26
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA IMPLANTOSSUPORTADA TRABALHO DE GRADUAÇÃO Andressa da Silveira Larissa Bittencourt Castro Santa Maria, RS 2015

FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

  • Upload
    lydan

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA IMPLANTOSSUPORTADA

TRABALHO DE GRADUAÇÃO

Andressa da Silveira Larissa Bittencourt Castro

Santa Maria, RS

2015

Page 2: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA IMPLANTOSSUPORTADA

Andressa da Silveira Larissa Bittencourt Castro

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Odontologia, do Centro de Ciências da Saúde, da Universidade Federal de Santa Maria

(UFSM,RS) como requisito parcial para obtenção do grau título de Cirurgiã Dentista

Orientador: Prof. Cláudio Figueiró

Santa Maria, RS, Brasil

2015

Page 3: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências da Saúde

Curso de Graduação em Odontologia

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia de Graduação

FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA IMPLANTOSSUPORTADA

elaborada por Andressa da Silveira

Larissa Castro Bittencourt

como requisito parcial para obtenção do título de Cirurgiã Dentista

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________ Prof. Cláudio Figueiró (UFSM)

(Presidente/Orientador)

______________________ Profa. Kátia Olmedo Braun

________________________ Prof. Osvaldo Bazzan Kaizer

Santa Maria, julho de 2015.

Page 4: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

RESUMO

Monografia de Graduação Curso de Odontologia

Universidade Federal de Santa Maria

FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA IMPLANTOSSUPORTADA

AUTORAS: ANDRESSA DA SILVEIRA LARISSA CASTRO BITTENCOURT

ORIENTADOR: CLÁUDIO FIGUEIRÓ

Data e Local da Defesa: Santa Maria, 01 de julho de 2015.

Os conceitos e princípios de oclusão estão intrinsicamente ligados a todas as áreas da odontologia, e a Implantodontia é uma das especialidades que não pode ficar a parte desse conhecimento. Os fatores biomecânicos, dentre eles as diferenças elementares entre dentes e implantes e a presença de sobrecargas oclusais, devem ser de amplo conhecimento, a fim de diminuir as complicações biomecânicas as possíveis falhas no tratamento. Desse modo o conhecimento dos principais esquemas oclusais é essencial no planejamento de qualquer prótese implantossuportada. O objetivo desta revisão de literatura foi descrever os principais fatores oclusais envolvidos em uma reabilitação com próteses sobre implantes, abordando as diferenças biomecânicas entre dentes e implantes, sobrecargas oclusais e as principais aplicações clínicas. Palavras-chave: Oclusão Dental; Implantes Dentários; Prótese dentária.

Page 5: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

ABSTRACT

Graduate thesis Dentistry course

Federal University of Santa Maria

FACTORS IN THERAPY OCCLUSAL IMPLANT-PROSTHETIC

AUTORAS: ANDRESSA DA SILVEIRA LARISSA CASTRO BITTENCOURT

ORIENTADOR: CLÁUDIO FIGUEIRÓ

Date and Place of Defense: Santa Maria, July 1, 2015.

The concepts and principles of occlusion are intrinsically linked to all areas of dentistry and implant dentistry is one of the specialties that can not be part of that knowledge. The biomechanical factors should also be ample to know the incremental differences between teeth and implants, as well as the occlusal overloads in order to reduce the mechanical complications and possible treatment failures. Thus the knowledge of the main occlusal schemes is essential in planning any implant-supported prosthesis. The aim of this review was to evaluate the main occlusal factors in prosthetic implant, addressing the differences between teeth and implants, occlusal overload and the main clinical applications. Keyword: Dental occlusion; Dental prosthesis; Dental implants;

Page 6: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO..................................................................................................... 6

1 REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 8

1.1 Diferenças entre dentes e implantes......................................................... 8

1.2 Sobrecargas oclusais.................................................................................. 9

1.3 Esquemas Oclusais para diferentes tipos de próteses sobre

implantes.............................................................................................................

12

1.3.1 Oclusão em implantes unitários.................................................................. 12

1.3.2 Oclusão em próteses parciais fixas posteriores ........................................ 13

1.3.3 Oclusão em próteses fixas tipo protocolo................................................... 14

1.3.4 Oclusão em Overdentures ......................................................................... 15

2 METODOLOGIA............................................................................................... 17

3 DISCUSSÃO.................................................................................................... 18

CONCLUSÃO...................................................................................................... 21

REFERENCIAS................................................................................................... 22

Page 7: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

6

INTRODUÇÃO

A oclusão e o posicionamento dental são de suma importância em uma das

funções mais elementares na vida do ser humano: A mastigação. As atividades

básicas de deglutição, mastigação e fala, necessitam não só da posição dos dentes

nos arcos dentais, como também do relacionamento com seus antagonistas

(OKESON, 2000).

Entender essa relação, desde o que é uma oclusão ideal, até o que é uma

oclusão patológica é de fundamental importância no planejamento de qualquer

reabilitação protética (MEZZOMO, 2007) principalmente, em se tratando de próteses

implantossuportadas.

Os implantes dentários osseointegrados datam das décadas de 50 e 60. Dr.

Per-Ingvar Branemark havia desenvolvido um mecanismo alternativo de implante,

até então não usado na época. O grupo pesquisava a microcirculação sanguínea

intra-óssea com o auxílio da introdução de uma câmara de crescimento óptico

dentro do tecido ósseo de animais, quando se observou que o metal titânio havia

aderido ao osso. Desde então, o advento de um novo modelo para sustentação de

próteses em pacientes edêntulos vêm revolucionando os métodos de reabilitação

oral (GEHRKE, 2005).

Contudo, no que diz respeito à próteses suportadas por implantes, é preciso

esclarecer que a biomecânica de funcionamento dessas próteses não acontece da

mesma maneira que as dentossuportadas.

O conhecimento da biomecânica dos implantes deve estar presente em todo

e qualquer planejamento protético reabilitador, pois é a chave da longevidade

desses tratamentos. Esse é um cuidado elementar na confecção de toda e qualquer

prótese suportada por implantes, a observação incorreta dos contatos oclusais

ocasionam concentrações de tensões que provocarão problemas mecânicos,

ocasionando desde a fratura da prótese, do parafuso que fixa a prótese ou do pilar

protético, até o afrouxamento desses parafusos, ou mesmo provocando a perda da

ósseointegração (CARDOSO, 2002).

O tratamento restaurador com implantes, como já falado, é extremamente

criterioso, pois relaciona um trabalho conjunto da maioria das especialidades

odontológicas, onde a inter-relação é a chave do sucesso na execução das próteses

Page 8: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

7

sobre implantes (CARDOSO, 2002).

Nesse contexto, a oclusão é uma das especialidades-chave no sucesso de

um tratamento restaurador/reabilitador implanto-suportado, principalmente a longo

prazo.

Os conceitos de oclusão que são usados em restauração protética na

dentição natural têm sido classicamente apoiados em considerações de

planejamento em próteses sobre implantes. Talvez por descuido, esses conceitos

têm sido transferidos pura e simplesmente para as restaurações implanto-

suportadas. Porém, considerando as diferenças nos mecanismos de apoio de

implantes e dos dentes naturais, muitos questionamentos sobre a adequação

dessas modalidades em restaurações implanto-suportadas permanecem sem

resposta (MENDES, 2013).

Os objetivos do presente trabalho são, através de uma revisão de literatura

baseada em estudos clássicos sobre fatores oclusais em Implantodontia, trazer uma

abordagem completa e esclarecedora sobre as diferenças elementares entre dentes

e implantes, fatores de sobrecarga oclusal e as diferentes aplicações clínicas para

os tratamentos protéticos implantossuportados mais eleitos pelos cirurgiões-

dentistas na clínica odontológica.

Page 9: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

8

1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Diferença entre dentes e implantes

Uma das mais importantes diferenças entre dentes e implantes é que os

implantes estão rigidamente unidos ao osso alveolar sem o auxílio do ligamento

periodontal (LP), esse que se apresenta como uma estrutura importantíssima na

evolução, e de grande poder de sensibilidade, capaz de detectar desde restaurações

altas com excesso menor que a espessura de um fio de cabelo até como elemento

de proteção na presença de sobrecargas oclusais e na absorção de choques,

participando ativamente das mudanças na oclusão (MENDES, 2013).

É interessante salientar que os valores médios de deslocamento axial dos

dentes na cavidade oral são de 25-100 µm, enquanto que a dos implantes dentários

osseointegrados, a amplitude do movimento cai para cerca de aproximadamente 3-5

µm segundo Sekine et al. (1986) e Schulte (1995). Além disso, a mobilidade do

dente através do ligamento periodontal pode fornecer adaptabilidade à deformação

esquelética na mandíbula ou na torção de dentes naturais, vantagens essas que não

contemplam os implantes dentários devido à falta de LP. Após a carga, o movimento

de um dente natural começa com uma fase inicial de conformidade periodontal que é

essencialmente complexo e não linear, seguido por uma fase secundária de

movimento que ocorre com o engajamento do osso alveolar (SEKINE et al., 1986;

SCHULTE,1995).

Em contrapartida, um implante carregado inicialmente desvia em um linear

elástico padrão, e o movimento dos implantes sob a carga é dependente da

deformação elástica do osso. Sob a carga, a capacidade de deformação e

compressibilidade do LP em dentes naturais irá fazer a diferença na adaptação em

comparação com implantes osseointegrados (MISCH, 1993; SCHULTE, 1995). Um

dente natural se move rapidamente e gira cerca de 56-108 µm no terço apical da raiz

em uma carga lateral (PARFITT, 1960), e as forças laterais sobre o dente são

diminuídas imediatamente a partir da crista óssea ao longo da raiz (HILAM, 1973).

Já o movimento do implante ocorre de forma gradual atigindo cerca de até 10-50 µm

Page 10: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

9

sob uma carga lateral semelhante. Além disso, há concentração de forças maiores

na crista do osso circundante dos implantes sem qualquer rotação dos mesmos

segundo Sekine (1986). Richter (1998) relatou que uma carga transversal e o

apertamento em contatos cêntricos resultou em um maior estresse na crista óssea.

Esses estudos sugeriram que o implante sustenta uma maior proporção de cargas

concentradas na crista do osso circundante. Já nos dentes naturais, O LP tem

funções neurofisiológicas no receptor que transmitem informações do nervo

correspondente que termina com o controle reflexo para o sistema nervoso central.

Contudo, nesse contexto de ausência de proprioceptores periodontais do

ligamento, os pacientes reabilitados por implantes acusam uma sensação tátil

quando esses implantes são estimulados mecânicamente, a chamada:

osteopropriocepção. Esse fenômeno é diferente dos sinais transmitidos pelo

periodonto, porém, parece compensar parcialmente a falta da propiocepção

(FRANCISCHONE, 2008).

Estudos mostram que quando implantes são estimulados mecânicamente

ocorre a transmissão de potenciais de ação que passam pelo nervo alveolar inferior,

mostrando que há ali condução nervosa. Esse fenômeno se daria em decorrência de

que há formação de novos terminais sensitivos junto ao implante ou em receptores

que estão distantes localizados no osso ou tecido mucoso (WEINER, 1995).

1.2 Sobrecargas oclusais

Um dos fatores mais importantes a serem levados em consideração na hora

de se refletir sobre sobrecargas oclusais em implantes é o tamanho do cantiléver.

Um cantiléver grande em próteses sobre implantes pode resultar em diversas

situações de fracasso no tratamento, como a reabsorção óssea, periimplantite e

falha protética (LINDQUIST et al.,1988).

Cargas oclusais na região de cantiléver causam maiores forças axias e

movimentos de alavanca aos implantes, principalmente os mais distais, e quando

essas próteses são suportadas com três implantes a força que incidir sobre eles

será muito mais exagerada do que com cinco ou seis implantes. O tamanho desse

cantiléver é uma condição relevante a ser levada em consideração, já que próteses

com cantiléver longo, maior que 15mm serão mais suscetíveis a falhas do que as

Page 11: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

10

próteses com cantiléver menor que 15mm (SHACKLETON et al., 1994). Esse fato

torna-se ainda mais pertinente em próteses com número reduzidos de implantes.

Nem sempre é praticável conseguir ter uma proporção implante/coroa

adequada de 1:1 em decorrência de inúmeras razões de cunho anatômico. Nas

próteses implantossuportadas em região posterior, o cantiléver distal é mais

corriqueiro, pois a baixa qualidade óssea encontrada nessa região necessita de um

modelo protético com essa configuração (SABA, 2001). A delimitação de um

cantiléver vai depender da localização, intensidade das forças mastigatórias e o

tamanho do pôntico (SHACKLETON et al., 1994). Outro fator que pode atuar como

cantiléver seria um sobrecontorno da prótese, tanto anterior quanto posterior,

aumentando o estresse nas estruturas de suporte durante o carregamento (SABA,

2001). Potencializado pela região biomecânicamente desfavorável da região

posterior, até mesmo um contorno normal em uma prótese implantossuportada

palatinizada nesse ambiente pode maximizar uma ação de alavanca vestibular, o

que numa região de osso com baixa densidade e elevado índice de cargas não é

nada favorável, portanto o estabelecimento de uma oclusão com mordida cruzada

poderá evitar esse cantiléver vestibular e distribuir melhor as cargas (KIM, et al.,

2005).

Nesse contexto, a parafunção apresenta-se como um fator de sobrecarga

oclusal, o bruxismo ou o apertamento dental também acarretam complicações nas

próteses (PEREL, 1994). Forças oclusais exacerbadas e a inadequada distribuição

dos contatos aumentam os índices de fraturas e falhas nos implantes, reabsorções

ósseas marginais e deformações na prótese (RANGERT et al., 1995). A questão é

que poucos estudos na literatura têm o objetivo de esclarecer a relação entre

bruxismo e implantes, de fato um dos únicos estudos experimentais realizados

conclui que a reabilitação prótetica por implantes não agrava uma situação de

bruxismo (TOSUN et al., 2003), mas a cautela que é causada devido a instalação de

implantes em pacientes com bruxismo é que o excesso de sobrecargas na região

causa falhas nos implantes e consequentemente na prótese (GROSS, 2008). Á luz

dessas informações, Manfredini et al. (2011) sugeriu práticas para reduzir o risco de

falha do implante em pacientes com bruxismo, como respeitar o tempo de

carregamento normal do implante, usar o maior número de implantes e com o maior

diâmetro possível, permitir maior liberdade de movimentos para as áreas de contato

oclusais em máxima intercuspidação, fazer uso de placas mio-relaxantes e

Page 12: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

11

considerar a baixa densidade óssea como um fator de risco ao tratamento.

A qualidade óssea é outra questão decisiva no sucesso de tratamentos

reabilitadores com implantes, o excesso de cargas em um osso de baixa qualidade

comprometerá a longevidade clínica dos tratamentos reabilitadores implanto-

suportados (KIM et al., 2005). Diante de dificuldades como essa, o carregamento

progressivo do osso, proporciona uma melhora no desenvolvimento na interface

osso/implante, o que ocasiona a melhor adaptação óssea com o aumento gradual da

carga. Segundo Misch (1990) o período para a progressividade da carga oclusal

com graduais acréscimos foi estabelecido em seis meses, observando-se uma

melhora na densidade óssea e diminuição de perda óssea na crista.

A carga imediata também é uma opção, mas se usada deve-se levar em

conta alguns pré-requisitos do paciente como: estabilidade inicial, comprimento dos

implantes, ajuste oclusal e, imprescindivelmente, uma avaliação caso a caso,

evitando-se sempre que possível, toques em lateralidade durante os movimentos

excursivos da mandíbula (FRANCISCHONE, 2008).

O mecanismo de cargas e tensões sobre o osso é complexo e tem uma

relação limite com as sobrecargas oclusais. Durante uma carga funcional normal a

homeostase óssea é mantida através de um processo contínuo de reabsorção óssea

e aposição de um novo osso. Descrições na literatura de respostas teciduais

periimplantares a sobrecarga oclusal não são evidentes, a hipótese mais plausível

até agora para explicar a perda progressiva do osso a nível cervical em resposta a

uma carga excessiva é a de micro-danos por fadiga resultando na reabsorção óssea

(FRANCISCHONE, 2008). Sugere-se que histologicamente quando o dano excede a

capacidade de reparo acontece a perda óssea de maneira irreversível, a maior parte

destes dados derivam a partir de estudos em modelos animais que tenham

inteferências oclusais que permitiram a formulação de várias considerações a cerca

de sobrecargas (DUYICK et al., 2001).

Segundo Schwarz (2000) a sobrecarga oclusal sobre o implante acarreta

complicações clínicas do tipo: afrouxamento do parafuso; fratura do parafuso; fratura

da barra protética; fraturas de materiais de revestimento; fratura da prótese;

reabsorção óssea marginal ao longo do implante; fratura e falha do implante; e que

de acordo com o mesmo autor poderiam ser evitadas se princípios biomecânicos

forem levados em consideração durante o planejamento, como: redução do

comprimento do cantilever, adaptação passiva da prótese; redução da mesa oclusal,

Page 13: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

12

redução da profundidade das cúspides; eliminação dos contatos excursivos e

centralização dos contatos oclusais.

1.3 Esquemas Oclusais para diferentes tipos de próteses sobre implantes

São inúmeros e diferentes os tipos de situações clínicas que nos deparamos

na tentativa de reabilitação oral com implantes osseointegrados. Todas as questões

nos levam a diferentes estratégias de esquemas oclusais, para que haja nestas

próteses o máximo de desenvolvimento de sua função e consequentemente

proteção e manutenção dos implantes. Por isso é preciso esclarecer o melhor

protocolo oclusal para cada tipo de prótese:

1.3.1 Oclusão em implantes unitários

A oclusão em implantes unitários deve primordialmente sempre optar pela

minimização de forças oclusais sobre o implante e, assim sendo, também conseguir

distribuí-las aos dentes naturais adjacentes. Para tanto é necessário que todas as

guias anteriores e laterais sejam obtidas a partir de dentes naturais e os contatos

nos lados de trabalho e não trabalho devem ser evitados na prótese sobre o

implante. Preconiza-se a obtenção de contatos leves na mordida forte e nenhum na

mordida leve (ENGELMAN, 1996), pois assim poder-se-á dar uma abordagem

razoável na equalização das forças de oclusão em dentes e implantes

(LUNDREGREN, 1994).

Há ainda a possibilidade de como nas próteses fixas posteriores aplicar

conceitos como menor inclinação das cúspides, contatos centralizados e mesa

oclusal mais estreita para próteses unitárias sobre implantes (WEINBERG, 1998).

Orientar os contatos oclusais na posição mais central em próteses de molares

unitários sobre implantes são elementares para reduzir os movimentos de flexão

atribuídos aos problemas mecânicos e fraturas de implantes (WENNERBERG,

1999). A obtenção de maiores contatos proximais na região posterior pode contribuir

para proporcionar estabilidade adicional à prótese (MISCH, 1999).

A colocação de dois implantes para um único molar acarreta em menor

desaperto dos parafusos e altas taxas de sucesso. Porém, quando há a instalação

de dois implantes em um espaço limitado se torna uma questão a ser reavaliada,

Page 14: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

13

pois pode vir a trazer dificuldades na higienização e na resolução protética de

acordo com Balshi (1996). Um implante que tenha maior diâmetro e que esteja bem

posicionado se torna a melhor opção, pois não dificultaria na higiene e nem

contribuiria para problemas biomecânicos (BECKER, 1995).

1.3.2 Oclusão em próteses parciais fixas posteriores

Para as próteses posteriores implanto suportadas, a existência de guia

anterior em movimentos excursivos e contatos oclusais iniciais em dentes naturais

durante o início da oclusão reduzem significativamente as forças laterais aplicadas

sobre os implantes osseointegrados (MENDES, 2013).

Em movimentos de lateralidade excursivos, devem ser removidas as

interferências nos lados de trabalho e não trabalho de próteses sobre implantes

posteriores. Como também, uma menor inclinação das cúspides, contatos mais

centralizados na oclusal, uma mesa oclusal estreita e a eliminação de cantilévers

mostram-se como fatores importantes para se obter controle da sobrecarga oclusal

nas reabilitações na região posterior (WEINBERG,1998; CURTIS, 2000).

Já a desoclusão em grupo deveria ser utilizada apenas quando existe um

comprometimento periodontal dos dentes anteriores (MISCH, 1994).

Quando se trata de implantes posteriores em maxila, onde a densidade óssea

é baixa (qualidade óssea tipo IV), preconiza-se a redução da distância vestíbulo-

lingual da plataforma oclusal em 30%, como também uma alimentação pastosa,

esses mostram-se como fatores significativos para diminuir os movimentos de flexão

em próteses fixas com três elementos. Em casos de carga imediata, no período

inicial de cicatrização também preza-se pela alimentação pastosa e a redução da

plataforma oclusal (MORNEBURG, 2003).

O tripoidismo também mostra-se como um esquema geométrico que

estabelece uma condição vantajosa em implantes instalados na maxila, assim como

o posicionamento axial e redução na distância entre os implantes posteriores,

diminuindo a sobrecarga oclusal e riscos de complicações clínicas (WENNERBERG,

1999; BELSER, 2000).

Ocorre ainda a chance de combinar mordida cruzada com implantes

posicionados com inclinação para palatina para reduzir o cantiléver vestibular e

melhorar a distribuição de cargas axiais sobre a prótese (WEINBERG, 1998).

Page 15: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

14

A união entre implantes também pode ser uma possibilidade, apesar de

muitas vezes comprometer a função da higiene e a estética. A esplintagem

apresenta-se como um recurso seguro, apesar de os implantes serem anquilosados

e não se movimentarem. A necessidade da união de implantes em situações de

cantiléver não é a única, existem outras condições onde a união dos implantes deve

ser considerada segundo Wassel (2008):

- Implantes na região posterior de maxila, pois existem cargas elevadas

e o osso é de baixa qualidade;

- Implantes na região onde houve enxertos, principalmente na posterior;

- Quando contatos oclusais que sejam excursivos sobre o implantes

forem inevitáveis;

- Implantes que sejam curtos e com diâmetro reduzido, em especial

aqueles envolvidos em contatos excursivos;

- Em situação de cantiléver;

- Em situação de bruxismo ou parafunção. A placa oclusal é

recomendada para o uso noturno.

Na região posterior quando houver união dos implantes, existe a possibilidade

de se aplicar o posicionamento angulado para os implantes, fazendo com que sejam

distribuídos fora do eixo central das coroas protéticas, assim diminuindo a

sobrecarga na região do cantiléver. As próteses parafusadas sempre irão requerer

assentamento passivo, pois quando essa situação não ocorre a tensão será

transmitida ao implante e osso cervical durante o aperto do parafuso. Tensões essas

que comprometem o resultado da oclusão e que como consequência pode ocasionar

falha mecânica (fratura da porcelana, por exemplo).

1.3.3 Oclusão em próteses fixas tipo protocolo

As próteses fixas do tipo protocolo são dispositivos de reabilitação total de

arcos edêntulos, o que por si só já representa uma situação desafiadora ao

cirurgião-dentista já que o reestabelecimento das dimensões perdidas não é tarefa

fácil.

A oclusão balançeada bilateral é a mais preconizada nesses casos,

principalmente quando o arco antagonista faz uso de uma prótese total

convencional. Já quando o antagonista for um arco com dentição natural o esquema

Page 16: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

15

mais indicado seria a desoclusão em grupo, mas a oclusão mutuamente protegida

com guia anterior leve também representa uma opção em casos de dentição natural

como arco oposto. Os contatos simultâneos bilaterais e ântero posteriores em MIH e

RC devem ser conquistados equalizando as forças nos movimentos oclusais

(CHAMPMAN, 1989).

É preciso também que haja um controle dos movimentos em lateralidade,

para que não aconteçam contatos em cantiléver nos lados de trabalho e balanceio

(LUNDGREN, 1994). Manter uma distância de espaço funcional livre entre 1 à 1,5

mm é necessário para se ter linhas de força vertical favoráveis para minimização dos

contatos prematuros durante a função (WEINBERG,1998).

No caso de cantiléver, é preconizado deixá-lo em infra-oclusão, pois dessa

maneira irá reduzir a chance de fadiga mecânica e possível falha na prótese

(LUNDGREN et al., 1989). Em relação ao tamanho, cantiléver no arco mandibular

menor que 15mm possui um índice de sucesso maior. Já quando isso não puder

acontecer, não deve-se ultrapassar o limite de 10 a 12 mm na prótese em maxila,

pois a qualidade óssea não favorece a distribuição de forças no arco mandibular

(SHACKLETON et al., 1994).

O risco de falha do parafuso protético pode aumentar quando se utiliza guia

canina pois há excesso de concentração de forças nessa região (MENDES, 2013).

1.3.4 Oclusão em Overdentures

Nas overdentures a oclusão balanceada bilateral é o esquema de maior

resolutividade para estes casos, de preferência onde haja mais contatos linguais

onde o rebordo ósseo apresente-se favorável para estabilizar a prótese (MENDES,

2013).

O uso da oclusão lingualizada também é preconizado como um esquema de

sucesso. Ela poder ser usada para reabilitação de arcos totais com implantes, já que

proporcionar uma oclusão mutuamente protegida nem sempre é possível. No

entanto a facilidade na qual a oclusão lingualizada pode ser determinada torna-se

uma grande vantagem deste esquema, já que direciona as cargas mastigatórias em

direção axial aos implantes dentais. O elemento chave é o arranjo dos dentes

posteriores em que as cúspides palatinas superiores ocluem com as fossas centrais

rasas dos dentes inferiores, não havendo contato entre as cúspides vestibulares

Page 17: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

16

inferiores e as palatinas superiores resultando em contatos inclinados e não axiais.

Este esquema apresenta facilidade no tempo de obtenção dele em laboratório e

possui uma oclusão posterior que pode ser vista tanto em ambiente clínico quanto

laboratorial, facilitando a identificação de contatos oclusais indesejáveis (DAVIES et

al., 2002).

A confecção de mesas oclusais que sejam mais planas favorece onde há

atrofia de rebordo (WISMEIJER et al., 1995). Mesmo assim, ainda não existem

estudos clínicos que sejam significativos demonstrando as vantagens de

estabilidade da oclusão balanceada bilateral em overdentures, no entanto há

concordância no uso deste esquema para este tipo de reabilitações (ENGELMAN,

1996).

Page 18: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

17

2 METODOLOGIA

O presente estudo de conclusão de curso foi realizado através de revisão de

literatura não sistemática, e teve como base artigos publicados em periódicos e

livros, sem um período de tempo estipulado. A pesquisa dos artigos científicos foi

feita através da plataforma PubMed. Foram pesquisados artigos que fossem de

interesse ao tema. Participaram da busca artigos de revisão de literatura e ensaios

clínicos que fossem nos idiomas inglês e português. As palavras-chave usadas na

busca foram: Dental occlusion; Dental prosthesis; Dental implants.

Page 19: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

18

3 DISCUSSÃO

O advento da Implantodontia vem revolucionando a prática odontológica a

partir da década de 90. Cada vez mais, tratamentos protéticos antes limitados à

retenção de um rebordo ainda não muito reabsorvido, onde próteses fixas eram

planejadas e elaboradas apenas se houvesse raízes em bom estado, hoje não mais

dependem de fatores como esses.

Contudo, inúmeras condições num tratamento reabilitador implantossuportado

devem ser avaliadas. A oclusão é uma delas. Na tentativa de se planejar da melhor

maneira próteses sobre implantes, muitos conceitos usados em próteses

convencionais foram adaptados para esse novo tipo de reabilitação. Porém é

imprescindível destacar as diferenças biomecânicas entre dentes e implantes, pois

elas irão ditar todo o planejamento e o bom prognóstico do tratamento, assim como

as considerações a serem feitas referentes às sobrecargas oclusais e os mais

indicados esquemas protéticos para os principais tipos de próteses sobre implantes.

Este estudo realizou uma revisão de literatura que foi pautada em cima de

princípios oclusais para tratamentos protéticos sobre implantes que são primordiais

para reabilitar de maneira adequada e que devem ser de amplo conhecimento na

clínica odontológica.

Primeiramente foi revisado as diferenças básicas entre dentes e implantes,

onde o ligamento periodontal é a principal diferença entre eles. Nos implantes há

ausência de ligamento periodontal, portanto o implante depois de osseointegrado

torna-se rigidamente aderido ao osso, podendo se dizer que está anquilosado.

Dessa maneira, algumas propiedades do ligamento periodontal são substituídas em

parte nos implantes por meio de um mecanismo diferente: a osteopropiocepção

(FRANCISCHONE, 2008), que parece ser um fenômeno compensatório a

propiocepção que não existe mais naquela região.

Para tentar explicar melhor esse fato, é preciso pensar que quando se extrai

um dente, as estruturas do ligamento periodontal são removidas totalmente,

inclusive seus terminais nervosos. A partir do momento em que um implante é

colocado no espaço daquele dente perdido, há a dúvida se estruturas neuronais são

formadas na região óssea periimplantar e de que tipo. Weiner (1995) afirma que

Page 20: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

19

quando implantes são estimulados mecânicamente ocorre a transmissão de

potenciais de ação que passam pelo nervo alveolar inferior, mostrando que há ali

condução nervosa.

A movimentação dos implantes também acontece de forma desigual,

enquanto os dentes naturais são capazes de se movimentar cerca de 25-100 μm,

os implantes apenas 3-5 μm, seu movimento é dependente da deformação elástica

do osso (SEKINE et al., 1986; SCHULTE,1995).

Richter (1998) e Sekine (1986) concordam quando alegam que há maior

concentração de forças oclusais na crista óssea marginal, esses estudos sugeriram

que o implante suporta uma maior concentração de cargas na crista do osso

circundante, o que não acontece em dentes naturais onde as forças são dissipadas

através do ligamento periodontal (HILAM, 1973). Fica claro que a presença ou

ausência das funções do LP faz uma diferença notável na detecção precoce de força

entre dentes e implantes.

Ao contrário dos dentes, as lesões de trauma oclusal sobre os implantes

acontecem de maneira irreversível (DUYICK et al., 2001), se não detectadas

precocemente podem levar a inúmeros tipos de falhas no tratamento.

Os principais fatores etiológicos para sobrecargas oclusais são o tamanho

dos cantilévers das próteses, parafunções como o bruxismo e a baixa qualidade

óssea, principalmente em região posterior de maxila.

Shackleton et al. (1994) e Lindquist et al. (1988) concordam que quanto maior

for o tamanho do cantiléver maior será a força de alavanca produzida sobre os

implantes, assim como o número de implantes também influenciará na distribuição

das cargas, quanto mais numerosos, dentro de um limite possível ao rebordo,

melhor será a distribuição das cargas.

A terapia protética implantossuportada também torna-se um desafio em

regiões onde há baixa densidade óssea, principalmente osso tipo IV. Misch (1990)

sugere que o carregamento progressivo do osso é um protocolo de resultados

positivos onde há melhora na densidade óssea e menos perda óssea na crista

marginal. O bruxismo também é fator determinante no sucesso de tratamento com

implantes. Estudos já comprovados (TOSUN et al., 2003) mostram que esse tipo de

tratamento não causa a parafunção mas, parece ser um agravante nesta

modalidade de reabilitação, já que causa sobrecargas às próteses, para isso

algumas questões práticas devem ser consideradas como respeitar o tempo de

Page 21: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

20

carregamento normal do implante, usar o maior número de implantes e com o maior

diâmetro possível, permitir maior liberdade de movimentos para as áreas de contato

oclusais em máxima intercuspidação, fazer uso de placas mio-relaxantes e

considerar a baixa densidade óssea como um fator de risco ao tratamento.

As complicações clínicas devido ao excesso de cargas foram verificadas por

Schwarz (2000) que relatou diferentes tipos de consequências aos implantes a às

próteses como afrouxamento do parafuso; fratura do parafuso; fratura da barra

protética; fraturas de materiais de revestimento; fratura da prótese; reabsorção

óssea marginal ao longo do implante; fratura e falha do implante.

O quadro abaixo representa resumidamente, com base na revisão de

literatura feita, os principais esquemas oclusais para cada tipo de prótese

anteriormente apresentada na Tabela abaixo (Tabela 1).

Tabela 1. Principais esquemas oclusais usados nas próteses implantossuportadas

SITUAÇÃO CLÍNICA ESQUEMAS OCLUSAIS

Implantes unitários

- Guias anteriores e lateralidade em dentes naturais - Contatos leves na mordida forte e nenhum na mordida leve - Menor inclinação das cúspides - Maiores contatos proximais - Contatos oclusais em posição cêntica

Prótese parcial fixa posterior

- Guia anterior em dentes naturais - Contatos centralizados na mesa oclusal - Menor inclinação das cúspides - Mesa oclusal estreita e minimização de cantiléver

Oclusão em próteses fixas tipo protocolo

- Oclusão balanceada bilateral x prótese total convencional - desoclusão em grupo ou mutuamente protegida X dentes naturais - Cantiléver em infra-oclusão

Oclusão em overdentures

- Oclusão balanceada bilateral - Oclusão lingualizada - Mesas oclusais planas quando houver atrofia de rebordo

Fonte: Elaborada pela autora.

Page 22: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

21

CONCLUSÃO

De acordo com as informações obtidas neste presente estudo, concluiu-se

que os objetivos principais ao se considerar a oclusão em próteses

implantossuportadas são de diminuir as sobrecargas oclusais para da melhor

maneira gerenciar possíveis complicações mecânicas.

- Há uma expressiva carência de ensaios clínicos conduzidos no campo da

oclusão em implantodontia.

- O conhecimento das diferenças biomecânicas entre dentes e implantes é

primordial num bom planejamento e que dele dependem um bom prognóstico das

próteses sobre implantes.

- Os diferentes tipos de próteses requerem diferentes tipos de planejamento e

esquemas oclusais com o objetivo de redução das forças oclusais e assim protegê-

las.

Page 23: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

22

REFERÊNCIAS

BALSHI, T.J.; HERNANDEZ, R.E.; PRYSZLAK; M.C.; RANGERT, B. A comparative study of one implant vs. two replacing a single molar. Int J Oral & Maxillofac Implants 11:372-378, 1996. BECKER, W. Replacement of maxiliary and mandibular molar with single endosseus implant restorations: a restrospective study. J Prosthet Dent, 7:51-55, 1995. BELSER, U.C.; MERICSKE-STERN, R.; BERNANR, J.P.; TAYLOR, T.D. Prosthetic management of the partially dentate patient with fixed implant restorations. Clin Oral Implant Res. 11( Suppl.1):126-145, 2000. BRUNSKY, J.B. In vivo bone response to biomechanical loading at the bonedental implant interface. Adv Dent Res. 13:88-119, 1999. CARDOSO, R.J.A. Oclusão/ATM, Prótese, Prótese sobre implantes e Prótese bucomaxilofacial. São Paulo: Artes Médicas. p. 545-546, 2002. CHAMPMAN, R.J. Principles of occlusion for implant prostheses: guidelines for position, timing, and force of occlusal contacts. Quintessence Int. 20:473-480, 1989. CURTIS, D.A.; SHARMA, A.; FINZEN, F.C.; KAO, R.T. Occlusal considarations for implant restorations in the patially edentolous patient. J Califor Dental Assoc. 28:771-779, 2000. DAVIES, S. J.; GRAY, R. J. M.; YOUNG, P. J. Good occlusal practice in the provision of implant borne prostheses. British Dental Journal, v.193, n.2, p. 79-88, 2002. DUYCK, J.; RONOLD, H.J.; VAN OOSTERWYCK, H.; NAERT, I.; VANDER SLOTEN J, ELLINGSEN, J.E. The influence of static and dynamic loading on marginal bone reactions around osseointegrated implants: an animal experimental study. Clin Oral Implants Res. 12:207-218, 2001. ENGELMAN, M.J. Occlusion. In: Clinical decision making and treatment planning in osseointegration. Chicago: Quintessence. p.169-176, 1996.

Page 24: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

23

FRANCISCHONE, C.E.; CARVALHO, P.S.P. Protese sobre implantes: planejamento, previsibilidade e estetica. São Paulo: Santos, 2008. GEHRKE, S.A. Implantodontia: fundamentos clínicos e cirúrgicos. Santa Maria: Bioface Editora, 2005. GROSS, M.D. Occlusion in implant dentistry. A review of the literature of prosthetic determinants and current concepts. Aust Dent J. 53 (Suppl1):S60-S68, 2008. HILAM, D.G. Stresses in the periodontal ligament. Journal of Periodontal Research. 8: 51–56, 1973. KIM, Y.; MISCH, C.E.; WANG, H.L. Occlusal considerations in implant therapy: clinical guidelines with biomechanical rationale. Clin Oral Implants Res. 16:26-35, 2005. LINDQUIST, L.W.; ROCKLER, B.; CARLSSON, G.E. Bone resorption around fixtures in edentulous patients treated whith mandibular fixed tissue-integrated prostheses. J Prosthetic Dent. 59:59-63, 1988. LUNDGREN, D.; LAURELL, L. Biomechanical aspects of fixed bridgework supported by natural teeth and endosseus implants. Periodontology 4:23-40, 1994. MENDES, W. B. Fundamentos de oclusão em odontologia restauradora: forma, função e estética. Nova Odessa, SP: Napoleão, 2013. MEZZOMO, E. Reabilitação oral contemporânea. São Paulo: Santos, 2007. MISCH, C.E.; BIDEZ, M.W. Implant-protected occlusion: a biomechanical rationale. Compendium.15:1330-1334, 1994. MISCH, C.E. Progressive bone loading. Practic Period Aesthetic Dent. 7:25-9. 1999. MISCH, C.E. Occlusal considerations for implant supported prostheses. In: MISCH, C.E., eds. Contemporary implant dentistry. 1st edition, 705–733. St. Louis: Mosby, 1994.

Page 25: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

24

MISCH, C.E. Endosteal implant for posterior single tooth replacement: alternatives, indications, contraindications, and limitations. J Oral Implantology 25:80-94, 1993. MORNEBURG, T.R.; PROSCHEL, P.A. In vivo forces os implants influenced by occlusal scheme and food consistency. Int J Prosthodont. 16:481-486, 2003. OKESON, J.P. Posicionamento e oclusão dental. In: ____. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão. São Paulo: Artes Médicas, 2000. p. 51. PARFITT, G.J. Measurement of physiological mobility of individual teeth in an axial direction. Journal Dental Research 39: 608–618, 1960. PEREL, M.L. Parafunctional habits, nightguards, and root form implants. Implant Dent. 3:261-3, 1994. RANGERT, B.; KROGH, P.H.; LANGER, B, VAN ROEKEL, N. Bending overload and implant fracture: a retrospective clinical analysis. Int J oral & Maxillofac Implants. 10:326-334, 1995. RICHTER, E.J. In vivo horizontal bending moments on implants. International Journal of Oral & Maxillofacial Implants, 13: 232–244, 1998. SABA, S. Occlusal stability in implant prosthodontics: clinical factors to consider before implant placement. J Can Dent Assoc. 67:522-6, 2001. SCHULTE, W. Implants and the periodontium. International Dental Journal. 45:16-26, 1995. SCHWARZ, M.S. Mechanical complications of dental implants. Clin Oral Implants Res.11(Suppl.): 156-158, 2000. SEKINE, H., KOMIYAMA, Y., HOTTA, H.; YOSHIDA, K. Mobility characteristics and tactile sensitivity of ossointegrated fixture-supporting systems. In: VAN STEENBERGHE, D. Tissue integration in oral maxillofacial reconstruction, 326–332. Amsterdam: Excerpta Medica, 1996.

Page 26: FATORES OCLUSAIS EM TERAPIA PROTÉTICA …coral.ufsm.br/odontologia/images/Documentos/TCC_2015/TCCAndressaS... · universidade federal de santa maria centro de ciÊncias da saÚde

25

SHACKLETON, J.L.; CARR, L.; SLABBERT, J.C.; BECKER, P.J. Survival of fixed implant-supported prostheses related to cantilever lengths. J Prosthet Dent. 71:23-6, 1994. TOSUN, T.; KARABUDA, C.; CUHADAROGLU, C: Evaluation of sleep bruxism by polysomnographic analysis in patients with dental implants. Int J Oral Maxillofac Implants.18:286-292, 2003. WEINBERG, L.A. Reduction of implant loading with therapeutic biomechanics. Implant Dent. 7:277-85, 1998. WEINER, S.; KLEIN, M.; DOYLE, J.L.; BRUN- NER, M. Identification of axons in the peri-im- plant region by immunohistochemistry. Int. J. Oral Maxillofac. Implants. 10(6): 689-95, 1995. WENNERBERG, A. JEMT, T. Complications in patially edentulous implant patients: a 5-year retrospective follow-up study of 133 patients supplied with unilateral maxillary prostheses. Clin Implant Dent & Related Res. 1:49-56, 1999. WISMEIJER, D.; VAN WASS, M.A.; KALK, W. Factors to consider in selecting an occlusal concept for patients with implants in the edentolous mandible. J Prosthet Dent. 74:380-384, 1995.