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Prevenção deEmergências Realização: Apoio: Secretaria Regional RS Fone (51) 3272.1700 E-mail: [email protected] Ação Social de Vacaria Fone (54) 3231.1373 E-mail: [email protected] Cáritas Diocesana de Cruz Alta Fone (55) 3322.6920 E-mail: [email protected] Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo Fone (51) 3035.4678 E-mail: [email protected] Ação Social Diocesana de Bagé Fone (53) 3241.1701 E-mail: [email protected] Cáritas Brasileira Regional Santa Catarina Fone (48) 3207.7033 E-mail: [email protected] Cáritas Diocesana de Rio do Sul Fone (47) 3521.2497 E-mail: [email protected] Cáritas Diocesana de Caçador Fone (49) 3563.2045 E-mail: [email protected] CONTATOS

CONTATOS deEmergências - rs.caritas.org.brrs.caritas.org.br/novo/wp-content/uploads/2014/10/revista18baixa... · ”Participando do projeto, aprendemos desde os conceitos básicos

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Prevenção�de�Emergências

Realização: Apoio:

Secretaria Regional RS

Fone (51) 3272.1700

E-mail: [email protected]

Ação Social de Vacaria

Fone (54) 3231.1373

E-mail: [email protected]

Cáritas Diocesana de Cruz Alta

Fone (55) 3322.6920

E-mail: [email protected]

Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo

Fone (51) 3035.4678

E-mail: [email protected]

Ação Social Diocesana de Bagé

Fone (53) 3241.1701

E-mail: [email protected]

Cáritas Brasileira Regional Santa Catarina

Fone (48) 3207.7033

E-mail: [email protected]

Cáritas Diocesana de Rio do Sul

Fone (47) 3521.2497

E-mail: [email protected]

Cáritas Diocesana de Caçador

Fone (49) 3563.2045

E-mail: [email protected]

C O N TAT O S

Prevenção de Emergências - Cáritas 0302 Prevenção de Emergências - Cáritas

Responsáveis pelo projeto

Equipe do Secretariado Regional da Cáritas Brasileira –

Regional RS e Regional SC

Coordenação geral

Jacira Teresinha Dias Ruiz (2011 a 2014) - Secretariado

Regional da Cáritas RS

Luiz Stephanou (2010)

Coordenadores regionais: agentes de Cáritas e

articuladores

Diocese de Bagé:

Nilza Mar Fernandes de Macedo; Luciana Souto Dias

(2010) e Lirba Maria da Costa Machado, Maria Isolete

Pena Dutra e Renato Nunes Machado 2011 a 2014;

Diocese de Cruz Alta:

Irmã Joana Cuminiki (2010 - 2012) e Evane Winck Bertoti

(2010 - 2011) e Cinara Dorneles Machado (2012 a 2013);

Diocese de Novo Hamburgo:

Cláudio Roberto Shaab; Luiz Heron Scherer (2011 - 2012)

e Douglas Marques em 2013;

Diocese de Vacaria:

Orildo Carlos Bassoli; Vania Boneto, Clair Toseto e Salete

Pillonetto;

Santa Catarina

Fabiana Gonçalves- Secretariado Regional da Cáritas SC

Diocese de Caçador: Marilene Cristiane Goetten de

Oliveira e Maria Ines Morona Ramos

Diocese de Rio do Sul: Irmã Carmela Panini e Juliana

Nogueira do Nascimento Oliveira.

Expediente

Equipe de Sistematização e Redação:

Marcia Santos da Silva, Zadelene Zaro e

Jacira Teresinha Dias Ruiz

Design Editorial:

Dora Bragança Castagnino / www.patuasocial.com.br

P A R C E I R O S .

Nosso agradecido reconhecimento a todos os parcei-

ros que apoiaram o Projeto de Prevenção de Emer-

gências: construindo comunidades mais seguras –

PPE, nos municípios onde foi realizado.

Foram tantas parcerias importantes ao longo dos

anos que optamos por representar a todos citando: a

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural -

EMATER, escolas, paróquias, Sindicatos da Agricultu-

ra Familiar, Prefeituras Municipais (Secretarias de

Meio Ambiente, Educação, Obras, Desenvolvimento

Social - Centros de Referência em Assistência Soci-

al/CRAS, Coordenadorias Municipais de Proteção e

Defesa Civil) e tantos outros.

Essa caminhada só foi possível pela aposta que a Cári-

tas Alemã fez na construção de um projeto para além

das ações emergênciais no Rio Grande do Sul e Santa

Catarina. Os recursos investidos no PPE pelo Governo

Alemão, através da Cáritas Alemã, possibilitaram

avanços no protagonismo comunitário, na consciên-

cia crítica sobre as mudanças no clima e sobre a

importância da participação cidadã no cenário polí-

tico para que o Estado garanta a proteção da vida em

condições dignas. Nosso profundo reconhecimento

por nos possibilitarem trilhar este caminho!

Do percurso realizado, fica a certeza de que o traba-

lho coletivo e participativo deixou sementes de

mudança em relação à gestão de riscos e prevenção

de emergências e um novo olhar para a importância

da preservação do meio ambiente. Certeza também

de que só foi um começo!

Introdução .............................................................

1. O Projeto: uma janela que se abre .............................

2. De onde partimos ..................................................

A Cáritas e as emergências socioambientais ..................

O que estamos fazendo com a Mãe Terra? .....................

Àgua – desafio central ............................................

3. Como seguimos .....................................................

3.1. Realidades locais ............................................

3.2. Metodologia – O fazer coletivo ............................

3.3. Atividades: uma visão geral ...............................

4. As Experiências nos territórios ..................................

4.1. Politicas Públicas – Eixos 1 e 2 ..............................

4.1.1. Construindo a superação das vulnerabilidades ........

4.1.1.1. Avaliação dos resultados ....................................

4.1.2. Diálogo, parcerias e participação social ................

4.1.2.1. Avaliação dos resultados ....................................

4.2. Ações pedagógicas – Eixo 3 ..................................

4.2.1. Construção de conhecimento ............................

4.2.2. Práticas pedagógicas .......................................

4.2.3. Avaliação dos resultados ...............................

4.3. Vivendo e aprendendo ......................................

5. Desafios para o futuro ............................................

6. Anexo ................................................................

Protagonistas sim, vítimas nunca! .................................

S U M Á R I O

04 Prevenção de Emergências - Cáritas

INTRODUÇÃONessa publicação vamos falar sobre o projeto

Prevenção de Emergências: construindo comu-

nidades mais seguras, que apelidamos de 'PPE'.

Esse projeto envolveu centenas de pessoas em

nove municípios do Rio Grande do Sul e dois de

Santa Catarina.

O objetivo desta publicação é partilhar com você,

que também está comprometido ou interessado

no tema da prevenção, uma multiplicidade de

ideias inspiradas e inspiradoras em uma diversi-

dade de práticas, vivenciadas por pessoas como

nós, que temos compromisso com um mundo ambi-

entalmente sustentável e socialmente justo.

Com a sistematização dessas experiências, pre-

tendemos fazer uma espécie de prestação de

contas aos parceiros e compartilhar a experiência

com quem deseja conhecer a metodologia. Com

isso, esperamos que a visualização do projeto

traga elementos para reflexão sobre algumas

possibilidades concretas de trabalhar com a pre-

venção de emergências, inclusive a partir dessa

experiência, que pode ser aperfeiçoada com

outras iniciativas.

Especialmente, queremos devolver para todas as

pessoas que participaram das atividades do PPE

os resultados obtidos, em seus acertos, obstácu-

los e desafios enfrentados, ao longo destes quatro

anos.

A seguir, apresentamos um breve histórico da

construção do projeto e três textos iniciais que

pretendem sinalizar o entendimento da Cáritas

sobre o contexto das emergências. Em seguida,

temos o foco central desta publicação: retratar

as várias ações realizadas; entendendo que siste-

matizar uma experiência não é fazer um relatório

exaustivo, mas retomá-la com intuito identificar

os êxitos e as lacunas. A reflexão sobre a caminha-

da pode gerar aprendizados para ações futuras.

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Prevenção de Emergências - Cáritas 05

Encontro de jovens de São João da Urtiga, Maximiliano de Almeida e Paim Filho para reetir sobre desafios e possibilidades da juventude camponesa.

”Participando do projeto, aprendemos desde os conceitos básicos de preservação do meio ambiente até as maneiras mais adequadas de recuperar uma nascente. Hoje vemos o PPE de extrema importância, tanto para

nós, quanto para a comunidade, porque embora muitos digam que não, todos sabemos a situação em que está o planeta. Se cada um de nós começasse a fazer o necessário em nossa cidade, em nossa propriedade, já mudaria. E

nesse sentido, o projeto foi fundamental, porque o que faltava era incentivo, apoio e principalmente informação para que se começasse a recuperação de uma nascente”.Natália – estudante - Paim Filho

Prevenção de Emergências - Cáritas 0706 Prevenção de Emergências - Cáritas

1.�O�Projeto:�uma�janela�que�se�abre�

PREVENIR�DESASTRES�É�MINIMIZAR�O�SOFRIMENTO�COLETIVOTrabalhar na prevenção é ser coeren-

te com a compreensão de que os

desastres ambientais que colocam as

populações em situações de emer-

gência não são apenas resultados da

natureza em seus ciclos. São, antes,

resultados de um processo de inter-

venção humana que não respeita

essa mesma natureza e a explora de

forma desmedida. Essa forma de

atuação segue um modelo de desen-

volvimento que privilegia o cresci-

mento econômico, não dando impor-

tância à perspectiva que considera os

direitos da natureza e o bem viver do

ser humano.

A prevenção implica também no

reconhecimento de que a parcela da

população mais vulnerável e excluí-

da do atual modelo socioeconômico

é a que mais sofre as graves conse-

quências dos desastres ambientais.

Esses grupos são excluídos de um

conjunto de bens sociais a que todos

deveríamos ter acesso, mas a maio-

ria não tem tido os direitos garanti-

dos. Neste sentido, cabe a organiza-

ção de todos para reivindicá-los,

inclusive para conquistar o direito de

viver sem risco de desastres e de ser

protegido caso eles venham aconte-

cer. Por isso, nosso trabalho envolve

principalmente a promoção do deba-

te em torno da mobilização para o

fomento a quali�icação das políticas

públicas, assim como, para a imple-

mentação das já existentes.

Foi com esse espírito que teve início

o PPE, cujo principal objetivo é “Con­

tribuir para o fortalecimento da soci­

edade civil através do envolvimento

das comunidades, dos movimentos e

organizações sociais e das instâncias

públicas locais, para atuação e�icaz

na implantação de políticas públicas

de prevenção de riscos ambientais e

nas situações de emergências”.

Essa atuação ocorre por meio de

formações e capacitações continua-

das de lideranças comunitárias e

pessoas interessadas, além do

desenvolvimento de experiências

concretas de prevenção a desastres

ambientais, apoio para o fortaleci-

mento de mecanismos de controle

social das políticas públicas relacio-

nadas à prevenção de desastres,

especialmente em relação à efetiva-

ção da Política Nacional de Proteção

e Defesa Civil.

O PPE originou-se de uma provoca-

ção realizada pela Cáritas Alemã, que

vem �inanciando por mais de 20 anos

o Fundo de Emergências destinado a

garantir apoio ao socorro imediato a

famílias e comunidades atingidas

por eventos extremos e desastres

socioambientais.

Veri�icando que as ocorrências se

repetiam, a Cáritas Alemã questio-

nou: por que não agir na prevenção

das situações que têm levado essas

pessoas a sofrerem ano após ano?

Esse questionamento gerou uma

re�lexão coletiva sobre a caminhada

da Cáritas Rio Grande do Sul na área

de emergências ao longo de anos.

Entendemos que era importante

aceitar o desa�io, pois era o caminho

a ser seguido para aprofundar os

saberes e inquietações que vínha-

mos acumulando nos debates inter-

nos da Cáritas e nas conversas com

as parcerias acerca da abordagem

das emergências.

Assim, uma nova perspectiva de ação

começou a se desenhar, com foco na

prevenção de emergências. Por inici-

ativa da Cáritas Regional do Rio Gran-

de do Sul, o PPE foi preparado coleti-

vamente em 2009 e iniciado em 2010,

com o apoio da Cáritas Alemã que, em

parceria com o governo alemão, pos-

sibilitaram recursos para as ações.

Sua implementação contou com a

organização das Cáritas Diocesanas

de Bagé, Vacaria, Cruz Alta e Novo

Hamburgo, no Rio Grande do Sul; e de

Caçador e Rio do Sul, em Santa Catari-

na.

Em 2009, foram de�inidos os municí-

pios em que o projeto seria imple-

mentado. Foram chamadas e envolvi-

das pessoas e instituições identi�ica-

das como as forças vivas das comuni­

dades locais para apresentar e deba-

ter a proposta metodológica. Para

isso foram realizados encontros com

ampla participação, nos quais além

da construção coletiva do diagnóstico

da realidade socioambiental local,

foram sugeridas linhas gerais de ação

para resposta à realidade em questão.

Como resultado desses primeiros

encontros, o desa�io proposto pela

Cáritas Alemã, e aceito pela Cáritas do

Rio Grande do Sul, imediatamente

passou a ser um projeto coletivo.

Fica acertado, então, que, de agora em

diante, sempre que falarmos em tra-

balho realizado, estaremos falando

de uma rede de parcerias sem a qual

ele não seria possível.

2.�De�Onde�Partimos�

EDUCANDO�PARA�PERCEBER�E�SUPERAR�RISCOSA�CÁRITAS�E�AS�EMERGÊNCIAS�SOCIOAMBIENTAISJosé Magalhães de Sousa - Advogado, pós­graduado em Ciência Política pela UFMG, especialista em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais. Assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e Emergências. [email protected].

Vive-se hoje em uma sociedade de

riscos e incertezas, com a sensação

de que imponderáveis catástrofes

poderão acontecer a qualquer

momento. A insustentabilidade

econômico-� inanceira , sócio-

humanitária, político-cultural e

ecológico-ambiental, gerada pelo

desenvolvimentismo hegemônico

da atualidade, coloca todas as socie-

dades em estado de alerta constan-

te.

A Cáritas é conhecida e reconhecida,

historicamente, como a entidade da

Igreja Católica cuja missão está

estreitamente vinculada às popula-

ções em situação de riscos socioam-

bientais e emergências. Nascida

com essa vocação há mais de 100

anos em alguns países da Europa, há

61 anos como Confederação Inter-

nacional e há 56 anos no Brasil, a

Cáritas adota uma metodologia de

ação que privilegia as populações

mais empobrecidas, não como obje-

tos de compaixão, mas como agen-

tes de mudança, capazes de vencer

a miséria e a pobreza, as condições

inaceitáveis de vida e trabalho, as

estruturas sociais, políticas, econô-

micas e culturais injustas.

Essa metodologia de ação tem por

base a educação popular como pro-

cesso de libertação. Neste sentido,

trabalhar com pessoas, famílias,

grupos sociais envolvidos em situa-

ções de emergência signi�ica assu-

mir o desa�io de não contentar-se

com o socorro imediato, mas fazer

“emergir” a consciência crítica para

a conquista de direitos. Conforme o

texto Emergências, Meio Ambiente

e Modelo de Desenvolvimento da

Série Políticas de 2009, produzido

pela Cáritas Brasileira, “Não basta

reivindicar inclusão nas condições

de trabalho e vida reservados às

pessoas eternamente empobrecidas;

torna­se necessário exigir transfor­

mações estruturais, que abram cami­

nho para outro paradigma de desen­

volvimento, centrado na vida huma­

na e na vida do Planeta, fruto de

outro modo de compreender e prati­

car a economia, a política, a cultura,

a ética, a espiritualidade.”

Os direitos fundamentais estão

cunhados nas declarações univer-

sais, na Carta Magna e nas leis do

país. No entanto, entre as normas e

“Aqui em Paim Filho toda seca que dava sempre sobrava pro poder publico levar água para as famílias e não tinha as fontes e hoje através desse projeto, esse ano, que deu seca, nós não levamos nenhuma carga de água, né. Alberto – vice prefeito – Paim Filho

As situações de emergências atinge a todos igualmente, mas as famílias empobrecidas sofrem maiores consequências.

Prevenção de Emergências - Cáritas 0908 Prevenção de Emergências - Cáritas

a realização de direitos existe um

abismo a ser superado. A recente

Lei 12.608, de 10 de abril de 2012,

se efetivamente posta em prática,

acarretará signi�icativas transfor-

mações no sistema de proteção e

defesa civil e nos direitos sociais

das populações em situação de

vulnerabilidade e risco. A concreti-

zação desses direitos, porém, é

fruto de inúmeras lutas e ações

coletivas de comunidades, movi-

mentos e organizações sociais, fren-

te ao Estado, para a efetivação de

políticas sociais adequadas à supe-

ração das condições de quem vive

em situação de risco. A luta por

direitos deve ser constante já que,

no Brasil, temos um Estado que é

mínimo em investimentos sociais -

como saúde, educação, habitação -

e generoso para os interesses de

grandes grupos econômicos que

tiram proveito dos recursos públi-

cos para investir em negócios pri-

vados.

Há avanços, mesmo que insu�icien-

tes, na garantia de direitos, como o

da moradia. Das lutas vem a força

da comunidade e a consciência de

que nada muda sem a participação

ativa das pessoas, atores principais

na conquista de seus direitos. A

inércia do poder público frente às

situações de emergência não pode

ser motivo para deter a vontade da

população de ver realizados direi-

tos historicamente constituídos.

Por conseguinte, organizar comu-

nidades conscientes e prevenidas

contra a degradação do seu ambi-

ente natural, que gera o desequilí-

brio e consequentemente os desas-

tres, é protagonizar mudanças de

atitude social e política. Além de

ações preventivas, de proteção de

rios e fontes, é a educação e a for-

mação da consciência crítica que

possibilitam ter comunidades mais

resilientes. Dessa forma, terão con-

dições e capacidade para supera-

rem os problemas e obstáculos que

fazem da pressão e do sofrimento

uma oportunidade para criar alter-

nativas, transformando a situação

adversa em força individual e cole-

tiva. Trabalhar para que tenhamos

comunidades mais resilientes e

seguras em relação às emergências

é o propósito da Cáritas Brasileira e

um desa�io para toda a sociedade, já

que vivemos com uma diversidade

de riscos.

Ivo Poletto*

O�QUE�ESTAMOS�FAZENDO�COM�A�MÃE�TERRA?

Mesmo torcendo, por amor à vida,

que seja diferente, não há como

desconhecer a confirmação de

estudos científicos sobre o aumento

da temperatura na Terra em quase

um 1ºC. E, para piorar as coisas,

indicam que o aquecimento conti-

nua aumentando em velocidade

cada dia maior e que esse processo

constante de aquecimento está

provocando o agravamento das

mudanças climáticas: secas mais

prolongadas, chuvas torrenciais que

provocam enchentes destrutivas,

aquecimento das águas dos mares,

desmanche dos gelos nos polos e

altos das montanhas, furacões mais

fortes...

Esse aquecimento é sentido em todo

o planeta, já que tudo está interli-

gado, de modo especial pela atmos-

fera, essa pequena camada de gases

e umidade que cobre a Terra e

garante uma temperatura que torna

possível e renova a vida em diálogo

com as águas e solos. Mas os efeitos

disso são sentidos de forma diferen-

te em cada bioma e em cada territó-

rio em que vivem seres humanos e

outros seres vivos.

Buscando causas

A que se deve o aquecimento do

planeta?

Nas pesquisas e publicações do Pai-

nel Intergovernamental sobre

Mudanças Climáticas – IPCC, na sigla

em inglês -, organizado pelas

Nações Unidas para orientar as polí-

ticas ambientais no mundo todo,

onde se reuniram aproximadamente

três mil estudiosos do clima, vindos

de diversas partes do mundo, foi

reconhecido que as irregularidades

climáticas que estão afetando o

planeta inteiro nestes últimos anos

são manifestações do efeito estufa,

provocado pela ação humana, ace-

lerada com tecnologias e práticas

diversas.

O 4º Relatório do IPCC, publicado

em 2007, bem como o seu 5º Relató-

rio, publicado em 2013, apontam o

aumento da quantidade dos gases

que, na atmosfera, prestam o servi-

ço de guardar calor e impedem que,

à noite, a temperatura esfrie dema-

is e prejudique ou acabe com a vida.

O aumento desses gases - dióxido de

carbono, o metano e o óxido nitroso

- na atmosfera está sendo causado

por atividades humanas. Basta lem-

brar quanto aumentou a queima de

petróleo, de gás e de carvão retira-

dos de dentro da Terra – no transpor-

te, na indústria, na geração de ele-

tricidade...-, pois a queima para

produzir energia libera o dióxido de

carbono que estava guardado nesses

bens fósseis. A mesma coisa se dá

toda vez que se derruba e queima

florestas. A emissão de metano se dá

pelo mau cuidado com os lixos, com

a criação de animais de grande

porte e com a construção de lagos

para produzir energia ou para irriga-

ção. O óxido nitroso é emitido para

a atmosfera principalmente pelo

tipo de agricultura feita pelo agro-

negócio, já que ele usa sementes

modificadas, monoculturas e produ-

tos químicos nos processos de pro-

dução.

Como são gases que guardam calor,

basta fazer a conta: o aumento con-

tínuo de sua emissão para a atmos-

fera provoca aquecimento progres-

sivo do planeta.

As consequências dessas alterações

são significativas para todos, mas

especialmente para as comunidades Maria de Lurdes Maldaner, professora da Escola Municipal Rodrigues Alves - Santa Margarida do Sul,

falando sobre a construção da cisterna na escola.

Cena do filme Koyaanisqatsi - 1983

.

Prevenção de Emergências - Cáritas 1110 Prevenção de Emergências - Cáritas

de menor poder aquisitivo, que têm

pouca ou nenhuma proteção frente

aos desastres naturais. Além disso,

não dispõem de mínimos recursos

para reconstruírem suas casas e suas

condições de vidas.

Cuidados com o Território

Um desafio significativo da humani-

dade é enfrentar a crise climática a

partir de uma percepção de cons-

trução social, revendo o comporta-

mento da sociedade atual no que se

refere ao quanto gastamos dos

recursos naturais do planeta para

sustentar o modo de vida de parte

da população mundial. Esse grupo,

com maior poder aquisitivo, é foca-

do na cultura do “ter” em detrimen-

to da cultura do “ser”. Segundo o

Manual de Educação para o Consu-

mo Sustentável publicado pelos

Ministérios da Educação e do Meio

Ambiente e Instituto Brasileiro de

Defesa do Consumidor - IDEC, 20%

da população mundial, que habita

principalmente os países do hemis-

fério norte, consome 80% dos recur-

sos naturais e energia do planeta e

produz mais de 80% da poluição e da

degradação dos ecossistemas.

Enquanto isso, 80% da população

mundial, que habita principalmente

os países pobres do hemisfério sul,

fica com apenas 20% dos recursos

naturais. Se a redução dessas dispa-

ridades sociais for pelo caminho de

os habitantes dos países do sul atin-

girem o mesmo padrão de consumo

material médio de um habitante do

norte, seriam necessários, pelo

menos, mais dois planetas Terra.

O sistema econômico e cultural

dominante tem levado a uma espe-

cialização da produção: cada país

deve produzir e exportar o que tem

maior vantagem econômica e

importar o que não tem. No entan-

to, essa lógica gera aumento na

demanda de transporte, transfor-

mação da agricultura em produção

de mercadorias, aumento de preço

dos alimentos, desmatamentos,

super exploração dos solos, entre

outros, o que torna esse sistema

insustentável, sendo uma causa

importante do aquecimento que

agrava mudanças climáticas: o pla-

neta se esgota e toda vida fica amea-

çada.

Por isso é essencial que as pessoas

examinem as condições de vida

existentes em seu território. Não se

trata somente do lote ou proprieda-

de de terra; trata-se, sim, de toda

localidade em que um grupo huma-

no vive. Há ou não sinais de desequi-

líbrio climático? Se há, quais as cau-

sas e o que se pode fazer para

enfrentá-las? Mesmo sabendo que o

equilíbrio verdadeiro depende de

mudanças mais gerais da humanida-

de. É preciso levar em consideração

como a população de cada território

pode contribuir com a causa

comum. Assim como ações globais

têm impactos locais, o inverso tam-

bém ocorre: ações locais influenci-

am gradativamente a realidade

global.

O rumo das mudanças que devem

ser feitas é esse: encontrar um jeito

de viver e conviver com as pessoas e

com o ambiente vital da terra de

cada território, encontrando mane-

iras de formar verdadeiras comuni-

dades de vida. Em vez de gastar

energias para acumular riquezas,

dedicar tempo à convivência e ao

cuidado do ambiente da vida. Pro-

curar produzir tudo que for possível

perto de onde se vive, desde ali-

mentos até energia elétrica, numa

dinâmica de mais cooperação entre

cidade e campo.

É por isso que iniciativas como as

que estão sendo promovidas na pers-

pectiva da prevenção de desastres

socioambientais são muito impor-

tantes. A recuperação de fontes de

água, o replantio de matas ciliares,

a recriação de áreas de floresta, o

tratamento de esgotos e estercos de

animais, produzindo com eles adubo

orgânico ou biogás a ser utilizado

para produzir energia, o cuidado

com as áreas inclinadas e baixadas,

evitando construir moradias ou

outras edificações, e, se for a única

alternativa, construir realizando

obras de contenção.

Outra iniciativa importante é pro-

duzir energia com o sol e com os

ventos, evitando barragens que

alteram e destroem ecossistemas,

além de servir, na maioria das vezes,

para beneficiar grandes empresas

construtoras. Essas ações deveriam

contar com o apoio e vontade políti-

ca, que geralmente necessitam de

pressão popular para serem efetiva-

das. São ações que precisam estar a

serviço da vida comunitária e serem

projetadas buscando uma participa-

ção cada vez mais ampliada da popu-

lação.

A crise ecológica gerada pela huma-

nidade pode tornar-se, se bem

enfrentada, oportunidade para que

cresça a vida comunitária, com

novas formas de organização políti-

ca, novas formas de relação com a

Terra, com maior liberdade em rela-

ção ao consumo, com mais cuidado

com a saúde, com mais tempo livre

e dedicado à dimensão cultural,

artística e espiritual das pessoas. Se

não se fizer isso, contudo, a crise se

agravará e a vida estará cada vez

mais ameaçada.

Água�-�Desa�o�Central

*�ÁGUA�DEMAIS,�ÁGUA�DE�MENOS

O Brasil conta com a maior reserva

de água doce do Planeta, aproxi-

madamente 12% do volume mundi-

al, apesar disso, milhares de pesso-

as sofrem com a escassez de água.

Igual contradição se dá quando,

apesar de sua extensão territorial e

desenvolvimento agrícola, existam

pessoas sem terra para viver e plan-

tar e cerca de 57 milhões vivam na

miséria, segundo o IBGE.

O crescimento das cidades, da

agricultura de larga escala e da

industrialização, aliados à degra-

dação ambiental e urbanização,

geraram um significativo aumento

na demanda por recursos hídricos.

Nos debates realizados ao longo do

projeto, as questões relativas à

água tiveram muito destaque, seja

pela escassez – secas -, seja pelo

excesso – enchentes e temporais

com queda de granizo.

A água é essencial à sobrevivência

dos seres humanos e influencia

diretamente setores como a agri-

cultura e produção de energia,

além de outras atividades produti-

vas. Diante de algo tão precioso,

seria de se esperar que a água esti-

vesse no centro das decisões gover-

namentais, em todas as esferas da

administração. Infelizmente, não é

assim. A lógica neoliberal que

comanda a sociedade baseia-se no

princípio de lucros crescentes,

onde o consumo de bens naturais e

a exploração do trabalho humano

visando à produção de mercadorias

se sobrepõem às relações de coo-

peração entre as pessoas e à valori-

zação dos ecossistemas. Com isso,

gera um cenário de apropriação

indevida do patrimônio natural e

privatização de direitos humanos

básicos, como exemplo, o acesso à

água potável.

A sustentabilidade desse patrimô-

nio natural está diretamente liga-

da às legislações que resguardam

nascentes, matas ciliares e outras

áreas de preservação permanente.

Um exemplo recente foi o debate

sobre o Código Florestal Brasileiro,

dominado por questões sobre o uso

intensivo e expansivo da terra, em

detrimento de uma política flores-

tal que contemple também a con-

servação da biodiversidade. Duran-

te a tramitação no Congresso das

propostas de alteração do Código

Florestal não houve espaço para

um diálogo mais integrado, diversi-

ficado, envolvendo diferentes

temáticas. O que predominou foi

uma visão restrita do setor agríco-

Agricultor que teve sua fonte recuperada, fazendo manutenção de limpeza e preservação do entorno.

* Assessor do Fórum Nacional de Mudanças Climáticas e Justiça Social.

A Terra provê o suficiente para as necessidades de todos os homens,

mas não para a voracidade de todos.” Mahatama Gandhi

Prevenção de Emergências - Cáritas 1312 Prevenção de Emergências - Cáritas

la, ligado ao agronegócio com suas

estratégias de manipulação da

opinião pública e de transformar

em leis seus interesses econômi-

cos. Para piorar a situação, a ques-

tão da sustentabilidade da produ-

ção agrícola e a preservação ambi-

ental foram colocadas de forma

antagônica, como se fosse impossí-

vel produzir preservando o patri-

mônio ambiental e sua biodiversi-

dade. O resultado foi a manuten-

ção de uma política baseada no

controle, com indicações de leve

punição para quem desmata e tími-

do incentivo para proteger áreas

de preservação permanente e,

assim, garantir a continuidade das

espécies nativas e a própria susten-

tabilidade da produção.

Mas, para além das iniciativas

governamentais, cada cidadão tem

sua responsabilidade individual em

relação a esse patrimônio natural.

Seja pelo uso adequado e econômi-

co no dia a dia de cada pessoa, seja

pelo cuidado com as fontes e nas-

centes localizadas nas proprieda-

des rurais e pelo cuidado com o

destino correto dos materiais des-

cartáveis como plásticos, papeis,

vidros, que poluem a natureza e

entopem bueiros provocando ou

agravando os alagamentos nas

cidades.

Essa ressignificação da relação com

a água é fundamental para que

possamos diminuir as calamidades

decorrentes da escassez de água; A

seca é um fenômeno climático

silencioso, de longo prazo, não

gera uma grande repercussão na

mídia, mas agrava profundamente

a vulnerabilidade das comunidades

afetadas e leva ao abandono de

propriedades rurais pelos peque-

nos agricultores, que já não têm

meios de sustentar suas famílias.

Por outro lado, a água também

causa sofrimento quando muitas

comunidades são vitimadas por

eventos de chuva intensa, que

geram enchentes, muitas vezes

agravadas por ventos fortes acom-

panhados de granizo que deste-

lham casas. Esses fenômenos arra-

sam inclusive equipamentos públi-

cos que deveriam socorrer a popu-

lação. Sofrem também as famílias

das áreas rurais quando a água da

chuva não vem na época certa, ou

vem em demasia na hora da colhei-

ta, ou chega em forma de pedra

(granizo), destruindo plantações e

bem-feitorias, causando grandes

perdas anualmente. O pior é que,

na maioria das vezes, as comunida-

des rurais não contam com o apoio

efetivo do poder público para rees-

truturar suas vidas e seus meios de

subsistência. Nas cidades, os ala-

gamentos e enchentes devastam

rotineiramente casas e vidas,

levando as pessoas a condições de

extrema pobreza, com prejuízo de

sua saúde física e emocional, além

das perdas materiais.

O apoio às famílias durante e após

esses eventos mais graves é funda-

mental. Mais importante ainda é o

fortalecimento das comunidades

como grupos organizados e mobili-

zados, conscientes de seus direi-

tos, com capacidades coletivas

suficientes para construírem suas

próprias soluções, de acordo com

suas reais necessidades sociais,

culturais e econômicas.

“se tiver uma fonte, uma nascente na casa de vocês a gente tem que dar muito valor pra água e cuidar muito ela, porque é uma riqueza em uma propriedade uma fonte de água. O pessoal tem que preservar as nascentes de água, porque daqui a 15, 20 anos a gente não sabe como vai ser, os filhos nossos, daqui a 15 anos, a gente não sabe como vai ser – Valtoir Betrame – Paim Filho

3.1�Realidades�Locais

�CADA�REALIDADE�INTEGRADA�A�UM�PROJETO�COLETIVORio Grande do Sul

Santa Margarida do Sul: cadê a

água? - Município com 2.352 habi-

tantes, localizado na metade sul do

Rio Grande do Sul. Com característica

predominantemente rural, o municí-

pio tem sérios problemas de abaste-

cimento, pois não tem reservatórios

de água. O abastecimento da área

urbana é feito com caminhão-pipa. O

município lida com o problema do

êxodo rural, já que os �ilhos de peque-

nos agricultores deixam a zona rural,

deslocando-se para as cidades em

busca de melhores condições de vida,

devido à baixa renda familiar nas

pequenas propriedades.

Salto do Jacuí: entre pedras pre-

ciosas e pedras de gelo. - É uma

região de extrativismo mineral de

pedras preciosas, além de sediar uma

grande barragem. Essa região tem

como característica principal a ocor-

rência de frequentes chuvas de grani-

zo. Em 2009, houve uma chuva de

pedras que dani�icou 90% da cidade

deixando prejuízos de toda a ordem,

mas, sobretudo, um trauma coletivo

em relação à desproteção vivida por

todos. A localidade também é assola-

da por estiagens.

Paim Filho: fontes passadas de

pais para �ilhos. - Município com

4.243 habitantes, situado na região

nordeste do estado do Rio Grande do

Sul, tem sua economia baseada na

pecuária leiteira e na suinocultura. O

município apresenta vida social e

política bastante dinâmica, principal-

mente em torno da atuação de enti-

dades organizativas e de apoio à

pequena agricultura, assim como das

expressões da fé católica, herdada

dos povos colonizadores. Não conta-

va com um problema especí�ico em

função de eventos recorrentes, mas

identi�icam-se as estiagens e o desa-

�io da preservação das fontes.

Novo Hamburgo: o lixo no lugar

certo? - Foi priorizado o bairro Santo

Afonso com 23.269 habitantes. For-

mado pelo êxodo dos municípios do

interior do Estado e de cidades vizi-

nhas, tem um histórico de organiza-

ção social e luta por moradia e servi-

ços públicos. A população é empo-

brecida e estigmatizada pela violên-

A�DINÂMICA�DAS�AÇÕES�

�Ação,�re�exão,�ação:�a�evolução�de�um�projeto�coletivo.

3.�Como�seguimos�

O projeto, em sua fase inicial

(2010), denominava-se “Apoio às

emergências no Rio Grande do Sul:

participação e organização social

na construção de comunidades mais

seguras” abrangendo 3 municípios

no Rio Grande do Sul.

A partir de 2011, na segunda fase, o

projeto passou a chamar-se "Pre-

venção de Emergências: construin-

do comunidades mais seguras".

Nesse período, a área contemplada

para os debates sobre prevenção foi

ampliada, passando de 3 para 11

municípios do Rio Grande do Sul e

de Santa Catarina.

A visitação às fontes recuperadas, se tornou uma atividade pedagógica de sensibilização para alunos e comunidades.

pg 12 não consegues uma imagem positiva de meio ambiente

no vídeo Gotas de Vida?

*Equipe de sistematização e redação.

Prevenção de Emergências - Cáritas 1514 Prevenção de Emergências - Cáritas

cia urbana, com trabalho e moradias

precários. O bairro é cortado pelo

Arroio Gauchinho e pelo Rio dos

Sinos e registra ocorrências constan-

tes de alagamentos, inundações e

enchentes. O lixo é descartado inde-

vidamente no meio ambiente, o que

agrava situações de emergências.

Jacuizinho: rio, campo e cidade. -

Município com 2.507 habitantes, tem

grande parte de seu território desti-

nado a atividades rurais, com gran-

des propriedades voltadas para o

agronegócio e pequenas áreas de

agricultura familiar. Como cidade

emancipada tem vida recente, mas

trata-se de área de ocupação antiga,

com presença de povos indígenas e

quilombolas em seu território. Tem

ocorrências de enchentes, devido à

elevação do nível do Rio Jacuizinho,

que atravessa a cidade, e sofre tam-

bém com as consequências das estia-

gens e chuvas de granizo.

Estrela Velha: comunidade esco-

lar ativa. - Município com 3.628 habi-

tantes, predominantemente rural,

com presença importante da pecuá-

ria e da fumicultura. A presença da

Usina Hidrelétrica de Itaúba é um

marco importante para a economia

do município. Sua população convive

com a escassez de água e com chuvas

de granizo.

São João da Urtiga: protagonis-

mo dos jovens. - Município localiza-

do na região noroeste do Rio Grande

do Sul, com 4.726 habitantes. Sua

economia é baseada no setor primá-

rio, na agricultura e na pecuária.

Assim como a vizinha Paim Filho, tem

intensa vida comunitária, bastante

marcada pela vida religiosa. A popu-

lação convive com a escassez de água.

Maximiliano de Almeida: os

mutirões foram o máximo! - Muni-

cípio localizado na região noroeste

do Rio Grande do Sul, com 4.907 habi-

tantes, sendo que mais de 50% da

população mora na área rural. O

município tem sofrido com estiagens

e chuvas de granizo.

São Gabriel: terra de quem luta

pela terra. - Localizado na Região da

Campanha gaúcha, próximo da fron-

teira com o Uruguai, com 60.425

habitantes que sofrem com a estia-

gem. A economia é tradicionalmente

caracterizada pela pecuária extensi-

va, cujo desenvolvimento in�luenciou

na cultura e na organização sociopo-

lítica da região.

Santa Catarina

Rio do Sul: reciclando vidas. -

Município com 61.198 habitantes.

Banhado por 3 rios: o Itajaí do Sul,

Itajaí do Oeste e Itajaí-Açu, sofre cicli-

camente com grandes cheias. A maio-

ria da população que participou do

PPE vive em moradias precárias, às

margens do rio Itajaí-Açu e nas

encostas dos morros, em situação de

extrema vulnerabilidade socioeco-

nômica, com analfabetismo e baixa

escolaridade. Sobrevivem do traba-

lho informal, sobretudo da coleta de

material reciclável. Foram prioriza-

dos 4 bairros: Santa Rita, Loteamento

José Stédile, Barragem e Barra do

Trombudo.

Caçador: a luta pela água potá-

vel. - Município com 70.762 habitan-

tes. Localizado no Meio Oeste de

Santa Catarina, é caracterizado pela

concentração fundiária e atividade

econômica na agricultura, re�loresta-

mento de pinus, indústrias de madei-

ra, papel e plástico. Foram prioriza-

dos 3 bairros, Bom Sucesso, Berguer

e Vila Paraíso, com famílias em extre-

ma pobreza, precárias condições de

moradia, sem serviços básicos de

água e esgoto, com renda provenien-

te de trabalho informal, sobretudo da

venda de material reciclável. São

vítimas de frequentes alagamentos,

enchentes e deslizamentos.

3.2.�Metodologia�-�O�Fazer�Coletivo

�DIÁLOGOS�ABERTOS�COM�A�COMUNIDADEA de�inição das atividades desenvolvidas em cada localidade considerou as estratégias previstas no projeto. Tais atividades foram consolidadas a partir do diálogo comunitário, priorizando o que era importante para cada grupo, o que fazia sentido para aquela comunidade, respeitando o grau de maior ou menor percepção coletiva em relação à temática de Prevenção de Emergências. Em cada região, foi feita uma atividade ampla de apresentação do projeto, aberta para toda a comunidade.

A proposta de atuação de Paim Filho,

abordando o aspecto de ressigni�ica-

ção da relação com os recursos hídri-

cos através da recuperação de fontes

e proteção de nascentes, gerou uma

atividade transversal em todos os

territórios. O projeto "Prevenção de

Emergências: construindo comuni-

dades mais seguras" teve uma atua-

ção muito signi�icativa e empolgante,

trabalhando com as famílias de agri-

cultores o mapeamento das fontes, a

identi�icação de suas condições e

fazendo a recuperação daquelas que

necessitavam uma intervenção.

Foram priorizadas as que estavam

em piores condições, ou que serviam

a mais de uma unidade familiar.

Outra atividade bastante signi�icativa

foi a construção de cisternas para

armazenamento da água da chuva em

espaços comunitários como escolas e

abrigos. Essa também foi uma prática

pedagógica que propiciou momentos

Mapa com localização dos municípios

onde o projeto foi desenvolvido.

São João da Urtiga

Paim Filho

Maximiliano de Almeida

Rio do Sul

Caçador

Salto do Jacuí

Santa Margarida do Sul

Jacuizinho

Estrela Velha

São Gabriel

Novo hamburgo

Rio�Grande�do�Sul

Santa�Catarina

O descarte inadequado de lixo no meio ambiente foi identificado como um grave problema tanto no meio rural, como nas cidades.

Prevenção de Emergências - Cáritas 1716 Prevenção de Emergências - Cáritas

muito ricos de re�lexão sobre o rea-

proveitamento da água.

Essas ações foram desencadeadoras

do resgate de raízes históricas comu-

nitárias e familiares, através de reto-

mada da memória de como os ante-

passados usavam aquelas fontes,

como era o entorno, as formas de

acesso e o uso da água. Também per-

mitiram um processo de ação-

re�lexão-ação em que os participan-

tes (comunidade, poder público,

sociedade civil, escolas e outros)

puderam discutir sua realidade soci-

oambiental, colocar em prática as

decisões construídas coletivamente e

depois avaliar os resultados com

base nas experiências vividas e pre-

senciadas. Essas práticas re�lexivas

geraram aprendizados coletivos,

além de fortalecimento da articula-

ção local na perspectiva das políticas

públicas da defesa civil nos espaços

urbano e rural.

Para além de uma intervenção de

infraestrutura, essas atividades

tinham um cunho mobilizador comu-

nitário, incentivando a participação

de todos, pois a proposta era de que o

trabalho fosse realizado em mutirões

comunitários, envolvendo famílias,

escolas, lideranças, gestores públi-

cos, técnicos agrícolas e pessoas inte-

ressadas. Muitos debates foram reali-

zados ao longo dos dias e ao �inal de

cada processo de recuperação de

uma fonte. A experiência, suas re�le-

xões e conclusões passaram a fazer

parte do cotidiano das pessoas e famí-

lias envolvidas.

Tanto as recuperações de fontes

como as construções de cisternas

tornaram-se tema gerador nas práti-

cas escolares, desencadeando ativi-

dades pedagógicas diversas como

visitas às fontes recuperadas, entre-

vistas com as famílias bene�iciadas,

elaboração de redações sobre o tema,

desenhos e pinturas do ciclo da água,

pedágio sobre o cuidado do meio

ambiente, entre outros.

Visando documentar a proposta do

projeto e seu contexto foi produzido

o vídeo Gotas de Vida. Essa produção

foi prevista desde o início pela Cári-

tas Alemã e serviu como importante

material pedagógico nas atividades

de formação do projeto.

O trabalho de �ilmagens contou com a

construção participativa na de�inição

de roteiro, na identi�icação de pesso-

as de referência para as falas e nos

locais para �ilmagens. Foram realiza-

das tomadas de imagens para produ-

ção deste vídeo nas comunidades dos

três municípios que faziam parte do

PPE na primeira fase do projeto –

Salto do Jacuí, Santa Margarida do Sul

e Paim Filho, oportunizando falas de

diferentes atores sociais envolvidos

no projeto e registro das ações inicia-

is. Atividades de formação, recupera-

ção de fontes, construção de cister-

nas, cenas do cotidiano e cenas dos

eventos socioambientais que causam

emergências e desastres são vistas e

re�letidas no vídeo.

Foi aproveitada na produção, a reali-

zação do I Seminário Estadual pro-

movido pelo projeto, em Porto Ale-

gre, com o tema “Construção da Defe­

sa Civil a partir da participação popu­

lar”. Neste evento, especialistas no

tema mudanças climáticas e defesa

civil apresentaram sua visão sobre o

contexto mundial e nacional em rela-

ção às mudanças climáticas Os agen-.

tes de Cáritas Diocesanas presentes

no evento também se expressaram, e

os articuladores, pessoas de referên-

cia em cada região do projeto, tive-

ram destaque especial nessa constru-

ção. Além disso, a juventude foi retra-

tada pelo protagonismo participativo

que caracterizou sua inserção no

projeto e pelo interesse especial no

acompanhamento das tomadas de

imagens.

Gotas de Vida foi uma ferramenta

muito importante para a divulgação

do projeto, pois suscitou diversas

atividades nas escolas e comunida-

des com sessões de apresentação,

seguidas de debates. Essas ativida-

des, despertaram o interesse de

quem assistiu, desencadeando um

processo de ampliação para outros

municípios. Diversas cópias do vídeo

foram disponibilizadas para uso das

dioceses e entidades parceiras.

A política pública da Proteção e Defe-

sa Civil foi outro ponto importante na

estratégia do projeto, debatendo o

desconhecimento dessa política e a

limitada estrutura disponível, decor-

rente das insu�iciências do aparato

institucional da Defesa Civil para agir

na redução dos riscos e responder

melhor no contexto de destruição e

perdas.

O projeto abraçou o desa�io de re�le-

tir, com as comunidades, sociedade

civil e com o poder público, meios de

reverter esse quadro e fortalecer a

política pública através do protago-

nismo social de pessoas e organiza-

ções, da potencialização institucional

da Defesa Civil enquanto ente público

e do apoio na busca de estratégias de

mobilização de recursos para viabili-

zar as mudanças necessárias. Os

debates foram muito produtivos, mas

vencer a morosidade e a resistência

de instâncias públicas em algumas

localidades foi um limitador.

Desde o início, foi considerado que

seria grande o desa�io de vencer a

cultura de pouco investimento na

prevenção, que prioriza o pós-

desastre, por meio de ações pontuais

de assistência emergencial. A Cáritas

Brasileira Regionais do Rio Grande

do Sul e de Santa Catarina, com o

apoio da Cáritas Alemã, acreditaram

nas forças vivas da sociedade para

incidir positivamente sobre essa

realidade. Acreditaram que comuni-

dades mais seguras dependem do

compromisso de cada um com as

pessoas e com o meio ambiente, par-

tindo da construção coletiva de solu-

ções através do diálogo e do respeito

ao ser humano.

Ao longo do projeto, foram desenvol-

vidos seminários municipais, regio-

nais e estaduais, que propiciaram a

troca de experiências e espaços de

discussão entre as regiões. Nesses

eventos fomentou-se a troca de

conhecimentos e aprofundamento

dos temas, oportunizando o consen-

so sobre as mudanças de atitudes e

práticas no cotidiano.

Os encontros e reuniões da equipe

responsável pelo projeto: a coorde-

nação com os articuladores regionais

e agentes das Cáritas Diocesanas

foram uma importante forma de

disseminação das informações acer-

ca das possibilidades de intervenção

surgidas no próprio projeto. Nesses

encontros ocorreram momentos de

socialização e contextualização do

dia a dia do projeto em cada localida-

de, além do aprofundamento de

temas necessários para maior apro-

priação da proposta do PPE.

A fase �inal do projeto, a partir do

segundo semestre de 2012, foi volta-

da para a realização de um balanço

quali�icado, realizado durante o

Encontro de Intercâmbio que ocor-

reu em Paim Filho, reunindo os 11

municípios participantes do projeto.

Como os demais seminários interes-

taduais foram realizados em Porto

Alegre, para o encontro de intercâm-

bio, foi priorizada uma região do

projeto que pudesse apresentar expe-

riências a serem visitadas e que tives-

se condições de infraestrutura, inclu-

indo hospedagem, para receber um

número aproximado de70 pessoas.

Paim Filho foi escolhido com o apoio

dos municípios de São João da Urtiga

e Maximiliano de Almeida. Todas as

regiões se prepararam para esse

intercâmbio, realizando encontros e

seminários avaliativos em seus muni-

cípios, orientados por um roteiro de

questões comuns que deveriam ser

apresentadas no intercâmbio. Estas

atividades preparatórias foram feitas

com muito empenho e entusiasmo

com a expectativa do “rumo à Paim

Filho”.

Reuniões de trabalho da equipe local do projeto e atividade com alunos foram uma constante. Reunião com parceiros do apoio técnicos da EMATER e das prefeituras para definir intervenções mais adequadas nas fontes a serem preservadas.

�3.3.�Atividades:�Uma�Visão�Geral

Este quadro apresenta uma visão geral das principais atividades realizadas nas regiões para facilitar a visualização da metodologia.

PPE;Participação na pré-conferência de meio ambiente em Salto do Jacuí;

Formação Seminário Municipal sobre Defesa Civil - Construindo Comunidades mais Seguras;Realizadas inúmeras atividades de formação;2 atividades de formação em 2 escolas com tema preservação ambiental e mudanças climáticas;3 seminários intermunicipais, cada

Território

Região de Cruz AltaSalto do JacuíJacuizinhoEstrela Velha

Articulação e mobilização Visita às comunidades;Envolvimento com 2 comunidades quilombolas;Audiência pública com novo prefeito;Roda de conversa para sistematização do PPE;Monitoramento das atividades do

edição em um município participante do PPE na região;

Prático- pedagógicas 5 cisternas construídas;20 fontes recuperadas que motivaram um movimento maior, envolvendo a EMATER e a Prefeitura Municipal na recuperação de outras 47 fontes, aproximadamente;1 bioconstrução com teto vivo;Apoio a uma horta escolar;Viagem à Novo Hamburgo para seminário da visita da Cáritas Alemã;

estaduais;6 o�icinas de reciclagem de papel;5 o�icinas de produção de sabão com óleo saturado;Atividades com escolas na semana do meio ambiente;MAXIMILIANO DE ALMEIDA2 Visitas com alunos nas nascentes em recuperação;2 Palestras sobre questão ambiental com bene�iciários;Participação no Seminário sobre Economia Verde e Mercantilização da Natureza (Sananduva);2 cursos de horta doméstica;SÃO JOÃO DA URTIGA2 seminários com famílias bene�iciadas;Participação no seminário sobre economia verde e mercantilização da natureza (Sananduva);2 encontros com o coletivo de jovens da agricultura familiar;

Prático- pedagógicas PAIM FILHO1 simulação de desastres;3 coletas de materiais recicláveis;4 canoagens ecológicas;2 hortas de plantas nativas e medicinais;

Território

Região de VacariaPaim FilhoMaximiliano de AlmeidaSão João da Urtiga

Articulação e mobilização PAIM FILHO32 reuniões da coordenação local;MAXIMILIANO DE ALMEIDA6 reuniões de planejamento do PPE;SÃO JOÃO DA URTIGA5 reuniões com coordenação local1 “dia da solidariedade” mostra de produtos e ações desenvolvidas;

Formação PAIM FILHOSeminário Municipal sobre Defesa Civil - Construindo Comunidades mais Seguras;5 seminários sobre proteção de nascentes;12 palestras nas escolas com alunos4 palestras no centro cultural com bene�iciários;2 o�icinas de teatro com alunos;2 des�iles com alunos – semanas do Meio Ambiente;2 seminários com a Defesa Civil;Participação em 02 seminários

16 famílias com compostagem de resíduos orgânicos;700 famílias mapeadas para diagnósticos dos recursos hídricos;4 pontos de coleta de óleo saturado;1 aquecedor solar de água construído;4 grupos de economia solidária criados;3 cisternas construídas;53 nascentes recuperadas;MAXIMILIANO DE ALMEIDAMapeamento dos recursos hídricos no município;Mutirões de recuperação das nascentes;21 nascentes recuperadas e várias em andamento;3 Grupos de EPS criados;2 jantares ecológicos;Implantação de uma horta comunitária;Implantação de uma horta medicinal;SÃO JOÃO DA URTIGA22 nascentes mapeadas e recuperadas;Vínculo com agroecologia; projeto com 18 pessoas de Sananduva e 12 de São João da Urtiga dedicando-se à diversi�icação produtiva;

A�PRÁTICA�DAS�COMUNIDADES

Prevenção de Emergências - Cáritas 1918 Prevenção de Emergências - Cáritas

Formação Seminário Municipal sobre Defesa Civil- Construindo Comunidades mais Seguras;Seminário Preservação das Águas;Diálogo com os alunos sobre a realidade ambientalAtividades educativas na Semana do Meio AmbienteElaboração de fôlderes para divulgação do projetoRealização de 2 Seminários do PPE (Bagé, Santa Margarida e São Gabriel);Realização de palestras educativasRealização de o�icinas de reciclagemParticipação nos Seminários realizados durante a cúpula dos povos

Prático- pedagógicas Aplicação de questionário pelos

Território

Região de BagéSanta Margarida do SulSão Gabriel

Articulação e mobilização Diagnóstico sobre as necessidades do municípioDiálogo com os Assentamentos (Santa Margarida e São Gabriel) para integração dos mesmos no PPEVisita e Encontro com as Comunidades Eclesiais de Base da Paróquia do Arcanjo São Gabriel para apresentação da proposta doPPEParticipação na construção do documentário “Gotas de Vida” e divulgação do mesmo na ComunidadeDivulgação do PPE nos eventos da Diocese de Bagé

alunos do Município e presencialmente em reuniões nas comunidades sobre a existência de nascentes;Visitas às nascentes encontradas com potencial de utilização;Plantio de árvores (alunos da Escola Rodrigues Alves) e orientações para o cuidado com as árvores plantadas;Visitas às nascentes encontradas com potencial de utilização;Recuperação de nascentes;Construção de 2 cisternas para captação da água da chuva;Pesquisa e análise da qualidade da água (atividade realizada pelos alunos das Escolas Marechal Hermes e Rodrigues Alves);Participação na Bicicleteada “Caminhos do Sepé;Realização de caminhada ecológica com atividades pedagógicas;

Planejamento do ano com prioridade para visita Cáritas Alemã;Reuniões mensais do PPE;Audiência com Secretário do Meio Ambiente;Apoio ao programa Catavida;Reunião de avaliação de atuação nas emergências;

Formação Realização de mostra de trabalhos e projetos ambientais;Capacitação sobre política pública de

Território

Região de Novo HamburgoBairro Santo Afonso

Articulação e mobilização Mobilização dos catadores de materiais recicláveis;Articulação com Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, CRAS, Centro Social Madre Regina, ABEFI, Movimento Roesler, Pastoral da Criança, Cáritas Paroquial, Ass. Catadores Catavida;

proteção e defesa civil;

Prático- pedagógicas Plantio de árvores frutíferas;Realização de 2 mutirões de limpeza;Divulgação de material informativo;Passeio ecológico pelo Rio do Sinos;Atuação na enchente do �inal de agosto/13;Apoio com alimentos, água e roupas para os afetados;Apoio ao projeto de ecopontos para coleta de lixo;

Jovens assumiram com entusiasmo as ações ambientais como plantio de árvores nativas.

Movimento Nacional dos Catadores;Entrevistas, spots na rádio, publicação nos jornais locais e da diocese;

Formação CAÇADORAção recreativa com crianças, integrando as três comunidades;Diálogos sobre temas de cidadania;Palestras sobre efetivação de direitos;Atividade antecipada pelo dia das crianças para 83 crianças com participação do grupo de jovens e curso de educação �ísica, além de um grupo de crismandos;Seminário de Gestão de Risco na Câmara de Vereadores;O�icinas sobre Meio Ambiente;O�icina de Pani�icação objetivando geração de renda para superação da pobreza;O�icina para aproveitamento do óleo – confecção sabão caseiro;RIO DO SULRealização de vários eventos sobre meio ambiente:Atividades relacionadas ao Dia Internacional do Meio Ambiente e sobre a Cúpula dos Povos;Seminário sobre Políticas Públicas, Mudanças Climáticas e Gestão de Risco;Encontro com as quatro comunidades;II Seminário Políticas Públicas com o tema mudanças climáticas e justiça

Território

Região de Santa CatarinaCaçadorRio do Sul

Articulação e mobilização CAÇADORDiagnóstico da realidade social, ambiental e econômica das comunidades;Organização e mobilização dos catadores de materiais recicláveis;Articulação com a Defesa Civil e entidades parceiras: Bombeiros, Secretarias Municipais: Meio Ambiente, Saúde, Educação, Assistência Social, EPACRI, Cáritas Diocesana de Caçador.RIO DO SULMobilização e organização de comunidades nos bairros: Barragem, Barra do Trombudo, José Stédile e Santa Rita.Articulação e organização de grupo de catadores de materiais recicláveisDiálogo e articulação com a Defesa Civil, Comissão de Direitos Humanos e outras entidades.Parceria para curso de capacitação de voluntários da Defesa Civil, em vista da criação de NUPDECs em Rio do Sul.Acompanhamento da associação de catadores abrangendo 12 municípios;Discussão da lei dos resíduos sólidos;Acompanhamento e articulação do

ecológica;Capacitação sobre a política pública de proteção e defesa civil;Distribuição de uma cartilha sobre Defesa Civil, feita pela Defesa Civil de Florianópolis;Preparação da 5ª SSB e debate sobre o tema climático;Reforço no trabalho de formação para vivenciar o sentido comunitário;

Prático- pedagógicas CAÇADORAnálise da água da comunidade;Apoio à luta para a obtenção da estrutura necessária para obtenção de água potável, com a implantação de um reservatório comunitário de água;Plantio de árvores nativas;Mutirão de Recolhe Entulho envolvendo comunidade e voluntários;Apoio às organizações de catadores;

RIO DO SULMutirão Ecológico no Bairro Santa Rita, quando foi percorrido um trajeto ao longo do córrego Ribeirão das Cobras e ruas vizinhas fazendo sensibilização sobre o problema do acúmulo de lixo jogado no meio ambiente.Apoio à organização dos catadores de materiais recicláveis para o trabalho coletivo;

Prevenção de Emergências - Cáritas 2120 Prevenção de Emergências - Cáritas

Outro elemento do projeto "Prevenção de Emergências: construindo comunidades mais seguras" foi propiciar o desenvolvimento local, uma vez que promoveu iniciativas inovadoras e mobilizadoras da coletividade, articulando as potencialidades locais.

REFLEXÃO�E�CONSCIENTIZAÇÃO�4.�As�experiências�nos�territórios�

Para ser um processo consistente e

sustentável, um projeto voltado

para desenvolvimento local deve

ampliar as oportunidades sociais e a

viabilidade de formação de redes

locais sustentáveis, ancorado nos

seguintes aspectos:

P ro m ove r u m p ro c e s s o d e

mudança baseado na comunidade,

nos potenciais locais;

Partir das demandas comunitári-

as, as quais se procure responder

mobilizando capacidades e recursos

locais;

Estimular o dinamismo e partici-

pação comunitária;

Dispor dos recursos externos com

um papel de reforço /apoio e não

substituto aos recursos internos,

numa perspectiva integrada (multi-

dimensional, interdisciplinar e

transdisciplinar), que exige uma

lógica de parceria (múltiplos prota-

gonistas);

Buscar o fortalecimento das capa-

cidades de ação coletiva dos cida-

dãos e organizações (informação,

conhecimento e habilidades) e a

criação de um ambiente institucio-

nal propício que facilite a participa-

ção no fortalecimento da política

pública, de maneira que se possa

assumir e superar as condições

adversas existentes;

Propor estratégias com resulta-

dos potencialmente transformado-

res e sustentáveis.

Para articular os diversos envolvi-

dos tanto no planejamento, como na

execução e monitoramento, o proje-

to contou com a coordenação regio-

nal e com articuladores locais que,

junto aos agentes diocesanos da

Cáritas, eram responsáveis pela

realização das atividades.

O público bene�iciário do projeto

eram as comunidades com um todo,

mas com um olhar muito especial

para grupos de mulheres, jovens,

agricultores familiares e povos tra-

dicionais (índios e quilombolas).

A estratégia desenhada na proposta

do projeto envolveu 3 eixos, como

veremos a seguir.

“Nunca ficou tão claro para nós a importância de que a sociedade se organize para a autoproteção já que os eventos desastrosos estão crescendo em nosso país de forma significativa.” – Marcos Ferreira - Associação Brasileira de Psicologia nas Emergências e Desastres - (ABRAPEDE)

A realidade urbana de Rio do Sul, Caçador e Novo Hamburgo, tem em comum as constantes enchentes alagamentos e deslizamentos.

Reunião dos responsáveis pelo projeto para planejar, monitorar e avaliar as ações .

Prevenção de Emergências - Cáritas 2322 Prevenção de Emergências - Cáritas

POLÍTICAS�PÚBLICAS

4.1.1.�Construindo�a�superação�das�vulnerabilidades

POR�UMA�CULTURA�DE�PROTEÇÃO�E�DEFESA�CIVIL�ANTES�DO�DESASTRE�ACONTECER

EIXOS�1�E�2

A Cáritas Regional Rio Grande do Sul tem como um de seus objetivos “atuar na prevenção, no socorro imediato e na reabilitação de grupos sociais e comunidades em situa­ções de emergência natural e social;”. Suas prioridades estratégicas do Plano Operativo Anual 2013 focam a “promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territo­riais de desenvolvimento solidário e sustentável e a defesa e promoção de direitos, mobilizações e controle social das políticas públicas”. Essas prioridades balizam sua atua-ção, que busca promover o protagonismo dos bene�iciá-rios de seus projetos, por meio da construção coletiva de solução a partir do potencial e da cultural local.Para isso, desenvolve ações em âmbito municipal, dioce-sano, regional e estadual; atua em parceria com movi-mentos sociais, entidades e organizações da sociedade civil; participa de lutas e mobilizações sociais, de defesa e promoção de direitos; de espaços e instrumentos de

construção de políticas públicas. Não poderia ser dife-rente no projeto "Prevenção de Emergências: construin-do comunidades mais seguras".Nos debates realizados para a construção coletiva deste projeto, foram identi�icados os eixos fundamentais no âmbito de controle social e políticas públicas, que são:conhecer e fortalecer a política de defesa civil;articular as instâncias públicas e atores sociais visando à atuação e�icaz na implantação de políticas públicas de prevenção de riscos ambientais e nas situações de emer­gências.Nesses eixos do projeto, a Cáritas Regional buscou pro-mover um espaço participativo voltado à re�lexão coleti-va sobre as demandas e limitações para o desenvolvi-mento de uma percepção do risco e as eventuais alterna-tivas ao risco.

André Antunes, professor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) em seu artigo “Desastres Naturais? Interfaces entre Defesa Civil, saúde e meio ambiente"relata que desde o final dos anos 40 a Defesa Civil foi institucionalizada e levou 50 anos para ser criada a Política Nacional de Defesa Civil (PNDC). A partir daí, existe a norma que orienta os órgãos de Defesa Civil a trabalharem de forma articulada e coordenada nos três níveis de governo, por meio da criação do Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC).

O sistema teve suas diretrizes refor-

muladas por sucessivos decretos do

Poder Executivo - em 1993, 2005 e

2010. Este último, o decreto 7.257,

serviu de base para a Lei 12.340,a

qual foi alterada pela Lei 12.608, de

10 de abril de 2012. Essa dispõe

sobre a organização do Sistema Naci-

onal de Proteção e Defesa Civil –

SINPDEC, que orienta as ações nas

esferas municipais, estaduais e fede-

ral. Atualmente, a coordenação do

sistema �ica a cargo da Secretaria

Nacional de Proteção e Defesa Civil

(SEPDEC), órgão do Ministério da

Integração Nacional.

A Defesa Civil no Brasil é de�inida no

Decreto Nº 5.376, de 17 de fevereiro

de 2005, como “ο conjunto de ações

preventivas, de socorro, assistenciais e

reconstrutivas destinadas a evitar ou

minimizar os desastres, preservar o

moral da população e restabelecer a

normalidade social” e a Política Naci-

onal de Proteção e Defesa Civil orien-

ta que “o gerenciamento de riscos e de

desastres deve ser focado nas ações de

prevenção, mitigação, preparação,

resposta e recuperação e demais polí­

ticas setoriais, como propósito de

garantir a promoção do desenvolvi­

mento sustentável”, conforme a Lei

12.608, de 11 de abril de 2012, Art. 3º

e § Único.

As ações da Defesa Civil no Brasil têm

o objetivo geral de reduzir esses

desastres pela diminuição de sua

ocorrência ou intensidade e abran-

gem:

1. Prevenção: ações dirigidas a ava-

liar e reduzir riscos, numa perspecti-

va de autoproteção das comunida-

des. A partir de 2012, foi incluído o

termo “proteção”, que diz respeito à

prioridade e necessidade das ações

preventivas e não só defensivas desta

política, passou a chamar-se Política

Nacional de Proteção e Defesa Civil;

2. Preparação: medidas e ações

destinadas a reduzir ao mínimo a

perda de vidas humanas e outros

danos;

3. Resposta: ações desenvolvidas

durante um evento adverso para

salvar vidas, reduzir o sofrimento

humano e diminuir perdas;

4. Reconstrução: processo pelo qual

se repara e restaura em busca da

normalidade.

Essas fases devem ser complementa-

res e se articular no sentido da retro-

alimentação do sistema. Faz-se a

prevenção, atua-se no socorro e pres-

ta-se assistência aos atingidos, mas a

recuperação, além de restabelecer a

normalidade, visa à prevenção de

novos desastres.

Mas, na prática, ainda há um longo

caminho a ser percorrido.

Como mencionado anteriormente, o

grau de destruição dos desastres não

depende exclusivamente da intensi-

dade dos eventos climáticos, mas tem

ligação direta com os recursos dispo-

níveis para sua prevenção e com a

capacidade de resposta da sociedade.

Essa relação ocorre tendo em vista

que a vulnerabilidade a eventos cli-

máticos está relacionada a um con-

junto de fatores sociais.

Nessa caminhada recente de promo-

ção das políticas públicas no país, a

institucionalização da área da Defesa

Civil vem representando um desa�io

importante na apropriação efetiva de

práticas dos direitos e cidadania.

Com as recorrentes situações de

enchentes, estiagens e outros, as

comunidades e os entes públicos vão

percebendo a necessidade de organi-

zar e ampliar os investimentos de

recursos humanos, �inanceiros, mate-

riais e técnicos num sistema efetivo

de prevenção e respostas às emer-

gências.

A revisão e redistribuição de respon-

sabilidade e direitos no que se refere

à gestão dos riscos e emergências,

revendo e revitalizando o papel da

sociedade, fortalecerá o caráter de

política pública da Defesa Civil e o

compromisso com as comunidades, a

partir das demandas locais. O foco

Equipe da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil falando para alunos em atividade alusiva à semana do meio ambiente.

Prevenção de Emergências - Cáritas 2524 Prevenção de Emergências - Cáritas

principal deve ser a proteção coletiva

no âmbito da preservação da vida e

da autonomia das comunidades vul-

neráveis e afetadas por desastres na

construção de decisões sobre aspec-

tos que afetam suas vidas.

Essa lógica já é prevista no Sistema

Nacional de Defesa Civil (SINDEC).

Na esfera municipal integram o

SINDEC as Coordenadorias Munici-

pais de Proteção e Defesa Civil -

COMPDEC e Núcleos Comunitários

de Proteção e Defesa Civil - NUPDEC,

responsáveis pela articulação e coor-

denação do Sistema em nível munici-

pal, conforme o Decreto Nº 5.376, de

17 de fevereiro de 2005. Art. 5º, V.

Os NUPDECS são grupos de pessoas

voluntárias que se organizam num

bairro, numa rua ou nas comunida-

des e que recebem preparação para

atuarem em apoio à equipe da Coor-

denadoria Municipal de Proteção e

Defesa Civil em casos de emergênci-

as. Esses grupos são referência para

as comunidades situadas em áreas de

risco, na orientação e apoio e na orga-

nização para prevenção e reconstru-

ção. Também são reconhecidos pelas

Comissões de Proteção e Defesa Civil

para atuar no apoio às diferentes

ações, tanto no planejamento quanto

na prática dos planos para a preven-

ção, socorro, preparação e reconstru-

ção, visando sempre à manutenção da

qualidade de vida e à autoproteção.

Já a COMPDEC – Coordenadoria Muni-

cipal de Proteção e Defesa Civil é o

órgão do Governo Municipal compos-

to por membros nomeados pelo Pre-

feito com a competência de articular,

coordenar e gerenciar ações de defesa

civil em nível municipal. É responsá-

vel por identi�icar as áreas de risco,

fazer plano que contemple “o que

fazer, quando fazer e quem será res-

ponsável pelas ações” em caso de

emergências. Uma atribuição muito

importante das COMDPEC é fazer a

preparação e organização das comu-

nidades priorizando ações de preven-

ção para o enfrentamento das situa-

ções com o menor risco possível, faci-

litando a participação e a organização

para viver livre de riscos.

O projeto "Prevenção de Emergênci-

as: construindo comunidades mais

seguras" em relação ao eixo de articu-

lação com a Defesa Civil, de�iniu os

seguintes objetivos especí�icos:

Fortalecer as Coordenadorias

Municipais de Proteção e Defesa Civil

– COMPDEC's e ampliar os Núcleos

Comunitários de Proteção e Defesa

Civil – NUPDEC's para atuação articu-

lada com as organizações sociais e o

poder público, de acordo com a meto-

dologia da Defesa Civil, nas medidas

de prevenção e nas situações de risco

de desastres socioambientais.

Incidir para a realização do mapea-

mento das áreas de risco e para a

efetivação da Política Nacional de

Proteção e Defesa Civil, (Programa de

Prevenção e Preparação para Emer-

gências e Desastres – PPED).

Em todos os territórios, foram reali-

zadas atividades focando esses obje-

tivos por serem considerados, pelos

grupos, como fundamentais para o

fortalecimento da Defesa Civil para a

segurança efetiva das comunidades.

A dinâmica inicial de implementação

do projeto em cada região envolveu a

apresentação do mesmo à comunida-

de e a potenciais parcerias, especial-

mente a Defesa Civil municipal. Para

Na , devido região de Santa Catarina

às enchentes que ocorreram na fase

de implantação do projeto naquela

região, a equipe do projeto participou

de reuniões e de campanhas com a

Defesa Civil e outros parceiros para

traçar o Plano de Contingência que é

a previsão “do que fazer, como fazer e

com quem contar” nas situações de

emergências. As ações devem ser

coordenadas pela COMPDEC, mas em

articulação com organizações e comu-

nidades.

Foi realizado em o Seminá-Caçador

rio Municipal, que contou com a par-

ticipação de Marcos Ferreira, da Asso-

ciação Brasileira de Psicologia nas

E m e r g ê n c i a s e D e s a s t r e s -

ABRAPEDE e parceiro do PPE em

outras oportunidades. Marcos abor-

dou o tema Participação da Sociedade

na Formulação e Operação da Política

Pública de Proteção e Defesa Civil.

Entre outros pontos, falou sobre o

conceito de autoproteção, funda-

mental para a sobrevivência humana

em casos de emergências. Esse con-

ceito parte do princípio que as pesso-

as precisam desenvolver uma maior

efetuar esse convite os articuladores

locais realizavam um diagnóstico

institucional da Defesa Civil local:

como era, ou não, organizada em

termos de recursos humanos, técni-

cos, materiais, a potencial abertura

para parcerias, a identi�icação de

pessoas para representação em

encontros de articulação, atividades

coletivas e seminários.

Nessa conversa inicial, buscou-se

saber detalhes do mapeamento de

risco local, que é uma das atribuições

da Defesa Civil. Em vários casos ainda

não havia sido feito o mapeamento e

a equipe do projeto colocou-se à dis-

posição para apoiar a Defesa Civil

nessa tarefa tão importante para a

prevenção de emergências.

A partir dessa articulação inicial, nos

casos em que houve adesão efetiva da

Defesa Civil, várias ações foram reali-

zadas conjuntamente, de modo espe-

cial nos municípios de Rio do Sul e

Caçador.

Em , foram realizadas Salto do Jacuí

reuniões para a criação de um

NUPDEC, no bairro Harmonia e arti-

culou-se para a criação da COMPDEC.

percepção dos riscos aos quais estão

expostas e organizarem-se - tanto

individual, quanto coletivamente –

para responder rapidamente em

momentos emergenciais, não depen-

dendo exclusivamente, mas traba-

lhando conjuntamente com o poder

público para viabilizar soluções que

minimizem o impacto dessas ocor-

rências.

Segundo Marcos, a autoproteção tem

um viés mais amplo que a emergência

propriamente dita (chuva, vento,

seca, granizo,...), pois envolve a pers-

pectiva da vulnerabilidade dos indiví-

duos, grupos e comunidades que, por

suas fragilidades, �icam expostos a

riscos diversos.

Os riscos são variáveis incontroláveis

- independem da nossa vontade e

podem acontecer em qualquer lugar -,

então é importante eliminar a vulne-

rabilidade. Desse modo, mesmo que

haja o evento desastroso, não haverá a

produção de sofrimento humano, ou

terá menos impacto. Marcos reforçou

a importância de se construir uma

cultura de Proteção e Defesa Civil

para superação das vulnerabilidades.

O projeto foi apresentado para os jovens que participaram de bicicleteada ecológica.

Caçador ou Rio do Sul

2º Seminário Estadual de Gestão de Risco de Santa Catarina - Rio do Sul 2012

Prevenção de Emergências - Cáritas 2726 Prevenção de Emergências - Cáritas

Ao longo do projeto, os momentos de avaliação consideraram os indicadores apresentados na

proposta do PPE. Em relação ao conhecimento e fortalecimento da política de defesa civil, foram

indicados os aspectos ligados à:

promoção da efetiva articulação e parceria com os setores públicos e privados que

desenvolvem trabalhos de formação, tais como escolas, associações e organizações locais, na

perspectiva da política pública da Defesa Civil e de prevenção de riscos, tanto urbano quanto

rural, potencializando a mobilização da sociedade civil.

As regiões participantes do projeto hoje têm pessoas e organizações com maior conhecimento

sobre a política pública de Proteção e Defesa Civil e condições de refletir construtivamente a

partir de uma maior percepção de risco e dos recursos locais para enfrentá-los. Esse capital

social tem grande potencial de mobilização e articulação, colaborando com a institucionalização

e o fortalecimento da Defesa Civil. Avançar na efetividade destas articulações e parcerias é um

desafio a ser vencido, especialmente no que se refere à criação dos NUPDECs.

AVANÇOS�E�LIMITES:�REAVALIANDO�A�CAMINHADA

4.1.1.1.�Avaliação�dos�resultados COMUNIDADES�MAIS�SEGURAS4.1.2.�Diálogo,�parcerias�e�participação�social

É a capacidade que a sociedade tem

de incidir nas políticas públicas,

fazendo prevalecer os interesses, as

necessidades e demandas da popula-

ção. Essa participação se estabelece

por meio da interação dos cidadãos e

organizações da sociedade civil com

o Estado, para a construção coletiva

das prioridades e elaboração dos

planos de ação nas esferas governa-

mentais. Dessa maneira, são postas

em prática as demandas em forma de

políticas, programas e projetos que

devem ser acompanhados no seu

desenvolvimento.

Assim, o controle social pode ser

realizado em diferentes momentos:

no estágio de debate e de�inição

das políticas a serem implementa-

das;

na execução das políticas;

no acompanhamento e avaliação

da gestão e aplicação de recursos.

O diálogo com o Estado e a participa-

ção dos cidadãos no controle social é

fundamental para garantir que as

políticas atendam, de fato, às deman-

das prioritárias das comunidades,

quali�icando a oferta dos serviços e

aplicando os recursos públicos de

forma adequada. Isso traz fortaleci-

mento para a política que se torna

realmente interesse público.

Mas para isso é preciso vencer a cul-

tura política autoritária, que histori-

camente marcou as relações de

poder no Brasil. Muitos governos

concordam, em princípio, com a par-

ticipação, mas, na prática, agem sem

levá-la em conta. O mesmo vale para a

população, que, muitas vezes, “pede”

pela participação, mas, na prática,

�ica esperando um líder que resolva

tudo, sem que precise se envolver

muito com as questões.

Os Conselhos são instrumentos fun-

damentais de controle das políticas

setoriais e têm sua existência garanti-

da em lei, nas três esferas governa-

mentais (municipal, estadual e fede-

ral). A eles compete deliberar políti-

cas, aprovar planos, �iscalizar ações e

aplicação de recursos, aprovar ou

rejeitar prestações de contas e emitir

normas.

Mas os Conselhos não são os únicos

meios de participação popular e con-

trole social. A participação ativa dos

cidadãos em associações, grupos,

movimentos e fóruns é muito impor-

tante. São nestes espaços autônomos

que diversos segmentos aprendem a

dialogar e a respeitar outros pontos

de vista, constroem interesses coleti-

vos e de�inem propostas que, no diá-

logo posterior com governos, devem

ser debatidas amplamente.

Outras oportunidades de participa-

ção popular são as Conferências

municipais, estaduais e nacionais.

São espaços democráticos de cons-

trução de políticas públicas, onde o

povo se manifesta, orienta e estabele-

ce diretrizes para os rumos da políti-

ca em debate em cada esfera. As Con-

ferências buscam mobilizar e envol-

ver amplamente a sociedade em

todos os momentos, garantindo a

participação de representantes dos

diversos segmentos sociais:

população - moradores da cidade

e/ou entidades tais como associa-

ções de moradores, movimentos

populares, sindicatos, NUPDECs,

estudantes, escolas, universidades,

etc;

trabalhadores da área - sindicatos,

associações, conselhos pro�issionais

e de servidores públicos; e

gestores públicos.

A Política Nacional de Proteção e

Defesa Civil está em processo de sua

2ª Conferência, portanto uma traje-

tória muito curta ainda. Na primeira

Conferência, realizada em março de

2010, nenhuma pessoa envolvida no

PPE participou do processo e pouco

se ouviu falar dela, embora tenha

reunido em torno de 60 mil pessoas,

de 1.100 cidades brasileiras. Mas,

para a 2ª Conferência, prevista para

maio de 2014, há uma atenção espe-

cial para a participação devido ao

despertar sobre a importância dessa

política. A Cáritas RS tornou-se

conhecida através do projeto e foi

convidada a fazer parte da equipe

organizadora da etapa estadual. Já o

município de Caçador foi o primeiro

no estado de Santa Catarina a realizar

a etapa municipal, fruto do desa�io de

fazer uma boa conferência municipal,

proposto pelo assessor Marcos Fer-

reira no seminário promovido pelo

PPE, em agosto de 2013.

Um exemplo bastante importante de

articulação social é o Movimento

Nacional dos Afetados por Desastres

Socioambientais – MONADES, que

nasceu de encontros e conversas

entre afetados, com uma grande e

direta participação do Conselho Fede-

ral de Psicologia e da Cáritas Brasilei-

ra. Durante um Seminário do Conse-

lho, chegou-se ao consenso de que

era necessária a organização dos

próprios afetados. A partir disso, em

diversas oportunidades (seminários

e reuniões), vários grupos aderiram

ao movimento para buscar os direi-

tos dos afetados . Em 2011, o

MONADES foi efetivamente criado e,

como ato simbólico dessa luta, foram

colocadas 5.000 cruzes na Esplanada

dos Ministérios, em Brasília, chaman-

Desde a Constituição de 1988, o direito à participação popular na formulação das políticas públicas e no controle social das ações do Estado estão garantidos. Mas o que é controle social?

Estudantes participam de desfile da pátria com tema de consciência ambiental.

Prevenção de Emergências - Cáritas 2928 Prevenção de Emergências - Cáritas

do assim a atenção para o número

signi�icativo de mortes de pessoas

nos últimos anos em desastres socio-

ambientais.

O MONADES conta com representa-

ções de grupos de afetados do Sul,

Sudeste, Norte e Nordeste, que têm

em comum a visão dos afetados

serem percebidos como protagonis-

tas na hora do desastre e não como

vítimas.

No PPE as ações voltadas à articula-

ção entre as instâncias públicas e aos

atores sociais foram estratégicas

para promover a construção coletiva

de respostas para as demandas de

cada um dos 11 municípios envolvi-

dos, com maior ou menor grau de

efetividade, respeitando os aspectos

culturais e humanos que caracteri-

zam os grupos.

As articulações foram realizadas de

forma descentralizada, com apoio

contínuo dos articuladores do proje-

to, agentes Cáritas e da equipe de

coordenação. Esse é um movimento

com resultados de médio e longo

prazo, mas fundamental para a sus-

tentabilidade das ações, pois, uma

vez que essas sejam amparadas por

políticas públicas, independem da

vontade política para sua existência.

O projeto "Prevenção de Emergênci-

as: construindo comunidades mais

seguras" em relação ao eixo de articu-

lação com instâncias públicas e ato-

res sociais, de�iniu o seguinte objeti-

vo especí�ico:

Fortalecer mecanismos de contro-

le social das políticas públicas relaci-

onadas à prevenção de desastres, por

meio da conscientização e da mobili-

zação da comunidade.

A articulação das instâncias públicas

e atores locais teve uma dinâmica de

mobilização bastante similar à arti-

culação com a Defesa Civil. Com o

apoio de pessoas da comunidade,

pastorais sociais, igrejas e outros,

foram levantados os contatos de

potenciais parceiros, lideranças

comunitárias e interessados em par-

ticipar de alguma forma no projeto.

Essas pessoas foram convidadas para

a apresentação do projeto, com deba-

te para elaboração de diagnóstico

local, considerando os aspectos soci-

oambientais.

A partir do efetivo interesse dos par-

ceiros no projeto, novas reuniões

foram realizadas ao longo do proces-

so para o planejamento, execução,

prestação de contas, monitoramento

e avaliação das ações. Essas reuniões

constituíram-se espaços democráti-

cos e participativos para a constru-

ção de conhecimento de forma coleti-

va, lançando mão de subsídios técni-

cos e da sabedoria popular, a partir

da realidade de cada município. As

reuniões também eram o foro para

de�inição dos critérios para seleção

das propriedades que teriam priori-

dade na recuperação de fontes ou

construção de cisternas.

Uma prática interessante da região

de Vacaria era a realização de reu-

niões da equipe do projeto de forma

descentralizada, circulando entre os

municípios de Maximiliano de

Almeida, São João da Urtiga Paim e

Filho. Essa prática incentivou a troca

de experiências e a diversidade de

olhares em relação às atividades e ao

projeto como um todo.

Uma ação desenvolvida com muito

empenho pelos articuladores locais

em todas as regiões foi a visita siste-

mática às famílias que residiam nos

bairros ou propriedades rurais nas

áreas de abrangência do projeto.

Essas visitas ocorreram em vários

momentos, com diferentes intencio-

nalidades. Inicialmente tinham o

objetivo de estabelecer laços de con-

�iança e promover uma escuta aco-

lhedora das demandas dessas famíli-

as. Com o andamento do projeto, as

famílias também foram envolvidas

nas atividades de avaliação, contribu-

indo com seus depoimentos, críticas

e sugestões.

Nas áreas urbanas as famílias atingi-

das e/ou afetadas por emergências

demonstravam descon�iança e resis-

tência ao contato dos articuladores,

por desacreditarem na possibilidade

de resultados efetivos, considerando

vivências anteriores com o poder

público e organizações que, de diver-

sas formas, as decepcionaram. Com a

atuação perseverante, transparente e

com o diálogo franco, a equipe do

projeto conseguiu estabelecer uma

signi�icativa relação de con�iança

com as famílias.

Na área rural, a escuta às famílias foi

fundamental para o mapeamento das

fontes e nascentes, além do entendi-

mento dos aspectos envolvidos nos

processos sociais daquelas comuni-

dades. O movimento de articulação

com grupos e/ou organizações funci-

onou como uma via de mão dupla, os

parceiros apoiavam o projeto, ao

mesmo tempo em que o projeto par-

ticipava ativamente em atividades

dos parceiros. Um exemplo foi a par-

ticipação do projeto no Seminário

Regional, realizado em Sananduva,

promovido pelo Fórum Permanente

dos Movimentos e Pastorais Sociais

com o tema: Economia Verde e Mer­

cantilização da Natureza. Nessa opor-

tunidade, concluiu-se que é impor-

tante continuar aprofundando as

re�lexões sobre temas como tecnolo-

gias sociais, agroecologia, justiça

social e ambiental, pagamento por

serviços ambientais, crédito de car-

bono, entre outros, já que são temas

ainda novos, de modo especial para

os grupos identi�icados com a agri-

cultura familiar.

Outro exemplo de parceria de longo

prazo do projeto com uma iniciativa

local foi em com a Canoa-Paim Filho

gem Ecológica. Anualmente, durante

o evento, além da coleta de lixo nos

rios, eram promovidas palestras,

separação do lixo coletado, concur-

sos infantis, ações de repovoamento

dos rios com alevinos nativos e con-

fraternização.

A região de Cruz Alta realizou ações

de articulação entre os municípios de

Salto do Jacuí, Estrela Velha e Jacu-

izinho para o levantamento de

aspectos especí�icos das áreas de

risco sujeitas a desastres socioambi-

entais de cada município, leitura da

realidade local a partir da perspecti-

va de prevenção de emergências e

de�inição de encaminhamentos

comuns. É importante destacar a

parceria com a EMATER para a reali-

zação das ações de�inidas para essa

região.

Em Santa Margarida do Sul e São

Gabriel foram realizadas reuniões

com grupos de mulheres dos assenta-

mentos Novo Horizonte e União Pela

Terra. Nessas oportunidades, foram

construídas ações de enfrentamento

da falta de água e de fortalecimento

às iniciativas de trabalho e geração e

renda existentes nos assentamentos.

Foi muito importante a atuação da

Secretaria Municipal de Educação,

promovendo trabalhos pedagógicos

a partir das ações do PPE. Cabe desta-

que, ainda, à Escola Estadual Mare-

chal Hermes, que tomou a iniciativa

de procurar a Cáritas para ser parcei-

ra de um projeto de sustentabilidade

escolar, através da construção de

uma cisterna, viabilizada pelo proje-

to. Nas duas escolas existentes no

município, foram feitas cisternas

para captação da água da chuva. Nas

etapas iniciais do projeto, houve par-

ticipação dos bombeiros mirins.

Articulações fundamentais também

foram realizadas com a EMATER, que

desde o início esteve presente nas

ações com seu aporte técnico, e com a

comunidade católica Santa Margari-

da, que disponibilizou sempre seu

espaço para as atividades e partici-

pou dos debates e reuniões de traba-

lho.

Também a Universidade do Pampa –

UNIPAMPA, através de seus alunos,

apoiou atividades nas propriedades

bene�iciadas pelo projeto que enfren-

tavam o problema da erosão, que, em

alguns casos, colocava em risco a

própria casa da família. Fruto da con-

junção de fatores como um solo com

características arenosas, degradação

da cobertura vegetal e desgaste do

solo pelas sucessivas queimadas, a

erosão em Santa Margarida repercu-

te no surgimento das boçorocas.

Outra parceira importante, vinculada

diretamente à questão da água, foi a

CORSAN. Por meio dessa parceria

foram realizadas análises de água das

cinco primeiras fontes preservadas.

Além disso, a CORSAN participou da

Semana Interamericana da Água,

realizando palestras sobre temas

ambientais.

No município de as Novo Hamburgo

ações de articulação foram bastante

efetivas a partir da participação na

Rede Santo Afonso, composta por

aproximadamente 25 entidades, que

se reuniam mensalmente para socia-

lizar preocupações, discutir temas

comuns, divulgar atividades e cons-

truir ações articuladas no território.

A Rede disponibilizou um espaço na

reunião para a apresentação da pro-

posta do PPE e o articulador do proje-

to passou a participar desse espaço,

representando a Cáritas e o projeto. A

Coordenadoria Municipal de Defesa

Civil foi convidada a participar da

reunião de articulação local do proje-

to para apresentar a Política de Defe-

sa Civil e as condições de trabalho da

equipe da Defesa Civil - equipamen-

Atividade de campo em Novo Hamburgo, por ocasião da visita da Cáritas Alemã, em maio de 2013.

tos, estrutura �ísica, capacitação,

entre outros. Destaca-se também na

região de Novo Hamburgo o envolvi-

mento do CRAS – Centro de Referên-

cia da Assistência Social, sempre

presente nas ações do projeto e,

inclusive, disponibilizando seus espa-

ços para divulgação e realização de

atividades.

Em debates realizados nas reuniões

do projeto e da Rede Santo Afonso,

foram demandadas audiências com

as Secretarias Municipal de Habita-

ção e Meio Ambiente para discutir

soluções para o problema das mora-

dias em áreas de risco e que sofrem

constantes alagamentos.

O PPE participou das Festas da Praça,

idealizadas por entidades que reali-

zam trabalho social no bairro Santo

Afonso e que fazem esta festa no mês

da criança para valorizar os espaços

coletivos de encontro e lazer e dar

visibilidade às iniciativas dos proje-

tos sociais no bairro.

Outra atividade que merece destaque

foi a feira de apresentação dos traba-

lhos desenvolvidos junto às escolas

do território, com o objetivo apresen-

tar à comunidade os trabalhos sobre

o tema preservação do meio ambien-

te. O objetivo maior desta atividade

era promover o protagonismo dos

jovens. Todos �icaram surpresos com

a qualidade dos trabalhos apresenta-

dos. Foi possível ver e sentir a preo-

cupação por parte dos jovens com a

questão da poluição das águas. Esti-

veram presentes à mostra as escolas

do território, o movimento ecológico

da cidade de Novo Hamburgo, o CRAS

do bairro Santo Afonso, a Cáritas

Diocesana, o Centro Social Madre

Regina, a Ação Encontro, entre

outros.

Foi marcante também o encontro

com o representante da Cáritas Ale-

mã, realizado no bairro, com a parti-

cipação das demais regiões integran-

tes do projeto. Foram organizadas

visitas aos espaços críticos com ocor-

rência de alagamentos e enchentes,

apresentação da trajetória do projeto

em cada região, além de debate sobre

a realidade da Política de Proteção e

Defesa Civil no Brasil.

Em o projeto foi parce-Salto do Jacuí

iro na Bicicleteada de São Sepé e na

34ª Romaria da Terra, ocorrida no

município de Candiota. Os eventos

foram organizados pela Pastoral da

Ecologia e pela Comissão Pastoral da

Terra, respectivamente, com o apoio

da Cáritas do Rio Grande do Sul.

No município de o Estrela Velha

projeto organizou com a Escola Muni-

cipal de Ensino Fundamental uma

saída de campo para visitar a Casa de

Amparo Navegantes. Os alunos

conheceram a cisterna para captação

da água da chuva construída no local

com recursos do Projeto de Preven-

ção de Emergências, receberam

informações da técnica de constru-

ção e re�letiram sobre a importância

do reaproveitamento da água da

chuva.

A região de Cruz Alta tem um históri-

co de projetos que bene�iciaram as

comunidades tradicionais quilombo-

las e indígenas. Na perspectiva de

integrar e potencializar as ações, em

Jacuizinho houve uma aproximação

muito positiva com a comunidade

Mbyá Guarani, inclusive com a parti-

cipação da comunidade em atividade

organizada pela Escola Municipal de

Ensino Fundamental Álvaro Rodri-

gues Leitão, junto com o PPE.

Nessa região, o PPE teve uma reper-

cussão muito positiva. Esse resultado

motivou a EMATER e as Prefeituras a

investirem na recuperação de fontes

e proteção de nascentes, com recur-

sos dos municípios.

Na região de Santa Catarina, no muni-

cípio de , após uma série de Rio do Sul

visitas, foram de�inidos quatro bair-

ros com áreas de risco, nos quais o

projeto foi implementado: Santa Rita,

Loteamento José Stédile, Barragem e

Barra do Trombudo. Mas o processo

inicial do projeto sofreu logo uma

guinada, do foco da prevenção para a

necessidade imediata de atuação na

emergência, pois, durante o mês de

agosto de 2011, a região sofreu sema-

nas de intensas chuvas que provoca-

ram deslizamentos e enchentes. 70%

da população, aproximadamente

50.000 pessoas, foram afetadas por 3

enchentes num único mês. O fenôme-

no causou deslizamentos de terra,

desabrigando as famílias, de modo

especial nos bairros onde o projeto

passou a ser desenvolvido.

A equipe do PPE esteve envolvida

diretamente na ação de atendimento

e apoio às famílias atingidas. Nesse

período, contribuiu na organização

das famílias desabrigadas, identi�i-

cando suas necessidades mais pre-

mentes. Foram feitas visitas aos mora-

dores que estavam em áreas de risco.

Nos alojamentos, a articuladora do

projeto contribuiu com a organização

de reuniões, roda de conversa sobre

autoestima e momentos de lazer com

crianças e adolescentes. Além disso,

foram adquiridos, com recursos do

projeto, materiais de limpeza e higie-

ne pessoal, os quais foram distribuí-

dos aos moradores dos bairros em

que o projeto passou a atuar. Foi uma

oportunidade signi�icativa de viven-

ciar a prática da solidariedade, de

modo especial, em momentos de

atenção e escuta, que possibilitaram

o início de uma relação mais con�ian-

te com essas famílias.

Em , foram realizadas visitas Caçador

às famílias para o levantamento de

informações para realização de diag-

nóstico e de�inição dos locais de atua-

ção do projeto. Os bairros com áreas

de risco mais graves, Bom Sucesso,

Berguer e Vila Paraíso, foram incluí-

dos no projeto.

Caçador também foi atingido pelas

chuvas e enchentes de agosto de

2011, com menos intensidade que

em Rio do Sul, mas igualmente exi-

gindo atuação direcionada ao atendi-

mento das famílias desabrigadas. A

articuladora do projeto participou de

reuniões com a Defesa Civil e demais

entidades para traçar plano de ação

nesta situação de emergência e con-

tribuiu na divulgação da campanha

de solidariedade promovida pela

Cáritas Regional de Santa Catarina,

SOS Santa Catarina, para arrecadar

recursos aos desabrigados.

Uma parceria bastante importante

em Caçador foi a Fundação Municipal

do Meio Ambiente de Caçador –

FUNDEMA para buscar solução para

a demanda da comunidade do Monge

João Maria. Por ser área ocupada, em

litígio e com alta rotatividade de

moradores, a comunidade não aces-

sava obras de saneamento. Por isso,

os próprios moradores entendiam

que não tinham direito ao acesso à

água e ao serviço de esgoto. Durante

as primeiras visitas realizadas pela

equipe do PPE chamou a atenção que

a comunidade não contava com água

encanada, poço artesiano, cisterna,

ou outro meio estruturado de acesso

à água. Os moradores relataram que

coletavam água de duas fontes exis-

tentes na região, localizadas em um

declive do morro, e desprotegidas.

Essa água, mesmo a olho nu, aparen-

tava turbidez. Foi contatada a

FUNDEMA, que visitou o local e reali-

zou a análise �isioquímica da água.

Segundo a Fundação, aquela água

estava altamente contaminada por

coliformes fecais, isso por não se tra-

tar de uma fonte, mas de restos do

esgoto de uma comunidade situada

mais ao alto, que penetrava o solo a

baixas profundidades e, ao criar um

pequeno veio, causava a impressão de

fonte natural. A FUNDEMA inicial-

mente pensou em colocar a caixa no

pátio de um morador, mas a comuni-

dade em mobilização sugeriu que não,

que a mesma fosse colocada em local

público, de fácil acesso a todos. Após

negociações, a divergência foi resolvi-

da favoravelmente à demanda comu-

nitária, sendo a caixa instalada junto a

uma das entradas da comunidade.

Prevenção de Emergências - Cáritas 3130 Prevenção de Emergências - Cáritas

Desde a mais tenra idade, crianças pensam em 'curar' o planeta doente.

“A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Paulo Freire

Ações�PedagógicasEIXO�34.1.2.1.�Avaliação�dos�resultados

VÍNCULOS�FORTALECIDOSPara mensurar os avanços quanto à articulação das instâncias públicas e atores sociais visando à atuação e�icaz na implantação de políticas públicas de prevenção de riscos ambientais e nas situações de emergências, foram indicados os aspectos ligados ao:estímulo à participação e articulação de agentes públicos e entidades demandadas numa emergência, em centros urbanos e rurais, na perspectiva de prevenção.Esse eixo foi muito signi�icativo. Em todas as regiões as ações envolvendo escolas foram um marco no projeto.A EMATER foi uma parceria bastante ativa em várias regiões, especialmente na orientação técnica e apoio no mapeamento, identi�icação

e recuperação de fontes. Também contribuíram em debates e orientações junto às famílias da agricultura familiar.A participação efetiva das secretarias municipais foi variada, em algumas regiões foram bastante próximas e atuantes, em outras mais distantes, apesar de reconhecerem o valor do projeto "Prevenção de Emergências: construindo comunidades mais seguras".A estratégia de diálogo contínuo a partir da realidade local propiciou o estabelecimento de vínculos, mesmo nas comunidades mais resistentes, promovendo o acolhimento das pessoas responsáveis pelo projeto e, inclusive, o surgimento de voluntários com interesse em participar de atividades fora de sua comunidade.

A Cáritas Regional RS, conforme seu

Plano Operativo 2013, tem como um

de seus objetivos “formar e capacitar

agentes para a ação social e o exercí­

cio da cidadania”. A informação é um

patrimônio valioso e pode promover

mudanças signi�icativas em grupos e

comunidades.

No universo de mobilização popular

e controle social, a opção estratégica

da Cáritas faz todo sentido, uma vez

que a educação é um processo huma-

nizante, social, político, ético, históri-

co e cultural. Destaca-se ainda que,

segundo Paulo Freire (em sua obra

Pedagogia da autonomia: saberes

necessários à prática educativa), a

verdadeira aprendizagem é aquela

que transforma o sujeito, ou seja, os

saberes ensinados são reconstruídos

pelos educadores e educandos e, a

partir dessa reconstrução, tornam-se

autônomos, emancipados, questio-

nadores e inacabados. “Nas condições

de verdadeira aprendizagem, os edu­

candos vão se transformando em reais

sujeitos da construção e da reconstru­

ção do saber ensinado, ao lado do

educador igualmente sujeito do pro­

cesso”.

Para a Cáritas, “há uma dimensão

individual dos direitos e deveres onde

cada pessoa é integrante da socieda­

de, e, como tal, tem direito de usufruir

com dignidade dos bens socialmente

produzidos e dos serviços sociais exis­

tentes. Mas essa dimensão individual

se complementa com a comunitária,

que implica no reconhecimento de que

todas as pessoas são responsáveis pela

construção da sociedade, tendo direi­

to e dever de participar dela como

sujeito da história. A cidadania não é

algo dado, mas uma condição a ser

progressivamente conquistada. Não é

algo pronto, mas que está em constru­

ção permanente.”, conforme apresen-

tado na cartilha Políticas Públicas:

controle social e mobilizações cidadã,

de 2006.

As formações e capacitações foram

espaços democráticos de construção

de conhecimento, que se multiplicou

nos grupos e comunidades bene�icia-

dos pelas ações do projeto. As ativida-

des de prática pedagógica, como os

mutirões para recuperação de nas-

centes, são momentos de revitaliza-

ção da cultura ancestral e oportunida-

des de “materialização” do conheci-

mento a serviço do bem-estar e quali-

dade de vida de famílias que, em

alguns casos, devido à recuperação da

fonte localizada em sua propriedade,

puderam optar por permanecer na

sua terra, vivendo do fruto do seu

trabalho.

Os grupos que participaram das for-

mações, capacitações e atividades

prático-pedagógicas tinham per�is

variados, destacando-se em número e

entusiasmo os adolescentes e jovens.

Esses tiveram papel importante de

mobilização comunitária e multipli-

cação de informações. Foram desper-

tados para uma causa que será levada

para o resto de suas vidas: o cuidado

com o Planeta.

Também as mulheres foram partici-

pantes motivadas nas atividades.

Levaram o debate para seus lares e,

em alguns casos, somaram os novos

conhecimentos ao talento empreen-

dedor, gerando com isso renda e tra-

balho, com foco maior na preserva-

ção ambiental.

O projeto "Prevenção de Emergênci-

as: construindo comunidades mais

seguras" em relação ao eixo de ações

pedagógicas, de�iniu os seguintes

objetivos especí�icos:

Promover formação e capacitação

continuada de lideranças comunitá-

rias e pessoas interessadas em temas

relacionados a mudanças climáticas,

meio ambiente, prevenção de desas-

tres e direitos socioambientais para

ampliação de conhecimentos e de

condições para atuação.

Implementar experiências concre-

tas de prevenção a desastres ambien-

tais, com ênfase em ações coletivas

que sirvam de referência, conside-

rando a identi�icação das áreas de

risco e as particularidades de cada

local envolvido no projeto.

Prevenção de Emergências - Cáritas 3332 Prevenção de Emergências - Cáritas

O projeto foi parceiro em atividades como as quatro edições da Canoagem Ecológica que ocorre anualmente no município de Paim Filho.

Encerramento de seminário regional, realizado na Câmara de Vereadores de São Gabriel, confirma relação de parceria das entidades e comunidades em torno do PPE.

4.2.1.�Construção�de�conhecimento

O projeto promoveu diversas oportunidades de formação nos municípios envolvidos e também em nível regional e estadual. As dinâmicas foram variadas, atendendo as especificidades locais, mas tinham em comum o compartilhamento de informações técnicas, conhecimentos da sabedoria popular, reflexões, debates dirigidos e momentos de culminância com a construção das conclusões a partir dos temas debatidos e encaminhamentos de ações nas comunidades e/ou regiões.

TROCAS�DE�EXPERIÊNCIAS�INTEGRANDO�SABEDORIA�POPULAR�E�INFORMAÇÕES�TÉCNICAS

Prevenção de Emergências - Cáritas 3534 Prevenção de Emergências - Cáritas

Foram diversos seminários, encon-

tros de formação e palestras, abor-

dando diferentes temas importantes

para subsidiar as re�lexões sobre a

prevenção de emergências e a sensi-

bilização quanto ao cuidado e preser-

vação do meio ambiente. Os temas

mais trabalhados nas regiões foram:

mudanças climáticas e aquecimento

global, política pública de proteção e

defesa civil, preservação dos recur-

sos naturais, especialmente os hídri-

cos, entre outros. Nesses momentos

de formação, o vídeo Gotas de Vida foi

um material muito importante para a

sensibilização dos participantes.

Em algumas regiões os articuladores

lançaram mão de ações mais simples

como rodas de conversa e diálogos

com grupos menores, especialmente

com alunos de escolas públicas e

moradores de áreas rurais.

Um número signi�icativo de forma-

ções foram realizadas em datas come-

morativas ligadas à temática ambien-

tal como a Semana do Meio Ambien-

te, Dia da Árvore, Dia Mundial da

Água, entre outros. As escolas foram

parceiras fundamentais nas ativida-

des de formação, articulando junto

com o projeto ações pedagógicas que

envolveram palestras, re�lexões e

outras atividades para a comunidade

escolar.

Além das atividades que foram

comuns em todas ou em várias

regiões, as equipes e os articuladores

desenvolveram atividades especí�i-

cas, conforme alguns exemplos que

seguem.

Algumas formações aconteceram por

demanda dos grupos locais. Na

região de Vacaria, por exemplo, foi

realizada o�icina de fabricação de

sabão caseiro com reaproveitamento

do óleo saturado e orientações para a

coleta seletiva do lixo. Em Rio do Sul e

em Caçador a temática da reciclagem

também foi signi�icativa, gerando

atividades com catadores de material

reciclável, na perspectiva de potenci-

alizar e quali�icar o sistema de traba-

lho destes grupos. Essas ações, inclu-

sive, foram fundamentais para a orga-

nização dos catadores em trabalho

coletivo.

Em foi desenvolvida uma Paim Filho

série de atividades envolvendo alu-

nos e professores da rede escolar:

apresentação do vídeo Gotas de Vida;

saída de campo para visita a uma

fonte preservada pelo projeto; mos-

tra de outras tecnologias alternativas

criadas pelo agricultor Gilberto Pia-

na; palestra sobre saúde, importân-

cia da água e cuidado do meio ambi-

ente; dia de debate com professores

(semana pedagógica) para discussão

sobre as propostas de políticas públi-

cas de prevenção de emergências que

o projeto desenvolveu e sobre como

trabalhar os temas de mudanças

climáticas, cuidado do meio ambien-

te e prevenção de emergências nas

diferentes disciplinas; roda de con-

versa sobre a importância de atitudes

que no cotidiano tenham presente o

cuidado com o meio ambiente. Entre

outras coisas, foram abordados os

males que o óleo saturado causa se

jogado na natureza; ao �inal �icou

decidida pela turma, a organização

de um posto de coleta de óleo satura-

do na escola.

A partir desse evento, as escolas rea-

lizaram um projeto pedagógico, no

qual os alunos produziram redações

sobre os temas mudanças climáticas,

aquecimento global e meio ambiente.

Foi realizado um ato de divulgação

que reuniu alunos, professores e a

equipe do PPE, valorizando os parti-

cipantes. Foi um exercício oportuno

para a juventude re�letir e se expres-

sar sobre temáticas tão recorrentes

na atualidade. Nessa região, o prota-

gonismo dos adolescentes e jovens

foi marcante. As atividades envolven-

do as escolas foram muito ricas e, ao

longo do tempo, foi possível observar

mudanças de comportamento na

relação destes jovens com os espaços

coletivos, como exemplo, a praça

onde os grupos se encontram, o pátio

da escola, e um cuidado maior com o

descarte de materiais.

Em foi realizada São João da Urtiga

uma formação reunindo agricultores

familiares, técnicos da EMATER, Sin-

dicato dos Trabalhadores Rurais,

Secretaria Municipal da Agricultura e

professores da rede municipal e esta-

dual de ensino. Foram apresentados

os objetivos do PPE nas falas da arti-

culadora, do agente diocesano da

Cáritas e da coordenação estadual do

projeto. Um técnico da EMATER falou

sobre as possibilidades e limites da

legislação ambiental vigente em rela-

ção às formas de proteção de fontes.

Nesses dois municípios, foram reali-

zados encontros de formação com as

famílias bene�iciadas com as ações de

recuperação de fontes e nascentes

para a preservação dos recursos

hídricos das propriedades como uma

riqueza natural que garante a sua

sustentabilidade. Foram momentos

onde se pôde re�letir sobre o clima de

antigamente e sobre as mudanças

que se percebem hoje, quais são as

causas dessas mudanças e o que é

possível fazer para construir contex-

tos mais equilibrados e propriedades

sustentáveis. Esses encontros contri-

buíram para manter a convicção

sobre a importância da preservação

da natureza, inclusive para que as

gerações futuras tenham condições

de viver da agricultura familiar.

Em o Maximiliano de Almeida,

lançamento do projeto ocorreu com a

recuperação de duas fontes: uma

onde a família ia deixar o campo para

viver na cidade por não ter água potá-

vel; essa atividade teve a participação

de aproximadamente 40 pessoas. A

outra fonte recuperada pertencia a

uma família de condições econômi-

cas precárias, que bebia água conta-

minada pelos animais. Essa fonte foi

limpa, cercada para preservar sua

potabilidade. Ambas as atividades

foram realizadas em mutirão e culmi-

nou com um almoço de confraterni-

zação. Experiências como essas ser-

viram de referência para dias de

campo realizados com alunos e pro-

fessores, com visita às fontes recupe-

radas para conhecer a experiência e

servir de subsídio para re�lexão

sobre práticas de cuidado com o meio

ambiente.

No município de Santa Margarida

do Sul foi debatida e implementada a

inclusão de temas trabalhados pelo

projeto como: aquecimento climáti-

co, cuidado com o meio ambiente,

preservação dos recursos hídricos,

reciclagem, entre outros, no currícu-

lo das escolas municipais.

Um momento importante foi o Semi-

nário na Semana do Meio Ambiente,

que contou com a participação de

aproximadamente 300 pessoas, no

qual foram realizadas várias ativida-

des: o�icina de reciclagem, passeio

ecológico com recolhimento de resí-

duos sólidos no caminho e apresen-

tação teatral. Essa atividade estimu-

lou a integração com empreendimen-

tos de economia solidária e contou

com a parceria da UNIPAMPA.

Também a Semana Interamericana

da Água, em 2013, foi marcante. O

escritório municipal da EMATER/RS-

ASCAR organizou um passeio para os

educandos das escolas do município

e, também, para as parcerias da Cári-

tas no Projeto de Prevenção de Emer-

gências: Construindo Comunidades

Mais Seguras.

Pela parte da manhã, houve um

momento de boas-vindas ao grande

grupo, explanando sobre a importân-

cia da água para o ser humano. O

passeio teve por objetivo visitar uma

propriedade em que foi feita prote-

ção de uma fonte, na família dos Cus-

tódios, com recursos do projeto. Após

conhecer o trabalho desenvolvido no

município desde 2010 sobre prote-

ções de fontes, todos os participantes

deslocaram-se até o Arroio Cambai

localizado na mesma propriedade.

Durante o passeio foi relatada a

importância da Mata Nativa ao redor

do arroio.

Ao todo, 80 pessoas participaram do

passeio, sendo um grupo de 40 pes-

soas na parte da manhã, e outro

grupo de 30 pessoas, na parte da

tarde. A família colaborou apresen-

tando como foi realizada a constru-

ção e demonstrou alegria em receber

o público, bem como a satisfação em

As mulheres tiveram envolvimento e participação expressiva em todas as comunidades, com

iniciativas e proposições de geração de trabalho e renda e melhorias para as comunidades.

Prevenção de Emergências - Cáritas 3736 Prevenção de Emergências - Cáritas

ter uma água de qualidade após fazer

a proteção. Por �im, agradeceram a

concretização dessa obra, com empe-

nho da EMATER e da Cáritas. Ao tér-

mino do passeio, foi servido um lan-

che para todos os participantes.

Em foi realizado seminá-São Gabriel

rio de formação “Mudanças climáti­

cas e o serviço da caridade” para deba-

ter o tema da Cúpula dos Povos e Rio

+20.

Foi realizado também um seminário

com o tema "Aquecimento global e

mudanças climáticas, impactos na

vida das pessoas e na natureza".

Na parte da manhã, foram realizadas

entrevistas em programas das rádios

da cidade e foi promovido um debate

no Colégio Tiradentes sobre o mesmo

tema. Na parte da tarde, na Plenária

da Câmara de Vereadores de São

Gabriel ocorreu o debate com a parti-

cipação da UNIPAMPA, EMATER,

Defesa Civil, escolas, entidades locais

e de Santa Margarida do Sul.

O evento teve como painelista Ivo

Poletto, assessor do Fórum Nacional

de Mudanças Climáticas e Justiça

Social. Como debatedores, represen-

tando a UNIPAMPA, o professor Rafa-

el Cabral Cruz, das áreas de Biotecno-

logia, Ciências Biológicas, Engenha-

ria Florestal e Gestão Ambiental, que

tratou sobre a constituição do Bioma

Pampa, suas alterações, con�igura-

ções e recon�igurações, a partir da

interação humana e dos fenômenos

da natureza. Rafael alertou para as

ameaças da intervenção acelerada do

sistema produtivo atual, que altera

este bioma, colocando em risco de

extinção inúmeras espécies vegetais

e animais. Representando a EMATER,

o engenheiro agrônomo Fernando

Oliveira, que participa do PPE na

região de Bagé desde as primeiras

atividades, falou sobre a visão da

EMATER frente às mudanças climáti-

cas e ações que a entidade poderia

concretizar através de sua extensão.

Ao longo da apresentação apontou as

a�inidades com a perspectiva da Cári-

tas em relação a esta temática.

Na região de pro-Novo Hamburgo

moveu formação sobre Política Muni-

cipal de Defesa Civil de Novo Ham-

burgo convidando a equipe de Defesa

Civil do município para apresentar o

seu trabalho e organização. Deste

diálogo, �icou claro que a equipe de

Defesa Civil não tinha equipamentos

próprios, tendo que contar com car-

ros, barco e outros materiais empres-

tados das Secretarias. Segundo estu-

do apresentado, o bairro Santo Afon-

so encontra-se classi�icado como

risco 3 numa escala de 1 a 4, o que

signi�ica ser de alto risco, causado

por alagamentos e enchentes.

Foi realizado também Encontro de

Socialização e Aprofundamento de

Práticas em Emergências: para uma

atuação mais articulada e e�icaz. O

objetivo do encontro foi socializar as

experiências de atuação em situação

de emergências, analisando as ocor-

rências de enchentes vividas e perce-

bendo o que deu certo e o que falhou,

para re�letir sobre as causas dos êxi-

tos e dos fracassos e projetar uma

atuação mais articulada e e�icaz.

Na região de Cruz Alta foi realizado o

Fórum Integrador do Projeto de Pre­

venção de Emergências, reunindo

pessoas envolvidas nos municípios

de Salto do Jacuí, Jacuizinho e

Estrela Velha. O objetivo da ativida-

de foi socializar as atividades desen-

volvidas, identi�icar os avanços con-

quistados e as di�iculdades encontra-

das até o momento. Para isso, foram

feitos trabalhos de grupo por municí-

pios, socializando em plenária a

re�lexão feita por cada grupo. Ficou

claro que a maior di�iculdade referia-

se à ação efetiva dos gestores públi-

cos dos municípios para dar condi-

ções de efetivação da Política Nacio-

nal de Proteção e Defesa Civil. Foi

apontado que o projeto contribuiu

para realização de diversas ativida-

des nunca pensadas anteriormente,

mas que os municípios não priorizam

a continuidade das iniciativas. Tam-

bém foi sublinhada a importância da

ação local, relacionada com os temas

globais, como exemplo, cuidar de

uma nascente e re�letir sobre as cau-

sas do aquecimento global.

Em foi promovido um Jacuizinho,

debate sobre o contexto ambiental do

município, sobretudo em relação ao

Rio Jacuizinho, que corta a cidade e o

Rio Caixão. A atividade foi encerrada

com uma caminhada dos participan-

tes até o rio, com recolhimento de

lixo, plantio de árvores nativas, frutí-

feras e �lores.

No , no período da Salto do Jacuí

Cúpula dos Povos – Rio + 20, a rede de

escolas do município foi mobilizada

para uma passeata com o tema “Mais

verde na minha cidade”, reunindo

pessoas com faixas, cartazes e distri-

buição de material informativo sobre

a importância da preservação da

natureza. Também �izeram recolhi-

mento do lixo das margens e da rua e

plantaram mudas de árvores nativas,

fornecidas pelo PPE.

No município de , o Dia Estrela Velha

da Árvore foi comemorado com a

comunidade escolar num encontro

de re�lexão e sensibilização sobre a

importância das árvores, das matas e

dos ecossistemas para a produção e

reprodução da diversidade dos seres

vivos que dela dependem, assim

como para a manutenção dos recur-

sos hídricos necessários para todo o

tipo de vida. Falaram sobre o tema

um engenheiro agrônomo e um indí-

gena. Houve também apresentações

artísticas dos alunos e do grupo de

dança guarani Ka Aguy Poty.

Em , o projeto possibilitou a Caçador

visita de um integrante do movimen-

to nacional de Catadores de materiais

Recicláveis – MNCR nos 3 bairros

para conhecer a realidade dos cata-

dores. Também foram desenvolvidas

quatro o�icinas com catadores, nas

quais se debateu a importância da

organização do trabalho coletivo

nesse segmento para conquista de

direitos e condições dignas de vida e

de trabalho. Nessa oportunidade, foi

analisada a possibilidade de melho-

rar as condições de trabalho acessan-

do a Política Nacional de Resíduos

Sólidos. Para isso, foi convidado para

assessorar duas o�icinas um repre-

sentante do Movimento Nacional de

Catadores de Santa Catarina. As

demais o�icinas foram facilitadas

pela equipe do PPE, com atividades

mais práticas em relação a aspectos

organizativos dos catadores.

Também foram realizadas seis o�ici-

nas temáticas, para contemplar tanto

a necessidade de ações pontuais de

retorno imediato para algumas preo-

cupações e necessidades da comuni-

dade, como a importância de orienta-

ções e exercícios práticos em situa-

ções de emergências, temas: saúde

preventiva, noções sobre primeiros

socorros, fabricação de produtos de

higiene e limpeza e reaproveitamen-

to de materiais.

Tendo em vista a preservação do

meio ambiente, também foram reali-

zadas em Caçador o�icinas de plantio

de árvores nativas e mutirões de

recolhimento de lixo nas comunida-

des atendidas pelo projeto. As ativi-

dades contaram com o apoio da

FUNDEMA, que forneceu as mudas e

assistência técnica, falando da neces-

sidade e da importância do cultivo

dessas plantas, assim como os cuida-

dos para o cultivo. Nas comunidades

atendidas pelo projeto, era raro

encontrar uma árvore, especialmente

frutíferas. Por outro lado, entulhos e

lixo estavam espalhados por todo

lado. As atividades tiveram como

objetivo a melhoria do ambiente tor-

nando-o mais alegre, além da colabo-

ração com a Natureza.

A participação da comunidade nas

o�icinas não foi muito representativa,

mas quem participou demonstrou

interesse e entusiasmo. Já ao Mutirão

Recolhe Entulho foi bem aceito pelas

comunidades. Contou com a partici-

pação do grupo de jovens da Paróquia

que não se cansaram de ajudar e pro-

gramaram outras atividades para

realizar com as crianças. Para as cri-

anças da comunidade foi pura alegria,

pois a retirada dos entulhos disponi-

bilizou mais espaço para brincadei-

ras. A FUNDEMA e a Defesa Civil do

município elogiaram essas iniciativas,

pois contribuíram para a sensibiliza-

ção sobre a preservação do Meio Ambi-

ente, ajudando também no fortaleci-

mento da cidadania nessas comunida-

des.

Na cidade de foi promovi-Rio do Sul

do um ciclo de o�icinas temáticas,

com os seguintes temas: Comunida-

de mais segura: rotas de fuga em

tempos de risco; A Carta da Terra e a

Cúpula dos Povos em contraposição à

Rio + 20; A solidariedade como ferra-

menta na construção de comunida-

des vivas; A Defesa Civil, o que é para

que serve, saúde pública e gestão de

riscos ambientais.

Além das ações de formação locais, o

PPE promoveu Seminários Estadua-

is, realizados anualmente. Nesses

eventos, reuniam-se representações

dos grupos de todas as regiões para o

debate sobre temas importantes para

a caminhada do projeto em cada loca-

lidade, a partir de subsídios técnicos

apresentados por especialistas da

área. Após os painéis, eram desenvol-

vidos trabalhos em grupo e socializa-

das as conclusões em plenária. Estes

também eram momentos especiais

de trocas de experiências e confrater-

nização desse grupo de pessoas enga-

jadas na luta por comunidades mais

seguras.

Momento de mística numa atividade de mutirão para recuperação de uma fonte em Maximiliano de Almeida.

2010 – Construção da Defesa Civil

a partir da participação popular

Painelista: Luis Stephanou - Coorde-nador Regional Tema: Vivendo na sociedade de riscoPainelista: José Magalhães de Sousa - assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e EmergênciasTema: Política de emergências da Cáritas Brasileira Painelista: Marcos Ferreira - Associa-ção Brasileira de Psicologia nas Emer-gências e Desastres - ABRAPEDETema: Prevenção a situações de emer-gência e construção de Defesa Civil a partir da participação da população

2011 – Política Nacional de Defesa Civil, o que é e como concretizá-laPainelista: Francisco Milanez - biólo-go, ambientalista e membro da Asso-ciação Gaúcha de Proteção Ambien-tal - AGAPAN;Tema: Causas dos desastres: implica-ções geográ�icas, �ísicas, ambientais e sociais; Painelista: Tenente Elias Daniel Pôn-cio - integrante da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Rio Gran-de do Sul; Tema: Em que consiste a Política Nacional de Defesa Civil e como tem sido desenvolvida no RS.

2012 – Encontro de intercâmbio e aprofundamento temático - Mobi-lização e organização comunitária na prevenção de emergênciasPainelista: Ivo Poletto – integrante do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS) Tema: Aquecimento global, mudan-ças climáticas e impactos nos territó-riosPainelista: José Magalhães de Sousa - assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e EmergênciasTema: Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e sua relação com as comunidadesPainelista: Tatiane Reichert – inte-grante do Movimento Nacional dos

Afetados por Desastres Socioambi-entais (MONADES)Tema: A luta por garantia de direitos das pessoas e comunidades atingidas por desastres socioambientais.Este encontro foi um momento muito signi�icativo em termos de troca de experiências sobre as ações do PPE entre os participantes vindos dos 11 municípios atendidos pelo projeto e de avaliação sobre o alcance dos obje-tivos do PPE nesse tempo de execu-ção.Foram apresentadas as característi-cas especí�icas do contexto de cada região e as ações do projeto e realiza-das atividades práticas, com visitas a fontes recuperadas, cisternas, grupos de geração de trabalho e renda, entre outros. No segundo dia do intercâmbio, foi compartilhada, em plenário, a expe-riência das visitas. Após, as regiões apresentaram o relato das avaliações feitas nas regiões, em preparação para o intercâmbio. O encontro foi �inalizado com um trabalho em gru-pos por regiões para apontar pers-pectivas de continuidades das ações.

2013 – Sociedade de riscos e pre-venção de emergências, possibili-dades e desa�iosConferencista: Norma Valêncio - Economista, Mestre em Educação, Doutora em Ciências Sociais, Coorde-nadora do Núcleo de Estudos e Pes-quisas Sociais em Desastres – UFSCar;Debatedor:Tenente Coronel Paulo Roberto Locatelli Gandi - Coordena-dor Estadual da Defesa CivilCoordenador do debate: José Maga-lhães - assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e Emergências.Mesa de diálogo sobre:Contextos- riscos instalados na sociedade atual, suas causas, consequências e respon-sáveis;- emergências e desastres nos con-textos brasileiro e gaúcho.

Os afetados- territorialidade e relação com o sentido de pertença;- direitos dos que moram em áreas de risco.Atuações- o desempenho das políticas públi-cas que atuam nos contextos de mudanças climáticas, vulnerabilida-de e desastres;- atuação das comunidades e entida-des em contextos de mudanças cli-máticas, vulnerabilidade e desastres.Painelista: Tenente Coronel Paulo Roberto Locatelli Gandi - Coordena-dor Estadual da Defesa CivilTema: Atualidade da Política Nacio-nal de Proteção e Defesa Civil e o pro-cesso de pré-conferência para a II Conferência Nacional da Defesa CivilPainelista: José Magalhães - assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e EmergênciasTema: Conselho Nacional de Prote-ção e Defesa Civil e a participação da sociedade civil

Visibilidade e multiplicação do PPEApresentações da experiência e par-ticipação em fóruns e encontros2010Seminário Emergências Socioambi-entais e Direitos Humanos – Novos paradigmas da prevenção de desas-tres, Brasília – DF;2011I Seminário Nacional dos Atingidos por Eventos Extremos, Brasília – DF;Congresso da Cáritas Nacional, Passo Fundo – RS;2012I Assembleia do Movimento Nacional dos Afetados por Eventos Socioambi-entais – MONADES, Brasília - DF;Cúpula dos Povos – Rio + 20, Rio de Janeiro – RJ;MídiaAo longo do projeto as equipes do PPE deram entrevistas e forneceram subsídios para matérias em jornais e rádios locais.

Seminários realizados:

Prevenção de Emergências - Cáritas 3938 Prevenção de Emergências - Cáritas

4.2.2.�Práticas�pedagógicas

Uma das estratégias mais exitosas do projeto "Prevenção de Emergências: construindo

comunidades mais seguras" foi aliar a teoria e a prática ao longo do projeto.

COLOCANDO�A�MÃO�NA�MASSA

enchentes e alagamentos.

Fortes exemplos da estratégia práti-

co-pedagógica foram a recuperação

das fontes e a construção das cister-

nas. A proposta em regime de muti-

rão, a re�lexão sobre a variedade de

temas que envolvem os recursos

hídricos - uso racional e preservação,

o potencial de recurso pedagógico

para visitações, entre outros – foram

um grande marco do projeto, que �ica

como patrimônio das famílias e das

comunidades.

Ao todo foram realizadas 173 ativida-

des de recuperação de fontes e pre-

servação de nascentes. A metodolo-

gia desenvolvida ao longo do projeto

envolvia os seguintes passos:

A realização de atividades prático-

pedagógicas promoveram a maior

percepção da temática ambiental e

de prevenção de emergências a partir

de exemplo e ações concretas. As

práticas envolvendo o tema de reci-

clagem e coleta de lixo também foram

importantes no projeto, especial-

mente nas interações com o público

escolar e comunidades urbanas.

Foram trabalhadas atividades de

coleta e destinação de óleo de cozi-

nha, caminhadas e mutirões de coleta

de lixo, o�icinas de separação do lixo,

nas quais se discutia sobre as conse-

quências do descarte inadequado do

lixo em rios, córregos, bueiros, que

contribui para agravamento das

Envolvimento da comunidade

desde o início do processo;

Diagnóstico da realidade socioam-

biental, com mapeamento dos recur-

sos hídricos utilizados pelas famílias,

através de questionário simples com

perguntas sobre: a proveniência da

água utilizada, para que era utilizada

(limpeza, consumo humano, animais

domésticos) e se servia a mais de

uma família.

Identi�icação das fontes de água

mais precárias;

Reuniões com as famílias e as enti-

dades interessadas para debate e

escolha das prioridades até atender a

todos;

Mutirões de limpeza do entorno

A construção de cisterna feita em forma de oficina, onde as pessoas ouviam a explicação do passo a passo e participavam da construção.

Prevenção de Emergências - Cáritas 4140 Prevenção de Emergências - Cáritas

das fontes;

Construção de proteção com tijo-

los em volta da fonte e cobertura com

telhas, contando com as orientações

de técnicos da EMATER;

Cercamento para proteção de ani-

mais, plantio de árvores nativas e

orientações para manutenção das

mesmas.

Sempre que possível, as fontes

foram fotografadas antes e depois da

ação para veri�icar e registrar as

mudanças;

Reuniões e encontros com as famí-

lias bene�iciadas para debate mais

amplo sobre o sentido da ação reali-

zada e sua relação com a produção de

alimentos saudáveis e a importância

da preservação dos ecossistemas nas

propriedades;

Visitas de acompanhamentos pela

equipe do projeto e parceiros para

veri�icar a manutenção da fonte ao

longo do tempo e aprofundar os deba-

tes sobre a importância do cuidado

com o meio ambiente;

Visitas demonstrativas, onde os

agricultores e equipe do projeto apre-

sentam a proposta de recuperação de

fontes para grupos (estudantes, pro-

fessores, técnicos, agricultores, ...) e

re�letem sobre mudanças climáticas,

responsabilidade social coletiva e

individual e outros assuntos relacio-

nados ao cuidado com o meio ambi-

ente.

O processo de recuperação de fontes

gerou momentos prático-re�lexivos

de troca de experiências e de conhe-

cimentos, como forma de potenciali-

zar resultados, replicar técnicas e

formas de trabalho, sobretudo na

área do cuidado com o meio ambien-

te. A prática de mutirões e recupera-

ção de fonte de água também gerou

integração, reforço de laços comuni-

tários, solidariedade local e solução

sustentável para agricultura familiar,

com baixo custo. Na região de Vacaria

a recuperação de fontes e proteção

de nascentes foi uma prática signi�i-

cativa.

Em , pensando na defesa Paim Filho

da vida e do meio ambiente, a Caritas

Paroquial Nossa Senhora do Caravag-

gio, com o apoio de entidades como a

Caritas Diocesana da Vacaria, Cresol,

EMATER, Secretaria Municipal de

Agricultura e Meio Ambiente e Sindi-

cato da Agricultura Familiar sob a

coordenação de Vania Bonetto, reali-

zou a proteção e recuperação de vári-

as fontes naturais. Essa atuação foi

necessária em função das fortes esti-

agens dos últimos anos.

O abastecimento de água às famílias,

em quantidade e qualidade, para

atender suas demandas foi uma preo-

cupação de todos. Nesse sentido, a

propriedade de Adelina Hoffmamm

estava com problemas graves de

abastecimento de água, haja vista

que seu �ilho Valmor constituiu famí-

lia e construiu sua casa nas proximi-

dades.

Foram custeados recursos para a

recuperação da fonte que abastece as

duas famílias. Foi realizada a limpeza

e desinfecção, proteção e cercado,

bem como plantio de árvores nativas,

que tornou essa fonte de água potável

para consumo humano e higiene

pessoal.

Para aumentar a quantidade de água

disponível, foi construída uma cister-

na de 16 mil litros para captação da

água das chuvas, completando o for-

necimento de água para as famílias e

para outras necessidades, por exem-

plo, matar a sede dos animais, fazer a

limpeza das moradias e para a irriga-

ção da horta familiar.

Em o PPE reali-São João da Urtiga

zou atividades de recuperação de

nascentes, formação com alunos e

com os jovens da Agricultura Famili-

ar chamado de Coletivo de Jovens da

Agricultura Familiar. Esses jovens já

tinham uma caminhada na busca

pelo desenvolvimento do que é de

melhor para a natureza e para o bem-

estar da sociedade.

Na Semana Interamericana da Água,

em 2013,foi desenvolvida uma ativi-

dade com uma turma de alunos e

professores da escola municipal, com

a presença de representantes da

Secretaria do Meio Ambiente do

município, EMATER, Sindicato. O

encontro foi realizado na proprieda-

de do agricultor Gomercindo Zucco,

que teve uma nascente recuperada.

Na oportunidade, foi dialogado com

alunos a importância da preservação

do meio ambiente e das nascentes,

além de protegê-las para que no futu-

ro não se enfrente ainda mais proble-

mas de escassez de água.

No local da nascente recuperada foi

feito o plantio de mudas de árvores

nativas. Durante a visita, o Secretário

do Meio Ambiente falou sobre a

importância da água para o ser huma-

no e o porquê da comemoração da

Semana da Água. Na sequência, foi

explicado o processo de melhora-

mento dessa nascente e, como ocorre

com todos que visitam a nascente,

não há como ver uma água transpa-

rente pulsando da terra sem beber

dessa água que, para a família Zucco,

se tornou uma água abençoada:

limpa e pura.

No enceramento da atividade, todos

receberam mudas nativas e assumi-

ram um compromisso de, em suas

propriedades, recuperar e proteger

uma nascente, além de compartilhar

a experiências com seus familiares,

estimulando práticas de cuidado com

o meio ambiente.

Em a recu-Maximiliano de Almeida

peração de nascentes teve como

ponto forte a organização da comuni-

dade. Em sistema de mutirão, os vizi-

nhos se reuniam e um ajudava o outro

para realização da recuperação e

proteção da fonte. Foi emocionante

quando o Sr. Vitório Rebisk relatou as

di�iculdades que ele enfrentava com a

falta da água e a�irmou que se não

conseguisse água teria de se mudar

para a cidade, deixando o lugar onde

ele sempre morou e o convívio com

os vizinhos. O PPE através da recupe-

ração da fonte na propriedade, possi-

bilitou que a família continuasse

vivendo da terra.

Outro momento muito especial do

Projeto de Prevenção de Emergênci-

as foi a certi�icação da prática de recu-

peração de fontes como Tecnologia

Social pelo Prêmio Fundação Banco

do Brasil (FBB), em 2013.

Uma tecnologia social pode ser um

produto, técnica ou metodologia

reaplicável, desenvolvida a partir da

interação com a comunidade e que

atenda aos quesitos de simplicidade,

baixo custo, fácil aplicabilidade e

viabilize efetivas soluções de trans-

formação social. Podem aliar saber

popular, organização social e conhe-

cimento técnico-cientí�ico.

A recuperação de fontes passou a

integrar o Banco de Tecnologias Soci-

a i s d a F B B

(https://www.�bb.org.br/tecnologia

s o c i a l / b a n c o - d e - te c n o l o g i a s -

s o c i a i s / p e s q u i s a r -

tecnologias/detalhar-

tecnologia-141.htm).

A construção de cister-

nas para o armazena-

mento de água da chuva

tem como principal

objetivo pedagógico a

re�lexão sobre o uso da

água, a importância de

evitar o desperdício e

valorizar esse recurso

tão importante para a

vida humana.

A cisterna é um reservatório (tan-

que) abaixo do nível do solo onde se

capta e conserva água da chuva. As

cisternas de placas são construções

de baixo custo, que utilizam técnicas

simples. Seu funcionamento prevê a

captação de água da chuva, que é

escoada do telhado até a cisterna por

calhas. Segundo a cartilha Aprenden­

do a construir cisternas de placas –

uma alternativa de captação de água

da chuva, produzida pela Cáritas

Brasileira Regional RS, Comissão

Pastoral de Terra CPT/RS e Pastoral

operária PO/RS em 2010, uma cister-

na de 16 mil litros é su�iciente para

abastecer (beber e cozinhar) uma

família com cinco pessoas por dez

meses.

O envolvimento não é somente no

sentido de repassar a técnica de cons-

trução da cisterna, mas potencializar

o protagonismo social na área ambi-

ental, envolver as pessoas num pro-

cesso de re�lexão coletiva sobre seu

papel como cidadão frente ao desa�io

de melhor uso dos recursos hídricos.

A escolha dos locais para a constru-

ção das cisternas focou especialmen-

te as comunidades escolares por seu

potencial como recurso pedagógico,

multiplicador e demonstrativo, que

possibilita o despertar das famílias

dos alunos para pensar no recurso

das cisternas para suas proprieda-

Fontes recuperadas são protegidas para que animais e folhas não alterem a potabilidade da água.

Prevenção de Emergências - Cáritas 4342 Prevenção de Emergências - Cáritas

des. Diferentemente da recuperação

das fontes, que foram dirigidas para

as famílias, a construção de cisternas,

por envolver mais recursos, buscou

bene�iciar espaços coletivos, com

exceção de dois casos onde a constru-

ção das cisternas bene�iciaram núcle-

os familiares com sérios problemas

de abastecimento de água.

A metodologia desenvolvida ao longo

do projeto envolvia os seguintes pas-

sos:

Envolvimento da comunidade

desde o início do processo;

Diagnóstico e planejamento da

obra: identi�icação dos potenciais

locais para construção da cisterna;

Estrutura: marcação e escavação

do buraco, confecção das placas e dos

caibros, construção da laje do fundo,

levantamento das paredes, imperme-

abilização do piso, e montagem da

cobertura;

Acabamento da cisterna: coloca-

ção do sistema de captação e manejo

de água.

Durante o projeto foram construídas

11 cisternas nas regiões atendidas

pelo projeto. O senhor José Orestes

Lovato (Zeca) foi o pedreiro respon-

sável pela execução das obras.

Na região de Cruz Alta, a construção

de cisternas foi uma das atividades

que mais se destacou nos três muni-

cípios – Salto do Jacuí, Jacuizinho e

Estrela Velha. Foram construídas 6

cisternas, sendo todas plenamente

utilizadas.

Em , na casa de Ampa-Salto do Jacuí

ro, que abriga 29 idosos permanente-

mente, a água armazenada na cister-

na é utilizada para irrigação do

pomar e hortaliças, uso doméstico e

jardinagem, além disso, o local rece-

be estudantes da rede pública e a

comunidade em geral, que buscam

conhecer esta tecnologia por meio de

o�icinas e palestras.

Em , as cisternas foram Jacuizinho

construídas através de mutirões com

apoio da Prefeitura Municipal, que

forneceu serviço de terraplanagem;

da EMATER, que prestou a assessoria

técnica; e da comunidade local (agri-

cultores, vizinhos, pais de alunos,

quilombolas).

No município de a Estrela Velha,

cisterna foi construída na Escola

Municipal de Ensino Fundamental

Álvaro Rodrigues Leitão, onde se

realizam o�icinas sobre meio ambi-

ente, em especial sobre a água, reu-

nindo toda a comunidade escolar.

Uma das questões centrais do PPE foi

encontrar caminhos que permitam a

sensibilização das comunidades

participantes do projeto. Mostrar

iniciativas concretas foi uma das

estratégias e�icazes de conseguir

maior adesão. As pessoas acreditam

quando enxergam algo palpável,

visível. Além disso, é uma tecnologia

simples, rápida e com possibilidade

de uso direto e que, além da econo-

mia pela utilização da água da chuva,

tem um grande valor educativo.

O propósito da construção de cister-

nas, desde o início do projeto, não foi

de resolver o problema da escassez

de água nestes municípios. Essas

iniciativas também se propõem a

pressionar na prática que as diversas

instâncias governamentais se obri-

guem a minimizar os efeitos da estia-

gem através da construção de cister-

nas num futuro próximo.

Ainda na perspectiva de ações práti-

co-pedagógicas, foram realizadas

diversas atividades de eventos e cam-

panhas por iniciativa do projeto ou

participando como apoiador em

mobilizações de parceiros, inclusive

aproveitando datas comemorativas

locais, nacionais e internacionais, por

exemplo, o Dia Mundial da Água.

A seguir alguns exemplos de eventos

e/ou campanhas que foram realiza-

das nas regiões ao longo do projeto.

Em foi realizado o Pedá-Paim Filho

gio do Meio Ambiente, durante a

Semana do Meio Ambiente. O objeti-

vo do pedágio foi chamar a atenção

para o tema da preservação do meio

ambiente, por meio da distribuição

de pan�leto explicativo, sacolas para

colocar lixo nos carros e distribuição

de mudas de árvores nativas.

Como mencionado anteriormente,

uma atividade em parceria que foi

bastante signi�icativa na região de

Vacaria foi a Canoagem Ecológica.

Essa ação envolvia as comunidades

de uma forma diferente, gerando um

novo olhar em relação ao rio e uma

sensibilização a partir da prática da

destinação correta do lixo. Em uma

das edições, o percurso da canoagem

passou pelos 3 municípios envolvi-

dos no projeto: Paim Filho, Maximi-

liano de Almeida e São João da

Urtiga, levando conscientização

sobre o cuidado do rio, o combate da

pesca predatória e a preservação da

natureza como um todo. A partir

dessa ideia, também houve a partici-

pação na Bicicleteada ecológica com

o tema: O Planeta está doente... Que

remédio poderá curá­lo?,visando

sensibilizar a comunidade dos

impactos ao meio ambiente ocasio-

nados pelas atitudes humanas. Para

isso, utilizou-se temas ligados à pre-

servação da natureza, uso racional da

água, destino adequado do lixo, hábi-

tos saudáveis de alimentação, prática

de exercício �ísico ao ar livre, uso das

bicicletas para diminuir a poluição,

entre outros.

Outra atividade mobilizadora no

município foi a simulação de uma

tempestade de vento, com destelha-

mento de casa e feridos. A simulação

esteve a cargo da Secretaria Munici-

pal de Saúde e foi organizada pela

equipe do projeto de Prevenção de

Emergência. Foi um momento muito

marcante, que impactou a comunida-

de e trouxe esclarecimento sobre que

fazer num evento parecido e quais

seriam as atribuições de cada pro�is-

sional e das pessoas voluntárias.

Em as práticas Novo Hamburgo

foram bastante voltadas para a ques-

tão do lixo, considerando que este é

um dos principais fatores de agrava-

mento dos alagamentos e enchentes.

Foram realizados dois mutirões de

limpeza na Vila Palmeira, Bairro

Santo Afonso, que tem o acúmulo de

lixo e o esgoto a céu aberto como seus

principais problemas. O foco da ação

foi sensibilizar sobre os problemas

causados pelo falta de destinação

correta do lixo, que é uma das causas

de enchentes, por isso, foram priori-

zadas as ruas próximas ao Arroio

Gauchinho, que muitas vezes parece

uma “lixeira líquida”. Foi distribuído

às famílias ímã de geladeira com os

telefones de órgãos e serviços públi-

cos para contatos em casos de emer-

gência. Durante as caminhadas foram

feitos momentos de falas para escla-

recer os objetivos do projeto, encena-

ção do grupo de catadores Catavida

sobre a separação do lixo, assim

como diálogo com os moradores para

entrega de materiais de divulgação,

inclusive relacionando com a campa-

nha nacional e municipal de combate

ao mosquito da dengue.

Para ter um olhar diferenciado sobre

a questão dos alagamentos e enchen-

tes no bairro Santo Afonso, foi pro-

movido um passeio ecológico no Rio

do Sinos com o barco do Instituto

Martim Pescador, que realiza ativida-

des pedagógicas sobre os ecossiste-

mas do rio. O objetivo do passeio foi

ter uma visão do bairro Santo Afonso,

a partir do rio que o alaga e perceber

as causas dessas ocorrências. Entida-

des parceiras, catadores, crianças e

adolescentes de projetos sociais do

bairro participaram com uma alegria

como se estivessem no Titanic, con-

forme uma catadora emocionada

falou.

No município de uma Salto do Jacuí

atividade bastante signi�icativa foi a

recuperação do viveiro municipal,

que havia sido destruído por uma

chuva de granizo. Com recursos do

projeto, foi construído um novo espa-

ço para cultivar espécies nativas e

para ser utilizado em atividades de

educação ambiental e eventos cultu-

rais. Numa perspectiva de apresentar

e debater formas de construções

alternativas, foi realizado um muti-

rão, com a assessoria do engenheiro

�lorestal Cláudio Sanchotene Trinda-

de, coordenador do Instituto de Per-

macultura do Rio Grande do Sul –

IPERS, para a construção de um teto

vivo para o viveiro e uma cisterna

para o abastecimento de água. Houve

di�iculdades de articulação com a

Prefeitura para efetivação das con-

trapartidas às estruturas entregues

pelo projeto para que possibilitas-

sem o uso do espaço.

Foi promovida uma campanha na

cidade para a coleta de óleo usado, o

qual foi encaminhado a um grupo de

mulheres da comunidade indígena

Kaigang, que transformam o óleo em

sabão. O sentido de fazer essa campa-

nha foi conscientizar sobre a impor-

tância do destino correto dos resídu-

os para proteger o meio ambiente e,

além disso, gerar renda para as

mulheres.

Em também foi desenvol-Rio do Sul

vida a atividade de Mutirão Ecológico

no Bairro Santa Rita, quando foi per-

corrido um trajeto ao longo do córre-

go Ribeirão das Cobras e ruas vizi-

nhas para sensibilizar sobre o pro-

blema do acúmulo de lixo no meio

ambiente. Houve recolhimento de

lixo, conversas com os moradores e

entrega de um ímã de geladeira con-

tendo os principais telefones públi-

cos, assim como os dias de coleta de

lixo.

Ao longo do projeto, os municípios

com maior concentração urbana

f o c a r a m s u a s a ç õ e s p r á t i c o -

pedagógicas em mobilizações de

sensibilização e re�lexão coletiva,

especialmente na questão de desti-

nação adequada do lixo e reciclagem.

Nas regiões com municípios de carac-

terísticas mais rurais a recuperação

de fontes e proteção de nascentes

foram as atividades mais focadas

pelo projeto. A construção de cister-

nas aconteceu tanto em locais da área

urbana como rural, contemplando os

participantes com o objetivo pedagó-

gico e demonstrativo da atividade.

Seminário promovido pelo PPE possibilitou discussão sobre plano de

contingência de Proteção e Defesa Civil do município de Caçador.

4.2.3.�Avaliação�dos�resultados

UMA�PROPOSTA�PRÁTICA�E�MOBILIZADORAConsiderando a proposta de promover formação e capacitação continuada de lideranças comunitárias e pessoas interessadas em temas relacionados a mudanças climáticas, meio ambiente, prevenção de desastres e direitos socioambientais para ampliação de conhecimentos e de condições para atuação, foram indicados os aspectos ligados a:

ações de formação, tanto teóricas quanto prático-pedagógicas, envol-vendo recursos naturais (nascentes, fontes, água da chuva) e manejo ade-quado de resíduos (lixo, óleo satura-do, compostagem, plantio de nativas, entre outros) foi muito marcante em todas as regiões envolvidas no proje-to. Além do aprendizado concreto e signi�icativo, promoveu mudança na vida de pessoas e famílias. No âmbito local, um resultado importante do projeto foi um maior ativismo, tanto dos articuladores quanto de outras pessoas que atuaram em algum momento junto ao projeto, devido ao maior conhecimento sobre temas como mudanças climáticas, aqueci-mento global, cuidado com o meio ambiente, desenvolvimento local sustentável e prevenção de emergên-cias. As ações do projeto contribuíram para despertar a consciência sobre os direitos e para desencadear proces-sos de organização, tanto familiar, como comunitária, com vistas à gera-ção de melhores condições de vida.Nas avaliações das atividades, algu-mas famílias relataram que devido à melhora do abastecimento de água decorrente da recuperação da fonte puderam permanecer na proprieda-de, pois tinham como viabilizar a água para o consumo próprio, dar de beber para os animais e molhar as plantas. Essas famílias, que vivem da atividade agrícola há gerações, estavam quase abrindo mão de suas propriedades devido à escassez da água. O próprio gestor público reconheceu durante diálogo com representante da Cáritas Alemã que foi notável a diminuição de demanda do caminhão-pipa para as

Promoção da preservação de fon-tes, nascentes e matas ciliares dos rios que estão nas comunidades rura-is ocupadas por agricultores familia-res e populações tradicionais (indí-genas, quilombolas, pescadores arte-sanais).Resgate e implementação de tec-nologias e saberes populares para uso dos recursos naturais, como pro-dução de energia limpa, formas de recuperação de áreas degradadas, construção de cisternas, técnicas de compostagem e de aproveitamento de óleo saturado, mutirões de limpe-za, plantio de árvores nativas, entre outros. Fortalecimento dos grupos, espe-cialmente jovens e mulheres, para a ação solidária e aprendizagem, con-tribuindo para que estejam mais preparados para prevenção e atua-ção nas situações de emergência em suas comunidades, atuando como agentes multiplicadores nos espaços nos quais se fazem presentes.Estímulo ao fortalecimento da organização dos grupos de reciclado-res para que continuem tendo atitude de cuidado para com o destino do lixo, a �im de que seja fonte de renda e que seu descarte não polua o meio ambiente.Promoção da efetiva articulação e parceria com os setores públicos e privados que desenvolvem trabalhos de formação, tais como escolas, asso-ciações e organizações locais, na perspectiva da política pública de Proteção e Defesa Civil e de preven-ção de riscos, tanto urbano quanto rural, potencializando a mobilização da sociedade civil. A viabilização de

comunidades à medida que as ações de recuperação de fontes do projeto se ampliavam. A articulação para organização de grupos de catadores gerou uma nova perspectiva de trabalho coletivo e comunitário, com grande potencial de geração de renda para as famílias e bene�ício ao meio ambiente. Para além das melhorias de estrutu-ras �ísicas (cisternas, telhado verde, fontes recuperadas, grupos organiza-dos de catadores de material reciclá-vel, entre outras) o maior patrimônio que este projeto deixa nas comunida-des, após quatro anos, é a informação e a re�lexão crítica sobre o direito dos cidadãos a viver em comunidades mais seguras e a responsabilidade individual e coletiva com a preserva-ção do ambiente para que as próxi-mas gerações também usufruam o direito a viver com qualidade de vida em um ambiente natural saudável. Antes do PPE não havia iniciativas organizadas visando à prevenção de emergências. Como ocorre na reali-dade da maioria dos municípios bra-sileiros, o poder público e as entida-des agem somente após a ocorrência da situação de emergência, socorren-do pontualmente os afetados. Nesse, sentido, o PPE representou uma pro-posta mobilizadora, conseguindo captar o interesse e a participação de grupos e organizações, direcionando esse interesse numa perspectiva de organização comunitária para atuar na prevenção, a partir de iniciativas por vezes bastante simples, mas con-tribuindo para tornar as comunida-des mais preparadas e assim sofre-rem menos danos e prejuízos.

Prevenção de Emergências - Cáritas 4544 Prevenção de Emergências - Cáritas

Nas reuniões locais, encontros regionais e estaduais realizados ao longo do projeto foram promovidos diversos debates com o objetivo de refletir sobre os aprendizados do projeto numa perspectiva de crítica construtiva identificando as forças, fragilidades e desafios.

�4.3.�Vivendo�e�Aprendendo

FORÇAS,�FRAGILIDADES�E�DESAFIOS

Os debates sobre as pontua- FORÇASram a importância do trabalho em conjunto com as entidades parceiras, sendo fundamental para o êxito do projeto. Outro destaque foi o fato de considerar a realidade e as necessi-dades locais para, a partir daí de�inir ações, articulações e processos de desenvolvimento do projeto.Apontaram também a percepção das comunidades bene�iciadas quanto à contribuição signi�icativa do projeto em buscar a corresponsabilidade do Estado, da sociedade civil e dos indi-víduos na busca de soluções para os diferentes problemas de riscos socio-ambientais. Por exemplo, em Novo Hamburgo, no mês de setembro de 2012 houve alagamento na Vila Medi-aneira, no bairro Santo Afonso. O grupo observou que as lideranças estavam mais preparadas para atuar na comunidade e mais articuladas com a Defesa Civil. A partir do que foi vivenciado, foi possível mostrar aos órgãos públicos a experiência do projeto e que isso pode ser uma polí-tica pública.De modo geral, os grupos a�irmaram que o projeto teve um papel de mobi-lização das comunidades onde ele está sendo executado e no seu entor-no, especialmente em relação às ati-vidades de formação e às ações práti-cas de prevenção desenvolvidas, principalmente a r iqueza dos momentos de mutirão. As metodolo-gias participativas despertaram o compromisso de antigos e novos agentes sociais que antes atuavam separadamente e agora se encontram nas ações do projeto, que trouxe um tema aglutinador.Foi destacado, ainda, o envolvimento e protagonismo da juventude, que revela sua preocupação com o futuro do planeta. A parceria com as escolas foi fundamental para viabilizar a maior participação desses jovens. As

direções e professores (as) das esco-las foram muito sensíveis aos temas ambientais, promovendo ações peda-gógicas com os alunos e facilitando a participação da comunidade escolar em atividades do projeto.É expressivo o reconhecimento do aporte técnico da EMATER ao PPE, em 6 dos 7 municípios com trabalhos voltados para comunidades de agri-cultores familiares. Importante tam-bém foi a disposição dos gestores públicos das administrações munici-pais, sobretudo, através das Secreta-rias de Agricultura, Meio Ambiente e Obras, disponibilizando o apoio necessário, sobretudo para a realiza-ção das obras que exigiam máquinas pesadas. O processo de recuperação de nas-centes foi caracterizado por ser momento de formação, pela re�lexão e pelo despertar das pessoas para atitudes mais responsáveis com o meio ambiente. Por exemplo, uma das nascentes recuperadas ia ser soterrada para plantio da lavoura e as ações que estavam acontecendo no município levaram a família a repen-sar e a mudar de plano. Um resultado importante dessas ações é a forma-

ção de um coletivo jovem da agricul-tura familiar que tem se reunido em São João da Urtiga, e, a partir das ações do PPE, comprometeu-se a continuar com seus próprios recur-sos a identi�icação e proteção de fon-tes. Resultados do entendimento da importância desta ação simples, mas de tanta repercussão no ecossistema e na vida das famílias de agricultores. Em alguns municípios que enfrenta-ram períodos de forte estiagem durante o projeto, as famílias que tiveram suas fontes recuperadas perceberam que o impacto da estia-gem foi menor. Foi possível vivenciar o resultado positivo da intervenção, o que contribuiu para que o trabalho tivesse ainda maior relevância e reco-nhecimento. A construção de cisternas, além de ser uma excelente atividade prático-pedagógica, que contribui concreta-mente para a melhoria de vida de famílias, propiciou que representan-tes do assentamento da Reforma Agrária, do município de Santa Mar-garida do Sul, participassem dos mutirões para aprender a tecnologia empregada, com o propósito de reproduzi-la nos assentamentos, já

Agricultores debatendo as ações do projeto.

Prevenção de Emergências - Cáritas 4746 Prevenção de Emergências - Cáritas

que eles sofrem muito as consequên-cias das estiagens. Infelizmente há dois problemas a serem enfrentados para poder captar a água da chuva no assentamento. O primeiro é que ainda há famílias morando em barra-cas. Segundo, as casas têm seus telha-dos cobertos com telhas de amianto e a água coletada seria prejudicial à vida humana e animal.Nas duas atividades (recuperação de nascentes e construção de cisternas) a contrapartida do bene�iciário pro-moveu o comprometimento com o projeto e com a manutenção do recurso, pois estes espaços torna-ram-se referência para saídas de campo para escolas e visitas de outros interessados na tecnologia social, onde o próprio bene�iciário tem capacidade técnica para explicar o processo desenvolvido naquele local.As regiões que destinaram o lixo cole-tado durante os mutirões e caminha-das para grupos de catadores de mate-riais recicláveis promoveram uma interação bastante positiva, pois além de sensibilizar a comunidade quanto à destinação do lixo, chamou a atenção para a valiosa contribuição desses trabalhadores para a preser-vação ambiental, além de gerar renda a partir da venda dos resíduos coleta-dos. Foi destacado o fortalecimento

de grupos de mulheres que começa-ram a trabalhar com reciclagem a partir da participação no projeto. Comunidades antes esquecidas, assim como seus problemas, passa-ram a ter mais visibilidade. As pessoas se sentiram valorizadas e sujeitos de sua história, passando a reconhecer seus direitos. Quanto à questão orga-nizativa do projeto foi apontada a importância da coordenação regional e da articulação local. Quanto às , os grupos FRAGILIDADESre�letiram profundamente os tópicos que in�luenciaram na realização do projeto. Cabe salientar, que fragilida-de não é sinônimo de erro, mas sim de pontos que merecem atenção e cuida-do numa nova fase do projeto.Alguns apontamentos se referiram à proposta metodológica, identi�icou-se que o projeto não previu uma meto-dologia mais clara de implantação com etapas mais estruturadas, nem de�iniu ferramentas de mensuração de resultados. Essas lacunas foram sendo sanadas ao longo da trajetória, nos debates realizados nos encontros de articulação com a equipe responsá-vel pelo projeto, a partir da socializa-ção e identi�icação de situações seme-lhantes ou peculiares de cada contex-to. Aos poucos foram sendo construí-dos os percursos metodológicos e as relações foram sendo tecidas.

Em relação à gestão do projeto, houve certa descontinuidade da coordena-ção regional, devido à mudança de coordenação estadual no início do segundo ano, que levou a um hiato na condução e nas tomadas de decisões. Em relação à coordenação geral de um projeto com essa abrangência, teria sido importante dedicação exclusiva, o que não foi possível, devi-do a outras tantas demandas atendi-das pela mesma pessoa. Além disso, inúmeras vezes o acúmulo de tarefas impediu que todos os agentes dioce-sanos de Cáritas envolvidos no proje-to participassem das reuniões ampli-adas de articulação, nas quais as deci-sões gerais eram construídas.Na articulação, uma fragilidade que �icou evidente diz respeito à perma-nência da pessoa de referência do projeto, chamado de articulador local. Nos lugares onde, por um moti-vo ou outro, a pessoa não prosseguiu, o processo sofreu di�iculdade na sua continuidade, inclusive prejudicando o acompanhamento das ações, que �icaram mais demoradas, e o próprio relato das mesmas. Ressalta-se a necessidade de um articulador em cada local onde o projeto atue. Esse integrante tem a missão de estabele-cer os vínculos, fortalecer a participa-ção de todos os setores, promover o debate sobre a realidade local e cons-truir com os participantes potenciais soluções locais para os desa�ios soci-oambientais.Outro ponto sinalizado nas rodas de avaliação foi o curto período de exe-cução do projeto em relação aos obje-tivos propostos. Projetos que buscam promover a mudança de uma realida-de social são di�íceis de estabelecer um prazo, pois cada comunidade tem seu ritmo de aprendizagem e de ação, mas com certeza demandam tempo e persistência. Muitos resultados não são visíveis no curto prazo.Uma fragilidade característica desse projeto foi trabalhar em algumas localidades com comunidades deses-truturadas, que vivem, além de seu empobrecimento, a quase inexistên-cia de organização comunitária. Assim, em muitos casos, não há pes-soas de referência que exerçam lide-rança. A construção de parceria com

os próprios moradores foi di�ícil, pois eles tinham resistência por, frequen-temente, serem abordados por diver-sos “pesquisadores” que fazem levantamento da situação, mas depo-is não dão retorno que desencadeie um trabalho concreto. Por isso, a primeira fase do projeto em contex-tos como esses precisa ser dedicada ao estabelecimento de uma relação de con�iança, ao mesmo tempo em que busca informações que ajudem a identi�icar os principais problemas vividos pelas comunidades.Outro apontamento ocorreu em rela-ção à participação efetiva dos gesto-res municipais. Houve caso de resis-tência do poder local, em algumas regiões com cultura de dominação política, com forte marca militar, ainda bastante arraigada no imaginá-rio das pessoas e não facilita a organi-zação comunitária com autonomia. Em outros casos, houve abertura dos gestores para agendar reuniões, mas não enviavam representantes, o que desencadeava a indignação da comu-nidade. E, ainda, casos em que as autoridades da administração muni-cipal não participaram de nenhuma atividade do projeto, embora valori-zem muito as iniciativas do PPE. Além de gestores que discursavam valori-zando o projeto, mas não faziam a sua parte nas ações práticas acordadas.O distanciamento da Defesa Civil na relação com as comunidades e com a proposta do projeto foi uma fragilida-de apontada na maioria das regiões, seja por falta de estrutura da Defesa Civil ou por um histórico de relacio-namento tenso devido às remoções realizadas de forma equivocada. Como já foi mencionado anterior-mente, a política pública de preven-ção e defesa civil é uma realidade relativamente nova no Brasil.Em algumas regiões foi apontada a di�iculdade de mobilização dos par-ceiros para participação efetiva no projeto. Nesses casos, foram aponta-dos problemas de comunicação e costume de trabalhar individualmen-te. A formação de uma rede local demanda um aprendizado coletivo de apoio mútuo e esforços individua-is em prol da comunidade.Em relação aos , um dos DESAFIOS

principais apontamentos foi a neces-sidade de pensar mecanismos de maior incidência sobre o poder público municipal, no sentido de provocar que os mesmos garantam previsão orçamentária para as situa-ções de emergência.Ao longo do projeto constatou-se,a partir dos debates e da experiência concreta nas realidades locais, que é preciso enfrentar desa�ios e fragilida-des na organização da Defesa Civil, tais como:atenção limitada de governos muni-cipais à Defesa Civil. Poucas cidades contam com uma Defesa Civil institu-cionalizada e ativa; corpo técnico pouco capacitado, em diversos casos a ocupação dos cargos na área de Defesa Civil não obedece a critérios técnicos, mas políticos, sem prioridade ao conheci-mento necessário para a efetividade das ações; atenção mínima à prevenção de desastres e à assistência às popula-ções afetadas; articulação das esferas de governo (municipal, estadual e federal) limi-tada ou inexistente para a operacio-nalização do SINPDEC;

4práticas insu�icientes de debates e construção de uma percepção coleti-va do risco e da redução da vulnerabi-lidade ao risco.Como resultado dessas fragilidades percebe-se a pouca efetividade nas práticas de atuação na Defesa Civil. Evidência disso é o atendimento aos afetados e/ou atingidos por desas-tres. Mesmo se repetindo rotineira-mente os procedimentos - abrigos provisório, cadastro de pessoas afe-tadas, entre outros -, não existe uma sistematização dessas iniciativas, de forma a irem além das ações básicas, como distribuição de alimentos, rou-pas, colchões e lonas. O que se vê, na maioria das vezes, são pessoas volun-tariamente se organizando, geral-mente sem a participação do poder público na administração das ações - furtando-se às suas atribuições.De modo geral, a avaliação do impac-to dos desastres pelo poder público é medido pelos danos humanos, mate-riais e ambientais, numa perspectiva mais econômica que social. Não é avaliada a dimensão do sujeito afeta-do e/ou atingido, sua vulnerabilida-de psicológica e eventuais compro-metimentos de sua saúde mental, já

Apresentação dos resultados dos trabalhos em grupo nas atividades de formação.Estudantes fizeram manifestação pelo meio ambiente em

diversas oportunidades ao longo do percurso do projeto.

Prevenção de Emergências - Cáritas 4948 Prevenção de Emergências - Cáritas

que estes aspectos podem ter forte in�luência sobre sua condição de resposta à emergência, seja individu-al ou coletivamente.Desa�ios:sistematizar processos e procedi-mentos coletivos e e�icazes na pers-pectiva redução da vulnerabilidade das comunidades;4promover meios de �inanciamento da Defesa Civil para que possa contar com os recursos necessários para uma atuação mais e�iciente (técnica, material, ...)capacitar os agentes públicos e o reconhecimento da política pública localmente;construir e promover os meios para o efetivo envolvimento dos afe-tados e/ou atingidos e da sociedade civil no planejamento, na implemen-tação e no controle das ações da Defe-sa Civil;Outro ponto relaciona-se aos proces-sos de re�lexão e tensionamento da realidade socioambiental , que demandam tempo, especialmente quando desenvolvidos em localida-des formadas por pessoas sem víncu-

los comunitários, com baixa escola-ridade e grandes demandas na busca pelos recursos de subsistência. Esses fatores fazem com que tenham pouco tempo disponível para outras atividades. É preciso tempo para estabelecer vínculos de con�iança, além de paciência e perseverança. Por outro lado, é fundamental ter um olhar cuidadoso para os saberes desses grupos, valorizando essas qualidades e fortalecendo-as na construção das atividades.Em algumas localidades existe certa resistência às dinâmicas de trabalho coletivo, como os mutirões. Isso se deve a características da cultura local que precisam ser respeitadas, gerando o desa�io de re�letir sobre as práticas propostas pelo projeto para avançar na direção de uma mudança de comportamento.Um grande desa�io é lidar com o descrédito por parte das comunida-des em relação aos conselhos e órgãos públicos de forma a promo-ver o reconhecimento e a�irmação da Política Nacional de Proteção e Defe-sa Civil.

Um importante do APRENDIZADOPPE foi a necessidade de ter �lexibili-dade metodológica para dedicar tempo e recursos para promover debates mais aprofundados sobre temas relacionados à gestão de riscos e prevenção de emergências que vão aparecendo ao longo do projeto. Como exemplo, a alteração Código Florestal Brasileiro. É uma temática muito signi�icativa para o projeto e poderia ter sido melhor debatida nas regiões, com esclarecimento e cons-trução de um maior entendimento dos pequenos agricultores sobre a viabilidade de integrar sustentabili-dade da atividade agrícola com a preservação do patrimônio ambien-tal existente em suas propriedades. Outro exemplo foi a preparação para a Cúpula dos Povos na Rio + 20, que gerou momentos importantes de re�lexão nos grupos participantes do projeto, mas que poderia ser ainda melhor trabalhada e aprofundada considerando a importância desse tema.Também é necessário uma atenção especial para as estratégias de traba-lho em comunidades que passaram por eventos traumáticos. Esses gru-pos são mais fragilizados e precisam de apoio para vencer seus medos decorrentes das vivências anteriores. Devem ser fortalecidos para que possam buscar seus direitos e perce-bam que o problema não é daquele local, mas relaciona-se com uma perspectiva de sociedade, de Estado. As enchentes, por exemplo, tem a ver com intervenções drásticas no ambi-ente, como a construção de barra-gens sem nenhuma preocupação com o impacto ambiental.As avaliações indicam que o PPE, com suas forças, fragilidades e desa�ios, promoveu em cada região bene�icia-da pelo projeto a vivência de que, mesmo em situações adversas, é possível mobilizar atores sociais em torno de um objetivo comum. A percepção das demandas e potenci-ais locais levam à re�lexão coletiva na busca de soluções e ao desenvolvi-mento de ações simples e de baixo custo para incidir na mudança de realidade.

Face ao exposto fica evidente a importância e significado do projeto "Prevenção de Emergências: construindo comunidades mais seguras" para as comunidades e pessoas envolvidas ao longo do tempo nas atividades. Foram momentos de dedicação, reflexão e construção coletiva de soluções a partir da realidade e dos potenciais locais.

5.�Desa�os�para�o�futuro�

DO�MEIO�AMBIENTE�QUE�TEMOS�AO�MEIO�AMBIENTE�QUE�QUEREMOS

Considerando que o PPE é um projeto

com características mobilizadoras e

de desenvolvimento local, foi um

processo de identi�icação de cami-

nhos, mas que não se encerra. As

comunidades têm o compromisso e o

desa�io de manter as articulações e

avançar no propósito de prevenção

de emergências e gestão de riscos,

gerando comunidades mais seguras.

Na perspectiva de continuidade, a

partir dos aprendizados constituí-

dos, os grupos apontaram potenciais

caminhos a serem trilhados:

Eixos 1 e 2 – articulação com a Defe-

sa Civil, instâncias públicas e ato-

res sociais:

Avançar no trabalho de fortaleci-

mento das políticas públicas, especi-

almente Proteção e Defesa Civil, a

partir do capital social constituído ao

longo das formações e debates do

projeto. Com isso, promover a articu-

lação de forma mais efetiva visando à

criação e capacitação dos Núcleos

Comunitários de Proteção e Defesa

Civil (NUPDECs) e Coordenadorias

Municipais de Proteção e Defesa Civil

(COMPDEC's), fomentando o traba-

lho conjunto entre a comunidade e o

poder público para que cada um

tenha consciência de seu papel e

clareza de suas atribuições.

Quali�icar a construção de estraté-

gias de continuidade do projeto a

partir de uma premissa de envolvi-

mento dos atores sociais na de�inição

dos objetivos, indicadores, planos de

trabalho, ferramentas e de�inição de

etapas metodológicas, na perspecti-

va de melhorias dos processos inter-

nos do projeto.

Fortalecer as parcerias com lide-

ranças comunitárias, associações de

moradores, conselhos municipais,

poder público e instituições de ensi-

no, visando à diversidade de olhares

e capacidades técnicas de apoio às

comunidades. O vínculo estabelecido

com as comunidades despertou con-

�iança na execução do projeto e espe-

rança de uma vida mais digna.

Eixo 3 – Ações pedagógicas

A juventude foi reconhecida como

protagonista em todas as regiões de

atuação do projeto. Esse foi um resul-

tado buscado com intencionalidade

desde as primeiras ações do projeto e

precisa ser fortalecido, envolvendo

cada vez mais as escolas nas forma-

ções e capacitações, além de fomen-

tar a inserção do tema da Prevenção

de Emergências no currículo escolar.

Mostra de trabalhos nas comunidades do projeto, por ocasião da Cúpula dos Povos em junho de 2012.

Os mutirões para coleta de lixo foram oportunidades para tomar consciência sobre a atitude de cuidado com o meio ambiente.

Mobilizar parcerias para realiza-

ção de capacitações e assessorias

especí�icas para os atuais e novos

articuladores em diversas temáticas

importantes para o avanço do proje-

to nas comunidades, como exem-

plos: saneamento, reciclagem, meio

ambiente, políticas públicas de habi-

tação, estatuto das cidades, entre

outras.

Fomentar a apropriação das tec-

nologias de construção de cisternas

e recuperação/proteção de fontes

por mais pessoas.

Produzir subsídios formativos

sobre as ações do projeto e incenti-

var os moradores de bairros e cida-

des bene�iciados a multiplicarem

seus conhecimentos e experiências,

por meio da divulgação do projeto

em outras regiões.

Abordagens mais abrangentes:

Durante a realização do PPE,

houve várias iniciativas com uma

abordagem diferenciada, na pers-

pectiva de minimizar a vulnerabili-

dade e fortalecer os grupos locais

através da geração de trabalho e

renda, reciclagem, entre outros. A

busca de alternativas para sustenta-

bilidade �inanceira em sintonia com a

sustentabilidade ambiental tem um

potencial muito signi�icativo para a

mobilização de grupos em prol de

comunidades realmente mais segu-

ras.

Avançar no desa�io de articular as

diversas políticas públicas (educa-

ção, saúde, meio ambiente, sanea-

mento, cultura, habitação, segurança

alimentar, infraestrutura, etc.) com a

política de proteção e defesa civil. A

fragmentação dos programas e pro-

jetos enfraquecem o potencial de

melhoria da qualidade de vida, redu-

zem a aplicação de recursos para o

atendimento das demandas socioam-

bientais e abrem muitos precedentes

para os desvios de foco, especulação

em prol de interesses especí�icos de

grupos e/ou pessoas com interesses

econômicos e especulativos.

Debater com maior profundidade

e propriedade as questões relaciona-

das à apropriação e exploração do

patrimônio natural, com uma visão

econômica e capitalista. Temas como

“Economia Verde”, “Mercado de Car-

bono”, matriz energética, exploração

da biodiversidade das �lorestas, dos

solos e subsolos, privatização da

água e tantos outros pontos que

colocam em grande risco o planeta e

a sustentabilidade das comunida-

des, favorecendo um pequeno grupo

de pessoas e organizações e ampli-

ando signi�icativamente o contin-

gente de pessoas em vulnerabilida-

de socioambiental.

A realidade tem mostrado que para

obter sucesso nos processos de

desenvolvimento local é preciso

manter um diálogo constante e cons-

truir parcerias efetivas entre os ato-

res, estabelecendo novos padrões de

governança territorial, que possibili-

tem a efetiva melhoria da qualidade

de vida nas comunidades. O projeto

"Prevenção de Emergências: cons-

truindo comunidades mais seguras"

mostrou que é possível a parceria

entre o governo e a sociedade, de

forma a permitir a participação soci-

al, o protagonismo e o empreende-

dorismo dos cidadãos e sua corres-

ponsabilidade na gestão das ações

públicas.

6.�Anexo

PROTAGONISTAS�SIM,�VÍTIMAS,�NUNCA!MONADES – Movimento Nacional dos Afetados por Desastres Socioambientais

Busca também a prevenção para que mais pessoas não sejam atingidas por eventos climáticos extremos, cujas causas , na maioria das vezes , resultam de ações nefastas das mãos dos homens descompromissados com a vida no planeta.Neste momento, é urgente que cada atingido/a e afetado/a compreenda seu papel de cidadão de direito, mobilize suas comunidades, organize núcleos proativos e se some ao MONADES, para que juntos e fortalecidos possam lutar pelos seus direitos na esferas municipais, estaduais e federal.Desde 2011, quando foi criado em Brasília, o MONADES, apoiado por instituições como a CNBB, Cáritas Brasileira, Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social e Conselho Federal de Psicologia (CFP), tem construído um histórico de interlocuções com vários ministérios. Ao longo desse período, sempre reivindicou o cumprimento da constituição e o compromisso de não só atender os direitos dos atingidos/as e afetado/as, mas também criar políticas preventivas, para que não haja mais tantas perdas humanas.Os afetados/as são e devem ser

reconhecidos como protagonistas. É preciso negar a condição de vítima e assumir o protagonismo nessa luta pelos mais sagrados direitos constitucionais para que todos os atingidos/as e afetados/as, numa só corrente, possam gritar: PROTAGONISTAS SIM, VÍTIMAS, NUNCA!O MONADES busca promover o protagonismo através das lideranças locais de afetados para tomar a frente do debate direto com o poder público. A expectativa é que, ao acontecer um desastre, tenham representantes do MONADES no local ou nas proximidades para participar ativamente do processo antes da tomada de decisão, representando diretamente os afetados do local.Para efetivar essa expectativa é fundamental a realização de capacitações locais, nas cinco regiões do país, sobre temas importantes para a adequada representação dos direitos dos afetados.Além disso, há o desa�io de começar a entrar nas regiões, disseminando a luta, porque a partir do momento em que o MONADES estiver nas regiões, poderá receber uma gama

de informações que irão subsidiar o debate local com o governo, de forma direta. Para isso será necessário mobilizar recursos para despesas de logística e encontros regionais e nacionais.O MONADES é mais um “�ilho social brasileiro” que já está sendo reconhecido. Tem potencial de avançar e fazer papel político, social e histórico do Brasil. As possibilidades do sim ou do não estão no mesmo patamar. Dependem das ações práticas e essas ações dependem da leitura da realidade de uma perspectiva cidadã e atuante.Precisamos fazer com que os nossos governantes deixem de olhar os Afetados/as como coitados ou como aqueles que causam trabalho, despesa. É necessário tratá­los como seres humanos capazes de se reerguerem diante de grandes tragédias, de trabalharem em parceria com os poderes públicos. Não somos empecilho, portanto devemos participar da reconstrução, que também é parte nossa.

Contato [email protected](61)3447­8722 (Clecir ­ Fórum de Mudanças Climáticas)

Prevenção de Emergências - Cáritas 5150 Prevenção de Emergências - Cáritas

“O meio ambiente não se salva com palavras, com as grandes conferências, se salva com ações concretas, com gestos concretos e aí o Brasil tem uma grande contribuição a dar ao mundo. Eu cresci na escola ouvindo que a

Amazônia é o pulmão do mundo, mas ela não se salva com palavras. Desafios - construir um referencial teórico de forma a deixar uma base, algo visível que possa ficar para outras dioceses, outras comunidades”

Jorge Netto – representante Cáritas Alemanha

O MONADES é fruto da inquietação das pessoas que foram atingidas e afetadas por desastres socioambientais. O movimento quer ser uma resposta ao esforço para fazer valer o protagonismo dessas pessoas, enquanto sujeitos de direitos. Para isso, aposta no potencial humanizador e transformador de cada atingido/a e afetado/a, que busca, através de continua interlocução com o poder público, contribuir com sistemática participação nas discussões, elaborações e acompanhamento das políticas públicas e�icazes para reconstruir melhores condições de vida.

As atividades de formação foram permeadas por momentos de mística e de dinâmicas de grupo para facilitar a participação.