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Ed. 202 de 24 Fevereiro 2010

Covão do Lobo, a minha freguesia

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Especial sobre a freguesia de Covão do Lobo

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Page 1: Covão do Lobo, a minha freguesia

Ed. 202 de 24 Fevereiro 2010

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O Ponto | 14/II

A imagem de Covão do Lobo foiprofundamente alterada com arequalificação do centro urbano dafreguesia. Era uma obra necessáriapara os habitantes e para os que porali passam diariamente?

Essa é uma obra que, realmente, dignificaa freguesia. E para darmos continuidade aesse trabalho, temos um projectosemelhante para o cruzamento da Igreja.Já negociámos os terrenos envolventes,mas conseguimos apenas alguns. Ou seja,não vamos avançar com o projecto inicialmas sim proceder à requalificação possívelde acordo com o que conseguimos. Esta éuma das obras que pretendo deixarprontas este mandato e que defendo sernecessária, porque se não fizermos nadaem termos de requalificação, qualquerfreguesia acaba por morrer. Assim, Covãodo Lobo passará a ter outra vida, umanova esperança e juventude, e as pessoasficam com outras ideias da freguesia.Mesmo os emigrantes, quando regressam,demonstram estar mais agradados ao vera sua freguesia evoluída e com ideias novas.

O depósito de Água da freguesia estápronto desde meados de 2005. Comotem corrido a adesão dos habitantes àrede pública de água?

No início a adesão não foi muito boa,porque as pessoas não tinham bem anoção da falta que a água canalizadafazia. Assim que a rede de abastecimentoficou concluída, cerca de dez a quinze porcento das pessoas requisitaram logo aligação da sua habitação à rede. Nestemomento, a taxa de cobertura deverondar os 70 ou 75% da totalidade dafreguesia e todas as semanas e todos osdias chegam-nos, à Junta, pedidos derequisição.

E ao nível da rede do saneamento?Covão do Lobo era uma freguesia que jádeveria ter parte da sua rede desaneamento instalada e concluída. A obrafoi a concurso e adjudicada à empresa VítorAlmeida e Filhos, mas acabou por andarno Tribunal de Contas durante um ano.Posteriormente, e no âmbito daComunidade Intermunicipal da Região deAveiro, onde se integra o Município deVagos, foi aprovada a criação da empresaÁguas da Região de Aveiro, que ficaráresponsável pelo processo de construção egestão da rede de saneamento. Destemodo, ficou também responsável pelaadjudicação desta obra, mas até agoraainda não obtivemos qualquer respostade como está o processo.

Acredita que com esta nova entidade oprocesso vai ser mais célere?

Acredito e quero acreditar. Porque se oprocesso demorar muito mais tempo vaiacabar por prejudicar a nossa freguesia. Edigo isto porque Covão do Lobo tem

algumas estradas que estão muitodanificadas e eu sou daquelas pessoas quenão concorda com a construção de novasestradas para depois as destruir devido àsobras de saneamento. Por isso é que,ultimamente, não tenho solicitado alcatrãoou tapetes novos para a freguesia. Maschegamos a uma altura em que começamosa desesperar, porque há zonas em quequase não se pode circular.

No entanto a Junta de Freguesiaavançou com a requalificação docentro urbano, junto ao pavilhão, epretende avançar com obrasemelhante no cruzamento da Igreja…

A requalificação desse cruzamento já erapara ter sido iniciado no ano passado, masainda não iniciámos nem iremos iniciar,porquanto se encontra parada à esperada vinda das obras de saneamento. Erefiro-me a esta obra como a todas asoutras que se façam em estradas ou quemexam na via pública: só avançam depoisdo saneamento. Já a obra de requalificaçãodo centro urbano que já foi efectuada teráque ser destruída, mas quando nósavançámos com essa obra ainda nemsequer estava prevista a data da vindado saneamento.

No sector do desporto, foi uma boaopção a freguesia dedicar-se única eexclusivamente ao futsal (formação eseniores) em detrimento do futebol?

Sem dúvida. O futebol de 11, nas freguesiaspequenas, não tem futuro, porque envolvemuita gente e são sempre os mesmos atrabalhar. Tendo em conta que existemoutras actividades que se sobrepõem aofutebol, a equipa que hoje temos atrabalhar não conseguia tratar de tudo.Como tínhamos pavilhão e o futsal tem

outro futuro nas freguesias pequenas – jáque não tem campos a marcar ou arrasar,nem sai prejudicado em dias de mau tempo-, optar apenas pelo futsal tornou-se maisfácil para toda a direcção, passando aenvolver mais a juventude. Actualmentetemos três equipas que nos orgulhamquando as vemos a jogar e verificamos oseu bom posicionamento nas respectivastabelas classificativas.

A população tem respondido bem aesse desafio, quer noacompanhamento dos jogos como naintegração nas diversas equipas?

Aquilo que eu tenho analisado é que temosmais gente a ver o futsal do que tínhamosnos jogos de futebol de 11. Chegámos a terjogos de futebol em que, na assistência,estavam os directores e mais meia dúzia depessoas que gostam muito de assistirmesmo em dias de chuva ou mau tempo.No pavilhão, todas as pessoas que gostamde desporto estão e marcam a suapresença, torcendo tanto pelos seniorescomo pela formação.

Para além do futsal e atletismo, estáprevista a criação de outrasactividades desportivas na freguesia?

Temos também a associação de atletismo,o GRUDESCO. Encontra-se meiadesactivada, mas a Junta já adiantou àdirecção que, quando nos for solicitado,nós conseguimos arranjar uma sede paratrabalhar. Nunca tive feedback e os jovensatletas da freguesia estão no GRECAS ouem Febres. Mas é uma pena. Daí que aJunta esteja disponível para apoiar tudo oque vier para bem e para odesenvolvimento da freguesia. São estasas associações e as actividades existentes,mas com o parque da Lagoa do Moitão

surgirão mais iniciativas.

Existe algum projecto para o antigocampo de futebol?

O projecto existe mas ainda não tem verbaatribuída, mas pretendemos levar a efeitoantes do final do mandato. O local ficarácom um campo de futebol de 7, doiscampos de ténis e um parque infantil paraas crianças. É uma obra que conta com oapoio da Câmara, mas pretendemosapresentar uma candidatura ao Institutodo Desporto.

A autarquia, em parceria com a Juntade Freguesia, sempre se mostrouinteressada pela aquisição de uma casagandaresa da freguesia para atransformar num dos pólos do MuseuCasa Gandaresa. Já foi adquirida?

A habitação já está sinalizada e comprada,mas a escritura ainda não foi efectuada.Encontra-se em estudo a sua recuperação,pelo que ainda não se sabe quando seiniciarão as obras.

A freguesia está bem servida emtermos sociais e desportivos. Como aclassifica em termos de cultura?

Falta qualquer coisa nesse sector. Mas édifícil fazer tudo. Temos já um projecto queirá criar um edifício destinado à cultura, eaí dar-se-ão as condições necessárias paraas actividades culturais. No entanto,actualmente, já existe um local onde já sepratica muita cultura, promovidanomeadamente pelos jovens: no salãoparoquial. E isso é um bom sinal, ainda queseja da responsabilidade da Igreja.

Sabendo que o novo PDM prevê acriação de pólos industriais em diversasfreguesias do município de Vagos,entre as quais a freguesia de Covão do

«Nestes 24 anos, Covão do Lobo passou do zeropara a realidade que hoje existe»

Licínio Ramos, presidente da Junta de Freguesia

Lobo, que obras estão previstas nosector industrial/empresarial?

Estamos à espera que arranque. Vamospromover agora reuniões com o NEVApara ver se é possível avançar com a suaconstituição através desta entidade. Serálocalizada na estrada que liga Covões aCorticeiro, numa área que ronda os 200mil metros quadrados, possível de seralargada futuramente mediante a procura.Já temos algumas pessoas interessadas emocupar espaços com as suas empresas.Trata-se de pequenas indústrias e oficinas,indo ao encontro do objectivo deste tipode pólo industrial: retirar tudo o que sejaoficina (mecânica, serralharias, etc) do seioda população. Por enquanto, quatroempresários já mostraram interesse (apenasum é negócio já existente).

Tendo em conta que este será o seuúltimo mandato enquanto presidenteda Junta de Freguesia de Covão deLobo, que marcas pretende deixar nafreguesia para além das obras que jáfoi mencionando?

Trabalhei para esta freguesia nos últimos24 anos enquanto presidente e quatroanos enquanto secretário. No total, serão32 anos de trabalho em que me dediqueidentro das minhas possibilidades. A marcaque pretendo deixar é conseguir tudo paraa freguesia; o que não conseguir, porqueserá impossível terminar tudo, deixar paraos meus vindouros. Assim, o que não ficarconcluído será preparado para ser seguidopara quem depois for eleito.

Com estes projectos que estãoprevistos, na sua óptica, a freguesiadeixará de ser vista como a freguesiada ponta sul do concelho?

Tenho alguma satisfação na freguesiaonde nasci e que herdei. Quando fui eleitopara a Junta, a freguesia tinha boa gentee algumas tradições, mas com o tempo tudopassou. Depois que eu peguei na freguesia,temos o essencial. O que eu destaco emCovão do Lobo, quando olho para asoutras freguesias, é o alargamento deestradas. Tem sido levado muito a sério:deitámos muros e casas abaixo para abrire fazer alargamentos. Onde se vê que umaestrada não tem bons acessos, temostentado alargar, apesar dos custos queisso traz para a Junta e para a Câmara.Actualmente, pode-se dizer que Covão doLobo é uma freguesia com futuro, ondeexiste um pouco de tudo: banco, postomédico, farmácia, igreja, pavilhãogimnodesportivo, laboratório de análises,centro de dia, lar de idosos, creche e ATL.,isto é, o essencial e fundamental para quequalquer pessoa que para cá venha residirtenha as condições necessárias. Isso deixa-me muito satisfeito. Nestes 24 anos, afreguesia passou do zero para a realidadeque hoje existe. GP

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Bodas de SonhoO Ponto | 15/III

Quando questionamos quem poderá sera “figura” da freguesia de Covão do Lobo,muitos nomes aparecem, mas o que maisfoi nomeado é o da dona Olinda.Olinda Joaquina Marques tem agora 83anos mas, apesar da idade, gosta de sedivertir. Daí ter aceite o convite comomadrinha da marcha da freguesia deCovão do Lobo, desde o ano de 2000até 2007, o último ano em que a freguesiaparticipou. «Lembro-me que foi o sr. LicínioRamos, presidente da Junta, que cá veioconvidar-me. E eu aceitei. Na altura elenão me quis dizer quem era o meu par,mas fiquei muito contente por saber queera o Padre Paulo, que era aqui nossovizinho e que tinha começado a ser párocona Gafanha», relembra, adiantando quenos restantes anos era o seu marido –falecido há sete meses – o seu par. «Era

muito linda a marcha e era uma alegriaparticipar; tenho mesmo pena que tenhamdeixado acabar… mas parece que estátudo destinado a isso: também houveaqui, em tempos, um rancho folclórico,mas também acabou», lamenta.Casada aos 48 anos, foi a partir daí que,com o seu marido – que era viúvo e tinhacinco filhos –, trouxe a primeira máquinade café para a freguesia. «Agora sãomuitas para tão pouca gente, mas foi umanovidade quando a comprámos», diz,recordando as dezenas de pessoas quediariamente se deslocavam – novos evelhos – para tomar «um café ou umcopo» ou para jogar matraquilhos ousnooker na sala de jogos. E ao lado aindapersiste uma pequena mercearia. «Mas acrise não ajuda nada… agora estou aquipara me entreter», afiança. Olinda

D. Olinda dá nomeao primeiro café da aldeia

Gentes de Covão do Lobo

A ligação das gentes do Covão doLobo à festa de Santo Amaro, no lugardo Picoto, em Covões, estende-se aolongo dos anos.Maria Augusta Domingues, 62 anos, édevota há muitos anos e, apesar denunca ter feito promessa ao santomilagreiro, admite que, desde a suamocidade, corre anualmente paraaquela romaria, realizada a 15 deJaneiro. «Ainda vai muita gente, mas a tradiçãoestá a perder-se. Ainda me lembro,quando era miúda, que as ruas doCovão do Lobo se enchiam de genteda terra e das freguesias vizinhas, queiam para o Santo Amaro cumprirpromessas ou conviver. As pessoaslevavam chouriças caseiras enfiadasnum pau, um garrafão de vinho e umabroa, para merendarem lá, todasjuntas», relembra.A tradição estava profundamenteenraizada. Quando os homens partiampara a faina do mar, as mulheres,devotas, invocavam o Santo pedindoa sua protecção, prometendo, emtroca, uma peregrinação ao lugar doPicoto. A estes pedidos juntavam-semuitos outros, de curas. Os peregrinosvinham desde a Gafanha da Nazaréaté à praia de Mira.Nesse tempo, há 50 anos, «não haviaestrada para lá e, por isso, as pessoasiam a pé, com horas de antecedência,por caminhos de terra. Iam peloscampos e depois atravessavam a ribeirapor pontes construídas com troncos depinheiros, feitas de propósito para essa

Devoção leva centenasao Stº Amaro do Picoto

Marques começou a trabalhar no«negócio» do irmão. «Foi preciso ele ir aoGoverno Civil pedir autorização para eutrabalhar aqui, porque não tinha idade.Fiquei a tomar conta depois que ele partiupara o Brasil; na altura vendíamos apenasvinho do meu pai ao balcão».Considerando-se como «muito caseira»,lamentou o facto dos pais nunca a teremdeixado casar. «Era muito ligada a eles etive alguns namoraditos, mas eles nuncame deixaram casar, para os ajudar mais».

Mocidade muito trabalhosa,mas sem dificuldades

Antes, a vida de Olinda Marques foi comoa de tantas outras mulheres da suageração. «Nasci numa casa velha, naFonte do Grou, numa época em que sóhavia caminhos em vez de estradas e parase andar na rua à noite era preciso umacandeia ou acender umas agulhas». Noentanto, «lá em casa» não havia muitasdificuldades. «Tínhamos muitos terrenose todos eram lavrados a milho e, porentre o milho, a feijão», diz, e recorrendoà memória descreve todos os pormenoresdo trabalho da lavoura. Desde o lavrar aterra com o arado puxado pelos quatrobois, ao estrumar – que «era feito com aajuda de cestos de vime e à mão» -,passando pelo sachar e debulhar. «Osjovens costumavam juntar-se à noite paradescascar o milho, com a ajuda de umespeto. Costumavam vir rapazesencapuzados de terras vizinhas paraajudar, e acabavam por se meter com asmeninas, mas sem nunca dizer quem eram.Tínhamos quatro ou cinco gasómetrospendurados em varas para alumiar bema eira e havia sempre muita música eanimação».Chegou ainda a moer o milho em farinhano moinho de vento (localizado nafreguesia) e na azenha situada noconcelho de Cantanhede. «Moíamosgratuitamente para pagar o trabalho daspessoas que andavam para nós, e a minhamãe cozia muito pão para alimentar essaspessoas», acrescenta.«Agora a freguesia está muito modificada.Se o meu falecido pai, que foi regedor deCovão do Lobo durante 44 anos, cá viessenão reconhecia nada, porque agora nãonos falta nada. Temos estradas, luz,farmácia, médico… um pouco de tudo»,conclui, lamentando apenas a falta de«animação com bailaricos ou actuaçõesde ranchos. Mas nunca cá houve, quandoqueríamos ir tínhamos que caminhar atéFebres, Camarneira ou outros sítios maislonge, porque aqui não havia nada». GP

altura do ano. Às vezes chovia e aspessoas caíam ou sujavam-se na lamae barro».Depois, era «obrigatório» comprarfigos secos e, claro, divertir-se tardefora. «Havia caramelos, moinhos depapel para as crianças e roletas paraos jovens», afiança. Não faltavam,também, tremoços, doces populares evinho novo. Com os anos, osvendedores foram aumentando, emnúmero e diversidade.

Pagar promessas com milho

A tradição foi perdendo dimensão como tempo, mas ainda há famílias emque o hábito vai passando de paispara filhos. «Ainda tenho familiaresque vêm todos os anos do estrangeiroem Janeiro, de propósito para ir à festado Santo Amaro. Sei de crianças queainda no ano passado lá foram pagarpromessas, por cravos que tinham nasmãos», diz Maria Augusta, garantindoque a fé subsiste no tempo.«Hoje pagam-se as promessas comdinheiro, peças de cera ou cravos masantigamente era com milho. Até haviao hábito de usarem os tamancos comomedida para o milho! É um santo muitomilagreiro e as pessoas acreditammuito», recorda.A capela original, em adobe, foientretanto demolida e no seu lugarerigida uma construção maior. No diado Santo padroeiro, pelas 12h, é rezadamissa, seguida de procissão e arraialpopular. ZC

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Covão do Lobo

A suaconstituiçãoe fundaçãoEsta secular freguesia, cujo primeiro nomeera S. Salvador de Covão do Lobo ou S.Salvador do Mundo de Covão do Lobo, eraprimitivamente constituída pelos lugares deIgreja Velha, Chousa, Lugar, Rua da Capela,Fonte do Rei, Casta, Moita, Cabeços,Moitinha, Juncal, Fonte do Grou, Carvalho,Parada de Cima, Carvalhal, Fonte deAngeão, Gândara, Rines, Andal, Estrada,Sorens, Fonte da Costa, Grou, Condes,Pardeiros, Santa Catarina, Canas e Mesas.Desconhece-se a data da sua fundação. Odocumento escrito mais antigo que se conheceencontra-se no livro “Inventário Artístico dePortugal” e diz que «esta freguesia foiseparada de Mira. Continuou a fazer partedo mesmo senhorio que, sendo TerraReguenga, andou nos Távoras nos séculosXVI e XVII. O eclesiástico da vila pertencia aoMosteiro de Santa Cruz de Coimbra; depoisda desanexação, o vigário da mesma ficou aapresentar o Pároco de Covão, como erados costumes do tempo. A Igreja antiga estevejunto do actual lugar da Igreja Velha, entreCovões e Andal, aonde fizeram o Cemitério,vendo-se ainda restos insignificantes dealvenarias. Foi reconstruída na povoaçãopróxima, em substituição de uma capela,permanecendo na estrada que lhe passa emfrente o nome de Rua da Capela, que era oantigo da terra, segundo parece».Aparece depois uma moeda com data entre1640 a 1656 encontrada no Cemitério da IgrejaVelha que apresenta no verso uma coroareal e no reverso um 3, que significa o seuvalor: 3 Reis. Acerca desta moeda apurou umespecialista em numismática que foi cunhadaà marretada no reinado de D. João IV por seencontrar nela a inscrição JOANNISIIII, porquatro, nessa altura, se representar porquatro i’s.Parece que a dita moeda não foi perdida noCemitério, mas colocada na boca de umdefunto, segundo a tradição pagã, para quepudesse passar o “Portão Principal” do Hades(mansão dos mortos). Poder-se-á entãoconcluir que a moeda teria que ser valiosa«para o morto poder atravessar o Hades” eque as sepulturas remontam, pelo menos, aessa data.Logo a seguir aparece a estátua de S. Paulocom a data de 1663.Documentos paroquiais escritos só aparecema partir de 1711 e com datas muito vagas.Propriamente actas da “vida” da Paróquiasó aparecem a partir de 1851. Daqui para trásencontra-se tudo muito nebuloso. Comoexemplo aponta-se o facto de haver apenasum ancião que afirma que a primeira IgrejaParoquial (Igreja Velha – Lugar) é de origemMoura e isto di-lo por assim o ouvir dizer aos“antigos”.Augusto Barreira

Entre as diferentes ocupações quepreenchiam os dias à população deCovão do Lobo, até há cerca de60 anos, contam-se os Fornos deBreu.A arte, ainda recordada pelapopulação mais idosa e relatada,por exemplo, no sitewww.covaodolobo.com, ocuparia,sobretudo, as populações doslugares de Moita, Juncal e Cabeços.Também o historiador CasteloBranco, em artigo publicado nojornal “Independente deCantanhede”, em Maio de 2000,fazia referência a esta actividade.O breu é uma espécie de resinaobtida a partir da queima decavacos. Os homens do Covão deLobo percorriam váriosquilómetros, geralmenteacompanhados de um burro, pararecolher os cavacos, que seriamqueimados em fornos de barro aaltas temperaturas. Os fornostinham um duplo fundo, para ondeescorria a resina dos cavacos, ochamado breu.Após a combustão e por terimpurezas, a resina resultante eranegra. O líquido podia depois serguardado em barris ou ser metidoem formas para solidificar emblocos de 15 a 20 quilos.Este produto, que eracomercializado na feira da VistaAlegre e de Aveiro, servia paracalafetar embarcações e envolverredes de pesca (feitas de sisal) paraque estas não apodrecessem.Da queima dos cavacos seriaaproveitado, ainda, o carvão,posteriormente vendido paraaumentar os proveitos económicos.Havia vários instrumentosespecificamente adaptados para aactividade, nomeadamente osrodos ou grandes pás para puxaro breu.Diz Maria Augusta Domingues, de62 anos, natural de Covão doLobo, que ainda se lembra de se«aquecer nos fornos de breu, acaminho da escola». «Havia muitagente envolvida neste trabalho,sobretudo nos lugares de Moita,Juncal e Cabeços» mas, como aactividade caiu em desuso hámuitos anos, «os fornos foramdesaparecendo», lamenta. ZC

Ariquezado breu

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O homem passa, a obra fica. Que odiga Maria Augusta Domingues,que tenta recolher e recuperarvários artefactos criados pelo pai,Belarmino Barreira, falecido hápoucos anos.«Diziam que tinha umas mãos deouro», revela a filha, orgulhosa.«Ele trabalhava na construção civile depois, à noite e nos temposlivres, ia fazendo peças porencomenda. Fazia tapeçarias,tamancos de madeira, mobílias desala, oratórios, Cristos, berços,portas e tectos em madeira, enfim…muitas peças diferentes e muitobonitas, que não gostaria quefossem destruídas».Contas feitas, terão sido cerca de40 anos a fabricar peças variadas,actualmente distribuídas, na suamaioria, pelo Covão do Lobo efreguesias limítrofes.«É também uma questãosentimental, porque era meu pai,mas acho mesmo que o trabalhodele tinha qualidade. Aprendeuquase tudo sozinho e até era eleque fazia algumas das ferramentas.Sempre que vejo, em alguma casaou tenho conhecimento, tentoadquirir as peças que foramfabricadas pelo meu pai», diz.Em mãos, para recuperar, tem jáum oratório, vários crucifixos epeças de mobiliário.Ainda pequena, Maria Augusta, amais velha de três filhas, começou aajudar o pai. «Ficava debaixo dotear, por exemplo, a passar-lhe aagulha. Ou então a ajudá-loenquanto ele estava no torno demadeira ou a fazer as peças»,recorda.Começou a interessar-se e o gostoficou de tal maneira inculcado, queresolveu seguir-lhe os passos. Jáfrequentou diversos cursos noCEARTE, colaborou em ateliês erealizou exposições em vários locaisdo país. ZC

Artesãos popularesatravessam gerações

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Dos pais, Manuel Reverendo herdou osaber e o gosto por lavrar os campos,por fazer nascer novas vidas dasentranhas da terra. Mas cedoadivinhou que não seria o suficientepara «governar» vida e, aos 17 anos,recém-saído dos bancos da escola, foiaprender uma profissão, uma «arte»como gosta de lhe chamar, que aindahoje mantém: relojoeiro.A terra, contudo, acompanhousempre, de forma paralela, aactividade profissional. Já lá vai meioséculo. «A lavoura foi sempre como umasegunda profissão. Dá é muitotrabalho e rende pouco. Mas é umgosto que tenho, um vício de famíliaque ficou desde pequeno», conta,durante uma visita do Ponto às suasinstalações agrícolas, numa ruasecundária da freguesia de Covão doLobo.Às horas passadas na oficina, aconcertar o tempo, adiciona muitas

outras, passadas atrás do arado oujunto dos dois bois de raça marinhoa,que tanto estima. «Os meus temposlivres são para os bois», diz, numsorriso aberto. «Com eles faço tudo,desde lavrar, arar, colher. Planto milho,erva, o que for preciso». Agora sãodois, mas já foram quatro. Chegou alevá-los à praia da Vagueira no Verão,para puxarem as redes de pesca, nasrecriações da arte xávega à modaantiga.A estes dois bois amarelos, animais degrande porte mas «dóceis e bemdomesticados», arranjou mais trêsbovinos por companhia: doischaroleses e uma limousine. Abrir ocurral é um «regalo para a vista», dir-se-ia em tempos idos. Exibe-os comorgulho. A porta aberta para trás estáquase tão escancarada como o sorrisona face. Espontâneo.E, garante, prefere mesmo fazer todaa lavoura «à moda antiga», com arado,

Leitão assado é reiantes da sestaMeio amarelado, mas muito apaladadopor séculos de tradição, o leitão assadoda região bairradina é considerado amaior preciosidade gastronómica daregião. Não se sabe ao certo qual aorigem deste prato típico desta região,mas é na Mealhada que maisrestaurantes se dedicam ao leitãoassado, sendo procurados por pessoasvindas um pouco por todo o país. Paraalém de Anadia, Cantanhede e Águeda,também Covão do Lobo, a sul doconcelho de Vagos, é uma freguesiadedicada ao leitão assado à moda daBairrada. Muitos são os especialistas quetemperam o pequeno animal de mês oumês e meio, entretanto enfiado numespeto, com uma pasta de sal e pimenta,e ficam à roda do forno a lenha duranteduas horas, até o leitão ter aquela corque tão bem conhecemos.António Sesta é um dos especialistas queassou milhares e milhares desta iguariaímpar, famosa em todo o país e que atéjá foi destacado numa reportagem deduas páginas efectuada pelo “The WallStreet Journal” no ano passado. Com76 anos, foi quando regressou deFrança, há cerca de 15 anos, quecomeçou a assar leitões. «Tinha quatrofornos na Moita, onde vivia, e outrosdois noutro local. Cheguei a assar, pordia, 50 a 70 leitões», relembra,mostrando saudades do tempo em que«qualquer festa não era festa se nãotivesse à mesa o leitão assado»: festasreligiosas, Natal e Ano Novo, massobretudo os casamentos. «Os noivosofereciam leitão assado aos seusconvidados antes de irem para a missa,

durante o almoço e ao jantar, e haviaainda aqueles que ofereciam almoço ejantar no dia seguinte para a famíliamais chegada… sempre, claro, com oleitão presente». António Sesta deixou,entretanto, de conseguir assar porproblemas de saúde (há ano e meio),mas recorda como era admirado porfamiliares e amigos quando «davaconta, sozinho, de três ou quatroleitões ao mesmo tempo». Para os diasmais “agitados”, recorria à ajuda deum amigo que «também assava muitobem; no entanto, havia pessoas quepediam encarecidamente que fosse eupróprio a assar», diz, orgulhoso porser procurado por pessoas da freguesiae do concelho vaguense, mas tambémpor pessoas que vivem na Bairrada.«Não havia qualquer segredo parafazer com que as pessoas gostassemdos meus leitões, talvez fosse pelotempero ou modo como assava». Já acarne era de qualidade, caseira,comprada ao matadouro ou aoslavradores que criavam. «Também eucheguei a criar leitões», acrescenta.Contudo, «já não se come leitão comoantigamente, não sei se pela crise quehoje vivemos, se pelos gostos quemudaram», lamenta. Quando lheperguntamos se gosta mais do leitãoassado ou do leitão grelhado (umanova especialidade da freguesia deCovão do Lobo), António Sestaresponde com muita convicção: «nãohá nada melhor que o leitão assado…tem aquele sabor a lenha e até pareceque os temperos vão até ao interior dacarne». GP

charrua e enxada, pois a «moda» dostractores não o seduz. «É um prazerque eu tenho, gosto assim, à modaantiga. Olhe, até ajuda a aliviar ostress do trabalho», confessa.As terras que semeia são poucas, mas«áreas grandes». Repartidas entre afreguesia de Covão do Lobo eSanguinheira, já no município vizinhode Cantanhede. Herdou umas,comprou outras. Como muitos outrosdesta zona gandareza que, até hápoucas décadas atrás, sobrevivia apulso com o que as terras davam.«Até há 15 ou 20 anos atrás, haviamuitos mas muitos agricultores aquina zona. A agricultura era importantee rentável», confirma. «Depois decaiu.Hoje em dia, mesmo que eu quisessecomprar um tractor, bem que podiaprocurar alguém para trabalharcomigo, que não arranjava. Jáninguém quer as terras», lamenta.ZC

Décadas a lavrar a terraà moda antiga

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O Ponto | 18/VI

O Centro de Acção Social do Covão doLobo (CASCL), criado em 1999,encontra-se já a funcionar nas novasinstalações, situadas por detrás do postomédico.«A parte da infância foi a primeira amudar, dois dias antes do Natal. Depois,até ao início de 2010, foram transferidasas outras valências já existentes», explicaRui Santos, presidente da direcçãodaquela Instituição Particular deSolidariedade Social. No início deFevereiro, abriram duas novas valências,o Centro de Dia e o Lar de Idosos.«Tínhamos lista de espera para o lar emuitos idosos que não são do concelho,mas vamos integrando as pessoas deforma faseada, para que a mudança nãoseja tão brusca».Entre creche, ATL, Serviço de ApoioDomiciliário e as duas novas valências, oCASCL concentra cerca de 125 utentes,entregues aos cuidados de 20funcionários. Os números poderãoaumentar nos próximos meses, pois asvagas protocoladas com o Instituto deSegurança Social não estão ainda todasocupadas. «Temos 15 crianças na crechemas protocolo para 30. No ApoioDomiciliário há 30 lugares mas ainda só

temos 20 pessoas», especifica o dirigente.

Empréstimo pessoal ajuda a custearobra

«Esta é uma obra que orgulha o concelhoe o distrito, pois marcamos pela diferençae pela qualidade. Estamos muito bem emtermos de infra-estruturas e condiçõesde trabalho para funcionários e utentes.Estávamos a lutar por isto há anos»,diz, recordando que antes as valênciasestavam repartidas por dois locais(antiga casa paroquial e espaço por cimade um café) exíguos. A localização doespaço é outro aspecto a salientar.«Estamos num local recatado, com muitoespaço verde, mas, ao mesmo tempo,estamos bem centralizados e perto deserviços como o posto médico, igreja eparque desportivo».A intenção da direcção é que o centrocontinue a crescer, planeando-se já oaumento do lar, construção de umparque de lazer e uma quinta biológica.O novo edifício do CASCL tem um «custo

Centro de Acção Socialem novas instalaçõesorgulha freguesia

real de 1,5 milhões de euros, mas acomparticipação do Estado [através doprograma PARES], não chega aos 400mil euros. Há pouco financiamento doEstado para estas obras sociais»,lamenta Rui Santos, sem esquecer que aconstrução contou com fundos dainstituição (angariados através dediversas iniciativas e donativos) e umapoio de 250 mil euros da CâmaraMunicipal de Vagos. «Não acho correctoque não seja possível darmos comohipoteca ou garantia no empréstimobancário o edifício do CASCL, pelo menosno espaço de 20 anos, porque temcomparticipação do Estado. Pararesolver este problema, eu e doiselementos da direcção tivemos de seravalistas, em termos pessoais, de umalinha de crédito no valor de 400 mileuros», desabafa.

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O Ponto | 19/VII

A disputar a III Divisão do CampeonatoNacional de Futsal pela terceiratemporada, a equipa sénior do Lobitostem levado as cores da freguesia de Covãodo Lobo um pouco por todo o país.Quando foi criada a secção de futsal, oCentro Cultural, Desportivo e Recreativode Covão do Lobo, estava tambémrepresentado nos distritais de futebol de11 da Associação de Futebol de Aveiro.«Ainda me recordo de alguns jogadoresque, depois de terminarem o jogo defutebol, tomavam banho e eram“enfiados” nos carros dos dirigentes parairem para o jogo de futsal», relembra VítorPereira, director técnico do clube. Foi umdos que concordou, na altura, com aopção da direcção do clube em terminarcom a secção de futebol (na temporada2005/6) para se dedicar única eexclusivamente ao futsal. «O futebol, noCovão Lobo, nunca passaria de umadivulgação a nível regional, enquanto queagora estamos projectados a nívelnacional», menciona, salientando que «aspessoas não fazem ideia do montante queé gasto, por temporada, com uma equipade futebol de onze que disputa umadistrital; é necessária uma disponibilidadefinanceira muito grande para suportaressa equipa e os patrocínios são muitopoucos». No entanto, Vítor Pereiradefende que, para além do apoio atribuídopela autarquia e empresas locais, «éfundamental que o Lobitos crie umaestrutura capaz de se autofinanciar, querao nível de recursos financeiros, bem comode transportes (sem ter que recorrer aoautocarro da IPSS local)».

Clube sempre em ascendente

Actualmente com mais de 70 atletas nasequipas dos seniores, juvenis (quedisputam o Campeonato Distrital – 2ª fasedo apuramento de Campeão) e iniciados(militam no Campeonato Distrital – 2ª fasedo apuramento de Campeão), o Lobitos,mais que um local de treino, tem umcarácter pedagógico e educativo. «Háexemplos concretos que demonstram que,se não fosse o futsal, muitos jovens teriamenveredado por outros caminhos menospróprios. Já presenciei uma situaçãodessas aqui e hoje esse jovem é umapessoa completamente diferente», vinca.Das equipas de formação – quearrancaram há três épocas – destacaalguns «jovens promissores» que, daquipor uns anos, «serão uma mais-valia paraa equipa sénior». «Já existiu uma equipade juniores, mas apenas um integrou aequipa dos seniores; a equipa acabou porse desintegrar, uma vez que os jogadorescomeçaram a trabalhar ou a estudar

Lobitos de raça representamCovão do Lobo a nível nacional

Para além do futsal, no sectordesportivo, a freguesia de Covão doLobo está representada peloGRUDESCO – GRUpo DESportivo deCOvão do Lobo.Esta associação foi criada por um grupode pessoas em Fevereiro de 1978, massó em 1986 é que foi constituídaformalmente como associaçãodesportiva. «Os clubes de atletismoeram uma espécie de “moda” no pós 25de Abril e, por isso, um grupo de amigosdecidiu constituir esta associação»,explicou à nossa redacção AugustoBarreira, um dos sócios fundadores etambém atleta. Depois do GRUDESCOsurgiram o CRAC, o GRECAS, paraalém do Boco, Carregosa, entre muitosoutros. «Nós corríamos em todas asprovas aqui da região, embora o clubenão fosse filiado (apenas eu era noINATEL)», explicou, destacando aparticipação do clube de Covão do Lobona corrida do 1º de Maio, em Aveiro.«A nossa participação anual nessaprova já era uma tradição e, num dosanos, depois de entregues os prémiosaos vencedores, a organizaçãoentregou-nos o prémio de clube commais atletas inscritos – na alturatínhamos 42», disse orgulhoso,lamentando que o clube tenha reduzidoa sua participação ao longo dos anos.«Eu era o “motor” da associação e,quando me ausentei para Coimbra, oGRUDESCO começou a reduzir a suaparticipação, porque este sempre foi umclube que viveu da carolice dosdirigentes», avançou.Das centenas de taças e prémios

alcançados ao longo de mais de duasdécadas de participações frequentes emprovas, Augusto Barreira destacou odesempenho de Fernando Amaral. «Eraapenas um miúdo de 11 anos, mas venciatodas as provas da região em queparticipava; pena foi ter desistido aos16 anos, por ter emigrado para oCanadá. Mas foi o atleta com melhoresresultados».Apesar da redução da actividade doclube de atletismo, não tanto pela faltade apoios mas sobretudo pela ausênciade meios de transporte dos atletas,Augusto Barreira não acredita que oGRUDESCO morra. «É com muita penaque vejo o clube desaparecer aospoucos, mas não acredito quedesapareça totalmente: para além daescrita (actas e estatutos) e dascentenas de taças, o que é maisimportante é que conseguimos enraizara modalidade nas pessoas». De facto,para além dos 15 atletas do GRUDESCO(12 masculinos e 3 femininos), pelafreguesia registam-se pequenos gruposde pessoas que gosta de correr.Quem quiser juntar-se aos treinos doGRUDESCO pode fazer. «Bastaaparecer junto ao cruzeiro nascente àIgreja às terças e quintas (às 18h30) edomingos (às 8h30). É bem-vindo paratreinar ou para manter a forma física».Convite lançado por Augusto Barreira,que anseia pela construção da pista demanutenção da Lagoa do Moitão paracolocar num mesmo espaço aquelaspessoas que correm e as que fazemcaminhadas.GP

GRUDESCO

“Moda” do Atletismoque virou tradição

Vítor Pereira, director técnico do clube

longe». Das equipas actuais (daformação), elogia o bom desempenho dosjogadores que estão «muito bemclassificados». «Acredito que poderão irmais além», afirma, relembrando que osjuvenis só não foram campeões distritaisna temporada passada porque, na final,perderam contra o Barrô.No que diz respeito à equipa sénior,salienta o bom momento da equipa,garantindo que estas duas temporadasno Nacional permitiram a adaptação dosjogadores, cuja maioria tinha apenasexperiência nos distritais - para além dofacto de não serem profissionais. Quantoà presente temporada, lamenta apenasque tenha perdido três pontos «quepodem ser essenciais» contra o Beira Mar,a considerada “dor de cabeça” do Lobitos.Sendo uma das pessoas que mais vibrano banco no decorrer do jogo, os jogosque irão permanecer para sempre na suamemória são referentes aos que deramacesso ao Nacional. «Foi uma dupla festa,porque estávamos no sábado da festade Covão do Lobo». AC e GP

GRUDESCO e GRECASna visita de Rosa Mota a Vagos

DR

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O Ponto | 20/VIII

Ideal para actividades ao ar livre, é o localque serve de palco ao Domingo Radicalque, nos últimos três anos, se realiza nosegundo domingo do mês de Agosto.Objecto de algumas obras com vista àsua recuperação e beneficiação, a Lagoado Moitão pode ser considerada como a“menina dos olhos” da Junta e Assembleiade Freguesia de Covão do Lobo. Chegaa atrair centenas de pessoas no DomingoRadical, num dia pleno de actividadesdesportivas destinadas aos mais jovens:slide, tirolesa, paralelas, canoagem,paintball, jogos insufláveis, entre outras,organizadas pela Assembleia e Junta.Com a intenção de transformar a Lagoado Moitão num parque de lazer e demerendas com pista de manutençãociclopedonal junto à lagoa,

«recentemente, estiveram lá, durante doismeses, máquinas a iniciar algumas obras,nomeadamente a afundar a lagoa, queestava a ficar praticamente assoreada»,explicou Licínio Ramos. Ainda de acordocom o presidente da Junta de Freguesia,para além do afundamento de 500 metrosquadrados, será em Maio que as máquinasvoltarão ao local para afundar o resto.«Queremos ter ali água durante todo oano e colocar diversas espécies de peixes»,acrescentou, destacando os acessos (emterra batida) à lagoa que também jáforam efectuados.«Será um espaço que irá dignificar afreguesia de Covão do Lobo», acreditaLicínio Ramos. «Terá ainda um parqueinfantil, água canalizada, balneários eiluminação pública para ser frequentada

todos os dias por todas as pessoas, dosmais novos aos mais adultos», de onde sesalienta a «pacatez». «É um sítio calmo,isolado da população e que permite ocontacto calmo e aprazível com anatureza», para o qual serão criadasdiversas actividades ao longo do ano.O projecto ainda está a ser elaborado econta com o apoio da Câmara, «comonão poderia deixar de ser», vinca opresidente da Junta. E por se tratar darequalificação do meio ambiente, depoisde concluído o projecto, será objecto decandidatura a apoios por parte doMinistério do Ambiente. «Este é umprojecto que quero ver concretizado atéfinal deste meu último mandato», conclui.GP

Lagoa do MoitãoOnde a natureza contacta as pessoas

Covãodo Loboem númerosÁrea: 8.45 Km2População: 1.059 (de acordo com ossensos de 2001. No entanto, para alémdo número actual de habitantes, prevê-se a vinda de alguns casais jovens queadquiriram diversas moradias construídasrecentemente)Recenseamento: 1.040 eleitoresEspaços populacionais: Cabeços,Chousa, Casta, Fonte do Grou, Fonte doRei, Igreja Velha, Juncal, Moita, Moitinha,Outeiros, Pedreiras e Rua da Igreja

Festividades em honra de S. Salvador(santo padroeiro da freguesia), naquinta-feira da Ascensão (quarenta diasapós a Páscoa)

Locais de interesse público- Igreja- Jardins- Lagoa do Moitão- Parque Desportivo (campo de jogos epavilhão desportivo de Covão do Lobo)

Associações sociais, culturais edesportivas- Centro Cultural, Desportivo eRecreativo de Covão do Lobo – secçãode futsal: equipa seniores masculinos quemilitam na Campeonato Nacional da IIIDivisão/Série B; juvenis masculinos quedisputam o Campeonato Distrital – 2ª fasedo apuramento de Campeão; iniciadosmasculinos que militam no CampeonatoDistrital – 2ª fase do apuramento deCampeão- Centro de Acção Social de Covão doLobo;- Grupo Recreativo e Desportivo deCovão do Lobo – GRUDESCO (atletismo)

Estabelecimentos de ensino- Escola Básica do 1º Ciclo (três salas)- Jardim-de-infância (uma sala)

Actividade económica- Serviços administrativos- Comércio

Emigração- 10% - aqueles que estão no estrangeiro,sobretudo na Suíça, Luxemburgo,França, Estados Unidos e Canadá- 5% - aqueles que trabalham em Portugalcontinental e que apenas vêm a Covãodo Lobo no fim-de-semana

A lenda por detrásdo nome

PorquêCovão doLobo?Segundo reza a lenda,certo dia, um frade, aoque diziam, a caminho deSantiago de Compostela,passou por estes lugares.Contava pernoitar emSorães, mas para oslados de Covão do Lobofoi perseguido por umlobo. A sua sorte foiencontrar uma árvore àqual subiu sem hesitar. Olobo, faminto, é que nãoo deixou descer. O fradebem gritava por socorro,mas ninguém lhe acudiu.Conseguindo acomodar-se o melhor que pôdenum dos ramos, ládormitou e rezou aoSanto Salvador da suamaior devoção, que lheacudisse. Ao despontarda aurora, despertoucom os latidos de cãesque se aproximavam. Foia sua salvação, pois oscães, açulados pelodono, lá conseguiramafugentar o lobo, que seescapou por uma ravinaou covão, nas margensescarpadas de um rioque por aí corria. Ocaçador protegeu ofrade, pedindo-lhe queficasse por ali econstruísse uma ermida.O frade assim fez, pondocomo orago da capela oseu protector S.Salvador. Atendendo aocovão onde o lobo semeteu, chamou-lheentão S. Salvador doCovão do Lobo.(in Vagos, Memóriasde um povo lutador)