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Sebastião Botto de Barros Tojal Sergio Rabello Tamm Renault Consultores Luiz Tarcisio Teixeira Ferreira Pedro Estevam Alves Pinto Serrano Fernanda Barretto Miranda Antonio Carlos Marcato Jorge Henrique de Oliveira Souza Aristides Junqueira Alvarenga Juliana Wernek de Camargo Roberto Lopes Telhada Luis Eduardo Patrone Regules Aline Carvalho Rêgo Bruno Andrioli Galvão Christian Fernandes Gomes da Rosa Danielle da Silva Franco Eduardo Rodrigues Evangelista Eliene Marcelina de Oliveira Felipe Del Moro Fernanda Neves Vieira Machado Fernando Aith Humberto Polcaro Negrão Igor Tamasauskas Jang Hi Son João Paulo de Lima Rolim Leonardo Bissoli Leonardo Carvalho Rangel Lucio Feres da Silva Telles Marcela Caldas dos Reis Marcelo Augusto Puzone Gonçalves Marcos Eduardo de Santis Mariana Vitório Tiezzi Maximilian Mendonça Haas Reiji Miura Ricardo Carlos Koch Filho Ricardo Moreira Tavares Leite EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO PAULO – ESTADO DE SÃO PAULO. RUI GOETHE DA COSTA FALCÃO, brasileiro, 1 São Paulo Brasília Al. Itu, 852, 14º andar. Jd. Paulista SHS, Quadra 6, Cj. A, Bloco A, Sala 205 01421-001 São Paulo, SP – Brasil Edifício Brasil 21 – Asa Sul Tel.: (11) 3065-3500 70.322-915 Brasília, DF – Brasil Fax: (11) 3065-3501 Tel.: (61) 3321-2560 Fax: (61) 3321- 4166 www.tsradvogados.com.br [email protected]

Cópia da ação do deputado Rui Falcão contra o jornalista Amaury Ribeiro JR

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Rui Falcão ingressará com ação por danos morais contra Amaury Ribeiro Jr.O deputado Rui Falcão ingressará amanhã, 19/11, com ação de indenização por danos morais contra o jornalista Amaury Ribeiro Jr.Em depoimento prestado à Polícia Federal em 15/10, Ribeiro Jr. acusou o deputado petista de ter violado dados armazenados em seu computador pessoal. Os dados diriam respeito à intimidade de familiares e aliados políticos do candidato derrotado à Presidência da República, José Serra.Parlamentares governistas e oposicionistas criticam onda caluniosa contra Rui FalcãoNa ação a ser protocolada, Falcão alega que o jornalista prestou tais declarações ciente de não estar amparado por nenhum indício concreto que ligasse o parlamentar à suposta violação. As suposições do jornalista foram amplamente divulgadas pela imprensa, em prejuízo de sua reputação e imagem.

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Sebastião Botto de Barros TojalSergio Rabello Tamm Renault ConsultoresLuiz Tarcisio Teixeira FerreiraPedro Estevam Alves Pinto SerranoFernanda Barretto Miranda Antonio Carlos MarcatoJorge Henrique de Oliveira Souza Aristides Junqueira AlvarengaJuliana Wernek de Camargo Roberto Lopes TelhadaLuis Eduardo Patrone Regules Aline Carvalho RêgoBruno Andrioli GalvãoChristian Fernandes Gomes da RosaDanielle da Silva FrancoEduardo Rodrigues EvangelistaEliene Marcelina de OliveiraFelipe Del MoroFernanda Neves Vieira MachadoFernando AithHumberto Polcaro NegrãoIgor TamasauskasJang Hi SonJoão Paulo de Lima RolimLeonardo BissoliLeonardo Carvalho RangelLucio Feres da Silva TellesMarcela Caldas dos ReisMarcelo Augusto Puzone GonçalvesMarcos Eduardo de SantisMariana Vitório TiezziMaximilian Mendonça HaasReiji MiuraRicardo Carlos Koch FilhoRicardo Moreira Tavares Leite

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DE SÃO

PAULO – ESTADO DE SÃO PAULO.

RUI GOETHE DA COSTA FALCÃO, brasileiro,

1São Paulo Brasília

Al. Itu, 852, 14º andar. Jd. Paulista SHS, Quadra 6, Cj. A, Bloco A, Sala 20501421-001 São Paulo, SP – Brasil Edifício Brasil 21 – Asa SulTel.: (11) 3065-3500 70.322-915 Brasília, DF – BrasilFax: (11) 3065-3501 Tel.: (61) 3321-2560 Fax: (61) 3321-4166www.tsradvogados.com.br [email protected]

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casado, advogado, inscrito no RG/SSP-SP sob o n° 3.171.369-X e no CPF/

MF sob n° 614.646.868-15, residente e domiciliado na Rua Virgilio de Carvalho

Pinto, nº 557 - Apto. 201, CEP 05415-030, no município de São Paulo, Estado

de São Paulo, por seus advogados que esta subscrevem (procuração em anexo),

vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO DE

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, com fulcro nos artigos 5º, V,

X, XXXV, da Constituição Federal; 186, 927, caput, e 953 do Código Civil; 94,

caput, do Código de Processo Civil, contra AMAURY MARTINS RIBEIRO

JÚNIOR, brasileiro, separado judicialmente, jornalista, inscrito no RG/SSP-MG

sob o nº 7.976.320, com endereço profissional na Rua do Bosque, nº 1393, CEP

01136-001, no município de São Paulo, Estado de São Paulo, pelos motivos de fato

e de direito a seguir aduzidos.

I – DOS FATOS.

O Autor, vice-presidente nacional do Partido dos

Trabalhadores, foi reeleito Deputado Estadual no Estado de São Paulo pelo

Partido dos Trabalhadores e um dos principais coordenadores da campanha

presidencial da então candidata Dilma Rousseff.

Ainda, o Autor foi apontado no corrente ano

pela conhecida organização não-governamental “Voto Consciente” (http://

www.votoconsciente.org.br), a qual realizou uma pesquisa e acompanhou as

atividades parlamentares na Assembleia Legislativa de São Paulo, como um dos

três melhores deputados estaduais na legislatura 2007-2010, sendo-lhe conferido

notas 10 quantos aos itens relacionados a sua atuação como legislador (Leis) e

sua comunicação com os eleitores (Comunicação), conforme documentos anexos

2São Paulo Brasília

Al. Itu, 852, 14º andar. Jd. Paulista SHS, Quadra 6, Cj. A, Bloco A, Sala 20501421-001 São Paulo, SP – Brasil Edifício Brasil 21 – Asa SulTel.: (11) 3065-3500 70.322-915 Brasília, DF – BrasilFax: (11) 3065-3501 Tel.: (61) 3321-2560 Fax: (61) 3321-4166www.tsradvogados.com.br [email protected]

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(docs. 1, 2, 3 e 4).

Como se não bastasse o Autor possui longa trajetória

política em prol de defesa dos interesses da coletividade e das classes menos

favorecidas, sendo um dos fundadores do partido político que possui um de seus

membros ocupando o mais alto cargo administrativo do País.

Ainda, necessário ressaltar que o Autor goza de grande

prestígio político, tanto em âmbito estadual como nacional, e é conhecido por

pautar-se pela probidade e lisura de seus atos na esfera política e pessoal, sendo

que jamais foi acusado de qualquer conduta delituosa e sequer teve o seu nome

vinculado a prática de atos escusos e imorais.

Todavia, consoante notoriamente apresentado pela

grande mídia brasileira, o Autor foi citado em diversas matérias jornalísticas,

as quais destacavam o depoimento do jornalista Amaury Martins Ribeiro

Júnior, ora Réu, cujo trecho apontava o nome do Autor como responsável

pela violação de dados existente no seu notebook, mais especificamente dados

fiscais sigilosos de pessoas ligadas a um partido adversário, conforme documentos

anexos (docs. 5, 6, 7, 8 e 9).

Nesse sentido urge transcrever o referido trecho do

depoimento pessoal prestado pelo Réu em 15/10/10 e constante às fls. 650 dos

autos do Inquérito Policial nº 839/2010 SR/DPF/DF (doc. 10):

“QUE AFIRMA TER CERTEZA QUE TAL

MATERIAL FOI COPIADO POR RUI FALCÃO, pois

3São Paulo Brasília

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somente ele tinha a chave do citado apartamento, pois já havia

residido no mesmo, tendo o declarante verificado que o nome de

Rui Falcão constava da portaria do hotel com sendo o ocupante

daquela unidade.”

Neste desiderato, insta observar que a maioria dos

veículos de comunicação em massa (docs. 8 e 9) tiveram acesso aos dados tidos

como sigilosos extraídos do Inquérito Policial nº ILP 839/2010 SR/DPF/DF

(docs. 10, 11 e 12), sendo que a mesma oportunidade não foi conferida ao Autor,

quando este tentou, de modo infrutífero, consultar os autos.

Aliás, o Autor somente acesso ao depoimento do

Réu através do site “Folha.com” (doc. 9), o qual estranhamente obteve na íntegra

o referido depoimento que constava no citado inquérito policial supostamente

sigiloso.

Pois bem.

Ocorre que o Réu ao afirmar em seu depoimento

que tem “certeza” que o Autor copiou dados do seu notebook sem a devida

autorização, violando-lhe o sigilo de dados e do apartamento em que se hospedava,

e lastreado apenas em meras suposições solitárias de qualquer prova documental

ou testemunhal que pudesse comprová-las, ofende a honra do Autor, haja vista

imputar-lhe a prática de atos criminosos e de conduta imoral, como também

macula a imagem de homem público probo que detém o Autor perante a

coletividade, especialmente seus eleitores.

Em outras palavras, nota-se que o Réu com o seu

4São Paulo Brasília

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depoimento calunia e difama a pessoa particular e pública do Autor, consoante os

tipos penais dispostos nos artigos 138, caput, e 139, caput, ambos do Código Penal: “Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato

definido como crime: (...)”

“Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua

reputação: (...)”

Aliás, o Réu afirma a prática de conduta criminosa

pelo Autor simplesmente justificando-a pelo fato do Autor supostamente ter

residido em ocasião pretérita no apartamento ocupado na época pelo Réu, o

que não restou comprovado. Também, justifica o Réu suas acusações levianas

afirmando que hipoteticamente teria o Autor a chave do apartamento pelo fato

dele supostamente ter residido no apartamento em ocasião pretérita, mas não

prova o alegado e, tampouco, discrimina o período em que o Autor teria ocupado

o aludido apartamento.

Aliás, cumpre notar que o Réu, ao acusar o Autor de

entrar no quarto do hotel em que estava hospedado sem a devida autorização,

também lhe imputa o crime de violação de domicílio, previsto no artigo 150 do

Código Penal.

Sobre o tema, cumpre observar a anotação do Prof.

Nelson Nery Junior a seguir transcrita1:

“XI: 19. Inviolabilidade de domicílio. O direito fundamental

1 NERY JUNIOR, Nelson. Constituição Federal comentada e legislação constitucional. 2ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. Pág. 176. 5São Paulo Brasília

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da inviolabilidade de domicílio tem titular tanto a pessoa

física do brasileiro ou estrangeiro residente no País...como a

pessoa jurídica..., porque as garantias fundamentais estendem-

se também para as pessoas jurídicas. Ao mencionar casa, ao

invés de domicílio ou edifício, a norma constitucional ampliou

o objeto da proteção, que atinge o lugar onde a pessoa física

ou jurídica se encontra, habite ou instale...., cuja intimidade e

privacidade devem ser respeitadas. Assim são objeto de proteção:

a casa física; a casa móvel (trailer, barco etc.); a casa de campo,

de veraneio, de caça, de inverno; o lugar de trabalho; o quarto

de hotel onde encontra hospedada a pessoa. A proibição de

violação de domicílio dirige-se às autoridades públicas e também

aos particulares....Aquele que invade domicílio de outrem sem

autorização pode cometer o crime de violação de domicílio (CP

150)”

Como se não fosse suficiente, afirmou o Réu em seu

depoimento que supostamente constaria na portaria do hotel o nome do Autor

como ocupante pretérito do apartamento, mas não discrimina as datas e períodos

de ocupação.

De qualquer forma, urge sublinhar que o Autor, em

função do importante papel que exerce no canário político atual e pelo fato de

ter sido um dos principais coordenadores da campanha presidencial da então

candidata Dilma Roussef, teve que ir diversas vezes para Brasília, assim como

fizeram e fazem outros membros do comitê político e de outros partidos.

Outrossim, eventuais viagens e hospedagens, ainda que

coincidam com o período em que o Réu esteve em Brasília, não possuem o condão

6São Paulo Brasília

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de permitir a acusação por ele da prática de ilícito penal pelo Autor e que acabou

por repercutir de forma extremamente danosa à honra e imagem do Autor em toda

mídia nacional.

Para exemplificar o alegado urge destacar a manchete

publicada pelo site de notícias Terra, intitulada “JORNALISTA ATRIBUI

A RUI FALCÃO FURTO DE SIGILO DE TUCANOS” (doc. 5), bem como

notícia publicada pelo site UOL, na qual se destaca o seguinte trecho: “Em

depoimento à Polícia Federal , O JORNALISTA AMAURY RIBEIRO JR.

TERIA DITO TER “CERTEZA” DE QUE FALCÃO TERIA FURTADO

DOCUMENTOS COM DADOS SIGILOSOS da filha de Serra, Verônica, e do vice-

presidente do PSDB, Eduardo Jorge, do seu computador em um quarto de hotel em Brasília”

(doc. 6).

Cumpre notar que o Réu em nenhum momento

procurou os meios de comunicação em massa para se retratar perante o Autor e a

opinião pública ou sequer desmentir as manchetes que acusaram o Autor da prática

do crime de furto, o que deixa claro o dolo do Réu em caluniar e difamar a pessoa

pública e privada do Autor ao imputar-lhe a prática de crimes sem qualquer prova

que pudesse lastrear suas acusações.

Não obstante, o Réu exerce a profissão de jornalista

e certamente detém conhecimento dos danos que uma reportagem mentirosa e

com nítido caráter calunioso e difamatório causam à honorabilidade de qualquer

indivíduo, principalmente se exerce cargo público e possui longa carreira política,

como é o caso do Autor.

7São Paulo Brasília

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Nesse sentido cumpre observar o julgado abaixo do

Colendo Superior Tribunal de Justiça:

CIVIL. DANOS MORAIS. A liberdade de imprensa

assegura o direito de informar; não justifica a mentira e a

injúria. Recurso especial não conhecido. (REsp 264.580/RJ, Rel.

Ministro ARI PARGENDLER, TERCEIRA TURMA, julgado

em 04/04/2006, DJ 08/05/2006, p. 193)

Assim, figura-se totalmente cabível e necessário o

ajuizamento da presente demanda para que ocorra o ressarcimento do Autor diante

do dano a sua imagem pública e à sua pessoa particular, oriundo do depoimento

feito pelo Réu com clara intenção de prejudicar a honorabilidade do Autor e que

teve enorme repercussão em toda mídia impressa e eletrônica nacional, gerando-lhe

danos.

II - DAS LEGITIMIDADES ATIVA E PASSIVA

Cumpre frisar, inicialmente, que a legitimidade ativa

resta amplamente verificada no presente caso, tendo em vista que o depoimento

do Réu em comento faz alusão ofensiva direta à pessoa do Autor, sendo

que as reportagens publicadas na grande mídia impressa e eletrônica relacionam

diretamente a imagem do Autor à acusação fantasiosa e não comprovada de

cópia ilegal de dados fiscais existentes no notebook do Réu através violação

do quarto do hotel em que se hospedava, induzindo, de pronto, o receptor da

mensagem a interligar lógica e dedutivamente a prática de atos criminosos à pessoa

do Autor, mais especificamente, os crimes de furto de dado com a violação de

dados e de domicílio do Réu.

8São Paulo Brasília

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É importante frisar, desde logo, que o fato do Autor

ser pessoa pública, em razão do cargo que ocupa, não lhe subtrai, em absoluto,

a legitimidade para postular a reparação dos danos morais ocasionados pela

divulgação do depoimento pessoal em comento feito pelo Réu, no qual acusa o

Autor da prática de ato criminoso.

De fato, não se ignora que as pessoas públicas, como

é o caso do Autor, estão sujeitas a críticas voltadas à sua atuação política e atos

dela decorrentes e ao seu desempenho à frente das questões públicas, tampouco

que a abrangência da esfera inviolável de intimidade e privacidade seja, para essas

pessoas, mais restrita que a do cidadão comum, uma vez que a atividade por elas

desenvolvida afeta em maior grau a coletividade, que terá, portanto, direito de

informação com relação aos atos e decisões externadas por aqueles indivíduos.

Todavia, impõe-se reconhecer que, ainda que

com abrangência mais restrita em comparação com o cidadão comum, às

pessoas públicas também atine o direito à inviolabilidade da intimidade, vida

privada, honra e imagem inserto no artigo 5°, X, da Constituição Federal, que

contempla a proteção em face da imputação de fatos caluniosos e difamatórios

comprovadamente falsos, assistindo-lhes, outrossim, o direito à indenização pelo

dano material ou moral decorrente de sua violação, nos termos do mesmo artigo

5°, V e X, e também dos artigos 186 e 953, ambos do Código Civil.

Quanto a legitimidade passiva, essa resta evidente

9São Paulo Brasília

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diante do depoimento prestado pelo Réu nos autos do Inquérito Policial nº 839/

2010 SR/DPF/DF ao afirmar que tem “certeza” que o Autor violou o sigilo de

dados do seu notebook ao copiar dados fiscais sem a devida autorização e de forma

escusa.

Nesse sentido, deve-se observar o disposto nos artigos

186 e 927, caput, do Código Civil, os quais dispõem que aquele que, por ação ou

omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a

outrem, ainda que exclusivamente moral, come ato ilícito, sendo obrigado a repará-

lo.

Desta forma, estando o Réu, absolutamente ciente dos

males provocados e afirmado categoricamente a prática de condutas criminosas

pelo Autor, não resta dúvida quanto à sua figuração no pólo passivo da presente

demanda, passando-se, adiante, à análise das razões jurídicas que ensejam sua total

procedência

III – DO DIREITO.

O direito do Autor de ver-se ressarcido dos danos

morais causados pelo Réu advém do disposto no artigo 5º, X, da Constituição

Federal, conforme trecho abaixo transcrito:

“X - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das

pessoas, assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral

decorrente de sua violação”.

10São Paulo Brasília

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Ora, no presente caso, é evidente a ocorrência de dano

moral oriundo da acusação feita pelo Réu contra o Autor pela prática dos crimes

de violação e furto de dados do seu notebook, bem como de violação de domicílio,

conforme se verifica no seu depoimento constante nos autos do Inquérito Policial

nº 839/2010 SR/DPF/DF, mas sem que apresentasse qualquer meio de prova

irrefutável.

Tal agressão atingiu diretamente o Autor e causou

sério constrangimento perante seus eleitores e membros do Partido a que está

filiado, uma vez que nada fez para merecer tão exacerbado e desleal ataque a sua

honra e imagem.

Farta a doutrina pátria a respeito do tema:

“(...) Na realidade, multifacetário o ser anímico, tudo aquilo

que molesta gravemente a alma humana, ferindo-lhe

gravemente os valores fundamentais inerentes à sua

personalidade ou reconhecidos pela sociedade em que

está integrado, qualifica-se, em linha de princípio, como

dano moral; não há como enumerá-los exaustivamente,

evidenciando-se na dor, na angústia, mo sofrimento, na tristeza

pela ausência de um ente querido falecido; no desprestígio,

na desconsideração social, no descrédito à reputação,

na humilhação pública, no devassamento da privacidade;

no desequilíbrio da normalidade psíquica, nos traumatismos

emocionais, na depressão ou no desgaste psicológico, nas

situações de constrangimento moral.”2

2 CAHALI, Youssef Said. Dano Moral. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. Págs. 20/21.11São Paulo Brasília

Al. Itu, 852, 14º andar. Jd. Paulista SHS, Quadra 6, Cj. A, Bloco A, Sala 20501421-001 São Paulo, SP – Brasil Edifício Brasil 21 – Asa SulTel.: (11) 3065-3500 70.322-915 Brasília, DF – BrasilFax: (11) 3065-3501 Tel.: (61) 3321-2560 Fax: (61) 3321-4166www.tsradvogados.com.br [email protected]

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“(...) Assim, depois de minucioso estudo a respeito da

reparabilidade dos danos quando ofendidos os direitos à

integridade moral da pessoa, o ilustre relator é conclusivo: o ser

humano tem uma esfera de valores próprios que são postos em

sua conduta não apenas em relação ao Estado, mas, também

na convivência com os seus semelhantes. Respeitam-se, por

isso mesmo, não apenas aqueles direitos que repercutem no seu

patrimônio material, de pronto aferível, mas aqueles direitos

relativos aos seus valores pessoais, que repercutem nos

seus sentimentos, postos à luz diante dos outros homens” 3.

“X: 18. Direito à intimidade. A ofensa à honra, liberdade ou

intimidade das pessoas enseja indenização por dano moral e

patrimonial. Trata-se de hipótese de responsabilidade objetiva,

porquanto a norma não prevê conduta para que haja o dever de

indenizar.”4

“V: 17. Dano material, moral ou à imagem. O texto não deixa

dúvida quanto a categoria do dano à imagem, distinta do dano

material e moral. É possível, portanto, cumular-se dano material,

moral e à imagem derivados do mesmo fato (v. STJ 37). Como

a norma não impõe limitações à indenização por dano moral,

nem remete seu regulamento para a lei, nesse caso ela é ilimitada

(STF-RT 740/205).”5

Ora, verifica-se que o Réu ofendeu o Autor no

depoimento que prestou à Autoridade Policial ao acusá-lo categoricamente de

3 CAHALI, Youssef Said. Dano Moral. 2ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. Pág. 544.4 NERY JUNIOR, Nelson. Constituição Federal comentada e legislação constitucional. 2ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. Pág. 176.5 NERY JUNIOR, Nelson. Constituição Federal comentada e legislação constitucional. 2ª edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009. Pág. 176. 12São Paulo Brasília

Al. Itu, 852, 14º andar. Jd. Paulista SHS, Quadra 6, Cj. A, Bloco A, Sala 20501421-001 São Paulo, SP – Brasil Edifício Brasil 21 – Asa SulTel.: (11) 3065-3500 70.322-915 Brasília, DF – BrasilFax: (11) 3065-3501 Tel.: (61) 3321-2560 Fax: (61) 3321-4166www.tsradvogados.com.br [email protected]

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copiar ilicitamente os dados fiscais de membros de partido adversário existentes

no computador dele e supor que o Autor entrou furtivamente no quarto de hotel

em que ele estava hospedado. Tais afirmações revelam nítida intenção do Réu de

caluniar e difamar a pessoa pública e particular do Autor.

Desta forma, tendo como parâmetro de observação à

estrutura emocional do homem médio, a afirmação categórica do Réu indicando

o Autor como responsável pela cópia ilegal de dados existentes em seu notebook,

passando a idéia ao leitor de que o Autor teria praticado um furto de dados

eletrônicos fiscais sigilosos de membros de partido adversário em plena campanha

presidencial, atingem veementemente a honra e dignidade do Autor, que sempre

procurou manter um grau de respeitabilidade compatível com a posição social que

sustenta. Nota-se que pelo conteúdo e manchetes das notícias veiculadas na época

e que acompanham a presente exordial, as quais foram oriundas do depoimento

pessoal dado pelo Réu à Autoridade Policial, possuem o condão de acarretar

grave abalo emocional que não precisa ser suportado em razão da sua visibilidade

pública.

Ora, qualquer pessoa que preserve determinada

imagem perante o quadro social – seja ela qual for – tem o direito de preservação

do mínimo que acha necessário para a condução de sua vida. No caso em apreço,

está se discutindo os danos causados à pessoa pública e privada do Autor, o qual

é político respeitado com larga experiência e que nunca teve qualquer conduta sob

suspeita pelos seus pares, eleitores e imprensa.

Caracterizada, deste modo, a incursão no preceito

primário da norma incriminadora constante da legislação substantiva pela conduta

13São Paulo Brasília

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do Réu, a reparação civil mostra-se como o mínimo de resposta que o Estado, no

exercício de sua função jurisdicional, deve albergar no conflito ora apresentado,

haja vista o disposto nos artigos 5º, V6 e XXXV7, da Constituição Federal, 1868,

927, caput9, e 95310 do Código Civil.

IV – DO VALOR A SER FIXADO A TÍTULO DE DANOS MORAIS.

Cumpre ressaltar, ainda, a necessidade de que a

fixação do montante indenizatório para a reparação do dano moral seja deixada

ao prudente arbítrio do Juízo, já que necessária a apreciação subjetiva da extensão

do dano causado ao ofendido, sendo pacífico, por esta razão, tanto na doutrina

quanto na jurisprudência, que tal função deve incumbir ao magistrado, conforme

se depreende dos excertos abaixo colacionados:

“Está, portanto, solidamente estabelecido na doutrina que, não

apenas o poder de decidir sobre a existência e configuração do

dano moral e do nexo causal entre ele e a conduta do agente,

mas, também e sobretudo, a sua quantificação, correspondem a

temas que somente podem ser confiados às mãos do julgador e

ao seu prudente arbítrio.”11

“O arbitramento do dano moral é apreciado ao inteiro arbítrio

do juiz, que, não obstante, em cada caso, deve atender à

6 Art. 5º (...): X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.7 Art. 5º (...) XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.8 Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.9 Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.1 Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido.Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso.1 in “Dano Moral”, Humberto Theodoro Júnior, 4ª edição, págs. 34 e 35.14São Paulo Brasília

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repercussão econômica dele, à dor experimentada pela vítima e

ao grau de dolo ou culpa do ofensor.”12

Deste modo, a intensidade do dano provocado deve

ser avaliada dentro da capacidade interpretativa do magistrado, que, aliada à sua

experiência de vida e à capacidade funcional inerente a função que exerce, deve

quantificar o somatório pecuniário naquilo que entender pertinente, relativamente

aos fatos apresentados à sua cognição.

Assim, o julgador deve, baseado nos fatos concretos

trazidos ao seu conhecimento, arbitrar com rigor o valor da reparação, tendo como

parâmetro a intensidade dos danos experimentados pelo Autor, conforme tem

entendido a jurisprudência:

“DANO MORAL - INDENIZAÇÃO - FIXAÇÃO DA

VERBA COM A AVALIAÇÃO DE ELEMENTOS

SUBJETIVOS DO CASO CONCRETO E GRADUAÇÃO DE

ACORDO COM A INTENSIDADE E A DURAÇÃO DO

SOFRIMENTO SUPORTADO PELA VÍTIMA. O valor da

indenização por danos morais deve ser fixado com a avaliação

de elementos subjetivos do caso concreto, e graduado de acordo

com a intensidade e a duração do sofrimento suportado pela

vítima" (Ap. 97.000356-0, CCv, v. un., j. em 16.9.97, in RT 748/

385).

No caso em debate nesses autos, a intensidade do

dano causado ao Autor pode ser aferida pela repercussão que teve a acusação do

Réu na mídia impressa e eletrônica, principalmente pelo fato de ocorrerem durante

1 Apelação nº 219.366-1/5 - TJSP15

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o ápice da campanha para sucessão presidencial, o que consiste fato notório,

donde se conclui que o injusto ataque ocasionado pela veiculação de fato ofensivo

estendeu-se aos milhões de leitores, tornando, assim, imenso o prejuízo à sua

honra, moral e imagem.

A avaliação da amplitude dos danos ocasionados ao

Autor deve considerar, ainda, as futuras aspirações políticas que, obviamente, lhe

são legítimas, elementos que denotam a necessidade de o montante reparatório ser

fixado de forma suficientemente compatível com a reparação que o mal causado

pelo Réu enseja, diante da violação de sua imagem pública.

A doutrina tem igualmente firmado, enquanto

parâmetro à fixação do montante indenizatório, entendimento no sentido de que

a reparação por danos morais deve guardar proporção com o grau de intensidade

do dano suportado pela vítima, à vista do caráter reparatório, sancionador e

pedagógico que assume, não podendo, desta forma, configurar valor irrisório, sob

pena de não atender a todas as suas finalidades, consoante os ensinamentos de

Youssef Said Cahali13, abaixo transcrito:

“Diversamente, a sanção do dano moral não se resolve numa

indenização propriamente, já que a indenização significa

eliminação do prejuízo e das suas conseqüências, o que não

é possível quando se trata de dano extrapatrimonial; a sua

reparação se faz através de pagamento de uma certa

quantia de dinheiro em favor do ofendido, ao mesmo

tempo que agrava o patrimônio daquele, proporciona a este

uma reparação satisfatória.”

1 in “Dano moral”, 2a. ed, Editora Revista dos Tribunais, 1998.16São Paulo Brasília

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Corroborando este entendimento, insta trasladar a

jurisprudência firmada pelo Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

e pelo Segundo Tribunal de Alçada Cível do Estado de São Paulo, no sentido do

caráter punitivo da reparação para o causador do dano:

“A doutrina atribui à reparação do dano moral natureza de

caráter punitivo, pois sua finalidade abriga-se na função

de proporcionar vantagem à pessoa ofendida. O ilícito é

errado. Tudo que é errado deve ser reparado. O direito, por ser o

conjunto de normas que regulam a convivência sócio humana, é

a aplicação da correção dos erros cometidos. O preceito magno

do direito à indenização do dano moral é o mais perfeito

fundamento para responsabilizar aqueles que firam nossos

espíritos, provocando a chamada 'dor moral'". (Ap. Cível. n.°

97.003672-2, 1ª Vara Cível, Comarca da Capital, j. em 16.03.98,

rel. Des. João Antonio de Moura, in Revista do Foro, Ano 98.1,

vol. 100, p.254/5).

“A reparação do dano moral tem natureza também

punitiva, aflitiva para o ofensor, com o que tem a

importante função, entre outros efeitos, de evitar que

se repitam situações semelhantes. A teoria do valor de

desestímulo na reparação dos danos morais insere-se na missão

preventiva da sanção civil, que defende não só o interesse

privado da vítima mas também visa a devolução do equilíbrio

às relações privadas, realizando-se assim, a função inibidora da

teoria da responsabilidade civil.14”

A reparação deve, portanto, ser compensatória,

1 in Apelação nº 477.907-00/3, Segundo Tribunal de Alçada Cível de São Paulo.17

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na medida em que, embora não restabeleça o status quo ante, sirva a minimizar

a dor sofrida pelo ofendido, assumindo, outrossim, as funções sancionadora e

pedagógica, já que a todo ato ilegal deve corresponder uma punição, neste caso,

com o gravame sobre o patrimônio do Réu, servindo, assim, de exemplo para toda

a sociedade, desestimulando a reincidência.

Desta forma, requer-se o arbitramento da reparação

pelos danos morais experimentados pelo Autor em um patamar alto, compatível

com o prejuízo sofrido e com a justa reprimenda que se deve dar ao Réu, a fim de

que esta reparação cumpra com todas as suas funções.

V – DOS PEDIDOS.

Por todo exposto, requer-se que seja determinada a

TOTAL PROCEDÊNCIA da presente Ação para condenar o Réu ao pagamento

de indenização a título de danos morais, em quantia a ser fixada por esse d. Juízo,

de custas judiciais, despesas processuais e honorários advocatícios na base usual de

20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação.

Requer-se, também, a citação do Réu para, querendo,

contestar os termos da presente ação, sob pena de revelia, e o deferimento em

favor do Senhor Oficial de Justiça dos benefícios do artigo 172, § 2º, do Código de

Processo Civil, no cumprimento de suas diligências.

Protesta-se, finalmente, pela produção de todos meios

de prova em Direito admitidas, especialmente a oitiva de testemunhas, depoimento

pessoal do Autor, prova pericial e a juntada de novos documentos, sem prejuízo de

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outras porventura que se fizerem necessárias.

Dá-se a causa o valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais)

para efeito de alçada.

Termos em que, pede deferimento.

São Paulo, 18 de novembro de 2010.

PEDRO ESTEVAM A. P. SERRANO

OAB/SP nº 90.846

RICARDO CARLOS KOCH FILHO

OAB/SP nº 187.159

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