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UNIÃO DAS MUTUALIDADES PORTUGUESAS Boletim 13 | DEZ 2O1O (2. a Série) No dia 6 deste mês de Dezembro assinalaram-se 100 anos sobre a data da morte de José Cipriano da Costa Goodol- phim, incansável após- tolo da associação e do Mutualismo e, porventura, uma das personalidades mais fascinantes do séc. XIX, na área da protecção social, tanto pela sua humanidade como pelos seus altos ideais vividos com generosidade plena. Segundo o advogado Armelim Júnior, que a 22 de Junho de 1911 no salão nobre do Teatro Nacional de Almeida Gar- rett (actual D. Maria II) e na presença do presidente do Governo Provisório da República, consagrou a memória daquele jor- nalista, «no País raros terão pres- tado ao associativismo tantos e tão relevantes serviços como Costa Goodolphim, que estudou e trabalhou até quase ao seu derra- deiro alento». Embora a centúria que passou não ti- vesse feito esque- cer a pessoa que à causa social dedi- cou o melhor de si mesmo, a verdade é que o nome de Goodolphim e a obra legada são praticamente des- conhecidos da Movi- mento Mutualista. Remir a dívida com uma homenagem ao benemé- rito cidadão, será um acto da mais elementar justiça e gratidão prestar. Mutualismo é defensor do Ambiente Costa Goodolphim incansável apóstolo do mutualismo morreu há 100 anos

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UNIÃO DAS MUTUALIDADES PORTUGUESAS Boletim 13 | DEZ 2O1O (2.a Série)

No dia 6 deste mês de Dezembroassinalaram-se 100 anos sobrea data da morte de JoséCipriano da Costa Goodol-phim, incansável após-tolo da associaçãoe do Mutualismoe, porventura, umadas personalidadesmais fascinantesdo séc. XIX, naárea da protecçãosocial, tanto pelasua humanidadecomo pelos seusaltos ideais vividoscom generosidadeplena. Segundo oadvogado ArmelimJúnior, que a 22 deJunho de 1911 nosalão nobre do TeatroNacional de Almeida Gar-rett (actual D. Maria II) e napresença do presidente doGoverno Provisório da República,consagrou a memória daquele jor-

nalista, «no País raros terão pres-tado ao associativismo tantos e

tão relevantes serviços comoCosta Goodolphim, queestudou e trabalhou atéquase ao seu derra-deiro alento».

Embora a centúriaque passou não ti-vesse feito esque-cer a pessoa que àcausa social dedi-cou o melhor de simesmo, a verdadeé que o nome deGoodolphim e aobra legada sãopraticamente des-conhecidos da Movi-mento Mutualista.

Remir a dívida comumahomenagemao benemé-

rito cidadão, será um actoda mais elementar justiça e

gratidão prestar. �

Mutualismo é defensor do Ambiente

Costa Goodolphimincansável apóstolo do mutualismo morreu há 100 anos

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Mutualismo é defensor do Ambiente2

ORÇAMENTO

bleia Geral Ordinária prescindiuda discussão daquele ponto daordem dos trabalhos, peloque, feita a apresentação,pelo líder do órgão exe-cutivo, Alberto Rama-lheira, as peças emanálise, acompa-nhadas do pare-cer do ConselhoFiscal, recebe-ram o totaldos votosfavorá-veis.

A dependênciafinanceira da UMP

Com um orçamento de exploraçãoque prevê Custos e Perdas no mon-tante de 221 milhares de euros,dos quais 178,6 milhares se desti-nam a cobrir as despesas de fun-cionamento e 42,4 milhares estãoafectos a projectos, são sombrias,no curto prazo, as perspectivas decrescimento do Movimento Mutua-lista, pois que, constituindo a quo-tização das Associadas apenas8,2% dos Proveitos e Ganhos pre-visionais, só com recurso à com-participação e aos subsídios à ex-

ploração é possível manter acesa achama do Movimento. A enormedependência financeira da Uniãocorresponde à sua constante perdade força global e à acentuação dasua crise.

Sendo imprescindível, conforme as-sinala o Conselho Fiscal no seu Pa-recer, «acolher a habitual liberali-dade concedida por terceiros« paraa obtenção dos recursos financeiros– em especial os concedidos poruma instituição nossa Associada –devem as mutualidades tudo fazerpara que o «ousado« Programa deAcção, apresentado pelo Conselhode Administração, possa vir a serexecutado.

Os objectivos programáticos

O enunciado das 29 medidas cons-tantes do Programa de Acção, comexecução prevista para o últimoexercício do actual mandato, dasquais cinco são relativas a organiza-ção e funcionamento da UMP, oitoestão ligadas à promoção/divulga-ção domutualismo, dez no domínioda capacitação das mutualidades eas últimas seis sobre imagem e co-municação, é o seguinte:

a) Organização e Funcionamentoda UMP:

1. Apresentar proposta de altera-ção dos Estatutos da UMP, Es-tatuto disciplinar, Código deética, Regulamento da Assem-bleia Geral e RegulamentoEleitoral.

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Orçamento para 2011das Mutualidades Portuguesasaprovado por unanimidade

Poucos minutos bastaram para queas 43 Associadas da União, presen-tes em Coimbra no dia 11 de De-zembro, aprovassem, por unanimi-dade de votos, o Programa deAcção e o Orçamento para o exercí-cio de 2011 das Mutualidades Por-tuguesas.

Reunida no auditório da Previdên-cia Portuguesa, sob a presidência deMaria de Belém Roseira, a Assem-

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Mutualismo é defensor do Ambiente 3

ORÇAMENTO

2. Estudar e apresentar propos-tas para a criação de soluçõesque garantam a sustentabili-dade financeira da UMP.

3. Participar nos estudos e ela-boração de projectos de legis-lação sobre Economia Social eMutualismo em particular.

4. Promoção junto da Tutela daalteração do Código das Asso-ciações Mutualistas, após au-dição das mesmas.

5. Assegurar o cumprimento dasdisposições emergentes daCandidatura INOVSocial queenvolve o estágio, durante 12meses, de eventuais candida-tos.

b) Promoção/divulgação do Mu-tualismo:

1. Realizar sessão comemora-tiva do 25 de Outubro – DiaNacional do Mutualismo.

2. Promover um ciclo de Confe-rências sobre «Mutualismo écidadania activa», no quadrodo 2011 Ano Europeu doVoluntariado e da CidadaniaActiva.

3. Promover o II Concurso deBoas Práticas Mutualistas,com atribuição do Prémio«Inovar para Melhorar 2011».

4. Atribuir o Prémio «Mutualismoe Solidariedade 2010».

5. Promover o funcionamentodo Centro de Estudos Mutua-listas «Prof. Dr. António SilvaLeal», com elaboração do res-pectivo Regulamento Internoe nomeação da sua Direcção.

6. Editarmonografia evocativa doProf. Dr. António Silva Leal, apublicar com o lançamento doCentro de Estudos Mutualistas.

7. Sensibilizar oMinistério da Edu-cação para a importância/ne-cessidade de debater o temado Mutualismo junto da popu-lação escolar.

8. Promover acções de promoçãodoMutualismo junto das esco-las.

c) Capacitação das Mutualidades:

1. Apresentar as conclusões doestudo sobre «Oferta Mutua-lista».

2. Acompanhar o processo de im-plementação do novo sistemacontabilístico das AssociaçõesMutualistas.

3. Disponibilizar modelo/normaspara apresentação do balançotécnico das diversasmodalida-des elaborado por actuários.

4. Promover a harmonização decritérios contabilísticos, desig-nadamente ao nível da impu-tação de custos, directos eindirectos, nas diversas moda-lidades e respostas sociais.

5. Promover a realização de ac-ções formativas no quadro dae-qu@lificação – capacitar parainovar, adaptadas à realidadedas mutualidades.

6. Organizar e realizar acçõesde formação para dirigentes,quadros e outros colaborado-res das mutualidades, relacio-nadas com as actividades demelhoria da capacitação insti-tucional e organizacional, no-meadamente nos domíniosda fiscalidade, gestão finan-ceira e comunicação, essen-cialmente por recurso a finan-ciamento provindo de FundosComunitários.

7. Promover, em estreita colabo-ração com Centros de Estudos

Sociais da área académica, oestudo dos novos riscos sociais,suas implicações na sociedadeportuguesa e prescrição de ins-trumentos susceptíveis decombater as emergentes con-sequências.

8. Garantir a prestação do apoiotécnico regular e de proximi-dade às Associações Mutua-listas.

9. Promover e apoiar a constitui-ção de novas Associações Mu-tualistas.

10. Acompanhar os processos daárea da saúde, designada-mente os relacionados comas Farmácias Sociais.

d) Imagem e comunicação:

1. Editar newsletter da UMP, emformato digital, com periodici-dade quinzenal.

2. Editar trimestralmente o Bole-tim MUT.

3. Manter actualizado o websiteinstitucional da UMP.

4. Editar folheto institucional«Mutualismo eMutualidades».

5. Dinamizar a imagemdemarca«Mutualidades Portuguesas»,junto das diversas mutualida-des, através da disponibilizaçãode elementos gráficos e deplacas identificadoras.

6. Elaborar e distribuir um folhetosobre Farmácias Mutualistas.

No Ponto 2 da ordem de trabalhosforam abordadas as metodologiasa adoptar no funcionamento prá-tico das Assembleias Gerais, ma-téria a apreciar proximamente emAssembleia Geral Extraordinária. �

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DIA NACIONAL

Dia do MutualismoAclamado o mérito de duas Associações

e o de um cidadão exemplar

A ministra do Trabalho e da Solida-riedade Social, Helena André, em-bora dividida na agenda política,com a sua presença e palavra hon-rou o mutualismo e o seu Dia Na-cional. A deputada Maria de Belém,presidente da Mesa da AssembleiaGeral da União, e defensora estré-nua das boas causas, cuja consciên-cia da sua missão social confere aoMovimento o estatuto de credibili-dade, foi a grande animadora dafesta comemorativa de 23 de Outu-bro. Os dois comunicadores da ses-são – Pedro Augusto Ferreira, pro-fessor da Faculdade de Economia daUniversidade de Coimbra e PedroBleck da Silva, jurista e vice-presi-dente da União – desenvolveramtemáticas de economia social deflagrante actualidade, em termosde valorização e reconhecimento.

Mas, não obstante tais aliciantes e aboa organização do evento, que tevepor palco e cenário a histórica cidadede Leonor de Lencastre, fundadoradas misericórdias, o número de mu-tualistas e/ou de eventuais aderen-tes ao ideal de entreajuda solidária,presentes no moderno e amplo au-

ditório das Caldas da Rainha, ficoumuito aquém da razoabilidade queo Conselho de Administração dasMutualidades Portuguesas se esfor-çou por alcançar.

De facto, dos 900 convites que osserviços da União dirigiram ao uni-verso português da solidariedadeorganizada, poucomais de 150 pes-soas marcaram presença no CentroCultural e de Congressos da urbecaldense.

Ora, sendo objectivo do órgão exe-cutivo da instituição representativa

do Movimento, promover a espe-rança e não vender ilusões, lamenta-se o seu trabalho inglório. Pelo que oDia Nacional, a manifestação cívicaque ambiciona ser uma grande refe-rência, favorecer o espíritomobiliza-dor, estimular uma visão partilhadasobre os valores e princípios, e os ob-jectivos comuns, ainda não logrouvencer a falta de visibilidademutua-lista.

Pelo que os três premiados do Dia doMutualismo – o Montepio Rainha D.Leonor e o associado José RobaloMartins, director executivo da União,distinguidos com o Prémio de «Mu-tualismo e Solidariedade 2009», e aASM de Ponta Delgada, proclamadavencedora do Prémio «Inovar paraMelhorar», mereciam que os aplau-sos quemuito justamente lhes foramdirigidos, tivessem mais forte eco.

A dimensão e o desempenhodo Montepio Rainha D. Leonor

Às comunicações apresentadas peloprofessor universitário Pedro AugustoFerreira (Economia Social versus Eco-nomia Social de Mercado) e pelo ju-

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Mutualismo é defensor do Ambiente 5

DIA NACIONAL

rista Pedro Bleck da Silva (Mutua-lismo e o seu enquadramento emPortugal), sucedeu-se a entrega deprémios pelo presidente Alberto Ra-malheira que, em nome do respec-tivo Conselho de Administração,disse ter deliberado atribuir o Pré-mio «Mutualismo e Solidariedade»2009 à ASM Montepio RainhaD. Leonor, oito milhares de associa-dos, no ano da celebração de séculoe meio de vida. A par da intensa ac-tividade que desenvolve na área dasaúde – cuidados até primários e ci-rúrgicos – o Montepio caldense, que«soube responder aos anseios desseuniverso populacional», não olvidouo apoio aos idosos. Em 1995 «pro-moveu a edificação do primorosoLar de Idosos, unidade que vem pro-porcionando excelentes condiçõesde acolhimento aos utentes, tantopela via da Casa de Saúde, comoatravés da Unidade de Convales-

cença, integrada na Rede Nacionalde Cuidados Continuados». E mais:no corrente exercício encontra-seprogramada a abertura de umcondomínio com 95 residências as-sistidas. «A dimensão e o impres-sionante desempenho desta mu-tualidade sãomerecedores de todosos encómios».

O galardão em apreço, constituídopor peça escultórica e diploma, foientregue ao presidente da Mesada Assembleia Geral da instituiçãopremiada.

Reconhecimentoa José Robalo Martins exemplo

de solidariedade activa

Coração grande que só encontradescanso na solidariedade activa, eelevado sentido de serviço, José Ro-balo Martins também foi distin-guido com o Prémio «Mutualismo e

Solidariedade» 2009, facto que pro-piciou grande regozijo no auditório.

«O Senhor José Robalo Martins é fi-gura conhecida e reconhecida nosector mutualista português», a cujacausa «tem dedicado uma grandeparte do labor da sua vida profissio-nal, desde hámuitos anos e, ultima-mente, em plena e exclusiva dedi-cação (à União das MutualidadesPortuguesas), sempre de formacompletamente desinteressada».E Alberto Ramalheira prosseguiu aleitura do teor da deliberação doórgão executivo: «É reconhecida asua figura, a sua discrição, escon-dendo-se por detrás dos outros e dosacontecimentos a que se entrega ededica, não regateando esforços,nem tempo, às vezes, nem dinheiropessoal, por amor a esta causa. Etem sido, justamente, mercê do seuabnegado e desinteressado esforço,

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nem sempre justamente reconhe-cido, quemuitas AssociaçõesMutua-listas, e a União das MutualidadesPortuguesas também, têm conse-guido prosseguir o caminho da de-fesa dos princípios que regem estasinstituições. É pois o Senhor José Ro-balo Martins, um exemplo vivo dasolidariedade mutualista em Portu-gal. E é tempo que se lhe preste pú-blica e justíssima homenagem (…)como sinal de grande reconheci-mento pelos relevantíssimos servi-ços que tem prestado, e pelo amor ededicação na forma como o faz».

Ponta Delgada é exemplode boas práticas inovadoras

A ASM de Ponta Delgada, 143 anosde actividade no área da saúde e8 000 associados, é o orgulho domutualismo açoriano na ilha de SãoMiguel pois que, recentemente, com

a implementação de um arrojadoprojecto renovador das instalaçõese serviços, dotou-os de um Sis-tema de Gestão de Qualidade, queacaba de conquistar o Prémio «Ino-var para Melhorar», instituído pelaUnião das Mutualidades Portugue-sas, com o objectivo de incentivaras associações às denominadas«boas práticas», inovadoras de de-senvolvimento. A certificação daqualidade na prestação dos servi-ços envolveu, nomeadamente,o Centro Médico, e os estabeleci-mentos de farmácia e de parafar-mácia.

Constituído por José da Silva Pe-neda, presidente do Conselho Eco-nómico e Social; Edmundo Marti-nho, presidente do Instituto deSegurança Social; e Eduardo Graça,presidente da Cooperativa AntónioSérgio para a Economia Social,o júri deste primeiro concurso, aoqual concorreram cinco instituições(Vilanovense, Familiar de Espinho,Empregados do Estado, João deDeus e a Associação açoriana) de-liberou no sentido acabado de re-ferir, tendo o presidente AlbertoRamalheira proclamado a vence-dora do concurso, após o queEduardo da Silva Farinha, adminis-trador do Montepio Geral, patroci-nador do prémio, procedeu à en-trega do galardão a HenriqueTeixeira Luís, líder da organizaçãolaureada.

Homenagens no âmbitoda renovação da imagemda União das Mutualidades

A presidente daMesa da AssembleiaGeral dasMutualidades Portuguesas,que fez as honras do festivo Dia doMutualismo, chamou ao palco asduas últimas figuras a homenagearpublicamente: o «designer» NielsFischer, primeiro, e o jornalistaMárioBranco, depois. Integrantes do Grupode Trabalho Comunicação e Imagem,que promoveu e concretizou o pro-jecto de renovação da imagem demarca da União, a ambos Maria deBelém manifestou, com velha ami-zade, testemunho de apreço e reco-nhecimento: pelo apego ao mutua-lismo, pela fidelidade aos ideais deliberdade, responsabilidade e solida-riedade, com os quais estão identifi-cados há um quarto de século. E, ao

DIA NACIONAL

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DIA NACIONAL

autor do livro MUTUALISMO com Jor-nalistas dentro, lançado no âmbitoda festa da cidadania, o líder doórgão executivo distinguiu com aMedalha de Honra da instituição re-presentativa do Movimento.

Uma imagem visual renovadaeminentemente portuguesa

Vinte e três anos depois de haver

inaugurado em Lisboa, na abertura

do V Congresso Nacional de Mutua-

lismo (19/11/1987), a sua identi-

dade visual, a União das Mutualida-

des Portuguesas apresentou-se, nas

Caldas da Rainha, aos cidadãos em

geral e às suas associadas em parti-

cular, comumanova imagem cromá-

tica: aplicada no símbolo, na ban-

deira, no MUT, na comunicação

electrónica, enfim, em cartas, sobres-

critos, programas e, ainda, nos traba-

lhos literários por si editados. Com

esta mudança, enunciada nas linhas

de rumo do Programa de Acção-2009

da União, pretendeu-se uma marca

rejuvenescida, mais forte e próxima

das pessoas, mais apelativa no con-

texto da juventude.

Como a cor afecta emocionalmente

quem a observa, ao vermelho do

logótipo, vivo escarlate e revolucio-

nário (no sentido de provocar mu-

danças essenciais no tecido social, in-

clusive das ideias e dos valores),

juntou-se o verde, símbolo da seiva

vigorosa, promissora de forte desen-

volvimento. Portanto, duas cores

opostas e complementares entre si,

com que, no contexto da crise avas-

saladora que abala em profundidade

omundo ocidental e de especial inci-

dência na periferia europeia, se pre-

tendeuajudar a estimular a esperança

num Portugal inseguro, descrente e

preocupado comodesemprego. Logo,

uma imagememinentemente portu-guesa que, assente em valores uni-versais, visa estreitar, unir fortementeas pessoas, motivando-as para a soli-dariedademutualista. E que tambémtem por alcance tornar a marca dasmutualidades portuguesas mais mo-derna, dinâmica, abrangente: pró-xima dos cidadãos e das famílias.

Temos de nos dar a conhecer

Mas, como uma estratégia de co-municação e imagem tambémtem que ver com a postura ética,

com o carácter, o bem e a virtudeque se pretende imprimir e fazerpassar às mensagens, o Grupo deTrabalho de Comunicação e Ima-gem, para o efeito constituído pordecisão do Conselho de Administra-ção da União, interiorizada a noção

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DIA NACIONAL

concorrência com o sector lucrativo,com as mutualidades europeias,com as exigências de sustentabili-dade, enfim, com os novos desafiossociais.

Muito embora o número demutua-listas se aproxime de cerca de 10%da população portuguesa, a lutacontra a desmutualização passa,após sustentação interna, por uma

verdadeira acção de comunicação,divulgação de quem nós somos. Senão nos conhecem, temos de nosdar a conhecer… Daí que, em ter-mos de visibilidade do Movimentohaja muito mais que fazer do que oMUT e um site que ninguém vê.

Ter-se-á que ser agressivo, queapostar e investir numa divulgaçãopública e generalizada dos princí-pios, valores e oferta mutualista.Tudo isto, bem entendido, no pres-suposto de estarem ultrapassadosos diferendos dos últimos anos econsolidada a pensada reestrutura-ção da União.

Um protótipoda nova imagem

Com expressão num protótipo doboletim MUT, editado especial-mente para o Dia do Mutualismo eoferecido a todos quantos participa-ram na festa realizada no CentroCultural e de Congressos das Caldasda Rainha, a nova identidade cro-mática, bem visível no modernodesign da bandeira e na simplifica-ção da denominação institucional,resultou do trabalho criativo deNiels Fischer, um nome dinamar-quês de gabarito internacional, cujacolaboração aomutualismo luso re-monta à década de 1980. Seguindoos passos domundialmente famosoautor dos encantadores contos ehistórias Hans Christian Andersen,

que em 1866 fizera uma viagem aPortugal, o designer Niels Fischerradicou-se na nossa terra onde, poruma questão de espírito de atitudee ambição, proclama a criatividadee a inovação, a inclusão e a solida-riedade fraterna. Portanto, com opropósito de transformar as ten-sões em dinamismos, os conflitosem novos equilíbrios e os proble-mas em oportunidades, e cons-ciente de que sem amanha, o hojesoa a passado, o Grupo de Trabalholançou as bases para o futuro. E fezquestão de as apresentar num kit,que reuniu: o citado boletim MUT;um desdobrável, com o universodas actividades do Movimento e alinguagem dos números; um pro-grama do Dia Nacional do Mutua-lismo; e um livro, editado pelaUnião, MUTUALISMO com Jornalis-tas dentro, da autoria de MárioBranco. Deste kit foram distribuídos300 exemplares. �

MÁRIO BRANCO

de que o caminho do Homem serásempre feito de quedas e de res-surgimentos, agiu em nome de umbem maior. Agiu em nome daacção que leve ao reforço do Movi-mento, que o mesmo é dizer dasInstituições, como forma demelho-rar a oferta disponível pelas Asso-ciações Mutualistas, e as perspecti-vas, mais reforçadas, para oscombates da desmutualização, da

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NOTÍCIAS

Valores do protocolode cooperação-2010são iguais aos do ano

antecedente

Com um atraso de cinco meses emrelação ao habitual procedimentoanual de celebração do protocolo decooperação entre o ministério do Tra-balho e da Solidariedade Social e asorganizações de cúpula das institui-ções do sector social que prosseguemfins solidários, o protocolo de 2010,cujo objectivo era fixar os valores dacomparticipação financeira do Estadoreferente aos custos das respostas so-ciais, foi assinado a 21 deste mês deDezembro. O acto, que decorreu noCentro Cultural de Belém, sob a presi-dência do Primeiro-Ministro José Só-crates, ficou marcado pelas críticasdos presidentes da CNIS e das Uniõesdas Misericórdias e das Mutualidades,à decisão do Governo de introduzirmudanças no IVA das obras sociais(passando-o de 0% para 23%, numasó penada) e no Código Contributivo.

A ministra Helena André, que prome-teu continuar o diálogo sobre o re-gime fiscal, reconheceu que o acordocom as IPSS «não foi fácil», mas queo protocolo-2010 abrangemais de 15000 acordos entre o seu ministério eas instituições particulares de solida-riedade social.

O apoio financeiro indirecto às famíliasatravés da cooperação, que em 2009foi de 1227 milhões de euros, sobepara 1251milhões,mas o aumento de2% será para apoiar mais utentes noâmbito do programa Pares, pelo que averba unitária por utente é igual à da-quele ano. �

Prescrição médicaelectrónica a partirde Março de 2011

A partir do dia 1 de Março do próximoano «apenas serão comparticipadasreceitas prescritas» pela via electró-nica, pelo que todas as receitas mé-

dicas que forem passadas manual-mente não serão comparticipadaspelo ministério da Saúde.

Esta decisão daministra Ana Jorge, quefoi divulgada emmeados de Setembro,interessa às AssociaçõesMutualistas daárea da saúde que tenham acordos decooperação com a Direcção-Geral daSaúde, celebrados ao abrigo da Portarian.º 422/85, de 5 de Julho, ex vi. e doDespacho do Ministro da Saúde n.º26/85, de 25 de Outubro, para requisi-ção e utilização de impressos demeiosauxiliares de diagnóstico e etiquetas deprescrição e autenticação.

Segundo aministra, a plataforma in-formática do Governo será disponibi-lizada às instituições particulares ousociais, para que estas possam tam-bém passar receitas pela via electró-nica. Com este sistema a conferênciade facturas torna-se mais fácil. �

Economia socialcarece de novoenquadramento

Após a assinatura do documento, ospresidentes das IPSS renovaram as crí-ticas ao Governo. O padre Lino Maia,líder da CNIS, salientou que o protocoloassinado não pode ser encarado como

«uma prenda de Natal», e que seria«mau sinal» entrar-se em 2011 com«dúvidas acrescidas» na cooperaçãoentre Governo e IPSS. Sobre a contro-vérsia em torno do IVA social, defen-deu um novo enquadramento legalpara as instituições de solidariedade.«O que se passou em relação ao reem-bolso do IVA, acrescentou, vem de-monstrar que o sector da economia so-cial talvez careça de um novoenquadramento legal», pois «não éético nem justo cobrar novos e maisimpostos, onerando e tornando maisdifícil o desempenho daqueles quecooperam sem fins lucrativos. Tambémo presidente da União das Mutualida-des, Alberto Ramalheira, e o presi-dente da União das Misericórdias, Ma-nuel de Lemos, criticaramas alteraçõesintroduzidas pelo executivo ao nível doIVA social e do Código Contributivo.

Entretanto, José Sócrates afirmou quedesde que é Primeiro-Ministro houveum progressivo esforço de investi-mento do Estado ao nível da solidarie-dade social. «Se nos compararmoscom 2005, esta área mudou muito;em 2005 o Estado gastava 17,5% dasua riqueza com as prestações sociais,mas em 2011 vamos investir 21,5%,sustentou. �

Resposta Social Comparticipaçãoutente/mês

Creche

Lar de crianças e jovens

Lar de apoio

Centro de Actividades ocupacionais

Lar residencial

Lar de idosos

Centro de dia

Centro de convívio

Apoio domiciliário

1.a e 2.a criança em ama

3.a e 4.a criança em ama

apenas 1 criança em ama e esta for deficiente

mais de 1 criança em ama sendo uma delas com deficiência

extenção de horário e interrupções lectivas com almoço

extenção de horário e interrupções lectivas sem almoço

Creche

familiar

funcionamento clássico com almoço

funcionamento clássico sem almoço

Centrode

ATL

As comparticipações da Segurança Social,com efeitos desde 1 de Janeiro de 2010, são os seguintes:

239,85€

179,94€

201,54€

359,88€

403,07€

77,14€

61,87€

64,64€

41,09€

469,11€

667,88€

472,01€

930,94€

347,31€

102,56€

49,89€

236,15€

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OPINIÃO

Um perfil de Costa Goodolphimno Centenário da sua Morte

Por Mário Branco

Natural de Lisboa, freguesia deMarvila, José Cipriano da Costa Goo-dolphim (1844-1910), toda umavida dedicada aos outros, foi umdevotado apóstolo da Associação edo Mutualismo. E, embora oriundoda fidalguia miguelista, tambémum homem simples, «dos maisprobos e honrados», um democrataindefectível e um «republicano dos

mais sinceros e cultos, dos mais

convictos e estremes, dos mais cor-

datos e generosos».

Professor no Liceu Maria Pia, jor-

nalista (sócio fundador da Associa-

ção dos Jornalistas e Escritores Por-

tugueses (1880) e sócio efectivo

da Associação da Imprensa Portu-

guesa (1899), Goodolphim, na pa-

lavra de Teófilo Braga, também foium «grande e quase desconhecidoeconomista», poeta e escritor. Dei-xou uma extensa e notável obra bio-gráfica dedicada às questões sociais,das quais avultam as monografias AAssociação (edições de 1876 e 1974)e A Previdência (1889)» englobandonesta Associações de Socorros Mú-tuos, Cooperativas, Caixas Econó-

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OPINIÃO

micas, Caixas de Pensões e Refor-mas. Outras obras de referência pu-blicadas: As Caixas Económicas(1880), As Misericórdias (1897)»Da Acção da Mutualidade na Eco-nomia Social (1910), o Hospital deTodos-os-Santos – Hospitais exis-tentes em Lisboa, _in «Trabalhos daAcademia das Ciências de Portu-gal» (1908-1920), Les Institutionsde Prévidance (1883), AssistencePublique en Portugal – EconomieSociale (1900).

Grande militante das causas cívicase culturais, Goodolphim organizoubibliotecas populares presidiu e or-ganizou os primeiros congressos as-sociativistas portugueses, para alémdemuitas outras acções desenvolvi-das no âmbito da intervenção social.Aliás, era presidente da ComissãoPromotora do I Congresso Nacionalde Mutualidade e relator de trêsteses gerais: Da acção da mutuali-dade na Federação dos Serviços Far-macêuticos das farmácias mutualis-tas; da acção da mutualidade naeconomia social; e das Caixas Econó-micas. Mas, surpreendido pelamortea 6 de Dezembro de 1910, após oencerramento do referido congresso,realizado na Sociedade de Geografiade Lisboa, de 18 a 22/06/1911, oadvogado e publicista Armelim Jú-nior, em sessão especial presididapelo chefe do Governo Provisório daRepública, fez o elogio histórico deGoodolphim, considerando-o «estré-nuo e incansável defensor do prole-tariado», «erudito investigador e his-toriador eloquente das instituições«fomentador e instituidor da escolade previdência: a Caixa EconómicaEscolar».

Jornalista da economia social

Sobre a personalidade do jornalista,Armelim Júnior disse textualmente:

«raro será o jornal de Lisboa e dasprovíncias em que não haja escrito,prosa ou verso, quer como redactorefectivo, quer como mero colabo-rador, muitos dos seus artigos, pre-dominando os de economia social,que foram traduzidos, transcritos ecomentados por jornais estrangei-ros, mormente espanhóis e sul--americanos. Nunca se serviu dessaarma poderosa que é a pena dejornalista, senão para instruir, edu-car e morigerar, para maior lustreda ciência e das letras, para maiorglória da Pátria». A propósito, sa-liente-se o facto de o opúsculo AsCaixas Económicas ter conquistadopara o autor a honra de ser acla-mado sócio benemérito do CircoloPromotore Partenopeo Giambat-tista Vico, de Itália. Aliás, Goodol-phim foi distinguido por muitas so-ciedades científicas, literárias eeconómicas, nomeadamente emEspanha, França e Itália, além deter sido vice-presidente honoráriodo Congresso Científico Universaldas Instituições de Previdência,reunido em Paris nos anos de 1878,1883 e 1889 e, ainda, vice-presi-dente honorário da Sociedade dasInstituições de Previdência deFrança.

Homem da ciênciae da solidariedade

Costa Goodolphim, que conhecida afundo a língua sueca e traduzia pri-morosamente em verso portuguêsa poesia sueca, como a espanhola,italiana e francesa, era sócio daAcademia das Ciências de Lisboa, doInstituto de Coimbra e da Sociedadede Geografia de Lisboa. E, face à ex-celência dos serviços prestados àcausa da solidariedade, a figuradeste benemérito português tam-bém foi elevada à dignidade desócio honorário e de mérito de nu-

merosas associações populares,económicas, de instrução, de bene-ficência; igualmente de cooperati-vas e de mutualidades, dando àsrespectivas instituições o seu nome:caso, por exemplo, da AssociaçãoAuxiliar de Socorros Costa Goodol-phim, constituída em Lisboa no anode 1895 ou do Montepio Vilano-vense Costa Goodolphim, de VilaNova de Gaia, fundado em 1921.Em 1933, na sequência da «Semanado Mutualismo», promovida pelojornal 0 Século, a Câmara Municipalde Lisboa, da presidência do gene-ral Vicente de Freitas, perpetuou asua memória: na toponimia doBairro Social do Arco do Cego, alipertinho da sede da União das Mu-tualidades Portuguesas, figura onome de Costa Goodolphim. E no(desaparecido) monumento aomu-tualismo, erigido no Parque EduardoVII, o perfil do apóstolo da entrea-juda solidária também se desta-cava, num medalhão dourado.

Ao recordar, neste Dezembro de2010 que assinala a centúria damorte de José Cipriano da CostaGoodolphim, o retrato moral doegrégio cidadão e do jornalistaque legou à posteridade a crónica(com estudos estatísticos do mu-tualismo português do séc. XIX,MUT presta, num acto da mais ele-mentar justiça, uma singela ho-menagem à memória dessa quefoi uma personalidade fascinante-mente admirável: tanto pela suahumilde nobreza e pelos seusideais generosos, como pela suadimensão de ser solidário. Enfim,um cidadão raro, de grande porteintelectual e ético, que da vida fezmis sao: dedicada ao serviço dahumanidade do Homem. �

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REPORTAGEM

ASMECL renova Clínica de São Cristóvãoe aposta na captação de novos associados

É um projecto ambicioso aqueleque a direcção da Associação deSocorros Mútuos de Empregados deComércio de Lisboa (ASMECL), quehá 138 anos presta cuidados desaúde aos seus associados, se pro-põe desenvolver nos próximosanos. A renovação integral do bloco

operatório e a remodelação da me-dicina dentária são duas das acçõesque já estão em andamento, com oobjectivo de «renovar, promo-vendo a inovação e o crescimentosustentado».

É no número um do Largo de SãoCristóvão, no coração de Lisboa, queesta associação está instalada, e éaqui que proporciona consultas mé-dicas de trinta especialidades, bemcomo exames complementares e dediagnóstico de várias áreas. Os cercade 20 mil associados têm tambémao seu dispor, tanto aos dias úteiscomo aos fins-de-semana, um ser-viço médico permanente que prati-camente só fecha as portas durantea noite.

as a Clínica de São Cristóvão de-bate-se, como é natural dada aidade avançada do palácio em quefunciona, com a necessidade deremodelação de boa parte dosseus espaços. Uma remodelaçãoque será feita faseadamente, paranão afectar os serviços que sãoprestados aos associados.

«O bloco operatório tem muitosanos já. Vai ser completamente re-modelado e estamos em vias de ul-timar o projecto. Não estamos con-venientemente apetrechados emtermos de logística e alta tecnolo-gia», diz o presidente da Associaçãode Socorros Mútuos de Empregadosde Comércio de Lisboa, explicandoque esta é sem dúvida uma priori-dade. A obra, que deverá ter umcusto superior a 400 mil euros, játem suporte financeiro assegurado.

Cassiano Galvão, vice-presidente dadirecção, estima que a empreitada

de renovação integral e apetrecha-mento do bloco possa começar jáem Janeiro de 2011 para que, «setudo correr bem», as cirurgias sereiniciem no mês de Setembro.Bem mais cedo, provavelmentelogo no início do próximo ano, es-tará também em funcionamentoum novo serviço de medicina den-tária, resultante da remodelação doactual.

Obras não comprometema situação financeira

Tudo isto, sublinha o presidente An-tónio Abrantes, será feito «comfundos próprios, sem pôr em risco asituação financeira« da ASMECL.Este empresário destaca aliás quea instituição não beneficia de «sub-sídios estatais ou privados de qual-quer espécie», vivendo por isso dasquotas pagas pelos associados edos serviços médicos que presta.

António Abrantes recorda ainda quequando assumiu a direcção, emMarço deste ano, encontrou umvalor significativo de facturas emiti-das à Segurança Social por liquidar,no âmbito de operações e interna-mentos na unidade de cuidadoscontinuados da Clínica de São Cris-tóvão. Segundo este dirigente, a so-lução encontrada foi firmar com oEstado um protocolo, no âmbito doqual já foi regularizada parte da dí-vida à associação.

Já o vice-presidente da direcçãoCassiano Galvão adianta que estáneste momento em curso um tra-balho de requalificação do parqueinformático e também de conver-são das fichas clínicas em formato

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REPORTAGEM

electrónico. Vai ainda ter lugar «umesforço de mudança de imagem daassociação para acompanhar o es-forço financeiro». A ideia é, comoresume Cassiano Galvão, promover«um processo de actualização e demudança« da marca.

Nas instalações no Largo de São Cris-tóvão, entre a Baixa e o MartimMoniz trabalham perto de 220 pes-soas, entre as quais mais de 80 mé-dicos e quase 40 enfermeiros. Noedifício funcionam uma unidade decuidados continuados com22 camas,que recebe doentes em recuperaçãoenviados pelos hospitais, e um larpara a terceira idade com capacidadepara meia centena de idosos. A clí-nica dispõe tambémde espaços paraterapia ocupacional e fisioterapia, in-cluindo um no último piso da clínica,com vista sobre a cidade.

Perda de associadosé um problema

A localização desta unidade desaúde, apesar de muito central,não deixa de constituir um pro-blema, já que para lá chegar é pre-ciso percorrer a pé uma longa su-bida. António Abrantes admite queesta é uma dificuldade para muitos

dos associados, a maioria dos quais

tem uma idade avançada. «Subir

até aqui não é para toda a gente»,

admite o director, que procura uma

forma de solucionar esta questão.

O decréscimo do número de asso-

ciados é outra realidade com que a

associação se confronta, tendo-se

registado nos últimos tempos vá-

rias situações de desistência por ca-

rências económicas. Para estes

casos «latentes», adianta António

Abrantes, está a ser equacionada a

criação de «uma quota simbólica».

Das prioridades da Associação deSocorros Mútuos de Empregadosde Comércio de Lisboa, cuja actualdirecção foi eleita por um triénio,faz também parte angariar novosassociados para juntar aos cercade 20 mil actuais.

«Vamos lançar uma campanha. Secada associado trouxer um novo po-demos dar um pulo significativo»,diz António Abrantes. «Temos capa-cidade de crescimento», subscreveCassiano Galvão, lamentando queaté aqui não tenha havido «um in-vestimento nesta área». O vice-pre-sidente da direcção explica quepara inverter a tendência de perdados últimos anos será necessárioapostar na divulgação dos serviçosprestados pela associação, que têm«uma vantagem competitiva« emrelação a muitos seguros de saúde,desde logo em termos de preço.

Para alcançar a dimensão ambicio-nada a direcção planeia promoveruma alteração estatutária, já que asnormas em vigor permitem apenasassociados particulares, o que temimpedido a associação de entrar nomercado empresarial. «Isto retira-nos capacidade de competir nomer-cado. Queremos ter cartões também

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REPORTAGEM

para empresas», explica CassianoGalvão, acrescentando que estão naforja parcerias com outras institui-ções para «alargar a quota de mer-cado».

Além dos serviços médicos, estainstituição oferece aos interessa-dos uma outra valência: a de caixaeconómica, criada em 1930, queessencialmente recebe depósitos.«Não temos uma estrutura profis-sionalizada, pelo que a evoluçãoda associação foi sempre pela áreaclínica», explica o vice-presidenteda direcção.

Uma história com 138 anos

Tanto António Abrantes como Cas-siano Galvão destacam que a asso-ciação é uma causa à qual se dedi-cam por gosto e vocação. «Os cincoelementos da direcção trabalhamestritamente por carolice», diz oprimeiro. «O nosso prémio de ges-tão é ver os resultados a aparecer eo reconhecimento das pessoas»,completa Cassiano Galvão.

Recentemente, por ocasião do seu138.º aniversário a Associação de

Socorros Mútuos de Empregados deComércio de Lisboa apresentou pu-blicamente os seus planos para ospróximos anos e premiou os cola-boradores e associados mais anti-gos. Na memória de alguns delesestarão certamente as palavras doprefácio de uma publicação come-morativa do centenário da associa-ção, na qual se dizia: «Nascida noano de 1872, traduzindo os senti-mentos mutualistas dos pioneirosque devotamente a ergueram,transmitidos pela vida fora a gera-ções de idealistas que, abnegada-mente, a souberam continuar e for-talecer, ela chegou até nós, nesteano de 1972, como forte exemploda mais despretensiosa actuaçãoem prol do bem comum».

Nessa obra conta-se também queesta instituição «nasceu na noite de12 de Abril, quando um grupo decerca de 53 profissionais, de idadesvariáveis (alguns bastante jovens),muitos deles sócios ou antigos filia-dos da Associação dos Empregadosno Comércio e Indústria, se reuniuno primeiro andar do n.º 120 da Ruados Correeiros, local onde então se

achava instalado o antigo MontepioFidelidade». Carlos Augusto Tibau,Casimiro Joaquim Lúcio Barreto,António José de Nogueira, FredericoAguiar, JoaquimMartins Viana, JoãoFrancisco da Mata e José Caetano daSilva Veloso integravam a primeiradirecção. Um andar arrendado naRua dos Torneiros foi a primeiracasa da associação.

A publicação comemorativa docentenário terminava com os olhospostos no futuro: «Agora, ao trans-por a porta que levará ao seu se-gundo centenário, a Associação deSocorros Mútuos de Empregados deComércio de Lisboa reafirma (comoo tem feito no mais comezinho dia-a-dia) a sua fé inabalável no futuro,a confiança indesmentível nos seusdirigentes e associados em geral,consciente de que, com o esforço eo trabalho de todos, ela possa pros-seguir a sua missão de forma cadavez mais profícua e útil ao bemgeral». �

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PONTOS NOS ii’s

Espanha já temLei de bases

da Economia Social

Com fundamento numa propostado ministério do Trabalho espa-nhol, o governo de Madrid apro-vou, em 16.07.2010, um projectode Lei de Bases da Economia So-cial, também outorgado pelas Cor-tes Gerais, e que terá como órgãoassessor e consultivo das activida-des o Conselho para o Fomento daEconomia Social. Conselho que seconfigura, portanto, como a insti-tuição conferidora de visibilidadeao conjunto de entidades e em-presas que, no âmbito da UniãoEuropeia, se agrupam em coope-rativas, mutualidades, associaçõese fundações.

Já em fase de regulamentação, a Leide Bases define, em nove artigos,o objecto jurídico, o conceito e deno-minação, os princípios orientadores,as entidades que agrupa, a organi-zação e representação, o fomento edefesa e o respectivo financiamento.Configurada um marco jurídico paraum sector que representa 3% do PIBe 1 350 000 empregos, a lei resultoude iniciativas várias, sendo de desta-car o papel da Confederação Empre-sarial Espanhola da Economia Social eos trabalhos realizados pela Subco-missão Parlamentar do Congresso,que em2007 procedeu ao estudo dasituação e propôs medidas do fo-mento.

Portugal já teveprojecto de lei

Em Portugal, o interesse pela eco-nomia social, considerada como aempresa económica do futuro, co-meçou a despertar há cerca de 25anos. A tal ponto que em 1987 serealizou em Lisboa, promovido pelo

Centro de Estudos de Economia Pú-blica e Social, um colóquio que,tendo debatido e situação e pers-pectivas no nosso país, foi enrique-cido pela presença de Jean Gatei,ex-Secretário de Estado francêspara a Economia Social, o qual con-siderou que a grande conquista dofim do século seria o respeito pelosdireitos dos cidadãos dentro da em-presa «dessacralizando o capital eo poder». Urgia potenciar a forçaenglobante de cooperativas, mise-ricórdias e mutualidades num sec-tor coeso, activo, inovador e mo-derno, e criar condições estruturaisque lhes permitissem assumir-secomo movimento.

O padre Vítor Melícias chegou até apropor a realização de um Con-gresso de Associativismo, a elabo-ração de uma Carta de EconomiaSocial, que veio a ser aprovada, ainstituição de um Conselho Superiorde Economia Social e a promulga-ção de uma Lei de Bases. Aliás,houve mesmo um projecto de Pro-posta de Lei de Bases Gerais, noqual se definia que «a EconomiaSocial é a forma de produção e dedistribuição de bens e de serviçosefectuados a partir de unidades deprodução e de outras estruturas,associativas, cooperativas e mu-tualistas que, não prosseguindo olucro nem sendo dominada por in-teresses meramente individuais,visa o serviço da comunidade.

Passar do reconhecimento público àfase de estruturação de perspectivasorgânicas para as empresas e inicia-tivas deste sector, considerar a suaimplantação coordenada e fomen-tar o seu desenvolvimento conju-gado, eis o trabalho que era precisodesenvolver» E que durantemais al-guns anos mobilizou a União dasMutualidades. Sem ponta de su-cesso uma vez que quem mandava

era o lobbying neoliberal, junto dopoder político. Vinte anos passados,a implosão do capitalismo financeiroprovou a necessidade de implanta-ção formal da Economia social naUnião Europeia. Como forma de res-posta à crise e de sustentabilidadedo modelo social europeu.

PSD avança paraa Economia Social

Entretanto, por iniciativa do PSD,realizou-se na Assembleia da Re-pública, em 29 de Setembro, umseminário sobre «A Economia So-cial e o Terceiro Sector», com o ob-jectivo de serem ouvidas as enti-dades representativas do sectorcooperativo e social, com vista àelaboração de uma Carta da Econo-mia Social a apresentar, por pro-posta legislativa, ao Parlamento. Ospresidentes das Uniões das Mutua-lidades e das Misericórdias e outrosconvidados, explanaram os conteú-dos dos painéis «Empreendedo-rismo e Economia Social« e «Inova-ção Social no Terceiro Sector».

Mas, antes, em finais de Julho, já olíder social-democrata, Pedro PassosCoelho, havia anunciado, no con-texto da reforma do Estado Socialque perspectiva, a apresentação deuma Lei de Bases da Economia So-cial, que trace uma «fronteira clara«entre as responsabilidades do Estadoe o papel a desempenhar pelas ins-tituições particulares de solidarie-dade social. «A nossa preocupação,afirmou então Passos Coelho, é tra-çar uma fronteira clara quanto àquiloque ê responsabilidade do Estado equanto àquilo que o Estado entendeser o papel a desempenhar por estasinstituições». �

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MEMÓRIA

A UNIÃO DAS MUTUALIDADES PORTUGUESAS é uma instituiçãoparticular de solidariedade social e de utilidade pública, quetem como finalidade essencial promover a defesa, desen-volvimento, cultura e práticas da solidariedade mutualista;e assegurar a organização e representação do MovimentoMutualista.

Propriedade: UNIÃO DAS MUTUALIDADES PORTUGUESAS

www.mutualismo.com · e-mail: [email protected]

Editor ALBERTO JOSÉ DOS SANTOS RAMALHEIRADirector de edição MÁRIO BRANCO · Designer NIELS FISCHER

Fotocomposição HERAGRÁFICA · Impressão GRIFOSTiragem 1 500 exemplares · DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Os artigos assinalados são da responsabilidade dos seus autores e não expressam necessariamente a opinião do editor.

pança. A instituição de caixas eco-nómicas, como forma de resolveros problemas das classes popula-res, e o projecto da Caixa de Socor-ros Agrícolas – um banco coopera-tivo, quando da presidência deHerculano no município de Belém,toda essa temática constituiu umapequena síntese do pensamentode um homem de grande inteli-gência crítica. Pena que o signifi-cado da Imprensa onde Herculano,profissional do jornalismo, exerceuinfluência como noticiarista, críticoe criador de obra social e literária,não tivesse sido abordado.

A encerrar, Vítor Melícias leu e co-mentou passagens do discurso-pro-posta de Alexandre Herculano sobreas caixas económicas, que escre-vera antes do Montepio ter aberto oseu próprio estabelecimento de cré-dito. Então, evocando Cícero Galvão,um dirigente da Segurança Social,que na década de 1980 proclamaraque «o mutualismo não morreu, omutualismo não morrerá», seme-lhantemente afirmou que «Hercu-lano mutualista não morreu» e que«Não há Herculano sem mutua-lismo, nemmutualismo sem Hercu-lano». �

Oliveira Martins, presidente do Cen-tro Nacional de Cultura, e o padrefranciscano Vítor Melícias, presidenteda Mesa da Assembleia Geral doMontepio.

Na palestre de sofá que se estabe-leceu o cidadão exemplar, nascidoem Lisboa, no Páteo do Gil, a 28 deMarço de 1810; a doutrina e pro-jecção de Herculano, na literatura; ahistoriografia, a partir da forme deque se reveste a comunicação doconhecimento histórico; a defesa evalorização do património cultural;o grande polemista da literaturaportuguesa; o solidarista voluntárioe o associativista fundador de as-sociações que fornecessem pou-

Com um jantar «tertúlia no caféMartinho da Arcada, no Terreiro doPaço, no qual Diogo Freitas doAmaral, Eduardo Lourenço e Gui-lherme de Oliveira Martins entabu-laram conversa sobre «a consciên-cia política de Herculano e o seucontributo para a cidadania», ter-minou, no dia 26 de Outubro, ociclo de conferências sobre «Ale-xandre Herculano 200 anos de-pois», promovido pela AssociaçãoPortuguesa de Escritores.

As comemorações do bicentenáriodo nascimento do grandemestre daHistória de Portugal, que também foiomestre dosmodernos conceitos daeconomia social, principiaram a 6 deJulho, junto ao Arco da Rua Augusta,era Lisboa e abrangeram, entreoutras conferências, o «HerculanoMaçon», o «Herculano na LiteraturaPortuguesa e Dimensão Ética do Es-critor» e o «Herculano Mutualista».Nesta última conferência, apoiadapelo Montepio Geral e realizada noseu auditório, a 4 de Outubro, dia ce-lebrativo do 170.º aniversário damu-tualidade do Pelicano, intervieram ojornalista António Valdemar, presi-dente da Academia Nacional deBelas Artes, o jurista Guilherme de

Herculano em Conversa de sofá

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