Controle Da Fumaca Uma Prioridade No Combate a Incendio

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CAAMLclordrico (HCl), xido de nitrognio (NO) e gs sulfdrico (H2S) so outros exemplos de gases txicos que podem estar presentes na fumaa proveniente dos incndios, de acordo com o material em combusto. (estanques ou no), e do isolamento de dutos dos sistemas de ventilao da rea afetada. Visam reduzir o fluxo de ar fresco para o local do incndio e o espalhamento da fumaa. Os limites primrios ideais de fumaa so as anteparas estanques a gases, que envolvem a rea de acesso ao compartimento afetado e ao incndio. Portas comuns, cortinas de fumaa (peas de lona ou plstico reforado, fixadas s golas de passagem das portas ou escotilhas quando necessrio, atravs de grampos, fechadas com a utilizao de duas faixas de velcro) ou qualquer obstculo que efetivamente evite o espalhamento da fumaa podem ser definidos como limites de fumaa, porm, a sua menor eficcia deve ser levada em considerao durante toda a faina. Os limites de incndio e de fumaa devem ser estabelecidos durante o primeiro minuto da faina de CBINC, de maneira que se possa confinar de imediato a fumaa, a fim de definir a rea do sinistro, permitir o acesso do pessoal ao incndio e estabelecer o local de organizao das equipes. Somente o pessoal equipado com mscara de CBINC poder entrar nos limites primrios. Os limites secundrios de fumaa devero ser estabelecidos em torno dos limites primrios, para monitorar o espalhamento da fumaa, e permitir uma rea safa para o pessoal sem mscara. Nesses limites, a fumaa poder ser retirada constantemente ou ser estabelecida uma presso ligeiramente positiva, a fim de se evitar a sua tomada por fumaa. Para incndios classe B (lquidos inflamveis) em praas de mquinas, essa zona que compreende os limites primrios e secundrios recebe o nome de zona de abafamento e tem como objetivo criar uma atmosfera parada, sem fluxo de ar, para evitar a adio de ar fresco ao incndio.

Proteo Individual Contra a FumaaO incndio a bordo de navios ocorre, na maioria das vezes, em ambientes confinados, onde so praticamente certos o acmulo de gases txicos e a reduo do percentual de O2. As mscaras que dispem apenas de filtros, utilizadas em atmosferas contaminadas, porm com um percentual adequado de O2, so imprprias para as fainas de CBINC. Nesses casos, necessria a utilizao de mscaras que possam prover em seu interior uma atmosfera independente de ar exterior, comunicando-se com o ambiente externo apenas para exalao. Na MB, so utilizadas, nas fainas de CBINC, mscaras com ampola de ar comprimido e mscaras com tambor-gerador de O2. Alm das mscaras de CBINC, os navios devem ter a bordo mscaras de escape de emergncia, concebidas apenas para o escape dos locais tomados por fumaa espessa. Entre as mscaras existentes, podemos mencionar: Emergency Life Support Apparatus (ELSA) e Emergency Escape Breathing Device (EEBD).

Controle da Fumaa: Uma Prioridade no Combate a IncndioCAPITO-DE-CORVETA WALTER CRUZ JUNIOR

Turma de Mscaras

statisticamente, 70 a 80% das mortes ocorridas em incndios so causadas pela inalao de fumaa. Esta atua, ainda, como transmissora de calor, prejudicando o ataque ao incndio e contribuindo para a propagao do fogo, alm de reduzir a visibilidade, prejudicando a aproximao ao compartimento e o trnsito a bordo. Veremos, a seguir, os danos que a fumaa pode causar ao ser humano, alm de alguns procedimentos a serem adotados a fim de minimizar os seus efeitos durante um incndio a bordo.

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Danos ao Aparelho RespiratrioA fumaa proveniente de incndio formada basicamente por gases txicos, vapores e partculas slidas em suspenso. Ao ser inalada pelo ser humano, esta provocar sufocamento devido falta de oxignio (O2), bem como exposio do aparelho respiratrio a gases txicos, em altas temperaturas. A diminuio da concentrao de O2 no ambiente decor-

rente da combusto, ir causar ao homem vrios sintomas, desde o aumento da frequncia respiratria at a inconscincia e morte por paradas respiratria e cardaca, em poucos minutos. A inalao do ar a temperaturas maiores que 60C poder causar baixa da presso sangunea e danos ao sistema circulatrio, levando morte por asfixia. A composio qumica da fumaa altamente complexa e varivel, sendo influenciada pelos materiais em combusto, pela oxigenao do ambiente e pelo nvel de energia (calor) no processo. O monxido de carbono (CO) e o gs carbnico (CO) so encontrados em todos os incndios, como resultado da queima dos materiais combustveis base de carbono (madeira, tecidos, plsticos, lquidos inflamveis, gases combustveis etc.). O CO pode causar a morte por asfixia. Existem divergncias quanto toxicidade do CO, contudo, foram verificados como efeitos de sua inalao a dilatao dos pulmes, a acelerao da respirao e dos batimentos cardacos e, em concentraes acima de 7%, a inconscincia pela exposio de alguns minutos. Gs ciandrico (HCN), gs

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A bordo de nossos navios, os servios de controle de avarias so efetuados por grupos de reparos. Um grupo de reparos (ou simplesmente reparo) a unidade de servio do CAv, sendo dividido em turmas que so distribudas por sua rea de responsabilidade. Entre as diversas turmas com Controle da Fumaa atribuies especficas em um reparo, est a turma de msO controle da fumaa compreende o estabelecimento caras, constituda por pelo menos trs homens, o controlador de procedimentos para os sistemas de ventilao do navio, de mscaras e dois ajudantes. O primeiro controla o tempo de uso das mscaras de seu reparo, com a limitao de controlar associado ao estabelecimento dos limites de fumaa. recomendvel que os navios possuam Planos de Controle de no mximo oito homens, para a segurana dos utilizadores. Fumaa por rea afetada, indicando os limites de fumaa, as rotas para a sua remoo e os sistemas e equipamentos a seLimites de Incndio e de Fumaa rem utilizados. A utilizao das ventilaes e extraes visa permitir Os limites de incndio so definidos, sempre que possvel, maior tempo de permanncia para o pessoal no CBINC, enpor anteparas e conveses estanques fumaa, imediatamente quanto ainda sob controle, com melhor visibilidade, possiadjacentes ao compartimento afetado. Tais limites visam conbilitando atacar o foco do incndio, e ainda evitar o espafinar o fogo, prevenir a sua propagao e permitir o monitoralhamento da fumaa, dentro dos limites j estabelecidos. A mento da temperatura das anteparas dos compartimentos adjautilizao de uma ventilao negativa tem como nico procentes, bem como a realizao das contenes (resfriamento psito permitir a extino do incndio pela turma de ataque, dos compartimentos adjacentes ao avariado, a fim de evitar a e deve ser imediatamente parada, se esses homens abandonapropagao do incndio). Os limites primrios ideais para o rem o compartimento antes da chegada das turmas de incnfogo so as anteparas transversais, conveses, pisos e tetos que dio. Levando-se em considerao que o abandono ser cauo circundam. Os limites secundrios so geralmente estabelesado pela dimenso do incndio, a utilizao dessa medida cidos nas zonas de fogo, ou nas subdivises estanques. de apoio poder provocar focos secundrios de incndio nas Os limites de fumaa so estabelecidos juntamente com descargas das extraes. os limites de incndio, por meio do fechamento de acessrios

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Remoo Ativa da Fumaa e Remoo de FumaaEntende-se por remoo ativa aquela realizada durante o incndio, fora dos limites primrios de fumaa. Requer, no entanto, extremo cuidado, pois uma rota errada pode levar ar fresco para a rea do incndio, aumentando a intensidade do fogo. Aps o incndio estar extinto, gases combustveis podero estar presentes. Nos incndios classe A ou C, a remoo de fumaa poder ter incio assim que o fogo for extinto, ou seja, assim que no for mais observada chama viva, facilitando a remoo de escombros. Em incndios classe A, o material em brasa poder vir a entrar em ignio novamente quando ventilado, portanto ser fundamental ter a garantia de que a turma de preveno est estabelecida e que o local est resfriado para se iniciar a remoo. Em incndios classe B, a faina de remoo da fumaa deve ser iniciada to logo os gases e o compartimento tenham sido resfriados o suficiente para no haver perigo de reignio, com a entrada de ar fresco no compartimento. O mtodo mais seguro e recomendvel de remoo de fumaa, em qualquer classe de incndio e em qualquer navio, a utilizao de sistemas de ventilao potentes, como os das praas de mquinas e cozinha. Fainas de remoo de fumaa podem ser feitas usando

ventilao positiva de praas de mquinas adjacentes, criando uma sobrepresso nas mesmas, na rea de acesso e na praa sinistrada, ou sobrepresso em um convs, oriunda de ventilaes de praas de mquinas, expulsando a fumaa por dutos de ventilao ou acessrios abertos para a atmosfera. Para incndios classe A ou C, pode-se, invertendo a manobra, usar a extrao de uma praa de mquinas para criar uma depresso em determinado convs, usando uma abertura para a atmosfera, arrastando esses gases para o seu interior. Isso no deve ser feito aps um incndio classe B, pois poder arrastar os gases explosivos para uma praa de mquinas ainda guarnecida e com equipamentos funcionando, com a presena de pontos quentes. No caso de navios com praa de mquinas guarnecida, a extrao de fumaa por esse ltimo mtodo poder colocar em risco a vida do pessoal no local ou, mesmo, impedir a operao dos equipamentos devido perda da visibilidade. No caso de o navio haver sofrido avarias por impacto acima da linha dgua, tais aberturas podero ser utilizadas para a remoo da fumaa. Os mtodos de remoo de fumaa devem ser escolhidos levando em considerao a importncia de se manter o controle da fumaa, ou seja, conhecer para onde a mesma estar indo, e os riscos impostos. Quando necessrio, o Oficial Encarregado do CAv dever solicitar ao Comando a alterao do rumo do navio, a fim de adequar o vento relativo para a faina. Ningum dever adentrar os limites da fumaa sem pro-

teo respiratria, at a realizao do teste de atmosfera. At l, deve-se aplicar cerca de 15 minutos de ventilao forada usando ventilao positiva, o que trocar o ar contaminado por ar fresco. Quatro trocas seguidas retiraro, pelo menos, 95% do ar contaminado.

Teste de AtmosferaQuando o compartimento estiver ventilado, ou livre de fumaa, dever ser parada a remoo da fumaa para conduo dos testes de Oxignio (O2+), de gases combustveis (E-) e de gases txicos (GT-), nesta sequncia. O nvel de O dever estar no limite inferior de exploso de 20% a 22%, e todos os gases explosivos devero estar a menos de 10% do limite mnimo para a exploso. Todos os gases txicos devero estar abaixo dos valores mximos suportveis, antes de o compartimento ser declarado seguro para a entrada de pessoal sem mscaras de CBINC. Devem ser realizados testes com o Detector de Gases T-

xicos para verificar a existncia de CO, CO, hidrocarbonetos, HCl (subproduto da queima de isolamento de cabos eltricos), HCN (subproduto da queima de isolamentos trmicos) e gs fluordrico (resultante da decomposio do HALON em contato com o calor). Na impossibilidade de realizao desse teste, ou quando alguns tipos de gases no puderem ser testados, dever ser mantida a ventilao do compartimento por mais quinze minutos, mantendo o Comando informado dessa limitao e dos riscos da existncia de gases txicos no compartimento sinistrado. Finalizando, o controle da fumaa durante um incndio a bordo constitui um trabalho complexo, que demanda a conscientizao e o adestramento contnuo de toda a tripulao para a execuo das aes necessrias a atenuar os riscos segurana do navio.Referncia: CAAML-1202 Manual de CBINC 1 Reviso-2005

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