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Coordenação e subordinação O artigo analisado de Débora Marques aborda as perspectivas tradicional e funcionalista de coordenação e subordinação, analisa e apresenta os conceitos trazidos pela gramática tradicional e como podemos lidar com as diferenças entre o que é tradicional e o que realmente acontece no uso da Língua Portuguesa. Analisar de forma funcionalista os conceitos de subordinação e coordenação não apenas são possíveis, como interessantes. O que a gramática tradicional apresenta são conceitos a partir de exemplos tradicionais de obras literárias, onde acontece uma combinação sintática entre as orações, que podem ser, principal, subordinada ou coordenada em um período composto. Cada oração possui uma função pré- estabelecida segundo a gramática tradicional. Segundo Cunha a oração principal é independente de outras orações de um período, ou seja, não exerce função sintática sobre outra oração do período. A oração subordinada desempenha sempre uma função sintática sobre outra oração, dado que é um termo ou parte de um termo relacionado à oração principal. Da mesma forma que a oração principal. Já as orações coordenadas, mesmo ligadas às principais, continuam íntegras, sem exercer função sintática sobre as outras orações. E o que determina a relação sintática ou semântica dessas orações é a ideia de dependência ou independência e a presença ou não de conectores. As orações apresentadas para exemplificação pela gramática tradicionalista são de ordem complexa e de difícil identificação no universo da Língua Portuguesa. Por isso classificar de forma funcional é revisar os conceitos levando em consideração que as orações não existem de forma isolada, mas sempre num determinado contexto, por tanto, sempre existirá uma relação entre as orações. A gramática funcionalista aborda um meio termo de classificação, ou

Coordenação e subordinação-trabalho

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Coordenao e subordinao

O artigo analisado de Dbora Marques aborda as perspectivas tradicional e funcionalista de coordenao e subordinao, analisa e apresenta os conceitos trazidos pela gramtica tradicional e como podemos lidar com as diferenas entre o que tradicional e o que realmente acontece no uso da Lngua Portuguesa. Analisar de forma funcionalista os conceitos de subordinao e coordenao no apenas so possveis, como interessantes. O que a gramtica tradicional apresenta so conceitos a partir de exemplos tradicionais de obras literrias, onde acontece uma combinao sinttica entre as oraes, que podem ser, principal, subordinada ou coordenada em um perodo composto. Cada orao possui uma funo pr-estabelecida segundo a gramtica tradicional. Segundo Cunha a orao principal independente de outras oraes de um perodo, ou seja, no exerce funo sinttica sobre outra orao do perodo. A orao subordinada desempenha sempre uma funo sinttica sobre outra orao, dado que um termo ou parte de um termo relacionado orao principal. Da mesma forma que a orao principal. J as oraes coordenadas, mesmo ligadas s principais, continuam ntegras, sem exercer funo sinttica sobre as outras oraes. E o que determina a relao sinttica ou semntica dessas oraes a ideia de dependncia ou independncia e a presena ou no de conectores.As oraes apresentadas para exemplificao pela gramtica tradicionalista so de ordem complexa e de difcil identificao no universo da Lngua Portuguesa. Por isso classificar de forma funcional revisar os conceitos levando em considerao que as oraes no existem de forma isolada, mas sempre num determinado contexto, por tanto, sempre existir uma relao entre as oraes. A gramtica funcionalista aborda um meio termo de classificao, ou seja, existe a Parataxe que caracterizada por apresentar oraes dependentes, as Hipotticas que so as oraes dependentes em partes, ou seja, que no dependem totalmente, mas tambm no so independentes. Por fim, a Subordinao que seriam as oraes totalmente dependentes entre si, sintaticamente e semanticamente. A gramtica tradicional apresenta a classificao de subordinao e coordenao baseada no critrio de dependncia/independncia e na presena ou no de conectores. Tais critrios nem sempre so suficientes para a identificao e classificao das oraes complexas. Marques chama a teno que importante considerar o fato de que no existem expresses isoladas, tal como a gramtica tradicional trata, mas h o contexto discursivo, de forma que, pragmaticamente, todo enunciado dependente. Havendo, assim, graus diferentes de dependncia. Concordamos com Marques neste ponto, pois a gramtica tradicional, ao desconsiderar esse aspecto, dificulta a identificao das clusulas subordinadas. A relao que se estabelece entre as partes muitas vezes percebida ao se atentar proximidade das clusulas em um texto, a construo do discurso. A proposio relacional se d, assim, pela competncia comunicativa do falante em transmitir a informao atravs da interao verbal. A noo de falsas coordenadas ajuda a esclarecer essa questo. Trata-se de estruturas que, conforme a gramtica tradicional, so claramente classificadas como coordenadas, no entanto, apresentam uma proposio relacional de condio, causa-consequncia. Um exemplo apresentado por Marques : Mude para Tim e ganhe mais crditos no seu pr-pago. Nesse exemplo h a presena formal do conectivo e, indicando se tratar de uma coordenada. No entanto a relao semntica que depreendida das sentenas de condicionalidade, causa-consequncia. Outro exemplo em que a relao proposicional de causa-consequncia: Falou. Ganhou. Nesse caso, no h presena formal de conector, de forma que essas sentenas so classificadas de justapostas pela gramtica tradicional. Contudo, levando em conta a proposio relacional, nota-se que a relao de causa-consequncia. A relao de subordinao, ou seja, uma falsa coordenada.

As abordagens de cunho funcionalista nos mostram que a gramtica tradicional falha, em certos casos, ao desconsiderar o discurso/contexto. A lingustica funcionalista, busca, assim, chamar a ateno de que o contexto , sim, importante para que as definies e reais funes referentes a subordinao e coordenao estejam de acordo com a inteno enunciativa do falante.