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Coordenadoria de Estudos Estratégicos e Desenvolvimento - Setembro/2015 - Nº 2

Coordenadoria de Estudos Estratégicos e Desenvolvimento - … I Edição 2.pdf · Após detectarem a ação do lanosterol, os pesquisadores desenvolveram um colírio e aplicaram

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Coordenadoria de Estudos Estratégicos e Desenvolvimento - Setembro/2015 - Nº 2

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Boletim Fronteiras do Conhecimento

Ricardo Vieiralves de CastroReitor

Paulo Roberto Volpato DiasVice-reitor

Lená Medeiros de MenezesSub-reitora de graduação - SR1

Mônica da Costa Pereira Lavalle HeilbronSub-reitora de Pós-graduação e Pesquisa - SR2

Regina Lúcia Monteiro HenriquesSub-reitora de Extensão e Cultura - SR3

Tatiane Alves BaptistaCoordenadora de Estudos Estratégicos e Desenvolvimento

O Boletim Fronteiras do Conhecimento é uma publicação bimestral da Coordenadoria de Estudos Estratégicos e Desenvolvimento (CEED) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ.

Rua São Francisco Xavier, 524, Térreo - Bloco F Sala T100Maracanã - Rio de Janeiro/RJ CEP: 20550-900

e-mail: [email protected].: (21) 2334-2129 / (21) 2334-0902

www.ceed.uerj.br

Equipe responsável

Produção gráficaBernardo Abreu

TextosBernardo Abreu

Larissa Rodrigues

RevisãoBernardo Abreu

Marcia Paes

OrganizaçãoBernardo Abreu

Marcia Paes

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Ano I - Edição Nº 2

BOLETIMFRONTEIRAS DO CONHECIMENTO

Setembro de 2015Ano I - Nº 2

APRESENTAÇÃO:

O Boletim Fronteiras do Conhecimento é uma iniciativa do Núcleo de Estudos Avançados e Desenvolvimento, que tem por integrantes: Marcia Cristina Paes, Bernardo André de Assis Abreu e Larissa Rodrigues.

O objetivo do núcleo é elaborar mapa atualizado dos dados estratégicos científicos e tecnológicos das fronteiras do conhecimento no mundo. Esse mapeamento será feito através do Boletim Fronteiras do Conhecimento, uma publicação bimestral, contendo as mais relevantes e atualizadas notícias do mundo e da UERJ na área do conhecimento em geral.

Para tal, é elaborado a partir de fontes online globais, nacionais e estaduais de máxima confiabilidade, a medida que as potencialidades da UERJ serão abordadas, em primeira mão, pela equipe de comunicação da Coordenadoria de Estudos Estratégicos e Desenvolvimento da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

O Boletim Fronteiras do Conhecimento é publicado no site da CEED, em formato “pdf”, com a devida indicação das fontes das matérias. O boletim visa, também, identificar as potencialidades internas e atrelar às necessidades de formação de recursos humanos e das demandas que possam ser integradas ao desenvolvimento científico, tecnológico ou social nos municípios e regiões do estado do Rio de Janeiro.

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Boletim Fronteiras do Conhecimento

Sumário:

Cientistas investigam colírio capaz de

curar a catarata(Dr. Kang Zhang, Universidade da Califórnia/EUA) | 5

Projeto busca transformar movimento das ondas em energia elétrica

(SeaHorse - Coppe/UFRJ) | 6

Zoólogo testa um novo método para combater superbactérias

(Dr. Adin Ross-Gillespie - Universidade de Zurique/Suíça) | 7

Entendendo as diferenças – Paralisia Cerebral

(Dra. Heloísa Viscaíno - Pediatria HUPE/UERJ) | 9

NESA - Conduzindo jovens a um futuro melhor

(Dra. Margareth Atianezi - NESA/UERJ) | 10

Programa para Desenvolvimento da Terceira Idade na UERJ completa 22 anos

(Universidade Aberta da Terceira Idade - UnATI. UERJ) | 12

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Cientistas investigam colírio capaz de curar a catarata (Dr. Kang Zhang, Universidade da Califórnia/EUA)

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a catarata é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, o que representa cerca de 20 milhões de pessoas. Como a expectativa de vida da população mundial está aumentando, o número de pessoas com catarata tende a crescer, visto que ela atinge principalmente pessoas com mais de 65 anos.

Atualmente, o único tratamento curativo da catarata é o cirúrgico, que consiste em substituir o cristalino opaco por prótese denominada de lente intra-ocular (LIO). Porém, agora uma equipe de cientistas e oftalmologistas testou em cães uma que pode ser capaz de dissolver a catarata.

Buscando o tratamento alternativo, cientistas passaram a investigar a origem da doença. “Estudamos duas famílias cujas crianças nasceram com catarata e encontramos uma substância em falta: o lanosterol”, explicou Kang Zhang, autor principal do estudo e pesquisador da Universidade da Califórnia. A substância é produzida pelo olho e atua na estabilização de proteínas que podem se acumular, causando a catarata.

Após detectarem a ação do lanosterol, os pesquisadores desenvolveram um colírio e aplicaram em cachorros que sofriam com a doença. Depois de seis semanas de tratamento, os animais apresentaram uma melhora considerável. Testes realizados com coelhos apresentaram o mesmo resultado, como pode ser observado na imagem ao lado. À esquerda, antes do tratamento e à direita depois do tramento com lanosterol.

Veja a seguir em ilustração produzida pela Revista Nature como funciona o tratamento alternativo com o novo colírio:

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Boletim Fronteiras do Conhecimento

Ruben Abagyan, co-autor do estudo e biólogo molecular na Universidade da Califórnia, está ansioso para ver o resultado do lanosterol em seres humanos. “Eu acho que o próximo passo natural é usá-lo em seres humanos”, diz ele. “Não há nada mais emocionante do que isso.”

O estudo original foi publicado nos portais da Science Magazine e da Nature, publicações consideradas referência no assunto. Os links para o estudo são http://news.sciencemag.org/health/2015/07/eye-drops-could-dissolve-cataracts e http://www.nature.com/nature/journal/vaop/ncurrent/full/nature14650.html.

Projeto busca transformar movimento das ondas em energia elétrica (SeaHorse - Coppe/UFRJ)

Num momento em que se multiplicam as pesquisas com o objetivo de desenvolver fontes alternativas de energia, um projeto gestado no Rio de Janeiro surge como alternativa limpa e eficiente. O protótipo criado no laboratório da Coppe/UFRJ foi instalado na ilha Rasa, localizada a 14 km da praia de Copacabana, Rio de Janeiro e aproveita o movimento das ondas do mar para gerar energia elétrica.

O protótipo é composto por uma coluna redonda, com diâmetro de aproximadamente um metro, fixada no fundo do mar em uma profundidade em torno de 18 a 25 metros. Esta estrutura tem em seu entorno um flutuador que sobe e desce influenciado pela ação das ondas e é a partir desse movimento acontece a geração de eletricidade.

Segundo informações do site da SEAHORSE, os conversores de energia (f0t0) trabalham sem a utilização de braços mecânicos e são conectados a estruturas fixas no fundo do mar”.

Os equipamentos que realizam este processo ficam em uma plataforma localizada no topo da coluna redonda, onze metros acima do nível do mar. A eletricidade gerada passa pelo centro da coluna, onde há um furo, e é conduzida até o solo marinho de onde sai um cabo submarino que leva a eletricidade para a costa, ou no caso desse projeto para a ilha Rasa.

“Esse projeto gera energia na faixa de 30 a 80 quilowatts, dependendo da condição do mar. Um único equipamento produz eletricidade suficiente para abastecer em torno de 50 a 100 residências fora do horário de pico. É importante lembrar que há a possibilidade de se instalar diversos equipamentos como esse no mar, de forma a poder suprir grandes demandas”, afirma o engenheiro Paulo Roberto da Costa, lembrando que esse protótipo não conta com a presença de nenhum componente importado. “Toda a tecnologia foi desenvolvida pelos pesquisadores da Coppe/UFRJ.

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Para isso, foi aberta uma empresa chamada SeaHorse que divide as patentes para comercialização dessa inovação com Furnas. A SeaHorse é oriunda da UFRJ e é uma empresa de capital aberto, criada por alunos que concluíram o doutorado e são responsáveis por todo o desenvolvimento tecnológico do projeto”, diz.

O profissional comenta também que antes da instalação do equipamento é realizado um levantamento do recurso energético da região. “Esse estudo é necessário para se conhecer as condições de onda. A rigor, em praticamente toda a costa brasileira é possível instalar o projeto. O protótipo depende das condições marítimas, variando a quantidade de energia que pode ser gerada em função da movimentação das ondas. Também são realizadas análises para se conhecer o tipo de solo subaquático, se rochoso ou arenoso, por exemplo”, detalha.

No vídeo produzido pela Coppe/UFRJ, disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=x-NH1avlgk-Q, é possível observar imagens do protótipo e sua funcionalidade.

Zoólogo testa um novo método para combater superbactérias (Dr. Adin Ross-Gillespie - Universidade de Zurique/Suíça)

A partir de seus estudos sobre a cooperação entre animais, tais como suricatos e ratos-toupeira pe-lados, Adin Ross-Gillespie, zoólogo, da Universidade de Zurique, pensou sobre o comportamento de outro grupo de animais altamente colaborativos, as bactérias. Ele e seus colegas acabam de apre-sentar, em uma conferência sobre medicina evolutiva em Zurique, uma maneira de subverter essa colaboração para criar uma nova classe de remédios imune aos processos que fazem resistências evoluírem.

A resistência aos antibióticos acontece porque, quando uma população de bactérias é atacada por uma droga, os poucos organismos que por acaso têm uma proteção genética contra os seus efeitos sobrevivem e se multiplicam. Como na maioria dos casos de seleção natural, é a sobrevivência des-tes indivíduos mais aptos que estimula o processo. Mas o Ross-Gillespie percebeu que, no caso das bactérias, existem circunstâncias em que a sobrevivência do mais apto pode ser evitada.

Um deles está relacionado à maneira como muitas bactérias absorvem um nutriente essencial, o ferro, a partir de seu ambiente. Elas fazem isso através da liberação de moléculas que captam íons de ferro e que em seguida são captadas por células bacterianas. Numa colônia de bactérias, a tarefa de produzir e liberar essa molécula chamada sideróforo é compartilhada por todos, uma vez que a molécula atua fora dos limites das células individuais. Desta forma, todos os membros da colônia contribuem e se beneficiam.

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Boletim Fronteiras do Conhecimento

Em teoria, isso deveria encorajar as bactérias “parasitas”, ou aquelas que utilizam sideróforos feitos por outras sem contribuir por si mesmas. Na prática, talvez porque as bactérias em uma colônia são parentes próximos, isso não parece acontecer. Mas, invertendo a lógica do parasitismo, é possível tornar o sistema vulnerável a ataques, porque não é vantajoso para uma bactéria contribuir mais do que as outras. Seguindo esta linha de pensamento, Ross-Gillespie se concentrou no gálio, formado por íons que se comportam de forma parecida como os íons de ferro e que são captados pelos si-deróforos. Na verdade, sideróforos se vinculam de forma mais eficaz ao gálio do que ao ferro. Uma dose criteriosa de nitrato de gálio pode, assim, matar toda uma colônia de bactérias, privando-a do ferro que ela necessita para proliferar.

O ponto crucial é que, na medida em que os sideróforos são compartilhados pelas bactérias, um si-deróforo modificado, que não se liga preferencialmente ao gálio, não será suficiente para produzir o bug na bactéria e, portanto, não será selecionado para propagação. Pelo menos, essa era a teoria de Ross-Gillespie.

Para testar esta teoria, ele e seus colegas criaram culturas de uma bactéria infecciosa, Pseudomonas aeruginosa. Em seguida, estas culturas foram expostas ao antibiótico ciprofloxacina, ao antibiótico gentamicina, a ambas as drogas ao mesmo tempo, a uma solução salina de controle, ou ao gálio.

Como se esperava, ambos os antibióticos e o nitrato de gálio reduziram o crescimento das bactérias no início. Como eles também esperavam, a resistência a ambos os antibióticos aumentou de forma constante ao longo dos 12 dias da experiência. Mas nada semelhante aconteceu nas culturas expos-tas ao nitrato de gálio. Estas continuaram a ser suprimidas. E quando os pesquisadores analisaram o que estava acontecendo, eles descobriram que não só as bactérias em suas amostras de gálio tinham desenvolvido uma deficiência de ferro, mas as bactérias também estavam respondendo à alteração metabólica, gastando toda sua energia para produzir mais e mais sideróforos, acelerando assim a morte da colônia.

O que torna tudo isso mais do que apenas uma curiosidade de laboratório é que o nitrato de gálio já é um medicamento aprovado. Ele tem sido usado de forma segura, e por um longo tempo, no trata-mento de certos cânceres e doenças ósseas. Isto sugere (embora mais testes fossem necessários) que o gálio pode ser seguro para combater infecções. A análise evolutiva de Ross-Gillespie sobre como atacar a resistência aos antibióticos pode, portanto, ter feito à descoberta que faltava ao campo.

O estudo original foi publicado no link http://www.economist.com/news/science-and-technology/21660512-evolution-causes-resistance-understanding-evolution-may-deal-it-zoology.

Conheça mais sobre a Coordenadoria de Estudos Estratégicos e Desenvolvimento da UERJ acessando o

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Entendendo as diferenças – Paralisia Cerebral (Dra. Heloisa Viscaíno - Pediatria HUPE/UERJ)

A Equipe de Comunicação da CEED realizou em setembro, uma entrevista com Dr. Heloisa Viscaíno, neuropediatra, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e Coordenadora do Setor de Neuropediatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE). O objetivo da entrevista é levar conhecimento de uma doença que atinge milhares de crianças, porém é muito pouco divulgada.

A Paralisia Cerebral é uma condição decorrente de agressões ao cérebro em desenvolvimento e pode acontecer durante a gestação, durante o parto ou após o nascimento, ainda no processo de amadurecimento do cérebro da criança. As causas da Paralisia Cerebral são inúmeras e podem acontecer antes do nascimento, como ameaça de aborto, exposição ao raio X nos primeiros meses de gravidez, incompatibilidade entre Rh do pai e da mãe, ou durante o parto, como falta de oxigênio ao nascer, trabalho de parto demorado, uso inadequado de fórceps ou manobras obstétricas violentas.

A Paralisia Cerebral é a desordem motora mais comum da infância. Ocorre em aproximadamente de 1-2 para cada 1,000 nascidos vivos, com um risco mais alto entre os bebês prematuros, crianças de baixo peso ao nascimento (menos de 1,5 kg), e em gestações complicadas por infecção ou condição que causam problemas com o fluxo de sangue para o útero ou para a placenta.

A frequência de problemas associados é alta e, apesar da definição de paralisia cerebral relacionar-se ao diagnóstico motor, 52% dos pacientes apresenta problemas cognitivos. Nestes casos, entende-se que a lesão afetou simultaneamente áreas responsáveis pelo raciocínio e pela memória. A paralisia cerebral não é um mal de natureza contagiosa.

A apresentação clínica é muito variada e alguns pacientes apresentam disfunções motoras leves e superáveis com medidas de estimulação. Nos casos mais graves, a organização alterada do Sistema Nervoso causa problemas respiratórios, gastrointestinais, ortopédicos e genito-urinários além de epilepsia em muitos casos.

Nos casos em que a pessoa com paralisia cerebral tiver sua visão ou audição prejudicadas pela lesão, terá dificuldades para entender as informações como normalmente são transmitidas. De outra parte, se os músculos da fala forem atingidos, terá dificuldade para comunicar seus pensamentos ou necessidades.Alguns destes pacientes necessitam abordagem multidisciplinar de tratamento clinico e de apoio tecnológico para suas funções de locomoção, alimentação e comunicação.

Para Dr. Heloisa Viscaino além da prevenção da prematuridade, o diagnostico precoce é um dos aspectos mais importantes, pois quanto mais cedo a criança começa a ser tratada, maiores as opções de tratamento e mais eficiente a resposta adaptativa do cérebro às estimulações. O que muitas vezes impede o diagnostico precoce é que existe um tabu em relação a doença tanto por parte dos familiares quanto dos próprios profisionais. Os pais não gostam nem de pensar na ideia de ter um filho com paralisia cerebral. Isso deixa até o ato de dar um diagnostico muito difícil.

Descobrindo a UERJ

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Boletim Fronteiras do Conhecimento

A Doutora chama atenção para o fato que fala-se muito pouco sobre a paralisia cerebral, gerando o preconceito pelo desconhecimento acerca da doença. Para ela, é importante fazer um grande projeto de conscientização social, para que este problema passe a ser encarado como passivel de prevenção e tratamento mais eficiente na dependência da realização do diagnóstico e da existência de serviços estruturados de trabalho multidisciplinar. Assim,poderiamos avançar para diminuir o preconceito e melhorar a assistência emédica e educacional.

Ela alerta ainda, que o mais importante para o desenvolvimento da criança com paralisia cerebral é a sua inclusão na escola. Mas, uma inclusão de verdade, onde a criança possa ter acesso à biblioteca, laboratórios normalmente como as outras crianças e que eventualmente lhe sejam possibilitadas adaptações de acordo com suas necessidades.

Ainda, é necessário que todos na escola recebam um preparo para receber essa criança, desde o porteiro até o pedagogo, pois a questão deve ser abordada de maneira especializada, porém sem preconceito. A inclusão social e escolar pode permitir uma vida produtiva para muitos destes pacientes e uma qualidade de vida mais digna para todos.

Dr. Heloisa Viscaíno, neuropediatra, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da UERJ e Coordenadora do Setor de Neuropediatria do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE).

. . .NESA – Conduzindo jovens a um futuro melhor

(Dra. Margareth Atianezi - NESA/UERJ)

Em setembro conversamos com Margareth Attianezzi, fonoaudióloga do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente (NESA) e Coordenadora de projetos do Centro de Estudo da Policlínica Piquet Carneiro. Com o objetivo de divulgar as atividades desenvolvidas pelo NESA, fizemos uma pequena entrevista buscando entender a diferença na vida dos jovens que participam do projeto.

CEED – O que é o NESA, quando ele foi criado e como ele é organizado?

Margareth Attianezi - O Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente é parte integrante do Centro Biomédico, sendo responsável por ações de ensino, pesquisa e extensão, incluindo aí a assistência, dessa clientela. Criado em 1974, a antiga Unidade Clínica de Adolescentes atingiu o status de núcleo na década de 90, e encontra-se organizado em um nível de atenção terciário – uma enfermaria exclusiva nas dependências do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), um nível de atenção secundário – ações ambulatoriais de clínica e especialidades e, um nível primário, ações de promoção à saúde e prevenção de agravos, desenvolvidas no âmbito da Policlínica Piquet Carneiro e em atividades externas.

CEED – Qual seu principal projeto?

Margareth Attianezi - Entre seus diversos projetos, destaca-se o projeto de extensão e pesquisa NESA no Caminho Melhor Jovem. O projeto é uma parceria com o Programa Caminho Melhor, idealizado pela Secretaria de Estado de Esporte, Lazer e Juventude, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e desenvolvido nas comunidades do Rio de Janeiro que contam com polícia pacificadora. Inicialmente procurado para solucionar o grave problema de assistência à saúde a essa população, o NESA criou um projeto em três linhas de ação que se interligam.

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A Ação 1 corresponde a um curso (Eixos Estruturantes da Saúde do Adolescente e Jovem) organizado em 72 horas/aula que é oferecido aos profissionais da saúde, educação, garantia de direitos e lideranças das comunidades que contam com o programa. Em final de setembro inicia-se a terceira turma formada por cem profissionais.

A Ação 2 corresponde a uma série de oficinas com jovens moradores (Oficina De Jovem para Jovem), onde as questões transversais à saúde, como violência, drogas, sexualidade e racismo, são discutidas com um grupo de jovens. Esses encontros acontecem na própria universidade e o jovem é levado a construir, de forma coletiva, um documento que descreve suas necessidades e suas propostas para uma saúde plena e integral em sua comunidade. Esse documento é entregue, após um debate coordenado pelos jovens, aos profissionais que fazem o curso em sua última aula.

A Ação 3 (Oficina Anima AnimAção) realiza um projeto de pesquisa que avalia a linguagem e cognição de adolescentes e jovens cariocas e desenvolve uma nova metodologia de intervenção, que une atividades artísticas às ações de estimulação cognitiva e de linguagem. Em nossa proposta, o público é composto por adolescentes e jovens com dificuldades de aprendizagem, dificuldades de alfabetização, que estejam na escola ou fora dela, que possuam alguma deficiência, diagnosticada ou não, além, é claro, daqueles que se interessem pelo mundo da animação.

A proposta foi construída após anos de trabalho assistencial do setor de Fonoaudiologia, e da constatação de que a dificuldade de aprendizagem é uma das queixas mais comuns nessa faixa etária. Tal dificuldade pode representar um transtorno do aprendizado, uma deficiência sensorial ou cognitiva não diagnosticada, ou ainda, como acontece na maioria dos casos, uma dificuldade de adaptação às exigências pedagógicas e falhas na alfabetização. Para elaboração da metodologia de intervenção, contamos na equipe técnica com dois arte-educadores e mais um fonoaudiólogo, além da minha coordenação. As oficinas são oferecidas nas dependências da Coordenadoria de Artes e Oficinas de Criação (COART) e se constituem em uma séria de atividades de estimulação de habilidades cognitivas e na construção de narrativas, através da produção de um filme de animação. Utilizamos a técnica de pixlacion, uma técnica que reúne uma série de fotografias em um editor de vídeo, dando a falsa impressão de movimento.

Ao utilizarmos essa técnica, proporcionamos um exercício de psicomotricidade e de atenção, pouco conhecido. O filme de animação é totalmente produzido de forma coletiva, e vai desde a fase de pré- produção, como definição de tema, construção de roteiro, cenografia, figurino, concepção de storybord, além da atuação. A equipe técnica desempenha o papel de mediadores e facilitadores. O resultado final tem sido lindos filmes de animação e um impacto bastante positivo na autoestima, na capacidade de planejamento, no uso do raciocínio lógico, memória e atenção, além da melhoria no uso da linguagem em seus sistemas Pragmático (uso comunicativo da linguagem num contexto social); Fonológico (a percepção e a produção de sons para formar palavras); Semântico (as palavras e seu significado) e Gramatical (as regras sintáticas e morfológicas para combinar palavras em frases compreensíveis), o que impacta positivamente na aprendizagem escolar.

No final de 2014, inscrevemos as animações no Festival Anima Mundi, segundo maior festival de animação do mundo, que acontece anualmente no Rio de Janeiro, e tivemos a feliz noticia de ter sido selecionado um de nossos trabalhos. A Escola do Amor, produzido por jovens da Cidade de Deus e do Borel, foi apresentado na Mostra Anime Escola, ao lado de outras produções nacionais, além de produções em língua espanhola e francesa. Nossos jovens “atores e produtores” nos acompanharam nesse evento e foi muito bonito de se ver o orgulho estampado no rosto de cada um.

CEED - Quais projetos você considera mais desafiadores?

Margareth Attianezi - Considero os trabalhos desenvolvidos em comunidades de favela e em abrigos os mais desafiadores, pois nos leva a um repensar diário, nos desafios que enfrentamos para uma saúde integral de adolescentes e jovens. No mais, estamos experimentando o uso de redes sociais e a produção de jogos digitais, nos aproximando cada vez mais do universo juvenil.

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Boletim Fronteiras do Conhecimento

CEED – Por se tratar de um projeto que trabalha com adolescente, qual a posição do NESA em relação à Redução da Maioridade Penal?

Margareth Attianezi - O NESA se posiciona terminantemente contra a essa proposta, tendo inclusive tornado público um documento enviado ao Congresso Nacional, nas vésperas da votação em primeiro turno na Câmara de Deputados. No ano em que comemoramos os vinte e cinco anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), não podemos admitir tal retrocesso nas políticas públicas focadas nos direitos de crianças e adolescentes brasileiros.

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Em junho deste ano, com o furor das discussões acerca da redução da maioridade penal, o NESA publicou uma carta aberta sobre o assunto na qual considera “indigna, imoral e com bases frágeis a proposta” e onde se dispõe a debater o tema com a sociedade. O inteiro teor do documento pode ser acessado através do link http://www.nesa.uerj.br/download/maioridade_penal_2015.pdf.

Margareth Attianezzi, fonoaudióloga do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente (NESA) e Coordenadora de projetos do Centro de Estudo da Policlínica Piquet Carneiro.

Programa para Desenvolvimento da Terceira Idade na UERJ completa 22 anos

(Universidade Aberta da Terceira Idade - UnATI. UERJ)

Com a missão de contribuir para a melhoria dos níveis de saúde físico-mental e social das pessoas idosas, foi criada em agosto de 1993, a Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI). Inicialmente como núcleo da então Sub-Reitoria de Assuntos Comunitários da Universidade do Estado do Rio de janeiro (UERJ), hoje a UnATI é um projeto de extensão vinculado a Sub-Reitoria de Extensão e Cultura (SR3).

O principal objetivo da unidade é ser um centro de ensino, pesquisa, extensão, debates e assistência voltados para questões do envelhecimento e, ainda, formar especialistas nas áreas de Geriatria e Gerontologia. A UnATI conta com um Centro de Convivência para idosos que oferece cerca de 50 cursos/oficinas livres por ano, divididos em quatro áreas temáticas: educação para saúde, arte e cultura, conhecimentos gerais e línguas estrangeiras e conhecimentos específicos sobre a terceira idade.

Além disso, a Universidade oferece também atividades abertas como conferências, seminários, fóruns, workshops, palestras, encontros, grupos de estudos, aulas abertas, exposições, comemorações e festas temáticas, promovidas pela Coordenação de Eventos Educativos e Socioculturais.

Para atender os idosos no que diz respeito à saúde, a UnATI conta com dois ambulatórios: o Núcleo de Atenção ao Idoso (NAI) e o Serviço de Cuidado Integral a Pessoa Idosa (CIPI), integrados ao Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) e a Policlínica Piquet Carneiro.

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Ano I - Edição Nº 2

COORDENADORIA DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS E DESENVOLVIMENTO

Rua São Francisco Xavier, 524, Térreo - Bloco F - Sala T100Maracanã - Rio de Janeiro/RJ - CEP: 20550-900

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Desde sua criação, a UnATI conta com o projeto Oficina da Memória, uma das suas principais iniciativas, dirigida pela Prof. Tania Guerreiro. Trata-se de um grupo de estudo e pesquisas das falhas da memória, que se dedica particularmente a proporcionar aos idosos uma intervenção segura e eficaz, melhorar seu desempenho mnésico, levando-os a conquistar maior qualidade de vida.

Os cursos, oficinas e workshop oferecidos pela UnATI foram apresentados pela SR3 na 1ª edição do Café com Prefeitos, encontro promovido pela CEED em abril de 2015 com o objetivo de abrir novos canais de aproximação da Universidade com os Municípios, ao mesmo tempo em que também são conhecidas suas potencialidades e necessidades.

Nesta ocasião, as informações trazidas acerca das atividades da UnATI despertaram o interesse dos representantes dos municípios da Região do Médio Paraíba, o que revela que o envelhecimento recebe grande atenção, inclusive em Municípios do interior do Estado do Rio de Janeiro, tendo em visto o aumento da expectativa de vida da população em geral.

Ainda, a preocupação com o desenvolvimento sadio dos idosos na UERJ recentemente ganhou projeção na mídia com a história de sucesso da Sra. Leonides Victorino. Moradora da Zona Oeste do Rio, a Dona Leonides Victorino resolveu aprender a ler e escrever aos 67 anos e hoje, aos 79, esta formada em Historia da Arte pela UnATI.

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