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Universidade Candido Mendes Instituto A Vez do Mestre CONTRATOS BANCÁRIOS: CONTA CORRENTE, CARTÃO DE CRÉDITO E COFRE BANCÁRIO NA ATUALIDADE. Autor: Guilherme Castro de Amorim Orientador: Francis Rajzmann Rio de Janeiro 27/03/2009

CONTRATOS BANCÁRIOS: CONTA CORRENTE, CARTÃO DE … · 4 Gomes, Orlando – Contratos, 24ª Edição, Ed Forense. 8 requerem também a contabilização rigorosa, a realização em

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Universidade Candido Mendes

Instituto A Vez do Mestre

CONTRATOS BANCÁRIOS: CONTA CORRENTE,

CARTÃO DE CRÉDITO E COFRE BANCÁRIO NA

ATUALIDADE.

Autor: Guilherme Castro de Amorim

Orientador: Francis Rajzmann

Rio de Janeiro

27/03/2009

2

Universidade Candido Mendes

Instituto A Vez do Mestre

CONTRATOS BANCÁRIOS: CONTA CORRENTE,

CARTÃO DE CRÉDITO E COFRE BANCÁRIO NA

ATUALIDADE.

OBJETIVOS:

Monografia de conclusão de curso para

obtenção de título de pós-graduado “lato

sensu” em Direito Empresarial e dos

Negócios, sobre as principais mudanças

nos contratos bancários em especial a

conta corrente, o cartão de crédito e o cofre

bancário.

Autor: Guilherme Castro de Amorim

(K210380).

Turma: K134 – Direito Empresarial e dos

Negócios, sexta-feira, noite, Campus

Centro II

3

AGRADECIMENTOS

Nunca é demais fazê-lo à Deus, por me

proporcionar a oportunidade de continuar

estudando e de melhorar o mundo ao meu

redor. Eternamente a meu pai, mãe e irmão,

equação singular de família que eu tanto

amo e prezo e que me constituiu no homem

que sou hoje. Aos amigos e familiares pelo

incentivo. Àqueles que duvidaram, pois dei

a volta por cima.

4

DEDICATÓRIA

Às pessoas da “melhor idade” da minha

família, pelas sempre relevantes lições de

vida, avôs, avós, tios avôs e tias avós,

enfim, aos vivos e àqueles que o tempo não

permitiu que brindássemos esse momento,.

Em especial, à saudosa Vó Alcinda, pela

figura polêmica que era, mas de

personalidade única e espírito de luta

inabalável, que rezava por mim e me

considerava um “menino de ouro”.

5

SUMÁRIO

Introdução ............................................................................................................... 6

1. A Conta Corrente ................................................................................................ 9

2. O Cartão de Crédito .......................................................................................... 17

3. O Cofre bancário ............................................................................................... 31

Conclusão ............................................................................................................. 39

Anexos .................................................................................................................. 41

Modelos ................................................................................................................ 44

Bibliografia ............................................................................................................ 50

Índice .................................................................................................................... 51

6

Introdução

Dentro do curso de direito empresarial temos que entrar em

contato com diversas atividades que regulam e desenvolvem a atividade

empresarial como um todo. Para uma empresa existir, é fundamental que

caminhe pari passo com o Direito em todos os sentidos, desde seu nascimento

com o registro no órgão competente até sua extinção, seja pelo prazo

determinado do negócio, por desinteresse, pela morte dos sócios ou até

mesmo pela falência, com a respectiva baixa do registro.

Contudo, o que nos propomos, no momento, é analisar da

empresa a sua capacidade e necessidade constante de produzir riquezas, que

consiste exatamente na sua razão de ser, ou seja, fazer negócios dentro do

objeto social a que se destina. Vamos entrar inevitavelmente no mundo dos

negócios jurídicos, em especial dos contratos, pois a empresa precisa se

relacionar com clientes, fornecedores, Estado, instituições financeiras, etc.

Sobre as relações com as instituições financeiras é que vamos

concentrar os nossos estudos, pois é imprescindível para as empresas que

elas mantenham relacionamento com elas, seja para facilitar trocas de títulos

de crédito, buscar financiamentos ou contar com quaisquer outros serviços que

venham a impulsionar a atividade empresarial. Vamos abordar, desta feita,

alguns dos principais contratos bancários atualmente existentes.

Com relação à importância dos bancos em nosso país, assim

como ocorre na maioria dos países do mundo, podemos dizer que exercem

importante função na mobilização do crédito em benefício do desenvolvimento

econômico, apesar dos altos juros praticados. Atualmente, não mais se limitam

a receber, em depósito, capitais de terceiros e conceder empréstimos. Com a

intenção de atrair clientela, prestam relevantes serviços à coletividade em

áreas que extrapolam a mera atividade bancária específica, realizando o

pagamento de salários a milhões de servidores públicos, empregados e

aposentados, além de recebimento de impostos, contas das mais variadas e

outros serviços públicos, sem mencionar ainda o incentivo e apoio que

7

representam para a indústria, o comércio, a agricultura e a pecuária, nichos em

que sempre vamos encontrar a atividade empresarial.

Sobre a atividade bancária, em uma abordagem generalista,

temos algumas definições construídas por alguns mestres do Direito, tais como

a de Nélson Abrão, que define o Direito Bancário como “o ramo do Direito

Comercial que regula as operações de banco e a atividade daqueles que as

praticam em caráter profissional”1 e também a de Sergio Carlos Covello, que

define banco como a “empresa que tem por finalidade principal a intermediação

do crédito por meio de operações típicas que envolvem aqueles que dão o

dinheiro e aqueles que o recebem”2.

Em particular quanto às operações e contratos bancários, o autor

Maximilianos Cláudio Américo Führer, estabelece que “Sob o aspecto

econômico ou técnico, dá-se o nome de operação ao ato realizado pelo banco,

na sua atividade profissional. Sob o aspecto jurídico, porém, dá-se ao mesmo

ato o nome de contrato”3 e acrescenta ainda que essas operações se

caracterizam pelo seu conteúdo econômico e pela execução em série ou em

massa. Segundo definição do Prof Orlando Gomes, os contratos bancários

“designam-se os negócios jurídicos que têm como uma das partes uma

empresa autorizada a exercer atividades próprias de banco”4 e do outro lado

uma pessoa física ou jurídica.

Comporta ainda as operações bancárias, uma subdivisão em

operações fundamentais e acessórias. São operações fundamentais o

depósito, o desconto, a conta corrente e o empréstimo, por exemplo. São

operações acessórias a guarda de valores, a caixa de segurança, a cobrança e

o cartão de crédito, por exemplo. As operações para alguns doutrinadores além

de requerer um aspecto subjetivo, que pressupõe que uma das partes seja um

banco, e um aspecto objetivo, que diz respeito a intermediação de um crédito,

1 Führer, Maximilianos Cláudio Américo apud Nélson Abrão, in Coleção Resumos 1 – Resumo de Direto

Comercial, pág 107. 2 Führer, Maximilianos Cláudio Américo apud Sergio Carlos Covello, in Coleção Resumos 1 – Resumo

de Direto Comercial, pág 107. 3 Führer, Maximilianos Cláudio Américo - Coleção Resumos 1 – Resumo de Direto Comercial, pág 113. 4 Gomes, Orlando – Contratos, 24ª Edição, Ed Forense.

8

requerem também a contabilização rigorosa, a realização em série, o dirigismo

estatal das operações e o sigilo.

No livro Programa de Responsabilidade Civil, de Sergio Cavalieri

Filho, é importante a observação sobre a responsabilidade dos bancos à luz do

CDC5 e da natureza dos serviços e produtos que são disponibilizados ao

público. Por estar expressamente definida na Lei, a atividade bancária imputa

uma responsabilidade objetiva sobre os produtos e serviços que a instituição

financeira presta, embora alguns doutrinadores tentem argumentar que só cabe

essa responsabilidade quando o cliente é de fato o destinatário final desses

produtos ou serviços. Há entendimento majoritário de que o crédito em si já é

um bem de consumo.

“Os bancos, como prestadores de serviços especialmente

contemplados no art. 3º, parágrafo 2º, estão submetidos às

disposições do CDC. A circunstância de o usuário dispor

de bem recebido através de operação bancária,

transferindo-o a terceiros, em pagamento de outros bens

ou serviços, não o descaracteriza como consumidor dos

serviços prestados pelo banco.”6

O entendimento acima é particularmente importante para a

empresa, pois ela normalmente utiliza o crédito para investir na própria

atividade. Mesmo que ela se utilize do serviço bancário para satisfazer ao

interesse de um cliente seu, ainda assim estará protegida pelo CDC, não

desvirtuando a sua finalidade e podendo se beneficiar da proteção especial

consagrada naquele diploma legal.

O presente trabalho será ilustrado com os contratos de Conta

Corrente bancária, Cartão de Crédito e contrato de cofre bancário. Faremos

uma conceituação de cada um desses tipos, apresentaremos algumas das

suas particularidades e sua importância para a atividade empresarial, além de

alguns julgados sobre cada um desses tipos especiais de contratos.

5 Código de Defesa do Consumidor – Lei 8.078/90 6 Filho, Sergio Cavalieri apud Min Ruy Rosado – STJ (Resp. 57.974-0-RS, 4ª T.), in Programa de

Responsabilidade Civil, pág. 297-298.

9

1. A Conta Corrente

1.1 Conceito

Esse contrato encontra-se regulado por diversas normas

esparsas do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional, em especial a

Resolução CMN (BACEN) 2025, de 24/11/1993 e as Circulares BACEN 2452,

de 21/07/1994 e 3006, de 05/09/2000. A conta corrente bancária é o contrato

no qual intercorrem relações continuadas de débito e crédito entre o banco e o

cliente. Permite-se, desse modo, que o cliente, no curso do contrato, aumente

ou reduza o montante da dívida. As remessas são anotadas na conta,

tornando-se inexigível até ser fechada. O banco somente pode reclamar o

saldo da conta no seu vencimento.

Elemento característico do contrato é a compensabilidade dos

créditos com os débitos. Chama-se remessa, na conta corrente bancária, o ato

pela qual o cliente, depositando certa importância, se torna credor da mesma

importância, podendo retirá-la a qualquer tempo. Conclui-se por simples acordo

de vontades, reduzido a escrito. Ao banco assiste o direito de cobrar uma

comissão de abertura, normalmente conhecidas como taxa de abertura e de

manutenção da conta. Pode a conta ser garantida, ou não. O prazo pode ser

limitado, mas o ideal tanto para a instituição quanto para o cliente é que ela

seja por tempo indeterminado, pois o banco mantém a fidelidade do cliente e

este se beneficia por já conhecer aquela instituição, sua tecnologia e suas

burocracias, além de poder usufruir de uma cesta de produtos ou redução das

taxas com o passar dos anos.

Distingue-se, da extinção do contrato, o fechamento da conta.

Tem esta como efeito a liquidação do saldo, que pode ocorrer no curso do

contrato sem acarretar a cessação do contrato. Extingue-se o contrato pelo

advento do termo, pelo distrato e por denúncia. A resilição unilateral ocorre

mediante simples comunicação de uma parte à outra, de efeito imediato, ou

consistente em aviso prévio. A morte e a falência do correntista também

determinam a extinção do contrato, mas, no último caso, o banco tem direito a

se habilitar ao recebimento do saldo.

10

1.2 Conta especial e cheque especial

O contrato de conta corrente atualmente pode ser conjugado com

outro tipo de serviço prestado por instituição financeira e que admite até

contratação autônoma, que e a abertura de crédito direto na conta corrente,

muitas vezes chamada pelos usuários de conta especial, exatamente porque

permite ao titular usar cheques especiais. O Cheque Especial tem duas

funções. Uma das funções é a distinção do cliente que goza de crédito perante

o estabelecimento bancário, impressa no seu próprio cheque, e que facilita as

negociações do emitente. A outra função, ainda mais importante, é a

disponibilização de crédito ao correntista, automaticamente, sempre que sua

conta estiver sem fundos disponíveis, no limite e condições do contrato.

Os contratos de cheque especial geralmente estabelecem as

condições e valor do crédito, o prazo de validade da disponibilização e os juros,

estes, na maioria dos casos, não têm suas taxas previamente estipuladas, mas

estabelecem a sua vinculação com os juros praticados no mercado de

curtíssimo prazo. Em muitos casos alguns bancos excedem na fixação dos

juros e, quando instados pelos correntistas, renegociam as taxas e até o

parcelamento do débito.

O correntista deve evitar manter-se com saldo devedor na conta

corrente, pois as taxas de juros de cheques especiais são extraordinariamente

superiores às taxas de empréstimos de prazo médio, e os bancos, quase

todos, admitem transformar os saldos devedores de cheques especiais em

empréstimo, com substancial redução das taxas de juros. Entretanto, deve ser

lembrado que a transformação de débitos de cheques especiais em

empréstimos não é um direito do correntista e sim uma possibilidade de

negociação.

1.3 Responsabilidade contratual

A instituição financeira arca com os prejuízos decorrentes de

fraude ou inoperância dos seus sistemas, desde que não haja culpa

concorrente ou exclusiva do correntista. Em última análise, o risco é do banco.

É o caso do cheque falsificado de correntista ou de recusa no pagamento de

11

cheque regular. Para melhor entendermos, cabe esclarecer que ao depositar o

dinheiro no banco, em uma conta corrente por exemplo, o correntista transfere

a propriedade ao banco, permanecendo com um crédito equivalente à quantia

depositada, podendo exigi-la a qualquer tempo. Desta forma, “o dinheiro

indevidamente entregue ao estelionatário é do banco, a ele cabendo, portanto,

suportar o prejuízo, segundo milenar princípio res perit domino.”7 Nesse

entendimento o STF editou a súmula nº 28: “O estabelecimento bancário é

responsável pelo pagamento de cheque falso, ressalvadas as hipóteses de

culpa exclusiva ou concorrente do correntista”.

1.4 Tipos de contas

A conta pode ser individual ou conjunta. Há duas opções de conta

conjunta: a solidária e a não-solidária. A conta conjunta solidária pode ser

movimentada em conjunto ou isoladamente pelos titulares. Já a não-solidária

exige que as transações sejam aprovadas por todos os titulares para serem

efetivadas. A solidariedade a que estamos nos referindo acima é sempre dos

correntistas com o banco em relação ao saldo e as movimentações da conta, e

não perante terceiros. Uma vez que a conta apresenta saldo negativo passível

de cobrança a instituição financeira toma as medidas necessárias contra

qualquer dos correntistas, inclusive no diz respeito à inclusão do nome dos

serviços de proteção ao crédito. O banco não mede esforços para negativar

quantos nomes forem solidários, mas há jurisprudência que entenda que para

tomar essa providência, o banco deverá investigar se todos participaram da

operação, mesmo que a conta seja solidária. Vejamos abaixo alguns julgados

tanto no Direito português, quanto no Direito brasileiro.

“Acórdão de Tribunal da Relação do Porto nº 0325393, de

25 Novembro 2003

Tribunal da Relação

Nº Recurso nº JTRP00036431, Magistrado Responsável

EMÍDIO COSTA

Nº Sentença ou Acórdão0325393

7 Filho, Sergio Cavalieri – Programa de responsabilidade civil, pág 298.

12Articular como: http://jurisprudencia.vlex.pt/vid/22544982

Id. vLex: VLEX-22544982

Resumo:

Para haver responsabilidade de todos os contitulares de

uma conta solidária pelo respectivo saldo negativo não

basta que se apure a existência desse mesmo saldo,

sendo ainda necessário que o banco comprove que tal

saldo foi determinado por um dos titulares da conta e que

os restantes contitulares manifestaram, de forma expressa

ou tácita, o seu assentimento a essa actuação ou então,

que a constituição do saldo negativo corresponda ao

cumprimento de uma obrigação da responsabilidade dos

demais contitulares.”

“DIREITO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL.

INDENIZAÇÃO. REGISTRO EM CADASTRO DE

RESTRIÇÃO AO CRÉDITO. CHEQUE SEM PROVISÃO

DE FUNDOS. CONTA-CORRENTE CONJUNTA. O co-

titular de conta-corrente conjunta detém apenas

solidariedade ativa dos créditos junto à instituição

financeira, não se tornando responsável pelos cheques

emitidos pelo outro correntista. (...) (Resp. 602.401/RS,

Rel. Min. Cesar Asfor Rocha, 4ª Turma, DJ 18/06/2004)”

“COMERCIAL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO

MONITÓRIA. AUTORA. (...) ILEGITIMIDADE ATIVA

AFASTADA. CHEQUES. CO-TITULARIDADE DE CONTA

BANCÁRIA CONJUNTA. INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS.

ILEGITIMIDADE DO CORRENTISTA NÃO EMITENTE DA

CÁRTULA. (...) II - Ilegitimidade passiva, contudo, do

esposo de emitente da cártula, posto que na qualidade de

co-titular de conta corrente conjunta, inobstante possua

legitimidade para movimentar os fundos de que também é

proprietário, não o torna co-responsável pelas dívidas

assumidas por sua esposa individualmente, em face da

emissão de cheques destituídos de cobertura financeira,

pelos quais somente ela responde. III. Precedentes do

STJ. IV. Recurso especial conhecido em parte e provido,

para excluir o recorrente da lide. (STJ, Resp. 336.632/ES,

13Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, Órgão Julgador 4ª

Turma, DJ, 06.02.2003, DJ 31.03.2003).”

Como se pode ver, o STJ entende que o co-titular não é

responsável solidário pelas dívidas de cheques sem fundos emitidos pelo outro

co-titular. No caso de empréstimo pessoal, o raciocínio seria o mesmo, e,

acreditamos, até mais fácil de convencer um Juiz. Apresentamos abaixo um

resumo sobre as contas correntes.

CONTA SIMPLES PESSOA FISICA

O QUE É - É a modalidade de depósito que visa captar recursos de pessoas

físicas, permitindo movimentação através de Cartão Magnético,Guia de

Retirada e canais alternativos de atendimento.

A QUEM SE DESTINA Podem ser titulares pessoas físicas:

- Maiores de 18 anos

- Menores a partir de 16 anos, desde que autorizados por seu representante

legal

- Emancipadas

MODALIDADES - Individual: possui apenas um titular.

- Conjunta: possui dois ou mais titulares.

- Conjunta Solidária: movimentada por qualquer um dos titulares isoladamente.

- Conjunta Não Solidária: movimentada por todos os titulares conjuntamente.

CONDIÇÕES TARIFA - São cobradas tarifas de serviços bancários pelos

serviços prestados ao depositante, conforme tabela vigente.

LIMITES: - Os limites mínimos para abertura de contas e emissão de extratos

são fixados pelo banco e suas agências.

CARACTERÍSTICAS FINALIDADE: - Receber depósitos de pessoas impedidas

de movimentar através de cheque, não alfabetizadas ou para crédito de

salário.

LIQUIDEZ: - Imediata.

MOVIMENTAÇÃO: - A movimentação é feita pelo próprio titular ou por seu

representante legal.

- Acata depósitos em cheque ou dinheiro, em qualquer Agência do banco.

14- Não é admitida a divisão do valor de um mesmo cheque para depósitos em

contas mantidas em diferentes Pontos de Vendas.

- Os depósitos efetuados em cheque estarão disponíveis para saque após

decorrido o prazo de compensação.

- As retiradas são pagas somente ao titular da conta

DOCUMENTAÇÃO - Documento de identidade;

- Comprovante de endereço;

- Comprovante de renda;

- CPF, ou comprovante de isenção deste, emitido pela Delegacia da Receita

Federal;

- Certidão de nascimento para conta aberta em nome de menores;

- Procuração, se for o caso. Caso a procuração seja lavrada por instrumento

particular é exigido documento original com firma reconhecida.

CONTA CORRENTE PESSOA JURÍDICA

O QUE É - Conta individual que tem por objetivo captar depósitos oriundos de

Pessoas Jurídicas de direito privado, permitindo movimentação por cheque.

A QUEM SE DESTINA - Pessoas Jurídicas de Direito Privado com ou sem fins

lucrativos.

MODALIDADES – Individual.

CONDIÇÕES TARIFAS - São cobradas tarifas de serviços bancários pelos

serviços prestados ao depositante, conforme tabela vigente.

PRAZO: - Indeterminado.

LIMITES : - Os limites mínimos para abertura de contas, fornecimento de

cheques e emissão de extratos são fixados pelo banco e suas agências.

CARACTERÍSTICAS LIQUIDEZ : - Imediata, por se tratar de Depósito à Vista.

MOVIMENTAÇÃO :- A movimentação da conta é feita pelos representantes em

conjunto ou isoladamente, de acordo com a documentação da empresa (Ato

Constitutivo).

- Os depósitos podem ser efetuados em cheque ou dinheiro em qualquer

unidade do banco. Depósitos efetuados em cheque estarão disponíveis para

saque após a compensação.

15- A Guia de Retirada somente será paga ao representante da pessoa jurídica,

não podendo

conter rasuras ou emendas, devendo a assinatura ser aposta à vista do Caixa

Executivo.

DOCUMENTAÇÃO:

- SOCIEDADE CIVIL:

- Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ;

- Estatuto ou Contrato de constituição da sociedade e alterações

subsequentes, se houver, devidamente registrados no Registro Civil de Pessoa

Jurídica - RCPJ;

- Ata da Assembléia de eleição da atual diretoria, devidamente registrada ou

carta da diretoria anterior apresentando a atual, acompanhada da ata de

eleição;

- Identidade e CPF dos representantes e do procurador se for o caso;

- Comprovantes de Endereço dos representantes;

- Procuração, se for o caso.

A carta da diretoria anterior deve ser substituída, no prazo de 90 dias, por

cópia da ata de eleição da nova diretoria, devidamente registrada.

FIRMA INDIVIDUAL:

- Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ;

- Registro de Firma Individual na Junta Comercial;

- Identidade e CPF do titular e do procurador, se for o caso;

- Comprovantes de Endereço dos representantes;

- Procuração, se for o caso.

POSSIBILIDADE DE OBTENÇÃO DE CHEQUE ESPECIAL (Conta Garantida),

com grande aceitação no mercado, além de outros produtos e serviços do

banco.

- Grande número de agências em todo o território nacional.

- O cliente poderá usar o Caixa Rápido para depósitos em cheques e

pagamentos diversos.

- Extratos atualizados enviados regularmente para o cliente, ou retirados em

terminais on-line.

16- Possibilidade de disponibilização do Home-Office Banking .

- Fonte de recursos de menor custo para o banco. Possibilidade de oferta de

outros produtos.

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2. O Cartão de Crédito

2.1 Conceito

Devido à facilitação nas trocas e à agilidade e segurança nas

transações, o cartão de crédito é um ícone das modernas transformações

comerciais que vivenciamos hoje em dia. A sua expansão e utilização em

massa vão ao encontro dos interesses mercantilistas e da sociedade de

consumo. Trata-se de um conjunto de relações jurídicas instrumentais

destinado a otimizar os negócios pela simplificação e segurança que confere

entre as transações, facilitando as compras e garantindo os fornecedores.

Para falarmos sobre cartão de crédito e sobre o contrato de

utilização de cartão de crédito, faz-se necessário analisar as partes envolvidas

e o mecanismo de funcionamento desta modalidade de pagamento,

parcelamento e financiamento cada vez mais utilizada e expandida no

comércio. O cartão de crédito compreende três elementos: a empresa

emissora, que pode ser um banco, concedendo-o ao comprador e pagando o

fornecedor, intermediando e facilitando a compra e venda; o titular do crédito,

pessoa credenciada pela empresa emissora, mediante pagamento de taxa

anual, que adquire bens ou serviços do fornecedor; e o fornecedor ou

vendedor, empresário que vende produtos ou presta serviços ao usuário,

recebendo da emissora o respectivo valor.

O emissor é em regra uma pessoa jurídica que se interpõe entre

o titula do cartão e o estabelecimento comercial para que entre eles se realize

uma operação de compra e venda ou uma prestação de serviço. Através desse

contrato, o emissor credencia o titular a utilizar o cartão, comprometendo-se a

pagar as dívidas por ele contraídas. O titular do cartão, por sua vez, obriga-se a

pagar uma anuidade ao emissor, a título de contraprestação pelo

credenciamento. Assim, o contrato feito pelo emissor com o titular encerra uma

prestação de serviços de credenciamento perante vários fornecedores, com

uma abertura de crédito dentro de determinados limites, para utilização junto a

esses fornecedores de bens ou serviços.

18

Entre o emissor e o fornecedor de bens ou serviços existe um

outro contrato chamado de filiação, em que o primeiro se obriga a pagar ao

segundo as despesas feitas pelo titular do cartão. Diferentemente da compra e

venda convencional, no cartão de crédito quem paga ao fornecedor de bens ou

serviços é o emissor para depois receber o que pagou do titular do cartão.

Nessa intermediação o emissor aufere um percentual sobre o valor do negócio

realizado, remunerando sua atividade, mas assume também pesadas

obrigações, entre as quais, os riscos da operação. Os fornecedores assumem

a obrigação de aceitar o cartão sem acréscimo nos preços dos produtos ou

serviços, de manter o seu estabelecimento com cartazes ou distintivos

informadores dos portadores de cartão, e ainda a de verificar a autenticidade

da assinatura do comprador, que deve coincidir com a do cartão.

Assim, resumidamente, o sistema de cartão de crédito constitui-

se numa relação jurídica trilateral entre usuário e empresa emissora, entre

empresa emissora e fornecedor e entre fornecedor e usuário, contornando o

complexo processo de concessão de crédito e, portanto, facilitando a aquisição

de bens e serviços. O cartão de crédito é hoje praticamente indispensável

como fator de utilização e celeridade das operações econômicas. O sistema

oferece vantagens para os três intervenientes. Aos usuários, porque não

precisam portar dinheiro nem talonário de cheques e poderá parcelar a compra

ou efetuar empréstimos, pagando os juros pactuados. Para o fornecedor,

porque terá garantia de pagamento e poderá financiar, sem despesas próprias,

suas vendas. Para a empresa emissora do cartão de crédito, porque manterá

clientela permanente e perceberá os juros do financiamento do negócio, ou

seja, o preço do serviço prestado, além das taxas pertinentes à concessão do

cartão de crédito.

2.2 Da prática dos juros: teorias

Com relação aos juros cobrados pelas emissoras de cartão de

crédito paira uma grande discussão sobre o quanto estipulado e a que

regramento jurídico estão subordinados. Podemos dizer que a questão aqui

discutida, referente à limitação de juros no cartão de crédito, é intrincada e

19

ainda não se pacificou na jurisprudência nem na doutrina, visto que a matéria é

analisada sob enfoques diferentes, com decisões conflitantes.

Podemos separar o entendimento hoje predominante sobre o

assunto em três grupos: a) no sentido de que as administradoras de crédito

não pertencem ao sistema financeiro, e, portanto, não estão livres para cobrar

juros acima do limite estabelecido na lei da usura, de 12% ao ano; b) no

sentido de que quando as administradoras de crédito pertencem ao sistema

financeiro podem ultrapassar esse limite; c) no sentido de que as

administradoras de crédito pertencem ao sistema financeiro e têm os juros

liberados.

No primeiro sentido, encontramos ampla corrente jurisprudencial,

seja considerando o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, por se tratar

de financiamento ao consumidor, que não admite cláusula abusiva que não

seja clara ao estabelecer os juros a serem cobrados, seja porque submetida a

matéria à lei da usura, havendo o limite de 12% ao ano e proibindo a

capitalização:

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO RIO GRANDE DO SUL

Ação declaratória de nulidade de cláusulas contratuais.

Contrato de cartão de crédito. Interpretação de cláusulas.

Abusividade.

Incidência do Código de Defesa do Consumidor à espécie.

Relação consumeirista e contrato de adesão presente.

Nulidade de cláusulas abusivas.

Juros remuneratórios limitados a 12% ao ano às

administradoras.

Capitalização de juros vedada, senão anualmente.

Índice de correção monetária. Aplicação do IGP-M, por

não ser a TR índice de correção monetária puro, incluindo

remuneração do capital. Índice de correção não pactuado,

cabível o IGP-M (Apelação Cível n. 599313996, 9ª

Câmara Cível do TJRS, Porto Alegre, Relatora

DESEMBARGADORA REJANE MARIA DIAS DE

CASTRO BINS, j. 23.06.99).

20

Nesse sentido revela-se esclarecedor o acórdão do STJ, que

aplicou o Codecon por não ter a Administradora esclarecido ao usuário do

cartão as suas cláusulas e as taxas a serem utilizadas:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Ementa.

Cartão de credito. Contrato de adesão.

Segundo o disposto no par. 3. do art. 54, do Código de

Defesa do Consumidor, “os contratos de adesão escritos

serão redigidos em termos claros e com caracteres

ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão

pelo consumidor”. caso em que o titular não teve previa

ciência de cláusulas estabelecidas pela Administradora,

não lhe podendo, portanto, ser exigido o seu cumprimento

(Acórdão: REsp 71578/RS, Decisão: Por unanimidade,

Relator: MINISTRO NILSON NAVES, RSTJ, v. 94, p. 191).

De igual teor o Ac. 38.577, contra a BB Administradora de

Cartões de Crédito S/A , que pertence a grupo bancário, em que se

reconheceu que não foi dado conhecimento das cláusulas ao usuário, como

usualmente ocorre nos cartões de crédito. Mais:

Ação revisional de contrato. Cartão de crédito. Limitação

constitucional de juros. Norma não auto-aplicável. Plano

real. Capitalização.

Conforme decisão do pretório excelso, a norma do art.

192, §3º, da Constituição Federal não é auto-aplicável e,

portanto, os juros remuneratórios não estão limitados ao

patamar de 12% ao ano, enquanto não regulamentado

aquele dispositivo. Entretanto, considerando as

peculiaridades da situação econômica vigente após a

edição do denominado Plano Real, em que os índices

inflacionários têm sido insignificantes, afigura-se abusiva a

cláusula contratual em questão, que, portanto, é nula de

pleno direito, a teor do art. 51, IV, do Código de Defesa do

Consumidor, que incide sobre as atividades bancárias e

financeiras. Diante de tal nulidade, limita-se a taxa de juros

a 12% ao ano, consoante a previsão legal. Tratando-se de

21contrato a cujo respeito a lei não prevê expressamente a

capitalização de juros, e ela vedada, em qualquer

periodicidade. Súmula nº 121 do STF – Preliminar

rejeitada. Apelo improvido (TJRS – AC 70000321430 –

(00342117) – 15ª C.Cív. – Relator DESEMBARGADOR

MANUEL MARTINEZ LUCAS, j. 09.02.00).

E ainda, ressaltando que a Empresa Administradora de Crédito se

trata de empresa que não integra o Sistema Financeiro Nacional:

“Cartão de crédito. Juros. Limitação. Empresa

administradora de crédito. A empresa que não integra o

sistema financeiro nacional é defeso praticar juros acima

da taxa de 12% ao ano (Art. 192, § 3º da Constituição

Federal) (TJRS – AC 599282019 – (00347601) – 5ª C.Cív.,

RELATOR DESEMBARGADOR CLARINDO FAVRETTO,

j. 10.02.00).

A segunda corrente não aplica a lei da usura e assim tem

decidido:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Ementa.

Contrato de cartão de crédito. Juros. Limitação.

Capitalização.

Cuidando-se de operações realizadas por instituição

integrante do sistema financeiro nacional, não se aplicam

as disposições do Decreto n° 22.626/33 quanto à taxa de

juros. Súmula n° 596-STF.

(Acórdão: REsp 202373/RJ, Relator: MINISTRO BARROS

MONTEIRO, por unanimidade, votaram com o Relator os

Srs. MINISTROS CESAR ASFOR ROCHA, RUY ROSADO

DE AGUIAR e SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, fonte:

DJ, data: 23.08.99, p. 132).

Ora, acreditamos ser difícil ocorrer essa hipótese, pois as

administradoras são Visa, American Express, Credicard, Mastercard e outras,

que obviamente não pertencem ao sistema financeiro. O fato do cartão ser

distribuído através de convênio com Bancos não os torna administradores do

22

cartão, pois apenas distribuem o cartão, não substituindo o Visa ou outro, que

são os verdadeiros responsáveis pelo negócio jurídico e fazem a cobrança e o

financiamento. Tanto assim é que o próprio STJ reconhece no seguinte julgado

que as Administradoras não pertencem ao sistema financeiro:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Ementa.

RHC. Penal. Administradora de cartão de credito.

Intermediação financeira. Crime de usura pecuniária.

Inocorrência.

A intermediação financeira, feita por administradora de

cartões de crédito, atuando como mandatária dos usuários

na obtenção e empréstimo bancário para seus mandantes,

não constitui ato privativo de instituição financeira, a

imputar-lhe a pratica do crime de usura pecuniária, tal

como previsto no art. 4 da Lei 1.521/1951 (Acórdão por

unanimidade: RHC 4783/SP, Relator: MINISTRO CID

FLAQUER SCARTEZZINI, RT, v. 749, p. 600).

O que ninguém nega é que existe um flagrante abuso nas taxas

cobradas pelos cartões de crédito, muito acima até das taxas cobradas nos

cheques especiais, que no âmbito bancário são os campeões dos excessos.

Direito civil. Contrato de adesão. Cartão de crédito.

Consumidor que adquire parcos materiais de consumo e

se vê envolvido em juros e acréscimos exorbitantes.

Manifestação de cláusula contratual exagerada. Ofensa ao

Código de Defesa do Consumidor.

Ao Código de Defesa do Consumidor e, de resto, à

consciência jurídica, repugnam as cláusulas contratuais

que se mostrem excessivamente onerosas para o

consumidor – A equação financeira dos contratos deve,

afinal, trazer proveito senão eqüivalente, pelo menos

aproximativo às partes contratantes. (TJDF – AC 4662397

– (Reg. 38) – 2ª T.Cív. – Relator DESEMBARGADOR

EDSON ALFREDO SMANIOTTO, DJU 10.02.99).

23

A terceira corrente assim expõe, entendendo que os cartões

emitidos pelos bancos têm os juros liberados:

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Ementa.

Comercial. Cartão de crédito. Juros. Limitação (12% aa).

Lei de usura (Decreto n. 22.626/33). Não incidência.

Aplicação da lei n. 4.595/64. Disciplinamento legislativo

posterior. Súmula n. 596-STF.

Não se aplica a limitação de juros de 12% ao ano prevista

na Lei de Usura aos contratos de abertura de crédito

bancário (Acórdão: REsp 249397/RS, Relator: JUNIOR

MINISTRO ALDIR PASSARINHO JÚNIOR, fonte: DJ, data:

20.11.00, p. 301. Decisão: à unanimidade. Participaram do

julgamento os Srs. MINISTROS SÁLVIO DE FIGUEIREDO

TEIXEIRA, BARROS MONTEIRO e RUY ROSADO DE

AGUIAR).

Esse acórdão, frise-se, foi proferido sendo recorrente a

Sudameris Administradora de Cartão de Crédito e Serviços S/A . Em face da

qualidade da administradora afastou-se a lei de usura e aplicou-se a Lei n.

4.595/64, afastando a limitação de juros de 12% ao ano. No entanto, ao mesmo

fundamento pelo qual não adotamos o entendimento anterior, também

entendemos ser esse inaplicável, pois o contrato feito com a Administradora de

cartão de crédito não se torna contrato bancário somente pelo fato de ter sido

mediado pelo banco. Mesmo que a Administradora seja pertencente a grupo

bancário, é necessário que comprove que tem ela autorização do Banco

Central para atuar como financeira para ser tratada como tal. O Tribunal de

Alçada Cível de São Paulo, inclusive, chegou a reconhecer a obrigação da

Administradora de prestar contas em face da unilateralidade das faturas

emitidas, não só em relação às contas como às taxas cobradas, o que

demonstra que a falta de clareza não pode obrigar o usuário. A apelada era a

BB Administradora de Cartões de Crédito:

1º TACivSP

24Cartão de Crédito. Ação de prestação de contas.

Administradora que emitiu extratos de movimentação da

conta. Fato que não retira o direito de o titular do cartão

ingressar em juízo com a demanda. Irrelevância da

possibilidade de se saber sobre a movimentação em

terminais on line, ou, ainda, gratuitamente, via telefone.

Ementa da Redação: O fato de a administradora do cartão

de crédito ter emitido extratos de movimentação da conta,

ou a possibilidade de se saber sobre esta movimentação

em terminais on line ou, ainda, gratuitamente, via telefone,

não retira o direito de o titular do cartão de crédito

ingressar em juízo com ação de prestação de contas,

visando à explicação pormenorizada, através de

esclarecimentos prestados em forma mercantil, dos

lançamentos e taxas utilizados para a exigência dos

encargos, de molde a que venha realmente saber se é

devedor, qual o montante do débito e de que forma foram

feitos os cálculos para que se apurasse o valor da dívida.

(Ap 799.435-0 - 11.ª Câm. 1.º TACivSP - j. 27.03.00 –

RELATOR JUIZ ANTÔNIO MARSON).

O STJ tem também considerado abusiva a cláusula em que a

administradora firma um contrato em um Estado e se refere a cláusulas gerais

registrada em outro Estado, como se vê no seguinte voto:

O Sr. MINISTRO EDUARDO RIBEIRO:

Considero que os dispositivos mencionados, do art. 51,

não foram olvidados pelo contrato. É manifesto, entretanto,

que não se atendeu ao contido no art. 54, § 3º , do mesmo

Código. A lei exige que os contratos sejam redigidos em

termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis. No

caso, firmou-se um contrato no Rio Grande do Sul que se

reportava a um registro feito no Rio de Janeiro. É

manifesto que o consumidor não tinha conhecimento dos

termos desse contrato. Andou bem o acórdão quando deu

pela sua inexistência jurídica.

25Acompanho o eminente Ministro-Relator (R. Superior

Tribunal de Justiça, Brasília, a. 9, (94): 163- 211, junho

1997, p. 195).

Com base no Código de Proteção e Defesa do Consumidor (pois

indiscutivelmente os cartões de crédito a ele se submetem, já que se trata de

cartão para utilização de crédito ao consumidor), Tribunais de inúmeros

Estados assim têm firmado, no mesmo entendimento do STJ, seja em ação

declaratória, de cobrança ou monitória:

TJDF

32063019 JCPC. 1102c. Direito civil. Direito processual

civil. Civil e processual civil. Ação monitória. Embargos.

Cartão de crédito. Cláusulas abusivas.

É lícito ao credor, no âmbito dos embargos de que trata o

art. 1.102c do CPC, discutir todas as questões que

interessam à liquidez do débito. Consideram-se abusivas

e, portanto, nulas de pleno direito, as cláusulas contidas

em contrato de utilização de cartão de crédito que

imponham ao consumidor juros e multas extorsivos

(TJDF – APC 19980110061560 – 4ª T.Cív. – Relator

DESEMBARGADOR SÉRGIO BITTENCOURT, DJU

09.02.00, p. 20).

Direito econômico. Administração de cartão de crédito.

Atividade não abrangida pelo Sistema Financeiro Nacional.

Inaplicabilidade dos juros permitidos às instituições

financeiras. Juros limitados à taxa de 12% ao ano.

Aplicação da Lei de Usura.

A taxa de juros remuneratórios deve ser limitada em 12%

ao ano, em virtude da Lei n.º 4595/64 ser inaplicável à

espécie, já que o referido diploma legal, que excepciona a

limitação imposta pela Lei de Usura, se aplica somente em

relação às instituições financeiras, o que não é o caso da

apelada, que é uma administradora de cartões de crédito

(TAMG – AC 0274723-9 – 4ª C.Cív. – Relatora p/o Ac.

JUÍZA MARIA ELZA, j. 28.04.99).

Contrato de adesão ao sistema de cartão de crédito.

26Juros. Limitação. 12% aa. Código de Defesa do

Consumidor. Incidência. Anatocismo. Vedação. Comissão

de permanência. Ilegalidade da cobrança. Encargos de

mora. Indevidos. Face à cobrança excessiva de encargos

compensação e/ou repetição de indébito. Devido pela

impossibilidade de enriquecimento ilícito. Proveram

parcialmente (TJRS – AC 598572063 – 12ª C. Cív. –

Relator DESEMBARGADOR LUIZ FELIPE BRASIL

SANTOS, j. 25.02.99).

Confira-se, ainda, realmente estabelece o art. 1º do DL 22.626: “É

vedado, e será punido nos termos desta lei, estipular em quaisquer contratos

taxas de juros superiores ao dobro da taxa legal” (do Código Civil de 1916, art.

1.062, atualmente previsto no CC Lei 10.406/02 art. 406).

Cartão de crédito. Juros. Limitação. Anatocismo.

Administradora de cartão de crédito não é definida em lei

como instituição financeira, e por isso não goza do direito a

estas outorgado de cobrar taxas de juros segundo o que

for fixado pelo Conselho Monetário Nacional para aquelas,

podendo cobrar apenas as estabelecidas no contrato.

Prática anatocismo o credor por dívida de cartão de crédito

que conta os juros mensalmente, calculando-os não sobre

o saldo líquido do mês anterior e sim sobre o saldo bruto,

ou seja, com inclusão dos juros. 4. Recursos a que se

nega provimento (MCG) (TJRJ – AC 4.570/98 – Reg.

090998 – Cód. 98.001.04570 – RJ – 16ª C.Cív. – Relator

DESEMBARGADOR MIGUEL ÂNGELO BARROS – J.

09.06.98).

2.3 Natureza jurídica

Perante a doutrina a matéria ainda vacila quanto à natureza do

negócio e dos seus componentes. A doutrina tem sido contraditória em face da

natureza jurídica do cartão de crédito e das pessoas que dele participam. O

cartão de crédito, na lição de Nelson Abrão, é ligado a instituição financeira,

englobando inúmeros contratos, sendo:

27

“Um documento comprobatório de que seu titular goza de

um crédito determinado perante certa instituição financeira,

o qual o credencia a efetuar compras de bens e serviços a

prazo e saques de dinheiro a título de mútuo. Essas

operações se efetuam em observância a um feixe de

contratos..."8

Waldírio Bulgarelli, abordando essa complexidade de contratos e

pessoas, ressalta que o cartão de crédito:

“É um negócio jurídico com várias facetas. Integrado por

vários contratos que se desdobram entre os componentes

do negócio, unifica-se pela finalidade proposta: permitir

que o consumidor adquira de imediato, em determinados

estabelecimentos comerciais ou de serviços, os bens e

serviços de que necessita.”9

Esclarecendo a operação, reconhece a existência de contrato de

adesão, explicando que:

“Operação polifacética, observada angularmente, tem-se

contrato de prestação de serviços entre a sociedade

emissora e o titular do cartão através de contrato-tipo, com

cláusulas impressas, redigidas por uma delas, a sociedade

emissora, às quais adere, sem discuti-las, o titular.

Portanto, contrato de adesão entre o titular por si, ou pela

sociedade emissora como sua mandatária, e a instituição

financeira, um contrato de abertura de crédito (ou de

financiamento em geral, quais sejam as condições, como

por exemplo, o chamado "credit revolving''); entre a

sociedade emissora e os fornecedores, um contrato

obrigando-se a pagar as compras feitas pelo titular até um

certo valor e estes a aceitar o cartão e a receber o preço,

nos prazos e condições fixados; entre o titular do cartão e

o fornecedor, um contrato de venda ou de prestação de

8 Abrão, Nelson - Direito Bancário. SP, RT, 1996, 3ª ed. rev. e atualizada p. 121. 9 Bulgarelli, Waldirio - Contratos Mercantis. SP, Atlas, 3ª ed., p. 619.

28serviços, obedecidos os requisitos da apresentação do

cartão e a assinatura da nota especial"10

É precisamente essa falta de oportunidade de discussão que tem

levado os Tribunais a anular as cláusulas por abusivas, além da falta de

esclarecimentos sobre as taxas. O mesmo jurista esclarece:

“Como ressaltado, há casos de emissão por empresas de

banco e outros por subsidiárias ou instituições de crédito.

Argumentar-se-ia que as mesmas regras deveriam ser

aplicadas, não importando a natureza da pessoa jurídica

contratante, importando sim a natureza do próprio

contrato, que, ou é de credenciamento ou de cartão stricto

sensu”11

Note-se que se fala em “emissão”, o que não se confunde pela

responsabilidade pela administração do cartão, que é da entidade que lhe dá o

nome, Visa, Credicard, etc. Nelson Abrão, com certa elasticidade, sustenta

que, bancários ou não os cartões, são emitidos por organizações que não

deixam de ser financeiras, porquanto façam do crédito sua negociação

principal. (Direito Bancário, SP, RT, 1996, 3ª ed. rev. e atualizada, p. 125). Tal

argumento, data venia, afronta a lei que estabelece o conceito e requisitos de

instituição financeira. Sabe-se, inclusive, que hoje há cartões emitidos em

conjugação com associações, planos de saúde, empresas comerciais, clubes,

planos de assistência médica, etc., o que não as torna entidades financeiras,

em absoluto.

Tanto que o art. 44 em seu §7º da Lei 4595 estabeleceu que

“Quaisquer pessoas físicas ou jurídicas que atuem como instituição financeira,

sem estar devidamente autorizadas pelo Banco Central da República do Brasil,

ficam sujeitas à multa (. . .) e detenção (. . .) ”, o que impede qualquer

equiparação nesse sentido. É exigência legal, assim, a autorização pelo Banco

Central para atuação como entidade financeira.

Além do mais, sabe-se da publicação da Medida Provisória nº

1.820/99, no sentido da regulação dos juros, liberados às instituições 10 Ob. Cit.

11 Ob. Cit.

29

autorizadas a funcionar pelo Banco Central, financeiras, bancárias, de capitais

ou de valores mobiliários, no art. 4º e parágrafo único, que não incide, contudo,

nos contratos bancários a ela anteriores, nem se aplica a liberação de juros às

Administradoras de cartões de crédito, que não são financeiras autorizadas

como tal pelo Banco Central. Assim, haverá sempre nulidade de cláusula frente

à lei (art. 145, II, III e V do Código Civil de 1916, atualmente Art. 166, II, IV e VII

do Novo CC, Lei 10406/02, além do art. 6º do Código de Defesa do

Consumidor), tratando-se de nulidade absoluta, nos termos do art. 146 do CC

de 1916, atualmente Art. 168.

Quanto à capitalização de juros, a incidência do anatocismo

depende sempre de permissão legal, como ocorre no relativo aos títulos

representativos de créditos rurais, comerciais e industriais. É proibida nos

cheques especiais, a não ser anual, e nos cartões de crédito, entre outros. O

contrato de cartão de crédito não é financiamento que se inclua no elenco em

que as leis especiais admitem a capitalização, como já assentou o Col.

Superior Tribunal de Justiça (RT 697, p. 191, REsp. 16.684-0-SP, 4ª T., Relator

MINISTRO ATHOS GUSMÃO CARNEIRO, J. 09.03.93), pelo que não se pode

aceitar a tese de que o vencimento é mensal, daí a incorporação dos juros,

mês a mês, ao capital, conforme decorre desse julgado. Fran Martins afirma

que o cartão de crédito é um cartão de identificação que:

“Credencia o portador na aquisição de bens ou prestação

de serviços mediante sua simples apresentação, com a

singularidade de que o pagamento das despesas será

realizado em uma época posterior e a uma pessoa diversa

do vendedor. É, assim, o cartão de crédito um meio para a

realização fácil de transações comerciais”. 12

Não pode, pois, ser utilizado como arma contra o consumidor.

Arnaldo Rizzardo lembra que, inicialmente, a emissão dos cartões restringia-se

a “entidades não bancárias, depois tendo os próprios bancos passado a emitir

cartões, investindo no setor. O mais comum é a criação de uma subsidiária do

12 Martins, Fran - Contratos e Obrigações Comerciais. RJ, Forense, 1981, 6ª ed., p. 609

30

banco ou grupo de bancos”. As operações, em todo caso, são sempre

comerciais, esclarece. (Contratos. RJ, Aide, 1988, v. III, p. 1344).

31

3. O Cofre Bancário

3.1 Conceito

Entre os serviços atípicos prestados pelos bancos à sua clientela

está o aluguel de cofres para o depósito de bens e valores mobiliários. A

natureza jurídica desse contrato é controvertida, tendo em vista que ainda não

existem, em nosso país, normas de Direito Positivo que o disciplinem. Segundo

Nelson Abrão,

“o contrato de cofre de segurança, ou de cofre-forte, é

aquele pelo qual o banco coloca à disposição do cliente

um compartimento ou cavidade para guarda de dinheiro,

objetos preciosos ou documentos, mediante remuneração.

Esse serviço se reveste de dois aspectos fundamentais: a

vigilância e o segredo”.13

Sergio Carlos Covello define esse serviço da seguinte forma:

“trata-se do contrato pelo qual o banco põe à disposição

do cliente compartimento vazio em sua caixa-forte para

que nele o cliente guarde dinheiro, objetos e documentos

em geral, mediante certa retribuição pecuniária

previamente estipulada”.14

São exemplos de bens e valores que podem ser guardados: ouro,

metais preciosos, jóias, bens de família, de valor sentimental, objetos

preciosos, dinheiro (quase sempre dólar e moeda estrangeira), títulos de

crédito, papéis e documentos de valor, importantes em geral. Não podem ser

guardados: substâncias perigosas, explosivos, inflamáveis, corrosivos,

substâncias proibidas, nocivas, tóxicos e animais.

3.2 Natureza jurídica: teorias

É questão controvertida e polêmica saber sobre a natureza

jurídica desse contrato. Para classificar este contrato, surgiram três teorias: a

teoria do depósito, a teoria da locação e a teoria do contrato misto (depósito e

locação). A melhor doutrina vem nos esclarecer que a natureza jurídica do 13 Abrão, Nelson - Direito Bancário. SP, RT, 1996, 3ª ed. rev. e atualizada.

14 Covello, Sergio Carlos – Contratos Bancários, Saraiva, 1981.

32

contrato de cofre tem características próprias do depósito, assim como tem

também características próprias do aluguel, não se podendo afirmar que uma

predomina sobre a outra.

Com base na teoria do depósito, esclarecemos que o contrato de

cofre-forte se assemelha ao depósito comum, por entender que o banco é ser

responsável pela guarda, vigilância e custódia, por ser possuidor do cofre-forte

e por ser uma evolução dos antigos depósitos cerrados (fechados). Além disso,

o cliente, ao contratar esse serviço, objetiva guardar bens e valores. Porém, os

que são contra a teoria do depósito argumentam o seguinte: não há no contrato

de cofre-forte a efetiva entrega da coisa certa, pois o banco não sabe o que foi

guardado no cofre, em função do sigilo deste tipo de serviço, daí não surge a

obrigação de restituir, que é típica de contrato de depósito. Por conta disso, a

custódia não é uma custódia direta, consistindo na vigilância externa da coisa

com abstração de seu conteúdo.

Os que defendem a teoria da locação afirmam tratar-se de

locação de objeto com segurança e locação de espaço interno para uso com

segurança externa. Assim, o que o cliente bancário quer é locar o cofre para

uso exclusivo, como ocorre numa locação de um imóvel. Vale lembrar que

vários julgados dos nossos Tribunais têm manifestado a favor da teoria da

locação, afirmando constituir típica locação e a hipótese de aluguel de cofre de

segurança em estabelecimento bancário. Entretanto, os que criticam esta teoria

argumentam que o banco se obriga também a garantir vigilância e segurança,

segurança contra subtração fraudulenta (furto e roubo), garantindo uso pacífico

do cofre alugado, o que não faz parte das obrigações de um locador (dono do

imóvel alugado). Além disso, não tem o cliente livre acesso à casa-forte para

abrir o cofre como deveria ter, se fosse uma locação pura, pois fica vinculado

aos horários e ajuda do banco para abrir o cofre.

Depois de analisarmos os prós e os contras das duas primeiras

teorias (locação e depósito), vimos que há críticas as duas acerca da natureza

jurídica do contrato de cofre de aluguel. Vem daí o surgimento de uma terceira

corrente: a teoria do contrato misto, onde se juntam os elementos próprios da

33

locação e do depósito, originando um novo contrato, uma nova espécie: um

contrato sui generis. O contrato de serviço bancário dos cofres fortes é

consensual, pois só depende das vontades do banco e do cliente, sendo de

adesão uma vez que as cláusulas já vêm prontas, elaboradas pelo banco. É

bilateral, pois existem obrigações para ambas as partes e oneroso, havendo

reciprocidade de prestações, mútuas, com utilidade econômica para as duas

partes, lucra o banco e lucra o cliente.

Neste contrato fica o cliente usuário obrigado a pagar uma tarifa

bancária estabelecida no contrato; não depositar no cofre alugado produtos

perigosos já citados e zelar pela guarda das chaves e segredo do cofre. O

banco por sua vez é obrigado a manter a confiança, segredo, vigilância,

segurança, acesso ao cofre e disponibilidade dos bens. A obrigação que o

banco assume perante o cliente é de resultado, pois só se considera satisfeita,

adimplida, cumprida, a prestação do serviço de cofre-forte se houver o efetivo

resultado esperado, ou seja, a guarda, segurança, a confiança e a vigilância

prometidas. Dessa forma, nesta obrigação assumida pelo banco, o resultado a

ser produzido pelo banco é certo e determinado. Não havendo este resultado,

há inadimplemento, não cumprimento, o que pode render ensejos à

responsabilização por perdas e danos.

3.3 Responsabilidade contratual

A divisão entre obrigação de meio e obrigação de resultado é

clássica e há muito famosa. Ela influencia na responsabilização do banco por

danos causados aos clientes, por falta de vigilância, segurança e falha e vício

do serviço prestado, bem como determina e imputa ao banco o ônus da prova.

Nessa situação, se a obrigação fosse do banco, uma obrigação de meio, não

se exigiria deste um resultado certo, mas tão somente diligência, sem obrigá-lo

a um resultado determinado, eficiente e esperado pelo cliente. Soma-se a isso

que a obrigação do banco é de resultado, ou seja, resultado positivo esperado

e com proveito para o cliente. Desta forma:

“é de se concluir que há nesse contrato uma cláusula de

segurança, que constitui a sua essência, o seu objeto

34específico. O banco, ao celebrá-lo, atua como profissional

da segurança, isto é, vende segurança assumindo,

portanto, uma obrigação de resultado, de sorte que não

pode ser excluída senão em face do caso fortuito ou da

força maior.”15

Com o trecho acima, adiantamos o tema sobre as causa que

exoneram os bancos de responsabilidade. Se, no caso, ele, o banco, provar

que o fato ocorreu em razão de caso fortuito ou força maior. Porém, o ônus de

provar isso é do banco, pois é ele que está alegando essas causas excludentes

(que exclui sua responsabilidade: caso fortuito e força maior). Dessa forma, ele

deve demonstrar que foi diligente e eficiente, mas que a despeito disso o

evento ainda ocorreu (por exemplo, incêndio, greve, inundação, etc.). Caso

fortuito é um obstáculo ao cumprimento das obrigações do banco, por motivo

alheio à vontade dele. Na força maior, também ocorre evento imprevisível, mas

há possibilidade de se resistir ao obstáculo. No caso fortuito, o obstáculo é

irresistível.

Tentam ainda as instituições financeiras se eximir da

responsabilidade através da cláusula de não indenizar. Esta cláusula não tem

eficácia. É inválido e inaceitável o banco querer se eximir de responsabilidade

invocando esta cláusula, mesmo estando escrita e expressa no contrato. É

abusiva. Por definição, é o ajuste que visa afastar as conseqüências normais

da inexecução de uma obrigação, ou seja, a estipulação pela qual o devedor se

libera da reparação do dano. Alguns autores equivocadamente a chamam de

exonerativa de responsabilidade ou de cláusula de irresponsabilidade, ambas

indevidamente, pois a cláusula não supre o ordenamento jurídico e a lei deve

sempre prevalecer para estabelecer a responsabilidade. Cabe à cláusula

discutir somente a maneira como se dará a reparação do dano.

Ocorrendo a subtração ilícita dos objetos, para se determinar e

apurar o valor da indenização cabe ao cliente demonstrar quais valores e

objetos estavam depositados no cofre violado. Esta prova não é fácil, mas

também não é impossível de se conseguir. O cliente lesado poderá provar por

15 Filho, Sergio Cavalieri – Programa de responsabilidade civil, pág 304.

35

meio do inquérito policial, no caso de furto em que o ladrão confessa o crime, e

no caso de alguns bens produtos do crime serem encontrados em seu poder;

prova testemunhal, documentos de propriedade, nota fiscal, depoimento do

banco e do cliente, além de todos os meios legais e moralmente legítimos,

hábeis para fazer a prova da existência dos bens depositados no cofre são

válidos. Algumas decisões judiciais a esse respeito levam em conta também a

posição sócio-econômica do cliente, sua honradez, prestígio, idoneidade e boa-

fé. Portanto, compete ao lesado provar a existência real dos bens e valores

alegados, bem como demonstrar o prejuízo, o que não se confunde com a

necessidade de se comprovar a responsabilidade do banco, pois esta já é

presumida pelo objeto do contrato. Mais uma vez nos referimos apenas ao

quantum indenizatório.

De nossa parte, sugerimos que se elimine ou pelo menos

abrande o rigor do sigilo, de sorte a permitir ao banco conhecer previamente os

bens a serem depositados, obviamente não revelando sem uma causa justa e

sem determinação da justiça tal conteúdo. Ora, o bancário já é o confidente

necessário do cliente, conhece e tem acesso a suas operações, só não pode

revelá-las sem justa causa.

A extinção e encerramento do contrato de serviço bancário de

cofres-fortes ocorrem: a) devido ao término do prazo de duração, desde que

não haja previsão no contrato de renovação tácita desejada pelo cliente; b)

mediante notificação prévia, de dez dias, do interessado (rescisão unilateral por

parte do banco ou do cliente), se o contrato foi celebrado por prazo

indeterminado; c) pela rescisão, em razão de infração ou inadimplemento

contratual, a inexecução contratual. O descumprimento pode ocorrer tanto por

culpa do banco quanto do cliente. Assim, qualquer um dos dois pode rescindir.

A morte do cliente não rescinde o contrato. Passa-se o direito para o espólio,

herdeiros. A falência do cliente passa o direito para o síndico, à massa falida.

A abertura do cofre é permitida ao cliente e ao bancário

identificado e com poderes para tanto. Além dessa possibilidade, pode haver

abertura forçada com autorização e acompanhamento da Justiça. Por exemplo:

36

terminada a locação, o cliente não devolve as chaves ao banco, o que permite

ao banco abrir compulsoriamente o cofre na presença de testemunhas. São

várias as situações, normalmente já previstas nas cláusulas do contrato. Outro

exemplo é o cliente não pagar o serviço de cofre por ele contratado.

Parlamentares membros de CPI, Ministério Público e autoridades fazendárias,

no desempenho de suas funções, e se houver relevantes e nobres interesses

públicos, podem solicitar autorização da Justiça para abrir compulsoriamente o

cofre, com finalidade de apurar crimes, servindo como meio de provas no

processo judicial.

Agora, como iremos mostrar, a Justiça tem decidido as questões

controvertidas relativamente aos danos causados pela má prestação dos

serviços bancários de cofre-forte. Assim:

Conquanto não possa ser considerado depositário dos

bens guardados em cofre alugado à pessoa física,

responde o estabelecimento bancário pelo comprovado

prejuízo decorrente de furto, tendo em vista o presumível

dever de guarda e segurança do espaço onde está aquele

situado.

(TA-MG – unân. Da 5ª Câm. Civ, Públ. Apelação 221564-3

– Juiz Brandão Teixeira, Darcy de Carvalho Laborne e

Valle).

Indenização – Responsabilidade civil – Estabelecimento

bancário – Furto de jóias depositadas em cofre de

segurança – Circunstância passível de indenização, dada

a responsabilidade do banco pela conservação e

integridade do seu conteúdo – Hipótese, porém, em que os

autores não demonstraram o efetivo prejuízo – Ação

improcedente. Apelação Civil 80.612-1 – São Paulo

RJTJESP 108/144.

STJ

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO.

ROUBO DE COFRE ALUGADO.

RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO BANCÁRIA

DEPOSITÁRIA. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA.

37POSSIBILIDADE. REEXAME DE MATÉRIA FÁTICO-

PROBATÓRIA.

Os bancos depositários são, em tese, responsáveis pelo

ressarcimento dos danos materiais e morais causados em

decorrência do furto ou roubo dos bens colocados sob sua

custódia em cofres de segurança alugados aos seus

clientes, independentemente da prévia discriminação dos

objetos ali guardados.

Recurso especial não conhecido.

(REsp 767.923/DF, Rel. Ministro CESAR ASFOR ROCHA,

QUARTA TURMA, julgado em 05/06/2007, DJ 06/08/2007

p. 501)

TJRJ

2001.001.19146 - APELACAO - 1ª Ementa DES. CELIA

MELIGA PESSOA - Julgamento: 13/11/2001 - SETIMA

CAMARA CIVEL

RESPONSABILIDADE CIVIL DE BANCO LOCACAO DE

COFRE EM CAIXA FORTE DE BANCO ASSALTO A

BANCO ARROMBAMENTO RESSARCIMENTO DOS

DANOS RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Responsabilidade civil. Violação em cofre de aluguel.

Subtração de bens. Natureza jurídica. Responsabilidade

objetiva que deflui da clausula de segurança, ínsita nesse

contrato e que constitui seu objeto, por excelência.

Contrato atípico, em que se mesclam a locação e a

prestação de serviço de segurança. A par disso, a

responsabilidade e' inquestionável, em razão de o assalto

ter contado com a participação de empregados da

empresa contratada para limpeza. Preliminar de decisão

"ultra petita". Desacolhimento. A alusão ao valor das jóias

não afasta o fato de a pretensão ser pelo ressarcimento

pelo valor real, segundo apurado na perícia. Vencida a

relatora, nessa parte, que adequava a indenização por tais

bens ao valor certo do pedido. Alegação de ausência de

ação ilícita que perde a razão de ser ante a

responsabilidade objetiva. Prova dos danos, que se faz por

38todos os meios em direito admitidos, sob parâmetros

delineados pela doutrina. Sobre o conteúdo do cofre, não

tem lugar a inversão do ônus da prova, incumbindo a

prova a quem alega (art. 333, I, do Código de Processo

Civil). Comprovação da propriedade, pela declaração de

bens no ano anterior ao do assalto. Suficiente essa prova

indireta, em cotejo com a indicação de que foram

roubados, na declaração do ano seguinte. Quanto `as

ações que foram declaradas, também prevalece esse

entendimento, mesmo que sem referencia `as mesmas no

exercício seguinte no Imposto de Renda. No tocante `a

quantidade de moeda americana, correlacionada `a parte

do resultado da venda de um imóvel, e' verossímil sua

existência, por se tratar a lesada de pessoa idônea, a

desnecessitar de criar a alegação. Quanto `as jóias de

família, que foram arrematadas em leilão, a prova

testemunhal, dos editais do leilão e fotografias convencem

de sua existência. Dano moral que não emerge "in re ipso"

a demandar prova da ocorrência, que não se fez. Alegação

de valor afetivo que não se comprovou, ate' pelo fato de

terem ido a leilão. Valor dos bens segundo o laudo do

perito do juízo. Sucumbindo em parte mínima, responde a

outra parte por inteiro (art. 21, parágrafo único, do Código

de Processo Civil). Parcial provimento `a primeira

apelação, negando provimento ao segundo apelo. (GAS)

Vencida, na preliminar, a Des. Celia Maria Vidal Meliga

Pessoa. Declaração de voto do Des. Luiz Roldao.

39

CONCLUSÃO

Por mais que os institutos tenham evoluído e tenham uma melhor

técnica jurídica, seja pelos seus regulamentos, seja pelo advento do CDC, eles

ainda apresentam diferentes interpretações pelos nossos tribunais e as

decisões não são unânimes. A automação bancária também tem contribuído

para novos tipos de serviço online através da internet, terreno ainda nebuloso

no campo do Direito, porque desprovido de uma legislação específica,

principalmente no que concerne a responsabilidade penal. Entretanto, para o

direito civil, aplica-se o CDC, a fim de resguardar os direitos dos destinatários

dos serviços bancários.

Podemos constatar que a utilização desses institutos tem dado

margem para algumas práticas arbitrárias por parte das instituições financeiras,

tais como utilização de taxas de juros abusivas, prestação de serviços

inadequados quanto à forma ou qualidade, e condicionamento de um serviço a

outro ou a um produto. As instituições financeiras, na tentativa e na ansiedade

de vender seus produtos, passam por cima de direitos dos consumidores,

sejam pessoas físicas ou jurídicas, o que muitas vezes dificulta a realização de

negócios. Essas inovações, pelo contrário, deveriam exatamente agilizar os

negócios, facilitando o crédito.

O empresário precisa dessa facilidade e de um preço justo pela

prestação de determinados serviços. Assim, ter uma conta corrente com crédito

rotativo, um cartão de crédito empresarial e um lugar para guardar documentos

que contém segredos empresariais e que precisam ficar sob sigilo absoluto,

são alguns dos exemplos que se encaixam perfeitamente nos modelos

estudados, revelando a relevância de se aprimorar esses institutos, tornando-

os mais eficientes, acessíveis e baratos àqueles que precisam , seja por uma

questão de mera inclusão bancária, seja pela vontade de empreender e fazer

negócios.

Desta forma, o que precisamos é de melhores definições jurídicas

ou leis que estabeleçam critérios claros sobre aplicação de juros, pois o

judiciário tem se mostrado bastante controvertido com relação à matéria, pois

40

os casos tem se mostrado com características bem peculiares. Outra medida

que poderia facilitar o entendimento do julgador e assim facilitar o seu

julgamento seria uma definição das atividades que mesmo não sendo

prestadas por instituições financeiras a elas se equiparam para aquele fim

específico. Poderíamos nos utilizar até do princípio da atividade econômica

preponderante para estabelecer se um contrato seria de uma instituição

financeira ou não. Se a maioria das atividades depende do banco, da sua

tecnologia, das suas dependências e de seu pessoal, não resta dúvida que

estamos falando de uma atividade feita e gerada por uma instituição financeira.

Isso pode ser bem aplicado principalmente no caso do cartão de crédito, no

qual a discussão ainda é muito grande acerca da aplicação dos juros, tendo em

vista que muitas empresas se associam às instituições financeiras para vender

o produto cartão de crédito. Neste caso, o consumidor tem que ter o direito de

acionar qualquer um dos dois, caso entre em litígio, pois apesar de serem

instituições diferentes, ao agirem em conjunto devem responder em conjunto

também, pois o negócio jurídico é único.

Apesar dos contratempos e das controvérsias que envolvem os

institutos estudados, o cenário tem caminhado para uma situação de maior

equilíbrio e transparência para o consumidor, o que acreditamos tornará as

relações mais duradouras e menos dispendiosas com ações no judiciário.

41

ANEXOS

1. REGULAMENTAÇÃO UTILIZADA CONTA CORRENTE PESSOA FÍSICA

Carta-Circular BACEN 2826, 04 DEZ 1998

Carta-Circular BACEN 3163, 17 FEV 2005

Carta-Circular BACEN 3371, 06 DEZ 2007

Circular BACEN 2452, 21 JUL 1994

Circular BACEN 2852, 03 DEZ 1998

Circular BACEN 3006, 05 SET 2000

Circular BACEN 3339,22 DEZ 2006

Decreto 3.927, 19 SET 2001

Instrução Normativa RFB 864, 25 JUL 2008

Resolução CMN (BACEN) 2025, 24 NOV 1993

Resolução CMN (BACEN) 2475, 26 MAR 1998

Resolução CMN (BACEN) 2747, 29 JUN 2000

Resolução CMN (BACEN) 2878, 26 JUL 2001

Resolução CMN (BACEN) 2953, 25 ABR 2002

Resolução CMN (BACEN) 3110, 31 JUL 2003

Resolução CMN (BACEN) 3156, 17 DEZ 2003

Resolução CMN (BACEN) 3279, 29 ABR 2005

Resolução CMN (BACEN) 3518, 06 DEZ 2007

2. REGULAMENTAÇÃO UTILIZADA CONTA CORRENTE PESSOA

JURÍDICA

CARTA-CIRCULAR BACEN 2826/98, 04 DEZ 1998 – Regulamenta o disposto

na Resolução 2515, de 29.06.98, relativo aos critérios para credenciamento e

autorização de operações de crédito externo.

42

CARTA-CIRCULAR BACEN 3098/03, 11 JUN 2003 - Dispõe sobre a remessa

adicional de informações no âmbito do sistema Central de Risco de Credito.

CARTA-CIRCULAR BACEN 3200/05, 03 AGO 2005 - Esclarece acerca do

procedimento a ser adotado para a comprovação da qualidade e da extensão

dos poderes dos bispos e dos párocos da Igreja Católica, ou de seus

representantes, mandatários ou prepostos, para figurar em negócios jurídicos

celebrados com instituições financeiras e demais instituições autorizadas a

funcionar pelo Banco Central do Brasil.

CIRCULAR BACEN 2452, 21 JUL 1994 – Estabelece normas complementares

relativas à abertura, manutenção e movimentação de contas de depósitos.

CIRCULAR BACEN 2852, 26 MAI 1998 – Dispõe sobre os procedimentos a

serem adotados na prevenção e combate às atividades relacionadas com os

crimes previstos na Lei nº. 9.613, de 03.03.1998.

CIRCULAR BACEN 3006, 05 SET 2000 - Estabelece procedimentos e

condições complementares para a abertura, a manutenção e o encerramento

de contas de depósitos.

CIRCULAR BACEN 3287/05, 20 JUL 2005 – Dispõe sobre a constituição e a

implementação no Banco Central do Brasil, do Cadastro de Clientes do

Sistema Financeiro Nacional – CCS.

COMUNICADO FEBRABAN 184/2007 – Dispõe sobre a padronização do

encerramento de contas de depósito.

IN SRF 748, 28 JUN 2007 - Dispõe sobre o Cadastro Nacional da Pessoa

Jurídica (CNPJ).

RESOLUÇÃO CMN (BACEN) 2025, 24 NOV 1993 - Altera e consolida as

normas relativas à abertura, manutenção e movimentação de contas de

depósitos.

RESOLUÇÃO CMN (BACEN) 2078, 15 JUN 1994 - Altera normas relativas à

abertura, manutenção e movimentação de contas de depósitos.

43

RESOLUÇÃO CMN (BACEN) 2747, 29 JUN 2000 - Altera normas relativas à

abertura e ao encerramento de contas de depósitos, a tarifas de serviços e ao

cheque.

RESOLUÇÃO CMN (BACEN) 2878/01, 26 JUL 2001 - Dispõe sobre

procedimentos a serem observados pelas instituições financeiras e demais

instituições autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil na

contratação de operações e na prestação de serviços aos clientes e ao público

em geral.

RESOLUÇÃO CMN (BACEN) 2953/02, 25 ABR 2002 - Altera normas relativas

à abertura, manutenção e movimentação de contas de depósitos e dispõe

sobre a contratação de correspondentes no País por parte de instituições

financeiras.

RESOLUÇÃO CMN (BACEN) 3279/05, 29 ABR 2005 - Dispõe sobre a

indicação da data de relacionamento de clientes de instituições financeiras em

formulários de cheque.

3. REGULAMENTAÇÃO UTILIZADA CARTÃO DE CRÉDITO PESSOA

FÍSICA

Circular BACEN 2852, de 03/12/1998

IN SRF 208, de 27/09/2002

Resolução CMN 2878, de 26/7/2001

IN INSS PRES 28, de 16/05/2008

Decreto 6523, de 31/07/2008.

4. REGULAMENTAÇÃO UTILIZADA CARTÃO DE CRÉDITO EMPRESARIAL

Resolução BACEN 2878, DE 26.07.2001

Circular BACEN 2852/98, de 03.12.1998

44

MODELOS

1. MODELO DE CONTRATO DE COFRE BANCÁRIO (EXTRAÍDO

DO ANEXO I DO MN CO 168002 DA CAIXA ECONÔMICA

FEDERAL, COM VIGÊNCIA A PARTIR DE 04/06/2007).

ANEXO I - CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COFRE CONTRATO DE LOCAÇÃO DE COFRE Contrato de locação de cofre, que entre si fazem, de um lado, a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, instituição financeira, sob a forma de empresa pública, com sede em Brasília - DF, criada pelo Dec. Lei n.º 759/69 e constituída nos termos do Decreto n.º 66.303/70, inscrita no CGC/MF sob n.º 00.360.305, representada neste ato pelo Gerente da Agência, abaixo designado, doravante denominada simplesmente CEF e, de outro lado, como LOCATÁRIO, o abaixo assinado e qualificado, conforme cláusulas e condições seguintes: PRIMEIRA - O presente contrato tem por objeto a locação de cofre de aluguel, identificado e caracterizado no verso deste instrumento, destinado ao depósito de documentos e valores de qualquer natureza, exceto quanto a tudo que possa constituir perigo à segurança e à integridade do cofre, de pessoas e do patrimônio da CEF e de terceiros ou tenha natureza ilícita. Parágrafo Primeiro - Ocorrendo tal hipótese, fica (m) o (s) LOCATÁRIO (S) responsável (is) e sujeito (s) às penas da lei, pelas conseqüências decorrentes de qualquer abuso por ele (s) cometido, além de o contrato de locação poder ser dado como rescindido, de pleno direito, independente de quaisquer avisos, ficando autorizada a CEF, em caráter irrevogável e irretratável, a se valer da faculdade prevista no parágrafo primeiro da cláusula décima quinta. Parágrafo Segundo - Em caso de rescisão do contrato por culpa do LOCATÁRIO, a CEF fica desobrigada a lhe devolver o valor do aluguel, total ou parcialmente. SEGUNDA - O presente contrato terá início na data de sua assinatura, e vigorará pelo prazo de (06) seis meses, ficando automática e sucessivamente prorrogado por iguais períodos se não houver nos 15 (quinze) dias anteriores ao vencimento do prazo, manifestação contrária de qualquer das partes, sendo debitado em conta do LOCATÁRIO o aluguel vincendo, que desde logo autoriza o débito no valor que vier a ser calculado pela CEF. TERCEIRA - Pelo uso do cofre, o LOCATÁRIO pagará à CEF antecipadamente, inclusive a cada prorrogação, o respectivo aluguel, através de débito em conta, cujo valor será aquele que estiver em vigor na época da celebração ou das prorrogações deste instrumento, constante de tabela de preços da CEF, independentemente da expedição ou não de qualquer aviso ao (s) LOCATÁRIO (S), comunicando-lhe (s) sobre eventual alteração do preço de locação. QUARTA - O aluguel será exigível na data da assinatura do contrato e nas datas das prorrogações, obrigando-se o LOCATÁRIO a manter na conta saldo suficiente para suportar os respectivos débitos, salvo se nos 15 (quinze) dias

45

anteriores ao vencimento do prazo, houver manifestação em contrário, por escrito, de qualquer uma das partes, conforme previsto na cláusula décima quarta. QUINTA - A insuficiência de saldo na conta, para débito do aluguel nos casos de prorrogação, ensejará a rescisão do contrato de pleno direito, independente de qualquer aviso ou notificação judicial ou extrajudicial, reservando-se à CEF o direito de providenciar a abertura forçada do cofre adotando-se o procedimento previsto na cláusula décima quinta deste instrumento, caso não seja a cobertura providenciada nos 10 (dez) dias subseqüentes. Parágrafo Único - Ocorrida a rescisão, o LOCATÁRIO obriga-se a devolver imediatamente as chaves do cofre, sob a pena de multa diária até a efetiva devolução, calculada na forma prevista no parágrafo Único da cláusula décima terceira. SEXTA - O LOCATÁRIO recebe da CEF, neste ato,02 (duas) chaves iguais do cofre locado e 01 (uma) cópia do presente instrumento contratual, responsabilizando-se, para todos os efeitos, pela sua guarda e conservação. Parágrafo Primeiro - O LOCATÁRIO obriga-se a comunicar à CEF, tempestivamente, o roubo, furto ou extravio de qualquer das chaves em seu poder. Parágrafo Segundo - O LOCATÁRIO obriga-se a ressarcir à CEF as despesas decorrentes da perda da chave, tais como: troca de fechadura, arrombamento do cofre, confecção de nova chave, etc. autorizando desde já a CEF a debitá-las em sua conta. SÉTIMA - O acesso ao local do cofre somente será permitido nos dias úteis nas horas de expediente bancário para o público ou em horário a ser estipulado pela CEF e sob prévia assinatura do LOCATÁRIO, seus representantes ou portadores de ordem judicial em documento à parte, onde se anotará a data da visita e a hora de entrada e de saída do recinto onde se localiza o cofre. Parágrafo Primeiro - A CEF não responderá em nenhuma hipótese pelo que estiver depositado no cofre, garantindo somente a integridade exterior do cofre. Parágrafo Segundo - Convencionam ainda as partes exonerar a CEF de quaisquer responsabilidades ou prejuízos que possa o LOCATÁRIO sofrer por eventuais atrasos ou impedimentos ao acesso e/ou uso do cofre locado, quando decorrentes de casos fortuitos ou de força maior, bem como deficiências ou mesmo acidentes surgidos/ocorridos no mecanismo de funcionamento do cofre ou na casa - forte onde se acha instalado. O cofre só poderá ser aberto pelo LOCATÁRIO, seus representantes legais ou portadores de ordem judicial, mediante chave controle. Parágrafo Primeiro - O LOCATÁRIO poderá em documento à parte ou em espaço constante deste instrumento, dar autorização, revogável a qualquer tempo, a no máximo duas pessoas para que utilizem por ele o cofre locado. Parágrafo Segundo - Na autorização de que trata esta cláusula deverá constar a qualificação e a assinatura da (s) pessoa (s) autorizada (s) a utilizar o cofre. Parágrafo Terceiro - A outorga de nova autorização determina a cassação ou revogação da anterior. Parágrafo Quarto - Fica certo que as pessoas autorizadas pelo LOCATÁRIO terão direito ao livre acesso e uso do cofre até a revogação da autorização, que deverá ser comunicada por escrito à CEF, obrigação que competirá, também

46

aos seus herdeiros ou sucessores, no caso de seu falecimento, ausência ou interdição, não assumindo a CEF qualquer responsabilidade no caso de continuar as pessoas anteriormente autorizadas usando o cofre, tendo ocorrido qualquer daqueles eventos, sem receber a CEF aviso de quem de direito. Parágrafo quinto - Sendo dois ou mais os LOCATÁRIOS, unidos pelo vínculo de solidariedade (caso em que assinarão o presente contrato em conjunto e de forma solidária), qualquer deles poderá, de per si, utilizar o cofre locado e exercer os demais direitos do locatário. Parágrafo Sexto - A autorização dada a terceiros para utilização do cofre por qualquer um dos LOCATÁRIOS solidários, terá sua eficácia condicionada à expressa concordância dos demais. Parágrafo Sétimo - Quando se tratar de locação a mais de uma pessoa, sem a característica de solidariedade, o cofre somente poderá ser aberto e utilizado com a presença de todos os LOCATÁRIOS e terceiros autorizados. Parágrafo Oitavo - Nas locações sem a característica de solidariedade, a autorização de utilização por terceiros concedida por um dos co-LOCATÁRIOS, ficará subordinada à inexistência de oposição, por escrito, de qualquer dos demais co-LOCATÁRIOS presentes à abertura do cofre. Parágrafo Nono - Em caso de falência ou impedimento legal de qualquer dos LOCATÁRIOS, a autorização de utilização do cofre dada por ele a terceiros, permanecerá eficaz enquanto sua cassação ou revogação não for comunicada à CEF, por meio legalmente idôneo, e pela iniciativa de qualquer dos demais LOCATÁRIOS ou pelo representante da massa falida ou do impedido, não sendo imputável à CEF, antes de recebida a tal notificação, qualquer responsabilidade pela utilização do cofre por parte de quem fosse autorizado a fazê-lo, ficando assentado que a CEF só acatará nova autorização mediante apresentação do competente alvará judicial. Parágrafo Décimo - Em caso de falecimento de qualquer dos LOCATÁRIOS, aplicam-se, no que couber, as disposições do item precedente. NONA - Além das obrigações constantes deste instrumento, são deveres do LOCATÁRIO: a) cumprir todas as exigências de regulamentos internos da CEF, como quer que prescrevam ou de futuro venham a prescrever; b) comunicar por escrito à CEF, imediatamente e sob protocolo, a perda ou extravio de uma ou de ambas as chaves do cofre; c) não sublocar, ceder ou transferir no todo ou em parte, a presente locação ou direitos dela decorrentes; d) ressarcir à CEF as despesas provenientes de medidas judiciais ou extrajudiciais que impliquem na abertura do cofre, normal ou forçada; e) desocupar o cofre e restituir as chaves à CEF, no prazo máximo de 10 (dez) dias da rescisão do contrato de locação; f) se pessoa jurídica, apresentar a documentação necessária que comprove quais as pessoas que têm representação legal e as que ficam autorizadas a agir em seu nome em todos os atos decorrentes deste contrato, bem como, comunicar à CEF a substituição dos representantes com direito ao uso do cofre, sob pena de continuar esse direito reservado aos representantes anteriormente designados. DÉCIMA - Se o LOCATÁRIO for pessoa jurídica, deverá apresentar a documentação necessária que comprove quais as pessoas que têm a representação legal, e as que ficam autorizadas a agir em seu nome, em todos os atos decorrentes do contrato, obrigando-se a comunicar à CEF qualquer

47

outorga ou revogação de poderes, ou alterações do contrato social ou estatutos. DÉCIMA PRIMEIRA - Fica vedada a cessão ou transferência no todo ou em parte do presente contrato, bem como a sublocação do cofre ora lacrado, salvo se houver consentimento por escrito da CEF. DÉCIMA SEGUNDA - Qualquer mudança de residência, ou domicílio, o LOCATÁRIO comunicará a CEF, e, não o fazendo, considerar-se-á, para todos os efeitos, como sendo sua residência ou domicílio, os endereços constantes deste instrumento, fornecidos pelo LOCATÁRIO, e todos os avisos, comunicações e correspondências relacionados com o presente contrato serão encaminhados aos mesmos, enquanto outros não forem por ele comunicados à CEF. DÉCIMA TERCEIRA - A inadimplência de qualquer obrigação decorrente do presente contrato acarretará a sua rescisão de pleno direito, independentemente de notificação judicial ou extrajudicial. Parágrafo Único - Ocorrida a rescisão, o LOCATÁRIO obriga-se a devolver as chaves na data desse evento, sob pena de também ficar obrigado ao pagamento de multa, cujo valor, diário, corresponderá a 2/30 (dois inteiros e trinta avos) do preço do aluguel mensal na data do adimplemento dessa obrigação. DÉCIMA QUARTA - Fica facultado a qualquer das partes, mediante aviso prévio de 15 (quinze) dias, por escrito, dar por rescindido o presente contrato. Parágrafo Primeiro - Rescindido o contrato por iniciativa do LOCATÁRIO, este se obriga a devolver as chaves do cofre, no prazo máximo de 10 (dez) dias contados da comunicação à CEF que deverá ser feita por registro postal. Caso o LOCATÁRIO não efetive a devolução das chaves no prazo acima sujeitar-se-á ao pagamento de multa diária, devida até a final devolução do cofre e calculada na forma prevista no parágrafo único da cláusula anterior. Parágrafo Segundo - Na hipótese de rescisão por iniciativa da CEF, esta restituirá ao LOCATÁRIO, parte do aluguel antecipadamente pago, na proporção do período não utilizado. DÉCIMA QUINTA - Caso o LOCATÁRIO não devolva as chaves nas hipóteses estipuladas neste contrato, a CEF promoverá a abertura forçada do cofre, por meio de arrombamento, debitando as despesas em conta do LOCATÁRIO ou deste cobrando-as sem prejuízo da cobrança das multas antes estipuladas. Parágrafo Primeiro - Nos casos em que seja necessário a abertura forçada do cofre, os objetos existentes no cofre serão retirados e relacionados em documento, o qual será assinado por duas testemunhas, presentes no ato da abertura forçada, após o que serão embrulhados, lacrados e guardados na AGÊNCIA por 90 (noventa) dias, à disposição do LOCATÁRIO, ficando este exonerado de toda e qualquer responsabilidade neste período. Parágrafo Segundo - No ato da devolução, serão cobrados os aluguéis atrasados e despesas decorrentes da abertura forçada do cofre, salvo se a CEF preferir fazer a consignação ou depósito judicial, por conta do (s) LOCATÁRIO (S) hipótese em que serão exigíveis as mesmas verbas. Parágrafo Terceiro - Se os objetos não forem procurados pelo LOCATÁRIO no prazo acima estabelecido, serão removidos para o depositário público.

48

DÉCIMA SEXTA - Vencido o contrato e não restituídas as chaves do cofre à CEF, o LOCATÁRIO estará obrigado a ressarcir àquela todas as despesas oriundas ou conexas com esse estado, judiciais e extrajudiciais. DÉCIMA SÉTIMA - Todas as condições estipuladas neste instrumento obrigam as partes por si, herdeiros e sucessores até final devolução do cofre locado à CEF. DÉCIMA OITAVA - O presente contrato dispõe sobre a locação de cofre para uso particular, cujos conteúdos e valor não são declarados pelo LOCATÁRIO. Conseqüentemente, cabe a este a iniciativa, por sua conta e risco, de celebrar ou não contrato de cobertura securitária dos valores e documentos assim guardados, com seguradora de sua escolha, sem necessidade alguma de participar sua eventual celebração à CEF, que, por isso mesmo, em nenhuma hipótese responderá pelo conteúdo do cofre, nem mesmo em situação de extravio, furto roubo ou qualquer outro sinistro, oriundo ou não de caso fortuito ou força maior, que de alguma forma comprometa ou faça perecer os bens, títulos, etc. guardados no cofre locado. DÉCIMA NONA - O LOCATÁRIO declara ser de seu conhecimento que: a) é vedado guardar no cofre bem cuja posse não seja permitida por lei ou substâncias ou materiais tóxicos, explosivos, inflamáveis, corrosivos ou quaisquer outros suscetíveis de causar danos; b) são de sua inteira responsabilidade os danos causados em decorrência da inobservância do disposto no item precedente; c) o LOCADOR não toma conhecimento dos objetos guardados no cofre; d) o LOCADOR pode exigir da pessoa que pretenda ter acesso ao cofre as provas que entender necessárias à sua identificação; e) é impossível ao LOCADOR e a qualquer outra pessoa abrirem o cofre isoladamente; f) a não desocupação do cofre e devolução das chaves no prazo máximo de 10 (dez) dias após a rescisão do presente contrato caracteriza o abandono dos bens e valores guardados no cofre e a intenção de a eles renunciar, nos termos do artigo 592 do Código Civil, e faculta a CEF efetuar a abertura forçada do cofre. VIGÉSIMA - A CEF não se responsabiliza pelo extravio, desaparecimento ou deterioração de quaisquer objetos guardados no cofre e pelas conseqüências, quaisquer que sejam elas, da perda ou extravio da (s) chave (s) do cofre entregues ao LOCATÁRIO, quando não comunicados tempestivamente ao LOCADOR. VIGÉSIMA PRIMEIRA - Findo ou rescindido o presente contrato, se necessário a abertura forçada do cofre, a CEF o fará na presença de duas testemunhas e sob lavratura de termo de ocorrência onde constará a descrição dos bens e valores nele existentes. VIGÉSIMA SEGUNDA - Os LOCATÁRIOS abaixo nomeados, qualificados e assinados, firmam o presente contrato unidos pelo vínculo da solidariedade ativa e passiva, que neste ato expressam para todos os efeitos deste contrato, especialmente para o que diz respeito à eventuais autorizações de uso do cofre a serem conferidas a terceiros e no tocante ao pagamento do aluguel da locação. VIGÉSIMA TERCEIRA - Para dirimir dúvidas decorrentes do presente contrato, as partes elegem o Foro da situação do imóvel onde se acha instalado o cofre objeto do presente contrato.

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E por estarem justos e contratados, assinam o presente instrumento em 02 (duas) vias de igual teor e forma, na presença das testemunhas abaixo. _____________________, _____ de ______________ de _________ __________________________ _____________________________ TESTEMUNHA TESTEMUNHA __________________________ _____________________________ LOCADOR LOCATÁRIO

50

BIBLIOGRAFIA

ABRÃO, NELSON - Direito Bancário, 3ª edição revista. e atualizada. SP, RT,

1996.

BULGARELLI, WALDIRIO - Contratos Mercantis, 3ª ed. SP, Atlas, 1981.

COVELLO, SERGIO CARLOS – Contratos Bancários, Ed. Saraiva, 1981.

FILHO, SERGIO CAVALIERI – Programa de Responsabilidade Civil, 2ª edição,

3ª tiragem, Malheiros Editores, 2000.

FÜHRER, MAXIMILIANOS CLÁUDIO AMÉRICO - Coleção Resumos 1 –

Resumo de Direto Comercial, 38ª edição, Malheiros Editores, 2008.

GOMES, ORLANDO – Contratos, 24ª edição, Ed. Forense, 2001.

MARTINS, FRAN - Contratos e Obrigações Comerciais, 6ª edição, RJ, Ed.

Forense, 1981.

51

ÍNDICE

Introdução ............................................................................................................... 6

1. A Conta Corrente ................................................................................................ 9

1.1 Conceito ....................................................................................................... 9

1.2 Conta especial e cheque especial ............................................................. 10

1.3 Responsabilidade contratual ...................................................................... 10

1.4 Tipos de contas ......................................................................................... 11

2. O Cartão de Crédito .......................................................................................... 17

2.1 Conceito ..................................................................................................... 17

2.2 Da prática dos juros: teorias ...................................................................... 18

2.3 Natureza jurídica ........................................................................................ 26

3. O Cofre bancário ............................................................................................... 31

3.1 Conceito ..................................................................................................... 31

3.2 Natureza jurídica: teorias ........................................................................... 31

3.3 Responsabilidade contratual ...................................................................... 33

Conclusão ............................................................................................................. 39

Anexos .................................................................................................................. 41

1. Regulamentação utilizada conta corrente pessoa física............................. 41

2. Regulamentação utilizada conta corrente pessoa jurídica ......................... 41

3. Regulamentação utilizada cartão de crédito pessoa física ......................... 43

4. Regulamentação utilizada cartão de crédito empresarial ........................... 43

Modelos ................................................................................................................ 44

1. Modelo de contrato de cofre bancário ......................................................... 44

Bibliografia ............................................................................................................ 50

Índice .................................................................................................................... 51