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Jornal Regional de Catanduva www.redebrasilatual.com.br CATANDUVA nº 15 Março de 2013 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA jornal brasil atual jorbrasilatual Poeta baiano Jorge Salomão lança o livro Waly! Waly! Pág. 3 LITERATURA HAJA PIMENTA! Bairros de Catanduva estão em verdadeira petição de miséria Pág. 7 CIDADE DESCASO TOTAL Este mês, Sindicato da Alimentação passa da Força para a CUT Pág. 2 SINDICAIS PELA BEIRADA No Dia Internacional da Mulher, elas vão sair às ruas de novo. Por igualdade PROTESTO A LUTA DELAS É DE TODOS PERFIL A dançarina que enfeitiçou os brasileiros mais simples, de garimpeiros a presidiários Pág. 4-5 RITA CADILLAC. PROFISSÃO: CHACRETE JARDIM IMPERIAL

Jornal Brasil Atual - Catanduva 15

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Jornal Regional de Catanduva

www.redebrasilatual.com.br catanduva

nº 15 Março de 2013

DistribuiçãoGratuita

jornal brasil atual jorbrasilatual

Poeta baiano Jorge Salomão lança o livro Waly! Waly!

Pág. 3

literatura

haja pimenta!

Bairros de Catanduva estão em verdadeira petição de miséria

Pág. 7

cidade

descaso total

Este mês, Sindicato da Alimentação passa da Força para a CUT

Pág. 2

sindicais

pela beirada

No Dia Internacional da Mulher, elas vão sair às ruas de novo. Por igualdade

Protesto

a luta delas é de todos

Perfil

A dançarina que enfeitiçou os brasileiros mais simples, de garimpeiros a presidiários

Pág. 4-5

rita cadillac. Profissão: chacrete jardim imperial

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2 Catanduva

expediente rede brasil atual – catanduvaeditora Gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros redação Enio Lourenço, Florence Manoel e Lauany Rosa revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3295-2800tiragem: 12 mil exemplares distribuição Gratuita

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornal on-line

editorial

O Pote, o nosso amigo aí em cima, curte o sol e o mar do fim do verão. Infelizmente, não é assim pra todo mundo. Em Catanduva, há bairros abandonados pelo poder público, como denuncia o vereador Amarildo Davoli (PT). Com ruas esbura-cadas, sem calçadas, sem limpeza – o mato e o lixo florescem por todo lado –, sem saneamento básico, com a população colocando em risco própria saúde, os bairros de Gabriel Her-nandes, Jardim Imperial, Orlando Facci e o Jardim Esplanada clamam por melhorias. O estado de abandono serve de alerta às autoridades municipais, que precisam tomar providências para evitar que o clima de desesperança se instale.

Afora isso, este mês temos também de dar as mãos e nos unirmos às mulheres, às suas lutas por igualdade de direitos e oportunidades, contra o mandonismo babaca e machista de homens que não se dão conta das próprias mazelas. Essa ma-nifestação se dá claramente em 8 de março, no Dia Internacio-nal da Mulher, mas é uma luta diária. Veja-se, por exemplo, o perfil da chacrete Rita Cadillac, mulher que já teve “vida fácil” e hoje, aos 58 anos, ainda trabalha duro, rebolando como ninguém, para delírio dos homens, que apreciam, além de tudo, um belo bumbum. É isso. Boa leitura!

sindicato da alimentação é da cutTransparência, a principal promessa da nova diretoria

sindicais

Após a renovação da dire-toria do Sindicato da Alimen-tação de Catanduva e Região (Sinal), a entidade aprovou a sua desvinculação da Força Sindical. Segundo o novo pre-sidente, Sérgio Urize, a filia-ção à Central Única dos Traba-lhadores (CUT) está prevista para março, após assembleia com os trabalhadores.

Em janeiro, na cerimônia de posse, Sérgio Urize defen-deu a transparência na gestão e falou dos principais desafios da diretoria eleita. “Os tra-

balhadores querem melhores condições de trabalho, cursos de capacitação e opções de la-zer. Eles confiaram no nosso trabalho e serão retribuídos.”

O secretário geral nacional da CUT, Sérgio Nobre, que

esteve na cerimônia, afirmou que “a renovação no Sinal obriga a nova diretoria a ser melhor do que a que saiu. E quem ganha é a categoria, pois é preciso renovar sempre, para ninguém se acomodar”.

Também estavam presentes à posse de Urize, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação (Contac), Siderlei Oliveira, e o presidente do Sindicato dos Bancários de Catanduva e Re-gião, Amarildo Davoli, tam-bém vereador pelo PT.

Gilmar carneiro dá seminário

O assessor da presidên-cia da CUT nacional, Gilmar Carneiro, ministrou seminário no Sindicato dos Bancários de

é ajudar os trabalhadores a se modernizarem.”

Quanto aos bancários, ele diz que o maior problema é a terceirização. “Esses profis-sionais são substituídos por gente que trabalha em condi-ções precárias, com remunera-ção muito inferior” – afirma. Ele diz também que “a pro-gressiva redução do número de instituições financeiras di-ficulta a construção da carreira de bancário.”

Catanduva e Região em que discutiu os desafios dos líde-res sindicais que representam os bancários na luta por me-lhores condições de trabalho. Gilmar, fundador e dirigente do Partido dos Trabalhadores (PT), afirmou que é preci-so valorizar os trabalhadores por meio de capacitação pro-fissional e melhores salários. “A evolução da tecnologia influencia nas relações de tra-balho, e o papel dos sindicatos

Para Gilmar Carneiro, os sindicatos devem ter atua-ção política que vá além do sindicalismo. “Antes o ini-migo era a ditadura militar, agora há as desigualdades

o novo papel dos sindicatossociais, o apoio aos morado-res de rua, a educação defici-tária.” É isso que o Sindicato dos Bancários de Catanduva e Região defende com ações que vão desde a exigência por

mais segurança nas agên-cias até a organização de mobilizações como o Mo-vimento Alerta Catanduva, que impediu a instalação do presídio no município.

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jorge salomão apimenta o Brasil e o mundoCriativo e incomum, o poeta baiano passeia por inúmeras linguagens

literatura

“O poeta é a pimenta do planeta” – filosofou Waly Sa-lomão (1943-2003) na canção Assaltaram a Gramática. Seu irmão, o poeta, compositor e agitador cultural Jorge Salo-mão segue causando gastrites. Em seu mais recente projeto, o livro Duas ou três coisas que eu sei dele ou Waly, Waly!, Jorge retrata a infância do mano, o período estudantil em Salvador, vivido com grandes descobertas, e as experiências

no Rio de Janeiro durante a ditadura militar. O lançamen-to da obra está previsto para o mês de maio.

Em entrevista exclusiva ao jornal Brasil Atual, Jor-ge afirma que ambos – ele e Waly – cresceram com mui-ta liberdade, estudo e amor. O ambiente delineou sua identidade – deliciosamente incomum. “Nascemos numa mistura ótima. Nosso pai era sírio, que veio jovem para o

Brasil, e nossa mãe era baiana do sertão. A casa vivia cheia de pessoas, conversando, tro-cando ideias. Waly era dois anos mais velho do que eu e desde pequeno me influen-ciava com seu jeito, sua sabe-doria” – conta. Questionado sobre a efervescência artísti-ca em períodos de repressão, ele é categórico: “Cultura é guerrilha, em qualquer época, no claro e no escuro. É luta infinda.”

Múltiplas linguagensJorge Salomão é provocante, exótico, versátil, sinestésico. Rico

em cultura e possibilidades. Pode-se dizer que os artistas produzem sua linguagem. Jorge, não. Ele é um idioma que passeia por vários dialetos. Formado em Ciências Sociais, Filosofia e Teatro, dirigiu pe-ças e shows, marcando presença no cenário cultural baiano e carioca. Mudou-se para os Estados Unidos, em 1977, devido à repressão no Brasil. “Não aguentava mais viver no regime militar, isso me des-truía.” Depois de ser preso com um grupo de teatro em São Paulo e le-var muita porrada, decidiu ir para Nova York, “para voltar a sentir a vida”. Jorge ficou nos EUA até 1985.

Entre suas obras estão o CD de poemas Cru Tecnológico, de 2007, os livros A Estrada do Pen-samento e Conversa de Mosquitos, publicados em 2011, e a canção Natureza Humana, uma versão de “Human Nature”, de Michael Jackson, composta em parceria com seu irmão Waly, em 1986.

ecoarte quer discutir problemasONG convida a categoria para encontro em Catanduva

Músicos

A Organização Não Go-vernamental Ecoarte – Insti-tuto de Ecologia e Arte – con-vida os músicos de Catanduva e região para discutirem os problemas da categoria, a or-ganização de um evento em

homenagem ao Dia do Músico e a possibilidade de formarem uma associação. A reunião será no dia 4 de março, no Clube do Sindicato dos Bancários, na Rua Bocaina, 620, Jardim Del Rey, a partir das 19h30.

como surgiu o jeca totalJorge Salomão fez parte do Tropicalismo, movimento da década de 1960, mistura de cul-

tura popular brasileira com inovação estética, que teve na música Caetano Veloso e Gilberto Gil como expoentes máximos. Salomão inspirou Gil a compor Jeca Total, do disco Refazenda, em meados dos anos 1970. Tudo teve início quando ele, Salomão, andava pelas ruas do Rio de Janeiro e, para fugir da chuva, correu para baixo da marquise do Cine Leblon. Lá encontrou Sônia Braga, que não o conhecia – ela também fugia do aguaceiro. No cinema rolava a fita Jeca Macumbeiro, com Mazzaropi. Mais tarde, ele tocou a campainha da casa de Caetano Veloso e, quando a porta se abriu, todos assistiam à televisão – inclusive Gil –, a cena de Gabriela Cravo e Canela, em que Sônia

Braga aparece no telhado da casa. “No intervalo da novela, contei a minha história daquela noite e Caetano não parava de rir e falar: Jeca Total.” Dois dias depois, Gil apresentou-lhe a música. E, claro, ele se emocionou.

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rita cadillac, a chacrete mais conhecida do Brasil

o que ela faz hoje a infância e o começo da carreira

Uma breve história de vida da dançarina que reinou na Discoteca do Chacrinha Por Lauany Rosa

Perfil

Moradora de um prédio de três andares, estilo art déco, numa avenida arborizada do bairro paulistano de Santa Cecília, vizinho ao Centro da cidade, a carioca Rita de Cás-sia Coutinho – a Rita Cadillac, como é conhecida –, de 58 anos, convive numa boa com o caráter distinto do lugar, pois o sossego do dia dá lugar à agitação noturna de seus res-taurantes e barzinhos, sempre repletos. Paradoxo, aliás, que se estende pela história de vida da mais famosa chacre-te dentre as mais de 500 mu-lheres que trabalharam como assistentes de palco de Cha-crinha, o apresentador mais debochado do Brasil.

O apartamento dela exala ares do passado. Está no se-gundo andar de um edifício cinza e sem elevadores, onde se chega por uma escada ama-relada, de mármore puído, que enobreceria todo saguão de entrada, não tivesse ele se transformado numa papelaria, comércio solitário aos pés da fachada.

Na ampla sala há um sofá confortável e uma grande te-

levisão, que fica o tempo todo ligada. Mas é a simplicidade da decoração que conta a sua trajetória. Por exemplo: ela está repleta de artigos religio-sos, que misturam crenças. Há santos e pedras para energizar o ambiente. Buda e Iemanjá decoram esse cômodo de Rita, que não tem religião, acredita em “um pouquinho de tudo” e monta a sua crença.

No bairro em que mora, Rita é uma mulher comum:

caminha para manter a forma, faz compras, conversa com os vizinhos e passeia com a ca-chorrinha Angel, uma simpáti-ca poodle preta, de lacinhos nas orelhas. Em casa, usa moletom, não se maquia nem se preocupa com a aparência. “Não sou vai-dosa, levo uma vida simples”. Porém, na hora em que ela tem de virar Cadillac, produz-se em dois minutos.

Famosa mulher sensual, de belas curvas, essa mulher

avessa à academia diz que, para manter o corpão, ela ape-nas caminha e dança nos sho-ws. Sua única cirurgia foi uma prótese nos seios, em 2008. O silicone espantou a chegada de uma flacidez indesejável. Mas quando uma ruguinha a incomodar, “vou lá e modifi-co, mas não quero ficar igual a essa gente sem expressão ou com boca de pato”. E o que ela faz para manter o bumbum? “Nada” – garante. “Fiz um

seguro, que não chegou a um ano.” Um mês depois de parar de pagar, um fã apagou um ci-garro em sua nádega!

Ao contrário do que muita gente imagina, Rita Cadillac nunca pensou em sexo o tem-po todo. Ao contrário. Ela viveu dez anos em absoluta abstinência e, agora, está indo para mais três. “Quando sinto tesão, tomo um banho” – afir-ma essa “romântica à moda antiga”, que acredita no amor verdadeiro e espera a chegada do tão sonhado cara.

O segredo para a mulher se manter bonita e sensual é, antes de tudo, “aceitar-se com é. Não importa se ela é alta, baixa, gorda, magra; ser sensual é parte de sua natu-reza, basta deixar fluir”. Rita lamenta apenas que, desde a queima do sutiã, a mulher evoluiu muito, mas perdeu o sex appeal – a sensualida-de que produz desejo sexual – e, por medo de aparentar fraqueza, abdicou de sua ca-racterística natural feminina, como a de “pertencer a um sexo frágil, ainda assim mais forte que o homem”.

Com 36 anos de carreira, Rita Cadillac é feliz. “Alcan-cei o que queria, tenho um nome a zelar, uma carreira sólida e não me arrependo de nada do que fiz.” A artista faz em média 10 shows por mês. Antenada, usa e abusa das re-des sociais: posta notas em seu

Facebook e adora twittar novi-dades para os fãs. Avó coruja, ela acompanha a vida das ne-tas de 15 e de 2 anos e diz que “em vez de cuidar delas, adoro estragá-las, fazendo suas von-tades”. Para Rita Cadillac as coisas mais importantes são a família e o trabalho.

Rita nasceu no Rio de Ja-neiro, em 1954. Seu pai mor-reu logo que ela nasceu. A mãe abandonou-a e ela foi criada pela avó paterna, dona Regina d’Eça. Rita estudou em colégio interno e só ia para casa nas férias. Aos 16 anos, casou-se com um homem dez anos mais velho. Teve um fi-

lho, Carlos. A união durou um ano. Separada, prostituiu-se.

Um dia assistiu ao grupo de dança de Haroldo Costa. Lá, soube que precisavam de uma bailarina e, como estuda-ra balé clássico, ficou com a vaga. Entregou o filho ao ex--marido e se apresentou com o grupo fora do país por três

anos. Entre as idas e vindas ao Brasil, foi a um show de Paulo Silvino e conheceu Leleco, filho do Cha-crinha. Na noite se-guinte, era chacrete e logo apareciam maté-rias com fotos dela e, claro, de seu bumbum.

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Bela e formosa a rainha dos presidiários

o amor pela Praia Grande

Rita Cadillac ganhou seu apelido do humorista Paulo Silvino que a achava pare-cida com a artista francesa Nicole Yasterbelsky, que na década de 1940 fazia shows sensuais com esse codino-me. No Brasil, Rita virou Cadillac depois da aparição no programa do Chacrinha.

Houve mais de 500 cha-cretes. Porém, entre tantos rostos e corpos um dos que mais chamavam a atenção era o de Rita, conhecida pelo tamanho de seu bum-bum e pela sensualidade com que dançava. A fama e a popularidade a levaram a gravar Merenguendê, o pri-meiro vinil da carreira, com o qual se apresentava no programa e em shows pelo Brasil. “Era uma loucura; eu estava vestida de chacre-te, corria, trocava de roupa, cantava, depois me vestia novamente de chacrete”.

Depois de gravar o vinil,

Rita Cadillac fazia shows sozinha, o que levou a um “conflito de agendas” e a dançarina deixou o progra-ma para seguir na carreira de cantora. Rita diz que Chacri-nha sabia tudo de televisão e a ensinou a subir no palco e falar com o público. A dan-çarina lembra que o apresen-tador zelava pelas chacretes e fazia questão de que elas não saíssem sozinhas. “Era como um pai de virgem.”

Em suas andanças pelo Brasil, Rita fez um show para 30 mil homens no ga-rimpo de Serra Pelada e, diante de uma chuva de pe-dras, pensou que não esti-vesse agradando. Ia parar de rebolar o traseiro e dar uma bronca no povo quando per-cebeu que recebia uma chu-va de ouro. “Não fiquei com todas as pepitas, só com as que eram de minas clandes-tinas. Rendeu um dinheiri-nho” – recorda.

Em 1984, os artistas da gra-vadora RGE faziam shows pelas cadeias do país. Rita Cadillac então se apresentou na Peniten-ciária Frei Caneca, no Rio de Janeiro, o mais antigo presídio do país, que acabou implodido em 2010. Rita não gostou da ex-periência. “Achei deprimente; o local era sombrio.” Um ano de-pois, com essa lembrança ruim, ela foi escalada para ir ao Ca-randiru, em São Paulo, presídio que abrigou mais de 8.000 pre-sos, e era o maior de São Paulo. E se sentiu muito bem e curtiu fazer o show.

Um dia depois, a Comissão de Internos pediu aos dirigen-tes do Carandiru que convi-dassem Rita para um almoço, ocasião em que lhe pergun-taram se ela não queria ser madrinha dos detentos. Rita

não entendeu bem o convite e perguntou o que fazia uma madrinha dos presos. “Ah, participa de formaturas de es-colas, de capoeira, de eventos religiosos, de datas comemo-rativas; aceitei no ato.” A par-tir daí, ela lembra com carinho da convivência com os presos. “Eu tinha a maior honra, pois os respeitava e sempre acredi-tei que todos devem ter uma segunda chance.”

Após o massacre do Ca-

randiru, em outubro de 1992, quando a pretexto de sufocar uma rebelião a Polícia Militar invadiu a cadeia e deixou 111 presos mortos, Rita frequen-tou o local até seu fechamen-to, em 2002. Aliás, ao lembrar do “massacre do Carandiru”, Rita Cadillac se arrepia. Ela ouviu relatos dos detentos que sobreviveram à chacina e considera o que ocorreu como “uma tremenda covardia, um massacre cruel”.

Na época em que fazia shows no Carandiru, Rita fi-cou muito amiga de um dire-tor de patrimônio do presídio, que ela lembra chamar-se Francisco, o Chiquinho. Ele tinha um apartamento na Praia Grande, que Rita e o filho frequentavam. Tempos depois, ela comprou um apar-tamento para passar a tem-porada; depois, comprou um maior e foi morar nele. “Fi-quei apaixonada pela Praia Grande” – diz ela, que consi-dera as pessoas a melhor coi-sa da cidade: “São receptivas e maravilhosas”. Rita sente falta da casa praiana. Por isso, quando está de férias ou em período de descanso, adi-vinhe pra onde ela vai?

Em 2008, ela até se can-

didatou a vereadora em Praia Grande, pelo PSB, o Partido Socialista Brasileiro, e con-seguiu 378 votos. “O pre-conceito do eleitor continua” – desabafa. Em 2012, ela vol-tou a ser sondada por grandes

partidos em São Paulo, São Vicente e Praia Grande, que ofereceram uma nova chan-ce na política, mas ela recu-sou: “Já pensou você estar lá e não poder falar o que pensa ou o que considera errado!”.

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dia internacional da Mulher: a condição feminina

discriminação no ambiente de trabalho

Violência doméstica: a hierarquia dos sexos

As mulheres ainda são desvalorizadas no trabalho e reprimidas pela sociedade patriarcal

Protesto

No dia 8 de março come-mora-se o Dia Internacional da Mulher, data em que 129 te-celãs morreram carbonizadas numa fábrica de Nova York, em 1857, por um incêndio provocado para reprimir a gre-ve realizada por elas, que pro-testavam contra as condições de trabalho e a desigualdade de gêneros – elas recebiam um

terço do salário dos homens e executavam o mesmo trabalho exaustivo. Desde então, as mu-lheres lutam pela igualdade. Os resultados se refletem hoje. Ainda hoje as mulheres são menos valorizadas no trabalho do que os homens e, com fre-quência, vítimas de abusos que vão da negação de seus direi-tos à violência sexual.

Após séculos de luta pela afirmação da figura femini-na no mercado de trabalho, a mulher continua sendo discriminada. A última pes-quisa divulgada pelo Dieese (Departamento Intersindi-cal de Estatística e Estudos Socioeconômicos), sobre a valorização dos gêneros no setor bancário, mostra que 71,67% das bancárias têm curso superior completo

contra 29,92% de seus colegas do sexo masculino. Apesar disso, elas ganham 24,10% a menos do que os homens.

Outro levantamento do Dieese, realizado em fevereiro deste ano, aponta que a discri-minação no mundo do trabalho é maior para as negras – em São Paulo, a taxa de desempre-go da mulher negra é de 26,2% e das brancas, 18,8%. Enquan-to uma mulher branca demora

11 meses para arrumar em-prego na cidade, uma afro-descendente demora quatro semanas a mais.

Em Catanduva, os seto-res em que as mulheres mais atuam são o comércio e a educação. De acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Relação do Trabalho (Se-mdert), cerca de 60% dos comerciários são mulheres.

Ao longo da história, a sociedade estabeleceu papéis diferentes para homens e mu-lheres. São femininas as ca-racterísticas de docilidade e submissão. Aos homens são atribuídas força e virilidade, evidências de uma postura dominadora. Para a psicólo-ga Viviane Sanchez Forte, a violência doméstica contra a mulher vem dessa relação desigual – e hierárquica – es-tabelecida entre os sexos. “O indivíduo que usa da violência

sente ter aprovação social para controlar sua parceira e com isso preencher suas necessida-des” – afirma.

Segundo a psicóloga, a vio-lência psicológica antecede as agressões físicas vividas pelas mulheres. “Muitas vezes, ini-cia-se com uma pequena recla-mação, que é substituída por ofensas e xingamentos e atin-ge o ápice com as agressões físicas” – diz. Entre as conse-quências da violência domésti-ca estão irritabilidade, falta de

concentração, insônia, falta de apetite e problemas como de-pressão, síndrome do pânico e uso de álcool e outras drogas.

Apesar dos danos, as víti-mas viram reféns por medo, insegurança ou dependência financeira. “Não é fácil con-vencer a sociedade de que a violência deve ser condenada e eliminada, já que há tolerân-cia a certas formas de violên-cia, retratadas, por exemplo, em canções como Entre Tapas e Beijos” – finaliza Viviane.

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a vez da Marcha das Vadias

uma batalha pela vida

A Marcha das Vadias sur-giu em 2011, em Toronto, no Canadá, depois que o policial Michael Sanguinetti recomen-dou que as mulheres não se vestissem “como vadias” para evitar estupros. Três mil pes-

Em 2007, Sônia Cenevi-va descobriu que tinha um tumor maligno na mama direita. Fez quimioterapia, radioterapia e quatro cirur-gias. E mesmo após a mas-tectomia – cirurgia na qual se remove total ou parcial-mente a mama –, ela não se abateu e procurou a Asso-ciação Sempre Viva, de Ca-tanduva, tornando-se volun-tária e presidente em 2010.

A partir daí, Sônia se en-volveu com a dor de outras mulheres e passou a viver por essa batalha – a Sempre Viva dá apoio a mulheres mastec-tomizadas, colaborando para sua qualidade de vida e auto-estima. Além de confeccionar próteses mamárias externas

de polietileno e doá-las aos hos-pitais, a Associação ministra palestras sobre prevenção do câncer de mama em instituições públicas e privadas.

A Sempre Viva fechou par-cerias com renomados hos-pitais do Brasil inteiro, que acolhem um grande número de pacientes. A entidade ofe-rece sessões de fisioterapia

especializada e atendimento psicológico gratuitos.

Essa história inspira-dora de Sônia Ceneviva foi finalista do Movimento Acolher da Natura, na cate-goria Crescente, concorren-do com mais 800 casos, e disputou o Prêmio Cláudia 2012, trazendo mais visibi-lidade à Sempre Viva.

soas foram às ruas protestar contra Sanguinetti. Depois, o movimento chegou a vários países, inclusive ao Brasil, onde se realizou em mais de 20 cidades, entre elas a vizi-nha São José do Rio Preto.

A estudante de Letras Cami-la Domiciano, vice-presidente do Diretório Acadêmico da UNESP-Ibilce, de São José do Rio Preto, participou da orga-nização da passeata realizada no município em julho do ano passado, que juntou cerca de 400 pessoas. Ela reafirma a luta pela igualdade e contra o sexis-mo. “Nossa indignação é a falta de liberdade da mulher. Temos o direito de escolher nossas rou-pas sem nos preocuparmos com estupro e vamos lutar pela liber-dade sexual. Queremos mostrar que as mulheres não estão so-zinhas, independentemente de classe social, idade, cor e orien-tação sexual” – diz.

Para a edição da Marcha de 2013 foram realizadas as primeiras reuniões para sua organização, mas ainda não há indicativo de data.

descaso nos bairros Prefeitura não está nem aí

cidade

O vereador Amarildo Da-voli (PT) solicitou uma série de melhorias para os bairros Gabriel Hernandes, Jardim Imperial, Orlando Facci – o “Mutirão” – e no Residencial Esplanada, entre as quais es-tão o recapeamento de ruas e a instalação de lombadas, a fim de garantir a seguran-ça de motoristas e pedestres que por ali transitam. Para que o pedestre não tenha de caminhar pela rua, Amarildo sugere a construção de cal-çadas no entorno da escola Coronel José Pedro da Mot-ta, cujas laterais estão toma-das pelo mato.

Outro tema que preocu-pa é a falta de saneamento básico nesses bairros, onde vivem perto de cinco mil pessoas. No “Mutirão” são depositados entulho e detri-tos, que colocam em risco a saúde dos moradores. No Esplanada, os pombos caem nas caixas d´água danifica-das e a água é consumida

pela população. Segundo Amarildo, os moradores da região se ressentem do abandono de mais de uma década. “As pessoas estão indignadas com a Prefeitura. Elas esperavam mudanças com a nova administração, mas, depois das eleições, o prefeito não apareceu mais por lá” – diz o vereador.

Preocupado com segu-rança e saúde, Amarildo pediu uma Base Comuni-tária de Polícia e uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS) para atender a de-manda de pacientes daquele ponto da cidade. “Pedi que a unidade funcione durante o dia e à noite, para que os pacientes possam ser aten-didos em qualquer horário, inclusive com atendimen-tos dentários.” Amarildo também observou a falta de áreas de lazer no local, em comparação com as outras áreas da cidade, onde foram construídas várias praças.

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respostas

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As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

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horizontal – 1. Arte que usa a linguagem escrita como meio de expressão 2. Amarelar 3. Museu da Imagem e do Som; Berne; Instrumento usado para cavar ou remover terra 4. Antigo Testamento; Ação ou resultado de usar; Vermelho, em inglês 5. Tabaco em pó, usado para cheirar; Porção, quantidade incerta 6. Que não está cozido; Sexta nota musical; Exprime dor ou alegria 7. Qualquer fecho ou selo inviolável; Radio Patrulha 8. Que está vazio, oco; Raiva 9. Ao longo de; Associação dos Alcoólicos Anônimos; Polícia nazista 10. Mem de, governador-geral do Brasil; Símbolo do álcool; Central Única dos Trabalhadores 11. Grande extensão que separa um espaço do outro.Vertical – 1. Carlos, revolucionário brasileiro; Pronto Socorro 2. Reproduzir, arremedar; Tecido semelhante à musselina, fabricado com fios muito finos e torcidos, de aparência leve e transparente 3. Contração de te+as; Saltar 4. Exército Revolucionário; Sigla de União Europeia; A preposição a com o artigo definido masculino o; Em, em inglês 5. Pessoas julgadas por um crime ou processadas em ação cível; Lei complementar; Abreviação de álgebra 6. Escárnio, zombaria 7. Chá, em inglês; Época 8. Universidade de Coimbra; Sigla, em inglês, de ácido ribonucleico; Ânus 9. Tornar a dizer ou expressar-se; Sul, em espanhol 10. Instrumento para lavrar a terra; Doença epidêmica grave e contagiosa.

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Palavras cruzadas

LITERATURAAMARELECERMISURAPAATUOREDRAPETANTOCRULAAIALACRERP

VAOIRAEPORAAASSSAOLCUT

LONGITUDE