Controle Da Corrosão Sistemas de Topo de Unidades e Destilação

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Controle Da Corrosão Sistemas de Topo de Unidades e Destilação

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  • ESTUDO DE CORROSO EM SISTEMAS DE TOPO DE UNIDADES DE

    DESTILAO DE PETRLEO- AVALIAO EM LABORATRIO DE INIBIDOR

    DE CORROSO COMERCIAL E AGENTES NEUTRALIZANTES.

    Joo Carlos Gonalves

    DISSERTAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS

    PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

    NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM

    ENGENHARIA METALRGICA E DE MATERIAIS.

    Aprovada por:

    ______________________________________________

    Prof. Jos Antnio da Cunha Ponciano Gomes, D. Sc.

    ______________________________________________

    Prof. Lcio Sathler, D. Sc.

    ______________________________________________

    Dr. Hermano Cezar Medaber Jambo, D. Sc.

    ______________________________________________

    Prof. Csar Vitrio Franco, Ph.D.

    RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL

    FEVEREIRO DE 2007

  • GONALVES, JOO CARLOS

    Estudo de Corroso em Sistemas de

    Topo de Unidades de Destilao de Petrleo-

    avaliao em laboratrio de inibidor de

    corroso Comercial e Agentes neutralizantes

    [Rio de Janeiro] 2007

    VIII, 74 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,

    M.Sc., Engenharia Metalrgica e de

    Materiais, 2007)

    Dissertao Universidade Federal do

    Rio de Janeiro, COPPE

    1. Corroso em sistema de Sistema de Topo

    de unidade de destilao de petrleo

    I. COPPE/UFRJ II.Ttulo (Srie)

    ii

  • A Deus, por estar sempre presente na minha vida, abenoando-me e indicando o

    caminho certo a ser seguido.

    A meus pais, Joo Adalberto e Marlcia, pelo amor, confiana, dedicao e incentivo de

    sempre. Vocs so os responsveis por todas as minhas conquistas.

    Ao meu irmo, Gelma, pelo seu amor, amizade e apoio incondicional. Durante toda essa

    jornada de estudo voc sempre esteve do meu lado.

    s minhas irms Josim e Josiane pelo amor, amizade e incentivo.

    iii

  • Agradecimentos:

    Aos meus Pais e irmos, pelo amor e apoio incondicional, apoiando nas horas mais

    difceis. .

    Ao professor Jos Antnio da Cunha Ponciano Gomes, pela amizade, dedicao, orientao e confiana demonstrada durante todo o perodo de trabalho.

    Ao professor Lcio Sathler pela dedicao prestada durante todo este trabalho em

    laboratrio.

    Ao professor Luiz Roberto Martins de Miranda pela colaborao, pela amizade e confiana dispensados em vrios momentos.

    Aos tcnicos Flvio e Alecir pela amizade, dedicao, colaborao e principalmente

    pela alegria no laboratrio, fundamental para realizao dos experimentos.

    Aos meus grandes amigos do laboratrio de corroso Alysson, Carlos, Daniel,

    Jaqueline, Jssica, Jefferson, Roane, Rodrigo e Vtor agradeo toda amizade, apoio e

    incentivo durante todo este perodo.

    Ao CNPq pelo auxlio financeiro prestado.

    E a todas as pessoas que direta ou indiretamente contriburam para a realizao deste

    trabalho.

    iv

  • Resumo da Dissertao apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

    necessrios para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)

    ESTUDO DE CORROSO EM SISTEMAS DE TOPO DE UNIDADES DE

    DESTILAO DE PETRLEO - AVALIAO EM LABORATRIO DE

    INIBIDOR DE CORROSO COMERCIAL E AGENTES

    NEUTRALIZANTES

    Joo Carlos Gonalves

    Fevereiro/2007

    Orientador: Jos Antnio da Cunha Ponciano Gomes

    Programa: Engenharia Metalrgica e de Materiais

    O elevado do grau de acidez dos petrleos processados tem provocado aumento

    das taxas de corroso no topo de colunas de destilao atmosfrica e a vcuo. Este

    trabalho apresenta um estudo preliminar que aborda formas especficas de corroso,

    voltado para a avaliao de processos de corroso em sistema de topo de unidade de

    destilao em laboratrio.

    O principal objetivo foi realizar um estudo, em nvel de laboratrio, que

    possibilitasse pesquisar a corroso em condies similares quelas encontradas no

    sistema de topo. Foram estabelecidas preliminarmente as condies para o meio

    corrosivo de interesse, o que resultou num meio contendo HCl e tambm H2S. Foram

    avaliados tambm os efeitos de um inibidor de corroso comercial, de aminas

    neutralizantes e de gua amoniacal, empregada como agente neutralizante em relao a

    um ao ao carbono.

    Os resultados obtidos indicaram a necessidade de se usar juntamente inibidor de

    corroso e agente neutralizante a fim alcanar taxas de corroso abaixo do valor de

    desejado, igual a 0,125 mm/ano. Com isso, foi possvel concluir que as influncias do

    neutralizante comercial e a gua amoniacal na corroso foram similares.

    v

  • Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

    CORROSION IN OVERHEAD SYSTEM OF OIL DISTILLATIONS

    UNITS- EVALUATION OF COMERCIAL INHIBITOR AND

    NEUTRALIZER AGENTS IN LABORATORY

    Joo Carlos Gonalves

    February/2007

    Advisor: Jos Antnio da Cunha Ponciano Gomes

    Department: Metallurgical Engineering and Materials Science

    The increasing acidity of oil processed by refineries can increase the overhead

    corrosion rate in atmospheric and vacuum distillation unit. This work presents a

    preliminary study of this specific corrosion phenomena carried out in laboratory

    conditions.

    The main objective was to establish a basic methodology capable to investigate

    the corrosion process in similar conditions to those reported in field. The first step was

    the proposal of a corrosive environment containing HCl and H2S of well defined

    concentrations. The effect of a commercial corrosion inhibitor, amines neutralizer and

    ammoniac water on corrosion rate of a low alloy steel had been evaluated using weight

    loss and electrochemical techniques.

    The results obtained indicated the need of using the inhibitor and the neutralizer

    together in order to attain a corrosion rate below the threshold value considered, equal

    to 0,125 mm/year. It was possible to conclude that the influence of the commercial

    neutralizer and the ammoniac water on corrosion was similar.

    vi

  • NDICE

    Captulo 1. Introduo...................................................................................................1

    Captulo 2. Reviso Bibliogrfica..................................................................................2

    2.1. Unidade de destilao..............................................................................................2

    2.1.1. Processo de destilao....................................................................................3

    2.1.1.1. Presena de contaminantes no processo...................................................6

    2.1.1.2. Condies de Dessalgao........................................................................6

    2.1.1.3. Hidrlise e gerao de HCl.......................................................................7

    2.1.1.4. Neutralizao............................................................................................8

    2.1.1.5. Formao de H2S......................................................................................9

    2.1.1.6. Formao de sais de amnio.....................................................................9

    2.1.2. Sistemas de topo de uma unidade de destilao atmosfrica ......................10

    2.2. Mecanismos de corroso em sistemas de topo da torre de destilao.................11

    2.2.1. Corroso por cido clordrico.......................................................................11

    2.2.2. Corroso dos sais de amnio e de sulfetos...................................................12

    2.2.3. Corroso por eroso......................................................................................17

    2.3. Mtodos de controle de corroso em sistema de topo...........................................18

    2.3.1. Eficincia de dessalgao.............................................................................18

    2.3.2. Neutralizao com aminas ...........................................................................19

    2.3.3. Neutralizao com gua amoniacal e injeo de gua de lavagem..............22

    2.4. Inibidores de corroso de corroso em sistema de topo........................................24

    Captulo 3. Materiais e mtodos.................................................................................25

    3.1. Materiais metlicos utilizados.............................................................................25

    vii

  • 3.2. Reagentes qumicos.............................................................................................26

    3.3. Mtodos experimentais........................................................................................27

    3.3.1 Titulao..................................................................................................27

    3.3.2 Ensaios de perda de massa.......................................................................27

    3.3.3 Ensaios de polarizao.............................................................................30

    Captulo 4. Resultados e discusso...............................................................................33

    4.1. Avaliao geral do processo corrosivo................................................................33

    4.1.1. Ensaios laboratoriais de perda de massa..................................................38

    4.1.2. Ensaios de polarizao.............................................................................48

    4.2. Estudo comparativo dos agentes neutralizantes....................................................50

    4.2.1. Neutralizante comercial................................................................................52

    4.2.1.1. Ensaios de perda de massa em meio com neutralizante comercial........52

    4.2.1.2. Ensaios de polarizao em meio com neutralizante comercial..............53

    4.2.2. gua amoniacal............................................................................................55

    4.2.2.1. Ensaios de perda de massa com adio de gua amoniacal...................56

    4.2.2.2. Ensaios de polarizao com adio de gua amoniacal.........................57

    4.3. Anlise de efeito do inibidor de corroso..............................................................60

    4.3.1. Ensaios de perda de massa com emprego do inibidor..................................60

    4.3.2. Ensaios de polarizao com emprego do inibidor........................................67

    Captulo 5. Concluses..................................................................................................70

    Captulo 6. Bibliografia................................................................................................71

    viii

  • 1. INTRODUO

    Os problemas de corroso so freqentes e ocorrem nas mais diversas atividades

    industriais. Entre as atividades em que a corroso um fator muito importante,

    destacam-se as atividades de refino e processamento de petrleo. Segundo GENTIL

    (2003), a corroso se define como sendo a deteriorao de um material, normalmente

    metlico, por ao qumica ou eletroqumica do meio ambiente, aliada ou no a esforos

    mecnicos.

    A indstria de petrleo uma das reas mais afetadas pelos problemas causados

    pela corroso. Em uma refinaria, vrios so os locais e os tipos de corroso existentes,

    entre eles cabendo citar um setor bastante crtico e economicamente importante: o

    problema devido corroso em sistemas de topo de colunas de destilao atmosfrica.

    O controle da corroso nos sistemas de topo de unidades de processamento de

    leo cru tem sido um desafio desde os primrdios da indstria do petrleo. Com o

    passar dos anos, este desafio continua crescendo com o processamento de petrleos

    cada vez mais pesados e que contm um maior teor de contaminantes, levando

    conseqentemente a um ambiente ainda mais corrosivo.

    A destilao do leo cru em uma torre de destilao atmosfrica a primeira etapa

    do refino e processamento do leo e, consequentemente, estas unidades so mais

    afetadas por problemas de corroso. Este processo de destilao consiste na

    fragmentao e separao do leo cru em determinados produtos de acordo com a

    presso de vapor e o ponto de ebulio de cada produto.

    Em uma torre de destilao, a carga bruta antes de entrar na coluna, passa por um

    processo de dessalgao e posteriormente por um forno de aquecimento, onde o leo

    aquecido a uma temperatura elevada. Aps ser aquecido, o leo injetado na base da

    1

  • torre e, de acordo a presso de vapor dos hidrocarbonetos presentes, os produtos mais

    leves vo para o topo da torre.

    Durante o processo de destilao, alguns contaminantes, presentes no leo ou

    formados durante o aquecimento, podem se concentrar na linha de topo e provocar

    severos problemas de corroso. Em funo disso, em um processo de produo de

    derivados do petrleo comum a prtica de algumas medidas para evitar e combater

    possveis problemas de corroso.

    O objetivo do presente trabalho foi realizar um estudo em laboratrio que avalie as

    influncias da concentrao de inibidor e da injeo de gua amoniacal com e sem

    inibidor, para o controle de corroso em condies experimentais que buscam alguma

    similaridade com aquelas encontradas em sistemas de topo.

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1. Unidade de Destilao

    Uma unidade de destilao atmosfrica um dos mais importantes se no o mais

    importante conjunto de equipamentos em uma planta de refino de petrleo. De um

    modo geral, uma unidade de destilao atmosfrica constituda dos seguintes

    equipamentos: torres de fracionamentos, retificadores, fornos, permutadores de calor,

    tambores de acmulo e refluxo, bombas, tubulaes e instrumentos de medio e

    controle.

    A configurao dos equipamentos em uma unidade de destilao de petrleo e

    tambm seus mtodos de operao so diferentes e variam de refinaria para refinaria.

    Entretanto, os princpios bsicos de operao so os mesmos em todas as unidades de

    destilao.

    2

  • 2.1.1. Processo de Destilao

    O processo em uma unidade destilao, para fins didticos, pode ser dividido em

    trs sees principais: pr-aquecimento e dessalinizao (dessalgao), destilao

    atmosfrica e destilao a vcuo. A presena de uma unidade de pr-fracionamento

    (pr-flash) em uma unidade de destilao depende necessariamente do volume de carga.

    Normalmente, adota-se o pr-flash para unidades com grande volume de produo para

    evitar uma possvel sobrecarga nos fornos de aquecimento.

    A figura 1 apresenta o fluxograma do processo de destilao de petrleo,

    apresentando os equipamentos e toda a linha de processo.

    Primeiramente, h uma preparao da carga em tanques de armazenamento para

    que se possam minimizar possveis problemas de corroso durante o processo. Nos

    tanques, a carga passa por agitao, aquecimento e injeo de emulsificante para que

    ocorra a decantao de sedimentos e drenagem da salmoura. O limitante desse processo

    o fato que os petrleos nacionais esto cada vez mais pesados e esse fator, associado a

    um baixo tempo de armazenamento, leva a gerao de um produto com caractersticas

    no ideais para destilao.

    Depois dos tanques, j na linha de processo, antes de o leo entrar no pr-

    aquecedor, existe normalmente a possibilidade da adio de hidrxido de sdio (soda)

    com objetivo de evitar uma posterior hidrlise de sais e tambm formao de HCl. A

    hidrlise pode ser evitada pela formao dos hidrxidos de clcio e de magnsio.

    Os produtos da adio de soda no so hidrolisveis e no so corrosivos.

    Entretanto, existe objeo ao uso de soda custica em conseqncias de uma possvel

    fragilizao do equipamento em locais onde h aquecimento, contaminao de

    catalisador e tambm a possibilidade de formao de coque. Porm, se a soda for

    3

  • adicionada moderadamente, aps a dessalgadora e antes da alimentao, haver um

    contato e tempo de mistura prolongado com o leo, eliminando assim possveis

    fragilizaes (HAUSLER, R. H., COBLE, N. D., 1972).

    Figura 1: Fluxograma de um processo de destilao de petrleo (BAGDASARIAN et al., 1996)

    Na figura 1, nota-se que o leo passa por uma bateria de pr-aquecimento, onde se

    prepara o leo para entrar no processo de dessalgao. Aps a dessalgao, o leo

    novamente pr-aquecido e vai para a torre de pr-fracionamento (pr-flash). A frao

    pesada de leo do pr-flash bombeada para o forno de aquecimento, ltima etapa do

    processo antes da entrada na torre de destilao atmosfrica. A temperatura do forno

    atmosfrico deve ser no mximo de 400 oC para evitar que haja decomposio trmica.

    Ao entrar na torre de destilao, o leo, grande parte no estado vapor, ser

    fracionado em produtos especficos de acordo com a presso de vapor e temperatura de

    ebulio de cada produto. A temperatura de ebulio depende da presso do sistema,

    sendo que, quanto maior for a presso da torre, maior ser a temperatura de ebulio.

    4

  • J dentro da torre, a frao de vapor sobe em direo ao topo e a frao de lquido

    desce em direo ao fundo da coluna, de acordo com a diferena de densidade de cada

    mistura liquido-vapor oriunda do aquecimento no forno. Como foi dito anteriormente, o

    aquecimento pode chegar ao mximo a uma temperatura de at 400oC para evitar

    deposio trmica de compostos presentes na carga. Sendo assim, as pores leves do

    vapor, incluindo vapores de HCl, de H2S e de gua, que so os produtos mais volteis,

    sobem em direo ao topo e so condensadas em trocadores de calor que se encontram

    fora da torre.

    Em determinados pontos da coluna, os produtos desejados nafta pesada, querosene,

    gasleo atmosfrico leve e gasleo atmosfrico pesado so retirados da torre em pontos

    de acordo com as suas respectivas temperaturas limites de destilao.

    No topo da coluna, formado gs combustvel e nafta leve; j no fundo,

    formado o resduo atmosfrico que posteriormente enviado para a torre de destilao a

    vcuo. Entretanto, no se faz necessrio descrever aqui o processo de destilao a vcuo,

    uma vez que o objetivo foi estudar principalmente corroso no sistema de topo da

    unidade de destilao atmosfrica.

    Para estudar o processo de corroso em sistemas de topo de unidades de destilao

    de petrleo, cabe aqui enfatizar, em uma reviso bibliogrfica mais detalhada, alguns

    fatores importantes e necessrios para se entender este tipo de corroso. Os fatores

    importantes relacionados so: i) presena de contaminantes no processo, ii) condies

    de dessalgao, iii) processo de hidrlise com gerao de HCl, iv) neutralizao, v)

    formao de H2S e vi) formao de sais de amnio.

    5

  • 2.1.1.1. Presena de Contaminantes no Processo

    A presena de contaminantes no processo de destilao um dos fatores que

    agrava os processos de corroso em uma unidade de destilao atmosfrica. Devido ao

    baixo tempo de residncia do petrleo nos tanques e a grande quantidade de solventes

    que podem ser adicionados no processo, a carga pode ficar muito contaminada. Sendo

    assim, precaues devem ser adotadas com o objetivo de minimizar e at mesmo evitar

    possveis problemas de corroso.

    Um importante contaminante presente em sistema de topo H2S. Contaminantes

    presentes na carga a ser processada pode ser adicionado ao processo atravs de guas de

    processos com qualidade ruim oriundas de outras unidades da refinaria de petrleo. No

    entanto, No caso do H2S presente no sistema de topo, grande parte gerado durante o

    processo.

    2.1.1.2. Condies de Dessalgao

    A dessalgao uma das mais importantes etapas do processo de destilao para o

    controle de corroso em sistemas de topo. A dessalgao consiste na remoo de sais,

    gua e suspenses de partculas slidas, permitindo assim maior flexibilidade

    operacional em relao aos tipos de petrleos processados e, principalmente, evitando

    que problemas de corroso se agravem com a gerao de HCl. Sua importncia justifica

    que se faa um sumrio dos fundamentos do processo de dessalgao.

    Em um processo de dessalgao, o petrleo pr-aquecido, como mostrado na

    Figura 1, recebe uma corrente de gua de processo para misturar com a gua residual,

    sais e slidos presentes na carga. Uma vlvula misturadora provoca o ntimo contato

    entre a gua injetada, os sais e os sedimentos. A seguir, a mistura de petrleo, gua e

    impurezas, j na dessalgadora, passa por um campo eltrico de alta voltagem, mantido

    entre pares de eletrodos metlicos existentes no equipamento de dessalgao. As foras

    6

  • de campo assim criadas provocam a coalescncia das gotculas de gua, formando

    muitas gotas grandes que, pelo aumento de sua densidade, se precipitam no fundo da

    dessalgadora, carregando sais e sedimentos.

    O grande limitante ao processo de dessalgao o fato de petrleos oriundos dos

    tanques estarem muito carregado com resduos slidos devido ao baixo tempo de

    residncia adotado na operao. Esse fator prejudica muito o processo de dessalgao,

    sendo que parte da soluo aquosa, que deveria ser efluente da dessalgadora, pode

    continuar no processo, gerando problemas de corroso nas etapas posteriores.

    Normalmente, com objetivo de facilitar o processo de dessalgao, gua de

    processo injetada antes da dessalgadora para se juntar gua residual e diluir a carga.

    importante ressaltar aqui a importncia do nvel de controle da interface

    petrleo/salmoura, uma vez que havendo arraste de gua na corrente de petrleo, sua

    sbita vaporizao, que ocorreria na torre, poderia provocar variaes de presso,

    podendo danificar as bandejas de fracionamento.

    2.1.1.2. Hidrlise e Gerao de HCl

    A corroso em sistemas de topo devida, principalmente, a presena do HCl

    formado por hidrlise de sais inorgnicos. Geralmente, estes sais consistem de uma

    mistura de cloreto de sdio, cloreto de clcio e cloreto de magnsio, com concentraes

    similares quelas encontrada em gua do mar (85% NaCl, 10% MgCl2 e 5% CaCl2).

    O cloreto de sdio termicamente estvel e no se hidrolisa significativamente

    quando exposto a altas temperaturas. Entretanto, quando o leo pr-aquecido, maior

    parte do MgCl2 e pequena quantidade de CaCl2 comeam a se hidrolisar em temperatura

    superior a 120oC, dando origem formao de vapor de HCl. A uma temperatura de

    7

  • 370oC, aproximadamente 95% de MgCl2 e 15% de CaCl2 esto hidrolisados

    (MERRICK, R. D., AUERBACH,T.,1996, BAGDASARIAN et al.,1996).

    Os cloretos de clcio e de magnsio se hidrolisam de acordo com as seguintes

    equaes (MERRICK, R. D., AUERBACH,T.,1996):

    MgCl2 + H2O 2HCl + MgO

    CaCl2 + H2O 2HCl + CaO

    As reaes de hidrlise ocorrem em pr-aquecedores e no forno atmosfrico, antes

    da torre de destilao atmosfrica. O HCl formado no corrosivo no sistema de pr-

    aquecimento devido a gua estar presente na fase vapor. Entretanto, na passagem para a

    parte de cima da coluna e para a linha de topo, o HCl pode ser absorvido por gua

    condensada no permutador de calor e no condensador. Assim, vapores de HCl so

    absorvidos formando cido clordrico condensado que extremamente corrosivo. Este

    fato ocorre quando a temperatura atinge o ponto de orvalho da gua.

    2.1.1.3. Neutralizao

    A neutralizao, tambm chamada de neutralizao sdica, uma tcnica muito

    utilizada para o controle de corroso em sistemas de topo. Antes de o leo entrar no pr-

    aquecedor, como se pde ver na Figura 1, existe normalmente a possibilidade da adio

    de soda, uma vez que, esta prtica pode evitar uma posterior hidrlise de alguns sais,

    devido formao dos hidrxidos de clcio e de magnsio. Os produtos provenientes,

    aps a adio do hidrxido, no so hidrolisveis (HAUSLER, R. H., COBLE, N. D.,

    1972)., VALENZUELA (1999).

    As reaes so as seguintes:

    2NaOH + MgCl2 2NaCl + Mg(OH)2

    2NaOH + CaCl2 2NaCl + Ca(OH)2

    8

  • 2.1.1.4. Formao de H2S

    O enxofre que aparece sob a forma de vrios compostos presentes no leo cru

    pode levar a vrios processos de corroso. Os compostos a base de enxofre presentes no

    leo, ao serem aquecidos, geram principalmente H2S e, talvez, em menor proporo,

    Mercaptans (R-SH), que so agentes corrosivos (SLATER et al., 1974).

    A presena de H2S no meio pode ser devida, alm da sua gerao durante

    processos de aquecimento, tambm sua presena na forma de contaminantes oriundos

    da recirculao de gua de processo de outra unidade da refinaria.

    2.1.1.5. Formao de Sais de Amnio

    Durante um processo de neutralizao, principalmente na forma de amnia gasosa,

    sempre h a possibilidade de formao dos sais de cloreto de amnio no meio. Com a

    diminuio da temperatura no sistema de topo, com elevada concentrao de amnia na

    fase vapor, h possibilidade de formao de sais de cloreto de amnio. Cloreto de

    amnio, ao alcanar uma concentrao especfica, de acordo com o meio e solubilidade,

    pode haver precipitao do sal e formao de depsitos (HAUSLER, R. H., COBLE, N.

    D., 1972).

    A deposio do sal de cloreto de amnio ocorre quando esse sal se precipita, mas

    no ocorre na fase liquida (MILLER, 1978). A formao do sal ocorre pela reao do

    vapor de amnia com o cloreto de hidrognio ambos na fase vapor, passando

    posteriormente por uma sublimao para o estado slido. A deposio ocorre quando o

    produto inico formado pelas presses parciais dos ons de amnio e cloreto for maior

    do que a constante de estabilidade do sal de cloreto de amnio. Normalmente, a

    constante de estabilidade depender da temperatura do meio. Consequentemente, a

    9

  • deposio do sal vai depender do conjunto de variveis: concentraes de amnia e

    cloretos no estado vapor, e temperatura (PETERSEN et al., 2001).

    2.1.2. Sistemas de Topo em Torres de Destilao Atmosfrica

    Como foi dito, o refino de petrleo basicamente, um conjunto de processos

    fsicos e qumicos que objetivam a transformao dessa matria-prima em derivados;

    comeando pela destilao atmosfrica que consiste em um fracionamento do leo cru a

    ser processado em toda e qualquer refinaria. Tal operao realizada em colunas de

    fracionamento, de dimenses variadas, que possuem vrios estgios de separao ao

    longo da torre.

    O petrleo, proveniente dos tanques de armazenamento, pr-aquecido e ento

    introduzido numa torre de destilao atmosfrica. Os derivados deste fracionamento so,

    principalmente, gases, GLP, nafta, gasolina, querosene, leo diesel e resduo

    atmosfrico. Tais fraes, retiradas ao longo da coluna, devero ser tratadas, para se

    transformarem em produtos finais, ou ser enviadas como matria-prima para outros

    processos de refino, que as beneficiaro.

    Uma unidade de destilao atmosfrica apresenta, freqentemente, srios

    problemas de corroso no sistema de topo. O sistema de topo de uma torre de destilao

    compreende toda tubulao e equipamentos presentes na parte superior da torre. Os

    equipamentos presentes normalmente so trocadores de calor, condensadores, vasos

    acumuladores, vlvulas e bombas propulsoras.

    A figura 2 apresenta um esquema simplificado do sistema de topo de uma unidade

    de destilao atmosfrica, apresentando os pontos aos quais podem ser injetados

    produtos qumicos para combater e controlar possveis problemas de corroso no topo.

    10

  • Figura 2: Fluxograma do topo de uma unidade de destilao (MERRICK, 1996)

    De acordo com GUTZEIT (2000), a corroso no sistema de topo mais severa nos

    pontos onde se inicia a condensao da gua, que se localizam no primeiro trocador de

    calor do condensador de topo. Neste ponto, a superfcie fria do metal leva

    condensao da gua, e que, em meio contendo HCl, forma um condensado cido

    extremamente corrosivo. O pH aps a formao da mistura de cido clordrico, fica

    muito baixo, podendo ficar prximo a 1,5, no ponto de condensao da gua,

    (GUTZEIT, 2000).

    2.2. Mecanismos de Corroso em Sistemas de Topo da Torre de Destilao

    2.2.1. Corroso por cido Clordrico

    A corroso nos sistemas de topo de torres de destilao de processamento de leo

    sempre foi problemtica, mas recentemente esse problema tem se tornado mais

    freqente devido os leos se tornarem cada vez mais pesados. Em alguns casos, a

    eficincia da dessalgadora muito baixa, e os problemas incidem no topo devido a

    11

  • presena de HCl formado. Os problemas de corroso no topo da coluna so associados,

    principalmente, a dois tipos: corroso provocada pelo HCl e corroso por sais de cloreto

    de amnio e de aminas (BAGDASARIAN et al., 1996, MERRICK, R. D, AUERBACH,

    T., 1983, GUTZEIT, 2000).

    Segundo MERRICK, R. D, AUERBACH, T., 1983, a corroso causada pelo

    HCl em presena de gua lquida. Em tais condies, formada uma mistura muito

    cida e extremamente corrosiva. Alm disso, a presena de vapores de cido clordrico

    e alta concentrao de amnia gasosa podem tambm levar a formao de NH4Cl, mais

    um agravante, que pode depositar gerando fouling em pontos prximos do permutador

    de calor, na linha de vapor e no condensador do topo (RUE, J. R., EDMONDSON,

    J.G.,2001).

    Na presena de H2S, o meio se torna muito mais complexo, ficando muito

    agressivo (LITTLE, R.S., ANEROUSIS, J.P., 1983). Uma das maneiras de se controlar

    corroso em meio de H2S a injeo de um agente neutralizante podendo ser amina

    neutralizante ou gua amoniacal juntamente com um inibidor.

    2.2.2. Corroso dos sais de amnio e de sulfetos

    Segundo LITTLE, R.S., ANEROUSIS, J.P. (1983), alm do cido clordrico e sais

    de cloreto de amnio formados, existe o inconveniente do H2S. O cido clordrico

    formado a partir da hidrlise dos sais que no foram retidos na dessalgadora vai para o

    topo da torre. No topo, a corroso do ferro ocorre de acordo com as seguintes reaes:

    Fe + HCl = FeCl2 + H2

    FeCl2 + H2S = 2HCl + FeS

    12

  • A primeira equao mostra o HCl produzido na primeira corroso do ferro. O H2S,

    posteriormente consome o FeCl2 para formar HCl e FeS, como mostrado na segunda

    equao. Com isto, h a regenerao de HCl e o ciclo repetido, e mais corroso

    provocada, logo em presena de HCl h um ciclo de corroso mesmo em baixas

    concentraes de cloreto (BAGDASARIAN et al.,1996, COUPER, A. S.,1964).

    A presena de H2S, comumente presente no petrleo, um fator bastante

    complexo. Mesmo sendo um agente bastante agressivo, pode diminuir a taxa de

    corroso com a formao de um filme de FeS protetor (COUPER, A. S.,1964).

    Juntamente com o inibidor de corroso, o filme de FeS pode evitar

    significativamente o efeito agressivo do HCl. A formao e o tipo de filme formado

    esto associados concentrao de H2S e ao pH do meio, que so variveis interligadas

    (HAUSLER, R. H., COBLE, N. D., 1972).

    A estrutura do filme de sulfeto formado pode ser avaliada a partir de um diagrama

    de Pourbaix (MIRANDA, L. R., 1974, POURBAIX, M., 1966). De acordo com a

    figura 3, nota-se que a natureza do filme de sulfeto depende do pH do meio.

    13

  • Figura 3: Diagrama de Equilbrio E-pH do sistema Fe-S-H2O. Corpos slidos considerados: Fe, FeS, FeS2, Fe3O4 e -FeOOH

    (MIRANDA, 1974).

    Um outro problema tambm presente no sistema de topo a formao de fouling,

    incrustaes que se formam devido presena de sais que depositam no topo. Estes sais

    so, geralmente, sais de cloreto de amnio. Segundo RUE, J.R., EDMONDSON, J.G.

    (2001), incrustaes podem ocorrer em reas prximas ao permutador de calor, na linha

    de topo e no condensador.

    A dessalgao um dos meios de diminuir e at mesmo controlar a quantidade

    dos sais hidrolisveis. Algumas refinarias utilizam duas dessalgadoras em srie

    exatamente para aumentar a eficincia na remoo dos sais e evitar a injeo de soda.

    Entretanto, mesmo com eficiente dessalgao, normalmente resduos de sais ainda so

    encontrados no topo, em nveis que podem posteriormente causar fouling e problemas

    de corroso.

    14

  • Algumas variveis que influenciam na dessalgao so bem conhecidas na

    literatura (BAGDASARIAN et al.,1996, BRADEN, V. K., PETERSEN, P. R., 1998).

    Alguns estudos tm mostrado que mesmo com duas dessalgadoras em operao e com

    boa eficincia, possvel encontrar elevada concentrao de cloretos no sistema de topo.

    Mesmo com boa eficincia no processo de dessalgao, a utilizao de duas

    dessalgadoras em srie, ainda se verificou elevadas concentraes de cloreto no sistema

    de topo (BINFORD, M. S., HART, P. R., 1995, DION, M.A., 1995).

    Deve-se ressaltar a interao entre o pH e concentrao de H2S, como no trabalho

    de HAUSLER, R. H., COBLE, N. D., (1972), que apresenta uma relao entre as duas

    variveis. Ainda em relao presena de H2S, POURBAIX (1966) faz um estudo

    sobre o filme de sulfeto de ferro que pode ser formado no meio, podendo atuar como

    uma camada protetora contra corroso.

    Como j foi dito, o pH do meio um fator muito importante, uma vez que a

    estrutura do filme protetor depender do pH. O pH no pode ser muito inferior a 6, ou

    ento h dissoluo do filme protetor de FeS (GUTZEIT, 2000).

    A presena de HCl, diretamente relacionada ao pH do topo, sem dvida, o

    fator mais prejudicial para o controle de corroso no sistema de topo. A figura 4 mostra

    a influncia do pH na taxa de corroso.

    15

  • Figura 4: Efeito do pH na corroso do ao carbono por cido clordrico diludo temperatura de 57oC (GUTZEIT, 2000)

    Os sais formados no topo da unidade de destilao geralmente so higroscpicos,

    o que favorece o processo de corroso. Estes sais, alm de serem corrosivos, podem

    entupir tubulaes e trocadores de calor impedindo o fluxo contnuo. O combate

    deposio de sais feito com a injeo de gua de lavagem (GUTZEIT, 2000).

    Como se pode ver na Figura 5, a deposio de sais favorecida quando h

    condies de elevadas concentraes de HCl em altas temperaturas. Logo, quanto maior

    for a concentrao de cloretos presentes no sistema de topo, maior ser a possibilidade

    de formao de cloreto de amnio e com isso pode gerar problemas gravssimos de

    corroso sob depsito. Portanto, em sistemas de topo de unidades de destilao, com

    elevadas concentraes de cloretos, maior ser a incidncia de corroso sob deposito,

    uma vez que ocorrer uma maior formao de sais de NH4Cl.

    16

  • Figura 5: Efeito da concentrao de cloreto presente no topo da torre de destilao com temperatura abaixo da qual pode formar e

    depositar o sal de cloreto de amnio (GUTZEIT, 2000)

    2.2.3. Corroso por Eroso

    A corroso por eroso no se encontra entre os principais tipos presentes no

    sistema de topo em documentos de referncia para anlise de confiabilidade e

    planejamento de inspees (API 571, 2003). No entanto, pode-se especular que

    caractersticas especificas de projeto e controle de vazes inadequado podem

    proporcionar alguns problemas de corroso por eroso em sistemas de topo.

    A alta velocidade no sistema de topo pode causar eroso nos primeiros tubos de

    entrada do permutador de calor. A velocidade pode no ser elevada o suficiente pra

    provocar eroso, no entanto, pode ser alta suficiente para remover a camada protetora de

    filme de sulfeto. Para se evitar esse tipo de problema adota-se como soluo tecnolgica

    a instalao de uma chapa intermediria para amortecimento do jato na entrada do

    condensador de calor. Segundo GIESBRECHTT et al. (2002), na entrada do casco do

    condensador de calor a velocidade sugerida de 12,2 a 15,2 m/s.

    17

  • 2.3. Mtodos de controle de corroso em sistema de topo

    Para reduzir a corroso em sistemas de topo, vrios recursos so utilizados:

    Manuteno de mxima eficincia de dessalgao Injeo de um agente neutralizante base de amina Uso de inibidores de corroso Injeo contnua ou intermitente de gua amoniacal

    De acordo com muitos autores, a base de se controlar a corroso em sistemas de

    topo impedir o ataque cido da superfcie metlica pelo HCl. O ataque superfcie

    metlica do metal ocorre em meio cido em presena de cido clordrico. O uso de um

    agente neutralizante, seja um comercial ou um agente neutralizante a partir de uma

    mistura de gua amoniacal, faz com que o pH na superfcie metlica se eleve evitando o

    ataque cido.

    O uso de inibidor de corroso devido principalmente presena do cloreto. Em

    presena de inibidor, h a formao de um filme protetor que iniba a corroso. Quando

    h uma formao do filme de inibidor, o cloreto no consegue atuar na superfcie

    metlica ( PHILIP, R. PETERSEN, D., 1996).

    2.3.1. Eficincia de dessalgao

    A corroso em sistema de topo, mesmo sendo um problema relativamente

    complexo, pode ser minimizada com a prtica de algumas tcnicas de monitoramento e

    tambm com anlises em pontos especficos. As anlises do leo cru antes e depois da

    dessalgadora, e tambm da gua efluente da dessalgadora e do tambor do topo,

    resultante do condensador, so essenciais para monitorar e controlar a corroso no

    sistema de topo.

    18

  • Uma informao adicional em termos de controle de corroso tambm pode ser

    obtida a partir de uma anlise do coeficiente de troca de calor e da eficincia da

    destilao. Tanto a eficincia de destilao, quando o coeficiente de troca trmica traz

    uma informao importante quanto formao ou no de incrustaes que diminuem a

    o coeficiente de troca trmica e consequentemente podem provocar corroso sob

    depsito (COUPER, 1964).

    Uma dessalgao eficiente pode remover de 90 a 99%o dos sais solveis em gua.

    Frequentemente se utiliza gua de lavagem oriunda do craqueamento cataltico ou de

    outro processo, aps um tratamento para diluio de sulfetos e possveis contaminantes,

    para auxiliar no processo de dessalgao. A eficincia deste processo depende tambm

    das propriedades do leo, da temperatura e presso de dessalgao, do tempo de

    residncia do processo e da vazo e qualidade da gua de lavagem (BAGDASARIAN,

    et. Al.,1996).

    A dessalgao um ponto crucial com relao aos possveis problemas de

    corroso (VALENZUELA 1999). Sendo um processo muito importante, deve ser

    controlado com muita ateno. A temperatura, por exemplo, atua significativamente na

    eficincia da emulso para separao da gua e leo. Algumas unidades europias

    utilizam duas dessalgadoras exatamente para aumentarem a eficincia e diminurem a

    magnitude dos problemas de corroso nos sistemas de topo.

    2.3.2. Neutralizao com Aminas

    A escolha do agente neutralizante fundamental para um bom controle do pH.

    Durante muito tempo, a amnia gasosa foi o principal agente neutralizante utilizado na

    maioria das refinarias. Entretanto, devido formao e a precipitao do sal de cloreto

    de amnio, a amnia gasosa vem sendo aos poucos substituda por misturas de amina.

    19

  • Alm dos problemas com a formao de sais, a amnia gasosa tem outro

    inconveniente, que a possibilidade de gerar corroso sob tenso em condensadores e

    trocadores de calor base da liga de cobre (COUPER, 1964).

    Uma das desvantagens da amnia a sua baixa solubilidade em gua a altas

    temperaturas. Isso significa dizer que a amnia gasosa, prxima do ponto de orvalho da

    gua, onde se inicia a sua condensao, torna-se ineficiente para o controle do pH.

    Portanto, como o HCl muito solvel em gua, o meio torna-se uma soluo aquosa

    bastante cida e a amnia gasosa no pode evitar a significativa diminuio do pH.

    Em LITTLE, R.S., ANEROUSIS, J. P. (1977), h um estudo comparativo entre

    alguns neutralizantes dos quais faz parte a amnia gasosa e uma mistura de aminas.

    Existem algumas desvantagens em relao o uso da amnia gasosa para neutralizao.

    A principal desvantagem da amnia gasosa o controle do pH dentro do limites

    desejados. Sendo voltil, a amnia gasosa naturalmente problemtica para injeo e

    para o controle do pH. Este problema pode ser visualizado, na figura 6, quando se

    analisa a curva de titulao da amnia gasosa; mostrando que uma pequena variao na

    concentrao de amnia, pode levar a uma grande variao de pH, o que torna bem

    complicado o controle de pH (LITTLE, R.S., ANEROUSIS, J. P.,1977).

    20

  • Figura 6: Curvas de neutralizao em um sistema de topo, utilizando amnia gasosa, mistura de amina e um componente de amina diludo

    em gua como neutralizantes (Little, R.S., Anerousis, J. P., 1977)

    Quando o pH entra em uma faixa alcalina, h acmulo de depsito de cloreto de

    amnio. Normalmente, os depsitos de cloreto de amnio formados so higroscpicos,

    e aceleram muito o processo corrosivo. Sob os depsitos formados, ocorrem ataques de

    corroso por pites e uma rpida perfurao da tubulao e equipamentos.

    No mesmo estudo anterior, figura 6, uma mistura de aminas apresenta vrias

    vantagens em relao ao uso de amnia gasosa como agente neutralizante. A maior

    vantagem sua facilidade para controlar o pH em vrias faixas desejadas.

    O uso de amnia gasosa como agente neutralizante pode apresentar alguns

    problemas quanto ao controle de pH. Segundo JAMBO et al.(2002), o uso de medidores

    de pH on-line e automao do sistema de injeo de amnia gasosa uma das maneiras

    de minimizar os problemas gerados quando h injeo de amnia em excesso. Sendo

    uma base forte, um excesso de amnia ou um controle ineficiente de pH pode provocar

    corroso sob tenso nos trocadores de calor a base de cobre.

    21

  • Normalmente, os sais formados pelas aminas so solveis nos hidrocarbonetos e

    evitam a deposio. As aminas possuem baixa volatilidade. Isto, junto alta

    estabilidade dos sais de cloreto de aminas que possuem ponto de fuso entre 66 e 105oC,

    torna a mistura de amina um excelente neutralizante. Em geral, o pH de um condensado

    do vapor de gua na seo de topo deve ficar entre 5,5-6,5 considerado uma faixa de pH

    de controle (BAGDASARIAN, et. Al.,1996).

    O valor timo de pH pode ser estabelecido empiricamente pela tcnica de

    monitoramento por sondas. Um completo programa de monitoramento inclui anlise de

    gua (para pH, cloretos e dureza), anlise de hidrocarbonetos (inibidores residuais e

    metais), medidas de taxa de corroso e ensaios no destrutivos. Normalmente, o agente

    neutralizante injetado na linha do topo antes da condensao da gua.

    Segundo VALENZUELA (1999), o mtodo tradicional de controle de corroso

    em topo, quando baseado somente nas anlises de gua e de ons, inadequado,

    podendo, em alguns casos, indicar erroneamente uma condio de controle de corroso.

    Portanto, necessrio um bom conhecimento das propriedades termodinmicas das

    aminas e dos sais formados para evitar dosagem excessiva de amina e

    consequentemente, uma deposio de sais de amina que tambm podem gerar corroso.

    2.3.3. Neutralizao com gua Amoniacal e injeo de gua de lavagem

    A injeo de gua de lavagem uma maneira econmica e prtica de evitar a

    formao de fouling e controlar o pH para o sistema de topo. Segundo PETERSEN et

    al. (2005), a injeo de gua apresenta resultado bastante eficaz para o combate

    formao de fouling e consequentemente corroso por deposio de cloreto de amnio.

    A injeo de gua de lavagem pode levar tanto a um bom, como tambm a um mal

    resultado, dependendo da qualidade da gua utilizada. Se a gua contiver oxignio, pode

    22

  • acelerar muito o processo de corroso. Deve-se ento ter muita ateno na certificao

    da qualidade da gua de recirculao utilizada, garantindo que a gua seja isenta de

    contaminantes e resduos que possam gerar incrustaes e diminuir a eficincia do

    trocador de calor.

    gua de lavagem pode ser injetada na linha do topo. A taxa ideal de injeo de

    gua de 5-10% do fluxo do topo (BAGDASARIAN et al.,1996). Uma vazo excessiva

    de gua pode levar a uma baixa eficincia de separao no tambor do topo e parte dessa

    gua pode retornar torre com o refluxo, podendo gerar corroso em pratos da torre e

    na linha do topo. Portanto, com devida ateno s propriedades mecnicas e balanos

    qumicos, a gua amoniacal oriunda da torre de gua cida pode ser uma excelente

    alternativa como neutralizante no controle de corroso.

    A eficincia de uma unidade que utiliza gua amoniacal (uma gua de lavagem

    rica em amnia) no combate formao de sais est associada ao volume de trabalho e

    a distribuio da gua na unidade. Para um bom controle formao de fouling, no

    permitida a formao de zonas de estagnao, o que poderia propiciar a formao e a

    precipitao de sais. Em unidades de destilao, um erro de projeto pode levar a

    formao de sais nos trocadores de calor de topo (RUE, J.R., EDMONDSON, J.G.,

    (2001).

    A gua amoniacal pode desempenhar dupla funo em um sistema de topo. Sendo

    uma gua rica em amnia, alm de carrear um possvel sal de cloreto de amnio

    formado na fase vapor, a gua amoniacal pode tambm, como j disse, desempenhar

    tambm a funo de agente neutralizante no ponto de orvalho da gua.

    23

  • 2.4. Inibidores de Corroso em sistema de topo

    Segundo GENTIL (2003) um inibidor de corroso uma substncia ou mistura de

    substncias que, quando em concentraes adequadas no meio corrosivo, reduz ou

    elimina a corroso. A escolha do inibidor envolve uma srie de fatores; o primeiro a

    causa da corroso no sistema, seguido do custo, mecanismos de ao e por fim as

    condies adequadas para utilizao.

    Os inibidores de corroso podem ser classificados em inibidores andicos,

    catdicos, mistos e de adsoro. Entre os tipos citados, os mais indicados para proteger

    peas metlicas em meio cido so os inibidores de adsoro. As pelculas de proteo

    geradas pelos inibidores de adsoro so afetadas por diversos fatores, tais como

    velocidade do fluido, volume e concentrao de inibidor usado para o tratamento,

    temperatura do sistema, tipo de substrato eficaz para adsoro do inibidor e superfcie

    metlica e a composio do fluido no sistema.

    Vrios inibidores podem atuar na inibio da corroso no topo. A maioria

    necessariamente interage com o filme de sulfeto; um mecanismo detalhado de inibio

    muito complicado. Normalmente, o inibidor aplicado na linha de topo aps ser

    completamente misturado com hidrocarbonetos ( MERRICK, R. D., AUERBACH, T.,

    1983).

    De acordo com HAUSLER et al. (1970), a interao de inibidores, usualmente

    aminas, na superfcie impede a troca de ons. Na literatura, verifica-se a existncia de

    uma srie de variveis que influenciam significativamente a eficincia de adsoro do

    inibidor, sendo uma dessas variveis o pH (NOTTES, 1966).

    Os inibidores ativos em presena de H2S so geralmente aminas gordurosas,

    amidas de cidos graxos e aminas ou derivados orgnicos de amina cclica.

    HACKERMAN, N., COOK, E. L. (1950) investigou a utilizao da amina como

    24

  • inibidor em meio cido e observou que a concentrao efetiva de inibidor se encontra

    na faixa 0-1% de inibidor, que uma concentrao bem superior concentrao

    verificada na indstria de petrleo. No entanto, no se pode afirmar que o resultado

    apresentado por Hackerman e Cook seja obtido para condies neutras.

    Em pH menores que 4, os inibidores a base de amina tornam-se protonados e

    mais solveis em gua, o que, consequentemente, diminui a atrao do inibidor com a

    superfcie metlica. Quanto mais protonada estiver amina em meio cido, maior ser a

    taxa de dessoro do inibidor e conseqentemente menor ser a sua eficincia de

    inibio (PHILIP, R., PETERSEN, D., 1996).

    3. MATERIAIS E MTODOS

    Neste captulo, ser apresentada uma descrio dos materiais e mtodos utilizados

    em laboratrio, apresentando tambm os procedimentos adotados para realizao dos

    experimentos.

    3.1. Materiais Metlicos Utilizados

    Como os materiais predominantes em componentes dos sistemas de topo so aos

    carbono, foram utilizados nos ensaios de corroso o ao UNS-G41300 e o ao UNS-

    G10200, esse ultimo bastante comum e de composio qumica conhecida. A

    especificao do ao UNS-G41300 apresentada na tabela 3.

    A composio qumica do ao UNS-G41300 foi determinada por meio de anlise

    de Espectrometria de emisso ptica. O ao UNS-G41300 utilizado na indstria do

    petrleo principalmente em meios contendo H2S e apresenta uma estrutura de

    martensita revenida na totalidade de material.

    25

  • Tabela 3: Composio qumica de ao UNS-G41300 (% em peso)

    C S P Si Mn Ni Cr Mo Nb Ti V

    0,27

  • empresa que atua em atividade de controle de corroso em refinarias nacionais de

    petrleo.

    3.3 Mtodos Experimentais

    3.3.1. Titulao

    Primeiramente, com intuito de formular um meio que pudesse ser representativo

    s condies encontradas no topo, foram coletados dados de campo que serviram para

    formular uma concentrao base de 40 ppm de cloretos.

    A titulao volumtrica foi o mtodo quantitativo utilizado para quantificar as

    composies. Para avaliar a eficincia tanto do agente neutralizante comercial, quanto

    da soluo de gua amoniacal 1000 ppm de amnia, preparada em laboratrio, foram

    construdas curvas de titulao que possibilitassem a comparao entre os dois agentes

    neutralizantes para avaliar o efeito na neutralizao.

    3.3.2. Ensaios de Perda de Massa

    Para os ensaios de perda de massa, foram utilizados corpos-de-prova

    confeccionados no laboratrio de corroso UFRJ/COPPE/PEMM. Os corpos-de-prova,

    que possuam forma de paraleleppedo, com dimenses mdias de 20,0 x 9,5 x 5,0 mm,

    com um furo central de 0,30 mm de dimetro.

    Os corpos-de-prova utilizados nos ensaios de perda de massa foram cortados,

    limpos e lixados com lixas de granulao 100 e 220 em seqncia. Aps a preparao

    completa dos corpos-de-prova, estes eram armazenados em leo redutor para mant-los

    conservados at o momento em que seriam utilizados nos ensaios de perda de massa.

    Antes da realizao de cada ensaio, os corpos-de-prova eram retirados do leo, imersos

    27

  • em xileno para retirada do leo, imersos em acetona e por ltimo, imersos em lcool

    antes de serem secados.

    Os ensaios de perda de massa so realizados em autoclaves cilndricas revestidas

    com teflon e com capacidade de 400 mL, mostradas na Figura 7. Os corpos-de-prova,

    aps preparao prvia necessria, foram ento instalados em carretis a serem

    colocados nas autoclaves. Cada carretel, como pode ser visto na Figura 8, acomoda trs

    corpos-de-prova. Em cada autoclave, os trs corpos-de-prova so submetidos s mesmas

    condies fsico-qumicas.

    Dando continuidade aos ensaios de perda de massa; aps a preparao, pesagem e

    acomodao dos respectivos corpos-de-prova em cada carretel, estes so ento

    colocados em suas respectivas autoclaves. Cada autoclave possui uma numerao

    especfica, cujo objetivo foi a identificao de cada ensaio.

    Figura 7: Autoclave utilizada nos ensaios de perda de massa

    Figura 8: Carretel com os corpos-de-prova

    28

  • Figura 9: Estufa utilizada nos ensaios de perda de massa

    As autoclaves so ento acomodadas na estufa, mostrada na figura 9. Ao receber

    as autoclaves, a estufa j estava previamente aquecida temperatura de 90oC. Depois de

    fechada e ligado o sistema de rolos da estufa, que garantiam a agitao, iniciava-se o

    ensaio de perda de massa. Cada ensaio durava-se 6 horas; tempo esse que os corpos-de-

    prova mantinham-se expostos continuamente ao meio de ensaio.

    Para os ensaios de perda de massa, cada ensaio teve uma durao de 6 horas. O

    meio de corroso, foi sempre uma soluo lquida de HCl em um pH que estaria

    relacionado com a concentrao de HCl e ao de agente neutralizante presente, quando

    presente, sempre mesma temperatura de 90o C

    Aps um tempo de ensaio de 6 horas, as autoclaves eram retiradas da estufa e

    resfriadas em gua corrente. Depois de resfriadas, as autoclaves eram levadas para uma

    capela onde esta era aberta e os corpos-de-prova eram retirados. Cada corpo-de-prova

    era lavado com auxilio de uma escova com cerdas finas, desengraxado, rinsado com

    lcool, secos, pesados novamente e inspecionados visualmente.

    O resultado dos ensaios de perdas de massa foi expresso em taxa de corroso. A

    taxa de corroso de cada corpo-de-prova foi calculada conforme procedimento

    estabelecido na Norma ASTM G1-72, ou seja, baseado na variao de massa (perda de

    massa) e a rea inicial de cada corpo-de-prova.

    O clculo das taxas de corroso pode ser obtido a partir das seguintes equaes:

    29

  • Taxa de corroso = (K x W) / (A x t x d)

    Onde:

    K = Constante de converso (para mpy = 3,45 x 106, para mm/ano = 8,76 x 104)

    W= Perda de massa, em g

    A= rea, em cm2

    t = Tempo de exposio, em horas.

    d = Densidade, em g/cm3.

    O desempenho do inibidor pode ser medido pela sua eficincia em reduzir a taxa

    de corroso. A eficincia do inibidor pode ser calculada por:

    E=(T0 - Ti)/ To x 100%

    Onde:

    E = eficincia do inibidor

    T0 = taxa de corroso sem inibidor

    Ti = taxa de corroso com inibidor

    3.3.3. Ensaios de Polarizao

    Os ensaios de polarizao foram realizados em um Potenciostato-Galvanostato

    Omnimetra Modelo PG05, por meio da tcnica potenciosttica, com variao manual do

    potencial. Tambm foram realizados ensaios em um equipamento digital modular

    AutoLab/PGSTAT30, gerenciado pelo software General Purpose Electrochemical

    System, verso 4.9 Eco Chemie B.V.

    30

  • Foram realizadas curvas de polarizao andica em meios corrosivos variados,

    analisando assim quais seriam as variveis que realmente poderiam influenciar no

    aumento da densidade de corrente andica. Os ensaios foram todos realizados em uma

    clula de vidro com capacidade de 400 mL, contendo uma soluo termostatizada na

    temperatura de 90oC. A soluo era mantida na temperatura desejada com auxlio de

    uma fita de aquecimento trmico, como mostra a Figura 10. Durante os ensaios de

    polarizao, o controle de temperatura permitia oscilaes em torno de um grau, para

    mais ou para menos em relao temperatura de controle ajustada.

    Figura 10: Clula de polarizao eletroqumica com eletrodo

    rotatrio

    Nos ensaios de polarizao, foi utilizado como contra-eletrodo um fio de platina e

    como referncia um eletrodo de calomelano saturado. No entanto, devido temperatura

    dos ensaios superior a 60oC, foi montada uma ponte salina de algodo, uma vez que em

    temperaturas superiores a 60oC inicia-se a deteriorao do eletrodo de referncia de

    calomelano saturado.

    Na montagem da ponte salina, foi utilizado um capilar reto de vidro com dimetro

    de aproximadamente 4 mm e 5 cm de comprimento. O capilar de vidro teve seu interior

    31

  • compactado com algodo umedecido com KCl, de forma a no permitir a formao de

    bolha de ar quando utilizado. A ligao entre o eletrodo de calomelano saturado e a

    ponte salina foi feita por meio de uma mangueira de silicone.

    Os ensaios de polarizao foram realizados tanto em meios estagnados, sem

    agitao, quanto em meios agitados. Os ensaios de polarizao em meio estagnado

    foram realizados em um Potenciostato-Galvanostato Omnimetra Modelo PG05 e os

    corpos-de-prova de ao UNS-G41300 utilizados apresentavam uma rea exposta de

    0,90 cm2.

    Os ensaios de polarizao realizados em meios agitados foram realizados com

    auxlio de um eletrodo rotatrio com uma rotao de 118 rpm. Nos ensaios realizados

    em meios agitados, devido complexidade e a dificuldade na confeco de um novo

    eletrodo rotatrio do ao UNS-G41300, fez-se necessrio o uso de um par de eletrodos

    rotatrios de ao UNS-G10200 que j se encontravam disponveis no laboratrio. O ao

    UNS-G41300 foi o material com o qual foram realizados os ensaios de polarizao, em

    meio estagnado e todos os ensaios de perda de massa.

    Diferentemente dos ensaios de polarizao em meio estagnado, os ensaios de

    polarizao em meios agitados foram realizados no Equipamento modular

    Autolab/PGSTAT30 mostrado na figura 11, gerenciado pelo software GPESGeneral

    Purpose Electrochemical System, verso 4.9 Eco Chemie B.V. Nos ensaios de

    polarizao eletroqumica realizados em meios agitados, devido diferena em forma e

    tamanho dos corpos-de-prova, estes apresentavam uma rea exposta mdia de 0,57 cm2,

    sendo submetidos a polimento com lixas de gua granulomtrica 100, 220. Ao final, os

    corpos-de-prova tiveram suas bordas impermeabilizadas com esmalte e depois de secos,

    tinha as suas reas medidas com um paqumetro.

    32

  • Figura 11: AutoLab/PGSTAT30, gerenciado GPES , verso 4.9 Eco Chemie B.V. utilizado nos ensaios

    de polarizao em meios agitados

    4. RESULTADOS E DISCUSSO

    4.1. Avaliao geral do processo corrosivo

    Como parte inicial dos resultados e discusso, ser apresentada a anlise que

    levou a determinao da composio de um meio de ensaio que fosse similar s

    condies encontradas no topo de uma unidade de destilao.

    Para identificao e caracterizao de um meio que pudesse representar as

    condies e concentraes de um sistema de topo, dados de inspeo em refinarias de

    petrleo foram coletados em duas refinarias nacionais. Os dados oriundos das refinarias

    apresentavam valores de concentraes de cloretos, sulfetos e amnia presentes no

    condensado do vaso acumulador do sistema de topo de colunas de destilao

    atmosfrica.

    Os dados apresentados nas figuras 12, 13, 14 e 15 correspondem a informaes

    fornecidas pela REFINARIA A. Os dados de concentraes de amnia, sulfetos,

    cloretos, e pH do condensado do sistema de topo so coletados durante as inspees de

    equipamentos realizadas nas refinarias. Na figura 12, nota-se que a concentrao de

    33

  • sulfeto se encontra na faixa de 50 a 1200 ppm; j a concentrao de amnia se encontra

    na faixa de 50 a 850 ppm como pode ser visto na figura 13.

    Figura 12: Variao da concentrao de sulfetos em gua cida do vaso acumulador do topo com o tempo em uma refinaria nacional

    (REFINARIA A)

    Figura 13: Variao da concentrao de amnia com o tempo na gua cida de um vaso acumulador do topo em uma refinaria nacional (REFINARIA A)

    Os dados de concentrao de cloretos, importante indicao da incidncia de

    corroso no sistema de topo, so apresentados na figura 14. Os dados de concentrao

    de cloretos no so muito representativos, uma vez que poucos dados estavam

    26/1/2006 14:00 4/2/2006 14:00 20/2/2006 14:00 8/3/2006 06:000

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    Con

    cent

    ra

    o de

    sul

    feto

    s (p

    pm)

    tempo (dias)

    Concentrao de sulfetos no vaso de topo

    -200 0 200 400 600 800 1000 1200 14000

    5

    10

    15

    20

    25

    30 Distribuio da concentrao

    de sulfetos no vaso de topo

    Freq

    unc

    ia

    Concentrao de sulfetos (ppm)

    28/1/2006 14:00 10/2/2006 06:00 7/3/2006 14:000

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900 Concentrao de amnia com o tempo no vaso de topo

    Con

    cent

    ra

    o de

    am

    nia

    (ppm

    )

    Tempo (dias)0 200 400 600 800

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    Distribuio da concentrao de amnia no vaso do topo

    Freq

    unc

    ia

    Concentrao de amnia (ppm)

    34

  • disponveis. No entanto, mesmo assim vale citar que a concentrao de cloreto variou

    de 20 a 350 ppm para a concentrao de cloretos no condensado de topo.

    Figura14: Concentrao de cloreto com o tempo na gua cida de um vaso acumulador do topo em uma refinaria nacional (REFINARIA A)

    Os dados de pH mostrados na figura 15 tambm constituem uma importante

    informao para o controle de corroso nos sistemas de topo. Sendo a acidez

    responsvel pelo principal tipo de corroso em sistema de topo, o pH do condensado

    que se encontra no vaso acumulador do topo da torre de destilao atmosfrica

    utilizado para controle do processo de corroso. Portanto, mesmo sabendo que a faixa

    de controle de pH entre 5,5 e 6,5 no representa as reais condies de pH no ponto

    crtico de incidncia da corroso (ponto de orvalho da gua), que onde se inicia a

    condensao da gua; os dados de pH coletados no condensador do vaso de topo

    podem estabelecer uma relao direta com o pH do ponto de orvalho da gua

    (CARDOSO, 2006).

    0 100 200 300 4000,0

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    3,0

    Freq

    unc

    ia

    Concentrao de Cloreto (ppm)

    Distribuio de cloretos no vaso de topo

    13/1/2006 06:00 27/1/2006 06:00 10/2/2006 06:000

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350 Concentrao de cloretos no vaso de topo

    Con

    cent

    ra

    o de

    clo

    reto

    s (p

    pm)

    tempo (dias)

    35

  • Figura 15: Variao da concentrao do pH com o tempo no condensado de um vaso acumulador do topo em uma refinaria nacional

    interessante observar que, m o grandes oscilaes; tanto as

    conce

    s na REFINARIA A, dados de outra refinaria

    nacio

    (REFINARIA A)

    esmo apresentand

    ntraes de amnia, quanto as concentraes de sulfeto, em ambos os casos,

    mantm prximo de 200 ppm para a concentrao de sulfetos e a concentrao de

    amnia se mantm prximo de 100 ppm.

    Para complementar os dados obtido

    nal (REFINARIA B) tambm foram coletados. As Figuras 16 e 17 foram geradas a

    partir de dados da REFINARIA B. Com esses dados, e juntamente com os dados

    oriundos da REFINARIA A, apresentados nas Figuras 12, 13,14 e 15, facilitou bastante

    na formulao de uma soluo que pudesse representar o sistema de topo de uma

    unidade de destilao, pelo menos em relao concentrao de cloreto e pH.

    6,8 7,0 7,2 7,4 7,6 7,8 8,0 8,2 8,40

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    16

    Freq

    unc

    ia

    pH

    Distribuio depH no vaso de topo

    13/1/2006 06:00 27/1/2006 06:00 10/2/2006 06:00 13/3/2006 06:000

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8 pH no vaso de topo

    pH

    tempo (dias)

    36

  • 17/09/02 12/11/02 24/09/04 09/11/04 11/01/050

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    180

    200

    Figura 16: Variao da concentrao de cloreto com o tempo na gua cida do vaso acumulador do topo em uma refinaria nacional (REFINARIA B)

    Figura 17: Variao da concentrao de pH com o tempo na gua cida do vaso acumulador do topo em uma refinaria nacional (REFINARIA B)

    Nos ensaios laboratoriais, a concentrao de sulfeto foi mantida em condio de

    saturao em uma concentrao em torno de 1520 ppm de H2S. Como descrito

    anteriormente, o gs sulfidrico, gerado a partir da reao de sulfeto de ferro e H2SO4,

    foi concentrado em uma soluo de HCl 40 ppm.

    Para avaliar inicialmente o efeito do H2S no meio, utilizou-se uma soluo de

    HCl 40 ppm, saturada com H2S e na qual utilizava se uma soluo de gua amoniacal

    pra controle de pH. A estimativa da concentrao de sulfeto em forma de H2S na

    soluo foi feita com base em resultados apresentados por Cndido (CNDIDO, 2006),

    17/09/02 05/11/02 21/09/04 09/11/04 28/12/040

    2

    4

    6

    8

    pH

    Tempo (dias)

    Distribuio de pH com o tempo

    3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5 8,0 8,5 9,00

    2

    4

    6

    8

    10

    Freq

    unc

    ia

    Faixa de pH

    Distribuio de pH no vaso de topo

    Con

    cent

    ra

    o de

    clo

    reto

    s (p

    pm)

    Tempo (dias)

    Distribuio da concentrao de cloretos no vaso de topo

    -20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 1800

    5

    10

    15

    20

    25

    Distribuio do cloreto no vaso de topo

    Freq

    unc

    ia

    Concentrao de cloretos (ppm)

    37

  • que utilizou curvas de titulao potenciomtrica para determinar a concentrao de H2S

    em condies similares. Por esse critrio, considerou-se que, aps a saturao, a

    soluo apresentava aproximadamente 1520 ppm de H2S.

    A concentrao de 40 ppm de cloreto em forma de HCl uma tpica

    concentrao de cloretos em sistema de topo. Como pde se ver na figura 16, essa

    concentrao de cloreto pode ser encontrada no sistema de topo da unidade de

    destilao atmosfrica da REFINARIA B. Alm disso, segundo DION (1995) e

    BINFORD, M. S., HART, P. R., (1995), mesmo uma refinaria com duplo estgio de

    dessalgao, pode apresentar no sistema de topo de uma unidade de destilao elevada

    concentrao de cloretos que pode chegar at a 300 ppm. No entanto, segundo

    MERRICK, R. D, AUERBACH, T. (1983), com um estgio simples de dessalgao a

    concentrao de cloreto no sistema de topo de uma unidade de destilao varia

    consideravelmente entre 20 e 400 ppm de cloreto.

    4.1.1. Ensaios laboratoriais de perda de massa

    Em laboratrio foram realizados uma srie de experimentos em diferentes

    concentraes de HCl. Para analisar o comportamento do ao UNS-G41300 em meio

    de HCl, foram adotas algumas concentraes especficas de HCl. As concentraes de

    cloreto adotadas para realizao dos experimentos foram concentraes que podem ser

    encontradas em sistema de topo em unidades de destilao atmosfrica.

    Os dados apresentados na figura 16 foram utilizados como referncias para a

    formulao das solues de HCl utilizadas em ensaios de perda de massa. Os dados de

    concentrao de cloreto possibilitaram que se fizesse ensaios de perda massa em

    concentraes de cloreto, na forma de HCl que variaram de 28 e 410 ppm. Os valores

    de concentrao foram calculados a partir dos respectivos valores de pH.

    38

  • Foram realizados alguns experimentos em solues de HCl variando somente a

    concentrao de HCl. Os resultados de perda de massa obtidos, convertidos em perda

    de espessura, esto indicados na figura 18.

    2,0 2,5 3,0

    0

    2

    4

    6

    8

    10

    410 ppm HCl 110 ppm HCl 75 ppm HCl 59 ppm HCl 52 ppm HCl 46 ppm HCl 28 ppm HCl

    Per

    da d

    e E

    xpes

    sura

    (mm

    /ano

    )

    pH

    Figura 18: Taxas de corroso do ao UNS-G41300 em diferentes valores de pH temperatura de 90 oC

    Observa-se como a taxa de corroso do ao UNS-G41300 depende

    significativamente do pH. Como o HCl que ataca o material no sistema de topo de uma

    unidade de destilao est na fase liquida, uma maneira inicial de investigar a corroso

    no ao UNS-G41300 foi realizar vrios ensaios de perda de massa para diferentes

    meios contendo diferentes concentraes de cloretos na forma de HCl. Os resultados

    apresentados na figura 18 esto de acordo com GUTZEIT (2000).

    39

  • A Tabela 5 apresenta complementarmente um quadro com os valores de

    correspondentes de pH em funo de uma determinada concentrao de cido

    clordrico. Apresenta-se tambm a perda de espessura, a mdia e o desvio padro para

    cada corpo-de-prova em determinados valores de pH.

    Tabela 5: Concentrao de HCl e pH do meio

    Concentrao de HCl (ppm)

    pH do meio Corpo-de-prova Perda de espessura (mm/ano)

    Mdia (mm/ano)

    Desvio padro

    A 10,53

    B 10,74 410 1,95

    C 10,27

    10,51

    0,24

    A 8,57

    B 10,17 110 2,52

    C 10,17

    9,64

    0,92

    A 2,34

    B 2,90 75 2,69

    C 2,27

    2,50

    0,34

    A 1,66

    B 1,63 59 2,79

    C 1,69

    1,66

    0,03

    A 0,52

    B 1,29 52 2,85

    C 1,85

    1,22

    0,67

    A 0,93

    B 0,06 46 2,90

    C 0,75

    0,58 0,46

    A 1,82

    B 1,54 28 3,11

    C 1,85 1,73 0,17

    As taxas de corroso apresentadas pelo ao UNS-G41300 resultaram em valores

    de perda de espessura que variaram de 10,5 mm/ano at 0,58 mm/ano de acordo com o

    40

  • pH do meio. Quanto a morfologia de corroso, os corpos-de-prova apresentaram

    corroso em toda extenso da superfcie, com perda uniforme de espessura,

    caracterizando, portanto, a ocorrncia de corroso uniforme.

    A concentrao de cloreto no sistema de topo importante uma vez que a

    diminuio do pH no sistema de topo est associado principalmente concentrao de

    HCl. Mesmo o petrleo possuindo vrios tipos de substncias cidas, a acidez que

    agrava os problemas de corroso est associada diminuio do pH devido a

    concentrao de HCl, absorvido em gotas de gua condensada no sistema de topo.

    Os ensaios de perda de massa para diferentes valores de pH apresentaram os

    resultados em relao ao comportamento do ao UNS-G41300 em presena de HCl.

    Os resultados obtidos para meios contendo somente soluo pura de HCl, da figura 18,

    mostram o comportamento do ao UNS-G41300 em diferentes concentraes de

    cloretos em funo do pH. Ao realizar os ensaios de perda de massa variando a

    concentrao de cloreto (HCl) no meio, ficaram evidentes dois diferentes patamares de

    taxas de corroso de acordo com o pH.

    As taxas de corroso para diferentes concentraes de cloretos e pH variaram

    desde um pH cido em torno de 410 ppm de cloreto com pH 1,95, at um pH menos

    cido de 3,10 para uma concentrao de 46 ppm de cloreto. As taxas de corroso entre

    os dois extremos de valores de pH foram de 10,50 em 410 ppm de HCl e a 0,58

    mm/ano para 46 ppm de HCl.

    Os valores mdios de taxas de corroso de acordo com a variao da

    concentrao de cloreto so apresentados na figura 19. Pode-se observar que embora a

    taxa de corroso varie significativamente com o pH, estas taxas apresentam pouca

    variao com a concentrao de cloreto na faixa inferior de teores de cloreto, entre 40

    ppm e 110 ppm apresentado valores de perda de espessura em torno de 2mm/ano. Para

    41

  • teores de cloreto mais elevados, acima de 110 ppm, verifica-se que as taxas de corroso

    se elevam significativamente, passando a cerca de 10 mm/ano.

    0 50 100 150 200 250 300 350 400 4500

    2

    4

    6

    8

    10

    12 2,70Valores no lineares de pH2,52 1,952,85

    Perd

    a de

    esp

    essu

    ra (m

    m/a

    no)

    Concentrao de HCl (ppm)

    Taxa de corroso com variao do pH

    Figura 19: Valores mdios da taxa de corroso do ao UNS-G41300 para diferentes concentraes de HCl e pH entre 1,95 e 3,10

    temperatura de 90oC.

    Uma concentrao de cloreto de 40 ppm em meio HCl foi adotada para

    representar a concentrao de cloreto (HCl), tendo como referncia, alm de

    informaes da literatura e dados de campo, tambm os resultados dos experimentos

    de perda de massa em solues de HCl cujos resultados foram apresentados nas figuras

    18 e 19. Nessa condio, verifica-se que a concentrao de cloreto no fator

    determinante da taxa de corroso, dentro dos limites de concentrao entre 25 e 100

    ppm aproximadamente.

    Cabe ressaltar tambm que os valores de pH, aos quais foram realizados os

    ensaios de perda de massa, so valores de pH que podem ser normalmente encontrados

    42

  • em locais onde possa estar ocorrendo condensao de gua no sistema de topo

    (RICHMOND, 1982) e (MERRICK, R. D, AUERBACH, T., 1983).

    Sendo assim, com os dados de concentrao de cloretos nos vasos de topo de

    refinarias de petrleo e com dados da literatura, foi possvel estimar de forma

    aproximada as condies que poderiam ser encontradas no topo de uma unidade de

    destilao, optando-se por uma concentrao em cloreto de 40 ppm.

    Todos os ensaios de perda de massa, para diferentes concentraes de cido

    clordrico, foram realizados na mesma temperatura de 90oC. A temperatura de 90oC foi

    escolhida, pois nesta temperatura j h grande possibilidade de estar ocorrendo

    condensao da gua na linha de topo. Segundo KIVISAKK, U. (2003), utilizando um

    sistema montado em laboratrio para simular a condensao da mistura de vapores de

    HCl e gua, possvel verificar que a 90oC ocorre condensao da mistura do vapor de

    H2O com HCl. No sistema montado, o autor trabalha, contudo a uma temperatura de

    40oC, uma vez que Kivisakk objetivava em sua pesquisa a formao de um condensado

    com 1% de HCl.

    Ainda em relao temperatura no sistema de topo, MERRICK, R. D,

    AUERBACH, T. (1983) afirma que a temperatura do topo de uma unidade de

    destilao se encontra entre 93 e 177oC, podendo variar dentro desta faixa de refinaria

    para refinaria, dependendo das condies especficas e desejadas de cada planta. No

    entanto, um fator importante e que tambm foi considerado na definio da temperatura,

    foi tendncia atual de algumas refinarias em reduzir as temperaturas de topo com

    objetivo de produo de diesel, o que acarreta a imposio de temperaturas mais baixas

    nos sistemas de topo.

    Um fator interessante, e que est de acordo com HAUSLER, R. H., COBLE, N.

    D., (1972), o fato de o pH influenciar significativamente na taxa de corroso. Nota-se,

    43

  • a partir da figura 18, que a taxa de corroso diminui de 10,5 para 0,58 mm/ano com o

    aumento do pH de 1,95 para 3,11. No entanto, cabe ressaltar alguns valores limites de

    pH a partir dos quais ocorre uma variao drstica na taxa de corroso.

    interessante notar, que existe uma determinada faixa de pH que a taxa de

    corroso variou drasticamente. notvel, a partir de figura 18, que a taxa de corroso

    diminuiu abruptamente do pH 2,5 para o pH 2,7, de 9,6 para 2,00 mm/ano em termos

    de perda de espessura. Entretanto, vlido considerar que, para valores de pH

    inferiores a 2,5 e para valores de pH superior a 2,7 a variao na taxa de corroso no

    muito significativa em relao variao do pH, permanecendo em valores

    aproximadamente constantes.

    Quanto aos efeitos da variao da concentrao de cloreto, uma questo

    levantada por FRENC, E. C, FAHEY, W. F. (1979), que mostrou que em pH 6 no

    houve um nenhuma variao significativa entre um meio contento 0 e 1000 ppm de

    cloreto. Este resultado apresentado por Frenc e Fahey esta em conformidade com os

    resultados apresentados por GUTZEIT (1968) que afirma que taxas de corroso em

    uma concentrao de 500 ppm de cloreto apresentam pouca influncia, quando

    comparado com as taxas de corroso obtidas em meios isentos de cloreto.

    Reiterando, em virtude dos resultados apresentados e de resultados de campo

    apresentados, adotou-se uma concentrao de 40 ppm de cloreto e consequentemente

    um pH de aproximadamente 2,90, para o meio corrosivo no inibido ou ainda no

    neutralizado. Cabe ressaltar aqui, que o pH real no ponto onde ocorre a condensao da

    gua (ponto de orvalho), pode ser inferior a 2,90, uma vez que, mesmo em baixa

    concentrao de HCl (40 ppm), presente no sistema de topo, pode gerar uma soluo

    aquosa de HCl com um pH muito baixo; isso em conseqncia de ser o vapor de HCl

    presente no meio bastante solvel em gua, podendo se concentrar nas gotas de gua

    44

  • formadas (MERRICK, R. D, AUERBACH, T., 1983). Portanto o pH do sistema de

    topo onde principia a condensao da gua vai depender de condies de concentrao

    de HCl, presso e principalmente da temperatura do sistema de topo.

    Os resultados que permitiram avaliar o comportamento do ao UNS-G41300 em

    meios com e sem H2S so apresentados na figura 20. Nota-se uma mudana de

    comportamento do ao em termos de taxa de corroso para o um pH cido (pH 2,85) e

    para um pH prximo ao valor sugerido para controle de corroso, na faixa entre 5,5 e

    6,5 (BAGDASARIAN, et. Al.,1996).

    cido= 2,90 controle = 6,50,0

    0,5

    1,0

    1,5

    2,0

    2,5

    3,0

    1,53

    2,13

    2,95

    1,74

    Per

    da d

    e es

    pess

    ura

    (mm

    /ano

    )

    Meio contendo HCl Meio contendo HCl e H2S

    Figura 20 : Taxa de corroso para o ao UNS-G41300 em HCl 40 ppm com e sem H2S em funo do pH temperatura de 90oC.

    O pH de 6,5 foi obtido atravs da adio de gua amoniacal como agente

    neutralizante na soluo de HCl 40 ppm para analisar o comportamento do ao em

    meios contendo H2S em diferentes valores de pH. Nota-se na figura 20 que em meio

    cido (pH 2,9) a taxa de corroso na presena de H2S maior do que a taxa de corroso

    para o meio que contm somente HCl. A taxa de corroso aumenta de 1,74 para 2,95

    45

  • mm/ano no meio cido em presena de H2S. Para meios contendo H2S dentro da faixa

    de pH de controle (5,5-6,5), com um valor de pH (6,5), a taxa de corroso no meio

    contendo somente HCl maior do que a taxa de corroso no meio o qual o H2S est

    presente. Portanto, h uma maior taxa de corroso para o meio contendo somente HCl,

    do que para o meio que continha HCl e tambm H2S em pH 6,5.

    A apresentao de uma menor taxa de corroso para meio contendo H2S em pH

    6,5 poderia estar associado a uma possvel formao do filme de sulfeto de ferro (FeS)

    que um filme protetor estvel, que se formaria nessas condies em pH superior a 6

    (POURBAIX, 1966).

    A figura 21 apresenta os resultados dos ensaios de perda de massa para meios

    contendo HCl 40 ppm saturados com H2S, variando-se somente o pH. At o momento, a

    adio de soluo de amnia foi somente para se elevar o pH e verificar o

    comportamento do ao UNS G41300, no sendo realizada uma avaliao comparativa

    entre os dois neutralizantes considerados. Foi adicionada uma soluo de gua

    amoniacal em concentrao 1360 ppm. Observa-se que medida que se eleva o pH,

    diminuem as taxas de corroso do ao UNS-G41300 em presena de H2S, como mostra

    a figura 21.

    46

  • 1 2 3 4 5 6 7 8

    0

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    Per

    da d

    e es

    pess

    ura

    (mm

    /ano

    )

    pH

    HCl 40 ppm saturado com H2S 7,0 2,1 7,8 5,0 6,5 2,8 6,9

    Figura 21: Ensaios de perda de massa em meio de HCl 40 ppm saturado com H2S e adio de gua amoniacal 1360 ppm para

    mero controle de pH

    A Tabela 6 apresenta complementarmente um quadro com os valores de

    correspondentes de pH em funo de uma determinada concentrao de cido

    clordrico saturado com H2S ao qual pH foi controlado com adio de gua amoniacal.

    Apresenta-se tambm as medidas de perda de espessura, da mdia e dos desvios

    padro para os corpos-de-prova em determinados valores de pH.

    47

  • Tabela 6: valores de perda de massa de acordo com p pH do meio para cada corpo-de-prova. pH do meio Corpo-de-prova Perda de espessura

    (mm/ano) Mdia

    (mm/ano) Desvio padro A 0,9194 B 1,23426

    7,0 C 1,29038 1,14 0,21

    A 7,84923 B 9,30637

    2,1 C 8,29901 8,48 0,75

    A 1,38928 B 3,14554

    5,0 C 2,40037 2,31 0,88

    A 1,40663 B 1,55475

    6,5 C 1,61136 1,86 0,11

    A 2,8842 B 1,75133

    2,8 C 4,19405 2,94 1,22

    A 1,75484 B 1,86373

    6,9 C 1,93555 1,85 0,09

    4.1.2 Ensaios de polarizao

    Para complementar os resultados obtidos nos ensaios de perda de massa, foram

    realizados ensaios eletroqumicos de polarizao andica em meios contendo diferentes

    concentraes de HCl. A figura 22 apresenta os resultados dos ensaios de polarizao

    eletroqumica para o ao carbono 1020. Os ensaios de polarizao foram realizados em

    um eletrodo rotatrio a uma rotao de 118 rpm, sendo utilizado um

    AutoLab/PGSTAT30, gerenciado pelo programa GPES verso 4.9 Eco Chemie B.V.

    A mudana do tipo de ao foi devido ao uso de um eletrodo rotatrio para que

    pudssemos avaliar o efeito da agitao do meio no processo corrosivo. A mudana no

    tipo de ao no foi muito significativa, uma vez que o ao UNS-G41300 pode ser

    considerado como similar ao ao UNS-G10200 em termos de processo de corroso em

    meio cido. Considerou-se que o ao UNS-G10200 apresente resultados similares ao

    ao UNS-G41300 em ensaios de polarizao em meio agitado a uma rotao de 118

    rpm.

    48

  • 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000

    -600

    -400

    -200

    E (m

    V) E

    CS

    Densidade de Corrente (A/cm2)

    HCl 17 ppm pH=3,3 Ecorr -625 mVHCl 40 ppm pH=3,0 Ecorr -520 mVHCl 76 ppm pH=2,7 Ecorr -635HCl 1077 ppm pH=1,5 Ecorr -550 mV

    Figura 22: Curvas de polarizao do ao 1020 em diferentes concentraes de HCl temperatura de 90oC com eletrodo

    rotatrio em 118 rpm

    Os resultados apresentados na figura 22 vo ao encontro aos resultados de perda

    de massa, que mostraram que o aumento da concentrao de HCl e conseqente

    diminuio do pH aumenta a intensidade do processo de corroso. Nota-se, na figura 22,

    que as baixas concentraes de HCl, no se observa grandes variaes na densidade de

    corrente andica entre as concentraes de 17 e 76 ppm de cido clordrico. Essa

    tendncia est coerente com os resultados de perda de massa indicados na figura 19.

    Para todos os meios apresentados na figura 22 houve uma dissoluo ativa do

    metal e a densidade de corrente andica para o ao UNS-G10200 aumentava de acordo

    com a reduo do pH, uma vez que a diminuio do pH estava associado elevao do

    teor de e cloreto em forma de HCl.

    49

  • 4.2. Estudo comparativo dos agentes neutralizantes.

    O meio cido formado o principal meio corrosivo em um sistema de topo.

    Dependendo das condies operacionais de cada unidade, pode-se ter um meio bastante

    agressivo, formando uma soluo aquosa de HCl, gua e H2S. Sendo assim, na tentativa

    de minimizar a corroso e induzir a formao do filme de FeS, quando H2S estiver

    presente no meio, utilizado algum agente neutralizante.

    Existem no mercado alguns agentes neutralizantes que podem ser utilizados no

    sistema de topo para o controle de pH. O uso de um agente neutralizante para o controle

    da corroso necessrio para que tenha uma maior vida til dos equipamentos. Em

    refinarias, podem utilizar amnia gasosa, mistura de aminas e mais recentemente, em

    algumas refinarias, gua amoniacal como agente neutralizante.

    Comumente utilizado um neutralizante comercial elaborado a base de uma

    mistura de aminas, com o objetivo de elevar o pH no ponto de orvalho da gua. No

    entanto, em sua maioria, esses neutralizantes no tm demonstrado uma eficcia

    satisfatria no ponto de condensao da gua (CARDOSO, 2006). Alm disso, os

    neutralizantes comerciais utilizados so produtos de custo elevado.

    Em refinarias, a gua de sada de UTA (unidade de tratamento de gua cida),

    quando esta no fora submetida ao tratamento de eliminao de amnia, uma gua

    bastante rica em amnia. Com intuito da recirculao de gua de sada de UTA, o

    objetivo desse trabalho foi tambm tentar simular condies de uso de gua amoniacal

    como um agente neutralizante no sistema de topo.

    Como esse objetivo, foi utilizado uma soluo de gua amoniacal com

    concentrao de 1000 ppm, uma concentrao um pouco inferior a aquela utilizada para

    controle de pH que foi utilizada em meio contendo H2S que possua uma concentrao

    de 1360 ppm de amnia. Para comparar os resultados obtidos em termos de

    50

  • neutralizao com outro agente neutralizante, foi utilizado tambm o agente

    neutralizante comercial, que formulado a base de uma mistura de aminas.

    A figura 23 apresenta duas curvas de neutralizao de um meio contendo HCl

    com 40 ppm de cloretos obtidas nesse trabalho com os dois agentes neutralizantes

    utilizados, que foram gua amoniacal e o neutralizante comercial. Estas neutralizaes

    foram preparadas a partir de um volume de 5000 ml de soluo com 40 ppm de HCl,

    titulada gradualmente com cada agente neutralizante introduzido na soluo.

    0 5 10 15 20 252

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    curva de pH da soluO de HCl 40 ppm com adio de neutralizante comercial

    curva de pH da soluo de HCl 40 ppm com adio de agua amoniacal

    pH

    volume de neutralizante (mL)

    Figura 23: Curva de neutralizao de HCl 40 ppm para diferentes tipos de agentes neutralizantes

    Observa-se que o comportamento, em termos de neutralizao das duas solues

    similar. Tanto na neutralizao com uma mistura de aminas, que foram diludas

    concentrao de 15%, quanto na neutralizao utilizando somente uma soluo de gua

    amoniacal com concentrao de 1000 ppm de amnia, o comportamento das curvas de

    titulao mostra perfis de neutralizao praticamente superpostos, com volumes

    idnticos requeridos para a mesma variao de pH. Entretanto, uma ressalva a ser feita

    51

  • relativa temperatura de ensaio de 25oC, inferior a temperatura de 90oC considerada

    como a temperatura de topo no presente trabalho.

    Segundo LITTLE, R.S., ANEROUSIS, J. P.,1977 meios neutralizados com

    amnia gasosa apresentam uma eficincia de neutralizao muito inferior, em termos

    de neutralizao, se comparados com meios neutralizados com mistura de aminas. Essa

    observao no se aplica ao uso de gua amoniacal, como se pode ver na figura 23. A

    capacidade de neutralizao com gua amoniacal e com a mistura de aminas

    (neutralizante comercial) apresentou resultados muito semelhantes.

    4.2.1. Neutralizante comercial

    No mercado existe grande numero de agentes neutralizante que posem ser

    utilizados para controle de corroso em sistema de topo de unidades de destilao. Com

    objetivo de comparar o efeito de uma agente neutralizante