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COTIDIANO E VIVÊNCIA ESPACIAL: UMA REFLEXÃO A … · deve estar intimamente ligada ao ambiente cultural escolar/comunitário de aprender ... Ao propor esta opção temática acredita-se

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COTIDIANO E VIVÊNCIA ESPACIAL: UMA REFLEXÃO A PARTIR DA

PRAÇA DOUTOR HORÁCIO KLABIN, TELÊMACO BORBA - PARANÁ

Edna Beltrão da Cunha Tomaz de Lima1-2

Resumo

O presente artigo tem por objetivo problematizar as formas através das quais a Praça Doutor Horácio Klabin é vivenciada por diferentes grupos sociais residentes na cidade de Telêmaco Borba, Paraná, trabalho este que se coloca enquanto uma etapa realizada, enquanto aluna, do Projeto do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE. Sabendo-se que todo o trabalho nasceu da implementação do projeto do PDE a alunos da 3ª série do Ensino Médio do Colégio Estadual Presidente Vargas, em Telêmaco Borba, Paraná, o espaço público urbano fora visto como constituído por um universo de relações sociais que ultrapassam o limite da rua. Uma das dimensões que fazem também parte da rua é a espacialidade escolar e este é um dos elementos necessários para se compreender a visão que os grupos sociais frequentadores do espaço público urbano tem a respeito das espacialidades externas ao espaço escolar, mais especificamente a praça. Assim, a partir do conhecimento geográfico em escala local buscou-se articular momentos que permitissem a elaboração e a compreensão de conceitos geográficos, bem como salientar a importância da educação geográfica para a construção da cidadania. Fora confeccionado um material didático / pedagógico contendo textos, imagens e outras linguagens, além de exercícios diversos que auxiliaram o trabalho do professor. Analisar as paisagens locais e sua relação com os fenômenos geográficos das escalas regional, nacional e mundial a fim de que os alunos pudessem apreender os conhecimentos geográficos imprescindíveis à sua atuação como cidadãos. Os resultados alcançados demonstram de que a prática pedagógica deve estar intimamente ligada ao ambiente cultural escolar/comunitário de aprender a observar e de aprender com o ambiente em que está inserido, incorporando seus valores e saberes.

Palavras- chave: Espaço Público; Urbano; Material Didático; Praça; Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).

1 Professora PDE. Professora Especialista do Colégio Estadual Presidente Vargas de Telêmaco

Borba – PR, da disciplina de Geografia. 2 Trabalho orientado pelo Professor Marcio Jose Ornat (DEGEO – UEPG).

Introdução

A presente reflexão é resultado das ações do programa de Formação

Continuada intitulado Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) – 2010 /

2012, que teve como objetivo oportunizar aos professores da rede pública de ensino

um estudo diferenciado junto às Instituições de Ensino Superior (IES) do Estado do

Paraná, resultando numa investigação e reflexão teórica sobre suas práticas

pedagógicas. Desse modo, os estudos teórico-metodológicos expostos e discutidos

com os professores do PDE e os orientadores da Universidade Estadual de Ponta

Grossa (UEPG) resultaram na confecção do material didático na forma de uma

Unidade Temática, intitulado “A Visão da Praça Doutor Horácio Klabin a partir de

seus frequentadores”. A Unidade Temática trabalhada procurou desenvolver uma

forma de abordagem de conteúdos de Geografia em sala de aula em um contexto

crítico voltada ao aluno. Com a finalidade de socializar os conhecimentos e as

múltiplas visões a respeito da referida Praça, a qual foi estudada na perspectiva de

Espaço e Território, tendo como objetivo principal o diálogo sobre os problemas que

atingem esse espaço público, entendê-los e criar situações de torná-lo um local de

convivência, valorizado através de uma visão crítica que contribua na vida da cidade

e na vida escolar.

A referida Unidade Temática propôs o diálogo com os alunos para valorizar

fatores geográficos, culturais e sociais do cotidiano na perspectiva da pluralidade

dos espaços. Ao propor esta opção temática acredita-se que o aluno apropriou-se

da discussão das espacialidades, o que possibilitou o seu preparo para o

entendimento das organizações espaciais em múltiplas escalas, trazendo um

significado do 'por que' estudar Geografia. Assim, o estudo teve por objetivo

compreender de que forma a Praça Doutor Horácio Klabin é utilizada enquanto

espaço público pelos diferentes grupos sociais da cidade de Telêmaco Borba,

Paraná. Para que a análise fosse significativa geograficamente, o estudo foi

estruturado em três momentos. Primeiramente, trabalharam-se os encaminhamentos

relacionados à discussão do conceito de espaço, espaço público e espaço urbano,

evidenciando sua importância para a reflexão a cerca da referida Praça. No segundo

momento, foram apresentadas as discussões sobre os conceitos relativos ao

Território. No terceiro momento trabalhou-se com as características dos grupos

sociais que se apresentam na Praça e sua leitura a cerca da mesma, relacionada

com as perspectivas de território e espaço. Como fechamento das atividades foi

realizada uma Mesa Redonda, Debates e Produção de Fotos pelos mesmos alunos.

Compreender que o estudo geográfico tem como temas o conceito de

Território e Espaço foi fundamental para o aluno situar-se na dinâmica urbana e no

estudo da Praça Doutor Horácio Klabin, uma espacialidade extremamente complexa

em Telêmaco Borba, possibilidade que proporciona a compreensão das diferentes

visões e significados que as pessoas que aí frequentam possuem a respeito da

mesma.

As Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná abordam o tema território

ligando às relações que se estabelecem entre espaço e poder, atualmente tratado

nas mais diversas escalas geográficas e sob diferentes perspectivas teóricas.

Considerando que o conceito de território deve ser abordado a partir de relações

políticas, que nas mais variadas escalas constituem territórios cartografados ou não,

claramente delimitados ou não, desde os que se manifestam nos espaços urbanos,

como os territórios do tráfico, da prostituição ou da segregação socioeconômica até

os regionais, internacionais e globais, faz-se necessário em sala de aula a

abordagem das diferentes territorialidades espaciais desde os micros até os macro

territórios, pois permitem analisar as relações de poder aí existentes e as diferentes

disputas territoriais em diferentes escalas que interferem na organização do espaço.

Para levar os alunos a conhecer e compreender essa dinâmica, interligando

teoria com realidade foi importante ter o conhecimento sobre espaço e território.

Seja ele conceituado como simples espaço e entendido como superfície, como

referência de localização ou como produto de inter-relações. Tendo a Praça e seus

frequentadores como objeto de estudo é interessante observar que os jovens que aí

frequentam são os alunos que cotidianamente são os constituidores da

especialidade escolar. A partir da reflexão sobre as abordagens territoriais e

espaciais foi levado o aluno a compreender a realidade que frequentam e

compreendendo-a que a utilizem da melhor forma e tornem-se sujeitos de

transformações da mesma.

Alunos na Praça: O Olhar Geográfico na Praça Doutor Horácio Klabin, uma

possibilidade de uma aula alternativa de Geografia

Para que isso se realize é necessário conhecermos um pouco da História da

Praça.

A Origem da Praça Doutor Horácio Klabin

A referida Praça foi construída na gestão do Prefeito Péricles Pacheco da

Silva, juntamente com o Paço Municipal, no final dos anos 1960. Constitui-se um

marco referencial do centro da cidade. No local foi erguido um monumento: Homem

de Pedra - homenagem ao trabalhador do município3.

Com a apropriação sobre os conceitos de Espaço, Território e Praça

podemos ter um Olhar Geográfico na Praça Doutor Horácio Klabin. Geograficamente

classificamos a Praça em Espaço, Espaço Público e Território, de acordo com o

olhar que tivermos, ou mesmo perceber que a Praça pode revelar todas essas

classificações ao mesmo tempo. Vendo sobre a perspectiva de território a Praça

Doutor Horácio Klabin é um território extremamente complexo em Telêmaco Borba,

o qual assume diferentes significados no contexto de pessoas que aí frequentam,

revelando a grande trama da luta territorial-espacial.

Os jovens que aí frequentam são os alunos que cotidianamente são

constituidores da espacialidade escolar. Levar o aluno a compreender essa

realidade da praça é importante, pois sua compreensão possibilita que a utilizem da

melhor forma e tornem-se sujeitos de transformações da mesma.

Então, o que constitui uma Praça? As Praças apresentam-se como um

espaço geográfico. Conforme as Diretrizes Curriculares, 2008, temos: “[...] espaço

geográfico é entendido como espaço produzido e apropriado pela sociedade, de

acordo com Lefebvre, 1974.” (DIRETRIZES CURRICULARES, 2008, p. 51)

Entendermos o que é uma Praça é fundamental, assim tem-se: De acordo

Viero e Filho (2009): “[...] a praça é um espaço urbano livre de edificações, dotada

3 Fonte: Revista Impacto. Edição nº 75 - ano XIII - Março de 2011.

de símbolos, palco de transformações históricas e sócio-culturais. Sendo um local de

convívio.” (VIERO e FILHO, 2009, p. 1)

A Praça é um espaço de reunião e convívio constituído para e pela

sociedade. Consiste em espaço para pedestres, grupos, palco de apresentações

histórico-culturais, local de comércio informal (feiras e exposições) ou apenas a

única fonte de lazer urbano da cidade.

Entre outros autores encontramos Souza (2009) que apresenta a praça

como: “[...] a praça assim como os jardins, canteiros, jardins urbanos, parques,

quintais entre outros, são considerados espaços livres urbanos, ou seja, áreas não

edificadas.” (SOUZA, 2009, p. 45).

Com a definição sobre Praça fica mais fácil entender tal espaço público.

Nossas cidades são formadas por elas, que se apresentam de vários tipos e

formações. E nesse contexto buscar “A Visão da Praça Doutor Horácio Klabin a

partir de seus frequentadores”, faz-se necessário para melhor entendermos nossa

realidade.

Levar o aluno a vivenciar os conceitos geográficos em aulas teórico/prática

nos dimensionam exatamente a ter contato com as contradições existentes no

espaço e território e assim podermos aprender com os saberes existentes nessa

realidade. Um estudo do espaço/território que supere esse ensino vazio e crie

conceitos com significados a serem aplicados na vida deve partir da valorização dos

espaços de vivência, das condições de existência do aluno e seus familiares e das

relações cotidianas, de modo que o aluno, gradativamente, estabeleça relações

cada vez mais elaboradas entre esse cotidiano e a realidade mais ampla.

Para construir o Material Didático a professora PDE considerou esta

perspectiva educacional.

A Visão da Praça Doutor Horácio Klabin a partir de seus frequentadores, uma

proposta do Material Didático

O Material Didático elaborado apresentou uma proposta de estudo sobre o

espaço urbano e o espaço público e território considerando o espaço numa

perspectiva de multiterritorial, focando o estudo específico da praça Dr. Horácio

Klabin enquanto um espaço público e territorial.

Com a elaboração do mesmo objetiva-se criar aulas mais dinâmicas e mais

concretas, que o aluno se sinta parte integrante do estudo relacionando-o à sua

vida. Para concretizar tal proposta foi elaborado o Material Didático, o qual compôs a

fundamentação para o momento de Implementação das atividades junto a Escola.

A metodologia utilizada representa uma estratégia pedagógica que permite

aproximar o discurso geográfico da realidade do aluno, despertando seu interesse a

cerca dos conteúdos geográficos e abre possibilidades para garantir um aprendizado

efetivo. A primeira atividade com o Material Didático foi a apresentação do mesmo

na Semana Pedagógica da SEED, de Agosto de 2011, no Colégio Presidente

Vargas, do Projeto e do Banner a respeito da Praça Doutor Horácio Klabin aos

professores, equipe pedagógica e funcionários. Na sequência o referido Material

Didático foi aplicado nas práticas pedagógicas da disciplina de Geografia na turma

da 3ª série A, do Ensino Médio, do Colégio Estadual Presidente Vargas, localizado

no município de Telêmaco Borba-PR. O principal objetivo foi levar o aluno a

entender um espaço geográfico determinado e até que ponto ele poderia contribuir

com o processo ensino-aprendizagem dos conteúdos geográficos.

A atividade proposta exigiu uma metodologia dinâmica, envolvendo

momentos de teoria e de prática. Considerou-se uma proposta desafiadora,

entendeu-se que a mesma oportunizou ao aluno situações que o desafiaram a

pensar, a descobrir e a raciocinar sobre o espaço e o território. A Implementação foi

trabalhada com os alunos em dez horas aulas para sua aplicação. Sendo iniciada

com atividades de sondagem para se chegar ao conhecimento da turma.

Dentro dessa perspectiva foram trabalhados dois momentos de atividade

pela professora PDE: no primeiro momento uma pesquisa de campo através de

entrevistas com moradores do entorno, mães que levam seus filhos para brincar na

praça, frequentadores da praça; a qual serviu de embasamento às atividades

elaboradas no Material Didático.

As entrevistas revelaram sua visão a respeito da praça da seguinte forma, a

Praça Doutor Horácio Klabin para mim é: [...] “símbolo da cidade; [...] deveria ser

cartão postal, conheço-a há muitos anos, em vez de trazer beleza a cidade está

sendo degradada; [...] é um pesadelo, mas a noite você não tem segurança

nenhuma”; [...] “lugar agradável, bom de se sentar, ficar um tempo, conversar, bem

iluminada”; [...] infelizmente não é mais nada, depósito de lixo, de sexo explícito, isso

que vejo todo dia; [...] uma preciosidade de nossa cidade; [...] a Praça é uma coisa,

ela tá bem localizada, bom morar em frente, existe esses inconvenientes, é um local

muito bom para morar; [...] lugar agradável, bom de sentar, ver as crianças

brincarem, bem iluminada; [...] um lugar calmo, agradável, bom para passar o

tempo.”

Daí foi concluído que existem múltiplas visões a cerca desse espaço

territorial: para uns é preciosidade, para outros pesadelos, conforme o olhar que

possuem sobre a mesma; criando um ambiente dinâmico e plural. Assim como nos

apresenta Doreen Massey (2008), onde são privilegiadas as inter-relações e a

multiplicidade, revelando a constituição do espaço a partir de processos sociais. O

estudo sobre a praça tem a proposição que é inter-relacionar o Espaço aos grupos

que a frequentam e seus desdobramentos, onde as pessoas interagem com o

espaço constantemente, criando-o e recriando-o de acordo com as relações que se

estabelecem.

Segundo Massey (2008):

[...] reconhecemos o espaço como produto de inter-relações, como sendo constituído através de interações, desde a imensidão do global até o intimamente pequeno. [...] compreendemos o espaço como a esfera da possibilidade da existência da multiplicidade. [...] reconhecemos o espaço estando sempre em construção. [...] jamais está acabado, nunca está fechado. (MASSEY, 2008, p. 29)

Quando são referenciados os grupos que vêm à praça, são as identidades e

as subjetividades que se fazem presentes e estas são frutos das inter-relações que

acontecem através do Espaço. O sujeito frequentador do espaço é multifacetado,

isto é, relaciona-se com diferentes características sociais ou facetas sociais. Como

as relações são constantes e múltiplas o espaço está em transformação e sendo

construído constantemente num processo dinâmico. Assim as pessoas se modificam

dependendo do espaço em que se situam. Quando se pensa o espaço de forma

relacional, ele é a soma de todas as nossas conexões; é a compreensão do social,

individual e do político.

A visão das entrevistas nos remete ao espaço visto como espaço paradoxal,

segundo Rose (1993), o espaço paradoxal é formado por multiplicidade,

plurilocalidade, onde qualquer posição é imaginada não apenas como localizada em

múltiplos espaços sociais, mas também em ambos os polos de cada dimensão. É

esta tensão que pode articular um sentido em outro lugar além dos territórios do

campo mesmo/outro, estando ambos separados e conectados, a ocupação

simultânea tanto do centro como da margem, sendo ao mesmo tempo insider e

outsider: todos estes espaços discursivos dependem de um sentido de "em outro

lugar" para a sua resistência. Este espaço é paradoxal porque deve ser imaginado

como um ser posicionado entre o prisioneiro e o exilado, tanto dentro como fora.

No segundo momento foram realizadas atividades pedagógicas com os

alunos durante a Implementação do Projeto, e que se confirmaram como

ferramentas úteis à apropriação do conhecimento. Em paralelo à Implementação na

Escola foi trabalhado a tutoria pela professora PDE no GTR-Grupo de Trabalho em

Rede, voltados aos professores da Rede de Ensino, os quais participaram em

número de 15 professores inscritos; participando efetivamente 11 professores, onde

os participantes do GTR analisaram o Projeto de Intervenção a respeito do referido

tema, apresentando a ideia na maioria que o Projeto é relevante e possível de ser

aplicado na sala de aula, demonstraram interesse a cerca da temática da Praça,

relatando que é um assunto diferente em sala de aula.

A primeira atividade pedagógica junto aos alunos foi a apresentação em sala

de aula do Projeto de Intervenção e do Banner Ilustrativo sobre a Praça em questão;

nos encontros seguintes às atividades de Implementação os trabalhos ocorreram

com a parte teórica e prática sendo divididas em, a parte teórica composta de:

Tema I: Espaço, Espaço Urbano, Espaço Público;

Tema II: Território;

Tema III: Praça;

Tema IV: Praça Doutor Horácio Klabin.

Em todos os temas foram aplicadas atividades em forma de leitura de textos,

interpretação e exercícios, conforme elaborados no material didático. As atividades

foram desenvolvidas com dinâmicas diferentes a cada encontro, mas sempre com

foco na proposta inicial de nosso projeto, o trabalho com as questões do Espaço,

Território e a Visão da Praça Dr. Horácio Klabin. Com as atividades propostas para a

sala de aula a respeito do estudo do Tema I sobre o Espaço as principais definições

relatadas pelos alunos foram: “[...] é onde ocorre multirelações de pessoas; [...] onde

várias pessoas se reúnem; [...] é constituído por pessoas, lugar de multirelações,

troca de ideias e ideologias; [...] é um lugar que pode ser ocupado; [...] espaço o que

nós pensamos; [...] tudo o que pode ser ocupado; [...] é o lugar onde você pode ter

seu tempo de lazer; [...] é todo lugar como vivemos, aonde vamos, é também tudo o

que vivemos; [...] tudo que envolve interação, relacionamentos e etc.; [...] onde se

interagem cada um tem relação com o outro; [...] local onde várias pessoas possam

frequentar de uma só vez; [...] é uma área que algo ocupa; [...] está sempre em

construção jamais acabado; [...] um lugar onde á várias diversidades de grupos e

pessoas; [...] é tudo aquilo que é ocupado pelas pessoas.”

Portanto o espaço entendido pelos alunos de forma múltipla nos remete a

Corrêa (1995), o estudo a cerca do Espaço aparece associado ora à superfície da

Terra, ora à simples localização. Sendo usado em diferentes escalas, como global,

continental, regional, da cidade, do bairro, da rua, da casa e de um cômodo no seu

interior. Existem inúmeras discussões a respeito do Espaço ao longo da trajetória do

conhecimento geográfico; várias linhas de análise apresentam-se a cerca deste

tema com diferentes matrizes filosóficas entre elas temos: positivismo, marxismo,

nova geografia cultural. O contexto da Praça em estudo propõe uma análise a partir

da perspectiva da nova geografia cultural; a qual valoriza os significados na

compreensão do espaço; chamando a atenção para os grupos e relações de poder.

Como se pode verificar onde Silva (2009), apresenta a perspectiva que Gillian Rose

(1993), tem a cerca do Espaço; a qual considera espaço como a multiplicidade de

identidades, numa relação contraditória e complementar de nós e os outros. Tendo

por referência essa perspectiva pode-se apresentar a Praça em questão como um

campo contratual, onde há situações em que os grupos assumem posições

determinadas e apresentam-se como nós em oposição aos outros. O enfoque a

partir desta linha é significativo, pois se pode através dessa visão ser traçado um

quadro de representações dos grupos frequentadores e dos diferentes papéis que

assumem a partir do momento no qual frequentam a Praça e das relações e papéis

aí assumidos podendo estar de modo plurilocalizado nesse espaço. Criando assim

uma teia de relações a partir de papéis e identidades assumidas; formando na praça

todo um espaço repleto de significado a partir do posicionamento adotado. Em um

determinado momento os grupos frequentadores são nós-centro ou outro–margem

ou ambas ao mesmo tempo.

Tendo o espaço como um contexto social e repleto de relações fez-se

necessário focar o espaço a partir do urbano, pois é onde se encontra a praça

propriamente dita. Esta representa um reflexo do social e da sociedade capitalista,

sendo dinâmico, flexível e complexo, é constantemente construído e reconstruído

pelos seus frequentadores.

Sendo assim, o estudo a respeito do espaço não é simples, visto que se

apresenta multifacetado. Para compreendermos devemos desvelar todas as

relações que o perpassam; para podermos situar as relações territoriais que ocorrem

na Praça.

O Espaço é um contexto social repleto de relações que estão em contínua

construção com uma localização específica, que é o contexto urbano. Assim faz-se

necessário focar a Praça a partir do urbano, pois é onde ela se situa. Vejamos os

conceitos de Espaço Urbano.

Partindo da análise de Roberto Lobato Corrêa (2003), temos:

O mesmo é fragmentado e articulado, mantém relações espaciais com outras partes, expressa processos sociais, é reflexo social, é dinâmico, mutável e condicionante da sociedade. Tendo o espaço como um contexto social e repleto de relações faz-se necessário focar o mesmo a partir do urbano, pois é onde se encontra a praça propriamente dita. Esta representa um reflexo do social e da sociedade capitalista, sendo dinâmico, flexível e complexo, é constantemente construído e reconstruído pelos seus frequentadores. Fragmentado quando caracterizado pela justaposição de diferentes paisagens e usos da terra. (CORREA, 2003, p. 7)

Na cidade capitalista estas paisagens são constituídas pelo centro, periferia,

áreas industriais, subcentros, áreas residenciais, favelas, condomínios, áreas de

lazer, entre outras, submetidas à especulação. Essa fragmentação é ação dos

proprietários dos meios de produção, proprietários fundiários e promotores

imobiliários, Estado e grupos sociais excluídos. É dinâmica, pois se refaz

constantemente e está ligada ao uso da terra. Cada uma das partes da cidade

mantém relações com as demais, formando um conjunto articulado cujo foco é o

núcleo central e manifesta-se através do fluxo de veículos e pessoas; no mundo do

trabalho, do comércio, do lazer, dos relacionamentos sociais e nas decisões políticas

e ideológicas. São de natureza social. Reflexo do social revela a estrutura social

através da formação espacial, a qual reflete a estratificação de classes sociais e

revela o processo de desigualdade social.

Sendo fragmentado, articulado, reflexo e condicionante do social, o espaço

urbano é também o lugar onde os diferentes grupos sociais vivem e se reproduzem,

envolvendo crenças, valores, conflitos que se projetam nas formas espaciais como

monumentos, lugares sagrados, favelas, lugares de lazer.

Todo esse processo é vivenciado e valorado das mais diferentes formas

pelas pessoas. Assim o espaço urbano é um campo simbólico que tem significados

variados segundo as diferentes classes e grupos etários e étnicos. Quando

associado à questão de renda monetária é cenário de lutas sociais, onde o espaço

urbano converte-se em um campo de lutas onde se revelam as diferentes

organizações dos movimentos sociais.

Aplicado à Praça em questão, a visão de Corrêa (2003) apresenta:

Um espaço fragmentado, enquanto revela a concentração dos frequentadores de acordo com sua origem espacial - do centro, da favela, da periferia, de condomínios fechados; articulado, quando os frequentadores compõem-se como pessoas que vivem o espaço urbano através da vida comercial, do mundo do trabalho, dos relacionamentos, fazendo da Praça um reflexo de toda essa estrutura. Enquanto reflexo do social os grupos que vêm à Praça revelam a estrutura de classe a qual pertencem, demonstrando a estrutura social existente na sociedade, a partir dos papéis representados. Agindo dessa forma tornam-se sujeitos articulados do espaço, o qual é condicionado pela visão de mundo que os permeiam. (CORRÊA, 2003, p. 7)

No Espaço Urbano (praça) tem-se uma representação espacial cheia de

simbolismos, de acordo com os significados que seus frequentadores atribuem,

revelando a classe social a qual pertencem e seus interesses. Como exemplo, os

grupos da periferia apresentam-se com determinadas características em oposição

aos grupos do centro da cidade.

Através do panorama simbólico forma-se um campo de lutas, aí aparecendo

as diferentes tendências políticas, sociais e ideológicas de acordo com o momento

vivido pelo grupo e pela sociedade. A Praça representa um reflexo do social e da

sociedade capitalista, sendo dinâmica, flexível e complexa, é constantemente

construída e reconstruída pelos seus frequentadores. Compreender essa realidade é

importante, para que as pessoas utilizem a Praça da melhor forma e tornem-se

sujeitos de transformações da mesma.

De acordo com Corrêa (2003):

No espaço urbano (praça) tem-se uma representação espacial cheia de simbolismos, de acordo com os significados que seus frequentadores atribuem revelando a classe social a qual pertence e seus interesses. Como exemplo: os grupos da periferia apresentam-se com determinadas características em oposição aos grupos do centro da cidade. Através do panorama simbólico forma-se um campo de lutas, aí aparecendo as diferentes tendências políticas, sociais, ideológicas de acordo com o momento vivido pelo grupo e pela sociedade. (CORRÊA, 2003, p. 9)

É no Espaço Urbano que a praça se dimensiona socialmente, por meio das

relações sócio-econômicas e culturais, revelando toda sua dinâmica que está

intimamente ligada a essas relações. E nesse contexto torna-se um Espaço Público

também, por ser um espaço de encontro de pessoas. Daí a necessidade de

compreendermos o Espaço Público.

E o Espaço Público o que é?

De acordo com Narciso (2009):

[...] refere-se ao conceito de espaço público como sendo em si mesmo o espaço da ação política ou, pelo menos, da possibilidade da ação política na contemporaneidade. O espaço público é o espaço por excelência da/na cidade. Conhecemos a cidade através do espaço público. Nele aprendemos a caminhar e a ver a cidade. Indovina (2002) assume esta posição e define alguns pontos de vista, na qual justifica o espaço público como a cidade. De uma forma geral, considera que o espaço público constitui um fator importante de identificação, que conota os lugares, manifestando-se através de símbolos e em segundo lugar, refere o espaço público como o lugar da palavra, como lugar de socialização, de encontro e também onde se manifestam grupos sociais, culturais e políticos que a população da cidade exprime [...]. (NARCISO, 2009, p. 2)

O Espaço Urbano é permeado pelas pessoas que o frequentam,

caracterizando assim um local como público ou não. Sendo a Praça um lugar de

encontro de pessoas, torna-se um espaço público. Pode-se dizer que a questão do

Espaço Público é perpassada pelo territorial como fonte de poder e pela cidadania

enquanto forma de expressão desse poder, acontecendo concretamente no

terreno-praça que então forma um território, composto pelo espaço público e as

relações de poder que aí se concretizam.

Com relação ao Tema II dentre os questionamentos sobre território

trabalhados com os alunos, a resposta destaque foi que para formar territórios: “[...]

é importante para o convívio social; [...] sim; pois conhece novas pessoas, coloca

seus conceitos, suas opiniões, favorecendo o convívio entre pessoas e suas

diferentes idéias, aprendendo a conviver e respeitar todos os pensamentos; [...] para

alguns que se importam com isso, em manter a ordem no local em que se ocupa;

[...] sim, pois assim temos nosso lugar do jeito que já estamos acostumados e do

jeito que gostamos que seja; [...] sim o ser humano se desenvolve, conhece

pessoas, desenvolve atividades, desenvolve conhecimento; [...] sim para a

socialização de pessoas; [...] a pessoa criando deixa que fique forte o seu espaço

para não ser penetrado por pessoas desconhecidas tentando entrar no grupo,

tentando causar danos e agressões, a mesma coisa ocorre com animais; [...] talvez,

pois há pessoas que podem se sentir discriminadas com essa separação; [...] não

pois ela pode ser constrangedora; [...] acho que sim cada um deve ter seu território;

[...] sim, porque é nos territórios que a gente conhece pessoas, conhece várias

culturas; [...] sim, desde que não prejudique alguma pessoa diretamente ou

indiretamente; [...] é uma forma de revelar sua personalidade; [...] sim assim as

pessoas se desenvolvem.”

Através das colocações dos alunos pode-se perceber que a questão

territorial é importante e revela toda uma conotação de cultura, poder e de

relacionamentos entre as pessoas, seja de forma grupal ou individual. Assim temos,

segundo Gomes (2010):

(...) O território, pois nesse sentido, parte de uma extensão física do espaço, mobilizada como elemento decisivo no estabelecimento de um poder. (...) a territorialidade é vista aqui como o conjunto de estratégias, de ações, utilizadas para estabelecer poder, mantê-lo e reforçá-lo. (GOMES, 2010, p. 12)

Considerando que o conceito de Território deve ser abordado a partir de

relações políticas, que nas mais variadas escalas, constituem territórios

cartografados ou não, claramente delimitados ou não, que se manifestam nos

espaços urbanos, como os territórios do tráfico, da prostituição ou da segregação

socioeconômica até os regionais, internacionais e globais

O conceito de Território, abordado por Gillian Rose (1993), está relacionado

ao espaço paradoxal o qual revela-se na praça através dos grupos frequentadores;

que ora são centro (posicionando o sujeito com força hegemônica) ora margem

(constituindo-se os oprimidos) das relações de poder. É o jogo tenso entre centro e

margem que rearticula e reposiciona os sujeitos sociais no território.

Dependendo da perspectiva abordada de observação da praça, tem-se a

revelação das formas de poder territorial. Levando o aluno a apreender o significado

do conceito de espaço/território e suas relações, extrapolando o ensino superficial,

onde o aluno apenas decora sem conseguir aplicar a nenhum conhecimento é o

desafio educacional. Nesse sentido, o estudo do meio permite que o conteúdo

ensinado não seja meramente teórico, e sim, ligado à vida das pessoas. A geografia

ensinada então passa a ter sentido e interesse para o educando.

Nesse contexto a presente proposta de estudo do espaço/território considera

a praça, local que o aluno frequenta, um ambiente privilegiado para o estudo,

produção e organização da paisagem local, articulados com o espaço global,

possibilitando o resgate da geografia enquanto uma disciplina reflexiva sobre o meio

vivenciado pelo educando.

Com os Temas III e IV foram realizadas as atividades em sala de aula a

respeito da visão sobre a Praça por parte dos alunos, revelando os seguintes

posicionamentos: quando foi perguntado sobre as histórias da Praça que

conheciam, os alunos responderam na totalidade que relatam histórias de violência

na Praça e de mortes. Ao serem questionados sobre o local, apresentaram o

seguinte posicionamento: lugar agradável e sem bagunça; símbolo da cidade; uma

preciosidade; lugar sossegado á tarde; é um pesadelo; á noite sem segurança;

depósito de lixo, sexo explícito; lugar agradável.

Na abordagem feita aos alunos sobre o significado da Praça para eles, as

respostas foram: não significa nada; deixou sem resposta; boa lembrança de minha

infância; lugar ótimo; espaço por conter diversas personalidades e pessoas; lugar

agradável; um lugar sossegado á tarde; lugar agradável e sem segurança. Com

relação ao questionamento se classificavam a Praça em Espaço ou território; assim

se manifestaram os alunos: território por ser lugar público; espaço, porque é de

todos; território e espaço devido à relação entre eles; sem resposta; território devido

à percepção e ás pessoas que frequentam; território e espaço, ali há trocas de

ideologias, conhecimento, música, etc.

Conforme as respostas entendeu-se que existem diferentes visões a cerca

da Praça em estudo; as quais revelam que o espaço da praça é paradoxal; formado

por multiplicidade de visões e revelou-nos que a realidade de nossas praças, em

especial a Praça Doutor Horácio Klabin em Telêmaco Borba precisa ser

constantemente analisada em uma perspectiva educacional, levando aos alunos e

professores terem possibilidade de aulas críticas, criativas e dinâmicas.

Dando sequência às atividades práticas, os alunos foram a campo e

realizaram visitas à praça em diferentes horários, divididos em pequenos grupos

para fazer um registro fotográfico sobre a mesma, tendo como tema ”Meu olhar

sobre a praça”; o qual foi apresentado aos alunos do Colégio em forma de cartazes

compondo um Mural, o qual ficou em exposição no Colégio por cerca de dois meses

e teve a apreciação pela comunidade escolar e comunidade entorno. As fotos

revelam o olhar dos alunos sobre a Praça evidenciados em fotos como: as que

mostram a natureza (flores e árvores); o lixo (garrafas, plásticos, latas, animais

mortos, camisinhas, caixas de papelão...); o entorno da praça; monumentos; o

parque de diversão; os bancos; as pessoas que transitam, brincam ou andam de

bicicleta na mesma. Com o mural surgiu uma polêmica entre os alunos que

aconteceu no dia a dia escolar e mobilizou os alunos a participarem da atividade da

Mesa Redonda a respeito da Praça.

Todas essas atividades ficaram registradas através das fotos:

Foto 1: Pç. Dr. Horácio Klabin Foto 2: Pç. Dr. Horácio Klabin Foto 3: Pç. Dr. Horácio Klabin Fonte: Lima, 2011 Fonte: Lima, 2011 Fonte: Lima, 2011

Foto 4: Pç. Dr. Horácio Klabin Foto 5: Pç. Dr. Horácio Klabin Foto 6: Pç. Dr. Horácio Klabin Fonte: Lima, 2011 Fonte: Lima, 2011 Fonte: Lima, 2011

Na sequência das atividades práticas houve a formação de uma Mesa

Redonda para debater sobre a Praça Doutor Horácio Klabin; tendo como foco

A Praça Horácio Klabin e suas múltiplas visões, a qual foi formada por cinco

integrantes entre alunos, professores da Escola, políticos locais e mediadora a

professora PDE autora desse Artigo. Teve a duração de sessenta minutos divididos

em 5 minutos apresentação, 5 minutos explicação sobre a Mesa Redonda pela

professora mediadora, 40 minutos de debate, 10 minutos finalização

e agradecimentos.

Foram apresentadas à Mesa sete questões norteadoras para o debate,

sendo perguntado o que é a Praça Doutor Horácio Klabin para você; em sua opinião,

os frequentadores da praça em idade escolar tem algum prejuízo nos estudos por

virem até a praça nos dias e horários de maior movimento. Quais prejuízos; quais os

principais problemas que você levantaria sobre a Praça; em que horário você não

viria a esta Praça; porque as pessoas desviam da Praça nos horários de maior

movimento; apresente algumas possíveis soluções para se trabalhar na melhoria e

dinamização desse espaço público; foi deixado uma questão livre.

Tendo como destaque as seguintes respostas focando temas como:

preservação da praça, o local como frequência de determinados grupos sociais; o

espaço ocupado por diferentes pessoas em diferentes horários; a multiplicidade de

visões a respeito da mesma; a necessidade das autoridades cuidarem dos bens

públicos, a valorização do espaço como um referencial histórico do município;

carência de lazer; necessidade de policiamento na praça; repreensão à violência.

Durante a Mesa Redonda houve alternância de fala dos componentes com

réplica e tréplica dos mesmos, sendo no final, aberto um tempo para perguntas,

questionamentos para os alunos e os professores da plateia; os quais apresentaram

suas impressões, críticas, sugestões a respeito da Praça, criando assim um

ambiente democrático de debate sobre um assunto que envolve todos os munícipes.

Após o tempo livre a professora mediadora fechou a Mesa Redonda com os

agradecimentos aos componentes da Mesa e aos alunos e professores que

prestigiaram o evento.

Todo o procedimento da Mesa Redonda revelou-se nas fotos:

Foto 7: Mesa Redonda Foto 8: Mesa Redonda Fonte: Lima, 2011 Fonte: Lima, 2011

Para finalizar os trabalhos de Implementação na Escola foi aplicada aos

alunos uma avaliação sobre todo o processo de atividades realizado na

Implementação. Nas avaliações aplicadas tivemos o seguinte feedback : vinte e

cinco alunos constavam matriculados na turma e apenas quinze responderam o

questionário proposto.

Seguem as respostas dos alunos de acordo com as questões: sobre as

aulas com textos sobre Espaço e Território, o que mais você gostou de conhecer.

As respostas foram: “gostei dos temas e dos conceitos, podem ser aplicados a

Praça em questão; aprendeu conceitos diferentes que revelam a cultura da pessoa;

aprendeu uma nova visão de território; aprendeu sobre a Praça e conheceu o

espaço dela; conheceu o espaço e o território e que devemos preservá-los;

respostas em branco; todo local tem que ter espaço para o lazer; conhecer o

pensamento do prefeito sobre a Praça e o conhecimento sobre a praça; conhecer a

Praça e o local onde vivemos; os assuntos tratados são importantes; da História da

Praça”.

Com referência às aulas práticas na Praça o que foi mais interessante.

Os alunos disseram: “verificar o que foi dito na sala na prática e ver criticamente;

verificar o controle de limpeza da Praça; fotos da Praça e do lixo na mesma; ver as

principais partes da Praça; ver fotos e o cuidado com a Praça; ver o que precisa ser

melhorado na Praça; ver a realidade da Praça através das fotos; a aula diferente

saindo da rotina; participação dos colegas”.

A respeito dos trabalhos desenvolvidos no Colégio, o que ficou de

importante para você. Assim os alunos se posicionaram: o cuidado e melhoria que

devemos ter do lugar; a conscientização da população perante os problemas; tudo,

os cartazes com as fotos, o trabalho em grupo; o conhecimento da Praça, território e

Espaço; descuido para com a Praça, cuidado com o que é do povo; a Praça e a

conscientização para seu cuidado; união do grupo para fazer melhor, a Mesa

Redonda.

Quando foi solicitado que destacassem um ponto positivo e um ponto

negativo de todo o trabalho proposto pela professora, os quinze alunos responderam

que o ponto positivo foi ter adquirido conhecimento sobre os temas tratados; um

aluno respondeu ser positivo a atividade diferente, e outro o trabalho em equipe. Um

aluno apresentou o negativo - não ter ido mais à Praça. No momento de apresentar

sugestões para as atividades propostas; as respostas ficaram em branco na maioria;

apenas quatro alunos responderam que: deve haver mais debates sobre lugares da

cidade; ter panfletos de alerta para que cuidem da Praça; usar um filme, fazer

mutirão na Praça para limpeza.

O olhar por parte dos alunos, dos moradores em torno e das mães de filhos

entre outros que frequentam a praça nos revelam que existem diferentes

concepções a respeito da mesma, dependendo do horário em que as pessoas

frequentam a praça, do grupo frequentador, da classe social a que pertencem, do

nível de escolaridade, da idade, do sexo e das ideologias a que as pessoas estão

ligadas. Revelando assim um espaço múltiplo segundo Rose e territorialmente

falando um local multifacetado.

Considerações Finais

O processo de Implementação foi avaliado em todos os seus momentos,

desde a sondagem até a etapa de aplicação dos conhecimentos, quando se

observou a apropriação dos conhecimentos geográficos pelos alunos do terceiro ano

do Colégio Estadual Presidente Vargas.

A experiência aqui relatada permite entender que todo o trabalho efetivado

com o processo educacional precisa fomentar a criticidade, não só dos alunos, mas

também do professor em uma dinâmica dialética de ensino-aprendizagem.

Sendo assim a proposta de estudo do espaço considerando a Praça local

que o aluno frequenta nos leva a produção e organização da paisagem local,

articulada com o espaço global, possibilitando o resgate da Geografia e a

valorização do espaço-território; objetivando também aulas mais dinâmicas e mais

concretas, que o aluno se sinta parte integrante do estudo relacionando-o à sua

vida. Dentro desse panorama educacional pudemos perceber, com as atividades

desenvolvidas junto aos alunos, que houve uma internalização a respeito do

espaço/território, Praça Dr. Horácio Klabin, e uma motivação em debater sobre a

mesma, revelada principalmente, no posicionamento dos alunos durante a atividade

mesa redonda, que teve resultados excelentes junto à comunidade estudantil.

Observamos, no decorrer do processo, que o trabalho para se atingir os

objetivos propostos na Implementação foram atingidos. As atividades desenvolvidas

contribuíram para compreender a dinâmica social/educacional que envolve a escola

e a comunidade, demonstrando como a realidade sócio-espacial relaciona-se ao

cotidiano escolar.

De acordo com o exposto podemos considerar que houve interesse por

parte dos alunos nas atividades da Implementação, tiveram um olhar crítico e

demonstraram gostar de ter aulas fora do ambiente escolar; procuraram relacionar a

teoria com a prática.

Portanto vemos a necessidade de cada vez mais o professor criar

possibilidades de ter alunos na Praça ou em diferentes ambientes com uma aula

alternativa de Geografia.

Concluímos que a atividade docente é desafiadora, mas gratificante quando

se evidencia uma mudança de paradigma no processo educacional. Sendo assim ter

aulas alternativas no espaço público é algo desafiador, novo e muitas vezes

assustador, porém, revela-nos uma das possibilidades de se praticar a transmissão

dos saberes geográficos de uma forma menos tradicional, formando um aluno crítico

e interado com a comunidade.

O trabalho desenvolvido com os alunos do Colégio Presidente Vargas foi

apenas o início de uma jornada, a qual tem muitos desafios pela frente e pode gerar

muitos frutos ao processo educacional. Para os professores os momentos de

estudos para a formação continuada, as trocas de experiências entre os docentes

facilitam a difícil tarefa de (re)significar a construção do conhecimento necessário e

urgente para o processo de ensino e aprendizagem.

E para que todo esse processo seja realmente científico não podemos

esquecer sempre de nos reportarmos aos estudiosos do tema abordado, pois assim

estaremos fazendo a ponte entre o real e a teoria imprescindível na prática

educacional.

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