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Copyright © 2020 Brasil Paralelo · 2020. 2. 19. · “A Rússia é uma charada embrulhada em um mistério dentro de um enigma.” Winston Churchill A Rússia é o maior país do

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  • Copyright © 2020 Brasil Paralelo Os direitos desta edição pertencem a Brasil Paralelo Editor Responsável: Equipe Brasil Paralelo Revisão ortográfica e gramatical: Equipe Brasil Paralelo Projeto de capa: Equipe Brasil Paralelo Produção editorial: Equipe Brasil Paralelo

    Ferrugem, Lucas Uma breve história da Rússia: Aula 1 ISBN:

    1. História da Rússia

    CDD 990 __________________________________________

    Todos os direitos dessa obra são reservados a Brasil Paralelo. Proibida toda e qualquer reprodução integral desta edição por qualquer meio ou forma, seja eletrônica ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio de reprodução sem permissão expressa do editor.

    Contato:

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    http://www.brasilparalelo.com.br/mailto:[email protected]

  • INTRODUÇÃO

    A Rússia foi um dos temas mais abordados do século XX, acerca do qual há uma

    historiografia imensa. A literatura, a pintura, a música desenvolvida no país, e a sua

    história, não param de chegar até o Ocidente. E, no entanto, essa potência gigantesca,

    influente e determinante desde sempre na história, não é devidamente compreendida.

    O fato de não compartilharmos o alfabeto, nem semelhanças linguísticas e

    culturais, fez com que tivéssemos uma impressão muito afastada do que é a Rússia

    enquanto país, enquanto economia, enquanto política e enquanto cultura.

    Por isso, o curso “Uma breve história da Rússia” apresenta um objetivo

    desafiador: percorrer o período que abrange desde a formação do território russo, antes

    de Cristo, até a Rússia contemporânea de Vladimir Putin e a posição que essa federação

    ocupa na ciência política atual.

    Neste e-book, trilharemos somente uma fração dessa jornada. Veremos como a

    construção e a expansão do território russo levou à formação de um Império, sendo

    nosso destino final o preâmbulo da Revolução e o clima que imperava antes de Nicolau

    II ascender ao trono.

  • RÚSSIA: Uma primeira aproximação

    “A Rússia é uma charada embrulhada em um mistério dentro de um enigma.”

    Winston Churchill

    A Rússia é o maior país do mundo. Seus mais de 17 milhões de km² abrigam um

    nono da área terrestre. Apenas para dimensionarmos o quanto isso significa, dentro dela

    cabem dois Estados Unidos, uma América Latina e um Plutão.

    Com tamanha vastidão, a Rússia apresenta 17 fusos horários. A extensão de seu

    território, localizado no norte da Eurásia, faz com que compartilhe suas fronteiras com as

    nações mais diversas, como China, Coreia do Norte, Oriente Médio, Polônia, Suécia,

    Polo Ártico. Sua divisa mais famosa, marítima, é partilhada com os Estados Unidos: o

    estreito de Bering1, cujo congelamento das águas permitiu a migração de pessoas para

    a América.

    1 Bering é o nome do expedicionário que descobriu o estreito e fez os mapas de navegação do

    Alasca.

  • Rica em recursos naturais, a Federação Russa conta com a região mais arbórea

    do mundo, a maior reserva de gás do planeta, a segunda maior reserva de água

    (perdendo apenas para o Brasil) e uma das dez maiores reservas de ouro sob banco, ou

    seja, enquanto reserva fracionária de dinheiro. Além disso, o país é o segundo maior

    exportador de petróleo, sendo a primeira posição ocupada pelos Estados Unidos e a

    terceira pela Arábia Saudita.

    Sexta economia do mundo em paridade de poder de compra, com um PIB de $1.4

    trilhões e um PIB per capita de $10.700, a Rússia é membro do Conselho de Segurança

    das Nações Unidas (ONU), do G20, do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do

    Sul), da APEC (Cooperação Econômica Ásia-Pacífico) e da Eurasec (Comunidade

    Econômica Eurasiática). Cabe ao país o segundo maior exército nuclear, o quinto maior

    orçamento militar nominal e o terceiro maior exército - em todos os sentidos medidos.

    Nono país mais populoso do planeta, a Rússia tem mais de 140 milhões de

    habitantes, dentre os quais 13% são considerados muito pobres. Ao mesmo tempo, 77

    famílias multimilionárias concentram em suas mãos 75% da riqueza. Em 2016, o salário

    médio dos russos foi de quase 36 mil rublos, cerca de R$1900,00. Ainda que este valor

    seja superior aos salários médios dos antigos países da União Soviética, é baixo em

    comparação com os países da Europa Oriental e, principalmente, Ocidental. Estimativas

    apontam que metade da renda das famílias (50%) é destinada para comprar comida e

    praticamente ¼ (22%) é gasta em vodka.

    A Rússia também exibe a maior ferrovia do mundo: a transiberiana, que transporta

    seus passageiros e cargas até a Sibéria, um local em que as temperaturas atingem -

    40ºC e em que 50% das causas de demissão se devem ao alcoolismo de vodka no

    ambiente de trabalho.

    O povo russo se orgulha de uma longa tradição de excelência nas artes, na

    ciência, na cultura e na tecnologia, principalmente a astronômica, na qual alcançou feitos

    incríveis. Um dos países mais cultos do mundo, suas estações de trem são verdadeiras

    obras de arte, os teatros são magníficos, as óperas são fantásticas, a literatura é uma

    das mais pujantes de todos os tempos, assim como a poesia e o cinema.

    Esses dados instigam uma série de questionamentos: o que aconteceu para que

    a Rússia apresente uma economia tão diferente dos demais países em relação à maneira

    de se distribuir? O que aconteceu para que a Rússia conseguisse conquistas tão

    relevantes? Mais: o que aconteceu para que a revolução comunista fosse possível lá?

  • A CONSTRUÇÃO E A EXPANSÃO DO TERRITÓRIO RUSSO

    A história da Rússia tem início há cerca de três mil anos, quando povos

    denominados cittás se estabeleceram no núcleo do espaço de terra ocupado, hoje, pelo

    país, sendo os primeiros a migrarem para lá. O termo cittá não apresenta uma tradução

    consolidada. Enquanto Heródoto, primeiro historiador grego, atribuiu-lhe o significado de

    arqueiro, a historiografia oriental aponta corresponder à palavra saissaka, que quer dizer

    atirador.

    Como não possuíam linguagem escrita, todos os escassos conhecimentos que

    temos acerca desses povos têm origem na arqueologia. A partir dessa ciência, foi

    possível descobrir que os cittás erguiam morros de terra de 10 a 15 metros para servirem

    de túmulos (curgans) para seus líderes. Além disso, acredita-se que apresentavam um

    panteão de sete deuses, em que um oitavo deus estava disponível apenas para a

    nobreza, assinalando a forte cultura de separar nobres de pessoas comuns desde aquela

    época.

    Tal como ocorreu na queda do Império Romano, os cittás foram invadidos por

    bárbaros: húngaros, godos, eslavos. Em decorrência disso, várias tribos foram criadas

    próximas à Europa. Essas tribos não compartilhavam a mesma língua e viviam em

    extremo estado de violência, marcado por constantes guerras entre si.

    O processo de unificação começou por volta de 300 anos d.C., quando vikings

    escandinavos chegaram a esses territórios remando pelos rios. Embora vinculados ao

    machado de folha dupla, os vikings eram, na verdade, um povo comerciante que não

    respeitava as regras locais. Devido ao caráter de sua atividade, possuíam uma

    habilidade de dialogar com outros povos e já haviam desenvolvido o uso da moeda, um

    sistema de preços e uma ética comercial. Suas práticas econômicas, novas para aquelas

    tribos, e sua capacidade de comunicação promoveram a integração e a prosperidade

    daquelas sociedades.

    Nas Crônicas de Nestor, a narrativa epopeica do povo russo, está registrada uma

    importante lenda, que conta que os próprios povos das aldeias se colocaram de joelhos

    aos pés do povo viking escandinavo, os varegues, pedindo: “assumam o poder, porque

    vocês trouxeram paz e riqueza.”. Outra frase da época diz: “a nossa terra é grande e rica,

    mas não há ordem dentro dela. Venham, pois, governar-nos como reis; é a única forma

    de sermos enquanto povo.”.

  • Nessas crônicas está o mito fundador da cultura russa: colocar-se de

    joelhos para um governante, a fim de que este traga paz por meio da distribuição

    de riqueza.

    A DINASTIA RURIK

    O ato de se ajoelhar para o comércio viking fez com que o príncipe Rurik

    ascendesse ao poder, dando origem ao princípio de comunidade política da Rússia, com

    o início da dinastia Rurik. Enquanto governante, Rurik empreendeu a unificação do

    comércio e o estabelecimento da paz. Os povos localizados naquela região passaram a

    se autodenominar rus, ou seja, aqueles que remam, transformando aquela região na

    terra de rus. Nos 700 anos de duração dessa dinastia, houve 45 monarcas. Destes,

    citaremos apenas os mais importantes.

    Rurik foi sucedido por seu filho Oleg, que começou a expandir o território e abriu

    guerra contra os cazares, assim chamados por pertencerem ao Império de Cazar, que

    impunha a cobrança de impostos nas estradas. Os vikings, com sua cultura comerciante,

    queriam abolir essa prática, por considerá-la prejudicial. Oleg conseguiu vencer as

    batalhas e conquistou Kiev, uma importante cidade comercial, no sul do território russo

    europeu, por conectar duas terras cujo acesso era difícil de outra forma. Com isso, o

    povo passou a se chamar Quievorus, que são os rus de kiev. Oleg também deixou o

    poder para seu filho, Evestoslau, que deu continuidade à política expansionista, desta

    vez para leste.

    Os sucessivos governantes dessa dinastia mantiveram a ampliação do território

    como um objetivo fundamental. Até que o rei Vladimir assumiu o trono e percebeu que,

    apesar da estabilidade econômica e da conquista de terras e de recursos, não usufruía

    do mesmo prestígio dos demais impérios, sendo a causa da diferença, o paganismo.

    Isso o levou a concluir que o Império precisava de uma religião. Essa conclusão

    desencadeou um dos fatos mais importantes dessa dinastia: a conversão ao

    cristianismo ortodoxo, em 988 d.C. Reza a lenda que a escolha de Vladimir por essa

    religião foi motivada pela possibilidade que esta lhe conferia de ter mais de uma mulher.

    O cristianismo ortodoxo nasceu de uma cisma na Igreja. A queda de Roma, onde

    a Igreja Católica foi fundada, e a invasão dos povos bárbaros à cidade fizeram com que

    o imperador Constantino estabelecesse uma nova capital: Constantinopla. Contudo, a

    medida não foi aceita por todos e duas igrejas passaram a coexistir: a de Roma e a de

    Constantinopla. O aumento crescente da divergência entre as práticas dessas igrejas

  • culminou na excomunhão mútua. A partir desse momento, estava configurado o cisma e

    a Europa passou a viver com dois papas. Assim, de Constantinopla rumo ao Oriente, o

    cristianismo propagado não é o apostólico, mas o ortodoxo da Igreja de Constantinopla,

    que não entende a Igreja de Roma, do Vaticano, como legítima.

    Constantinopla se tornou a única cidade com uma igreja e um império. Em vista

    disso, foi considerada a Segunda Roma. No entanto, também veio a ser tomada, por

    Genghis Khan2. Como a Rússia já havia adotado o cristianismo ortodoxo como religião

    neste período, houve uma transferência de poder de um império para o outro.

    Vladimir legou a seu filho, Yaroslav, o Sábio, o trono. Yaroslav escreveu um

    código legal, que foi promulgado por seus filhos. Esse código, com atraso civilizacional

    de mil anos, trazia leis expressas no código de Hamurabi, com normas extremamente

    específicas, como: “se você roubar um carneiro de um homem nobre que seja cristão,

    você será decapitado às 20h”. Se não é carneiro, se não é um homem nobre, se não é

    cristão, nada se aplica. Essas leis, provavelmente, tinham influência de crenças litúrgicas

    e religiosas.

    A morte de Yaroslav provocou uma disputa entre seus filhos pelo trono, o que

    dissipou a ordem anteriormente existente. Ao mesmo tempo, a riqueza se tornava

    escassa, uma vez que as Cruzadas estavam impedindo o comércio com Constantinopla.

    Sem uma herança legítima, a Rússia caiu em uma anarquia. Como resultado, o mito

    fundador, que era governar, com ordem, a distribuição de riqueza, colapsou nesse

    primeiro momento. Os povos bárbaros, que viviam nas proximidades, perceberam essa

    desestabilização e invadiram, roubaram e destruíram tudo. Com a unidade perdida, o

    povo se destrinchou em pequenas tribos.

    Até que um acontecimento veio abalar essa Rússia fragmentada. Após ter tomado

    toda a Ásia, Genghis Khan decidiu realizar uma missão de reconhecimento da Europa e,

    para isso, invadiu a Rússia. As tropas de Genghis Khan venceram a batalha, mas ficaram

    impressionadas com o tamanho da civilização presente naquele território, pois

    acreditavam que encontrariam apenas aldeias, na região. Diante desse cenário, haviam

    optado por recuar. O povo russo, que não sabia quem eram aqueles guerreiros, não

    compreendeu por que eles vieram para seu território, mataram pessoas e foram embora.

    Isso ficou como uma espécie de mito da muralha do norte, como em Game of Thrones.

    2 Genghis foi um aldeão que ganhou uma enorme força militar, sendo um dos maiores

    generais da história. A palavra khan, acoplada ao seu nome, significa líder tribal.

  • Quatorze anos se passaram até que Batu Khan, neto de Genghis Khan, voltou

    para ocupar a Rússia com mais de 300 mil soldados. Essa foi a primeira vez que a Rússia

    perdeu no inverno, pois esse exército vinha da Sibéria, onde as temperaturas beiram os

    40ºC negativos. Além disso, possuíam uma tática de guerra bem estruturada. A cavalo,

    eles se posicionavam em fileiras, que eram abertas apenas quando ficavam de frente

    com o inimigo. Ao se abrir, rodeavam o inimigo, decepando a todos.

    A vitória de Batu Khan pôs fim à dinastia Rurik e deu início a um novo período na

    história da Rússia: o Canato da Horda Dourada.

    O CANATO DA HORDA DOURADA

    O Canato da Horda Dourada corresponde à fase em que Batu Khan dominou o

    território russo. O nome é a junção de Canato, que é uma espécie de império khan, e de

    Horda Dourada, que se refere à tenda dourada em que Batu Khan ficou instalado para

    fazer o cerco da capital do Império russo. Na ética khan, a tenda dourada era utilizada

    para indicar que ali estava o líder. Diferente de outros exércitos, os khan não escondiam

    seus líderes. Pelo contrário, destacavam sua localização, para que fossem encarados.

    Para a historiografia russa, esse período é estudado como o jugo dos tártaros,

    cuja influência explica o clima de violência que começou a se estabelecer na Rússia.

    Como governante, Batu Khan estabeleceu novas regras para o território, dentre

    as quais se destaca a obrigatoriedade de pagar impostos, o que assinalava a servidão e

    a subjugação de todos ao império do Canato. Atrasos no pagamento dos tributos não

    eram tolerados e, como forma de punição e exemplo, as cidades eram devastadas

    quando isso acontecia.

    Neste contexto, um indivíduo teve uma ideia brilhante para ascender: oferecer-se

    aos khans como representante do canato, para realizar a coleta dos impostos e entregá-

    los. Com esse empreendimento, formou-se o grão-ducado moscovita, nascia a cidade

  • de Moscou. O benefício da função era tremendo e possibilitou ao representante não

    apenas cair nas graças políticas do Canato, como também centralizar todo o recurso e

    desenvolver Moscou.

    Uma insurreição contra o Canato da Horda Dourada, em busca da reconquista da

    independência da Rússia, não demorou a acontecer, tendo como gatilho uma questão

    religiosa. O neto de Batu Khan fez um acordo de paz, casou sua filha com Maomé II e

    se converteu ao islamismo. Com isso, o território cristão ortodoxo passou a ser julgado

    pelo islã. A ameaça que isso representava para os hábitos, a liturgia e o culto cristãos

    motivou o príncipe de Moscou a convocar todas as aldeias em que coletava impostos

    para expulsar os islâmicos.

    Ao final da guerra, com a vitória dos moscovitas e a consequente expulsão do

    Canato, todos confraternizaram, comemoraram e rezaram juntos. Todos se sentiram

    russos. É a primeira vez que isso acontece no centro da Rússia e Moscou se torna a

    grande potência que centraliza a paz.

    O NOVO TSAR

    Roma, a primeira Roma, estava destruída, invadida por tribos bárbaras.

    Constantinopla, a segunda Roma, estava nas mãos do Império Otomano, que era

    muçulmano. Ao mesmo tempo em que isso ocorria, Moscou venceu uma batalha muito

    improvável, na qual conseguiu expulsar os islâmicos com a premissa de uma guerra

    santa. Mais do que isso, estabeleceu a igreja ortodoxa como religião oficial.

    Um conselho foi formado para decidir quem seria o novo rei e Ivan III foi eleito.

    Por se sentir representante da Terceira Roma e herdeiro de Júlio César, Ivan III se

    autonomeou com uma palavra a não se esquecer: ele afirmou ser o novo César, ou seja,

    o novo Tsar3. Ao fazer isso, estava informando ao mundo que se entendia como sucessor

    legítimo da Terceira Roma.

    Ainda que os Impérios Franco, Prússio e Inglês não lhe concedessem importância,

    Ivan III conquistou grande legitimidade ao realizar uma missão de expansão e de

    reunificação do território.

    Essa legitimidade ainda foi fortalecida ao conseguir se casar com a última herdeira

    do Império Bizantino, tornando-se a Segunda e a Terceira Roma. O casamento significou

    a apropriação da cultura bizantina, de sua arquitetura, da língua, do alfabeto cirílico e da

    3 Não há diferença entre Czar e Tsar, exceto a grafia. Ambos significam César.

  • Águia de Duas Cabeças. A intensidade dessa influência foi imensa e forma o que

    entendemos hoje como a cultura russa.

    Ivan IV, filho de Ivan III, sucedeu-o no trono, usufruindo de uma legitimidade ainda

    maior, sendo coroado pela Igreja Ortodoxa. Em sua coroação, o monge sentenciou:

    “Constantinopla caiu diante do Império Otomano muçulmano, e o czar moscovita é o

    único governante da igreja. A Terceira Roma será o sucessor final da antiga Roma e da

    cristandade. Os centros de cristandade nos aceitarão como seu primeiro período.”.

    Isso subiu à cabeça de Ivan IV, que entendeu que a única missão da Rússia, a

    Terceira Roma, era conquistar o mundo. Isso ressoou profundamente no imaginário

    popular da Rússia e passou a pautá-lo. Os russos se entendiam como os únicos cidadãos

    legítimos do planeta. E os demais tinham que se converter à Igreja Ortodoxa.

    Em um de seus primeiros atos, Ivan IV espancou seu filho até a morte com o cetro

    real, devido a uma discussão entre ambos. No dia seguinte, voltou a governar

    normalmente. Essa atitude perversa lhe conferiu a alcunha de Ivan IV, o Terrível.

  • Ivan IV, o Terrível, também demonstrou outros comportamentos cruéis, como

    mandar seu exército atravessar, a nado, um rio congelado, com temperaturas próximas

    a -20ºC. Ele queria verificar se os soldados conseguiriam chegar vivos à outra margem,

    a fim de saber se poderia se valer dessa estratégia militar, caso fosse necessário.

    Mesmo essas ordens eram obedecidas, pois, com o dinheiro advindo das

    dominações de Moscou, Ivan IV contratava a facção dos cossacos. Os cossacos eram

    mercenários que vendiam serviços de guerra. Eles estavam assentados entre a Polônia,

    a Crimeia, o Império Otomano e a Rússia.

    Ivan IV não conseguiu perpetuar sua dinastia. Seu filho Tion, um doente mental,

    matou o próprio irmão e, incapaz de governar, acabou morrendo também. Com a sua

    morte, a Rússia, uma vez mais, entra em uma anarquia.

    Gostaria de chamar a atenção para um fato: esse é o quarto ciclo em que um

    reinado começa com a ideia de expansão, paz e riqueza e termina em desgraça,

    destruição e morte.

    Nesse período anárquico, entra-se na “Era dos Problemas”, caracterizada por

    várias guerras e pela morte de ⅓ da população devido à fome e à peste negra, que

    vitimaram toda a Europa entre os séculos XI e XIV.

    A fé cristã ortodoxa desempenharia novamente um papel fundamental para o

    restabelecimento da ordem no país. Neste contexto de fragilidade da Rússia, a Polônia,

    uma adversária antiga, tomou Moscou e subjugou a igreja com outra cultura. Isso

  • provocou uma reação de um príncipe que, motivado pela questão religiosa, conseguiu

    expulsar os invasores e restituir a independência da Rússia. A relevância desse fato,

    para os russos, é tamanha que, embora não haja muitos detalhes historiográficos, até

    hoje, em todos os dias 4 de novembro, comemora-se o dia da unidade nacional da

    Rússia, o dia em que os russos expulsaram os poloneses.

    Embora fosse general, o príncipe que comandou a resistência e a vitória sobre os

    poloneses não se considerou capaz de governar no cenário de desordem em que estava

    imersa a Rússia. Por isso, um novo conselho, composto por nobres, aristocratas, donos

    de terra, entre outros, foi criado para nomear um novo rei. O escolhido, desta vez, foi

    Mikhail Romanov.

    OS ROMANOV

    Mikhail tinha apenas 16 anos quando foi escolhido para governar o império russo;

    era pertencente a uma família tradicional muito rica da Rússia. Sua mãe chorou

    copiosamente, apavorada com o que poderia acontecer, por medo de seu filho morrer.

    Os monges chegaram a lhe pressionar, questionando se preferia que a Rússia

    afundasse.

    A Rússia, de fato, vivia um caos alarmante. Moscou, o centro de poder, era alvo

    constante de saqueadores e, era tal a gravidade da situação, que Mikhail precisou ficar

    hospedado em um monastério, em um primeiro momento. Receoso acerca de seu

    futuro, Mikhail Romanov visitou o oráculo do conselho, representado pelo conselho de

    monges anciãos da Igreja, em busca de orientação. O oráculo respondeu a Mikhail: “o

    senhor terá muito sangue pela frente, mas não será o seu, e sim o de seu nome. Fique

    tranquilo.”.

    A profecia é incrível, de tão real. Com a segurança de que não iria morrer, Mikhail

    assumiu o trono da Rússia e inaugurou a dinastia Romanov, que vigorou nos 200 anos

    seguintes. Como precisava chegar até Moscou, que estava um pandemônio, Mikhail

    começou a ceder territórios para a Prússia e para a Suécia, em troca de paz. Sua

    estratégia obteve resultados e a Rússia começou a se restabelecer. Logo em seguida,

    no entanto, aos 23 anos, Mikhail morreu por problemas de saúde.

    Seu parente e herdeiro, Alexei I, assumiu o trono e estipulou uma das medidas

    mais significativas, no meu ponto de vista, para que a revolução tenha acontecido nesse

    país, e não em outro. Alexei I determinou a lei da servidão, que transformou 80% da

    população em servos da nobreza. Essas pessoas perderam seu direito à escolha, não

  • podiam fugir e não podiam ter a sua liberdade comprada por um terceiro. Se um indivíduo

    nascia como servo de uma família, sabia que morreria com ela. Existiam senhores que

    matavam seus servos, por não quererem assumir as despesas. Politicamente, essa era

    uma decisão estúpida, porque colocava, em médio prazo, 80% da população contra o

    governante. Esse sistema vigorou por 200 anos na Rússia, até que a família Romanov

    promoveu uma releitura da lei da servidão. Quando esse momento chegou, no entanto,

    as pessoas entenderam que os Romanov deviam ser mortos.

    Racin, um intelectual, protestou contra a lei da servidão, negando-se a aceitá-la.

    Como punição, recebeu a pena de morte, que aconteceu em praça pública. O povo se

    reuniu para assistir Racin ser esquartejado: primeiro os pés, depois a cintura, depois os

    braços e, por fim, a cabeça. Exercendo uma governança rígida, Alexei I usava

    constantemente condenações para servirem de exemplo, a fim de demonstrar o que

    aconteceria àqueles que desrespeitassem suas leis.

    Durante o seu reinado, os cossacos foram invadidos pela Polônia e recorreram a

    ele, em busca de apoio militar. Para obtê-lo, os cossacos colocaram em perspectiva que

    isso permitiria a aniquilação da Polônia e ofereceram como recompensa a anexação de

    territórios pelos Romanov. Alexei I aceitou o acordo e o povo polonês foi massacrado.

    Nessa época, os demais 20% da população não podiam optar pelo emprego que

    quisessem. Havia um livro em que constavam todas as profissões exercidas pelos

    membros de uma determinada família. As pessoas estavam restritas ao histórico de

    profissões de seus pais. Essa norma trouxe consequências negativas: com a falta de

    liberdade de escolha, os postos de trabalho eram ocupados por maus profissionais.

    Posteriormente, ao perceberem os efeitos prejudiciais, os Romanov decidiram que a

    disputa de emprego, para aqueles 20% da população pertencente à nobreza, seria

    realizada com base no mérito. No entanto, o pedido para o exercício de uma profissão

    específica deveria ser submetido ao governo, que, sob seus critérios, poderia emitir ou

    não a aprovação. Tempos depois, quando Fiodor III assumiu o trono, tentou abolir essa

    prática e queimou os antigos livros de posição social como ato simbólico, para dizer que

    isso não fazia mais parte da Rússia.

    A dinastia Romanov deu prosseguimento à política de expansão do território por

    meio de guerras regulares. Desse período, também destaca-se a celebração de um

    tratado de paz com a Polônia, para que ambos os países formassem a Liga Santa, cuja

    finalidade era derrotar os muçulmanos.

  • Alguns monarcas reinaram até que Pedro, o Grande, ascendeu ao poder. Em

    busca de aliados para a Guerra Santa contra os mouros, Pedro realizou um feito sem

    precedentes: se tornou o primeiro rei a sair da Rússia. Em sua viagem à Europa à procura

    de apoio, ficou impressionado com o desenvolvimento da França e da Inglaterra, com as

    ciências e com a tecnologia. Deslumbrado, retornou à Rússia com anseios de modernizar

    o país.

    Embora, de fato, tenha promovido uma modernização, Pedro a executou aos

    moldes russos. Primeiro, decidiu construir uma nova capital, mais moderna e mais

    próxima à fronteira europeia. Para isso, determinou a invasão da Suécia. São

    Petersburgo, teoricamente em homenagem a São Pedro, era, na realidade, uma

    referência a si mesmo. O planejamento da cidade e de suas construções foi entregue a

    arquitetos italianos, em um período em que Firenze vivia o auge de sua arquitetura.

    O território escolhido para edificar a nova cidade sofria com enchentes frequentes,

    o que impedia o transporte de maquinário para o local. Por isso, Pedro ordenou que os

    servos russos construíssem São Petersburgo com as próprias mãos. Nenhuma pá foi

    utilizada. Os servos precisaram cavar 1 km de profundidade com as próprias mãos, para

    colocar as estacas. O resultado dessa decisão é estarrecedor: nenhuma batalha, na

    história da Rússia, matou tantas pessoas quanto a fundação de São Petersburgo. 25 mil

    pessoas morriam todos os meses.

    Depois de concluídas as obras, os muçulmanos conseguiram realizar um cerco

    de oito dias à cidade. Nesse episódio, os soldados pensaram em uma criação

    disseminada ainda hoje: eles transformaram a madeira em um escudo com viseira, para

    poder atacar, dando origem aos escudos utilizados atualmente pelos policiais. Pedro, o

  • Grande, conseguiu resistir ao cerco e mandou que construíssem a Igreja de São

    Petersburgo com oito torres, cada uma representando um dia do cerco.

    Pedro ainda deu mais um pontapé rumo à revolução. Frustrado com a abolição

    do livro que determinava as profissões, estabeleceu uma tabela de posições sociais na

    Rússia, que dividia as pessoas em 14 classes diferentes4, sendo essa informação de

    obrigatória apresentação. A partir da 8ª classe, para cima, a pessoa pertencia à nobreza,

    enquanto dá 8ª à primeira, era considerada subalterna. Para calcular a classificação de

    todos, um sistema burocrático gigante foi criado.

    Essa tabela de posições sociais gestou uma das maiores sociedades do cinismo,

    denunciada na literatura russa do século XIX. Em função das classes, uma quantidade

    enorme de falsidade passou a vigorar na sociedade, uma vez que todos conversavam

    sabendo quem o outro era, quanto tinha e o que seria na vida. Em toda a literatura russa,

    percebe-se uma obsessão por saber a qual classe social cada sujeito pertence.

    Todas essas decisões não impediram que Pedro, por meio de lobby, fosse

    internacionalmente declarado, por suas construções e modernizações, como: Peter, the

    Great; Father of his country; Imperor of all the Russians.5

    CATARINA E A CHEGADA DOS IDEAIS REVOLUCIONÁRIOS

    O trono foi passando de geração em geração até que Catarina, a Grande, assumiu

    o poder. Catarina foi uma imperatriz que matou o marido - por considerá-lo um zé

    ninguém -, e tomou o poder. Afeita a amantes, mantinha um harém diversificado, ao qual

    presenteava com boas comidas e servos. Catarina, que escolheu “razão, tolerância e

    progresso” como lema de seu reinado, desempenhou um papel decisivo para os rumos

    vindouros da Rússia.

    4 O historiador Angelo Segrillo realizou a primeira tradução completa da tabela de patentes.

    Está disponível no laboratório de estudos da Ásia, do Departamento de História da USP. 5 Pedro, o Grande, pai do seu país, imperador de todas as Rússias.

  • Como queria estudar filosofia para parecer bem na sociedade, buscou tornar-se

    amiga dos melhores filósofos da época. Assim, se aproximou dos salões de Paris, em

    que Diderot, Voltaire, Rousseau, entre outros, já defendiam suas propostas de reforma.

    Além disso, também ficou encantada com as filosofias de Hegel e Kant. Fascinada com

    esses estudiosos, Catarina decidiu levar esses conhecimentos modernizadores para seu

    país que, em sua concepção, só tinha servos analfabetos. Para isso, realizou uma

    missão em 1762, em que levou a alta cúpula das filosofias francesa e alemã para a

    Rússia, a fim de fundar as primeiras escolas públicas russas com essas ideias.

    Por ser apaixonada pela estética do sábio da filosofia, da filosofia enquanto status,

    e não necessariamente do conteúdo em si, Catarina não compreendeu o que fazia. Em

    uma sociedade em que 80% das pessoas eram servas, em que os reis frequentemente

    massacravam a população, ela resolveu fornecer uma educação formada pela junção

    dos pensamentos de Hegel - para quem o Estado é o novo Deus e Deus não existe mais

    e, portanto, não precisa ser acreditado - e de Voltaire, cuja frase mais famosa é “A

    revolução só estará feita quando o último padre for enforcado nas tripas do último rei.”.

    A criação de uma ferrovia ligando Moscou a São Petersburgo possibilitou o fluxo dessas

    ideias no país.

    A cultura russa, de fato, floresceu muito, pois Catarina embutiu muito

    conhecimento num povo muito sofrido, de milhares de anos de guerra, fome e dor. O

    século seguinte seria dos grandes escritores da literatura e não só Nikolai Gogól,

    Turguêniev, Tchekhov, Dostoiévski, Stanislavski, Tolstói, Bolshoi. A lista é incrível. Uma

    elite intelectual estava formada.

    A modernização de Catarina não se deteve na educação. Ela também mandou

    construir o Palácio de Inverno, aos moldes de Luís XIV, para ser a nova casa dos

    Romanov. Além disso, formou uma coleção de obras de arte invejável, abrigada hoje no

  • Hermitage, um dos maiores museus da Europa. Com isso, ela seguiu todos os passos

    de quem perdeu a cabeça na guilhotina. E mais um spoiler: o Smolny, colégio de meninas

    que fundou para a aristocracia, foi usado por Lênin como base antes da Revolução, por

    estar próximo do Palácio de Inverno. Catarina construiu, literalmente, o caminho da

    revolução.

    A elite intelectual, formada pelas ideias do iluminismo francês e do materialismo

    alemão, popularizava cada vez mais a ideia de que era preciso um movimento de

    liberalização.

    E foi neste contexto que os Romanov mandaram servos para a Sibéria, a fim de

    construir a ferrovia transiberiana e de demonstrar que não perdiam o Império Russo de

    vista. Na Sibéria fazia tão frio, que o exército sequer ia supervisionar os trabalhadores.

    Lentamente, tantas decisões inumanas criam o questionamento: por que se submeter e

    trabalhar para esses reis?

    Catarina foi uma boa conquistadora, tendo anexado 500 mil hectares de terra ao

    Império Russo, dentre os quais, consta a anexação da Polônia6. Com o advento da

    Revolução Francesa, abandonou o iluminismo, no final de sua vida. No entanto, a

    população russa já havia absorvido aquela filosofia. Seria nessa mesma elite que “O

    Manifesto Comunista”, que estava sendo escrito naquela época por Karl Marx e Friedrich

    Engels, iria se proliferar.

    Catarina é sucedida por Alexandre I, responsável por enfrentar as guerras

    napoleônicas contra a França. Para a trajetória que desejamos percorrer, são dois os

    acontecimentos fundamentais de seu reinado. Primeiro, o fato de a Rússia anexar a

    Geórgia, terra natal de Stálin, concedendo-lhe o direito de ser russo. Segundo, a perda

    do apoio do exército, que ansiava por uma reforma liberal. Para alcançar essa finalidade,

    sociedades secretas surgiram e tentativas de golpes foram executadas contra os reis.

    Diante desse cenário ameaçador, como reação, os Romanov passaram a

    massacrar o povo violentamente.

    Após Alexandre I, teve início o reinado de Nicolau I, que ironizou o lema de

    Catarina, “Razão, Tolerância e Progresso”. Sem se dar conta de que já não contava com

    o apoio do exército e de que havia uma elite intelectual impregnada pelas idéias

    6 Com a anexação da Polônia, houve a absorção de toda uma população judaica. Sendo a cultura russa hostil aos judeus, zonas de assentamentos foram criadas para eles morarem. Excursões

    de extermínio aos judeus, chamadas Progom, eram realizadas por facções organizadas, nessas

    zonas de assentamento. Isso fez com que milhões de judeus fugissem, a maior parte deles para

    os Estados Unidos e para a Alemanha.

  • revolucionárias, adotou para si as máximas “Ortodoxia, Autocracia e Nacionalidade”.

    Para ele, a Rússia deveria estar marcada pela Igreja, pelo Rei e pelo espírito russo de

    Terceira Roma.

    Uma tensão estava se avolumando, quando um acontecimento se perpetuou no

    imaginário russo daquele momento: Pushkin, um dos maiores e mais bem quistos

    poetas, foi baleado pelo exército em uma praça pública, no meio de Moscou. No dia

    seguinte, uma elite intelectual revoltada realizou manifestações, cantando as poesias de

    Pushkin e gritando que o poeta havia sido morto pelo exército. Isso mobilizou a sociedade

    a tal ponto que impossibilitou que uma narrativa favorável aos Romanov fosse inventada

    e propagada.

    Este é o panorama da Rússia quando o ano de 1848 chega, trazendo consigo

    dois eventos fundamentais para insuflar as turbulências vindouras. A publicação de “O

    Manifesto Comunista”, por Karl Marx e Friedrich Engels, fez com que Alexander Herzen,

    um líder intelectual da Rússia, se exilasse em Londres, a fim de traduzir o livro e o enviar,

    sem ser punido, à aristocracia russa, com a qual fora criado nas escolas das missões

    intelectuais do materialismo alemão e do iluminismo francês de Catarina.

    UMA PEQUENA RETOMADA

    Vimos como um povo que tem como mito fundador a ordem estabelecida para

    distribuição da riqueza, tropeçou nesse ideário diversas vezes ao longo da sua história,

    caindo em situações de anarquia.

    Vimos, também, como esse mesmo povo guerreou constantemente, para se

    expandir, baseado na crença de ser o novo mundo, a Terceira Roma. Um

    desenvolvimento associado a uma série de repressões, que impediram a industrialização

    de seu país, a Rússia.

  • Chega o momento em que a Rússia se torna uma panela de pressão. Para piorar,

    sua rainha, de forma inconsequente, no sentido de não perceber a incompatibilidade da

    premissa filosófica que estava defendendo com o que estava fazendo, importa ideais

    revolucionários para dentro da Rússia, um lugar onde as pessoas se matam por nada.

    A filosofia do iluminismo francês e do materialismo alemão formam uma

    intelectualidade, que se revolta quando um poeta é morto em praça pública pelo exército.

    Neste contexto, surge um novo rei, Nicolau I, que acredita que, se o exército não está do

    lado da monarquia, a solução é governar de forma mais rígida e autoritária. E aí um

    intelectual se exila e traz “O Manifesto Comunista” para dentro da Rússia.

    No próximo e-book, veremos o que acontece com “O Manifesto Comunista”, que

    cai nas mãos de cinco jovens, que passam a entender que o papel deles na humanidade

    é aproveitar o contexto histórico da Rússia desgastada para acelerar a revolução.

  • INDICAÇÕES DE LEITURA7

    TURGÊNIEV, Ivan. Pais e Filhos.

    DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Duas narrativas fantásticas (contos: "A dócil" e "O sonho de um

    homem ridículo).

    DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Memórias do Subsolo.

    DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Crime e Castigo.

    DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os demônios.

    DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os irmãos Karamazov.

    FRANK, Joseph. Dostoiévski: um escritor em seu tempo8.

    GOGÓL, Nikolai. Almas mortas.

    TOLSTÓI, Liev. A morte de Ivan Ilitch.

    TOLSTÓI, Liev. Guerra e Paz.

    MASSIE, Robert K. Pedro, o Grande.

    MASSIE, Robert K. Catarina, a Grande.

    MONTEFIORE, Simon. Os Románov.

    SERVICE, Robert. O último Tsar.

    ENGELS, Friedrich, MARX, Karl. O Manifesto Comunista.

    SEBESTYEN, Victor. Lênin - um retrato íntimo.

    SERVICE, Robert. Trótski.

    KHLEVNIUK, Oleg. Stálin - Nova biografia de um ditador.

    SOLJENÍTSIN - Alexander. O Arquipélago Gulag.

    GROSSMAN, Vassili. Vida e Destino.

    Org. Daniel Reis - Os manifestos Vermelhos

    MAIAKÓVSKI, Vladímir. Sobre isto.

    BUSHKOVITCH, Paul. Russia before Russia - A concise History of Russia.

    7 A lista de indicações de leitura foi pensada para ser lida na ordem proposta acima, a fim de

    evitar dificuldades e de promover fluência na cultura russófona. Por isso, as normas da ABNT

    não foram utilizadas. Além disso, recomendam-se as edições da editora Cosac Naify e da

    editora 33. 8 Este livro foi considerado a melhor biografia da história das biografias literárias, ao intercalar

    toda a vida de Dostoiévski com trechos dos seus livros e a interpretação que ele possivelmente

    deu a cada um desses fragmentos.