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Prevenção�de�Emergências
Realização: Apoio:
Secretaria Regional RS
Fone (51) 3272.1700
E-mail: [email protected]
Ação Social de Vacaria
Fone (54) 3231.1373
E-mail: [email protected]
Cáritas Diocesana de Cruz Alta
Fone (55) 3322.6920
E-mail: [email protected]
Cáritas Diocesana de Novo Hamburgo
Fone (51) 3035.4678
E-mail: [email protected]
Ação Social Diocesana de Bagé
Fone (53) 3241.1701
E-mail: [email protected]
Cáritas Brasileira Regional Santa Catarina
Fone (48) 3207.7033
E-mail: [email protected]
Cáritas Diocesana de Rio do Sul
Fone (47) 3521.2497
E-mail: [email protected]
Cáritas Diocesana de Caçador
Fone (49) 3563.2045
E-mail: [email protected]
C O N TAT O S
Prevenção de Emergências - Cáritas 0302 Prevenção de Emergências - Cáritas
Responsáveis pelo projeto
Equipe do Secretariado Regional da Cáritas Brasileira –
Regional RS e Regional SC
Coordenação geral
Jacira Teresinha Dias Ruiz (2011 a 2014) - Secretariado
Regional da Cáritas RS
Luiz Stephanou (2010)
Coordenadores regionais: agentes de Cáritas e
articuladores
Diocese de Bagé:
Nilza Mar Fernandes de Macedo; Luciana Souto Dias
(2010) e Lirba Maria da Costa Machado, Maria Isolete
Pena Dutra e Renato Nunes Machado 2011 a 2014;
Diocese de Cruz Alta:
Irmã Joana Cuminiki (2010 - 2012) e Evane Winck Bertoti
(2010 - 2011) e Cinara Dorneles Machado (2012 a 2013);
Diocese de Novo Hamburgo:
Cláudio Roberto Shaab; Luiz Heron Scherer (2011 - 2012)
e Douglas Marques em 2013;
Diocese de Vacaria:
Orildo Carlos Bassoli; Vania Boneto, Clair Toseto e Salete
Pillonetto;
Santa Catarina
Fabiana Gonçalves- Secretariado Regional da Cáritas SC
Diocese de Caçador: Marilene Cristiane Goetten de
Oliveira e Maria Ines Morona Ramos
Diocese de Rio do Sul: Irmã Carmela Panini e Juliana
Nogueira do Nascimento Oliveira.
Expediente
Equipe de Sistematização e Redação:
Marcia Santos da Silva, Zadelene Zaro e
Jacira Teresinha Dias Ruiz
Design Editorial:
Dora Bragança Castagnino / www.patuasocial.com.br
P A R C E I R O S .
Nosso agradecido reconhecimento a todos os parcei-
ros que apoiaram o Projeto de Prevenção de Emer-
gências: construindo comunidades mais seguras –
PPE, nos municípios onde foi realizado.
Foram tantas parcerias importantes ao longo dos
anos que optamos por representar a todos citando: a
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural -
EMATER, escolas, paróquias, Sindicatos da Agricultu-
ra Familiar, Prefeituras Municipais (Secretarias de
Meio Ambiente, Educação, Obras, Desenvolvimento
Social - Centros de Referência em Assistência Soci-
al/CRAS, Coordenadorias Municipais de Proteção e
Defesa Civil) e tantos outros.
Essa caminhada só foi possível pela aposta que a Cári-
tas Alemã fez na construção de um projeto para além
das ações emergênciais no Rio Grande do Sul e Santa
Catarina. Os recursos investidos no PPE pelo Governo
Alemão, através da Cáritas Alemã, possibilitaram
avanços no protagonismo comunitário, na consciên-
cia crítica sobre as mudanças no clima e sobre a
importância da participação cidadã no cenário polí-
tico para que o Estado garanta a proteção da vida em
condições dignas. Nosso profundo reconhecimento
por nos possibilitarem trilhar este caminho!
Do percurso realizado, fica a certeza de que o traba-
lho coletivo e participativo deixou sementes de
mudança em relação à gestão de riscos e prevenção
de emergências e um novo olhar para a importância
da preservação do meio ambiente. Certeza também
de que só foi um começo!
Introdução .............................................................
1. O Projeto: uma janela que se abre .............................
2. De onde partimos ..................................................
A Cáritas e as emergências socioambientais ..................
O que estamos fazendo com a Mãe Terra? .....................
Àgua – desafio central ............................................
3. Como seguimos .....................................................
3.1. Realidades locais ............................................
3.2. Metodologia – O fazer coletivo ............................
3.3. Atividades: uma visão geral ...............................
4. As Experiências nos territórios ..................................
4.1. Politicas Públicas – Eixos 1 e 2 ..............................
4.1.1. Construindo a superação das vulnerabilidades ........
4.1.1.1. Avaliação dos resultados ....................................
4.1.2. Diálogo, parcerias e participação social ................
4.1.2.1. Avaliação dos resultados ....................................
4.2. Ações pedagógicas – Eixo 3 ..................................
4.2.1. Construção de conhecimento ............................
4.2.2. Práticas pedagógicas .......................................
4.2.3. Avaliação dos resultados ...............................
4.3. Vivendo e aprendendo ......................................
5. Desafios para o futuro ............................................
6. Anexo ................................................................
Protagonistas sim, vítimas nunca! .................................
S U M Á R I O
04 Prevenção de Emergências - Cáritas
INTRODUÇÃONessa publicação vamos falar sobre o projeto
Prevenção de Emergências: construindo comu-
nidades mais seguras, que apelidamos de 'PPE'.
Esse projeto envolveu centenas de pessoas em
nove municípios do Rio Grande do Sul e dois de
Santa Catarina.
O objetivo desta publicação é partilhar com você,
que também está comprometido ou interessado
no tema da prevenção, uma multiplicidade de
ideias inspiradas e inspiradoras em uma diversi-
dade de práticas, vivenciadas por pessoas como
nós, que temos compromisso com um mundo ambi-
entalmente sustentável e socialmente justo.
Com a sistematização dessas experiências, pre-
tendemos fazer uma espécie de prestação de
contas aos parceiros e compartilhar a experiência
com quem deseja conhecer a metodologia. Com
isso, esperamos que a visualização do projeto
traga elementos para reflexão sobre algumas
possibilidades concretas de trabalhar com a pre-
venção de emergências, inclusive a partir dessa
experiência, que pode ser aperfeiçoada com
outras iniciativas.
Especialmente, queremos devolver para todas as
pessoas que participaram das atividades do PPE
os resultados obtidos, em seus acertos, obstácu-
los e desafios enfrentados, ao longo destes quatro
anos.
A seguir, apresentamos um breve histórico da
construção do projeto e três textos iniciais que
pretendem sinalizar o entendimento da Cáritas
sobre o contexto das emergências. Em seguida,
temos o foco central desta publicação: retratar
as várias ações realizadas; entendendo que siste-
matizar uma experiência não é fazer um relatório
exaustivo, mas retomá-la com intuito identificar
os êxitos e as lacunas. A reflexão sobre a caminha-
da pode gerar aprendizados para ações futuras.
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Prevenção de Emergências - Cáritas 05
Encontro de jovens de São João da Urtiga, Maximiliano de Almeida e Paim Filho para reetir sobre desafios e possibilidades da juventude camponesa.
”Participando do projeto, aprendemos desde os conceitos básicos de preservação do meio ambiente até as maneiras mais adequadas de recuperar uma nascente. Hoje vemos o PPE de extrema importância, tanto para
nós, quanto para a comunidade, porque embora muitos digam que não, todos sabemos a situação em que está o planeta. Se cada um de nós começasse a fazer o necessário em nossa cidade, em nossa propriedade, já mudaria. E
nesse sentido, o projeto foi fundamental, porque o que faltava era incentivo, apoio e principalmente informação para que se começasse a recuperação de uma nascente”.Natália – estudante - Paim Filho
Prevenção de Emergências - Cáritas 0706 Prevenção de Emergências - Cáritas
1.�O�Projeto:�uma�janela�que�se�abre�
PREVENIR�DESASTRES�É�MINIMIZAR�O�SOFRIMENTO�COLETIVOTrabalhar na prevenção é ser coeren-
te com a compreensão de que os
desastres ambientais que colocam as
populações em situações de emer-
gência não são apenas resultados da
natureza em seus ciclos. São, antes,
resultados de um processo de inter-
venção humana que não respeita
essa mesma natureza e a explora de
forma desmedida. Essa forma de
atuação segue um modelo de desen-
volvimento que privilegia o cresci-
mento econômico, não dando impor-
tância à perspectiva que considera os
direitos da natureza e o bem viver do
ser humano.
A prevenção implica também no
reconhecimento de que a parcela da
população mais vulnerável e excluí-
da do atual modelo socioeconômico
é a que mais sofre as graves conse-
quências dos desastres ambientais.
Esses grupos são excluídos de um
conjunto de bens sociais a que todos
deveríamos ter acesso, mas a maio-
ria não tem tido os direitos garanti-
dos. Neste sentido, cabe a organiza-
ção de todos para reivindicá-los,
inclusive para conquistar o direito de
viver sem risco de desastres e de ser
protegido caso eles venham aconte-
cer. Por isso, nosso trabalho envolve
principalmente a promoção do deba-
te em torno da mobilização para o
fomento a quali�icação das políticas
públicas, assim como, para a imple-
mentação das já existentes.
Foi com esse espírito que teve início
o PPE, cujo principal objetivo é “Con
tribuir para o fortalecimento da soci
edade civil através do envolvimento
das comunidades, dos movimentos e
organizações sociais e das instâncias
públicas locais, para atuação e�icaz
na implantação de políticas públicas
de prevenção de riscos ambientais e
nas situações de emergências”.
Essa atuação ocorre por meio de
formações e capacitações continua-
das de lideranças comunitárias e
pessoas interessadas, além do
desenvolvimento de experiências
concretas de prevenção a desastres
ambientais, apoio para o fortaleci-
mento de mecanismos de controle
social das políticas públicas relacio-
nadas à prevenção de desastres,
especialmente em relação à efetiva-
ção da Política Nacional de Proteção
e Defesa Civil.
O PPE originou-se de uma provoca-
ção realizada pela Cáritas Alemã, que
vem �inanciando por mais de 20 anos
o Fundo de Emergências destinado a
garantir apoio ao socorro imediato a
famílias e comunidades atingidas
por eventos extremos e desastres
socioambientais.
Veri�icando que as ocorrências se
repetiam, a Cáritas Alemã questio-
nou: por que não agir na prevenção
das situações que têm levado essas
pessoas a sofrerem ano após ano?
Esse questionamento gerou uma
re�lexão coletiva sobre a caminhada
da Cáritas Rio Grande do Sul na área
de emergências ao longo de anos.
Entendemos que era importante
aceitar o desa�io, pois era o caminho
a ser seguido para aprofundar os
saberes e inquietações que vínha-
mos acumulando nos debates inter-
nos da Cáritas e nas conversas com
as parcerias acerca da abordagem
das emergências.
Assim, uma nova perspectiva de ação
começou a se desenhar, com foco na
prevenção de emergências. Por inici-
ativa da Cáritas Regional do Rio Gran-
de do Sul, o PPE foi preparado coleti-
vamente em 2009 e iniciado em 2010,
com o apoio da Cáritas Alemã que, em
parceria com o governo alemão, pos-
sibilitaram recursos para as ações.
Sua implementação contou com a
organização das Cáritas Diocesanas
de Bagé, Vacaria, Cruz Alta e Novo
Hamburgo, no Rio Grande do Sul; e de
Caçador e Rio do Sul, em Santa Catari-
na.
Em 2009, foram de�inidos os municí-
pios em que o projeto seria imple-
mentado. Foram chamadas e envolvi-
das pessoas e instituições identi�ica-
das como as forças vivas das comuni
dades locais para apresentar e deba-
ter a proposta metodológica. Para
isso foram realizados encontros com
ampla participação, nos quais além
da construção coletiva do diagnóstico
da realidade socioambiental local,
foram sugeridas linhas gerais de ação
para resposta à realidade em questão.
Como resultado desses primeiros
encontros, o desa�io proposto pela
Cáritas Alemã, e aceito pela Cáritas do
Rio Grande do Sul, imediatamente
passou a ser um projeto coletivo.
Fica acertado, então, que, de agora em
diante, sempre que falarmos em tra-
balho realizado, estaremos falando
de uma rede de parcerias sem a qual
ele não seria possível.
2.�De�Onde�Partimos�
EDUCANDO�PARA�PERCEBER�E�SUPERAR�RISCOSA�CÁRITAS�E�AS�EMERGÊNCIAS�SOCIOAMBIENTAISJosé Magalhães de Sousa - Advogado, pósgraduado em Ciência Política pela UFMG, especialista em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais. Assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e Emergências. [email protected].
Vive-se hoje em uma sociedade de
riscos e incertezas, com a sensação
de que imponderáveis catástrofes
poderão acontecer a qualquer
momento. A insustentabilidade
econômico-� inanceira , sócio-
humanitária, político-cultural e
ecológico-ambiental, gerada pelo
desenvolvimentismo hegemônico
da atualidade, coloca todas as socie-
dades em estado de alerta constan-
te.
A Cáritas é conhecida e reconhecida,
historicamente, como a entidade da
Igreja Católica cuja missão está
estreitamente vinculada às popula-
ções em situação de riscos socioam-
bientais e emergências. Nascida
com essa vocação há mais de 100
anos em alguns países da Europa, há
61 anos como Confederação Inter-
nacional e há 56 anos no Brasil, a
Cáritas adota uma metodologia de
ação que privilegia as populações
mais empobrecidas, não como obje-
tos de compaixão, mas como agen-
tes de mudança, capazes de vencer
a miséria e a pobreza, as condições
inaceitáveis de vida e trabalho, as
estruturas sociais, políticas, econô-
micas e culturais injustas.
Essa metodologia de ação tem por
base a educação popular como pro-
cesso de libertação. Neste sentido,
trabalhar com pessoas, famílias,
grupos sociais envolvidos em situa-
ções de emergência signi�ica assu-
mir o desa�io de não contentar-se
com o socorro imediato, mas fazer
“emergir” a consciência crítica para
a conquista de direitos. Conforme o
texto Emergências, Meio Ambiente
e Modelo de Desenvolvimento da
Série Políticas de 2009, produzido
pela Cáritas Brasileira, “Não basta
reivindicar inclusão nas condições
de trabalho e vida reservados às
pessoas eternamente empobrecidas;
tornase necessário exigir transfor
mações estruturais, que abram cami
nho para outro paradigma de desen
volvimento, centrado na vida huma
na e na vida do Planeta, fruto de
outro modo de compreender e prati
car a economia, a política, a cultura,
a ética, a espiritualidade.”
Os direitos fundamentais estão
cunhados nas declarações univer-
sais, na Carta Magna e nas leis do
país. No entanto, entre as normas e
“Aqui em Paim Filho toda seca que dava sempre sobrava pro poder publico levar água para as famílias e não tinha as fontes e hoje através desse projeto, esse ano, que deu seca, nós não levamos nenhuma carga de água, né. Alberto – vice prefeito – Paim Filho
As situações de emergências atinge a todos igualmente, mas as famílias empobrecidas sofrem maiores consequências.
Prevenção de Emergências - Cáritas 0908 Prevenção de Emergências - Cáritas
a realização de direitos existe um
abismo a ser superado. A recente
Lei 12.608, de 10 de abril de 2012,
se efetivamente posta em prática,
acarretará signi�icativas transfor-
mações no sistema de proteção e
defesa civil e nos direitos sociais
das populações em situação de
vulnerabilidade e risco. A concreti-
zação desses direitos, porém, é
fruto de inúmeras lutas e ações
coletivas de comunidades, movi-
mentos e organizações sociais, fren-
te ao Estado, para a efetivação de
políticas sociais adequadas à supe-
ração das condições de quem vive
em situação de risco. A luta por
direitos deve ser constante já que,
no Brasil, temos um Estado que é
mínimo em investimentos sociais -
como saúde, educação, habitação -
e generoso para os interesses de
grandes grupos econômicos que
tiram proveito dos recursos públi-
cos para investir em negócios pri-
vados.
Há avanços, mesmo que insu�icien-
tes, na garantia de direitos, como o
da moradia. Das lutas vem a força
da comunidade e a consciência de
que nada muda sem a participação
ativa das pessoas, atores principais
na conquista de seus direitos. A
inércia do poder público frente às
situações de emergência não pode
ser motivo para deter a vontade da
população de ver realizados direi-
tos historicamente constituídos.
Por conseguinte, organizar comu-
nidades conscientes e prevenidas
contra a degradação do seu ambi-
ente natural, que gera o desequilí-
brio e consequentemente os desas-
tres, é protagonizar mudanças de
atitude social e política. Além de
ações preventivas, de proteção de
rios e fontes, é a educação e a for-
mação da consciência crítica que
possibilitam ter comunidades mais
resilientes. Dessa forma, terão con-
dições e capacidade para supera-
rem os problemas e obstáculos que
fazem da pressão e do sofrimento
uma oportunidade para criar alter-
nativas, transformando a situação
adversa em força individual e cole-
tiva. Trabalhar para que tenhamos
comunidades mais resilientes e
seguras em relação às emergências
é o propósito da Cáritas Brasileira e
um desa�io para toda a sociedade, já
que vivemos com uma diversidade
de riscos.
Ivo Poletto*
O�QUE�ESTAMOS�FAZENDO�COM�A�MÃE�TERRA?
Mesmo torcendo, por amor à vida,
que seja diferente, não há como
desconhecer a confirmação de
estudos científicos sobre o aumento
da temperatura na Terra em quase
um 1ºC. E, para piorar as coisas,
indicam que o aquecimento conti-
nua aumentando em velocidade
cada dia maior e que esse processo
constante de aquecimento está
provocando o agravamento das
mudanças climáticas: secas mais
prolongadas, chuvas torrenciais que
provocam enchentes destrutivas,
aquecimento das águas dos mares,
desmanche dos gelos nos polos e
altos das montanhas, furacões mais
fortes...
Esse aquecimento é sentido em todo
o planeta, já que tudo está interli-
gado, de modo especial pela atmos-
fera, essa pequena camada de gases
e umidade que cobre a Terra e
garante uma temperatura que torna
possível e renova a vida em diálogo
com as águas e solos. Mas os efeitos
disso são sentidos de forma diferen-
te em cada bioma e em cada territó-
rio em que vivem seres humanos e
outros seres vivos.
Buscando causas
A que se deve o aquecimento do
planeta?
Nas pesquisas e publicações do Pai-
nel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas – IPCC, na sigla
em inglês -, organizado pelas
Nações Unidas para orientar as polí-
ticas ambientais no mundo todo,
onde se reuniram aproximadamente
três mil estudiosos do clima, vindos
de diversas partes do mundo, foi
reconhecido que as irregularidades
climáticas que estão afetando o
planeta inteiro nestes últimos anos
são manifestações do efeito estufa,
provocado pela ação humana, ace-
lerada com tecnologias e práticas
diversas.
O 4º Relatório do IPCC, publicado
em 2007, bem como o seu 5º Relató-
rio, publicado em 2013, apontam o
aumento da quantidade dos gases
que, na atmosfera, prestam o servi-
ço de guardar calor e impedem que,
à noite, a temperatura esfrie dema-
is e prejudique ou acabe com a vida.
O aumento desses gases - dióxido de
carbono, o metano e o óxido nitroso
- na atmosfera está sendo causado
por atividades humanas. Basta lem-
brar quanto aumentou a queima de
petróleo, de gás e de carvão retira-
dos de dentro da Terra – no transpor-
te, na indústria, na geração de ele-
tricidade...-, pois a queima para
produzir energia libera o dióxido de
carbono que estava guardado nesses
bens fósseis. A mesma coisa se dá
toda vez que se derruba e queima
florestas. A emissão de metano se dá
pelo mau cuidado com os lixos, com
a criação de animais de grande
porte e com a construção de lagos
para produzir energia ou para irriga-
ção. O óxido nitroso é emitido para
a atmosfera principalmente pelo
tipo de agricultura feita pelo agro-
negócio, já que ele usa sementes
modificadas, monoculturas e produ-
tos químicos nos processos de pro-
dução.
Como são gases que guardam calor,
basta fazer a conta: o aumento con-
tínuo de sua emissão para a atmos-
fera provoca aquecimento progres-
sivo do planeta.
As consequências dessas alterações
são significativas para todos, mas
especialmente para as comunidades Maria de Lurdes Maldaner, professora da Escola Municipal Rodrigues Alves - Santa Margarida do Sul,
falando sobre a construção da cisterna na escola.
Cena do filme Koyaanisqatsi - 1983
.
Prevenção de Emergências - Cáritas 1110 Prevenção de Emergências - Cáritas
de menor poder aquisitivo, que têm
pouca ou nenhuma proteção frente
aos desastres naturais. Além disso,
não dispõem de mínimos recursos
para reconstruírem suas casas e suas
condições de vidas.
Cuidados com o Território
Um desafio significativo da humani-
dade é enfrentar a crise climática a
partir de uma percepção de cons-
trução social, revendo o comporta-
mento da sociedade atual no que se
refere ao quanto gastamos dos
recursos naturais do planeta para
sustentar o modo de vida de parte
da população mundial. Esse grupo,
com maior poder aquisitivo, é foca-
do na cultura do “ter” em detrimen-
to da cultura do “ser”. Segundo o
Manual de Educação para o Consu-
mo Sustentável publicado pelos
Ministérios da Educação e do Meio
Ambiente e Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor - IDEC, 20%
da população mundial, que habita
principalmente os países do hemis-
fério norte, consome 80% dos recur-
sos naturais e energia do planeta e
produz mais de 80% da poluição e da
degradação dos ecossistemas.
Enquanto isso, 80% da população
mundial, que habita principalmente
os países pobres do hemisfério sul,
fica com apenas 20% dos recursos
naturais. Se a redução dessas dispa-
ridades sociais for pelo caminho de
os habitantes dos países do sul atin-
girem o mesmo padrão de consumo
material médio de um habitante do
norte, seriam necessários, pelo
menos, mais dois planetas Terra.
O sistema econômico e cultural
dominante tem levado a uma espe-
cialização da produção: cada país
deve produzir e exportar o que tem
maior vantagem econômica e
importar o que não tem. No entan-
to, essa lógica gera aumento na
demanda de transporte, transfor-
mação da agricultura em produção
de mercadorias, aumento de preço
dos alimentos, desmatamentos,
super exploração dos solos, entre
outros, o que torna esse sistema
insustentável, sendo uma causa
importante do aquecimento que
agrava mudanças climáticas: o pla-
neta se esgota e toda vida fica amea-
çada.
Por isso é essencial que as pessoas
examinem as condições de vida
existentes em seu território. Não se
trata somente do lote ou proprieda-
de de terra; trata-se, sim, de toda
localidade em que um grupo huma-
no vive. Há ou não sinais de desequi-
líbrio climático? Se há, quais as cau-
sas e o que se pode fazer para
enfrentá-las? Mesmo sabendo que o
equilíbrio verdadeiro depende de
mudanças mais gerais da humanida-
de. É preciso levar em consideração
como a população de cada território
pode contribuir com a causa
comum. Assim como ações globais
têm impactos locais, o inverso tam-
bém ocorre: ações locais influenci-
am gradativamente a realidade
global.
O rumo das mudanças que devem
ser feitas é esse: encontrar um jeito
de viver e conviver com as pessoas e
com o ambiente vital da terra de
cada território, encontrando mane-
iras de formar verdadeiras comuni-
dades de vida. Em vez de gastar
energias para acumular riquezas,
dedicar tempo à convivência e ao
cuidado do ambiente da vida. Pro-
curar produzir tudo que for possível
perto de onde se vive, desde ali-
mentos até energia elétrica, numa
dinâmica de mais cooperação entre
cidade e campo.
É por isso que iniciativas como as
que estão sendo promovidas na pers-
pectiva da prevenção de desastres
socioambientais são muito impor-
tantes. A recuperação de fontes de
água, o replantio de matas ciliares,
a recriação de áreas de floresta, o
tratamento de esgotos e estercos de
animais, produzindo com eles adubo
orgânico ou biogás a ser utilizado
para produzir energia, o cuidado
com as áreas inclinadas e baixadas,
evitando construir moradias ou
outras edificações, e, se for a única
alternativa, construir realizando
obras de contenção.
Outra iniciativa importante é pro-
duzir energia com o sol e com os
ventos, evitando barragens que
alteram e destroem ecossistemas,
além de servir, na maioria das vezes,
para beneficiar grandes empresas
construtoras. Essas ações deveriam
contar com o apoio e vontade políti-
ca, que geralmente necessitam de
pressão popular para serem efetiva-
das. São ações que precisam estar a
serviço da vida comunitária e serem
projetadas buscando uma participa-
ção cada vez mais ampliada da popu-
lação.
A crise ecológica gerada pela huma-
nidade pode tornar-se, se bem
enfrentada, oportunidade para que
cresça a vida comunitária, com
novas formas de organização políti-
ca, novas formas de relação com a
Terra, com maior liberdade em rela-
ção ao consumo, com mais cuidado
com a saúde, com mais tempo livre
e dedicado à dimensão cultural,
artística e espiritual das pessoas. Se
não se fizer isso, contudo, a crise se
agravará e a vida estará cada vez
mais ameaçada.
Água�-�Desa�o�Central
*�ÁGUA�DEMAIS,�ÁGUA�DE�MENOS
O Brasil conta com a maior reserva
de água doce do Planeta, aproxi-
madamente 12% do volume mundi-
al, apesar disso, milhares de pesso-
as sofrem com a escassez de água.
Igual contradição se dá quando,
apesar de sua extensão territorial e
desenvolvimento agrícola, existam
pessoas sem terra para viver e plan-
tar e cerca de 57 milhões vivam na
miséria, segundo o IBGE.
O crescimento das cidades, da
agricultura de larga escala e da
industrialização, aliados à degra-
dação ambiental e urbanização,
geraram um significativo aumento
na demanda por recursos hídricos.
Nos debates realizados ao longo do
projeto, as questões relativas à
água tiveram muito destaque, seja
pela escassez – secas -, seja pelo
excesso – enchentes e temporais
com queda de granizo.
A água é essencial à sobrevivência
dos seres humanos e influencia
diretamente setores como a agri-
cultura e produção de energia,
além de outras atividades produti-
vas. Diante de algo tão precioso,
seria de se esperar que a água esti-
vesse no centro das decisões gover-
namentais, em todas as esferas da
administração. Infelizmente, não é
assim. A lógica neoliberal que
comanda a sociedade baseia-se no
princípio de lucros crescentes,
onde o consumo de bens naturais e
a exploração do trabalho humano
visando à produção de mercadorias
se sobrepõem às relações de coo-
peração entre as pessoas e à valori-
zação dos ecossistemas. Com isso,
gera um cenário de apropriação
indevida do patrimônio natural e
privatização de direitos humanos
básicos, como exemplo, o acesso à
água potável.
A sustentabilidade desse patrimô-
nio natural está diretamente liga-
da às legislações que resguardam
nascentes, matas ciliares e outras
áreas de preservação permanente.
Um exemplo recente foi o debate
sobre o Código Florestal Brasileiro,
dominado por questões sobre o uso
intensivo e expansivo da terra, em
detrimento de uma política flores-
tal que contemple também a con-
servação da biodiversidade. Duran-
te a tramitação no Congresso das
propostas de alteração do Código
Florestal não houve espaço para
um diálogo mais integrado, diversi-
ficado, envolvendo diferentes
temáticas. O que predominou foi
uma visão restrita do setor agríco-
Agricultor que teve sua fonte recuperada, fazendo manutenção de limpeza e preservação do entorno.
* Assessor do Fórum Nacional de Mudanças Climáticas e Justiça Social.
A Terra provê o suficiente para as necessidades de todos os homens,
mas não para a voracidade de todos.” Mahatama Gandhi
Prevenção de Emergências - Cáritas 1312 Prevenção de Emergências - Cáritas
la, ligado ao agronegócio com suas
estratégias de manipulação da
opinião pública e de transformar
em leis seus interesses econômi-
cos. Para piorar a situação, a ques-
tão da sustentabilidade da produ-
ção agrícola e a preservação ambi-
ental foram colocadas de forma
antagônica, como se fosse impossí-
vel produzir preservando o patri-
mônio ambiental e sua biodiversi-
dade. O resultado foi a manuten-
ção de uma política baseada no
controle, com indicações de leve
punição para quem desmata e tími-
do incentivo para proteger áreas
de preservação permanente e,
assim, garantir a continuidade das
espécies nativas e a própria susten-
tabilidade da produção.
Mas, para além das iniciativas
governamentais, cada cidadão tem
sua responsabilidade individual em
relação a esse patrimônio natural.
Seja pelo uso adequado e econômi-
co no dia a dia de cada pessoa, seja
pelo cuidado com as fontes e nas-
centes localizadas nas proprieda-
des rurais e pelo cuidado com o
destino correto dos materiais des-
cartáveis como plásticos, papeis,
vidros, que poluem a natureza e
entopem bueiros provocando ou
agravando os alagamentos nas
cidades.
Essa ressignificação da relação com
a água é fundamental para que
possamos diminuir as calamidades
decorrentes da escassez de água; A
seca é um fenômeno climático
silencioso, de longo prazo, não
gera uma grande repercussão na
mídia, mas agrava profundamente
a vulnerabilidade das comunidades
afetadas e leva ao abandono de
propriedades rurais pelos peque-
nos agricultores, que já não têm
meios de sustentar suas famílias.
Por outro lado, a água também
causa sofrimento quando muitas
comunidades são vitimadas por
eventos de chuva intensa, que
geram enchentes, muitas vezes
agravadas por ventos fortes acom-
panhados de granizo que deste-
lham casas. Esses fenômenos arra-
sam inclusive equipamentos públi-
cos que deveriam socorrer a popu-
lação. Sofrem também as famílias
das áreas rurais quando a água da
chuva não vem na época certa, ou
vem em demasia na hora da colhei-
ta, ou chega em forma de pedra
(granizo), destruindo plantações e
bem-feitorias, causando grandes
perdas anualmente. O pior é que,
na maioria das vezes, as comunida-
des rurais não contam com o apoio
efetivo do poder público para rees-
truturar suas vidas e seus meios de
subsistência. Nas cidades, os ala-
gamentos e enchentes devastam
rotineiramente casas e vidas,
levando as pessoas a condições de
extrema pobreza, com prejuízo de
sua saúde física e emocional, além
das perdas materiais.
O apoio às famílias durante e após
esses eventos mais graves é funda-
mental. Mais importante ainda é o
fortalecimento das comunidades
como grupos organizados e mobili-
zados, conscientes de seus direi-
tos, com capacidades coletivas
suficientes para construírem suas
próprias soluções, de acordo com
suas reais necessidades sociais,
culturais e econômicas.
“se tiver uma fonte, uma nascente na casa de vocês a gente tem que dar muito valor pra água e cuidar muito ela, porque é uma riqueza em uma propriedade uma fonte de água. O pessoal tem que preservar as nascentes de água, porque daqui a 15, 20 anos a gente não sabe como vai ser, os filhos nossos, daqui a 15 anos, a gente não sabe como vai ser – Valtoir Betrame – Paim Filho
3.1�Realidades�Locais
�CADA�REALIDADE�INTEGRADA�A�UM�PROJETO�COLETIVORio Grande do Sul
Santa Margarida do Sul: cadê a
água? - Município com 2.352 habi-
tantes, localizado na metade sul do
Rio Grande do Sul. Com característica
predominantemente rural, o municí-
pio tem sérios problemas de abaste-
cimento, pois não tem reservatórios
de água. O abastecimento da área
urbana é feito com caminhão-pipa. O
município lida com o problema do
êxodo rural, já que os �ilhos de peque-
nos agricultores deixam a zona rural,
deslocando-se para as cidades em
busca de melhores condições de vida,
devido à baixa renda familiar nas
pequenas propriedades.
Salto do Jacuí: entre pedras pre-
ciosas e pedras de gelo. - É uma
região de extrativismo mineral de
pedras preciosas, além de sediar uma
grande barragem. Essa região tem
como característica principal a ocor-
rência de frequentes chuvas de grani-
zo. Em 2009, houve uma chuva de
pedras que dani�icou 90% da cidade
deixando prejuízos de toda a ordem,
mas, sobretudo, um trauma coletivo
em relação à desproteção vivida por
todos. A localidade também é assola-
da por estiagens.
Paim Filho: fontes passadas de
pais para �ilhos. - Município com
4.243 habitantes, situado na região
nordeste do estado do Rio Grande do
Sul, tem sua economia baseada na
pecuária leiteira e na suinocultura. O
município apresenta vida social e
política bastante dinâmica, principal-
mente em torno da atuação de enti-
dades organizativas e de apoio à
pequena agricultura, assim como das
expressões da fé católica, herdada
dos povos colonizadores. Não conta-
va com um problema especí�ico em
função de eventos recorrentes, mas
identi�icam-se as estiagens e o desa-
�io da preservação das fontes.
Novo Hamburgo: o lixo no lugar
certo? - Foi priorizado o bairro Santo
Afonso com 23.269 habitantes. For-
mado pelo êxodo dos municípios do
interior do Estado e de cidades vizi-
nhas, tem um histórico de organiza-
ção social e luta por moradia e servi-
ços públicos. A população é empo-
brecida e estigmatizada pela violên-
A�DINÂMICA�DAS�AÇÕES�
�Ação,�re�exão,�ação:�a�evolução�de�um�projeto�coletivo.
3.�Como�seguimos�
O projeto, em sua fase inicial
(2010), denominava-se “Apoio às
emergências no Rio Grande do Sul:
participação e organização social
na construção de comunidades mais
seguras” abrangendo 3 municípios
no Rio Grande do Sul.
A partir de 2011, na segunda fase, o
projeto passou a chamar-se "Pre-
venção de Emergências: construin-
do comunidades mais seguras".
Nesse período, a área contemplada
para os debates sobre prevenção foi
ampliada, passando de 3 para 11
municípios do Rio Grande do Sul e
de Santa Catarina.
A visitação às fontes recuperadas, se tornou uma atividade pedagógica de sensibilização para alunos e comunidades.
pg 12 não consegues uma imagem positiva de meio ambiente
no vídeo Gotas de Vida?
*Equipe de sistematização e redação.
Prevenção de Emergências - Cáritas 1514 Prevenção de Emergências - Cáritas
cia urbana, com trabalho e moradias
precários. O bairro é cortado pelo
Arroio Gauchinho e pelo Rio dos
Sinos e registra ocorrências constan-
tes de alagamentos, inundações e
enchentes. O lixo é descartado inde-
vidamente no meio ambiente, o que
agrava situações de emergências.
Jacuizinho: rio, campo e cidade. -
Município com 2.507 habitantes, tem
grande parte de seu território desti-
nado a atividades rurais, com gran-
des propriedades voltadas para o
agronegócio e pequenas áreas de
agricultura familiar. Como cidade
emancipada tem vida recente, mas
trata-se de área de ocupação antiga,
com presença de povos indígenas e
quilombolas em seu território. Tem
ocorrências de enchentes, devido à
elevação do nível do Rio Jacuizinho,
que atravessa a cidade, e sofre tam-
bém com as consequências das estia-
gens e chuvas de granizo.
Estrela Velha: comunidade esco-
lar ativa. - Município com 3.628 habi-
tantes, predominantemente rural,
com presença importante da pecuá-
ria e da fumicultura. A presença da
Usina Hidrelétrica de Itaúba é um
marco importante para a economia
do município. Sua população convive
com a escassez de água e com chuvas
de granizo.
São João da Urtiga: protagonis-
mo dos jovens. - Município localiza-
do na região noroeste do Rio Grande
do Sul, com 4.726 habitantes. Sua
economia é baseada no setor primá-
rio, na agricultura e na pecuária.
Assim como a vizinha Paim Filho, tem
intensa vida comunitária, bastante
marcada pela vida religiosa. A popu-
lação convive com a escassez de água.
Maximiliano de Almeida: os
mutirões foram o máximo! - Muni-
cípio localizado na região noroeste
do Rio Grande do Sul, com 4.907 habi-
tantes, sendo que mais de 50% da
população mora na área rural. O
município tem sofrido com estiagens
e chuvas de granizo.
São Gabriel: terra de quem luta
pela terra. - Localizado na Região da
Campanha gaúcha, próximo da fron-
teira com o Uruguai, com 60.425
habitantes que sofrem com a estia-
gem. A economia é tradicionalmente
caracterizada pela pecuária extensi-
va, cujo desenvolvimento in�luenciou
na cultura e na organização sociopo-
lítica da região.
Santa Catarina
Rio do Sul: reciclando vidas. -
Município com 61.198 habitantes.
Banhado por 3 rios: o Itajaí do Sul,
Itajaí do Oeste e Itajaí-Açu, sofre cicli-
camente com grandes cheias. A maio-
ria da população que participou do
PPE vive em moradias precárias, às
margens do rio Itajaí-Açu e nas
encostas dos morros, em situação de
extrema vulnerabilidade socioeco-
nômica, com analfabetismo e baixa
escolaridade. Sobrevivem do traba-
lho informal, sobretudo da coleta de
material reciclável. Foram prioriza-
dos 4 bairros: Santa Rita, Loteamento
José Stédile, Barragem e Barra do
Trombudo.
Caçador: a luta pela água potá-
vel. - Município com 70.762 habitan-
tes. Localizado no Meio Oeste de
Santa Catarina, é caracterizado pela
concentração fundiária e atividade
econômica na agricultura, re�loresta-
mento de pinus, indústrias de madei-
ra, papel e plástico. Foram prioriza-
dos 3 bairros, Bom Sucesso, Berguer
e Vila Paraíso, com famílias em extre-
ma pobreza, precárias condições de
moradia, sem serviços básicos de
água e esgoto, com renda provenien-
te de trabalho informal, sobretudo da
venda de material reciclável. São
vítimas de frequentes alagamentos,
enchentes e deslizamentos.
3.2.�Metodologia�-�O�Fazer�Coletivo
�DIÁLOGOS�ABERTOS�COM�A�COMUNIDADEA de�inição das atividades desenvolvidas em cada localidade considerou as estratégias previstas no projeto. Tais atividades foram consolidadas a partir do diálogo comunitário, priorizando o que era importante para cada grupo, o que fazia sentido para aquela comunidade, respeitando o grau de maior ou menor percepção coletiva em relação à temática de Prevenção de Emergências. Em cada região, foi feita uma atividade ampla de apresentação do projeto, aberta para toda a comunidade.
A proposta de atuação de Paim Filho,
abordando o aspecto de ressigni�ica-
ção da relação com os recursos hídri-
cos através da recuperação de fontes
e proteção de nascentes, gerou uma
atividade transversal em todos os
territórios. O projeto "Prevenção de
Emergências: construindo comuni-
dades mais seguras" teve uma atua-
ção muito signi�icativa e empolgante,
trabalhando com as famílias de agri-
cultores o mapeamento das fontes, a
identi�icação de suas condições e
fazendo a recuperação daquelas que
necessitavam uma intervenção.
Foram priorizadas as que estavam
em piores condições, ou que serviam
a mais de uma unidade familiar.
Outra atividade bastante signi�icativa
foi a construção de cisternas para
armazenamento da água da chuva em
espaços comunitários como escolas e
abrigos. Essa também foi uma prática
pedagógica que propiciou momentos
Mapa com localização dos municípios
onde o projeto foi desenvolvido.
São João da Urtiga
Paim Filho
Maximiliano de Almeida
Rio do Sul
Caçador
Salto do Jacuí
Santa Margarida do Sul
Jacuizinho
Estrela Velha
São Gabriel
Novo hamburgo
Rio�Grande�do�Sul
Santa�Catarina
O descarte inadequado de lixo no meio ambiente foi identificado como um grave problema tanto no meio rural, como nas cidades.
Prevenção de Emergências - Cáritas 1716 Prevenção de Emergências - Cáritas
muito ricos de re�lexão sobre o rea-
proveitamento da água.
Essas ações foram desencadeadoras
do resgate de raízes históricas comu-
nitárias e familiares, através de reto-
mada da memória de como os ante-
passados usavam aquelas fontes,
como era o entorno, as formas de
acesso e o uso da água. Também per-
mitiram um processo de ação-
re�lexão-ação em que os participan-
tes (comunidade, poder público,
sociedade civil, escolas e outros)
puderam discutir sua realidade soci-
oambiental, colocar em prática as
decisões construídas coletivamente e
depois avaliar os resultados com
base nas experiências vividas e pre-
senciadas. Essas práticas re�lexivas
geraram aprendizados coletivos,
além de fortalecimento da articula-
ção local na perspectiva das políticas
públicas da defesa civil nos espaços
urbano e rural.
Para além de uma intervenção de
infraestrutura, essas atividades
tinham um cunho mobilizador comu-
nitário, incentivando a participação
de todos, pois a proposta era de que o
trabalho fosse realizado em mutirões
comunitários, envolvendo famílias,
escolas, lideranças, gestores públi-
cos, técnicos agrícolas e pessoas inte-
ressadas. Muitos debates foram reali-
zados ao longo dos dias e ao �inal de
cada processo de recuperação de
uma fonte. A experiência, suas re�le-
xões e conclusões passaram a fazer
parte do cotidiano das pessoas e famí-
lias envolvidas.
Tanto as recuperações de fontes
como as construções de cisternas
tornaram-se tema gerador nas práti-
cas escolares, desencadeando ativi-
dades pedagógicas diversas como
visitas às fontes recuperadas, entre-
vistas com as famílias bene�iciadas,
elaboração de redações sobre o tema,
desenhos e pinturas do ciclo da água,
pedágio sobre o cuidado do meio
ambiente, entre outros.
Visando documentar a proposta do
projeto e seu contexto foi produzido
o vídeo Gotas de Vida. Essa produção
foi prevista desde o início pela Cári-
tas Alemã e serviu como importante
material pedagógico nas atividades
de formação do projeto.
O trabalho de �ilmagens contou com a
construção participativa na de�inição
de roteiro, na identi�icação de pesso-
as de referência para as falas e nos
locais para �ilmagens. Foram realiza-
das tomadas de imagens para produ-
ção deste vídeo nas comunidades dos
três municípios que faziam parte do
PPE na primeira fase do projeto –
Salto do Jacuí, Santa Margarida do Sul
e Paim Filho, oportunizando falas de
diferentes atores sociais envolvidos
no projeto e registro das ações inicia-
is. Atividades de formação, recupera-
ção de fontes, construção de cister-
nas, cenas do cotidiano e cenas dos
eventos socioambientais que causam
emergências e desastres são vistas e
re�letidas no vídeo.
Foi aproveitada na produção, a reali-
zação do I Seminário Estadual pro-
movido pelo projeto, em Porto Ale-
gre, com o tema “Construção da Defe
sa Civil a partir da participação popu
lar”. Neste evento, especialistas no
tema mudanças climáticas e defesa
civil apresentaram sua visão sobre o
contexto mundial e nacional em rela-
ção às mudanças climáticas Os agen-.
tes de Cáritas Diocesanas presentes
no evento também se expressaram, e
os articuladores, pessoas de referên-
cia em cada região do projeto, tive-
ram destaque especial nessa constru-
ção. Além disso, a juventude foi retra-
tada pelo protagonismo participativo
que caracterizou sua inserção no
projeto e pelo interesse especial no
acompanhamento das tomadas de
imagens.
Gotas de Vida foi uma ferramenta
muito importante para a divulgação
do projeto, pois suscitou diversas
atividades nas escolas e comunida-
des com sessões de apresentação,
seguidas de debates. Essas ativida-
des, despertaram o interesse de
quem assistiu, desencadeando um
processo de ampliação para outros
municípios. Diversas cópias do vídeo
foram disponibilizadas para uso das
dioceses e entidades parceiras.
A política pública da Proteção e Defe-
sa Civil foi outro ponto importante na
estratégia do projeto, debatendo o
desconhecimento dessa política e a
limitada estrutura disponível, decor-
rente das insu�iciências do aparato
institucional da Defesa Civil para agir
na redução dos riscos e responder
melhor no contexto de destruição e
perdas.
O projeto abraçou o desa�io de re�le-
tir, com as comunidades, sociedade
civil e com o poder público, meios de
reverter esse quadro e fortalecer a
política pública através do protago-
nismo social de pessoas e organiza-
ções, da potencialização institucional
da Defesa Civil enquanto ente público
e do apoio na busca de estratégias de
mobilização de recursos para viabili-
zar as mudanças necessárias. Os
debates foram muito produtivos, mas
vencer a morosidade e a resistência
de instâncias públicas em algumas
localidades foi um limitador.
Desde o início, foi considerado que
seria grande o desa�io de vencer a
cultura de pouco investimento na
prevenção, que prioriza o pós-
desastre, por meio de ações pontuais
de assistência emergencial. A Cáritas
Brasileira Regionais do Rio Grande
do Sul e de Santa Catarina, com o
apoio da Cáritas Alemã, acreditaram
nas forças vivas da sociedade para
incidir positivamente sobre essa
realidade. Acreditaram que comuni-
dades mais seguras dependem do
compromisso de cada um com as
pessoas e com o meio ambiente, par-
tindo da construção coletiva de solu-
ções através do diálogo e do respeito
ao ser humano.
Ao longo do projeto, foram desenvol-
vidos seminários municipais, regio-
nais e estaduais, que propiciaram a
troca de experiências e espaços de
discussão entre as regiões. Nesses
eventos fomentou-se a troca de
conhecimentos e aprofundamento
dos temas, oportunizando o consen-
so sobre as mudanças de atitudes e
práticas no cotidiano.
Os encontros e reuniões da equipe
responsável pelo projeto: a coorde-
nação com os articuladores regionais
e agentes das Cáritas Diocesanas
foram uma importante forma de
disseminação das informações acer-
ca das possibilidades de intervenção
surgidas no próprio projeto. Nesses
encontros ocorreram momentos de
socialização e contextualização do
dia a dia do projeto em cada localida-
de, além do aprofundamento de
temas necessários para maior apro-
priação da proposta do PPE.
A fase �inal do projeto, a partir do
segundo semestre de 2012, foi volta-
da para a realização de um balanço
quali�icado, realizado durante o
Encontro de Intercâmbio que ocor-
reu em Paim Filho, reunindo os 11
municípios participantes do projeto.
Como os demais seminários interes-
taduais foram realizados em Porto
Alegre, para o encontro de intercâm-
bio, foi priorizada uma região do
projeto que pudesse apresentar expe-
riências a serem visitadas e que tives-
se condições de infraestrutura, inclu-
indo hospedagem, para receber um
número aproximado de70 pessoas.
Paim Filho foi escolhido com o apoio
dos municípios de São João da Urtiga
e Maximiliano de Almeida. Todas as
regiões se prepararam para esse
intercâmbio, realizando encontros e
seminários avaliativos em seus muni-
cípios, orientados por um roteiro de
questões comuns que deveriam ser
apresentadas no intercâmbio. Estas
atividades preparatórias foram feitas
com muito empenho e entusiasmo
com a expectativa do “rumo à Paim
Filho”.
Reuniões de trabalho da equipe local do projeto e atividade com alunos foram uma constante. Reunião com parceiros do apoio técnicos da EMATER e das prefeituras para definir intervenções mais adequadas nas fontes a serem preservadas.
�3.3.�Atividades:�Uma�Visão�Geral
Este quadro apresenta uma visão geral das principais atividades realizadas nas regiões para facilitar a visualização da metodologia.
PPE;Participação na pré-conferência de meio ambiente em Salto do Jacuí;
Formação Seminário Municipal sobre Defesa Civil - Construindo Comunidades mais Seguras;Realizadas inúmeras atividades de formação;2 atividades de formação em 2 escolas com tema preservação ambiental e mudanças climáticas;3 seminários intermunicipais, cada
Território
Região de Cruz AltaSalto do JacuíJacuizinhoEstrela Velha
Articulação e mobilização Visita às comunidades;Envolvimento com 2 comunidades quilombolas;Audiência pública com novo prefeito;Roda de conversa para sistematização do PPE;Monitoramento das atividades do
edição em um município participante do PPE na região;
Prático- pedagógicas 5 cisternas construídas;20 fontes recuperadas que motivaram um movimento maior, envolvendo a EMATER e a Prefeitura Municipal na recuperação de outras 47 fontes, aproximadamente;1 bioconstrução com teto vivo;Apoio a uma horta escolar;Viagem à Novo Hamburgo para seminário da visita da Cáritas Alemã;
estaduais;6 o�icinas de reciclagem de papel;5 o�icinas de produção de sabão com óleo saturado;Atividades com escolas na semana do meio ambiente;MAXIMILIANO DE ALMEIDA2 Visitas com alunos nas nascentes em recuperação;2 Palestras sobre questão ambiental com bene�iciários;Participação no Seminário sobre Economia Verde e Mercantilização da Natureza (Sananduva);2 cursos de horta doméstica;SÃO JOÃO DA URTIGA2 seminários com famílias bene�iciadas;Participação no seminário sobre economia verde e mercantilização da natureza (Sananduva);2 encontros com o coletivo de jovens da agricultura familiar;
Prático- pedagógicas PAIM FILHO1 simulação de desastres;3 coletas de materiais recicláveis;4 canoagens ecológicas;2 hortas de plantas nativas e medicinais;
Território
Região de VacariaPaim FilhoMaximiliano de AlmeidaSão João da Urtiga
Articulação e mobilização PAIM FILHO32 reuniões da coordenação local;MAXIMILIANO DE ALMEIDA6 reuniões de planejamento do PPE;SÃO JOÃO DA URTIGA5 reuniões com coordenação local1 “dia da solidariedade” mostra de produtos e ações desenvolvidas;
Formação PAIM FILHOSeminário Municipal sobre Defesa Civil - Construindo Comunidades mais Seguras;5 seminários sobre proteção de nascentes;12 palestras nas escolas com alunos4 palestras no centro cultural com bene�iciários;2 o�icinas de teatro com alunos;2 des�iles com alunos – semanas do Meio Ambiente;2 seminários com a Defesa Civil;Participação em 02 seminários
16 famílias com compostagem de resíduos orgânicos;700 famílias mapeadas para diagnósticos dos recursos hídricos;4 pontos de coleta de óleo saturado;1 aquecedor solar de água construído;4 grupos de economia solidária criados;3 cisternas construídas;53 nascentes recuperadas;MAXIMILIANO DE ALMEIDAMapeamento dos recursos hídricos no município;Mutirões de recuperação das nascentes;21 nascentes recuperadas e várias em andamento;3 Grupos de EPS criados;2 jantares ecológicos;Implantação de uma horta comunitária;Implantação de uma horta medicinal;SÃO JOÃO DA URTIGA22 nascentes mapeadas e recuperadas;Vínculo com agroecologia; projeto com 18 pessoas de Sananduva e 12 de São João da Urtiga dedicando-se à diversi�icação produtiva;
A�PRÁTICA�DAS�COMUNIDADES
Prevenção de Emergências - Cáritas 1918 Prevenção de Emergências - Cáritas
Formação Seminário Municipal sobre Defesa Civil- Construindo Comunidades mais Seguras;Seminário Preservação das Águas;Diálogo com os alunos sobre a realidade ambientalAtividades educativas na Semana do Meio AmbienteElaboração de fôlderes para divulgação do projetoRealização de 2 Seminários do PPE (Bagé, Santa Margarida e São Gabriel);Realização de palestras educativasRealização de o�icinas de reciclagemParticipação nos Seminários realizados durante a cúpula dos povos
Prático- pedagógicas Aplicação de questionário pelos
Território
Região de BagéSanta Margarida do SulSão Gabriel
Articulação e mobilização Diagnóstico sobre as necessidades do municípioDiálogo com os Assentamentos (Santa Margarida e São Gabriel) para integração dos mesmos no PPEVisita e Encontro com as Comunidades Eclesiais de Base da Paróquia do Arcanjo São Gabriel para apresentação da proposta doPPEParticipação na construção do documentário “Gotas de Vida” e divulgação do mesmo na ComunidadeDivulgação do PPE nos eventos da Diocese de Bagé
alunos do Município e presencialmente em reuniões nas comunidades sobre a existência de nascentes;Visitas às nascentes encontradas com potencial de utilização;Plantio de árvores (alunos da Escola Rodrigues Alves) e orientações para o cuidado com as árvores plantadas;Visitas às nascentes encontradas com potencial de utilização;Recuperação de nascentes;Construção de 2 cisternas para captação da água da chuva;Pesquisa e análise da qualidade da água (atividade realizada pelos alunos das Escolas Marechal Hermes e Rodrigues Alves);Participação na Bicicleteada “Caminhos do Sepé;Realização de caminhada ecológica com atividades pedagógicas;
Planejamento do ano com prioridade para visita Cáritas Alemã;Reuniões mensais do PPE;Audiência com Secretário do Meio Ambiente;Apoio ao programa Catavida;Reunião de avaliação de atuação nas emergências;
Formação Realização de mostra de trabalhos e projetos ambientais;Capacitação sobre política pública de
Território
Região de Novo HamburgoBairro Santo Afonso
Articulação e mobilização Mobilização dos catadores de materiais recicláveis;Articulação com Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, CRAS, Centro Social Madre Regina, ABEFI, Movimento Roesler, Pastoral da Criança, Cáritas Paroquial, Ass. Catadores Catavida;
proteção e defesa civil;
Prático- pedagógicas Plantio de árvores frutíferas;Realização de 2 mutirões de limpeza;Divulgação de material informativo;Passeio ecológico pelo Rio do Sinos;Atuação na enchente do �inal de agosto/13;Apoio com alimentos, água e roupas para os afetados;Apoio ao projeto de ecopontos para coleta de lixo;
Jovens assumiram com entusiasmo as ações ambientais como plantio de árvores nativas.
Movimento Nacional dos Catadores;Entrevistas, spots na rádio, publicação nos jornais locais e da diocese;
Formação CAÇADORAção recreativa com crianças, integrando as três comunidades;Diálogos sobre temas de cidadania;Palestras sobre efetivação de direitos;Atividade antecipada pelo dia das crianças para 83 crianças com participação do grupo de jovens e curso de educação �ísica, além de um grupo de crismandos;Seminário de Gestão de Risco na Câmara de Vereadores;O�icinas sobre Meio Ambiente;O�icina de Pani�icação objetivando geração de renda para superação da pobreza;O�icina para aproveitamento do óleo – confecção sabão caseiro;RIO DO SULRealização de vários eventos sobre meio ambiente:Atividades relacionadas ao Dia Internacional do Meio Ambiente e sobre a Cúpula dos Povos;Seminário sobre Políticas Públicas, Mudanças Climáticas e Gestão de Risco;Encontro com as quatro comunidades;II Seminário Políticas Públicas com o tema mudanças climáticas e justiça
Território
Região de Santa CatarinaCaçadorRio do Sul
Articulação e mobilização CAÇADORDiagnóstico da realidade social, ambiental e econômica das comunidades;Organização e mobilização dos catadores de materiais recicláveis;Articulação com a Defesa Civil e entidades parceiras: Bombeiros, Secretarias Municipais: Meio Ambiente, Saúde, Educação, Assistência Social, EPACRI, Cáritas Diocesana de Caçador.RIO DO SULMobilização e organização de comunidades nos bairros: Barragem, Barra do Trombudo, José Stédile e Santa Rita.Articulação e organização de grupo de catadores de materiais recicláveisDiálogo e articulação com a Defesa Civil, Comissão de Direitos Humanos e outras entidades.Parceria para curso de capacitação de voluntários da Defesa Civil, em vista da criação de NUPDECs em Rio do Sul.Acompanhamento da associação de catadores abrangendo 12 municípios;Discussão da lei dos resíduos sólidos;Acompanhamento e articulação do
ecológica;Capacitação sobre a política pública de proteção e defesa civil;Distribuição de uma cartilha sobre Defesa Civil, feita pela Defesa Civil de Florianópolis;Preparação da 5ª SSB e debate sobre o tema climático;Reforço no trabalho de formação para vivenciar o sentido comunitário;
Prático- pedagógicas CAÇADORAnálise da água da comunidade;Apoio à luta para a obtenção da estrutura necessária para obtenção de água potável, com a implantação de um reservatório comunitário de água;Plantio de árvores nativas;Mutirão de Recolhe Entulho envolvendo comunidade e voluntários;Apoio às organizações de catadores;
RIO DO SULMutirão Ecológico no Bairro Santa Rita, quando foi percorrido um trajeto ao longo do córrego Ribeirão das Cobras e ruas vizinhas fazendo sensibilização sobre o problema do acúmulo de lixo jogado no meio ambiente.Apoio à organização dos catadores de materiais recicláveis para o trabalho coletivo;
Prevenção de Emergências - Cáritas 2120 Prevenção de Emergências - Cáritas
Outro elemento do projeto "Prevenção de Emergências: construindo comunidades mais seguras" foi propiciar o desenvolvimento local, uma vez que promoveu iniciativas inovadoras e mobilizadoras da coletividade, articulando as potencialidades locais.
REFLEXÃO�E�CONSCIENTIZAÇÃO�4.�As�experiências�nos�territórios�
Para ser um processo consistente e
sustentável, um projeto voltado
para desenvolvimento local deve
ampliar as oportunidades sociais e a
viabilidade de formação de redes
locais sustentáveis, ancorado nos
seguintes aspectos:
P ro m ove r u m p ro c e s s o d e
mudança baseado na comunidade,
nos potenciais locais;
Partir das demandas comunitári-
as, as quais se procure responder
mobilizando capacidades e recursos
locais;
Estimular o dinamismo e partici-
pação comunitária;
Dispor dos recursos externos com
um papel de reforço /apoio e não
substituto aos recursos internos,
numa perspectiva integrada (multi-
dimensional, interdisciplinar e
transdisciplinar), que exige uma
lógica de parceria (múltiplos prota-
gonistas);
Buscar o fortalecimento das capa-
cidades de ação coletiva dos cida-
dãos e organizações (informação,
conhecimento e habilidades) e a
criação de um ambiente institucio-
nal propício que facilite a participa-
ção no fortalecimento da política
pública, de maneira que se possa
assumir e superar as condições
adversas existentes;
Propor estratégias com resulta-
dos potencialmente transformado-
res e sustentáveis.
Para articular os diversos envolvi-
dos tanto no planejamento, como na
execução e monitoramento, o proje-
to contou com a coordenação regio-
nal e com articuladores locais que,
junto aos agentes diocesanos da
Cáritas, eram responsáveis pela
realização das atividades.
O público bene�iciário do projeto
eram as comunidades com um todo,
mas com um olhar muito especial
para grupos de mulheres, jovens,
agricultores familiares e povos tra-
dicionais (índios e quilombolas).
A estratégia desenhada na proposta
do projeto envolveu 3 eixos, como
veremos a seguir.
“Nunca ficou tão claro para nós a importância de que a sociedade se organize para a autoproteção já que os eventos desastrosos estão crescendo em nosso país de forma significativa.” – Marcos Ferreira - Associação Brasileira de Psicologia nas Emergências e Desastres - (ABRAPEDE)
A realidade urbana de Rio do Sul, Caçador e Novo Hamburgo, tem em comum as constantes enchentes alagamentos e deslizamentos.
Reunião dos responsáveis pelo projeto para planejar, monitorar e avaliar as ações .
Prevenção de Emergências - Cáritas 2322 Prevenção de Emergências - Cáritas
POLÍTICAS�PÚBLICAS
4.1.1.�Construindo�a�superação�das�vulnerabilidades
POR�UMA�CULTURA�DE�PROTEÇÃO�E�DEFESA�CIVIL�ANTES�DO�DESASTRE�ACONTECER
EIXOS�1�E�2
A Cáritas Regional Rio Grande do Sul tem como um de seus objetivos “atuar na prevenção, no socorro imediato e na reabilitação de grupos sociais e comunidades em situações de emergência natural e social;”. Suas prioridades estratégicas do Plano Operativo Anual 2013 focam a “promoção e fortalecimento de iniciativas locais e territoriais de desenvolvimento solidário e sustentável e a defesa e promoção de direitos, mobilizações e controle social das políticas públicas”. Essas prioridades balizam sua atua-ção, que busca promover o protagonismo dos bene�iciá-rios de seus projetos, por meio da construção coletiva de solução a partir do potencial e da cultural local.Para isso, desenvolve ações em âmbito municipal, dioce-sano, regional e estadual; atua em parceria com movi-mentos sociais, entidades e organizações da sociedade civil; participa de lutas e mobilizações sociais, de defesa e promoção de direitos; de espaços e instrumentos de
construção de políticas públicas. Não poderia ser dife-rente no projeto "Prevenção de Emergências: construin-do comunidades mais seguras".Nos debates realizados para a construção coletiva deste projeto, foram identi�icados os eixos fundamentais no âmbito de controle social e políticas públicas, que são:conhecer e fortalecer a política de defesa civil;articular as instâncias públicas e atores sociais visando à atuação e�icaz na implantação de políticas públicas de prevenção de riscos ambientais e nas situações de emergências.Nesses eixos do projeto, a Cáritas Regional buscou pro-mover um espaço participativo voltado à re�lexão coleti-va sobre as demandas e limitações para o desenvolvi-mento de uma percepção do risco e as eventuais alterna-tivas ao risco.
André Antunes, professor da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) em seu artigo “Desastres Naturais? Interfaces entre Defesa Civil, saúde e meio ambiente"relata que desde o final dos anos 40 a Defesa Civil foi institucionalizada e levou 50 anos para ser criada a Política Nacional de Defesa Civil (PNDC). A partir daí, existe a norma que orienta os órgãos de Defesa Civil a trabalharem de forma articulada e coordenada nos três níveis de governo, por meio da criação do Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC).
O sistema teve suas diretrizes refor-
muladas por sucessivos decretos do
Poder Executivo - em 1993, 2005 e
2010. Este último, o decreto 7.257,
serviu de base para a Lei 12.340,a
qual foi alterada pela Lei 12.608, de
10 de abril de 2012. Essa dispõe
sobre a organização do Sistema Naci-
onal de Proteção e Defesa Civil –
SINPDEC, que orienta as ações nas
esferas municipais, estaduais e fede-
ral. Atualmente, a coordenação do
sistema �ica a cargo da Secretaria
Nacional de Proteção e Defesa Civil
(SEPDEC), órgão do Ministério da
Integração Nacional.
A Defesa Civil no Brasil é de�inida no
Decreto Nº 5.376, de 17 de fevereiro
de 2005, como “ο conjunto de ações
preventivas, de socorro, assistenciais e
reconstrutivas destinadas a evitar ou
minimizar os desastres, preservar o
moral da população e restabelecer a
normalidade social” e a Política Naci-
onal de Proteção e Defesa Civil orien-
ta que “o gerenciamento de riscos e de
desastres deve ser focado nas ações de
prevenção, mitigação, preparação,
resposta e recuperação e demais polí
ticas setoriais, como propósito de
garantir a promoção do desenvolvi
mento sustentável”, conforme a Lei
12.608, de 11 de abril de 2012, Art. 3º
e § Único.
As ações da Defesa Civil no Brasil têm
o objetivo geral de reduzir esses
desastres pela diminuição de sua
ocorrência ou intensidade e abran-
gem:
1. Prevenção: ações dirigidas a ava-
liar e reduzir riscos, numa perspecti-
va de autoproteção das comunida-
des. A partir de 2012, foi incluído o
termo “proteção”, que diz respeito à
prioridade e necessidade das ações
preventivas e não só defensivas desta
política, passou a chamar-se Política
Nacional de Proteção e Defesa Civil;
2. Preparação: medidas e ações
destinadas a reduzir ao mínimo a
perda de vidas humanas e outros
danos;
3. Resposta: ações desenvolvidas
durante um evento adverso para
salvar vidas, reduzir o sofrimento
humano e diminuir perdas;
4. Reconstrução: processo pelo qual
se repara e restaura em busca da
normalidade.
Essas fases devem ser complementa-
res e se articular no sentido da retro-
alimentação do sistema. Faz-se a
prevenção, atua-se no socorro e pres-
ta-se assistência aos atingidos, mas a
recuperação, além de restabelecer a
normalidade, visa à prevenção de
novos desastres.
Mas, na prática, ainda há um longo
caminho a ser percorrido.
Como mencionado anteriormente, o
grau de destruição dos desastres não
depende exclusivamente da intensi-
dade dos eventos climáticos, mas tem
ligação direta com os recursos dispo-
níveis para sua prevenção e com a
capacidade de resposta da sociedade.
Essa relação ocorre tendo em vista
que a vulnerabilidade a eventos cli-
máticos está relacionada a um con-
junto de fatores sociais.
Nessa caminhada recente de promo-
ção das políticas públicas no país, a
institucionalização da área da Defesa
Civil vem representando um desa�io
importante na apropriação efetiva de
práticas dos direitos e cidadania.
Com as recorrentes situações de
enchentes, estiagens e outros, as
comunidades e os entes públicos vão
percebendo a necessidade de organi-
zar e ampliar os investimentos de
recursos humanos, �inanceiros, mate-
riais e técnicos num sistema efetivo
de prevenção e respostas às emer-
gências.
A revisão e redistribuição de respon-
sabilidade e direitos no que se refere
à gestão dos riscos e emergências,
revendo e revitalizando o papel da
sociedade, fortalecerá o caráter de
política pública da Defesa Civil e o
compromisso com as comunidades, a
partir das demandas locais. O foco
Equipe da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil falando para alunos em atividade alusiva à semana do meio ambiente.
Prevenção de Emergências - Cáritas 2524 Prevenção de Emergências - Cáritas
principal deve ser a proteção coletiva
no âmbito da preservação da vida e
da autonomia das comunidades vul-
neráveis e afetadas por desastres na
construção de decisões sobre aspec-
tos que afetam suas vidas.
Essa lógica já é prevista no Sistema
Nacional de Defesa Civil (SINDEC).
Na esfera municipal integram o
SINDEC as Coordenadorias Munici-
pais de Proteção e Defesa Civil -
COMPDEC e Núcleos Comunitários
de Proteção e Defesa Civil - NUPDEC,
responsáveis pela articulação e coor-
denação do Sistema em nível munici-
pal, conforme o Decreto Nº 5.376, de
17 de fevereiro de 2005. Art. 5º, V.
Os NUPDECS são grupos de pessoas
voluntárias que se organizam num
bairro, numa rua ou nas comunida-
des e que recebem preparação para
atuarem em apoio à equipe da Coor-
denadoria Municipal de Proteção e
Defesa Civil em casos de emergênci-
as. Esses grupos são referência para
as comunidades situadas em áreas de
risco, na orientação e apoio e na orga-
nização para prevenção e reconstru-
ção. Também são reconhecidos pelas
Comissões de Proteção e Defesa Civil
para atuar no apoio às diferentes
ações, tanto no planejamento quanto
na prática dos planos para a preven-
ção, socorro, preparação e reconstru-
ção, visando sempre à manutenção da
qualidade de vida e à autoproteção.
Já a COMPDEC – Coordenadoria Muni-
cipal de Proteção e Defesa Civil é o
órgão do Governo Municipal compos-
to por membros nomeados pelo Pre-
feito com a competência de articular,
coordenar e gerenciar ações de defesa
civil em nível municipal. É responsá-
vel por identi�icar as áreas de risco,
fazer plano que contemple “o que
fazer, quando fazer e quem será res-
ponsável pelas ações” em caso de
emergências. Uma atribuição muito
importante das COMDPEC é fazer a
preparação e organização das comu-
nidades priorizando ações de preven-
ção para o enfrentamento das situa-
ções com o menor risco possível, faci-
litando a participação e a organização
para viver livre de riscos.
O projeto "Prevenção de Emergênci-
as: construindo comunidades mais
seguras" em relação ao eixo de articu-
lação com a Defesa Civil, de�iniu os
seguintes objetivos especí�icos:
Fortalecer as Coordenadorias
Municipais de Proteção e Defesa Civil
– COMPDEC's e ampliar os Núcleos
Comunitários de Proteção e Defesa
Civil – NUPDEC's para atuação articu-
lada com as organizações sociais e o
poder público, de acordo com a meto-
dologia da Defesa Civil, nas medidas
de prevenção e nas situações de risco
de desastres socioambientais.
Incidir para a realização do mapea-
mento das áreas de risco e para a
efetivação da Política Nacional de
Proteção e Defesa Civil, (Programa de
Prevenção e Preparação para Emer-
gências e Desastres – PPED).
Em todos os territórios, foram reali-
zadas atividades focando esses obje-
tivos por serem considerados, pelos
grupos, como fundamentais para o
fortalecimento da Defesa Civil para a
segurança efetiva das comunidades.
A dinâmica inicial de implementação
do projeto em cada região envolveu a
apresentação do mesmo à comunida-
de e a potenciais parcerias, especial-
mente a Defesa Civil municipal. Para
Na , devido região de Santa Catarina
às enchentes que ocorreram na fase
de implantação do projeto naquela
região, a equipe do projeto participou
de reuniões e de campanhas com a
Defesa Civil e outros parceiros para
traçar o Plano de Contingência que é
a previsão “do que fazer, como fazer e
com quem contar” nas situações de
emergências. As ações devem ser
coordenadas pela COMPDEC, mas em
articulação com organizações e comu-
nidades.
Foi realizado em o Seminá-Caçador
rio Municipal, que contou com a par-
ticipação de Marcos Ferreira, da Asso-
ciação Brasileira de Psicologia nas
E m e r g ê n c i a s e D e s a s t r e s -
ABRAPEDE e parceiro do PPE em
outras oportunidades. Marcos abor-
dou o tema Participação da Sociedade
na Formulação e Operação da Política
Pública de Proteção e Defesa Civil.
Entre outros pontos, falou sobre o
conceito de autoproteção, funda-
mental para a sobrevivência humana
em casos de emergências. Esse con-
ceito parte do princípio que as pesso-
as precisam desenvolver uma maior
efetuar esse convite os articuladores
locais realizavam um diagnóstico
institucional da Defesa Civil local:
como era, ou não, organizada em
termos de recursos humanos, técni-
cos, materiais, a potencial abertura
para parcerias, a identi�icação de
pessoas para representação em
encontros de articulação, atividades
coletivas e seminários.
Nessa conversa inicial, buscou-se
saber detalhes do mapeamento de
risco local, que é uma das atribuições
da Defesa Civil. Em vários casos ainda
não havia sido feito o mapeamento e
a equipe do projeto colocou-se à dis-
posição para apoiar a Defesa Civil
nessa tarefa tão importante para a
prevenção de emergências.
A partir dessa articulação inicial, nos
casos em que houve adesão efetiva da
Defesa Civil, várias ações foram reali-
zadas conjuntamente, de modo espe-
cial nos municípios de Rio do Sul e
Caçador.
Em , foram realizadas Salto do Jacuí
reuniões para a criação de um
NUPDEC, no bairro Harmonia e arti-
culou-se para a criação da COMPDEC.
percepção dos riscos aos quais estão
expostas e organizarem-se - tanto
individual, quanto coletivamente –
para responder rapidamente em
momentos emergenciais, não depen-
dendo exclusivamente, mas traba-
lhando conjuntamente com o poder
público para viabilizar soluções que
minimizem o impacto dessas ocor-
rências.
Segundo Marcos, a autoproteção tem
um viés mais amplo que a emergência
propriamente dita (chuva, vento,
seca, granizo,...), pois envolve a pers-
pectiva da vulnerabilidade dos indiví-
duos, grupos e comunidades que, por
suas fragilidades, �icam expostos a
riscos diversos.
Os riscos são variáveis incontroláveis
- independem da nossa vontade e
podem acontecer em qualquer lugar -,
então é importante eliminar a vulne-
rabilidade. Desse modo, mesmo que
haja o evento desastroso, não haverá a
produção de sofrimento humano, ou
terá menos impacto. Marcos reforçou
a importância de se construir uma
cultura de Proteção e Defesa Civil
para superação das vulnerabilidades.
O projeto foi apresentado para os jovens que participaram de bicicleteada ecológica.
Caçador ou Rio do Sul
2º Seminário Estadual de Gestão de Risco de Santa Catarina - Rio do Sul 2012
Prevenção de Emergências - Cáritas 2726 Prevenção de Emergências - Cáritas
Ao longo do projeto, os momentos de avaliação consideraram os indicadores apresentados na
proposta do PPE. Em relação ao conhecimento e fortalecimento da política de defesa civil, foram
indicados os aspectos ligados à:
promoção da efetiva articulação e parceria com os setores públicos e privados que
desenvolvem trabalhos de formação, tais como escolas, associações e organizações locais, na
perspectiva da política pública da Defesa Civil e de prevenção de riscos, tanto urbano quanto
rural, potencializando a mobilização da sociedade civil.
As regiões participantes do projeto hoje têm pessoas e organizações com maior conhecimento
sobre a política pública de Proteção e Defesa Civil e condições de refletir construtivamente a
partir de uma maior percepção de risco e dos recursos locais para enfrentá-los. Esse capital
social tem grande potencial de mobilização e articulação, colaborando com a institucionalização
e o fortalecimento da Defesa Civil. Avançar na efetividade destas articulações e parcerias é um
desafio a ser vencido, especialmente no que se refere à criação dos NUPDECs.
AVANÇOS�E�LIMITES:�REAVALIANDO�A�CAMINHADA
4.1.1.1.�Avaliação�dos�resultados COMUNIDADES�MAIS�SEGURAS4.1.2.�Diálogo,�parcerias�e�participação�social
É a capacidade que a sociedade tem
de incidir nas políticas públicas,
fazendo prevalecer os interesses, as
necessidades e demandas da popula-
ção. Essa participação se estabelece
por meio da interação dos cidadãos e
organizações da sociedade civil com
o Estado, para a construção coletiva
das prioridades e elaboração dos
planos de ação nas esferas governa-
mentais. Dessa maneira, são postas
em prática as demandas em forma de
políticas, programas e projetos que
devem ser acompanhados no seu
desenvolvimento.
Assim, o controle social pode ser
realizado em diferentes momentos:
no estágio de debate e de�inição
das políticas a serem implementa-
das;
na execução das políticas;
no acompanhamento e avaliação
da gestão e aplicação de recursos.
O diálogo com o Estado e a participa-
ção dos cidadãos no controle social é
fundamental para garantir que as
políticas atendam, de fato, às deman-
das prioritárias das comunidades,
quali�icando a oferta dos serviços e
aplicando os recursos públicos de
forma adequada. Isso traz fortaleci-
mento para a política que se torna
realmente interesse público.
Mas para isso é preciso vencer a cul-
tura política autoritária, que histori-
camente marcou as relações de
poder no Brasil. Muitos governos
concordam, em princípio, com a par-
ticipação, mas, na prática, agem sem
levá-la em conta. O mesmo vale para a
população, que, muitas vezes, “pede”
pela participação, mas, na prática,
�ica esperando um líder que resolva
tudo, sem que precise se envolver
muito com as questões.
Os Conselhos são instrumentos fun-
damentais de controle das políticas
setoriais e têm sua existência garanti-
da em lei, nas três esferas governa-
mentais (municipal, estadual e fede-
ral). A eles compete deliberar políti-
cas, aprovar planos, �iscalizar ações e
aplicação de recursos, aprovar ou
rejeitar prestações de contas e emitir
normas.
Mas os Conselhos não são os únicos
meios de participação popular e con-
trole social. A participação ativa dos
cidadãos em associações, grupos,
movimentos e fóruns é muito impor-
tante. São nestes espaços autônomos
que diversos segmentos aprendem a
dialogar e a respeitar outros pontos
de vista, constroem interesses coleti-
vos e de�inem propostas que, no diá-
logo posterior com governos, devem
ser debatidas amplamente.
Outras oportunidades de participa-
ção popular são as Conferências
municipais, estaduais e nacionais.
São espaços democráticos de cons-
trução de políticas públicas, onde o
povo se manifesta, orienta e estabele-
ce diretrizes para os rumos da políti-
ca em debate em cada esfera. As Con-
ferências buscam mobilizar e envol-
ver amplamente a sociedade em
todos os momentos, garantindo a
participação de representantes dos
diversos segmentos sociais:
população - moradores da cidade
e/ou entidades tais como associa-
ções de moradores, movimentos
populares, sindicatos, NUPDECs,
estudantes, escolas, universidades,
etc;
trabalhadores da área - sindicatos,
associações, conselhos pro�issionais
e de servidores públicos; e
gestores públicos.
A Política Nacional de Proteção e
Defesa Civil está em processo de sua
2ª Conferência, portanto uma traje-
tória muito curta ainda. Na primeira
Conferência, realizada em março de
2010, nenhuma pessoa envolvida no
PPE participou do processo e pouco
se ouviu falar dela, embora tenha
reunido em torno de 60 mil pessoas,
de 1.100 cidades brasileiras. Mas,
para a 2ª Conferência, prevista para
maio de 2014, há uma atenção espe-
cial para a participação devido ao
despertar sobre a importância dessa
política. A Cáritas RS tornou-se
conhecida através do projeto e foi
convidada a fazer parte da equipe
organizadora da etapa estadual. Já o
município de Caçador foi o primeiro
no estado de Santa Catarina a realizar
a etapa municipal, fruto do desa�io de
fazer uma boa conferência municipal,
proposto pelo assessor Marcos Fer-
reira no seminário promovido pelo
PPE, em agosto de 2013.
Um exemplo bastante importante de
articulação social é o Movimento
Nacional dos Afetados por Desastres
Socioambientais – MONADES, que
nasceu de encontros e conversas
entre afetados, com uma grande e
direta participação do Conselho Fede-
ral de Psicologia e da Cáritas Brasilei-
ra. Durante um Seminário do Conse-
lho, chegou-se ao consenso de que
era necessária a organização dos
próprios afetados. A partir disso, em
diversas oportunidades (seminários
e reuniões), vários grupos aderiram
ao movimento para buscar os direi-
tos dos afetados . Em 2011, o
MONADES foi efetivamente criado e,
como ato simbólico dessa luta, foram
colocadas 5.000 cruzes na Esplanada
dos Ministérios, em Brasília, chaman-
Desde a Constituição de 1988, o direito à participação popular na formulação das políticas públicas e no controle social das ações do Estado estão garantidos. Mas o que é controle social?
Estudantes participam de desfile da pátria com tema de consciência ambiental.
Prevenção de Emergências - Cáritas 2928 Prevenção de Emergências - Cáritas
do assim a atenção para o número
signi�icativo de mortes de pessoas
nos últimos anos em desastres socio-
ambientais.
O MONADES conta com representa-
ções de grupos de afetados do Sul,
Sudeste, Norte e Nordeste, que têm
em comum a visão dos afetados
serem percebidos como protagonis-
tas na hora do desastre e não como
vítimas.
No PPE as ações voltadas à articula-
ção entre as instâncias públicas e aos
atores sociais foram estratégicas
para promover a construção coletiva
de respostas para as demandas de
cada um dos 11 municípios envolvi-
dos, com maior ou menor grau de
efetividade, respeitando os aspectos
culturais e humanos que caracteri-
zam os grupos.
As articulações foram realizadas de
forma descentralizada, com apoio
contínuo dos articuladores do proje-
to, agentes Cáritas e da equipe de
coordenação. Esse é um movimento
com resultados de médio e longo
prazo, mas fundamental para a sus-
tentabilidade das ações, pois, uma
vez que essas sejam amparadas por
políticas públicas, independem da
vontade política para sua existência.
O projeto "Prevenção de Emergênci-
as: construindo comunidades mais
seguras" em relação ao eixo de articu-
lação com instâncias públicas e ato-
res sociais, de�iniu o seguinte objeti-
vo especí�ico:
Fortalecer mecanismos de contro-
le social das políticas públicas relaci-
onadas à prevenção de desastres, por
meio da conscientização e da mobili-
zação da comunidade.
A articulação das instâncias públicas
e atores locais teve uma dinâmica de
mobilização bastante similar à arti-
culação com a Defesa Civil. Com o
apoio de pessoas da comunidade,
pastorais sociais, igrejas e outros,
foram levantados os contatos de
potenciais parceiros, lideranças
comunitárias e interessados em par-
ticipar de alguma forma no projeto.
Essas pessoas foram convidadas para
a apresentação do projeto, com deba-
te para elaboração de diagnóstico
local, considerando os aspectos soci-
oambientais.
A partir do efetivo interesse dos par-
ceiros no projeto, novas reuniões
foram realizadas ao longo do proces-
so para o planejamento, execução,
prestação de contas, monitoramento
e avaliação das ações. Essas reuniões
constituíram-se espaços democráti-
cos e participativos para a constru-
ção de conhecimento de forma coleti-
va, lançando mão de subsídios técni-
cos e da sabedoria popular, a partir
da realidade de cada município. As
reuniões também eram o foro para
de�inição dos critérios para seleção
das propriedades que teriam priori-
dade na recuperação de fontes ou
construção de cisternas.
Uma prática interessante da região
de Vacaria era a realização de reu-
niões da equipe do projeto de forma
descentralizada, circulando entre os
municípios de Maximiliano de
Almeida, São João da Urtiga Paim e
Filho. Essa prática incentivou a troca
de experiências e a diversidade de
olhares em relação às atividades e ao
projeto como um todo.
Uma ação desenvolvida com muito
empenho pelos articuladores locais
em todas as regiões foi a visita siste-
mática às famílias que residiam nos
bairros ou propriedades rurais nas
áreas de abrangência do projeto.
Essas visitas ocorreram em vários
momentos, com diferentes intencio-
nalidades. Inicialmente tinham o
objetivo de estabelecer laços de con-
�iança e promover uma escuta aco-
lhedora das demandas dessas famíli-
as. Com o andamento do projeto, as
famílias também foram envolvidas
nas atividades de avaliação, contribu-
indo com seus depoimentos, críticas
e sugestões.
Nas áreas urbanas as famílias atingi-
das e/ou afetadas por emergências
demonstravam descon�iança e resis-
tência ao contato dos articuladores,
por desacreditarem na possibilidade
de resultados efetivos, considerando
vivências anteriores com o poder
público e organizações que, de diver-
sas formas, as decepcionaram. Com a
atuação perseverante, transparente e
com o diálogo franco, a equipe do
projeto conseguiu estabelecer uma
signi�icativa relação de con�iança
com as famílias.
Na área rural, a escuta às famílias foi
fundamental para o mapeamento das
fontes e nascentes, além do entendi-
mento dos aspectos envolvidos nos
processos sociais daquelas comuni-
dades. O movimento de articulação
com grupos e/ou organizações funci-
onou como uma via de mão dupla, os
parceiros apoiavam o projeto, ao
mesmo tempo em que o projeto par-
ticipava ativamente em atividades
dos parceiros. Um exemplo foi a par-
ticipação do projeto no Seminário
Regional, realizado em Sananduva,
promovido pelo Fórum Permanente
dos Movimentos e Pastorais Sociais
com o tema: Economia Verde e Mer
cantilização da Natureza. Nessa opor-
tunidade, concluiu-se que é impor-
tante continuar aprofundando as
re�lexões sobre temas como tecnolo-
gias sociais, agroecologia, justiça
social e ambiental, pagamento por
serviços ambientais, crédito de car-
bono, entre outros, já que são temas
ainda novos, de modo especial para
os grupos identi�icados com a agri-
cultura familiar.
Outro exemplo de parceria de longo
prazo do projeto com uma iniciativa
local foi em com a Canoa-Paim Filho
gem Ecológica. Anualmente, durante
o evento, além da coleta de lixo nos
rios, eram promovidas palestras,
separação do lixo coletado, concur-
sos infantis, ações de repovoamento
dos rios com alevinos nativos e con-
fraternização.
A região de Cruz Alta realizou ações
de articulação entre os municípios de
Salto do Jacuí, Estrela Velha e Jacu-
izinho para o levantamento de
aspectos especí�icos das áreas de
risco sujeitas a desastres socioambi-
entais de cada município, leitura da
realidade local a partir da perspecti-
va de prevenção de emergências e
de�inição de encaminhamentos
comuns. É importante destacar a
parceria com a EMATER para a reali-
zação das ações de�inidas para essa
região.
Em Santa Margarida do Sul e São
Gabriel foram realizadas reuniões
com grupos de mulheres dos assenta-
mentos Novo Horizonte e União Pela
Terra. Nessas oportunidades, foram
construídas ações de enfrentamento
da falta de água e de fortalecimento
às iniciativas de trabalho e geração e
renda existentes nos assentamentos.
Foi muito importante a atuação da
Secretaria Municipal de Educação,
promovendo trabalhos pedagógicos
a partir das ações do PPE. Cabe desta-
que, ainda, à Escola Estadual Mare-
chal Hermes, que tomou a iniciativa
de procurar a Cáritas para ser parcei-
ra de um projeto de sustentabilidade
escolar, através da construção de
uma cisterna, viabilizada pelo proje-
to. Nas duas escolas existentes no
município, foram feitas cisternas
para captação da água da chuva. Nas
etapas iniciais do projeto, houve par-
ticipação dos bombeiros mirins.
Articulações fundamentais também
foram realizadas com a EMATER, que
desde o início esteve presente nas
ações com seu aporte técnico, e com a
comunidade católica Santa Margari-
da, que disponibilizou sempre seu
espaço para as atividades e partici-
pou dos debates e reuniões de traba-
lho.
Também a Universidade do Pampa –
UNIPAMPA, através de seus alunos,
apoiou atividades nas propriedades
bene�iciadas pelo projeto que enfren-
tavam o problema da erosão, que, em
alguns casos, colocava em risco a
própria casa da família. Fruto da con-
junção de fatores como um solo com
características arenosas, degradação
da cobertura vegetal e desgaste do
solo pelas sucessivas queimadas, a
erosão em Santa Margarida repercu-
te no surgimento das boçorocas.
Outra parceira importante, vinculada
diretamente à questão da água, foi a
CORSAN. Por meio dessa parceria
foram realizadas análises de água das
cinco primeiras fontes preservadas.
Além disso, a CORSAN participou da
Semana Interamericana da Água,
realizando palestras sobre temas
ambientais.
No município de as Novo Hamburgo
ações de articulação foram bastante
efetivas a partir da participação na
Rede Santo Afonso, composta por
aproximadamente 25 entidades, que
se reuniam mensalmente para socia-
lizar preocupações, discutir temas
comuns, divulgar atividades e cons-
truir ações articuladas no território.
A Rede disponibilizou um espaço na
reunião para a apresentação da pro-
posta do PPE e o articulador do proje-
to passou a participar desse espaço,
representando a Cáritas e o projeto. A
Coordenadoria Municipal de Defesa
Civil foi convidada a participar da
reunião de articulação local do proje-
to para apresentar a Política de Defe-
sa Civil e as condições de trabalho da
equipe da Defesa Civil - equipamen-
Atividade de campo em Novo Hamburgo, por ocasião da visita da Cáritas Alemã, em maio de 2013.
tos, estrutura �ísica, capacitação,
entre outros. Destaca-se também na
região de Novo Hamburgo o envolvi-
mento do CRAS – Centro de Referên-
cia da Assistência Social, sempre
presente nas ações do projeto e,
inclusive, disponibilizando seus espa-
ços para divulgação e realização de
atividades.
Em debates realizados nas reuniões
do projeto e da Rede Santo Afonso,
foram demandadas audiências com
as Secretarias Municipal de Habita-
ção e Meio Ambiente para discutir
soluções para o problema das mora-
dias em áreas de risco e que sofrem
constantes alagamentos.
O PPE participou das Festas da Praça,
idealizadas por entidades que reali-
zam trabalho social no bairro Santo
Afonso e que fazem esta festa no mês
da criança para valorizar os espaços
coletivos de encontro e lazer e dar
visibilidade às iniciativas dos proje-
tos sociais no bairro.
Outra atividade que merece destaque
foi a feira de apresentação dos traba-
lhos desenvolvidos junto às escolas
do território, com o objetivo apresen-
tar à comunidade os trabalhos sobre
o tema preservação do meio ambien-
te. O objetivo maior desta atividade
era promover o protagonismo dos
jovens. Todos �icaram surpresos com
a qualidade dos trabalhos apresenta-
dos. Foi possível ver e sentir a preo-
cupação por parte dos jovens com a
questão da poluição das águas. Esti-
veram presentes à mostra as escolas
do território, o movimento ecológico
da cidade de Novo Hamburgo, o CRAS
do bairro Santo Afonso, a Cáritas
Diocesana, o Centro Social Madre
Regina, a Ação Encontro, entre
outros.
Foi marcante também o encontro
com o representante da Cáritas Ale-
mã, realizado no bairro, com a parti-
cipação das demais regiões integran-
tes do projeto. Foram organizadas
visitas aos espaços críticos com ocor-
rência de alagamentos e enchentes,
apresentação da trajetória do projeto
em cada região, além de debate sobre
a realidade da Política de Proteção e
Defesa Civil no Brasil.
Em o projeto foi parce-Salto do Jacuí
iro na Bicicleteada de São Sepé e na
34ª Romaria da Terra, ocorrida no
município de Candiota. Os eventos
foram organizados pela Pastoral da
Ecologia e pela Comissão Pastoral da
Terra, respectivamente, com o apoio
da Cáritas do Rio Grande do Sul.
No município de o Estrela Velha
projeto organizou com a Escola Muni-
cipal de Ensino Fundamental uma
saída de campo para visitar a Casa de
Amparo Navegantes. Os alunos
conheceram a cisterna para captação
da água da chuva construída no local
com recursos do Projeto de Preven-
ção de Emergências, receberam
informações da técnica de constru-
ção e re�letiram sobre a importância
do reaproveitamento da água da
chuva.
A região de Cruz Alta tem um históri-
co de projetos que bene�iciaram as
comunidades tradicionais quilombo-
las e indígenas. Na perspectiva de
integrar e potencializar as ações, em
Jacuizinho houve uma aproximação
muito positiva com a comunidade
Mbyá Guarani, inclusive com a parti-
cipação da comunidade em atividade
organizada pela Escola Municipal de
Ensino Fundamental Álvaro Rodri-
gues Leitão, junto com o PPE.
Nessa região, o PPE teve uma reper-
cussão muito positiva. Esse resultado
motivou a EMATER e as Prefeituras a
investirem na recuperação de fontes
e proteção de nascentes, com recur-
sos dos municípios.
Na região de Santa Catarina, no muni-
cípio de , após uma série de Rio do Sul
visitas, foram de�inidos quatro bair-
ros com áreas de risco, nos quais o
projeto foi implementado: Santa Rita,
Loteamento José Stédile, Barragem e
Barra do Trombudo. Mas o processo
inicial do projeto sofreu logo uma
guinada, do foco da prevenção para a
necessidade imediata de atuação na
emergência, pois, durante o mês de
agosto de 2011, a região sofreu sema-
nas de intensas chuvas que provoca-
ram deslizamentos e enchentes. 70%
da população, aproximadamente
50.000 pessoas, foram afetadas por 3
enchentes num único mês. O fenôme-
no causou deslizamentos de terra,
desabrigando as famílias, de modo
especial nos bairros onde o projeto
passou a ser desenvolvido.
A equipe do PPE esteve envolvida
diretamente na ação de atendimento
e apoio às famílias atingidas. Nesse
período, contribuiu na organização
das famílias desabrigadas, identi�i-
cando suas necessidades mais pre-
mentes. Foram feitas visitas aos mora-
dores que estavam em áreas de risco.
Nos alojamentos, a articuladora do
projeto contribuiu com a organização
de reuniões, roda de conversa sobre
autoestima e momentos de lazer com
crianças e adolescentes. Além disso,
foram adquiridos, com recursos do
projeto, materiais de limpeza e higie-
ne pessoal, os quais foram distribuí-
dos aos moradores dos bairros em
que o projeto passou a atuar. Foi uma
oportunidade signi�icativa de viven-
ciar a prática da solidariedade, de
modo especial, em momentos de
atenção e escuta, que possibilitaram
o início de uma relação mais con�ian-
te com essas famílias.
Em , foram realizadas visitas Caçador
às famílias para o levantamento de
informações para realização de diag-
nóstico e de�inição dos locais de atua-
ção do projeto. Os bairros com áreas
de risco mais graves, Bom Sucesso,
Berguer e Vila Paraíso, foram incluí-
dos no projeto.
Caçador também foi atingido pelas
chuvas e enchentes de agosto de
2011, com menos intensidade que
em Rio do Sul, mas igualmente exi-
gindo atuação direcionada ao atendi-
mento das famílias desabrigadas. A
articuladora do projeto participou de
reuniões com a Defesa Civil e demais
entidades para traçar plano de ação
nesta situação de emergência e con-
tribuiu na divulgação da campanha
de solidariedade promovida pela
Cáritas Regional de Santa Catarina,
SOS Santa Catarina, para arrecadar
recursos aos desabrigados.
Uma parceria bastante importante
em Caçador foi a Fundação Municipal
do Meio Ambiente de Caçador –
FUNDEMA para buscar solução para
a demanda da comunidade do Monge
João Maria. Por ser área ocupada, em
litígio e com alta rotatividade de
moradores, a comunidade não aces-
sava obras de saneamento. Por isso,
os próprios moradores entendiam
que não tinham direito ao acesso à
água e ao serviço de esgoto. Durante
as primeiras visitas realizadas pela
equipe do PPE chamou a atenção que
a comunidade não contava com água
encanada, poço artesiano, cisterna,
ou outro meio estruturado de acesso
à água. Os moradores relataram que
coletavam água de duas fontes exis-
tentes na região, localizadas em um
declive do morro, e desprotegidas.
Essa água, mesmo a olho nu, aparen-
tava turbidez. Foi contatada a
FUNDEMA, que visitou o local e reali-
zou a análise �isioquímica da água.
Segundo a Fundação, aquela água
estava altamente contaminada por
coliformes fecais, isso por não se tra-
tar de uma fonte, mas de restos do
esgoto de uma comunidade situada
mais ao alto, que penetrava o solo a
baixas profundidades e, ao criar um
pequeno veio, causava a impressão de
fonte natural. A FUNDEMA inicial-
mente pensou em colocar a caixa no
pátio de um morador, mas a comuni-
dade em mobilização sugeriu que não,
que a mesma fosse colocada em local
público, de fácil acesso a todos. Após
negociações, a divergência foi resolvi-
da favoravelmente à demanda comu-
nitária, sendo a caixa instalada junto a
uma das entradas da comunidade.
Prevenção de Emergências - Cáritas 3130 Prevenção de Emergências - Cáritas
Desde a mais tenra idade, crianças pensam em 'curar' o planeta doente.
“A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”. Paulo Freire
Ações�PedagógicasEIXO�34.1.2.1.�Avaliação�dos�resultados
VÍNCULOS�FORTALECIDOSPara mensurar os avanços quanto à articulação das instâncias públicas e atores sociais visando à atuação e�icaz na implantação de políticas públicas de prevenção de riscos ambientais e nas situações de emergências, foram indicados os aspectos ligados ao:estímulo à participação e articulação de agentes públicos e entidades demandadas numa emergência, em centros urbanos e rurais, na perspectiva de prevenção.Esse eixo foi muito signi�icativo. Em todas as regiões as ações envolvendo escolas foram um marco no projeto.A EMATER foi uma parceria bastante ativa em várias regiões, especialmente na orientação técnica e apoio no mapeamento, identi�icação
e recuperação de fontes. Também contribuíram em debates e orientações junto às famílias da agricultura familiar.A participação efetiva das secretarias municipais foi variada, em algumas regiões foram bastante próximas e atuantes, em outras mais distantes, apesar de reconhecerem o valor do projeto "Prevenção de Emergências: construindo comunidades mais seguras".A estratégia de diálogo contínuo a partir da realidade local propiciou o estabelecimento de vínculos, mesmo nas comunidades mais resistentes, promovendo o acolhimento das pessoas responsáveis pelo projeto e, inclusive, o surgimento de voluntários com interesse em participar de atividades fora de sua comunidade.
A Cáritas Regional RS, conforme seu
Plano Operativo 2013, tem como um
de seus objetivos “formar e capacitar
agentes para a ação social e o exercí
cio da cidadania”. A informação é um
patrimônio valioso e pode promover
mudanças signi�icativas em grupos e
comunidades.
No universo de mobilização popular
e controle social, a opção estratégica
da Cáritas faz todo sentido, uma vez
que a educação é um processo huma-
nizante, social, político, ético, históri-
co e cultural. Destaca-se ainda que,
segundo Paulo Freire (em sua obra
Pedagogia da autonomia: saberes
necessários à prática educativa), a
verdadeira aprendizagem é aquela
que transforma o sujeito, ou seja, os
saberes ensinados são reconstruídos
pelos educadores e educandos e, a
partir dessa reconstrução, tornam-se
autônomos, emancipados, questio-
nadores e inacabados. “Nas condições
de verdadeira aprendizagem, os edu
candos vão se transformando em reais
sujeitos da construção e da reconstru
ção do saber ensinado, ao lado do
educador igualmente sujeito do pro
cesso”.
Para a Cáritas, “há uma dimensão
individual dos direitos e deveres onde
cada pessoa é integrante da socieda
de, e, como tal, tem direito de usufruir
com dignidade dos bens socialmente
produzidos e dos serviços sociais exis
tentes. Mas essa dimensão individual
se complementa com a comunitária,
que implica no reconhecimento de que
todas as pessoas são responsáveis pela
construção da sociedade, tendo direi
to e dever de participar dela como
sujeito da história. A cidadania não é
algo dado, mas uma condição a ser
progressivamente conquistada. Não é
algo pronto, mas que está em constru
ção permanente.”, conforme apresen-
tado na cartilha Políticas Públicas:
controle social e mobilizações cidadã,
de 2006.
As formações e capacitações foram
espaços democráticos de construção
de conhecimento, que se multiplicou
nos grupos e comunidades bene�icia-
dos pelas ações do projeto. As ativida-
des de prática pedagógica, como os
mutirões para recuperação de nas-
centes, são momentos de revitaliza-
ção da cultura ancestral e oportunida-
des de “materialização” do conheci-
mento a serviço do bem-estar e quali-
dade de vida de famílias que, em
alguns casos, devido à recuperação da
fonte localizada em sua propriedade,
puderam optar por permanecer na
sua terra, vivendo do fruto do seu
trabalho.
Os grupos que participaram das for-
mações, capacitações e atividades
prático-pedagógicas tinham per�is
variados, destacando-se em número e
entusiasmo os adolescentes e jovens.
Esses tiveram papel importante de
mobilização comunitária e multipli-
cação de informações. Foram desper-
tados para uma causa que será levada
para o resto de suas vidas: o cuidado
com o Planeta.
Também as mulheres foram partici-
pantes motivadas nas atividades.
Levaram o debate para seus lares e,
em alguns casos, somaram os novos
conhecimentos ao talento empreen-
dedor, gerando com isso renda e tra-
balho, com foco maior na preserva-
ção ambiental.
O projeto "Prevenção de Emergênci-
as: construindo comunidades mais
seguras" em relação ao eixo de ações
pedagógicas, de�iniu os seguintes
objetivos especí�icos:
Promover formação e capacitação
continuada de lideranças comunitá-
rias e pessoas interessadas em temas
relacionados a mudanças climáticas,
meio ambiente, prevenção de desas-
tres e direitos socioambientais para
ampliação de conhecimentos e de
condições para atuação.
Implementar experiências concre-
tas de prevenção a desastres ambien-
tais, com ênfase em ações coletivas
que sirvam de referência, conside-
rando a identi�icação das áreas de
risco e as particularidades de cada
local envolvido no projeto.
Prevenção de Emergências - Cáritas 3332 Prevenção de Emergências - Cáritas
O projeto foi parceiro em atividades como as quatro edições da Canoagem Ecológica que ocorre anualmente no município de Paim Filho.
Encerramento de seminário regional, realizado na Câmara de Vereadores de São Gabriel, confirma relação de parceria das entidades e comunidades em torno do PPE.
4.2.1.�Construção�de�conhecimento
O projeto promoveu diversas oportunidades de formação nos municípios envolvidos e também em nível regional e estadual. As dinâmicas foram variadas, atendendo as especificidades locais, mas tinham em comum o compartilhamento de informações técnicas, conhecimentos da sabedoria popular, reflexões, debates dirigidos e momentos de culminância com a construção das conclusões a partir dos temas debatidos e encaminhamentos de ações nas comunidades e/ou regiões.
TROCAS�DE�EXPERIÊNCIAS�INTEGRANDO�SABEDORIA�POPULAR�E�INFORMAÇÕES�TÉCNICAS
Prevenção de Emergências - Cáritas 3534 Prevenção de Emergências - Cáritas
Foram diversos seminários, encon-
tros de formação e palestras, abor-
dando diferentes temas importantes
para subsidiar as re�lexões sobre a
prevenção de emergências e a sensi-
bilização quanto ao cuidado e preser-
vação do meio ambiente. Os temas
mais trabalhados nas regiões foram:
mudanças climáticas e aquecimento
global, política pública de proteção e
defesa civil, preservação dos recur-
sos naturais, especialmente os hídri-
cos, entre outros. Nesses momentos
de formação, o vídeo Gotas de Vida foi
um material muito importante para a
sensibilização dos participantes.
Em algumas regiões os articuladores
lançaram mão de ações mais simples
como rodas de conversa e diálogos
com grupos menores, especialmente
com alunos de escolas públicas e
moradores de áreas rurais.
Um número signi�icativo de forma-
ções foram realizadas em datas come-
morativas ligadas à temática ambien-
tal como a Semana do Meio Ambien-
te, Dia da Árvore, Dia Mundial da
Água, entre outros. As escolas foram
parceiras fundamentais nas ativida-
des de formação, articulando junto
com o projeto ações pedagógicas que
envolveram palestras, re�lexões e
outras atividades para a comunidade
escolar.
Além das atividades que foram
comuns em todas ou em várias
regiões, as equipes e os articuladores
desenvolveram atividades especí�i-
cas, conforme alguns exemplos que
seguem.
Algumas formações aconteceram por
demanda dos grupos locais. Na
região de Vacaria, por exemplo, foi
realizada o�icina de fabricação de
sabão caseiro com reaproveitamento
do óleo saturado e orientações para a
coleta seletiva do lixo. Em Rio do Sul e
em Caçador a temática da reciclagem
também foi signi�icativa, gerando
atividades com catadores de material
reciclável, na perspectiva de potenci-
alizar e quali�icar o sistema de traba-
lho destes grupos. Essas ações, inclu-
sive, foram fundamentais para a orga-
nização dos catadores em trabalho
coletivo.
Em foi desenvolvida uma Paim Filho
série de atividades envolvendo alu-
nos e professores da rede escolar:
apresentação do vídeo Gotas de Vida;
saída de campo para visita a uma
fonte preservada pelo projeto; mos-
tra de outras tecnologias alternativas
criadas pelo agricultor Gilberto Pia-
na; palestra sobre saúde, importân-
cia da água e cuidado do meio ambi-
ente; dia de debate com professores
(semana pedagógica) para discussão
sobre as propostas de políticas públi-
cas de prevenção de emergências que
o projeto desenvolveu e sobre como
trabalhar os temas de mudanças
climáticas, cuidado do meio ambien-
te e prevenção de emergências nas
diferentes disciplinas; roda de con-
versa sobre a importância de atitudes
que no cotidiano tenham presente o
cuidado com o meio ambiente. Entre
outras coisas, foram abordados os
males que o óleo saturado causa se
jogado na natureza; ao �inal �icou
decidida pela turma, a organização
de um posto de coleta de óleo satura-
do na escola.
A partir desse evento, as escolas rea-
lizaram um projeto pedagógico, no
qual os alunos produziram redações
sobre os temas mudanças climáticas,
aquecimento global e meio ambiente.
Foi realizado um ato de divulgação
que reuniu alunos, professores e a
equipe do PPE, valorizando os parti-
cipantes. Foi um exercício oportuno
para a juventude re�letir e se expres-
sar sobre temáticas tão recorrentes
na atualidade. Nessa região, o prota-
gonismo dos adolescentes e jovens
foi marcante. As atividades envolven-
do as escolas foram muito ricas e, ao
longo do tempo, foi possível observar
mudanças de comportamento na
relação destes jovens com os espaços
coletivos, como exemplo, a praça
onde os grupos se encontram, o pátio
da escola, e um cuidado maior com o
descarte de materiais.
Em foi realizada São João da Urtiga
uma formação reunindo agricultores
familiares, técnicos da EMATER, Sin-
dicato dos Trabalhadores Rurais,
Secretaria Municipal da Agricultura e
professores da rede municipal e esta-
dual de ensino. Foram apresentados
os objetivos do PPE nas falas da arti-
culadora, do agente diocesano da
Cáritas e da coordenação estadual do
projeto. Um técnico da EMATER falou
sobre as possibilidades e limites da
legislação ambiental vigente em rela-
ção às formas de proteção de fontes.
Nesses dois municípios, foram reali-
zados encontros de formação com as
famílias bene�iciadas com as ações de
recuperação de fontes e nascentes
para a preservação dos recursos
hídricos das propriedades como uma
riqueza natural que garante a sua
sustentabilidade. Foram momentos
onde se pôde re�letir sobre o clima de
antigamente e sobre as mudanças
que se percebem hoje, quais são as
causas dessas mudanças e o que é
possível fazer para construir contex-
tos mais equilibrados e propriedades
sustentáveis. Esses encontros contri-
buíram para manter a convicção
sobre a importância da preservação
da natureza, inclusive para que as
gerações futuras tenham condições
de viver da agricultura familiar.
Em o Maximiliano de Almeida,
lançamento do projeto ocorreu com a
recuperação de duas fontes: uma
onde a família ia deixar o campo para
viver na cidade por não ter água potá-
vel; essa atividade teve a participação
de aproximadamente 40 pessoas. A
outra fonte recuperada pertencia a
uma família de condições econômi-
cas precárias, que bebia água conta-
minada pelos animais. Essa fonte foi
limpa, cercada para preservar sua
potabilidade. Ambas as atividades
foram realizadas em mutirão e culmi-
nou com um almoço de confraterni-
zação. Experiências como essas ser-
viram de referência para dias de
campo realizados com alunos e pro-
fessores, com visita às fontes recupe-
radas para conhecer a experiência e
servir de subsídio para re�lexão
sobre práticas de cuidado com o meio
ambiente.
No município de Santa Margarida
do Sul foi debatida e implementada a
inclusão de temas trabalhados pelo
projeto como: aquecimento climáti-
co, cuidado com o meio ambiente,
preservação dos recursos hídricos,
reciclagem, entre outros, no currícu-
lo das escolas municipais.
Um momento importante foi o Semi-
nário na Semana do Meio Ambiente,
que contou com a participação de
aproximadamente 300 pessoas, no
qual foram realizadas várias ativida-
des: o�icina de reciclagem, passeio
ecológico com recolhimento de resí-
duos sólidos no caminho e apresen-
tação teatral. Essa atividade estimu-
lou a integração com empreendimen-
tos de economia solidária e contou
com a parceria da UNIPAMPA.
Também a Semana Interamericana
da Água, em 2013, foi marcante. O
escritório municipal da EMATER/RS-
ASCAR organizou um passeio para os
educandos das escolas do município
e, também, para as parcerias da Cári-
tas no Projeto de Prevenção de Emer-
gências: Construindo Comunidades
Mais Seguras.
Pela parte da manhã, houve um
momento de boas-vindas ao grande
grupo, explanando sobre a importân-
cia da água para o ser humano. O
passeio teve por objetivo visitar uma
propriedade em que foi feita prote-
ção de uma fonte, na família dos Cus-
tódios, com recursos do projeto. Após
conhecer o trabalho desenvolvido no
município desde 2010 sobre prote-
ções de fontes, todos os participantes
deslocaram-se até o Arroio Cambai
localizado na mesma propriedade.
Durante o passeio foi relatada a
importância da Mata Nativa ao redor
do arroio.
Ao todo, 80 pessoas participaram do
passeio, sendo um grupo de 40 pes-
soas na parte da manhã, e outro
grupo de 30 pessoas, na parte da
tarde. A família colaborou apresen-
tando como foi realizada a constru-
ção e demonstrou alegria em receber
o público, bem como a satisfação em
As mulheres tiveram envolvimento e participação expressiva em todas as comunidades, com
iniciativas e proposições de geração de trabalho e renda e melhorias para as comunidades.
Prevenção de Emergências - Cáritas 3736 Prevenção de Emergências - Cáritas
ter uma água de qualidade após fazer
a proteção. Por �im, agradeceram a
concretização dessa obra, com empe-
nho da EMATER e da Cáritas. Ao tér-
mino do passeio, foi servido um lan-
che para todos os participantes.
Em foi realizado seminá-São Gabriel
rio de formação “Mudanças climáti
cas e o serviço da caridade” para deba-
ter o tema da Cúpula dos Povos e Rio
+20.
Foi realizado também um seminário
com o tema "Aquecimento global e
mudanças climáticas, impactos na
vida das pessoas e na natureza".
Na parte da manhã, foram realizadas
entrevistas em programas das rádios
da cidade e foi promovido um debate
no Colégio Tiradentes sobre o mesmo
tema. Na parte da tarde, na Plenária
da Câmara de Vereadores de São
Gabriel ocorreu o debate com a parti-
cipação da UNIPAMPA, EMATER,
Defesa Civil, escolas, entidades locais
e de Santa Margarida do Sul.
O evento teve como painelista Ivo
Poletto, assessor do Fórum Nacional
de Mudanças Climáticas e Justiça
Social. Como debatedores, represen-
tando a UNIPAMPA, o professor Rafa-
el Cabral Cruz, das áreas de Biotecno-
logia, Ciências Biológicas, Engenha-
ria Florestal e Gestão Ambiental, que
tratou sobre a constituição do Bioma
Pampa, suas alterações, con�igura-
ções e recon�igurações, a partir da
interação humana e dos fenômenos
da natureza. Rafael alertou para as
ameaças da intervenção acelerada do
sistema produtivo atual, que altera
este bioma, colocando em risco de
extinção inúmeras espécies vegetais
e animais. Representando a EMATER,
o engenheiro agrônomo Fernando
Oliveira, que participa do PPE na
região de Bagé desde as primeiras
atividades, falou sobre a visão da
EMATER frente às mudanças climáti-
cas e ações que a entidade poderia
concretizar através de sua extensão.
Ao longo da apresentação apontou as
a�inidades com a perspectiva da Cári-
tas em relação a esta temática.
Na região de pro-Novo Hamburgo
moveu formação sobre Política Muni-
cipal de Defesa Civil de Novo Ham-
burgo convidando a equipe de Defesa
Civil do município para apresentar o
seu trabalho e organização. Deste
diálogo, �icou claro que a equipe de
Defesa Civil não tinha equipamentos
próprios, tendo que contar com car-
ros, barco e outros materiais empres-
tados das Secretarias. Segundo estu-
do apresentado, o bairro Santo Afon-
so encontra-se classi�icado como
risco 3 numa escala de 1 a 4, o que
signi�ica ser de alto risco, causado
por alagamentos e enchentes.
Foi realizado também Encontro de
Socialização e Aprofundamento de
Práticas em Emergências: para uma
atuação mais articulada e e�icaz. O
objetivo do encontro foi socializar as
experiências de atuação em situação
de emergências, analisando as ocor-
rências de enchentes vividas e perce-
bendo o que deu certo e o que falhou,
para re�letir sobre as causas dos êxi-
tos e dos fracassos e projetar uma
atuação mais articulada e e�icaz.
Na região de Cruz Alta foi realizado o
Fórum Integrador do Projeto de Pre
venção de Emergências, reunindo
pessoas envolvidas nos municípios
de Salto do Jacuí, Jacuizinho e
Estrela Velha. O objetivo da ativida-
de foi socializar as atividades desen-
volvidas, identi�icar os avanços con-
quistados e as di�iculdades encontra-
das até o momento. Para isso, foram
feitos trabalhos de grupo por municí-
pios, socializando em plenária a
re�lexão feita por cada grupo. Ficou
claro que a maior di�iculdade referia-
se à ação efetiva dos gestores públi-
cos dos municípios para dar condi-
ções de efetivação da Política Nacio-
nal de Proteção e Defesa Civil. Foi
apontado que o projeto contribuiu
para realização de diversas ativida-
des nunca pensadas anteriormente,
mas que os municípios não priorizam
a continuidade das iniciativas. Tam-
bém foi sublinhada a importância da
ação local, relacionada com os temas
globais, como exemplo, cuidar de
uma nascente e re�letir sobre as cau-
sas do aquecimento global.
Em foi promovido um Jacuizinho,
debate sobre o contexto ambiental do
município, sobretudo em relação ao
Rio Jacuizinho, que corta a cidade e o
Rio Caixão. A atividade foi encerrada
com uma caminhada dos participan-
tes até o rio, com recolhimento de
lixo, plantio de árvores nativas, frutí-
feras e �lores.
No , no período da Salto do Jacuí
Cúpula dos Povos – Rio + 20, a rede de
escolas do município foi mobilizada
para uma passeata com o tema “Mais
verde na minha cidade”, reunindo
pessoas com faixas, cartazes e distri-
buição de material informativo sobre
a importância da preservação da
natureza. Também �izeram recolhi-
mento do lixo das margens e da rua e
plantaram mudas de árvores nativas,
fornecidas pelo PPE.
No município de , o Dia Estrela Velha
da Árvore foi comemorado com a
comunidade escolar num encontro
de re�lexão e sensibilização sobre a
importância das árvores, das matas e
dos ecossistemas para a produção e
reprodução da diversidade dos seres
vivos que dela dependem, assim
como para a manutenção dos recur-
sos hídricos necessários para todo o
tipo de vida. Falaram sobre o tema
um engenheiro agrônomo e um indí-
gena. Houve também apresentações
artísticas dos alunos e do grupo de
dança guarani Ka Aguy Poty.
Em , o projeto possibilitou a Caçador
visita de um integrante do movimen-
to nacional de Catadores de materiais
Recicláveis – MNCR nos 3 bairros
para conhecer a realidade dos cata-
dores. Também foram desenvolvidas
quatro o�icinas com catadores, nas
quais se debateu a importância da
organização do trabalho coletivo
nesse segmento para conquista de
direitos e condições dignas de vida e
de trabalho. Nessa oportunidade, foi
analisada a possibilidade de melho-
rar as condições de trabalho acessan-
do a Política Nacional de Resíduos
Sólidos. Para isso, foi convidado para
assessorar duas o�icinas um repre-
sentante do Movimento Nacional de
Catadores de Santa Catarina. As
demais o�icinas foram facilitadas
pela equipe do PPE, com atividades
mais práticas em relação a aspectos
organizativos dos catadores.
Também foram realizadas seis o�ici-
nas temáticas, para contemplar tanto
a necessidade de ações pontuais de
retorno imediato para algumas preo-
cupações e necessidades da comuni-
dade, como a importância de orienta-
ções e exercícios práticos em situa-
ções de emergências, temas: saúde
preventiva, noções sobre primeiros
socorros, fabricação de produtos de
higiene e limpeza e reaproveitamen-
to de materiais.
Tendo em vista a preservação do
meio ambiente, também foram reali-
zadas em Caçador o�icinas de plantio
de árvores nativas e mutirões de
recolhimento de lixo nas comunida-
des atendidas pelo projeto. As ativi-
dades contaram com o apoio da
FUNDEMA, que forneceu as mudas e
assistência técnica, falando da neces-
sidade e da importância do cultivo
dessas plantas, assim como os cuida-
dos para o cultivo. Nas comunidades
atendidas pelo projeto, era raro
encontrar uma árvore, especialmente
frutíferas. Por outro lado, entulhos e
lixo estavam espalhados por todo
lado. As atividades tiveram como
objetivo a melhoria do ambiente tor-
nando-o mais alegre, além da colabo-
ração com a Natureza.
A participação da comunidade nas
o�icinas não foi muito representativa,
mas quem participou demonstrou
interesse e entusiasmo. Já ao Mutirão
Recolhe Entulho foi bem aceito pelas
comunidades. Contou com a partici-
pação do grupo de jovens da Paróquia
que não se cansaram de ajudar e pro-
gramaram outras atividades para
realizar com as crianças. Para as cri-
anças da comunidade foi pura alegria,
pois a retirada dos entulhos disponi-
bilizou mais espaço para brincadei-
ras. A FUNDEMA e a Defesa Civil do
município elogiaram essas iniciativas,
pois contribuíram para a sensibiliza-
ção sobre a preservação do Meio Ambi-
ente, ajudando também no fortaleci-
mento da cidadania nessas comunida-
des.
Na cidade de foi promovi-Rio do Sul
do um ciclo de o�icinas temáticas,
com os seguintes temas: Comunida-
de mais segura: rotas de fuga em
tempos de risco; A Carta da Terra e a
Cúpula dos Povos em contraposição à
Rio + 20; A solidariedade como ferra-
menta na construção de comunida-
des vivas; A Defesa Civil, o que é para
que serve, saúde pública e gestão de
riscos ambientais.
Além das ações de formação locais, o
PPE promoveu Seminários Estadua-
is, realizados anualmente. Nesses
eventos, reuniam-se representações
dos grupos de todas as regiões para o
debate sobre temas importantes para
a caminhada do projeto em cada loca-
lidade, a partir de subsídios técnicos
apresentados por especialistas da
área. Após os painéis, eram desenvol-
vidos trabalhos em grupo e socializa-
das as conclusões em plenária. Estes
também eram momentos especiais
de trocas de experiências e confrater-
nização desse grupo de pessoas enga-
jadas na luta por comunidades mais
seguras.
Momento de mística numa atividade de mutirão para recuperação de uma fonte em Maximiliano de Almeida.
2010 – Construção da Defesa Civil
a partir da participação popular
Painelista: Luis Stephanou - Coorde-nador Regional Tema: Vivendo na sociedade de riscoPainelista: José Magalhães de Sousa - assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e EmergênciasTema: Política de emergências da Cáritas Brasileira Painelista: Marcos Ferreira - Associa-ção Brasileira de Psicologia nas Emer-gências e Desastres - ABRAPEDETema: Prevenção a situações de emer-gência e construção de Defesa Civil a partir da participação da população
2011 – Política Nacional de Defesa Civil, o que é e como concretizá-laPainelista: Francisco Milanez - biólo-go, ambientalista e membro da Asso-ciação Gaúcha de Proteção Ambien-tal - AGAPAN;Tema: Causas dos desastres: implica-ções geográ�icas, �ísicas, ambientais e sociais; Painelista: Tenente Elias Daniel Pôn-cio - integrante da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Rio Gran-de do Sul; Tema: Em que consiste a Política Nacional de Defesa Civil e como tem sido desenvolvida no RS.
2012 – Encontro de intercâmbio e aprofundamento temático - Mobi-lização e organização comunitária na prevenção de emergênciasPainelista: Ivo Poletto – integrante do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS) Tema: Aquecimento global, mudan-ças climáticas e impactos nos territó-riosPainelista: José Magalhães de Sousa - assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e EmergênciasTema: Política Nacional de Proteção e Defesa Civil e sua relação com as comunidadesPainelista: Tatiane Reichert – inte-grante do Movimento Nacional dos
Afetados por Desastres Socioambi-entais (MONADES)Tema: A luta por garantia de direitos das pessoas e comunidades atingidas por desastres socioambientais.Este encontro foi um momento muito signi�icativo em termos de troca de experiências sobre as ações do PPE entre os participantes vindos dos 11 municípios atendidos pelo projeto e de avaliação sobre o alcance dos obje-tivos do PPE nesse tempo de execu-ção.Foram apresentadas as característi-cas especí�icas do contexto de cada região e as ações do projeto e realiza-das atividades práticas, com visitas a fontes recuperadas, cisternas, grupos de geração de trabalho e renda, entre outros. No segundo dia do intercâmbio, foi compartilhada, em plenário, a expe-riência das visitas. Após, as regiões apresentaram o relato das avaliações feitas nas regiões, em preparação para o intercâmbio. O encontro foi �inalizado com um trabalho em gru-pos por regiões para apontar pers-pectivas de continuidades das ações.
2013 – Sociedade de riscos e pre-venção de emergências, possibili-dades e desa�iosConferencista: Norma Valêncio - Economista, Mestre em Educação, Doutora em Ciências Sociais, Coorde-nadora do Núcleo de Estudos e Pes-quisas Sociais em Desastres – UFSCar;Debatedor:Tenente Coronel Paulo Roberto Locatelli Gandi - Coordena-dor Estadual da Defesa CivilCoordenador do debate: José Maga-lhães - assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e Emergências.Mesa de diálogo sobre:Contextos- riscos instalados na sociedade atual, suas causas, consequências e respon-sáveis;- emergências e desastres nos con-textos brasileiro e gaúcho.
Os afetados- territorialidade e relação com o sentido de pertença;- direitos dos que moram em áreas de risco.Atuações- o desempenho das políticas públi-cas que atuam nos contextos de mudanças climáticas, vulnerabilida-de e desastres;- atuação das comunidades e entida-des em contextos de mudanças cli-máticas, vulnerabilidade e desastres.Painelista: Tenente Coronel Paulo Roberto Locatelli Gandi - Coordena-dor Estadual da Defesa CivilTema: Atualidade da Política Nacio-nal de Proteção e Defesa Civil e o pro-cesso de pré-conferência para a II Conferência Nacional da Defesa CivilPainelista: José Magalhães - assessor da Cáritas Brasileira para Gestão de Riscos e EmergênciasTema: Conselho Nacional de Prote-ção e Defesa Civil e a participação da sociedade civil
Visibilidade e multiplicação do PPEApresentações da experiência e par-ticipação em fóruns e encontros2010Seminário Emergências Socioambi-entais e Direitos Humanos – Novos paradigmas da prevenção de desas-tres, Brasília – DF;2011I Seminário Nacional dos Atingidos por Eventos Extremos, Brasília – DF;Congresso da Cáritas Nacional, Passo Fundo – RS;2012I Assembleia do Movimento Nacional dos Afetados por Eventos Socioambi-entais – MONADES, Brasília - DF;Cúpula dos Povos – Rio + 20, Rio de Janeiro – RJ;MídiaAo longo do projeto as equipes do PPE deram entrevistas e forneceram subsídios para matérias em jornais e rádios locais.
Seminários realizados:
Prevenção de Emergências - Cáritas 3938 Prevenção de Emergências - Cáritas
4.2.2.�Práticas�pedagógicas
Uma das estratégias mais exitosas do projeto "Prevenção de Emergências: construindo
comunidades mais seguras" foi aliar a teoria e a prática ao longo do projeto.
COLOCANDO�A�MÃO�NA�MASSA
enchentes e alagamentos.
Fortes exemplos da estratégia práti-
co-pedagógica foram a recuperação
das fontes e a construção das cister-
nas. A proposta em regime de muti-
rão, a re�lexão sobre a variedade de
temas que envolvem os recursos
hídricos - uso racional e preservação,
o potencial de recurso pedagógico
para visitações, entre outros – foram
um grande marco do projeto, que �ica
como patrimônio das famílias e das
comunidades.
Ao todo foram realizadas 173 ativida-
des de recuperação de fontes e pre-
servação de nascentes. A metodolo-
gia desenvolvida ao longo do projeto
envolvia os seguintes passos:
A realização de atividades prático-
pedagógicas promoveram a maior
percepção da temática ambiental e
de prevenção de emergências a partir
de exemplo e ações concretas. As
práticas envolvendo o tema de reci-
clagem e coleta de lixo também foram
importantes no projeto, especial-
mente nas interações com o público
escolar e comunidades urbanas.
Foram trabalhadas atividades de
coleta e destinação de óleo de cozi-
nha, caminhadas e mutirões de coleta
de lixo, o�icinas de separação do lixo,
nas quais se discutia sobre as conse-
quências do descarte inadequado do
lixo em rios, córregos, bueiros, que
contribui para agravamento das
Envolvimento da comunidade
desde o início do processo;
Diagnóstico da realidade socioam-
biental, com mapeamento dos recur-
sos hídricos utilizados pelas famílias,
através de questionário simples com
perguntas sobre: a proveniência da
água utilizada, para que era utilizada
(limpeza, consumo humano, animais
domésticos) e se servia a mais de
uma família.
Identi�icação das fontes de água
mais precárias;
Reuniões com as famílias e as enti-
dades interessadas para debate e
escolha das prioridades até atender a
todos;
Mutirões de limpeza do entorno
A construção de cisterna feita em forma de oficina, onde as pessoas ouviam a explicação do passo a passo e participavam da construção.
Prevenção de Emergências - Cáritas 4140 Prevenção de Emergências - Cáritas
das fontes;
Construção de proteção com tijo-
los em volta da fonte e cobertura com
telhas, contando com as orientações
de técnicos da EMATER;
Cercamento para proteção de ani-
mais, plantio de árvores nativas e
orientações para manutenção das
mesmas.
Sempre que possível, as fontes
foram fotografadas antes e depois da
ação para veri�icar e registrar as
mudanças;
Reuniões e encontros com as famí-
lias bene�iciadas para debate mais
amplo sobre o sentido da ação reali-
zada e sua relação com a produção de
alimentos saudáveis e a importância
da preservação dos ecossistemas nas
propriedades;
Visitas de acompanhamentos pela
equipe do projeto e parceiros para
veri�icar a manutenção da fonte ao
longo do tempo e aprofundar os deba-
tes sobre a importância do cuidado
com o meio ambiente;
Visitas demonstrativas, onde os
agricultores e equipe do projeto apre-
sentam a proposta de recuperação de
fontes para grupos (estudantes, pro-
fessores, técnicos, agricultores, ...) e
re�letem sobre mudanças climáticas,
responsabilidade social coletiva e
individual e outros assuntos relacio-
nados ao cuidado com o meio ambi-
ente.
O processo de recuperação de fontes
gerou momentos prático-re�lexivos
de troca de experiências e de conhe-
cimentos, como forma de potenciali-
zar resultados, replicar técnicas e
formas de trabalho, sobretudo na
área do cuidado com o meio ambien-
te. A prática de mutirões e recupera-
ção de fonte de água também gerou
integração, reforço de laços comuni-
tários, solidariedade local e solução
sustentável para agricultura familiar,
com baixo custo. Na região de Vacaria
a recuperação de fontes e proteção
de nascentes foi uma prática signi�i-
cativa.
Em , pensando na defesa Paim Filho
da vida e do meio ambiente, a Caritas
Paroquial Nossa Senhora do Caravag-
gio, com o apoio de entidades como a
Caritas Diocesana da Vacaria, Cresol,
EMATER, Secretaria Municipal de
Agricultura e Meio Ambiente e Sindi-
cato da Agricultura Familiar sob a
coordenação de Vania Bonetto, reali-
zou a proteção e recuperação de vári-
as fontes naturais. Essa atuação foi
necessária em função das fortes esti-
agens dos últimos anos.
O abastecimento de água às famílias,
em quantidade e qualidade, para
atender suas demandas foi uma preo-
cupação de todos. Nesse sentido, a
propriedade de Adelina Hoffmamm
estava com problemas graves de
abastecimento de água, haja vista
que seu �ilho Valmor constituiu famí-
lia e construiu sua casa nas proximi-
dades.
Foram custeados recursos para a
recuperação da fonte que abastece as
duas famílias. Foi realizada a limpeza
e desinfecção, proteção e cercado,
bem como plantio de árvores nativas,
que tornou essa fonte de água potável
para consumo humano e higiene
pessoal.
Para aumentar a quantidade de água
disponível, foi construída uma cister-
na de 16 mil litros para captação da
água das chuvas, completando o for-
necimento de água para as famílias e
para outras necessidades, por exem-
plo, matar a sede dos animais, fazer a
limpeza das moradias e para a irriga-
ção da horta familiar.
Em o PPE reali-São João da Urtiga
zou atividades de recuperação de
nascentes, formação com alunos e
com os jovens da Agricultura Famili-
ar chamado de Coletivo de Jovens da
Agricultura Familiar. Esses jovens já
tinham uma caminhada na busca
pelo desenvolvimento do que é de
melhor para a natureza e para o bem-
estar da sociedade.
Na Semana Interamericana da Água,
em 2013,foi desenvolvida uma ativi-
dade com uma turma de alunos e
professores da escola municipal, com
a presença de representantes da
Secretaria do Meio Ambiente do
município, EMATER, Sindicato. O
encontro foi realizado na proprieda-
de do agricultor Gomercindo Zucco,
que teve uma nascente recuperada.
Na oportunidade, foi dialogado com
alunos a importância da preservação
do meio ambiente e das nascentes,
além de protegê-las para que no futu-
ro não se enfrente ainda mais proble-
mas de escassez de água.
No local da nascente recuperada foi
feito o plantio de mudas de árvores
nativas. Durante a visita, o Secretário
do Meio Ambiente falou sobre a
importância da água para o ser huma-
no e o porquê da comemoração da
Semana da Água. Na sequência, foi
explicado o processo de melhora-
mento dessa nascente e, como ocorre
com todos que visitam a nascente,
não há como ver uma água transpa-
rente pulsando da terra sem beber
dessa água que, para a família Zucco,
se tornou uma água abençoada:
limpa e pura.
No enceramento da atividade, todos
receberam mudas nativas e assumi-
ram um compromisso de, em suas
propriedades, recuperar e proteger
uma nascente, além de compartilhar
a experiências com seus familiares,
estimulando práticas de cuidado com
o meio ambiente.
Em a recu-Maximiliano de Almeida
peração de nascentes teve como
ponto forte a organização da comuni-
dade. Em sistema de mutirão, os vizi-
nhos se reuniam e um ajudava o outro
para realização da recuperação e
proteção da fonte. Foi emocionante
quando o Sr. Vitório Rebisk relatou as
di�iculdades que ele enfrentava com a
falta da água e a�irmou que se não
conseguisse água teria de se mudar
para a cidade, deixando o lugar onde
ele sempre morou e o convívio com
os vizinhos. O PPE através da recupe-
ração da fonte na propriedade, possi-
bilitou que a família continuasse
vivendo da terra.
Outro momento muito especial do
Projeto de Prevenção de Emergênci-
as foi a certi�icação da prática de recu-
peração de fontes como Tecnologia
Social pelo Prêmio Fundação Banco
do Brasil (FBB), em 2013.
Uma tecnologia social pode ser um
produto, técnica ou metodologia
reaplicável, desenvolvida a partir da
interação com a comunidade e que
atenda aos quesitos de simplicidade,
baixo custo, fácil aplicabilidade e
viabilize efetivas soluções de trans-
formação social. Podem aliar saber
popular, organização social e conhe-
cimento técnico-cientí�ico.
A recuperação de fontes passou a
integrar o Banco de Tecnologias Soci-
a i s d a F B B
(https://www.�bb.org.br/tecnologia
s o c i a l / b a n c o - d e - te c n o l o g i a s -
s o c i a i s / p e s q u i s a r -
tecnologias/detalhar-
tecnologia-141.htm).
A construção de cister-
nas para o armazena-
mento de água da chuva
tem como principal
objetivo pedagógico a
re�lexão sobre o uso da
água, a importância de
evitar o desperdício e
valorizar esse recurso
tão importante para a
vida humana.
A cisterna é um reservatório (tan-
que) abaixo do nível do solo onde se
capta e conserva água da chuva. As
cisternas de placas são construções
de baixo custo, que utilizam técnicas
simples. Seu funcionamento prevê a
captação de água da chuva, que é
escoada do telhado até a cisterna por
calhas. Segundo a cartilha Aprenden
do a construir cisternas de placas –
uma alternativa de captação de água
da chuva, produzida pela Cáritas
Brasileira Regional RS, Comissão
Pastoral de Terra CPT/RS e Pastoral
operária PO/RS em 2010, uma cister-
na de 16 mil litros é su�iciente para
abastecer (beber e cozinhar) uma
família com cinco pessoas por dez
meses.
O envolvimento não é somente no
sentido de repassar a técnica de cons-
trução da cisterna, mas potencializar
o protagonismo social na área ambi-
ental, envolver as pessoas num pro-
cesso de re�lexão coletiva sobre seu
papel como cidadão frente ao desa�io
de melhor uso dos recursos hídricos.
A escolha dos locais para a constru-
ção das cisternas focou especialmen-
te as comunidades escolares por seu
potencial como recurso pedagógico,
multiplicador e demonstrativo, que
possibilita o despertar das famílias
dos alunos para pensar no recurso
das cisternas para suas proprieda-
Fontes recuperadas são protegidas para que animais e folhas não alterem a potabilidade da água.
Prevenção de Emergências - Cáritas 4342 Prevenção de Emergências - Cáritas
des. Diferentemente da recuperação
das fontes, que foram dirigidas para
as famílias, a construção de cisternas,
por envolver mais recursos, buscou
bene�iciar espaços coletivos, com
exceção de dois casos onde a constru-
ção das cisternas bene�iciaram núcle-
os familiares com sérios problemas
de abastecimento de água.
A metodologia desenvolvida ao longo
do projeto envolvia os seguintes pas-
sos:
Envolvimento da comunidade
desde o início do processo;
Diagnóstico e planejamento da
obra: identi�icação dos potenciais
locais para construção da cisterna;
Estrutura: marcação e escavação
do buraco, confecção das placas e dos
caibros, construção da laje do fundo,
levantamento das paredes, imperme-
abilização do piso, e montagem da
cobertura;
Acabamento da cisterna: coloca-
ção do sistema de captação e manejo
de água.
Durante o projeto foram construídas
11 cisternas nas regiões atendidas
pelo projeto. O senhor José Orestes
Lovato (Zeca) foi o pedreiro respon-
sável pela execução das obras.
Na região de Cruz Alta, a construção
de cisternas foi uma das atividades
que mais se destacou nos três muni-
cípios – Salto do Jacuí, Jacuizinho e
Estrela Velha. Foram construídas 6
cisternas, sendo todas plenamente
utilizadas.
Em , na casa de Ampa-Salto do Jacuí
ro, que abriga 29 idosos permanente-
mente, a água armazenada na cister-
na é utilizada para irrigação do
pomar e hortaliças, uso doméstico e
jardinagem, além disso, o local rece-
be estudantes da rede pública e a
comunidade em geral, que buscam
conhecer esta tecnologia por meio de
o�icinas e palestras.
Em , as cisternas foram Jacuizinho
construídas através de mutirões com
apoio da Prefeitura Municipal, que
forneceu serviço de terraplanagem;
da EMATER, que prestou a assessoria
técnica; e da comunidade local (agri-
cultores, vizinhos, pais de alunos,
quilombolas).
No município de a Estrela Velha,
cisterna foi construída na Escola
Municipal de Ensino Fundamental
Álvaro Rodrigues Leitão, onde se
realizam o�icinas sobre meio ambi-
ente, em especial sobre a água, reu-
nindo toda a comunidade escolar.
Uma das questões centrais do PPE foi
encontrar caminhos que permitam a
sensibilização das comunidades
participantes do projeto. Mostrar
iniciativas concretas foi uma das
estratégias e�icazes de conseguir
maior adesão. As pessoas acreditam
quando enxergam algo palpável,
visível. Além disso, é uma tecnologia
simples, rápida e com possibilidade
de uso direto e que, além da econo-
mia pela utilização da água da chuva,
tem um grande valor educativo.
O propósito da construção de cister-
nas, desde o início do projeto, não foi
de resolver o problema da escassez
de água nestes municípios. Essas
iniciativas também se propõem a
pressionar na prática que as diversas
instâncias governamentais se obri-
guem a minimizar os efeitos da estia-
gem através da construção de cister-
nas num futuro próximo.
Ainda na perspectiva de ações práti-
co-pedagógicas, foram realizadas
diversas atividades de eventos e cam-
panhas por iniciativa do projeto ou
participando como apoiador em
mobilizações de parceiros, inclusive
aproveitando datas comemorativas
locais, nacionais e internacionais, por
exemplo, o Dia Mundial da Água.
A seguir alguns exemplos de eventos
e/ou campanhas que foram realiza-
das nas regiões ao longo do projeto.
Em foi realizado o Pedá-Paim Filho
gio do Meio Ambiente, durante a
Semana do Meio Ambiente. O objeti-
vo do pedágio foi chamar a atenção
para o tema da preservação do meio
ambiente, por meio da distribuição
de pan�leto explicativo, sacolas para
colocar lixo nos carros e distribuição
de mudas de árvores nativas.
Como mencionado anteriormente,
uma atividade em parceria que foi
bastante signi�icativa na região de
Vacaria foi a Canoagem Ecológica.
Essa ação envolvia as comunidades
de uma forma diferente, gerando um
novo olhar em relação ao rio e uma
sensibilização a partir da prática da
destinação correta do lixo. Em uma
das edições, o percurso da canoagem
passou pelos 3 municípios envolvi-
dos no projeto: Paim Filho, Maximi-
liano de Almeida e São João da
Urtiga, levando conscientização
sobre o cuidado do rio, o combate da
pesca predatória e a preservação da
natureza como um todo. A partir
dessa ideia, também houve a partici-
pação na Bicicleteada ecológica com
o tema: O Planeta está doente... Que
remédio poderá curálo?,visando
sensibilizar a comunidade dos
impactos ao meio ambiente ocasio-
nados pelas atitudes humanas. Para
isso, utilizou-se temas ligados à pre-
servação da natureza, uso racional da
água, destino adequado do lixo, hábi-
tos saudáveis de alimentação, prática
de exercício �ísico ao ar livre, uso das
bicicletas para diminuir a poluição,
entre outros.
Outra atividade mobilizadora no
município foi a simulação de uma
tempestade de vento, com destelha-
mento de casa e feridos. A simulação
esteve a cargo da Secretaria Munici-
pal de Saúde e foi organizada pela
equipe do projeto de Prevenção de
Emergência. Foi um momento muito
marcante, que impactou a comunida-
de e trouxe esclarecimento sobre que
fazer num evento parecido e quais
seriam as atribuições de cada pro�is-
sional e das pessoas voluntárias.
Em as práticas Novo Hamburgo
foram bastante voltadas para a ques-
tão do lixo, considerando que este é
um dos principais fatores de agrava-
mento dos alagamentos e enchentes.
Foram realizados dois mutirões de
limpeza na Vila Palmeira, Bairro
Santo Afonso, que tem o acúmulo de
lixo e o esgoto a céu aberto como seus
principais problemas. O foco da ação
foi sensibilizar sobre os problemas
causados pelo falta de destinação
correta do lixo, que é uma das causas
de enchentes, por isso, foram priori-
zadas as ruas próximas ao Arroio
Gauchinho, que muitas vezes parece
uma “lixeira líquida”. Foi distribuído
às famílias ímã de geladeira com os
telefones de órgãos e serviços públi-
cos para contatos em casos de emer-
gência. Durante as caminhadas foram
feitos momentos de falas para escla-
recer os objetivos do projeto, encena-
ção do grupo de catadores Catavida
sobre a separação do lixo, assim
como diálogo com os moradores para
entrega de materiais de divulgação,
inclusive relacionando com a campa-
nha nacional e municipal de combate
ao mosquito da dengue.
Para ter um olhar diferenciado sobre
a questão dos alagamentos e enchen-
tes no bairro Santo Afonso, foi pro-
movido um passeio ecológico no Rio
do Sinos com o barco do Instituto
Martim Pescador, que realiza ativida-
des pedagógicas sobre os ecossiste-
mas do rio. O objetivo do passeio foi
ter uma visão do bairro Santo Afonso,
a partir do rio que o alaga e perceber
as causas dessas ocorrências. Entida-
des parceiras, catadores, crianças e
adolescentes de projetos sociais do
bairro participaram com uma alegria
como se estivessem no Titanic, con-
forme uma catadora emocionada
falou.
No município de uma Salto do Jacuí
atividade bastante signi�icativa foi a
recuperação do viveiro municipal,
que havia sido destruído por uma
chuva de granizo. Com recursos do
projeto, foi construído um novo espa-
ço para cultivar espécies nativas e
para ser utilizado em atividades de
educação ambiental e eventos cultu-
rais. Numa perspectiva de apresentar
e debater formas de construções
alternativas, foi realizado um muti-
rão, com a assessoria do engenheiro
�lorestal Cláudio Sanchotene Trinda-
de, coordenador do Instituto de Per-
macultura do Rio Grande do Sul –
IPERS, para a construção de um teto
vivo para o viveiro e uma cisterna
para o abastecimento de água. Houve
di�iculdades de articulação com a
Prefeitura para efetivação das con-
trapartidas às estruturas entregues
pelo projeto para que possibilitas-
sem o uso do espaço.
Foi promovida uma campanha na
cidade para a coleta de óleo usado, o
qual foi encaminhado a um grupo de
mulheres da comunidade indígena
Kaigang, que transformam o óleo em
sabão. O sentido de fazer essa campa-
nha foi conscientizar sobre a impor-
tância do destino correto dos resídu-
os para proteger o meio ambiente e,
além disso, gerar renda para as
mulheres.
Em também foi desenvol-Rio do Sul
vida a atividade de Mutirão Ecológico
no Bairro Santa Rita, quando foi per-
corrido um trajeto ao longo do córre-
go Ribeirão das Cobras e ruas vizi-
nhas para sensibilizar sobre o pro-
blema do acúmulo de lixo no meio
ambiente. Houve recolhimento de
lixo, conversas com os moradores e
entrega de um ímã de geladeira con-
tendo os principais telefones públi-
cos, assim como os dias de coleta de
lixo.
Ao longo do projeto, os municípios
com maior concentração urbana
f o c a r a m s u a s a ç õ e s p r á t i c o -
pedagógicas em mobilizações de
sensibilização e re�lexão coletiva,
especialmente na questão de desti-
nação adequada do lixo e reciclagem.
Nas regiões com municípios de carac-
terísticas mais rurais a recuperação
de fontes e proteção de nascentes
foram as atividades mais focadas
pelo projeto. A construção de cister-
nas aconteceu tanto em locais da área
urbana como rural, contemplando os
participantes com o objetivo pedagó-
gico e demonstrativo da atividade.
Seminário promovido pelo PPE possibilitou discussão sobre plano de
contingência de Proteção e Defesa Civil do município de Caçador.
4.2.3.�Avaliação�dos�resultados
UMA�PROPOSTA�PRÁTICA�E�MOBILIZADORAConsiderando a proposta de promover formação e capacitação continuada de lideranças comunitárias e pessoas interessadas em temas relacionados a mudanças climáticas, meio ambiente, prevenção de desastres e direitos socioambientais para ampliação de conhecimentos e de condições para atuação, foram indicados os aspectos ligados a:
ações de formação, tanto teóricas quanto prático-pedagógicas, envol-vendo recursos naturais (nascentes, fontes, água da chuva) e manejo ade-quado de resíduos (lixo, óleo satura-do, compostagem, plantio de nativas, entre outros) foi muito marcante em todas as regiões envolvidas no proje-to. Além do aprendizado concreto e signi�icativo, promoveu mudança na vida de pessoas e famílias. No âmbito local, um resultado importante do projeto foi um maior ativismo, tanto dos articuladores quanto de outras pessoas que atuaram em algum momento junto ao projeto, devido ao maior conhecimento sobre temas como mudanças climáticas, aqueci-mento global, cuidado com o meio ambiente, desenvolvimento local sustentável e prevenção de emergên-cias. As ações do projeto contribuíram para despertar a consciência sobre os direitos e para desencadear proces-sos de organização, tanto familiar, como comunitária, com vistas à gera-ção de melhores condições de vida.Nas avaliações das atividades, algu-mas famílias relataram que devido à melhora do abastecimento de água decorrente da recuperação da fonte puderam permanecer na proprieda-de, pois tinham como viabilizar a água para o consumo próprio, dar de beber para os animais e molhar as plantas. Essas famílias, que vivem da atividade agrícola há gerações, estavam quase abrindo mão de suas propriedades devido à escassez da água. O próprio gestor público reconheceu durante diálogo com representante da Cáritas Alemã que foi notável a diminuição de demanda do caminhão-pipa para as
Promoção da preservação de fon-tes, nascentes e matas ciliares dos rios que estão nas comunidades rura-is ocupadas por agricultores familia-res e populações tradicionais (indí-genas, quilombolas, pescadores arte-sanais).Resgate e implementação de tec-nologias e saberes populares para uso dos recursos naturais, como pro-dução de energia limpa, formas de recuperação de áreas degradadas, construção de cisternas, técnicas de compostagem e de aproveitamento de óleo saturado, mutirões de limpe-za, plantio de árvores nativas, entre outros. Fortalecimento dos grupos, espe-cialmente jovens e mulheres, para a ação solidária e aprendizagem, con-tribuindo para que estejam mais preparados para prevenção e atua-ção nas situações de emergência em suas comunidades, atuando como agentes multiplicadores nos espaços nos quais se fazem presentes.Estímulo ao fortalecimento da organização dos grupos de reciclado-res para que continuem tendo atitude de cuidado para com o destino do lixo, a �im de que seja fonte de renda e que seu descarte não polua o meio ambiente.Promoção da efetiva articulação e parceria com os setores públicos e privados que desenvolvem trabalhos de formação, tais como escolas, asso-ciações e organizações locais, na perspectiva da política pública de Proteção e Defesa Civil e de preven-ção de riscos, tanto urbano quanto rural, potencializando a mobilização da sociedade civil. A viabilização de
comunidades à medida que as ações de recuperação de fontes do projeto se ampliavam. A articulação para organização de grupos de catadores gerou uma nova perspectiva de trabalho coletivo e comunitário, com grande potencial de geração de renda para as famílias e bene�ício ao meio ambiente. Para além das melhorias de estrutu-ras �ísicas (cisternas, telhado verde, fontes recuperadas, grupos organiza-dos de catadores de material reciclá-vel, entre outras) o maior patrimônio que este projeto deixa nas comunida-des, após quatro anos, é a informação e a re�lexão crítica sobre o direito dos cidadãos a viver em comunidades mais seguras e a responsabilidade individual e coletiva com a preserva-ção do ambiente para que as próxi-mas gerações também usufruam o direito a viver com qualidade de vida em um ambiente natural saudável. Antes do PPE não havia iniciativas organizadas visando à prevenção de emergências. Como ocorre na reali-dade da maioria dos municípios bra-sileiros, o poder público e as entida-des agem somente após a ocorrência da situação de emergência, socorren-do pontualmente os afetados. Nesse, sentido, o PPE representou uma pro-posta mobilizadora, conseguindo captar o interesse e a participação de grupos e organizações, direcionando esse interesse numa perspectiva de organização comunitária para atuar na prevenção, a partir de iniciativas por vezes bastante simples, mas con-tribuindo para tornar as comunida-des mais preparadas e assim sofre-rem menos danos e prejuízos.
Prevenção de Emergências - Cáritas 4544 Prevenção de Emergências - Cáritas
Nas reuniões locais, encontros regionais e estaduais realizados ao longo do projeto foram promovidos diversos debates com o objetivo de refletir sobre os aprendizados do projeto numa perspectiva de crítica construtiva identificando as forças, fragilidades e desafios.
�4.3.�Vivendo�e�Aprendendo
FORÇAS,�FRAGILIDADES�E�DESAFIOS
Os debates sobre as pontua- FORÇASram a importância do trabalho em conjunto com as entidades parceiras, sendo fundamental para o êxito do projeto. Outro destaque foi o fato de considerar a realidade e as necessi-dades locais para, a partir daí de�inir ações, articulações e processos de desenvolvimento do projeto.Apontaram também a percepção das comunidades bene�iciadas quanto à contribuição signi�icativa do projeto em buscar a corresponsabilidade do Estado, da sociedade civil e dos indi-víduos na busca de soluções para os diferentes problemas de riscos socio-ambientais. Por exemplo, em Novo Hamburgo, no mês de setembro de 2012 houve alagamento na Vila Medi-aneira, no bairro Santo Afonso. O grupo observou que as lideranças estavam mais preparadas para atuar na comunidade e mais articuladas com a Defesa Civil. A partir do que foi vivenciado, foi possível mostrar aos órgãos públicos a experiência do projeto e que isso pode ser uma polí-tica pública.De modo geral, os grupos a�irmaram que o projeto teve um papel de mobi-lização das comunidades onde ele está sendo executado e no seu entor-no, especialmente em relação às ati-vidades de formação e às ações práti-cas de prevenção desenvolvidas, principalmente a r iqueza dos momentos de mutirão. As metodolo-gias participativas despertaram o compromisso de antigos e novos agentes sociais que antes atuavam separadamente e agora se encontram nas ações do projeto, que trouxe um tema aglutinador.Foi destacado, ainda, o envolvimento e protagonismo da juventude, que revela sua preocupação com o futuro do planeta. A parceria com as escolas foi fundamental para viabilizar a maior participação desses jovens. As
direções e professores (as) das esco-las foram muito sensíveis aos temas ambientais, promovendo ações peda-gógicas com os alunos e facilitando a participação da comunidade escolar em atividades do projeto.É expressivo o reconhecimento do aporte técnico da EMATER ao PPE, em 6 dos 7 municípios com trabalhos voltados para comunidades de agri-cultores familiares. Importante tam-bém foi a disposição dos gestores públicos das administrações munici-pais, sobretudo, através das Secreta-rias de Agricultura, Meio Ambiente e Obras, disponibilizando o apoio necessário, sobretudo para a realiza-ção das obras que exigiam máquinas pesadas. O processo de recuperação de nas-centes foi caracterizado por ser momento de formação, pela re�lexão e pelo despertar das pessoas para atitudes mais responsáveis com o meio ambiente. Por exemplo, uma das nascentes recuperadas ia ser soterrada para plantio da lavoura e as ações que estavam acontecendo no município levaram a família a repen-sar e a mudar de plano. Um resultado importante dessas ações é a forma-
ção de um coletivo jovem da agricul-tura familiar que tem se reunido em São João da Urtiga, e, a partir das ações do PPE, comprometeu-se a continuar com seus próprios recur-sos a identi�icação e proteção de fon-tes. Resultados do entendimento da importância desta ação simples, mas de tanta repercussão no ecossistema e na vida das famílias de agricultores. Em alguns municípios que enfrenta-ram períodos de forte estiagem durante o projeto, as famílias que tiveram suas fontes recuperadas perceberam que o impacto da estia-gem foi menor. Foi possível vivenciar o resultado positivo da intervenção, o que contribuiu para que o trabalho tivesse ainda maior relevância e reco-nhecimento. A construção de cisternas, além de ser uma excelente atividade prático-pedagógica, que contribui concreta-mente para a melhoria de vida de famílias, propiciou que representan-tes do assentamento da Reforma Agrária, do município de Santa Mar-garida do Sul, participassem dos mutirões para aprender a tecnologia empregada, com o propósito de reproduzi-la nos assentamentos, já
Agricultores debatendo as ações do projeto.
Prevenção de Emergências - Cáritas 4746 Prevenção de Emergências - Cáritas
que eles sofrem muito as consequên-cias das estiagens. Infelizmente há dois problemas a serem enfrentados para poder captar a água da chuva no assentamento. O primeiro é que ainda há famílias morando em barra-cas. Segundo, as casas têm seus telha-dos cobertos com telhas de amianto e a água coletada seria prejudicial à vida humana e animal.Nas duas atividades (recuperação de nascentes e construção de cisternas) a contrapartida do bene�iciário pro-moveu o comprometimento com o projeto e com a manutenção do recurso, pois estes espaços torna-ram-se referência para saídas de campo para escolas e visitas de outros interessados na tecnologia social, onde o próprio bene�iciário tem capacidade técnica para explicar o processo desenvolvido naquele local.As regiões que destinaram o lixo cole-tado durante os mutirões e caminha-das para grupos de catadores de mate-riais recicláveis promoveram uma interação bastante positiva, pois além de sensibilizar a comunidade quanto à destinação do lixo, chamou a atenção para a valiosa contribuição desses trabalhadores para a preser-vação ambiental, além de gerar renda a partir da venda dos resíduos coleta-dos. Foi destacado o fortalecimento
de grupos de mulheres que começa-ram a trabalhar com reciclagem a partir da participação no projeto. Comunidades antes esquecidas, assim como seus problemas, passa-ram a ter mais visibilidade. As pessoas se sentiram valorizadas e sujeitos de sua história, passando a reconhecer seus direitos. Quanto à questão orga-nizativa do projeto foi apontada a importância da coordenação regional e da articulação local. Quanto às , os grupos FRAGILIDADESre�letiram profundamente os tópicos que in�luenciaram na realização do projeto. Cabe salientar, que fragilida-de não é sinônimo de erro, mas sim de pontos que merecem atenção e cuida-do numa nova fase do projeto.Alguns apontamentos se referiram à proposta metodológica, identi�icou-se que o projeto não previu uma meto-dologia mais clara de implantação com etapas mais estruturadas, nem de�iniu ferramentas de mensuração de resultados. Essas lacunas foram sendo sanadas ao longo da trajetória, nos debates realizados nos encontros de articulação com a equipe responsá-vel pelo projeto, a partir da socializa-ção e identi�icação de situações seme-lhantes ou peculiares de cada contex-to. Aos poucos foram sendo construí-dos os percursos metodológicos e as relações foram sendo tecidas.
Em relação à gestão do projeto, houve certa descontinuidade da coordena-ção regional, devido à mudança de coordenação estadual no início do segundo ano, que levou a um hiato na condução e nas tomadas de decisões. Em relação à coordenação geral de um projeto com essa abrangência, teria sido importante dedicação exclusiva, o que não foi possível, devi-do a outras tantas demandas atendi-das pela mesma pessoa. Além disso, inúmeras vezes o acúmulo de tarefas impediu que todos os agentes dioce-sanos de Cáritas envolvidos no proje-to participassem das reuniões ampli-adas de articulação, nas quais as deci-sões gerais eram construídas.Na articulação, uma fragilidade que �icou evidente diz respeito à perma-nência da pessoa de referência do projeto, chamado de articulador local. Nos lugares onde, por um moti-vo ou outro, a pessoa não prosseguiu, o processo sofreu di�iculdade na sua continuidade, inclusive prejudicando o acompanhamento das ações, que �icaram mais demoradas, e o próprio relato das mesmas. Ressalta-se a necessidade de um articulador em cada local onde o projeto atue. Esse integrante tem a missão de estabele-cer os vínculos, fortalecer a participa-ção de todos os setores, promover o debate sobre a realidade local e cons-truir com os participantes potenciais soluções locais para os desa�ios soci-oambientais.Outro ponto sinalizado nas rodas de avaliação foi o curto período de exe-cução do projeto em relação aos obje-tivos propostos. Projetos que buscam promover a mudança de uma realida-de social são di�íceis de estabelecer um prazo, pois cada comunidade tem seu ritmo de aprendizagem e de ação, mas com certeza demandam tempo e persistência. Muitos resultados não são visíveis no curto prazo.Uma fragilidade característica desse projeto foi trabalhar em algumas localidades com comunidades deses-truturadas, que vivem, além de seu empobrecimento, a quase inexistên-cia de organização comunitária. Assim, em muitos casos, não há pes-soas de referência que exerçam lide-rança. A construção de parceria com
os próprios moradores foi di�ícil, pois eles tinham resistência por, frequen-temente, serem abordados por diver-sos “pesquisadores” que fazem levantamento da situação, mas depo-is não dão retorno que desencadeie um trabalho concreto. Por isso, a primeira fase do projeto em contex-tos como esses precisa ser dedicada ao estabelecimento de uma relação de con�iança, ao mesmo tempo em que busca informações que ajudem a identi�icar os principais problemas vividos pelas comunidades.Outro apontamento ocorreu em rela-ção à participação efetiva dos gesto-res municipais. Houve caso de resis-tência do poder local, em algumas regiões com cultura de dominação política, com forte marca militar, ainda bastante arraigada no imaginá-rio das pessoas e não facilita a organi-zação comunitária com autonomia. Em outros casos, houve abertura dos gestores para agendar reuniões, mas não enviavam representantes, o que desencadeava a indignação da comu-nidade. E, ainda, casos em que as autoridades da administração muni-cipal não participaram de nenhuma atividade do projeto, embora valori-zem muito as iniciativas do PPE. Além de gestores que discursavam valori-zando o projeto, mas não faziam a sua parte nas ações práticas acordadas.O distanciamento da Defesa Civil na relação com as comunidades e com a proposta do projeto foi uma fragilida-de apontada na maioria das regiões, seja por falta de estrutura da Defesa Civil ou por um histórico de relacio-namento tenso devido às remoções realizadas de forma equivocada. Como já foi mencionado anterior-mente, a política pública de preven-ção e defesa civil é uma realidade relativamente nova no Brasil.Em algumas regiões foi apontada a di�iculdade de mobilização dos par-ceiros para participação efetiva no projeto. Nesses casos, foram aponta-dos problemas de comunicação e costume de trabalhar individualmen-te. A formação de uma rede local demanda um aprendizado coletivo de apoio mútuo e esforços individua-is em prol da comunidade.Em relação aos , um dos DESAFIOS
principais apontamentos foi a neces-sidade de pensar mecanismos de maior incidência sobre o poder público municipal, no sentido de provocar que os mesmos garantam previsão orçamentária para as situa-ções de emergência.Ao longo do projeto constatou-se,a partir dos debates e da experiência concreta nas realidades locais, que é preciso enfrentar desa�ios e fragilida-des na organização da Defesa Civil, tais como:atenção limitada de governos muni-cipais à Defesa Civil. Poucas cidades contam com uma Defesa Civil institu-cionalizada e ativa; corpo técnico pouco capacitado, em diversos casos a ocupação dos cargos na área de Defesa Civil não obedece a critérios técnicos, mas políticos, sem prioridade ao conheci-mento necessário para a efetividade das ações; atenção mínima à prevenção de desastres e à assistência às popula-ções afetadas; articulação das esferas de governo (municipal, estadual e federal) limi-tada ou inexistente para a operacio-nalização do SINPDEC;
4práticas insu�icientes de debates e construção de uma percepção coleti-va do risco e da redução da vulnerabi-lidade ao risco.Como resultado dessas fragilidades percebe-se a pouca efetividade nas práticas de atuação na Defesa Civil. Evidência disso é o atendimento aos afetados e/ou atingidos por desas-tres. Mesmo se repetindo rotineira-mente os procedimentos - abrigos provisório, cadastro de pessoas afe-tadas, entre outros -, não existe uma sistematização dessas iniciativas, de forma a irem além das ações básicas, como distribuição de alimentos, rou-pas, colchões e lonas. O que se vê, na maioria das vezes, são pessoas volun-tariamente se organizando, geral-mente sem a participação do poder público na administração das ações - furtando-se às suas atribuições.De modo geral, a avaliação do impac-to dos desastres pelo poder público é medido pelos danos humanos, mate-riais e ambientais, numa perspectiva mais econômica que social. Não é avaliada a dimensão do sujeito afeta-do e/ou atingido, sua vulnerabilida-de psicológica e eventuais compro-metimentos de sua saúde mental, já
Apresentação dos resultados dos trabalhos em grupo nas atividades de formação.Estudantes fizeram manifestação pelo meio ambiente em
diversas oportunidades ao longo do percurso do projeto.
Prevenção de Emergências - Cáritas 4948 Prevenção de Emergências - Cáritas
que estes aspectos podem ter forte in�luência sobre sua condição de resposta à emergência, seja individu-al ou coletivamente.Desa�ios:sistematizar processos e procedi-mentos coletivos e e�icazes na pers-pectiva redução da vulnerabilidade das comunidades;4promover meios de �inanciamento da Defesa Civil para que possa contar com os recursos necessários para uma atuação mais e�iciente (técnica, material, ...)capacitar os agentes públicos e o reconhecimento da política pública localmente;construir e promover os meios para o efetivo envolvimento dos afe-tados e/ou atingidos e da sociedade civil no planejamento, na implemen-tação e no controle das ações da Defe-sa Civil;Outro ponto relaciona-se aos proces-sos de re�lexão e tensionamento da realidade socioambiental , que demandam tempo, especialmente quando desenvolvidos em localida-des formadas por pessoas sem víncu-
los comunitários, com baixa escola-ridade e grandes demandas na busca pelos recursos de subsistência. Esses fatores fazem com que tenham pouco tempo disponível para outras atividades. É preciso tempo para estabelecer vínculos de con�iança, além de paciência e perseverança. Por outro lado, é fundamental ter um olhar cuidadoso para os saberes desses grupos, valorizando essas qualidades e fortalecendo-as na construção das atividades.Em algumas localidades existe certa resistência às dinâmicas de trabalho coletivo, como os mutirões. Isso se deve a características da cultura local que precisam ser respeitadas, gerando o desa�io de re�letir sobre as práticas propostas pelo projeto para avançar na direção de uma mudança de comportamento.Um grande desa�io é lidar com o descrédito por parte das comunida-des em relação aos conselhos e órgãos públicos de forma a promo-ver o reconhecimento e a�irmação da Política Nacional de Proteção e Defe-sa Civil.
Um importante do APRENDIZADOPPE foi a necessidade de ter �lexibili-dade metodológica para dedicar tempo e recursos para promover debates mais aprofundados sobre temas relacionados à gestão de riscos e prevenção de emergências que vão aparecendo ao longo do projeto. Como exemplo, a alteração Código Florestal Brasileiro. É uma temática muito signi�icativa para o projeto e poderia ter sido melhor debatida nas regiões, com esclarecimento e cons-trução de um maior entendimento dos pequenos agricultores sobre a viabilidade de integrar sustentabili-dade da atividade agrícola com a preservação do patrimônio ambien-tal existente em suas propriedades. Outro exemplo foi a preparação para a Cúpula dos Povos na Rio + 20, que gerou momentos importantes de re�lexão nos grupos participantes do projeto, mas que poderia ser ainda melhor trabalhada e aprofundada considerando a importância desse tema.Também é necessário uma atenção especial para as estratégias de traba-lho em comunidades que passaram por eventos traumáticos. Esses gru-pos são mais fragilizados e precisam de apoio para vencer seus medos decorrentes das vivências anteriores. Devem ser fortalecidos para que possam buscar seus direitos e perce-bam que o problema não é daquele local, mas relaciona-se com uma perspectiva de sociedade, de Estado. As enchentes, por exemplo, tem a ver com intervenções drásticas no ambi-ente, como a construção de barra-gens sem nenhuma preocupação com o impacto ambiental.As avaliações indicam que o PPE, com suas forças, fragilidades e desa�ios, promoveu em cada região bene�icia-da pelo projeto a vivência de que, mesmo em situações adversas, é possível mobilizar atores sociais em torno de um objetivo comum. A percepção das demandas e potenci-ais locais levam à re�lexão coletiva na busca de soluções e ao desenvolvi-mento de ações simples e de baixo custo para incidir na mudança de realidade.
Face ao exposto fica evidente a importância e significado do projeto "Prevenção de Emergências: construindo comunidades mais seguras" para as comunidades e pessoas envolvidas ao longo do tempo nas atividades. Foram momentos de dedicação, reflexão e construção coletiva de soluções a partir da realidade e dos potenciais locais.
5.�Desa�os�para�o�futuro�
DO�MEIO�AMBIENTE�QUE�TEMOS�AO�MEIO�AMBIENTE�QUE�QUEREMOS
Considerando que o PPE é um projeto
com características mobilizadoras e
de desenvolvimento local, foi um
processo de identi�icação de cami-
nhos, mas que não se encerra. As
comunidades têm o compromisso e o
desa�io de manter as articulações e
avançar no propósito de prevenção
de emergências e gestão de riscos,
gerando comunidades mais seguras.
Na perspectiva de continuidade, a
partir dos aprendizados constituí-
dos, os grupos apontaram potenciais
caminhos a serem trilhados:
Eixos 1 e 2 – articulação com a Defe-
sa Civil, instâncias públicas e ato-
res sociais:
Avançar no trabalho de fortaleci-
mento das políticas públicas, especi-
almente Proteção e Defesa Civil, a
partir do capital social constituído ao
longo das formações e debates do
projeto. Com isso, promover a articu-
lação de forma mais efetiva visando à
criação e capacitação dos Núcleos
Comunitários de Proteção e Defesa
Civil (NUPDECs) e Coordenadorias
Municipais de Proteção e Defesa Civil
(COMPDEC's), fomentando o traba-
lho conjunto entre a comunidade e o
poder público para que cada um
tenha consciência de seu papel e
clareza de suas atribuições.
Quali�icar a construção de estraté-
gias de continuidade do projeto a
partir de uma premissa de envolvi-
mento dos atores sociais na de�inição
dos objetivos, indicadores, planos de
trabalho, ferramentas e de�inição de
etapas metodológicas, na perspecti-
va de melhorias dos processos inter-
nos do projeto.
Fortalecer as parcerias com lide-
ranças comunitárias, associações de
moradores, conselhos municipais,
poder público e instituições de ensi-
no, visando à diversidade de olhares
e capacidades técnicas de apoio às
comunidades. O vínculo estabelecido
com as comunidades despertou con-
�iança na execução do projeto e espe-
rança de uma vida mais digna.
Eixo 3 – Ações pedagógicas
A juventude foi reconhecida como
protagonista em todas as regiões de
atuação do projeto. Esse foi um resul-
tado buscado com intencionalidade
desde as primeiras ações do projeto e
precisa ser fortalecido, envolvendo
cada vez mais as escolas nas forma-
ções e capacitações, além de fomen-
tar a inserção do tema da Prevenção
de Emergências no currículo escolar.
Mostra de trabalhos nas comunidades do projeto, por ocasião da Cúpula dos Povos em junho de 2012.
Os mutirões para coleta de lixo foram oportunidades para tomar consciência sobre a atitude de cuidado com o meio ambiente.
Mobilizar parcerias para realiza-
ção de capacitações e assessorias
especí�icas para os atuais e novos
articuladores em diversas temáticas
importantes para o avanço do proje-
to nas comunidades, como exem-
plos: saneamento, reciclagem, meio
ambiente, políticas públicas de habi-
tação, estatuto das cidades, entre
outras.
Fomentar a apropriação das tec-
nologias de construção de cisternas
e recuperação/proteção de fontes
por mais pessoas.
Produzir subsídios formativos
sobre as ações do projeto e incenti-
var os moradores de bairros e cida-
des bene�iciados a multiplicarem
seus conhecimentos e experiências,
por meio da divulgação do projeto
em outras regiões.
Abordagens mais abrangentes:
Durante a realização do PPE,
houve várias iniciativas com uma
abordagem diferenciada, na pers-
pectiva de minimizar a vulnerabili-
dade e fortalecer os grupos locais
através da geração de trabalho e
renda, reciclagem, entre outros. A
busca de alternativas para sustenta-
bilidade �inanceira em sintonia com a
sustentabilidade ambiental tem um
potencial muito signi�icativo para a
mobilização de grupos em prol de
comunidades realmente mais segu-
ras.
Avançar no desa�io de articular as
diversas políticas públicas (educa-
ção, saúde, meio ambiente, sanea-
mento, cultura, habitação, segurança
alimentar, infraestrutura, etc.) com a
política de proteção e defesa civil. A
fragmentação dos programas e pro-
jetos enfraquecem o potencial de
melhoria da qualidade de vida, redu-
zem a aplicação de recursos para o
atendimento das demandas socioam-
bientais e abrem muitos precedentes
para os desvios de foco, especulação
em prol de interesses especí�icos de
grupos e/ou pessoas com interesses
econômicos e especulativos.
Debater com maior profundidade
e propriedade as questões relaciona-
das à apropriação e exploração do
patrimônio natural, com uma visão
econômica e capitalista. Temas como
“Economia Verde”, “Mercado de Car-
bono”, matriz energética, exploração
da biodiversidade das �lorestas, dos
solos e subsolos, privatização da
água e tantos outros pontos que
colocam em grande risco o planeta e
a sustentabilidade das comunida-
des, favorecendo um pequeno grupo
de pessoas e organizações e ampli-
ando signi�icativamente o contin-
gente de pessoas em vulnerabilida-
de socioambiental.
A realidade tem mostrado que para
obter sucesso nos processos de
desenvolvimento local é preciso
manter um diálogo constante e cons-
truir parcerias efetivas entre os ato-
res, estabelecendo novos padrões de
governança territorial, que possibili-
tem a efetiva melhoria da qualidade
de vida nas comunidades. O projeto
"Prevenção de Emergências: cons-
truindo comunidades mais seguras"
mostrou que é possível a parceria
entre o governo e a sociedade, de
forma a permitir a participação soci-
al, o protagonismo e o empreende-
dorismo dos cidadãos e sua corres-
ponsabilidade na gestão das ações
públicas.
6.�Anexo
PROTAGONISTAS�SIM,�VÍTIMAS,�NUNCA!MONADES – Movimento Nacional dos Afetados por Desastres Socioambientais
Busca também a prevenção para que mais pessoas não sejam atingidas por eventos climáticos extremos, cujas causas , na maioria das vezes , resultam de ações nefastas das mãos dos homens descompromissados com a vida no planeta.Neste momento, é urgente que cada atingido/a e afetado/a compreenda seu papel de cidadão de direito, mobilize suas comunidades, organize núcleos proativos e se some ao MONADES, para que juntos e fortalecidos possam lutar pelos seus direitos na esferas municipais, estaduais e federal.Desde 2011, quando foi criado em Brasília, o MONADES, apoiado por instituições como a CNBB, Cáritas Brasileira, Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social e Conselho Federal de Psicologia (CFP), tem construído um histórico de interlocuções com vários ministérios. Ao longo desse período, sempre reivindicou o cumprimento da constituição e o compromisso de não só atender os direitos dos atingidos/as e afetado/as, mas também criar políticas preventivas, para que não haja mais tantas perdas humanas.Os afetados/as são e devem ser
reconhecidos como protagonistas. É preciso negar a condição de vítima e assumir o protagonismo nessa luta pelos mais sagrados direitos constitucionais para que todos os atingidos/as e afetados/as, numa só corrente, possam gritar: PROTAGONISTAS SIM, VÍTIMAS, NUNCA!O MONADES busca promover o protagonismo através das lideranças locais de afetados para tomar a frente do debate direto com o poder público. A expectativa é que, ao acontecer um desastre, tenham representantes do MONADES no local ou nas proximidades para participar ativamente do processo antes da tomada de decisão, representando diretamente os afetados do local.Para efetivar essa expectativa é fundamental a realização de capacitações locais, nas cinco regiões do país, sobre temas importantes para a adequada representação dos direitos dos afetados.Além disso, há o desa�io de começar a entrar nas regiões, disseminando a luta, porque a partir do momento em que o MONADES estiver nas regiões, poderá receber uma gama
de informações que irão subsidiar o debate local com o governo, de forma direta. Para isso será necessário mobilizar recursos para despesas de logística e encontros regionais e nacionais.O MONADES é mais um “�ilho social brasileiro” que já está sendo reconhecido. Tem potencial de avançar e fazer papel político, social e histórico do Brasil. As possibilidades do sim ou do não estão no mesmo patamar. Dependem das ações práticas e essas ações dependem da leitura da realidade de uma perspectiva cidadã e atuante.Precisamos fazer com que os nossos governantes deixem de olhar os Afetados/as como coitados ou como aqueles que causam trabalho, despesa. É necessário tratálos como seres humanos capazes de se reerguerem diante de grandes tragédias, de trabalharem em parceria com os poderes públicos. Não somos empecilho, portanto devemos participar da reconstrução, que também é parte nossa.
Contato [email protected](61)34478722 (Clecir Fórum de Mudanças Climáticas)
Prevenção de Emergências - Cáritas 5150 Prevenção de Emergências - Cáritas
“O meio ambiente não se salva com palavras, com as grandes conferências, se salva com ações concretas, com gestos concretos e aí o Brasil tem uma grande contribuição a dar ao mundo. Eu cresci na escola ouvindo que a
Amazônia é o pulmão do mundo, mas ela não se salva com palavras. Desafios - construir um referencial teórico de forma a deixar uma base, algo visível que possa ficar para outras dioceses, outras comunidades”
Jorge Netto – representante Cáritas Alemanha
O MONADES é fruto da inquietação das pessoas que foram atingidas e afetadas por desastres socioambientais. O movimento quer ser uma resposta ao esforço para fazer valer o protagonismo dessas pessoas, enquanto sujeitos de direitos. Para isso, aposta no potencial humanizador e transformador de cada atingido/a e afetado/a, que busca, através de continua interlocução com o poder público, contribuir com sistemática participação nas discussões, elaborações e acompanhamento das políticas públicas e�icazes para reconstruir melhores condições de vida.
As atividades de formação foram permeadas por momentos de mística e de dinâmicas de grupo para facilitar a participação.