição em várias regiões na cidade foto: sxc.hu

Citation preview

Jornal Regional de Bebedouro

www.redebrasilatual.com.br BeBedouro

nº 5 Janeiro de 2011

DistribuiçãoGratuita

Onde estão os restos mortais dos brasileiros assassinados na ditadura militar?

herança macabra

futebol

Ele nasceu em Bebedouro e cresceu na vizinha Taiuva. E faz gol que só ele

Pág. 7

artilheiro jonas é um Dos nossos

Tempestades de verão causam destruição em várias regiões na cidade

Pág. 2

chuvas

é água demais

Crianças recebem grana de quem paga Imposto de Renda

Pág. 6

contribuinte

molecada feliz

Fraudadores causam prejuízo de R$ 400 mil à Prefeitura

Pág. 3

escânDalo

que remédio!

Procuram-se os corPos

fot

o: d

ou

gla

s m

an

sur

fot

o: s

xc

.hu

fot

o: m

au

ro

ra

mo

sfo

to

: div

ulg

ão

fot

o: d

ivu

lga

çã

o

2

expediente rede Brasil atual – Bebedouroeditora gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Marina Amaral e Leonardo Brito (estagiário) revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008tiragem: 10 mil exemplares distribuição gratuita

HomofobiaAntes, as pes-

soas sofriam de-boche na escola ou no local de trabalho e tinham medo de assumir

sua orientação sexual. Pais e educadores adotavam métodos rigorosos de disciplina, impondo um exemplo de ordem e respei-to. Hoje o quadro é diferente. Há grande índice de violência con-tra a homossexualidade, levando a agressões brutais e à morte.

As escolas deviam ensinar e aplicar valores éticos de cul-

eDitorial

Uma página infeliz do Brasil, a busca pelos corpos dos desaparecidos políticos vítimas do regime militar, continua a rondar a história recente do país. São insepultos a reclamar por uma lápide com seus nomes, que estão à espera de uma vela, de uma oração, de um lugar para receber flores. E Be-bedouro também faz parte dela, na figura de Heleny Telles Ferreira Guariba, uma jovem de 30 anos, quase desconhe-cida entre nós, assassinada e desaparecida. Afora esse acer-to de contas terrível com o passado, o jornal Brasil Atual traz uma página com outro bebedourense desconhecido de muitos, o artilheiro do Brasil: Jonas. Quem sabe, num futuro próximo, outros Jonas não apareçam entre os beneficiados do projeto levado adiante pelo Conselho Municipal dos Direi-tos da Criança e do Adolescente! Espera-se apenas que eles, enquanto isso, não marquem touca e continuem de olho nos livros maravilhosos da professora Rose Lee. Boa leitura.

vale o que vier

Um deles ocorreu na noite de 7 de janeiro, quan-do um flamboyant, árvore de mais de 60 anos, tombou por causa da chuva e caiu sobre um ônibus. O inciden-te foi na Vila Elizabeth, no espaço onde se realizavam festas, agora abandonado, em frente à Avenida Raul Furquim. O veículo, outro-ra usado para transportar trabalhadores rurais, estava parado havia cinco anos.

No mesmo dia, outras sete árvores de mais de vin-te anos também caíram no Jardim Cláudia, setor norte da cidade, e várias casas fo-ram destelhadas ou perderam rufos e calhas. Dias antes, quem tentava passar pela Avenida Raul Furquim, per-

chuvas De verão

é água pra burroOs danos que as chuvas trazem a Bebedouro

to do Posto Aparecidinha, na entrada da cidade pela Rodovia Armando Salles de Oliveira, teve problemas. Mais uma vez,

como sempre acontece du-rante esse período, veículos tiveram avarias com o acú-mulo de água.

a árvore caiu sobre um ônibus na vila elizabeth

PIG - Partido da

Imprensa Golpista

fot

o: m

au

ro

ra

mo

s

tura e educação no processo de crescimento intelectual. Mas não é essa a realidade. Os professores vivem amedrontados, sem saber o que fazer com as atitudes dos alunos, com receio de se torna-rem mais uma vítima de jovens desestruturados, que praticam a homofobia. Um crime!

A homofobia é uma agressão física ou emocional, que se rea-liza por meios constrangedores, coagindo as demais pessoas do grupo a fazer o mesmo e inibin-do-as de ajudar a vítima contra o agressor.

Não se pode confundir brin-

cadeira com violência. Numa brincadeira, os membros de de-terminado grupo se divertem; na violência, o prazer é obtido com dano a outra pessoa.

A hora é de reflexão! A homo-fobia vem alertar a sociedade de um mal que existe há muito tem-po, um problema que não é indi-vidual, mas social, e que cresce a cada dia. É preciso que as auto-ridades brasileiras não se esque-çam de que não há evolução se os valores éticos e morais não esti-verem fundamentados no alicerce da sociedade, na juventude!

Gabriel Levino Ribeiro

Morro AgudoRecebi semana passada o jor-

nal do Brasil Atual e gostei muito de suas matérias. Sou estudante de Direito da FAFIBE, e resido em Morro Agudo, São Paulo. Obrigado e sucesso!

Palhares Ribeiro

ErrataEstou enviando este e-mail

para a correção de informação pu-blicada na edição nº 4, mês de de-zembro 2010, na matéria intitulada Crise Política. O texto diz que dois veículos de comunicação estão en-volvidos em processos – Impacto

e Planeta Bebedouro. Esclareço que o o site de informação Pla-neta Bebedouro não se envolveu em processo – na internet há uma matéria sobre o assunto, que se-gue anexa para sua avaliação.

Atenciosamente,Flávia Camolezi – repórter

MensagensPodem ser enviadas para jor-

[email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, CEP 01011-100. As cartas devem vir com nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

3

Essa Tal Ortografia, primei-ro livro da professora Roseli Sant’Anna, a Rose Lee, de 50 anos, surgiu depois de ela par-ticipar de um curso no Departa-mento Municipal de Educação e Cultura – DEMEC –, em parce-ria com o Ministério da Educa-ção e Cultura, no qual um dos módulos tratou de ortografia e a natureza dos erros ortográficos. O livro auxilia as crianças na compreensão e utilização des-sas questões.

A segunda obra, Zooletran-do de A a Z, foi escrita durante o projeto Ecologia Rima com Poesia, desenvolvido com os alunos, e ajuda a criança a fazer

Perfil

rose lee, a professora (e escritora) da regiãoEla já publicou dois livros – Essa tal Ortografia e Zooletrando de A a Z – e há outro no forno

comparações entre vários textos, de poemas a textos informativos.

Roseli lembra que seus livros chegaram à Ilelis Editora graças a Adalardo Silva Martins, con-

sultor do Fundo de Investimento Social e Cultural Coopercitrus–Credicitrus. “Adalardo era dire-tor do Departamento Municipal de Educação e Cultura de Be-

escânDalo Dos reméDios

acusados de fraude presos em serra azulPromotoria diz que R$ 400 mil foram desviados da Prefeitura

o grampo

bedouro e conheceu o material a partir da indicação de minha amiga, a professora Luciana Gandini” – conta.

Para essa monteazulense, que começou sua carreira na rede estadual em São Paulo, onde lecionou por 10 anos, e voltou a Monte Azul, Taiúva e Bebedouro, o importante é despertar nas crianças o gosto pela leitura. “É gratificante me dirigir a tantas crianças e falar a respeito do prazer que a leitu-ra oferece e do quanto o nosso universo se amplia a partir dela, além de sua importância na for-mação do indivíduo na socieda-de” – diz, empolgada.

Roseli tem um terceiro livro pronto – Construindo a Identi-dade – e busca nova editora. Ela reclama de descumprimento de contrato por parte da Ilelis, re-ferente aos direitos autorais, os quais diz não ter recebido.

A professora tem escrito vários contos que aguardam publicação, mas já são utiliza-dos em trabalhos junto aos seus alunos. “É uma forma de veri-ficar a aceitação pelas crianças, e sempre fico satisfeita com o resultado. Acho que consigo usar uma linguagem que chega até elas e desperta-lhes o inte-resse, e isso me deixa muito realizada” – diz.

de Licitação, Aldo José Le-mos, também são suspeitos de irregularidades. Os quatro foram presos.

Os advogados tentaram, sem sucesso, o relaxamento da prisão. O pedido foi ne-gado em Ribeirão Preto e em São Paulo. Os promotores do Gaeco, Flávio Okamoto e Le-onardo Romanelli, trabalham para mantê-los na prisão até o julgamento, mesmo com a comprovação de que eles têm residência e emprego fixos.

Indícios de ligação da su-posta quadrilha de fraudes estão no trecho da conversa entre Aldo José Lemos e João Ailton Brondino, gravado em dezembro de 2008.

Um esquema fraudulento de licitação de medicamentos foi descoberto pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gae-co), por meio de gravações telefônicas autorizadas pela Justiça. O órgão acredita que R$ 400 mil foram desviados.

Segundo a investigação, João Ailton Brondino e An-tônio dos Santos Martins ad-ministravam as empresas que participavam das compras de remédios da cidade, alguns dos quais desnecessários, já que eram distribuídos pelo governo do Estado. O diretor de saúde da gestão passada, José Roberto Mateus, e o en-tão presidente da Comissão

a professora rose e seus livros: amor à leitura

Aldo – AiltonAilton – Ô Aldo, bom dia, tudo joia?Aldo – Bom dia, tudo bem. Falei com o Seu AntônioAilton – SimAldo – Ele falou que parece que tá aí, né?Ailton – Não sei, deixa eu dar uma olhadinha com a Luiza,peraí... Você está vindo para cá ou você...Aldo – Não, não, to ligando prá...Ailton – Tá, espera um pouquinho só. (Ailton conversa comuma pessoa e diz Qual é o valor? Vinte nove?) Ó, tem umaparte que já ta, né, isso?Aldo – IssoAilton – Então tá, vinte e dois parece que é o valor, tá?Aldo – TáAilton – Vinte dois e alguma coisa aíAldo – TáAilton – Beleza?Aldo – Beleza. Eu vou aí.

fot

o: m

au

ro

ra

mo

s

fot

os:

sx

c.h

u

memória

silvinhaCraque morre aos 92 anos

Faleceu no dia 18 de janeiro, aos 92 anos, no Hospital Unimed de Bebe-douro, o ex-jogador da In-ternacional de Bebedouro, da Portuguesa e do Vasco da Gama, Antonio de Rosis Silva, o Silvinha. Ex-verea-dor da cidade, ele recebeu o título de cidadão de Bebe-douro, no ano passado.

fot

o: m

au

ro

ra

mo

s

um cidadão bebedourense

4

herança macabra

os fantasmas que assustam a democracia brasileira

o espectro do comandante jonas ronda vila formosa

A ditadura militar matou 475 brasileiros, dos quais 184 continuam desaparecidos. A busca desses corpos revela algo indiscutível: não se esquecem os crimes do passado Por João Peres

Uma semana longa e ar-rastada, vivida em dezembro no Cemitério de Vila Formo-sa, Zona Leste de São Paulo, chegou ao fim com um des-confortável adiamento: só em fevereiro serão retomadas as buscas pelo corpo de Virgílio Gomes da Silva, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), assassinado em 1969 por agentes da ditadura militar. A operação conjunta, que en-volveu a Comissão sobre Mor-tos e Desaparecidos Políticos, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal (MPF) e o Instituto Médico Legal de São

Paulo, levou à localização de um ossário que não figurava nos registros do cemitério e à exumação de uma ossada que pode ser de Sérgio Correia, também militante da ALN morto em 1969.

O problema é que a locali-zação da ossada de Virgílio não foi levada a cabo pelos agentes da PF, e isso levantou dúvidas sobre o empenho da institui-ção. A família do comandante Jonas – como era conhecido o responsável pelo sequestro, em 1969, do embaixador dos Esta-dos Unidos, Charles Elbrick – foi a grande “provocadora” da

O caso do comandante Jonas é revelador dos movi-mentos em torno da ditadu-ra. Há setores da sociedade que querem punição para os crimes cometidos pelos agentes da repressão. Outros acham que mexer no passa-do, em vez de fechar feridas, trará novos problemas.

Em dezembro, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Esta-do brasileiro, obrigando-o a indenizar as vítimas da repressão da Guerrilha do Araguaia (1972-1975) e de-terminando que se levem adiante esforços para com-bater a tortura. Com isso, abriu-se a possibilidade de revisar a decisão do Supre-mo Tribunal Federal (STF),

que, no primeiro semestre de 2010, defendeu a tese de que a Lei da Anistia, de 1979, é fruto de um amplo acordo da sociedade e, por isso, não há possibilidade de condenação dos torturadores. “Até hoje não tivemos decisão judicial que tenha incriminado pessoas que mataram e torturaram em nome do Estado; as famílias seguem angustiadas e sem di-reito ao luto” – lamenta a di-

retora do Centro de Justiça e Direito Internacional (Cejil), Beatriz Affonso.

O Judiciário também é en-trave na reparação de erros da ditadura. No ano passado, o presidente do Tribunal Re-gional Federal da 3ª Região, Roberto Haddad, cassou li-minar que definia o prazo de até 180 dias para a identifica-ção das ossadas encontradas no cemitério Dom Bosco, em

cemitério de vila formosa é o novo ponto de busca de desaparecidos do regime militar: on de estão os corpos?

Perus, Zona Oeste paulistana. O desembargador aceitou o ar-gumento da Advocacia Geral da União de que o orçamento anual, de R$ 3 milhões, para a formação de uma equipe, resultaria em “ônus ao Estado brasileiro” num caso em que não há “interesse público”. No mérito da ação, ainda sem data para ser julgada, o Ministério Público Federal pede a res-ponsabilização de diversas au-toridades, entre elas o ex-pre-feito Paulo Maluf, acusado de construir o cemitério de Perus para enterrar clandestinamen-te os mortos do regime militar.

A mobilização social é a chave para garantir que haja buscas em outros lugares. A expectativa da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos é es-

tabelecer um calendário para missões em cemitérios do Rio de Janeiro e novas expe-dições à complexa região do Araguaia: a área amazônica é imensa e a identificação dos locais de sepultamento de-pende da ajuda dos militares, que não têm grande interesse em colaborar.

Isso levou o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, a apelar para que se indi-que, sob anonimato ou não, a localização dos cemitérios clandestinos ou de valas exis-tentes nos cemitérios legais. “Infelizmente, há ainda uma mentalidade raivosa, de ódio; torturadores e seus coman-dantes não se converteram à vida democrática.”

cenas da vida de virgílio Gomes da silva antes de virar jonas

5

os fantasmas que assustam a democracia brasileiraA ditadura militar matou 475 brasileiros, dos quais 184 continuam desaparecidos. A busca desses corpos revela algo indiscutível: não se esquecem os crimes do passado Por João Peres

ação apresentada ao MPF pelo Sindicato dos Químicos de São Paulo e pelo Grupo Tortu-ra Nunca Mais. “É graças aos familiares que isso está sendo feito; as autoridades do passa-do optaram por uma política de esquecimento” – diz Eugê-nia Gonzaga, procuradora da República em São Paulo.

Perto do fechamento da semana de buscas, havia a certeza de que a abertura da possível vala de Virgílio seria feita, mas a sexta-feira che-gou e, com ela, a frustração. A equipe de serviço forense da PF informou que havia dú-

o velho cemitérioNo caso de Vila Formo-

sa, há grande dificuldade em reconstituir a antiga disposi-ção do cemitério. Os milita-res descaracterizaram a área de 763 mil m² do maior ce-mitério da América Latina. Quadras foram renumera-das ou encurtadas e árvores plantadas sobre sepulturas.

Funcionários antigos re-latam detalhes do processo de alteração. “Havia só duas árvores aqui. Em poucos anos foram plantadas mais

De retirante a guerrilheiroNascido no

Rio Grande do Norte, em 1933, Virgílio Gomes da Silva encon-trou a militância política ao fu-gir da miséria do

Nordeste. Morador da Zona Leste de São Paulo, entrou no Sindicato dos Químicos e se integrou à ALN.

Em 1969, Virgílio foi preso e levado para o DOI-Codi, entrando para a histó-ria da ditadura como o pri-meiro morto sob tortura no aparelho repressivo.

Um dia após a prisão de Virgílio, sua esposa, Ilda, também foi detida. A fi-lha mais nova, Isabel, de 4 meses, foi afastada da mãe,

sofreu desidratação e acabou internada por quase 30 dias. “Há pouco tempo, soube que perguntavam pras famílias se queriam adotá-los porque os pais eram bandidos.”

Após exílio em Cuba, Ilda voltou para o Brasil no início da década de 1990, ainda em dúvida quanto à sobrevivên-cia de Virgílio – só em 2004

descobriu-se a existência da ficha 4.059/69 do Instituto Médico Legal, que deu à fa-mília a certeza de sua morte.

O filho, Gregório Gomes da Silva, aprendeu em Cuba sobre a importância do pai, “um herói brasileiro que não se calou, que ofereceu o melhor que tinha, a vida, contra a arbitrariedade”.

vida quanto ao local exato de sepultamento e o melhor se-ria detalhar os dados técnicos para, em fevereiro, voltar ao trabalho de campo.

Marlon Weichert, procu-rador regional da República, não escondeu que nem tudo saiu como imaginado, mas evitou criar polêmica. “A vontade é a de ter resultados conclusivos o mais rápido possível. Mas, diante das di-ficuldades técnicas, é melhor uma recuada e uma reanálise para que a gente tenha possi-bilidade maior de sucesso na hora da exumação.”cemitério de vila formosa é o novo ponto de busca de desaparecidos do regime militar: on de estão os corpos?

de 17 mil” – informa um deles, que falou sob a condi-ção de anonimato. “Ali era a quadra 11. Por que você acha que construíram um ossário no meio da quadra?” – acrescenta.

Além disso, somou-se a desorganização do cemitério, que recebia centenas de se-pultamentos por dia, muitos sob a identificação de “indi-gente”, expediente usado por forças autoritárias para ocul-tar mortes violentas.

lugar para uma flor

A solução, agora, depende da ação de agentes do Estado. Só eles poderão dar fim a 40 anos de sofrimento dos fami-liares. “Sem os restos mortais, não se cumpre o ritual funda-mental de velar os entes queri-dos” –, lembra Marco Antônio Rodrigues Barbosa, presiden-te da Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.

Gregório Gomes da Silva, filho de Virgílio, quer encon-trar o corpo do pai. “Não é pe-los restos mortais, isso não vai mudar o que penso sobre ele. É pela simbologia, importante para o país.”

Porém, devido aos longos anos de exposição à terra e à umidade, é possível que o ma-terial genético da ossada de Virgílio tenha se perdido, invia-bilizando a comparação com o DNA dos familiares. Por isso, os grupos envolvidos no trabalho negociam a construção de um memorial em homenagem às ví-timas da ditadura enterradas no Vila Formosa. Ilda Silva, esposa do militante, considera o me-morial uma alternativa para que cada um possa chorar seus mor-tos. “É um lugar para colocar uma flor, ter uma lembrança.”

ilda, esposa de virgílio

químicos rebatizam seu clube de campo com o nome de virgílio

fot

os:

do

ug

las

ma

nsu

r

A nossa cida-de faz parte des-sa história ma-cabra. Em 1971, Heleny Telles

Ferreira Guariba, bebedou-rense de 30 anos, separada, mãe de dois filhos, foi morta pela ditadura. Testemunhas dizem que Heleny morreu sob tortura numa tenebrosa “casa da morte”, usada pelos torturadores, em Petrópolis, Estado do Rio. A trajetória de Heleny será contada no jornal Brasil Atual, de fevereiro.

Onde está você, Heleny?

6

como colaborar

A campanha Contribuinte Cidadão, instituída em Bebedou-ro em 2001, por meio de projeto de lei do então vereador Carlos Orpham (PT) com o nome de Empresa Cidadã, tem o objeti-vo de incentivar pessoas físicas e jurídicas a destinar ao Fundo Municipal dos Direitos da Crian-ça e do Adolescente parte do Im-posto de Renda – pessoas físicas podem destinar até 6% do IR devido e as empresas até 1%. O dinheiro é gerido pelo CMDCA – Conselho Municipal dos Direi-tos da Criança e do Adolescen-te – e utilizado em programas, projetos e ações voltados para a criança e o adolescente.

contribuinte ciDaDão

entidades da cidade recebem r$ 254 mil em doações

resultados do trabalho coletivo

Todo ano, a Câmara Munici-pal, em parceria com o CMDCA e a Prefeitura Municipal, realiza a solenidade de entrega dos selos e diplomas Contribuinte Cidadão às empresas e pessoas físicas que destinaram recursos ao Fundo.

Em 2010, o evento aconteceu na noite de 15 de dezembro, no sa-lão nobre da Câmara Municipal “Arnaldo de Rosis Garrido”, e contemplou cerca de 100 pesso-as, físicas e jurídicas.

O auditor fiscal João Pedro

casa santo expedito .......................................R$ 59.500,00

casa de santa clara .......................................R$ 39.000,00

caecc ..............................................................R$ 36.780,00

educandário santo antônio ...........................R$ 31.280,00

aDb ..................................................................R$ 10.450,00

aPae .................................................................R$ 14.105,00

Dca ..................................................................R$ 14.100,00

artsol ............................................................R$ 14.000,00

cieb ..................................................................R$ 10.000,00

Glav ...................................................................R$ 9.400,00

creche lourenço santin ...................................R$ 7.082,00

caminho seguro ...............................................R$ 3.269,00

casa do adolescente ........................................R$ 2.250,00

ceProbem .........................................................R$ 1.400,00

casa da criança ...................................................R$ 950,00

aviDa ....................................................................R$ 480,00

O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Bebe-douro (CMDCA) é quem arrecada recursos com as destinações feitas de par-te do Imposto de Renda – até o dia 15 de dezem-bro, foram contabilizados R$ 254.046,00. A capaci-dade arrecadadora da ci-dade, segundo o auditor fiscal da Receita Federal

de Ribeirão Preto, João Pe-dro de Deus, é de R$ 1,2 milhão – ela ultrapassa os 20% da sua capacidade; em Ribeirão não chega aos 10%. O sucesso do trabalho deve-se ao engajamento dos Conselhos Tutelar e de Direitos, da Rede Criança, dos contabilistas (que fa-zem as declarações de IR), das empresas e das entida-des assistenciais.

Basta ir à agência do Banco do Brasil 6571-4 (ex-Nossa Caixa) e deposi-tar na conta nº 130.250-7. Depois, com o comprovan-te do depósito, dirigir-se ao CMDCA, Praça Abílio Manoel, 46, e pegar o reci-bo, que deverá ser guarda-do junto com a Declaração de Ajuste Anual para even-tual comprovação junto à Receita Federal. As crian-ças agradecem!

de Deus, da Receita Federal de Ribeirão Preto, proferiu palestra durante o evento. Ele disse: “O dinheiro não é da pessoa, é do Governo, portanto não é doação. Apenas o contribuinte pode des-tinar ao Fundo Municipal parte

daquilo que ele pagaria de qual-quer forma”. Mesmo quem tem imposto a restituir pode destinar os recursos ao Fundo, dentro dos limites legais de 1% a 6%.

Lucimara Eliane Lopes e Maria Alice Alves Coelho, presidente do CMDCA e co-ordenadora da Rede Criança e Adolescente, respectivamen-te, ressaltam, em carta aberta aos contribuintes, a impor-tância desses recursos para o êxito do trabalho e os bons resultados obtidos pelas ins-tituições beneficiadas – todas elas têm sofrido muito com a falta de dinheiro para manter suas atividades.

confira as entidades contempladas e o valor que elas receberam

vereador chanel (na tribuna), auditor joão de Deus, prefeito italiano, lucimara, presidente do cmDca, e maria alice, coordenadora da rede criança

lucimara: pela criança Pedro, embaixador da campanha

Objetivo é incentivar pessoas físicas e jurídicas a destinar parte do Imposto de Renda para as crianças

fot

os:

ma

ur

o r

am

os

7

O atacante Jonas Gonçalves Oliveira, 26 anos, o Jonas ou Mestre Jonas, apelido dado pe-los narradores da Rádio Gaúcha de Porto Alegre e revelador da boa qualidade técnica do joga-dor, nasceu na Santa Casa de Bebedouro – assim como os seus dois irmãos –, no Centro da Cidade, no dia 1º de abril de 1984. Porém, foi criado em Taiúva, onde fez o primário e o ensino fundamental. Depois, transferiu-se para Jaboticabal e voltou a Bebedouro para ter-minar o ensino médio, no Colé-gio Objetivo. Estudou Ciências Farmacêuticas, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Araraquara – UNIARA, até o terceiro ano, quando deixou o curso para investir na carreira

Em 2009, Jonas reestreou no Grêmio contra o Esporti-vo, pelo Campeonato Gaú-cho, e marcou um gol – o jogo terminou em 5 a 0. Depois da partida, ele afirmou que “pre-cisava de sequência de jogos para ter confiança e mostrar bom futebol”. Mas, em 13 de março daquele ano, o jornal espanhol Mundo Desportivo nomeou-o “o pior atacante do mundo”, depois de ele perder chances claras de gol pela Copa Libertadores 2009, no jogo contra o Boyacá Chicó, na Colômbia. Jonas minimi-zou o fato.

No dia 28 de novembro de 2010, Jonas completou 74 gols no Grêmio, igua-

futebol

o gol tem a cara de quem nasceu em bebedouro

jonas estará sempre onde o Grêmio estiver?

Artilheiro do Brasileirão 2010, Jonas é um dos cinco maiores goleadores do Grêmio

do futebol no Guarani, de Cam-pinas. Jonas é solteiro, não tem filhos e namora a mesma mulher desde 2005. No ano passado, ele foi o artilheiro do Campeo-nato Brasileiro, com 23 gols.

Jonas começou a carrei-ra profissional no Guarani de Campinas, aos 20 anos, onde foi um dos artilheiros da Série

B, com 12 gols. Depois, foi para o Santos, em janeiro de 2006, e conquistou o Campeonato Pau-lista. Entretanto, uma contusão séria no joelho o obrigou a parar por mais de meio ano.

Em 2007, de volta aos cam-pos, ele marcou quatro gols no Paulistão, em que se sagrou bi-campeão paulista. No entanto, o

jogador acabou reserva no San-tos e, em setembro de 2007, foi para o ataque do Grêmio, que comprou parte de seus direitos federativos – Jonas estreou num Grenal, o clássico do futebol gaúcho entre Internacional e Grêmio, e saiu machucado no segundo tempo.

Até o final de 2007, ele foi titular da equipe, mas, em 2008, nem fez parte da lista de atle-tas concentrados. Depois de amargar sete meses na reserva, Jonas saiu do clube, em julho. Foi para a Portuguesa. O clube paulista acertou um empréstimo sem custos – a Lusa pagava ape-nas o salário. Artilheiro do time no Campeonato Brasileiro, com nove gols, Jonas acabou sendo destaque da equipe.

as comemorações do bebedourense jonas

fot

os:

div

ulg

ão

mundial contra o Hambur-go, em Tóquio, em 1983.

Jonas está entre os cinco maiores artilheiros do Grê-mio dos últimos 50 anos. Como ainda joga no clube, sua posição deve subir. Ele já ultrapassou jogadores como Jadel, Cuca, Ronaldi-nho Gaúcho e André. Com mais de 100 jogos oficiais pelo clube, Jonas tem pro-postas de cinco clubes in-ternacionais. Por isso, tor-cedores gremistas criaram um perfil virtual no Twitter intitulado FicaJonas7 para convencer o atacante a au-mentar o tempo de contrato no clube, que termina no fim de 2011.

Os pais de Jonas são de Taiúva. O senhor Ismael de Oliveira, professor aposen-tado, 67 anos, foi vereador e prefeito da cidade em 1993. A senhora Maria Luiza Gon-çalves Oliveira, 60 anos, professora aposentada, tam-bém foi vereadora da cidade.

O irmão Diego, 31 anos, solteiro, formou-se em Far-mácia e trabalha no Hospital Santo Antônio – o único de Taiúva –, e é dono da farmá-cia San Diego. Já Tiago, 34 anos, solteiro, formou-se em Direito e é assessor do irmão jogador.

Jonas jogou nas escoli-nhas dos professores Ara-nha e Pian, em Taiúva. Um dia, um olheiro do Guarani de Campinas, chamado José Donizete de Lima, 51 anos, fez um peneirão em Taiúva e, entre 200 garotos, gostou do Jonas – Donizete revelou o volante Elano, o zagueiro Edu Dracena, o lateral Ma-riano e o meia Alex.

Jonas foi para o Guarani. A primeira vez, aos 13 anos, fi-cou um mês e foi embora com saudades da família. Depois, aos 16 anos, ficou dois meses e novamente foi embora pelo mesmo motivo. Enfim, em 2004, Jonas voltou a ser con-vidado pelo mesmo treinador – que continuava no Guarani. Aceitou e foi o artilheiro da equipe. Em 2005, profissional, teve rápida ascensão, ao dis-putar a Série B do Brasileirão.

a família

lando a marca de seu técnico, Renato Portaluppi, ídolo da

história do clube – autor dos dois gols que deram o título

faixa exagerada: quem tem jonas não precisa de messi

8

respostas

Palavras cruzaDas

suDoku horizontal – 1. Região meridional da América do Sul; Nome primitivo da aldeia de Embu; Difícil de conseguir 2. É, em inglês; Agência Nacional de Regulação Econômica; Tom musical 3. Divindade egíp-cia; Rápido (gíria) 4. Ó existente na imaginação; Atmosfera 5. Agora; Cada um dos órgãos produtores de urina; Nona letra do alfabeto grego; Reflexão de uma onda acústica 6. Derradeiro; Mal0passado; Universidade Estadual de Londrina 7. Alimento feito de farinha de trigo; Cinto largo de couro; Sauda-ção jovial 8. Associação (abr.); Sigla do extinto Serviço de Proteção ao Índio; Um, em inglês 9. Segunda nota musical; Empresa de Urbanização do Recife; Aporto 10. Fenômeno caracterizado pelo desliga-mento da realidade exterior; Mulher que deu à luz um ou mais filhos; Gemido de dor

vertical – 1. Córrego que cruza a Zona Oeste de São Paulo 2. Membro emplumado das aves; América Latina; O que lhe pertence 3. Teatro Popular do Sesi 4. Panificadora; Antônimo de chora 5. Aqueles que não têm nome 6. Movimento que se repete a intervalos regulares, com acentos fortes e fracos; Diz-se do som da flatulência 7. Móvel sobre o qual se come; Rodopio 8. Do grego psyché 9. Nicho com imagens religiosas 10. Uma república soviética 11. Canal por onde corre a água; Centro de Memória do Esporte 12. Imparcial, justo 13. Adoro; Primeira pessoa do singular; Central de Inteligência Americana 14. Re-ferente à rosa; A última sílaba do nome da namorada de Peri 15. Sufixo de uso; Que tem forma de rolo

foto síntese – jarDim cláuDia

sudoku

478215693

126893547

593647182

237159864

981462735

654738219

812374956

749586321

365921478

4 8 6 9

1 8

6 4 7

7 1 5 9

9 8 3 5

7 3 8 2

3 7 4

6 1

6 5 4 8

Palavras cruzadas

PAMPAMbOyRAROISANRERbEMOLRADOISPALITOSAFANTASTICOARjARIMIOTAECOULTIMOCRUUELçPAOGOIACAOIASSSPIONECçRERURbIDRICOAUTISMOMAEAI

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

fot

o: m

au

ro

ra

mo

s