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www.aquagri.com N.º 2 | Setembro 2015 NEWS COTR Gonçalo Tristão e Luís Boteta «O PRAZO LIMITE PARA REALIZAR AS INSPEÇÕES É MUITO CURTO» LUSOMORANGO «GERIR A REGA É UM TRABALHO DE OURIVES» CAMPOTEC «ESTA METODOLOGIA -ME TRANQUILIDADE» AQUAGRI EXPERT «A FIABILIDADE DA INFORMAÇÃO É UM PONTO FULCRAL»

COTR - aquagri.com 09 Aquagri News n2.pdf · gestão dinâmica da rega durante o dia» João Cortes, ... Fruta com excelente ... «o apoio na gestão da rega veio melhorar a qualidade

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www.aquagri.com

N.º 2 | Setembro 2015NEWS

COTRGonçalo Tristão e Luís Boteta

«O prazO limite para realizar as inspeções é muitO curtO»

LUSOMORANGO«Gerir a reGa é um trabalhO de Ourives»

CAMPOTEC«esta metOdOlOGia dá-me tranquilidade»

AQUAGRI EXPERT«a fiabilidade da infOrmaçãO é um pOntO fulcral»

IRRIGATION MANAGEMENT

EDITORIAL & NOTÍCIAS

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AQUAREAD / EIJKELKAMP - INSTRUMENTOS DE MONITORIZAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA A Eijkelkamp, representada em Portugal pela Aquagri, está a introduzir uma nova gama de instrumentos para monitorização da qualidade da água. A Aquaread ofere-ce uma gama completa de instrumentos de teste multiparamétricos da qualidade da água, incluindo águas subterrâneas, do mar e residuais); várias opções de recolha, armazenamento e gestão de dados; uma ampla gama de sensores ópticos e ISE (específicos eletrodos para iões) que se podem adicionar ao layout básico do sensor e a possibilidade de instalação de estações de monitorização autónomas.

Gama de Parâmetros Standard: oxigénio dissolvido (óptico e galvânico), pH, redox, EC, salinidade, resistividade, TDS, temperatura e profundidade.Gama de Parâmetros para iões específicos: amónio, nitratos, cloro, calcio, fluor.Gama de Parâmetros para sensores óticos: turbidez, clorofila, ficocianina (BGAPC), ficoeritrina (BGA-PE), rodamina, fluoresceína, petróleo refinado, CDOM / FDOM.

AquameterRegisto de dados, incluindo todos os parâmetros, dados de GPS e dados de ca-libração (GLP) com o toque de um único botão. O registo de dados é automático, permitindo gravar leituras regularmente ao longo de um dado período de tempo. As leituras podem ser registados por curtos períodos com o ecrã funcionando de forma permanente, ou por períodos muito mais longos em modo de baixo consumo, em que o ecrã se desliga entre leituras, para alargar a vida útil da bateria.

AqualoggerProjetado para monitorização contínua autónoma. O sistema tem autonomia de 6 meses, usando pilhas alcalinas C. O logger pode armazenar até 32.000 conjuntos de dados completos. Os dados registados, quer num Aquameter ou um AquaLogger, são transferidos por cabo. O software é fornecido gratuitamente com cada logger, para programação do logger e gestão de dados. O software pode exportar dados em formatos xls, doc, txt e KMZ. •

EDITORIAL

A Aquagri associa-se à 5ª edição das Conferências Vida Rural, que decorre a 13 de Outubro, no Crowne Plaza, Por-to, subordinada ao tema ‘Inovação em Agronegócios’. Subscrevemos o mote de que inovar é muito mais do que ter ideias originais ou usar tecnologia de última ge-ração, porque na Aquagri sabemos que o fator humano, o acompanhamento e o aconselhamento permanente dos nossos clientes é o que nos distingue e valoriza.O setor agrícola precisa de inovar e ser cada vez mais eficiente na gestão de to-dos os fatores de produção, incluindo a água da rega. É essa a génese e a razão de existir da Aquagri. Um relatório publicado em Agosto pas-sado pelo World Resources Institute criou o ranking dos países mais afetados pela falta de água até 2040, no qual Portugal é classificado como “extremamente vul-

nerável” à competição e delapidação dos recursos hídricos. Este é um cenário que nos deve preocupar a todos e sobretudo

mobilizar para escolhas e comportamen-tos hidroeficientes, seja no campo pes-soal ou profissional.

Maio 2015 | N.º 1 | www.aquagri.comIRRIGATION MANAGEMENT

O grupo Driscoll’s iniciou a produção de morango em 1870, na Califórnia, EUA, e há pouco mais de uma dé-cada que Portugal faz parte da sua história, tendo como ponto nevrálgi-co o concelho de Odemira. O grupo norte-americano esteve na génese da constituição da Lusomorango, organização que representa 21 pro-dutores, com um total de cerca de 250 hectares de framboesa, mirtilo e

amora, divididos entre o Alentejo Lito-ral e o Ribatejo.A Aquagri iniciou há seis anos um trabalho de consultoria de gestão de rega para a Lusomorango, com-preendendo todo o universo de pro-dutores desta OP. Cada exploração está equipada com sondas Enviros-can (para medição da humidade e eletrocondutividade do solo) que re-colhem e transmitem os dados que

REPORTAGEM

«GERIR A REGA É UM TRABALHO DE OURIVES»

«Os dados são-nos enviados de 2 em 2 horas, com informação detalhada sobre a quantidade de água e sais no perfil do solo, o que nos permite ter uma gestão dinâmica da rega durante o dia» João Cortes, responsável técnico pela Herdade do Samoqueiro (à esq.) e António Garcia, do departamento de Agronomia da Lusomorango

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// Delicados e muito exigentes no trato, os frutos vermelhos requerem mãos sá-bias para expressar todo o seu potencial em sabor e qualidade. A gestão da rega tem um papel preponderante no sucesso da cultura, como nos contam os técnicos da Lusomorango e das empresas suas associadas Driscoll’s e Maravilha Farms.

servem de base ao aconselhamento da rega, e lisimetros Solu Sampler (capsula cerâmica, colocada na zona radicular da cultura com vista a re-colher solução directamente do solo para posterior análise).Além de acesso permanente às lei-turas das sondas e aos dados das estações agrometeorológicas instala-das na sua zona, os agricultores parti-cipam em teleconferências semanais

IRRIGATION MANAGEMENT

REPORTAGEM

com os técnicos da Aquagri e da Lu-somorango, onde são analisados os dados registados pelas sondas, cru-zados com informação dos campos reportada pelos produtores e, por fi-nal, ajustadas as recomendações de rega para a semana seguinte. «O serviço que a Aquagri presta nas conferências semanais é de funda-

mental importância, porque os seus técnicos têm uma experiência acu-mulada na interpretação dos dados das sondas, podendo compará-los com a mesma cultura noutros pro-dutores e aconselhar correções em cada caso», afirma Susana Meneses, do Departamento de Agronomia da Lusomorango. Anualmente é realiza-

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Portugal é o principal centro de produção da Driscoll’s na Europa.

da uma ação de formação sobre ges-tão de rega com todos agricultores associados, estando previsto para este ano um dia de campo para aferir resultados e propor melhorias.

Fruta com excelente sabor todo o anoO objetivo da marca Driscoll’s (sob a qual é comercializada toda a produ-ção Lusomorango) é fornecer fruta com excelente sabor e apresentação durante 365 dias por ano, indepen-dentemente da sua origem - América, Europa ou África. Aos produtores da marca é exigida uma condução rigo-rosa das culturas.«Manter a humidade do solo no pon-to certo para aquele dia, aquele esta-do fenológico e aquela necessidade da planta é um dos fatores prepon-derantes para que a planta esteja equilibrada e produza fruta de boa qualidade, atingindo o sabor e aroma

ARMADILHA INTELIGENTE MONITORIZA DROSOPHILA SUZUKI

A Aquagri está a testar uma nova ar-madilha inteligente de monitorização da população de Drosophila Suzuki, na Herdade do Samoqueiro, na Zam-bujeira. O equipamento incorpora uma câmara HD que fotografa diariamente a superfície de captura de inseto. As imagens são enviadas para uma base de dados online onde são analisadas por meio de uma aplicação informá-tica de identificação da praga, de-senvolvida pela empresa Trapview. A armadilha visa automatizar o pro-cesso de identificação e contagem dos adultos de Drosophila Suzuki, permitindo medir a intensidade da praga e calcular o nível económico de ataque.

Equipamento de medição da humidade, temperatura e electrocondutividade do substracto caudalimetro para medir quantidade de água aplicada e unidade de medição de quantidade de água de drenagem e respectivo pH e EC.

Maio 2015 | N.º 1 | www.aquagri.comIRRIGATION MANAGEMENT

REPORTAGEM

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«As sondas ajudam-nos a perceber se estamos a fazer um correta gestão da rega, são úteis nomeadamen-te porque nos indicam a humidade e eletrocondutividade em manchas de solo com diferentes característi-cas e a diferentes profundidades», Natasha Nunes, agrónoma na Maravilha Farms

Universo Driscoll’s em Portugal

que a Driscoll’s procura oferecer aos seus clientes», explica João Cortes, responsável técnico pela Herdade do Samoqueiro, propriedade da Dris-coll’s Portugal, que compara a gestão da rega a um «trabalho de ourives».Gerir os recursos de forma eficiente e com respeito pelo ambiente está no ADN da Driscoll’s e é uma preocupa-ção acrescida no concelho de Ode-mira, em pleno Parque Natural do Su-doeste Alentejano e Costa Vicentina. «Iniciamos este trabalho de gestão da rega com os nossos produtores antes mesmo de surgirem as medi-das agroambientais, porque muitas explorações estão situadas em zonas vulneráveis a nitratos. Ao pouparmos água, também poupamos adubos e reduzimos a quantidade de azoto que chega aos lençóis freáticos», explica Susana Meneses. Margarida Franco, responsável pelo Departamento do Agronomia da Lu-somorango, lembra como surgiu a ideia de contratar a Aquagri. «Que-ríamos tomar decisões de rega mais fundamentadas e saber se o que fa-zíamos era o correto. Chegámos à conclusão que não estávamos muito longe do caminho certo, mas a ver-dade é que com o aconselhamen-to da Aquagri conseguimos poupar bastante água e adubo. Nos primei-ros anos tivemos um impacto enor-me na poupança de água, em média

Lusomorango

3500toneladas

250hectares

21produtores

7000toneladas

300hectares

FRAMBOESA (+ 70 hectares a plantar este ano)

40hectares

MIRTILO 20hectares

AMORA

55produtores

conseguimos uma poupança anual de 12% em todas as culturas, desde 2009», calcula Margarida Franco.Além de ajudar a reduzir a conta de cul-

tura, «o apoio na gestão da rega veio melhorar a qualidade da fruta e com isso o produtor recebe mais euros por kg», conclui Susana Meneses. •

IRRIGATION MANAGEMENT

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ENTREVISTA

// Gonçalo Tristão, novo presidente do Centro Operativo e Tecnológico do Re-gadio, e Luís Boteta, responsável técnico, querem dar uma projeção nacional ao COTR, transformando-o numa entidade charneira na área do conhecimento da gestão da rega.

O COTR foi criado há 16 anos. Desde então o que mudou na ges-tão da rega em Portugal e qual o contributo do COTR?

Luís Boteta: A criação do COTR es-teve ligada ao desenvolvimento do regadio na zona de intervenção de Alqueva. A nossa estratégia tem-se baseado na transferência de tecno-logia, através de experimentação, de

assistência técnica ao agricultor, de informação e formação. Trabalhamos há 16 anos para demonstrar a im-portância do uso eficiente da água. Felizmente, esta temática está na or-dem do dia e foi alvo de uma medida agroambiental no PDR2020.

O regadio é hoje gerido de modo mais profissional. Quais as grandes mudanças operadas a nível técnico?

«O PRAZO LIMITE PARA REALIZAR AS INSPEÇÕES É MUITO CURTO»

Luís Boteta: A agricultura está mais profissionalizada, existem mais técni-cos no terreno, quer contratados pe-las empresas agrícolas, quer por em-presas de apoio técnico. Hoje em dia praticamente todos os sistemas de rega são instalados tendo por base um projeto de rega. Ao nível da ges-tão da rega, a decisão passou a ser mais apoiada com ferramentas ba-seadas em informação agrometeoro-

Maio 2015 | N.º 1 | www.aquagri.comIRRIGATION MANAGEMENT

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ENTREVISTA

lógica e sondas de monitorização da água no solo.

Os dados oficiais indicam que me-tade das explorações agrícolas em Portugal regam. No entanto, a pro-dutividade média ainda é baixa em algumas culturas. É um problema da qualidade da rega?

Gonçalo Tristão: A gestão da rega é um dos fatores, mas não o único. Em algumas culturas há necessidade de se evoluir qualitativamente em ma-téria de regadio, mas muitas outras culturas aumentaram enormemente a produtividade.

Os serviços SAGRA e MOGRA do COTR têm quantos utilizadores e de que regiões?

Luís Boteta: Por trás destas ferra-mentas existe uma rede de 14 esta-ções agrometeorológicas no Alentejo, que servem de base ao nosso serviço de avisos de rega. Os dados agro-meteorológicos são validados diaria-mente pela equipa técnica do COTR e disponibilizados aos agricultores que se registem nestas aplicações infor-máticas. Basta introduzirem os da-dos da cultura, do solo, do sistema de rega e as dotações de rega aplica-das e diariamente tem a atualização do seu calendário de rega. Tentámos expandir este serviço, através de protocolos no Ribatejo e no Algarve, emitindo avisos de rega com base nas redes agrometeorológicas des-sas regiões, mas atualmente estamos concentrados apenas na gestão da nossa rede, pelo que os utilizadores deste serviço são regantes no Alen-tejo.

O COTR tem passado por várias reestruturações e tutelas. Como vê o futuro do Centro?

Gonçalo Tristão: A estratégia do COTR será investigar, experimentar e criar modelos que possam ajudar o agricultor. Estaremos 100% à dispo-sição do agricultor, expandiremos a nossa ação a nível nacional e am-bicionamos que o COTR seja reco-nhecido por todos como a entidade charneira na área do conhecimento da gestão da rega.

O COTR tem recursos humanos e financeiros para pôr em prática essa estratégia?

Gonçalo Tristão: Neste momento as dificuldades financeiras do COTR não nos preocupam tanto como passado. Teremos que recorrer a todos os fi-nanciamentos públicos do PDR 2020 e de outros programas comunitários e também cabe aos associados as-segurar o financiamento da actividade do COTR. Não podemos depender do Estado. Por outro lado, no âmbito da transferência dos conhecimentos, desenvolvemos prestação de servi-ços ao agricultor, atividade essa que tem de ser paga.

Têm em vista novos projetos?

Gonçalo Tristão: Existe diálogo com algumas instituições, nomeadamente a Universidade de Évora, a propósito do Centro de Investigação dedicado à Agricultura, Água e Energia, que está a ser constituído em parceria com o Ministério do Desenvolvimen-to Regional. Naturalmente, estamos

«No COTR trabalha-mos há 16 anos para demonstrar a importân-cia do uso eficiente da água»

muito interessados em poder parti-cipar noutros projetos em parceria com variadíssimas instituições den-tro da área da nossa actividade. Por outro lado, entregámos no final do mês de Agosto uma candidatura no PDR 2020, relativa à operação 2.1.4, ações de informação, a qual visa apoiar as diversas actividades que o COTR desenvolve no âmbito da dis-seminação de informação e conheci-mento.

A medida 7.5 do PDR 2020 - Uso Eficiente da Água teve elevada adesão no 1º concurso. Qual a opi-nião do COTR sobre a medida?

Gonçalo Tristão: A conceção desta medida tem o grande mérito de, pela primeira vez, alargar a todo o universo da agricultura de regadio o tema do uso eficiente da água e vai certamen-te contribuir para melhorar a gestão da rega em Portugal. Ao melhorar a gestão da rega o agricultor pode au-mentar a produtividade das culturas e diminuir os custos de produção. Esta medida também ajuda do ponto de vista político, porque precisamos de provar a Bruxelas que os agricultores do Sul da Europa sabem regar e que têm aumentado a eficiência da rega. A área irrigada decresceu nos últimos 18 anos em Portugal cerca de 33%, mas a produtividade proporcionada pela rega aumentou 73% (dados do GPP, de 2000 a 2009). É muito im-portante que a medida 7.5 tenha su-cesso, apesar do atraso com que foi publicada. Mas a medida também tem um aspeto negativo. Em resulta-do das negociações em Bruxelas, obriga a uma poupança de água. Ora, o uso eficiente da água na rega, não implica, necessariamente, uma redu-ção da dotação de água na cultura. Em alguns casos, isso poderia signi-ficar a perda da cultura. Infelizmente, esta premissa ficou na Portaria que regulamenta a medida.

Luís Boteta: Esta medida espelha

31 Dez.2015

data limite inspecções técnicas a sistemas de rega *

IRRIGATION MANAGEMENT

AQUAGRI PATROCINA CONFERÊNCIA SOBRE EMPREENDEDORISMO AGRÍCOLA A Aquagri patrocinou uma conferência sobre PDR2020 e Empreendedo-rismo Agrícola, organizada pelo jornal Vida Económica na Escola Superior Agrária de Santarém, a 24 de Julho. As novas regras de reconhecimento das Organizações de Produtores (OP), através da Portaria nº169/2015, e os apoios no âmbito do PRD2020 foram os temas centrais do debate. Conclui-se que o nível de organização em Portugal é reduzido no setor agrícola, representando apenas 8% da produção comercializada, no caso da frutas e legumes. Existem em Portugal 123 OP (incluindo associações de agricultores, cooperativas e associações interprofissionais), das quais 73 de frutas e legumes, 3 de azeite, 6 de vinho, 1 de leite, 19 de cereais e 22 de carne. •

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ENTREVISTA

tudo o que o COTR tem desenvolvi-do e incentivado desde que o Centro foi criado, nomeadamente o nosso serviço de inspeção de sistemas de rega, os avisos de rega e a monito-rização de água no solo. Há muito que defendíamos a necessidade de um incentivo financeiro para que os regantes adiram a esta tecnologia.

O COTR é uma Entidade Reconhe-cedora de Regantes. Que área tem para inspecionar?

Luís Boteta: Temos contratos para inspecionar 26 mil hectares (cerca de 25% da área candidata à medi-da 7.5), sobretudo sistemas de rega com olival, milho, e vinha e já inspe-cionamos perto de 2.000 hectares.

Gonçalo Tristão: Mas como o Mi-nistério ainda não estabeleceu uma nova data para os agricultores pro-varem a contratação de uma En-tidade Reconhecedora de Regan-tes, aquela área pode aumentar. O COTR não pode fechar as portas a qualquer agricultor que hoje ainda

lhe venha pedir o reconhecimento e a inspecção técnica dos seu sistema de rega.

O que está correr bem e o que é ne-cessário melhorar neste processo de reconhecimento dos regantes?

Gonçalo Tristão: O prazo limite para fazer as inspeções dos sistemas de rega e bombagem - até 31 de De-zembro de 2015 – é muito curto. Tec-nicamente, é muito difícil fazer ins-peções com a cultura instalada, por exemplo no caso do milho só pode-mos ir ao campo quando a colheita terminar, e depois há dias de chuva e com vento em que não se podem inspecionar pivots. Pedimos ao Mi-nistério da Agricultura que prorrogue o prazo até Abril, de modo a pode-rem-se acomodar todas as inspec-ções que há a fazer neste primeiro ano de implementação da medida. Convém novamente recordar aqui que a Portaria de regulamentação e o Documento de Orientação Técnica apenas surgiram a 19 de Maio.

O que falta para acelerar o uso efetivo da água em Alqueva pelos agricultores? O tarifário da água constitui um travão?

Gonçalo Tristão: Alqueva alterou o panorama no Alentejo através do re-

«O principal problema da agricultura de rega-dio é o aumento do cus-to da energia»

gadio, mas o preço da água é dema-siado elevado para grande parte das culturas que aqui fazemos, nomea-damente o milho, que, nos últimos anos tem sido pago a baixos preços. O custo da água e da energia repre-senta cerca de 30% a 40% na conta de cultura do milho, levando a que os produtores optem por outras cultu-ras. O custo da água e da energia é um problema que todo o setor tem de resolver. Por exemplo, a propósito da energia, não faz sentido que o agri-cultor pague o aluguer do contador elétrico nos meses em que não está a regar, era importante a criação de uma tarifa sazonal.

Luís Boteta: São necessárias cultu-ras alternativas e mais rentáveis em Alqueva, para fazer face a todos os custos, nomeadamente da água. •

*no âmbito da medida agroambiental 7.5 - Uso Eficiente da Água do PDR 2020

a inspeccionar pelo COTR *

26.000hectares

Maio 2015 | N.º 1 | www.aquagri.comIRRIGATION MANAGEMENT

não é necessário regar. Estando na posse dos dados sobre a humidade no solo e a queda pluviométrica mo-nitorizo o aporte hídrico real à cultura. Estou satisfeito, é uma metodologia da qual poderei vir a tirar ainda mais partido no futuro e que sobretudo me dá tranquilidade enquanto decisor.», conclui José Burnay. •

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REPORTAGEM

Empresa de referência no setor hor-tofrutícola em Portugal e uma das principais exportadoras de frutas e le-gumes, a Campotec comercializa por ano cerca de 5000 toneladas de bata-ta, 1/3 das quais destinadas à expor-tação. Este ano, em concreto, produ-ziu um total 2500 toneladas de batata, com bons níveis de produtividade. A rega é um dos fatores importantes no sucesso da cultura da batata e, se bem gerida, pode fazer a diferença na quantidade e qualidade do produto, sobretudo em anos secos como o atual. Ciente deste facto José Burnay solicitou à Aquagri a instalação de sondas Enviroscan, uma delas equi-pada com pluviómetro, que mede o nível de precipitação e/ou da água da rega por aspersão. «O que nos preocupa é a falta de água e não o excesso de água, so-bretudo naqueles terrenos de areia, mas muito heterogéneos. Conhecen-do as manchas de solo da parcela,

instalámos a sonda no local onde o coeficiente de emurchecimento (teor de humidade do solo para o qual as plantas murcham, mantendo-se nes-se estado de forma permanente) é atingido mais rapidamente», explica José Bur nay, administrador da em-presa sedia da em Torres Vedras.Somando o conhecimento local da parcela, com a monitorização diária do nível hídrico do solo através dos dados enviados pelo Enviroscan, as suas decisões de quando e quanto regar tornaram-me mais fundamen-tadas. «O software funciona bastante bem, tenho acesso à leitura das son-das no meu iPAD a qualquer hora. Estou informado sobre o estado hí-drico da parcela e evito deslocações ao local», resume.A melhoria da gestão da rega e a poupança de água são evidentes. «As sondas ajudam-me a não exage-rar nas dotações de rega e constatei que em determinadas épocas do ano

«ESTA METODOLOGIA DÁ-ME TRANQUILIDADE»

«Iniciámos a colheita da batata primor a 15 Maio, com uma média de 40 toneladas/toneladas, o que é uma excelente produção para terrenos de areia», analisa José Burnay, administrador da Campotec.

// Gerir a rega da cultura da batata com a ajuda das sondas Enviroscan é motivo de tranquilidade para quem administra grandes áreas à distância. José Burnay, administrador da Campotec, fala da sua experiência com as sondas instaladas no Almograve e no Porto Alto.

IRRIGATION MANAGEMENT

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Descreva as fases de implementa-ção do projeto de gestão de rega.A consultoria que prestamos pres-supõe que os agricultores tenham sondas de medição da humidade do solo, de preferência as nossas, pela fiabilidade que garantem. Os dados captados são enviados via GPRS e trabalhados pelo nosso programa Ir-rimax, tendo em conta o tipo de solo, a cultura e seu estado fenológico. O agricultor recebe um link, actualizado de 2 em 2 horas, que o direciona para um site na Internet onde con-

sulta os gráficos que lhe indicam se a planta está em conforto hídrico, se há excesso ou se há falta de água no solo.

Como é feita a parametrização do programa Irrimax para cada caso/cultura?

No momento da instalação das son-das realizamos uma análise sensorial da humidade do solo, que serve de base à definição dos parâmetros dos gráficos, que são eventualmente rea-

justados com o evoluir das regas. Re-colhemos no momento da instalação a informação necessária da cultura e sistema de rega. É mais comum que os agriculto-res regem por excesso ou por de-feito?

Normalmente detetamos que, tendo água em abundância e um bom sis-tema de rega instalado, a tendência é regarem por excesso. No início, os gráficos mostram recorrentemente

«A FIABILIDADE DA INFORMAÇÃO É UM PONTO FULCRAL»

AQUAGRI EXPERT

Francisco Castelo Branco, 28 anos, formado em Engenharia Agronómica, integra a equipa da Aquagri desde Janeiro de 2014

// O interesse dos agricultores na melhoria da gestão da rega é genuíno e a quali-dade é o primeiro critério na escolha dos equipamentos e serviços, garante Fran-cisco Castelo Branco, técnico da Aquagri na área de implementação de projetos de gestão de rega.

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Newsletter da Aquagri | Reprodução proibida sem autorização prévia do proprietárioCoordenação e Redação: Comunicland Lda | Projeto Gráfico: Catarina Martins

Propriedade: Aquagri | Rua Carlos Vieira Ramos 47 R/c Esq. | OEIRAS | 2780-216 PORTUGAL Tel.:+351 214 660 773 | [email protected]

AQUAGRI EXPERT

Estações agrometeorológicas (que calculam a evapotranspiração); sondas com pluviómetro; caudalímetros com envio automático da informação. Asso-ciado às estações agrometeorológicas temos os serviços modelos de doença e modelos de previsão meteorológica ajustados ao local do equipamento.

O que mais valorizam os clientes nos serviços da Aquagri?

A fiabilidade da informação e do aconselhamento dado. Um ponto ful-cral do nosso serviço é a garantia de que a informação que o cliente rece-be diariamente corresponde realmen-

água a alcançar profundidades do solo (50 a 60 cm) que a maior parte das culturas não utiliza.

Quando se inicia o serviço de con-sultoria, a mudança de comporta-mento do agricultor face à rega é imediata?

Acompanhamos os clientes através de conferências telefónicas, sema-nais ou quinzenais, e fazemos visitas ao campo, analisando os gráficos em conjunto, para aferir correções na rega. À medida que ganham confian-ça nos dados dos gráficos e nos nos-sos conselhos, os clientes tornam-se mais autónomos e passam a fazer da leitura dos gráficos uma rotina diária, consultando-os antes de tomar qual-quer decisão de rega. Além das sondas de leitura de hu-midade e eletrocondutividade do solo, que outros equipamentos re-comendam?

te ao que ocorre no terreno. É funda-mental o cliente confiar na informação dos equipamentos e nos nossos con-selhos, se assim não for nunca imple-mentará as nossas recomendações.

Em média quanto é possível pou-par em água e energia através do serviço de gestão de rega?

Cerca de 20% a 30%, dependendo dos casos.

A gestão da rega tem impacto na melhoria da qualidade do produto final?

A gestão da rega é importante. Por exemplo, nas uvas para vinho são utilizadas diferentes estratégias de rega com o objetivo de diferenciar qualitativamente as uvas de acordo com o seu destino final. Começa logo na vinha, e com a gestão de rega, o trabalho de definir que uvas irão para vinhos de gama alta, média ou baixa.

A medida 7.5 do PDR 2020 (agro-ambientais) teve impacto no au-mento da procura dos serviços de gestão de rega na Aquagri?

Sem dúvida, mas a boa surpresa é que os clientes que nos procuram para os ajudarmos na medida 7.5 mostram disponibilidade em implementar novas estratégias de gestão de rega e aca-bam por ter melhorarias e poupanças significativas. O interesse é genuíno. •

Gráficos dos clientes actualizados a cada 2 horas. A verde a zona de conforto hídrico da planta, a azul excesso de água no solo e a vermelho falta de água para as necessidades da planta.

poupança de água pela gestão da rega

30%

8 a 15dias

periodicidade das conferências cliente - Aquagri