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Creio! As razões da nossa fé Patriarcado de Lisboa| Instituto Diocesano de Formação Cristã Escola de Leigos | 1º Semestre 2012/2013 Fernando Catarino Docentes: Juan Ambrosio Fernando Catarino

Creio as razões da nossa fé (3)

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Creio!As razões da nossa fé

Patriarcado de Lisboa| Instituto Diocesano de Formação CristãEscola de Leigos | 1º Semestre 2012/2013

Fernando Catarino

Docentes: Juan Ambrosio 

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CURSOS ESPECÍFICOS

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2012 | 2013

Tema da Sessão

Fenomenologia e Antropologia do acreditar

1. A performatividade da Palavra

2. Crer/acreditar

2.1. Crer/acreditar |  Sintaticamente

2.2. Crer/acreditar |  Semanticamente

3. Crer nos outros

4. Antropologia do Crer

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Tema da Sessão

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Performatividade da Palavra

• As coisas passam a existir a partir do momento que têm umnome. Foi assim que tudo começou:

• Nesta atribuição de nomes aos animais, vê‐se simbolicamente, apassagem do domínio da criação de Deus para a humanidade.

• O ser humano só é capaz de pensar aquilo que nomeia. É achamada performatividade da linguagem.

• Mas acontece que hoje em dia também se assiste a umarelativização da linguagem. A palavra deixou de ter o poder quetinha noutros tempos. Hoje em dia a Palavra de honra de poucovale.

“E Deus modelou também de terra muitas espécies de animais selvagens e deaves e apresentou‐os ao homem, para ver que nome ele lhes dava. O homem deunome a todos os animais domésticos, às aves e aos animais selvagens” (Gén 2, 19‐20)

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Performatividade da Palavra

• Urge por isso restituir essa força, essa performatividade àlinguagem. Principalmente em contexto de Igreja em que aPalavra tem para nós tanta importância é fundamental nãodeixarmos cair essa mesma importância, essa força, poisarriscamo‐nos a com ela deixar cair igualmente Cristo, a Palavrade Deus.

A linguagem, na Igreja é o instrumento que permite à fé cristãperdurar no tecido da história. A igreja não permite que a fé exista deforma vaporosa, ou seja, que se dissolva no fumo que não se podeagarrar ou guardar. Ela obriga a que essa fé se ponha na linguagem.Ela (a linguagem) cria condições para que este (ato de crer) surja.

Cf. TERRA, Domingos – O sentido da fé. Universidade Católica Editora. Lisboa. 2009. Pág. 26

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Performatividade da Palavra

Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os seusdois discípulos e uma grande multidão, um mendigo cego,Bartimeu, o filho de Timeu, estava sentado à beira do caminho.

E ouvindo dizer que se tratava de Jesus de Nazaré, começou agritar e a dizer: «Jesus, filho de David, tem misericórdia demim!»

Muitos repreendiam-no para o fazer calar, mas ele gritava cadavez mais: «Filho de David, tem misericórdia de mim!»

Jesus parou e disse: «Chamai-o.» Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Coragem, levanta-te que Ele chama-te.»

E ele, atirando fora a capa, deu um salto e veio ter com Jesus.Jesus perguntou-lhe: «Que queres que te faça?» «Mestre, queeu veja!» respondeu o cego.

Jesus disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou!» E logo elerecuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.

Marcos 10,46-52

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Crer/acreditar

• Começamos a análise do crer, por perceber o seu uso na vidaconcreta das pessoas. Assim, começaremos por analisá‐loenquanto verbo que ele próprio é.

• Assim, este verbo é entendido de formas completamentediferentes conforme seja usado na primeira pessoa ou nasegunda e terceiras pessoas.

• Autoimplicativo

Creio

• Sentido Descritivo

• Externo

Crês/ Credes• Sentido

Descritivo• Externo

Crê/Creem

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Crer/acreditar | Sintaticamente

Creio/acredito que

Mais comum no uso quotidiano; Destina-se a ser aceite no seu valor de

verdade ou falsidade.

“Acredito que o Porto é a melhor equipa de

Portugal.”; “Creio ter encontrado a solução”.

Creio/acredito em

Refere-se sobretudo a factos; mas também pode exprimir uma

relação de confiança ou estima.

“Acredito em ti”; “Acredito na democracia”.

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Crer/acreditar | Sintaticamente

Creio/acredito como um achar que

Vai desde a simples opinião à certeza mais profunda e convicta.

“Acho que o Porto vai ser campeão este ano.”; “Acho as minhas ações são as mais corretas”.

Dimensão da fé

Isto pode levar a que a dimensão da fé seja “empurrada” para o

campo do subjetivo, da opinião.

“Acredito em Deus porque acho que em faz bem”; “Acho que Deus

me vai ajudar”.

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Crer nos outros

• Por tudo o que acabamos de ver, percebemos que é impossívelpara nós vivermos sem acreditar. Temos de acreditar em algo ouem alguém: Acreditamos nos jornalistas, na internet, natelevisão, nos comentadores, etc…

• A própria investigação científica comporta uma certa dose decrença: O que é uma hipótese, se não a crença que tal lei podeaplicar‐se aos fenómenos analisados? A partir daí se começa acriar uma teoria.

Não podemos viver sem crer naquilo que os outros dizem. Esta confiança é a baseda sociedade, e é por isso que a mentira é uma realidade muito grave em toda avida social. A franqueza é a primeira forma de honestidade.

SESBOUË, Bernard – Pensar e viver a fé no terceiro milénio. Gráfica de Coimbra. 2001. pág. 44

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Crer nos outros

• O próprio crer conjugal, ou seja, o amor que se acredita que ooutro tem por nós assenta essencialmente no próprio ato decrer. Não é possível contabilizar a quantidade ou a dimensão doamor entre duas pessoas.

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Conclusão da fenomenologia do crer 

• De tudo o que foi dito, pode‐se concluir que a partir de uma simplesanálise do uso dos verbos crer ou acreditar se podem colocar emrelevo, pelo menos, três dimensões do significado da fé:

1. crer e acreditar, enquanto ato humano (de linguagem ou não);2. crer e acreditar em alguém;3. crer ou acreditar que algo é verdade.

• Na realidade, o uso linguístico quotidiano revela, já, que essas trêsdimensões se encontram sempre presentes, em todos os graus decerteza ou incerteza típicos da fé humana. Uma acentuação de algumadessas dimensões não pode significar a eliminação das outras.Nenhum crer ou acreditar se pode conceber sem que seja, ao mesmotempo, ato humano, acreditar em alguém e que algo é verdade.

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Antropologia do crer

• É no movimento de comunicação, de relação estabelecido pelaPalavra (que é dita, escrita, revelada e encarnada), que sefundamenta a fé Cristã.

• Esta não pode ser, em caso algum, considerada como umacomunicação unilateral de Deus. Não é apenas um discurso desentido único que não se interessa pelo seu recetor.

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Antropologia do crer

• Qualquer conceção estritamente teológica da fé como escuta,compreensão e resposta à revelação de Deus, enquanto dom epalavra interpeladora, implica um conjunto de atos do próprioser humano.

• O dom e a palavra que saem do interlocutor não excluem demaneira nenhuma o recetor.

• A fé tem de ser sempre Dom de Deus e aceitação do Homem.

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Antropologia do crer

Sísifo

Recomeça...Se puderes,Sem angústia e sem pressa.E os passos que deres,Nesse caminho duroDo futuro,Dá‐os em liberdade.Enquanto não alcancesNão descanses.De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,Vai colhendoIlusões sucessivas no pomarE vendoAcordado,O logro da aventura.És homem, não te esqueças!Só é tua a loucuraOnde, com lucidez, te reconheças.

Miguel Torga,  Diário XIII

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Antropologia do crer

• Esta insatisfação faz a humanidade avançar. É ela que motiva aprocura de respostas para algo que não se sabe ou não sepercebe.

• A fé aparece, desta forma, ligada ao sentido primeiro e últimoda existência pois é aí que esbarra todo o conhecimentohumano.

• As origens e o final. O princípio e o fim. Este sentimentoatravessa toda a existência do ser humano.

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Orientações bibliográficas:

DUQUE, João ‐ Homo Credens, Para uma fenomenologia do crer.Universidade Católica Editora. Lisboa. 2004. Págs. 45‐52

TERRA, Domingos – Apontamentos pessoais.

PIÉ‐NINOT, Salvador – La teologia fundamental. Ed. Secretariadotrinitário. Salamanca. 2006.

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Materiais

www.juanecatarino.wordpress.com

[email protected]@gmail.com

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