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ARETUZA BEZERRA BRITO RAMOS CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO URBANAS: CASO DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS, PE Recife Março, 2007

CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

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Page 1: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

ARETUZA BEZERRA BRITO RAMOS

CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO URBANAS: CASO DO PARQUE

ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS, PE

Recife

Março, 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIENTAIS

CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE

CONSERVAÇÃO URBANAS:

CASO DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS, PE

ARETUZA BEZERRA BRITO RAMOS

Profª. ÂNGELA MARIA ISIDRO DE FARIAS

JOÃO DAMÁSIO BRAGA

Recife

Março, 2007

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Ramos, Aretuza Bezerra Brito Contribuição para a Gestão de Unidades de Conservação Urbanas: caso do Parque Estadual Dois Irmãos, PE. – Recife: O Autor, 2007. 201 folhas : il., tab., fig. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. Gestão e Políticas Ambientais. Recife, 2007.

Inclui: bibliografia e anexos

1. Gestão Ambiental – Planejamento Ambiental. 2. Meio ambiente – Unidade de Conservação – Conservação biológica. 3. Transformações tecnológicas. 4. Impactos Ambientais. 5. Pernambuco – Recife – Dois Irmãos. I. Título.

504 577

CDU (2. ed.) CDD (22. ed.)

UFPE BCFCH2007/45

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ARETUZA BEZERRA BRITO RAMOS

CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

URBANAS: CASO DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS, PE

Dissertação apresentada ao

Mestrado de Gestão e Políticas

Ambientais da Universidade

Federal de Pernambuco, como

parte dos requisitos para

obtenção do grau de Mestre.

ORIENTADORA: Profª ANGELA MARIA ISIDRO DE FARIAS

CO-ORIENTADOR: JOÃO DAMÁSIO BRAGA

Recife

Março, 2007

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À minha família.

Com o carinho especial a Tarcizo, meu pai, que

durante todo o tempo cuidou, lutou, acreditou e

vibrou para a minha formação pessoal. À Lúcia,

minha mãe, que me deixou o sentido de crescimento.

Aos meus amigos e sogros Damásio e Rosana, pelo

carinho e solidariedade.

A Dan Vítor por presentear-me com tanta alegria,

esperança e carinho do viver em família.

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AGRADECIMENTOS

“Cada qual de nós, conforme as leis que nos regem, se encontra hoje no lugar certo, com as criaturas adequadas e nas circunstâncias justas, necessárias ao trabalho que nos compete efetuar, na pauta de nosso próprio merecimento”.

Emmanuel

Agradeço, primeiramente a Deus pela oportunidade de evoluir a cada dia

que vivo;

A União, por ter arcado com as despesas da minha formação profissional e

através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq), pela concessão da bolsa durante os seis meses;

À minha família, por todo carinho e por tudo fizeram e fazem para dar todo

apoio financeiro necessário, por terem me ensinado os valores da vida e por todo

carinho e amor que a mim vem dedicando ao longo destes anos;

À minha segunda família que me adotou com carinho nestes últimos anos,

em especial a meus sogros, Damásio e Rosana Braga, que me apoiaram e

orientaram além da vida acadêmica;

À Professora Ângela Maria Isidro de Farias, pela orientação e,

principalmente, por ter acreditado no meu potencial e aceitado o desafio;

A João Damásio Braga pela co-orientação e apoio, assim como pelos

valiosíssimos conselhos;

Aos membros do Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais, em especial à

Professora Marlene Silva, pelo esforço despreendido como formadora de

profissionais e cientistas;

A todos os profissionais que participaram da valoração dos impactos obtidos

neste trabalho. Especialistas que se doaram a este projeto, doando um pouco do

seu precioso tempo e experiência para a conclusão do estudo;

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Aos pesquisadores que me antecederam, estudando, nas suas especialidades,

o Parque Estadual de Dois Irmãos, esforços que me auxiliaram na descrição dos

fatores ambientais analisados;

Aos “meninos” da Secretaria do Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais,

pela amizade construída e, principalmente, a “mãezona” Solange de Paula, por

toda a sua dedicação e paciência;

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a execução desta

dissertação.

E por último, mas não menos importante, ao meu melhor amigo e

companheiro, Dan Vítor Braga, pelos momentos maravilhosos que tivemos juntos,

por estar ao meu lado sempre e por me fazer sorrir e chorar, quantas vezes eu

necessitei.

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“Tudo que existe, coexiste, e tudo o que coexiste,

preexiste; tudo que coexiste e preexiste, subsiste numa

interminável teia de relações inclusivas”

Leonardo Boff

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RESUMO

RAMOS, A. B. B. Contribuição para a Gestão Ambiental de Unidades de Conservação Urbanas: caso do Parque Estadual de Dois Irmãos, PE. Recife, 2007. Dissertação do Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais, Universidade Federal de Pernambuco.

Por séculos, as atividades humanas vêm causando transformações nas paisagens naturais. Todavia, nos últimos anos, a capacidade de alteração vem sendo incrementada em virtude do crescimento populacional humano e, especialmente, de sua associação com inúmeras transformações tecnológicas. Para fazer frente a esses problemas e resguardar certas porções do território nacional dessas alterações, têm sido criadas áreas protegidas. Entretanto, apesar de terem sido estabelecidas para funcionarem como áreas onde os efeitos do processo de desenvolvimento humano sobre os recursos naturais presentes fossem minimizados, as Unidades não conseguem se manter isoladas, sendo atingidas pelas mesmas atividades que ameaçam a conservação biológica nas áreas externas a ela. Desta forma, o presente trabalho aborda a questão dos impactos ambientais que atuam sobre uma Unidade de Conservação de Proteção Integral inserida em meio à zona urbana da cidade de Recife – PE. Assim, visa evidenciar e avaliar os impactos ambientais causados pela ação antrópica sobre o Parque Estadual de Dois Irmãos, bem como contribuir para estruturação de seu processo de Gestão e para o desenvolvimento de ações que venham atuar de forma mais eficiente e efetiva na sua preservação. A metodologia utilizada nesse trabalho constou de etapas consecutivas, em que o produto de cada etapa serviu de subsídios para a seguinte. Através de um levantamento documental e observações em campo foram caracterizados os fatores ambientais presentes no Parque, as Atividades Potencialmente Impactantes e os impactos ambientais por elas gerados. Em seguida, foi realizada a valoração dos impactos através de consultas realizadas a pesquisadores especialistas nas diversas áreas envolvidas no presente estudo. Os resultados mostraram que os impactos estudados estão diretamente relacionados com falhas no manejo e/ou na execução de atividades realizadas na área estudada. Assim, os resultados obtidos mostram o cenário atual do limite legal do Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo seus gestores, um papel fundamental na viabilização e implementação deste processo. A sua ausência possibilita a prática de atividades insustentáveis, que podem desencadear, em longo prazo, um processo de colapso dos sistemas afetados.

Palavras-chave: Gestão Ambiental; Unidades de Conservação; Planejamento Ambiental; Impactos Ambientais.

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ABSTRACT

RAMOS, A. B. B. Contribution for the environmental management of urban Conservation Units: study of case - Dois Irmãos Parck, PE. Recife, 2007. Master Thesis in Environmental Management and Politics, Pernambuco Federal University.

The human activities have transformed the natural landscapes. However, during the last century, the environmental consequences of this fact have become worse. This is supported by the development of new technologies and by the consequences of the problems associated to the social context. To protect some natural areas from this modifications, some nations has created Protect Areas as an instrument of environment management. Many studies have alerted that this strategy can not fulfill its main objective, because they don't have any environmental planning to identify and manage the impacts of the human activities located into this areas and in its surroundings. The present work studied this context, adapting qualitative methodologies used in Environmental Impact Assessment. Of this way, it identifies the most significant environmental impacts of the human action in an urban protect area locate in Recife-PE. Thus, being based in this study of case, this research contribute to optimize the management of the similar urban protect areas.

Key-words: Environmental Management; Conservation Units; Environmental Planning; Environmental Impacts.

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SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 22

2. OBJETIVOS .................................................................................................................. 26

2.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................ 26 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 26

3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ......................................................................... 27

4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 29

4.1 DESENVOLVIMENTO HUMANO X DEGRADAÇÃO AMBIENTAL................................. 29 4.2 PLANEJAMENTO ......................................................................................................... 33 4.3 ÁREAS PROTEGIDAS ................................................................................................... 36

4.3.1 No Mundo............................................................................................................ 36 4.3.2 No Brasil: Unidades de Conservação................................................................... 39

4.4 PLANEJAMENTO AMBIENTAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO ............................. 44

5. METODOLOGIA ........................................................................................................ 48

5.1 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO......................................................................... 48 5.2. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL....................................................................................... 53 5.3 IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES POTENCIALMENTE IMPACTANTES - API............ 54 5.4 IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ........................................................... 55 5.5 AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS – AIA IDENTIFICADOS ........................... 55

5.5.1 Métodos Aplicados............................................................................................... 56 5.5.2 Valoração dos Impactos Ambientais .................................................................... 59 5.5.2.1 Valoração da Intensidade/Magnitude............................................................... 59 5.5.2.2 Valoração da Importância ................................................................................. 61

5.5 ANÁLISE INTEGRADA................................................................................................. 62

6. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL................................................................................ 63

6.1 MEIO FÍSICO ............................................................................................................... 63 6.1.1 Caracterização Climática ..................................................................................... 63 Classificação climática .................................................................................................. 63 Pluviometria ................................................................................................................. 63 Temperatura.................................................................................................................. 64 Umidade relativa do ar.................................................................................................. 64 Ventos predominantes .................................................................................................. 65 6.1.2 Aspectos Geológicos e Geomorfológicos ............................................................... 65 Geologia ........................................................................................................................ 65 Geomorfologia ............................................................................................................... 67 Pedologia ....................................................................................................................... 67 6.1.3 Ruído.................................................................................................................... 70 6.1.4 Recursos Hídricos Superficiais ............................................................................ 70

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6.1.4.1 Do Parque Estadual de Dois Irmãos................................................................. 70 Hidrografia.................................................................................................................... 70 Hidrologia ..................................................................................................................... 71 Limnologia .................................................................................................................... 73 6.1.4.2 Do Entorno do Parque Estadual de Dois Irmãos.............................................. 75 Hidrografia.................................................................................................................... 75 Hidrologia ..................................................................................................................... 76 Limnologia .................................................................................................................... 76 6.1.5 Recursos Hídricos Subterrâneos .......................................................................... 76

6.2 MEIO BIÓTICO ............................................................................................................ 79 6.2.1 Do Parque Estadual de Dois Irmãos.................................................................... 79 6.2.1.1 Flora .................................................................................................................. 79 6.2.1.2 Fauna ................................................................................................................ 85 6.2.2 Do Entorno do Parque Estadual de Dois Irmãos................................................. 89 6.2.2.1 Flora .................................................................................................................. 89 6.2.2.2 Fauna ................................................................................................................ 90 6.2.3 Espécies Endêmicas, Raras e Ameaçadas de Extinção......................................... 92

6.3 MEIO ANTRÓPICO ...................................................................................................... 93 6.3.1 Do Parque Estadual de Dois Irmãos.................................................................... 93 6.3.1.1 Uso e Ocupação do Solo.................................................................................... 93 Histórico........................................................................................................................ 93 Situação Atual ............................................................................................................ 103 Zoneamento Definido em Lei ...................................................................................... 103 Zoneamento Real ........................................................................................................ 104 Uso do Solo Presente nas Áreas do Parque................................................................. 110 6.3.1.2 Aspectos Econômicos ...................................................................................... 116 6.3.2 Do Entorno do Parque Estadual de Dois Irmãos............................................... 117 6.3.2.1 Uso e Ocupação do Solo.................................................................................. 117 Histórico...................................................................................................................... 117 Situação Atual ............................................................................................................ 119 Zoneamento Definido em Lei ...................................................................................... 119 Uso e Ocupação do Solo Presentes na Área do Entorno............................................. 120 6.3.2.2 Aspectos Demográficos e Sócio-Econômicos................................................... 126

6.4 ASPECTOS INSTITUCIONAIS DA ÁREA DE ESTUDO .................................................. 130 6.5 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PRESENTES NA ÁREA DE ESTUDO .......................... 131 6.6 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTES PRESENTES NA ÁREA DE ESTUDO ........ 133

7. ATIVIDADES POTENCIALMENTE IMPACTANTES – API.......................... 134

7.1 ATIVIDADES POTENCIALMENTE IMPACTANTES DESENVOLVIDAS NO INTERIOR DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS ........................................................................... 134

7.1.1 Uso Público Recreativo ...................................................................................... 134 7.1.2 Captação de Água para o Abastecimento........................................................... 135 7.1.3 Pesquisa Científica............................................................................................. 138 7.1.4 Vias de Acesso ao Parque................................................................................... 140

7.2 ATIVIDADES POTENCIALMENTE IMPACTANTES DESENVOLVIDAS NO ENTORNO DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS ........................................................................... 141

7.2.1 Urbanização do Entorno .................................................................................... 141 7.2.2 Terminal Integrado da Macaxeira ..................................................................... 142

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7.2.3 Sistema Viário.................................................................................................... 143 7.2.4 Tráfego Aéreo ..................................................................................................... 144 7.2.5 Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco – LAFEPE ..................... 144 7.2.6 Fabricação de Móveis ......................................................................................... 145 7.2.7 Postos de Combustíveis...................................................................................... 145 7.2.8 Indústria de Engarrafamento de Água .............................................................. 145 7.2.9 Perfuração de Poços Artesianos ......................................................................... 145 7.2.10 Piscicultura...................................................................................................... 146 7.2.11 Agricultura ...................................................................................................... 146 7.2.12 Pecuária ........................................................................................................... 146 7.2.13 Mineração ........................................................................................................ 147

8. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS POTENCIAIS OBSERVADOS .............................................................................................................. 148

8.1 IMPACTOS QUE AFETAM O MEIO FÍSICO ................................................................. 148 8.1.1 Desestabilização de taludes ................................................................................ 148 8.1.2 Degradação do solo............................................................................................. 149 8.1.3 Risco de contaminação do solo ........................................................................... 149 8.1.4 Aceleração da drenagem superficial ................................................................... 150 8.1.5 Rebaixamento do aqüífero .................................................................................. 150 8.1.6 Risco de intrusão de águas salinas no aqüífero.................................................. 151 8.1.7 Risco de contaminação do aqüífero .................................................................... 151 8.1.8 Eutrofização e assoreamento dos mananciais .................................................... 151 8.1.9 Poluição do ar..................................................................................................... 153 8.1.10 Poluição sonora ................................................................................................ 153 8.1.11 Geração de efluentes......................................................................................... 154 8.1.12 Geração de resíduos.......................................................................................... 154

8.2 IMPACTOS QUE AFETAM O MEIO BIÓTICO .............................................................. 155 8.2.1 Degradação da paisagem natural....................................................................... 155 8.2.2 Redução da biodiversidade ................................................................................. 155 8.2.3 Introdução de espécies exóticas .......................................................................... 156 8.2.4 Vias de acesso irregulares na área legal do Parque............................................ 158 8.2.5 Evasão da fauna ................................................................................................. 158 8.2.6 Coleta seletiva de espécies .................................................................................. 159 8.2.7 Efeito de borda.................................................................................................... 160 8.2.8 Ocorrência de incêndios..................................................................................... 160 8.2.9 Proporcionar a geração de conhecimento sobre a biodiversidade ....................... 161

8.3 IMPACTOS QUE AFETAM O MEIO ANTRÓPICO......................................................... 162 8.3.1 Aceleração da ação antrópica ............................................................................. 162 8.3.2 Alteração do uso e ocupação do solo................................................................... 162 8.3.3 Ocupação irregular na área do Parque .............................................................. 163 8.3.4 Contenção do avanço da urbanização do entorno sobre os limites da Unidade de Conservação ................................................................................................................ 164 8.3.5 Interferência no Patrimônio Histórico............................................................... 166 8.3.6 Geração de renda/ economia informal ................................................................ 166 8.3.7 Provisão de atividades recreativas ..................................................................... 167

9. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS IDENTIFICADOS ............. 169

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9.1 AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS.................................. 169 9.2 AVALIAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ................................ 171

10. ANÁLISE INTEGRADA........................................................................................ 181

11. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 192

12. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 194

ANEXOS.......................................................................................................................... 205

1. LISTA DE CONTROLE: RELAÇÃO DOS IMPACTOS POR ATIVIDADE POTENCIALMENTE IMPACTANTE E O MEIO AFETADO................................................................................. 206 2. MATRIZ DE INTERAÇÃO ELABORADA PARA A AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ................................................................................................................... 212

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LISTA DE SIGLAS

AIA – Avaliação de Impacto Ambiental

AI – Atividade Impactante

API – Atividade Potencialmente Impactante

CEA – Centro de Educação Ambiental

CIPOMA - Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente

CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

COMPESA - Companhia Pernambucana de Saneamento

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente

CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

CREA – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia

DIRCON - Diretoria de Controle Urbanístico

DRNR - Departamento de Recursos Naturais Renováveis

EIA – Estudo de Impacto Ambiental

EMPETUR - Empresa Pernambucana de Turismo

EU 1 – Sub-zona de Uso extensivo 1

EU 2 – Sub-zona de Uso Extensivo 2

EU 3 – Sub-zona de Uso Extensivo 3

FADURPE – Fundação Apolônio Salles

FUNDARPE – Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco

IBAMA – Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

IBDF - Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal

IPA – Instituto de Pesquisas Agronômicas, atual Empresa Pernambucana de

Pesquisas Agropecuária

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LAFEPE - Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco

MMA – Ministério do Meio Ambiente

MS – Ministério da Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PCR - Prefeitura da Cidade do Recife

RMR – Região Metropolitana de Recife

SECTMA –Secretaria de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente

SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente

SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza

UC – Unidade de Conservação

UI 1 – Sub-zona de Uso Intensivo 1

UI 2 – Sub-zona de Uso Intensivo 2

UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco

ZEIS – Zona Especial de Interesse Social

ZEPA - Zona Especial de Proteção Ambiental

ZEPH – Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico - Ambiental

ZP – Zona Primitiva

ZUEx – Zona de Uso Extensivo

ZUI – Zona de Uso Intensivo

ZUM – Zona de Urbanização de Morros

ZUP – Zona de Urbanização Preferencial

ZUR – Zona de Urbanização Restrita

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. DOMÍNIO DA MATA ATLÂNTICA. A - ÁREA ORIGINAL DO BIOMA O QUE CORRESPONDIA A 15% DO TERRITÓRIO NACIONAL NO ANO DE 1500; B - REMANESCENTES FLORESTAIS NO DOMÍNIO DA MATA ATLÂNTICA EM 1990. FONTE: CAPOBIANCO, 2001, COM MODIFICAÇÕES. ....................... 32

FIGURA 2. CLASSIFICAÇÃO TIPOLÓGICA DO PLANEJAMENTO....................................................................... 36 FIGURA 3. CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO INTEGRANTES DO SISTEMA NACIONAL DE

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO BRASILEIRO, SEGUNDO A LEI FEDERAL N° 9.985/2000............... 43 FIGURA 4. ESTRUTURAÇÃO GERAL DAS FASES DO PLANEJAMENTO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO,

EVIDENCIANDO A GERAÇÃO DE UM PRODUTO QUE SERÁ UTILIZADO PELA FASE SUBSEQÜENTE. FONTE: SANTOS, 2004, COM MODIFICAÇÕES................................................................................. 46

FIGURA 5. LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA DA SUB-BACIA DO PRATA E SUA INSERÇÃO NAS BACIAS DOS RIOS CAPIBARIBE E BEBERIBE.................................................................................................................. 51

FIGURA 6. DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO DO TRABALHO, DESTACANDO O LIMITE LEGAL DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS E OS BAIRROS DE SÍTIO DOS PINTOS, DOIS IRMÃOS, APIPUCOS, CÓRREGO DO JENIPAPO E GUABIRABA.......................................................................................... 52

FIGURA 7. CLIMOGRAMA DA SÉRIE HISTÓRICA NO PERÍODO DE 1961-1990 DA CIDADE DO RECIFE. FONTE: INMET (POSTO CURADO)............................................................................................................. 64

FIGURA 8. MAPA GEOLÓGICO DO RECIFE, EVIDENCIANDO A ÁREA DE ESTUDO. FONTE: VASCONCELOS E BEZERRA, 2000, COM MODIFICAÇÕES. ........................................................................................... 66

FIGURA 9. MAPA GEOMORFOLÓGICO DA CIDADE DE RECIFE. DESTAQUE PARA AS FEIÇÕES GEOMORFOLÓGICAS DA ÁREA DE ESTUDO. FONTE: VASCONCELOS E BEZERRA, 2000, COM MODIFICAÇÕES. .............................................................................................................................. 69

FIGURA 10. MAQUETE DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS, DETALHE DA INSERÇÃO NAS BACIAS DO RIO CAPIBARIBE E BEBERIBE. FONTE: BRAGA, 2004. ..................................................................... 71

FIGURA 11. A – VISTA AÉREA DOS AÇUDES DO PRATA E DO MEIO; B – AÇUDE DO PRATA E OS POÇOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA (SETAS); C – VISTA PANORÂMICA DO AÇUDE DO MEIO. FOTOS: SECTMA, 2000; ARETUZA BRITO-RAMOS, 2005; DAN VÍTOR BRAGA, 2006. ............................................... 72

FIGURA 12. IMAGENS DE SATÉLITE DA ÁREA DOS AÇUDES DE DOIS IRMÃOS E DO GERMANO. VISTA NO SENTIDO SUL-NORTE. FONTE: GOOGLE EARTH, 2007. ................................................................. 73

FIGURA 13. SUB-BACIA DE APIPUCOS, EVIDENCIANDO A LAGOA DO BANHO E O AÇUDE DE APIPUCOS, FORMADO POR DOIS CORPOS D’ÁGUA E INTERLIGADO PELO CANAL. FONTE: GOOGLE EARTH, 2007. ............................................................................................................................................... 75

FIGURA 14. MAPA DA HIDROGEOLOGIA DA ÁREA DE ESTUDO, EVIDENCIANDO A ÁREA DE RECARGA DO AQÜÍFERO BEBERIBE INFERIOR LOCALIZADA NO BAIRRO DE GUABIRABA. FONTE: VASCONCELOS E BEZERRA, 2000, COM MODIFICAÇÕES. ........................................................................................ 78

FIGURA 15. A - CORPO DE FRUTIFICAÇÃO SOBRE TRONCO EM DECOMPOSIÇÃO; B – CORPO DE FRUTIFICAÇÃO SOBRE VEGETAL VIVO; C – LÍQUEN SOBRE TRONCO EM DECOMPOSIÇÃO; D – LIQUENS SOBRE VEGETAL VIVO. FOTOS: DAN VÍTOR BRAGA, 2006. ............................................ 80

FIGURA 16. VISTA PANORÂMICA DO AÇUDE DO MEIO, EVIDENCIANDO O BANCO DA MACRÓFITA AQUÁTICA, ELEOCHARIS INTERSTINCTA (SETA). FOTO: ARETUZA BRITO-RAMOS, 2005.............. 81

FIGURA 17. BRIÓFITAS DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS. A – BRIÓFITAS SOBRE O TRONCO DE UM VEGETAL VIVO; B – ANTHOCEROS SP.; C – FRULLANIA GYMNOTIS NEES & MONT. FOTOS: DAN VÍTOR BRAGA, 2005; FONTE: PÔRTO E OLIVEIRA, 1998................................................................ 82

FIGURA 18. PTERIDÓFITA GEÓFITA EM BORDOS DE TRILHAS, LOCALIZADA NA PARTE POSTERIOR DIREITA DO AÇUDE DO MEIO. FOTO: DAN VÍTOR BRAGA, 2006. .................................................................... 83

FIGURA 19. DIVERSIDADE DE FANERÓGAMAS DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS. A –VISTA DO DOSSEL LOCALIZADO EM VOLTA DO AÇUDE DO PRATA; B – COSTACEAE. FOTOS: DAN VÍTOR BRAGA, 2005. ................................................................................................................................. 84

FIGURA 20. ANFÍBIOS DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS. A –BUFO CRUCIFER; B – HYLA ALBOMARGINATA; C – ELEUTHERODACTYLUS SP.; D – LEPTODACTYLUS LABRYRINTHICUS. FONTE: SANTOS E SILVA, 1998.................................................................................................................... 85

FIGURA 21. MARSUPIAIS OBSERVADOS NO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS. A – DIDELPHIS ALBIVENTRIS; B - DIDELPHIS MARSUPIALIS. FONTE: BRITO-RAMOS ET AL., 2005.......................... 87

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FIGURA 22. PADRÃO VEGETACIONAL DA ÁREA DE ESTUDO. FONTE: VASCONCELOS E BEZERRA, 2000, COM MODIFICAÇÕES. .............................................................................................................................. 91

FIGURA 23. ASPECTO DA PAISAGEM DE DOIS IRMÃOS, NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XIX. FONTE: BRAGA, 2004, COM MODIFICAÇÕES. .............................................................................................. 94

FIGURA 24. ASPECTO DA PAISAGEM DE DOIS IRMÃOS, APÓS A IMPLANTAÇÃO DO PRIMEIRO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL DA CIDADE DO RECIFE. FONTE: BRAGA, 2004, COM MODIFICAÇÕES. .............................................................................................................................. 95

FIGURA 25. INTERVENÇÕES REALIZADAS DURANTE A IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO ATRAVÉS DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS DO VALE DO PRATA. A – B POÇOS LOCALIZADOS A MONTANTE DO AÇUDE DO PRATA, EM FOTOGRAFIAS REALIZADAS EM 1881 E ATUALMENTE, RESPECTIVAMENTE; C - USINA DOIS IRMÃOS, CONSTRUÍDA EM 1885; D – USINA NOS DIAS ATUAIS; E – VISÃO GERAL DA ENTRADA DO RESERVATÓRIO DE ELEVAÇÃO DAS ÁGUAS. FONTE: MENEZES ET AL., 1991; FOTOS: ARETUZA BRITO-RAMOS, 2005................................................... 98

FIGURA 26. CHALÉ DO PRATA. A – ASPECTO DA EDIFICAÇÃO EM 1881; B – ASPECTO ATUAL. FONTE: MENEZES ET AL., 1991; FOTO: ARETUZA BRITO-RAMOS, 2005. ................................................... 99

FIGURA 27. VISTA DO HORTO FLORESTAL DE DOIS IRMÃOS, NAS MARGENS DO AÇUDE DO GERMANO NO INÍCIO DO SÉCULO XX. FONTE: GUIA DA CIDADE DO RECIFE, 1930............................................. 99

FIGURA 28. DIVISÃO ADMINISTRATIVA DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS ANTES DA CRIAÇÃO DA LEI ESTADUAL N° 11.622/1998. FONTE: FIDEM, 1987, COM MODIFICAÇÕES. ......................... 102

FIGURA 29. ZONEAMENTO PROPOSTO PARA O PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS. FONTE: MARQUES E LIMA, 1997, COM MODIFICAÇÕES. ............................................................................................... 105

FIGURA 30. ZONEAMENTO URBANO DA ÁREA DE ESTUDO. FONTE: VASCONCELOS E BEZERRA, 2000, COM MODIFICAÇÕES. ............................................................................................................................ 121

FIGURA 31. DENSIDADE DEMOGRÁFICA DA ÁREA DE ESTUDO. DESTAQUE PARA A POPULAÇÃO DO BAIRRO DE CÓRREGO DO JENIPAPO E UMA PORÇÃO DE APIPUCOS. FONTE: VASCONCELOS E BEZERRA, 2000, COM MODIFICAÇÕES. .......................................................................................................... 129

FIGURA 32. ZONAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL 2 OU UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PRESENTES NA ÁREA DE ESTUDO DEFINIDAS PELA LEI MUNICIPAL N° 16.176/1996. FONTE: VASCONCELOS E BEZERRA, 2000, COM MODIFICAÇÕES. .......................................................................................................... 132

FIGURA 33. USO PÚBLICO RECREATIVO. A – LOCALIZAÇÃO DA ATIVIDADE POTENCIALMENTE IMPACTANTE, EM VISTA AÉREA, ONDE É POSSÍVEL VISUALIZAR O AÇUDE DO GERMANO E DE DOIS IRMÃOS; B – ZONEAMENTO ATUAL DA ZONA DE USO INTENSIVO, NA QUAL SE REALIZA A API. FONTES: GOOGLE EARTH, 2007; WEBER E RESENDE, 1998. ............................................... 136

FIGURA 34. CONSUMO DO RECURSO PRESENTE NO AQÜÍFERO BEBERIBE INFERIOR. A - INSTALAÇÃO DE POÇOS ARTESIANOS. VISTA GERAL DA CASA DA BOMBA; B - POÇO DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO; C – ESTAÇÃO ELEVATÓRIO MACACOS RESPONSÁVEL POR ELEVAR O NÍVEL DAS ÁGUAS CAPADAS DO VALE DO PRATA, SOBRE RESPONSABILIDADE DA COMPESA. FOTOS: ARETUZA BRITO RAMOS, 2006........................................................................................ 138

FIGURA 35. PESQUISA CIENTÍFICA REALIZADA NO PARQUE, TENDO COMO FOCO DE ANÁLISE AS PARTES REPRODUTIVAS DA PLANTA. FONTE: BRAGA, 2004..................................................................... 139

FIGURA 36. EXEMPLO DE TRILHAS CLANDESTINAS IMPLANTADAS PELA POPULAÇÃO QUE RESIDE NO BAIRRO DE SÍTIO DOS PINTOS, PARA TER ACESSO AO PARQUE. FONTE: DAN VÍTOR BRAGA, 2006....................................................................................................................................................... 140

FIGURA 37. URBANIZAÇÃO PRESENTE NO ENTORNO DO PARQUE. A – LIMITE OESTE, BAIRRO DE SÍTIO DOS PINTOS; B – LIMITE LESTE, BAIRRO DE CÓRREGO DO JENIPAPO. FONTE: GOOGLE EARTH, 2007....................................................................................................................................................... 142

FIGURA 38. LOCALIZAÇÃO DO TERMINAL INTEGRADO DA MACAXEIRA, EVIDENCIANDO A ESQUERDA O PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS E A DIREITA A BR-101 E O BAIRRO DE CÓRREGO DO JENIPAPO. FONTE: GOOGLE EARTH, 2007. .................................................................................. 143

FIGURA 39. VISTA DO LABORATÓRIO FARMACÊUTICO DO ESTADO DE PERNAMBUCO - LAFEPE, QUE ESTÁ INSTALADO DEFRONTE A PRAÇA FARIAS NEVES OU DE DOIS IRMÃOS. FOTO: ARETUZA BRITO RAMOS, 2006. ............................................................................................................................... 144

FIGURA 40. CORTES REALIZADOS NO RELEVO DA ÁREA DE ESTUDO. A – PARA A CONSTRUÇÃO DA BR – 101; B – PARA A CONSTRUÇÃO DA CIDADE DA CRIANÇA NA ZONA DE USO INTENSIVO. FOTOS: ARETUZA BRITO RAMOS, 2006. ................................................................................................... 149

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FIGURA 41. REPRESENTAÇÕES ESQUEMÁTICAS DO REBAIXAMENTO DO AQÜÍFERO. A - B REALIZADA PELA ATIVIDADE DE PERFURAÇÃO DE POÇOS ARTESIANOS; C – ATRAVÉS DA CAPTAÇÃO DE ÁGUA DOS MANANCIAIS PARA ABASTECIMENTO. FOTOS: ARETUZA BRITO RAMOS, 2006.................. 150

FIGURA 42. VISTA ASSOREAMENTO DO AÇUDE DO GERMANO. A – VISÃO DEFRONTE AO PEDALINHO; B – VISÃO DEFRONTE AOS QUIOSQUES DE ALIMENTAÇÃO. FOTOS: ARETUZA BRITO RAMOS, 2006.152

FIGURA 43. EMISSÃO DE MATERIAL PARTICULADO E GASES POLUENTES GERADOS PELO TERMINAL INTEGRADO DA MACAXEIRA E A CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS NA BR – 101. FOTO: ARETUZA BRITO RAMOS, 2006. .................................................................................................................... 153

FIGURA 44. RESÍDUOS LANÇADOS NA ÁREA DE ESTUDO. A - DETALHE DA LÂMINA D’ÁGUA DO AÇUDE DO GERMANO, EVIDENCIANDO OS RESÍDUOS (SETAS) LANÇADOS PELOS VISITANTES; B – RESÍDUOS LANÇADOS PELA POPULAÇÃO RESIDENTE NO ENTORNO DO PARQUE. FOTOS: ARETUZA BRITO RAMOS, 2006. ............................................................................................................................... 155

FIGURA 45. ESPÉCIES EXÓTICAS OBSERVADAS NA ZONA DE USO INTENSIVO. A – CARACOL GIGANTE AFRICANO (ACHATINA FULICA); B- “TUCUNARÉ” (CICHLA SP.). BARRA = 1CM. FOTOS: DAN VÍTOR VIEIRA BRAGA, 2006......................................................................................................... 157

FIGURA 46. ACESSOS IRREGULARES NA ÁREA DO PARQUE REALIZADOS PELA POPULAÇÃO. A – ACESSO REALIZADO PELO CORTE DA CERCA DIVISÓRIA, NO LIMITE DO BAIRRO DE SÍTIO DOS PINTOS; B – TRILHA CLANDESTINA NO INTERIOR DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO. FOTOS: ARETUZA BRITO RAMOS, 2006. ............................................................................................................................... 158

FIGURA 47. ARMADILHAS INSTALADAS NO INTERIOR DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS. A- IMPLANTADAS PELA POPULAÇÃO; B –PELOS PESQUISADORES. FONTE: BRAGA, 2004; FOTO: ARETUZA BRITO RAMOS, 2006. ................................................................................................... 159

FIGURA 48. CULTOS RELIGIOSOS REALIZADOS NA ÁREA DO PARQUE PELA POPULAÇÃO RESIDENTE NO ENTORNO. A – PRESENÇA DE IMAGENS, TRIDENTES E MOEDAS; B – IMAGENS E VELAS (SETA) SOBRE UMA GRAMÍNIA SECA DE FÁCIL COMBUSTÃO. FOTOS: ARETUZA BRITO-RAMOS, 2005. . 161

FIGURA 49. HABITAÇÕES LOCALIZADAS NA ÁREA LEGAL DO PARQUE. A – RESIDÊNCIAS INSTALADAS NA ENTRADA DE ACESSO A ESTAÇÃO ELEVATÓRIO DOS MACACOS; B – MORADIAS ADVINDAS DO BAIRRO DE SÍTIO DOS PINTOS. FOTOS: ARETUZA BRITO-RAMOS, 2006. ..................................... 164

FIGURA 50. IMAGEM AÉREA DO LIMITE DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS, EVIDENCIANDO DOIS DETALHES DOS TRECHOS OESTE (ESQUERDA) E LESTE (DIREITA) DO PARQUE, EVIDENCIANDO O PAPEL EXERCIDO PELA BR-101 (SETA) NA CONTENÇÃO DO AVANÇO DA URBANIZAÇÃO. FONTE: GOOGLE EARTH, 2007; FOTOS: PREFEITURA DA CIDADE DE RECIFE, 2005. ............................... 165

FIGURA 51. ASPECTO DA PAISAGEM DA ENTRADA DO PARQUE. A – B PRESENÇA DE COMÉRCIO INFORMAL NÃO-DISCIPLINADO; C - DESCARACTERIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO. FOTOS: DAN VÍTOR VIEIRA BRAGA, 2006......................................................................................................... 167

FIGURA 52. ATIVIDADES RECREATIVAS DESENVOLVIDAS NO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS. A – TEATRO FLUTUANTE NO AÇUDE DO PRATA; B – MUSEU DA HISTÓRIA NATURAL; C – BRINQUEDO MECANIZADO; C – PALCO RECREATIVO NA CIDADE DA CRIANÇA. FOTOS: ARETUZA BRITO-RAMOS, 2006.................................................................................................... 168

FIGURA 53. VALORAÇÃO DA INTENSIDADE DOS IMPACTOS IDENTIFICADOS, APÓS A AVALIAÇÃO, RELACIONADOS ÀS RESPECTIVAS ATIVIDADES POTENCIALMENTE IMPACTANTES. ................... 173

FIGURA 54. VALORAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DOS IMPACTOS IDENTIFICADOS, APÓS A AVALIAÇÃO DOS ESPECIALISTAS. ............................................................................................................................. 174

FIGURA 55. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DOS RESULTADOS OBTIDOS, APÓS A APLICAÇÃO DAS METODOLOGIAS EMPREGADAS NESTE ESTUDO. DESTAQUE PARA O TAMANHO DA ÁREA DE ESTUDO, QUE COMPREENDE APROXIMADAMENTE 55.710KM², E A IDENTIFICAÇÃO DE 4 IMPACTOS SIGNIFICATIVOS PARA O PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS. ............................... 181

FIGURA 56. ATORES ENVOLVIDOS NOS IMPACTOS SIGNIFICATIVOS PARA O PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS, EVIDENCIANDO O PODER PÚBLICO COMO O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA GERAÇÃO/GESTÃO DOS IMPACTOS.............................................................................................. 189

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1. SIMBOLOGIA UTILIZADA PARA REPRESENTAÇÃO DA INTENSIDADE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS, NA MATRIZ DE INTERAÇÃO QUE CONTÉM A AVALIAÇÃO FINAL DOS IMPACTOS AMBIENTAIS............................................... 60

TABELA 2. SIMBOLOGIA UTILIZADA PARA REPRESENTAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS, NA MATRIZ DE INTERAÇÃO QUE CONTÉM A AVALIAÇÃO FINAL DOS IMPACTOS AMBIENTAIS............................................... 61

TABELA 3. VALORES MÉDIOS DOS PARÂMETROS ANALISADOS PARA A ÁGUA DOS AÇUDES DO PRATA E DO MEIO, CORRESPONDENDO AO PERÍODO CHUVOSO E DE SECA. FONTE: VASCONCELOS ET AL., 1998, COM MODIFICAÇÕES. ............................... 74

TABELA 4. MASTOFAUNA PRESENTE NO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS. FONTE: MONTEIRO DA CRUZ E BARRETO CAMPELO, 1998............................................. 88

TABELA 5. VALORES MÉDIOS DOS PARÂMETROS AVALIADOS DOS BAIRROS QUE CORRESPONDEM À ÁREA DE ESTUDO, DURANTE OS ANOS DE 1991-2000. FONTE: PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE, 2005. ...................................................... 127

TABELA 6. VALORES MÉDIOS DOS PARÂMETROS ECONÔMICOS DOS BAIRROS QUE CORRESPONDEM À ÁREA DE ESTUDO, DURANTE O ANO 2000. FONTE: PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE, 2005. ...................................................... 128

TABELA 7. RELAÇÃO DOS IMPACTOS QUE INCIDEM SOBRE O PATRIMÔNIO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS E OS MEIOS AFETADOS POR ELES, QUE FORAM VALORADOS POSITIVAMENTE PELOS ESPECIALISTAS............................ 170

TABELA 8. MATRIZ DE INTERAÇÃO DAS ATIVIDADES POTENCIALMENTE IMPACTANTES PRESENTES NA ÁREA DE ESTUDO E OS POSSÍVEIS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS POR ELAS RELACIONADOS AOS FATORES AMBIENTAIS. .................... 175

TABELA 9. RELAÇÃO DAS ATIVIDADES POTENCIALMENTE IMPACTANTES E DOS IMPACTOS SIGNIFICATIVOS QUE INCIDEM SOBRE O PATRIMÔNIO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DE DOIS IRMÃOS E OS MEIOS AFETADOS POR ELES. ........................ 183

TABELA 10. RELAÇÃO DOS IMPACTOS SIGNIFICATIVOS IDENTIFICADOS, DAS AI QUE OS GERAM E DOS ATORES QUE PARTICIPAM EM SUA GERAÇÃO E/OU GESTÃO. .... 186

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1. INTRODUÇÃO Por séculos, as atividades humanas vêm causando transformações nas

paisagens naturais. Todavia, nos últimos cem anos, a capacidade de alteração vem

sendo incrementada em virtude do crescimento populacional humano e,

especialmente, de sua associação com inúmeras transformações tecnológicas

(Machlis e Tichnell, 1985).

A conseqüência imediata destas mudanças é a degradação do meio

ambiente, gerando repercussões diretas sobre o aporte de matéria prima e mão–

de-obra para os processos produtivos (Silva, 2000). Assim, o meio ambiente

começou a ser considerado um aspecto de vital importância no Planejamento

Estratégico das organizações públicas e privadas. Simultaneamente, os impactos

ambientais passaram a ser explícitos, ou seja, os agentes afetados passaram a ser

capazes de enxergar uma relação de causa-efeito entre as organizações-agente

causador e a degradação da qualidade de vida por elas geradas - impactos e

externalidades (Scotto, 1997).

Na década de 60, a sociedade passou a pressionar os gestores públicos

quanto às questões ambientais, culminando com a realização, em 1972, da

Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente. O apogeu deste

movimento preservacionista aconteceu na Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992 no Rio de Janeiro, onde os Chefes de

Estados estabeleceram diversos compromissos visando o desenvolvimento

sustentável e a preservação do meio ambiente (Silva, 2000). Como conseqüência

destas Conferências, os países signatários elaboraram suas Políticas Ambientais e

Agendas 21.

No caso do Brasil, sua Política Nacional do Meio Ambiente foi emitida

através da Lei Federal n° 6.938/1981, estabelecendo os princípios, objetivos, metas

e instrumentos para a proteção ambiental no país. Dentre os instrumentos

definidos, nesta Lei, está a criação e implementação de áreas protegidas,

posteriormente denominadas de Unidades de Conservação (Lei Federal n°

9.985/2000).

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As Unidades de Conservação são criadas visando resguardar, das

alterações antrópicas, determinadas áreas do território nacional consideradas de

relevante interesse ambiental, sendo estas protegidas por legislação específica. No

entanto, a simples seleção e delimitação dessas áreas não encerra a solução do

problema de conservação (Morsello, 2001).

O processo de seleção da localização e conformação de uma Unidade,

quando realizado de forma adequada, pode minimizar os problemas ou ameaças

que esta venha a sofrer a posteriori. Entretanto, não tem a capacidade de anulá-las

(Diegues, 2005). O mesmo processo de desenvolvimento que é responsável pela

necessidade de instituição de áreas protegidas é a origem dos problemas que

atingem as Unidades de Conservação após a sua criação.

O fato de uma área precisar ser protegida demonstra a existência de

ameaças à sua conservação (Dixon e Sherman, 1991). As atividades que podem

comprometer as Unidades após a sua instituição são, usualmente, denominadas

ameaças (Morsello, 2001).

Segundo Machlis e Tichnell (1985), as ameaças são “aquelas atividades de

origem humana ou natural que causam danos significativos aos recursos de uma Unidade

de Conservação, ou então estão em conflito com os objetivos de gestão da área protegida”.

A percepção da existência de ameaças às áreas protegidas não é nova, mas

ainda nos dias atuais, muita atenção é dada ao tema. As áreas protegidas têm

enfrentado pressões crescentes e variadas, principalmente nos países em

desenvolvimento com recursos insuficientes para manter projetos de conservação

(Dixon e Sherman, 1991). Nesses locais, um grande número de áreas é considerado

virtualmente “protegido”, sem que, no entanto, essas áreas sejam manejadas

adequadamente (Diegues, 2005).

A política pública de criação das Unidades de Conservação vem gerando

verdadeiras “unidades de papel”, não se preocupando em implementar processos

de gestão para essas unidades. Segundo Diegues (1996a), nos Estados do Rio de

Janeiro, Paraná e Espírito Santo, somente 23% das Unidades têm Planos de

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Manejo1 e mesmo nessas áreas, a qualidade e o ritmo de sua implantação são

insuficientes. Devido à ausência dessa ferramenta de gestão, as atividades

geradoras de impactos (consideradas ameaças) que atuam sobre estas áreas não

são devidamente controladas, fugindo, assim, do objetivo principal da criação das

Unidades de Conservação, previsto na Lei Federal n° 6.938/1981.

Atualmente, existe uma carência de estudos relacionados aos efeitos causados

pela ação antrópica nas Unidades de Conservação, principalmente naquelas que

estão localizadas em zonas urbanas, onde o efeito dessa ação é maximizado pela

pressão sobre o uso dos recursos naturais em áreas com grandes concentrações

humanas (Morsello, 2001).

Sendo assim, a realização de estudos que buscam evidenciar os impactos do

antropismo em Unidades de Conservação passam a ter vital importância,

principalmente quando estão localizados na Mata Atlântica que ocupa uma área

onde vive mais de 80% da população brasileira. Soma-se a isto o fato de que a

Mata Atlântica exerce uma grande influência nesta área, através da prestação de

serviços ambientais, como a regulação do fluxo dos mananciais hídricos que

abastecem as cidades e metrópoles brasileiras, a manutenção da fertilidade do

solo, o controle do clima e a proteção de escarpas e encostas, além da preservação

do Patrimônio Histórico e Cultural (Lima & Capobianco 1997).

Um exemplo de Unidade de Conservação localizada em zona urbana ocorre

na cidade de Recife, com o Parque Estadual de Dois Irmãos. Este Parque tem

sofrido uma grande pressão antrópica, como evidenciado por alguns trabalhos -

(Meunier, 1998; Braga, 2004; Brito-Ramos et al., 2005; Brito-Ramos et al., 2006).

Estes autores apontaram a expansão urbana da cidade, como sendo uma das

principais atividades geradoras de impacto sobre o Parque e uma alta ocorrência

de atividades humanas no interior do mesmo, principalmente, nos limites com as

comunidades circunvizinhas.

1 Plano de Manejo: é uma ferramenta de orientação para a gestão de uma Unidade de Conservação. Segundo o

Art. 2°, XVII da Lei Federal n° 9.985/2000, é um “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos

objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem

presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas fiscais

necessárias à gestão da Unidade”

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De acordo com Weber & Resende (1998), a degradação do Parque Estadual de

Dois Irmãos tem conseqüências no abastecimento de água do Município, no

equilíbrio climático local, na fertilidade do solo e na proteção contra

deslizamentos, além do risco de extinção de espécies da fauna e flora exclusivas

desta área, muitas ainda não conhecidas ou estudadas.

Estudos específicos de diagnóstico e gestão ambiental do Parque Estadual de

Dois Irmãos são desconhecidos, não permitindo uma avaliação dos reflexos do

antropismo em sua biodiversidade. Com relação aos impactos ambientais

ocorridos na área do Parque, existe somente o trabalho de Meunier (1998), no qual

a autora limitou-se, apenas, a relacionar algumas das atividades potencialmente

poluidoras que ocorrem na área externa do Parque, sem realizar a respectiva

avaliação. Outro fator a ser considerado é que a metodologia aplicada restringiu-

se a listar as atividades resultantes da interação da população residente nos limites

do Parque, sem considerar as atividades de cunho social e/ou econômico,

presentes na Zona de Amortecimento2 e/ou no interior da própria Unidade de

Conservação, que, também, geram impactos ambientais.

Devido às características, situação atual e localização do Parque Estadual de

Dois Irmãos, estudos que avaliem os impactos ambientais resultantes da pressão

antrópica sobre seu Patrimônio Histórico-Ambiental servirão como base para

inferências dos efeitos do antropismo sobre remanescentes de Mata Atlântica

localizados em áreas urbanas, subsidiando a definição de uma gestão ambiental

mais eficiente e contribuindo para garantir sua preservação para futuras gerações.

2 Zona de Amortecimento: compreende “o entorno de uma Unidade de Conservação, onde as atividades

humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos

sobre a Unidade” (Lei Federal n° 9.985/2000).

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O presente trabalho aborda a questão dos impactos ambientais que ocorrem

em uma Unidade de Conservação de Proteção Integral inserida em meio à zona

urbana da cidade de Recife – PE. Assim, visa evidenciar e avaliar os impactos

ambientais causados pela ação antrópica sobre o Parque Estadual de Dois Irmãos,

bem como, contribuir para estruturação de seu processo de Gestão e para o

desenvolvimento de ações que venham atuar de forma mais eficiente e efetiva na

sua preservação.

2.2 Objetivos Específicos

Elaborar o Diagnóstico Ambiental da área de estudo, evidenciando

as características dos fatores ambientais dos meios físico, biótico e

antrópico;

Identificar e descrever as Atividades que ocorrem na área de estudo

que são Geradoras ou Potencialmente Geradoras de impactos ambientais,

bem como seus respectivos impactos;

Avaliar os Impactos identificados;

Realizar a análise integrada, de forma a obter os impactos

significativos identificados;

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3. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação esta dividida em seis capítulos. O primeiro aborda as bases

conceituais (fundamentação teórica) utilizadas para a construção do trabalho, tais

como degradação ambiental, Planejamento, Áreas Protegidas - função, histórico de

criação e características e o Planejamento Ambiental de Unidades de Conservação

– objetivos, etapas e procedimentos. Nos demais capítulos, são apresentados

paulatinamente os diferentes componentes da pesquisa realizada, que dão suporte

ao último capítulo, atuando este como desfecho do trabalho.

O capítulo seguinte consta do Diagnóstico Ambiental da área de estudo.

Nele, os diversos fatores ambientais, bem como as suas interações, são descritos,

montando, assim, uma espécie de mosaico da situação atual da área de estudo. Os

fatores descritos foram agrupados, visando um melhor entendimento, de acordo

com os meios em que estão relacionados - físico, biótico e antrópico. Os resultados

presentes neste capítulo foram largamente utilizados para dar subsídio aos

capítulos posteriores, principalmente, durante a Avaliação de Impacto Ambiental -

AIA.

No terceiro capítulo, realizou-se a identificação das Atividades

Potencialmente Impactantes – API presentes na área de estudo. Estas atividades

foram identificadas e descritas através de um levantamento documental e de

campo, sendo consideradas, apenas, as Atividades antrópicas que geram impactos

de primeira ordem sobre o Parque Estadual.

O capítulo seguinte descreve os impactos gerados por cada API

anteriormente identificada. Desta maneira, torna-se possível a visualização de

como cada uma destas atividades interferem na dinâmica da Unidade de

Conservação, identificando, assim, as possíveis ameaças e potencialidades que o

Patrimônio Histórico-Ambiental do Parque está submetido.

O quinto capítulo compreende a parte mais refinada da análise, pois ele

descreve toda a Avaliação dos Impactos Ambientais - AIA daqueles identificados.

Isto possibilita uma noção concreta dos atributos de cada impacto, à luz de uma

equipe multidisciplinar de especialistas. Assim, assegura, também, a idoneidade

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da análise e fornece um maior embasamento para as conclusões presentes no

estudo.

No sexto e último capítulo, está a contribuição prática do estudo para a

gestão do Parque Estadual, amarrando todos os dados presentes nos demais

capítulos e correlacionando-os com os resultados da Avaliação de Impacto

Ambiental realizada. Por fim, as Atividades Impactantes e os impactos ambientais

considerados significativos emergem da análise, explicitando onde há uma

premência na execução de processos de gestão por parte dos diversos setores

envolvidos.

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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

4.1 Desenvolvimento Humano x Degradação Ambiental

A percepção de que a vida modificou a Terra no decorrer da história, é uma

das mais importantes transformações que intervieram na visão que se tem da

natureza, pois com imaginação e perseverança, os cientistas podem conseguir

traduzi-la na compreensão das qualidades indispensáveis à manutenção da vida

(Botkin, 1992 apud Rocca, 2002).

A separação homem-natureza está profundamente enraizada na cultura

ocidental, que é oriunda da filosofia grega e romana. Entretanto, na Grécia pré-

socrática existia uma forte relação com a natureza e é principalmente após

Sócrates, Platão e Aristóteles que se inicia uma prerrogativa do homem e da idéia.

A ciência do século XVII passou a basear-se num novo método de

investigação, o qual envolvia a descrição matemática da natureza e o método

analítico de raciocínio (Leiss, 1975; Capra, 1992). Foi a partir deste momento que a

oposição homem-natureza ou a noção de conquista da natureza pela ciência

moderna se tornou mais completa.

A relação do homem com seu meio é prejudicada pelo seu imediatismo,

cujo horizonte de tempo é sua própria geração e pela sua dificuldade em

considerar os valores não econômicos da vida. A sua ação frente aos recursos

naturais é agravada devido à rapidez do processo de extração e ao alto poder de

contaminação do solo, da água e da atmosfera (Baptista Filho, 1977).

Segundo Branco (1989), além desta rapidez, as ações antrópicas são

problematizadas pela falta de uma diretriz explícita em relação à natureza.

Anulou a "vontade" da natureza e não definiu o objeto de sua própria vontade, o

que é vital para uma reconciliação. Apresentou um caminho através de uma visão

ecossistêmica, onde o caráter fenomenológico do sistema somente pode ser

observado à distância, porém vendo-se integrado ao sistema, enquanto parte de

uma realidade maior. Ou seja, a espécie humana não está em conflito ou mesmo

em relação com a natureza, mas faz parte intrínseca do fenômeno natureza.

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É necessário concentrar esforços para se romper o vínculo aparentemente

inevitável entre o aumento dos benefícios da técnica moderna e o acréscimo de seu

poder de destruição. A possibilidade da sujeição da natureza tornar-se

instrumento de liberação somente quando fundamentalmente associada a uma

dominação da natureza humana na escala das relações sociais (Leiss, 1975).

Este quadro vem sendo transformado desde a década de 70, quando a

crescente preocupação com a proteção ao meio ambiente foi integrada à agenda

política internacional. A essa preocupação costumam ser associados alguns

marcos históricos, dentre os quais pode ser destacado o relatório do Clube de

Roma, publicado, em 1972, sob o título "Os Limites do Crescimento", com um

enfoque alarmista sobre o crescimento demográfico econômico, em face dos

limites impostos pelo meio ambiente (Mueller, 2001).

A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, realizada em

Estocolmo, em 1972, inseriu definitivamente na pauta de discussões da agenda

econômica internacional o problema da degradação ambiental e do esgotamento

dos recursos naturais (Silva, 2000).

Na década seguinte, começa a ser difundido um novo conceito, o do

Desenvolvimento Sustentável, como sendo uma visão de desenvolvimento

econômico ecologicamente viável e socialmente justo, contido de valores e metas

relacionados à qualidade de vida das gerações presentes e futuras. Nesse mesmo

período, alguns relatórios foram divulgados e ganharam repercussão mundial.

Estes forneceram argumentos para o questionamento dos problemas ambientais

vividos até o presente momento e os inseriu no contexto da procura por novas

estratégias de desenvolvimento (Colby, 1991).

Em 1983, a Assembléia-Geral das Nações Unidas instituiu a Comissão

Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD, para examinar os

problemas ambientais associados ao crescimento econômico e sugerir estratégias

voltadas para o desenvolvimento sustentável. Por meio do relatório “Nosso

Futuro Comum”, essa Comissão foi, ainda, responsável pela popularização do

conceito de Desenvolvimento Sustentável (Silva, 2000).

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Anos depois, o Ministério de Meio Ambiente - MMA brasileiro divulgou

uma lista onde foram incluídos os nomes das espécies consideradas ameaçadas de

extinção, indicando que a situação da conservação da biodiversidade no Brasil se

encontra deficiente (Lima et al., 2005). O fator principal que têm contribuído para

esse quadro é o estado de degradação dos ecossistemas.

A Floresta Tropical Atlântica, mais conhecida como Mata Atlântica é um

exemplo deste quadro de degradação. O início desse processo, data da chegada

dos portugueses em 1500 que, ao se estabelecerem no litoral, iniciaram um

processo acelerado de exploração econômica (Capobianco, 2001). De acordo com

Holanda (1995), as descrições datadas do início da colonização do Brasil

descrevem uma floresta intocada, de enorme riqueza natural, levando, muitos dos

que aqui chegaram, a “acreditarem seriamente estar nas Américas o paraíso terrestre”.

A relação do colonizador com a floresta e seus recursos foi, desde sua

origem, predatória. A falta de percepção da importância dos benefícios ambientais

proporcionados pela cobertura florestal nativa e a valorização exclusiva da

madeira em detrimento de produtos não madeireiros, levaram à supressão de

áreas para expansão de lavouras e assentamentos urbanos e a adoção de práticas

de exploração seletiva e exaustiva de espécies (Capobianco, 2001).

Como reflexo deste processo de urbanização concentrado no litoral,

atualmente, uma parcela significativa da população brasileira habita regiões que,

outrora, foram ocupadas por aproximadamente 1.306.000km² de mata original.

Atualmente, este bioma encontra-se distribuído em apenas 7% (figura 1) de sua

cobertura original (Fundação S.O.S. Mata Atlântica, 2004).

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2002), apesar da devastação

acentuada, a Mata Atlântica ainda abriga uma parcela significativa de diversidade

biológica do Brasil, com um elevado nível de endemismo. A riqueza pontual é tão

significativa que os dois maiores recordes mundiais de diversidade botânica para

plantas lenhosas foram registrados na Mata Atlântica (458 espécies em um único

hectare do sul da Bahia).

Em virtude da sua riqueza biológica e dos níveis de ameaça, esse bioma, ao

lado de outras 24 regiões localizadas em diferentes partes do Planeta, foi indicado

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como um dos hotspots mundiais, ou seja, uma das prioridades para a conservação

de biodiversidade em todo o mundo (MMA, 2002).

Figura 1. Domínio da Mata Atlântica. A - Área original do bioma o que correspondia a 15% do território nacional no ano de 1500; B - Remanescentes florestais no Domínio da Mata Atlântica em 1990. Fonte: Capobianco, 2001, com modificações.

Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas onde a Mata

Atlântica ocorria originalmente. Este bioma exerce uma grande influência através

da prestação de serviços ambientais como a regulação do fluxo dos mananciais

hídricos que abastecem as cidades e metrópoles brasileiras, a manutenção e

fertilidade do solo, o controle do clima e a proteção de escarpas e encostas, além

da preservação do Patrimônio Histórico e Cultural (Lima e Capobianco, 1997).

O modelo de desenvolvimento econômico aplicado ao Brasil resultou na

implantação de empreendimentos de grande porte que não levaram em

consideração as conseqüências da degradação ambiental e seus reflexos no

equilíbrio dos ecossistemas e na manutenção da biodiversidade (Andrade-Lima,

1961). Atualmente, a região abriga os maiores pólos industriais e silviculturais do

país, bem como os mais importantes aglomerados urbanos (MMA, 2002).

Esta exaustiva exploração resultou em um processo acentuado de

fragmentação, fazendo com que, atualmente, este bioma seja constituído por áreas

Área Original Remanescentes florestais

A B

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remanescentes envolvidas por áreas urbanas que surgiram sem um planejamento

(Morsello, 2001).

4.2 Planejamento

A organização do espaço sempre foi vivenciada pelos grupos de pessoas que

se propuseram a viver em estado gregário, sob objetivos e normas comuns. Esta

disposição vem sendo observada desde a Antiguidade, quando já existiam formas

de planejamento do espaço (Santos, 2004).

Ao longo da história, até se formarem as primeiras grandes cidades, os

homens planejaram seu espaço buscando atender preceitos religiosos, estéticos e

de conforto. As primeiras informações históricas sobre planejamento descrevem

aldeias ligadas à prática da pesca ou agricultura, cuja ordenação do território

levava em consideração aspectos ambientais. Registros apontam as aldeias da

Mesopotâmia como exemplos ocorridos a cerca de 4.000 a.C. (Santos, 2004).

Na Europa, no final do século XIX, eram poucos aqueles que se preocupavam

com a construção das cidades aliada à conservação dos elementos da natureza

(Franco, 2001). Porém, Acot (1990) afirma que entre os anos de 1810 e 1940, mais

de um século após a Revolução Industrial, diversos estudos no campo da Ecologia

induziram à reorientação da relação homem e natureza, como a Teoria da

Evolução de Charles Darwin, o conceito de ecossistema introduzido por Tansley e

as relações entre cadeia trófica e meio abiótico por Linderman.

Simultaneamente aos acontecimentos históricos, as ciências foram

construídas. Inicialmente, através da observação holística da realidade, com os

elementos da natureza analisados em sua totalidade e, posteriormente, seguindo

diversos caminhos (Capra, 1992). Paulatinamente as ciências foram “fragmentando

as paisagens e compreendendo de maneira particularizada e minuciosa as partes

componentes de um sistema que se mostrava complexo e diversificado” (Santos, 2004).

A sistematização das ciências e o surgimento do paradigma que governa a

sociedade atual, refletiram na idealização dos processos de organização territorial,

através dos denominados Planejamentos Setoriais. No final do século passado,

esses Planejamentos estavam centrados na discussão de teorias voltadas para a

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área econômica e de recursos hídricos (Franco, 2001). “Um fato crucial a ser

considerado ocorreu, após a Segunda Guerra, quando a discussão dos conceitos de

desenvolvimento e subdesenvolvimento adquiriu relevância” (Santos, 2004). Esses

conceitos enfatizavam o modelo de sociedade voltada para o consumo.

Na década de 50, surgiu nos Estados Unidos uma visão diferente de

Planejamento, onde a principal preocupação estava direcionada para a avaliação

dos impactos ambientais resultantes de grandes obras estatais (Fogliatti et al.,

2004). Em grande parte desses empreendimentos predominavam os aspectos

sociais e o procedimento metodológico mais comum continuava sendo a relação

custo-benefício, bem como de alternativas técnicas de engenharia (Ribeiro, 2004).

Porém, as perdas ambientais e alternativas sociais não eram levadas em

consideração até então. A questão ambiental era vista como um segmento à parte,

ligada a sistematização do conhecimento da natureza e á política de

protecionismo.

No final da década de 60, ocorreu uma releitura dos conceitos de

desenvolvimento, gerada por diversas causas histórico-políticas. A idéia de não

haver um modelo único de desenvolvimento se destaca, sendo considerado o

melhor aquele que a própria sociedade decide quais as suas necessidades,

segundo suas condições e representatividade social (Maricato, 2001).

Segundo Santos (2004), a partir da mudança da ótica de desenvolvimento era

necessário que surgissem “planejamentos mais abrangentes, dinâmicos, preocupados

com avaliações de impacto ambiental. Não mais se admitia usar como sinônimo

desenvolvimento econômico e crescimento econômico, qualidade de vida e padrão de vida”.

Durante os anos de 1970 – 1980 a conservação dos recursos naturais e o papel

do homem integrado ao meio passaram a ter função primordial na discussão da

qualidade de vida da população (Ribeiro, 2004). A integração de conceitos

ecológicos, econômicos e políticos em Planejamentos de caráter regional foram

elaborados, mas tenderam a ser unicamente acadêmicos ou estudos de caso não

aplicados. Desta forma, o Planejamento adjetivado “Ambiental” era visto como

um caminho para um desenvolvimento social, cultural, ambiental e tecnológico

adequado (Santos, 2004).

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No Brasil, mais precisamente nos anos 90, o Planejamento Ambiental foi

incorporado aos Planos Diretores municipais, sendo também congregados pelos

órgãos ambientais, instituições, sociedades e organizações. Contudo, apresentou-

se sob diferentes formas, em função das atribuições dos responsáveis pelo

processo de Planejamento (Santos, 2004).

Vários conceitos também foram criados ao se definir Planejamento. Santos

(2004) definiu esse conceito de forma bastante simples como sendo “um meio

sistemático de determinar o estágio em que você está, onde deseja chegar e qual o melhor

caminho para chegar lá”. A mesma autora reuniu definições dadas por vários

planejadores e resumiu dizendo que

“o Planejamento é um processo contínuo que envolve a coleta,

organização e análise sistematizada das informações, por meio de

procedimentos e métodos, para chegar a decisões ou a escolhas

acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos

recursos disponíveis”.

Os planejadores, em geral, procuram entender o espaço em todo o seu

contexto. Entretanto, usualmente os Planejamentos estão adjetivados com palavras

que definem ou caracterizam seu principal rumo de ação. Assim eles podem ser

agrupados em diferentes tipos, de acordo com o adjetivo considerado para a sua

classificação (Franco, 2001).

Há autores que simplificam a classificação tipológica do Planejamento em

Tradicional ou Tecnológico e Ambiental ou Ecológico (figura 2) como destacado

por Santos (2004). Petak (1980) afirma que o tecnológico teria uma visão voltada

para a solução de problemas e ao cumprimento de tarefas.

Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU (1992) o Planejamento

Ambiental é o “processo que interpreta os recursos naturais como o ‘substrato’ das

atividades do homem que nele se assentam e sobre ele se desenvolvem, buscando melhor

qualidade de vida”.

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Figura 2. Classificação tipológica do Planejamento.

O Ministério do Meio Ambiente, em 1994, definiu o conceito de Planejamento

Ambiental como um processo realizado para

“avaliar tanto a sensibilidade dos fatores naturais que compõem a

paisagem de um dado espaço aos danos causados por usos

antrópicos, quanto à intensidade dos danos potencialmente

causados por usos antrópicos a cada um desses fatores naturais”.

O Planejamento Ambiental fundamenta-se na interação e integração dos

sistemas que compõem o ambiente (Franco, 2001). Tem o papel de estabelecer as

relações entre os sistemas ecológicos e os processos da sociedade, das necessidades

socioculturais a atividades e interesses econômicos, a fim de manter a máxima

integridade possível dos seus elementos componentes. O planejador que trabalha

sob esse prisma, de forma geral, tem uma visão sistêmica e holística, mas tende

primeiro a compartimentar o espaço, para depois integrá-lo (Santos, 2004).

4.3 Áreas Protegidas

4.3.1 No Mundo

As Áreas Protegidas representam um dos principais instrumentos utilizados

na conservação e manejo da biodiversidade. Miller (1997), relata que “há registros

documentados de Áreas Protegidas desde o ano 252 a.C., quando o Imperador Ashoka, na

Índia, determinou a proteção de certos animais, peixes e áreas florestadas”.

PLANEJAMENTO

Tradicional ou Tecnológico

Ambiental ou Ecológico

PLANEJAMENTO

Tradicional ou Tecnológico

Ambiental ou Ecológico

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Davenport e Rao (2002) ressaltam que é evidente que as variações nos

diversos tipos de posse de terra criaram distinções vitais entre as sociedades

através da história, com conseqüências diretas sobre os sistemas de conservação.

O marco de referência da evolução das idéias conservacionistas relacionadas

a Áreas Protegidas tem origem no Yellowstone National Park, criado em 1872 nos

Estados Unidos com o objetivo de proporcionar benefício e lazer à população e

proteger as áreas de interferência que degradassem o ambiente (Diegues, 2005).

Segundo Diegues (2005), havia três idéias básicas no movimento

conservacionista americano: a eficiência, a eqüidade e a estética. Desta forma,

havia os que pregavam o uso eficiente dos recursos naturais, os que acreditavam

que o uso adequado dos recursos deveria desenvolver uma democracia eficiente

no acesso a esses recursos. E finalmente, haviam aqueles para os quais a proteção

da vida selvagem era necessária, não só para conservar a beleza estética, como

também para amenizar as pressões psicológicas dos que viviam em áreas urbanas.

Estes últimos seguiam a idéia preservacionista, ou seja, que parcelas do ambiente

natural devem ser preservadas e intocadas e ao homem resta apenas admirá-las.

A criação de áreas naturais nos Estados Unidos foi influenciada por teóricos

como Thoreau, que criticou a destruição das florestas para fins comerciais e

Marsh, que em 1864 havia publicado um documento intitulado “Man and

Nature”, em que demonstrava que a onda de destruição do mundo natural

ameaçava a própria existência do homem sobre a terra (Diegues, 2005).

Após a criação do Yellowstone National Park nos E.U.A, o Canadá criou o

seu primeiro Parque Nacional em 1885, seguido pela Nova Zelândia, em 1894, a

África do Sul e a Austrália, em 1898. Na América Latina, o México foi o primeiro a

estabelecer uma reserva florestal, em 1894; depois vêm à Argentina em 1903, o

Chile em 1926, e o Brasil em 1937 com o Parque Nacional de Itatiaia (Diegues,

2005).

No entanto, ainda não havia uma definição universalmente aceita sobre os

objetivos dos Parques Nacionais. Somente no ano de 1933 foi convocada a

“Convenção para a Preservação da Flora e Fauna”, em Londres, com o objetivo de

discutir a preservação da fauna africana, pois a presença de caçadores e o ritmo de

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matança de animais selvagens acabaram chamando a atenção dos

preservacionistas (Diegues, 2005).

A partir desta data, uma nova convenção sobre Proteção da Fauna e Flora em

seu estado natural era assinada e ratificada pela maioria dos poderes coloniais

africanos. Visava a criação de áreas protegidas, tais como Parques Nacionais e

Reservas. Estabeleciam-se três características para Parque Nacional: áreas

controladas pelo Poder Público; áreas reservadas à preservação da fauna e flora,

áreas reservadas a atender aos objetivos de interesses estéticos, geológicos e

arqueológicos, onde a caça seria proibida e a área destinada à visitação pública

(Diegues, 2005).

Com o passar do tempo, as Áreas Protegidas, ou Unidades de Conservação –

UC, aumentaram em número e em diversidade de categorias, redundando em

equívocos conceituais (Oliveira, 2005).

As primeiras definições de UC ou Áreas Protegidas (representadas

basicamente pelas categorias: Parques Nacionais e Reserva da Fauna), sofreram

modificações. Antes as Unidades de Conservação objetivavam apenas a proteção

da natureza, porém, com o resultado de novas pesquisas, que resultaram nos

conceitos de Desenvolvimento Sustentável, as definições foram ampliadas para

incluir áreas nas quais a exploração dos recursos naturais fosse cada vez mais

intensa e a presença humana, a razão de sua existência (Oliveira, 2005).

Dourojeanni e Pádua (2001) ressaltam os conflitos resultantes no

entendimento dessas categorias: “as mesmas denominações poderiam ter significados

desde os ligeiramente diferentes aos completamente opostos”. Segundo estes autores,

estas classificações e seus conceitos variam de país para país, de estado para

estado e, até mesmo, de lei para lei.

Sendo assim, o núcleo de especialistas mundiais que se dedicam às UC na

World Conservation Union procurou agrupar as categorias em um número

manejável e internacionalmente aceito (Morsello, 2001). Porém, esta convenção

não foi unanimemente aceita, sendo que a maioria dos países adota, em parte,

estas categorias, como é o caso do Brasil (Oliveira, 2005).

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Adams (2000) afirma que a ideologia preservacionista norte-americana,

presente por trás da criação do primeiro Parque Nacional, foi a responsável pela

dicotomia entre as populações e áreas protegidas, fazendo com que as Unidades

de Conservação fossem associadas às áreas desabitadas e intocadas. Pois, para os

pensadores do movimento preservacionista, as áreas deveriam receber proteção

total, sendo permitido em seu interior apenas atividades de caráter educativo ou

recreativo (Brito, 2003). Desta forma, havia uma dissociação intrínseca entre o

homem e a natureza.

A partir da década de 1980, foram sendo incluídas Áreas Protegidas em que

o uso direto dos recursos é permitido e nas quais as populações podem viver de

modo permanente (Diegues, 2005).

4.3.2 No Brasil: Unidades de Conservação

As primeiras idéias de proteção à natureza, no Brasil, são identificadas em

cartas régias da Coroa Portuguesa no século XVIII, que preocupada com a falta de

madeira para a produção naval e alarmada com a exploração desenfreada do pau-

brasil, determina o controle dessa exploração. Este fato é caracterizado como o

surgimento das primeiras leis visando à proteção da Mata Atlântica (Dean, 1996).

De certa forma, estas normas conseguiram diminuir um pouco a velocidade

da devastação das florestas brasileiras, pelo menos até 1834. Nesse ano, termina o

monopólio da Coroa Portuguesa sobre o pau-brasil e inicia-se uma impressionante

devastação das florestas brasileira. Devastação que era justificada para a

implantação de lavouras e pastos pertencentes aos donos de escravos, que

possuíam grande influência política na época (Brito, 2003).

No início do século XIX, José Bonifácio apresentava grande preocupação com

a devastação das florestas e combatia essa ação, pois tinha estudado os efeitos do

desmatamento sobre a fertilidade do solo, em Portugal. José Bonifácio chegou a

sugerir, em 1821, que se criasse no Brasil um setor administrativo específico para

as matas e bosques, em igualdade de condições com os setores de Obras Públicas,

Mineração, Agricultura e Indústrias (Brito, 2003).

A primeira idéia de criação de área protegida no Brasil surgiu em 1876, pelo

engenheiro André Rebouças, que inspirado na criação do Parque Americano,

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propôs a implantação de dois grandes Parques Nacionais, um em Sete Cidades e o

outro na Ilha do Bananal. Porém, suas idéias não foram levadas a sério pelo

Governo nem pela sociedade (Diegues, 2005).

Segundo Dean (1996), o governo brasileiro passou a dar maior atenção à

exploração dos recursos naturais a partir dos movimentos difundidos nos Estados

Unidos para garantir a oferta, principalmente pela América Latina, de madeira-de-

lei para o país, uma vez que suas reservas foram praticamente esgotadas ao longo

da Primeira Guerra Mundial. Desta forma, o Serviço Florestal norte-americano

inicia o incentivo à pesquisa em silvicultura no Brasil. Durante estas pesquisas,

surgiu a idéia de preservação de pelo menos um terço da superfície territorial

brasileira que insistia na desapropriação da terra onde fosse necessário.

Rocha e Costa (apud Azeredo, 2004) afirmam que o histórico da proteção

ambiental brasileira está intrinsecamente atrelado à Mata Atlântica. Idéia que

pode ser visualizada se houver uma análise das primeiras leis referentes à

proteção da natureza.

O primeiro órgão federal criado com o objetivo de conservar os recursos

naturais no Brasil foi o Serviço Florestal, instituído em 1921, mas sem o respaldo

da Constituição de 1891, pois nela nada constava sobre florestas. De acordo com

Dean (1996), este órgão funcionou até 1959, porém durante sua existência apenas

geriu os parques e jardins da cidade do Rio de Janeiro, então capital da República.

Em 1934, é instituído o Código Florestal Brasileiro que tinha como objetivo,

proteger e regular o uso das florestas e demais formações vegetais, bem como

transformar esses recursos em bens de interesse comum. Segundo Brito (2003),

este Código “permitiu” grande parte da destruição das florestas brasileiras, em

virtude do caput do Art. 19, que autorizava os latifundiários a realizar o

reflorestamento, caso houvesse destruído as matas nativas. Entretanto, era comum

a prática do reflorestamento com espécies exóticas e de grande valor econômico,

como Pinus e o Eucalyptus, o que proporcionou uma substituição de florestas

primitivas e heterogêneas em áreas homogêneas.

Em 1937, em consonância com o Código Florestal é criado o primeiro parque

brasileiro, o Parque Nacional de Itatiaia, com o objetivo de incentivar a pesquisa

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científica e proporcionar uma área de lazer à população residente nas

proximidades da cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Nos dois anos

seguintes são implementados o Parque Nacional do Iguaçu e o Parque Nacional

da Serra dos Órgãos, ambos no Estado do Rio de Janeiro (Rodrigues, 2005 apud

Bezerra, 2006).

O Serviço Florestal, assim como o Departamento de Recursos Naturais

Renováveis – DRNR e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF,

foram constituídos por intermédio do Ministério da Agricultura, cujas funções

eram promover a expansão da fronteira agrícola e a indústria madeireira, sendo

cada uma em tempos dinstintos (Bezerra, 2006).

Em 1965 é instituído a Lei Federal n° 4.771 que definiu o novo Código

Florestal brasileiro. Essa Lei representou o marco conceitual entre as Áreas de

Conservação que permitiam a exploração dos recursos naturais e as que proibiam

essa prática, surgindo então, a base para a atual categorização das Unidades de

Conservação brasileira (Bezerra, 2006).

Os novos paradigmas surgidos na Conferência das Nações Unidas sobre

Meio Ambiente, no ano de 1972 em Estocolmo, proporcionam ao Brasil a idéia de

criar a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA (Ribeiro, 2004).

Costa (apud Bezerra, 2006), afirma que para não ocorrer conflitos entre os

órgãos federais, a SEMA buscou criar Unidades de Conservação próprias, como as

Estações Ecológicas, categoria até então inexistente no país, e o IBDF continuou

administrando os Parques Nacionais e Reservas Biológicas.

Vieira e Bredariol (1998) consideram que no Brasil não havia uma Política

Ambiental, até a década de 1970, mas diversas leis que regiam sobre distintos

assuntos ambientais como o Código das Águas, Florestal, de Caça, Pesca e

Mineração. As Unidades de Conservação, até esta época, eram delimitadas e

justificadas em função de sua beleza cênica, pois o país não possuía uma estratégia

para selecionar e planejar estas áreas, seja por meio de uma legislação ou política

(Brito, 2003).

A Lei Federal n° 6.938/1981 criou a Política Nacional do Meio Ambiente, e

estabeleceu seus conceitos, princípios, objetivos, instrumentos, penalidades e fins,

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bem como os mecanismos de formulação e aplicação. Essa Lei enfatizou a

necessidade de compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico com a

qualidade ambiental e estabeleceu a proteção dos ecossistemas, com a preservação

de áreas representativas.

Em 1988 é promulgada a Constituição Federal, conhecida como a

constituição cidadã. Essa lei apresenta em um dos seus capítulos o meio ambiente,

que o define como sendo, “um bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade

de vida”. A Constituição atribui ao Estado à tarefa de definir os espaços territoriais

a serem protegidos. Essas áreas buscam resguardar espaços representativos de

recursos naturais (Constituição Federal 1988, Art. 225).

Somente no ano 2000, o Brasil estabeleceu a Lei Federal n° 9.985 instituindo o

Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, além de

propor critérios e normas para a criação, implantação e gestão das Unidades de

Conservação.

As Unidades de Conservação foram definidas e instituídas nesta Lei como

sendo,

“espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas

jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente

instituído pelo Poder Público com objetivo de conservação e

limites definidos, sob regime especial de administração ao qual se

aplicam garantias adequadas de proteção”.

De acordo com o Art 7° desta Lei, as Unidades de Conservação integrantes

do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas: as Unidades

de Proteção Integral e as Unidades de Uso Sustentável (figura 3).

A primeira tem como objetivo básico a preservação da natureza, sendo

admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos

previstos em lei. A segunda deve compatibilizar a conservação da natureza com o

uso sustentável de uma parcela de seus recursos naturais.

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Figura 3. Categorias de Unidades de Conservação integrantes do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação brasileiro, segundo a Lei Federal n° 9.985/2000.

De acordo com Capobianco (2001), no Brasil até o ano de 2000 haviam sido

implantadas 907 Unidades de Conservação. Considerando apenas as áreas sob

administração federal existem 256 Unidades, o que totaliza aproximadamente 45

milhões de hectares. As Unidades estaduais de todo o Brasil somam mais de 22

milhões de hectares delimitados (Bezerra, 2006).

Em 2002, o Ministério do Meio Ambiente, através do projeto Probio, publicou

um estudo, elaborado por diversos especialistas, definindo áreas, políticas e ações

prioritárias para a conservação dos biomas brasileiros. Esse documento indicou a

Unidade de Conservação

Proteção Integral Uso Sustentável

•Estação Ecológica

•Reserva Biológica

•Parque Nacional

•Monumento Natural

•Refúgio da Vida Silvestre

•Área de Proteção Ambiental

•Área de Relevante Interesse

Ecológico

•Floresta Nacional

•Reserva Extrativista

•Reserva da Fauna

•Reserva de Desenvolvimento

Sustentável

•Reserva Particular do

Patrimônio Natural

Unidade de Conservação

Proteção Integral Uso Sustentável

•Estação Ecológica

•Reserva Biológica

•Parque Nacional

•Monumento Natural

•Refúgio da Vida Silvestre

•Área de Proteção Ambiental

•Área de Relevante Interesse

Ecológico

•Floresta Nacional

•Reserva Extrativista

•Reserva da Fauna

•Reserva de Desenvolvimento

Sustentável

•Reserva Particular do

Patrimônio Natural

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criação de UC como a ação específica mais recomendada, representando quase

metade das indicações de ações nas áreas prioritárias, bem como considera que as

Unidades de Conservação de Proteção Integral são as de maior relevância para a

conservação da biodiversidade em virtude das restrições de uso.

4.4 Planejamento Ambiental de Unidades de Conservação

As Unidades de Conservação são áreas definidas e delimitadas por Lei, cujo

objetivo é garantir a proteção dos recursos naturais existentes em tal espaço contra

impactos causados pelas ações humanas (Morsello, 2001). De acordo com a

Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA n° 001/1986

entende-se por impacto ambiental

“qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e

biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de

matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta

ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da

população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV -

as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a

qualidade dos recursos ambientais”.

Entretanto, apesar de terem sido estabelecidas para funcionarem como áreas

onde os efeitos do processo de desenvolvimento humano sobre os recursos

presentes fossem minimizados, as Unidades não conseguem se manter isoladas,

sendo atingidas pelas mesmas atividades que ameaçam a conservação biológica

nas áreas externas a ela.

O objetivo é alcançado quando somado ao processo de criação existe uma

gestão contínua e direcionada ao controle dessas atividades impactantes, processo

que é denominado de “manejo” (Machlis e Tichnell, 1985; Schonewald-Cox, 1988).

Este conceitual foi internalizado pelo SNUC no Inciso XVII de seu Art. 2°, sendo

exigida a sua elaboração durante o processo de implementação de todas as UC

(Lei Federal n° 9.985/2000).

Entretanto, a Política Pública de criação das Unidades de Conservação vem

gerando verdadeiras “unidades de papel”, não se preocupando em implementar

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processos de gestão para essas Unidades (Diegues, 1996a). Desta forma, a gestão

das áreas protegidas deve ser contínua e as ameaças a sua conservação devem ser

controladas (Morsello, 2001).

Segundo a Lei Federal n° 9.985/2000, as atividades que devem ser realizadas

para o manejo de uma área protegida delimitada em lei, assim como os meios e os

técnicos necessários, devem estar explicitadas em um Plano de Manejo, que é

conceituado como sendo um:

“documento técnico mediante o qual, com fundamento nos

objetivos gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o

seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o

manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das

estruturas fiscais necessárias à gestão da Unidade” (Lei n°

9.985/2000, Art. 2°, XVII).

Esta ferramenta tem como função o comprometimento de levar a Unidade a

cumprir com os objetivos de criação, assim como dotá-la de diretrizes para o seu

desenvolvimento, definir ações específicas para o seu manejo, estabelecer a

diferenciação e intensidade de uso mediante o zoneamento, visando à proteção de

seus recursos naturais e culturais, promover a integração socioeconômica das

comunidades do entorno com a UC, dentre outros (Galante et al. 2002).

O Plano de Manejo é uma ferramenta orientadora das intervenções em uma

Unidade de Conservação, bem como da Zona de Amortecimento, sendo essa “o

entorno de uma Unidade de Conservação, onde as atividades humanas estão sujeitas a

normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a

Unidade“ (Lei n° 9.985/2000, Art. 2°, XVIII).

Este documento deve ser elaborado segundo a metodologia definida pelo

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis -

IBAMA no seu roteiro metodológico para o Planejamento Ambiental de Unidades

de Conservação de uso indireto, elaborado em 1996. Nele são descritas todas as

etapas para elaboração do Plano de Manejo de uma UC. Nesta metodologia, o

Planejamento é sistêmico e visto como um processo contínuo (figura 4).

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Figura 4. Estruturação geral das fases do Planejamento de Unidades de Conservação, evidenciando a geração de um produto que será utilizado pela fase subseqüente. Fonte: Santos, 2004, com modificações.

Entretanto, Segundo Diegues (1996b), nos Estados do Rio de Janeiro, Paraná

e Espírito Santo, somente 23% das Unidades tem Planos de Manejo e mesmo

nessas áreas, a qualidade e o ritmo de sua implantação é insuficiente.

A ausência desse processo de gestão provoca inúmeros problemas regionais,

além de prejudicar a relação da Unidade com as comunidades locais. Dentre esses

problemas, é possível citar: expectativas não-atendidas, desapropriação sem

indenização, lucro e produção cessante, desestabilização cultural, implantação de

atividades que causam impactos sobre a Unidade, déficit tributário pela redução

de produção e paralisação do processo de desenvolvimento regional, culminando

Estrutura Organizacional de Planejamento - Unidade de Conservação

caracterização geral /elaboração do diagnóstico da UC /

zona de amortecimento

avaliação de impactos da UC e da zona de amortecimento

zoneamento e recomendações

ações gerenciais gerais internas e externasáreas estratégicas de ação

ações de manejo para as áreas internas

Fase 1

Fase 2

Fase 3

Fase 4

Estrutura Organizacional de Planejamento - Unidade de Conservação

caracterização geral /elaboração do diagnóstico da UC /

zona de amortecimento

avaliação de impactos da UC e da zona de amortecimento

zoneamento e recomendações

ações gerenciais gerais internas e externasáreas estratégicas de ação

ações de manejo para as áreas internas

Fase 1

Fase 2

Fase 3

Fase 4

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com a insatisfação regional e desgaste do nome e imagem da instituição (Lima et

al., 2005).

Segundo Dixon e Sherman (1991), a ausência deste instrumento torna

possível a existência de atividades que interferem diretamente no bom

funcionamento dos ecossistemas, ou seja, comprometem a sua conservação, sendo

denominadas ameaças. Estas podem ter origem nas atividades humanas e/ou

naturais, são difíceis de localização, documentação, mensuração e controle.

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5. METODOLOGIA

A metodologia adotada neste trabalho foi resultado de uma adequação da

metodologia usualmente utilizada para a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA

em Estudos de Impacto Ambiental – EIA. Tratando-se de uma instrumento para

auxílio do processo decisório, os métodos empregados na elaboração do EIA

visam identificar e avaliar os impactos gerados por empreendimentos a serem

implantados. Porém, no caso específico deste estudo, o foco da análise – o Parque

Estadual de Dois Irmãos - é uma Unidade de Conservação já existente.

Este estudo foi dividido em etapas consecutivas, sendo o produto final de

cada etapa utilizado para dar prosseguimento às etapas subseqüentes. Apresenta-

se, a seguir, a descrição dos procedimentos metodológicos referentes a cada etapa

do estudo, pela ordem de execução:

5.1 Delimitação da Área de Estudo

A realização de um estudo ambiental exige a delimitação da área a ser

estudada, estabelecendo a espacialização necessária para abranger os fatores

ambientais cujas informações obtidas serão suficientes para que os objetivos do

estudo sejam atingidos.

Tratando-se de uma Unidade de Conservação, a referência para definição da

área de estudo está apresentada no Art. 27, parágrafo 1° da Lei Federal n°

9.985/2000, ao estabelecer que o Planejamento de uma Unidade de Conservação

deve abranger a área da mesma e sua Zona de Amortecimento. Esta mesma Lei,

afirma que a delimitação da Zona de Amortecimento deverá ser definida no Plano

de Manejo.

Esse Plano é uma ferramenta orientadora das intervenções em uma Unidade

de Conservação, bem como da sua Zona de Amortecimento. No entanto, apesar da

elaboração deste Plano ser uma exigência legal, até hoje, decorridos seis anos,

desde a implementação desta Lei em julho de 2000, o Parque Estadual de Dois

Irmãos ainda não possui o seu Plano de Manejo.

A inexistência desse instrumento para a definição da área limite da influência

dos impactos gerados pelo antropismo sob o Parque Estadual de Dois Irmãos,

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impossibilita a aplicação desta exigência legal como referência para a delimitação

da área de estudo. Este fato levou a utilização da metodologia do Planejamento

Ambiental como referência para definir a área de estudo do trabalho.

Em Planejamento Ambiental, a unidade espacial de trabalho é a bacia

hidrográfica (Santos, 2004). Entretanto, o Parque está inserido nas bacias do Rio

Capibaribe e do Rio Beberibe, com área de 7.551,41km² e 1.162km²,

respectivamente (Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2005).

A grande extensão desta área foge as proporções necessárias ao foco do presente

estudo, pois os fatores ambientais envolvidos excedem às necessidades dos

objetivos propostos.

Sendo assim, optou-se por analisar a Sub-bacia do Prata , na qual a Unidade

está inserida. Durante o levantamento cartográfico, foi observado que ela inicia e

se encerra no bairro de Dois Irmãos (figura 5). Entretanto, as inter-relações entre o

Parque e seu entorno que resultam em impactos, excedem os limites desta sub-

bacia. Sendo assim, a aplicação desta metodologia ainda não seria suficiente para

abranger os objetivos do estudo. A utilização da junção das áreas que compõem as

demais sub-bacias que fazem limite com a do Prata, também excede os objetivos

propostos.

Deste modo, optou-se por seguir a metodologia do Planejamento Ambiental

de Unidades de Conservação, aplicada pelo IBAMA, como órgão gestor das

Unidades de Conservação federais, que tem como foco a identificação de áreas que

apresentem potencialidades de impactos (IBAMA, 1996).

Baseado em levantamento na literatura pertinente, abrangendo os impactos

sofridos pelo Parque Estadual de Dois Irmãos e a pressão antrópica exercida pelo

entorno na Unidade, optou-se por estabelecer como área de estudo os limites dos

bairros, definidos pelo Plano Diretor do Município do Recife. Desta forma, a área

que compreende este estudo é constituída pela área limite legal do Parque e pela

área dos bairros de seu entorno.

O Parque está inserido no bairro de Dois Irmãos e faz limite à leste, com o

bairro de Sítio dos Pintos, a sudeste com o de Apipucos, a sul com uma porção do

bairro de Dois Irmãos, a nordeste com o bairro Córrego do Jenipapo e a norte com

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o bairro de Guabiraba (figura 6). Deve-se ressaltar que o bairro de Dois Irmãos é

constituído em sua maior parte pela Unidade de Conservação, abrangendo 67% da

área do bairro, restando apenas 34% de extensão ocupada pela população.

Desta forma, a área de entorno é composta pelos bairros de Sítio dos Pintos,

Dois Irmãos, Apipucos, Córrego do Jenipapo e Guabiraba, o que compreende

cerca de 55.710km². O Parque apresenta uma área de aproximadamente 3.874km²,

compreendendo cerca de 7% da área em estudo.

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Figura 5. Localização geográfica da sub-bacia do Prata e sua inserção nas bacias dos Rios Capibaribe e Beberibe.

Limite das Bacias

Limite do Parque

Bacia do Beberibe

Bacia do Capibaribe

Sub-bacia do Prata

Açude de Apipupos

Ilha do BananalRio Capibaribe

Riacho Camaragibe

Riacho dos Macacos

N

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 1. Sub-bacia do PrataLimite das Bacias

Limite do Parque

Bacia do Beberibe

Bacia do Capibaribe

Sub-bacia do Prata

Açude de Apipupos

Ilha do BananalRio Capibaribe

Riacho Camaragibe

Riacho dos Macacos

NN

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’águaCursos d’água

Corpos d’águaCorpos d’água

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 1. Sub-bacia do Prata

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Figura 6. Delimitação da área de estudo do trabalho, destacando o limite legal do Parque Estadual de Dois Irmãos e os bairros de Sítio dos Pintos, Dois Irmãos, Apipucos, Córrego do Jenipapo e Guabiraba.

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5.2. Diagnóstico Ambiental

Inicialmente, foi realizado um levantamento documental e cartográfico, de

forma a obter as informações para a caracterização dos fatores ambientais

presentes na área de estudo.

Esta caracterização ambiental utilizou como referência o estabelecido no

Art. 6° da Resolução CONAMA n° 001/1986 que divide os parâmetros ambientais

conforme a sua natureza em meio físico, biótico e socioeconômico, sendo este

último, atualmente, denominado antrópico. Os dados foram agrupados, sendo

confirmados e, quando possível, atualizados através de visitas à área de estudo

realizadas no período de janeiro a setembro de 2006.

Esta mesma Resolução define que o Diagnóstico Ambiental deve ser

elaborado baseado em estudos de campo desenvolvidos por uma equipe

multidisciplinar, demonstrando o caráter multidisciplinar desta etapa. No caso

deste estudo, por não se tratar de um EIA, as pesquisas que seriam realizadas por

esta equipe foram substituídas pelos estudos já realizados por pesquisadores e

cujos resultados estão disponíveis através da literatura científica. Com a realização

do levantamento bibliográfico foi possível utilizar este conhecimento

multidisciplinar pré-existente para compor o Diagnóstico Ambiental da área

estudada.

Os resultados, também, foram apresentados na forma de mapas da área de

estudo, contendo o layer referente a cada tema abordado, sendo estes

confeccionados com a base cartográfica dos mapas apresentados no Atlas

Ambiental do Recife (Prefeitura da Cidade do Recife, 2005).

Este Diagnóstico foi posteriormente utilizado para dar subsídio à equipe de

especialistas que colaboraram com este estudo, realizando a valoração dos

Impactos Ambientais, durante a etapa de AIA.

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5.3 Identificação das Atividades Potencialmente Impactantes - API

A identificação das atividades que são geradoras e/ou potencialmente

geradoras de impactos ambientais sobre o Parque Estadual de Dois Irmãos, foi

realizada envolvendo as seguintes etapas:

- primeiramente, foi realizado um levantamento das normas emitidas nas

diferentes esferas governamentais que regulamentam o licenciamento ambiental,

partindo do pressuposto de que a Legislação Ambiental vigente exige este

procedimento para a implementação de toda Atividade Potencialmente

Impactante – API (Lei Federal n° 6.938/1981). Este levantamento envolveu a

Resolução CONAMA n ° 001/1986, a Resolução CONAMA n ° 237/1997 e o

Decreto Estadual n° 20.586/1998 que apresentam uma relação dos

empreendimentos que estão sujeitos ao licenciamento ambiental, sendo estas

normas, então, utilizadas como base para a identificação das API presentes na área

de estudo;

- com base nestas informações, foi realizado um levantamento das licenças

ambientais emitidas pela Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos

– CPRH, no período de 2000 a 2005, para identificar as API licenciadas na área de

estudo;

- em seguida, realizou-se um levantamento bibliográfico para identificar as

Atividades Potencialmente Impactantes presentes na área de estudo, cujos

impactos ambientais foram mencionadas na literatura;

- para comprovar todas as informações obtidas, bem como registrar a

ocorrência de outras API, ainda não licenciadas e/ou descritas, visitas à área de

estudo foram realizadas no período de março a agosto de 2006.

Na identificação das API, considerando-se os objetivos desta dissertação,

foram selecionadas, apenas, as atividades cujos impactos ambientais pudessem ter

alguma influência direta sobre o Parque.

De forma a facilitar a compreensão dos resultados obtidos, as API

identificadas foram classificadas de acordo com a sua localização em relação aos

limites do Parque, sendo elas divididas em duas classes: as que ocorrem no

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interior do Parque e as que ocorrem em seu entorno, cujos impactos gerados

incidem diretamente sobre este.

As API identificadas que estão localizadas na área de entorno do Parque,

foram subdivididas em diferentes categorias de análise, sendo apresentadas nesta

seqüência: Urbanização do Entorno, sendo essa a Atividade que comporta uma

abordagem mais ampla; em seguida as API relacionadas aos diferentes meios de

transporte; depois API referentes ao Segundo Setor (Empresas); por fim, as

Atividades decorrentes da exploração do Setor Primário.

O produto desta etapa resultou na relação e descrição de cada Atividade

Potencialmente Impactante considerada como significativa para atingir aos

objetivos deste estudo.

5.4 Identificação dos Impactos Ambientais

As informações existentes no Diagnóstico Ambiental dos meios físico, biótico

e antrópico, foram relacionadas com as Atividades Potencialmente Impactantes

identificadas. A análise dessas informações resultou na identificação e descrição

das interferências das API nos diversos fatores e aspectos ambientais que

compõem o Parque Estadual de Dois Irmãos, sendo considerados apenas os

impactos primários ou de primeira ordem.

Os impactos identificados foram subdivididos levando-se em consideração

os fatores ambientais por eles afetado, sendo apresentados de acordo com o meio –

físico, biótico e antrópico - do qual fazem parte.

A identificação dos impactos gerados pelas API subsidiou a confecção da

Matriz de Interação de Impactos, bem como, foi utilizada pela equipe

multidisciplinar na Avaliação dos Impactos identificados, de acordo com os

atributos e critérios selecionados.

5.5 Avaliação dos Impactos Ambientais – AIA Identificados

Os métodos disponíveis para a realização da Avaliação de Impactos

Ambientais - AIA, em sua maioria, resultaram da evolução de outros existentes.

Esses métodos têm em comum a característica de disciplinar o raciocínio e os

procedimentos destinados a identificar os agentes causadores e as respectivas

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modificações decorrentes de uma determinada ação ou conjunto de ações (Braga et

al. 2002).

Embora existam vários métodos para a aplicação da AIA, tanto qualitativos

quanto quantitativos, estes não abrangem todas as características ou não

possibilitam a análise completa de quaisquer tipos de sistemas ambientais.

Munn (1975) resume como atributo desejável de um método sua capacidade

de atender às seguintes funções na avaliação: identificação, predição,

interpretação, comunicação e monitoramento. Considera-se ainda desejável que o

método caracterize os impactos quanto à sua intensidade/magnitude e

importância.

A aplicação dos métodos quantitativos na realização de uma AIA apresenta

um certo nível de complexidade e necessitam de informações detalhadas sobre o

objeto em análise. Desta forma, considerando que os dados existentes na literatura

utilizada na elaboração do Diagnóstico não possuem o nível de detalhamento

necessário para dar suporte a este tipo de análise, não foi possível a sua utilização

neste estudo.

No entanto, considerando os métodos existentes, as características deste

estudo e a realidade do Parque Estadual de Dois Irmãos, foi considerada

adequada a aplicação de métodos qualitativos para avaliar os impactos que

possam comprometer os fatores ambientais presentes na Unidade de Conservação.

5.5.1 Métodos Aplicados

Foram utilizadas as seguintes metodologias de acordo com a seqüência de

sua aplicação no processo de Avaliação dos Impactos Ambientais identificados

neste estudo:

• Listagem de Controles ou Check-List

São listas elaboradas onde se enumeram os fatores e os impactos ambientais

de um projeto. Servem de guia para a obtenção de informações mais detalhadas na

caracterização dos indicadores ambientais, fundamentais para a hierarquização e

avaliação, determinando o grau de importância do impacto. Tem como objetivo

principal, levantar os impactos mais relevantes nos meios físico, biótico e

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antrópico e a caracterização das variáveis sociais e ambientais das áreas

impactadas (Bastos e Almeida, 1999).

A Lista de Controle elaborada consistiu de uma tabela contendo em suas

linhas as Atividades Potencialmente Impactantes previamente identificadas e os

impactos por elas gerados, e nas colunas os meios a serem analisados. Tomando

como base as informações presentes no Diagnóstico, correlacionaram-se os

parâmetros presentes na tabela e, assim, foi possível identificar quais meios que

compõem o Parque Estadual são afetados pelos impactos gerados pelas API.

• Matrizes de Interações

São empregadas para relacionar as ações de um projeto e seus efeitos sobre o

meio ambiente, assim como a identificação dos impactos por meio impactado

(Fogliatti et al., 2004).

As matrizes correspondem a uma listagem bidimensional para a

identificação de impactos, permitindo, a atribuição de valores para cada tipo de

impacto, dando subsídios para a definição do seu grau de significância. Cada

impacto é alocado na matriz por meio (físico, biótico e antrópico) e cada um

contém subsistemas distintos no eixo vertical, sobre o qual os impactos são

avaliados nominal e ordinalmente, de acordo com seus atributos.

Os atributos de impacto, com sua escala nominal (atribuindo qualificações

como alto, médio e baixo) e ordinal (atribuindo qualificações como primeiro,

segundo e terceiro graus), possibilita uma melhora da análise realizada (Bastos e

Almeida, 1999).

A matriz construída nesta etapa foi dividida em três situações: uma contendo

informações sobre os impactos relacionados aos fatores ambientais do meio físico;

uma para o biótico; e outra para o antrópico. Objetivando facilitar a análise, cada

especialista recebeu uma Matriz contendo informações sobre a sua especialidade.

No anexo 2, está apresentada, como exemplo, parte da Matriz de Interação

elaborada para a avaliação pelos especialistas, cujos conhecimentos estão

relacionados ao meio físico.

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Cada parte da Matriz apresenta-se disposta em colunas e linhas, contendo os

fatores ambientais e os impactos identificados, respectivamente. Esse método

possibilitou relacionar os impactos de cada API nas quadrículas resultantes do

cruzamento das colunas com as linhas, preservando as relações de causa e efeito.

• Espontâneo ou Ad-hoc

Esse método consiste em reunir cientistas especializados, que tenham

conhecimentos teóricos e práticos em setores relacionados às características do

objeto de análise, com finalidade de que estes respondam a questionários ou

matrizes, de forma a levantar os impactos considerados intensos para as

Atividades Potencialmente Impactantes (Braga et al., 2002).

Esse método proporciona rapidez na identificação dos impactos, mas

dificulta o exame do impacto global de todas as variáveis ambientais envolvidas,

uma vez que permite apenas a avaliação individual dos impactos. O método

também apresenta bastante subjetividade no resultado em função dos distintos

pontos de vista de cada profissional (Fogliatti et al., 2004). Para que tal problema

seja minimizado durante a realização deste estudo, foi desenvolvido um sistema

de escalas para cada meio/fatores ambientais analisados pelos especialistas.

Este estudo contou com a colaboração de uma equipe multidisciplinar que

permitiu a aplicação deste método no processo de AIA. O Diagnóstico Ambiental

e a Matriz de Interação foram entregues a 18 especialista, sendo seis com

conhecimentos relacionados a cada meio. Embora todos tivessem se

comprometido, apenas três especialistas de cada meio entregaram a Matriz

preenchida por completo, sendo então estas utilizadas para as etapas

subseqüentes. Entretanto, não foi possível a identificação de tais especialistas no

trabalho, uma vez que alguns destes não autorizaram a publicação de suas

identidades.

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5.5.2 Valoração dos Impactos Ambientais

5.5.2.1 Valoração da Intensidade/Magnitude

A intensidade ou magnitude de um impacto ambiental refere-se ao grau de

incidência desse impacto sobre um fator ambiental, em relação ao universo deste,

na forma como está presente na área de estudo (CONSPLAN, 2001).

De forma a obter o grau de intensidade/magnitude dos impactos ambientais

identificados gerados pelas Atividades Potencialmente Impactantes, foi realizada a

valoração qualitativa, onde cada especialista levou em consideração os seguintes

atributos para cada impacto:

• Natureza: identifica o impacto quanto aos efeitos benéficos/positivos (+) ou

adversos/negativos (-) sobre os fatores ambientais analisados (Fogliatti et al.,

2004), sendo a mesma representada na legenda da Matriz de Avaliação de

Impacto pelas cores:

Preto: impactos positivos (+);

Vermelho: impactos negativos (-).

• Relevância: classifica os impactos de acordo com o nível do dano causado aos

fatores ambientais analisados (Fogliatti et al., 2004), após a manifestação de seus

efeitos em:

Reversível (R): quando alguma ação desenvolvida cessa o efeito do impacto;

Mitigável (M): quando alguma ação pode ser desenvolvida para minimizar

os efeitos do impacto;

Irreversível (I): quando nenhuma ação pode ser executada para controlá-lo e

seu efeito permanece ao longo do tempo.

• Temporalidade: classifica os impactos de acordo com a duração de sua

manifestação (Fogliatti et al., 2004), em:

Temporário (T): quando ocorre por tempo determinado;

Permanente (P): quando ocorre por tempo indeterminado;

Cíclico (C): quando ocorre de forma repetida.

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• Espacialidade: classifica os impactos através da área de abrangência de seus

efeitos (Fogliatti et al., 2004), em:

Pontual (P): quando ocorre em um determinado ponto da área em estudo;

Local (L): quando ocorre em toda a área em estudo;

Regional (R): quando ultrapassa os limites da área em estudo, ou seja,

quando seus efeitos apresentam repercussões a nível municipal.

A valoração da intensidade/magnitude foi atribuída por meio da soma das

médias dos valores dos atributos de relevância, temporalidade e espacialidade,

considerados pelos especialistas, sendo enquadrada dentro dos seguintes

intervalos de classe:

Baixa: (1,0 a 3,5) Média: (3,6 a 6,5) Alta: (6,6 a 9)

A intensidade/magnitude dois impactos foi representada na Matriz pela

figura geométrica de um círculo e a representação desses intervalos de classes na

legenda da Matriz Final é visualizada através do tamanho da figura geométrica,

adotando-se a coloração para representar a sua natureza – positivo e negativo,

conforme apresentado na tabela 1. Tabela 1. Simbologia utilizada para representação da intensidade dos impactos ambientais, na Matriz de Interação que contém a Avaliação Final dos Impactos Ambientais.

Intensidade/Magnitude Natureza

Alta Média Baixa

Positivo

Negativo

A exposição dos resultados da valoração da intensidade dos impactos

ambientais avaliados foi realizada de acordo com a Atividade Potencialmente

Impactante, a qual cada um deles estava relacionado.

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5.5.2.2 Valoração da Importância

A importância de um impacto é determinada de acordo com o grau de

interferência deste sobre os diferentes fatores ambientais que compõem o objeto

em análise (CONSPLAN, 2001).

Sendo assim, foi solicitado a cada especialista que, depois de terminada a

valoração dos atributos relacionados à intensidade/magnitude dos impactos

ambientais, listassem os dez impactos considerados por eles mais importantes. A

análise dos resultados, desta etapa, consistiu no cálculo da freqüência de cada

impacto nas listas dos especialistas. Assim, foi possível enquadrar a freqüência dos

impactos listados dentro dos seguintes intervalos de classe:

Baixa: 0 a 30% Média: 31 a 60% Alta: 61 a 100%

A representação desses intervalos de classes na legenda da Matriz Final pode

ser visualizada através do preenchimento da figura geométrica, adotando-se a

coloração para representar sua “natureza”, conforme apresentado na tabela 2.

Tabela 2. Simbologia utilizada para representação da importância dos impactos ambientais, na Matriz de Interação que contém a Avaliação Final dos Impactos Ambientais.

Importância Natureza

Alta Média Baixa

Positivo

Negativo

Os resultados da valoração da importância atribuída para os impactos

ambientais, bem como, para a intensidade, foram apresentados de acordo com a

Atividade Potencialmente Impactante, a qual cada um estava relacionado.

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5.5 Análise Integrada

Ao final destas etapas, foi realizada uma correlação entre os impactos

ambientais considerados de maior intensidade/magnitude e importância,

permitindo, assim, identificar os mais significativos, ou seja, os que geram maiores

alterações sobre os fatores ambientais que compõem o Patrimônio Histórico-

Ambiental do Parque Estadual de Dois Irmãos. Desta forma, a(s) Atividade(s)

Potencialmente Impactante(s) que gera(m) estes impactos também pode(m) ser

identificada(s) após este processo, bem como o meio(s) mais afetado(s),

subsidiando o processo de gestão do Parque Estadual de Dois Irmãos.

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6. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

A caracterização dos fatores ambientais presentes na área de estudo tem

como objetivo subsidiar a valoração durante a Avaliação dos Impactos

identificados nas etapas posteriores. Esta caracterização foi dividida conforme a

sua natureza em meio físico, biótico e antrópico.

6.1 Meio Físico

A caracterização dos fatores ambientais do meio físico foi descrita

abrangendo toda a área de estudo, com exceção dos recursos hídricos,

considerando que para esse fator as características variam na área estudada, ou

seja, os recursos hídricos se apresentam de forma distinta no Parque e no entorno.

6.1.1 Caracterização Climática

Classificação climática

O Município do Recife, no qual está situado o Parque Estadual de Dois

Irmãos, apresenta uma variação climática muito pequena de uma estação para

outra, caracterizando um clima quente e úmido. De acordo com a classificação

climática de W. Köppen (1948), o clima é do tipo As’ denominado como Tropical

Costeiro Quente e Úmido ou “Pseudo Tropical da Costa Nordestina” (Coutinho et

al., 1998).

Pluviometria

O regime pluviométrico da área de estudo é caracterizado por apresentar um

período de deficiência hídrica nos meses de outubro a janeiro, denominado como

estação seca. O período de outono-inverno, ou seja, março a agosto, caracteriza a

estação úmida (figura 7). A precipitação média anual é de aproximadamente

2.460mm (Coutinho et al., 1998) e a evaporação média anual é de 127,19mm

(Souza, 1986).

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Temperatura

As temperaturas não apresentam grande variação ao longo do ano, sendo o

gradiente térmico considerado inexpressível, com valores menores que 5°C. É

possível observar que o período de elevação da temperatura ocorre entre os meses

de novembro a março (figura 7). Os valores médios máximos de temperatura

mantêm-se em torno de 27°C no período seco, com máximas em janeiro e

fevereiro, registrando uma pequena tendência de queda térmica a partir de março,

para então cair a uma média de 24°C, no período chuvoso. A temperatura média

mensal é de 23°C (Coutinho et al., 1998).

Figura 7. Climograma da série histórica no período de 1961-1990 da cidade do Recife. Fonte: INMET (Posto Curado).

Umidade relativa do ar

A umidade relativa do ar apresenta-se com os valores mais variados durante

o período chuvoso. Este fator ambiental apresenta uma média anual de 79,5%,

sendo que no período de seca há uma média de 76,35% e durante a maior

precipitação pluviométrica é de 84% (Souza, 1986).

0

100

200

300

400

500

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez22

23

24

25

26

27

precipitação evaporação temperatura

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Ventos predominantes

A área de estudo é comandada por ventos alísios3 que apresentam uma

velocidade média anual de 3,4m/s. A direção dos ventos é pouco variável, com

predominância para o Sudeste (SE) – Leste (E), que sopram durante cerca de nove

meses, podendo variar de E-SE (Souza, 1986). Os ventos são conduzidos pelo ar

tépido atlântico (Coutinho et al., 1998).

6.1.2 Aspectos Geológicos e Geomorfológicos

Geologia

De acordo com Alheiros et al. (1988), a área de estudo se localiza dentro do

núcleo urbano do Recife que ocupa a totalidade da planície, em torno da qual se

elevam ao norte, ao oeste e ao sul, em semicírculo quase perfeito, as colinas da

Formação Barreiras (figura 8).

A Formação Barreiras apresenta uma idade em torno de 2 milhões de anos

(Período Terciário, Idade Plioceno). Em geral, esta Formação é constituída por

arenitos de granulometria grossa e conglomerados de cor branca, bastante

argilosos, com nível de óxido de ferro e estratificações plano-paralelas e cruzadas

acanaladas, contendo por vezes um nível de argila mosqueada (Sá, 1998). Alguns

níveis são constituídos por arenitos grossos a conglomeráticos de cor roxa, com

bolsas de argila e seixos de quartzo arredondados com estratificação tabular. A

gênese dessa formação parece ser flúvio anastomosado, passando para o topo,

para um sistema fluvial meandrante (Coutinho et al. 1998).

A área de estudo também é formada por sedimentos da Formação Boa

Viagem e da Formação Beberibe (figura 8). A Formação Beberibe e Boa Viagem ora

afloram ora estão recobertas pela Formação Barreiras, o que faz com que se

apresentem superficialmente em pequenas porções. A Formação Boa Viagem é

composta por areia, siltes, argilas e turfas, já a Beberibe é constituída por arenitos e

siltitos (Vasconcelos e Bezerra, 2000).

3 Ventos alísios: ocorrem durante todo o ano e são resultados da ascensão de massas de ar que convergem de

zonas de alta pressão para baixa pressão, formando um ciclo. Os ventos são úmidos, provocando chuvas nos

locais onde convergem (Wikipédia, 2006).

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Figura 8. Mapa Geológico do Recife, evidenciando a área de estudo. Fonte: Vasconcelos e Bezerra, 2000, com modificações.

Formação Boa Viagem

Formação Beberibe

Formação Barreiras

Fratura encoberta

Falha normal

N

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

Sistema Viário

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 3. GeologiaÁrea de estudo

Limite Município

PAULISTA

REC

IFE

Formação Boa ViagemFormação Boa Viagem

Formação BeberibeFormação Beberibe

Formação BarreirasFormação Barreiras

Fratura encobertaFratura encoberta

Falha normalFalha normal

NN

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

Sistema Viário

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 3. GeologiaÁrea de estudo

Limite Município

PAULISTA

REC

IFE

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Geomorfologia

A área de estudo está situada, quase que na sua totalidade, na zona de

Tabuleiros (figura 9) com altitudes variando entre 10 a 100m e, nas áreas com

altitude de 2 a 10m onde se podem incluir Planícies Alagáveis e Terraços Flúvio-

lagunares (figura 9). Todo esse conjunto faz parte do relevo de agradação

(Coutinho et al. 1998).

É possível notar também que as encostas foram separadas em dois conjuntos

de feições em função apenas do perfil da encosta, podendo ser feições convexas

e/ou ligeiramente côncavas. Encostas retilíneas e côncavas, bem como vales em V

ou em U, estão presentes em relevos degradacionais. Geralmente, este tipo de

relevo está subordinado à diferença de altitude entre as superfícies planas e as

encostas (Coutinho et al., 1998).

Os relevos de origem antrópica são decorrentes da erosão em conseqüência

do desmatamento e associada à retirada de material.

Pedologia

A Formação Barreiras apresenta uma razoável diversidade litológica.

Entretanto, a área de estudo se encontra situada em solos classificados como

Podzólico Amarelo Distrófico, com textura variando de arenoso a argilo-arenoso.

Possui um pH variando entre 3,8 a 4,8. São considerados solos profundos,

oligotróficos, bem drenados, recobertos por uma camada de serrapilheira variando

de 0 a 23cm de espessura (Bezerra, 2006). O solo presente na área de estudo

apresenta acentuada deficiência de nutrientes como P, K, Ca, Mg e N2 (Guedes,

1998).

Na área em estudo, os fatores geológicos4, geomorfológicos5, climático6 e de

uso e ocupação do solo7, deflagraram processos de erosão hídrica, resultando, na

4 Fatores geológicos: podem ser representados pela litologia, tipos de materiais, descontinuidade, dentre

outros (Coutinho et al., 1998). 5 Fatores geomorfológico/topográfico: dizem respeito às dimensões e geometria das encostas, como altura,

declividade, extensão, forma transversal e plana e a drenagem natural (Coutinho et al., 1998). 6 Fatores climáticos: correspondem aos dados de pluviometria, temperatura, insolação e evaporação

(Coutinho et al., 1998).

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maioria dos casos, na formação de voçorocas. O processo erosivo, de forma geral,

manifesta problemas nos recursos hídricos através do assoreamento de cursos

d’água e reservatórios, provocando maior freqüência e intensidade de enchentes,

perda de capacidade de armazenamento e alterações ecológicas que afetam a biota

sob sua influência (Coutinho et al., 1998).

7 Fatores de uso e ocupação do solo: são relacionados aos aspectos ambientais e antrópico. Tais como,

presença de proteção no talude (vegetação), sistema de drenagem natural ou implantado, forma e intensidade

de ocupação e existência de obras de melhoramentos/contenção (Coutinho et al., 1998).

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Figura 9. Mapa Geomorfológico da cidade de Recife. Destaque para as feições geomorfológicas da área de estudo. Fonte: Vasconcelos e Bezerra, 2000, com modificações.

Planície Alagáveis

Terraço Flúvio-lagunares

Zona de Tabuleiro Costeiro N

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

Sistema Viário

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 4. Geomorf ologiaÁrea de estudo

Limite Município

REC

IFE

PAULISTA

CAM

ARAG

IBE

Planície Alagáveis

Terraço Flúvio-lagunares

Zona de Tabuleiro Costeiro NN

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

Sistema Viário

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 4. Geomorf ologiaÁrea de estudo

Limite Município

REC

IFE

PAULISTA

CAM

ARAG

IBE

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6.1.3 Ruído

Um dos fatores ambientais a ser considerado para a Avaliação dos Impactos

gerados sobre o Parque Estadual de Dois Irmãos é o ruído, considerando seu

potencial de afugentamento da fauna e modificação da dispersão na área do

fragmento florestal. Entretanto, não há registros documentais desse fator para

aferir o nível de ruído na área de estudo. Porém, deve-se observar à presença de

atividades que geram ruídos como: o sistema viário, principalmente a BR-101, o

tráfego aéreo que sobrevoa a área de estudo, a Associação do Tiro, o Terminal

Integrado da Macaxeira e o sistema de som instalado no interior da Zona de Uso

Intensivo – antigo Horto Zoobotânico.

Diariamente diversos aviões utilizam o espaço aéreo localizado na área de

estudo para as manobras necessárias para o pouso. Os usuários das instalações da

Associação do Tiro realizam disparos de projéteis que são ouvidos no interior do

fragmento. O sistema de som instalado na Zona de Uso Intensivo é utilizado por

meio da Rádio Zôo e funciona nos finais de semana e nos feriados, atingindo as

áreas próximas ao Açude do Prata.

6.1.4 Recursos Hídricos Superficiais

6.1.4.1 Do Parque Estadual de Dois Irmãos

Hidrografia

O Parque está inserido nas bacias hidrográficas dos Rios Beberibe e

Capibaribe. A sub-bacia do Prata é composta por quatro subsistemas (Açudes do

Prata, do Meio, do Germano e de Dois Irmãos) e está inserida na bacia do

Capibaribe, que abrange a maior porção da área (figura 10).

O Açude do Prata está localizado logo após à nascente do manancial,

interliga-se ao Açude do Meio por um estreito canal e esse deságua no Açude de

Dois Irmãos, ao qual também se conecta com o Açude do Germano. Todo esse

volume hídrico deságua no Rio Capibaribe, localizado ao sul deste manancial.

Destes quatro subsistemas, atualmente, apenas os Açudes do Prata e do Meio são

utilizados para o abastecimento da população (Silvestre e Carvalho, 1998).

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Figura 10. Maquete do Parque Estadual de Dois Irmãos, detalhe da inserção nas Bacias do Rio Capibaribe e Beberibe. Fonte: Braga, 2004.

Hidrologia

De acordo com Silvestre e Carvalho (1998), o Açude do Prata apresenta uma

bacia hidráulica de aproximadamente 18.550m² com um volume de 43.267m³ no

inverno e 28.658m³ no verão, possuindo uma profundidade variável entre 0,15 e

4,40m (figuras 11A e 11B).

O Açude do Meio possui uma bacia em torno de 24.000m² e um volume de

53.515m³ (figura 11C), cuja profundidade é de 0,15 a 5,40m (Chamixaes et al.,

1993). A massa líquida dos açudes é proveniente de poços artesianos, afloramentos

de lençóis subterrâneos, precipitação pluviométrica e percolação a partir das

encostas (Silvestre e Carvalho, 1998).

Esses mananciais vêm sofrendo aporte de material sólido alóctone, resultante

de lixiviação e deposição de serrapilheira, e autóctone oriunda da sedimentação da

matéria orgânica morta e compostos minerais oxidados. Alguns trechos das

margens são desprovidos de delimitação artificial (muretas). Nessas áreas, onde a

zona ecotonal é bem configurada, é conspícua a perda de área de alagamento pelo

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recuo da lâmina d’água e conseqüente invasão e colonização por plantas de hábito

terrestre. Com o avanço da linha ecotonal para o interior dos açudes, nas áreas de

assoreamento avançado, surgem ambientes de charco (Silvestre e Carvalho, 1998).

Figura 11. A – Vista aérea dos Açudes do Prata e do Meio; B – Açude do Prata e os poços de captação de água (setas); C – Vista panorâmica do Açude do Meio. Fotos: SECTMA, 2000; Aretuza Brito-Ramos, 2005; Dan Vítor Braga, 2006.

O Açude de Dois Irmãos possui uma superfície oito vezes maior do que o

Prata ou 161.456m² (Silvestre e Carvalho, 1998). O seu volume não está

relacionado com sua superfície, visto que, se encontra aterrado em muitos lugares

(Braga, 2004). O Açude acha-se quase que completamente coberto por vegetação

aquática, também podendo ser visualizados várias ilhotas cobertas por vegetação

(figura 12).

O Açude do Germano é o que apresenta menor volume de água que os

demais pertencentes à sub-bacia (figura 12). Atualmente, recebe os efluentes e

A

Açude do Meio

Açude do Prata

B

C

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resíduos gerados nas jaulas da Zona de Uso Intensivo – antigo Horto Zoobotânico,

sendo em seguida lançados no Açude de Dois Irmãos (Brito-Ramos et al., 2005).

Figura 12. Imagens de satélite da área dos Açudes de Dois Irmãos e do Germano. Vista no sentido Sul-Norte. Fonte: Google Earth, 2007.

Limnologia

Estudos qualitativos da água dos Açudes do Prata e do Meio constataram a

sua potabilidade, onde 97% das análises demonstram águas dentro dos limites

estipulados pela Portaria do Ministério da Saúde - MS n° 518/2004. Esta

característica de potabilidade enquadra as águas dos Açudes na “Classe Especial”

da Resolução CONAMA n° 357/2005, sendo necessário apenas à desinfecção,

devido à presença de organismos planctônicos causadores de problemas

organolépticos e produtores de toxinas (Vasconcelos e Bezerra, 2000).

De acordo com Chamixaes et al. (1993), compostos como amônia, nitrito,

nitrato e fosfato são encontrados em baixas concentrações nas águas superficiais

dos Açudes do Prata e do Meio, devido a utilização dos mesmos pelas

comunidades de algas perifíticas8 e de macrófitas9, que suplantam o aporte

nutricional alóctone.

8 Algas Perifíticas: são as algas que crescem aderidas a substratos, assim como nas macrófitas; 9 Macrófitas: são consideradas as espécies de macro algas e fanerógamas que compõem a vegetação aquática.

Açude de Dois Irmãos

Açude do Germano

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Segundo esses autores, os Açudes exibem reflexos de mananciais eutróficos

devido à elevada biomassa de macrófitas. Contudo, ao longo de um perfil

batimétrico, ambos os Açudes mostram-se oligotróficos em relação à concentração

de fósforo, tanto no período seco como no chuvoso (Araújo et al., 2006).

A temperatura da água dos Açudes do Prata e do Meio apresentam um

gradiente entre 26 e 29°C, com uma amplitude anual de 3°C. A turbidez da água,

de ambos, é baixa, principalmente nos locais mais profundos, refletindo a

ocorrência de águas claras e transparentes, principalmente durante o período de

seca. Os valores de pH demonstram que a água é ligeiramente ácida a raramente

neutra, com uma amplitude entre 5,5 e 7,0 (tabela 3).

A água apresenta elevados teores de oxigênio dissolvido (tabela 3), durante

os dois períodos climáticos, como conseqüência principal do baixo aporte de

nutrientes (Vasconcelos et al., 1998).

As concentrações de nitrito e nitrato são bastante baixas. O amônio varia

entre 0,04 e 0,08 mgNH4/L, com pequenas diferenças anuais (tabela 3). O fosfato

total dissolvido também apresenta baixas concentrações, com pequenas elevações

durante o período chuvoso (tabela 3). A concentração de silicato dissolvido

apresenta uma média de 29,10 mgPO4/L (tabela 3), considerada baixa quando

comparada com outros ambientes lacustres, estando a maior parte desse nutriente

incorporado à biomassa de algas diatomáceas (Vasconcelos et al., 1998).

Tabela 3. Valores médios dos parâmetros analisados para a água dos Açudes do Prata e do Meio, correspondendo ao período chuvoso e de seca. Fonte: Vasconcelos et al., 1998, com modificações.

Parâmetro/Período de Coleta Estação Chuvosa Estação Seca

Temperatura da água (°C) 26,69 27,88

Turbidez (UT) 0,74 0,41

Potencial Hidrogeniônico (pH) 6,1 5,8

Oxigênio Dissolvido (mgO2/L) 7,6 6,0

Amônio (mgNH4/L) 0,05 0,07

Fosfato (mgPO4/L) 0,04 0,04

Silicato (µg.at.Si/L) 14,03 1,97

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6.1.4.2 Do Entorno do Parque Estadual de Dois Irmãos

Hidrografia

A área do entorno, assim como descrito para o Parque, está inserida nas

bacias hidrográficas dos Rios Beberibe e Capibaribe. A sub-bacia de Apipucos é

composta por dois subsistemas (Açude de Apipucos e pela Lagoa do Banho) e está

inserida na bacia do Capibaribe (figura 13), que abrange a maior porção da área

(Souza, 1986).

O Açude de Apipucos é formado por dois corpos d’água que são interligados

por um canal. Todo esse volume hídrico deságua no Rio Capibaribe, localizado ao

sul deste manancial (Souza, 1986).

Figura 13. Sub-bacia de Apipucos, evidenciando a Lagoa do Banho e o Açude de Apipucos, formado por dois corpos d’água e interligado pelo canal. Fonte: Google Earth, 2007.

Açude de Apipucos

Lagoa do Banho

Canal de Ligação

Ilha do Bananal

Parque Estadual de Dois Irmãos

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Hidrologia

Segundo Souza (1986), o Açude de Apipucos apresenta uma área

hidrográfica de 2.940.000m² e com uma lâmina d’água de 222.550m². A

profundidade máxima é de 5m e média de 2,5m, contendo um volume hídrico de

556.375m³.

Esse manancial recebe material sólido alóctone, resultante de lixiviação e

autóctone oriunda da sedimentação da matéria orgânica morta e compostos

minerais oxidados.

A transparência da água foi registrada a um valor médio de 0,58m de

profundidade, podendo variar entre 0,25 a 1m. Essa redução na zona eufótica se

deve a presença de macrófitas, bem como do material do fundo do Açude (Souza,

1986).

Limnologia

De acordo com Chamixaes (1984), o Açude de Apipucos apresenta um

elevado nível de eutrofização em decorrência, principalmente, da poluição

orgânica derivada de efluentes domésticos. Essa eutrofização é mais acentuada

nas margens, evidenciadas pela maior densidade de macrófitas como Euchhornia

crassipes Solms (baronesa), sendo que em alguns períodos esta vegetação ocupa

toda a lâmina d’água.

O Açude de Apipucos apresenta uma quantidade de oxigênio dissolvido

bastante variada, desde níveis 0 até 10,6mg.L-L (125,89% de saturação). Os baixos

teores se devem a grande carga de resíduos domésticos que são despejados de

forma direta e constante. Entretanto, apesar da poluição local, o pH não chega a

teores ácidos, variando de 7 a 8,4, sendo considerados neutro a alcalino,

respectivamente (Souza, 1986).

6.1.5 Recursos Hídricos Subterrâneos

O sistema que constitui a área de estudo pertence ao aqüífero Beberibe

Inferior, que ocupa grande parte do Município do Recife. Esse aqüífero é

constituído por áreas que apresentam uma profundidade que varia de 120m a

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quase 200m em direção à praia (W-E) e apresenta uma área de recarga localizada

no bairro de Guabiraba (figura 14), ao norte do Parque Estadual de Dois Irmãos

(Vasconcelos e Bezerra, 2000).

Possui classificação dominante como sendo Mista Mista (40%), mas estudos

específicos indicam a predominância de água Cloretadas Sódicas e Cloretadas

Mistas (Vasconcelos e Bezerra, 2000).

A vulnerabilidade natural do aqüífero Beberibe é considerada baixa nas suas

condições de confinamento, isto é, vulnerável aos poluentes mais persistentes e em

longo prazo. Devido aos estratos inferiores, as águas encontram-se protegidas por

camadas impermeáveis da unidade que o sobrepõe. Por outro lado, nas áreas

aflorantes que se expõem como aqüíferos livres, a vulnerabilidade natural é

considerada alta10 (Vasconcelos e Bezerra, 2000).

De acordo com o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e

Agronomia de Pernambuco – CREA (1995), o uso descontrolado da reserva do

aqüífero envolve vários riscos, dentre os quais estão:

a exaustão do recurso, se o crescimento do consumo gerar déficit em relação à

recarga do aqüífero;

a intrusão da cunha d’água salgada, na direção do continente, gerando risco de

salinização dos poços existentes, contaminando as águas utilizadas para o

abastecimento da cidade.

10 Vulnerabilidade Alta: vulnerável a muitos contaminantes, exceto àqueles que são muito absorvíveis, aos

poluentes mais persistentes e em longo prazo (Vasconcelos e Bezerra, 2000).

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Figura 14. Mapa da hidrogeologia da área de estudo, evidenciando a área de recarga do aqüífero Beberibe Inferior localizada no bairro de Guabiraba. Fonte: Vasconcelos e Bezerra, 2000, com modificações.

PAULISTA

N

Escala: 1/80.000

Aqüíf ero Beberibe Inf erior (área de extensão em superfície)

LEGENDA:

Área de recarga do Aqüíf ero

CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

Sistema ViárioPoços captando água do aqüíf ero

T = Transmissiv idadeK = Condutiv idade HidráulicaS = Coef iciente de Armazenamento

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 5. HidrogeologiaÁrea de estudo

Limite Município

REC

IFE

PAULISTA

NN

Escala: 1/80.000

Aqüíf ero Beberibe Inf erior (área de extensão em superfície)

LEGENDA:

Área de recarga do Aqüíf ero

CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

Sistema ViárioPoços captando água do aqüíf ero

T = Transmissiv idadeK = Condutiv idade HidráulicaS = Coef iciente de Armazenamento

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 5. HidrogeologiaÁrea de estudo

Limite Município

REC

IFE

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6.2 Meio Biótico

A descrição dos fatores ambientais do meio biótico, tanto do Parque Estadual

de Dois Irmãos quanto do seu entorno, será apresentada com base nos dados

constantes na literatura e das observações realizadas em campo.

6.2.1 Do Parque Estadual de Dois Irmãos

6.2.1.1 Flora

O Parque apresenta uma cobertura vegetal que segundo Andrade-Lima

(1961), pertencente à Floresta Estacional Perenifólia Costeira, ou Floresta

Ombrófila Densa de acordo com Veloso e Goes-Filho (1982), sendo genericamente

conhecida como Mata Atlântica. Esse fragmento encontra-se em estado tardio de

regeneração, da qual, no Estado de Pernambuco, existem poucos.

Fungos

Os fungos estão presentes sob as mais variadas formas, em estágio vegetativo

e/ou reprodutivo, como ocorrem nos diversos ecossistemas. Na área do Parque

foram identificadas 756 espécies de fungos e 92 espécies de liquens foliícolas11

(Maia, 1998), registrados no solo, na água, folhedo, nos troncos em decomposição

(figuras 15A e 15C) e em vegetais vivos (figuras 15B e 15D).

Os números apresentados para os fungos, identificados no Parque equivalem

a 80% dos registros no Estado e praticamente, 50% dos gêneros mundialmente

descritos. Os liquens representam cerca de 20% das espécies mundialmente

conhecidas (Maia, 1998).

Na serrapilheira encontram-se frutificações fúngicas, principalmente dos

Deuteromycotina, as quais puderam ser identificadas com facilidade. Os

organismos presentes estão em atividade contínua, contribuindo ativamente para

a decomposição (Maia, 1998).

11 Liquens foliícolas: são associações de algas e fungos que se fixam nas folhas.

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Figura 15. A - Corpo de frutificação sobre tronco em decomposição; B – Corpo de frutificação sobre vegetal vivo; C – Líquen sobre tronco em decomposição; D – Liquens sobre vegetal vivo. Fotos: Dan Vítor Braga, 2006.

Algas

As margens dos Açudes do Prata e do Meio são habitadas por bancos de

macrófitas aquáticas, entre as quais destaca-se a espécie Eleocharis interstincta

(Vahl.) Roemer & Schult (Cyperaceae), uma gramínea que contribui para o

aumento da disponibilidade de substrato para a fixação de algas perifíticas (figura

16).

Araújo et al. (2006), durante o monitoramento da biomassa, observaram a

presença de quatro espécies de macrófitas, tais como Cabomba aquatica Aublet,

Salvinia molesta Mitchell, S. auriculata Aublet e Limnobium laevigatum (Humb. &

Bonpl. Ex Willd.) Heine.

Vasconcelos et al. (1998) analisaram as algas perífíticas dos Açudes que

compõem o sistema do Vale do Prata, e identificaram 47 táxons, distribuídos em

quatro divisões de algas: Cyanophyta (14,6%), Pyrrophyta (2,1%), Chrysophyta

(31,2%) e Chlorophyta (52,1%).

A

C

B

D

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O complexo macrófitas-algas perifíticas assume um importante papel

ecológico, pois a comunidade de microalgas representa o maior regulador do fluxo

de nutrientes para o ambiente. No caso dos Açudes do Prata e do Meio, as baixas

concentrações de nutrientes na água podem ser atribuídas a uma intensa atividade

dos bancos das macrófitas associados à flórula epífita, podendo ser provável que

toda a matéria alóctone e autóctone seja reciclada, funcionando neste sistema

como um potente filtro biológico, conferindo às águas destes Açudes,

características oligotróficas (Vasconcelos et al., 1998).

Figura 16. Vista panorâmica do Açude do Meio, evidenciando o banco da macrófita aquática, Eleocharis interstincta (seta). Foto: Aretuza Brito-Ramos, 2005.

Briófitas

A brioflora12 compilada até o momento compõe-se de 49 espécies. No

conjunto, os dados revelam a presença de uma diversidade de briófitas

relativamente rica, característica de florestas tropicais, sujeitas a estádios diversos

de conservação: primárias, secundárias ou até mesmo perturbadas, embora

12 Compreende as espécies de musgos, hepáticas e antóceros.

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também sejam reconhecidos elementos de sítios abertos e xéricos (Porto e Oliveira,

1998).

Diversas comunidades de briófitas podem ser reconhecidas na área, como

nos sítios abertos, próximos à entrada ou às margens da mata (figura 17A), sobre

solo argiloso ou argilo-arenoso úmido (figura 17B) e sombreado por plantas de

pequeno porte (figura 17C). As briófitas também podem ser visualizadas nas

muretas, postes de iluminação, poços de captação, dentre outros substratos de

origem antrópica, comuns nas proximidades dos Açudes.

Figura 17. Briófitas do Parque Estadual de Dois Irmãos. A – Briófitas sobre o tronco de um vegetal vivo; B – Anthoceros sp.; C – Frullania gymnotis Nees & Mont. Fotos: Dan Vítor Braga, 2005; Fonte: Pôrto e Oliveira, 1998.

Pteridófitas

O Parque Estadual de Dois Irmãos abriga sob o seu dossel13, uma flora de

cerca de 43 espécies distribuídas em 15 famílias de Pteridófitas14. As Pteridófitas

identificadas apresentam um comportamento interessante, com espécies que

vivem preferencialmente em determinados ambientes, como nos barrancos

ensolarados ou nos sombreados, em bordos de trilhas no interior da mata (figura

18), em solos intermitentemente alagáveis, sendo principalmente plantas

13 Estrato superior da floresta caracterizado pelo contato das copas das espécies arbóreas de maior porte. 14 Compreende as espécies de samambaias, avencas e plantas afins.

C

B

A

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terrestres. As espécies observadas são, em sua maioria, de hábito herbáceo,

embora alguns exemplares sejam sub-arbustivos eretos ou sub-arbustivos

escandentes (Barros, 1998).

Com relação ao padrão sazonal apresentado por estas espécies é, em sua

maioria, sempre-verdes, isto é, crescem vegetativa e reprodutivamente durante

todo o ano, no período chuvoso e de estiagem.

Figura 18. Pteridófita geófita em bordos de trilhas, localizada na parte posterior direita do Açude do Meio. Foto: Dan Vítor Braga, 2006.

Fanerógamas

A vegetação arbórea presente no Parque é constituída por três estratos, mais

ou menos densos, formando um dossel que atinge, em média, 20m de altura, com

alguns indivíduos emergentes que chegam a atingir 31m (Guedes, 1998). O estrato

arbustivo e o herbáceo estão presentes em áreas semi-abertas com penetração de

luz.

Comparativamente, o Parque se assemelha a outros fragmentos de Floresta

Atlântica do Estado (Guedes, 1998). Foram identificadas 170 espécies de

Page 84: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

fanerógamas15, sendo estas pertencentes a 112 gêneros e 58 famílias (figuras 19A e

19B). As famílias que apresentam espécies trepadeiras correspondem a 20,8%,

sendo encontradas em maior abundância nas áreas degradadas, principalmente

em regeneração (Guedes, 1998).

Segundo Guedes (1998), das 170 espécies amostradas, 99 pertenciam ao

estrato arbóreo. A densidade total da área foi de 549,07 indivíduos/ha. O índice de

diversidade de Shannon-Weawer para as espécies de fanerógamas é de 3,8

nats/espécies e 3,05 nats/família, sendo considerado relativamente alto, maior do

que em algumas áreas de Mata Atlântica do Sul do país (Guedes, 1998).

Nesta diversidade é possível encontrar espécies como Tabebuia impetiginosa

(pau-d’arco-roxo), T. guianensis (pau-pombo), Andira fraxinifolia (angelim), Parkia

pendula (visgueiro), Ocotea bracteosa (louro branco), Protium heptaphyllum (amescla),

dentre outras (Meunier, 1997).

A maior concentração de raízes encontra-se nas camadas superficiais do solo,

devido à acentuada deficiência de nutrientes (Guedes, 1998).

No Parque Estadual de Dois Irmãos há, pelo menos, 50 espécies de plantas

lenhosas dependentes de vertebrados frugívoros16 dispersores de diásporos17

(Tabarelli, 1998).

Figura 19. Diversidade de fanerógamas do Parque Estadual de Dois Irmãos. A –Vista do dossel localizado em volta do Açude do Prata; B – Costaceae. Fotos: Dan Vítor Braga, 2005. 15 Plantas que apresentam flor, fruto e sementes. 16 Vertebrados frugívoros: aqueles que se alimentam de frutos; 17 Significa a parte da planta que é dispersa, como por exemplo, o fruto, semente e plântula.

B A

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6.2.1.2 Fauna

Diversos estudos referentes à fauna presente no Parque Estadual de Dois

Irmãos foram realizados.

Anfíbios

Santos e Silva (1998) afirmam que existem 31 espécies de anuros no Parque,

sendo que as famílias Hylidade e Leptodactylidae foram as predominantes em

relação à abundância e diversidade de animais. No Parque são identificadas

espécies como Bufo crucifer Wied-Neuwied (figura 20A), Hyla albomarginata Spix

(figura 20B), Eleutherodactylus sp. (figura 20C), Leptodactylus labryrinthicus Spix

(figura 20D), dentre outros (Santos e Silva, 1998).

Figura 20. Anfíbios do Parque Estadual de Dois Irmãos. A –Bufo crucifer; B – Hyla albomarginata; C – Eleutherodactylus sp.; D – Leptodactylus labryrinthicus. Fonte: Santos e Silva, 1998.

As mudanças de ambiente, como aspectos físicos e químicos, têm

fundamental importância para as atividades e o ciclo biológico deste grupo, sendo

vários destes animais muito sensíveis às mudanças das condições climáticas

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(Cardoso, 1982). Algumas espécies dependem de uma maior umidade do solo e do

folhedo para sobreviver (Feio, 1990).

De acordo com Santos e Silva (1998), no Parque essas evidências são

marcadas para a maioria das espécies que têm suas atividades definidas durante a

estação úmida. Os autores consideram que o impacto que o fragmento vem

sofrendo provavelmente está comprometendo a biodiversidade da área.

Aves

De acordo com Farias e Pacheco (1995), a avifauna do Parque é composta por

cerca de 114 aves identificadas ao nível de espécie. Entretanto, Azevedo Júnior et

al. (1998) identificaram 171 espécies de aves distribuídas em cerca de 40 famílias.

Porém, Vasconcelos e Bezerra (2000) identificaram 202 espécies de aves presentes

no Parque Estadual de Dois Irmãos.

Segundo Azevedo Júnior et al. (1998), a maioria das aves identificadas é

residente e poucas são migratórias como a marreca-cabocla (Dendrocygna

autumnalis), o maçarico-de-sobre-branco (Calidris fuscicollis) e as andorinhas

(Progne chalybea, Stelgidopteryx ruficollis e Hirundo rústica).

As espécies como os nambús (Crypturellus soui e C. parvirostris) e pombas

(Columbina passerina, C. minuta, C. talpacoti, Leptotilla rufaxilla e Geotrygon montana)

ocorrem no fragmento e em seu entorno (Azevedo Júnior, 1996).

Na área de estudo é possível observar o pardal (Passer domesticus) e o bico-

de-lacre (Estrilda astrild) que são espécies exóticas18 trazidas da Europa para o

Brasil (Sick, 1997) e se adaptaram a região.

Azevedo Júnior et al. (1998) observaram a presença de aves cuja distribuição

natural não é a Mata Atlântica, como a pomba fogo-pagou (Scardafella squammata)

e o galo-de-campina (Paroaria dominicana), habitantes do bioma Caatinga. Segundo

estes autores, a presença dessas espécies é devido à utilização inadequada do

Parque, como área de soltura pelos órgãos ambientais (IBAMA e CPRH).

A presença de espécies exóticas ao bioma Mata Atlântica relatam um ponto

importante a ser considerado. Além de provocar alterações nos ecossistemas do

18 Espécies exóticas: refere-se a uma espécie ocorrente fora de sua área de distribuição natural (Ziller, 2001).

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Parque, essas espécies podem atuar como vetores de doenças para as demais que

são nativas, bem como através da competição, crescimento da população invasora

e pela falta de predadores naturais, agravarem o quadro de extinção local presente

neste fragmento.

Mamíferos

Monteiro da Cruz e Barreto Campelo (1998) afirmam que 36 espécies

distribuídas em 18 famílias de mamíferos foram observadas no Parque Estadual

de Dois Irmãos (tabela 4). As autoras consideram que a diversidade da

mastofauna do Parque não se encontra em equilíbrio.

Na área de estudo é possível observar Tamandua tetradactyla (tamanduá-

mirim), Euphactus sexcinctus (tatu-peba), Hydrochaeris hydrochaeris (capivara), Cebus

apella (macaco-prego), Sturnira lilium (morcego), Cerdocyon thous (raposa), dentre

outros (Monteiro da Cruz e Barreto Campelo, 1998).

De acordo com Tabarelli (1998), algumas espécies, como Didelphis albiventris

(figura 21A), D. marsupialis (figura 21B) e Micoreus cinerius (marsupiais e roedores)

apresentam uma densidade elevada no fragmento. Entretanto, Freitas (2003)

observou uma baixa densidade populacional de D. albiventris (timbú). Esta autora

considera que o fragmento pode não oferecer os recursos necessários à

sobrevivência destes animais ou até mesmo está muito perturbado.

Também foram identificadas as espécies Rattus rattus (rato-de-casa) e Rattus

norvegicus (guabiru) que respondem de forma positiva a presença de

assentamentos urbanos (Monteiro da Cruz e Barreto Campelo, 1998).

Figura 21. Marsupiais observados no Parque Estadual de Dois Irmãos. A – Didelphis

albiventris; B - Didelphis marsupialis. Fonte: Brito-Ramos et al., 2005.

A B

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Tabela 4. Mastofauna presente no Parque Estadual de Dois Irmãos. Fonte: Monteiro da Cruz e Barreto Campelo, 1998.

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR

Cerdocyon thous Raposa

Felis trigrina Gato-do-mato, Lagartixeiro

Felis wiedii Gato-maracajá-mirim

Conepatus semistriatus Ticaca

Eira barbara Papa-mel

Galictis vittata Furão

Kutra longicaudis Lontra

Nasua nasua Coati

Procyon cancrivorus Guará-de-cana, Guaxinim

Artibeus cinereus Morcego

Artibeus jamaicensis Morcego

Artibeus lituratus Morcego

Carollia perspicillata Morcego

Desmodus rotundus Morcego

Glossophaga soricina Morcego

Phyllostomus hastatus Morcego

Platyrrhinus linecitus Morcego

Sturnira lilium Morcego

Sylvilagus brasiliensis Coelho-do-mato, Tapiti

Caluromys philander Cuíca

Didelphis albiventris Timbú, cassaco, saruê

Callithrix jacchus Sagüi-do-nordeste, Sauim

Cebas apella Macaco-prego

Galea spixii Preá

Agouti paca Paca

Dasyprocta prymnolopha Cutia

Coendou prehensilis Coandú

Continua...

Page 89: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR

Hydrochaeris hydrochaeris Capivara

Mus musculus Camundongo

Rattus norvegicus Ratazana, Guabiru

Rattus rattus Rato-de-casa

Sciurus sp. Paracatota, Coati-côco

Bradypus variegatus Bicho-preguiça

Dasypus novemcintus Tatu-galinha, Tatu-verdadeiro

Euphactus sexcinttus Tatu-peba

Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim

6.2.2 Do Entorno do Parque Estadual de Dois Irmãos

6.2.2.1 Flora

A flora da área de entorno apresenta composição de resquícios de Mata

Atlântica descaracterizada (figura 22) a partir da ocupação urbana, restando

poucos representantes do bioma em propriedades particulares (FADURPE, 2003).

O padrão vegetacional da área é composto por cultivos de subsistência, tais

como milho (Zea mays), mamona (Ricinus communis), macaxeira (Manihot esculenta),

árvores frutíferas, bem como pastagens naturais, representadas pela andaca

(Comelina mudiflora) e papua (Paspalum sp.), que servem de suporte alimentício à

criação de pequenos animais, (FADURPE, 2003).

Observa-se também a presença da vegetação de capoeiras, que são

consideradas áreas cuja vegetação é secundária e em estágio inicial ou médio de

regeneração. Segundo Andrade e Lins (2001), a mata de substituição varia desde a

que depois do desmonte extensivo da vegetação original nasceu e está crescendo,

juntamente com espécies ditas invasoras, arbóreo-arbustivas, como imbaúbas

(Cecropia sp.), e rasteiras, além de espécies das famílias Palmae e Melastomataceae,

até a capoeira em estágio avançado de regeneração, por vezes tão parecida já com

a mata precedente que se costuma chamá-la de “capoeira-de-machado”. Deve-se

Page 90: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

ressaltar a presença de áreas sem vegetação, localizadas próximas aos limites do

Parque.

Segundo a Fundação Apolônio Sales – FADURPE (2003), a vegetação do

entorno do Parque é formada por 92 espécies de fanerógamas, sendo composta

por herbáceas, arbustivas e arbóreas, tendo como destaque Artocarpus altilis L.

(fruta-pão), Heliconia psittacorum L. f. (paquevira), dentre outras.

6.2.2.2 Fauna

O entorno do Parque Estadual de Dois Irmãos apresenta uma vegetação que

oferece condições à existência de uma fauna típica de ambientes urbanos com

algumas particularidades da faixa Tropical Atlântica. Espécies de anuros como

Bufo crucifer (sapo), Hyla atlantica (gia), de répteis como a Clelia clelia (cobra-preta),

Philodryas olfersii (cobra-verde), Micrurus ibiboboca (coral-verdadeira), Boa

constrictor (jibóia), Oxyrhopus trigemius (falsa coral), dentre outras, são observadas

no entorno do Parque (FADURPE, 2003).

As espécies de mamíferos identificadas no entorno da Unidade de

Conservação em estudo são os timbús (Didelphis albiventris), sagüi (Callithrix

jacchus), preá (Cavia aperea), rato-doméstico (Rattus norvergicus), catita (Mus

musculus) e a ratazana (Rattus rattus).

As aves constituem o grupo mais representativo com 73 espécies, sendo

Picumnus exillis (pica-pau-anão-dourado), Saltator maximus (trinca-ferro),

Arundinocola leucocephala (viuvinha), Volatinia jacarina (tziu), alguns exemplos

desta diversidade (FADURPE, 2003).

Espécies como Cavia aperea (preá), Columbina minuta (rolinha), C. talpacoti

(pomba-caldo-de-feijão), Leptotilla rufaxilla (juriti-gemedeira), apresentam grande

importância cinegética19, sendo utilizadas para uso de subsistência (FADURPE,

2003).

19 Relativo à caça.

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Figura 22. Padrão vegetacional da área de estudo. Fonte: Vasconcelos e Bezerra, 2000, com modificações.

Arbórea Aberta

Arbustiv a Densa

Arbórea Densa

Arbustiv a Herbácea

HerbáceaArbustiv a Aberta

Pomar

Cultura de subsistência

Arecaceae

Sem Vegetação

N

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

Sistema Viário

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 6. VegetaçãoÁrea de estudo

Limite Município

PAULISTA

REC

IFE

Arbórea AbertaArbórea Aberta

Arbustiv a DensaArbustiv a Densa

Arbórea DensaArbórea Densa

Arbustiv a HerbáceaArbustiv a Herbácea

HerbáceaHerbáceaArbustiv a AbertaArbustiv a Aberta

PomarPomar

Cultura de subsistênciaCultura de subsistência

ArecaceaeArecaceae

Sem VegetaçãoSem Vegetação

NN

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

Sistema Viário

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 6. VegetaçãoÁrea de estudo

Limite Município

PAULISTA

REC

IFE

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6.2.3 Espécies Endêmicas, Raras e Ameaçadas de Extinção

Foram identificadas 202 espécies de aves na cidade do Recife, dentre as quais

153 encontravam-se no Parque Estadual de Dois Irmãos. Espécies como Tangara

faustuosa (pintor-verdadeiro), Touit surda (apuim-de-cauda-amarela), Nystalus

maculatus (dorminhoco), Conopophaga melanops (chupa-dente-de-máscara-preta),

Casiornis fusca (caneleiro) e Neopelma pallencens (fruxu) são consideradas como

espécies presentes apenas no Parque (Vasconcelos e Bezerra, 2000).

As espécies Tangara faustuosa e Touit surda pertencem a lista oficial do

Ministério do Meio Ambiente das espécies ameaçadas de extinção (MMA, 2005).

Frostius pernambucensis Bokermann, descrita em 1962, é considerada uma

espécie de anuro endêmica do Parque. Porém após sua descrição, poucos relatos

foram feitos de sua visualização. Sugere-se que a população desta espécie tenha

sido reduzida, devido às mudanças ocorridas no ambiente (Silva e Santos, 1998).

As espécies de mamíferos Felis tigrina (gato lagartixeiro), F. wiedii (maracajá-

mirim) e Lutra longicaudis (lontra), presentes no Parque, são consideradas como

vulneráveis a extinção (Monteiro da Cruz e Barreto Campelo, 1998).

Espécies como Swartzia pickelli (Leguminosae) e Cryptanthus zonatus

(bromélia) são consideradas endêmicas do Centro de Endemismo Pernambuco

que é composta pelas formações florestais ao norte do Rio São Francisco. Porém, S.

pickelli, apesar de ser endêmica, também está presente na lista oficial de espécies

ameaçadas de extinção (Tabarelli, 1998).

Uma das características deste fragmento é a extinção local de alguns grupos

de animais, principalmente daqueles que apresentam funções ecológicas com

elevada importância para a dispersão de sementes, como o bugio (Alouatta

belzebul), os porcos do mato (Tayassu pecari e T. tajacu), a cutia (Dasyprocta

prymnolopha) e a paca (Agouti paca). Dentre as aves, as famílias Ramphastidae,

Cracidae, Trogonidae foram localmente extintas e Tinamidae pode estar

representada por espécies ecologicamente extintas (Tabarelli, 1998).

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6.3 Meio Antrópico

A descrição dos fatores ambientais do meio antrópico também será

apresentada de forma separada, uma vez que as características da Unidade de

Conservação e da área do entorno, são particularmente distintas.

6.3.1 Do Parque Estadual de Dois Irmãos

6.3.1.1 Uso e Ocupação do Solo

Esta etapa do Diagnóstico teve como base uma bibliografia que expõe a área

desde a implantação do sistema de abastecimento de água, realizado na segunda

metade do século XIX, até a criação do Parque Estadual de Dois Irmãos.

Histórico

A cidade do Recife, em meados do século XIX, apresentava um acentuado

crescimento populacional e como conseqüência, uma maior ocupação urbana,

além daqueles limites impostos pelos rios e alagados. O crescimento da cidade não

foi acompanhado pelas correspondentes condições de conforto, considerando

como exemplo, a água potável e o saneamento (Menezes et al., 1991).

Em 1837, o Governador da Província de Pernambuco, através da Lei n° 46,

autoriza a contratação do fornecimento de água potável por uma Companhia. O

manancial escolhido e constante no contrato firmado foi o Rio Beberibe, o qual deu

nome à Companhia. Dentre os mananciais estabelecidos pela Lei n° 46 encontrava-

se o Prata (Lei Estadual n° 46/1837), localizado a noroeste da cidade do Recife e ao

norte das terras pertencentes ao Engenho Dois Irmãos (Cavalcanti, 1998).

Na primeira metade do século XIX, a área do manancial era caracterizada por

uma rica vegetação, que cobria uma extensa topografia acentuada, formando um

vale onde se localizava um único açude, conhecido como Açude Grande (figura

23). Este, recebia as águas vindas do Riacho do Prata e desaguava no Rio

Capibaribe (Braga, 2004).

Page 94: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

Figura 23. Aspecto da paisagem de Dois Irmãos, na primeira metade do século XIX. Fonte: Braga, 2004, com modificações.

A Companhia convida Conrado Jacob de Niemeyer e Pedro de Alcantara

Bellegarde, para elaborar um projeto (Menezes et al., 1991). Esse projeto definiu

como manancial, o Riacho do Prata, considerado como

“a melhor água conhecida nas vizinhanças da cidade e a altura da

sua nascente é mais de sessenta palmos acima do solo do Recife,

além disto à pureza das águas não é perturbada pela navegação e

pode ser tomada imediatamente a sua nascença e ali eficazmente

policiada pela Companhia” (Diário de Pernambuco, 1841a).

O projeto consistia na transformação do Riacho do Prata em um reservatório,

com mesmo nome, que serviria para a acumulação de água, seguindo as etapas de

captação, adução, reserva e distribuição (Diário de Pernambuco, 1841b; 1841c;

Silvestre e Carvalho, 1998).

Em 1842 começaram os trabalhos preparatórios para as obras. Durante sua

execução, foram realizadas atividades altamente impactantes, como supressão de

vegetação, dragagem e aterro para a formação da bacia de acumulação,

implantação da tubulação e das estradas de acesso (Menezes et al., 1991). Para

permitir a passagem da linha adutora, o Açude Grande foi dividido em dois,

surgindo assim os Açudes do Germano e de Dois Irmãos (figura 24). O

encanamento instalado para a distribuição da água também gerou grandes

impactos, pois foram necessários vários desmatamentos e aterros (Braga, 2004).

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Figura 24. Aspecto da paisagem de Dois Irmãos, após a implantação do primeiro sistema de abastecimento de água potável da cidade do Recife. Fonte: Braga, 2004, com modificações.

No entanto, as obras realizadas não foram suficientes para a demanda da

cidade. Por tanto, a direção da Companhia, em 1864, decide consultar profissionais

para solucionar o problema, sendo então sugerido que fosse construído uma

segunda linha adutora e um outro reservatório no centro da cidade. Para tal

construção seria necessário aumentar a bacia de acumulação do Açude do Prata.

Esta obra foi executada aumentando o aterro em volta do mesmo, causando mais

impactos no ecossistema local (Companhia do Beberibe, 1864).

Ao longo dos encanamentos a população se fixava, formando grandes

adensamentos, devido à compra dos sítios que logo eram loteados. Essa fixação

gerou diversos impactos, pois a população provocava mais desmatamentos em

prol da agricultura, da pecuária e ao mesmo tempo não contava com as condições

urbanísticas necessárias (Menezes et al., 1991).

A circulação de moradores e o surgimento de trens movidos a vapor fazem

com que o Barão do Livramento, juntamente com dois acionistas da Companhia

do Beberibe, criem a Companhia de Trilhos Urbanos. Essa Empresa procurou

utilizar, através de entendimento com a Companhia de abastecimento, as estradas

abertas para os encanamentos para a instalação da linha férrea. A linha Rua do Sol

até a Caxangá foi a mais promissora proporcionando ainda mais esta urbanização.

Entretanto, para a construção da segunda linha adutora foi necessária a retirada

da linha férrea das proximidades dos encanamentos (Menezes et al. 1991).

Preocupado com uma possível falta de capacidade do Prata para garantir o

suprimento necessário futuramente, o diretor da Companhia do Beberibe sugeriu

Açude do Prata

Açude do Germano

Açude de Dois Irmãos

Pedra MoleRio Capibaribe

Apipucos

Terreiro do Engenho Dois

Irmãos

Açude do Prata

Açude do Germano

Açude de Dois Irmãos

Pedra MoleRio Capibaribe

Apipucos

Terreiro do Engenho Dois

Irmãos

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que um novo manancial fosse adquirido em 1870. Após inúmeras discussões, a

Companhia decidiu estabelecer uma nova bacia de acumulação que seria ligada ao

Prata (Menezes et al., 1991).

As obras para a construção de um dique sobre o Açude de Dois Irmãos são

iniciadas em 1872, com o objetivo de represar e elevar a 5,74m o nível das águas,

possibilitando a sua utilização para melhorar o abastecimento da cidade. Para tal,

seria necessária a realização de um aterro com 75m de comprimento e 10m de

largura, atravessando-o de uma margem a outra (Menezes et al., 1991). Entretanto,

após inúmeras tentativas de construção haviam ocorrido repetidos desabamentos

no aterro. Tentando solucionar o problema, a Companhia contratou um

engenheiro que trataria a questão de forma técnica (Companhia do Beberibe,

1874a).

Após se inteirar do sistema de abastecimento d’água e proceder aos estudos

preliminares no Açude, o referido engenheiro apresentou um amplo e completo

relatório. Os estudos mostraram que o fundo do Açude era um grande paul, isto é,

terreno pantanoso construído por uma espessa camada de turfa, uma espécie de

lama proveniente de matéria vegetal decomposta, inconsistente e tão

incompressível que era absolutamente imprestável para suportar aterros. O

terreno resistente só seria alcançado a mais de 22 metros de profundidade.

Esta era a razão dos sucessivos abatimentos do aterro, os quais parariam

quando um dia o mesmo alcançasse o terreno resistente. As razões citadas

anteriormente levaram o engenheiro a indicar a escolha de outros mananciais ou a

utilização de bombas a vapor que proporcionariam a elevação das águas do Dois

Irmãos. Sendo assim, as obras foram paralisadas (Companhia do Beberibe, 1874b).

Entretanto, a Companhia necessitava aumentar a demanda do fornecimento

de água e, portanto, construiu um aterro na porção sul do Açude do Prata. Esse

aterro originou o Açude do Meio que liga as águas que são drenadas do Açude do

Prata para o Açude de Dois Irmãos (Menezes et al., 1991).

Por mais de uma década a cidade permaneceu com o sistema de

abastecimento precário, problema que se agravou com o passar do tempo. Esse

fato levou a Companhia discutir a necessidade de ampliação do sistema existente.

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Novos estudos foram realizados mostrando que seria possível o aproveitamento

das águas subterrâneas do Vale do Prata.

As obras consistiam em uma captação, constituída por galeria filtrante na

margem esquerda do Açude do Prata e oito poços a montante deste (figuras 25A e

25B), dispostos irregularmente para interceptação dos veios ou cursos d’água

subterrânea; a condução da água, por gravidade, se daria através de uma

tubulação de ferro fundido, até o poço de sucção das bombas; em uma usina de

elevação das águas (figuras 25C e 25D); em uma linha de canalização que traria

diretamente a água até a cidade; em um reservatório de compensação localizado

próximo da estação de bombeamento (figura 25E); e por fim na ampliação e

remanejamento da rede de distribuição (Menezes et al., 1991).

Para a realização do empreendimento, a Empresa construiu um chalé que

funcionaria para a estadia dos engenheiros e funcionários responsáveis pela obra,

bem como estabeleceu diversas residências nas proximidades do Vale do Prata,

para os funcionários da Companhia, responsáveis pela manutenção do sistema

(Menezes et al., 1991). Esta residência temporária, atualmente é conhecida como

Chalé do Prata, no qual se criou um certo referencial lendário (figuras 26A e 26B).

A Empresa, neste período, comprou as terras que estavam em volta do Vale

do Prata, preocupada com a preservação do manancial, tanto do ponto de vista

quantitativo quanto da qualidade. Em 1885, o Governador baixou o regulamento

para as desapropriações necessárias à realização das obras à posse de todos os

terrenos situados dentro dos limites da propriedade de Dois Irmãos e reconheceu

a utilidade pública provincial para o abastecimento de água da cidade, (Weber e

Resende, 1998).

Page 98: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

Figura 25. Intervenções realizadas durante a implementação do sistema de abastecimento através das águas subterrâneas do Vale do Prata. A – B Poços localizados a montante do Açude do Prata, em fotografias realizadas em 1881 e atualmente, respectivamente; C - Usina Dois Irmãos, construída em 1885; D – Usina nos dias atuais; E – Visão geral da entrada do Reservatório de Elevação das águas. Fonte: Menezes et al., 1991; Fotos: Aretuza Brito-Ramos, 2005.

Segundo Weber e Resende (1998), o perímetro da propriedade era de

12.267m, sendo assim uma área de aproximadamente 591ha, na forma de

hexágono irregular, tendo como base uma carta de 1885.

Em 1912, o Governo Estadual assumiu as funções de abastecimento e

saneamento através da Comissão de Saneamento, adquirindo a Companhia do

Beberibe (Menezes et al., 1991). Posteriormente, a propriedade de Dois Irmãos foi

transferida para a Repartição de Saneamento e depois para o Departamento de

Saneamento do Estado (Weber e Resende, 1998).

A B

C D

E

Page 99: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

Figura 26. Chalé do Prata. A – Aspecto da edificação em 1881; B – Aspecto atual. Fonte: Menezes et al., 1991; Foto: Aretuza Brito-Ramos, 2005.

Segundo Weber e Rezende (1998), a crescente urbanização da cidade de

Recife criou uma demanda por uma área natural para contemplação da natureza.

Assim, seguindo os moldes das outras capitais, foi fundado em 1916, o Horto

Florestal de Dois Irmãos (figura 27). Inicialmente foi administrado pela Prefeitura

do Recife, passando em 1935 para o Instituto de Pesquisas Agronômicas – IPA

(Weber e Resende, 1998).

Em 1939, o Horto sofreu uma reforma para a instalação do zoológico,

passando a ser chamado Horto Zôobotânico de Dois Irmãos, sendo desta mesma

época a construção da Praça Farias Neves ou de Dois Irmãos, que veio a compor a

paisagem de entrada do mesmo (Braga, 2004).

Figura 27. Vista do Horto Florestal de Dois Irmãos, nas margens do Açude do Germano no início do século XX. Fonte: Guia da Cidade do Recife, 1930.

A Lei Estadual n° 2.307, de 1955, regulamentou a incorporação de uma parte

do terreno localizada ao sul, para a Escola de Agronomia, atual Universidade

Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, o que veio, mais uma vez, a reduzir a área

A B

Page 100: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

da mata (Weber e Resende, 1998). A implantação da UFRPE e a construção da BR-

101 ao leste geraram grandes impactos, tais como desmatamentos, utilização de

áreas para empréstimo de solo e bota-fora de materiais, que por não terem sido

devidamente tratadas, vêm desenvolvendo desde então processos erosivos.

O Horto Zoobotânico, em 1969, passou a ser gerido pela Empresa

Pernambucana de Turismo – EMPETUR, vinculada à Secretaria de Turismo,

Cultura e Esportes (Weber e Resende, 1998).

A partir da década de 70, as áreas norte, leste e oeste do entorno de Dois

Irmãos foram sendo ocupadas por assentamentos populares, que mais uma vez

vieram a reduzir a área de Mata, dando a essa paisagem as feições atuais (Braga,

2004).

A Lei Estadual n° 9.860, de 1986, estabeleceu as áreas de proteção de

mananciais, sendo a Mata de Dois Irmãos inserida em função das águas do Prata.

Porém, somente em 1987, a área passou a dispor de um instrumento legal para a

sua proteção, através da Lei Estadual n° 9.989, que definiu as 40 Reservas

Ecológicas da Região Metropolitana do Recife, sendo chamada de Reserva

Ecológica de Dois Irmãos.

O Decreto Estadual nº 17.648, no ano de 1994, estabeleceu o tombamento do

Conjunto Ambiental, Paisagístico e Histórico do Prata formado pelos seguintes

elementos: o prédio da Usina Dois Irmãos, o Açude do Prata, poços e galerias, o

Açude do Meio, a Estação Elevatória de Macacos, os Açudes do Germano e de

Dois Irmãos, a cobertura vegetal que os protege, a peculiar topografia do lugar, a

paisagem circundante, o Chalé do Prata e o reservatório antes utilizado na

distribuição de água.

No ano de 1997, o Governador do Estado determinou à Secretaria de Ciência,

Tecnologia e Meio Ambiente - SECTMA, que assumisse a administração da

Reserva e elaborasse um projeto para a sua preservação definitiva (Weber e

Resende, 1998). Sendo assim, no ano seguinte, esta área foi definida como Parque

Estadual, através da Lei Estadual n° 11.622, unindo as áreas da Reserva Ecológica

de Dois Irmãos, do Manancial do Prata e do Horto Zôobotânico, formando 387,4ha

de área preservada (figura 28).

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Essa Lei definiu os objetivos de criação do Parque, compatíveis com a

conservação ambiental, sendo os seguintes:

“conservar amostras do ecossistema Mata Atlântica; preservar a

biodiversidade ainda existente neste ecossistema, protegendo a

flora e a fauna local; proteger os mananciais hídricos para

abastecimento público existente em seu perímetro; proteger o Sítio

Histórico e Cultural do Prata; proporcionar atividades de

educação ambiental e científica, investigação e monitoramento

ambiental; proporcionar atividades de recreação e turismo”.

A Lei n° 11.622/1998 define o zoneamento do Parque, porém não chega a

definir os limites de cada zona, indicando apenas a necessidade de sua execução

em uma regulamentação posterior, a qual, passados nove anos, ainda não foi

emitida. Também designa a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente -

SECTMA, para exercer a atividade de fiscalização e administração do Parque

Estadual de Dois Irmãos.

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Figura 28. Divisão administrativa do Parque Estadual de Dois Irmãos antes da criação da Lei Estadual n° 11.622/1998. Fonte: FIDEM, 1987, com modificações.

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Situação Atual

Zoneamento Definido em Lei

A Lei Estadual n° 11.622/1998 visando definir, espacialmente, as atividades

que sejam compatíveis com objetivos de criação do Parque, estabelece o

zoneamento do mesmo em: Zona Primitiva, Zona de Uso Intensivo e Zona de Uso

Extensivo. Entretanto, a SECTMA elaborou um projeto que estabelece o

zoneamento do Parque em:

Zona Primitiva - ZP: compreende a área onde tenha ocorrido mínima

intervenção humana, contendo espécies da fauna e flora ou fenômenos de grande

valor científico (figura 29). Esta zona objetiva preservar o ecossistema do

antropismo, garantido a evolução plena dos processos naturais. Nesta zona é

permitida apenas a fiscalização e a pesquisa científica, sendo necessária a

autorização prévia da administração (Marques e Lima, 1997).

Zona de Uso Intensivo - ZUI: é constituído por áreas naturais ou com pouca

alteração, onde o ambiente deve ser mantido o mais próximo do natural (Marques

e Lima, 1997), para propiciar atividades de educação ambiental e lazer ativo (Lei

n° 11.622/1998). Esta zona está sub-dividida em duas sub-zonas, que são:

Sub-zona 1 (UI-1): é formada pelo Horto Zoobotânico, compreende

principalmente a área dos recintos dos animais, o setor administrativo; o Açude do

Germano; a praça de alimentação e a Cidade da Criança (figura 29). Esta sub-zona

é de livre acesso aos visitantes (Marques e Lima, 1997).

Sub-zona 2 (UI-2): é formada pela vegetação que recobre o Morro do

Cruzeiro (figura 29) que apresenta uma área bastante alterada (Marques e Lima,

1997).

Zona de Uso Extensivo - ZUEx: objetiva manter o ambiente natural com o

mínimo de impacto humano, permitindo atividades de lazer ativo moderado e

com monitoramento, como a visitação ao Sítio Histórico e Cultural do Prata e o

turismo ecológico, cultural e científico (Lei n° 11.622/1998). Caracteriza-se como

uma zona de transição entre a Zona Primitiva e a Zona de Uso Intensivo (Marques

e Lima, 1997). Esta zona pode ser subdividida em três sub-zona, tais como:

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Sub- zona 1 (EU-1): corresponde ao Açude do Prata e seu entorno, incluindo

o Chalé do Prata (figura 29).

Sub-zona 2 (EU-2): é formada pela vegetação circundante as zonas de uso

intensivo, limitando-se com a Zona Primitiva (figura 29).

Sub-zona 3 (EU-3): compreende a periferia da Zona Primitiva, situada

próxima a Estrada dos Macacos (figura 29). É a única Sub-zona de Uso Extensivo

que não está entre as Zonas de Uso Intensivo e Primitivo e tem como objetivo a

proteção desta área, devido à proximidade e a utilização pela população

localizada na Estrada dos Macacos (Marques e Lima, 1997).

Zoneamento Real

O Parque Estadual de Dois Irmãos apresenta de fato, apesar da definição

prevista na Lei Estadual n° 11.622/1998, atualmente, três áreas, o Fragmento

Florestal, a do Manancial do Prata e a Zona de Uso Intensivo (antigo Horto

Zoobotânico). Estas áreas apresentam características bastante peculiares e de

grande riqueza paisagística, natural e histórica. Entretanto, Braga (2004) relata que

para a grande maioria da população, a riqueza presente nestas áreas é ignorada,

sendo a imagem do mesmo associada apenas ao zoológico.

Área 1: Fragmento Florestal

O fragmento florestal, que está situado ao norte do Parque, é formado por

um remanescente de Mata Atlântica, que apresenta componentes bióticos

significativos, como ficou evidenciado anteriormente, através do Diagnóstico no

presente estudo. Nessa área, diversas pesquisas científicas são realizadas, assim

como algumas trilhas podem ser abertas à visitação pública.

Área 2: Manancial do Prata

A área do Sítio Histórico e Cultural do Prata, onde se localizam os

equipamentos do atual sistema de abastecimento, os Açudes do Prata e do Meio

são de acesso restrito aos funcionários da Companhia Pernambucana de

Saneamento - COMPESA, do Parque e aos pesquisadores.

Page 105: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

Figura 29. Zoneamento proposto para o Parque Estadual de Dois Irmãos. Fonte: Marques e Lima, 1997, com modificações.

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Esta área é utilizada para a captação hídrica e abastecimento público, sendo

de uso exclusivo da COMPESA, pesquisa científica e preservação histórica,

cultural, paisagística e ambiental.

Esta área faz parte da área do Conjunto Ambiental, Paisagístico e Histórico

do Prata, tombado pelo Decreto Estadual n° 17.648/1994. Apesar de apenas alguns

dos elementos componentes deste conjunto serem tombados, podem ser

identificados outros, que por sua importância para a formação histórica da área

podem também ser considerada parte integrante do Patrimônio Histórico do

Parque (Braga, 2004). Assim, o Patrimônio Histórico do Parque Estadual de Dois

Irmãos é formado pelos seguintes elementos:

• Açude do Prata: construído de 1842 a 1848, a partir do represamento das águas

do Riacho do Prata, sendo a primeira fonte de captação para o abastecimento da

cidade do Recife (Menezes et al., 1991);

• Prédio da Usina Dois Irmãos: localizado na Praça de Dois Irmãos, ao lado da

estrada de acesso ao antigo Horto e construído por volta de 1885. Edificado em

três blocos, o imóvel sofreu alguns acréscimos e modificações, principalmente no

bloco central, alterando sua volumetria original (Braga, 2004);

• Chalé do Prata: construído em 1880, para ser utilizado como escritório pelos

funcionários da Companhia do Beberibe responsáveis pela manutenção do

abastecimento de água da cidade (Menezes et al., 1991);

• Açude do Meio: construído em 1872 para aumentar a quantidade de água

armazenada para o abastecimento d’água da cidade (Menezes et al., 1991);

• Açudes do Germano e de Dois Irmãos: esses Açudes formavam anteriormente

um só corpo d’água, conhecido como Açude Grande. Porém, com a construção do

aterro estrada, feito para permitir a passagem da primeira linha adutora, esse

Açude foi dividido em duas partes, surgindo assim o Açude do Germano e o de

Dois Irmãos (Braga, 2004);

Page 107: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

• Estação Elevatória de Macacos: construída em 1967 pela COMPESA, como parte

do programa Água nos Morros, para elevação das águas e abastecimento dos

morros da zona norte da cidade (Braga, 2004);

• Reservatório de Armazenamento D’água: construído em 1881 no Alto de Dois

Irmãos, para armazenamento d’água e abastecimento da cidade, através do

sistema de alta pressão. A água proveniente dos açudes era conduzida até a Usina

de Dois Irmãos, onde eram bombeadas através de bombas a vapor para este

reservatório. A partir dele, a água era distribuída por gravidade para a cidade do

Recife. Este sistema esteve em funcionamento até 1949 (Braga, 2004);

• Poços e Galerias Filtrantes: construídos em 1881 para atender à crescente

demanda de abastecimento da cidade, como parte do sistema de abastecimento de

alta pressão, composto por uma galeria filtrante localizada na margem esquerda

do Açude do Prata e oito poços a montante deste, dispostos irregularmente para

interceptarem os veios ou cursos d’água subterrâneos (Menezes et al., 1991);

• Aterro Estrada: aterro realizado sobre o Açude de Dois Irmãos para a colocação

dos canos da primeira linha adutora do Recife, com o objetivo de trazê-los

nivelados e em linha reta até quase a povoação de Apipucos. Por este aterro

também passaram posteriormente a segunda e a terceira linhas adutoras. Sobre o

mesmo situa-se, atualmente, a estrada de acesso a Zona de Uso Intensivo (Braga,

2004);

• Estrada de Acesso ao Prata: estrada que liga a área da Estação Elevatória

Macacos à área do Açude do Prata, onde ainda podem ser encontrados vestígios

da sua antiga delimitação com tijolos inclinados, além de diversos equipamentos

do sistema de abastecimento d’água como caixas de inspeção da galeria do Açude

do Meio, canaletas de drenagem das águas pluviais e caixas de inspeção do

encanamento (Braga, 2004);

• Antiga Estrada de Acesso ao Prata: antiga estrada de acesso ao Açude do Prata,

situada no prolongamento da estrada de acesso ao Zona de Uso Intensivo,

passando à margem direita do Açude do Meio até o Chalé do Prata, estando

localizada sobre as linhas adutoras. Atualmente, encontra-se completamente

Page 108: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

coberta pela vegetação, é possível apenas visualizar vestígios da mesma na trilha

existente entre a Cidade da Criança e o Açude do Meio (Braga, 2004);

• Vestígio da Linha de Bonde Existente na Praça de Dois Irmãos: evidências

materiais de um pequeno trecho pertencente à antiga linha de bondes que

substituiu a linha férrea, utilizada para o transporte de materiais durante a

construção do sistema de alta pressão;

• Conjunto de Habitações dos Funcionários da Companhia do Beberibe: conjunto

de edificações localizadas próximas à Praça de Dois Irmãos, construídas pela

Companhia do Beberibe para servir de habitação aos funcionários responsáveis

pela construção e depois pela manutenção do sistema de abastecimento d’água.

Área 3: Zona de Uso Intensivo – antigo Horto Zoobotânico

Essa área está compreendida em aproximadamente 14ha, distribuídos em

diversos recintos, sendo estes separados por meio da classificação a qual pertence

cada animal e áreas para alimentação e brincadeiras. Nessa área são realizadas

atividades de recreação, lazer, pesquisas científicas, criação de animais em

cativeiro e visitação pública. Esta é a única área a apresentar infra-estrutura para

visitação, sendo assim conta com:

• Sede Administrativa: localizado logo após a entrada, apresenta um auditório

para aproximadamente 50 pessoas, sendo utilizado para exibição de peças infantis

nos fins de semana;

• Portão de Entrada e Bilheteria: localizados em frente à Praça de Dois Irmãos, ao

lado do prédio da antiga Usina Dois Irmãos. Está disposto em dois blocos, um

para entrada dos visitantes e outro para saída dos visitantes e acesso de

funcionários e pessoal credenciado;

• Museu de Ciências Naturais: construído em 1973, localizado em frente à sede

administrativa. Atualmente, conta com mais de 2000 peças, dentre diversos tipos

de animais taxidermizados, insetos, fósseis, conchas e rochas;

Page 109: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

• Centro de Educação Ambiental - CEA: localizado ao lado do Museu, apresenta

uma área de exposição e biblioteca para visitação do público e realização de

pesquisas;

• Zoológico: expõe atualmente cerca de 600 animais, de diferentes espécies,

expostas em 80 recintos distribuídos por áreas específicas para as classes a que

pertencem;

• Cidade da Criança: formada por várias edificações de tamanho reduzido e uma

praça de brinquedos, compondo uma cidade em miniatura;

• Área de Alimentação: localizada à margem esquerda do Açude do Germano,

próxima a Cidade da Criança. É formada por quiosques com coberta em piaçava

que funcionam como lanchonete e um restaurante;

• Banheiros: esta área é composta por dois banheiros, sendo um localizado no

zoológico e um na Cidade da Criança;

• Quarentena: instalação utilizada para quarentena de animais recém chegados ao

zoológico e para abrigar animais em tratamento;

• Sede da Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente -

CIPOMA: localizada em uma edificação da Cidade da Criança;

• Teatro flutuante: pequeno teatro para apresentação de peças infantis, com palco

situado dentro do Açude de Dois Irmãos e arquibancadas em sua margem;

• Mirante da Zona de Uso Intensivo e do Cruzeiro: localizado em uma encosta

com acesso através de uma escadaria. Este mirante permitia a contemplação de

parte do Açude de Dois Irmãos e da área externa ao Parque em seu lado oeste,

porém com o crescimento das árvores atualmente só é possível observar daí, parte

da Zona de Uso Intensivo. Seguindo a escadaria até o topo deste morro, encontra-

se uma clareira, antes utilizada como área de estar, onde se situa um marco,

conhecido como cruzeiro;

• Zôo Oceanário: aquário onde são expostos aos visitantes espécies aquáticas;

• Zôo Loja: quiosque para venda de souvenires;

Page 110: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

• Rádio Zôo: sistema formado por diversas caixas de som, instaladas nos poste, ao

longo dos passeios, utilizados, não somente para transmitir informações aos

visitantes, como também para reprodução de música ambiente.

Uso do Solo Presente nas Áreas do Parque

As três áreas que compõe a Unidade de Conservação são utilizadas de

diversas formas, dentre as quais estão:

Captação e abastecimento

As águas dos Açudes do Prata e do Meio, atualmente, abastecem

aproximadamente 100.000 habitantes que residem nos morros e córregos do Alto

da Brasileira, Progresso, Giriqui e Jenipapo, situados na Zona Norte da cidade do

Recife (Bezerra, 2006).

A COMPESA realiza regularmente a manutenção do sistema de captação e

abastecimento do Prata. No entanto, durante essa manutenção ocorrem diversas

atividades geradoras de impactos, tais como dragagem, supressão da vegetação

terrestre e aquática, manutenção das vias de acesso, troca e limpeza das tubulações

e perfuração de poços artesianos nos açudes.

Visitação pública

A visitação pública do Sítio Histórico e Cultural do Prata e do Fragmento

Florestal pode ser realizada através do acompanhamento dos funcionários do

Centro de Educação Ambiental - CEA, mediante solicitação prévia do visitante.

Segundo o CEA, os dias de maior visitação da Zona de Uso Intensivo são os

finais de semana e feriados, e principalmente no mês de outubro, por razão do Dia

da Criança. Durante a semana a área é visitada, principalmente, por grandes

grupos de escolas, empresas, instituições ou caravanas de diversas partes do

Estado que agendam suas visitas, sendo estas acompanhadas por monitores. Nos

fins de semana, o público é composto basicamente por famílias e grupos de

amigos, provenientes da Região Metropolitana do Recife - RMR que realizam suas

visitas livremente na área do Horto.

Durante o horário de visitação é possível observar o sistema de som

instalado no Horto em pleno funcionamento e em condições de ser audível em

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qualquer local da área, inclusive em nas proximidades dos Açudes do Prata e do

Meio.

Um intenso processo erosivo ocorre em uma das encostas do Parque, como

resultado da alteração das condições naturais para a ampliação da infra-estrutura

da Cidade da Criança.

Investigação Científica e Monitoramento Ambiental

O Parque Estadual de Dois Irmãos tem sido palco de estudos sobre a Mata

Atlântica desde a passagem dos primeiros naturalistas por Pernambuco.

Atualmente, são realizadas pesquisas abordando desde aspectos da história

natural da biota, como a composição da flora e da fauna, até questões relacionadas

aos efeitos da fragmentação, à biologia reprodutiva dos grupos vegetais, o que

coloca esta mata como uma das mais bem conhecidas da região (Tabarelli, 1998).

Diversas pesquisas são realizadas na área da Zona de Uso Intensivp, tais

como estudos de comportamento dos animais em cativeiro, observação da

percepção da população visitante perante os cativos, análise dos ectoparasitas dos

espécimes expostos, dentre outros.

Tais estudos envolvem professores, pesquisadores, alunos de pós-graduação,

alunos de iniciação científica e técnicos de várias instituições universitárias

brasileiras, muitas vezes em colaboração com pesquisadores estrangeiros.

A realização de pesquisas científicas é controlada pela administração do

Parque, responsável por aprovar ou não os projetos de pesquisa apresentados,

cadastrar os pesquisadores e conceder autorização de acesso ao Parque. Os

projetos aprovados são encaminhados ao CEA, que deve auxiliar os pesquisadores

a iniciar sua pesquisa, acompanhando-os ao local de realização do seu estudo. O

pesquisador recebe uma carteira de identificação, permitido-lhe livre acesso á área

do Parque onde realiza sua pesquisa, comprometendo-se a entregar ao CEA, um

exemplar do seu trabalho ao final da pesquisa. Este será catalogado e

disponibilizado para o público em sua biblioteca.

Além da autorização de acesso, concedida aos pesquisadores pela

administração do Parque, estes devem possuir uma licença especial para coleta de

espécimes de fauna e flora, que é concedida pelo IBAMA.

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Porém, nem todos os pesquisadores são cadastrados ou possuem licença para

realização de estudos na área do Parque, não havendo um controle efetivo sob este

tipo de atividade, nem uma estrutura de apoio capaz de dar o suporte necessário à

mesma (Braga, 2004).

Fiscalização e segurança

A fiscalização ambiental e a segurança do Parque são feitas pela Polícia

Militar de Pernambuco, através da Companhia Independente de Policiamento do

Meio Ambiente - CIPOMA. No Parque Estadual de Dois Irmãos, a equipe da

CIPOMA conta com apenas dois policiais, que percorrem toda sua área,

fiscalizando a existência de atividades irregulares.

A segurança da área também é realizada pela Guarda Municipal do Recife e

a fiscalização do seu entorno é realizado diariamente pela Brigada Ambiental, uma

equipe especialmente criada e treinada para fiscalizar e proteger o meio ambiente.

Trabalhando de forma a prevenir e coibir agressões ambientais, a Brigada

Ambiental circula diariamente em todo perímetro do Parque, com uma equipe

formada por um técnico ambiental e três brigadistas. Quando são detectados os

diversos problemas, esta se articula com os demais órgãos, com a finalidade de

promover o cumprimento do Código do Meio Ambiente e do Equilíbrio Ecológico

do Recife (Braga, 2004).

A Brigada Ambiental realiza apreensões de equipamentos utilizados para

degradação ambiental (gaiolas, serrotes, facões, machados) e de animais

capturados que são encaminhados ao IBAMA para posterior soltura, bem como

realiza o controle do uso e ocupação do solo, identificando novos pontos de

invasão da área do Parque. Quando constatados casos de construções irregulares,

estas serão interditadas e posteriormente removidas pela Diretoria de Controle

Urbanístico – DIRCON (Braga, 2004).

A questão da segurança no Parque é bastante preocupante, pois a cerca que

delimita sua área, construída anteriormente pela administração, foi destruída em

diversos pontos, permitindo o fácil acesso das pessoas que utilizam a mata como

esconderijo e ponto de consumo de drogas, sendo as áreas leste (próxima ao

Terminal da Macaxeira) e norte (próxima à Estrada de Macacos) consideradas as

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mais perigosas, pela equipe da CIPOMA (Bezerra, 2006). Nestas áreas ocorreram

diversos casos de apreensões de armas e drogas, tornando o percurso das trilhas

bastante perigoso para os visitantes e pesquisadores do Parque (Braga, 2004).

Treinamento de estagiários

Diversos estudantes, principalmente dos cursos de Veterinária, Ciências

Biológicas e Engenharia Florestal, procuram a administração do Parque para

realizar estágios curriculares e não curriculares. Estes estagiários recebem um

treinamento inicial, participando de todas as atividades do CEA e recebem

treinamento em áreas de Mata Atlântica, onde aprendem os cuidados a serem

tomados nessas áreas. Participam também da preparação, desenvolvimento e

apresentação de eventos, além de colaborarem na elaboração de cartilhas, textos e

demais materiais utilizados nos trabalhos de educação ambiental.

Após esta etapa, desenvolvem a importante função de monitores, na

condução de trabalhos educativos junto ao público visitante, contribuindo,

principalmente, no atendimento às escolas e acompanhamento nas trilhas

ecológicas.

Atendimento a grupos de visitantes

Constitui uma das principais atividades desenvolvidas pelo CEA e tem como

objetivo desenvolver um trabalho participativo de educação ambiental, visando

uma melhor compreensão da natureza, despertando para mudanças de hábitos,

comportamentos e atitudes que geram uma maior integração do homem com o

meio ambiente.

As visitas são agendadas com antecedência, quando os grupos recebem

instruções sobre vestimentas e regras de comportamento no Parque para que

sejam respeitadas as horas de repouso dos animais e que não sejam dados

alimentos aos mesmos.

A visitação pode ser realizada sob duas formas: com acompanhamento ou

sem acompanhamento. Nas visitas com acompanhamento os grupos são

orientados pelos monitores durante todo o percurso da visita e são realizadas nas

trilhas situadas nas áreas do Sítio Histórico e no fragmento florestal. Entretanto,

nas visitas sem acompanhamento, são apenas recepcionados no CEA e pode

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desenvolver a visita livremente a Zona de Uso Intensivo. Participam desta

atividade escolas de 1º, 2º e 3º graus, tanto públicas quanto privadas, grupos de

empresas e instituições, além de grupos de turistas.

Trilhas

O Parque é formado por diversas trilhas que são percorridas pelos

funcionários da Unidade, pela fiscalização e pesquisadores, sendo algumas delas

utilizadas pela população para visitação através do acompanhamento dos

monitores do CEA. Entretanto, estas atividades não são conhecidas pela maioria

dos visitantes do Parque que restringem sua visita apenas à área do Horto. Este

fato contribui para que a população associe a imagem do Parque apenas ao

Zoológico (Braga, 2004).

As principais trilhas existentes no Parque são:

Trilha dos Macacos: inicia-se próximo à quarentena, percorrendo a mata até

a área dos recintos dos macacos, daí o seu nome. Está localizada na Zona de Uso

Intensivo - ZUI do Parque e encontra-se aberta à visitação pública;

Trilha do Mirante: essa trilha liga a Trilha dos Macacos ao Mirante do Horto

e ao Cruzeiro. Também está situada na ZUI e não se encontra aberta à visitação

pública;

Trilha do Chapéu do Sol: tem início na Trilha dos Macacos, conduz ao topo

de um morro, conhecido como Alto de Dois Irmãos, com uma altitude de 83 m

acima do nível do mar, onde se localiza o antigo reservatório de água. A partir

deste ponto pode-se contemplar uma vista panorâmica da cidade de Recife. Esta

trilha tem início na Zona de Uso Intensivo 1 e termina na Zona de Uso Extensivo 2;

Trilha do Lacre: trilha com cerca de 1000 metros de extensão. Inicia-se

próximo ao recinto dos macacos, adentrando na mata e terminando em um morro

próximo ao Terminal da Macaxeira, de onde se pode avistar a rodovia BR-101, o

Terminal da Macaxeira, os Morros da Guabiraba e Córrego do Jenipapo, o Bairro

de Apipucos e o seu Açude. Encontra-se aberta à visitação pública. Esta trilha se

inicia na Zona de Uso Intensivo 1 e termina na de Uso Extensivo 2;

Trilha das Bromélias: trilha que liga o Alto de Dois Irmãos à Trilha do Lacre.

Esta trilha, como o próprio nome indica, é caracterizada pela presença de

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bromélias ao longo de todo seu percurso. Não está aberta à visitação pública. Está

situada na Zona de Uso Intensivo 1;

Trilha do Tigre: iniciando-se próximo ao recinto dos tigres e liga esta área a

Trilha do Lacre. Encontra-se aberta à visitação pública e está situada na Zona de

Uso Intensivo 1;

Trilha do Chalé do Prata: iniciando-se na parte posterior do Chalé do Prata.

Esta trilha percorre a área núcleo da mata de Dois Irmãos, levando ao Mirante da

Macaxeira. Está aberta à visitação pública e pertence à Zona de Uso Extensivo 1;

Trilha da Cidade da Criança: esta trilha liga o Zona de Uso Intensivo ao Sítio

Histórico e Cultual do Prata. Localiza-se sobre as três primeiras linhas adutoras a

abastecer o Recife com água potável, caracterizando-se pela presença de diversos

elementos históricos, como caixas de inspeção do encanamento e da marcação em

tijolos de uma antiga estrada de acesso à área dos Açudes. Encontra-se aberta à

visitação pública e pertence à Zona de Uso Intensivo 1.

Entretanto, várias trilhas clandestinas e clareiras são abertas pela população

residente no entorno do Parque, como a Trilha da Fortuna e a Trilha Sítio dos

Pintos.

Atividades de Educação Ambiental

Férias no Zôo

Essa atividade envolve crianças e adolescentes na convivência com o meio

ambiente. Os participantes permanecem e acampam no Zona de Uso Intensivo

durante três dias, participando de brincadeiras, conhecendo os animais e

refletindo sobre o papel do homem na preservação da natureza.

São realizadas diversas atividades recreativas e educativas como

brincadeiras, jogos e peças teatrais, apresentação de vídeos, visita ao Museu de

Ciências Naturais, recinto dos animais e trilhas. Os participantes também recebem

instruções sobre o comportamento no Parque e o respeito que se deve ter com os

animais e plantas. Concluídos os trabalhos, é realizada uma avaliação dos

trabalhos pelo grupo e são entregues certificados de participação.

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Zôo aventura

Consiste na realização de cursos de rapel e de sobrevivência abertos ao

público em geral. O curso de rapel é ministrado na Trilha do Chapéu do Sol. Após

receberem as instruções necessárias, os participantes realizam o rapel dentro das

instalações do antigo Reservatório de Armazenamento d’água do Alto de Dois

Irmãos.

Ministrado mensalmente por monitores do CEA, o curso de sobrevivência é

realizado na Trilha do Chalé do Prata, durando um dia. Nele, os participantes

passam por diversas pistas de obstáculos. Ao final do percurso, localizado no alto

de um morro, os participantes aprendem a montar um acampamento e a acender

uma fogueira de forma segura, sem oferecer riscos à biota.

Noite no zôo

Visita noturna, realizada na última quinta-feira do mês, para a observação

dos animais de hábito noturno. Inicialmente, os visitantes recebem instruções

sobre o comportamento durante a visita e partem para observação dos animais do

Zoológico. Por fim, o grupo percorre uma trilha, para observação dos animais

nativos.

6.3.1.2 Aspectos Econômicos

O Parque é auto-sustentável, ou seja, não recebe recursos externos, apenas os

gerados através das áreas de lazer. Visitado por pessoas de todas as classes sociais

e faixas etárias, contudo, em sua maioria, o público visitante é formado por

pessoas de classe média baixa e por crianças com idade entre 6 e 13 anos. Esta área

é uma das poucas opções de lazer viável para a população de baixa renda, sendo

um dos locais mais visitados do Recife (Santos, 2001).

A visitação pública pode ser realizada diariamente, com ingresso ao preço

único de R$ 2,00. Atualmente, o Parque recebe em média de 250.000 visitantes por

ano, sendo que os dias de maior visitação da Zona de Uso Intensivo são os finais

de semana e feriados. Essa visitação se intensifica no mês de outubro, por razão do

Dia da Criança.

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6.3.2 Do Entorno do Parque Estadual de Dois Irmãos

6.3.2.1 Uso e Ocupação do Solo

De modo semelhante ao realizado na descrição das características ambientais

do meio antrópico para a área do Parque, o entorno também foi relatado de forma

a evidenciar seu processo de ocupação e uso do solo.

Histórico

Um aglomerado urbano, diante da dinâmica que caracteriza a ocupação do

solo, transforma-se a todo momento. A área do entorno é composto por espaços

com ocupações realizadas em tempos distintos.

O bairro de Dois Irmãos, como mencionado anteriormente, inicialmente era

um Engenho, cujo nome deu origem ao mesmo. Esta área começou a sofrer

grandes transformações ao se implementar o sistema de abastecimento de água da

cidade. Ao longo dos encanamentos, que conduziam a água até o bairro da Boa

Vista, a população ia se fixando, e formando grandes adensamentos. Isto se deu

devido à compra de sítios que foram loteados (Menezes et al., 1991). O processo de

ocupação aumentou após a construção da Universidade Federal Rural de

Pernambuco e da BR-101 (Braga, 2004).

O bairro de Apipucos, como o de Dois Irmãos, também era no início do

século XVII um engenho. Durante o século XIX, diversos ingleses escolheram o

bairro para morar, o que proporcionou o surgimento de grandes

empreendimentos na área, como por exemplo, a passagem da linha férrea pelo

bairro. Tempos depois, a circulação de moradores e a instalação do trem movido a

vapor geraram mais oportunidades para intensificar a urbanização (Veras, 1999).

Na primeira metade do século XX foi instalada uma fábrica de tecelagem em

Apipucos, devido às condições que apresentavam o bairro, tais como grande

prestígio na província, servida inclusive por transportes coletivos e pela presença

de áreas habitadas. Para a construção da linha de trem o Açude de Apipucos foi

dividido e a porção norte que se formou passou logo a ser aterrada para a

construção de casas. Como forma de melhorar a acomodação dos funcionários da

fábrica, foram construídas duas vilas (Veras, 1999).

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Apesar do desmembramento em sítios, as áreas dos morros continuaram

despovoadas até os anos 30 do século XX, quando passaram a ser vistas como

áreas adequadas para abrigarem as populações pobres, expulsas do centro da

cidade, que haviam consideradamente aumentado no final do século XIX, como

reflexo da Abolição da Escravatura (Menezes et. al., 1991).

A ocupação dos morros do Recife foi realizada em momentos distintos,

dentre os quais está os do atual Córrego do Jenipapo, onde parte dessas terras

pertencia à indústria de tecidos. A estrada de ferro foi um dos principais veículos

de ocupação que ocorreram sem que os loteamentos fossem ordenados, sem

qualquer Planejamento Urbanístico (Veras, 1999). Criavam-se os caminhos de

acesso com a tendência a se seguir em curvas de nível, embora muitos problemas

surgissem posteriormente.

De acordo com a Prefeitura da Cidade de Recife – PCR (1996), a área do

bairro da Guabiraba era composta por uma vegetação de Mata Atlântica densa

que passou a sofrer grandes transformações quando a população começou a se

fixar na área, nos anos de 1970, nas terras pertencentes à Rede Ferroviária. Esta

ocupação ocorreu de forma gradual, se intensificando a partir de 1987.

A ocupação do bairro de Sítio dos Pintos teve início a partir de 1936 de forma

gradual, quando a área era formada por uma extensa vegetação que através de

loteamento foram transformados em sítios (Prefeitura da Cidade do Recife, 1996).

Segundo a FADURPE (2003), neste mesmo bairro, ocorreram ocupações mais

recentes, como o Córrego da Fortuna que está localizado no terreno que é de

propriedade da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Em 1974, a

instituição tentou impedir a invasão, ameaçando derrubar a casas que foram

construídas. Foi constatado que a população residente era formada por

funcionários da Universidade, sento então a ocupação permitida. No entanto, a

partir de 1985 a área começou a ser ocupada por pessoas de origens diversas,

dificultando o controle da ocupação.

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Situação Atual

Zoneamento Definido em Lei

A Lei de Uso e Ocupação do Solo do Município do Recife foi elaborada

através do zoneamento por densidade construtiva e a capacidade de infra-

estrutura instalada, respeitando-se as características geomorfológicas das diversas

áreas da cidade, bem como os seus valores sociais, paisagísticos e histórico-

culturais (Lei Municipal n° 16.176/1996).

De acordo com esta Lei, a área de estudo é composta pelas seguintes zonas:

- Zona Especial de Proteção Ambiental - ZEPA 220 Parque Estadual de Dois

Irmãos;

- ZEPA 2 Guabiraba/Pau-Ferro, localizada ao norte do Parque;

- Zona de Urbanização Restrita - ZUR21 Sítio dos Pintos e ZEPA 2 Sítio dos

Pintos, a oeste do Parque;

- ZUR composta pela área da Universidade Federal Rural de Pernambuco e

as demais áreas do bairro de Dois Irmãos, ao sul;

- Zona de Urbanização Preferencial 2 - ZUP22 e Zona Especial do Patrimônio

Histórico-Ambiental - ZEPH23, correspondendo ao bairro de Apipucos, centrada a

sudeste e;

- Zona Especial de Interesse Social - ZEIS24 e Zona de Urbanização de Morros

- ZUM25 localizadas no bairro Brejo da Guabiraba, a leste do Parque (figura 30). 20 Zona Especial de Proteção Ambiental 2: pertencem a Zona de Diretrizes Especiais – DEZ. São constituídas

por áreas públicas ou privadas com características excepcionais de matas, mangues, açudes e corpos d’água.

Nestas áreas, o Município poderá criar mecanismos de incentivo para o uso e ocupação do solo e/ou instituir

novas Unidades de Conservação visando à preservação das áreas de proteção ambiental (Lei Municipal n°

16.176/1996). 21 Zona de Urbanização Restrita: caracteriza-se pela carência ou ausência de infra-estrutura básica e densidade

de ocupação rarefeita, na qual será mantido um potencial construtivo de pouca intensidade de uso e ocupação

do solo, em nível bastante inferior ao das demais zoas (Lei Municipal n° 16.179/1996). 22 Zona de Urbanização Preferencial 2: são áreas que possibilitam médio potencial construtivo compatível com

suas condições geomorfológicas, de infra-estrutura e paisagístico (Lei Municipal n° 16.179/1996). 23 Zona Especial de Preservação do Patrimônio Histórico-Ambiental: são consideradas as áreas formadas por

sítios, ruínas e conjuntos antigos de relevante expressão arquitetônica, histórica, cultural e paisagística, cuja

manutenção seja necessária à preservação do Patrimônio Histórico-Cultural do Município (Lei Municipal n°

16.176/1996).

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Uso e Ocupação do Solo Presentes na Área do Entorno

Diversos usos podem ser identificados, atualmente, na área do entorno,

porém serão descritas as características mais relevantes para o objetivo do estudo.

• Guabiraba

O bairro da Guabiraba apresenta como limite com o de Dois Irmãos, a

Estrada dos Macacos que está situada na calha do Rio Macacos. Essa calha é

constituída por sedimentos depositados pelo rio e material coluvial da Formação

Barreiras. As habitações situadas às margens desta Estrada estão inseridas

diretamente no leito do rio. Dessa forma, no período chuvoso, o volume do rio

aumenta, fazendo com que a água danifique os alicerces das construções e,

conseqüentemente, provoca o solapamento do relevo (Bezerra, 2006).

Bezerra (2006) identificou diversas áreas de cortes ou deslizamentos no

relevo na área limite do Parque e do bairro da Guabiraba, com retirada de material

mineral. A autora também observou que nas áreas onde o relevo é mais baixo, os

moradores retiram o solo do Parque para fazer aterros que aumentam a área de

uso. Os cortes realizados propiciam locais para o cultivo de jardins, plantas

medicinais e frutíferas, espaços de lazer, construção de bares irregulares, bem

como improvisação de banheiros para os clientes dos mesmos e depósito de lixo.

A partir de observações diretas, foi possível notar que ao longo da Estrada

dos Macacos existem cerca de 22 aberturas ilegais na borda do Parque, através de

cortes na cerca divisória, com trilhas para acesso à mata por parte da população.

As aberturas se dão para a retirada de lenha, frutas e caça de animais. Deve se

considerar que nesta porção do bairro há um depósito e venda de gás doméstico.

24 Zona Especial de Interesse Social: pertencem a Zona de Diretrizes Específicas – DEZ. São constituídas por

áreas de assentamentos habitacionais de população de baixa renda, surgidos espontaneamente; existentes;

consolidados ou propostos pelo Poder Público; onde haja possibilidade de urbanização e regularização

fundiária (Lei Municipal n/ 16.176/1996). 25 Zona de Urbanização de Morros: é constituídas por áreas que, pela suas características geomorfológicas,

exigem condições especiais de uso e ocupação do solo de baixo potencial construtivo (Lei Municipal n°

16.176/1996).

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Figura 30. Zoneamento Urbano da área de estudo. Fonte: Vasconcelos e Bezerra, 2000, com modificações.

Zona de urbanização Restrita

Zona Especial de Preserv ação Histórico-Ambiental

Zona Especial de Proteção Ambiental 2

Zona Especial de interesse Social

Zona de Urbanização Pref erencial 2

Zona de Urbanização de Morros

N

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 8. Zoneamento Urbano

Área de estudo

Limite Município

PAULISTA

REC

IFE

Zona de urbanização RestritaZona de urbanização Restrita

Zona Especial de Preserv ação Histórico-AmbientalZona Especial de Preserv ação Histórico-Ambiental

Zona Especial de Proteção Ambiental 2Zona Especial de Proteção Ambiental 2

Zona Especial de interesse SocialZona Especial de interesse Social

Zona de Urbanização Pref erencial 2Zona de Urbanização Pref erencial 2

Zona de Urbanização de MorrosZona de Urbanização de Morros

NN

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:

Cursos d’água

Corpos d’água

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 8. Zoneamento Urbano

Área de estudo

Limite Município

PAULISTA

REC

IFE

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A população instalada no bairro da Guabiraba, também realiza cortes no

relevo na área que está dentro do limite do Parque, para a construção de campos

de futebol que são usados como forma de lazer. Segundo Bezerra (2006), os

moradores afirmaram em entrevista que por ocasião da instalação da cerca

divisória do Parque, os residentes da área pediram aos trabalhadores da empresa

responsável pela obra para deixar o campo de futebol livre, pois seria o único local

de lazer da comunidade.

Na porção leste do bairro é possível observar o funcionamento de duas áreas

de mineração, ou seja, lavra a céu aberto. A camada superficial do solo, é bastante

arenosa, e em alguns trechos aflora um perfil mais argiloso, o que favorece a

extração de material mineral (Bezerra, 2006).

A parte noroeste do Parque é constituída por um relevo com altitude

variando entre 40 a 80m (Coutinho et al., 1998), tornando a porção mais

acidentada, o que dificulta a ocupação e uso da área. Nessa região, apesar de

possuir uma ocupação inferior, pode ser observado o desmatamento para o cultivo

de árvores frutíferas e até mesmo espécies exóticas à Mata Atlântica.

Nesta área é possível observar a formação de voçorocas em “V” muito

profundas, cabeceiras de drenagem bem formadas e estabelecidas, com topos que

ultrapassam a cota de 70 ou 80 metros de profundidade. A declividade do relevo

favorece a ocorrência de diversos pontos de erosão, evidenciados pelo

solapamento do relevo, assim como árvores com raízes expostas e inúmeros

pontos de erosão (Coutinho et al., 1998). Também se pode notar a presença de

pecuária e instalação de construções irregulares.

• Sítio dos Pintos

De acordo com Bezerra (2006), esta área é formada por relevo com altitudes

variando entre 17 a 62 metros, tornando-se bastante acidentado. Apresenta

diversas ocupações desordenadas que proporcionam o difícil escoamento do fluxo

das águas geradas no período chuvoso e invadem as residências. Cortes no relevo

são realizados para aumentar as áreas de moradias e/ou construção de novas

residências, bem como comercialização de material mineral.

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O bairro de Sítio dos Pintos é composto por trechos em que existem muros

de arrimo construídos ou em construção para a contenção das encostas. Em alguns

trechos há o solapamento do relevo e o surgimento de ravinas.

A camada superficial do solo, neste bairro, é bastante arenosa, e em alguns

trechos aflora um perfil mais argiloso, o que favorece a extração de material

mineral (areia e barro), principalmente quando ocorrem as precipitações mais

elevadas, que transportam grande quantidade de sedimento arenoso que são

depositados nas calhas dos fluxos de água e ao longo das principais vias (Bezerra,

2006).

De acordo com a FADURPE (2003), a atividade de piscicultura é

desenvolvida em algumas propriedades de pequena escala produtiva, onde há

prática de criação de peixes ornamentais, principalmente para a complementação

da renda familiar. A água utilizada nestes empreendimentos é capturada de poços

artesanais ou através do próprio afloramento do lençol freático. O lençol freático,

nestas propriedades, é considerado superficial, uma vez que basta realizar uma

escavação com cerca de 50cm para obter água direto nos viveiros de peixes. Este

tipo de abastecimento facilita o enchimento dos tanques, mas dificulta a

drenagem. As espécies de peixes são criadas, principalmente, em sistema semi-

intensivo, com arraçomento, sendo o produto comercializado localmente, em

feiras e mercados livres.

No bairro de Sítio dos Pintos está localizada a comunidade religiosa Vale do

Amanhecer, que está situada dentro dos limites legais do Parque (Silva et al.,

2003), e cuja edificação está muito próxima à encosta de aproximadamente 15m de

altura e que apresenta evidências de deslizamento de massa e ravinamentos em

material areno-argiloso, por ter sido encravada em local aberto através de um

grande corte no relevo.

Quanto aos demais usos já descritos anteriormente, também foram

observados neste bairro: retirada de lenha, deposição de lixo, uso como forma de

lazer através da construção de campo de futebol, caça de animais através de

armadilhas e o cultivo de plantas de uso alimentar e medicinal.

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• Dois Irmãos

O bairro de Dois Irmãos é constituído em grande parte pelo Parque Estadual

de Dois Irmãos, que ocupa cerca de 67% da área, sendo as demais áreas

caracterizadas por residências e empreendimentos de grande e médio porte.

A camada superficial do solo, na porção sul do bairro, é bastante arenosa, o

que dificulta a agricultura, mesmo com a utilização de sistemas de irrigação

(Bezerra, 2006). A presença do Parque e, principalmente, da Zona de Uso Intensivo

nesta porção do bairro, promove o desenvolvimento do comércio informal, como

bares e lanchonetes ao longo das vias de acesso à entrada da Unidade de

Conservação.

Em algumas áreas o relevo apresenta feições erosivas que vão de sulcos e

ravinas até voçorocas, como no caso da encosta do Terminal Integrado da

Macaxeira. Identificam-se também movimentos de massa, desabamentos e queda

de blocos em vários pontos. Segundo Bezerra (2006), a relação entre a ocupação da

área e as mudanças nas feições do relevo pode ser evidenciada através de

residências e pontos comerciais, como uma fábrica de móveis, localizadas

próximas à Estrada dos Macacos, que invadem a área do Parque e realizam cortes

nas encostas. A autora afirma que este fato é de conhecimento dos órgãos

fiscalizadores e que, embora os comerciários tenham sido notificados várias vezes,

os mesmos afirmam que não se intimidam, permanecendo no local de forma

irregular.

O uso como área residencial, ocorre dentro dos limites legais do Parque,

como no caso das residências da Rua Dois Irmãos (via de acesso ao Horto) e nas

ruas que se localizam em um trecho que liga a comunidade do Córrego da Fortuna

à Universidade Federal Rural de Pernambuco (Dourado, 2004).

A COMPESA possui um laboratório de análise de qualidade de água e uma

área que funciona como depósito de produtos químicos, ambos situados próximos

ao Parque, defronte a Praça de Dois Irmãos.

Este bairro destaca-se pela presença de grandes empresas comerciais, como a

Queiroz Galvão, a transportadora RAMTHUM e postos de combustíveis, entre

outras, que buscam a vantagem da topografia e da excelente localização, próxima

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ao centro urbano e da rodovia BR-101. De acordo com Bezerra (2006), algumas

instituições, como a Associação de Tiro do Recife realizaram cortes nas encostas na

borda do Parque.

O Estado também é responsável pelo Laboratório Farmacêutico do Estado de

Pernambuco - LAFEPE, uma empresa que produz diversos produtos

farmacêuticos e que são vendidos por preços menores que os praticados pelas

demais empresas nas cidades da Região Metropolitana do Recife e em algumas

cidades do interior.

Foram identificados neste bairro outros usos como pecuária, lazer (campos

de futebol), cultivo de plantas e uso residencial, assim como a realização de

pesquisas científicas pela Universidade Federal Rural de Pernambuco.

• Apipucos

O bairro de Apipucos é formado por áreas mais planas que são ocupadas por

uma população de cerca de 2,6hab/ha, sendo esses de classe média e baixa. Tem

como característica marcante a presença de áreas residências e comerciais de

grande e médio porte, consideradas de alto e médio poder aquisitivo (Prefeitura

da Cidade do Recife, 2005).

A tradição da urbanização do bairro, assim como a paisagem formada pelo

Açude de Apipucos e as áreas circunvizinhas geram uma elevada especulação

imobiliária, o que não o exclui os problemas evidenciados nos demais.

Quanto aos demais usos já descritos anteriormente também foram

observados neste bairro: deposição de lixo em áreas públicas, uso para lazer e o

cultivo de plantas de uso alimentar e medicinal, em pequenas áreas situadas nas

proximidades do Córrego do Jenipapo (Bezerra, 2006).

• Córrego do Jenipapo

O bairro de Córrego do Jenipapo é o mais populoso dentro os analisados na

área de estudo, pois apresenta 13,66hab/ha (Prefeitura da Cidade do Recife, 2005).

Entretanto, esta população está situada em áreas de morro com altitudes variando

entre 30 a 62m, tornando-se bastante acidentado, estando constantemente

sofrendo com problemas deslizamento de barreiras e formação de sulcos e ravinas.

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Este bairro apresenta diversas ocupações desordenadas que proporcionam o

difícil escoamento do fluxo das águas gerado através do período chuvoso e

invadem as residências. Diversos cortes no relevo são realizados para aumentar as

áreas de moradias e/ou construção de novas residências. Diversos trechos são

formados por muros de arrimo construídos ou em construção, pela Prefeitura da

Cidade, para a contenção dos deslizamentos das encostas.

Como já descrito anteriormente, nos demais bairros analisados, também

foram observados: retirada de material para a produção de carvão ou como lenha,

uso como forma de lazer, caça de animais através de armadilhas e o cultivo de

plantas de uso alimentar e medicinal.

De acordo com Bezerra (2006), a população residente no Córrego do Jenipapo

utiliza as áreas próximas ao Parque para a realização de cultos afro-religiosos.

Estes moradores retiram plantas do remanescente florestal para oferendas e

preparação de rituais (Bezerra, 2006), bem como realizam cultos que deflagraram

diversas queimadas na área do Parque (Brito-Ramos et al., 2005).

6.3.2.2 Aspectos Demográficos e Sócio-Econômicos

A área de estudo é compreendida por cinco bairros localizados a noroeste da

cidade do Recife: Sítio dos Pintos, Dois Irmãos, Apipucos, Córrego do Jenipapo e

Guabiraba.

O processo de transformação demográfica, como o resultado do ritmo de

crescimento e do deslocamento da população no espaço, repercute no tamanho da

população e no volume de pessoas por grupos de idade nas diversas parcelas do

espaço habitado. Nesse sentido, o conhecimento dos contingentes populacionais é

de fundamental importância para o Planejamento do desenvolvimento,

especialmente para dimensionar as demandas por serviços, subsidiando a

definição de formas e estratégias para supri-las, bem como a avaliação das

políticas já implantadas.

De acordo com a Prefeitura da Cidade do Recife (2005), a população total

destes bairros alcançou aproximadamente 28.093 habitantes no ano 2000. O

Córrego do Jenipapo, dentre as áreas analisadas, apresenta a maior população

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(figura 31), sendo em torno de 8.602 habitantes, seguido pelo bairro de Sítio dos

Pintos, com 5.660 (tabela 5).

Os bairros de Sítio dos Pintos, Dois Irmãos e Guabiraba estão localizados em

uma região populosa, embora apresentem baixa densidade demográfica

(FADURPE, 2003; Prefeitura da Cidade do Recife, 2005).

Na área de estudo é possível observar uma diversidade de dinâmica

populacional tais como a crescente taxa de crescimento anual da população entre

os anos de 1991-2000 nos bairros de Dois Irmãos, Guabiraba e Sítio dos Pintos

(tabela 5).

Tabela 5. Valores médios dos parâmetros avaliados dos bairros que correspondem à área de estudo, durante os anos de 1991-2000. Fonte: Prefeitura da Cidade do Recife, 2005.

Parâmetro/

Bairro Apipucos

Córrego do

Jenipapo Dois Irmãos Guabiraba

Sítio dos

Pintos

População

Residente 3.467 8.602 3.046 7.318 5.660

Taxa de

Crescimento

Anual

1,58 0,55 5,06 4,51 3,96

Renda

Média (R$) 504, 39 296,00 392,89 288,24 467,23

Uma radiografia do espaço demográfico e socioeconômico da área de estudo

revela grandes contrastes e informa sobre a complexidade de se pensar as políticas

e os programas sociais aplicados aos diversos espaços.

O perfil demográfico pode-se contrapor a configuração em termos de renda

per capita, percebendo-se claramente uma relação inversa entre os níveis de renda e

o crescimento demográfico (Araújo, 2005). No geral, há uma vinculação entre as

localidades de maior crescimento demográfico e de menor renda per capita.

Tomando como base o estudo realizado por Lyra et al. (2005) que dividiu o

Município em anéis e classificou a área de estudo como pertencente ao Anel

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Periférico, é possível observar que a área abriga os espaços com o menor nível de

renda per capita, em que o maior valor é o de Apipucos – R$ 504,38. Portanto, toda

a área de estudo apresenta o nível médio de renda (R$ 389,75) inferior ao do

Recife, que é de R$ 805,86 (tabela 6).

Araújo (2005) considera que a área de estudo está entre os Unidades de

Desenvolvimento Humano que se destacam pela pobreza mais extensiva (acima

de 50%, em 2000). Este autor observou em análise feita para a relação da renda da

população da cidade do Recife, que há um aumento generalizado da percentagem

de pobres, com exceções em tal padrão apenas para algumas unidades, dentre as

quais a área de estudo que tem um dos mais altos níveis de pobreza (55,3% em

2000).

Deve-se salientar também a diferença que ocorre na área de estudo em

relação à renda média entre homens e mulheres no ano 2000. O bairro de

Apipucos apresenta o maior contraste entre os gêneros, sendo os homens

possuidores de uma renda média de R$ 715,30, em quanto que mulheres recebem

em média R$ 253,54 (tabela 6)

Tabela 6. Valores médios dos parâmetros econômicos dos bairros que correspondem à área de estudo, durante o ano 2000. Fonte: Prefeitura da Cidade do Recife, 2005.

Renda Média (R$)/Bairro Renda Média Homens Mulheres

Apipucos 504, 39 715,30 253,54

Córrego do Jenipapo 296,00 335,33 209,12

Dois Irmãos 392,89 448,67 272,72

Guabiraba 288,24 325,31 165,89

Sítio dos Pintos 467,23 527,79 338,23

Média para Recife 805,86 1.074,39 646,09

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Figura 31. Densidade demográfica da área de estudo. Destaque para a população do bairro de Córrego do Jenipapo e uma porção de Apipucos. Fonte: Vasconcelos e Bezerra, 2000, com modificações.

45 – 90 hab/ha

90 – 135 hab/ha

0 – 45 hab/ha

Acima de 180 hab/ha

135 – 180 hab/haN

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:Cursos d’água

Corpos d’água

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 10. Densidade Demográf ica

Limite Município

Área de estudo

Sistema Viário

REC

IFE

PAULISTA

45 – 90 hab/ha45 – 90 hab/ha

90 – 135 hab/ha90 – 135 hab/ha

0 – 45 hab/ha0 – 45 hab/ha

Acima de 180 hab/haAcima de 180 hab/ha

135 – 180 hab/ha135 – 180 hab/haNN

Escala: 1/80.000

LEGENDA: CONVENÇÕES:Cursos d’águaCursos d’água

Corpos d’águaCorpos d’água

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM GESTÃO E POLÍTICAS AMBIEN TAIS

Aretuza Bezerra Brito Ramos

Dissertação / 2006

MAPA 10. Densidade Demográf ica

Limite Município

Área de estudoÁrea de estudo

Sistema ViárioSistema Viário

REC

IFE

PAULISTA

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6.4 Aspectos Institucionais da Área de Estudo

O Parque Estadual de Dois Irmãos, por suas características históricas, culturais,

paisagísticas, ambientais e recursos hídricos presentes, relaciona-se com diversas

instituições, cabendo a cada uma delas as seguintes competências:

Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – SECTMA: responsável pela

administração e fiscalização do Parque Estadual de Dois Irmãos, através da Administração

da Unidade de Conservação;

Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis -

IBAMA: responsável por executar a Política Nacional de Meio Ambiente, referentes às

atribuições federais permanentes, relativas à preservação, à conservação e ao uso

sustentável dos recursos ambientais e sua fiscalização e controle. Também tem como

função a proteção e manejo integrado de ecossistemas, de espécies, do patrimônio natural

e genético de representatividade ecológica em escala regional e nacional; disciplinamento,

cadastramento, licenciamento, monitoramento e fiscalização dos usos e acessos aos

recursos ambientais, bem como a fiscalização e controle da coleta e transporte de material

biológico;

Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – CPRH: exerce poder de

polícia administrativa quanto à proteção do uso e ocupação do solo e dos recursos

naturais, principalmente no que diz respeito à proteção do solo e dos recursos hídricos;

Companhia Pernambucana de Saneamento – COMPESA: utiliza o manancial do

Prata para abastecimento público;

Prefeitura da Cidade do Recife - PCR: realiza a fiscalização do uso e ocupação do

solo e de irregularidades ambientais ao longo da área de estudo, através da Brigada

Ambiental, órgão diretamente relacionado a DIRCON;

Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco – FUNDARPE:

responsável por emitir parecer técnico sobre os projetos propostos para a área de estudo,

assim como exerce uma fiscalização periódica sobre os bens tombados e possui o Poder de

Polícia em caso de descumprimento da legislação ou de suas recomendações, no que diz

respeito ao Patrimônio Histórico.

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6.5 Unidades de Conservação Presentes na Área de Estudo

A Lei Municipal nº 16.176/1996 definiu as Zonas Especiais de Proteção Ambiental –

ZEPA 2, nas quais o Município institui as Unidades de Conservação, tendo em vista a

preservação de áreas especiais no que diz respeito à proteção de suas características

ambientais.

Dentro desta classificação, encontra-se: o Parque Estadual de Dois Irmãos; a ZEPA 2

Guabiraba/Pau Ferro, localizada ao norte do Parque e à oeste, a ZEPA 2 Sítio dos Pintos

(figura 32).

A ZEPA 2 Guabiraba/Pau Ferro é composta por uma área aproximada de 3.674,2ha,

localizada no bairro de Guabiraba, formada pelas comunidades de Vale do

Paraíso/Estrada dos Macacos, Alto da Telha, Alto e Córrego do Carroceiro e Córrego e

Alto da Bica. A ocupação pela população do Vale do Paraíso, ocorreu de forma gradual,

em terras que pertenciam à Rede Ferroviária, uma vez que o assentamento fica próximo à

linha do trem (Prefeitura da Cidade do Recife, 1996).

A ZEPA 2 Sítio dos Pintos é formada por uma área aproximada de 48,7ha, localizada

no bairro de mesmo nome. A Unidade de Conservação é constituída pela comunidade de

Sítio São Braz, Sítio dos Pintos e Córrego da Fortuna. A ocupação nesta Unidade vem

ocorrendo de forma gradual, sendo que a população do Córrego da Fortuna se fixou no

terreno pertencente à Universidade Federal Rural de Pernambuco (FADURPE, 2003).

Page 132: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

Figura 32. Zonas de Proteção Ambiental 2 ou Unidades de Conservação presentes na área de estudo definidas pela Lei Municipal n° 16.176/1996. Fonte: Vasconcelos e bezerra, 2000, com modificações.

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133

6.6 Áreas de Preservação Permanentes Presentes na Área de Estudo

De acordo com a Lei Federal n° 4.771/1965

“no caso de áreas urbanas, assim entendidas as que são

compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei

municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas,

em todo o território abrangido, observa-se-á o disposto nos

respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os

princípios e limites a que se refere este artigo”.

Deste modo, a área de entorno deve ser delimitada pela Lei Municipal n°

16.176/1996, que trata de Uso do Solo do Município do Recife.

Entretanto, é válido ressaltar o exposto na Resolução CONAMA n° 303/2002,

que estabeleceu os critérios de classificação das Áreas de Preservação

Permanentes, como sendo as florestas e demais formas de vegetação natural

situadas:

I - em faixa marginal, medida a partir do nível mais alto, em projeção

horizontal;

II - ao redor de nascente ou olho d`água, ainda que intermitente;

III - ao redor de lagos e lagoas naturais;

IV - no topo de morros e montanhas;

V - em encosta ou parte desta, com declividade superior a 100% ou 45° na linha

de maior declive;

VI - nas escarpas e nas bordas dos tabuleiros e chapadas;

VII - nos locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias;

VIII - nos locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçadas

de extinção.

Estas delimitações, atribuídas pela Resolução CONAMA n° 303/2002 pode

ser, também, atribuídas a área do entorno ou até mesmo no próprio limite legal do

Parque, uma vez que estão presentes.

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7. ATIVIDADES POTENCIALMENTE IMPACTANTES – API

Segundo Barros (2003), a ocorrência de impactos sofridos por uma Unidade

de Conservação é conseqüência imediata do uso e ocupação do solo realizado no

interior de sua área e no seu entorno. Esta afirmativa se adequa perfeitamente à

realidade observada no Parque Estadual de Dois Irmãos.

Neste estudo foram observadas Atividades Potencialmente Impactantes -

API desenvolvidas diretamente na área do Parque, bem como na área de entorno.

No levantamento da área de estudo foram consideradas apenas as API cujos

impactos observados afetam diretamente o Patrimônio Histórico-Ambiental

presente na Unidade, corroborando com o observado por Brito-Ramos et al., (2005)

e Brito-Ramos et al., (2006).

As API localizadas na área de entorno do Parque, foram descritas de acordo

com as diferentes categorias de análise, tais como: Urbanização do Entorno, sendo

essa a Atividade que comporta uma abordagem mais ampla; em seguida as API

relacionadas aos diferentes meios de transporte; depois API referentes ao Segundo

Setor (Empresas); por fim, as Atividades decorrentes da exploração do Setor

Primário.

7.1 Atividades Potencialmente Impactantes Desenvolvidas no Interior do Parque Estadual de Dois Irmãos

7.1.1 Uso Público Recreativo

Como descrito anteriormente no Diagnóstico Ambiental, a Zona de Uso

Intensivo – antigo Horto Zoobotânico, dispõe de 14ha, dentre florestas e lagos, e

conta com mais de 2.200m de alamedas que conduzem o visitante através de suas

atrações e equipamentos turísticos, exibindo uma riqueza paisagística (figura

33A). Neste circuito, estão dispostos 80 recintos para a exposição com cerca de 600

animais pertencentes a 120 espécies nativas e exóticas de mamíferos, aves, répteis

e peixes (figura 33B).

Além dos componentes da paisagem (Açudes do Germano e Dois Irmãos, e a

Floresta Atlântica), encontra-se em seu interior um auditório, um teatro, onde são

exibidas peças infantis de Educação Ambiental, um Oceanário, e o Museu de

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História Natural, atraindo um público anual de 250.000 visitantes (Bezerra, 2006).

Este Museu está localizado em frente à sede administrativa, contando com mais de

2000 peças, dentre diversos tipos de animais taxidermizados, insetos, fósseis,

conchas e rochas.

Todo este aparato turístico faz com que, atualmente, o Parque Estadual de

Dois Irmãos tenha extrapolado a sua atratividade para fora dos limites do

Município, atraindo grupos de visitantes das demais cidades que compõem a

Região Metropolitana de Recife.

Além das caravanas, o Parque Estadual também atende á demanda criada

pelas escolas e universidades públicas e particulares que o utilizam, tanto para

uma simples visitação, como para a prática de atividades de campo, como

demonstrado anteriormente.

Além das atividades relacionadas à rotina de visitação, algumas atividades

de cunho recreativo e de desenvolvimento pessoal são oferecidas pelo CEA,

principalmente no período de férias escolares. A divulgação se dá principalmente

através da mídia (emissoras de TV e jornais de grande circulação), bem como,

através da internet no site da Unidade de Conservação.

Esse aporte de recursos humanos visitando o Parque, quase que

ininterruptamente, requer um controle efetivo, visando minimizar o impacto desse

fluxo humano no interior do Parque, da Administração do Parque, dos Monitores

e Estagiários, da equipe da CIPOMA e certamente, deve ser destacado o papel

fundamental do Centro de Educação Ambiental.

7.1.2 Captação de Água para o Abastecimento

Durante muito tempo a COMPESA foi a gestora da área do Parque em

função do sistema de abastecimento situado no interior do Parque. No entanto,

atualmente necessita de autorização da direção da Unidade para realizar qualquer

atividade em seu interior. Este sistema é formado pelos Açudes do Prata e do

Meio, por poços artesianos de captação e pela Estação Elevatória dos Macacos.

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Figura 33. Uso Público Recreativo. A – Localização da Atividade Potencialmente Impactante, em vista aérea, onde é possível visualizar o Açude do Germano e de Dois Irmãos; B – Zoneamento atual da Zona de Uso Intensivo, na qual se realiza a API. Fontes: Google Earth, 2007; Weber e Resende, 1998.

B A

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137

Como citado anteriormente, os Açudes do Prata e do Meio juntos apresentam

um volume hidráulico de aproximadamente 96.782m³, cuja massa líquida é

proveniente de poços artesianos, afloramentos de lençóis subterrâneos,

precipitação pluviométrica e percolação a partir das encostas (Silvestre e Carvalho,

1998).

Esses mananciais vêm sofrendo aporte de material sólido alóctone, resultante

de lixiviação e deposição de serrapilheira, e autóctone oriunda da sedimentação da

matéria orgânica morta e compostos minerais oxidados. Alguns trechos das

margens são desprovidos de delimitação artificial (muretas). Nessas áreas, onde a

zona ecotonal é bem configurada, é conspícua a perda de área de alagamento pelo

recuo da lâmina d’água e conseqüente invasão e colonização por plantas de hábito

terrestre. Com o avanço da linha ecotonal para o interior dos açudes, nas áreas de

assoreamento avançado, surgem ambientes de charco.

Os oito poços artesianos foram construídos durante a implementação do

sistema de captação das águas subterrâneas do Vale do Prata, mas outros foram

construídos nos últimos trinta anos para aumentar o volume de água dos Açudes

(figuras 34A e 34B).

A Estação Elevatória Macacos foi construída em 1967 pela COMPESA, como

parte do programa Água nos Morros (figura 34C), para a elevação das águas e

abastecimento dos morros da Zona Norte da cidade (Braga, 2004). Atualmente, as

águas então elevadas abastecem, aproximadamente 100.000 habitantes que

residem nos morros e córregos do Alto da Brasileira, Progresso, Giriqui e

Jenipapo, situados na Zona Norte da cidade do Recife (Bezerra, 2006).

A COMPESA realiza regularmente a manutenção do sistema de captação e

abastecimento do Prata. No entanto, durante essa manutenção ocorrem diversas

atividades geradoras de impactos, tais como dragagem, supressão da vegetação

terrestre e aquática, manutenção das vias de acesso, troca e limpeza das tubulações

e perfuração de poços artesianos nos Açudes.

A Companhia também possui um laboratório de análise de qualidade de

água e uma área que funciona como depósito de produtos químicos, ambos

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138

situados próximos ao Parque, defronte a Praça de Dois Irmãos, o que requer um

controle efetivo dessa atividade.

Figura 34. Consumo do recurso presente no aqüífero Beberibe Inferior. A - Instalação de Poços Artesianos. Vista geral da Casa da Bomba; B - Poço de captação de água para abastecimento; C – Estação Elevatório Macacos responsável por elevar o nível das águas capadas do Vale do Prata, sobre responsabilidade da COMPESA. Fotos: Aretuza Brito Ramos, 2006.

7.1.3 Pesquisa Científica

Como um Fragmento de Floresta Atlântica localizado em uma zona urbana e

próximo a diversas instituições de ensino e pesquisa, o Parque tem sido palco de

vários estudos. Atualmente, são realizadas pesquisas abordando desde aspectos

da história natural da biota, como a composição da flora e da fauna, até questões

relacionadas aos efeitos da fragmentação, à biologia reprodutiva dos grupos

A B

C

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139

vegetais (figura 35), o que coloca esta mata como uma das mais bem conhecidas da

região (Tabarelli, 1998).

Não somente a área do fragmento florestal, assim como no Horto

Zoobotânico são realizadas pesquisas, tais como estudos de comportamento dos

animais em cativeiro, observação da percepção da população visitante perante os

cativos, análise dos ectoparasitas dos espécimes expostos, dentre outros.

Tais estudos envolvem professores, pesquisadores, alunos de pós-graduação,

alunos de iniciação científica e técnicos de várias instituições universitárias

brasileiras, muitas vezes em colaboração com pesquisadores estrangeiros.

Anteriormente foi relatado que para a realização destas pesquisas científicas

é necessária à aprovação e autorização da administração do Parque. Os projetos

aprovados são encaminhados ao CEA, que deve auxiliar os pesquisadores a iniciar

sua pesquisa, acompanhando-os ao local de realização do seu estudo. Porém, nem

todos os pesquisadores são cadastrados ou possuem autorização para realização

de estudos na área do Parque, não havendo um controle efetivo sob este tipo de

atividade, nem uma estrutura de apoio capaz de dar o suporte necessário à mesma

(Braga, 2004).

Figura 35. Pesquisa científica realizada no Parque, tendo como foco de análise as partes reprodutivas da planta. Fonte: Braga, 2004.

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7.1.4 Vias de Acesso ao Parque

Por estar situada em meio à urbanização, o Parque é acometido por diversas

vias de acessos irregulares. A partir de observações diretas, foi possível notar que

ao longo do perímetro do mesmo, diversas aberturas ilegais podem ser

evidenciadas. A área localizada próxima a Estrada dos Macacos, pode ser citada

como um exemplo, pois nessa área existem aproximadamente 22 aberturas ilegais

na borda do Parque, através de cortes na cerca divisória, com trilhas para acesso à

mata por parte da população. Em geral, as aberturas se dão para a retirada de

lenha, frutas, caça de animais. Estas aberturas também funcionam como uma

forma de diminuir distâncias para a população que habita os bairros do entorno,

principalmente entre os de Sítio dos Pintos (figura 36) e Dois Irmãos.

Figura 36. Exemplo de trilhas clandestinas implantadas pela população que reside no bairro de Sítio dos Pintos, para ter acesso ao Parque. Fonte: Dan Vítor Braga, 2006.

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7.2 Atividades Potencialmente Impactantes Desenvolvidas no Entorno do Parque Estadual de Dois Irmãos

7.2.1 Urbanização do Entorno

A urbanização do entorno do Parque, como mencionado anteriormente,

iniciou no século XVIII e de forma aleatória sem atender a um planejamento

municipal (figuras 37A e 37B), o que a torna uma atividade potencialmente

geradora de impactos.

Atualmente, mais de 28.000 pessoas residem nos bairros em estudo, sendo a

maioria pertencente à classe média baixa, sem as condições consideradas mínimas

de sobrevivência pela ONU (ONU, 1992).

Esta população é formada por pessoas que trabalhavam nos

empreendimentos instalados na região (tais como o sistema de abastecimento do

Prata, pela Fábrica de Tecidos da Macaxeira e pela Universidade Federal Rural de

Pernambuco), pelos seus descendentes, bem como por pessoas que se fixaram na

área devido a falta de condição ou até mesmo pela expulsão das áreas consideras

de melhor condição da cidade.

Desta forma, na área de entorno da Unidade de Conservação é possível

observar construção de residências irregulares, principalmente nos morros e calha

de rios, como ocorre no bairro do Córrego do Jenipapo e na calha do Rio Macacos

na Guabiraba. Esta população no período chuvoso é acometida por diversas

enchentes e danos nos alicerces das construções e conseqüentemente no

solapamento do relevo (Bezerra, 2006).

Produzem diversas culturas de subsistência e algumas plantas medicinais, e

para tal atividade realizam cortes na vegetação e no relevo da área. Os cortes no

relevo também são realizados para a retirada de material mineral e posterior

comercialização, assim como para a construção de bares irregulares e campos de

futebol. Para a complementação da renda familiar também praticam a coleta de

espécies vegetais para a comercialização e a caça.

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Alguns moradores desenvolvem a atividade de piscicultura em propriedades

com pequena escala produtiva, onde há prática de criação de peixes ornamentais,

principalmente para a complementação da renda familiar.

Nos bairros de Dois Irmãos e Apipucos é possível observar as moradias de

classe média e por empreendimentos de grande e médio porte.

O bairro de Dois Irmãos recebe as conseqüências da presença do Parque,

principalmente do uso da área da Zona de Uso Intensivo, que promove o

desenvolvimento de comércio informal, como bares e lanchonetes ao longo das

vias de acesso à entrada da Unidade de Conservação.

A tradição da urbanização do bairro de Apipucos, assim como a paisagem

formada pelo Açude e as áreas circunvizinhas geram uma elevada especulação

imobiliária, o que não o exclui os problemas evidenciados nos demais bairros.

Figura 37. Urbanização presente no entorno do Parque. A – Limite oeste, bairro de Sítio dos Pintos; B – Limite leste, bairro de Córrego do Jenipapo. Fonte: Google Earth, 2007.

7.2.2 Terminal Integrado da Macaxeira

O Terminal Integrado da Macaxeira é formado por um complexo do

transporte rodoviário (figura 38) que diariamente recebe um intenso fluxo de

ônibus que transportam centenas de pessoas para várias localidades da cidade do

Recife e da Região Metropolitana. Este complexo funciona como um ponto de

integração de diferentes linhas de transporte urbano, com o intuito de que os

A BA B

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143

usuários do sistema possam percorrer grandes distâncias entre localidades (até

mesmo cidades) e pagar uma única taxa.

Figura 38. Localização do Terminal Integrado da Macaxeira, evidenciando a esquerda o Parque Estadual de Dois Irmãos e a direita a BR-101 e o bairro de Córrego do Jenipapo. Fonte: Google Earth, 2007.

7.2.3 Sistema Viário

O processo de ocupação da área de estudo iniciou-se na segunda metade do

século XIX, uma vez que a população se fixava ao longo das obras de distribuição

de água pelo sistema de abastecimento e pelas linhas de trens. Através desta

população o sistema viário foi implantado, sendo inicialmente formado por vias

de terra e algum tempo depois este trecho foi calçado.

Este processo de formação do sistema viário ganhou um grande impulso com

a construção da BR – 101, no ano de 1955. Essa obra proporcionou uma maior

concentração de veículos percorrendo a área de estudo e facilitou que a população

exigisse do Poder Público a melhoria do sistema viário local.

Atualmente, este sistema viário que circunda o Parque é composto por vias

que dão acesso em boas condições aos veículos que transportam os moradores dos

bairros da cidade de Recife, as centenas de automóveis que atravessam a cidade

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em direção ao norte e sul do país ou até mesmo os que vêm de outras localidades

para freqüentar o Parque Estadual de Dois Irmãos.

7.2.4 Tráfego Aéreo

O aeroporto de Recife está localizado ao sul da cidade e situado a alguns

quilômetros de distância da área de estudo. Porém, devido a esta localização,

diariamente diversas aeronaves utilizam o espaço aéreo na área de estudo para as

manobras necessárias para o pouso ou para passagem após a decolagem.

7.2.5 Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco – LAFEPE

O Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco – LAFEPE é uma

instituição do governo estadual com capacidade de produzir diversos produtos

farmacêuticos. Está localizada no bairro de Dois Irmãos, defronte a Praça Manoel

de Farias (figura 39), na entrada da Zona de Uso Intensivo – antigo Horto

Zoobotânico.

O LAFEPE manipula produtos químicos e biológicos para a produção de

medicamentos, sendo estes vendidos por preços menores que os praticados pelas

demais empresas nas cidades da Região Metropolitana do Recife e em alguns

Municípios do interior do Estado.

Figura 39. Vista do Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco - LAFEPE, que está instalado defronte a Praça Farias Neves ou de Dois Irmãos. Foto: Aretuza Brito Ramos, 2006.

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7.2.6 Fabricação de Móveis

Uma pequena empresa de fabricação de móveis encontra-se localizada no

bairro da Guabiraba. Segundo os funcionários do estabelecimento a madeira

utilizada para a fabricação do mobiliário é certificada. Entretanto, esta empresa

invade a área do Parque e provoca mudanças nas feições do relevo, para ocupar a

área que está definida no limite legal da Unidade. De acordo com Bezerra (2006),

este fato é de conhecimento do órgão de fiscalização e, embora o representante da

empresa tenha sido notificado várias vezes, o mesmo afirma que não se intimida,

permanecendo no local de forma irregular.

7.2.7 Postos de Combustíveis

Na área de estudo é possível observar diversos postos de combustíveis

instalados e em operação, principalmente nas áreas próximas as vias de acesso,

como a BR-101.

Para desenvolver esta atividade são necessários alguns requisitos, tais como:

licenças ambientais de instalação e operação, sendo estas emitidas pela CPRH,

como órgão ambiental do Estado; perfuração de valas para a instalação dos

tanques de armazenamento do combustível; impermeabilização do solo; dentre

outros. Entretanto, algumas empresas não realizam estas exigências de forma

adequada e acabam por gerar impactos.

7.2.8 Indústria de Engarrafamento de Água

No bairro da Guabiraba, mais precisamente as margens da BR – 101

encontra-se instalada e em operação uma Indústria de Captação e Engarrafamento

de água mineral. Essa empresa capta água do aqüífero Beberibe Inferior, sendo

então tratada e engarrafada para a posterior comercialização.

7.2.9 Perfuração de Poços Artesianos

Como a maioria das cidades brasileiras, o sistema de abastecimento da

cidade do Recife não oferece uma quantidade de água potável suficiente para

atender a demanda da população. Desta forma são perfurados poços artesianos

para a captação da água armazenada no aqüífero, o que torna esta atividade uma

das mais licenciadas pelo órgão ambiental do Estado – a CPRH. O levantamento

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realizado na CPRH demonstrou que, atualmente existem centenas de poços

perfurados na área entorno do Parque, ressaltando o fato de que o LAFEPE

também possui licenças para manter poços em seu interior funcionando.

7.2.10 Piscicultura

Segundo a FADURPE (2003), a atividade de piscicultura é desenvolvida em

algumas propriedades com pequena escala produtiva no bairro de Sítio dos

Pintos. Nesse bairro há uma prática do cultivo de peixes ornamentais,

principalmente para a complementação da renda familiar da população residente.

A água utilizada nesta atividade é captada de poços artesanais ou através do

próprio afloramento do lençol freático. O aqüífero, nestas propriedades, é

considerado superficial, uma vez que a população realiza escavações com uma

profundidade média de 50 cm para obter água. Normalmente estas perfurações

são realizadas diretamente nos viveiros de criação dos peixes.

Este tipo de abastecimento facilita o enchimento dos tanques, mas dificulta a

drenagem. As espécies de peixes são criadas, principalmente, em sistema semi-

intensivo, com arraçomento, sendo o produto comercializado localmente, em

feiras e mercados livres da cidade.

7.2.11 Agricultura

A produção agrícola desenvolvida na área do entorno do Parque é formada

basicamente por plantios de subsistência, sendo caracterizada por plantações de

milho (Zea mays), mamona (Ricinus communis), macaxeira (Manihot esculenta), e

diferentes árvores frutíferas. Deve ser ressaltada a presença do cultivo de plantas

que são utilizadas pela população local como fonte de recursos medicinais.

7.2.12 Pecuária

Pastagens naturais servem de suporte alimentício à criação de animais como

fonte de subsistência, podem ser evidenciadas, principalmente, nos bairros da

Guabiraba, Sítio dos Pintos e Dois Irmãos. A criação de animais de pequeno porte

pode ser observada nestes bairros, bem como animais de grande porte, como

bovinos e eqüinos também podem ser visualizada na área do entorno do Parque.

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Esta atividade, geralmente é realizada na forma de produção em pequena escala,

sendo os animais mantidos confinados.

7.2.13 Mineração

Como mencionado no diagnóstico ambiental, a área de estudo está situada

sobre a Formação Barreiras que é formada por camadas de argila e arenitos

grossos. Essa composição geológica propicia o surgimento da atividade de

mineração. A camada superficial do solo é bastante arenosa, e em alguns trechos

aflora um perfil mais argiloso, o que favorece a extração de material mineral.

Bezerra (2006) identificou diversas áreas com retirada de material mineral

nos bairros de Sítio dos Pintos e Guabiraba. Em visitas a campo foi observado na

porção leste do bairro da Guabiraba o funcionamento de duas áreas de mineração,

ou seja, lavra a céu aberto26.

26 Lavra a céu aberto: compreende a extração de matérias-primas minerais de jazidas próximas à superfície,

geralmente com a retirada da camada superior para extração do minério (Banco do Nordeste, 1999).

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8. IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS POTENCIAIS OBSERVADOS

Neste capítulo estão listados os impactos ambientais observados, ao longo do

período de estudo, objetivando a estruturação da Matriz de Interação de impactos

para a etapa da Avaliação.

Neste processo, a identificação dos impactos ambientais teve como

referência a análise das interferências geradas pelas Atividades Potencialmente

Impactantes identificadas sobre os fatores ambientais dos meios físico, biótico e

antrópico do Parque Estadual de Dois Irmãos.

8.1 Impactos que Afetam o Meio Físico

8.1.1 Desestabilização de taludes

Descrição do Impacto: observou-se, em diferentes localidades, cortes abruptos

no relevo das áreas estudadas, provavelmente resultantes dos impactos causados

por atividades desenvolvidas durante as construções das obras para a instalação

da BR-101 (figura 40A) e da Cidade da Criança (figura 40B). Estes cortes

caracterizam um processo erosivo ocorrido e ainda em curso, que permanecem

desestabilizando os taludes, contribuindo assim para o processo de formação de

voçorocas. Esse impacto é iniciado quando há supressão da vegetação que recobre

o solo, deixando-o exposto às intempéries do ambiente.

Observou-se que algumas atividades causadoras desse impacto continuam

sendo realizadas, proporcionando assim novos cortes e conseqüentemente, novos

pontos de desestabilização, como descrito no Diagnóstico Ambiental.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Vias de Acesso ao Parque;

Urbanização do Entorno; Terminal Integrado da Macaxeira; Sistema Viário;

Agricultura; e Mineração.

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Figura 40. Cortes realizados no relevo da área de estudo. A – Para a construção da BR – 101; B – Para a construção da Cidade da Criança na Zona de Uso Intensivo. Fotos: Aretuza Brito Ramos, 2006.

8.1.2 Degradação do solo

Descrição do Impacto: a formação desse impacto ocorre com a supressão da

vegetação, proporcionando a degradação do solo, uma vez que o este fica exposto

às ações dos agentes degradadores. Estes fatores associados ao tráfego de veículos

e de pessoas podem provocar modificações na estrutura do solo e

conseqüentemente, gerar a formação de processos erosivos.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Vias de Acesso ao Parque;

Urbanização do Entorno; Sistema Viário; Postos de Combustíveis; Agricultura

Pecuária; e Mineração.

8.1.3 Risco de contaminação do solo

Descrição do Impacto: a formação deste impacto está associada ao processo

produtivo da atividade geradora, uma vez que a produção de fármacos ou o

vazamento de combustíveis possibilita o risco de contaminação do solo através

dos efluentes químico presentes no processo produtivo utilizado pela empresa e

pelos Postos. Ocorre também através da geração de lixo acumulado nas áreas

urbanizadas.

B A

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150

API fonte do impacto: LAFEPE; Urbanização do Entorno; e Postos de

Combustíveis.

8.1.4 Aceleração da drenagem superficial

Descrição do Impacto: a exposição direta do solo, resultante do desmatamento,

deflagra o processo de degradação associado à compactação e ao encrostamento

da superfície do solo, dificultando a infiltração da água, aumentando o

escoamento superficial e iniciando o processo de erosão laminar. Caso não sejam

tomadas as devidas providências com práticas conservacionistas, o processo tende

a evoluir podendo chegar à erosão em sulco ou em voçorocas.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; e Vias de Acesso ao Parque.

8.1.5 Rebaixamento do aqüífero

Descrição do Impacto: as atividades que possibilitam o rebaixamento do

aqüífero são aquelas diretamente ligadas ao uso contínuo e inadequado do recurso

(figuras 41A e 41B)), que pode chegar à exaustão, se o crescimento do consumo

gerar déficit em relação à recarga do aqüífero (figura 41C). Caso a ação geradora

do o impacto permaneça, pode tornar-se sem possibilidades de ser minimizado,

gerando outros de segunda ordem, como a intrusão de águas salinas no aqüífero.

API fonte do impacto: Captação de Água para Abastecimento; Indústria de

Engarrafamento de Água; Perfuração de Poços Artesianos; e Piscicultura.

Figura 41. Representações esquemáticas do rebaixamento do aqüífero. A - B Realizada pela Atividade de Perfuração de Poços Artesianos; C – Através da Captação de Água dos mananciais para Abastecimento. Fotos: Aretuza Brito Ramos, 2006.

A

B C

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151

8.1.6 Risco de intrusão de águas salinas no aqüífero

Descrição do Impacto: o uso descontrolado da reserva do aqüífero pode

chegar a provocar a intrusão da cunha da água salgada, na direção do continente,

gerando o risco de salinização dos poços existentes e conseqüentemente

contaminando as águas utilizadas para o abastecimento da cidade. Este impacto

foi constatado, pelo CREA em algumas localidades próximas a área de estudo.

API fonte do impacto: Captação de Água para Abastecimento; Perfuração de

Poços Artesianos; e Indústria de Engarrafamento de Água.

8.1.7 Risco de contaminação do aqüífero

Descrição do Impacto: a contaminação do aqüífero pode se dar através das

atividades que realizam a extração e utilização direta do recurso ou por atividades

que durante seu processo de operação geram efluentes que possam penetrar no

solo e conseqüentemente contaminar o aqüífero.

A contaminação do aqüífero também poderá ocorrer através da infiltração de

efluentes nas áreas de recarga que estão localizadas ao norte do bairro de

Guabiraba,

Caso esse impacto ocorra, à população que é abastecida pela água proveniente

da captação de água fornecida pela COMPESA ou pelos poços artesianos sofrerá

com tal impacto.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Captação de Água para o

Abastecimento; LAFEPE; Indústria de Engarrafamento de Água; Postos de

Combustíveis; Perfuração de Poços Artesianos; e Piscicultura.

8.1.8 Eutrofização e assoreamento dos mananciais

Descrição do Impacto: o processo de formação desse impacto é iniciado

através do carreamento de partículas sólidas para os cursos d’água, ocasionando

assoreamento e aumento da turbidez da água. Na área estudada esse processo é

conseqüência, entre outros fatores:

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- dos cortes realizados no relevo do interior do Parque, para a construção de

espaços para lazer, a exemplo da Cidade da Criança, gerando assim material

sólido, que através das chuvas são levados para o interior dos Açudes;

- a manutenção do sistema de abastecimento, quando é realizada a retirada da

vegetação das margens dos mananciais que impede o carreamento da superfície

do solo para o interior dos Açudes;

- os resíduos gerados nos recintos dos animais cativos presentes na Zona de

Uso Intensivo, que são lançados nos Açudes do Germano (figuras 42A e 42B) e

Dois Irmãos, aumentando o processo natural de eutrofização e o assoreamento a

que estes estão submetidos.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Captação de Água para

Abastecimento.

Figura 42. Vista assoreamento do Açude do Germano. A – Visão defronte ao pedalinho; B – Visão defronte aos quiosques de alimentação. Fotos: Aretuza Brito Ramos, 2006.

A

B

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153

8.1.9 Poluição do ar

Descrição do Impacto: neste estudo foram registradas atividades geradoras de

emissões de gases e materiais particulados no ar.

Os gases são provenientes de veículos, restaurantes e quiosques instalados no

interior do Parque, destacando-se a produção de monóxido de carbono (CO) e o

dióxido de carbono (CO2).

O material particulado, como a fuligem gerada pelos escapamentos e poeiras

emitidos durante o deslocamento de veículos (figura 43), através do corte da

madeira para a construção de móveis e durante a extração de mineral. Estes

poluentes se acumulam nas folhas das plantas, penetram nos estômatos e

diminuem a fotossíntese, afetando o desenvolvimento das plantas.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Terminal Integrado da

Macaxeira; Sistema Viário; Fabricação de Móveis; e Mineração.

Figura 43. Emissão de material particulado e gases poluentes gerados pelo Terminal Integrado da Macaxeira e a circulação de veículos na BR – 101. Foto: Aretuza Brito Ramos, 2006.

8.1.10 Poluição sonora

Descrição do Impacto: as fontes de geração da poluição sonora são inúmeras,

mas é possível assinalar algumas como: a movimentação dos veículos (figura 36);

as aeronaves que sobrevoam a área de estudo; os ruídos gerados através da

utilização do maquinário na fabricação de móveis, o elevado número de pessoas

que visitam o Parque, principalmente durante os finais de semana e feriados; e

pelo sistema de som instalado no interior da Zona de Uso Intensivo do Parque.

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Tratando-se de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, o principal

problema causado por este impacto é o fato de que ele atinge os componentes da

fauna terrestre que são afugentados para outros habitats, principalmente as

espécies de mamíferos e aves de hábito diurno.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Terminal Integrado da

Macaxeira; Sistema Viário; Tráfego Aéreo; Fabricação de Móveis; e Mineração.

8.1.11 Geração de efluentes

Descrição do Impacto: a produção de peixes ornamentais, as fossas

construídas de forma irregular e os esgotos das residências existentes no entorno

geram efluentes que são carreados e vão contaminar os mananciais e o aqüífero

presente na área de estudo.

API fonte do impacto: Urbanização do Entorno; e Piscicultura.

8.1.12 Geração de resíduos

Descrição do Impacto: esse impacto é causado através:

- do descarte de materiais como papel, latas de bebidas, copos descartáveis,

restos de alimentos, etc. realizado pela população que usufrui do Parque(figura

44A) e pelas comunidades residentes na área do entorno (figura 44B);

- da criação de animais em que os dejetos e o material descartado após a

vacinação e medicação, não são descartados corretamente;

- durante a passagem dos veículos que trafegam nas ruas, avenidas e rodovias

que lançam resíduos na faixa de domínio do sistema viário;

- do restaurante, quiosques e lojas localizados no interior do Parque.

Estes materiais quando depositados em locais inadequados podem provocar

vários impactos de segunda ordem.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Vias de Acesso ao Parque;

Urbanização do Entorno; Terminal Integrado da Macaxeira; Sistema Viário; e

Pecuária.

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Figura 44. Resíduos lançados na área de estudo. A - Detalhe da lâmina d’água do Açude do Germano, evidenciando os resíduos (setas) lançados pelos visitantes; B – Resíduos lançados pela população residente no entorno do Parque. Fotos: Aretuza Brito Ramos, 2006.

8.2 Impactos que Afetam o Meio Biótico

8.2.1 Degradação da paisagem natural

Descrição do Impacto: conforme descrito no Diagnóstico, as transformações da

paisagem natural presente na área de estudo, em uma paisagem antropizada,

iniciaram durante as construções que foram realizadas para a implantação do

sistema de abastecimento, na primeira metade do século XIX. A área, onde

atualmente se encontram os mananciais, era caracterizada por uma rica vegetação,

que cobria uma extensa topografia acentuada, formando um vale onde se

localizava um único riacho - o Prata (Braga, 2004).

A partir de então, outras modificações foram ocorrendo, inclusive as

realizadas para o estabelecimento das atividades abordadas por este estudo.

Entretanto, a retirada da vegetação para aumentar a área ocupada por tais

atividades, ou para a manutenção e estabelecimento de novos locais de uso,

proporciona uma maior degradação da paisagem natural da área.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Captação de Água para

Abastecimento; Vias de Acesso ao Parque; Urbanização do Entorno; Terminal

Integrado da Macaxeira; Sistema Viário; Piscicultura; e Agricultura.

8.2.2 Redução da biodiversidade

Descrição do Impacto: todas as Atividades presentes na área de estudo são

Potencialmente geradoras de impactos diretos e indiretos sobre a biodiversidade

A B

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156

desta Unidade de Conservação. Entretanto, foram consideradas apenas aquelas

que apresentavam impactos diretos sobre o Parque Estadual de Dois Irmãos.

As atividades que geram impacto direto sobre a biodiversidade são aquelas

relacionadas à criação de animais (domésticos ou cativos) e as que provoquem

alteração nos ecossistemas presentes, não somente no interior do Parque, mas

também naqueles que estão presentes nas áreas do entorno.

As alterações nos ecossistemas, a destruição de habitats e a fragmentação das

áreas naturais, presentes não somente no interior do Parque Estadual de Dois

Irmãos, mas também no seu entorno, trazem sérias conseqüências ao bioma Mata

Atlântica, reduzido atualmente a apenas 7% da sua cobertura original, podendo

também diminuir a complexidade da dinâmica ecológica presente na área de

estudo e interferir definitivamente nas relações existente entre as espécies.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Pesquisa Científica;

Urbanização do Entorno; Piscicultura; Agricultura; Pecuária; e Mineração.

8.2.3 Introdução de espécies exóticas

Descrição do Impacto: a introdução de espécies exóticas que pode ocorrer por

meios naturais ou pela ação humana pode gerar impactos diretos no Parque,

podendo beneficiar a diversidade biológica existente no local ou até mesmo

provocar redução e simplificação dos ecossistemas.

Espécies de aves, cuja distribuição natural é o bioma Caatinga, foram

observadas na área do Parque, como mencionado no Diagnóstico Ambiental. Este

fato ocorre devido à utilização inadequada da Unidade como área de soltura pelos

órgãos ambientais. Além de provocar alterações nos ecossistemas do Parque, essas

espécies podem atuar como vetores de doenças para as demais que são nativas,

bem como através da competição e crescimento da população invasora, pela falta

de predadores naturais, agravarem o quadro de extinção local presente neste

fragmento.

As áreas da Zona de Uso Intensivo – antigo Horto Zoobotânico, relacionadas

com a exposição de animais oferecem um risco constante de fuga. Dependendo

das características da espécie em questão, esta API pode ser responsável pela

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introdução de espécies exóticas à fauna local, ou de indivíduos exóticos às

populações locais. Monteiro da Cruz e Barreto Campello (1998) observaram a

materialização deste fato, relatando a fuga de animais cativos, resultantes de

falhas em seu manejo.

Durante a identificação deste impacto, também foi observada a presença de

espécies exóticas e potencialmente invasoras vivendo livremente Zona de Uso

Intensivo, como é o caso do molusco Achatina fulica (figura 45A). Esta espécie, de

origem africana, foi introduzida no Brasil como alternativa à produção de escargot.

Os indivíduos são extremamente resistentes, sobrevivendo em diferentes

temperaturas e com uma longevidade de cerca de sete anos. Esta espécie é tida

como altamente invasora, sendo responsável por graves desequilíbrios ecológicos

(Faraco, 2007).

No Açude do Germano, foi observada a presença de indivíduos de

“Tucunaré” (Cichla sp.), espécie carnívora, amazônica, de comportamento

agressivo, sendo um predador voraz dos indivíduos das espécies da ictiofauna

nativa (figura 45B). Esta espécie tem sido responsável por grandes perdas na

biodiversidade dos corpos d’água por todo o Brasil.

Também é possível observar espécies como Mangifera indica (Mangueira),

Carica papaya (Mamoeiro) e Anacardium occidentale (Cajueiro).

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; e Urbanização do Entorno.

Figura 45. Espécies exóticas observadas na Zona de Uso Intensivo. A – Caracol gigante africano (Achatina fulica); B- “Tucunaré” (Cichla sp.). Barra = 1cm. Fotos: Dan Vítor Vieira Braga, 2006.

A B

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8.2.4 Vias de acesso irregulares na área legal do Parque

Descrição do Impacto: a população residente no entorno da Unidade de

Conservação introduz diversas vias de acesso irregulares na área legal do Parque

(figuras 46A e 46B), uma vez que os residentes realizam cortes na cerca divisória

para ter acesso à área da Unidade de Conservação ou para diminuir distâncias

entre os bairros. Os cortes realizados na cerca geram diversos pontos de acesso

irregulares na área legal do Parque, podendo acarretar na geração de diversos

outros impactos nessa Unidade.

API fonte do impacto: Urbanização do Entorno.

Figura 46. Acessos irregulares na área do Parque realizados pela população. A – Acesso realizado pelo corte da cerca divisória, no limite do bairro de Sítio dos Pintos; B – Trilha clandestina no interior da Unidade de Conservação. Fotos: Aretuza Brito Ramos, 2006.

8.2.5 Evasão da fauna

Descrição do Impacto: algumas espécies, devido as suas características

biológicas, apresentam uma certa sensibilidade à permanência dos veículos e

aeronaves trafegando diariamente na área de estudo, bem como as demolições que

ocorrem nas áreas de extração mineral.

Estas Atividades podem causar modificações comportamentais, dentre elas

está o deslocamento dos indivíduos para áreas onde esse efeito é minimizado. A

A B

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159

evasão da fauna do Parque Estadual de Dois Irmãos pode chegar à simplificação

dos ecossistemas e, conseqüentemente interferir na dinâmica dos processos

ecológicos locais, agravando o quadro de extinção local presente neste fragmento.

Esse impacto também está associado à retirada da cobertura vegetal e ao acesso

das pessoas a área do Parque.

API fonte do impacto: Terminal Integrado da Macaxeira; Sistema Viário;

Tráfego Aéreo; e Mineração.

8.2.6 Coleta seletiva de espécies

Descrição do Impacto: a coleta seletiva de espécies praticada na área do

Parque é realizada para fins específicos, tais como: comercialização de animais e

plantas; consumo familiar (figura 47A), quando se trata de animais; prática de

rituais religiosos; medicinais; e como material de pesquisa científica (figura 47B),

podem causar impactos diretos sobre o Parque. As vias de acesso ao Parque e a

urbanização presente no entorno dão subsídios para a ocorrência desse impacto.

A coleta realizada pelos pesquisadores pode não parecer um impacto a ser

considerado para este estudo. No entanto, se avaliar as grandes quantidades de

materiais necessárias para tornar a análise válida estatisticamente, assim como a

coleta das espécies responsáveis pelos processos chaves da dinâmica ecológica,

principalmente as que ocorrem em pequenas escalas, fazem com que este impacto

passe a ser considerado relevante.

Figura 47. Armadilhas instaladas no interior do Parque Estadual de Dois Irmãos. A- Implantadas pela população; B –Pelos pesquisadores. Fonte: Braga, 2004; Foto: Aretuza Brito Ramos, 2006.

A B

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160

API fonte do impacto: Pesquisa Científica; Vias de Acesso ao Parque; e

Urbanização do Entorno.

8.2.7 Efeito de borda

Descrição do Impacto: esse impacto é resultado do desmatamento e corte

seletivo da floresta, realizado pela população do entorno do Parque, que aumenta

drasticamente a sua quantidade de borda, onde o microambiente é diferente

daquele do interior da floresta.

Os efeitos de borda mais importantes é o aumento nos níveis de luz,

temperatura, umidade e vento, sendo muitas vezes evidentes nos 35 primeiros

metros do fragmento. Uma vez que as espécies de plantas e animais são

freqüentemente adaptadas, de forma precisa a certos fatores abióticos, essas

mudanças eliminarão muitas espécies presentes neste fragmento, acarretando na

mudança da fisionomia da flora e na composição da fauna.

Espécies nativas tolerantes à sombra, e animais sensíveis à umidade, tais como

anfíbios, são freqüente e rapidamente eliminados pela fragmentação de hatitat,

levando a uma mudança na composição das espécies da comunidade.

API fonte do impacto: Urbanização do Entorno; Vias de acesso ao Parque.

8.2.8 Ocorrência de incêndios

Descrição do Impacto: este impacto pode ocorrer tanto no interior do Parque,

como nas áreas do entorno da Unidade, causados pela utilização de pessoas e

veículos, gerando princípios de incêndio que, caso encontre condições adequadas,

irão se estender e destruir a flora, afetando também a fauna. Este fato foi relatado

pela administração do Parque Estadual de Dois Irmãos, que presenciou um

incêndio gerado pela população residente no entorno da Unidade, causado através

da utilização de velas em cultos afro-religiosos (figuras 48A e 48B).

Este impacto também pode ser gerado: pela presença de pessoas fumantes,

uma vez que os restos dos cigarros acesos podem ser jogados em áreas favoráveis

para que o impacto ocorra; pelos combustíveis utilizados nos Postos existentes no

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161

entorno da Unidade; assim como pelo uso indevido de fogueiras durante os cursos

de sobrevivência, promovidos através do Uso Público Recreativo.

Figura 48. Cultos religiosos realizados na área do Parque pela população residente no entorno. A – Presença de imagens, tridentes e moedas; B – Imagens e velas (seta) sobre uma gramínia seca de fácil combustão. Fotos: Aretuza Brito-Ramos, 2005.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Vias de Acesso ao Parque;

Urbanização do Entorno; Terminal Integrado da Macaxeira; Sistema Viário;

LAFEPE; e Postos de Combustíveis.

8.2.9 Proporcionar a geração de conhecimento sobre a biodiversidade

Descrição do Impacto: devido à localização geográfica do Parque e por estar

situado próximo a diversas instituições de ensino e pesquisa, vários estudos foram

desenvolvidos, o que coloca esta Unidades como uma das mais bem conhecidas

do Estado.

Atualmente, são realizados estudos abordando a composição da flora e da

fauna, as questões relacionadas aos efeitos da fragmentação, à biologia

reprodutiva, o comportamento dos animais cativos e nativos, observação da

percepção da população visitante perante os cativos, a relação da comunidade

circunvizinha sobre o Parque, dentre outros.

Tais estudos proporcionaram a caracterização dos fatores ambientais descritos

no Diagnostico deste trabalho.

API fonte do impacto: Pesquisa Científica

A B

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162

8.3 Impactos que afetam o Meio Antrópico

8.3.1 Aceleração da ação antrópica

Descrição do Impacto: o crescimento populacional e, conseqüentemente, a

expansão urbana da cidade, são responsáveis pelo aumento da pressão antrópica

sobre os fatores ambientais presentes em Unidades de Conservação urbanas, como

ocorre com o Parque Estadual de Dois Irmãos.

Esse impacto é otimizado pelas condições proporcionadas por outras

Atividades Potencialmente Impactantes, tais como as vias de acesso irregulares

que permitem a entrada no limite legal do Parque para a realização da coleta

seletiva; o Sistema Viário e o Terminal Integrado da Macaxeira que permitem a

facilitação de transporte para a área.

A falta de fiscalização efetiva realizada pelos órgãos competentes, descritos no

Diagnóstico Ambiental, contribui para a aceleração das ações degradadoras dos

fatores ambientais provocadas pela espécie humana.

API fonte do impacto: Vias de Acesso ao Parque; Terminal Integrado da

Macaxeira; Sistema Viário; e Urbanização do Entorno.

8.3.2 Alteração do uso e ocupação do solo

Descrição do Impacto: O processo histórico de criação do Parque, descrito no

Diagnóstico Ambiental, demonstra as transformações realizadas no espaço, sendo

este substituído de forma desordenada por áreas urbanizadas.

A Lei Municipal n° 16.176/1996 foi elaborada, como o objetivo de disciplinar

o uso e a ocupação do solo, respeitando-se as características geomorfológicas das

diversas áreas que compõem o município, bem como, os seus valores sociais,

paisagísticos e histórico-culturais.

Essa Lei definiu o zoneamento urbano, como demonstrado anteriormente.

Desta forma, a área de estudo compreende Zonas Especiais de Proteção

Ambiental, de Urbanização Restrita, de Urbanização Preferencial, Especial do

Patrimônio Histórico-Ambiental, Especial de Interesse Social e de Urbanização de

Morros (figura 30).

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163

O diploma acima citado, também, normatiza os diferentes usos permitidos

para cada uma destas Zonas. Assim, esse impacto é caracterizado como sendo

qualquer alteração provocada por uma atividade antrópica que vai de encontro ao

estabelecido nesta Lei.

API fonte do impacto: Vias de Acesso ao Parque; Urbanização do Entorno;

Sistema Viário; LAFEPE; Fabricação de Móveis; Indústria de Engarrafamento de

Água; Perfuração de Poços Artesianos; Piscicultura; Agricultura; Pecuária; e

Mineração.

8.3.3 Ocupação irregular na área do Parque

Descrição do Impacto: a expansão urbana da cidade, atualmente é responsável

pela ocupação das áreas localizadas no entorno do Parque, uma vez que esta é

uma área relativamente grande e que como tantas outras Unidades de

Conservação, sofrem impactos gerados pela população que aos poucos, vai

ocupando sua área par fins de moradia.

Esse impacto é facilmente evidenciado dentro da área legal do Parque. Vale

ressaltar que Bezerra (2006) afirma que a Unidade, atualmente, só apresenta 300ha,

o que equivale a uma perda 87,4ha da área original, perdendo seu território com a

ocupação para fins residências, localizadas principalmente, no bairro de Sítio dos

Pintos (figuras 49A e 49B).

Este impacto pode ser agravado por meio das ações realizadas pela própria

Prefeitura da Cidade de Recife, uma vez que esta implanta serviços públicos,

principalmente, nas áreas com ocupações irregulares.

API fonte do impacto: Urbanização do Entorno.

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164

Figura 49. Habitações localizadas na área legal do Parque. A – Residências instaladas na entrada de acesso a Estação Elevatório dos Macacos; B – Moradias advindas do bairro de Sítio dos Pintos. Fotos: Aretuza Brito-Ramos, 2006.

8.3.4 Contenção do avanço da urbanização do entorno sobre os limites da Unidade de Conservação

Descrição do Impacto: esse impacto foi relatado em trabalhos realizados

anteriormente na área do Parque. Os autores (Meunier, 1998; Brito-Ramos et al.,

2005) evidenciaram a presença da BR – 101, atuando como uma barreira de

contenção do avanço da população na área legal do Parque, pois o fluxo de

veículos desta rodovia impõe um limite facilmente visível a este avanço (figura

50). Fato que não acontece em seu limite oeste, local onde este avanço da ocupação

e a invasão da área legalmente protegida, podem ser nitidamente observados.

API fonte do impacto: Sistema Viário.

A B

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165

Figura 50. Imagem aérea do limite do Parque Estadual de Dois Irmãos, evidenciando dois detalhes dos trechos Oeste (esquerda) e Leste (direita) do Parque, evidenciando o papel exercido pela BR-101 (seta) na contenção do avanço da urbanização. Fonte: Google Earth, 2007; Fotos: Prefeitura da Cidade de Recife, 2005.

Page 166: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

166

8.3.5 Interferência no Patrimônio Histórico

Descrição do Impacto: o Patrimônio Histórico presente na área de estudo,

como mencionado no Diagnóstico, é tombado por Decreto Estadual. As

Atividades Potencialmente Impactantes que geram este impacto atuam por meio

de:

- mudanças nas condições de qualidade e quantidade das águas dos Açudes,

através da manutenção do sistema de abastecimento ou pela eutrofização e

assoreamento;

- descaracterização dos poços, galerias filtrantes e do Chalé do Prata;

- degradação dos ecossistemas e da topografia que compõem o Parque;

- transformações da paisagem;

- destruição das estruturas originais do Aterro Estrada que interligava o atual

acesso da Zona de Uso Intensivo aos Açudes;

- coleta/roubo do material das instalações presentes pelos visitantes,

pesquisadores e comunidade do entorno.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo; Captação de Água para

Abastecimento; Pesquisa Científica; e Urbanização do Entorno.

8.3.6 Geração de renda/ economia informal

Descrição do Impacto: o fluxo de visitantes que freqüentam o Parque criou

um nicho diferencial de mercado na região, dinamizando a economia local. Desta

forma, com o passar do tempo, o comércio informal, principalmente ambulante,

começou a se concentrar nas cercanias da entrada de acesso do Parque.

Este comércio é composto por vendedores ambulantes, cujo foco de suas

mercadorias é o público infantil e cambistas que abordam acintosamente os

visitantes. Estes distúrbios são mais explícitos nas épocas e dias de maior visitação,

como nos fins de semana e feriados (figuras 51A e 51B). Este impacto proporciona

o surgimento de bares e restaurantes para atender ao novo mercado criado na

entrada da Unidade (figura 51C), assim como grandes quantidades de resíduos.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo.

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167

Figura 51. Aspecto da paisagem da entrada do Parque. A – B Presença de comércio informal não-disciplinado; C - Descaracterização do Patrimônio Histórico. Fotos: Dan Vítor Vieira Braga, 2006.

8.3.7 Provisão de atividades recreativas

Descrição do Impacto: esse impacto é caracterizado pela promoção de

atividades recreativas para a população que visita as áreas do Parque. Atualmente,

a Unidade de Conservação recebe cerca de 250.000 visitantes por ano, sendo

formado por pessoas de vários locais da cidade e de Município da Região

Metropolitana.

Para atender a essa demanda de visitantes, a Zona de Uso Intensivo, localizada

no interior do Parque apresenta diversas atividades recreativas nas quais a

população pode usufruir, tais como teatros, sendo um flutuante (figura 52A), um

Museu de História Natural (figura 52B), onde o observador pode contemplar

espécimes taxidermizados, diversos brinquedos (figura 52C), palco recreativo

(figura 52D), dentre outros.

API fonte do impacto: Uso Público Recreativo.

A B

C

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168

Figura 52. Atividades recreativas desenvolvidas no Parque Estadual de Dois Irmãos. A – Teatro flutuante no Açude do Prata; B – Museu da História Natural; C – Brinquedo mecanizado; C – Palco recreativo na Cidade da Criança. Fotos: Aretuza Brito-Ramos, 2006.

B

A

DC

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169

9. AVALIAÇÃO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS IDENTIFICADOS

Foram identificados, através do Check List, 28 impactos que incidem

diretamente sobre os fatores ambientais do Parque Estadual de Dois Irmãos

(anexo 1). A representação e compatibilização das inter-relações existentes entre as

API identificadas e os diferentes componentes ambientais estão apresentadas na

Matriz de Interação dos Impactos.

Os resultados obtidos na Avaliação dos Impactos identificados para as

Atividades Potencialmente Impactantes consideradas para este estudo, foram

classificados de acordo com dois atributos: intensidade e importância.

9.1 Avaliação da Intensidade dos Impactos Ambientais

A intensidade de um impacto refere-se ao grau de incidência deste (alta,

média, baixa) sobre os diferentes fatores ambientais, em relação ao seu universo,

na forma como está presente na área de estudo. A intensidade também considera

os impactos que causam benefícios (positivos) ou ameaças (negativo) ao meio

ambiente (CONSPLAN, 2001).

Entretanto, antes de se apresentar os resultados obtidos nesta Avaliação, é

necessário que se destaque a relação da natureza dos impactos gerados pelas

Atividades Potencialmente Impactantes. Foi observado que os especialistas

consideraram a maioria dos impactos avaliados (71%) negativos, sendo

considerados positivos apenas os evidenciados na tabela 7. Isto ratifica a

necessidade de que ações de controle sejam deflagradas na tentativa de gerir os

impactos identificados neste estudo.

Os oito impactos considerados positivos foram gerados pelas seguintes

Atividades Potencialmente Impactantes: Uso Público Recreativo, Pesquisa

Científica, Sistema Viário e LAFEPE. Dentre estas, destaca-se o Sistema Viário que

apresentou quatro impactos, cujas ações geram benefícios para o Parque Estadual

de Dois Irmãos (tabela 7).

Dentre os meios afetados por estes impactos, o antrópico foi o que obteve a

maior freqüência (60%). Entretanto, a maioria proporciona o aumento da pressão

antrópica sobre a Unidade de Conservação. Desta forma, acredita-se que houve,

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170

durante a Avaliação, uma modificação do objeto de análise, sendo considerada,

então a dinâmica social que ocorre no entorno do Parque. Mesmo assim, este fato

não comprometeu a análise da AIA.

Tabela 7. Relação dos impactos que incidem sobre o Patrimônio Ambiental do Parque Estadual de Dois Irmãos e os meios afetados por eles, que foram valorados positivamente pelos especialistas.

Atividade Potencialmente

Impactante Impacto Ambiental Positivo Meio Afetado

Provisão de atividades recreativas Antrópico Uso Público Recreativo

Geração de renda /economia informal Antrópico

Coleta seletiva de espécies Biótico Pesquisa científica

Proporcionar a geração de conhecimento sobre a biodiversidade Biótico

Alteração do uso e ocupação do solo Antrópico

Aceleração da ação antrópica Antrópico

Vias de acesso irregulares na área legal do Parque Físico

Físico

Sistema Viário

Contenção do avanço da urbanização sobre os limites da Unidade de Conservação Biótico

LAFEPE Alteração do uso e ocupação do solo Antrópico

As Atividades Potencialmente Impactantes que, após a Avaliação

apresentaram maior intensidade de impactos sobre os fatores ambientais presentes

no Parque Estadual de Dois Irmãos foram a Indústria de Engarrafamento de Água

(100%), LAFEPE (75%), Perfuração de Poços Artesianos (75%), Urbanização do

Entorno (62,5%), Vias de Acesso ao Parque (60%) e Agricultura (60%). As demais

Atividades possuíram freqüência igual ou inferior a 50% (figura 53).

Embora todos os impactos valorados para a Indústria de Engarrafamento de

Água tenham sido considerados de alta intensidade, essa Atividade apresentou

apenas quatro impactos identificados. Se comparada a outras Atividades que

Page 171: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

171

apresentaram mais impactos significativos identificados, como por exemplo, a

Urbanização do Entorno que apresentou nove impactos significativos dos 16

identificados, a Indústria de Engarrafamento de Água passa a ter interesse

secundário para a análise da equipe gestora da Unidade de Conservação.

O meio mais afetado pelos impactos foi o biótico, o que demonstrando que as

Atividades Potencialmente Impactantes presentes na área de estudo, causam

impactos diretos e de alta incidência sobre a biota do Parque Estadual de Dois

Irmãos. Este foi seguido pelo meio físico, no qual a geologia, geomorfologia e os

recursos hídricos os fatores mais afetados.

Dentre os impactos mais intensos, o “rebaixamento do aqüífero”, o “risco de

contaminação do aqüífero”, a “degradação da paisagem natural”, a “redução da

biodiversidade” e a “aceleração da ação antrópica” foram os que se destacaram

por apresentar a maior freqüência dentre os investigados.

9.2 Avaliação da Importância dos Impactos Ambientais

A importância está associada ao grau de interferência do impacto sobre os

diferentes fatores ambientais, também podendo ser denominada de alta, média e

baixa, na medida em que tenha maior ou menor influência sobre o conjunto da

qualidade ambiental presente na área de estudo.

Desta forma, após a Avaliação dos Impactos Ambientais identificados foi

possível observar que a “redução da biodiversidade”, a “degradação da paisagem

natural”, o “risco de contaminação do aqüífero” e o “rebaixamento do aqüífero”

apresentaram maior interferência (66,6%) nos fatores ambientais do Parque

Estadual de Dois Irmãos (figura 54).

Das 17 Atividades Potencialmente Impactantes identificadas como geradoras

de impactos diretos sobre o Parque, apenas o Tráfego Aéreo, a Fabricação de

Móveis, a Pecuária e a Mineração não apresentaram nenhum impacto de alta

intensidade.

Estes impactos incidem diretamente sobre os componentes dos meios físico e

biótico, como descrito nas etapas anteriores, bem como de forma indireta, acabam

por afetar o meio antrópico, uma vez que as relações sociais existentes dependem

Page 172: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

172

da manutenção do equilíbrio dos demais agentes envolvidos no meio ambiente

(tabela 8).

Page 173: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

173

Figura 53. Valoração da intensidade dos impactos identificados, após a Avaliação, relacionados às respectivas Atividades Potencialmente Impactantes.

0

20

40

60

80

100

120

Atividades Potencialmente Impactantes

Freq

uênc

ia d

a In

tens

idad

e do

s Im

pact

os

Uso Público Recreativo Captação de Água para AbastecimentoPesquisa Científica Vias de AcessoUrbanização do Entorno Terminal Integrado da MacaxeiraSistema Viário Tráfego AéreoLAFEPE Fábrica de MóveisPostos de Combustíveis Indústria de Engarrafamento de ÁguaPerfuração de Poços PisciculturaAgricultura PecuáriaMineração

Page 174: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

174

Figura 54. Valoração da importância dos impactos identificados, após a Avaliação dos especialistas.

05

10152025303540455055606570

1

Impactos Ambientais Observados

Freq

ünci

a da

Impo

rtân

cia

dos

Impa

ctos

Redução da biodiversidade Risco de contaminação do aqüíferoDegradação da paisagem natural Rebaixamento do aqüíferoGeração de resíduos Vias de acesso irregular na área legal do ParqueOcupação irregular na área do Parque Aceleração da ação antrópicaAsoreamento dos mananciais Alteração no uso e ocupação do soloDesestabilização de taludes Geração de conhecimento sobre a biodiversidadeInterferência no Patrimônio Histórico Efeito de bordaDegradação do solo Ocorrência de incêndiosPoluição sonora Desestabilização de taludesContenção do avanço da urbanização Risco de intrusão de águas salinas no aqüíferoEvasão da fauna Risco de contaminação do soloIntrodução de espécies exóticas Provisão de atividades educativas

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175

Tabela 8. Matriz de Interação das Atividades Potencialmente Impactantes presentes na área de estudo e os possíveis impactos ambientais gerados por elas relacionados aos fatores ambientais.

MEIO FÍSICO MEIO BIÓTICO MEIO ANTRÓPICO

FATORES AMBIENTAIS / ATIVIDADES E IMPACTOS

AMBIENTAIS CLI

MA

GEO

LOG

IA E

GEO

MO

RFO

LOG

IA

REC

UR

SOS

HÍD

RIC

OS

FLO

RA

FAU

NA

USO

E O

CU

PAÇ

ÃO

DO

SO

LO

DEM

OG

RA

FIA

ECO

NO

MIA

Desestabilização de taludes

Degradação do solo

Aceleração da drenagem superficial

Eutrofização e Assoreamento dos mananciais

Risco de contaminação do aqüífero

Poluição do ar

Poluição sonora

Geração de resíduos

Degradação da paisagem natural

Redução da biodiversidade

Introdução de espécies exóticas

Ocorrência de incêncdios

Interferência no Patrimônio Histórico

Provisão de atividades recreativas

USO

BLI

CO

REC

REA

TIVO

Geração de renda/economia informal

Eutrofização e Assoreamento dos mananciais

Rebaixamento do aqüífero

Risco de intrusão de águas salinas no aqüífero

Risco de contaminação do aqüífero

Degradação da paisagem natural

CA

PTA

ÇÃ

O D

E Á

GU

A P

AR

A

AB

AST

ECIM

ENTO

Interferência no Patrimônio Histórico

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176

MEIO FÍSICO MEIO BIÓTICO MEIO ANTRÓPICO

FATORES AMBIENTAIS / ATIVIDADES E IMPACTOS

AMBIENTAIS CLI

MA

GEO

LOG

IA E

GEO

MO

RFO

LOG

IA

REC

UR

SOS

HÍD

RIC

OS

FLO

RA

FAU

NA

USO

E O

CU

PAÇ

ÃO

DO

SO

LO

DEM

OG

RA

FIA

EC

ON

OM

IA

Redução da biodiversidade

Coleta seletiva de espécies

Proporcionar a geração de conhecimento sobre a biodiversidade

PESQ

UIS

A C

IEN

TÍFI

CA

Interferência no Patrimônio Histórico

Desestabilização de taludes

Degradação do solo

Aceleração da drenagem superficial

Geração de resíduos

Ocorrência de incêndios

Alteração do uso e ocupação do solo

Degradação da paisagem natural

Coleta seletiva de espécies

Efeito de borda

VIA

S D

E A

CES

SO

Aceleração da ação antrópica

Continua...

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177

MEIO FÍSICO MEIO BIÓTICO MEIO ANTRÓPICO

FATORES AMBIENTAIS / ATIVIDADES E IMPACTOS

AMBIENTAIS CLI

MA

GEO

LOG

IA E

GEO

MO

RFO

LOG

IA

REC

UR

SOS

HÍD

RIC

OS

FLO

RA

FAU

NA

USO

E O

CU

PAÇ

ÃO

DO

SO

LO

DEM

OG

RA

FIA

ECO

NO

MIA

Desestabilização de taludes

Degradação do solo

Geração de resíduos

Geração de efluentes

Ocorrência de incêndios

Vias de acesso irregulares na área legal do Parque

Alteração do uso e ocupação do solo

Degradação da paisagem natural

Redução da biodiversidade

Introdução de espécies exóticas

Coleta seletiva de espécie

Efeito de borda

Aceleração da ação antrópica

Ocupação irregular na área legal do Parque

UR

BA

NIZ

ÃO

DO

EN

TOR

NO

Risco de contaminação do solo

Desestabilização de taludes

Poluição do ar

Poluição sonora

Geração de resíduos

Ocorrência de incêndios

Degradação da paisagem natural

Evasão da fauna

TER

MIN

AL

INTE

GR

AD

O D

A

MA

CA

XEIR

A

Vias de acesso irregulares a área legal do Parque

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178

MEIO FÍSICO MEIO BIÓTICO MEIO ANTRÓPICO

FATORES AMBIENTAIS / ATIVIDADES E IMPACTOS

AMBIENTAIS CLI

MA

GEO

LOG

IA E

GEO

MO

RFO

LOG

IA

REC

UR

SOS

HÍD

RIC

OS

FLO

RA

FAU

NA

USO

E O

CU

PAÇ

ÃO

DO

SO

LO

DEM

OG

RA

FIA

ECO

NO

MIA

Desestabilização de taludes

Degradação do solo

Poluição do ar

Poluição sonora

Geração de resíduos

Ocorrência de incêndios

Degradação da paisagem natural

Evasão da fauna

Interferência no Patrimônio Histórico

Alteração do uso e ocupação do solo

Aceleração da ação antrópica

Vias de acesso irregulares a área legal do Parque

SIST

EMA

VIÁ

RIO

Contenção do avanço da urbanização do entorno sobre os limites da Unidade de Conservação

Poluição sonora

T. A

Evasão da fauna

Risco de contaminação do solo

Risco de contaminação do aqüífero

Ocorrência de incêndios

LAFE

PE

Alteração do uso e ocupação do solo

Legenda: T. A = Tráfego Aéreo. Continua...

Page 179: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

179

MEIO FÍSICO MEIO BIÓTICO MEIO ANTRÓPICO

FATORES AMBIENTAIS / ATIVIDADES E IMPACTOS

AMBIENTAIS CLI

MA

GEO

LOG

IA E

GEO

MO

RFO

LOG

IA

REC

UR

SOS

HÍD

RIC

OS

FLO

RA

FAU

NA

USO

E O

CU

PAÇ

ÃO

DO

SO

LO

DEM

OG

RA

FIA

ECO

NO

MIA

Poluição do ar

Poluição sonora

F. M

.

Alteração do uso e ocupação do solo

Degradação do solo

Risco de contaminação do aqüífero

Ocorrência de incêndios

P. C

.

Risco de contaminação do solo

Rebaixamento do aqüífero

Risco de contaminação do aqüífero

Risco de intrusão de águas salinas I. E.

A.

Alteração do uso e ocupação do solo

Rebaixamento do aqüífero

Risco de contaminação do aqüífero

Risco de intrusão de águas salinas no aqüífero

P. P

. A.

Alteração do uso e ocupação do solo

Rebaixamento do aqüífero

Risco de contaminação do aqüífero

Geração de efluentes

Alteração do uso e ocupação do solo

Degradação da paisagem natural PISC

ICU

LTU

RA

Redução da biodiversidade

Legenda: F. M. = Fabricação de Móveis; P. C. = Postos de Combustíveis; I. E. A. = Indústria de Engarrafamento de Água; P. P. A. = Perfuração de Poços Artesianos.

Page 180: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

180

MEIO FÍSICO MEIO BIÓTICO MEIO ANTRÓPICO

FATORES AMBIENTAIS / ATIVIDADES E IMPACTOS

AMBIENTAIS CLI

MA

GEO

LOG

IA E

GEO

MO

RFO

LOG

IA

REC

UR

SOS

HÍD

RIC

OS

FLO

RA

FAU

NA

USO

E O

CU

PAÇ

ÃO

DO

SO

LO

DEM

OG

RA

FIA

ECO

NO

MIA

Desestabilização de taludes

Degradação do solo

Alteração do uso e ocupação do solo

Degradação da paisagem natural

AG

RIC

ULT

UR

A

Redução da biodiversidade

Degradação do solo

Geração de resíduos

Alteração do uso e ocupação do solo

PEC

RIA

Redução da biodiversidade

Desestabilização de taludes

Degradação do solo

Poluição do ar

Poluição sonora

Alteração do uso e ocupação do solo

Redução da biodiversidade

MIN

ERA

ÇÃ

O

Evasão da fauna

Page 181: CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE UNIDADES DE ......Parque Estadual de Dois Irmãos e de seu entorno, evidenciando a premência da execução do Plano de Manejo desta Unidade, tendo

181

10. Análise Integrada

Baseado nos critérios pré-estabelecidos, após Avaliar os dados presentes na

Matriz de Interação, pôde-se observar que 82,4% das Atividades Potencialmente

Impactantes identificadas, apresentaram impactos significativos, passando, então

a serem denominadas de Atividades Impactantes - AI. O Tráfego Aéreo, a

Fabricação de Móveis e a Mineração não foram consideradas, após a análise, como

Atividades geradoras de impactos de alta significância para o Parque.

Na Matriz, também, foi possível visualizar que dos 28 impactos

identificados, apenas a “degradação da paisagem natural”, a “redução da

biodiversidade”, o “rebaixamento” e o “risco de contaminação do aqüífero”

apresentaram alta significância (figura 55), o que corresponde a 14,2% dos

impactos identificados. Destes, a “degradação da paisagem natural” foi o impacto

que obteve maior significância (38,9%).

Figura 55. Representação esquemática dos resultados obtidos, após a aplicação das metodologias empregadas neste estudo. Destaque para o tamanho da área de estudo, que compreende aproximadamente 55.710Km², e a identificação de 4 impactos significativos para o Parque Estadual de Dois Irmãos.

17 Atividades Potencialmente Impactantes

28 Impactos Potenciais

13 Atividades Impactantes

4 Impactos Significativos

Área de Estudo = 55.710km²

17 Atividades Potencialmente Impactantes

28 Impactos Potenciais

13 Atividades Impactantes

4 Impactos Significativos

Área de Estudo = 55.710km²

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Os resultados obtidos não corroboram com o descrito por Meunier (1998) que

considera estes impactos como sendo de baixa significância. Baseado no

observado, os impactos considerados significativos estão contribuindo para o

agravamento do déficit no balanço dos processos ecológicos que determinam a

situação atual da conservação dos recursos naturais e da biodiversidade do

Parque, devido o efeito de sua constância e sinergia com os demais impactos

identificados.

Foi possível observar que os impactos significativos incidem, principalmente,

nos meios físico e biótico, sendo a geologia e geomorfologia, os recursos hídricos, a

fauna e a flora os componentes ambientais mais afetados (tabela 9).

Segundo Machlis e Tichnell (1985), os impactos mais significativos,

ocorrentes em Unidades de Conservação urbanas, situadas nos países em

desenvolvimento, estão relacionados ao uso do solo e a utilização dos recursos

naturais, realizados principalmente pela população que reside nas áreas próximas.

Esta afirmativa corrobora com o observado para o Parque Estadual de Dois

Irmãos, uma vez que os impactos significativos identificados estão diretamente

relacionados com estes dois parâmetros.

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Tabela 9. Relação das Atividades Potencialmente Impactantes e dos impactos significativos que incidem sobre o Patrimônio Ambiental do Parque Estadual de Dois Irmãos e os meios afetados por eles.

Atividade Potencialmente

Impactante Impacto Ambiental Significativo Meio

Afetado Fator

Ambiental Afetado

Degradação da paisagem natural Biótico FL, FA Uso Público Recreativo Redução da biodiversidade Biótico FA

Físico C, G, R Rebaixamento do aqüífero Antrópico D, E Físico C, G, R

Captação de Água para Abastecimento Degradação da paisagem natural Biótico FL, FA Pesquisa Científica Degradação da paisagem natural Biótico FL, FA

Físico G, R Vias de Acesso Degradação da paisagem natural Biótico FL, FA Físico C, G, R Degradação da paisagem natural Biótico FL, FA

Urbanização do Entorno

Redução da biodiversidade Biótico FL, FA

Físico C, G, R Terminal Integrado da Macaxeira

Degradação da paisagem natural Biótico FL, FA

Físico C, G Sistema Viário Degradação da paisagem natural Biótico FL, FA Físico G, R LAFEPE Risco de contaminação do

aqüífero Biótico FL, FA Físico R Postos de

Combustíveis Risco de contaminação do aqüífero Antrópico U, E

Rebaixamento do aqüífero Físico G, R Indústria de Engarrafamento de Água Risco de contaminação do

aqüífero Físico R

Físico G, R Perfuração de Poços Artesianos

Rebaixamento do aqüífero Antrópico U

Rebaixamento do aqüífero Físico G, R Risco de contaminação do aqüífero Físico R

Piscicultura

Redução da biodiversidade Biótico FL, FA Degradação da paisagem natural Agricultura Redução da biodiversidade Biótico FL, FA

Pecuária Redução da biodiversidade Biótico FL, FA Legenda: FL= Flora; FA= Fauna; C= Clima; G= Geologia; R= Recursos Hídricos; U; Uso e Ocupação do Solo; D= Demografia; E= Economia.

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As quatro Atividades que estão localizadas no interior do Parque (Uso

Público Recreativo, Captação de Água para Abastecimento, Pesquisa Científica e

as Vias de Acesso), apresentaram a maioria dos impactos significativos, exceto o

“risco de contaminação do aqüífero”.

O Art. 5º da Lei Estadual n° 11.622/1998 estabelece os objetivos de criação do

Parque Estadual de Dois Irmãos como sendo:

I. conservar amostras do ecossistema Mata Atlântica;

II. preservar a biodiversidade ainda existente neste ecossistema,

protegendo a flora e a fauna local;

III. proteger os mananciais hídricos para abastecimento público existente

em seu perímetro;

IV. proteger o Sítio Histórico e Cultural do Prata;

V. proporcionar atividades de educação ambiental e científica,

investigação e monitoramento ambiental;

VI. proporcionar atividades de recreação e turismo.

Sendo assim, os resultados obtidos mostram que as Atividades Impactantes

localizadas no interior desta Unidade estão em não-conformidade com a

Legislação Ambiental vigente, pois geram impactos que ameaçam os objetivos

legalmente descritos para a criação do Parque. Além disto, a análise dos resultados

mostrou que o processo de gestão desta UC deve transpor os seus limites legais,

uma vez que, a maior parte dos impactos significativos identificados são gerados

por Atividades Impactantes localizadas fora do Parque Estadual.

Um exemplo de gestão integrada a ser considerada é o gerenciamento das

Atividades Impactantes que geram o risco de contaminação do aqüífero. Foi

possível observar, neste estudo, que a recarga do Aqüífero Beberibe Inferior está

localizada ao norte do bairro de Guabiraba (figura 14), ou seja, a degradação e/ou

transformação em áreas antropizadas, pode também ocasionar o aumento deste

impacto.

De acordo com Morsello (2001), cada Unidade de Conservação está inserida

em um sistema regional, influenciada pela população, tecnologias utilizadas e as

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características do ambiente, as quais interagem e, conseqüentemente, determinam

quais são os resultados gerados sobre os fatores ambientais.

Pôde-se verificar, também, que os impactos significativos são gerados por

mais de uma Atividade Impactante, bem como apresentam, ao mesmo tempo,

vários atores envolvidos na sua geração. A relação dos impactos, as Atividades

geradoras e os atores envolvidos, estão apresentadas na tabela 10.

Esta tabela possibilita a visualização dos diferentes atores envolvidos na

geração e, conseqüentemente, gestão dos impactos significativos, evidenciando o

Poder Público como o principal agente responsável por estas Atividades.

Entretanto, estudos afirmam que a degradação do Patrimônio Ambiental, presente

no Parque Estadual de Dois Irmãos, está diretamente relacionada à comunidade

residente no entorno desta Unidade, sendo este o responsável pela geração dos

impactos (Meunier, 1998; Brito-Ramos et al, 2005; Brito-Ramos et al., 2006). Porém,

esta afirmativa não corrobora com o observado por este estudo, uma vez que a

Prefeitura da Cidade de Recife, a CPRH, a Administração do Parque e SECTMA

foram os principais atores envolvidos no processo de geração e gestão dos

impactos significativos (figura 56).

Uma vez identificado à relação agente causador - dano ambiental, os

impactos descritos passam a ser considerados passivos ambientais das Atividades

Impactantes. Desta forma, o Poder Público e a sociedade devem exigir destas

instituições que reconheçam os seus passivos, além de obrigá-las a reparar o dano

causado.

No entanto, a gestão dos impactos e destes passivos, deve ser integrada e

vinculada às diversas representações sociais, resultando na elaboração do Plano de

Manejo para esta UC, com objetivos e metas claramente definidos (Oliveira, 2005).

Segundo Duffy e Watt (1971), “não há um modo de se manejar uma Unidade

de Conservação que seja certo ou errado... o talento de qualquer método de

manejo deve ser relacionado aos objetivos de manejo para cada local

determinado”. Os autores ainda afirmam que somente com os objetivos de manejo

bem formulados é que os resultados podem ser percebidos.

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Tabela 10. Relação dos impactos significativos identificados, das AI que os geram e dos atores que participam em sua geração e/ou gestão.

IMPACTO AMBIENTAL SIGNIFICATIVO

ATIVIDADE POTENCIALMENTE IMPACTANTE ATOR(ES) ENVOLVIDO(S)

Degradação da paisagem natural Uso Público Recreativo

Administração da UC Órgão fiscalizador – CPRH Órgão gestor – SECTMA Usuários e visitantes

Captação de água para abastecimento

COMPESA Administração da UC Órgão fiscalizador – CPRH Órgão fiscalizador – SECTMA

Vias de acesso

COMPESA Administração da UC Órgão fiscalizador – CPRH Órgão fiscalizador – SECTMA

Urbanização do Entorno Prefeitura da Cidade de Recife Comunidade residente no entorno Administração da UC

Terminal Integrado da Macaxeira

Empresas públicas e privadas de transporte coletivo

Prefeitura da Cidade de Recife Comunidade residente no entorno Administração da UC

Sistema Viário

A nível federal - DNIT A nível Municipal - Prefeitura da Cidade de Recife

Comunidade residente no entorno Continua ...

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IMPACTO AMBIENTAL

SIGNIFICATIVO ATIVIDADE POTENCIALMENTE

IMPACTANTE ATOR(ES) ENVOLVIDO(S)

Redução da biodiversidade Uso Público Recreativo

Administração da UC Órgão fiscalizador – CPRH Órgão gestor – SECTMA Usuários e visitantes

Pesquisa Científica

Comunidade científica Instituições de ensino e pesquisa Administração da UC Órgão fiscalizador – CPRH Órgão gestor – SECTMA

Urbanização do Entorno Prefeitura da cidade de Recife Comunidade residente no entorno

Piscicultura Prefeitura da Cidade de Recife Comunidade residente no entorno

Rebaixamento do aqüífero Captação de água para abastecimento

COMPESA Administração da UC Órgão fiscalizador – CPRH Órgão fiscalizador – SECTMA

Indústria de Engarrafamento de Água

O empreendedor Órgão fiscalizador – CPRH Órgão fiscalizador – SECTMA Prefeitura da Cidade de Recife

Perfuração de Poços

Os empreendedores Órgão fiscalizador – CPRH Órgão fiscalizador – SECTMA Prefeitura da Cidade de Recife

Continua ...

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IMPACTO AMBIENTAL SIGNIFICATIVO

ATIVIDADE POTENCIALMENTE IMPACTANTE ATOR(ES) ENVOLVIDO(S)

Rebaixamento do aqüífero (continuação) Piscicultura Prefeitura da Cidade de Recife

Comunidade residente no entorno

LAFEPE O Empreendedor: LAFEPE Órgão fiscalizador – CPRH Prefeitura da Cidade de Recife

Uso Público Recreativo

Administração da UC Órgão fiscalizador – CPRH Órgão gestor – SECTMA Usuários e visitantes

Risco de contaminação do aqüífero LAFEPE O Empreendedor: LAFEPE Órgão fiscalizador – CPRH Prefeitura da Cidade de Recife

Postos de Combustíveis

O empreendedor Administração da UC Órgão fiscalizador – CPRH Prefeitura da Cidade de Recife

Indústria de Engarrafamento de Água

O empreendedor Órgão fiscalizador – CPRH Órgão fiscalizador – SECTMA Prefeitura da Cidade de Recife

Piscicultura Prefeitura da Cidade de Recife Comunidade residente no entorno

Urbanização do Entorno

Prefeitura da Cidade de Recife Comunidade residente no entorno Órgão fiscalizador estadual Órgão fiscalizador municipal Administração da UC

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Figura 56. Atores envolvidos nos impactos significativos para o Parque Estadual de Dois Irmãos, evidenciando o Poder Público como o principal responsável pela geração/gestão dos impactos.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

1

Prefeitura da Cidade de Recife CPRHAdministração da UC SECTMACominudade Residente no Entorno EmpreendedoresCOMPESA Usiários e VisitantesInstituições de ensino e pesquisa Órgãos Fiscalizadores

Atores envolvidos0

2

4

6

8

10

12

14

16

1

Prefeitura da Cidade de Recife CPRHAdministração da UC SECTMACominudade Residente no Entorno EmpreendedoresCOMPESA Usiários e VisitantesInstituições de ensino e pesquisa Órgãos Fiscalizadores

Atores envolvidos

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A ausência deste instrumento, como evidenciado para o Parque Estadual de

Dois Irmãos, possibilita a implantação das Atividades Impactantes identificadas,

que estão localizadas em seu interior e entorno. Da mesma forma, que também

proporciona a diminuição do poder de ação da equipe gestora, uma vez que esta

não possui ferramentas que identifiquem a relação de causa/efeito entre as

Atividades Impactantes e os impactos gerados por elas sobre o Parque.

O Planejamento de uma Unidade de Conservação requer a execução das

seguintes fases:

1. Caracterização geral e elaboração do Diagnóstico Ambiental da Unidade de

Conservação e de sua Zona de Amortecimento;

2. Avaliação dos Impactos presentes na Unidade de Conservação e da Zona

de Amortecimento;

3. Zoneamento da Unidade e Recomendações;

4. Ações Gerenciais gerais internas e externas; Áreas estratégicas de ação;

Ações de manejo para as áreas internas.

Este estudo elaborou o Diagnóstico Ambiental da Unidade de Conservação e

sua área de entorno, bem como identificou e avaliou os impactos presentes nestas

áreas. Sendo assim, executou as duas primeiras fases exigidas para o Planejamento

de Unidade de Conservação. A SECTMA e a Prefeitura da Cidade de Recife,

elaboraram um zoneamento para Parque Estadual de Dois Irmãos e a área de

entorno, respectivamente.

Desta forma, resta apenas a quarta e última fase do Planejamento que trata

da elaboração das ações direcionadas a gestão dos impactos, especificamente, que

deverá ser realizada pelo Poder Público, por intermédio da equipe gestora do

Parque.

Identificar e Avaliar as Atividades Impactantes, bem como os impactos

significativos gerados por elas, não significa necessariamente uma tentativa de

eliminar sua presença, mas sim, de fornecer instrumentos que subsidiem a tomada

de decisão dos gestores, em prol do convívio harmônico entre os diversos usos

presentes na área de estudo.

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O cenário atual descrito por este trabalho para o Parque Estadual de Dois

Irmãos, se assemelha ao descrito por Rocca (2002) e Oliveira (2005), para outras

Unidades de Conservação urbanas, sendo que a manutenção deste, pode levar a

insustentabilidade do Parque, desencadeando, em longo prazo, um processo de

colapso dos sistemas afetados.

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11. CONCLUSÕES

A área estabelecida para este estudo compreende cerca de 55.710Km², onde

foram identificadas 17 Atividades Potencialmente Impactantes geradoras de

impactos sobre o Parque Estadual de Dois Irmãos. Essas Atividades geram 28

impactos diretos sobre a Unidade, dos quais, apenas quatro foram considerados

significativos. Os impactos considerados significativos estão contribuindo para o

agravamento do déficit no balanço dos processos ecológicos que determinam a

situação atual da conservação dos recursos naturais presentes no Parque, devido o

efeito de sua constância e sinergia com os demais impactos identificados.

Outro aspecto importante a ser considerado é a inexistência do Plano de

Manejo que deveria atuar como elemento orientador das intervenções na Unidade

de Conservação e como instrumento do processo de sua gestão ambiental. Apesar

de ser uma exigência legal definida pela Lei do SNUC, desde de julho de 2000, o

Parque Estadual de Dois Irmãos ainda não possui seu Plano de Manejo, o que

denota uma falha, com reflexos significativos na sua efetiva conservação, fato este

que se repete na maioria das Unidades de Conservação Urbanas no Brasil. Este

instrumento deveria contemplar ações de gestão direcionadas a todas as

atividades geradoras de impactos descritas neste trabalho. Além disso, a ausência

deste instrumento gera impactos no remanescente, uma vez que as intervenções

que vêm sendo realizadas estão desarticuladas dos objetivos de preservação de

Unidades de Proteção Integral, conforme descritos na Lei Federal N° 9.985/2000

do SNUC.

Entretanto, a elaboração do Plano de Manejo deverá levar em consideração a

área de abrangência dos impactos identificados e assim transpor os limites legais

da Unidade, uma vez que, os impactos significativos são gerados por Atividades

Impactantes localizadas fora da área legalmente estabelecida para o Parque

Estadual.

A identificação e avaliação das Atividades Impactantes e dos impactos

significativos gerados por elas, fornece ferramentas que subsidiem a tomada de

decisão do Poder Público em prol do convívio harmônico entre os diversos usos

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presentes na área de estudo e a preservação do Patrimônio Ambiental do Parque

Estadual de Dois Irmãos.

A manutenção do cenário descrito por este trabalho para o Parque Estadual

de Dois Irmãos, pode levar a insustentabilidade da Unidade, desencadeando um

processo de colapso dos recursos naturais, principalmente dos sistemas afetados.

Esse quadro se assemelha a outras Unidades de Conservação urbanas presentes no

Brasil. Desta forma, a gestão ambiental assume, uma dimensão maior na

preservação dos remanescentes, uma vez que estas Unidades estão envolvidas por

uma intensa pressão antrópica. Estas, quando legalmente implantadas e sem

processos de gestão eficiente estão fadadas ao insucesso, representando uma

perda significativa para as presentes e futuras gerações.

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área urbana (Recife – Pernambuco – Brasil). Recife: Editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco. 1998. p. 09-19.

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ANEXOS

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1. Lista de Controle: Relação dos Impactos por Atividade Potencialmente Impactante e o Meio Afetado

As tabelas apresentadas foram geradas a partir da caracterização dos fatores ambientais, da identificação das Atividades

Potencialmente Impactantes e dos impactos por elas gerados e serviu como base para a elaboração da Matriz de Interação.

COMPONENTE AMBIENTAL ATIVIDADE POTENCIALMENTE IMPACTANTE IMPACTO AMBIENTAL

FÍSICO BIÓTICO ANTRÓPICO

Desestabilização de taludes X

Degradação do solo X

Aceleração da drenagem superficial X Eutrofização e assoreamento dos mananciais

X X

Risco de contaminação do aqüífero X X

Poluição do ar X X

Poluição sonora X

Geração de resíduos X X

Degradação da paisagem natural X X

Redução da biodiversidade X

Introdução de espécies exóticas X

Ocorrência de incêndios X X

Provisão de atividades recreativas X

Interferência no Patrimônio Histórico X

Uso Público Recreativo

Geração de renda/economia informal X

Continua...

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COMPONENTE AMBIENTAL ATIVIDADE POTENCIALMENTE

IMPACTANTE IMPACTO AMBIENTAL FÍSICO BIÓTICO ANTRÓPICO

Eutrofização e assoreamento dos mananciais X X Rebaixamento do aqüífero X Risco de intrusão de águas salinas no aqüífero X X

Risco de contaminação do aqüífero X X Degradação da paisagem natural X X

Captação de Água para

Abastecimento

Interferência no Patrimônio Histórico X X

Redução da biodiversidade X Coleta seletiva de espécies X Proporcionar a geração conhecimento sobre a biodiversidade X

Pesquisa Científica

Interferência no Patrimônio Histórico X Desestabilização de taludes X Degradação do solo X Aceleração da drenagem superficial X Geração de resíduos X X X Efeito de borda X X Ocorrência de incêndios X X Alteração do uso e ocupação do solo X X X Degradação da paisagem natural X X Coleta seletiva de espécies X

Vias de Acesso ao Parque

Aceleração da ação antrópica X X Continua ...

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COMPONENTE AMBIENTAL ATIVIDADE POTENCIALMENTE IMPACTANTE IMPACTO AMBIENTAL

FÍSICO BIÓTICO ANTRÓPICO Desestabilização de taludes X Degradação do solo X

Risco de contaminação do solo X

Geração de resíduos X X X

Geração de efluentes X

Ocorrência de incêndios X X

Vias de acesso irregulares na área do Parque X X X

Alteração do uso e ocupação do solo X X X

Degradação da paisagem natural X X

Redução da biodivesidade X

Introdução de espécies exóticas X

Coleta seletiva de espécie X

Efeito de borda X X

Aceleração da ação antrópica X X X

Interferência no Patrimônio Histórico X X

Urbanização do Entorno

Ocupação irregular na área legal do Parque X X X

Desestabilização de taludes X

Poluição do ar X

Poluição sonora X

Geração de resíduos X X X

Ocorrência de incêndios X X Degradação da paisagem natural X X X Evasão da fauna X

Terminal Integrado da

Macaxeira

Aceleração da ação antrópica X X X

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COMPONENTE AMBIENTAL ATIVIDADE POTENCIALMENTE IMPACTANTE IMPACTO AMBIENTAL

FÍSICO BIÓTICO ANTRÓPICO Desestabilização de taludes X Degradação do solo X Poluição do ar X Poluição sonora X X Geração de resíduos X X Ocorrência de incêndios X X Degradação da paisagem natural X X X Evasão da fauna X Interferência no Patrimônio Histórico X Alteração do uso e ocupação do solo X X X Aceleração da ação antrópica X X X

Sistema Viário

Contenção do avanço da urbanização do entorno sobre os limites da Unidade de Conservação

X X

Poluição sonora X Tráfego Aéreo Evasão da fauna X

Risco de contaminação do solo X Risco de contaminação do aqüífero X X X Ocorrência de incêndios X X

LAFEPE

Alteração do uso e ocupação do solo X X X Continua ...

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COMPONENTE AMBIENTAL ATIVIDADE POTENCIALMENTE

IMPACTANTE IMPACTO AMBIENTAL FÍSICO BIÓTICO ANTRÓPICO

Poluição do ar X Poluição sonora X

Fabricação de Móveis

Alteração do uso e ocupação do solo X X X Degradação do solo X Risco de contaminação do solo X Risco de contaminação do aqüífero X X

Postos de Combustíveis

Ocorrência de incêndios X X Rebaixamento do aqüífero X Risco de intrusão de águas salinas no aqüífero X

Risco de contaminação do aqüífero X X

Indústria de Engarrafamento

de Água

Alteração do uso e ocupação do solo X X Rebaixamento do aqüífero X Risco de contaminação do aqüífero X X Risco de intrusão de águas salinas no aqüífero X

Perfuração de Poços

Artesianos

Alteração do uso e ocupação do solo X X X Rebaixamento do aqüífero X Risco de contaminação do aqüífero X X Geração de efluentes X X X Alteração do uso e ocupação do solo X X X Degradação da paisagem natural X X

Piscicultura

Redução da biodiversidade X

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COMPONENTE AMBIENTAL ATIVIDADE POTENCIALMENTE

IMPACTANTE IMPACTO AMBIENTAL FÍSICO BIÓTICO ANTRÓPICO

Desestabilização de taludes X Degradação do solo X Alteração do uso e ocupação do solo X X X Degradação da paisagem natural X X

Agricultura

Redução da biodiversidade X Degradação do solo X Geração de resíduos X X Alteração do uso e ocupação do solo X X X

Pecuária

Redução da biodiversidade X Desestabilização de taludes X Degradação do solo X Poluição do ar X Poluição sonora X Alteração do uso e ocupação do solo X X X Redução da biodiversidade X

Mineração

Evasão da fauna X

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2. Matriz de Interação elaborada para a Avaliação dos Impactos Ambientais

A Matriz apresentada é parte da Matriz enviada para os pesquisadores, cujos conhecimentos estavam relacionados ao meio

físico, servindo para a Avaliação dos Impactos Ambientais, como explicitado na metodologia.

Uso Público Recreativo

Fatores Clima Geologia e Geomorfologia Recursos Hídricos Impactos Ambientais

Natureza Relevância Tepemporalidade Espacialidade Natureza Relevância Tepemporalidade Espacialidade Natureza Relevância Tepemporalidade Espacialidade

Desestabilização de taludes Degradação do solo Aceleração da drenagem superficial

Eutrofização e assoreamento dos mananciais

Geração de resíduos Poluição do ar Risco de contaminação do aqüífero Impermeabilização do solo

Captação de Água para Abastecimento

Fatores Clima Geologia e Geomorfologia Recursos Hídricos Impactos Ambientais

Natureza Relevância Tepemporalidade Espacialidade Natureza Relevância Tepemporalidade Espacialidade Natureza Relevância Tepemporalidade Espacialidade

Eutrofização e assoreamento dos mananciais

Rebaixamento do aqüífero Risco de intrusão de águas salinas Degradação da paisagem natural