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CONTRATO DE COMISSÃO (Arts. 693/709) 1) Conceito: é o contrato pelo qual uma pessoa (comissário) adquire ou vende bens em seu próprio nome, mas por conta de outrem (comitente), em troca de certa remuneração*. * as partes desse contrato (comitente e comissário) podem ser pessoa jurídica ou natural; * cuida-se de modalidade contratual tipificada pelo Código Civil de 2002; * diz Orlando Gomes: “A comissão é mandato sem representação”. Segundo esse autor, a “representação”, nesse contrato, seria “indireta” ou “imperfeita”, na medida em que o comissário age por conta do comitente, mas não em seu nome. O comissário age em nome próprio, transmitindo ao dono (dominus) o resultado de sua atuação. 2) Caracterização: A comissão foi, originalmente, contrato nascido nas práticas mercantis. É de se observar, no entanto, que o Código Civil de 2002 promoveu, sob o ponto de vista do direito positivo, a unificação entre obrigações civis e mercantis.

Contrato de Comissão

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Page 1: Contrato de Comissão

CONTRATO DE COMISSÃO

(Arts. 693/709)

1) Conceito: é o contrato pelo qual uma pessoa (comissário) adquire ou

vende bens em seu próprio nome, mas por conta de outrem (comitente), em troca de

certa remuneração*.

* as partes desse contrato (comitente e comissário) podem ser pessoa

jurídica ou natural;

* cuida-se de modalidade contratual tipificada pelo Código Civil de 2002;

* diz Orlando Gomes: “A comissão é mandato sem representação”.

Segundo esse autor, a “representação”, nesse contrato, seria “indireta” ou “imperfeita”,

na medida em que o comissário age por conta do comitente, mas não em seu nome. O

comissário age em nome próprio, transmitindo ao dono (dominus) o resultado de sua

atuação.

2) Caracterização:

A comissão foi, originalmente, contrato nascido nas práticas mercantis. É

de se observar, no entanto, que o Código Civil de 2002 promoveu, sob o ponto de vista

do direito positivo, a unificação entre obrigações civis e mercantis.

* Observação dos atualizadores da obra de Orlando Gomes: “A comissão

mercantil era disciplinada nos arts. 165 a 190 do Código Comercial de 1850, revogados

com a entrada em vigor do Código Civil de 2002, definindo-se como o contrato em que

o comissário qualifica-se como comerciante e tem por objeto negócios mercantis. Com

a nova disciplina da comissão no Código Civil, perde interesse a distinção entre

comissão mercantil e civil. Atualmente, portanto, o comissário pode ou não ser

empresário, embora normalmente o seja”.

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Há, no contrato de comissão, uma intermediação* associada a uma

prestação de serviços. O comissário, todavia, age em seu próprio nome e não no nome

do comitente. Daí que o comissário se obriga diretamente perante as pessoas com

quem contratar (art. 694), exceto em caso de cessão de direitos.

* Afirma Orlando Gomes que o comissário não é intermediário.

Também não se confunde o contrato de comissão com o de corretagem.

Na corretagem, o contrato é passado ao principal interessado, limitando-se o corretor a

aproximar as partes.

É contrato consensual, oneroso, bilateral, intuitu personae, de forma livre.

3) Direitos e Obrigações do Comissário:

i) concluir o negócio;

ii) responder perante os terceiros com quem contratar (art. 694);

iii) seguir as ordens e instruções do comitente e, na falta delas, os usos

do lugar (art. 695); as instruções podem ser alteradas a qualquer tempo pelo comitente,

regendo-se pelas novas regras mesmo os negócios pendentes;

iv) ser reembolsado das despesas da operação, mais juros a partir do

desembolso, salvo estipulação contrária, podendo, inclusive, exercer direito de

retenção (arts. 706 e 708);

v) agir com diligência, a fim de evitar prejuízos, mas, também, para obter

o lucro esperado do negócio (art. 696);

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vi) responder ao comitente pelos prejuízos a que der causa por ação ou

omissão, salvo força maior (art. 696, caput e parágrafo único);

vii) receber a remuneração (comissão) convencionada ou, na sua falta,

aquela arbitrada segundo os usos do lugar (art. 701); ver ainda, quanto à remuneração,

arts. 702, 703 e 705;

viii) transferir ao comitente os fundos a ele pertencentes, mais juros por

eventual atraso (art. 706);

ix) responder pela insolvência da(s) pessoa(s) com quem contratar, caso

conste do contrato a cláusula del credere.

Direitos e Obrigações do Comitente:

i) executar o contrato concluído pelo comissário, desde que na

conformidade de suas instruções;

ii) não se dirigir diretamente ao terceiro, salvo em caso de cessão de

direitos pelo comissário;

iii) reembolsar ao comissário as quantias eventualmente adiantadas por

este para o cumprimento das ordens;

iv) pagar a comissão devida, ainda que proporcionalmente, nos casos dos

arts. 702, 703 e 705.