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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” COOPERATIVA DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO VANDA SILVA REIS TERZI Orientador: Prof ª Denise Guimarães Data: 28/02/2007 Rio de Janeiro 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

COOPERATIVA DE TRABALHO E RELAÇÃO DE

EMPREGO

VANDA SILVA REIS TERZI

Orientador: Prof ª Denise Guimarães

Data: 28/02/2007

Rio de Janeiro

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

COOPERATIVA DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO

Monografia apresentada ao Instituto A

Vez do Mestre - Universidade Candido

Mendes, para obtenção do Grau de

Especialista em Direito do Trabalho.

VANDA SILVA REIS TERZI

Rio de Janeiro

2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

COOPERATIVA DE TRABALHO E RELAÇÃO DE EMPREGO

Monografia apresentada ao Instituto A

Vez do Mestre - Universidade Candido

Mendes como parte dos requisitos para

obtenção do Grau de Especialista em

Direito do Trabalho.

VANDA SILVA REIS TERZI

Aprovada em ___/____/____

Banca Examinadora

Prof. __________________________________________________________

Instituição:_________________________ Assinatura:_____________________

Prof. __________________________________________________________

Instituição:_________________________ Assinatura:_____________________

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AGRADECIMENTOS

À profª. Denise Guimarães, que muito nos ensinou, contribuindo para o nosso crescimento científico e intelectual. Aos Professores do Instituto “A vez do Mestre” e à Universidade Candido Mendes, pela oportunidade de realização do curso de Pós-Graduação em Direito do Trabalho. A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a elaboração deste trabalho acadêmico.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho em especial à minha família e aos amigos que me acompanharam, nessa jornada, e me deram o exemplo da solidariedade e perseverança, contribuindo para o meu crescimento pessoal, na busca de uma sociedade mais justa.

VANDA SILVA REIS TERZI

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a intermediação de mão-

de-obra por meio das cooperativas de trabalho. Será analisado o parágrafo único do

art. 442 da CLT, que tem trazido controvérsias na esfera jurídica sobre a existência

ou não de vínculo empregatício entre os associados e o tomador de serviço da

cooperativa. Este estudo tem o intuito de analisar as cooperativas de trabalho,

principalmente acerca da natureza jurídica que une os cooperativados às

cooperativas e do seu papel ante ao atual mercado de trabalho, confrontando com

princípios constitucionais de valorização do trabalho humano. Tem-se como hipótese

que as cooperativas de trabalho devem ser fontes alternativas de trabalho e renda, e

não instituições constituídas com o objetivo de fraudar a legislação trabalhista. As

cooperativas vêm se transformando em elemento fundamental dos novos tempos,

minimizando a luta contra o desemprego. Estas entidades, sem fins lucrativos, a

cada dia colaboram para redesenhar a nova realidade do mercado de trabalho,

privilegiando o lado econômico e o social de seus associados. Por conta desses

fatores sociais e econômicos, entre eles a globalização, muitos profissionais que

perderam o emprego foram reconduzidos ao mercado de trabalho através do

cooperativismo. Há que se falar que essas mudanças propiciadas pelo mundo

globalizado direcionam à cooperativa diversos trabalhadores que foram atingidos

pela exclusão social. O ingresso é livre a todos os trabalhadores que desejarem

integrar as atividades e serviços prestados pela associação, precisando apenas

aderir aos propósitos sociais e que preencham as condições estabelecidas no

Estatuto.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 08

1.1 Os Princípios fundamentais........................................................................ 08

1.2 O Contrato de Trabalho .............................................................................. 11

2. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E JURÍDICA DO COOPERATIVISMO NO BRASIL

......................................................................................................................... 15

2.1 Evolução Histórica...................................................................................... 15

2.2 Natureza Jurídica da Cooperativa .............................................................. 17

2.3 Participação Econômica dos Cooperados .................................................. 19

3. AS COOPERATIVAS DE TRABALHO, A INTERMEDIAÇÃO DE MÃO DE OBRA

E O FENÕMENO DA TERCEIRIZAÇÃO.......................................................... 20

3.1 Fraude às Leis............................................................................................ 24

3.2 O Parágrafo único do Art. 442 da CLT e o Enunciado 331 do TST.............26

3.3 A Recomendações nº 127 da OIT .............................................................. 30

CONCLUSÃO................................................................................................... 32

REFERENCIAS ................................................................................................ 36

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Os Princípios fundamentais

A Constituição da República Federativa do Brasil1 , promulgada em 1988

teve como objetivo fundamental “assegurar o exercício dos direitos sociais e

individuais, a liberdade, a segurança ,o bem- estar , o desenvolvimento, a igualdade

e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralística e sem

preconceitos” e o Art.1º,II, III e IV, têm como fundamentos: a cidadania, a dignidade

da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa,

respectivamente.

A respeito disso, Miguel Reale explica:

"Os princípios são verdades ou juízos fundamentais que servem de alicerce ou garantia de certeza a um conjunto de juízos, ordenados a um sistema de conceitos relativos a da proporção da realidade. As vezes também se denominam princípios certas posições que, apesar de serem evidentes ou resultantes de evidências são assumidas como fundamentais de um sistema particular de conhecimentos. como seus pressupostos necessários ". 2

Analisando o exposto supra podemos entender que as Instituições

cooperativas foram evoluindo e aumentando o seu alcance territorial a partir da ânsia

e angústia do trabalhador com as perdas sociais e econômicas, carreadas pelo

desemprego. Considerando que a legislação trabalhista engessa , sobremaneira, o

Contrato de Trabalho, visando a proteção do empregado, acaba por tornar os

encargos trabalhistas demasiadamente pesados para o empresário, ocasionando

demissões e até mesmo Falências. Em vista disso sobreveio a necessidade de se

criar alternativas de trabalho para resgatar a dignidade da pessoa humana,

proliferando-se então as Cooperativas de Trabalho legítimas ou até fraudulentas

também.

1 BRASIL.Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo. Saraiva.2004 2 REALE, Miguel. Filosofia do Direito. V. I, 7 ed. São Paulo: Saraiva, 1975, p. 3

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No Direito do Trabalho, de acordo com Martins (2000, p. 73-78)3, é possível elencar

alguns princípios básicos, que norteiam o Contrato de Trabalho, quais sejam: o

Princípio da Proteção, Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos, Princípio da

Continuidade de Relação de Emprego, Princípio da Primazia da Realidade, Princípio

da Razoabilidade, Princípio da Boa-Fé, Princípio da Não Discriminação, Princípio da

Dignidade do Trabalhador Humano, Princípio da Auto Determinação Coletiva e o

Princípio da Irredutibilidade do Salário:

Princípio da Proteção - tem como regra compensar a superioridade

econômica do empregador em relação ao empregado, dando a este último uma

superioridade jurídica. Este princípio pode ser desmembrado em três modalidades:

1. "In dubio pro operaria" - deve-se aplicar a regra mais favorável ao

trabalhador, desde não afronte a nítida manifestação do legislador, e que haja

dúvida real sobre o alcance e a interpretação da norma.

2. Da regra mais favorável - na dúvida entre duas ou mais interpretações

viáveis, será aplicada aquela que for mais favorável ao trabalhador, satisfazendo os

limites determinados nos artigos 623 e 624 da CLT.

3. Da condição mais benéfica - em razão de uma norma concreta e

conhecida, esta deve ser respeitada. Mesmo que esta norma não conceda maior

proteção, não poderá ser' modificada para pior em razão da regra do direito

adquirido, garantido pela Constituição Federal4, em seu art. 5°, inc. XXXVI e pelo

art.. 468 da CLT. Ou seja, pelo fato do trabalhador já ter conquistado certo direito,

não pode ser modificado, com o intuito de outorgar uma condição desfavorável ao

obreiro.

Princípio da Irrenunciabilidade de Direitos - os direitos trabalhistas são

irrenunciáveis pelo trabalhador. Porém, não exclui a possibilidade de conciliação ou

transação, devendo ser homologado pelo sindicato ou pela Justiça do Trabalho.

Princípio da Continuidade da Relação de Emprego - como se presume que o

contrato de trabalho tem validade por tempo indeterminado, que haverá continuidade

3 Martins, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho: Atlas, 2000 4 BRASIL.Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo. Saraiva.2004

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da relação de emprego. Uma exceção à regra é o contrato por prazo determinado,

inclusive a contrato de trabalho temporário. O que se deve evitar é uma sucessão de

contratos por prazo determinado. Está previsto no art. 443, § 2° da CLT, art. 7°, I, da

CF/88, Lei 9.061/98 e Lei 8.036/90.

Princípio da Primazia da Realidade - de suma importância para o tema

proposto, reza sobre a relação objetiva evidenciada pelos fatos, define a verdadeira

relação jurídica estipulada pelos contratantes, ainda que sob capa simulada, não

corresponde a realidade. Consiste em considerar que, havendo divergências entre

as condições ajustadas para a relação de emprego e as verificadas em sua

execução, prevalecerá a realidade dos fatos.

Princípio da Razoabilidade - entende que o ser humano age de acordo com

sua razão. Logo, o empregador pode punir o empregado, mas não de forma

deliberada, exercendo o "jus varialldi ".

Princípio da Boa-Fé - o contrato deve ser celerado com lealdade e boa-fé por

ambas as partes. Devem cumprir com suas obrigações, agindo de forma correta

antes, durante e depois do contrato, ou seja, agindo com honestidade e ética.

Princípio da Não Discriminação - proíbe a diferença de critério de admissão,

de exercício de funções e de salário por motivo de sexo, cor, idade ou estado civil,

em razão de deficiência física, bem como a que de distinga na aplicação das normas

gerais entre o trabalho manual, o técnico e o intelectual ou entre os respectivos

profissionais. Está previsto no art. 5° da CF/88, art. 7° da CF/88, nos incisos XXX,

XXXI, XXXII, parágrafo único do art. 3° da CLT, art. 461 da CLT e na Lei 9.799/99.

Princípio da Dignidade do Trabalhador Humano - O Direito do Trabalho deve

servir como um instrumento de melhoria nas condições de vida do trabalhador,

buscando sempre respeitar seus princípios norteadores, resguardando-lhe a

dignidade da pessoa humana. Fundamento Legal: art. 1°, II, art. 34, VII, "b", art. 170,

art. 193 e art. 230 da CF/88.

Princípio da Auto Determinação Coletiva - dá preferência à negociação

coletiva para solução de determinados assuntos.

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Princípio da lrredutibilidade do Salário - somente em caso excepcionais

poderá utilizar os instrumentos da negociação coletiva, para que o salário seja

reduzido.Art. 7°, VI, da CF/88.

De acordo com Bandeira de Mello (1997, p. 573)5, no Direito do Trabalho

podemos aplicar alguns princípios do Direito Civil, qual sejam:

Princípio da Autonomia da Vontade - a liberdade contratual permite que as

partes se valham dos modelos contratuais constantes no ordenamento jurídico, ou

de criarem uma modalidade de contrato de acordo com as suas necessidades.

Previsto no art. 444 da CLT.

Princípio do Pacta Sunt Servanda - aquele contrato ajustado pelas partes

deve ser executado pelas mesmas, em razão da força obrigatória dos contratos. O

contrato faz lei entre as partes; trazendo segurança, estabilidade e paz social entre

os negócios jurídicos.

.Princípio da Rebuc Sic Stantibus - é estabelecido por meio de uma cláusula.

É a possibilidade de revisão nos contratos e de sofrer alterações, ou seja medidas

imprescindíveis para que a modificação dos contratos tenha respaldo jurídico

quando da alteração do estado de fato existente no período da concepção dos

contratos indicando a inafastabilidade da sua alteração.

.Princípio do Eceptio Nom Adimplenti Contratus - nenhum dos contratantes

pode exigir o inadimplemento do outro, devendo cumprir com a sua obrigação. De

maneira que um pólo da relação não pode exigir do outro o adimplemento da

obrigação principal sem cumprir a sua, e, também, não pode determinar alterações

substanciais do contratado sem a precisa autorização e conhecimento da outra parte

1.2 O Contrato de Trabalho

Antes do aparecimento do Direito do Trabalho, a prestação livre era regida

pelo Direito Civil, que consagrava a plena autonomia individual na celebração do

ajuste obrigacional, denominada de locação de serviços.

5 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 8 ed. São Paulo: Malheiros, 1997.

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O artigo 442 da CLT estabelece que contrato individual de trabalho é o

acordo, tácito ou expresso, correspondente a relação de emprego. O contrato deve

ser compreendido como um negócio jurídico, em que o empregado presta serviços

ao empregador, mediante remuneração, subordinação, pessoalmente e com

continuidade.

O contrato de trabalho é um contrato de Direito Privado, dada a igualdade

jurídica dos contraentes. É sinalagmático, pois dele resultam obrigações contrárias e

equivalentes. Consensual, porque a lei, de regra, não exige forma especial (Martins,

2004, p.734).6

Também não podemos deixar de observar o intuitu personae em relação à

pessoa do empregado, que se obriga a prestar, pessoalmente, os serviços

contratados. Deverá, esse serviço, ser exercido de maneira sucessiva. A relação

jurídica de trabalho pressupõe o elemento de continuidade, de duração. Assim como

a onerosidade correspondente exercida pela contraprestação salarial em razão da

prestação de trabalho.

É necessário ressaltar que o contrato de trabalho é um contrato realidade, em

que os fatos que definem sua existência e não o nomem juris que lhe possa ser

atribuído. Por ser sucessivo e oneroso, será ao mesmo tempo um contrato de troca

e atividade.

Através do contrato de trabalho surge entre os contraentes uma relação

jurídica, que é a relação de emprego. Desta forma, de acordo com a CLT, o Direito

do Trabalho garante ao empregado direitos que o contrato não pode ultrapassar, tão

pouco contrariar.

O artigo 444 da CL T dispõe, in verbis:

"Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de

livre estipulação das partes contanto que não contravenha às disposições de

proteção ao trabalho aos contratantes coletivos e às decisões das

autoridades competentes".

6 Martins, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho: Atlas, 2004

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O simples fato da prestação de trabalho subordinado não é indiferente ao

Direito do Trabalho. Embora que não exista contrato, talvez que seja nulo, daquela

prestação de fato podem resultar decorrências jurídicas. Então, dessa prestação de

trabalho de fato é que localizamos a relação de trabalho. A relação jurídica de

trabalho (relação de emprego) implica o contrato de trabalho.

Para se compreender o contrato de trabalho, é necessário termos em mente

os seus sujeitos formadores: o empregado e o empregador. De acordo com o art. 3°

da CLT:

"Art. 3° - Empregado é toda a pessoa física que presta serviço de natureza

não eventual ao empregador, sob a dependência deste e mediante salário".

A principal obrigação assumida pelo empregado, por força do contrato, é de

prestar o trabalho, por isso o caráter pessoal. No que diz respeito ao serviço

contratado, este deve ser prestado de modo não eventual, devendo corresponder às

necessidades normais da atividade econômica para qual foi contratada.

O empregador pode ser a empresa, individual ou coletiva, que, tomando os

riscos da atividade econômica, emprega e dirige a prestação pessoal de serviços.

Equipara-se ao empregador, para as implicações exclusivas da relação de emprego,

os profissionais liberais as instituições de beneficência, as associações recreativas

ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitem trabalhadores como

empregados (Carelli, 2003, p. 34).7

Outro ponto que tange o contrato de trabalho é a subordinação. Caracterizado

o estado de subordinação do prestador de serviço, passará a ser inequívoco com

qualquer outro contrato de Direito Privado. A subordinação do empregado é jurídica,

porque é decorrência de um contrato, em que nele pode-se encontrar seu

fundamento e seus limites.

A subordinação é fonte de direitos e obrigações para ambos os contratantes.

Os direitos do empregador são os seguintes:

7 CARELLI, Rodrigo de Lacerda. Terceirização e Intermediação de Mão de Obra. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.

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.De aplicar penas disciplinares, em caso de inadimplemento de obrigação

contratual;

.De controle, examinando o exato cumprimento da prestação de trabalho;

De direção e de comando, cabendo-lhe produzir as condições para emprego

e aplicação concreta da força de trabalho.

Tendo em vista essas considerações, é direito do trabalhador dirigir e

comandar as atuações concretas do empregado, cabendo a esse o dever de

obediência. A personalidade do empregado não se anula com o contrato de

trabalho, razão pelo qual é reconhecido o jus resistentiae.

Para dar validade ao ato jurídico é necessário requerer agente capaz e objeto

lícito. O objeto do contrato é a obrigação assumida pelo empregado por força do

contrato de trabalho a realizar determinada atividade mediante a prestação de um

salário por parte do empregador.

O contrato celebrado de forma tácita, sem a manifestação expressa das

partes verbal ou escrita, pode ser provado, como dispõe o art. 456 da CLT; devendo

sempre observar todos meios que o Direito permite.

Já as obrigações decorrentes do contrato de trabalho estão relacionadas com

o Princípio da Boa-Fé. O contrato de trabalho é intuito personae é, ou seja,

celebrado com relação ao empregado. A prestação do serviço deve ser pessoal,

exercido com confiança e dever de colaboração de maneira recíproca. Entende-se

que o empregador deverá pagar o salário ajustado, além de satisfazer as demais

obrigações legais, dando ao trabalhador possibilidade de executar normalmente o

contrato.

No que concerne às nulidades, podemos apontar como nulo o contrato de

trabalho celebrado por pessoa absolutamente incapaz ou quando é ilícito seu objeto.

É uma medida para proteger o incapaz.

As normas de proteção do trabalho são de ordem pública, portanto será nulo

todo o ato jurídico que a contrarie ou seja, o contrato de trabalho será nulo nos

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casos de ato jurídico em geral, ou quando concluído o objetivo de desvirtuar, impedir

ou fraudar as normas de proteção trabalhista, como dispõe o art. 9º da CLT.

Quando o vício desrespeita o conteúdo mínimo necessário do contrato,

decorrente da lei, do contrato coletivo ou de sentença normativa, será

automaticamente substituído, proporcionalmente. Naqueles casos em que a

nulidade atinge todo o contrato, haveria o efeito "ex tunc" da relação, em que a

nulidade retroagiria ao momento da formação do contrato.

Como o contrato de trabalho é de trato contínuo, cujos efeitos, uma vez

lançados, não poderão desaparecer retroativamente, já, não pode o empregador

retornar ao empregado a prestação de trabalho que este executou em virtude de um

contrato nulo. Ainda que o trabalho tenha sido prestado com base em um contrato

nulo,. o salário deverá ser pago. Pode ser suspenso ou interrompido a qualquer

momento. Se da ilicitude do objeto do contrato decorre a nulidade, não poderá

reclamar o pagamento do serviço prestado, ao menos que tenha agido de boa-fé.

2. A EVOLUÇÃO HISTÓRICA E JURÍDICA DO COOPERATIVISMO NO BRASIL

2.1 Evolução Histórica

O cooperativismo surgiu como uma doutrina de reforma social dentro do

capitalismo, dos movimentos de trabalhadores diante da Revolução Industrial, como

resposta ao desemprego.

Em 1844 é criado um armazém cooperativo, por 28 tecelões de

Rochdale/Inglaterra, uma cooperativa de consumo que visava a uma vantagem

pecuniária para que seus membros pudessem ter melhores condições de vida por

meio de seu trabalho (Polonio, 2004, p. 25).8

No artigo "Cooperativas de Trabalho: Um caso de fraude através da lei" do

profº Viana (1997, p.28)9, é que é possível ter a dimensão em que essa experiência

alcançou:

8 POLONIO, Wilson Alves. Manual das Sociedades Cooperativas. São Paulo: Atlas, 2004

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"Quem lançou as bases do cooperativismo foi Robert Owen, um gênio que

aos nove anos já tinha lido os clássicos e filosofava. Mas a primeira

cooperativa que realmente funcionou foi a de Rochdale, Inglaterra em

1844. Vinte e oito tecelões abriram uma pequena mercearia, num beco

escuro da cidade. e o negócio se expandiu por todo o país. A novidade era

que - pela primeira vez - aqueles tecelões trabalhavam para si próprios. A

cooperativa era uma coisa deles ".9

Aqueles tecelões ingleses, vítimas das dificuldades da Revolução Industrial,

que lhes explorava o trabalho com parcos resultados, criaram uma alternativa sócio

econômica, que influenciou os ingleses, os americanos e todo o mundo, no sentido

de que a união faria a vitória. Através de seus esforços, reduziram o custo de suas

atividades e aprimoraram o seu profissionalismo, surgindo assim a cooperativa. O

ideal destes artesãos – os primeiros cooperados – serviu de base para que o

movimento cooperativista se espalhasse por mundo afora. (SILVA FILHO, 2001

p.26).

De acordo com Polônio (2004), a partir do século XVIII foram elaborados os

princípios do cooperativismo, para firmar-se como uma doutrina. Constitui-se uma

filosofia de fundamentação ética, onde pretendia o afastamento do intermediário. No

Brasil, o cooperativismo inicia-se no final do século XIX, em São Paulo, sendo

criada, em 1891, a Associação Cooperativa do Empregados da Companhia

Telefônica de Limeira (SP), uma cooperativa de consumo no modelo Rochdale.

É importante ressaltar que somente no início do século passado é que houve

efetivamente uma regulamentação jurídica - positiva sobre o cooperativismo.Por

mera coincidência, os primeiros sindicatos foram criados, nessa época, no território

nacional, na qual os autorizava expressamente para a prática do cooperativismo.

Arouca (1995, p.08) faz um apontamento sobre esse momento histórico:

Em 1903 é aprovado o projeto de iniciativa de Joaquim Inácio Tosta,

transformado no Decreto Legislativo n° 979, instituindo a sindicalização rural,

9 VIANA, Mareio Túlio. O que há de novo no Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1997, p.28.

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sindicatos mistos, de feição corporativa que, no entanto, não tiveram nenhum

resultado pratico. 10

Ocorre que esse político anos depois apresentou outro projeto, o Decreto

Legislativo n° 1.637 de 1907, com os mesmos fundamentos do anterior, no qual

admitia a constituição de sindicatos, objetivando o estudo, a defesa e o

desenvolvimento. Esse desenvolvimento visava os interesses gerais da profissão e

dos profissionais, constituídos livremente mediante registro em cartório, sem

depender da autorização governamental.

A regulamentação do cooperativismo, através autorização de suas práticas

pelas entidades sindicais, Pinto (1998, p. 122), faz uma observação de que mesmo

tendo algo em comum entre o cooperativismo do trabalho e o sindicalismo, as

propostas se realizam de maneira distintas.

Dir-se-á - e é verdade - que as reações dos dois movimentos marcharam

em direções contrárias: o cooperativismo se armava nas cooperativas de

trabalho para libertar-se da empresa, o sindicalismo para conter a empresa,

isto é, um deles direcionando o trabalhador no rumo oposto do

empregador, o outro procurando viabilizar a convivência entre ambos.11

Tanto que, com o fim da "República Velha" e a ascensão de Getúlio Vargas,

essas disciplinas normativas passaram a ser regulamentadas separadamente

O cooperativismo continuou se expandindo e o mundo foi mudando cada vez

mais rapidamente.

No Brasil, o cooperativismo foi promovido pelas elites agrárias. Assim, um

movimento conferido de “cima para baixo”, implantado como uma política de domínio

social e de intervenção estatal (MISI, Márcia Costa; 2000 p.22).

2.2 Natureza Jurídica da Cooperativa

10 AROUCA, José Carlos da Silva. Em Defesa da Unidade Sindical. São Paulo: Publicação da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação do Estado de São Paulo, dez/ 85, p. 8. 11 PINTO. José Augusto Rodrigues. Cooperativismo e Direito do Trabalho. São Paulo: LTr, 1998, p. 122.

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Tanto as definições constantes nas normas trabalhistas como aquelas

apresentadas por juristas e doutrinadores no campo do Direito do Trabalho estão

presentes como elementos característicos que identificam o vínculo laboral, ou seja,

a prestação pessoal de serviço por conta alheia; a retribuição remunerativa em

forma de salário e a dependência ou subordinação. Cumpre também ressaltar que

estes elementos característicos do vínculo empregatício estão ausentes nas

relações existentes entre as cooperativas de trabalho e seus sócios integrantes.

Então se conclui que a relação existente entre os sócios de cooperativas, ainda que

de trabalho, e as sociedades cooperativas, não possui natureza jurídica de emprego,

e sim, de caráter civil. (SILVA FILHO,Cícero Virgulino, 2001 p.79).

A Lei 5.764/71 rege a cooperativa como uma Sociedade Civil de Pessoas sem

fins lucrativos, constituida sob a solidariedade de seus membros, que se obrigam a

contribuir com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica,

segundo aos arts. 3o e 4o. Não é submetida à falência, oferecendo algumas

particularidades ante às demais sociedades, elencadas nos onze incisos do art. 4o

da Lei.

Quanto à estrutura das cooperativas, de acordo com Ferrari (1979 p. 65)12,

podem ser:

a) integrais – quando todos os associados se vinculam à cooperativa por meio

de relações sociais. Apresentam sócios usuários e sócios funcionários, todos com os

mesmos direito.

b) não-integrais – quando só existem sócios usuários.

Quanto aos meios de produção das cooperativas, podem ser:

a) de produção – se os meios de produção são da própria cooperativa.

b) auxiliares – se os meios de produção são dos cooperados.

c) mistas – se parte do meio de produção é da cooperativa e parte dos

cooperados.

12 FERRARI,Irany. Cooperativas de trabalho-existência legal.São Paulo: LTr, 1999, p.65

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19

Quanto aos ramos de negócio das Cooperativas, podem ser:

a) de produção – são as de produtores reais, de garimpo, de pesca, de

trabalho, etc.

b) de finanças – são as de crédito mútuo e de seguros.

c) de distribuição – são as de consumo de bens e consumo de serviços;

d) de mais de um objetivo – as cooperativas múltiplas.

2.3 Participação Econômica dos Cooperados13

Os cooperados colaboram eqüitativamente e controlam democraticamente o

capital de suas cooperativas. Parte desse capital é de domínio comum da

cooperativa, sendo as sobras designadas a outros objetivos, tais como:

a) desenvolvimento de suas cooperativas, eventualmente, por meio da

concepção de reservas, parte das quais, pelo menos, será indivisível;

b) benefício dos associados na dimensão de suas transações com a

cooperativa;

c) apoio a outras atividades aprovadas pelos associados

Esse princípio encontra-se estampado no art. 4º, inciso VII, da nossa Lei

Cooperativista, nos seguintes termos:

Art. 4º (...)

VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às

operações realizadas pelo associado, salvo deliberação em contrário da Assembléia

Geral;

O Artigo 80, caput, da Lei, nos remete ao mesmo princípio em relação às

despesas e, o artigo 89, caput, em relação aos prejuízos:

13 BULGARELLI, Waldírio. As Sociedades Cooperativas e a sua Disciplina Jurídica. Rio de Janeiro, Ed. Renovar, 1998, p.18

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Art.80. As despesas da sociedade serão cobertas pelos associados mediante

rateio na proporção direta da fruição dos serviços.

Art.89.

Os prejuízos verificados no decorrer do exercício serão cobertos com

recursos provenientes do fundo de reserva e, se insuficiente este, mediante

rateio, entre os associados, na razão direta dos serviços usufruídos,

ressalvada a opção prevista no parágrafo único do art. 80 desta Lei.

O artigo 24 da Lei 5.764/71 é bastante rígido em relação a remuneração do

capital, ao estabelecer que:

é vedada às cooperativas distribuírem qualquer espécie de benefício s

quotas-parte do capital ou estabelecer outras vantagens e privilégios,

financeiros, ou não, em favor de quaisquer associados ou terceiros,

excetuando-se os juros até o máximo de 12% (doze por cento) ao ano que

incidirão sobre a parte integralizada

3. AS COOPERATIVAS DE TRABALHO, A INTERMEDIAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA

E O FENÔMENO DA TERCEIRIZAÇÃO

No entendimento De Plácido e Silva:

A cooperativa de trabalho tem a desígnio primordial de melhorar os salários

de seus associados e as condições de trabalho pessoal, seja interferirindo

junto aos patrões, formando com eles convenções coletivas, seja por

outros meios ao seu alcance. Constitui-se entre operários, artífices, ou

pessoas da mesma profissão ou ofícios diversos de uma mesma classe14.

As cooperativas de trabalho existem primordialmente com para prestar

serviços a seus associados, organizando seu trabalho e fornecendo condições para

a produção de bens.

A melhor definição de Cooperativa de Trabalho está no conceito do art. 24 do

Decreto 22.239/32 (já revogado): 14 DE PLÁCIDO E SILVA. Vocabulário Jurídico. Rio de Janeiro: Forense, 1998, p. 223.

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Art. 24 - São cooperativas de trabalho aquelas que, constituídas entre

operários de uma determinada profissão, ou de oficio, ou de vários oficios

de uma mesma classe, têm como finalidade primordial melhorar salários e

as condições de trabalho pessoal de seus associados e dispensando a

intermediação de um patrão ou empresário, se propõe contratar obras,

tarefas, trabalhos ou serviços, públicos ou particulares, coletivamente ou

por grupos de alguns.

É possível encontrar várias modalidades de cooperativas de trabalho, como já

visto, de diversas espécies: cooperativas de serviço; de prestação de serviços; de

profissionais liberais. Então, as cooperativas de trabalho são comuns em diversas

áreas profissionais, tais como médicos, costureiras, jardinagem, motoristas,

encarregados de limpeza, profissionais liberais em geral, etc. O cooperativismo

surge em um contexto de redução dos custos das empresas, eliminando problemas

como a despedida sem justa causa e os encargos sociais. Sem sombra de dúvida, é

uma forma de terceirização e flexibilização das relações de trabalho. A questão a

esse respeito está na possibilidade das cooperativas de trabalho começarem a atuar

como intermediadoras de mão-de-obra.

A intermediação de mão-de-obra nas cooperativas de trabalho ocorre quando

se recruta e coloca trabalhadores à disposição das empresas tomadoras de

serviços. Os trabalhadores prestam serviços no estabelecimento da tomadora, lado

a lado com os empregados desta, recebendo as mesmas ordens, sujeitos a controle

de ponto e recebendo salários. Pretendem as empresas tomadoras de serviços das

cooperativas de trabalho estar realizando lícita a terceirização, ao utilizar os serviços

dos trabalhadores cooperados.

Para melhor esclarecer, terceirização consiste na existência de um terceiro

especialista, chamado de fornecedor ou prestador de serviços que, com a

competência, habilidade e qualidade técnica, presta serviços especializados ou

produz bens, em condições de parceira, para a empresa contratante chamada de

tomadora ou cliente.

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O professor Sergio Pinto Martins lembra que no Brasil, a noção de

terceirização foi trazida por multinacionais na década de cinqüenta, pelo interesse

que tinham em se preocupar apenas com a essência do seu negócio.15

O fenômeno da terceirização permite que uma empresa repasse a outra, mais

especializada, uma etapa de seu processo produtivo, ou de comercialização, ou a

prestação de um serviço especializado. Surge como um verdadeiro achado, ao ser

utilizado como um instrumento de produtividade e competitividade no mercado16.

A verdadeira terceirização consiste na transferência de parte da atividade da

empresa, não conflitando com as leis em proteção ao trabalho. Produzindo bens ou

prestando serviços para terceiros precisa dispor de equipamentos, matérias-primas e

empregados próprios.

Segundo Queiroz (1993),

é uma técnica administrativa que permite e consignação de um processo

gerenciado de transferência, a terceiros, das atividades acessórias e de

apoio ao desígnio das empresas (atividades-meio), aceitando a essa

concentrar-se no seu negócio, ou seja, no objetivo final (atividade-fim).

Segundo Giosa (1993),

é um processo de gestão pelo qual se repassam algumas atividades para

terceiros - com os quais se constitue uma relação de parceria -

permanecendo a empresa agrupada apenas em tarefas fundamentalmente

ligadas ao negócio em que atua.

Existem diversos conceitos para o termo “terceirização”, e com várias

\nuances, e todas trazem em sua essência um ponto em comum: a transferência das

atividades-meio de uma empresa para outra com desígnios a agrupar esforços em

atividades-fim.

15 MARTINS, Sérgio Pinto; A Terceirização e o direito do trabalho: 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 2000. 16 É importante ressaltar que a economia é composta por três setores de produção distintos: setor primário, que compreende de maneira genérica as atividades nlrais; setor secundário, fundado nas atividades industriais, e o setor terciário, referentes às atividades de serviços. DELGADO, Gabriela Neves. Terceirização: paradoxo do Direito do Trabalho contemporâneo. São Paulo: LTr, 2003, p 160.

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Figura 2 : atividades-meio e atividades-fim Fonte: QUEIROZ,2000 p. 102

Um argumento contra essa intermediação é que cooperativa não pode ser

empregada em permuta da mão-de-obra interna nas empresas, uma vez que seu

objeto é a ajuda socioeconômica de seus associados e não de terceiros. Ocorre que

a intermediação, através cooperativa, serve como válvula de escape, em razão dos

graves problemas de desemprego.

Para que haja a real prestação de serviços por intermédio da sociedade

cooperativa e não exista o vínculo de emprego é fundamental que os serviços sejam,

em geral, de curta duração, com conhecimentos específicos.

As cooperativas de trabalho são uma alternativa ao empregado assalariado

com o propósito de aumentar os benefícios de quem trabalha. Pode até representar

uma válvula de escape para o desemprego de um certo número de trabalhadores

desempregados, mas não são a melhor solução.

Acreditamos ser muito mais vantajoso terceirizar serviços utilizando-se da

intermediação de mão-de-obra, pois as empresas não precisam arcar com todos

aqueles encargos trabalhistas. Não há que se falar em terceirização quando parte de

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trabalhadores de uma empresa é contratada através de intermediário, no caso, de

uma cooperativa, porque na terceirização pressupõe a transferência de parte da

atividade da empresa aos terceiros, e não a simples cessão de mão-de-obra.

3.1 Fraude às Leis

Como pudemos observar no desenrolar de todo o trabalho, o cooperativismo

é uma forma de associação de longa história, mas que continua dividindo opiniões e

gerando polêmicas. Algumas correntes vêem o cooperativismo como alternativa para

o futuro globalizado nas relações e organização de produção, em razão da sua

diversidade. Porém, as transformações sociais muito rápidas, as inversões de

valores, as pressões políticas e governamentais, gerando o crescimento das

cooperativas de trabalho vêm trazendo controvérsias de encontro à legislação

comprometendo as relações de trabalho.

No Direito do Trabalho, ocorrerá a figura da fraude sempre que o indivíduo ou

indivíduos praticarem ato ou atos com a finalidade de desvirtuar, impedir ou dificultar

a obtenção e usufruição dos direitos trabalhistas e previdenciários a que o

trabalhador faz jus, em decorrência do seu trabalho.

De Plácido e Silva assim define fraude:

...derivado do latim fraus, fraudis (engano, má-fé, logro), entende-se

geralmente como o engano malicioso ou a ação as tu ciosa, promovidos de

májé, para ocultação da verdade ou fuga ao cumprimento do dever. Além

do sentido de contravenção à lei, notadamente fiscal, possui o significado

de contrafação, isto é, reprodução imitada, adulteração, falsificação,

inculcação de uma coisa por outra. Aliás, em todas as e '(pressões, está no

sentido originário de engano, má fé e logro, todos filiados tem intenção de

trazer um prejuízo, com o qual se locupletará o fraudulento ou fraudador"

(..) "A fraude penal apresenta-se sempre como ato lesivo à coletividade. E,

na defesa desta, a lei penal impõe sanções ao fraudador.17

17 DE PLÁCIDO E SILVA. Op Cit, p. 370.

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A fraude traz em seu escopo o mesmo significado de lesão, engano. Através

de meios fraudulentos, o fraudador pretende eximir-se de cumprir aquilo que é sua

verdadeira obrigação, com a finalidade de beneficiar a si próprio, enganando

terceiros.

Perceber a fraude de forma concreta é o que se faz necessário para a

descaracterização de suposta relação cooperativa, de forma a demonstrar a

existência do vínculo empregatício. A fraude, portanto, não se presume, deve ser

provada, conforme ensina Arnaldo Süssekind nesta citação:

A regra que impera no Direito do Trabalho é a da nulidade absoluta do ato

anormal cometido com o intuito de impedir a aplicação das normas

jurídicas de proteção do trabalho. “Sempre que provável, desde que a lei

não tenha efeito de solução diversa, a relação de emprego deve continuar

como se o referido ato não tivesse sido cometido” (..) ocorrendo simulação

concernente à relação de trabalho, ou a uma de suas condições, as

normas jurídicas apropriadas deverão ser aplicadas numa face de

verdadeira natureza da relação ajustada ou da condição verdadeiramente

estipulada.18

O Ministério do Trabalho, ciente da ocorrência de fraude através da prestação

de serviços por sociedades cooperativas, editou a Portaria n° 925/95, que orienta a

ação fiscal nas tomadoras dessas entidades pelos Agentes da Inspeção do

Trabalho. Tem o intuito de coibir as atividades das cooperativas de trabalho criadas

com o nítido objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar as relações de emprego, bem

como a aplicação dos direitos dela oriundos.

Com o objetivo de resguardar o empregado e impedir a fraude aos direitos

trabalhistas, o art. 9°, CLT preceitua:

Art. 9° - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de

desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente

Consolidação.

18 SUSSEKIND, Instituições de Direito do Trabalho.19. ed. São Paulo, Ltr, 2000. p.233

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O art. 86 da Lei n° 5764/71 esclarece que as cooperativas poderão fornecer

bens e serviços a não associados, desde que tal faculdade atenda aos objetivos

sociais e esteja em conformidade com a presente Lei.

Então, as cooperativas fornecem serviços, desde que definidos seus

objetivos. A Lei n° 5.764/71 não impõe restrições, o que não significa que as

cooperativas desrespeitem o mínimo da lei. Como as regras que se aplicam a uma

sociedade comercial, valem tanto para a terceirização quanto para a cooperativa.

Atentamos para o fato de que o ordenamento jurídico brasileiro repudia a

intermediação de mão-de-obra, considerando como ilícita quando praticada por uma

entidade autodenominada cooperativa. No entanto, de forma alguma impede que a

atividade terceirizada seja realizada por cooperativa, porém, que a mesma seja

realizada de maneira própria e lícita, ou seja, somente estão aptas para participar de

uma terceirização lícita as verdadeiras cooperativas como as de produção ou as de

serviço.19

3.2 O Parágrafo único do art. 442 da CLT e o enunciado 331 do TST

No diploma legal conhecido como "Estatuto do Cooperativismo Nacional", já

anteriormente comentado, o legislador, em seus artigos 90 e 91, informa que não

existe vínculo empregatício entre a cooperativa e seus associados. Ainda

acrescentou que não existe vínculo empregatício entre os associados e o tomador

de serviços da cooperativa.

Vejamos:

Art. 90 - Qualquer que seja o tipo de cooperativa, não existe vínculo

empregatício entre ela e seus associados."

Art. 91 - As cooperativas igualam-se às demais empresas em relação aos

seus empregados para os fins da legislação trabalhista e previdenciária.

Percebemos que não existe vínculo empregatício entre a cooperativa e seus

associados, pois não há subordinação, nem caracterização de um contrato de

19 Manual de Cooperativas. Op Cit, p. 50-53.

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trabalho (há sim um controle democrático e a associação em torno de objetivos

comuns). Porém, nada impede a admissão de empregados e, neste caso, é evidente

a incidência dos direitos e obrigações oriundas da relação de emprego.

Criou-se a impressão de que qualquer trabalho, prestado através de

sociedade cooperativa, não se constituiria em relação de natureza trabalhista entre o

cooperado e a empresa tomadora de serviço.

Sendo assim, podemos observar que a problemática da fraude está no

parágrafo único do art. 442 da CLT, introduzido pela Lei n° 8.949/94. Através deste

acréscimo que trata da não existência de vínculo empregatício entre as sociedades

cooperativas e seus associados, tão pouco com os tomadores de serviços, houve

um desencadeamento de terceirizações das atividades, antes centralizadas nas

empresas, que passaram a ser executadas sob a forma de cooperativa de trabalho,

tanto no meio urbano quanto no rural, e em muitos casos, sem os cuidados

necessários exigidos pelas leis trabalhistas sobre relação de emprego. A seguir, o

tão polêmico parágrafo único:

Art. 442 ,CLT

Parágrafo Único - Qualquer que seja o ramo de atividade da sociedade

cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus associados, nem entre

estes e os tomadores de serviços daquela.

A origem dessa disposição está no MST - Movimento dos Sem Terra -, cujos

integrantes, necessitando organizarem-se para somar esforços e melhor trabalhar

suas terras conquistadas pela chamada reforma agrária, uniram-se por meio de

cooperativas de trabalho. Ocorre que não só proprietários atuavam naquelas

cooperativas. Essas cooperativas tinham por hábito empreitar trabalhadores para

outros proprietários, ocasionando o ajuizamento de reclamações trabalhistas por

alguns trabalhadores que saíam das cooperativas. Eles reivindicavam o vínculo de

emprego com a cooperativa na Justiça do Trabalho. Assim, para burlar o vínculo e

os encargos trabalhistas decorrentes, mas sem pensar nas conseqüências advindas,

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apresentaram projeto de lei capitaneado por um deputado do Partido dos

Trabalhadores (PT), que foi aprovado pelo Congresso Nacional.20

A seguir, surgiu uma orientação patronal rural incentivando a criação de

cooperativas de mão-de-obra, onde pregava a não existência de problemas

trabalhistas, supressão de vinculo empregatício, inexistência de fiscalização

trabalhista e a desobrigação das responsabilidades trabalhistas e sociais.

Analisando o preceito instituído pela Lei n° 8.949/94, concluimos que se

constitui de uma forma de terceirização e flexibilização das relações de trabalho.

Surge, então, no contexto, o cooperativismo como um artifício para a redução dos

custos das empresas, eliminando problemas como a despedida sem justa causa e o

pagamento dos encargos sociais. Em contraposição temos:

Art. 2°CLT - Considera-se empregador a empresa individual ou coletiva, que,

assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação

pessoal de serviços.

Art. 3°,CLT - Considera-se empregado toda a pessoa física que prestar

serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e

mediante salário.

Nesta situação, estariam descaracterizados os requisitos do trabalho

genuinamente cooperativo e verificada a ocorrência das chamadas "cooperativas de

fachada", que admite, dirige, paga e demite funcionários supostamente associados,

trazendo prejuízos latentes para os trabalhadores e para a verdadeira compreensão

do sistema cooperativista. Verificado a subordinação jurídica do associado com a

empresa contratante dos serviços, e constatada a fraude entre esta e a sociedade

cooperativa, que, na verdade participa como mera intermediária de mão-de-obra, o

vínculo empregatício se estabelece com a empresa tomadora, ou poderá, em

algumas situações, ser estabelecido com a própria sociedade cooperativa.

O inciso IV do Enunciado 331 do TST trata sobre a responsabilidade filial do

tomador de serviços, em caso de descumprimento da empresa prestadora de

20 MELLO, Raimundo Simão de. Cooperativas de Trabalho: modernização ou retrocesso? Revista do Tribunal Superior do Trabalho. V. 68, n.01, jan/mar 2002, p. 04.

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serviços, pelo pagamento das verbas de natureza trabalhista21. Uma vez confirmada

a relação empregatícia, o tomador fará o registro da carteira e o pagamento das

alusivas verbas trabalhistas, derivadas da relação. Esta responsabilidade subsidiária

confere como uma proteção ao trabalhador e, expressa que, a cobrança incidirá

sobre o devedor secundário (tomador de serviços) se a central (no caso, a

cooperativa) não desempenhar com suas obrigações.

A fundamentação para o encargo da filiação da tomadora de serviço reside

nas considerações de culpa in eligendo e culpa in vigilando. De Plácido e Silva por

assim define:

A culpa in eligendo (resultante de escolha), é a que se impõe ao

proprietário, patrão empregador, etc (...) pelas faltas empreendidas por

seus serviçais, empregados ou prepostos, na exceção de atos ou omissões

que possam causar danos a outrem, desde que acontecidos no exercício

do trabalho que lhes é cometido. A culpa in vigilando (falta de vigilância) é

a que se atribui à pessoa, em razão de dano ou agravos ocasionados a

outrem, por atos de pessoas, sob sua dependência, ou por animais de sua

propriedade, conseqüentes da falta de vigilância ou atenção que deveria

ter, de que resultaram os fatos, ocasionadores dos danos e prejuízos.22

Neste enfoque, as empresas tomadoras de mão-de-obra devem escolher

com critério as cooperativas com quem pretendam firmar contratos, se desobrigando

com aquelas sociedades que não se mostrarem idôneas. Caso contrário, fatalmente

terão responsabilidade subsidiária pelas verbas trabalhistas e sociais não quitadas,

por força das disposições decorrentes da culpa in eligendo e culpa in vigilando. A

tomadora de serviços deve ser cuidadosa, exigindo da contratada a apresentação

dos comprovantes de pagamento das parcelas trabalhistas e fiscais devidas para

evitar problemas futuros.

3.3 A Recomendação N° 127 da OIT

21 RESPONSABILIDADE TRABALHISTA. "O princípio da proteção ao trabalhador e a teoria do risco impõem a responsabilidade da empresa contratante quando a prestadora de serviços frustrou as garantias trabalhistas, deixando de pagar aos seus empregados o que lhes era devido". (TRT/RN - RO 2007/92 - Ac. 2.033, pub. DOE/RN 26.10.93, Rel. Juíz Perpétuo Wanderley) 22 DE PLÁCIDO E SILVA. Op Cit, p. 591

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As cooperativas têm desempenhado importante papel na criação de

oportunidades de auto-emprego e também emprego assalariado, melhorando as

condições de trabalho e de vida de milhões de pessoas e oferecendo infra-estruturas

e serviços fundamentais em zonas, onde não chegam investimentos nem do Estado,

nem das empresas.

Hoje, mais do que nunca, as cooperativas têm grandes oportunidades de

crescimento devido a mudanças de ordem política, econômica, demográfica, social,

ambiental, e tecnológica, mas enfrentam grandes desafios de ordem financeira,

organizacional, e gerencial, que requerem mudanças no papel das instituições de

apoio.

A Recomendação n° 127 (1966) da OIT, referente ao Papel da Cooperativa

no Desenvolvimento Econômico e Social de Países em Desenvolvimento, é a única

norma internacional da OIT sobre as cooperativas que, de caráter geral, tem sido o

principal instrumento do cooperativismo e o grande propulsor das atividades de

cooperação técnica da OIT em favor das cooperativas.

Diz, que,

“o cooperativismo deveria ser considerado como um dos fatores mais

importantes do desenvolvimento econômico, social e cultural, assim como

a promoção humana", reconhecido na Constituição Federal, em seu art.

174, § 2°: "a lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de

associativismo.

As preocupações desenvolvimentistas da década de 60, em especial a função

dos governos nas cooperativas, foram o embasamento para essa Recomendação.

Tendo em vista que o desenvolvimento não mais traz o ranço de imitação dos países

industrializados, e as cooperativas deixaram de ser consideradas um instrumento de

políticas do governo, mas sim como entidades autônomas de grande amplitude e

relevância econômica e social, a necessidade de revisão da Recomendação se faz

mais latente.

Na proposta de revisão, apresentado pela Comissão da Conferência Geral da

OIT, um dos pontos discutidos foi o instrumento de caráter universal sobre a

promoção das cooperativas, na qual deveriam se revestir na forma de uma

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Recomendação. O âmbito de aplicação, definição e objetivo das cooperativas

também será redefinido.

Via de conseqüência, responderá às necessidades das empresas, a fim de

revitalizar o mercado de trabalho incluindo os desfavorecidos no seio da sociedade.

No entender de Armand Pereira:

Deve-se reconhecer que há muitas cooperativas no Brasil, que são perfeitamente

genuínas e quantas muitas delas têm tido grau de sucesso reconhecido. Deve-se

também reconhecer que as cooperativas fraudulentas estarão sinalizando a

necessidade de mudanças na estrutura de custos e na legislação e justiça do

trabalho, bem como a necessidade de inovações nas contratações de mão-de-

obra. Porém, não é correto chamar 'cooperativa' a uma coisa que não é. Isso

desvirtua o cooperativismo, mancha as verdadeiras cooperativas e inibe o

desenvolvimento de novas cooperativas genuínas no Brasil e em outros países.

É perfeitamente concebível que, por razões emergenciais de desemprego e

pobreza, se negociem de formas altemativas de contratação de mão-de-obra que

possam facilitar os empregadores a criar mais empregos, mesmo que

temporários, mesmo que transitoriamente precários. Em função das

necessidades locais ou regionais de enfrentar o desemprego e a pobreza, poder-

se-ia até promover e negociar pactos emergenciais locais que barateassem a

criação de empregos através da redução de encargos sociais sem driblar os

instrumentos jurídicos. Tudo isso deveria ser possível sem necessitar de recorrer

a um desvirtuamento de uma causa tão nobre quanto o cooperativismo que é

defendido e promovido pela OIT desde seus primórdios e hoje propagado por

muitas outras instituições.

Ao mesmo tempo, todas as iniciativas de baratear os custos de mão-de-obra

através de perdas (ou de transferências) de beneficios dos trabalhadores devem

ser analisadas de uma forma ampla de repercussões de curto e longo prazo.

Neste contexto, uma das questões fundamentais que tem sido negligenciada é a

seguinte: até que ponto o barateamento da mão-de-obra serve para aliviar a

pobreza e/ou para aumentar a disparidade entre a remuneração do capital e a

remuneração do trabalho?.23

CONCLUSÃO

23 PEREIRA. Armand. Cooperativas: Mudanças,Oportunidades e Desajios. Brasília: Estação Gráfica para OlT, 2001, p. 167.

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É de todo oportuno trazer para este trabalho monográfico algumas decisões

jurisprudências sobre o tema proposto.

Como nos possibilitou observar, o entendimento das decisões proferidas

pelos Tribunais foi a declaração da nulidade das falsas cooperativas e o

reconhecimento do vínculo empregatício.

Vejamos algumas jurisprudências que sintetizam os casos, in verbis:

A cooperativa na sua essência, visa a ajuda mútua dos associados, e não de

terceiros. Fornecer mão-de-obra sob o manto de cooperativa de trabalhadores

rurais, é burlar a lei trabalhista. (TRT - SP - RO 1523/87- ReI. Juiz José Pedro de

Camargo R. de Souza, 1990)

Cooperativa. Relação de Emprego. Quando o fim almejado pela cooperativa é a

locação de mão-de-obra de seu associado, a relação jurídica revela uma forma

camuflada de um verdadeiro contrato de trabalho. (TRT - 23" Região - RO

029304638000 - ReI. Juiz Floriano Corrêa Vaz da Silva, 07.06.95)

Cooperativa. Vínculo. Empregado contratado por Cooperativa, trabalhando em

órgão público que o dirige e fiscaliza e indiretamente o assalaria, contrai vínculo

trabalhista com o tomador do serviço, sendo irrelevante para efeito do

reconhecimento dos direitos sociais a ausência de concurso público, quando as

irregularidades demonstram a intenção da administração de fraudar a lei em

detrimento do hipossuficiente.(Acórdão 1016/98, R. EX. OF., RO 1502/96, 11 °

Região)

Cooperativa de Trabalho. Vínculo de emprego. A recente inclusão do parágrafo

Único no art. 442 da CLT não autoriza a inobservância à regra de sobre direito

emanada no art. 9 da mesma Carta Celetista, sempre que se verificar fraude às

garantias trabalhistas e sociais assegurados nos ordenamentos legal e

constitucional vigentes. Conquanto induvidosamente as cooperativas de trabalho

constituem mais uma opção para o enfretamento da crise que assola o mercado

de trabalho, não há permitir que essa nova modalidade de trabalho seja utilizada

como mecanismo de exploração de mão-de-obra. (Acórdão n° 96.005379-4 TRT

- n° 4 Região).

Imprópria a denominação de cooperativa na contratação de trabalho entre

associados e beneficiários dos serviços, configurando evidente fraude aos

direitos das reclamantes, por afastá-Ia da produção do ordenamento jurídico

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trabalhista. Reconhecimento de vínculo empregatício entre cooperativas e

tomadora dos serviços. (TRT, 4° Região, RO 7.789/83, ReI. Juiz Petrônio Rocha

Violino).

Pelo exposto na presente pesquisa, podemos concluir que procuramos trazer

à baila os aspectos relacionados à intermediação de mão-de-obra nas cooperativas

de trabalho, e os efeitos decorrentes dessa prática, via de regra a fraude.

Discute-se muito sobre a busca de meios de combate às cooperativas

fraudulentas, bem como nos empenhamos arduamente no incentivo às associações

legítimas, no caso as cooperativas de trabalho.

As cooperativas de trabalho sérias, preocupadas com a ordem econômica e

social de um País, em desenvolvimento, criadas e mantidas para prestar serviços e

melhorar as condições de vida dos seus associados, são de suma importância sob o

aspecto social e jurídico, melhorando o cenário nacional e internacional. Sendo certo

também, que a mentalidade da massa trabalhadora está, a cada dia melhorando, a

partir das dificuldades encontradas e que esse fato fará, com certeza, de cada

trabalhador, um parceiro na fiscalização das associações cooperativas inidôneas

que ainda estão sendo criadas, para lesar os trabalhadores, ainda tão desprotegidos

e fragilizados, com as dificuldades encontradas pelos empresários, nessa balbúrdia

econômica e política, principalmente no Brasil. É notadamente necessária a

modernização e a reforma das relações de trabalho, principalmente quanto às

cooperativas de trabalho, como um meio de adequar o direito laboral às novas

formas de trabalho, além das mudanças nos processos produtivos e novas

tecnologias. Mas tais mudanças não podem representar maior sacrifício dos valores

sociais do trabalho, como o pleno emprego, a dignidade da pessoa humana e o

respeito ao meio ambiente de trabalho, valores estes que não devem sucumbir ante

as vantagens de natureza econômica.

As cooperativas de trabalho, vistas como saída para o desemprego, tem sido

em alguns casos “morada” para fraudar a aplicação do Direito do Trabalho, com

conseqüências prejudiciais não só para o trabalhador, mas para toda a sociedade, já

que estas associações gozam de benefícios tributários.

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Quanto às genuínas, ou seja, àquelas nas quais estão presentes os

requisitos previstos na Lei, que têm o objetivo de melhorar as condições econômicas

e profissionais de seus associados, estas sim representam um avanço nas relações

de trabalho. Quanto às cooperativas fraudulentas, cabe aos órgãos públicos atuarem

de forma firme na proteção das garantias laborais, a fim de que estas não sejam

sobrepujadas por falsos avanços que verdadeiramente representam a burla de

garantias fincadas na Constituição Federal.

A Justiça do Trabalho, com fundamentadas razões, tem visto com

preocupação o extraordinário crescimento do número de cooperativas de trabalho,

pois reconhece, na maioria delas, um artifício de fuga da relação de emprego.

Assim, as restrições da Justiça do Trabalho devem estar sempre voltadas contra

estas entidades que simulam ser cooperativas, mas, verdadeiramente não o são.

Ante a esta situação, as cooperativas de trabalho legítimas acabam por sofrer

restrições. Prova disto é o Enunciado 331 do TST, que abrange também as

cooperativas. As cooperativas de trabalho genuínas precisam ser melhor protegidas,

a fim de que não incorram no descrédito e possam lograr êxito no que se propõe.

Assim, o combate a essas falsas cooperativas deverá ser intensificado,

através de fiscalização com o intuito de coibí-Ias, seja através de autuações, na

forma legal, seja através de encaminhamento ao Ministério Público, para as devidas

providências de caráter civil e penal.

Na prática, devemos fazer as seguintes observações sobre a Lei nº 8.994/94,

que introduziu o discutido parágrafo único no art. 442 da CLT. Esta dispõe que não

existe vínculo empregatício entre a cooperativa e seus associados, nem entre estes

e os tomadores de serviços daquela. Desta forma, deve ser interpretada

sistematicamente com o ordenamento jurídico vigente, assim como com os

princípios do direito do trabalho, dando enfoque ao da primazia da realidade.

No Enunciado 331 do TST, que é perfeitamente aplicável às cooperativas de

trabalho, não há impedimento legal para a terceirização de serviços através da

contratação de sociedades cooperativas, desde que a terceirização se restrinja

(condição sine qua non) às hipóteses previstas nos incisos.

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Sobre uma possível revogação do parágrafo único do art. 442 da CLT

desestimularia as iniciativas que o têm como fonte de inspiração. Esse dispositivo

teve, como propósito, dotar em nosso ordenamento jurídico instrumentos que

fossem capazes de promover o desenvolvimento econômico no meio rural, com a

adoção de métodos que foram eficazes em outros países. O cooperativismo

promove o desenvolvimento econômico sem violentar a legislação trabalhista,

fundamentado na idéia da cooperação e da eliminação do intermediário entre o

produtor e o consumidor.

Um empresário consciente garante o direito do trabalhador, desmotivando a

prática de condutas fraudulentas.

Uma solução seria a elaboração de uma lei especial sobre cooperativas de

trabalho, atenta aos problemas que surgiram. Apontaria regras para a proteção do

trabalhador, rompendo com os esquemas tradicionais para descrever em que casos

a cooperativa de trabalho está se desvirtuando da aplicação da lei trabalhista, e

preservando as cooperativas de trabalho que tem prestado um serviço eficiente na

sociedade. Deverão ser aparadas por lei, com ou sem a revogação do parágrafo

único do art. 442 da CLT.

Apesar de haver discussões sobre a inconstitucionalidade do parágrafo único

do art. 442 da CLT, não entendemos cabível tal argumento, pois está amparado

pelos arts. 174, § 2° da CF/88 e no próprio art. 90 da Lei n° 5.764/71.

Em conclusão ao presente trabalho monográfico, constata-se:

1. a importância das cooperativas de trabalho ante aos elementos negativos

da globalização, tais como a robotização e automatização dos processos produtivos.

2. que por ser uma forma de flexibilização do direito do trabalho, permitindo a

inclusão no mercado de trabalho, dos inúmeros desempregados, também gozam da

não intervenção estatal e de benefícios tributários

3. tendo em vista exatamente a redução de custos, e a facilidade de

negociação, já que não é necessária a negociação coletiva através de sindicato,

algumas cooperativas de trabalho têm sido desvirtuadas. Este desvirtuamento que

gera as cooperativas fraudulentas, tem conseqüências na esfera trabalhista.

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4. as cooperativas de trabalho que servem de anteparo para uma verdadeira

relação de emprego, ataca frontalmente o princípio de valorização do trabalho

humano previsto na Constituição Federal.

5. que as cooperativas fraudulentas se revestem de descrédito, além de

prejudicarem os obreiros e a sociedade.

6. existe a necessidade de intensa fiscalização das cooperativas de trabalho,

a fim de que, as genuínas logrem êxito e transmitam a segurança jurídica aos

tomadores de serviços que as contratam, e que, as fraudulentas sejam “varridas” do

cenário laboral, já que em nada beneficiam aos trabalhadores, ao contrário, lesam os

seus direitos garantidos na Carta Magna.

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