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Contemporaneu #1

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#01

ndicespecial BIGeditorial

estante

agenda

concurs

sos

depoimento

projetos de estudantes fotgrafos

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editoria

A arquitetura contempornea um campo de incertezas e complexidade. Facilita dividir o termo em dois: arquitetura vem da fuso de arch e tkton, palavras gregas que significam primeiro, principal e construo, respectivamente. Contempornea vem do latim contemporaneu, que do mesmo tempo, da mesma poca em que vivemos. Em suma, isso o que voc vai encontrar nas prximas pginas, nas prximas edies, por muito tempo: arquitetura da poca em que vivemos dentro de um projeto editorial elaborado para a informao, o entendimento, a interpretao, o enriquecimento de repertrio, o questionamento e a apreciao, tudo em visualizao digital. Cabe ressaltar o valor aqui atribudo ao fotgrafo de arquitetura proporcional sua importncia, segundo o nosso entendimento. Merecedor de uma seo especial, este profissional imprescindvel na divulgao da produo arquitetnica e na fertilizao do imaginrio que pretendemos promover. E por falar nisso, alm de agenda, dicas de livros, depoimento, trabalhos de estudantes e projeto para concurso, apresentamos a seguir, obras de arquitetura de todo o mundo. Isto , a magnitude dinamarquesa, a permeabilidade grega, as ondas canadenses, a reciprocidade japonesa, a interceptao gelada gacha, o requinte paulista, o genius loci australiano, a abertura norte-americana, a expressividade da pegada alem, a lio islandesa, o tapete croata e a ginga eslovena. Talvez voc veja de outra forma. Incertezas e complexidade, s virar a pgina.

Seja bem-vindo!

Equipe Contemporaneu

8 | contemporaneu | junho 2010

Para dvidas, sugestes, crticas, entre em contato com a Contemporaneu - arquitetura contempornea pelo email:[email protected] #01 Capa: The Holy Road Arquiteto: BIG - Bjarke Ingels Group Editor Chefe: Gabriel Vespucci Diretora de Arte: Francis Graeff Fotgrafos desta edio: Art Gray, Carsten Kring, David Franck, Domagoj Blazevic, Eduardo Aigner, Gwenael Nicolas , Mats Wibe Lund, Paulo Risi, Peter Soerensen, Sigurgeir Sigurjnsson, Tomaz Gregoric, Ulrik Jantzen, Vegar Moen, Willem Rethmeier. Agradecimento: Affonso Risi, Alberto S. Portugal, Allard Terwel, Andrej Gregoric, Anna Tetas, Art Gray, Beate Bernhoft, Breno Viana de Mendona, Carsten Kring, Cathy Cunliffe, Daria Pahhota, David Franck, Domagoj Blazevic, Eduardo Aigner, Gabriel Giambastiani, Giorgos Mitroulias, Gwenael Nicolas, Iva Baljkas, Jae Rodriguez, Julian Weyer, Mrcio Mettig Rocha, Mark Cashman, Mats Wibe Lund, Paulo Risi, Peter Soerensen, Reiko Miyamoto, Richard Mosley, Roberto Bottura, Sigurgeir Sigurjnsson, Steve Christer, Tomaz Gregoric, Ulrik Jantzen, Vegar Moen, Wilko Hoffmann, Willem Rethmeier.

junho 2010 | contemporaneu | 9

estante

Entrevistas com ArquitetosHanno Rauterberg Viana & Mosley

O Processo de Pr e a Sustentabili na produ Arquit

O que na realidade fazem, o que esperam conseguir e como isso convincente? Hanno Rauterberg conversa com os mais clebres arquitetos da atualidade sobre suas aspiraes, as influncias em sua arquitetura e se seus projetos podem mudar o mundo. Informativo, acessvel e ricamente ilustrado, essa fascinante coleo de entrevistas oferece uma oportunidade para comparar , contrastar e conhecer os brilhantes arquitetos que esto moldando o mundo em que vivemos. Com mais de 50 fotos e entrevistas, o livro apresenta os maiores nomes da arquitetura contempornea, entre eles: Peter Zumthor Rem Koolhaas, , Norman Foster .

Marcio Edito

Fruto do mestrado esta publicao traz abrangente de arqu de cases que relata sistemas construtiv no reciclveis ou c ambiental. O livro a seguintes tpicos: O que construo s Disponveis, Como quitetura brasileira Interiores Corporat resposta internacio

Nos ltimos anos para desenvolver cidades europia senta uma oportu Expo 2010 Shang Transforming exa Shangai Transforming aspectos, incluind Iker Gil pblico. Grficos Actar fonte para entend10 | contemporaneu | junho 2010

rojeto idade o da tetura

Mobiliario urbano

Nuevos conceptosJacobo Krauel LINKS BOOKS

o Porto ora C4

do arquiteto Marcio Porto, az uma conceituao atual e uitetura sustentvel, atravs am a importncia de substituir vos e materiais de acabamento causadores de grande impacto aborda o tema atravs dos O que sustentabilidade?, O sustentvel?, Tcnicas e Materiais se certifica um edifcio, A arcomo referncia para o mundo, tivos, Planejamento Urbano, A onal e estudos de casos.

Neste novo volume da srie Mobiliario urbano Nuevos conceptos so apresentados mais de cem exemplos de bancos, iluminao pblica, balizas, lixeiras, fontes e abrigos, entre outros elementos do mobilirio urbano contemporneo. Eles so acompanhados por descries detalhadas de seus componentes, materiais e dimenses, bem como desenhos e diagramas que mostram desde a concepo inicial do produto at seu acabamento.

s, arquitetos do mundo todo esto descobrindo a China como o local perfeito r as suas arquitetura. Em contraste com as restries e limitaes de das as e americanas, Xangai, com a suas aparentes possibilidades ilimitadas, repreunidade nova e ousada para a arquitetura e urbanismo. A cidade, que abriga a ghai neste ano, est imersa em uma profunda transformao fsica. Shanghai amina essa transformao, concentrando-se em uma grande diversidade de do histria, recursos naturais e artificiais, economia, sociedade e percepo do e dados, juntamente com fotografias, e mapas, fornecem ao leitor uma rica der e apreciar este processo complexo.junho 2010 | contemporaneu | 11

Agend

BrasilArchitectour - Seminrio Internacional de Arquitetura para a Cultura e o Turismo15, 16 e 17/09/2010 Gramado Rio Grande do Sul

Mundo12a Bienal de Arquitetura de Veneza29/08/2010 a 21/11/2010 Veneza Itlia 22/09/2010 a 01/10/2010 Oslo Noruega

4a Trienal de Arquitetura de Oslo

Congresso Internacional de Arquitetura Latinoamericana06, 07 e 08/10/2010 Rosrio Argentina

Bienal Iberoamericana de Arquitectura y Urbanismo11 a 17/10/2010 Medelln - Colmbia

Trienal de Arquitectura de Lisboa14/10/2010 a 16/01/2011 Lisboa Portugal

Interieur 201015 a 24/10/2010 Kortrijk - Blgica

World Architecture Festival3, 4 e 5/11/2010 Barcelona - Espanha

12 | contemporaneu | junho 2010

Arquitetos e EstudantesSolar Park South - Online CompetitionInscries at 10/07/2010 FORMCities Inscries at 15/08/2010

Playable10: International Design CompetitionInscries at 01/10/2010 Inscries at 10/10/2010

Concursos

2o Prmio Suvinil de Inovao

ArquitetosConcurso Latinoamericano de Ideas para la Biblioteca Central del Bicentenario de la Municipalidad de RosarioInscries at 08/07/2010

Concurso Habitao para TodosInscries at 16/07/2010

Making Space 2010

Inscries at 08/08/2010

EstudantesWorld Architecture Festival - Student CompetitionInscries at 31/07/2010

Archiprix International 2011Inscries at 01/08/2010 Prmio SOLUES PARA CIDADES Inscries at 13/08/2010 junho 2010 | contemporaneu | 13

The Mountain Projeto: BIG + JDS. Fachada do estacionamento em alumnio perfurado para ventilao natural. A imagem do Monte Everest foi criada pela diferena de dimetros dos furos.

BIG - Bjarke Ingels Gro

oupJens Lindhe

The Mountain O partido adotado permite que a maior parte dos 80 apartamentos tenham terrao e vista para o sul.

Bjarke Ingels hoje um dos grandes expoentes da arquitetura contempornea mundial. Nascido em 1974, em Copenhague, estudou arquitetura na Dinamarca e em Barcelona e trabalhou no OMA Office for Metropolitan Architecture, em Roterd (Holanda). Em 2001 retornou Dinamarca para fundar, ao lado de Julien De Smedt, o PLOT. Cinco anos depois funda o BIG Bjarke Ingels Group, cuja equipe conta atualmente com 90 pessoas, na maioria arquitetos, designers, pensadores e construtores. O dinamarqus define o trabalho doBIG - Bjarke Ingels Group

BIG - Bjarke Ingels Group

BIG como alquimia programtica, pela freqncia com que o grupo intercala ingredientes convencionais nos campos da arquitetura e do urbanismo, como habitao, trabalho, lazer, comrcio, cio, estacionamentos, para propor e viabilizar solues ao mesmo tempo pragmticas e utpicas. F de Philip Johnson, Nietzsche, Bjrk e do roteirista Charlie Kaufman (do filme Adaptao), Bjarke Ingels, apenas 35 anos, exibe seu perfil multifacetado: alm de comandar um dos escritrios mais influentes da atualidade, exibe talento como palestrante, aparece como personagem que descreve os projetos (seja em vdeo, seja em forma de quadrinhos) e professor-visitante nas universidades norte-americanas Rice, Harvard e Columbia.

BIG - Bjarke Ingels Group

BIG - Bjarke Ingels Group

Acima: vista dos terraos. No meio: os terraos so separados por portas vai-e-vem e possuem sistema de irrigao para a vegetao do jardim. Abaixo: Estacionamento e elevador diagonal que d acesso aos 11 pavimentos do edifcio.

Ulrik Jantzen

junho 2010 | contemporaneu | 17

Com garagem e bicicletrio, o pavimento trreo conta ainda com 3 apartamentos, 4 lojas comerciais e 9 circulaes verticais, todas com acesso pelo exterior do edifcio.

Planta Baixa PrimeiroPavimento

Planta Baixa 4o Pavimento

O partido adotado permite que, em alguns pavimentos, os moradores possam estacionar em frente s suas casas. Em algumas partes do estacionamento a altura do p-direito chega a 16 metros, garantindo boa ventilao e iluminao.

18 | contemporaneu | junho 2010

BIG - Bjarke Ingels Group

Fachada Sudoeste

Corte Longitudinal

Corte Transversal

junho 2010 | contemporaneu | 19

Uma arquitetura mais inclusiva do que exclusiva. Uma arquitetura livre da monogamia conceitual do compromisso com um nico interesse ou idia. Uma arquitetura em que voc no tenha que escolher entre pblico ou privado, amplo ou compacto, urbano ou suburbano, ateu ou muulmano, apartamentos modestos ou campos de futebol [...] Uma arquitetura que permita que voc diga sim a todos os aspectos da vida humana, no importa quo contraditrios so! Uma forma arquitetnica de bigamia, na qual voc no precisa escolher um sobre o outro: que voc comece a ter os dois (em YES IS MORE)

20 | contemporaneu | junho 2010

BIG - Bjarke Ingels Group

O arquiteto afirma que queria ser autor de histrias em quadrinhos, um sonho que de certa forma realizado na apresentao das obras do escritrio. Em todas elas h um archicomic, fartamente ilustrado com esquemas, fotos e modelos, que explica e conceitua os edifcios de forma simples, didtica e bem humorada. O principal archicomic do grupo, entretanto, o livro chamado YES IS MORE an archicomic on architectural evolution, um catlogo-manifesto-pop que expressa o processo criativo do BIG em 35 de suas obras, percorridas desde a prancheta at a construo concluda.

Holy Road Projeto: BIG O terreno, na rea central de Atenas, possui trs frentes e uma praa localizada nos fundos, o que gerou o partido da circulao interna formando a malha residencial.

junho 2010 | contemporaneu | 21

O edifcio remete a um imenso bloco de mrmore com rachaduras que formam os espaos pblicos. Para criar sombras e chegar na rea mnima exigida, a parte superior dos blocos foi extendida, fazendo com que os caminhos ficassem com 4 metros de largura na base e 1 metro no topo.

Essa abordagem anti-clssica e informal, carregada de liberdade, de expresso e de criao pronunciada tambm em sua arquitetura. Segundo Ingels, o campo da arquitetura dinamarquesa -e mundial- foi dominado por duas vises opostas: de

um lado uma postura vanguardista utpica e ingnua; do outro, a monotonia das caixas pragmaticamente previsveis repetidas exausto pelos grupos corporativos estabelecidos. Sua proposta a de se encontrar a sobreposio entre as duas vises. De fato, perceptvel na obra do BIG pouca ou nenhuma nfase para solues universais e (ou) debate ideolgico e muito espao para intervenes especficas em formas arrojadas. Sua produo, de grande aceitao popular, obriga a crtica a falar sobre forma, at hoje subjugada pela teoria, pela verdade por trs. Aqui, o edifcio a teoria e a verdade nada mais que a evoluo, fruto da experincia, do desafio e da incompletude.

22 | contemporaneu | junho 2010

BIG - Bjarke Ingels Group

Astana National Library Local: Cazaquisto Projeto: BIG A forma inspirada na Fita de Mbius, um espao topolgico caracterizado pela toro da superfcie, que passa a ter um s lado. As fachadas se movimentam de dentro para fora e vice-versa, significando a mescla entre local e universal, tradio e futuro.

Archicomic e a informalidade: a explicao bem humorada do contexto do projeto feita pelo prprio Ingels, que aparece ao lado do reprter cazaque Borat, personagem de um sucesso do cinema.

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BIG - Bjarke Ingels Group

A concepo dos projetos e linhas adotadas sempre bem justificada, tanto devido criatividade do partido embrionrio quanto pelo resultado formal e funcional. Pode-se dizer que o BIG e a sua obra miram em dois alvos, nem sempre conflitantes, nem sempre juntos: a aprovao popular e da crtica. E com frequncia os acerta, conseguindo fascinar o pblico dito leigo e se sustentando em uma anlise objetiva, como conferir identidade ao contexto, permitir o conforto ambiental, proporcionar espaos qualificados de mltiplas vivncias, questionar certos padres

de uso, experimentar novas formas etc. Mas quando erra os alvos, se erra, quem aparece so as maquetes eletrnicas repletas de identidade, os archicomics, as fotografias primorosas, o discurso sustentvel, a tecnologia de ponta, os diagramas criativos e os, j consagrados, vdeos com animaes como o caso do que apresenta o projeto 8 House. Separar o edifcio construdo do processo de antes, durante e depois , aqui, um erro. A questo no s o que se mostra, mas tambm como se mostra.

Estrutura Interna

Estrutura Externa

Forma Final

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i

O parque ao redor do edifcio representa a diversidade da paisagem nacional e disposto no terreno atravs de um padro radial, obtido pela rotao da paisagem linear que cruza as cidades de Almaty e Astana, respectivamente, a antiga e a nova capital cazaque.

i

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BIG - Bjarke Ingels Group

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Ellsinore Psychiatric Clinic Projeto: BIG + JDS Com dois pavimentos, a clnica psiquitrica possui partes enterradas, permitindo que haja maior contato com a rea verde do seu entorno e a vista do edifcio principal do hospital seja preservada.

Dragr Luftfoto

Vegar Moen

Se a apresentao, a divulgao miditica e os processos criativos diagramticos, to bem explorados pelo BIG, aparentam valor semelhante ao do edifcio, isso resultado da sua formao. O uso de tais ferramentas, por assim dizer, herana da prpria escola contempornea de arquitetura, da qual, por razes bvias e tambm geogrficas, podemos pinar o MVRDV e, primeiramente, Rem Koolhaas. Responsveis pela substituio do antigo binmio forma-funo por conceito-programa, impulsionando esta nova concepo de contemporaneidade arquitetnica. E a partir dessa superao, ou em meio a ela, que entra o BIG, com seus espaos multifuncionais, buscando testar solues espaciais e formais, mais e mais impressionantes, prezando pela individualidade e pelo conforto, pelo apuro tcnico sem concesses e com entusiasmo. Sem ser paradigmtico, sem a pretenso de domesticar o usurio ou o espectador e rejeitando eventuais discursos pr-concebidos. Entre o carter autoral e empresarial, o BIG escolheu os dois. Sua pretenso mais parece ser a materializao e a apreciao da criatividade luz do seu lema sim mais.Texto: GV Imagens: cortesia de Bjarke Ingels Group Trechos destacados: YES IS MORE, Taschen, 2009

Vegar Moen

Peter Soerensen

30 | contemporaneu | junho 2010

BIG - Bjarke Ingels Group

Mies van der Rohe - Less is more. Robert Venturi - Less is a bore. Philip Johnson - Im a whore. Rem Koolhaas - More and more, more is more. Barack Obama - Yes, we can. BIG - Yes is more.

Pavimento Trreo

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Um olhar so

obre o modernismo brasileiroTexto e fotos por Julian Weyer

O inconfundvel skyline de Braslia, especialmente o do Congresso Nacional, provavelmente uma das primeiras imagens modernistas que eu, quando criana, teria associado com o termo arquitetura muito antes de me tornar um arquiteto.

Julian Weyer um arquiteto e fotgrafo alemo, formado em 1994 pela Faculdade de Arquitetura de rhus, em rhus, Dinamarca. Em 1995 comeou a trabalhar no escritrio dinamarqus C. F. Mller Architects, do qual scio desde 2007. Veja as fotos de sua viagem pelo Brasil.34 | contemporaneu | junho 2010

Um olhar sobre o modernismo brasileiro

O inconfundvel skyline de Braslia, especialmente o do Congresso Nacional, provavelmente uma das primeiras imagens modernistas que eu, quando criana, teria associado com o termo arquitetura - muito antes de me tornar um arquiteto. Mais tarde, na escola de arquitetura, o trabalho de Oscar Niemeyer tornou-se objeto de uma curiosidade mais profissional - uma curiosidade alimentada pelo fato de que sua obra era considerada quase politicamente

incorreta, em grande parte no apenas por se afirmar modernista, mas pela franca monumentalidade. Acrescente a isso o fato de eu me defrontar, em uma loja de livros antigos, com uma publicao elegante e de otimismo reluzente, datada de 1950 e com o ttulo Brazil Builds. Isso obviamente provocou-me um desejo intenso de ir ao Brasil e Braslia para ver estes edifcios em seu habitat natural. E o que eu esperava encontrar?

junho 2010 | contemporaneu | 35

Pgina anterior: Congresso Nacional (Oscar Niemeyer). Esquerda: Escada helicoidal no interior do Palcio Itamaraty (Milton Ramos e Joaquim Cardoso). Direita: Catedral de Braslia (Oscar Niemeyer).

Pgina seguinte: Esquerda: jardim superior do Palcio Itamaraty (Oscar Niemeyer). Direita: Casa das Canoas (Oscar Niemeyer).

Aparentemente, a essncia de cada edifcio pode ser capturada por um de seus desenhos de linhas belas e singelas - um pequeno rabisco.36 | contemporaneu | junho 2010

Um olhar sobre o modernismo brasileiro

A partir do meu conhecimento prvio, seria a experincia consequencial do desenho, avassalador e arrojado - a frieza chocante da mesma fachada por centenas de metros: empilhando as mesmas curvas em camadas incontveis ou simplesmente virandoas de cabea para baixo at completar a composio. Mas seria mesmo isso? A sutileza de Niemeyer em comunicar conceitos s contribui para essa ideia. Aparentemente, a essncia de cada edifcio pode ser capturada por um de seus desenhos de linhas be-

las e singelas - um pequeno rabisco. Porque assim que a maioria dos arquitetos reconhecero a arquitetura de Niemeyer. natural perceber esta como a principal qualidade de sua obra: o desdobramento sublime de formas simples, quase infantis, e gestos enquanto smbolos maiores do que a prpria vida, ou, em outras palavras: mais escultura do que construo. Felizmente, foi surpreendente e gratificante visitar os prprios edifcios, pois s assim se percebe o que l acontece. As diferenas entre

Ainda hoje sinto um prazer culpvel por ter adentrado por este cinematogrfico universo paralelo

eles se tornam claras, a despeito da semelhana tipolgica, por exemplo, dos vrios ministrios de Braslia. Os interiores seguem surpreendendo, com seus diferentes espaos, texturas, efeitos de iluminao, obras de arte e espaos verdes, contrastando vigorosamente com o rgido exterior. difcil no notar o brilho destes edifcios. Mas o poder iconogrfico da obra, j visto inmeras vezes nas imagens clssicas, simplesmente ocultou sua verdadeira diversidade espacial e a inusitada integrao artstica atravs das recorrentes colaboraes de artistas como Marianne Peretti e Athos Bulco. evidente que a arquitetura brasileira muito mais do que o trabalho de Niemeyer, e mais do que alguns outros exemplos tambm includos38 | contemporaneu | junho 2010

aqui, como obras valorosas de Vilanova Artigas, Mendes da Rocha e Reidy, que mantm as mesmas qualidades. E ao redor de tudo, at o ponto em que se aparenta quase onipresente nas cidades brasileiras, est a paisagem de Burle Marx, figurando-se totalmente integrada com todas as peas de arquitetura nas quais toca. O melhor de tudo que a magia prometida por aquelas to sedutoras imagens no evaporou com a experincia real. Ainda hoje sinto um prazer culpvel por ter adentrado por este cinematogrfico universo paralelo, onde escadas, rampas, varandas e terraos flutuam e fluem de forma dramtica, livres de qualquer inibio no que diz respeito gravidade, sade e segurana. Ou sujeio ao bom-senso!

exterior

Suburban Peekaboo

Halandri, Grcia Fotos: Cathy Cunlife

Area Office

Suburban Peekaboo

O acesso ao edifcio de uso misto na municipalidade de Halandri, a 12 Km de Atenas, era feita por um porto no muro que separava a rea pblica da privada. Com 9 degraus que vencem o desnvel de 1,5 metros entre a calada e o piso do pavimento trreo, a entrada para os escritrios localizados no trreo e os apartamentos a partir do primeiro pavimento era utilizada por moradores, pessoas que trabalham nos escritrios e seus clientes. Para redefinir as reas do edifcio e criar acessos distintos aos apartamentos e aos escritrios, a proposta fora criar uma passarela sobre o jardim que leva diretamente da calada ao bloco de circulao vertical da rea de apartamentos, localizada no primeiro pavimento. Para os escritrios, o acesso feito pela antiga circulao nica, que agora exclusiva para o pavimento trreo.

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exterior

A separao dos usos do edifcio e tambm do seu exterior feita por um muro em formato de L com tbuas de Iroko dispostas em diferentes ngulos, permitindo a separao de forma permevel, mas sem perder a privacidade.

Acima Esquerda: vista do muro pela calada. Direita: separao do acesso aos apartamento dos escritrios. Ao lado: planta baixa da interveno no terreno e localizao dos acessos.

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Suburban Peekaboo

Vista da Rua

Vista do acesso aos apartamentos

Vista do acesso aos escritrios

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Divulgao Waterfront Toronto

Simcoe WaveDeck

West 8 e DTAH

Toronto, Canad

urbano

Passeio da Queens Quay Boulevard antes da construo do Simcoe Wavedeck.

Inaugurado em meados de 2009, o Simcoe Wavedeck, virou um ponto turstico pela sua forma artisticamente inusitada e pela diversidade de usos nos seus espaos, entre os quais o relaxamento, a contemplao, a brincadeira e o passeio. Pode-se dizer que este deck ondulado est intimamente ligado com a candidatura de Toronto aos Jogos Olmpicos de 2008. A possibilidade de sediar o maior evento esportivo mundial atraiu volumosos investimentos e a mobilizou diversos setores da sociedade. Como de praxe, a cidade fazia planos audaciosos de revitalizao urbana. Era 2001 e Pequim acabou levando os Jogos, deixando Toronto em segundo lugar. Mas os objetivos iniciais no ficaram em segundo plano. Toda aquela energia e os recursos obtidos impulsionaram esforos conjuntos de diferentes instncias do poder pblico canadense [governo federal, Provncia de Ontrio e Prefeitura de Toronto] que criaram, no mesmo ano, a Waterfront Toronto, uma corporao destinada transformao de mais de 8.000 km2 de terrenos abandonados em reas de lazer, cultura, comrcio e residncias. Em 2006, a corporao lanou concurso para revitalizar 3,5 quilmetros de bordas dgua da rea central: cinco equipes foram convidadas com a finalidade

Divulgao Waterfront Toronto

46 | contemporaneu | junho 2010

Simcoe WaveDeck

de reconectar o centro comercial antiga rea porturia da cidade, separados por via frrea e de carros. Composta por diversos aterros que envolviam funes porturias, a rea, a exemplo do que ocorre em muitas outras grandes cidades do mundo, ficou subutilizada com o declnio do transporte aquavirio de cargas e pelo conseqente desinteresse industrial. O projeto foi direcionado a partir de duas necessidades principais: o alargamento

Com a forma de onda, a diferena entre o ponto mais alto e o mais baixo de 1,4 m.

Divulgao West 8

Divulgao West 8

urbano

Projeto vencedor do West 8 e DTAH para a revitalizao de 3,5 km de bordas dgua

Divulgao West 8

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Simcoe WaveDeck

junho 2010 | contemporaneu | 49

urbano

da calada da Queens Quay Boulevard - principalmente nos trechos em que o lago Ontrio ficava muito prximo rua - e a conexo entre os aterros existentes utilizando materiais e formas que dessem noo de conjunto ao projeto e que levasse em considerao as intervenes anteriormente promovidas pela Waterfront Toronto. O projeto vencedor, do escritrio holands West8 em parceria com o canadense DTAH, props transformar a rida Queens Quay Boulevard em um arborizado passeio pblico de 18 metros de largura. Para isso, reduziria de 4 para 2 faixas de trfego automotivo,

substituiria o canteiro central de concreto por um gramado -mantendo as linhas de VLT que passam por ali- e ligaria os aterros atravs de decks e pontes sobre o lago. Obviamente inspirado pelas ondas, o Simcoe Wavedeck parte integrante do projeto. Tem 650 m2 de rea e, ao lado dos trs decks j finalizados, o mais destacado. Localizado prximo famosa CN Tower, foi construdo em apenas oito meses com 3.670 tbuas de ip para o piso e lminas coladas de cedro amarelo para dar a forma curva aos degraus. (O processo de montagem pode ser acompanhado aqui).

Divulgao Waterfront Toronto

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Simcoe WaveDeck

Texto: GV Imagens: cortesia de West 8 e Waterfront Toronto

Divulgao Waterfront Toronto

Divulgao Waterfront Toronto

projetos

73 m2

C-2

Curiosity

Yamanashi, Japo Fotos: Gwenael Nicolas

Comandado pelo designer francs Gwenael Nicolas, o verstil estdio japons Curiosity segue a tradio oriental de buscar uma associao estreita com o meio natural e revela muita sensibilidade no projeto C-2 [Curiosity Two], construdo em 2006. Por fora e por dentro percebe-se que uma questo relevante recriar a paisagem diminuindo o limite fsico entre a construo e seus arredores. Pousada sobre um terreno em declive em uma rea florestal, a C-2 uma relquia contempornea escondida nas florestas da provncia de Yamanashi, oeste de Tquio.54 | contemporaneu | junho 2010

73 m2

O contexto de comunho entre homem e meio-ambiente notado desde o caminho de seixos brancos que leva construo. O caminho cruzado por um deck, que logo vira passarela. Uma parede se solta do corpo da edificao e origina o espao onde a passarela se posiciona e conduz ao interior. No sem antes revelar, ao fundo do corredor, a varanda e sua respectiva paisagem. No se empreende negao ou controle sobre a natureza: o terreno tem poucos vestgios de nivelamento e a veemente angulao do telhado ditada pelo poder das fortes nevascas que atingem a regio. alheio, porm,

a mimetismo. Os materiais e as formas empregados nas fachadas deste monobloco evidenciam a inteno de modificar o espao, conferir nova identidade. Soma-se a este propsito o uso do preto-e-branco. A pequena casa, por dentro, ampla. No pavimento de entrada, a inclinao do teto e paredes aparente. Alm da varanda, faz-se presente a sala, que incorpora uma cozinha rebaixada em trs degraus. E dali que parte a escada descendente pela qual feito o acesso aos quartos e banheiro. O p direito da sala alto, so 6 metros entre o piso e o cume luminoso.

C-2 Com 6 metros de p direito, o encontro entre teto e parede feito com vidro, permitindo a entrada de iluminao natural.

Pgina anterior: entrada da residncia feita por caminho em seixos brancos e deck de madeira. Abaixo: corredor de acesso residncia e varanda.

A vista da floresta pode ser observada dos quartos, banheiro e rea social.

73 m2

O jogo entre luz natural e artificial se destaca de forma bastante interessante, no se v luminrias. Enquanto a luz de fora entra e se modifica gradualmente conforme o dia, a luz interna omite suas fontes. A vista da floresta tambm penetra facilmente o interior da casa, potencializada pelas portas e janelas piso-teto. Os elementos naturais, luz e paisagem,

so sutilmente arrebatados e incorporados como elementos fsicos que concedem vitalidade obra. A C-2 resguarda o homem da natureza -e suas intempries- mas tambm a conduz para seu interior. Instala-se sobre o seu solo, mas preserva seu relevo acidentado. Enfim, uma intermediao recproca.

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C-2

Planta Baixa Segundo Pavimento

Trmino da construo: 2006 rea: 73 m2 rea do terreno: 469 m2 Oramento: U$ 200.000,00 Projeto arquitetnico: Gwenael Nicolas, Niitsugumi Estrutura: Niitsugumi Design de Interiores: Gwenael Nicolas

Planta Baixa Primeiro Pavimento

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Refgio So ChicoStudio ParaleloSo Francisco de Paula,Brasil Fotos: Eduardo Aigner

82 m2

Construdo para ser um refgio de finais de semana, o Refgio So Chico repousa sobre um terreno de 1610 m em So Francisco de Paula, Rio Grande do Sul. O municpio, com altitude de 945 m do nvel do mar, possui temperatura mdia anual de 14,4oC e ocorrncia anual de neve. Faz-se essencial o isolamento trmico. Outro detalhe importante que norteou a concepo do projeto a umidade decorrente do bioma local, a mata atlntica. Elevada do solo por blocos de concreto estrutural, a construo fica modulada protegida da umidade do solo e no h necessidade de movimentao de terra. Os perfis metlicos para a estrutura da residncia aliados com um sanduche de placas de gesso acartonado, l de rocha, painis de OSB e membrana permevel fazem o isolamento trmico, acstico e da umidade. A casa tem dois blocos interceptados. O bloco principal, revestido com telha ondulada metlica, abriga as duas sutes em lados opostos e se distingue da rea social, contida no bloco, que se destaca do permetro do principal -revestido com madeirae revela o interior das salas de estar, jantar e cozinha atravs da grande janela em fita.62 | contemporaneu | junho 2010

82 m2

Planta Baixa

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Refgio So Chico

Outro aspecto interessante do refgio o deck de madeira que quase encosta nas rvores e tem as funes de acesso aos blocos, hall de distribuio para os cmodos e varanda para contemplao da peculiar paisagem glida do sul do Brasil.

Projeto: 2006 Construo: 2007 rea: 82 m2 Arquitetos: Studio Paralelo Arq. Luciano Andrades Clculo fundaes e laje: Multiprojetos Eng. Norberto e Eng. Camila Bedin Clculo Steel Frame: Formac Brasil Arq. Mnica Montan Instalaes sanitrias: JC Hidro - Eng. Julio Cesar Troleis Instalaes eltricas: Eficientysul - Eng. Marcelo Alves Execuo fundaes e laje: PP Construes e Reformas Execuo: Sull Frame Engenharia Eng. Luciano Zardo

junho 2010 | contemporaneu | 65

82 m2

Fachada Leste

Fachada Norte

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Refgio So Chico

Corte Transversal

Corte Longitudinal

junho 2010 | contemporaneu | 67

Casa em So Paulo

Casa em So PauloAffonso RisiSo Paulo, Brasil Fotos: Paulo Risi

Sem traos de exibicionismo formal e pautada pela diligncia, clareza e preciso, caractersticas conhecidas da obra do arquiteto Affonso Risi, esta casa representa uma arquitetura que no privilegia uma s varivel, sendo consequncia do exerccio da articulao justa dos mais diversos componentes geradores. Fazendo parecer, tamanha singeleza, espontnea. Localizada na cidade de So Paulo, fica em um terreno em aclive, ex-

tenso longitudinalmente [50 m de extenso] e com pouca largura [9,5 metros, em mdia]. A opo de encostar a implantao em uma das laterais libera a passagem para o acesso ao amplo jardim nos fundos do lote. uma composio clara: dois blocos, de cores distintas, separados e interligados por uma escada em meio a um vo central. O bloco frontal, branco, constitudo de: abrigo de carros e dependncias de serjunho 2010 | contemporaneu | 69

281 m2

vios no trreo e espaos de uso comum [estar com lareira, jantar, cozinha, varanda] no andar superior. O bloco vermelho tem um estdio no trreo e toda a parte ntima no piso acima, como sute, demais quartos, sala ntima e escritrio. Entre os dois, o vo com a escada aberta, sem revestimento e em balano. o elemento central do projeto, se estende at o solrio na cobertura e refletida pelo espelho dgua com carpas no trreo.

J no piso superior, a escada chega a uma galeria por onde so acessadas as funes ntimas e a sala, em lados opostos. H a evidente inteno de se promover espaos internos contnuos, a exemplo da integrao entre cozinha-sala e escritriosala ntima. O fato de no haver aberturas na cozinha, devido sua posio no limite lateral do lote, compensado de forma engenhosa, tanto pela fluidez dos ambientes [grandes janelas na sala de jantar

70 | contemporaneu | junho 2010

281 m2

Casa em So Paulo

e estar, inclusive para o vo da circulao vertical] quanto por aberturas zenitais. A rea de servios, na mesma face da edificao, tambm recebe tratamento especial: abre-se para uma espcie de ptio interno, descoberto, e com parede curva de tijolos de vidro fronteiria da rea ntima, que se beneficia com mais luz e sensao de amplitude. O zelo com o projeto, examinado a fundo, avigora o resultado. Isso percebido em toda a complexidade do desenho: na cobertura do solrio, na paginao dos forros, no paisagismo, na lareira e na esbeltez da escada. Somente as carpas parecem escapar ao rigor do processo projetual, com vasto detalhamento.

junho 2010 | contemporaneu | 73

281 m2

Planta Baixa Primeiro Pavimento

Implantao

74 | contemporaneu | junho 2010

Casa em So Paulo

Planta Baixa Segundo Pavimento

junho 2010 | contemporaneu | 75

281 m2

Corte CC

Corte DD

Corte FF

Corte GG

Corte HH

76 | contemporaneu | junho 2010

Casa em So Paulo

Fachada Nordeste

Construo: 2005 - 2008 rea: 281 m2 Arquiteto: Affonso Risi Arquitetos Colaboradores: Willian T. S. Miyagui e Frederico E.Sabella Estagirio: Lucas Bittar FAUMack Estrutura: HGA - Eng. Jos Luiz Botta de Assis Luminotecnia: Espao Luz - Arq. Rosane Haron Paisagismo: Julia Risi e Marina Toscano Obra: Eng. Lineu Botta de Assis Mestre de Obras: Jos Antnio da Silva

Fachada Sudoeste

junho 2010 | contemporaneu | 77

300 m2

House for Art CollectorsSubrbio de Sydney, Austrlia Fotos: Willem Rethmeier

MCK Architects

A House for Art Collectors, do escritrio australiano MCK Marsh Cashman Koolloos Architects, uma residncia para um casal apaixonado por arte e livros. As exigncias para esta residncia na rea urbana de Sydney eram simples: um lugar para morar e traba-lhar, para expor sua coleo de arte, para armazenar sua biblioteca, um espao vazio central e uma linguagem moderna. O partido arquitetnico partiu da considerao s dimenses do terreno, inclinao e ao fato das duas faces menores do lote encontrarem o espao pblico. As dimenses impuseram um projeto linear. O terreno78 | contemporaneu | junho 2010

desce 3,5 metros de uma extremidade outra do terreno, o que possibilitou a entrada de carros de um lado e a de pedestres no outro, em patamares distintos. A casa disposta em trs nveis. O andar inferior destinado garagem e a um grande depsito. No pavimento intermedirio esto reas comuns, a entrada, o estar, os dois estdios e o ptio interno com piscina. Acima esto a sute e o quarto de hspedes. Os estdios ficam nas extremidades opostas: um externo casa principal e o outro, prximo entrada, abrigado pela parede de livros.

300 m2

A impossibilidade, devido ao stio, de orientar para o norte os espaos de maior utilizao, compensada com algumas estratgias ambientais: iluminao zenital sobre o centro da edificao principal, iluminando os dois nveis; grandes aberturas nas fachadas leste e oeste, que permitem ventilao cruzada e, por fim, persianas motorizadas que controlam a entrada direta de sol de manh e tarde. A casa tem piso aquecido para as reas de estar e banheiro principal. No h ar condicionado. A arquitetura resultado da anlise e articulao do programa com o stio tendo como referncia a reinterpretao de uma terraced house*, devido aos dispositivos legais e s caractersticas de ocupao da quadra em que se encontra, nos quais permitido e quase um imperativo- no haver recuos laterais. Reinterpretar a tipologia terraced house, na conjuntura em questo, significa deix-la mais aberta, fluida e dinmica espacialmente. Incluindo-se a isso o uso de cores neutras e diversidade de materiais, tratando o interior como um percurso sensorial, para os moradores e visitantes.80 | contemporaneu | junho 2010

300 m2

Projeto: 1998 Construo: 2001 rea: 300 m2 Arquitetos: Rowena Marsh; Mark Cashman; Steve Koolloos; Kent Elliott; Francis Falzon Construtor: Berg Bros P/L Estrutura: Birzulis & Associates Engenheiro Hidrulico: John Amey & Associates Paisagismo: Barbara Schaffer Design e Liz Callaghan Design Pgina Anterior: o bloco que se destaca interna e externamente abriga o banheiro da sute e o closet.

Fachada Frontal do Terreno

Fachada Posterior do Bloco

Fachada Posterior do Terreno

82 | contemporaneu | junho 2010

House for Art Collectors

Corte Longitudinal Cada pavimento da residncia tem uma funo: o primeiro abriga a garagem e depsito, o segundo a rea social e os estdios de trabalho e o terceiro, rea ntima. O desnvel de 3,5 m permitiu que a garagem ficasse no nvel da rua dos fundos, criando entradas independentes para automveis e pedestres na residncia.

Planta Baixa Segundo Pavimento

Planta Baixa Terceiro Pavimento

junho 2010 | contemporaneu | 83

House for Art Collectors

bastante curioso saber que a House for Art Collectors est sobre uma rea que j abrigou, no passado, uma galeria de arte. como se o genius loci tivesse preestabelecido um programa e atrado os atuais moradores para materializar novamente suas vontades. E o MCK surgisse apenas para reafirmar essa vocao artstica essencial.A ausncia de janelas por no haver recuos laterais fez com que os arquitetos criassem grandes aberturas no teto para entrada de iluminao natural.

*Terraced house: tipologia em fita de residncias contguas, alinhadas e idnticas, introduzida como vilas operrias e com grande expresso no perodo vitoriano. Procurada hoje em dia em vrias partes do mundo, inclusive nas cidades grandes da Austrlia, por estar perto das reas centrais e a preos mais acessveis]

junho 2010 | contemporaneu | 85

418 m2

86 | contemporaneu | junho 2010

Openhouse

Openhouse

Los Angeles, EUA Fotos: Art Gray Photography

XTEN Architecture

A residncia fica em uma propriedade de acentuada inclinao de Los Angeles, EUA. O terreno desafiador, na regio de Hollywood Hills, levou os arquitetos do Xten busca de uma soluo com linguagem atual, de integrao paisagem, adequao climtica e que potencializasse a vista panormica da cidade. Os grandes e deslizantes painis de vidro serviram bem a estes propsitos.junho 2010 | contemporaneu | 87

418 m2

H dois pavimentos principais nos quais so distribudos os ambientes. Quase no h compartimentao interna: estar, jantar, cozinha, lareira, escada e terrao habitam um mesmo espao contnuo, no pavimento inferior. Excees, s mesmo o lavabo e uma sute. No andar de cima, h outra sute, maior e com closet, terrao e jardim diretamente ligados ao banheiro da sute, aproveitando-se do desnvel do terreno, graas a um muro de conteno externo. A lareira de peas de granito empilhadas um elemento visual central que estrutura verticalmente a edificao, a partir do piso da sala at o andar superior.

Openhouse

junho 2010 | contemporaneu | 89

418 m2

A fachada que segue os contornos da encosta -sudoeste- regida por uma s tira, representada pela espessa laje entre pavimentos e pela de cobertura. Dobra-se verticalmente na lateral da edificao e oculta-se transversalmente de forma pontiaguda, no momento em que separa a sute do grande terrao superior. Mas, a despeito dessa caracterstica, quem protagoniza no s na fachada, mas no conjunto geral, so os painis de vidro. Ao todo so 44 painis de esquadrias pretas que deslizam sobre trilhos e abrem ou fecham a casa para o exterior. So o invlucro elementar da casa e, a depender de onde esto dispostos, ocultam-se completamente de diversas maneiras: em cantos, entre paredes duplas, em cmodos ocultos ou simplesmente deslizam para alm do permetro do edifcio. Acompanhados por beirais que os protegem da entrada direta dos raios solares principalmente no vero, os painis -fechados ou abertos- revigoram a j vigorosa vista cinematogrfica, com os edifcios mais altos concentrados no skyline. Cabe aqui citar que a casa palco do filme Spread, de 2009, estrelado pelos atores Ashton Kutcher, Anne Heche e Margarita Levieva.

Openhouse

A continuidade do piso de cascalhos de quartzo, que se espalha de dentro para fora, e a ligao direta com jardins denotam uma sensvel preocupao na integrao com o contexto. Tanto quanto a fluidez dos espaos internos e as inmeras possibilidades de aberturas em lados opostos, que de forma eficiente, capturam os ventos predominantes para ventilar e resfriar a casa atravs de ventilao cruzada. Um vestbulo no ponto mais baixo da casa pode ser aberto em conjunto

com painis de vidro no segundo andar para criar ventilao vertical, como uma chamin trmica para distribuir ar fresco e expulsar o ar quente. O paisagismo do entorno composto de espcies nativas com uso de xeriscaping [ou xerogardening], uma tecnologia utilizada usualmente por paisagistas no oeste dos Estados Unidos para reduzir a quantidade de gua e facilitar a manuteno. H tambm o uso de grama artificial no piso do jardim que abriga uma sala de refeies ao ar livre.

junho 2010 | contemporaneu | 91

418 m2 Planta Baixa Primeiro Pavimento

Corte Longitudinal

92 | contemporaneu | junho 2010

Openhouse Planta Baixa Segundo Pavimento

Construo: 2007 rea: 418 m2 Arquitetos: Monika Haefelfinger & Austin Kelly, AIA, LEED AP Construtor: Peddicord Construction Prmios: 2007 AIA/LA Design Award, 2007 Miami+Beach, Bienal Architecture Award, 2009 Chicago Atheneaum/ European, Centre for Art & Architecture Award

Corte Transversal

junho 2010 | contemporaneu | 93

J. Mayer H. Architects

dupli.casaMarbach, Alemanha Fotos: David Franck

dupli.casa

A geometria da construo baseada na pegada deixada no terreno pela antiga construo, uma casa de 1984 que sofreu inmeras ampliaes e modificaes. A dupli.casa, do premiado J. Mayer H. Architects, concebida pela duplicao e rotao do contorno da edificao anterior, ecoando o que seria um registro arqueolgico. Fica em Marbach [prxima a Stuttgart], ao sul da Alemanha e tem uma bela vista para o centro antigo da cidade. como se uma massa flexvel -como um chiclete mastigado- fosse, simultaneamente, puxada para cima e torcida, na tentativa de se dividir em duas, mas no o fazendo por completo. A ao produz um pavimento intermedirio, cujas paredes oblquas seriam como fibras que mantem as partes unidas. Este mesmo pavimento apresenta, portanto, maior proporo de vazios [incrementada ainda por um trio central com iluminao zenital] em relao a cheios do que os outros pavimentos, mais encorpados. As aberturas ali esto mais para varanda e menos para janelas. O desejo de forma se traduz na configurao espacial sofisticada da casa, livre de arestas e detalhes, lisa, promovendo um aprimorado escorrimento da epiderme da fachadajunho 2010 | contemporaneu | 97

569 m2

pelo cho externo, que ladeia a construo. E neste mesmo piso transbordado rumo ao gramado v-se uma continuidade das aberturas do trreo [espelhada tambm nas janelas do ltimo pavimento], como um capacho pintado ou, ainda, uma curiosa sombra desses vazios, tambm esparramadas. Algumas caractersticas conferem obra um design peculiar e exclusivo: ausncia de quinas, formato irregular dos cmodos, forte comunicao emotiva, minuciosa ateno distri-

buio e configurao dos ambientes e desnveis, diferentes vistas de cada abertura e liberdade de expresso individual que conduz unidade plstica contorcida, surpreendente, de valor escultrico. Tem um aspecto futurstico, mas no futurista; est mais para uma espcie de expressionismo -a ser considerado mais como um estado de esprito que um movimento- contemporneo, aproximando-se de certas obras de Hans Scharoun, Eric Mendelsohn, Eero Saarinen, Gaud.

98 | contemporaneu | junho 2010

dupli.casa

junho 2010 | contemporaneu | 99

A casa de silhueta sinuosa apresenta diversas conexes antitticas. novidade sobre um stio arqueolgico oitentista; o novo que avista a cidade velha; a casa com duas piscinas na pequena cidade de menos de 15 mil habitantes; o preto e o branco, que por si s formam uma anttese; o monocromatismo em contraste com o verde ao lado e o azul acima. Dos tempos atuais -nos quais imperam indefinio, maior complexidade, constante movimentao e desprendimento formal sem precedentes- sntese, ao passo que cumpre a trade vitruviana de boa arquitetura: solidez tcnica [firmitas], utilidade social proveitosa [utilitas] e beleza esttica [venustas].

Projeto: 2005 - 2007 Construo: 2008 rea: 569 m2 Arquitetos: Juergen Mayer H., Georg Schmidthals, Thorsten Blatter, Simon Takasaki, Andre Santer, Sebastian Finckh Estrutura: Dieter Kubasch, Ditzingen und IB Rainer Klein, Sachsenheim Engenharia de Servio: IB Hans Wagner, Filderstadt Conforto Ambiental: IB Dr. Schaecke und Bayer, Waiblingen-Hegnach

100 | contemporaneu | junho 2010

569 m2

Planta Baixa Primeiro Pavimento

102 | contemporaneu | junho 2010

dupli.casa

Planta Baixa Segundo Pavimento

junho 2010 | contemporaneu | 103

569 m2

Planta Baixa Terceiro Pavimento

104 | contemporaneu | junho 2010

dupli.casa

Implantao

Corte Longitudinal

junho 2010 | contemporaneu | 105

960 m2

Ampl

O dilogo entre antigo e novo o tema da ampliao da Laugalaekjarskli, uma escola pblica de ensino secundrio em Reykjavk, capital da Islndia. O projeto do Studio Granda, fruto da parceira de 23 anos entre a islandesa Margrt Hardadttir e o britnico Steve Christer, cuja obra habitualmente utiliza-se dos princpios e elementos de um regionalismo crtico escandinavo, com materiais tradicionais e respeito identidade local.

O objetivo programtico ligar os dois blocos idnticos, de trs andares, construdos na dcada de 1960 [e reformados entre 2002 e 2004], atravs de uma estrutura que possa abrigar novas funes escolares. Para diminuir o impacto visual da nova edificao, a ligao entre os blocos antigos feita pelo trreo e a rea livre, antes da ocupao, transferida para a cobertura, mais baixa do que os prdios existentes, onde h circulao aberta e telhado verde.

106 | contemporaneu | junho 2010

Ampliao da Escola Secundria Laugalaekjar

liao da Escola Secundria LaugalaekjarReykjavk, Islndia Fotos: Sigurgeir Sigurjnsson e Mats Wibe Lund

Studio Granda

junho 2010 | contemporaneu | 107

Mats Wibe Lund

Sigurgeir Sigurjnsson

960 m2

1 2 3 4 5

-

Auditrio Biblioteca Corredor Administrao Bloco Existente

1

5

3 4 2

5

Planta Baixa Primeiro Pavimento

110 | contemporaneu | junho 2010

Ampliao da Escola Secundria Laugalaekjar

1 - Auditrio 2 - Acesso aos Blocos Existentes 3 - Bloco Existente

1

3

2

Projeto: 2001 - 2003 Construo: 2003 - 2004 rea: 960 m2 Cliente: Cidade de Reykjavk Arquiteto: Studio Granda Estrutura: VSO Engenharia de Servio: VGK Engenheiro Eletricista: VJ Contratante: Framkvaemd Consultor de acstica: lafur Hjalmarsson

3

Planta Baixa Segundo Pavimento

junho 2010 | contemporaneu | 111

Sigurgeir Sigurjnsson

960 m2

112 | contemporaneu | junho 2010Sigurgeir Sigurjnsson

Ampliao da Escola Secundria Laugalaekjar

Uma srie de clarabias e aberturas iluminam e expandem as reas internas e propiciam o reconhecimento das atividades nas circulaes superiores e do exterior. Com alguns recortes no volume, o zinco predominando nas fachadas e a preservao das entradas originais, o novo bloco sensvel ao esprito do entorno e promove uma integrao discreta, atual e bem sucedida com a paisagem construda.

Sigurgeir Sigurjnsson

Sigurgeir Sigurjnsson

Jardim de Infncia Medo Brundonjiric + arhitekti d.o.o.Zagreb, Crocia Fotos: Domagoj Blazevic

2300 m2

Jardim de Infncia Medo Brundo

Este jardim de infncia no subrbio da capital croata foi inicialmente concebido como um edifcio-esteira [Ou mat building, conceito introduzido nos anos 70 por Alison Smithson, que prope uma trama horizontal de elementos interligados dentro de uma ordem geomtrica legvel. usado tambm o termo edifcio-tapete] situado em um terreno com pequena rea edificvel e intensamente sombreado por um edifcio vizinho de nove andares, ao

sul. A esteira, marcada por um jogo de cheios e vazios, empurrada e dobrada em direo ao sol, transformando os jardins em terraos e o corredor em escada. As fachadas so contnuas e fechadas, exceto no lado oeste, quando h recortes e transparncias, promovendo interao do interior com a rua, um importante local de passagem da vizinhana. uma homenagem dos arquitetos ao artista norteamericano Dan Graham, da obra

junho 2010 | contemporaneu | 117

2300 m2

An Alteration of the Suburban House, de 1978, na qual reflete sobre a casa suburbana enquanto palco da representao pblica da vida domstica convencional, o sonho da classe mdia americana. Descrito como um projeto compacto, introvertido, autodinamizador e com os limites claramente definidos, oferece uma variedade de espaos ao ar livre - ptios cobertos para o inverno, terraos e um jardim no terrao superior. Os vazios so parte inerente do projeto. H tambm um grande parque na parte de trs do prdio. O interior caracterizado pela transparncia intensiva e pela completa interligao entre os locais das crianas e dos funcionrios, justificando-se pelo carter didtico. A criana v uma mulher escrevendo em um computador, um funcionrio contando o dinheiro, outros costurando roupas ou cozinhando. Ela tambm convive com a entrada de novos produtos, o controle do aquecimento e a reparao do mobilirio. Essa interao com o trabalho dos profissionais ao seu redor simula uma situao cotidiana na cidade: a criana tem ali uma introduo vida real.120 | contemporaneu | junho 2010

Jardim de Infncia Medo Brundo

2300 m2

Projeto: 2005 Construo: 2006 - 2008 rea: 2300 m2 Cliente: Cidade de Zagreb Arquitetos: Hrvoje Njiric, Davor Busnja Estrutura: G&F - Eugen Gajsak Engenharia de Servio: SM Inzenjering, HIT Projekt, ELAG Contratante: Jelacic d.o.o.

122 | contemporaneu | junho 2010

Jardim de Infncia Medo Brundo

junho 2010 | contemporaneu | 123

Terrao

Terceiro Pavimento

Segundo Pavimento

Primeiro Pavimento

Jardim de Infncia Medo Brundo

Cortes Transversais

Corte Longitudinal

junho 2010 | contemporaneu | 125

Ampliao do Estdio Ljudski VrtOFIS arhitekti e Multiplan arhitektiMaribor, Eslovnia Fotos: Tomaz Gregoric

3400 m2

Escolhida como Capital Europeia da Cultura para o ano de 2012 [ao lado da portuguesa Guimares], Maribor a segunda maior cidade eslovena e conta com um considervel leque de opes tursticas: conhecer a mais antiga videira do mundo, passear de jangada pelo rio Drava e visitar seu rico patrimnio histrico e arquitetnico, no qual figuram um castelo do sculo 15 e uma catedral romnico-gtica. Mas o que ainda no consta dos guias tursticos a produo arquitetnica recente da cidade, a exemplo do Stadion Ljudski Vrt, que mesmo no se tratando de uma moradia, a casa da equipe de maior xito do futebol esloveno, o NK Maribor. Localizado no centro da cidade, de aproximadamente 150 mil habitantes, o estdio era at o ano de 2006 apenas um campo poliesportivo com apenas uma arquibancada lateral protegida por uma imponente abboda de concreto dos anos 60. Em 1998 foi realizado um concurso para sua ampliao, do qual saram vitoriosos os escritrios OFIS Arhitekti e Multiplan Arhitekti. O programa institua a transformao do campo em um estdio de futebol para 12.500 espectadores, com novas arquibancadas cobertas, camarotes,128 | contemporaneu | junho 2010

Ampliao do Estdio Ljudski Vrt

instalaes para a imprensa e reas de uso pblico. O incio das obras comeou apenas oito anos depois do resultado do concurso e, em 2008, o estdio foi concludo sob a superviso do OFIS. O projeto orientado pela criao de um grande plat, acima do nvel da rua, que abraa o campo pelas laterais desprovidas inicialmente de arquibancada. Este plat abriga vestirios, salas de ginstica, piscina,

junho 2010 | contemporaneu | 129

3400 m2

funes administrativas, escritrios e lojas, alm de embasar visualmente a nova arquibancada -incluindo sanitrios e servios de alimentao- e organizar o fluxo de entrada e sada dos torcedores. O novo anel de arquibancadas, integralmente coberto por acrlico fosco sobre estrutura metlica, ondulado, sendo que seus pontos mais altos e mais baixos foram definidos pelos arquitetos de acordo com a adequada visualizao do campo pelo usurio. Essa preocupao tam-

bm expressa pelo fato das ondas serem mais altas quanto mais prximas do centro do campo, onde so ofertadas as melhores vistas para o gramado. Prioriza-se, assim, a maioria do pblico. O corredor na extremidade externa do anel de arquibancadas [atrs dos assentos] em parte dividido por uma pele de vidro, separando camarotes e setor de imprensa da torcida. Se futebol e arquitetura se relacionam muito bem com arte, a cidade enfim dispe de um estdio altura

130 | contemporaneu | junho 2010

junho 2010 | contemporaneu | 131

Ampliao do Estdio Ljudski Vrt

de uma capital cultural. A extenso do Ljudski Vrt colocada de forma oportuna e harmnica ao pr-existente, mesmo distinguindo-se na proporo, nos materiais, no padro das cores dos assentos e at mesmo na opo em no se fundirem fisicamente num s corpo. O resultado uma bem organizada reunio de funes sendo receptivo ao pblico e uma linguagem bastante prpria dos tempos atuais. Isso tudo em uma forma inusitada que enriquece esse tipo de edificao, cujo programa tradicionalmente complexo e rigoroso, em razo da especificidade primordial de ser palco de um jogo de futebol, com todas as suas implicaes.

Concurso: 1998 Construo: 2006 - 2008 rea: 3400 m2 Arquitetos Competio: Rok Oman, Spela Videcnik, Ales Znidarsic, Katja Zlajpah, Bernard Podboj. Arquitetos Fase Preliminar: Rok Oman, Spela Videcnik, Ales Znidarsic, Neza Oman. Arquitetos Construo: Rok Oman, Spela Videcnik, Andrej Gregoric, Nicole Khor, Martina Lipicer, Aitor Casero, Javi Carrera.

junho 2010 | contemporaneu | 133

3400 m2

Implantao

134 | contemporaneu | junho 2010

Ampliao do Estdio Ljudski Vrt

Planta Baixa Primeiro Pavimento

junho 2010 | contemporaneu | 135

3400 m2

Planta Baixa Segundo Pavimento

136 | contemporaneu | junho 2010

Ampliao do Estdio Ljudski Vrt

Planta Baixa Terceiro Pavimento

junho 2010 | contemporaneu | 137

3400 m2

Fachada Norte

Fachada Oeste

Corte Longitudinal

Corte Transversal

138 | contemporaneu | junho 2010

Ampliao do Estdio Ljudski Vrt

junho 2010 | contemporaneu | 139

de

projetos e estudantes

projetos de estudantes

Projeto: Pavilho Copa 2014 Disciplina: Ateli de Projeto I, Representao Digital I e Representao Grfica Perodo: 2o (1o ano) Instituio de ensino: Universidade Positivo

Alberto S. Portugal [email protected] www.betoportugal.com Curitiba

142 | contemporaneu | junho 2010

Alberto S. Portugal

Vista Frontal

Vista Posterior

Informaes

WC Masc

WC Fem

WC PNE Acessojunho 2010 | contemporaneu | 143

projetos de estudantes

Projeto: Agncia de Publicidade Disciplina: Projeto de arquitetura e interiores Perodo: 6o (3o ano) Instituio de ensino: Unicentro Belas Artes de So Paulo

Vista Av. 9 de Julho

Breno Viana de Mendona [email protected] Portflio So Paulo

Vista R. Estados Unidos

Corte AA

Corte BB

144 | contemporaneu | junho 2010

Breno Viana de Mendona

Planta Baixa Primeiro Pavimento

Av. 9 de Julho

Planta Baixa Segundo Pavimento

Av. 9 de Julho

junho 2010 | contemporaneu | 145

Rua Estados Unidos

Rua Estados Unidos

d

projeto de concurso

concurso

Biblioteca Nacional da Repblica TchecaADEPT ArchitectsPraga, Repblica Tcheca

O concurso internacional para a o novo prdio da Biblioteca Nacional da Repblica Tcheca tinha como objetivo escolher o projeto que apresentasse a melhor proposta no que diz respeito a aspectos urbanos, arquitetnicos, tcnicos e operacionais da biblioteca. A proposta do escritrio dinamarqus ADEPT Architects foi a de criar um edifcio que ocupasse as bordas148 | contemporaneu | junho 2010

do terreno. Para no perder a ligao existente entre a estao de metr e o parque, as paredes localizadas a noroeste e a sudeste seriam levantadas para permitir a circulao e conectar a rua com o trio central. As partes mais altas da biblioteca seriam espaos pblicos para observao panormica da cidade, enquanto o restante seria destinado a estudo, acervo, exibies e eventos.

concurso

150 | contemporaneu | junho 2010

Biblioteca Nacional da Repblica Tcheca

junho 2010 | contemporaneu | 151

152 | contemporaneu | junho 2010

Eduardo [email protected] Austrlia

[email protected] Porto Alegre - Brasil

Willem Rethmeier

Mats Wibe [email protected] Grcia

[email protected] Islndia

Cathy Cunlife

fotgrafos

junho 2010 | contemporaneu | 153

154 | contemporaneu | junho 2010

Ulrik [email protected] Dinamarca

[email protected] Dinamarca

Peter Soerensen

fotgrafos

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