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Jornal Regional de Catanduva www.redebrasilatual.com.br CATANDUVA nº 12 Outubro de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual É crime queimar a palha da cana até que volte a umidade do ar Pág. 6 MEIO AMBIENTE PROIBIÇÃO Altobeli, o garoto mais rápido da cidade está entre os 13 do Brasil Pág. 7 ATLETISMO SEBO NAS CANELAS Na terceira tentativa, Geraldo Vinholi vira prefeito de Catanduva Pág. 2 ELEIçãO 2012 ATÉ QUE ENFIM PERFIL Os primeiros lances no Jardim Glória, quando ele era um desconhecido jogador do Grêmio Pág. 4-5 NEYMAR, O JUNINHO DA PRAIA GRANDE As mulheres e crianças que são vítimas de homens agressores e covardes VIOLêNCIA ESPANCADAS E OFENDIDAS

Jornal Brasil Atual - Catanduva 12

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Page 1: Jornal Brasil Atual - Catanduva 12

Jornal Regional de Catanduva

www.redebrasilatual.com.br catanduva

nº 12 Outubro de 2012

DistribuiçãoGratuita

jornal brasil atual jorbrasilatual

É crime queimar a palha da cana até que volte a umidade do ar

Pág. 6

meio ambiente

proibição

Altobeli, o garoto mais rápido da cidade está entre os 13 do Brasil

Pág. 7

atletismo

sebo nas canelas

Na terceira tentativa, Geraldo Vinholi vira prefeito de Catanduva

Pág. 2

eleição 2012

até que enfim

Perfil

Os primeiros lances no Jardim Glória, quando ele era um desconhecido jogador do Grêmio

Pág. 4-5

neymar, o juninho da Praia grande

As mulheres e crianças que são vítimas de homens agressores e covardes

violência

esPancadas e ofendidas

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2 Catanduva

expediente rede brasil atual – catanduvaeditora Gráfica atitude ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Enio Lourenço, Florence Manoel e Lauany Rosa revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman telefone (11) 3295-2800tiragem: 12 mil exemplares Distribuição Gratuita

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornal on-line

editorial

Antes de mais nada, é preciso desejar muito boa sorte ao prefeito eleito de Catanduva, Geraldo Vinholi, do Partido da Social Democracia Brasileira, PSDB, que liquidou a fatura com quase 60% dos votos válidos, saindo, assim, revigorado das urnas. Tomara que as promessas feitas na campanha sejam cumpridas para que a cidade fique melhor. De nossa parte, es-taremos de olho, denunciando qualquer ato dos governantes que macule a probidade que se faz mister no homem público.

Nesta edição, a gente chama a atenção para um caso que é mais comum na cidade do que imaginam seus habitantes: o de mulheres e crianças que são maltratadas, na maioria das vezes, pelo pai violento, muitas vezes turbinado pelo álcool e outras drogas. Agora, o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Secretaria de Assistência Social de Catanduva se empe-nham, com o nosso aplauso, para pôr fim a essa barbaridade.

O jornal mostra também nesta ediçao uma realidade pouco conhecida dos torcedores brasileiros, que aprenderam a ser fãs do melhor jogador do futebol nacional na atualidade: a in-fância de Neymar, vivida no Jardim Glória, na Baixada San-tista, bairro da periferia da Praia Grande, onde ele começou defendendo um clube que existe até hoje, o Grêmio, e onde estão os antigos amigos, que esperam uma visita do craque, ainda que seja apenas de reconhecimento pelas velhas amiza-des. É isso. Boa leitura!

Livro de Adriana Moura traz os reflexos do cotidiano

literatura

contos, crônicas e poemas

outras inspirações

A assessora de imprensa do Sindicato do Comércio Vare-jista de Catanduva (Sincomér-cio), Adriana Moura, lançou seu primeiro livro, Espelhos – Reflexos do Cotidiano, uma coletânea de poemas, crônicas e contos inspirados no cotidia-no da escritora. Os textos tran-sitam por distintas emoções. “Afinal, nem tudo é tristeza e nem tudo é alegria” – afirma.

Adriana revela que, apesar de escrever há muito tempo, a ideia de organizar uma cole-

tânea surgiu em 2008, depois que começou a publicar seus textos no Jornal do Comércio, pelo qual é responsável. Re-

Um fato marcante na vida de Adriana Moura, que quase se tornou narrativa literária, foi a morte precoce de seu primeiro marido, ocasionada por um acidente automobi-

lístico, em 2006. Para superar o episódio e se reinventar, a jornalista afastou-se de seu tra-balho por um breve período e foi morar em Sidney, na Aus-trália. Depois, mudou-se para

Istambul, na Turquia. Nes-ses países, conheceu novas culturas e, por meio de ricas experiências pessoais, pôde expandir sua visão de mundo e aguçar sua percepção.

centemente, a jornalista rece-beu o apoio do Sincomércio e colocou seu plano em prática.

A arte da capa foi elabora-da pelo artista plástico francês Dominique Lecomte, que resi-de em Catanduva há cerca de 15 anos. “Pensei no Domini-que porque, na minha opinião, ele é um dos melhores, não só de Catanduva, mas de todo Brasil. E, para minha alegria, ele concordou em fazer a ilus-tração” – conta Adriana, satis-feita com o resultado.

Candidato do PSDB obteve 58,39% dos votos válidos

eleição 2012

vinholi é o novo prefeito

Geraldo Vinholi nasceu em Tapinas, a 40 km de Catanduva, e é economista formado pela Pontifícia Uni-versidade Católica de São Paulo. Iniciou a carreira po-lítica no Partido Democrata Trabalhista (PDT), em 1998, como deputado estadual.

Em 2002 e em 2006 foi reeleito deputado estadual.

Em 2004 e em 2008, candida-tou-se a prefeito de Catandu-va, mas não venceu. Em 2009,

foi para o Partido da So-cial Democracia Brasileira (PSDB), e, em 2010, assu-miu o quarto mandato con-secutivo, como suplente.

Além de Vinholi, foram eleitos 13 vereadores: três do PT, dois do PV, dois do PMDB, dois do PDT, dois do PTB, um do DEM e ou-tro do PSDB.

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3Catanduva

Para o juiz Antônio Pinheiro de Freitas, a violência doméstica pode ser uma herança cultural

violência

um projeto para recuperar homens agressores

as causas e as consequências em vítimas e agressores

A Secretaria de Assistência Social de Catanduva, o Po-der Judiciário e o Ministério Público uniram-se para tentar recuperar os homens que têm histórico de agressão domésti-ca contra mulheres. A princí-pio, o Judiciário encaminhará 20 homens à secretaria de As-sistência Social, que passarão por tratamento, com o auxílio de assistentes sociais e psicó-

logos. O objetivo é a reeduca-ção dos indivíduos.

As reuniões do grupo ocorrerão nas noites de quar-ta-feira, no Complexo da As-sistência Social da Prefeitu-ra, no bairro São Francisco. A violência contra mulheres está entre as ocorrências mais registradas pela polícia da cidade. Para o juiz Antônio Carlos Pinheiro de Freitas,

membro da 1ª Vara Criminal, diretor do Fórum da Comarca de Catanduva e autor do pro-jeto, muitos homens agridem suas mulheres por questões culturais. “Em alguns casos, o agressor foi criado num am-biente de violência doméstica e considera normal bater na mulher. Essa situação preci-sa ser revertida. Os homens precisam entender que as mu-

lheres não são posse deles, que não é normal a violência contra a mulher e o homem deve respeito à sua família” – afirma.

No início de 2013 será rea-lizada uma avaliação sobre o desempenho do projeto. A expectativa é que a ação seja bem-sucedida e contribua para o fim da violência nos lares catanduvenses.

Apesar de repudiada por grande parte da sociedade, a violência praticada em casa contra mulheres e crianças pode ser motivada por ques-tões “complexas e profun-das” – diz a psicóloga clíni-ca Fernanda Affonso Costa. Ela esclarece as causas e consequências dos abusos cometidos em muitos lares. Confira a entrevista conce-dida ao Brasil Atual:Por que muitas mulheres submetem-se à violência doméstica em vez de rom-per o relacionamento?A violência doméstica con-tra a mulher é inadmissível. Essa situação se agrava com

os papéis sociais impostos há séculos, que posicionam a mu-lher no status de subjugação. Nessa relação, o homem usa a violência para satisfazer seus objetivos. Tal condição ex- -pressa uma grande diferença de gênero. Quanto mais frágil, desprotegida e sem recursos é a mulher, mais dependente ela é do marido, o que faz com que ela não denuncie o agres-sor. Os motivos dessa relação são a dependência emocional e econômica, a valorização da família, a preocupação com os filhos, a idealização do amor e do casamento, o desampa-ro diante da necessidade de enfrentar a vida sozinha e a ausência de apoio social. Por isso, muitas mulheres aceitam a violência, não denunciam seu parceiro e não rompem o relacionamento. O que faz com que um ho-mem se torne um agressor? Os homens não se tornam agressivos do dia para a noi-te, eles têm um padrão social e comportamental que lhes foi apresentado e construído so-

cialmente, muitas vezes, den-tro de sua própria casa. Eles presenciaram o pai violentar a mãe ou até mesmo foram vítimas da violência quando crianças. Por ter vivido em um ambiente perturbador, não cui-dando de seu psicológico, esse homem não conseguirá desen-volver equilíbrio emocional para não repetir os erros. As-sim, o ciclo de violência não se rompe, e a agressividade se instala. Os homens agressores são imaturos e têm necessida-de de afirmação do ego, o que faz com que eles denigram a mulher para mostrar autorida-de. Eles não aceitam ser con-trariados, apresentam ciúme exagerado e doentio, instabi-lidade de humor, tendência a autodestruição e autoagressi-vidade e alto nível de estresse. A agressividade se agrava se houver abuso de álcool e ou-tras drogas. Um homem que tem o hábi-to de agredir a companheira pode ser recuperado? O ser humano tem uma capa-cidade de regeneração e re-

siliência muito grande. Com apoio psicológico, é possível que ele mude esse comporta-mento – ainda que o homem que agride fisicamente tenha traços mais violentos do que os que agridem verbalmente. Mas acredito que um agressor precisa controlar a emoção, se conscientizar do mal que cau-sa às outras pessoas e a si pró-prio. Vale ressaltar que o ho-mem que agride não é doente, não tem uma doença para ser curada, mas precisa de auxílio para controlar a agressividade e precisa também ser punido quando a agressão ocorrer. A Lei Maria da Penha está em vigor e de nada adianta reabi-litar seu emocional se ele não assumir os seus atos.Quais as consequências psi-cológicas da violência do-méstica para mulheres e crianças?A insônia, os pesadelos, a falta de concentração, a irri-tabilidade, a falta de apetite e até o aparecimento de sérios problemas mentais como de-pressão, ansiedade, síndrome

do pânico, estresse pós- -traumático e comporta-mentos autodestrutivos, como o uso de álcool e dro-gas e até o suicídio. Para as crianças que veem a agres-são, isso pode se reverter em agressividade na escola, isolamento social, depres-são, quadros de ansiedade, choro, irritação, problemas escolares, dificuldade de concentração em sala de aula ou em atividades lúdi-cas. Conforme essa criança se desenvolve, ela pode se tornar um agressor, se for menino, pois reproduz o comportamento da figura masculina que via em casa. Se for mulher, pode conti-nuar o ciclo de violência da família e envolver-se com um companheiro agres-sivo, repetindo, assim, a desordem do passado. Por esses motivos é que é fun-damental o tratamento psi-cológico para as vítimas da agressão e para todos que presenciam isso no am-biente disfuncional.

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4 Catanduva

O garoto esbanjava talento entre a molecada e o time de várzea do Jardim Glória Por Enio Lourenço

Perfil

neymar em Praia grande, no tempo em que era juninho

os primeiros chutes no campo do time de várzea

Neymar da Silva Santos Júnior nasceu em Mogi das Cruzes e teve uma infância nômade devido às empreitadas futebolísticas do pai, também ele um atacante. Antes de a fa-mília Silva Santos desembar-car na Baixada Santista, eles moraram em Várzea Grande, no Mato Grosso, onde o Seu Neymar vestiu a camisa do Operário Futebol Clube e se sagrou campeão estadual, em 1997, quando Neymar Júnior tinha cinco anos de vida.

Chegando ao litoral paulis-ta, a família viveu na casa da avó paterna do craque, em São Vicente. Com o nascimento de Rafaella, a caçula da família, o espaço tornou-se pequeno e os quatro se mudaram para a Praia Grande, onde viveram nove anos.

No Jardim Glória, na peri-

feria da cidade, o garoto foi se habituando a fazer do futebol o seu estilo de vida. “Cheguei a ter 50 bolas em casa” – re-velou Neymar, aos 14 anos, em entrevista à TV Tribuna. Como a maioria das crianças, ele conciliava os estudos com a brincadeira predileta, jogar futebol. Os amigos do bair-ro contam que podia ser em

casa – num campinho de areia no quintal, feito pelo pai –, na rua, no campo do Grêmio, o “Juninho”, como era chama-do, estava sempre chutando uma bola.

Jonathan Santos Marce-lino, 20, repositor em uma transportadora de tintas, era um dos amigos de Neymar. Ele lembra que almoçava na

casa do atacante e vice-versa e sempre jogava vídeo game. “A gente estudava no Tio Baptista (Escola Municipal José Júlio Martins Baptista), onde fomos campeões dos jogos escolares. Foi uma época muito boa.” O jovem conta que reviu o amigo famoso apenas uma vez, de-pois que a família de Neymar mudou para Santos. “Houve

um jogo da Seleção Brasilei-ra de Futsal, com o Falcão, no Ginásio Poliesportivo Munici-pal, e o Neymar deu o pontapé inicial da partida. Nesse dia, ele saudou o meu irmão, mas não me viu.”

Das fortes lembranças de Jonathan, as que mais o em-polgam são as da molecada jogando bola nas ruas do Jar-dim Glória. As peladas iam de depois das aulas até o anoite-cer. “Teve um dia em que o Neymar trouxe os amigos dele do Gremetal (clube de Santos onde jogava futsal) e chamou a gente para jogar contra eles na rua. Um dos moleques do time do Neymar era o Alan Patrick (ex-jogador do Santos, hoje no Shakhtar Donetsk), mas não conseguiram nos vencer. O jogo terminou 20 a 19 para nós” – diz, entre risos.

A referência em futebol no Jardim Glória é o Grê-mio Praia Grande. Localiza-do ao lado da Via Expressa Sul, o clube – basicamente um campo de futebol –, fun-dado em 1969, é conhecido nos campeonatos amado-res da Baixada Santista. O presidente do Grêmio é o pedreiro Celiano Alfredo da Silva, o Celinho, de 62 anos. Ele conta que é difícil manter categorias de base na agremiação e não mede esforços para manter o que chama de trabalho social. “Muitos garotos treinam

sem ter o que comer. Então, a gente compra pão, mortadela e suco pra eles, antes dos treinos e jogos.”

Neymar era vizinho do Grêmio Praia Grande e resol-veu jogar na várzea do bairro, dos nove aos onze anos. O seu técnico foi Eugênio Silva Rosa, o Biro. Mecânico e ex- -jogador de futebol, ele treina-va o time pré-mirim do Glória, no início dos anos 2000. “O Neymar era um menino tími-do, falava pouco, mas no cam-po era diferente dos outros. Não existia timidez com a bola rolando. Mesmo os garotos

mais velhos não conseguiam segurá-lo.” Celinho e Biro se recordam de que Roberto An-tônio dos Santos, o Betinho – olheiro santista, que revelou Robinho e depois levou Ney-

mar para a Vila Belmiro – es-teve “umas vezes no campo do Grêmio”, observando os jovens jogadores. “Pouco de-pois o Neymar já jogava nas categorias de base do Santos.”

Ambos lamentam ape-nas que o astro da seleção brasileira fale pouco de seu passado no Jardim Glória. “A gente fica triste porque ele não fala nada da época em que esteve no Grêmio. Talvez porque os empresá-rios achem que a gente vai querer alguma coisa” – diz Celinho. Os dois mantêm a esperança de que Neymar faça uma visita para conver-sar com os garotos do bairro ou doar material esportivo para ajudar jovens que têm vontade de um dia se tornar em iguais a ele.

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celinho, presidente do grêmio, e biro, primeiro técnico

neymar e as lembranças da Praia grande: a família, o primeiro time e o amigo jonathan

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5Catanduva

um orgulho do jardim glória

Em todas as ruas nomea-das por letras do Jardim Gló-ria sempre se encontra alguém que tenha alguma lembrança do pequeno menino franzino, tímido, que falava baixo e para

bola, da destreza e da facilida-de com que a manuseava com os pés. Outros moradores se sentem orgulhos por viverem no mesmo lugar onde um dia morou um dos maiores fenô-menos do futebol e da mídia.

“O pessoal do Glória se sente orgulhoso do sucesso do Neymar na Seleção Brasi-leira e no Santos. Quem sabe um dia ele não aparece aqui para dar um abraço na gente” – afirma de maneira esperan-çosa o seu ex-técnico Biro.

amigo de infância luta para virar jogador de futebol“A nossa infância era

estudar e jogar bola. Eu e o Neymar fazíamos cam-peonatos de futebol na rua. Todo mundo do Jardim Glória parava para assistir. A maioria dos moleques do bairro é habilidosa, porque jogam bola desde criança o tempo todo.”

Diferente do célebre amigo de infância e com-panheiro de peladas de rua, Yago Vieira da Cruz, de 20 anos, é um meia-esquerda que ainda luta por um lugar no futebol. Segundo a mãe, a empregada doméstica Ta-tiane Vieira, o filho “dis-putou a primeira Copa TV Tribuna (na qual Neymar se destacou pelo colégio Liceu São Paulo, de Santos, aos 12 e 13 anos), mas na época não era televisionada”. Gra-ças aos torneios da escola, o garoto teve algumas propos-tas para estudar em colégios particulares, mas recusou: “Não queria sair do meu bairro”.

A primeira experiência

Aos 13 anos, Neymar despontava nas categorias de base do Santos, chamou a atenção dos clubes da Eu-ropa e foi convidado a fazer estágio no Real Madrid. Na iminência de perder o craque, o ex-presidente do alvinegro praiano, Marcelo Teixeira, ofereceu à família Silva Santos R$ 1 milhão em luvas, para o jogador permanecer no Brasil. No ano seguinte, Neymar Jr.

dentro, mas que com a bola nos pés – seja no asfalto quente, na quadra ou no campo – fazia os outros gritarem por ele.

Nas escolas Estadual Oswaldo Luiz Sanchez Toschi e na Municipal José Júlio Mar-tins Baptista nenhum funcio-nário fala da vida escolar do famoso ex-morador do bairro. Mas, nas ruas do bairro, quase todos dizem ter a honra de co-nhecê-lo. E quem o conheceu, criança, fala de boca cheia das habilidades do craque com a

Pequeno milionário

passaria a ganhar cerca de R$ 25.000,00 mensais – va-lor superior ao que recebem muitos jogadores profissio-nais no Brasil.

de Yago no futebol de campo foi a mesma de Neymar. No campo do Grêmio Praia Gran-de, os dois eram parceiros ofensivos. “Os treinos eram no fundo do campo, atrás do gol, porque éramos muito pe-quenos. Na época, o espaço parecia gigante.” Aos 12 anos, os jovens se separaram. Yago fez um teste no Corinthians. “A gente treinava no terrão de Itaquera, mas depois de três meses eu voltei, porque não me adaptei à casa de uma tia e sentia falta da minha família e do Glória” – conta Yago.

Ao retornar à Praia Grande,

Yago seguiu no futsal e na vár-zea até ser descoberto pelo ex-ponta-direita do Santos Mano-el Maria e levado a atuar pelo Jabaquara Atlético Clube, de Santos. “Fiquei três anos, nas categorias infantil e juvenil, e disputei um ótimo Campeo-nato Paulista Sub-17.” Nessa época, o jogador e sua família assinaram um contrato com a CFS Sports. A empresa se tornou dona dos direitos es-portivos de Yago por quatro anos (dos 14 aos 18) e esta-beleceu multa rescisória de R$ 250.000,00. “Do Jabaqua-ra eu tinha chance de ir para o Santos, porque o Manoel Maria era muito influente e já havia levado o Geovânio, hoje atacante reserva do Peixe. Bastava eu ficar mais um pou-co por lá. Mas o meu empre-sário (que ele não diz o nome) vetou a minha permanência.” Yago, então, começou a pingar de clube em clube do Brasil.

Aos 16 anos, ele estava no América Mineiro. Lá, o meia--esquerda conquistou os diri-gentes e treinadores com o seu

estilo de jogo, fazendo com que eles se interessassem em adquirir os direitos federativos da CFS Sports. “Estávamos no hexagonal final do campeona-to mineiro e meu empresário precisava levar o documento à federação autorizando a mi-nha transferência, mas a CFS melou a negociação.”

Yago chamou a atenção de Mauro Fernandes, ex-coorde-nador das categorias de base do Atlético Mineiro – hoje treinador do time profissional do América Mineiro. No Galo, Yago ficou três meses, mas quebrou o tornozelo e ficou oito meses afastado dos cam-pos. Ao se recuperar, disputou torneios por times de empre-sários e, em 2011, foi para o Vasco da Gama. “Foi o lugar onde passei mais dificuldade na vida”. Nos quatro meses em que permaneceu no Rio de Janeiro, a CFS nunca o ajudou financeiramente. “Houve dias em que eu fiquei sem comer. Eu ia para o treino à base de água. Às vezes algum amigo me dava biscoito para comer”

– comenta entre lágrimas o jogador que não contou a situação à mãe, para não atormentá-la.

Sem resposta sobre a sua permanência no Vasco, Yago aguardou o fim do contrato com a CFS Sports, para reaver sua autonomia. Ele voltou a jogar na várzea de Praia Grande e chamou a atenção de novos empre-sários que o levaram a uma peneira em São Bernardo. De cerca de 100 jovens, ele se destacou e foi convidado a fazer uma pré-temporada, a fim de se recondicionar fi-sicamente, com uma equipe profissional de Maria da Fé, no interior de Minas Gerais – no dia da entrevista, Yago se preparava para viajar. Ele diz que existem propostas para realizar seu sonho em outro país: “Não é nada concreto, mas me falaram sobre propostas de Portugal, Alemanha, Suíça e Vietnã. Espero que dê tudo certo. Quero realizar meu sonho e não vou desistir.”

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6 Catanduva

Proibição decorre da baixa umidade relativa do ar, que alcançou índices inferiores a 20%

meio ambiente

Queima de palha de cana é proibida em 499 cidades

A Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) proibiu a queima de palha de cana- -de-açúcar em 499 cidades do interior paulista, entre elas Ca-tanduva e mais 19 municípios da região. A proibição ocorre porque a umidade relativa do ar ficou abaixo de 20%, o que deixa os moradores vulnerá-veis a doenças respiratórias e aumenta os riscos de incêndio nos municípios. A suspensão das queimadas deve durar até a umidade atingir o índice de 20%.

As queimadas estavam proibidas em 124 cidades do interior do Estado pelo mes-mo motivo. Em Catanduva e região, a umidade do ar, cal-

Governo Federal disponibiliza verba para alterar percurso das locomotivas

verba federal

vai-se enfim chegar a um acordo sobre a linha do trem

O prefeito de Catanduva, Afonso Macchione Neto, anunciou a contratação de um projeto técnico que deve alterar o trajeto dos trens que passam na cidade. Isso só foi possível devido ao apoio do Governo Federal, que disponibilizou a verba por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT).

Segundo o prefeito, ha-verá 16,5 km de trilhos em torno do município. Os trens sairão de Catiguá e seguirão até a cidade de Pindorama. A licitação da obra deverá

culada no domingo, dia 9, era de 18%, sendo que Embaúba, Cajobi e Pirangi apresentaram

um índice ainda menor, de 16%. Já São José do Rio Preto foi a cidade mais afetada pelo

clima seco, com a umidade do ar abaixo de 15%.

As queimadas estão proi-bidas em Catanduva, Catiguá, Aririnha, Cajobi, Embaúba, Elisiário, Irapuã, Itajobi, Ibirá, Marapoama, Novo Horizonte, Palmares Paulista, Paraíso, Pin-dorama, Pirangi, Sales, Santa Adélia, Novais, São José do Rio Preto, Tabapuã e Urupês. Fora da região também estão listados os municípios de Itápolis, Fer-nando Prestes, Taquarintiga e Ibitinga. As demais cidades de-vem seguir a resolução que de-termina que, até 30 de novem-bro, as queimadas de palha de cana-de-açúcar ficam proibidas entre as 6 h e as 20 h.

Iassir Arafat, sargento do

Corpo de Bombeiros de Ca-tanduva faz um alerta: “Qual-quer tipo de queimada que não esteja sob controle pode vir a causar danos ambientais graves. Por isso, atear fogo em terreno baldio ou na mata é crime. As pessoas têm de ter consciência do fato”. Arafat também afirma que o Corpo de Bombeiros de Catanduva realiza palestras nas escolas, colocando em evidência tudo o que deve ser feito para evi-tar as queimadas. A Cetesb orienta que as queimadas ir-regulares sejam denunciadas pelo telefone 0800 113560 ou por meio dos sites da Cetesb e da Secretaria do Meio Am-biente.

ser aberta no ano que vem e o projeto custará de R$ 65 a R$ 70 milhões.

Em junho passado, o jor-nal Brasil Atual publicou reportagem sobre o descon-tentamento de moradores da cidade com os inúmeros in-convenientes causados pela locomotiva. Por enquanto, a situação continua a mesma. A dona de casa Vera Lúcia da Silva Santos, moradora na Rua Florianópolis, próximo à linha férrea, reclama dos pro-blemas causados pelo trem. Segundo Vera, ele atrapalha devido ao barulho, ao estre-

mecimento das casas locali-zadas perto dos trilhos, às ra-chaduras nas paredes dessas residências e aos transtornos no trânsito.

“Minha mãe mora comi-

go e é doente. Se eu chamar o SAMU e o trem estiver pa-rado, é preciso dar uma volta enorme para chegar ao ‘Pos-tão’. O trem atrapalha demais, tem que tirar mesmo” – ga-

rante. O Governo Federal já disponibilizou verba inicial de R$ 2,760 milhões para a elaboração do projeto que dará fim à angústia dos ha-bitantes de Catanduva.

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7Catanduva

Mobilização arranca aumento real e outras conquistas

bancários

uma vitória de categoria

Após oito dias de greve dos bancários no país, com 10 mil agências paralisadas, a Fe-deração Nacional dos Bancos (Fenaban) apresentou ao Co-mando Nacional dos Bancários uma proposta elevando para 7,5% – aumento de 2,02% – o índice de reajuste dos trabalha-dores. A Fenaban propôs ainda um aumento de 8,5% para o piso salarial e para o auxílio ali-

mentação, o que representa um aumento de 2,95%. Além disso, a parcela adicional na Participa-ção dos Lucros e Resultados su-biu de R$ 1.400 para R$ 1.540, mais 90% do salário.

A Fenaban também aceitou a exigência dos trabalhadores de que os salários dos ban-cários afastados por doença sejam mantidos pelas institui-ções financeiras até que a si-

tuação seja regularizada junto ao INSS. Outro avanço foi o de a Federação se comprome-ter a melhorar a segurança nas agências, instalando biombos entre as filas e os caixas e divi-sórias entre os caixas e portas de segurança.

A proposta da Fenaban foi acatada pelos bancários de Catanduva e Região durante assembleia realizada na Pra-ça da República, no dia 26 de setembro. “Vale lembrar que a união e o esforço dos bancá-rios têm mantido nossa Con-venção Coletiva de Trabalho entre as melhores do país” – afirma Paulo Franco, diretor do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região.

Conquistas dos bancáriosReajuste 7,5% (2% de aumento real)Reajuste do piso 8,5% (2,95% de aumento real)PortariaEscritórioCaixa*PLR

R$ 1.058,96R$ 1.519,00R$ 2.056,8990% do salário + R$ 1.540,00

Auxílios – reajuste de 8,5%Vale RefeiçãoCesta Alimentação13ª CestaAuxílio creche-babá**

R$ 21,46 ao diaR$ 367,92 ao mêsR$ 367,92R$ 306,21

* O Piso de Caixa terá aumento real de 2,7% – **O auxílio creche será reajustado em 7,5%

mais r$ 7,6 bi na economiaO presidente da Fetec

(Federação dos Bancários da CUT), Luiz César de Freitas, o Alemão, analisa os resultados da Campanha Nacional 2012. “Os números apontam uma campanha vitoriosa, em que nós insistimos na negociação, intensificamos a mobilização

e, devido à intransigência dos banqueiros, usamos o recurso da greve. Mas o resultado foi muito significativo” – diz.

Alemão ressalta que a cam-panha é nacional. Ganham igualmente os bancários de qualquer parte do país. “Em Ca-tanduva, os bancários aceitaram

a última proposta, conquis-tada com a greve, que teve aceitação no Brasil inteiro. Frise-se que só esse percen-tual de aumento real dos ban-cários injetará na economia do país R$ 7,6 bilhões, o que fortalece o consumo e todos ganham” – conclui.

Altobeli, entre os 13 melhores do país

atletismo

o moleque é um raio

motivação

O atleta catanduvense Al-tobeli Santos da Silva, de 20 anos, conquistou dois títulos nas provas de longa distância no Campeonato Estadual de Atletismo Sub-23, na Capi-tal. O corredor da Smelt ainda quebrou seus próprios recordes nas competições – obteve a marca de 14 minutos e 20 se-gundos nos 5 mil metros rasos e 29 minutos e 58 segundos nos 10 mil metros – e assumiu a vice-liderança no Ranking Nacional de Atletismo da cate-goria. “É um ótimo resultado, pois me coloca entre os 13 me-lhores do país. Antes, só exis-tiam 12 atletas que corriam 10 km em menos de 30 minutos.

Grandes nomes representaram o Brasil nas Olimpíadas sem atingir essa marca” – conta.

Em setembro, Altobeli da Silva venceu outra vez as pro-vas de 5 mil e 10 mil metros rasos no Campeonato Nacio-nal da categoria, disputado em Maringá (PR), tornando-se Campeão Brasileiro de Atle-tismo Sub-23. Ele percorreu os 10 mil metros em 32 minutos e 9 segundos e os 5 mil metros em 14 minutos e 50 segundos. Com esse resultado, Altobeli da Silva passa a integrar a Se-leção Brasileira de Atletismo que representará o Brasil no Campeonato Sul-Americano Sub-23, em São Paulo.

Há quatro anos, Silva descobriu o atletismo, quan-do soube da Corrida Mati-lat Nardini, de Catanduva. Interessado na premiação (uma moto para o primei-ro colocado), o jovem cor-reu e conquistou o 5º lugar. Começou então a treinar e

hoje vive do esporte. “Amo o que eu faço. Correr, para mim, é inexplicável.” Ele treina quatro horas por dia e se prepara para os próximos desafios. Além do apoio da Smelt, Silva também conta com o patrocínio da Matilat/Nardini.

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horizontal – 1. Que é pouco, escasso, minguado; Lugar em que se guardam pólvora, munição e instrumentos de guerra 2. A 17ª letra do alfabeto; Porco novo 3. Criminosa; nome que no Oriente se dava às choças em que viviam os primeiros monges ou os anacoretas nos ermos; Sigla de Brasil 4. indivíduo que conduz embarcações através dos mares, rios etc 5. nome de um imperador romano; Ministério da Ciência e tecnologia 6. Pedra pequeno e redonda em que se amolam facas; Abreviação de relações Públicas; O deserto mais famoso do mundo 7. Que voa ou é capaz de voar 8. Cachaça; Matogrosso, cantor brasileiro; instrumentos usados para cavar ou remover terra 9. Símbolo de Curie, unidade de medida de radioatividade; Antigo testamento; Passado pelo coador 10. Casa usada pelos índios brasileiros como habitação; Pessoas que se deixam enganar facilmente.

vertical – 1. nome de um estado do nordeste brasileiro 2. Que se areou; Sigla de Cartão de identificação do Contribuinte 3. roraima; volta redonda; Caminhe, ande 4. tulha, granel5. Designação comum às plantas ornamentais do sul da África, de belas flores e inúmeras variedades 6. Santana, cantor de sucesso; Contração de não é? 7. Que é afetada, pedante, pretensiosa 8. Associazione italiana Avvocati tennisti; As duas primeiras vogais; Ou, em inglês9. Magnetismo pessoal; A maior ave brasileira; Genitor 10. Ordem dos Advogados do Brasil; Pessoa que presta serviços domésticos 11. Mentira; Sinal de pedido de socorro.

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