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ANGELA MACIEL NOGUEIRA ORIGEM E CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA DE CORDEL Artigo apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura Plena em Letras/Inglês das Faculdades Integradas de Ariquemes – FIAR. Orientador: Prof.ª Maria Isabel Rech Ariquemes 2009 ANGELA MACIEL NOGUEIRA

Cordel

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Origem e características da literatura de cordel

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  • ANGELA MACIEL NOGUEIRA

    ORIGEM E CARACTERSTICAS DALITERATURA DE CORDEL

    Artigo apresentado como requisito parcial para obteno do ttulo deLicenciatura Plena em Letras/Ingls das Faculdades Integradas deAriquemes FIAR.Orientador: Prof. Maria Isabel Rech

    Ariquemes2009

    ANGELA MACIEL NOGUEIRA

  • ORIGEM E CARACTERSTICAS DALITERATURA DE CORDEL

    Artigo apresentado como requisito parcial para obteno do ttulo deLicenciatura Plena em Letras/Ingls das Faculdades Integradas deAriquemes FIAR, sob apreciao da seguinte Banca Examinadora:

    Aprovado em 26 de Novembro de 2009.

    Prof. Orientadora:Maria Isabel Rech

    Prof.Adair Aquino

    Prof.Marcos Mariamo

    Ariquemes2009

    ORIGEM E CARACTERSTICAS DA LITERATURA DE CORDEL[1]

    Maria Isabel Rech[2]Angela Maciel Nogueira[3]

    RESUMOA Literatura de Cordel, mesmo tendo origem humilde, tem um esprito clssico, asperasempre a correo e considera-se que tenha inclusive, um propsito educativo. Suainteno sempre a de escrever da maneira mais correta possvel. O Cordel umapoesia oral, mas com influncia notvel na escrita, da norma gramatical culta. Issoacontece quando no se trata do Cordel relacionado poesia matuta. A capacidade decriar historinhas do nada, criar alegorias a partir dos menores acontecimentos, a visocrtica e irnica quanto aos costumes do dia a dia faz com que o ser humano tenha umacapacidade intuitiva das motivaes por trs dos atos humanos. O lirismo, a filosofia somarcos de Cordel, realmente so motivadores para se adquirir e desenvolver o sabor

  • que a leitura traz. Com toda a tecnologia ao alcance se faz necessrio tornar a sala de aulaagradvel, com materiais que faam a diferena no ensino-aprendizagem, em especial leitura. Segundo Nietzsche, grande filsofo, a criatividade vem como um raio e notemos como det-la. Isso poder acontecer sem muito esforo com a leitura atravs deCordel, no momento em que se tem como objetivo em cada texto interagir com os alunosauxili-los a criar novos textos, abrir condies para expandir a potncia de criar poissem a criao no h aprendizagem. sem a arte no se forma o homem.

    Palavras-Chave: literatura, cordel, incentivo, leitura.

    ABSTRACT

    The Corde literature, still having humble origin, has a classical spirit, prey always thecorrection and consider that it has included, an educative purpose. His intention is alwaysto write of the most correct way possible. The Corde is an oral poetry, but with remarkableinfluence in the writing, of the grammatical norm literate. This becomes when you donot treat of the Corde related to the poetry country bumpkin. The capacity to createlittle histories of the at all, create arts from the smallest events, the critical vision andironical how much to the habits day by day does with that the human being havean intuitive capacity of the motivations by behind the human acts. The lyricism, thephilosophy are frames of Corde, really are motivators to purchase and develop the flavorthat the reading carries with all the technology to the extent does necessary do the roomof pleasant classroom, with materials that do. The difference in the education-learning,especially to the reading. As Nietzsche, big philosopher, the creativity comes like a rayand do not have how detain it. This will be able to become without a lot of effort withthe reading through Corde, at the moment In that there be like aim in each text interactwith the students help-hers to create new texts open conditions to expand the potencyto create therefore without the creation there is not learning. Without the art does notform the man.

    Keywords: literature, corde, incentive, reading.

    INTRODUO

    Por serem essenciais na formao escolar a leitura e a escrita merecemateno especfica dos professores das diversas reas.A escola deve criar um crculo virtuoso em que esses dois segmentosmelhorem e ajudem na aprendizagem global do aluno. de sumaimportncia, no somente a leitura de materiais que se encontrem na salade aula, preciso ir mais longe, preciso, como dizia Paulo Freire, umaleitura de mundo para que se possa compreender a prpria realidade ondese est inserido. por meio da leitura e da escrita que se d acesso grande parte da cultura humana. Mais que uma mera reproduo do somdas palavras, imprescindvel compreend.-las.Para cumprir esse objetivo igualmente importante lanar mo de vriosmeios e com eles atender aos interesses de crianas e jovens. Tcnicasdiversificadas entram no vale tudo para despertar o interesse pela leiturae consequentemente pela escrita. Dentre as mais variadas artimanhas

  • para que o aluno sinta o prazer e adquira o hbito da leitura est aLiteratura de Cordel, linguagem simples, escrita breve, realidade, essesso alguns dos atributos que envolvem, despertam e facilitam a leitura. OCordel leva memorizao e isso est relacionado prpria compreensodo que se l, e sabido que s se gosta e se aprecia aquilo que se entende.Desse modo passa a existir uma verdadeira apropriao da leitura. ParaWalter ONG (1982) o fato de, em uma cultura oral, as palavras estaremrestritas ao som no determina apenas os modos de express-las, mastambm os processos de pensamento e de estocagem do conhecimento.

    1 ORIGEM E CARACTERSTICAS DA LITERATURA DE CORDEL

    Segundo Ana Maria de Oliveira Galvo (2002), tradicionalmente aspesquisas tm tomado a histria como objeto da cultura erudita no Brasil,tendo a considerar como mediadores fundamentais para inserir osindivduos, familiares e os grupos sociais no mundo do conhecimento,escrita, escolarizao e o contato com a leitura. Sabe-se ainda, que pelomenos at as primeiras dcadas do sculo XX, as taxas de analfabetismochegavam a quase 70% da populao com mais de 15 anos e erammuito baixos os ndices de escolarizao, supondo-se deste enfoque que,at recentemente, somente parte nfima da elite cultural brasileira serelacionava com escrita, leitura, cultura e artes clssicas.Atravs de estudos que mostram que as relaes e mediaes entreindivduos, grupos sociais e o mundo da cultura escrita so muito maiscomplexas, pelos fatores histricos, econmicos, sociais, raciais e degnero. Sendo o histrico motivado pelo processo de colonizao deexplorao que gerou o fator econmico de desigualdades sociais de poderaquisitivo, acarretando distines e preconceitos raciais, adicionado aocontexto de superioridade do homem sobre a mulher.Destacando que estes indivduos remetidos a uma espcie de limbo napesquisa histrica e educacional letrada inseriam-se no mundo da culturaescrita atravs da prtica oral da socializao da escrita (Cordel).Hoje a exemplo dos quadrinhos, tirinhas, charges, leitura visual e damsica que, so instrumentos de colaborao usados fartamente em salade aula, a Literatura de Cordel vem a facilitar o trabalho do professorno quesito incentivo prtica da leitura, sabido que a Lngua Portuguesadeve ser trabalhada em um contexto harmnico para despertar o interessepela leitura. Visto que as caractersticas do Cordel aguam no leitor avontade de ler mais, por serem pequenos textos, alguns at agraciadoscom ilustraes chamadas xilogravuras (etimologicamente, a palavraxilogravura composta por xilon, do grego, e por graf, tambm dogrego xilon significa madeira e graf gravar ou escrever, assim,xilogravura uma gravura feita com uma matriz de madeira, simplificando,pode-se dizer que um processo de impresso com o uso de um carimbode madeira) (Museu Casa da Xilogravura, 2009, on line), e de baixo custocom linguagem clara, cotidiana e tom humorstico, ricos em rimas, prezama funo potica podendo ser falado ou cantado com o acompanhamento

  • de instrumentos musicais e uma verdadeira platia, mostrando com isso ovalor para a mediao com o outro, oralidade e memorizao, tratamgeralmente de assuntos pertinentes a realidade vivida pelos espectadorese remete-nos ao conhecimento de outros contextos histricos, porm noh limites para a criao e delimitao desses temas podendo inclusivetratar de assuntos religiosos e lendas. Segundo Ariano Suassuna (apud,GASPAR, 2003, on line): a literatura popular em versos do Nordestebrasileiro pode ser classificada nos seguintes ciclos: o herico, omaravilhoso, o religioso ou moral, o satrico e o histrico.

    1.1 LINHA HISTRICA DA LITERATURA DE CORDEL NO MUNDO E NOBRASIL

    No h preciso da data em que se iniciou a Literatura de Cordel, embuscas feitas encontrou-se uma grande disparidade entre as datas, unsadotam o sculo XII, como relata a reportagem do jornal Mundo Lusadas,por Costa Filho de 02/Abr/2007.

    A Literatura de Cordel, vem de Portugal, comeou ai por volta doinicio do sculo XVII (sculo 17), mesmo porque, a poesia eterna,vem da alma dos poetas, dos declamadores, dos cancioneiros etemos notcias j do sculo XII (sculo 12), quando ainda falava-se o portugus arcaico, de poesias que ficaram gravadas paraa posterioridade, como do poeta dessa data: Joo Rodrigues deCastelo Branco(COSTA FILHO, 2007, on line).

    O Jornal Lendo.org de 17 abril 2009, apresenta as primeiras manifestaesde Literatura de Cordel, mostrando-a como um dos primeiros ncleos dacultura mundial relatando que havia manifestaes dessa literatura popularno ocidente por volta do sculo XII no sul da Frana, onde os peregrinosse encontravam, em direo Palestina no norte da Itlia, para chegar aRoma e ainda na Galcia no Santurio de Santiago.Descrevendo que nesses encontros eram transmitidos os primeiros versoscompostos de forma muito primitiva, essas histrias seguiamacompanhadas de instrumentos de msica, dessa forma espalharam-sepela Europa e, posteriormente, pela Amrica.Retomando a pauta da incoerncia cronolgica, Linhares descreve a datado apogeu do Cordel em Portugal que perdura paralelamente com osromnticos do sculo XVI ao XVIII, segundo Linhares (2006, apud,Santana, 2009, on line):

    A literatura de Cordel teve sucesso, em Portugal, entre os sculosXVI e XVIII. Os textos podiam ser em verso ou prosa, no sendoinvulgar trata-se de peas de teatro, e versavam sobre os maisvariados temas. Encontram-se farsas, historietas, contosfantsticos, escritos de fundo histrico moralizantes, etc., no sde autores annimos, mas tambm daqueles que, assim, virama sua obra vendida a preo, como Gil Vicente e Antnio Josda Silva, o Judeu. Exemplos conhecidos de literatura de Cordelso histrias de Carlos Magno e os Doze Pares de Frana, A

  • princesa Magalona, histrias de Joo de Calais e A Donzela Teodora(LINHARES, Thelma R. S. 2006)

    Linhares mostra, portanto, que essa forma de literatura podia serapresentada em forma de teatro, e que no s os annimos escreviam osCordis, mas tambm os grandes nomes como Gil Vicente e Antnio Josda Silva, relato este que leva crer que Cordel no uma literatura vulgar.Consagrado ento na Europa e chegado no Brasil pelas mos dosPortugueses, aos poucos foi se tornando cada vez mais popularprincipalmente no Nordeste e no Sul do Pas regies que presentearam omundo com grandiosos nomes nessa arte. Segundo Fonseca dos Santos(1999, on line):

    A literatura de mascate, de cordel ou folhas volantes, esteveprovavelmente presente no Brasil, como no resto da AmricaLatina, desde os tempos coloniais: documentos comprovam oembarque regular de pliegos sueltos para as colnias espanholas.Contudo, o primeiro folheto brasileiro, encontrado por OrgenesLessa, datado de 1865 e foi publicado no Recife. Escrito sobre omodelo de testamentos de animais, to apreciados pela literaturade cordel portuguesa, ele contm aluses a acontecimentos da vidapernambucana que comprovam sua escritura brasileira. A partir de1893, a literatura de folhetos constitui, aos poucos, um conjuntocomplexo e independente do sistema literrio institucionalizadocom seus poetas e suas editoras que, at os anos 1960, pertencemfreqentemente a poetas. Esta literatura tem suas prprias redesde comercializao (os mascates), sendo vendida nas feiras, nasestaes ferrovirias e rodovirias, e at nas ruas.

    Muzart Santos narra, no trecho acima, que nos tempos coloniais osfolhetos de Cordel faziam parte das expedies para a Amrica Latina,mostrando-nos que essa arte no apenas privilgios das colnias dePortugal, a autora narra tambm, a existncia de documentoscomprobatrios quanto ao registro de data de publicao do primeiroCordel genuinamente Brasileiro.Linhares (2009 on line) reflete que por toda essa linha histrica e dedesenvolvimento da Literatura de Cordel, houve previses pragmticas ede dvida sobre sua estabilidade em pleno sculo XXI, pensou-se queno resistiria em meio era tecnolgica, mas contrariando at mesmoos mais pessimistas o Cordel e os cordelistas evoluram junto com aaplicao dos conhecimentos cientficos a servio dos antigos folhetos,cordelistas anteriormente semi-analfabetos hoje, j so doutores, e asfronteiras do preconceito com essa arte, muitas vezes classificada comsubliteratura ou literatura de incultos rompeu-se, se difundindo e passandoa ser respeitada, apreciada e vista como rica e original, entre todasas camadas de leitores, tornando-se inclusive, alvo de estudiosos. ParaLinhares (2009 on line):

    A literatura de cordel continua um expressivo meio de comunicaoneste sculo XXI, apesar da morte, tantas vezes anunciada, aolongo dos tempos. Felizmente, enquanto expresso cultural,permanece, adaptada, reinventada, no desempenho de suas

  • funes sociais. Informar, formar, divertir, socializar ou poetizar,conforme os diferentes temas que retrata e o enfoque abordado.Da oralidade, l em suas origens remotas, era tecnolgica, hoje, real a transformao e adaptao, compatvel prpria evoluoda humanidade.

    2 A LITERATURA DE CORDEL COMO INCENTIVO LEITURA

    Diante dos desafios didticos pedaggicos, busca-se textos de fcilcompreenso, para despertar nos alunos o gosto pela leitura. Nestemesmo intuito espera-se que os alunos ao terem contato com essa leiturasintam entusiasmo e busquem outras literaturas. GALVO (2002, on line),desenvolveu pesquisa onde constatou que A maioria dos entrevistadosdestacou a leitura de folhetos como fundamental para desenvolver ascompetncias de leitura. Entende-se que a construo de leitores crticose conscientes se d em um processo lento e gradativo. O leitor inicianteatravs dos textos de Cordel sente-se capaz de ler e concluir a leitura, poisos mesmos oferecem essa possibilidade por serem de fcil compreenso efalam da realidade de quem os l. Para Freire (2003) que, acreditava quea leitura do mundo comea desde a famlia, com o ensinamento dos pais,o contato com a natureza e com o convvio social. Essa leitura antecedeo conhecimento dos signos que, a pessoa adquire na escola. A LiteraturaCordeliana vem carregada de contextos histricos, fala da vida simples edifcil das pessoas, quando trabalhada em sala de aula ajudar o professora fazer com que o aluno seja sujeito do conhecimento e se sinta partedeste conhecimento.Galvo (2002, on line), destaca que: Muitos estudos realizados sobreliteratura de Cordel no Brasil apontam o papel dos folhetos na alfabetizaode um significativo nmero de pessoas [...], essas pessoas por teremmuito interesse nas histrias do Cordel viam-se inevitavelmente levadas aaprender a ler, para que soubessem o que estava escrito e poder repassaressa leitura e interpretao para as pessoas que as cercavam. SegundoAlmeida (1963), os folhetos so eficazes, justificando que os versos soescritos de maneira a facilitar as sesses coletivas de leitura em voz alta,o que traz a mediao.

    A literatura de folhetos produzida no Nordeste brasileiro desde ofinal do sculo XIX coloca homens e mulheres pobres na posiode autores, leitores, editores e crticos de composies poticas.Em geral, associam-se esses papis a pessoas da elite se nofinanceira, ao menos intelectual , mas, no caso dos folhetos,gente com pouca ou nenhuma instruo formal envolve-seintensamente com o mundo das letras, seja produzindo e vendendofolhetos, seja compondo e analisando versos, seja lendo e ouvindonarrativas.O sucesso dos folhetos deve-se a um conjunto de fatores, entre osquais se destaca a forte relao com a oralidade mantida por essascomposies. (ABREU, MRCIA, 2004, on line)

  • O leque da Literatura de Cordel to extenso que a partir de umaaparentemente simples roda de amigos ao fim do dia para ouvir histriasrimadas, cantadas, declamadas ou recitadas (um verdadeiro sarau), surgea possibilidade de formar-se deste ponto autores, leitores, editores ecrticos de composies poticas, pois brota a um envolvimento toprofundo e valoroso com o mundo das letras que as barreiras da faltade uma maior instruo intelectual so rompidas para o portal doconhecimento. Percebe-se com clareza que uma literatura relativamentesimples como a de cordel, pode sim influenciar grandiosamente, quemsabe, imensuravelmente de maneira positiva no quesito incentivo leitura.

    2.1 O CORDEL NA SALA DE AULA

    Rasgar as amarras do preconceito faz parte da construo da educao, e rompendo com o bvio modelo de ensino de leitura que surge a figurada Literatura de Cordel na sala de aula como incentivo leitura, em ummundo cada vez menor e alunos cercados de tecnologia, faz-se necessriolanar mo de artifcios para atrair a ateno dos alunos para a leitura,visando a necessidade de promover o desenvolvimento pelo prazer de ler,insitando-os a ter uma aproximao maior com os livros, usando o Cordelcomo ponto de partida para causar interesse pela busca de novos tiposliterrios.

    Nesse contexto de trocas materiais e culturais, de busca pelainformao e posterior utilizao desta para construo doconhecimento, a linguagem se inscreve como sistema mediadorde todos os discursos. Em funo dessa potencialidade de mediarnossa ao sobre o mundo (declarando e negociando), de levaroutros a agir (persoadindo), de construir mundos possveis(representando e avaliando), aumenta a necessidade e a relevnciade novas prticas educacionais relativas ao uso de diferentesgneros textos e aos requisitos de um letramento adequado aocontexto atual (MEURER; MOTTA-ROTH, 2002, p. 10).

    Atrelado a uma boa leitura est a boa interpretao, boa escrita efacilidade em se expressar oralmente, o trabalho de leitura precisa serincentivado e exercitado continuamente para que possa tornar-seconcreto.

    Interpretar atribuir, explicar sentido, ao passo que compreender saber como produzir sentido, perceber as intenes. Aoconsiderarmos o sujeito inserido em formaes discursivas queso determinadas scio historicamente, entendemos que sujeito esentido se constituem reciprocamente. Assim, para interpretar ecompreender, acionamos outros discursos, buscamos outras vozes,contamos com outros textos, mobilizamos diferentes posiesideolgicas, conhecemos diferentes gneros textuais. O queestamos defendendo que ler no se resume a decodificar e buscarinformaes. (CRISTVO; NASCIMENTO, 2006, p. 45)

  • A versatilidade do Cordel permite aos professores que trabalhem atransversalidade em sala auxiliando no desenvolvimento das competnciasda leitura, independente do componente curricular que trabalhe, poisa literatura cordeliana aborda os mais diversos temas, fazendo-se umgrande parceiro para a sala de aula, dependendo apenas de planejamentopara facilitar a orientao do conhecimento que ser repassado aos alunos.Estreitar os laos do Cordel na sala de aula implica em mostrar o vigorcultural do Cordel como ferramenta para didtica na educao.

    O professor que lida com textos e depende dos textos para ensinaros contedos das respectivas disciplinas precisa conscientizar-se deque, tambm ele, ensina o aluno a ler e a escrever. Compete-lhe,portanto, independentemente da rea de conhecimento em queatue, alertar e orientar seus alunos para a adequao e a justezada expresso verbal, pelo menos no que se refere consistnciado raciocnio e propriedade de sua formulao no texto. Estapropriedade envolve os recursos de incorporao /apropriao dafala alheia (citaes, referencias, retextualizaes), o vocabulrio,a pontuao, os meios de conexo e de encadeamento das oraes,perodos e pargrafos, entre outras coisas. (AZEREDO, 2005, p.41)

    3 EXPLORAO DOS TRABALHOS LITERRIOS DE CORDELDESENVOLVIDOS NA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINOFUNDAMENTAL ALBINA MARCI SORDI

    Para Ldke e Andr os estudos de caso so importantes paraevidenciar a inter-relao dos seus componentes.

    Os estudos de caso buscam retratar a realidade de forma completae profunda. O pesquisador procura revelar a multiplicidade dedimenses presentes numa determinada situao ou problema,focalizando-o como um todo. Esse tipo de abordagem enfatiza acomplexidade natural das situaes, evidenciando a inter-relaodos seus componentes.(LDKE e ANDR, 1986, p. 19)

    3.1 MTODOS ADOTADOS PARA EFETIVAO DO ESTUDO DE CASO

    O levantamento realizou-se entre Setembro e Outubro de dois mil enove, primeiramente com buscas bibliogrficas e com pesquisa empricade carter exploratrio na Escola Estadual de Ensino fundamental AlbinaMarci Sordi, almejando identificar como os trabalhos com a Literatura deCordel foram aplicados como incentivo leitura e seus reais resultados,sendo entrevistadas a diretora, a Senhora Osmarina dos Reis e aProfessora da turma de sexto ano que est trabalhando efetivamente como Cordel, Lindalva Garcia.

    3.2 RESULTADOS OBTIDOS

  • Ao ser perguntada sobre a existncia de alguma experincia com otrabalho de Cordel como incentivo leitura em sua escola, a SenhoraDiretora Osmarina dos Reis categrica ao responder que existe, e dizmais, relatando que uma professora h cinco anos, Professora ValdileneMarinho, trabalhou com os alunos de quinta a oitava sries, e atualmentea escola conta com a Professora do sexto ano, Lindalva Garcia, queest trabalhando ativamente com a literatura de cordel com os seusalunos. Acrescenta que no momento em que a Professora Valdilenetrabalhava o assunto havia grande interesse por parte dos alunos, porser uma leitura curta, atrativa e tambm de uma linguagem fcil para osalunos, obtendo assim bastante sucesso, e todos os alunos aderiram aoprojeto e que, segundo a diretora, as notas melhoraram bastante, porqueo interesse pela leitura fez com que eles procurassem mais leitura emoutros livros, portanto comeou a partir da literatura de cordel, da pordiante eles investiram em outros tipos de leitura portanto, o incentivoinicial foi a Literatura Cordeliana, eles conseguiram perceber que a leitura muito importante no processo de ensino aprendizagem em todas asdisciplinas, no s na Lngua Portuguesa, neste perodo ainda os alunoschegaram a produzir livrinhos de Cordel, no entanto, infelizmente noficaram exemplares na escola, mas a Professora Lindalva Garcia estproduzindos novos livrinhos, que ficaro no acervo da Escola, baseadosnos exemplares recebidos pela SEDUC. Finalizando, Osmarina revela queespera que o trabalho em sala de aula embasado no Cordel como incentivo leitura seja mais divulgado por ser uma leitura interessante, popular,criativa e que faz parte da literatura do Brasil e que a partir de iniciativascomo as dessas professoras de retomar essa literatura far com que alunosde outras turmas se interessem em buscar mais leituras o que trargrandes benefcios para a escrita, linguagem, para rima, poesia, cantiga,vrias outras atividades que esto envolvidas na literatura de cordel, se asprofessoras realmente abraarem a Literatura de Cordel como incentivo leitura percebero grandes benefcios em todos os sentidos, pois sabemosque as crianas tm um pouco de preguia de ler mas, quando veemesse livro to pequenininho, com to poucas pginas, inicialmente pensamem ler rapidinho e verem-se livres, no entanto ao acabarem de ler, elespercebem que to interessante, to gostoso de ler que terminam umpedem outro, um passo fundamental para a iniciao da leitura e paradespertar o gosto pela leitura com esses livro to pequenininhos, mas togostosos de ler.(Osmarina)Lindalva Garcia conta sobre sua experincia com a Literatura de Cordel,contando que alunos tm mais interesse por essa leitura, por ser maisrpida, rica em rimas e que eles gostam de depois, de terem ouvido elido as histrias produzirem seus prprios livrinhos, sob a superviso damesma, contando sobre suas vidas e a vida de seus colegas, ressalta que aimpolgao pelo Cordel to grande que uma vez iniciada a atividade, noquerem mais parar, a gente conhece to pouco sobre como trabalhar oCordel, mas se no buscarmos meios para inser-lo, acabaremos perdendo

  • este recurso to rico, to farto a ser explorado (...), voc pode usaros temas transversais para trabalhar nele, tem tanto assunto bom pratrabalha, higiene, sade, respeito (...) se todos os professores colocassemo Cordel para dentro da sala de aula, ia enriquecer muito a leitura,a interpretao, a rima (...) prazeroso, gostoso de trabalha e dresultado com certeza.(Lindalva)

    CONSIDERAES FINAIS

    Guinski (2008), fala que de suma importncia que, o professortrabalhe em sala de aula com a leitura, para aguar o gosto pela mesmavisto que, a grande parte da sociedade no tem o hbito da leituraem seu cotidiano, sabendo que formar leitores competentes uma dasfunes inalienveis da escola na contemporaneidade e implica favorecer aautonomia dos estudantes ante os diferentes propsitos da leitura.

    A princpio, a proposta de trabalhar com a explorao de casosrelacionados com o sucesso da Literatura de Cordel na sala de aula comoincentivo leitura, foi visto como um desafio, no entanto ao dar inicios pesquisas e entrevistas, foi-se confirmando a efetividade deste recursocomo estmulo e percebendo-se quo apreciada essa forma literria, hajavista sua funcionalidade.

    Durante as pesquisas bibliogrficas, surgiu o nome AntnioGonalves da Silva, mais conhecido Patativa do Assar, uma prova devitria atravs da literatura cordeliana, o fato de ser semi-analfabetono o impediu que recebesse trs ttulos de Doutor Honoris em trsuniversidades.Exploradas e expostas as origens e as caractersticas do Cordelcomprovou-se indubitavelmente que, esse tipo literrio muito atraentepara desenvolver nos alunos a paixo pela leitura, apresentando o prazerque a literatura traz para os seus leitores, vivenciando que, de pequenas eengraadas leituras, a exemplo dos gibis, pode se revelar o interesse porleituras mais clssicas.

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus pela famlia que me deu e pela oportunidade de poder serincentivada e amparada por ela.Meus sinceros agradecimentos a Osmarina dos Reis e a Lindalva Garcia.

    REFERNCIAS

  • GUINSKI, Andrade Deise Lilian de, Metodologia do Ensino de lnguaportuguesa e estrangeira. Curitiba: Ibpx, 2008.

    FONSECA, Santos Idelette Muzart dos. Professora da Universit de Paris X-Nanterre. Palestra feita pela autora no Instituto de EstudosAvanados da USP. Em: 24 de agosto de 1999, dentro das atividadesdo NUPEBRAF (Ncleo de Pesquisa Brasil-Frana).Disponvel em:. Acessoem: 30 Outubro. 2009.

    FREIRE, Paulo. A Importancia do ato de Ler. So Paulo: Cortez, 1985

    GASPAR, Fontes Lcia. Literatura de Cordel. Pesquisa Escolar On-Line,Fundao Joaquim Nabuco, Recife. Disponvel em:. Acesso em: 06 Agosto. 2009.

    HAVELOCK, E. A equao oralidade-cultura: uma frmula para amente moderna. In: OLSON, D.R.; TORRANCE, N. (Orgs.). Cultura escritae oralidade. So Paulo: tica, 1995.

    LINHARES, Thelma R. S. A histria da Literatura de Cordel. Disponvelem: . Acesso em: 11de Outubro. 2009.

    Disponvel em:. Acesso em:11/10/09

    Disponvel em: .Acesso em: 08/11/09

    Disponvel em: . Acesso em: 17 de Outubro de 2009.

    Disponvel em: .Acesso em: 11 de Outubro de 2009.

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    ONG , W.J. The orality of language. In: ONG , W.J. Orality and literacy:the technologizing of the world. London: Methuen, 1982.

    [1]Artigo apresentado as Faculdades Integradas de Ariquemes FIAR como requisitoparcial para obteno do ttulo de Licenciatura em Letras/Ingls.[2]Professora Orientadora e docente das Faculdades Integradas de Ariquemes FIAR.[3]Discente do curso de Letras.

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