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COORDENAÇÃO - gapgenetica.com.br · Assim tem sido a história da GAP Genética, que começa há exatos cem anos, quando o médico João Vieira de Macedo ... personalidade expansiva

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COORDENAÇÃO:Heloisa Linhares

João Paulo S. da Silva

EDITOR:Romualdo Venâncio

PROJETO GRÁFICO:Cumulus Comunicação

FOTOS:Angela e Ricardo LinharesJosé Guilherme Martini

Milrela WeckModesto WielevickiAntônio Pacheco

IMPRESSÃO:Comunicação Impressa

REALIZAÇÃO:GAP Genética

(55) 3412 36 88 e (51) 3224 [email protected] e [email protected]

www.gapgenetica.com.br

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EEntre as mais valiosas recompensas de minhaprofissão está o prazer de fazer da escrita meu portalde integração com o mundo. Tão grande quantoesta satisfação é a responsabilidade sobre cada fraseque escrevo. Essa combinação traduz, exatamente,minha sensação ao assumir o desafio de resumir, empoucas páginas, uma história de cem anos. Durante

Prazerosaresponsabilidade

o trabalho de pesquisas, entre leituras e entrevistas,descobri um detalhe ainda mais desafiador: essa nãoé uma história comum, mas sim uma saga que vem setransformando a cada dia.Já faz sete anos desde o meu primeiro contatodireto com a família da GAP Genética. Compa-rado aos cem anos dessa história, esse período pode

poder transmitir a emoção e o espírito inovador quetêm acompanhado esse grupo desde os primórdios.Eu disse ‘esperamos’ porque trata-se de uma obracoletiva. Após lerem a história, verão que nãopoderia ser de outra maneira.

Romualdo Venâncio - Editor

parecer minúsculo, mas foi essencial para compre-ender os outros 93. As características que hojedefinem a empresa nada mais são do que aaprimoração daquelas que já marcavam o primeirodestes cem anos. É isso o que tentei passar nostextos que vão ler a partir de agora.Com esse conjunto de imagens e palavras, esperamos

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AA contagem do tempo é exatamente igual paratodos. Mas a maneira como cada um se posicionadiante desse tempo pode ser bem diferente.Algumas pessoas chegam a se colocar à frente dele.E o segredo para tal façanha está na capacidade deenxergar além do que os olhos podem ver. Se essacaracterística, pura e simples, já é extremamentepositiva, o que dizer da possibilidade de transmiti-la a cada nova geração? Assim tem sido a históriada GAP Genética, que começa há exatos cemanos, quando o médico João Vieira de Macedo

Um séculode renovação

deu início à formação da Cabanha Azul, um dosnomes mais importantes da agropecuária gaúcha.A administração do grupo sempre foi calcada nabusca incansável pela novidade, pela diferenciaçãoqualitativa, por realizações que permitissem chegarprimeiro. E isso tudo de maneira muito espontânea,conseqüência de uma postura visionária que não sepermitia dar passos atrás e nem abrir mão do bemestar da família. O amor à terra e a responsabilidadeao lidar com a natureza, cultivados desde o princípiodessa história, têm garantido seguidas safras de

Eduardo Macedo Linhares

ótimos frutos. Antes ‘Azul’, hoje ‘GAP’, asrealizações deste grupo vão servindo de exemploa tantas outras empresas agropecuárias, assim comoseus produtos vão iniciando ou fortalecendo acomposição de vários e importantes plantéis.O sucesso dessa jornada resulta de um conjuntode fatores. Vale, aí, uma ressalva: os fatores são tãoimportantes quanto o conjunto, e vice-versa.Esclarecendo um pouco melhor essa matemática, oconhecimento técnico e o severo controle dequalidade sobre cada produto ou serviço sãoindispensáveis, mas o grande diferencial do grupoestá na coletividade. Não há quem conquiste algosozinho nesta empresa. Todas as realizações sãobaseadas na união da família e na compreensão doespírito de trabalho por seus companheiros de lida.Essa integração é a fonte que gera energianecessária tanto para engrossar as palmas nascomemorações como para superar adversidades,sejam elas profissionais, pessoais ou de qualqueroutra ordem. É por isso tudo que o time está emfesta. Aceite o convite para participar da comemo-ração, acompanhe as próximas páginas e entrenestes cem anos de história, cem anos deconquistas, cem anos de valorização.

Sede Estância São Pedro

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AA história mostrada a partir de agora estácompletando cem anos. Isso, se considerarmosapenas a contagem cronológica, pois um séculoparece não ser tempo suficiente diante de tantos etão significativos acontecimentos. As realizações do‘elenco’ dessa narrativa fazem parte da evoluçãoagropecuária do Rio Grande do Sul e, porconseqüência, do Brasil. Prova disso é que, aindahoje, o ‘Doutor’ João Vieira de Macedo élembrado como um dos homens mais influentes doscampos gaúchos.A explicação para tão marcante presença pode atécomeçar pelo fator genético, pois João Vieira era

O princípio de tudo

neto de Francisco Pereira de Macedo, ou, como écitado nos registros históricos, ‘Visconde do SerroFormoso’, pecuarista que em 1879 já utilizavafundamentos de seleção no manejo do rebanho. Aempatia com o meio rural não foi a única caracterís-tica herdada do Visconde. O espírito desbravadorse pronunciou de forma intensa, assim como apersonalidade expansiva. A combinação dessesfatores assegurou a continuidade daquela maneiradiferente de lidar com a pecuária e, favorecida pornovas ferramentas, salientou o que havia de melhor.Formado em medicina, João Vieira passou dois anosde especialização em Paris. Retornou ao Rio Grande

“Quem alcança seu ideal vai além dele.”Friedrich Nietzsche

João Vieira de Macedo

do Sul, em 1906, e se instalou no município deQuaraí, onde exerceu sua profissão. A condutacorreta, a dedicação incomum e o atendimentosem qualquer distinção lhe valeram respeito ereconhecimento nas mais importantes cidades dafronteira do Estado com Uruguai e Argentina.Com um histórico familiar favorável e privilegiadopela visão avançada do agronegócio, o médicoe pecuarista começou a formação de um dosmais importantes empreendimentos rurais do RioGrande do Sul: a Cabanha Azul. Hectares erebanhos foram multiplicados seguindo a linha deequilíbrio entre quantidade e qualidade. Oinvestimento em bovinos de corte trouxe raçascomo Devon, Angus, Hereford e PooledShorthorn. Na produção de ovinos, entraram asraças Merino, Romney March e Corredale.O sucesso de João Vieira, tanto na medicinacomo na pecuária, deve-se, também, à seriedadecom a qual lidava com os negócios. Quem oconheceu faz questão de salientar o quanto eracompromissado com suas atividades. Maisimpressionante ainda é que tal dedicação jamaisinterferiu no convívio familiar. Para muitos, está aíseu maior legado: a visão ampla dos empre-endimentos; a maneira responsável de administrá-los; e a intensa relação com a família.

Peonada da Azul com Alceu Macedo Linhares e João Vieria de Macedo

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AA espera pelo resultado da safra é sempre umperíodo de muita expectativa para quem planta oucria. Em sua vida como produtor rural, João Vieirade Macedo semeou valores e conceitos, e tambémteve de aguardar para saber o que colheria. Para suasatisfação, conseguiu mais do que boas safras: viu afamília levar adiante o que plantou. Casado comPaulina Jacques Dornelles, João Vieira teve trêsfilhos: Lauro, Ilsa e Maria Lilá Dornelles de Macedo.Todos contribuíram para garantir a seqüência daprodução agropecuária sob os mesmos princípios.

Momento de transição

Lauro Dornelles de Macedo foi quem mais seenvolveu diretamente com o campo, com aprodução. Maria Lilá, ou ‘Vó Lazinha’, como échamada pelas novas gerações, lembra que logocedo o irmão se interessou pela atividade: “o Lauroera bastante dedicado à pecuária, gostava muito, edesde pequeno”. Tal apego era até bemcompreensível, pois além de ter sido criado noambiente da fazenda, trazia nas veias a paixão pelascoisas da terra. Porém, indícios precoces da apuradavisão sobre o gado mostraram algo mais.

“Não são os grandes planos que dão certo; mas os pequenos detalhes.”Stephen Kanitz

Lauro Dornelles de Macedo

Lauro Macedo enxergava o gado de forma distinta,era capaz de apontar atributos e problemas dosanimais com notável facilidade, fosse em lotes ouindividualmente. A habilidade na apartaçãoimpressionava, como recorda Carlos AlbertoVeríssimo da Fonseca, proprietário da Estância SantaCecília. “Pouco tempo após ter assumido aadministração da fazenda, estive na Cabanha Azulem busca de reprodutores. Fui atendido pelopróprio Lauro, que me apresentou um lote de 300touros e me deixou à vontade para escolher. Aindanão tinha experiência com a apartação, então ele

mesmo separou os animais. Olhando de fora pareciaser muito fácil. Os resultados me fizeram retornar.”Carlos Alberto Veríssimo é cliente da família até osdias atuais.Quem acompanhava o cotidiano da Cabanha Azulvia, com freqüência, Lauro Macedo em meio aogado com um lápis e uma caderneta nas mãos.Ainda distante da praticidade dos computadores,esse era o banco de dados do selecionador. “TioLauro registrava em suas cadernetas toda agenealogia dos animais e conhecia muito bem cadalinhagem”, relata Maria Helena de Macedo

Mascarenhas. Filha de Maria Lilá, é ela a sobrinhaque via Lauro Macedo selecionar os rebanhosmesmo distante das fazendas, pois acompanhava otio nas negociações internacionais. “Ele sempre viajavapara Europa e Estados Unidos à procura denovidades genéticas.”Pioneiro que era, Lauro Macedo pensava o criatóriode olho no final da cadeia produtiva. Privilegiavalinhagens que dessem bons novilhos, pois daí viria orendimento superior no abatedouro. Se, por umlado, a objetividade trazia a evolução dos plantéis,por outro, exigia cada vez mais organização. A

reação a esta demanda só fez crescer o prestígio daCabanha Azul, que passou a ser reconhecida comomodelo de empresa agropecuária. “A Azul era abase de testes para lançamentos de produtos daMerck. Quando recebíamos visitantes de fora, eralá que os levávamos primeiro, porque além de termuito o que mostrar, havia grande receptividade”,destaca o médico veterinário Glênio Prudente,representante do laboratório à época.

Gado Hereford com Cerro do Jarau ao fundo

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AA trajetória da Cabanha Azul sempre foi marcadapor ciclos, que naturalmente se completavam,fazendo de várias uma única história. Foi assimquando Lauro Macedo descobriu em três sobrinhosseus homens de confiança e, mais tarde, sucessores.José Azauri e Eduardo Macedo Linhares e JoãoVieira de Macedo Neto entraram na história daCabanha Azul com papéis específicos. José Azaurise envolveu com o comércio do gado de corte.Eduardo Linhares se tornou o braço forte na admi-nistração, enquanto João Vieira, o ‘Macedinho’,

A história recomeça

deu seqüência à seleção genética.Bem amparado, Lauro Macedo abriu espaço aoutras atividades. A produção de lã e a cultura doarroz surgiram com o intuito de aproveitar oportu-nidades de mercado e fortalecer a bovinocultura.Eduardo Linhares, que até então não era responsáveldireto por nenhuma criação ou cultura, assumiu ocontrole de ambas. Os ovinos se tornaram umexcelente negócio, e o rebanho da Azul passou de120 mil animais. O entusiasmo só foi reduzidoquando veio a concorrência da lã sintética.

“A mudança é a lei da vida. Aqueles que olham apenas para o passado ou para o presente serão esquecidos no futuro.”John F. Kennedy

Prêmios Cabanha do Ano Bovinos de corte e Ovinos 1970J.Azhaury M. Linhares, J.V.Macedo Neto, Hiltom Jaques, Lauro Dornelles de Macedo,Vidal Faria Ferreira,Eduardo Macedo Linhares

Para o médico veterinário Vidal Faria Ferreira, quepor múltiplos anos gerenciou a ovinocultura naAzul, a persistência pela qualidade era o grandediferencial. Inusitado exemplo dessa persistência,e outra prova de pioneirismo, vem de 1972,quando Eduardo Linhares importou da Austrália12 reprodutores Merino. A compra destes animaisfoi um marco para a ovinocultura nacional, pois,até então, nenhum produtor brasileiro tinhaexemplares daquela raça, vindos direto da origem.Tendo a exclusividade naquela genética, os

australianos raramente abriam seu mercado.Satisfeito com a aquisição dos carneiros, EduardoLinhares foi surpreendido na porta de saída.Conseqüência de questões políticas da Austrália,surgiu um embargo à exportação dos ovinos, e osanimais já prontos para vir ao Brasil ficaram retidos.A situação exigiu muita ‘diplomacia’, maisinvestimentos e certa dose de aventura. Para se teridéia das manobras, os animais foram tirados daAustrália aos poucos, transportados por aviãoparticular até a Ilha de Fiji, para depois virem ao

Equipe Azul comprando carneiros na Austrália

reunião para dar as diretrizes. Foi categórico.Queria uma lavoura auto-suficiente e quebeneficiasse a pecuária”, conta Raul Englert,responsável pela implantação e pelo desenvol-vimento da rizicultura naquela propriedade. “Elesnão conheciam arroz a não ser no prato, mas empouco tempo já eram exemplo”, acrescenta. Oque seria uma alternativa, ganhou espaço nasdemais fazendas do grupo e uma outra importân-cia. “Até hoje, o arroz é o carro-chefe da econo-mia da empresa”, admite Eduardo Linhares.

continente americano. Cerca de um ano se passouaté que todos os carneiros chegassem ao RioGrande do Sul. Já em terras brasileiras, a descidatambém não foi fácil. “O ministro da Agricultura,Luiz Fernando Cirne Lima, foi quem acabouliberando o desembarque dos carneiros emUruguaiana”, lembra Vidal Faria.O arroz veio com a aquisição de uma novafazenda, a ‘Santana Velha’, também em 1972. Alinha de ação era a mesma: produtividade. “Antesde iniciarmos o processo, Lauro convocou uma

Campeões da Expointer

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AA coragem de inovar e desafiar tradições tempromovido importantes mudanças na pecuáriabrasileira. Essas alterações exigem dedicação epersistência, pois não são gratuitas e nem oferecemgarantia de retorno imediato. É preciso pensar alongo prazo. João Vieira de Macedo tinha essamotivação, e apostou - agregou valor genético aocriatório e viu os resultados se confirmarem. A mesmaatenção teve Lauro Macedo, criterioso selecionador,sustentando e expandindo o reconhecimento daCabanha Azul quanto à qualidade de seu plantel.

O diferencial da genética

"Sob o ponto de vista genético, o trabalhorealizado pelo 'Doutor' João Vieira de Macedo epor seu filho Lauro levou os rebanhos ao mais altonível zootécnico, com a importação de reprodutores,diretamente da Inglaterra, Argentina, Uruguai,Estados Unidos e outros países", afirma LuizFernando Cirne Lima, ex-ministro da Agricultura eimportante executivo da indústria petrolífera.A filosofia seguiu adiante e as novas perspectivasextrapolaram as divisas do Rio Grande do Sul. Paralevar os planos à prática, era necessário ter produtos

“As pessoas raramente se tornam famosas pelo que dizem, antes de se tornarem famosas pelo que fizeram.”Cullen Hightower

construiria um valioso banco de dados, referência deseleção para inúmeros pecuaristas. Assim aconteceu.A realização do projeto criou oportunidades paranovos profissionais, como é o caso do zootecnistaLuiz Alberto Fries e do médico veterinário LuísAlberto Müller. Fries foi contratado para elaborar ametodologia de avaliação genética, enquanto Müllerteve a missão de difundi-la Brasil adentro. A divulga-ção do Natura pelo País marcou o início da expan-são do Brangus além da região Sul.Entre os mais importantes programas de avaliaçãogenética, o Natura foi o primeiro a ser credenciado

adequados às regiões que se pretendia alcançar, emespecial, o Brasil Central. A fórmula mais provávelera aproveitar o singular plantel de Angus da empre-sa e a extensa base zebuina do País, ou seja, investirno Brangus. Desde que houvesse respaldo técnico,porque a difusão dos sistemas de cruzamento e dasraças sintéticas ainda era restrita. A parceria com ogrupo argentino Comega trouxe a solução: a criaçãodo Programa Natura.Ao disponibilizar um sistema de avaliação genéticabaseado em desempenho produtivo e reunir o maiornúmero possível de rebanhos, a Cabanha Azul

Equipe da Natura no Mato Grosso

Cruzamento industrial

pelo Ministério da Agricultura, Pecuária eAbastecimento para emitir o Certificado Especialde Identificação e Produção (CEIP). O aval doentão ministro Antônio Cabrera coroou opioneirismo da Azul, que teve continuidade notrabalho da Gap Genética. À medida que essetrabalho se desenvolvia, crescia o entusiasmo deÂngela Linhares com o processo de melhoramentogenético. A veterinária da família abraçou a causae passou a conduzir a seleção dos rebanhos daempresa, sob a premissa de que é preciso pensare fazer diferente quando se quer avançar nocampo da genética, pois, do contrário, a tendênciaé ficar para trás.O Programa Natura beneficiou toda a cadeiaprodutiva, desde as fazendas até o varejo.Cabanha Azul se tornou, também, marca de carnebovina, e chegou a 13 pontos de venda em PortoAlegre, entre supermercados, franquias e lojaspróprias. Diante de um público já acostumado aconsumir carne bovina, era preciso mais do quequalificação do produto. Frente a mais um desafio,a empresa lançou a carne embalada a vácuo nacapital gaúcha e, novamente, se diferenciou.

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OOs protagonistas de cada geração desta centenáriahistória têm muito em comum, e uma das característicasmais interessantes que compartilham é conseguirmanter os pés no chãos permitindo que os olhosalcancem o futuro. Esse equilíbrio entre passadasseguras, sólidas, e a perspectiva do que podeacontecer sustentou a continuidade e o progresso dogrupo, da mesma maneira que foi essencial para quesuportassem e superassem tempos menos favoráveis.Uma história de cem anos não seria fiel à realidade secontada apenas com dias de ‘farta colheita’. O

Visão de futuro,desde sempre

momento contrário à trajetória da Cabanha Azul foia separação do grupo. Era hora de administrar asperdas e se adaptar à nova realidade. Se as pessoase os princípios eram os mesmos, não poderia ser tãocomplicado, ainda que trabalhoso. De um lado, veioa investida em uma nova identidade empresarial.Estava nascendo a marca GAP Genética.A renovação aproximou ainda mais a família, jábastante unida. O engajamento de todos foi essencialpara mostrar ao mercado quem era GAP Genética,especialmente, porque as atividades da empresa

“O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.”Albert Einstein

ganharam novas dimensões. Eduardo Linhares sabiaque o avanço da pecuária de corte apontava paraoutros Estados e, se quisesse acompanhá-lo, teria deseguir o mesmo rumo. Além das propriedades no RioGrande do Sul, foram incorporadas outras fazendas,em localizações estratégicas: Rancharia (SP), Ponta Porã(MS) e Jaciara (MT). A expansão territorial multipli-cou as possibilidades de projeção no cenário nacional.Estar em vários lugares não bastava para garantir aconquista de mercado. O reconhecimento e o res-peito de clientes, parceiros, colaboradores e fornece-dores vieram mesmo pelo desempenho dos animais epela maneira diferente de atender, de se comunicar,de comercializar. Avessa ao conformismo e atenta àsoportunidades, a família GAP sempre buscou ainovação. E não poderia ser de outra forma, pois eranecessário conhecer e se adequar às características daspraças pretendidas.A caracterização regional logo foi substituída pela ima-gem de um grupo nacional. A exploração de novasfronteiras agropecuárias interferiu na produção,instigando muitos dos pecuaristas locais a questionarema performance de seus rebanhos e acreditarem namaximização dos resultados. A partir daí, a GAPpassou a fornecer genética para melhorar e a formarvários outros criatórios. A influência sobre a multipli-cação do Brangus no Brasil Central é um exemploefetivo dessa importância.

Touros Brangus, fazenda Santa Luzia

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D“Desenvolver e comercializar produtos agropecuárioscom diferencial em tecnologia e qualidade visando,além da satisfação do cliente, o incremento daprodutividade do nosso setor, respeitando sempreo meio ambiente.” Esta é a missão da GAPGenética, o que explica muitas de suas caracterís-ticas. Entre elas, a dedicação e o amor desta ‘família’pela terra e por tudo que dela provém. É compro-misso devolver à natureza os benefícios por elafornecidos. A atitude se estende ao convívio social.Seja nas relações comerciais, pessoais, culturais ou em

Multiplicartambém é dividir

qualquer outro contexto, é fundamental dividir oque se multiplica.A confiança no próprio potencial facil ita acompreensão da pecuária de forma abrangente.Não fosse dessa forma, o que justificaria a GAPdisponibilizar o melhor de seu banco genético aomercado? É preciso acreditar que as próximasgerações trarão exemplares ainda melhores e enxergarna evolução dos demais criatórios o desenvolvimentodo setor como um todo, com a certeza de umapositiva reação em cadeia. Adepto das conquistas

“Os pequenos atos que se executam são melhores que todos aqueles grandes que apenas se planejam.”George C. Marshal

exemplo da parceria firmada com a Faculdade deZootecnia, Veterinária e Agronomia da PontifíciaUniversidade Católica do Rio Grande do Sul(FZVA-PUCRS). Baseada no desenvolvimentogenético de animais da raça Angus, essa relação temproporcionado aos alunos um convívio mais intensocom o meio rural, experiência preciosa para o ingres-

coletivas, não apenas ‘dentro de casa’, mas tambémacessíveis aos que estão ao redor, o grupo assumiuuma postura participativa, envolvendo-se em váriasações conjuntas, favoráveis ao segmento.Convênios com centros de pesquisa e instituiçõesde ensino têm gerado resultados interessantes, comoas oportunidades de estágio a muitos estudantes. A

Rodrigo, Kaju, Ricardo, Heloisa, Eduardo, Márcia e Maria Helena.

so no mercado de trabalho. Em contrapartida, aGAP tem à sua disposição novos dados,resultantes de pesquisas concretas, que dão aindamais consistência à seleção dos rebanhos.O zelo pela qualidade e a preocupação cons-tante em agregar valor a cada produto e serviçofomentou as relações comerciais. Indústrias deinsumos, como os laboratórios, vêem as fazendasda GAP como campos de teste, um aval paraseus lançamentos. Com o frigorífico, a segurançaem relação à planilha de abate e à padronizaçãodos animais garante boas negociações. Toda novaintegração, neste sentido, revigora a sinergia poruma pecuár ia sól ida e mais competit iva.O grupo GAP terá sempre um posicionamentoparticipativo, seguindo os passos de seu mentor,Eduardo Linhares, que procura aliar representaçãopolítica e força produtiva. O criador é um dosprincipais defensores de um eficiente sistema detipificação de carcaças, visando a união dospecuaristas que trabalham com um padrãodiferenciado de animais. Seja com a ‘gravata dodirigente’ ou sob o ‘chapéu do produtor’, o em-penho pelo justo reconhecimento da pecuária eo espírito conciliador refletem a mesma pessoa.

Carregamento de bois para o Frigorífico Mercosul

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AA história da comercialização de bovinos e ovinosno Rio Grande do Sul tem um capítulo especial: osremates da Cabanha Azul. A numerosa e quali-ficada oferta de animais, dividida em dois dias, atraíacompradores de diversos Estados. Realizados naprópria fazenda, esses leilões entraram para a listados mais concorridos eventos da agropecuáriagaúcha, recebendo centenas de pessoas, entre asquais estavam grandes personalidades deste ede outros importantes setores. O casal Lauro eMaria combinava, de maneira singular, o critério na

Bons negócios

seleção das ofertas com o capricho da organização.Quem presenciou estes acontecimentos recorda comprazeroso saudosismo. “Era algo surpreendente”,lembra Carlos Alberto Veríssimo da Fonseca, queacompanhava as vendas de gado e de carneiros. “Ogrupo influenciou o mercado, pois sempre teve omaior volume de ofertas, produtos muito bempreparados e sem exageros. Além de indiscutívelqualidade, os animais eram rústicos e ainda sedesenvolviam ‘em casa’.” Para o pecuarista, quecontinua a usufruir dessa fonte de genética, a

“No mundo dos negócios todos são pagos em duas moedas: dinheiro e experiência.Agarre a experiência primeiro, o dinheiro virá depois.”

Harold Geneen

a genética de seus rebanhos por todo o País, erafundamental apresentar informações técnicas sobreo desempenho dos animais. A dedicação pós-venda reforçou a certeza dos clientes sobre ointeresse em atender – e até superar – suasexpectativas. Conseqüência da satisfação, cresceua fidelidade.Com o intuito de retribuir a confiança e privilegiaresse público, a empresa criou novos mecanismos,facilitando a escolha e as negociações, como oGAP Card, o catálogo inteligente, o julgamento

saudade ficou apenas para o ambiente festivo. “Apreparação dos lotes ainda se mantém em nívelelevado, com a vantagem de virem acompanhadosde índices produtivos.”Sem perder o perfil receptivo, a GAP profis-sionalizou a comercialização, seguindo tendênciasmercadológicas e favorecendo os clientes. A vendade animais baseada em índices de produtividade,como as DEP’s (Diferença Esperada da Progênie),foi uma das mudanças mais significativas. Para umaempresa que buscava novas praças e visava espalhar

Leilão Gap Top, Rancharia/SP

objetivo e a loja de animais com preço fixo. AGAP também foi a primeira empresa a realizarum leilão de bovinos, no interior, com transmissãodo Canal Rural, visando a repercussão nacionalde suas ofertas. A disposição estratégica dasunidades favoreceu a expansão das vendas.Essa postura tem garantido uma relação comercialfranca e duradoura, o que mantém as ‘porteiras’sempre abertas, de lado a lado, multiplicandonegócios e gerando amizades. Pecuária é umaatividade de longo prazo, não se entra e sai atodo momento, daí a importância de se transmitirsegurança em tudo o que se faz. Afinal, cemanos não são cem dias. É por isso que os leilõesda GAP não se resumem a um pregão, sãopontos de encontros para troca de idéias eexperiências, além de uma boa oportunidadepara rever amigos e parceiros.

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UUm empregado se emocionar ao falar de seupatrão é algo excepcional. É preciso ver para crer(e eu vi!). Ainda que em uma ocasião muitoespecial, tal situação só é possível quando sobrarespeito, confiança, admiração e muita história paracontar. Pois é esse o ‘tempero’ do relacionamentoentre o comando da GAP Genética e seus

Segurança que vemda equipe

companheiros de lida. A recíproca valorização vaimultiplicando as décadas dessa relação e abrindoespaço para a origem de novas equipes. Os filhosdos funcionários nascem e crescem nas fazendas,tomam gosto pela vida no campo e, logo que aidade lhes permite, querem conquistar seu lugarneste cenário.

“O futuro das organizações – e nações – dependerá cada vez mais desua capacidade de aprender coletivamente.”

Peter Senge

qualificada, que tenha condições de trabalho e adevida orientação dificilmente falha. Adicione-sea esses fatores a experiência do comando, cujasensibilidade é imprescindível para coordenar ogrupo e aproveitar o máximo de cada um naquiloque melhor pode render.No final das contas, compreendida essa sinergia,

A beleza dessa convivência depende dasegurança que cada um passa à empresa e a seuscompanheiros. Um time só consegue ser fortequando há comunicação entre os integrantes etodos conseguem cumprir suas funções comeficiência. É dessa coletividade que vêm asrecompensas. Uma equipe motivada, bem

Contando o rebanho

todos se sentem um pouco donos da GAP. E, decerta forma, não deixam de ser. Sempre haveráalguma fração da empresa sob responsabilidade decada um dos funcionários, estejam eles nas fazendas,

nos escritórios, nos leilões, nas exposições, nasestradas ou em qualquer outro lugar. De tão próxima,a relação do grupo com os empregados torna-se atépessoal, criando-se laços de amizade e ampliando a

convivência, tanto nos bons como nos mausmomentos. Um passa a fazer parte da vida do outro.A equipe da GAP também está do lado de forada porteira. São vários profissionais, empresas e

parceiros, técnicos e comerciais, que reforçam o timee ampliam as possibilidades de expansão. Não rarasas vezes, essa ligação chega a ser tão intensa quantoa que se vê internamente.

Equipe GAP, remate 5 Estrelas

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AA melhor resposta da GAP Genética às exigênciasdo agronegócio por eficiência e competitividade éo investimento em uma pecuária mais precisa, baseadaem metas e prazos bem definidos. Tudo é medidoe controlado às minúcias, eliminando o espaço parao 'talvez' e garantindo a oferta de animais padro-nizados. A chave para atingir os objetivos é ganharforça na produção dos bovinos com o amparo daagricultura. Ou seja, elevar o nível nutricional paraaproveitar melhor o potencial genético, obter maisprecocidade, tanto no ganho de peso como na vida

Pecuária intensiva

reprodutiva. Criar esse novo ambiente exige inves-timentos, especialização, qualificação técnica eestruturação.O grande impulso para essa transformação vem dadécada de 70, com a formação dos campos dearroz. Já naquela época, havia a preocupação como benefício mútuo entre as atividades. Ao se expan-dir, a rizicultura proporcionou uma série de melhoriasnas fazendas, como construção e reforma de estradase ampliação da distribuição de água e luz. O avançodas lavouras de arroz foi fundamental para revelar

“Inveja-se a riqueza, mas não o trabalho com que ela se granjeia.”Marquês de Maricá

Lavoura de arroz

Colheita da semente de braquiária, Fazenda Sereno/MT

quão exigente é a agricultura em termos detecnificação.O conhecimento adquirido naquela épocamostrou ser preciso uma equipe maior e melhorqualificada para fazer das terras agricultáveis fontesfartas e seguras de alimento para os animais. Acomposição desse grupo foi além, garantiu a auto-suficiência da GAP na produção de forragens,grãos, sementes e feno. Hoje, a empresa produzsua própria semente de azevém para a formaçãodo pastos de primavera. O plantio do sorgoforrageiro garante alimentação no período críticoda seca, suportando cargas mais intensas de animaiscom alto valor agregado, enquanto o sorgogranífero fornece matéria-prima para compor aração oferecida ao gado suplementado. A reservade comida fica por conta do feno preparado coma palhada do arroz. No Mato Grosso, a empresainvestiu, também, no cultivo de soja.Medidas como essas permitem que a GAPacompanhe de perto a evolução da pecuária,conquistando resultados cada vez mais significativose dependendo cada vez menos de terceiros. Talavanço só é possível pela disposição de umaequipe numerosa e dedicada. Esse ambiente criaum ciclo permanente de oportunidades, tanto paraa empresa, em relação ao mercado, como para osprofissionais da família, dentro do próprio grupo.

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HHomens e cavalos. Quando se conhecem e serespeitam, os personagens desta secular relação jánão são mais protagonistas ou coadjuvantes. Formamuma equipe, um conjunto. Conquistadores que são,os cavalos têm esse poder: eles agregam. No RioGrande do Sul, os cavalos Crioulos são o melhorexemplo dessa integração. Há anos, os gaúchos têmnestes animais uma fiel companhia, seja nas inúmerasatividades da fazenda, na prática esportiva ou embons momentos de lazer entre familiares e amigos.

Paixão e respeito:o Cavalo Crioulo

Resistentes e bons de trabalho, os cavalos Crioulostornaram-se um ícone da pecuária dos pampas.Eduardo Linhares também se rendeu às qualidadesdestes eqüinos. Os primeiros exemplares foramadquiridos no início da década de 70, ainda nostempos de Cabanha Azul, para melhorar as tropasde serviço. Atingir esse objetivo tinha importânciadobrada, pois Lauro de Macedo, no comandodo grupo, franzia a testa para a idéia. Os resul-tados agradaram e garantiram a permanência do

Manada Napoleão

Eduardo Linhares arrematou CPO Ângela, filha doraçador Petiriby Cardal. As recompensas pelaaquisição, como o garanhão Jango de São Pedro,motivaram novos investimentos no cavalo Crioulo.Outros importantes animais, inclusive de estânciasestrangeiras, foram incorporados ao criatório. Juntocom o melhor desempenho na rotina de trabalho dafazenda, também vieram participações maisexpressivas no Freio de Ouro, a competição maissignif icativa para os entusiastas desta raça.

Crioulo na Estância São Pedro, fazenda onde essahistória começou.Se a seleção genética funcionava – e bem – com osbovinos, por que não aplicá-la aos cavalos? Oplantel passou a evoluir, em volume e padrão dequalidade, a partir da chegada de ventres ereprodutores escolhidos a dedo. Grande salto veiocom a compra de um destaque entre as éguasproduzidas no Estado. Em 1983, durante a liquida-ção do premiado criatório da estância Pedro Osório,

Márcia com éguas de cria

Boas surpresas não pararam de surgir. Uma delastransformou a trajetória da Gap São Pedro nacriação de cavalos Crioulos: o interesse de Márcia,a filha caçula de Eduardo Linhares. Habilidosaamazona, começou a participar da administração dosplantéis e, logo, passou a treinar os ginetes paraprovas funcionais. O conhecimento e a dedicaçãoque lhe garantiram o respeito entre criadores ecompetidores ajudaram a levar a Gap São Pedro auma posição privilegiada entre os criatórios.

Prova do reconhecimento por este trabalho e pelacontribuição da família Gap à evolução genéticado cavalo Crioulo, Eduardo Linhares chegou àpresidência da entidade nacional da raça, aAssociação Brasileira dos Criadores de CavalosCrioulos, entre os anos de 1993 e 1995. Peloapoio recebido durante essa gestão e por todo otempo de convivência neste ‘universo’, o criadornão tem dúvidas do quanto estes cavalos podemaproximar as pessoas.

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“O futuro pertence àqueles que acreditam na beleza de seus sonhos.”

AA experiência adquirida durante este século dehistória é um patrimônio eterno, e saber tirar proveitodisso é a melhor maneira de preservá-lo. Não hácertezas sobre o amanhã, mas quem tem informaçõespode se preparar melhor, seja para o esperado oupara o imprevisto. Partindo deste ponto de vista, aGAP Genética é uma empresa privilegiada, pois temhistória, informações, estrutura, equipe e, o grandediferencial, a administração calcada pela harmonia epelo empenho de uma grande e unida família. Ogrupo não espera o futuro chegar, vai a seu encontro.

O que vem pela frente

Somando o que traziam de suas origens e sua própriavivência, Eduardo Linhares e Maria Helenatransmitiram a seus filhos valores para toda a vida. Aunião é um dos mais explícitos. O poder que vemdesta integração é alinhavado pelo respeito, algo quetodos aprenderam muito cedo. E não apenas emrelação às pessoas, mas também à natureza. As liçõesensinadas durante a criação na fazenda, PauloEduardo, Ângela, Heloísa, Marta e Márcia jamaisesquecerão. Nem as que vieram depois, como saberque liberdade de escolha também significa ser

Elleanor Roosevelt

responsável pelas conseqüências do que se escolhe.Compreender essa realidade os levou a manter ospés no chão e buscar sempre mais de si mesmos.Quando os filhos começaram a formar suas própriasfamílias, Eduardo e Maria Helena ganharam novarecompensa por tudo o que semearam. Quemestava chegando compartilhou desse prazer deestar junto e reforçou a equipe. É nesse ambienteque os netos vão crescendo, e descobrindo seuespaço. Paulo Eduardo diz que tudo isso se parececom um grande casamento: é preciso falar semprea mesma língua, viver cada emoção, chorar e vibrarjuntos, abrir mão de certas coisas e estar de bemcom todos para seguir em frente.Visto com certa naturalidade pelos que fazemparte dessa história, o intenso envolvimento é algoraro para muitos que olham de fora. Tamanha uniãorevela valores não traduzidos em números, mas tãosignificativos que transmitem segurança e seriedade,salientando outros fatores, como dedicação, criativi-dade e a capacidade de se antecipar aos fatos.O futuro, ninguém conhece ao certo. Mas, ahistória apresentada nestas páginas, ainda queresumidamente, não deixa dúvidas de que virãomuitos outros motivos para festejar. Quem sabeesta não é apenas a primeira de uma série depublicações comemorativas da família GAP?

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