CRACK E ALCOOL - PREVENÇÃO E TRATAMENTO

Embed Size (px)

Citation preview

Aspectossocioculturaisdousodelcooleoutras drogaseexemplosdeprojetosdepreveno Umaabordagemhistricanarelaohomem/drogas. Procurouohomem,desdeamaisremotaantiguidade, encontrarumremdioquetivesseapropriedadede aliviarsuasdores,serenarsuaspaixes,trazerlhe alegria,livrlodeangstias,domedoouquelhedesse oprivilgiodepreverofuturo,quelheproporcionasse coragem,nimoparaenfrentarastristezaseovazioda vida.LauroSollero. Ahumanidadepossuiinmerosregistroshistricosevidenciandoouso dedrogasnocotidiano.Naantiguidade,asdrogasjeramutilizadas emcerimniaserituaisparaseobterprazer,diversoeexperincias msticas(transcendncia).Osindgenasutilizavamasbebidasfermen tadaslcoolemrituaissagradose/ouemfestividadessociais.Os egpciosusavamovinhoeacervejaparaotratamentodeumasriede doenas,comomeioparaamenizaradorecomoabortivo.Opioera utilizadopelosgregoserabesparafinsmedicinais,paraalviodadore comotranquilizante.Ocogumeloeraconsideradosagradoporcertas tribosdendiosdoMxico,queousavamemrituaisreligiosos,indu zindoalucinaes.Osgregoseromanosusavamolcoolemfestivida dessociaisereligiosas.Aindahoje,ovinhoutilizadoemcerimnias catlicaseprotestantes,bemcomonojudasmo,nocandombleem outrasprticasespirituais(Bucher,1986). Nessesentido,autilizaodasdrogasnorepresentava,emgeral,uma ameaasociedade,poisseuusoestavarelacionadoaosrituais,aos costumeseaosprpriosvalorescoletivose,ainda,nosesabiadosefei tosnegativosqueelaspoderiamcausarnohaviaestudoscientficos. Essesusosforamraramentepercebidoscomoameaadoresordem socialconstituda,excetoduranteoperododacaaaosherticoses bruxas(Escohotado,1989). FoisomentenofinaldosculoXIXeinciodosculoXX,comaaceleraodos processosdeurbanizaoeindustrializaoecomaimplantaodeumanova ordemmdica,queousoeabusodevriostiposdedrogaspassaramaserpro blematizados.Assim,seucontrolepassoudaesferareligiosaparaadabiomedi cina,inicialmente,nosgrandescentrosurbanosdospasesmaisdesenvolvidos doOcidente(McRae,2007).

Aolongodessesltimos30anos,osefeitosdolcooledeoutrasdrogas ficarammaisconhecidos.Emconsequnciadisso,osproblemasforam sendoreconhecidosdemaneiramaisexpressiva.Apartirdesseproces so,umnovocontextosurgiuecomelenovasformasdeusoeabuso. Oquadrocontemporneo Naatualidade,diferentestiposdesubstnciaspsicoativasvmsendo usadosentreumagamadefinalidadesqueseestendedesdeumusol dico,comfinsprazerososatodesencadeamentodeestadodextase, usomstico,curativoounocontextocientficodaatualidade.Aexperi mentaoeousodessassubstnciascrescemdeformaconsistenteem todosossegmentosdoPas. DadosdoEscritriodasNaesUnidascontraDrogaseCrime (UNODC)apontamque,nomundotodo,cercade200milhesdepes soasquase5%dapopulaoentre15e64anosusamdrogasilci tas,pelomenos,umavezporano.Dentreestas,amaisconsumidano mundoamaconha. OsLevantamentosDomiciliaresrealizadosem2001e2005pelaSecre tariaNacionaldePolticassobreDrogas(SENAD),emparceriacomo CentroBrasileirodeInformaessobreDrogas(CEBRID),mostram aevoluodoconsumodasdrogasmaisusadas.Aspesquisasenvolve ramentrevistadosdas108cidadescommaisde200milhabitantesdo Brasil. Drogasmaisusadas%deusonavida DROGAS20012005 LCOOL68,774,6 TABACO41,144,0 MACONHA6,98,8 SOLVENTES5,86,1 OREXGENOS4,34,1 BENZODIAZEPNICOS3,35,6 COCANA2,32,9 XAROPES(codena)2,01,9 ESTIMULANTES1,53,2 Emnossasociedade,observasequeagrandemaioriadapopulaofaz usodealgumtipodesubstncialcita,comolcool,tabacoemedica mentoscomfinalidadesdiferentes(aliviarador;baixaraansiedade;re duzirasensaodecansao,dedepresso;obterprazer;entreoutras). Dassubstnciasdeusoilcito,amaconha,acocanaeossolventesso asmaisutilizadas.

Emboraassociedadesapresentemdiferenasculturaisemrelao utilizaoesfinalidadesdolcooleoutrasdrogas,estassubstncias apresentamalgumasfunespresentesemtodososlugares:elasofe recemapossibilidadedealteraraspercepes,ohumoreassensaes @(Bucher,1986). Aculturamodernaeopapeldasdrogas Emumasociedadefocadanoconsumo,naqualoimportanteotere nooser,eainversodecrenasevaloresgeradesigualdadessociais, favoreceacompetitividadeeoindividualismo,nohmaiscertezas religiosas,morais,econmicasoupolticas.Esseestadodeinseguran a,deinsatisfaoedeestresseconstanteincentivaabuscadenovos produtoseprazeresnessecontexto,asdrogaspodemserumdeles. Dessaforma,segundoBirman(1999)eConte(2001),asdrogasinse remsenomovimentosocialdanossacultura.Algumasdelas,noen tanto,soincorporadasemnossaculturaapontodenoseremcon sideradascomodrogas.Olcooleotabaco,porexemplo,sodrogas legalmentecomercializadaseaceitaspelasociedade.Olcoolfazparte tantodasfestividadessociaiscomoocarnavalquantodaeconomia. Essaaceitaodeterminada,emgeral,porvaloressociaiseculturais. Quandopropomosaeseintervenesemsituaesrelacionadas aousoabusivodelcooledeoutrasdrogas,emnossacomunidade, precisamosentenderarelaoentreohomem,adrogaeoambiente. Ouseja,ocontextosocioculturalondeissoacontecedevereceberuma atenodiferenciada. Acultura,definidacomoumcomplexodospadresdecomportamen to,dascrenas,dasinstituiesedeoutrosvaloresespirituaisemate riaistransmitidoscoletivamenteecaractersticosdeumasociedadeou deumacivilizao(FERREIRA,1986).Podeservista,tambm,como umconjuntodeatitudesemodosdeagir,decostumes,deinstituies evaloresespirituaisemateriaisdeumgruposocial,deumasociedade, deumpovo. Opapeldafamlia,culturasereligies Afamliaaprimeirarefernciadohomem;comoumasociedade emminiatura.nafamlia,mediadoraentreoindivduoeasociedade, queaprendemosaperceberomundoeanossituarmosnele.Elaa principalresponsvelpornossaformaopessoal,pormnoanica. Afamliaeainflunciaculturalsofatoresimportantes nadeterminaodopadrodousoeconsumodolcool eoutrasdrogas.Hvriasevidnciasdequeospadres

culturaistmpapelsignificativonodesenvolvimentodo alcoolismo.Sem,entretanto,ignorarascondiespreexis tentesdepersonalidadequepodemfavoreceradependn ciadelcooleoutrasdrogas(Buchele,Marques,Carvalho, 2004). Culturasqueseguemrituaisestabelecidosdeonde,quandoecomobe bertmmenorestaxasdeusoabusivodelcool,quandocomparadas aculturasquesimplesmenteprobemouso(Formigone,1997).Fortes (1975)consideraqueexistemculturasqueensinamcrianasabeber,e nasquaisoatodebeberestintimamenteligadoacerimniaserituais religiosos. RamoseBertolote(1990)explicamquenaculturajudaica,porexem plo,obeberdeterminadorigorosamenteemalgumasfestaseocasi esrituais.Oquelevaumaeducaodobebere,comisto,auma pequenaproporodedependentesoudebebedoresproblemas. Ousodelcoolsocialmentemaisaceitveldoqueode outrasdrogas.Porm,oqueounosocialmenteaceit veldependedascaractersticasdacomunidadeemquesto seusvalores,suaculturaenodoriscoqueadroga representa(XAVIER,1999). Vriosautoresmostramqueoalcoolismoatingeaspopulaesdefor madiferente.EntreestesautoressepontuaEdwards(1999),quando discorresobreosfatoresculturaisenvolvidosnoalcoolismo,reafir mandoquediferentesposturasfrenteaousodolcooldeterminampa dresdiferentesderespostas.Assim,aceitoqueaculturaseconstitui numimportantefatordeterminantenaproporodealcoolistas. Tradieseusosdistintos Ainflunciaculturalnoserestringeapenasaolcoolouaoutrasdro gaslcitas.Observe,aseguir,algumasconsideraessobreaplantada coca,matriaprimadacocana,nosseusdiferentesaspectosenoseu usocultural,segundoFigueiredo(2002). Suasfolhassomastigadashsculos,nasmontanhasealtiplanos,pela populaoindgena.Ohbitodemastigarafolhadacocaochamado coquearocupaumlugardedestaquenacosmologia,naesferaco munitriaeritualdessaspopulaes. Coquearfazpartedeumaadaptaobiolgicaesocioculturalem contextogeogrficoeclimticoaltamentedesfavorvelque,evidente mente,nosedeixamudarporconsideraesmeramentemoralistas. Mastigarafolhadacocatemporobjetivo,emprimeirolugar,evitar ocansaoconsiderveldevidoaltitude.Evitamse,assim,asedeea fome(oupelomenosassuassensaes),eaguentasemelhorofrio,s vezes,intenso.

Oseuvalorculturalemitolgicoressaltado,emparticular,atravs doseuusonosmomentosdonascimentoedamorte.Elaaplicadano recmnascidoparaasecagemdocordoumbilical,que,emseguida, enterradojuntocomasfolhasdecoca,representando,assim,umtalis mparaorestodavidadoindivduo.Nascerimniasfunerais,acredi tasenumaverdadeiraconvulsodosespritos(dacoca),quedevemser apaziguadosmediantecertosrituais,paraasseguraratranquilidadeno alm,dapessoafalecida. Percebese,dessaforma,queousodacocapareceteralgodesagra do.Elenoselimitaaomastigar,comoconsequnciadecondies socioeconmicasdifceis.Sealtamentedesejvelmelhorarascon diesdevidadessapopulao,noquerdizerquesedeve,paraisso, destruirosseusvaloresculturaismilenares. Aculturacomunitriaepossveisprojetosdepreveno Algunsfatoresderiscooudeproteopodemcontribuirparaouso dedrogas.Estesfatoresnosodeterminantes,apenasaumentamou diminuem,emdiferenteintensidade,aprobabilidadedeoindivduo virounoafazerousodedrogas.

Prevenonovasformasdepensareenfrentaro problemaOsmltiplosfatoresquelevamsdrogas Ousoindevidodelcooleoutrasdrogasfrutodeumamultiplicidade defatores.Nenhumapessoanascepredestinadaausarlcooleoutras drogasousetornadependenteapenasporinflunciadeamigosou pelagrandeofertadotrfico.Ns,sereshumanos,pornossahumani dadeeincompletude,buscamoselementosparaaliviardoreseacirrar prazeres.Assim,encontramosasdrogas.Algumasvezesexperimen tamos,outrasusamossemnoscomprometermos,eemoutras,ainda abusamos. Existemfatoresqueconvergemparaaconstruodascircunstncias dousoabusivo,chamadosdefatoresderisco.Tambmexistemfato resquecolaboramparaqueoindivduo,mesmotendocontatocoma droga,tenhacondiodeseproteger. Estessoosfatoresdeproteo. Fatoresderiscosoosquetornamapessoamaisvulnervel atercomportamentosquepodemlevaraousoouabusodedrogas. Fatoresdeproteosoosquecontrabalanamasvulnerabi lidadesparaoscomportamentosquelevamaousoouabusodedrogas.

Mostraseevidenteainterrelaoeainterdependnciaexistentesen treousurioeocontextoqueocircunda.Pensarnestateiadevulne rabilidadesenosdeterminantessocioculturaisemrelaoaousode drogas,emumasociedade,certamente,ampliaetornamaiscomplexa aabordagemdessefenmeno(Sodelli,2005,p.91). Osfatoresderiscoedeproteopodemestar: nosaspectosbiolgicos; nacadeiagentica; naspeculiaridadesdasrelaesinterpessoais; nasinteraesfamiliares; nasoportunidadesdecontatoouconvivnciacomadroga; nassensaesprovocadaspeloefeitoobtidocomousoda droga; naculturaquecadaumvive,ouseja,naespecificidadede cadaindivduo. Seexaminarmosumfatorcomoatimidez,porexemplo:deumlado,ela podeseranalisadacomofatorderiscoparaoindivduoque,porsertmido,aceitao usodedrogasparaserintegradoaumgrupodeusurios.Deoutro,elapode servistacomofatordeproteoquandooindivduotmido,pormedo,diante dooferecimentodadroga,serecusaaexperimentla. Estequeusou,senotiverdentrodesiumfatorbiolgicoimportante, setiverumaboarelaofamiliaresenotiverumaboasensaocom esteusopode,ainda,fazersumusorecreacional,massesuascondi esforemderiscoouprazerosaselepodervirafazerusoregularda droga. Paraqueserealizeumtrabalhosrioecuidadosode preveno,comumdeterminadogrupo,necessrio: identificarosfatoresderiscoparaminimizlos; identificarosfatoresdeproteoparafortaleclos; tratarogrupocomoespecficoparaaidentificaodosfa toresacima. Asubdivisodosfatoresderiscoedeproteotemumautilidadedi dticanoplanejamentodaaopreventiva.Vejamosalgunsexemplos:

FatoresdoPrprioIndivduo DeproteoDerisco Autoestimadesenvolvida Insegurana HabilidadessociaisInsatisfaocomavida Cooperao Sintomasdepressivos Habilidadespararesolverproblemas Curiosidade Vnculospositivoscompessoas, Buscadeprazer instituiesevalores Autonomia Acuriosidade,colocadanatabelaacimacomofatorderiscoporque levaexperimentao,tambmumacaractersticadadolescentee umfatorimportanteparaodesenvolvimentodele.Umadolescente poucocuriosoumadolesentepobre. Fatoresfamiliares Comodemonstraatabelaaseguir,nafamliatambmpodemestar contidostantoosfatoresderiscocomoosdeproteoparaousodas substnciaspsicoativas. Deproteo Derisco PaisqueacompanhamasatividadesdosfilhosPaisquefazemusoabusivodedrogas EstabelecimentoderegrasedecondutaclarasPaisquesofremdedoenasmentais EnvolvimentoafetivocomavidadosfilhosPaisexcessivamenteautoritriosou Respeitoaosritosfamiliares muitoexigentes Estabelecim.clarodahierarquiafamiliar Famliasquemantmumaculturaaditiva Culturaaditivaaformadeviveradotadaporumafamilia naqualassoluessodadascomoformasdeimpedirareflexo Aformaodecadaumdensseinicianafamlia.funodafamlia protegerseusfilhosefavorecernelesodesenvolvimentodecompetn cias,porexemplo,paralidarcomlimitesefrustraes.Naadolescn cia,afaltadaproteodafamlia,especialmente,paraoadolescente transgressorquenosabelidarcomfrustraes,podefavorecerouso indevidodesubstnciaspsicoativas. Deumlado,ocuidadocomosfilhosnainfncialevaaumamelhor capacitaodascrianasparaoenfrentamentodavidaadolescente eadulta(fatordeproteo=acompanhamentodosfilhos) Deoutro,atransformaoqueosfilhosvosofrendocomsuaado lescncialevaafamliaareorganizarseuspapiseafazeradaptaes emsuaestruturaparapermitirodesenvolvimentodeseusfilhos(fator derisco=impossibilidadededeixarosfilhoscrescerem)

FatoresEscolares DeproteoDerisco Baixodesempenhoescolar Bomdesempenhoescolar Faltaderegrasclaras Boainseroeadaptaonoambienteescolar Baixasexpectativasemrelaoscrianas Ligaesfortescomaescola Oportunidadesdeparticipaoedeciso Exclusosocial Vnculosafetivoscomprofessoresecolegas Faltadevnculoscomaspessoas Realizaopessoal oucomaapredizagem Possibilidadesdedesafioseexpansodamente Descobertadepossibilidades(etalentos)pes soais Prazeremaprender Descobertaeconstruodeprojetodevida Aescolaumambienteprivilegiadoparaareflexoeformaoda crianaedoadolescente,jqueoespaoondeelesvivemmuitotem podesuasvidas. FatoresSociais DeproteoDerisco Violncia Respeitosleissociais Desvalorizaodasautoridadessociais Credibilidadedamdia Oportunidadesdetrabalhoelazer Descrenanasinstituies Informaesadequadassobre asdrogaseseusefeitos Faltaderecursosparaprevenoe atendimento Climacomunitrioafetivo Faltadeoportunidadesdetrabalhoelazer Conscinciacomunitriaemobilizao social

Algumasquestesconsideradassociaispodemlevarojovemasupor quesosfatoresexternosolevaramaouso,equeestesmesmosfato resolevaroaresoluodeseusproblemas.Porexemplo:morarem umbairroviolento. Seojovemvemdeumafamliadesorganizada,masencontraemsuavidaum grupocomunitrioquefazseuasseguramento,oferecendolhealternativasde lazerededesenvolvimentodehabilidadespessoais,podeviratersuaforma ogarantida,aprendendoacriticareseresponsabilizarporsiprprioepelo seugruposocial. FatoresRelacionadosDroga DeproteoDerisco InformaescontextualizadassobreefeitosDisponibilidadeparacompra RegrasecontroleparaconsumoadequadoPropagandaqueincentivaemostra apenasoprazerqueadrogacausa Prazerintensoquelevaoindivduoa quererrepetirouso Osdependentesesuapossibilidadederecuperao Ofatodeumindivduousarouatserumdependentedadrogano fazcomqueestejacondenadoanuncamaisserecuperar.Nosanos 70,noBrasil,antesdosmovimentosantimanicomiais,tratvamosos usuriosdedrogas,dentrodoshospitaispsiquitricos,comopsicopa tas,ouseja,amorais.Nenhumadiferenciaoerafeitaentreeles.Isso aconteciaporquens,ostcnicos,tnhamosumaposiomuitomo ralistadiantedoproblema.Seousurionoerajulgadopelosistema prisional,eleerajulgadopelosistemapsiquitrico. Nosanos80,tivemosquerepensaraposiodiantedoaumentodo consumodasdrogasinjetveisedoaparecimentodaAIDS. Foinestapocaquedoisconceitosimportantespassaramasercuida dosamenteestudadoseaplicados:resilinciaereduodedanos. Acompanhe. a)Resilincia DeacordocomJunqueiraeDeslandes(2003,p.228),resilinciaen tendidacomoumareafirmaodacapacidadehumanadesuperar adversidadesesituaespotencialmentetraumticas.Ouseja,oindi vduoresilienteaquelecapazdesuperarfrustraese/ousituaes decriseedeadversidades.

b)ReduodeDanos Tambmchamadadereduoderiscos,umconjuntodemedidas individuaisecoletivas,sanitriasousociaiscujoobjetivodiminuiros malefciosligadosaousodedrogaslcitasouilcitas. Estasdefiniesjfazemrefletirsobrenossaspretensesquando pensamosemumprogramadepreveno.Paraoserhumano,avivn ciasobreopesodoschamadosfatoresderiscocausamudanasemsua vida,noinofensiva.Mastambmnodeterminantenasuaimpos sibilidadedesuperao.Seesteserhumanocontarcomseusfatoresde proteo,podersuperarsuasdificuldades. Vocpodeentoperguntar:masoquefavoreceriaessasuperao?Serque algunsdensteramosestacondioeoutrosno?Serqueaidentificaode umgrandenmerodefatoresderiscoemumacomunidadeeumprograma deprevenoqueofereafatoresdeproteoajudariamnodesenvolvimento destesindivduos? Muitosestudosforamfeitoscomaspopulaeschamadasdealto risco.Umestudolongitudinal(Werner19861993)acompanhou72 indivduos(42meninase30meninos)desdeainfnciaataidadeadul ta,nascidosnumailhadoHava.Eleseramcrianasprovenientesde famliaspobres,debaixaescolaridade,almdeterembaixopesono nascimentooupresenadedeficinciasfsicaseestresseperinatal.Os prpriospesquisadoressesurpreenderamaoverificar,aofinaldoestu do,quenenhumadestascrianasdesenvolveuproblemasdeaprendiza gemedecomportamento. Outrogrupoestudadoeracompostopor49jovens,emqueospais erampobres,tinhamsriosproblemasdeabusodelcoolesofreram conflitosfamiliaresdesdecedo.Aos18anos,41%apresentarampro blemasdeaprendizageme51%noapresentaramestesproblemas. Apesardeteremcaractersticasdiferentes,osdoisgruposforamcon sideradosresilientes.Ento,todostemossalvao?Podemosserex postosaqualquerestresseesemdvidasairamosilesos?Essasso perguntasmuitoimportantes,poistemosqueestaratentosparano confundirmosresilinciacominvulnerabilidade. Vamosdestacaraquialgunsdadosparapodermosconstruirumadefi niomaisamplasobreresilincia: resilincianoumprocessoestanque; resilincianooopostodefatorderisco; desenvolverresilincianoomesmoquesuperaodevi vnciastraumticas;

resilinciacomoumbancodedadosqueprotegeoindiv duo(Slap2001); oconceitoderesilincianosmostraoserhumanocomoca pazdesuperaradversidades; cadaumdenstemumacapacidadepsquicaparticularpara oenfrentamentodosproblemasdavida. Asintoniaentreaspropostaseasnecessidades precisoqueaspropostasdeprevenoestejammaissintonizadas comasnecessidadesdapopulaodeusurios. Damesmaforma,felizmente,osnovosconhecimentostrouxeramno vasposturasparaquemestudavanovasformasdeenfrentaroproble madasdrogas.Umadelasadereduodedanos. Prevenonovasformasdepensareenfrentaroproblema Jem1986e1987,comagrandecontaminaopelovrusHIVnos usuriosdedrogasinjetveis,naInglaterraenaHolandaapareceram osprimeiroscentrosdetrocadeseringas.Apropostaerareduziros danosqueestesusurioscausavamasiprprioscompartilhandoserin gas.EstaaofoiconsideradaeficientenaEuropa. NaFrana,CAVALCANTI(2001)apontaque,antesdosprogramasde distribuio,maisde50%dosusurioscompartilhavamsuasseringase hojeestenmeromenorque17%. NoBrasil,namesmapoca,tambmforamfeitastentativasnestesen tido,masainiciativatornouseumcasodepolcia.Aindanoconsegu amosabandonarnossasposiesproibicionistasetratvamosapreveno comoumaformaderepresso.Hoje,jsabemosqueareduode danosmuitomaiordoquestrocarseringas. Estudosapontamcincoprincpiosparaareduodedanos 1. umaalternativadesadepblicaaosmodelosmoral,crimi nalededoena. 2. Reconheceaabstinnciacomoresultadoideal,masaceitaalternativasque reduzamdanos. 3. baseadanadefesadodependente. 4. Promoveacessoaserviosdebaixaexigncia,ouseja,ser viosqueacolhemusuriosdeformamaistolerante,como umaalternativaparaasabordagenstradicionaisdealtaexigncia,aquelasque, tipicamente,exigemaabstinnciatotalcomoprrequisitoparaaaceitaoou permannciadousurio. 5. Baseiasenosprincpiosdopragmatismoempticoversuside alismomoralista.

Aopensarmosareduodedanosecolocarmosaabstinnciacomo umresultadoidealaseralcanado,estamosadmitindoqueorealno oideal.Comessesconhecimentosnovos,podemosampliarnossavi soparaumavisomaissocial,poisessaademandaquetemoshoje presenteemnossarealidade. Oobjetivodapreveno,segundoaOMS,reduziraincidnciadeproblemas causadospelousoindevidodedrogasemumapessoaemumdeterminado meioambiente. Noentanto,ascategoriasdeprevenoprimria,secundriaeterciria queherdamosdosmodelosmdicosnodomaiscontadonossopro blema,apesardeaindaseremutilizadas. Prevenoprimriaevitarqueousodedrogasseinstale, dirigindoseaumpblicoquenofoiafetado. Prevenosecundriaefetuaraesqueevitemaevoluo dousoparausosmaisprejudiciais. Prevenoterciriatratarosefeitoscausadospelousoda droga,melhorandoaqualidadedevidadaspessoasafetadas. Agora,apartirdadefiniodeumapopulaoalvo,asatividadespre ventivaspassamaserchamadasde: intervenoglobalouuniversal; intervenoespecificaouseletiva; intervenoindicada. OQUE? ONDESEAPLICA? Intervenoglobalsoprogramasdestinacomunidade,emambienteescolar nadospopulaogeral,supostamentesemenosmeiosdecomunicao. qualquerfatorassociadoaorisco. Intervenoespecficasoaesvoltadasporexemplo,emgruposdecrianas, parapopulaescomumoumaisfatores filhos dedependentesquimicos associadosaoriscodeusodesubstncias. Intervenoindicadasointervenesemprogramasquevisemdiminuiro voltadasparapessoasidentificadascomoconsumodealcooleoutrasdrogas usuariasoucomcomportamentoviolentosmastambemamelhoradeaspectosda relacionadosdiretaouindiretamenteao vidadoindividuocomo,porexemplo, usodesubstancia,comoporexemplo desempenhoacademicoereinsero algunsacidentesdetransito. escola.

FatoresdapropostadeprevenoOsfatores:apoio,conhecimento,criatividadeeequipetreinadasoessenciais paraodesenvolvimentodeumbomtrabalhonestarea. Seafunodotcnicoforadetreinarumaequipelocal,precisoque estaequipetenhacondiesde: receberoconhecimentocientficoesemanteratualizado; suportarmudanaslentasegraduais; tolerarfrustraoparaconseguirampliarosprprioslimites; examinarseuserroseseuspreconceitosemrelaoquesto; exerceraprpriacriatividadeparacriaraesconsiderandoo grupoidentificado; trabalharcomoutrostcnicosematividadesgrupais. Parasefazerpreveno,almdapreparaodaequipe,dadefiniode objetivosedoestabelecimentodeapoio,temosdecontarcomdados darealidadeexternaqueinterferemnonossotrabalhoeestaratentos anovosfatoresquepossaminterferirnele.Porexemplo,umanova drogaintroduzidanomercadoounovoshbitosquevmfazerparte daquelacomunidadedevemserconsiderados. Asaespreventivasnacomunidadepodemserorientadaspordiferen tesmodelosquenosoexcludentesentresi.

RedesSociaisOconceitoderedesocialcomoumconjuntoderelaesinterpes soaisconcretasquevinculamindivduosaoutrosindivduosvemse ampliandodiaadia,medidaquesepercebeopoderdacooperao comoatitudequeenfatizapontoscomunsemumgrupoparagerar solidariedadeeparceria. Naprtica,aexistnciahumanaconstituisenasinteraes.Oambien tepoderintensificlasoudiminulasdeacordocomosurgimentode novosinteressesenecessidades.oequilbriodessasinteraesque vaideterminaraqualidadedasrelaessociaiseafetivasdoindiv duocomospontosdesuaredequeso:afamlia,aescola,osamigos, oscolegasdetrabalho,entreoutros. Assim,oindivduopodeconstituiroufazerpartedeumarede,cujo padrodeinteraopoderser: Positivoprivilegiandoatitudesecomportamentosqueva lorizamavida. Negativomarcadoporatitudesecomportamentosde agressovida.

ObjetivosdasRedesSociais Favoreceroestabelecimentodevnculospositivos,pormeio dainteraoentreosindivduos; oportunizarumespaoparareflexo,trocadeexperinciase buscadesoluesparaproblemascomuns; estimularoexercciodasolidariedadeedacidadania; mobilizarpessoas,gruposeinstituiesparaautilizaode recursosexistentesnaprpriacomunidade; estabelecerparceriasentresetoresgovernamentaisenogo vernamentais,paraimplementarprogramasdeorientaoe preveno,pertinentesaproblemasespecficosapresentados pelogrupo. Aconstruodaredesomentepoderserconcretizadamedidaque seassociamosprincpiosdaresponsabilidadepelabuscadesolues comosprincpiosdasolidariedade. Caractersticasaseremidentificadasedesenvolvidasnotrabalhoemrede Acolhimentocapacidadedeacolherecompreenderooutro, semimporquaisquercondiesoujulgamentos,ouimporse. Cooperaodemonstraodorealinteresseemajudarede compartilharnabuscadassolues. Redessociais Disponibilidadedemonstraoeassociaoaumcompro missosolidrio.Respeitosdiferenastnicaseconmicas sociais,reconhecimentoeconsideraopeladiversidade. Tolernciacapacidadedesuportarapresenaouinterfern ciadooutrosemsentimentodeameaaouinvaso. Generosidadedemonstraodeumclimaemocionalpositi vo(apoio,carinho,atenoedarsemexigirretorno). AsRedesSociaiseaprevenodousodedrogas Ousodedrogastemsereveladoumimportanteproblemadesade pblicacomenormerepercussosocialeeconmicaparaasocieda decontempornea.Noobstanteosesforosdopoderpblicoeda sociedadecivilnabuscadealternativas,oaumentodoconsumoea precocidadecomqueosjovensvmexperimentandovriostiposdedrogas, alertamespecialistasemumadireocomum:precisoprevenir!Prevenir nosentidodeeducaroindivduoparaassumiratitudes responsveisnaidentificaoenomanejodesituaesderiscoque possamameaaraopopelavida. Essavisodeprevenoenfatizaaadoodaeducaonoapenas

comoumpacotecumulativodeinformaessobredrogas,mas comoumprocessocontnuodeaprendizagemvoltadoaodesenvol vimentodehabilidadespsicossociaisquepermitamumcrescimento socialeafetivoequilibradoaoindivduo. Aarticulaodediferentespontosdaredesocialpodeotimizarespaos deconvivnciapositivaquefavoreamatrocadeexperinciasparaa identificaodesituaesderiscopessoalepossveisvulnerabilidades sociais,observandoque,segundoaOrganizaoMundialdeSade (OMS),sofatoresderiscoaousodedrogas: ausnciadeinformaesadequadassobreasdrogas; insatisfaocomasuaqualidadedevida; poucaintegraocomafamliaeasociedade; facilidadedeacessosdrogas. Odesafiofundamentaldequemtrabalhanessareaenfrentarosen timentodeimpotnciadiantedeproblemasdenaturezasocialeeco nmica.Nessecaso,aprticaderedessociaistambmofereceumre levantesuporte,centradonaintegraoqueseestabeleceemtornodo objetivocomumqueogrupotem.Apartirdessemodelodeatuao, surgemnovasmaneirasdeencararoproblemaeabremsenovaspers pectivas,poisacriseconsideradaummomentodeenormepotencial paraamudanaeparaosurgimentodenovaspossibilidades. Apropostadeimplantaoderedessociaisabreamplasperspectivas paraaconstruodeestratgiasquepromovamaaproximaoentre aspessoasdeumadeterminadacomunidade,reforandoosvnculos afetivosentreelasepermitindoacirculaodasinformaesnecess rias,trocasdeexperincias,aprendizadosrecprocoseconstruode soluescoletivas. ReduodeDanos,

PrevenoeAssistnciaIntroduo AsEstratgiasdeReduodeDanosconstituemumconjuntodeprin cpioseaesparaaabordagemdosproblemasrelacionadosaouso dedrogasutilizadointernacionalmenteeapoiadopelasinstituies responsveispelaformulaodaPolticaNacionalsobreDrogas.Os problemascomasdrogasenvolvemmltiplasdimenses,incluindoos seusaspectosjurdicosedesade,emsituaesfreqentesquepodem tergravesconseqnciasparaosindivduoseparaacoletividade.

ConhecerasEstratgiasdeReduodeDanos,seusalcances,limitaes eodebatequeasenvolve,permitiraoprofissionaldocampojurdico formularsuacompreensoecontribuirparaadefiniodasmelhores alternativasparaaquestodasdrogasemnossopas. ReduodeDanos(RD)constituiumaestratgiadeabordagemdosproble mascomasdrogasquenopartedoprincpioquedevehaverimediataeobri gatriaextinodousodedrogas,sejanombitodasociedade,sejanocasode cadaindivduo,masqueformulaprticasquediminuemosdanosparaaqueles queusamdrogaseparaosgrupossociaiscomqueconvivem. OquesoasEstratgiasdeReduodeDanos? AsprticasdeReduodeDanos,surgidascomoumaalternativapara asestratgiasProibicionistasdotipoGuerrasDrogas,baseiamse,se gundoAndrade(2002),emprincpiosdepragmatismo,tolernciae compreensodadiversidade. Sopragmticasporquecompreendemserimprescindvelcontinuar oferecendoserviosdesadevisando,principalmente,apreservao davidaparatodasaspessoasquetmproblemascomdrogas. Mesmoquesecompreendaqueparamuitas pessoasoidealseriaquenousassemmaisdrogas,sabesequeisto podesermuitodifcil,demoradoouinalcanvel. Portanto,pragmticaaideiadequenecessriooferecerservios, inclusiveparaaquelaspessoasquenoqueremounoconseguem interromperousodestassubstncias. Ooferecimentodestesserviospodeevitarqueseexpo nhamasituaesderiscoeviabilizarsuaaproximaodasinstituies, abrindoapossibilidadedequepeamajudaposteriormente. AEstratgiadeReduodeDanostolerante,poisevitaacompreensomo ralsobreoscomportamentosrelacionadosaousodesubstnciases prticassexuais,evitandointervenesautoritriasepreconceituosas. Adiversidadecontempladaaocompreenderquecadaindivduoesta beleceumarelaoparticularcomassubstnciasequeautilizaode abordagenspadronizadascomopacotesprontoseimpostosparatodos ineficazeexcludente. ReduodeDanoscomoEstratgiadePreveno Asaesquevisamadiminuiodosriscosdecontaminaocom microorganismosporviainjetvelouporviasexualconstituramo impulsoinicialdasEstratgiasdeReduodeDanos.Posteriormen te,outrasprticasderiscosetornaramfocodeaesdeReduode Danos,comoosproblemascomdrogasnoinjetveis,comoocaso docracknosdiasdehoje.Outrasatividadespreventivasrelacionadas

ounoaousodedrogastm,atualmente,sidocompreendidascomo coerentescomosprincpiosdeReduodeDanos.ocasodouso decintodeseguranapormotoristasdeautomveis,docapacetepor motociclistasedalegislaoefiscalizaoquevisadissociarousodo lcooldadireodeveculos.Nocasodalegislaosobreadireode veculos,elacompreendidacomoumaprticadeReduodeDanos, porqueelanoprobeavenda,produooumesmoousodolcool, masdefineumasituaoemqueousodolcoolnopermitido,que antesdedirigirveculos.Nestecaso,arestrionoinvadeodireito individual,poisalicenaparadirigirumaconcessopblica. NoBrasil,asEstratgiasdeReduodeDanosforamimplementadas apartirdapreocupaocomocrescimentodocontgiocomoHIV entreusuriosdedrogasinjetveis.NocasodaEstratgiadeReduo deDanosparausuriosdedrogasinjetveis,asatividadesincluema trocadeseringasusadasporseringasestreisedescartveis,adistribui odepreservativos,adisponibilizaodeinformaessobrecomo usaroequipamentodeinjeocommenosriscodecontaminaoe sobrecuidadosparaaprticadesexoseguro.Almdisso,osusurios recebeminformaessobreserviosdesadeparaarealizaodeexa mesedetratamentoparaproblemasclnicoseparaadependnciade drogas.Assim,aatividadedetrocadeseringanoumfimemsi,mas umserviooferecidojuntoamuitosoutrosquetemoobjetivogeral depreservaodasade. NoBrasilasprimeirasaesdeReduodeDanossurgiramemSan tosem1992.Nofinaldadcadadeoitenta,aquelemunicpioapre sentavaaltssimastaxasdeprevalnciadesoropositividadeparaoHIV entreusuriosdedrogasinjetveis.Houverepressopolicialaestas atividadeseaescivisecriminaiscontraseusorganizadoresalegando queestasatividadesestimulariamoconsumodedrogase,porisso,o projetofoiinterrompido.Em1994,oConselhoFederaldeEntorpe centes(CONFEN)deuparecerfavorvelrealizaodeatividadesde ReduodeDanossendoqueem1995teveincionaBahiaoprimeiro programabrasileiro.Oprogramaintroduziuaesdereduodeda nosederiscosassociadosaousodedrogas,especialmenteasdrogas injetveis.Foramestabelecidasintervenesdecampovoltadasparaos usuriosdedrogasfornecendonoapenasinformaessobreoHIV/ AIDS,comotambminsumosdeprevenoparareduziroriscode infecopeloHIV.

Em2003,maisde150programasdeReduodeDanosestavamem funcionamentonopascomoapoioe,namaioriadoscasos,como financiamentodoMinistriodaSade.Contrariandoexpectativaspes simistas,osestudoscientficosqueseseguirammostraramqueaim plantaodosprogramasdereduodedanosnofoiacompanhada decrescimentodasoroprevalnciadoHIV. SegundooBoletimEpidemiolgicodoMinistriodaSade,onmerodecasos notificadosdeAIDSentreusuriosdedrogasinjetveismaioresde13anoscaiude 4092(29,5%dototal)em1993para849(7,7%dototal)em2007(Brasil, MinistriodaSade,2008).EstudosrealizadosemSantos(Mesquita ecolaboradores,2001),RiodeJaneiro(Bastos,TelleseHacker,2001) eSalvador(Andradeecolaboradores,2001)encontraramimportan tequedanaprevalnciadesoropositividadeparaHIV,hepatiteBeC quandocomparadoscomestudosrealizadosnestascidadesantesda instituiodeestratgiasdeReduodeDanos. Amerainexistnciadadroganoorganismohumanonofazcessaro desejodeusardrogas.Asalteraesprovocadasnosistemanervoso centralpelousocrnicosoresponsveispeloquadrodeabstinncia nosprimeirosdiasemqueoindividuoestsemadroga.Mas,ainda quesemanas,mesesouanossepassem,nohgarantiadequeode sejointensopelasubstncianopersistaounoretorne. Pessoasqueforamdependentesdenicotina(fumantesdecigarrosdetabaco)epa raramdefumar,sabemqueavontadedefumarretorna,deformamais oumenosintensa,inmerasvezese,emmuitoscasos,atanosdepois dainterrupodousodadroga.Estaspessoasdescrevemqueodifcil no,exatamenteparardefumar,masconseguirevitarvoltarafumar. Aexplicaoparaestefenmenoenvolvetambmaspectosbiolgicos (comomudanasprolongadasoupersistentesnofuncionamentoce rebral),mascertamenteincluitambmasdeterminaespsicolgicas escioculturais.Exemplificandoainteraocomplexadestesfatores (biolgicos,psicolgicosesociais)quedificultamainterrupodouso dequalquerdroga,podemospensarnaspessoasquetmproblemas comolcooleacocana.Nestescasos,almdasalteraesdofuncio namentocerebral,osindivduosestoenvolvidosemsituaesqueen volvemseupsiquismoesuasrelaescomamigos,familiareseoutros, quepodemdificultarbastanteseusesforosparapararemantersesem usaradroga.

Assim,asabordagensteraputicasnodevemserbaseadasapenasno afastamento,eliminaodadrogadoorganismooureversodasalte raesneuropatolgicas,masdevemseestenderaosaspectospsicol gicos(pormeiodosvriosrecursospsicoterpicos)escioculturais (comoaatenofamliaeareinserosocial).Apesardisso,ainda existemnoBrasil,profissionaiseinstituiesquepropemtratamen tosbaseadosunicamentenoafastamentodadrogapormeiodeinter naes(muitasvezesprolongadas)ousomentenaadministraode medicaes. Damesmaformaqueumacompreensobiolgicasimplista,aarticu laodeumavisomoralistadousodedrogascomoProibicionismo, provocapropostasequivocadasdetratamento,comoporexemplo,a idiadequedisciplinar,punirouimporareligiosidadepodem,sim plesmente,afastarodesencaminhadodomundodasdrogas.Entre profissionaisdesadeinadequadamentecapacitadosparaatenderusu riosdedrogas,comumaconcepodequetodoselessoantisociais equenadahafazerparaajudlos.Acapacitaodosprofissionais umdosdesafiosatuaisparaaatenosadenestecampo. Aindamaisfreqentedoqueosequvocosdescritos,apropostafre quentementeassociadaestratgiaproibicionistadeexigirabstinncia imediataparatodosospacientesqueiniciamtratamento. ApsanovaLeideDrogas,asentrevistasrealizadascomprofissionais desadedeserviosespecializadosnaassistnciaausuriosdedrogas evidenciaramumapercepofavorvelmudananaformadeenca minhamentodepessoascomproblemascomdrogasporserviosda Justiaparaestasinstituiesdesade.Estesprofissionaisdestacam queaaproximaodosserviosdaSadeedaJustiabemvinda, poispermiteumamelhorcompreensodeparteaparte,adiminuio deexpectativasexageradase,principalmente,adiminuiodosenca minhamentosparatratamentoscompulsrios,nosmoldesdaJustia Teraputica. Equipesexperientesnotratamentodedependentesdedrogassabem queosmelhoresresultadosocorremquandoospacientesestofor tementeenvolvidoscomotratamento.Istosignificaqueospacientes seencontramfrancamentemotivados,noapenasparaparticipardos vriosprocedimentosteraputicospropostos,mastambmparamu danaspsquicasecomportamentais.

Pacientesmotivadosaceitamcommaisempenhoparticiparcomassi duidadedetratamentopsicoterpicoegruposdeajudamtua.Quan donecessitammedicao,engajamseemmanteraregularidadedas dosesprescritaseocomparecimentosconsultas.Mas,maisimpor tantedoqueaparticipaodopacientenasprticasdotratamento,a suadisposioparamudanaspsquicasedecomportamento.Asmu danaspsquicasenvolvem,porexemplo,abrirmodeumaposturade oposioaotratamento,equipeefamlia,passandoaseresponsabi lizarpelasconseqnciasdesuasescolhas.Nocampodapsicoterapia, estanovaposturasemanifestapelosurgimentodereflexesdopacien tesobresuasdificuldadesderelacionamentoesobreafunodealvio deconflitosousofrimentopsquicoqueadrogapodeexercerparaele. Umpacientemotivadoouimplicadonotratamentorespondesin dagaesehiptesespropostaspelosterapeutas,tomandoascomo questesparasi,ouseja,produzindonovasformasdepensarsobresi mesmo,suasescolhaseseuscomportamentos.Maisdoqueisto,um pacienteengajadonotratamento,propequestessobresieasleva aoterapeuta,estatentosrespostasdoterapeutaeobservadeque formaasexperinciaseosmodosdeagirdescritosporoutrospacien tes,companheirosdegrupo,sosemelhantesaosseus.Aoinvsde perceberotratamentocomoalgoimpostoporoutro,osujeitopassaa perceblocomoumaferramentasuaparaencontrarformasmaissa tisfatriasdeviver.Asmudanasnocomportamentocomoamelhora norelacionamentocomafamlia,oafastamentodepessoascomquem eleusavadrogas,ointeresseematividadesprodutivas(educaoou trabalho)soconseqnciasdestasmudanaspsquicas,damelhorado bemestaremocionaletambm(masnoexclusivamente)dainterrup odousodedrogas.Estecuidadoimportante,inclusive,porqueh pessoasque,mesmoestandoabstinentehmuitosanos,continuam tendosuavidagirandoemtornodadrogaoupersistemcomformasde serelacionarcomosquemantmosmesmosproblemasquetinham quandousavamdrogas. Noentanto,asequipesexperientesnotratamentodedependentesde drogastambmsabemqueaplenaimplicaodosujeitocomoseu tratamento,emgeral,noaregradoqueocorrecomosqueiniciam umtratamento,nemseproduzimediatamente.Amotivaovariade umpacienteparaoutroe,comfreqncia,amotivaodeummesmo pacienteflutuante,oscilandoemdiferentesmomentosdesuatrajet ria.Esteumdosmotivospelosquaisaprendemosquenopodemos terumaatitudepassivaeficaresperandoqueopacientedecidasetra tar.Tambmnopodemosdeixarporcontadopacientetomartodasas

decisessobreosprocedimentosindicadosnotratamento,pois,sendo amotivaoinstvel,opacientepodecolocarobstculosaotratamen toquefacilitemqueasituaosemantenhainalterada. Assim,asposturasextremascomoimporotratamento,exigirabstinnciaeto dasasmudanasdecondutaou,poroutrolado,simplesmenteaguardarque cadapacientetometodasasdecisessoigualmenteequivocadaseimprodu tivas.Ento,comosairdesteimpasse? Pararesponderaestapergunta,estudiososdediferenteslinhasteri castmsededicadoainvestigareaproportcnicasparaajudarospa cientesquenoestoplenamentemotivados(ouimplicados)parao tratamentoaseaproximaremdesteestgio.EstudiososdaPsicologia CognitivoComportamentaledaPsicanlisesededicamainvestigaro quedenominam,respectivamente,deMotivaoparaaMudanae ConstituiodaDemandadeTratamento. Nosendoesteespaoomaisindicadoparaoaprofundamentodetais teorias,optamospordestacaralgumasdesuasobservaesmaisrele vantes.Entreosaspectosmaisimportantessobreamotivao(ouim plicao)deusuriosdedrogas,importantedestacarquestescomo ambiguidade,controledavontadeevnculoteraputico. Ambiguidadeumadisposiocontraditriadiantedeumaescolha. umadificuldadequeobservamoscomfreqnciaentrepessoascom problemascomdrogasnoquesereferesuamotivaoparainterrom perousodadroga.Muitasvezes,estespacientesqueremintensamente pararousodasubstnciaenomomentoseguintedecidemreiniciar esteuso.Emalgunscasos,ospacientesnosdescrevemque,emum mesmomomento,elesqueremenoqueremusardrogas.Ouseja, percebemseusdanoseprejuzosesepreocupamcomisto,querem evitlosesabemquesoconseguirointerrompendoousodadroga. E,noentanto,permanecemcomodesejodemanterousodasubstn cia.precisoconhecerofenmenodaambiguidadeparanocairno errodepensarqueumindivduoque,emummomentodizquequer parardeusardrogasealgunsminutosdepoisvoltaausar,necessaria menteestavamentindo. Aambiguidadeapresentadaporusuriosdedrogastambmdeveser compreendidacomoumfenmenoquetemdeterminaotantobio lgicacomopsicolgica.Paraqueestadescriosejacompreendidade formaempticaporpessoasquenotmproblemascomdrogasnem experincianaatenoaestesproblemas,interessantepensarcomo todasaspessoasseencontramemambiguidadeemalgumassituaes

davida.Soexemploscorriqueiros:diminuirounoaingestode alimentossaborososcontraindicadosporqueaumentamocolesterol ouacrescentamalgunscentmetroscintura,comearounoafazer exerccios,telefonarounoparaaquela(e)namorada(o)quejprovo coutantosproblemas,fazerounofazersmaisestacomprinha, etc. Aquestodocontroledavontadesereferedificuldadequeestespa cientesmuitasvezesapresentamtantoemmantersuasdecisesquan toemrefrearseusimpulsos,demodoaevitarriscosousituaesdas quaispodemsearrependerdepois.Ospacientesnosrelatamqueasdi ficuldadesdeautocontrolenoserestringemquelasrelacionadasao usodedrogase,incluem,porexemplo,envolversecompessoasqueas farosofrer,comer,jogarougastarcompulsivamente.Diferentemente doqueocorrecompacientesdiagnosticadoscomotranstornodeper sonalidadeantisocial,oscomportamentoscompulsivosderiscoso relatadosporpessoascomproblemascomdrogascomgrandeangustia earrependimento.Aangustiapodeestarligadapercepodaprpria dificuldadedeapreenderemudarcomaexperincia,poisosofrimento geradopelocomportamentonoproduzaumentodocontroledavon tadeemoutrasituaosubseqente. Outroconceitoimportanteparaotratamentodepessoascompro blemasdedrogasodevnculoteraputico. Ovnculoteraputicoaquelequesedesenvolveentreopaciente eoprofissionalouaequipequeoatende.Estelaosedesenvolve lentamente,poisestaspessoaspreocupamseemseremenganadas ouabandonadas.Ovnculotambmnotemumdesenvolvimento linearesofrealtosebaixosdeacordocomosurgimentodossentimentose acontecimentosqueenvolvemotratamento. Mas,poucoapouco,estevnculosedesenvolve, propiciandoosurgimentodeconfianaefacilitandooengajamentodo paciente.Oconceitopsicanalticodetransfernciaserefereacerta formadevnculodopacientecomoterapeuta,queconsideradafer ramentafundamentalparaasmudanasocorridasemanlise. Deumaformageral,aspropostasatuaisdetratamentoenfatizamane cessidadedeaumentaramotivaooudemandadetratamento.Para isto,importanteconsideraraambiguidadequasesemprepresente nassuasetapasiniciais.Muitasvezes,oengajamentonotratamento socorrequandoosujeitonoagentamaisasuavidaenosuporta maisasperdasqueadrogatemproduzido.Asabordagensteraputi

casenvolvemvriosrecursosque,apoiadosnasteoriasetcnicaspsi coterpicas,podemfavoreceramotivao,diminuemasresistncias, propiciamoestreitamentodeumvnculocomoprofissionalecoma instituio.Estasabordagensincluematendimentomdico,psicotera pia(individualouemgrupo),atendimentoeorientaoaosfamiliares eoferecimentodeatividadesocupacionais,comooficinasteraputicas. Aconjugaodestesvriosrecursos,freqentemente,mobilizaprofis sionaisdemltiplasformaescomomdicos,psiclogos,assistentes sociais,enfermeiros,terapeutasocupacionaiseoutroseproduzbons resultadosmostrandoaimportnciadotrabalhointerdisciplinarneste campo.

EstratgiasdeReduodeDanosnoTratamentoNotratamentobaseadoemReduodeDanos,adefiniodeseuob jetivo,metasintermediriaseprocedimentossodiscutidoscomopa cienteenoimpostos.Ainterrupodousodedrogasquasesempre umdosobjetivos,masoutrosavanossovalorizados,comoevitar colocarseemrisco,melhorarorelacionamentofamiliarerecuperar aatividadeprofissional.Aparticipaodopacientenasescolhasdas metaseetapasdotratamentovalorizaeaumentaasuamotivaoe engajamento.Portrajetriasdiversas,muitostmhistriaderelacio namentosconturbadoscomfigurassignificativaseesteumdosmo tivospelosquaiscomumquepessoascomproblemascomdrogas tenhamproblemascomsuaautoestima.Estainseguranaagravada pelassucessivasperdasdecorrentesdousodasdrogas.Porisso,reagem deformanegativaeintensaquandosesentemcontroladosoucritica dosemsuasopes. Muitasvezespessoasquetmproblemascomdrogaspropemqueo objetivodotratamentosejacontrolarousodeformaanotermaisos riscoseprejuzos.Osservioseprofissionaisquetmexperincianeste camposabemquemuitoraroqueestaspessoasconsigamestefime esforamseparamotivaropacienteaparar.Detodaforma,otrata mentoquetemaReduodeDanoscomoestratgianoseprendeao consumodasubstnciacomofoco.Osaspectosemocionaisesociais, osmodoscomoopacienteserelacionacomosdemaiseconsigomes mo,afunoquetemousodadrogaparaestapessoa,soquestes centraisabordadasnotratamento.Comfreqncia,amudanaeme lhoranestesaspectosocorreemparalelocomamudananarelao comadroga.Noqueserefereaousodadroga,comumquediminui es,interrupeserecadasocorram,mascomoestabelecimentodo vnculoteraputicoeaimplicao(ouengajamento)dopacienteno

tratamento,asmudanasvosetornandomaisslidaseconsistentes. Aevoluoflutuantecomavanoserecuos,paradaserecadastam bmocorremnotratamentocomexignciadeabstinncia.Umadas diferenasque,comaEstratgiadeReduodeDanos,noocorrea exclusodaquelesquenoqueremounoconsegueminterrompero usodasubstncia. Atrocadeumadrogaporoutraquediminuariscosedanostambm umexemplodeumaprticadeReduodeDanos.ocasodouso dametadonanotratamentodepessoascomdependnciadeopiides, comoamorfinaouaherona.Ametadonatambmumopiidee igualmentepodeprovocardependncia.Mas,comoosriscoseosda nossomenores,estasubstnciaprescritaemserviosmdicosnos EUAenaEuropacomoumaformadefacilitararetiradadaherona oucomosubstituio,quandoosindivduosnoconseguemouno quereminterromperouso.NoBrasil,oscasosdedependnciadeopi idesnosotocomuns,masquandoocorrem,otratamentodade pendnciatambmrealizadaemserviosmdicosincluindoatroca provisriapelametadona.Ousodebenzodiazepnicoscomooclordia zepxidoouodiazepannotratamentodaabstinnciaalcolica,rotina nosserviosmdicosnoBrasilenoexterior,constituioutroexemplo deterapiadesubstituioe,portanto,deEstratgiadeReduode Danos.Comaterapiadesubstituio,ainterrupodousodedrogas podeserumobjetivoaseralcanadomaisadiante.Assim,nohcon tradioentreReduodeDanoseabstinnciacomometa,massim entreReduodeDanoseabstinnciacomoumaexignciaparaque ospacientesrecebamservios. Desafios Aindaexistemgrandesdesafiosparaqueosproblemascomasdrogas encontremsoluesmaissatisfatrias.Entreestesdesafiosenfrentados pelosprofissionaisdaJustiaedaSade,inclumosasituaodorisco semdemandadeajuda.Estasituaoaquelaemqueoindivduo,por contadoseuenvolvimentocomdrogas,estcolocandosuavidaem riscoouoferecendoriscodevidaparaosdemaise,mesmoassim,no percebeanecessidadeounoaceitaanecessidadedotratamento.Nes tasituao,importantediferenciaroqueumriscoimediato,concre toegraveeoqueumriscosupostoalongoprazooumenosprovvel.

Umasituaoexemplarderiscosupostoalongoprazoocasodaspes soasquefumamtabaco.Sabesedagrandechancedemorteproduzida peladroga(50%daspessoasquefumammorremdedoenaassociada aofumo,segundoaOrganizaoMundialdeSade)e,noentanto, nosecogitatratamentocompulsrioparafumantes.Poroutrolado, umjovemqueusaumadrogaesecolocacontinuamenteemriscosem perceberanecessidadedetratamento,podeprecisarreceberalguma formadecontroleexternoparapreservaodasuavidaoudosdemais. Comoditoanteriormente,ocontroledavontadepodeserinconstante paraalgumaspessoas.Deumaformageral,seusentesmaisprximos (familiares,amigos,colegasouchefiadetrabalho)podemajudlosa restabelecerseucontroledavontadeeparaisso,precisamexerceral gumapresso,constituindoumcontroleexternoprovisrio. Emcasosmaisgraves,ouquandoosfamiliaresnoconseguemfuncionarcomo estainstnciadecontroleexterno,aintervenodaJustiapodeser necessria.Mesmoemcasomenosgraves,comoassituaesdescri tasemqueumapessoadetidaporportedemaconha,vaiaoservio desadecumpriraexigncialegaldecomparecimentoedepoispede tratamento,podemosobservarcomooafunodecontroleexterno (nestecasoexercidopelaJustia)podeserprodutivo.Oproblemaque temosqueconsideraracomplexidadedasquesteseaparticularidade dasituaodiversadecadaumdosenvolvidos.Oquepodefuncionar muitobemparaumpodeterresultadosdesastrososparaoutro. Paraaperfeioarosprocedimentosemcasoscomoesteseparaade finiodemodosmelhoresdeabordarassituaesemqueousode drogasseencontranainterfacedaJustiaedaSadeimprescindvelo estreitamentodainterlocuodosprofissionaisdestasreasdeconhe cimento.Estedilogopromissorpodepermitiraconstruoconjunta desoluesnocampodaprevenoenocampodaassistnciaaouso dedrogas.

TratamentoIntroduo Atualmente,considerasequeosindivduosqueapresentamproble mascomdrogacompemgruposheterogneosenecessitamdetra tamentosdiferentes. Issoaconteceporqueadependnciaqumicaresultadainteraodev riosaspectosdavidadaspessoas:biolgico,psicolgicoesocial.Desse modo,asintervenesdevemserdiferenciadasparacadaindivduoe devemconsiderartodasasreasenvolvidas. Assim,tornasefcilentenderporqueexistemtantostiposdetratamen to,masemtodoselesdevemserconsideradosalgunsfatores,comopor exemplo,amotivaoparamudana. Ummodeloconhecidoporestgiosdemudana,descrito,primeira mente,porProchaskaeDiClemente(1983),temsidobastantediscu tidoentreostcnicosquetrabalhamcomdependnciaqumica(DQ). EssemodelopropequeosusuriosdeSPAapresentamfasesdemo tivaoparaotratamento,eproporcionaaosprofissionaisummelhor entendimentodesuasmudanasdecomportamento,lapsoserecadas. Osestgiosdemudananosonecessariamentesequenciais,eos indivduosusualmentepassamporelesvriasvezesduranteotrata mento,emordensaleatrias.NaTabela1,encontraseumadescrio sucintadecadaestgioealgumasestratgiasquepodemseraplicadas nosdiferentesmomentos.Acompanhe.

Prcontemplao Oindividuonopercebeosprejuizosrelacionadosaousodesubstanciaspsicoativas. Seguecomousoenopensaempararnosprximosseismeses. AbordagemConvidaroindividuoreflexo; Evitarconfrontao; Removerbarreirasaotratamento. Contemplao Oindividuopercebeosproblemasrelacionadosaouso,masnotomanenhuma atitudeemdireoabstinncia.Pensaempararnosprximosseismeses AbordagemDiscutirosprseoscontrasdouso; Desenvolverdiscrepncia(incompatibilidadeentreousode drogaseosobjetivosdevidadoindividuo). Preparao Utilizasubstnciaspsicoativas(spa),pormjfezumatentativadepararpor24hs,no ltimoano.Pensaementraremabstinncianosprximos30dias. AbordagemRemoverbarreirasaotratamento,ajudarativamenteedemonstrar interesseeapoioatitudedoindividuo. Ao Conseguiupararcompletamentecomousonosltimosseismeses. AbordagemImplementaroplanoteraputico. Manuteno Estemabstinnciahmaisdeseismeses. AbordagemColaborarnaconstruodeumnovoestilodevida,mais responsveleautnomo. Recada Retornouutilizaodadroga. AbordagemReavaliaroestgiomotivacionaldoindividuo.

Definiesdeobjetivosdeumtratamentopara dependnciaqumica Comovimos,muitasvezesosdependentesqumicosnempercebem quepossuemproblemasrelacionadosaousodesubstncias.Assim,o primeiropassodotratamentoalcanarumnveldeparticipaoe motivaosuficienteparamanterumtratamentoamdioelongopra zo.Emseguida,costumaseproportrsobjetivosprincipais:abstinn cia,melhoradaqualidadedevidaeprevenoderecadas,descritosa seguir. Abstinnciadousodesubstnciaspsicoativas Oobjetivofinaldamaioriadostratamentosoabandonodousode SPA(abstinncia).Oselementosnecessriosparaalcanloincluema aquisiodediferenteshabilidadesecomportamentosquepermitam evitarseuconsumo. Melhoraraqualidadedevida Independentedeoprimeiroobjetivoseralcanado,edadoaofatode nemsempreestarempresentesascondiespsicolgicasesociaispro pciasparaatingilo,deespecialimportnciaamelhoradaqualidade devida,mesmoqueousodedrogasnotenhasidointerrompido.Para estesindivduos,deveserreforadaaadesoaotratamentoedeveser propostaumaestratgiadereduodedanos,quepermitadiminuiras conseqnciasnegativasdoconsumo.Quemprecisadetratamento? Fazempartedestaestratgia,entreoutras,aprevenoeotratamentodedo enasclnicas(comoHIV,hepatites)epsiquitricas(comodepresso,psicose). Prevenoderecadas Osindivduosqueaceitamaabstinnciacompletacomometadevem serpreparadosparaapossibilidadederecadas.importantequeeste jamcientesdanaturezacrnicaereincidentedadependnciaqumica. Quemprecisadetratamento Quantomaioragravidadedoconsumo,maisoindivduonecessitadetratamento. Indivduosqueapresentampadresdeconsumorecreacionaledeabuso,emgeral, tambmsebeneficiamdetratamento,sendoque,nessescasos,apenaso aconselhamentopodesersuficiente.

Avaliandocomorbidadespsiquitricas Ousodedrogaspodesercausae/ouconsequnciadesintomaspsi quitricos.Quandoapresenadessessintomasdemonstrarepresentar umadoenaindependentealmdotranstornoporusodesubstncias ,identificaseumsubgrupodeindivduoschamadosdeindivduos comdiagnsticoduplooucomorbidade,ouseja,commaisdeum diagnsticopsiquitrico. IndivduoscomcomorbidadepsiquitricaeusoabusivodeSPAcos tumamapresentarmaioresdificuldadesparaaderiraotratamentoe, geralmente,norespondembemaabordagensteraputicasdireciona dasaapenasumdostranstornos.Dessemodo,necessriocombinar medicaesemodificarasterapiaspsicossociais,incluindoabordagens paraambos. Comoescolherotratamento Antigamente,haviapoucasopesdisponveis(internao,grupode autoajudaeencaminhamentoaespecialistas),contudo,pesquisastm demonstradoquetratamentosbreves,conduzidospornoespecialis tas,apresentamresultadossignificativosecombaixocusto,demaneira queessastcnicasvmsendoamplamentedifundidas. Asabordagenspornoespecialistassorealizadasatravsdeaconselhamento eintervenesbreves(detalhadasaseguir).Porm,indivduoscomdificuldade deadernciaoupoucamelhoracomotratamentobrevedevemserencami nhadosaespecialistascomopsiquiatrasoupsiclogos. Ento,quandosedeveencaminharaoespecialista?Quandoestiverem presentesasseguintescaractersticas: 1. suspeitadeoutrasdoenaspsiquitricas; 2. nomelhoraramcomostratamentosanteriores; 3. tiverammltiplastentativasdeabstinnciasemsucesso. Almdisso,seousurioincapazdecumprirasmnimascombina es,ouseeleapresentasefrequentementeintoxicado,provavelmente apresentaumquadrodedependnciagraveenecessitaserencaminha doparaalgumambientequeenvolvamaisestruturaeseguranapara sieparaostcnicosqueoatendemouseja,deveserconsideradaa internaopsiquitrica.Outraindicaodeinternaoocorrequando aagressividadedoindivduoimplicariscosparasuaintegridadefsica ouparaosoutros.

Quadro1Indicaesdeinternao Condiesmdicasoupsiquitricasquerequeiramobserva oconstante(estadospsicticosgraves,ideiassuicidasou homicidas,debilitaoouabstinnciagrave). Complicaesorgnicasdevidasaousooucessaodouso dadroga. Dificuldadeparacessarousodedrogas,apesardosesforos teraputicos. Ausnciadeadequadoapoiopsicossocialquepossafacilitaro inciodaabstinncia. Necessidadedeinterromperumasituaoexternaquerefor aousodadroga. Asvriasformasdetratamento Otipodetratamentoaescolherdependedagravidadedousoedosre cursosdisponveisparaoencaminhamento.Aseguir,vamosdescrever brevementeosprincipaismodelosdetratamentoquevmsendouti lizadosemnossomeioequesocientificamenterecomendados.Eles devemserindicadosconformeoscritriospreviamenteestabelecidose muitasvezesseconstituememabordagenscomplementaresparaum mesmoindivduo,demodoquenodevemservistoscomoexcludentes. Desintoxicao Adesintoxicaopodeserrealizadaemtrsnveiscomcomplexidade crescente:tratamentoambulatorial,internaodomiciliareinterna ohospitalar. Emqualquernvel,semprequenecessrio,podemserutilizadosmedi camentosparaoalviodossintomas(benzodiazepnicos,antipsicti cos,entreoutros). Osobjetivosdadesintoxicaoso: 1. alviodossintomasexistentes; 2. prevenodoagravamentodoquadro(convulses,porexem plo); 3. vinculaoeengajamentodoindivduonotratamento. Gruposdeautoajuda importanteestarfamiliarizadocomprogramasdeautoajuda,espe cialmente,odos12passosempregadospelosAlcolicosAnnimos (AA)eNarcticosAnnimos(NA).Estesprogramassomuitopopu larese,segundoaspesquisas,costumamserbemsucedidoscomopro

gramasderecuperaoparaostranstornosporusoabusivodelcool ououtrasdrogas. OsgruposdeAA/NAsogratuitoseamplamentedisponveisemtodooPas. Estesprogramasservemdeapoioaodependentequmico,poisse orientampelaexperinciadosdemaisparticipantesepelaidentifica ocomeles.Frequentemente,tambm,osAAouNAestimulamuma redesaudveldecontatoeapoiosocial.Almdisso,afilosofiados12 passosdivulgaalgumasideiaspsicolgicaseespirituaisquefacilitam lidarcomaspressesdevidadiriaseparecemajudaralgunsdepen dentesaestabeleceremanterumestilodevidasbrio. Comunidadesteraputicas Ascomunidadesteraputicaseasfazendasparatratamentodedepen dentesqumicosdisponveisnonossomeiopossuemasmaisvariadas orientaestericase,emgeral,utilizamumafilosofiateraputicaba seadaemdisciplina,trabalhoereligio.Esserecursodeveserreserva doparaindivduosquenecessitamdeumambientealtamenteestru turadoeparaaquelescomnecessidadedecontroleexterno(nenhuma capacidadedemanterabstinnciasemauxlio).Algumasdisponibili zamatendimentomdicoedevemserpreferidasquandohouverapos sibilidadedaindicaodeusodemedicaoporcomorbidadeoupor dependnciagrave. Tratamentosfarmacolgicos Otratamentofarmacolgicoparaadependnciaqumicafunciona comaprescriodemedicamentos,porprofissionaisdareamdica, tantoemhospitalizaes,paratratarsintomasdeintoxicaoeabsti nncia,quantonotratamentoambulatorial. Asestratgiasmedicamentosasaceitaseeficazestmcomofinalidade: 1. tratarsintomasdaintoxicao; 2. tratarsintomasdeabstinncia; 3. substituiroefeitodasubstncia(porexemplo,adesivode nicotinanotratamentodotabagismo); 4. antagonizarosefeitosdadroga(comoonaltrexone,no tratamentodoalcoolismo); 5. causaraversodroga(comoodissulfiramqueprovocaver melhidofacial,dordecabea,palpitao,enjoesensaode morte,quandooindivduoingerelcool).

Tratamentospsicossociais Entreosvriostiposdetratamento,ospsicossociaissoosmaisamplamente utilizados.Costumamestardisponveisemdiversosnveisdosistemadesade:em postosdesade,emCentrosdeAtenoPsicossociallcooleDrogas(CAPSad),e serviosterciriosdeatendimento(hospitaisgerais).Asformasmaisaceitasde tratamentospsicossociaissobrevementedescritasaseguir. EntrevistaMotivacional AEntrevistaMotivacionalfoidesenvolvidaporWilliamMllereco laboradores,epostulaqueamotivaodosindivduosparaumamu danadecomportamentopodesermodificadaatravsdeestratgias especficas.AtcnicadeEntrevistaMotivacionalconstituisedeum estiloqueevitaoconfrontodiretoepromoveoquestionamentoeo aconselhamento,visandoaestimularamudanadocomportamento. Elapriorizaaautonomiadoindivduoemtomardecisesebaseada emcincoprincpiosbsicos. 1. Expressarempatia:escutarrespeitosamenteoindivduo, tentandocompreenderoseupontodevista,aindaqueno concordandonecessariamentecomele. 2. Desenvolverdiscrepncia:conduzirousurioavisualizar osseusobjetivosdevida,contrastandocomoseucomporta mentoatual,parapodercriarumapercepodeincompatibi lidadeentreosatoseosseusobjetivos. 3. Evitardiscusses:evitardiscusseseconfrontaesdiretas, promovendoreflexescomeventuaisaconselhamentossobre otemaemquesto. 4. Fluircomaresistncia:nosedeveimpornovasvisesou metas,masconvidaroindivduoavislumbrarnovasperspec tivasquelhesooferecidas. 5. Estimularaautoeficcia:aautoeficciaacrenadoprprio indivduonasuahabilidadedeexecutarumatarefaouresol verumproblemaedevesempreserestimulada.

Aconselhamento aintervenopsicossocialmaisamplamenteutilizadaemdepen dnciaqumicaecontribuiparaumaevoluopositivadotratamen to.Consiste,fundamentalmente,deapoio,proporcionandoestrutura, monitorao,acompanhamentodacondutaeencorajamentodaabs tinncia. Proporciona,tambm,serviosoutarefasconcretastaiscomoenca minhamentoparaemprego,serviosmdicoseauxliocomquestes legais. Oaconselhamentodeveserindividualizado,enfatizandooretornodaavaliao realizada. Podesermnimo(3minutos),breve(310minutos)ouintensivo(mais de10minutos).Podeseraplicadoporqualquerprofissionaladequada mentetreinadoeapresentaquatrofases: 1. Avaliao(identificaodoproblema). 2. Aconselhamento(estratgiasmotivacionais). 3. Assistncia. 4. Acompanhamento. IntervenoBreve AIntervenoBreveumatcnicamaisestruturadaqueoaconselha mento.Possuiumformatoclaroesimples,etambmpodeserutiliza daporqualquerprofissional. Quandotaisintervenessoestruturadasemumaatquatrosesses,pro duzemumimpactoigualoumaiorquetratamentosmaisextensivosparaa dependnciadelcool.Terapiasfundamentadasnaentrevistamotivacional produzembonsresultadosnotratamentoepodemserutilizadasnaformade intervenesbreves. Asintervenesbrevesutilizamtcnicascomportamentaisparaalcan araabstinnciaouamoderaodoconsumo.Elacomeapeloesta belecimentodeumameta.Emseguida,desenvolveseaautomonito rizao,identificaodassituaesderiscoeestratgiasparaevitar oretornoaopadrodeconsumoproblemtico.Oespectrodepro blemastambmdeterminaqueseapliquemintervenesmaisespe cializadasparaindivduoscomproblemasgraves,almdeadicionais teraputicos,comomanuaisdeautoajuda,aumentandoaefetividade dostratamentos.

TerapiaCognitivoComportamental(TCC)ePrevenodeRecada Nestaformadetratamento,procuramsecorrigirasdistorescogni tivas(pensamentosecrenasmaladaptativas)eoscomportamentos queousuriotememrelaodroga. AabordagembsicadaTCCpodeserresumidaemreconhecer,evitarecriar habilidadesparaenfrentarassituaesquefavorecemousodedrogas.Asses sesseguemumaestruturapadronizadaeosindivduostmpapelativono tratamento. Apsamotivaoeaimplementaodeestratgiasparainterromper ousodadroga,surgeumatarefatooumaisdifcil,queconsisteem evitarqueoindivduovolteaconsumila.Omodelodepreveno derecada(Marlatt,1993)incorporaosaspectoscognitivocomporta mentaiseobjetivatreinarashabilidades/estratgiasdeenfrentamento desituaesderisco,almdepromoveramplasmodificaesnoestilo devidadoindivduo. TerapiadeGrupo Odesenvolvimentodatcnicadegrupoterapiaumaalternativapara atenderummaiornmerodepessoas,nummenortempo,e,portanto, comumcustomaisbaixo.consideradaumaalternativaviveletam bmefetiva.Otratamentoemgrupodedependentesdelcoolede outrasdrogasvemocupandoumespaoamplo,masoseuestudoain darestrito,poisexigeumametodologiadeavaliaomuitorigorosa. Terapiadefamlia Acomunicaocomosfamiliarestrazamidenovosdadosquepodem terfundamentalimportncianoesclarecimentodiagnsticoetrata mentodopaciente.Quandosepercebequeoconflitofamiliarinterfere diretamentenotratamento,costumaseindicarterapiadefamlia. Aterapiadefamliaobjetivaaprimoraracomunicaoentrecadaum deseuscomponenteseabordaraambivalnciadesentimentos.Ela pretendereforarpositivamenteopapeldodependentequmiconafa mlia,levandoaumamelhoradaptaonoseufuncionamentosocial.