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5/27/2018 ContoOsQuatroIrmosHabilidosos-slidepdf.com http://slidepdf.com/reader/full/conto-os-quatro-irmaos-habilidosos 1/5 1 OS QUATRO IRMÃOS HABILIDOSOS “Os Contos de Grimm” (trad!"o do a#em"o$ Tatiana Be#in%&' Era uma vez um homem que tinha quatro filhos. Quando já estavam crescidos, ele lhes disse: - Queridos filhos, agora vocês devem sair para o mundo, eu não tenho nada para dar-lhes. artam e vão se arranjar. Então os quatro irmãos pegaram os cajados de andarilhos, despediram-se do pai e sa!ram juntos pelo portão. "epois de caminharem algum tempo, chegaram a uma encruzilhada de quatro estradas que levavam a regi#es diversas. Então o mais velho disse: - $qui devemos separar-nos. %as de hoje a quatro anos nos encontraremos neste mesmo lugar, depois de tentarmos a sorte durante todo esse tempo. E foram, cada um para o seu lado. & primeiro encontrou-se com um homem que lhe perguntou para onde ia e o que pretendia: - Quero aprender um of!cio, respondeu ele. Então o homem disse: - 'enha comigo e torne-se ladrão. - (ão, - respondeu ele, - isto não ) of!cio honrado, e o fim da cantiga ) que o sujeito aca*a virando *adalo de sino do campo. - &ra, - disse o homem, - você não precisa ter medo da forca. Eu s+ vou ensinar-lhe como *uscar alguma coisa que homem nenhum poderia conseguir, e onde ningu)m jamais poderá apanhá-lo. Então ele deiou-se convencer, estudou com o homem o of!cio de ladrão e logo ficou tão ha*ilidoso que nada do que ele quisesse ter estava a salvo dele. & segundo irmão cruzou com um homem que lhe fez a mesma pergunta: - o que queria aprender no mundo. - sso eu ainda não sei, - respondeu ele. - Então venha comigo e torne-se astrnomo, não há nada melhor que isso, coisa nenhuma lhe ficará oculta. Ele aceitou o convite e se tornou astrnomo tão ha*ilidoso que, quando ao fim do aprendizado ele se despedia do mestre, este lhe deu uma luneta e lhe disse: - /om isso você poderá ver o que se passa na terra e no c)u, e coisa alguma lhe ficará oculta. & terceiro irmão entrou no aprendizado de um ca0ador, que lhe deu instru0ão tão *oa em tudo o que se refere 1 ca0a, que ele se tornou ca0ador

Conto Os Quatro Irmãos Habilidosos

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5OS QUATRO IRMOS HABILIDOSOS

Os Contos de Grimm (traduo do alemo: Tatiana Belinky)

Era uma vez um homem que tinha quatro filhos. Quando j estavam crescidos, ele lhes disse:

- Queridos filhos, agora vocs devem sair para o mundo, eu no tenho nada para dar-lhes. Partam e vo se arranjar.

Ento os quatro irmos pegaram os cajados de andarilhos, despediram-se do pai e saram juntos pelo porto. Depois de caminharem algum tempo, chegaram a uma encruzilhada de quatro estradas que levavam a regies diversas. Ento o mais velho disse: - Aqui devemos separar-nos. Mas de hoje a quatro anos nos encontraremos neste mesmo lugar, depois de tentarmos a sorte durante todo esse tempo.

E foram, cada um para o seu lado. O primeiro encontrou-se com um homem que lhe perguntou para onde ia e o que pretendia:

- Quero aprender um ofcio, respondeu ele.

Ento o homem disse: - Venha comigo e torne-se ladro.- No, - respondeu ele, - isto no ofcio honrado, e o fim da cantiga que o sujeito acaba virando badalo de sino do campo.

- Ora, - disse o homem, - voc no precisa ter medo da forca. Eu s vou ensinar-lhe como buscar alguma coisa que homem nenhum poderia conseguir, e onde ningum jamais poder apanh-lo.

Ento ele deixou-se convencer, estudou com o homem o ofcio de ladro e logo ficou to habilidoso que nada do que ele quisesse ter estava a salvo dele.

O segundo irmo cruzou com um homem que lhe fez a mesma pergunta: - o que queria aprender no mundo.- Isso eu ainda no sei, - respondeu ele.

- Ento venha comigo e torne-se astrnomo, no h nada melhor que isso, coisa nenhuma lhe ficar oculta.

Ele aceitou o convite e se tornou astrnomo to habilidoso que, quando ao fim do aprendizado ele se despedia do mestre, este lhe deu uma luneta e lhe disse: - Com isso voc poder ver o que se passa na terra e no cu, e coisa alguma lhe ficar oculta.

O terceiro irmo entrou no aprendizado de um caador, que lhe deu instruo to boa em tudo o que se refere caa, que ele se tornou caador extraordinrio. Na despedida, o mestre deu-lhe de presente uma espingarda e disse: - Esta aqui nunca falha. O que voc puser na sua mira, acertar em cheio.O irmo caula tambm encontrou-se com um homem que o interrogou e perguntou pelos seus planos.

- Voc no teria vontade de se tornar alfaiate?

- No que eu saiba, - respondeu o moo, - isto de ficar sentado de pernas cruzadas desde a manh at a noite, indo e vindo de um lado para outro com a agulha e o ferro de engomar, no coisa do meu agrado.

- Qual o qu, - respondeu o homem, - voc fala como entende, mas comigo voc aprender arte de alfaiataria completamente diferente, uma que respeitvel e pode ser vista; em parte ela at muito honrosa.

Ento ele se deixou persuadir, foi com o homem e aprendeu a sua arte a fundo. Na despedida, o mestre lhe deu uma agulha e disse:

- Com isso voc pode costurar e juntar o que for, mole como um ovo ou duro como o ao; e a coisa se juntar numa pea s, sem nenhuma costura visvel.

Quando os quatro anos combinados passaram, os quatro irmos se reuniram naquela encruzilhada, abraaram-se e beijaram-se e voltaram juntos para a casa do pai.- Com que ento, - disse este, muito contente, - o vento os trouxe de volta para mim?

Sentados sombra de uma grande rvore na frente da casa, eles contaram o que tinha acontecido com cada um, e que cada um aprendera o seu ofcio. A o pai falou:

- Agora vou p-los prova, para ver do que vocs so capazes.

Ele olhou para cima e disse ao segundo filho.

- L em cima, no cume desta rvore, entre dois ramos, est um ninho de tentilho. Diga-me, quantos ovos h dentro do ninho?

O astrnomo pegou a sua luneta, olhou para cima e disse:

- So cinco.

E o pai disse ao mais velho: - V buscar os ovos sem que o passarinho que est sentado em cima deles, chocando-os, seja incomodado.

O habilidoso ladro subiu at l em cima, tirou os cinco ovinhos de sob o passarinho sem que ele sequer se mexesse ou percebesse alguma coisa, e trouxe-os para o pai.

O pai pegou os ovinhos, colocou um em cada canto da mesa e o quinto no centro e disse ao caador: - Agora voc vai me partir os cinco ovos pelo meio de uma s vez e com um s tiro.O caador apontou sua espingarda e partiu os cinco ovos pelo meio, com um nico tiro, conforme o pai lhe mandara.

- Agora chegou a sua vez - disse o pai ao quarto filho. - Voc tem de costurar os ovos de volta, junto com os filhotes que esto dentro deles, e de tal forma que o tiro no lhes tenha feito mal algum.

O alfaiate pegou a sua agulha e costurou tudo, conforme o pai ordenara. Quando ficou pronto, o ladro teve de devolver os ovos ao ninho, no alto da rvore, e coloc-los embaixo do passarinho, sem que este o percebesse. O bichinho acabou de chocar e alguns dias depois os filhotinhos saram dos ovos, com um risqusinho vermelho no pescoo, no lugar em que o alfaiate os havia costurado.

- verdade, - disse o velho aos seus filhos, - eu tenho de elogi-los com os mais altos elogios. Vocs aproveitaram bem o seu tempo e aprenderam coisas importantes, bem aprendidas. No posso dizer qual dos quatro se destaca mais. Se em breve vocs tiverem ocasio de fazer isso e de aplicar suas artes, isso vai aparecer.

Pouco tempo depois, houve grande comoo no reino, quando se soube que a filha do rei tinha sido raptada por um drago. O rei passava dias e noites em grande aflio, e mandou anunciar que quem a trouxesse de volta, a teria para esposa.Os quatro irmos conversaram entre si:

- Esta seria a ocasio para ns nos mostrarmos.

E resolveram sair juntos para libertar a filha do rei.

- Onde ela se encontra, isto eu saberei logo, disse o astrnomo; espiou pela sua luneta e falou: - J a estou vendo! Est sentada, longe daqui, sobre um rochedo no meio do mar e ao seu lado est o drago que a guarda.

Ento ele foi ao rei e pediu-lhe um navio para si e os seus irmos, embarcou com eles, e navegaram pelo mar at chegarem ao rochedo. A princesa l estava sentada, mas o drago dormia com a cabea no seu colo.

O caador falou: - No posso atirar, porque mataria a formosa donzela junto com ele.

- Ento eu tentarei a minha sorte, - disse o ladro.

Ele esgueirou-se at l e roubou a moa de sob o drago, mas com to silenciosa habilidade que a fera no percebeu nada, continuando a roncar.

Cheios de alegria, eles levaram depressa para o navio e rumaram para o mar aberto. Mas quando o drago acordou e no encontrou mais a filha do rei, partiu em perseguio deles, bufando de fria pelos ares. E quando ele j estava pairando por cima do navio, quase descendo sobre ele, o caador apontou-lhe sua espingarda e varou-lhe o corao com um tiro certeiro. O monstro tombou morto, mas como era enorme e formidvel, despedaou o navio inteiro na sua queda. Eles ainda tiveram sorte de agarrar algumas tbuas, ficando a boiar em alto-mar, agarrados a elas.A foram grandes os apuros. Mas o alfaiate, sem desanimar, pegou sua agulha maravilhosa, costurou e juntou as tbuas com alguns pontos largos, por causa da pressa, sentou-se em cima delas e catou todos os pedaos do navio. Ento ele os reuniu e os costurou com tanta habilidade, que em pouco tempo o navio j estava novamente pronto e flutuando, e eles puderam velejar de volta para casa.

Quando o rei tornou a ver sua filha, houve grande alegria. E ele disse aos quatro irmos:

- Um de vocs a receber por esposa, mas qual dos quatro, vocs tero de resolver sozinhos de comum acordo.

A comeou uma violenta discusso entre eles, porque cada um tinha as suas pretenses. O astrnomo disse: - Se eu no tivesse visto a princesa, todas as artes de vocs no serviriam de nada; por isso ela minha.

O ladro falou: - De que serviria v-la, se eu no a tirasse de sob o drago ? Por isso ela minha.

O caador falou: - Todos vocs, junto com a princesa, seriam estraalhados pelo monstro, se eu no o acertasse com a minha bala; por isso ela minha.E o alfaiate disse: - E se eu, com a minha arte, no tivesse remendado e consertado o navio, vocs todos teriam morrido afogados; por isso ela minha.

Ento o rei fez a sua declarao: - Cada um de vocs tem direito igual. Mas como todos no podem ficar com a donzela, nenhum de vocs a ter. Porm eu darei a cada um, em recompensa, uma parte igual da metade do reino.

Os irmos gostaram desta deciso, e disseram: - melhor que seja assim, do que ns nos desentendermos.

A cada um deles recebeu uma oitava parte do reino, e eles viveram em companhia do seu pai, muito feliz, enquanto foi do agrado de Deus.

-o0o-Aula no Ps de Arteterapia/Unip/SP turma 2013Profa. Ldia Lacava