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Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde Curso de Odontologia Consumo do crack e sua relação com a saúde bucal. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Leandro Rios Guidolin Pâmela Campagna Santa Maria, RS, Brasil 2015

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Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências da Saúde

Curso de Odontologia

Consumo do crack e sua relação com a saúde

bucal.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Leandro Rios Guidolin

Pâmela Campagna

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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UNIVERSIDADE

FEDERAL DE

SANTA MARIA –

UFSM- 2015

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Consumo do crack e sua relação com a saúde bucal.

Leandro Rios Guidolin

Pâmela Campagna

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação

em Odontologia da Universidade federal de Santa Maria (UFSM, RS)

como requisito parcial para obtenção do grau de Cirurgião Dentista.

Orientador: Prof. Thiago Machado Ardenghi

Santa Maria, RS, Brasil

2015

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Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências da Saúde

Curso de Odontologia

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso

CONSUMO DO CRACK E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE BUCAL.

Elaborado por

Leandro Rios Guidolin

Pâmela Campagna

como requisito parcial para obtenção do grau de Cirurgião-dentista.

COMISSÃO EXAMINADORA:

__________________________________

Thiago Machado Ardenghi, Dr.

(Presidente/Orientador)

__________________________________

Fabricio Batistin Zanatta, Dr. (UFSM)

________________________________

Raquel Pippi Antoniazzi, Dra. (UNIFRA)

Santa Maria 03 de Julho de 2015

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a dedicação ensinamentos e ajuda do Professor Orientador

Thiago Machado Ardenghi e seu mestrando Bernardo Antônio Agostini, os

quais foram essenciais para a realização deste trabalho.

Aos familiares que estão sempre presentes em todos os momentos de

nossa vida, nos apoiando e confortando nos momentos difíceis.

E a nossa banca pela disponibilidade e compreensão.

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RESUMO

Trabalho de Conclusão de Curso

Curso de Odontologia

CONSUMO DO CRACK E SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE BUCAL

AUTORES: PÂMELA CAMPAGNA LEANDRO RIOS GUIDOLIN

ORIENTADOR: THIAGO MACHADO ARDENGHI Data e Local da Defesa: Santa Maria, 3 de julho de 2015.

O crack é considerado a droga ilícita de preferência da atualidade devido

ao seu baixo custo e alto poder de dependência. O perfil predominante de seus

usuários é homem, jovem, solteiro, de baixa classe socioeconômica, baixo nível

de escolaridade e sem vínculos empregatícios formais. Derivado da cocaína, o

crack tem a via oral como seu principal meio de administração, sendo consumido

associado a outras drogas, na maioria dos casos. Ao ser fumado, desencadeia

uma sequência de reações químicas que resultam em diversos problemas físicos

e psicossociais para o indivíduo. Seus efeitos duram de 5 a 10 minutos, mas as

consequências são duradouras. No que diz respeito a saúde geral do usuário, o

crack apresenta como complicações frequentes queimaduras de dedos, lábios e

mucosas orais, quadros de asma brônquica, edema pulmonar, tosse persistente,

dor torácica, infecções respiratórias, emagrecimento rápido, perda do apetite e

alto índice de acidentes vasculares cerebrais. Já no meio oral, aumenta a

susceptibilidade do paciente a infecções como gengivite, periodontite e lesões

cariosas, além de retardar o processo de reparo e desmotivar o paciente a realizar

tarefas do cotidiano, entre elas a higiene bucal.

Palavras-chave: cocaína crack, usuários de drogas, saúde sistêmica,

saúde oral.

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SUMÁRIO

Introdução.................................................................8

1.Revisão de Literatura.............................................10

1.1 Perfil dos Usuários .............................................10

1.2 Composição Química e Consequências do Uso de

Crack.........................................................................11

1.3 Crack e Complicações Orais ..............................13

2.Discussão..............................................................19

3.Conclusão..............................................................22

Referências Bibliográficas........................................23

Anexo:......................................................................27

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INTRODUÇÃO

Há mais de 4500 anos, substâncias químicas psicoativas eram utilizadas em sociedades antigas para rituais associados a fertilidade, sobrevivência, morte e práticas curativas, sendo a cocaína a droga de preferência. (FERREIRA & MARTINI, 2001). No final do século XVI, a cocaína foi introduzida na Espanha pelos conquistadores para fins medicinais, porém seu uso não se difundiu nessa época segundo Raupp (2006 apud FERREIRA & MARTINI, 2001). Somente a partir da segunda metade do século XX, tais substâncias passam a relacionar-se, cada vez mais, com graves problemas de saúde pública, de desordem e de violência social. Devido ao aumento da oferta de cocaína no mercado e um menor preço, deu-se início a "era da cocaína/crack" (PERRENOUD (2012 apud PINTO, 2013).

O crack, que não é uma nova droga, mas um novo meio de administração da cocaína, surgiu na década de 80 e chegou ao Brasil em 1989, sendo seu primeiro relato de uso na cidade de São Paulo (OLIVEIRA & NAPPO, 2008). Desde então é considerado a droga ilícita mais consumida no país, ultrapassando as fronteiras da periferia e espalhando-se por todos os níveis sociais e regiões (PECHANSKY et al., (2007 apud ETCHEPARE, et al., 2011)).

A administração do crack se dá principalmente através da via oral. Quando fumado, a droga entra em contato com a mucosa oral, desencadeando uma sequência de reações químicas e, consequentemente, sequelas no sistema estomatognático. A cocaína em pedra, é de preferência da população devido ao seu baixo custo, fácil obtenção, fácil forma de utilização e grande poder de dependência, (PRADO; ROMANO & WIIKMANN, 2003), sendo a prevalência de uso em 0,7% da população Brasileira. (CEBRID, 2005).

No ano de 2010, foi realizado o VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas pelo Centro Brasileiro de Índice sobre Drogas (CEBRID), avaliando estudantes do Ensino Fundamental e Médio das redes públicas e privadas de ensino nas 27 capitais brasileiras. Este levantamento revelou que houve um aumento no consumo de cocaína, quando comparado ao ano de 2005. No que diz respeito ao uso de drogas pelo índice total de escolas, as taxas de uso em algum momento na vida foram de 30,7% e 13,6% ao ano.

A pedra de crack pode ser queimada através de cachimbos, tubos ou latas de alumínio, onde tem seu estado físico modificado, transformando-se de sólido para líquido e logo em vapor. Desta maneira a cavidade oral está diretamente relacionada as consequências e produtos gerados pelo calor desta queima além da exposição aos fatores sociais e psíquicos (TOMM & ROSO, 2013).

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Tendo em vista o panorama atual da realidade social brasileira sobre o

consumo do crack e sua relação com os agravos e danos a saúde oral, há a necessidade de estudantes e profissionais de odontologia de conhecerem os reflexos sociais, psicológicos e físicos gerados pelo uso da droga. Relacionando estes à saúde sistêmica com ênfase na saúde bucal, para que se possa compreender as percepções e dificuldades destes usuários, e com isso, estabelecer uma abordagem adequada de tratamento. Este trabalho consiste de uma revisão de literatura com o objetivo de elucidar a questão do efeito do consumo de drogas ilícitas, especificamente o crack, nas condições bucais, além de realizar um reflexão social dos problemas oriundos do consumo dessa droga.

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1.REVISÃO DE LITERATURA

Objetivando facilitar a compreensão dos assuntos abordados, esta revisão de literatura foi dividida em tópicos. Deste modo, cada assunto foi tratado conforme estudos referenciados sobre o uso do Crack e sua relação com problemas orais. Além disso, este estudo não teve a finalidade de esgotar o assunto, mas apresentar alguns trabalhos relevantes da literatura específica. Para isso, realizou-se uma revisão integrada de literatura usando 3 bibliotecas virtuais com trabalhos publicados em revistas nacionais e internacionais; Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e US National Library of Medicine-Nacional Institutes of Health (PubMed), além da pesquisa em um banco de teses de graduação e pós-graduação, disponível no Periódico Capes. Foram utilizados os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): Maconha, Cocaína Crack, Saúde Bucal, Saúde Sistêmica. Ademais por se tratar de substâncias relativamente novas em território brasileiro (década de 90), foram utilizadas pesquisas em órgãos nacionais como o Centro Brasileiros de Pesquisa em Drogas psicotrópicas (CEBRAD) e o Instituto Brasileiro de Gerenciamento Epidemiológico (IBGE) para um melhor embasamento em âmbito nacional.

1.1 PERFIL DOS USUÁRIOS

Em um estudo por amostragem realizado pela Universidade de São Paulo em 2005 (CEBRID,(2005)) com 1800 usuários de substâncias psicoativas ilícitas constatou-se que o perfil predominante do usuário de crack é: homem, jovem, solteiro, de baixa classe socioeconômica, baixo nível de escolaridade, e sem vínculos empregatícios formais. Corroborando este estudo Nappo (1994 apud DUAILIBI, RIBEIRO & LARANJEIRA, 2008) relatou o mesmo perfil de usuários, porém, acrescentando indivíduos provenientes de famílias desestruturadas. O mesmo autor afirma que recentemente, o usuário de crack deixou de caracterizar-se somente por pessoas de baixa renda, sendo possível identificar usuários em estados de melhor situação econômica social, apesar de ser mais prevalente em classes financeiramente menos favorecidas. Além disso, o padrão de uso mais frequentemente citado foi o compulsivo, caracterizado pelo uso múltiplo de drogas e desenvolvimento de atividades ilícitas em troca de crack ou dinheiro (OLIVEIRA & NAPPO, 2008).

CLARO, et al.,(2014) em seu estudo do perfil e padrão do uso de crack entre crianças e adolescentes ratificou esta informação. Na análise de dados do estudo, houve predomínio do sexo masculino (85,7%) e atestou-se que o inicio do consumo de drogas ocorreria por volta dos 11 anos de idade, sendo o álcool, tabaco, maconha, solventes, opióides e a cocaína portas de entrada para o crack.

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Portanto, o período inicial do uso se daria aproximadamente aos 14 anos de idade. No estudo de SANCHEZ & NAPPO (2002) foram identificadas duas progressões diferentes, sendo, cigarro e/ou álcool e maconha e/ou cocaína aspirada; antecedentes para o crack entre os mais jovens (<30 anos). Entre os mais velhos (>30 anos), a sequência começou idêntica, passando também pelo cigarro e/ou álcool e a maconha, porém, verificou-se a adição de medicamentos endovenosos e cocaína endovenosa após a cocaína aspirada, para pôr fim chegar ao crack.

Segundo ROSO (2010) a concomitância entre o uso do crack e roubos é praticamente absoluta entre usuários. A necessidade de sustentar o vício propõe uma linha direta, onde só há o furto pois faz uso de crack. NAPPO et al.,(2008) também relataram que o usuário, necessitando da droga e sem condições financeiras de obtê-la, recorria a atividades ilícitas como tráfico, roubos e assaltos. Segundo Birman (2007 apud TOMM; ROSO, 2013), o consumo e a circulação de drogas em larga escala, colocaram na atualidade uma multiplicidade de questões relacionadas em diferentes níveis de complexidades. Essas questões se inscrevem nos registros teórico, clínico, político e ético. Em torno desse entrelaçamento de registros, constitui-se uma problemática de investigação, que incide diretamente em diferentes saberes.

1.2 COMPOSIÇÃO QUÍMICA E CONSEQUÊNCIAS DO USO DE CRACK

De acordo com DUAILIBI, et al., (2008) e NAPPO, et al.,(2008) o crack é encontrado na forma física sólida, conhecida como pedra, e é obtido através da estratificação de folhas de Erythoroxylom coca. A partir da cocaína em pó, adiciona-se água a um bicarbonato de sódio ou a hidróxido de sódio (agente alcalinizante) e tem-se como resultado uma pasta base e logo uma massa sólida, o crack. A droga é resultante do processamento químico de um ácido com uma base e quando se gera calor sobre o produto, o processo químico se desfaz liberando gás psicoativo.  

O crack é composto por uma substância estimulante do sistema nervoso central. Quando aspirado, seu produto ativo, que poderá conter de 40 a 80% de cloridrato de cocaína, é convertido em forma alcalina e seu potencial de ação ocorrerá diretamente no neuroeixo (GOLDSTEIN, DESLAURIERS & BURDA, 2009). Entre os efeitos motores causados pelo uso da droga, SIEGEL et al., (1985) em um estudo clássico, citaram frequentes contrações musculares involuntárias, principalmente na região facial. Estes transtornos gerariam desde desconfortos e dores crânio faciais até desgastes dentais excessivos quando comparados com não usuários.

Assim como as anfetaminas, o crack estimula as ações dopaminérgica e noradrenérgica, podendo produzir durante a intoxicação crises convulsivas, isquemia cardíaca e cerebral, além de quadros maniformes e paranóides. Síndromes psiquiátricas semelhantes a depressão, ansiedade, pânico, mania,

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esquizofrenia e transtornos de personalidade são relatados com o uso crônico. Além do mais, pode provocar piora no desempenho de tarefas que exigem a integridade de funções cognitivas, exaustão crônica e alterações funcionais de lobos frontais, segundo Gold (1997 apud MARQUESA & CRUZ, 2000).

O crack se caracteriza pelos seus efeitos rápidos e poderosos, capazes de provocar dependência rapidamente (CARLINI et al., 2006). Seu efeito dura cerca de 5 a 10 minutos e se caracteriza pela presença de movimentos estereotipados, pensamentos repetitivos semelhantes a pensamentos obsessivos, além de idealização paranóide e alucinações visuais e auditivas. Essas reações podem estar delimitadas apenas ao momento do uso, ou podem permanecer presentes por alguns dias após cessado o mesmo, dependendo das características psíquicas de cada usuário (JUNIOR & RODRIGUES 1997).

A droga em questão traz sintomas clínicos e psiquiátricos bastante específicos e que estão diretamente relacionados à substância e à via de administração utilizada. São frequentes as queimaduras de dedos, lábios e mucosas orais, quadros de asma brônquica, edema pulmonar, tosse persistente, dor torácica, infecções respiratórias, emagrecimento corpóreo rápido, perda do apetite e acidentes vasculares cerebrais (MEISELS & SMART (1993 apud JUNIOR & RODRIGUES, 1997)).

Além destas complicações, usuários de crack também relataram calor, rubor, tremores incontroláveis, desmaios e convulsões. Um estudo com 332 usuários da cidade de São Paulo realizado por Dualibi, Ribeiro & Laranjeira (2008, apud PULCHEIRO, et al 2010) verificou a relação do uso de crack com overdose, complicações cardiovasculares, problemas respiratórios, infecção pelo HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis, hepatite C, suicídios, homicídios e quadros psiquiátricos ou pobre saúde global.

No que diz respeito a efeitos secundários, Rodrigues, et al (2012 apud RAMIRO, PADOVANI & TUCCI, 2014) relataram isolamento social, marginalização, violência, degradação física e psicológica, rompimento de laços afetivos com a família e medo coletivo. Essas consequências contribuem para a diminuição da qualidade de vida, perda da esperança na vida e dificuldade de acesso aos serviços de saúde.

O sexo em troca de dinheiro, a falta de uso de preservativos e relações anais estão fortemente relacionados ao HIV na problemática do crack, segundo Carvalho & Seibel (2009 apud PINTO, 2013). A prática é mais comum entre mulheres, mas é relatada também por homens, independente da orientação sexual (WEISER, et al (2006 apud DUAILIBI, RIBEIRO & LARANJEIRA, 2008)).

Ressaltam-se ainda, as complicações pulmonares oriundas do consumo do crack, uma vez que o pulmão é o principal órgão exposto por ser intensivamente

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vascularizado e de grande superfície, além de ser o local de absorção direta da droga. Através do pulmão, o crack chega imediatamente à circulação sanguínea e, logo, rapidamente ao SNC causando efeitos muito mais rápido do que as outras drogas (CARLINI; NAPPO & GAUDURÓZ, (2005)). As principais lesões pulmonares descritas pela literatura ao consumo crônico desta droga referem-se aos efeitos brônquicos; como perda de neuroregulação da função pulmonar, edema pulmonar, hemorragia alveolar, barotrauma e reações de hipersensibilidade (FLIGIEL et al., (1997)).

Quando consumido isoladamente ou associado à maconha, o crack não demonstrou ser importante causador de lesão traqueobrônquica, porém sua associação com o fumo de tabaco ampliou as intensidades de lesões brônquicas supra citadas (FLIGIEL et al., 1997). Quando fumado, o crack produz pequenas partículas que são absorvidas rapidamente pelos pulmões, conduzindo imediatamente ao aparecimento de efeitos como tosse, expectoração enegrecida, dor peitoral e redução da função pulmonar, com capacidade de expiração comprometida. Fatores estes relatados nos estudos de RIBEIRO et al.,(2008) e GOSSOP et al., (2006). Os mesmos autores observaram as principais lesões no trato aero digestivo superior (mucosa nasal, septo nasal, faringe, mucosa oral, laringe, porções superiores do esôfago) destacando, efeitos irritativos, vasoconstritores, hiperemia e queimaduras decorrentes da inalação de gases quentes, o que causa uma maior exposição aos efeitos deletérios (FLIEGEL et al.,1997).

Das queixas mais frequentes entre os usuários, as manifestações que podem afetar o consumo de alimentos e, consequentemente, comprometer o estado nutricional foram, dores de garganta, disfagia, perda do olfato e perda do paladar (GOSSOP, MANNING & RIDGE, (2006); e NASSIF et al.,(1999)).

1.4 CRACK E COMPLICAÇÕES ORAIS

Vários fatores podem influenciar e determinar alterações patológicas na mucosa oral. Podemos citar as características individuais, fatores sociais e comportamentais, fatores sistêmicos, fatores genéticos e composição da microbiota bucal (COSTA et al., 2011). No que diz respeito aos fatores sociais, tem-se o consumo de drogas como fator de risco devido a suas graves consequências para a saúde geral e bucal do indivíduo (COSTA et al., 2011). O consumo de drogas tende a reduzir a capacidade cognitiva, a autoestima e principalmente, a motivação do indivíduo para desempenhar tarefas do cotidiano, entre elas a higiene oral. Essa desmotivação, tanto da higiene oral como correta dieta nutricional do indivíduo, deve-se a depressão e demais sinais e sintomas associados a droga (LINS, 2009; COSTA et al., 2011; NOGUEIRA et al., 1997; ANTONIAZZI, 2015).

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O descuido com a higiene oral foi relatado no estudo de MOLENDJK, et al., 1996, aonde a condição supragengival de 121 usuários, principalmente de heroína e cocaína, foi comparada com 1532 indivíduos de um levantamento nacional das condições bucais. No estudo, usuários de drogas apresentaram percentuais de acúmulo de biofilme bacteriano e sinais clínicos de gengivite significativamente maiores, sendo que 97,5% continham sangramento gengival, 81,2% placa em mais de um terço da superfície dentária e 18% relataram não realizar a higiene básica diária (escovação dental)( MOLENDJK et al., 1996).

COSTA, et al., 2011, realizaram um estudo transversal com 70 usuários de drogas psicoativas no Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e outras Drogas (CAPS-ad) na cidade de Campina Grande/ PB. O estudo, realizado no ano de 2008, avaliou clinicamente e por meio de questionário anamnésico as condições em saúde bucal de indivíduos usuários de substâncias ilícitas. Foi constatado que a maioria dos usuários (72,9%) não frequentaram uma clínica odontológica no ultimo um ano e 34,3% há mais de cinco anos. Ainda, 77,15% dos avaliados apresentaram saúde bucal deficiente ou precária; 20% apresentaram saúde bucal regular e apenas 2,9% apresentaram saúde bucal boa, sendo que quanto maior o tempo de dependência da droga/sua frequência diária, pior o índice qualitativo de sua saúde bucal (COSTA et al., 2011).

BALDWIN et al.,(1997) constataram um aumento de infecções oportunistas em pessoas que fazem uso de substancias psicoativas. Os autores afirmam que o uso de crack ou cocaína induz a liberação de grandes quantidades de Inter leucina IL-8, um potente agente com atividade de quimiotaxia. Além disso, há também a ativação sobre leucócitos polimorfo nucleares, reduzindo significativamente a produção de citosinas por macrófagos. A capacidade dessas células em levar patógenos bacterianos à morte intracelular também é atingida, o que aumenta a susceptibilidade dos pacientes a infecções. (BALDWIN et al.,1997)

LINS, (2009) em sua tese de doutorado, corrobora os dados de BALDWIN et al.,(1997). O autor examinou 50 pacientes do sexo feminino em uma clínica de desintoxicação em Araçatuba, São Paulo. Verificou-se que 94% das participantes faziam uso de mais de uma droga psicoativa e seu consumo foi associado ao tabaco, álcool, crack ou cocaína, sendo todas elas utilizadas de forma mesclada. O trabalho baseou-se na realização de exames clínicos intra e extrabucais com amostras de biofilmes supra e subgengivais além de amostras de substancias presentes na saliva e mucosa. No biofilme supragengival, contatou-se uma maior proporção de amostras positivas para Candida sp.,C.albicans, família Enterobacteriaceae, Enterococcus sp., entre outros. Entretanto, no biofilme subgengival das pacientes com dependência química, houve algumas modificações, sendo a prevalência significante da família Enterobacteriaceae, Helicobacter sp., H. pylori, Pseudomonas sp., P. aeruginosa, bem como todas as viroses da família Herpesviridae testados. Nas amostras de mucosa, observou-se

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prevalência signigicante de Candida sp., C. albicans, Helicobacter sp., viruses CMV e EBV-1.(LINS, 2009).

Além disso verificou-se que alterações comportamentais e psicológicas, cefaleia, fadiga, xerostomia, formigamento nas extremidades, anemia, perda de peso, infecções oportunistas como gengivite, periodontite e um retardo no processo de reparo de infecções nas usuárias. No grupo teste, grupo de pacientes em tratamento para dependência química, essas alterações foram encontradas em maior frequência que no grupo controle. Relatou-se, também, um alto índice de dores articulares, contudo este índice não foi computado. A avaliação das pacientes dos dois grupos corrobora e reafirma achados prévios apontados por Baldwin et al., (1997). (LINS, 2009).

Observou-se que após um curto período de tempo de abstinência da droga- sem a utilização de qualquer substância psicoativa ilícita por aproximadamente 3 semanas ou mais- poucos pacientes relataram sintomatologia dolorosa em relação a músculos faciais ou em rebordo alveolar (dores deferentes a gengivite ou a periodontite) segundo LINS, (2009).

O trabalho de Soares de Lima et al.,(2007) estudou 52 lâminas de vidro coradas pela técnica de Papanicolaou de 32 indivíduos adultos usuárias de crack e outras drogas e 20 não-usuários. Os Esfregaços foram analisados de acordo com a classificação de grau de inflamação e celularidade de Papanicolaou, com o objetivo de investigar o efeito do crack nas células epiteliais da mucosa bucal de usuários desta droga. Vinte (62,5%) esfregaços tiveram resultado classe II, ou seja, apresentando células inflamatórias. Outros 10 usuários de crack apresentaram dentro do padrão de normalidade e outros dois esfregaços não mostraram quantidade suficiente de células epiteliais para avaliação. O grau e inflamação variou entre leve a moderado (P <0,05), entre os esfregaços com células inflamatórias. Neste estudo, os esfregaços orais foram coletados de mucosa bucal clinicamente normais, tanto para usuários de crack e não usuários e concluiu-se que os efeitos do calor e de seus componentes químicos do fumo poderia ter induzido uma resposta adaptativa nas células do epitélio oral. Portanto, segundo o trabalho citado, o uso de drogas induz modificações inflamatórias no epitélio oral, susceptibilidade a hemorragias pós operatórias e redução da resposta ao uso de anestésicos locais. De acordo com os resultados, seria necessário mais estudos histopatológicos da mucosa oral a partir de usuários que consomem somente crack.

A doença periodontal é uma infecção crônica produzida por bactérias gram-negativas em indivíduos susceptíveis, com níveis de prevalência elevados, que evolui continuamente. O processo da doença apresenta períodos de exacerbação e de remissão, resultando de uma resposta inflamatória e imune do hospedeiro à presença de bactérias e seus produtos (ALMEIDA et al.,(2006). A relação do crack com a patogenia está nas alterações das funções celulares, em

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fatores relacionados ao sistema imune e a desmotivação para a realização de higiene bucal. (PELLEGRINO & BAYER, 1998; STEFANIDOU et al., 2011; CLARK; WILEY & BRADBERRY, (2013) apud (ANTONIAZZI, 2015))

ANTONIAZZI; ZANATTA & FELDENS, (2015), realizaram um estudo transversal na cidade de Santa Maria, no RS, com 106 usuários de crack e 106 controles nunca usuários com o objetivo de comparar as condições periodontais dos mesmos. O estudo considerou periodontite como a presença de NIC e PS ≥ 4mm interproximal e ≥ 2 em dentes não adjacentes. Foi relatada uma prevalência de periodontite de 27,4% em não usuários e 52,8% em usuários de crack, sendo que estes apresentaram maiores percentuais de placa, de sangramento a sondagem, de profundidade de sondagem, nível de inserção e dentes perdidos. Além do que, usuários de crack apresentaram uma probabilidade 62% maior de ocorrência de periodontite do que os não usuários. Os participantes usuários de crack, utilizaram a droga em média por 5 anos, com um consumo médio de 24,4 pedras por dia, sendo que todos fumavam a substância. A maioria destes, utilizaram anteriormente ou concomitante ao crack, maconha (79,2%), cocaína (87,7%), solvente (34%) e outras drogas ilícitas (48,1%). Nesse grupo, a prevalência de cárie dentária foi 96,2% e de xerostomia 69,8%.

Investigações sobre a produção quantitativa, qualitativa, pH e capacidade tampão da saliva são escassas sobretudo sua relação com drogas psicoativas. Entretanto, Woyceichoski et al.,(2012) do Departamento de Estomatologia de Pontifica Universidade Católica do Paraná, Brasil, realizou uma pesquisa afim de levantar dados sobre o assunto. Seu estudo coletou secreção salivar de 54 dependentes químicos em um centro de tratamento e os comparou com outras 40 pessoas do grupo controle. Observou-se que a quantidade de saliva coletada (pesadas com uma balança de precisão) em ambos os grupos, após 6 minutos de estimulação com uma goma de látex, foi o mesma. Também não houve significante diferença da capacidade tampão da saliva, ou seja, não houve significante diferença da propriedade da saliva manter seu pH constante.

O mesmo estudo verificou uma queda no pH salivar em pacientes usuários de crack (pH = 6,5) quando comparado ao grupo controle (pH = 7,26). O pH fisiológico varia entre 6,5 e 7,4 e ele sobe à medida que aumenta a taxa do fluxo salivar e pode atingir o valor máximo de 8. No entanto, o pH salivar pode alterar devido à produção de ácidos pelos microrganismos orais fermentando carboidratos após a alimentação. Neste caso a diminuição do pH salivar foi associada a condições precárias de vida, higiene e nutrição, expondo os pacientes com dependência química a um maior risco a sedimentação a microrganismos patogênicos a gengivite, periodontite e lesões cariosas.

Algumas alterações histopatológicas já foram identificadas no epitélio da mucosa brônquica de usuários de crack. Podemos citar hiperplasia de células basais, metaplasia escamosa, figuras de mitose, a variação na morfologia nuclear,

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aumento nuclear e do citoplasma celular, espessamento da membrana basal e inflamação submucosa (RIBEIRO, et al., 2006).

Ao analisar alterações histopatológicas no epitélio da mucosa oral, Soares de Lima et al., (2013) pesquisaram a proliferação celular ativa do epitélio oral expostas a fumaça de crack. Para isto ele utilizou como base as regiões organizadoras de nucléolo(NOR). Estes são segmentos cromossômicos que contêm genes de ribossomos que contém um conjunto de proteínas ácidas, não-histonas que se ligam a íons de prata e são visualizadas seletivamente por métodos de amostras de cito-histológica rotineiramente processados. A análise de NOR é um dos métodos utilizados para a avaliação quantitativa da proliferação celular e as regiões orgânicas de nucléolo coradas por prata são chamadas de "AgNOR". O estudo de AgNOR representa um parâmetro importante da cinética de células, pois está significativamente associado com a rapidez de duplicação celular. Portanto, o objetivo deste estudo foi comparar a AgNOR de células epiteliais bucais coletadas de usuários de crack e não-usuários.

Para isto ele utilizou dois grupos, ambos com de 30 pessoas, um contendo usuários de crack (grupo experimental), os quais estavam sob tratamento por intoxicação por crack em um instituto de pesquisa e tratamento, e outro com 30 não usuários (grupo controle). Células esfoliadas da mucosa oral clinicamente normal foram recolhidas por citologia em base líquida de ambos os grupos. Inicialmente, a boca foi enxaguada com água para remover o excesso de detritos e bactérias dentro da cavidade oral. As células epiteliais escamosas foram coletados usando um cytobrush e kit Universal Coleção Médio.

A análise quantitativa do AgNOR foi realizada através da microscopia de luz, utilizando um microscópio binocular e a percentagem da área ocupada da NOR-nuclear foi calculada. Os resultados deste estudo revelam que o número de AgNOR média e área no grupo de usuários de crack são significativamente mais elevados quando comparados com os não-usuários. Demonstra se que o uso crônico de crack provoca a diminuição da área nuclear e, consequentemente, alterando a relação núcleo / citoplasma (Lima et al., 2013).

O número, tamanho e arranjo das AgNOR têm mostrado uma correlação com os indicadores de indicadores proliferativas celulares. Portanto, a análise quantitativa de AgNOR por núcleo celular no carcinoma de células escamosas, câncer da glândula salivar, hiperplasia, displasia e epitélio normal demonstraram uma forte correlação com AgNOR, proliferação celular e aumento de malignidade (ADEYENI, et al., (2006); PICH, CHIUSA & MARGARIA (2000). AgNOR em células normais pareceu ser de tamanho regular e forma redonda, mas em tecido maligno que aparecem menos uniformes em tamanho e forma podendo assumir formas estranhas. Neste estudo, a morfologia de AgNOR era predominantemente arredondada e dispostos em grandes e pequenos pontos pretos. Todas estas modificações nas células epiteliais bucais pode ser o reflexo de uma resposta

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adaptativa da mucosa a uma agressão provocada pela lesão química ou por meio de aquecimento durante o uso de crack. Outros estudos semelhantes foram desenvolvidos e observaram que o fumo de cigarro e abuso particularmente ópio aumentou o número de AgNOR e, consequentemente, a taxa de proliferação celular em células de mucosa oral (PICH, CHIUSA & MARGARIA, (2000); KADIVAR & ATTAR, (2008); CAMPOS, et al., (2008)). Vários estudos que utilizam a técnica de AgNOR demonstraram que a mucosa aumenta suas atividades proliferativas quando irritada por agentes, tais como álcool, tabaco e cocaína (PICH, CHIUSA & MARGARIA, (2000); KADIVAR & ATTAR, (2008)). Todas estas substâncias têm sido capazes de aumentar o número de AgNOR significativamente quando comparado com as células da mucosa bucal de indivíduos que não utilizam este tipo de substância (SOARES, et al., 2013).

2.DISCUSSÃO

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O crack, além de um efeito eufórico intenso gera uma dependência maior que outras drogas. Somando-se isso a grande oferta, ao baixo custo e a facilidade de compra, torna-o a droga de preferência da atualidade, independente de classe social.

A problemática envolvendo o consumo do crack aborda diferentes áreas, desde a saúde do usuário, passando pela diminuição da qualidade de vida do consumidor e da família, até problemas sociais como roubo e prostituição, entre outros tipos de violência (Rodrigues, et al (2012 apud RAMIRO, PADOVANI & TUCCI, 2014). Por isso, necessita de uma abordagem de saúde e de assistência social multidisciplinar.

Várias são as implicações na cavidade oral decorrentes do uso do crack. BALDWIN et al., (1997) e LINS, (2009) relatam um aumento da susceptibilidade dos pacientes a infecções como gengivite, periodontite, lesões cariosas, assim como alterações comportamentais e psicológicas, xerostomia e um retardo no processo de reparo de infecções nos usuários. Em relação ao periodonto, o estudo de ANTONIAZZI e colaboradores (2015) encontrou maiores percentuais de placa, sangramento a sondagem, nível de inserção e perda dentária em pacientes usuários de crack quando comparados a não usuários, em concordância com estudos prévios.

Ainda, Segundo SOARES et al.,(2007) e WOYCEICHOSKI et al., (2013) a dependência química de drogas pode facilitar o contato com microorganismos e viroses oportunistas na cavidade bucal, além de aumentar a susceptibilidade a hemorragias pós operatórias e reduzir a resposta ao uso de anestésicos locais. Contudo devemos ressaltar que mesmo com o pH baixo e um maior acúmulo de microrganismos bacterianos em região bucal o nível crítico (pH< 5,5) para dissolução de esmalte e uma possível formação de tecido carioso não foi alcançado, neste estudo, logo devemos reforçar a importância de mais estudos na área.

Observa-se que a maioria das alterações patológicas relatadas estão direta ou indiretamente relacionadas a presença de placa bacteriana, resultante da falta e da má qualidade de higiene nos usuários de drogas. Tem-se portanto, a maior complicação do crack na Odontologia: a falta de motivação dos usuários para desempenhar tarefas do cotidiano, entre elas a higiene oral. A desmotivação é resultado da redução da capacidade cognitiva, do isolamento social, da marginalização, da degradação física e psicológica, da depreciação da autoestima do indivíduo e de transtornos de ansiedade e depressão relacionados ao consumo da droga. Fatores que dizem respeito aos efeitos secundários do consumo, segundo Rodrigues (2012 apud RAMIRO, PADOVANI & TUCCI, 2014) e contribuem para a diminuição da qualidade de vida destes, resultando em perda de perspectiva de vida e dificuldade de acesso aos serviços de saúde.

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Os trabalhos de ANTONIAZZI et al.(2015), MOLENDIJK et al., (1996) e COSTA et al., (2011) exemplificam tal questão. MOLENDIJK et al., (1996)

compararam o grupo controle a usuários de cocaína e heroína, relatando maiores percentuais de acúmulo de biofilme bacteriano, consequentemente sinais clínicos de gengitive, em usuários de drogas, sendo que 97,5% continham sangramento gengival, 81,2% placa em mais de um terço da superfície dentária e 18% relataram não realizar higiene diária, fatores direta ou indiretamente associados com a etiopatogenia da doença cárie, doenças periodontais e lesões em mucosa bucal.

Corroborando o estudo de ANTONIAZZI (2015), COSTA et al., (2011) realizaram um estudo transversal com 70 usuários de drogas psicoativas aonde constataram que a maioria dos usuários (72,9%) não frequentaram uma clínica odontológica no último um ano e 34,3% há mais de cinco anos. Ainda, 77,15% dos avaliados apresentaram saúde bucal deficiente ou precária; 20% apresentaram saúde bucal regular e apenas 2,9% apresentaram saúde bucal boa, sendo que quanto maior o tempo de dependência da droga/sua frequência diária, pior o índice qualitativo de sua saúde bucal.

O papel do cirurgião dentista vai além da necessidade de conhecer as alterações patológicas decorrentes do uso do crack, as quais determinam a realização de um tratamento adequado. Cabe ao profissional, identificar e orientar os pacientes sobre os riscos e consequências do uso da droga, assim como, encaminhá-los aos serviços de saúde para tratamento de dependentes químicos, quando necessário. Segundo Ana Cecília Marques, coordenadora do departamento de dependência química da Associação Brasileira de Psiquiatria, o tratamento anticrack é dividido em três fases: desintoxicação, diagnóstico dos fatores que levaram o indivíduo à dependência e controle dessa mesma dependência, que pode incluir uso de medicação. Após, e não menos importante, vem a fase de manutenção, na qual o indivíduo precisa fazer retornos periódicos e deve-se avaliar seu processo de reinserção na sociedade. Essas etapas são desenvolvidas pelos centros de atenção psicossocial álcool e drogas (Caps-AD) (OLIVEIRA, 2011). No município de Santa Maria encontram-se dois Caps-AD, “Caminhos do Sol” e “Companhia do Recomeço” (Anexo 1).

Pode-se verificar, que a saúde bucal dos indivíduos usuários de crack é um reflexo da pobre qualidade de saúde geral apresentada pelos mesmos, sendo a busca pela droga e os efeitos nos períodos de abstinência, os principais responsáveis pela negligência da salubridade. Acredita-se que o papel do cirurgião dentista concentra-se na promoção de saúde, em seu sentido mais amplo, devendo contribuir para a melhora da qualidade de vida do indivíduo e de sua coletividade, estimulando a mudança de hábitos como a redução e erradicação do tabagismo, do etilismo, bem como das drogas consideradas ilícitas.

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Por se tratar de uma droga relativamente nova (cerca de 20 anos), pelo crescente número de usuários e pela maioria destes fazer uso de mais de uma droga ao mesmo tempo, consideramos que existem poucos estudos disponíveis investigando o impacto do consumo do crack nas condições bucais. Além do mais, os estudos existentes podem ser considerados duvidosos, já que muitos deles são feitos a partir de questionários não validados e em clínicas de reabilitação, tendo por sua vez um viés de mensuração e seleção, respectivamente.

Vale ressaltar, alguns questionários podem mascarar a realidade, já que muitos usuários tem pudor de sua condição e preferem ocultar algumas informações, ou tendenciam suas respostas a fim de obter uma melhor aceitação social. Enquanto, pesquisas em clínicas de reabilitação não retratam a realidade dos consumidores da droga, uma vez que nesses locais os pacientes são estimulados, pelos profissionais da equipe, a seguir uma rotina de higiene, camuflando a principal causa da problemática do crack na odontologia, a desmotivação para realizar a higiene bucal diária. Ademais, o fato de frequentarem clínicas de reabilitação os tendência a ter uma maior percepção da necessidade de cuidados e obtenção de hábitos saudáveis. Mais estudos com qualidade metodológica são necessários nesta temática, podendo contribuir para a definição de estratégias de atenção à saúde do dependente de crack.

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3.CONCLUSÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde, saúde é um estado de

completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. Vindo ao encontro desta ideia, a odontologia atual baseia-se no tratamento do indivíduo como um todo, realizando uma abordagem de saúde integral, a fim de promover um tratamento que reestabeleça não só as funções naturais do sistema estomatognático, mas também a qualidade de vida do indivíduo, em sua totalidade. Torna-se assim imprescindível que o conhecimento das necessidades e dificuldades dos pacientes pelo profissional da saúde, para que este possa trabalhar de forma adequada em prol da promoção de saúde.

Concernente ao reestabelecimento da saúde bucal, o presente trabalho revisou estudos sobre o crack e sua influência na odontologia. Os resultados sugerem que tal substância psicoativa pode ter efeitos sobre a homeostase da cavidade oral e sua microbiota, além de aumentar a susceptibilidade a infecções e retardar processos de reparo nos usuários da droga. Entretanto, a maior consequência do consumo do crack para a odontologia talvez esteja em um fator comportamental, sendo a desmotivação dos pacientes para realizar tarefas essenciais do cotidiano, como a higiene oral. Este por sua vez, resultando nas inúmeras doenças que afetam a cavidade oral.

Novos estudos exploratórios e intervencionais são necessários abordando a relação e influência do crack em desfechos orais. Sugere-se que estes estudos foquem nos reflexos gerados por cada substância psicoativa de maneira isolada, evitando interações com outras drogas. Além disso, metodologias adequadas devem ser aplicadas, sendo que as pesquisas em clínicas de reabilitação sofrem influência devido a um viés de seleção provocando uma descaracterização do perfil de usuários regulares de drogas psicoativas.

Tendo em vista os efeitos dos diferentes tipos de drogas, a dificuldade da coleta de dados, a interação de utilização dessas substâncias, bem como a incapacidade de registro histórico de seu consumo, os achados até o presente tornam as afirmações inconclusivas. Questionamentos sobre as associações entre os diferentes tipos de substâncias psicoativas e os desfechos em saúde, sendo esses mensurados por parâmetros microbiológicos, histopatológicos e clínicos devem ser constantemente reavaliados, em busca da obtenção de resultados relevantes ao meio científico. Além de serem impactantes e promotores de mudanças para a sociedade.

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ANEXOS

Anexo 1:

Centros de Atenção Psicossocial

CAPS II Prado Veppo Fone: 3921-7042 Avenida Helvio Basso, 1245 (Atende Pessoas com Transtornos Mentais Graves)

CAPS Ad II Caminhos do Sol Fone: 3921-7144 Rua Euclides da Cunha, 1695 (Atende Pessoas com Transtornos decorrentes do uso abusivo de Álcool e outras Drogas)

CAPS Ad II Cia do Recomeço Fone: 3921-1099 General Neto, 579 (Atende Pessoas com Transtornos decorrentes do uso abusivo de Álcool e outras Drogas)

CAPS i II - O Equilibrista Fone: 3921-7218 Rua Minas Gerais, nº 11, esquina Rua Gaspar Martins (Atende Crianças e Adolescentes com Transtornos Mentais)

Outros Serviços:

Ambulatório de Saúde Mental Fone: 3921-7028 Silva Jardim, 1383 (Atendimento Psicológico e Psiquiátrico para pessoas com transtornos Mentais Leves e Moderados).