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Controle de qualidade físico-quimos e microbiológicos em farmácias de manipulação GESIANE FERREIRA

Controle de qualidade físico-quimos e microbiológicos em

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APRESENTAÇÃO SOBRE O TRABALHO DE CONTROLE DE QUALIDADE FÍSICO-QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA EM FARMÁCIA DE MANIPULAÇÃO DE ACORDO COM A RDC VINGENTE.

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GESIANE FERREIRA

As farmcias de manipulao atendem boa parte da populao, principalmente pelos preos acessveis e a possibilidade de tratamento individualizado. Para garantir a integridade do medicamento e seus possveis resultados ao cliente necessrio o controle da qualidade de todas as formas farmacuticas produzidas pelas farmcias de manipulao.

A RDC n 33/2000 define o Manual de Boas Praticas de Manipulao (BPM) . A RDC n 354/2003 estabelece critrios adicionais de BPM em farmcias, como a manipulao de produtos farmacuticos, em todas as formas farmacuticas, de uso interno que contenham substncias de baixo ndice teraputico. As RDC n 214/2006 e RDC n 67/2007 trouxeram para o laboratrio da farmcia as mesmas exigncias da indstria. Alm de procedimentos padronizados, gesto da qualidade, o monitoramente de processos, mais rigor no controle de qualidade e treinamento de colaboradores.

A farmcia deve assegurar a qualidade fsico-qumica e microbiolgica (quando aplicvel) de todos os produtos Reembalados Reconstituidos Diludos Adicionados Misturados Manuseados

antes da sua dispensao.

-

Profissional capacitado e habilitado. Responsveis pela superviso da produo e pelo Controle da Qualidade de produtos farmacuticos com qualificaes de escolaridade cientfica e experincias exigidas pela legislao nacional.

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O Responsvel pelo Departamento do Controle da Qualidade: Aprovar ou reprovar as matriasprimas, embalagem e os produtos intermedirios e produtos acabados. Realiza todos os testes necessrios. Verificar as manutenes do departamento, das instalaes e dos equipamentos de controle.

Devem estar disponveis no estabelecimento: Referncias farmacopeicas, Codex ou outras fontes de consultas, oficialmente reconhecidas. Na ausncia de monografia oficial e mtodos gerais inscritos nos compndios reconhecidos pela ANVISA, os ensaios devem ser realizados com base nas especificaes fornecidas pelo fabricante, desde que devidamente validadas.

Os insumos utilizados: papel branco no poroso, fita de papel filtro, amostra. Equipamentos: exaustor de ps, balana, esptula de metal, tubos de ensaio, estantes para tubos de ensaio. Realizados dentro da rea que abrange o laboratrio de controle de qualidade. Todos os procedimentos efetuados so registrados no Laudo Analtico Interno da Matria-prima.

Matrias-primas slidas seguem com o exaustor de ps em funcionamento e com o auxlio de uma esptula retira-se uma pequena quantidade da matriaprima a ser analisada (aproximadamente 0,1 g) Esta amostra espelhada uniformemente sobre um pedao de papel branco no poroso para que os seguintes aspectos sejam analisados

Aspecto fsico: aparncia da amostra. P: amorfo ou cristalino. Cor: em local iluminado, comparar a amostra com o padro observando a colorao das duas. Odor: com a mo, levar o ar que est sobre a amostra ao nariz. Pode ser classificada como odor caracterstico ou inodoro. Sabor: degustar uma pequena poro da substncia em anlise, lembrado que, s deve ser efetuado quando indicado na monografia farmacopica.

Para matrias-primas lquidas so utilizados 2 mL da amostra para em um tubo de ensaio limpo e seco. Aspectos fsicos: presena ou no de resduos, o grau de turvao e a separao de fases. Cor: colocar o tubo de ensaio na linha dos olhos, transversalmente, contra um fundo branco. Comparar a amostra com o padro, ou por mtodos colorimtricos. A comparao de cores ser mais bem realizada em camadas de iguais profundidades e deve ser realizada preferencialmente a 25C. Odor: quando solicitado na monografia farmacopica. Embeber uma fita de papel filtro como produto, esperar secar levemente e logo em seguida cheirar a fita, comparando o padro. Sabor: quando solicitado na monografia farmacopica. Degustar uma pequena poro da substncia a ser analisada.

Todas

as observaes devem ser registradas no Laudo Analtico Interno da Matria-prima e proceder com os outros testes de controle de qualidade com a quantidade de amostra restante.

Formas Farmacuticas Slidas

Ensaios Descrio, aspectos, caracteres organolpticos, peso mdio. Devem ser calculados o desvio padro e o coeficiente de variao em relao ao peso mdio.

Semi-slidas

Descrio, aspecto, caracteres organolpticos, pH (quando aplicvel), peso. Descrio, aspecto, caracteres organolpticos, pH, peso ou volume antes do envase.

Lquidas no-estreis

Fonte: BRASIL, 2006

Anlises de responsabilidade exclusiva do laboratrio: Ph Peso Volume Densidade Solubilidade Ponto de fuso Viscosidade Caracteres organolpticos Avaliao do laudo

Os ensaios que podem ser terceirizados so:Dosagem

de teor do princpio

ativoAnlises

microbiolgicas

Os resultados dos ensaios devem ser registrados na ordem de manipulao, junto com as demais informaes do medicamento manipulado. O farmacutico deve avaliar os resultados, aprovando ou no o medicamento para a dispensao. Os resultados de todas as anlises devem ser registrados e arquivados no estabelecimento disposio da Autoridade Sanitria, por no mnimo 2 (dois) anos.

As matrias-primas devem ser submetidas aos ensaios farmacopeicos completos, incluindo: Identificao Teor de impurezas Determinao da biocarga Podem ser executados por laboratrios de controle de qualidade terceirizados.

O produto estril pronto deve ser submetido, alm dos previstos no para os medicamentos no estreis, aos seguintes controles: - Inspeo visual de 100% das amostras: verificar a integridade fsica da embalagem, ausncia de partculas estranhas, precipitaes e separao de fases - Verificao da exatido das informaes do rtulo - Teste de esterilidade - Teste de endotoxicinas bacterianas (exceto para os produtos oftlmicos)

As amostras para o teste de esterilidade devem ser retiradas segundo tcnicas de amostragem que assegurem a representatividade da amostra.

Avaliar os insumos inertes das preparaes homeopticas conforme os descritos para os insumos dos alopticos. O CQ dos insumos ativos ser estabelecido respeitando as peculiaridades das preparaes homeopticas Ativos que possuam mtodos de CQ devem ser adquiridos junto aos certificados de anlise. Ativos que no possuem mtodos de CQ devem ser adquiridos junto com a descrio de preparo.

Devem ser realizadas anlises microbiolgicas das matrizes do estoque existente, por amostragem representativa, mantendo-se os registros. A farmcia pode, determinar a periodicidade adequada para as anlises de forma a garantir a qualidade de suas matrizes.

Laudo

Analtico do Produto Manipulado

POPs Equipamentos Vidrarias

e Materiais

Suficiente para a utilizao em todas as anlises solicitadas. Produtos destinados ao estoque, incluindo as bases galnicas: Recolher amostra suficiente para a realizao das anlises imediatas e outras duas anlises completas a serem feitas posteriormente. Por at 4 (quatro) meses aps o vencimento

Slidos (cpsulas, supositrios ou saches): aspecto, cor, odor, sabor e uniformidade de peso. Ps: aspecto, cor, odor, sabor e peso/volume. Lquidas ou semi-slida: aspecto, cor, odor, sabor, pH e peso/volume. Produto de baixo ndice teraputico para uso interno: maior nmero de anlises possvel, trimestralmente.

- Teor alcolico: s aplicvel quando o produto manipulado for uma soluo alcolica. - Uniformidade de contedo: s necessria quando o p for uma substncia diluda. - No realizar a anlise de sabor quando o produtor no comestvel ou que contenha algum princpio ativo. - No realizar a anlise de odor em casos de produtos que no possam ser inalados.

No laboratrio de Controle de Qualidade Paramentado conforme POP para a rea limpa Receber a embalagem que contm o produto e o Laudo Analtico do Produto Manipulado. Verifica-se a quantidade de amostra que deve ser coletada ou unidades e adicionar em um bquer. Pesar a amostra em um bquer usando a esptula ou basto de vidro para transferir o produto.

Quando o produto manipulado encaminhado s anlises terceirizadas, o Laudo Analtico do Produto Manipulado e a embalagem contendo o produto devem ser enviados, sem lacrar para o laboratrio de qualidade. A documentao referente formulao, exceto o Laudo, deve permanecer na rea de Conferncia.

Quando o produto destinado ao estoque: A amostra deve ser acondicionada em uma embalagem com tampa e rotulada com o nmero da ordem de servio, data da manipulao e data de validade do produto. A embalagem deve receber uma etiqueta com a especificao amostrado indicando que foi recolhida amostra do produto.

Caso a anlise comprometa a integridade da amostra, esta descartada conforme Pop- descarte de resduos. Se no houver comprometimento da amostra, ela pode ser devolvida para a embalagem de dispensao.

Anlises realizadas na prpria farmcia, prosseguem as orientaes do Laudo. Anlises terceirizadas: a amostra acondicionada da maneira como especifica o laboratrio destinatrio. O produto restante encaminhado para a rea de Quarentena do Produto Manipulado at o recebimento dos resultados das anlises e permanece at que o farmacutico autorize ou no a dispensao.

Quando os resultados chegam farmcia, o Laudo segue para o Departamento Farmacutico, onde o farmacutico procede conforme POPAvaliao dos Resultados das Anlises de controle de Qualidade.

Mtodos qumicos Processos de transformao qumica para identificao de funes ou grupos qumicos. Resultam em formao de precipitado, produto colorido, desprendimento de gs, descoramento de reagente usado ou outro fenmeno qualquer, facilmente perceptvel. Descritos pela maioria das farmacopias oficiais. Classificam-se em: gravimtrico, volumtrico e gasomtrico. Estes ensaios no so aplicveis em uma mistura de frmacos.

Mtodos fsicos Descritos pela cincia bsica. Classificamse em: Mecnicos medio de energia e fora Trmicos medio de temperatura pticos- medio de energia radiante (absoro, transformao e emisso) Eltricos medio de fenmenos eletroqumicos Radioqumicos medio de radioatividade

Mtodos biolgicos Para medir a potncia e/ou atividade de um medicamento. Para que seja possvel estud-los necessrio o emprego de padres de referncias adequados e mtodos estatsticos dos experimentos, bem como uma criteriosa anlise de resultados.

Analisam a degradao dos princpios ativos de uma preparao farmacutica utilizando mtodos analticos normais e acelerados com objetivos de: - Analisar os fenmenos de degradao do frmaco, provocadas por fatores internos e externos - Determinar o prazo de validade.

Nmero dada cpsula 000 00 0 1 2 3 4 5

Capacidade(mm) 1,37mm 0,95mm 0,68mm 0,50mm 0,37mm 0,30mm 0,21mm 0,11mm

Processa-se em duas fases: - Na primeira o invlucro dissolve-se parcialmente no seu ponto mais frgil e liberta o contedo da cpsula. - Num segundo tempo, opera-se a dissoluo dos receptculos gelatinosos. O tempo de desagregao das cpsulas pode ser avaliado por simples imerso, temperatura de 37C, em gua destilada.

Os ensaios analisam: Teor de gua Gordura total Determinao do pH Viscosidade Avaliao da estabilidade Dimetros das partculas disperso

Teor em gua das emulses =>Mtodo KARL-FISHER. Teor de gordura total das emulses => Por extrao da emulso com ter sulfrico ou ter do petrleo, utilizando-se o aparelho de SOXHLET. pH => Mtodos colorimtricos e potenciomtricos. Estabilidade das emulses

Floculao e formao de cremes Coalescncia e separao de fases Alteraes qumicas e fsicas diversas

Um mtodo prtico baseia na fora centrfuga com a finalidade de acelerar a floculao da fase interna, com a adio crescente de gua, determinando o grau de sedimentao ou de separao, a intervalos regulares.

Viscosidade das emulses Determinada com viscosmetros do tipo rotativos. muito importante do ponto de vista teraputico pois, a via de administrao determina pelo dimetro das partculas em emulso. A medio dos dimetros das partculas faz-se por microscopia.

Ensaio de diluio Adicione um pequeno volume da emulso com igual volume de gua: se a mistura se mantiver inalterada (sem separao de fases) esta emulso do tipo leo na gua (O/A). Sempre que se adiciona um lquido a uma emulso e esta continuar estvel, o lquido adicionado corresponde sua fase externa. Existem ainda outros ensaios como o de uso de corantes e de condutividade trmica.

Tipos de ensaios: Avaliao do ph Caracteres organolpticos e dosagem dos princpios ativos Controle da forma (dureza, espalmabilidade, plasticidade, viscosidade e consistncia) Poder de absoro de gua Tenso artificial Esterilidade

O exame visual de uma de uma forma farmacutica para uso externo pode dar uma idia de perfeita homogeneidade. Pode-se apreciar, com mais rigor ao microscpio permitindo a determinao do tamanho das partculas. Os caracteres organolpticos constituem um bom indicativo, para avaliar estas formas farmacuticas, sob ponto de vista de alteraes na qualidade do produto, como a cor e o aroma constituem ndices seguros para verificar o estado de conservao.

Identificao e dosagem dos princpios ativos das formas farmacuticas para uso externo As Anlises variam de acordo com os componentes incorporados na forma farmacutica. Por isso, so muitos complexos. Ex.: Processos de complexometria de titulao em meio anidro.

Devem apresentar-se lmpidos, viscosos e com sabor agradvel. Ensaios fsicos dos xaropes Instrumentos: Densmetro A viscosidade 20C prxima de 190cPo (centipoise)(xarope comum). A densidade dos xaropes bastante elevada, devendo ser 1,32 a 15-20C e de 1,26 quando em torno de 105C. Polarmetro Aermetro

Ensaios qumicos dos xaropes So analisados o teor de sacarose e a possibilidade de alguma concentrao de acar invertido. Utiliza-se o mtodo de Fehling ou suas variantes Tambm a dosagem especfica dos princpios ativos.

Nmero de fios 5cm 6cm 7cm 8cm 9cm 10cm 15cm

Nmero de malhas 25cm 36cm 42cm 64cm 81cm 100cm 225cm

Dimetros das punes 16mm 14-15mm 12-13mm 10-11mm 8-9mm 6-7mm 5mm

Peso dos comprimidos 0,90-1,00g 0,70-0,90g 0,40-0,70g 0,20-0,40g 0,12-0,20g 0,06-0,12g Menor 0,06g

Os insumos utilizados: A soluo, proveta de 5 mL e o frasco conta gotas ou tampa gotejadora. O tcnico do laboratrio deve gotejar em uma proveta de 5 mL, a soluo ou substncia cujas gotas se deseja calibrar, contando o nmero do gotas utilizadas at que seja atingida a marca de 2 mL. Logo, dividi-se o nmero de gotas utilizadas por 2, estabelecendo-se assim, o nmero de gotas por mL.

As anlises de controle da qualidade dos materiais e medicamentos manipulados so de extrema importncia para garantir os efeitos satisfatrios finais. Os profissionais responsveis pelas anlises devem estar atentos aos termos exigidos nas metodologias e tambm s suas atualizaes. Garantir a qualidade de materiais para medicamentos e dos medicamentos em si de fundamental importncia para a reestabilizao da sade dos clientes atendidos pelo o estabelecimento farmacutico, desta forma tambm garantir a fidelidade destes e a credibilidade no mercado.

BRASIL. Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA): Frmacos manipulados tm sido consumidos cada vez mais. Disponvel em: . Acesso em: 30 set. 2010. BRASIL. Resoluo n 354, de 18 de dezembro de 2003. Permite a manipulao de produtos farmacuticos, em todas as formas farmacuticas de uso interno, que contenham substncias de baixo ndice teraputico, aos estabelecimentos farmacuticos que cumprirem as condies especificadas. Disponvel em: < http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php> . Acesso em 05 out. 2010. BRASIL. Resoluo RDC n 214, de 12 de dezembro de 2006. Boas prticas de manipulao de medicamentos para uso humano em farmcias. Disponvel em: < http:e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/search.php>. Acesso em 30 set. 2010. BRASIL. Resoluo RDC n 67, de 08 de outubro de 2007. Boas prticas de manipulao de preparaes magistrais e oficinais para uso humano em farmcias. Disponvel em: < http:e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/search.php>. Acesso em 29 set. 2010. BRASIL. Resoluo RDC n33, de 19 de abril de 2000. Regulamento tcnico dobre boas prticas de manipulao de medicamentos. Disponvel em: Acesso em: 6 out. 2010. BRASIL. Resoluo RE n 899, de 29 de maio de 2003. Guia para validao de mtodos analticos e bioanalticos. Disponvel em: Acesso em: 29 set. 2010. FERREIRA, A. Guia prtico de farmcia magistral. 2 ed. Juiz de Fora: Pharmabooks, 2000. NCQ Laboratrio Ncleo Controle de Qualidade. Manual do usurio. Verso 1.6 Ministrio da Educao. Universidade Federal de Alfenas. UNIFAL MG FACEPE SBCC Sociedade Brasileira de Controle de Contaminao. Normalizao das farmcias de manipulao. Disponvel em: Acesso em 30 set. 2010. BRANDO, Antnio Celso da Costa. Controle da qualidade e controle da produo de medicamentos: ensaios para laboratrios de controle de qualidade e controle da produo de medicamentos. Disponvel em: . Acesso em: 28 de set. 2010.