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CRESCIMENTO FÍSICO, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES DE DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS
por
Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador: Adair da Silva Lopes
_____________________
Dissertação Apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física (Mestrado) Área de Concentração de Atividade Física Relacionada à Saúde Centro de Desportos da Universidade Federal de Santa Catarina
Como Requisito Parcial para Obtenção do Grau de Mestre em Educação Física.
Fevereiro, 2007
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA A dissertação CRESCIMENTO FÍSICO, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES DE DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS Elaborada por Ilca Maria Saldanha Diniz e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora foi aceita pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina e homologada pelo Colegiado do Mestrado, como requisito parcial à obtenção do título de
MESTRE EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Área de Concentração: Atividade Física e Saúde
________________________________________ Prof. Dr. Juarez Vieira do Nascimento
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação Física
Florianópolis, SC, 23 de fevereiro de 2007.
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________ Prof. Dr. Adair da Silva Lopes (Orientador)
________________________________________________ Prof. Dr. Cândido Simões Pires Neto (Membro Externo)
________________________________________________ Prof. Dr. Édio Luiz Petroski (Membro Interno)
__________________________________________________ Prof. Dra. Rosane Carla Rosendo da Silva (Suplente)
iii
AGRADECIMENTOS
Ao Lucas, meu companheiro, meu porto seguro, pela compreensão na minha
ausência e pelo incentivo constante a este trabalho;
À minha filha Ariela, pela cumplicidade e compreensão que ajudaram a transformar
meu sonho em realidade;
À minha mãe, por tudo o que me ensinou e por estar ao meu lado em todos os
momentos da minha vida;
Aos “gordos”, meus irmãos, pelo apoio incondicional na realização deste trabalho.
Ao meu orientador professor Dr. Adair da Silva Lopes, por sua competência e
orientação no desenvolvimento e realização desta dissertação;
Aos professores Doutores Cândido Simões Pires Neto, Édio Luiz Petroski e Rosane
Carla Rosendo da Silva, por terem aceitado participar da banca e pelas contribuições dadas;
Ao professor Dr. Adriano Ferreti Borgatto pela disponibilidade e auxílio na
estatística;
Ao coordenador professor Dr. Juarez Vieira do Nascimento e a todos os professores
do programa de Mestrado;
Aos amigos da turma 2004 e 2005 do mestrado: Lisandra, Elusa, Mathias, Silvio,
Dedé, Matheus, Hector, Katia, Keila, Kareen, Miguel, Maninho, Marcel, André, Paulo e
especialmente ao meu amigo baiano Marcius;
As amigas e irmãs, Carmem e Maria Angélica, com as quais dividi as dúvidas
acadêmicas, as alegrias, as rodas de chimarrão, as conversas, os sonhos e principalmente a
certeza de uma amizade verdadeira;
À minha amiga Rossana Barros pelo auxílio na redação do trabalho;
Aos colegas e amigos Tiago, Guto, Tatiane, Mara, Janete e Angelita, pelo apoio e
profissionalismo na coleta de dados;
Enfim, a todos que eu não tenha mencionado e que participaram de uma forma ou
outra da realização deste sonho.
iv
RESUMO
CRESCIMENTO FÍSICO, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E HÁBITOS ALIMENTARES DE ESCOLARES DE DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS.
Autor: Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador: Adair da Silva Lopes
Diferenças dentro de uma mesma região geográfica são inevitáveis, tanto no
aspecto socioeconômico, socioambiental e sociocultural. Neste sentido, o objetivo deste estudo foi analisar variáveis do crescimento físico, composição corporal, níveis de atividade física e hábitos alimentares de escolares dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês, do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A amostra foi selecionada de forma intencional quanto às localidades e escolas que atendiam à caracterização étnica desejada e conglomerada por sala de aula. A amostra foi constituída de 1428 escolares (696 do sexo masculino e 732 do sexo feminino). A coleta de dados foi efetuada por meio de questionário envolvendo aspectos sociodemográficos, níveis de atividade física, hábitos alimentares, além de medidas antropométricas (massa, estatura corporal e dobras cutâneas tricipital e subescapular). Na análise de dados das variáveis do crescimento físico e composição corporal foi utilizada a estatística descritiva, análise de variância, teste Tukey, teste qui-quadrado. Na análise do nível de atividade física e hábitos alimentares foram utilizadas a estatística descritiva e regressão logística. O nível de significância adotado foi p≤0,05. De modo geral, os resultados demonstraram que: na estatura encontrou-se diferenças (p≤ 0,05) entre as etnias, no sexo feminino aos 9 anos, com valores inferiores para o grupo polonês e, aos 15 anos, para os grupos polonês e alemão quando comparados ao grupo dos italianos. Na massa corporal ocorreram diferenças aos 14 anos (sexo masculino) e aos 9 anos (sexo feminino), com valores inferiores para o grupo dos poloneses. No percentual de gordura foram verificadas diferenças na idade de 12 anos (sexo masculino) e 15 anos (sexo feminino), com valores superiores para os alemães e poloneses, respectivamente (p≤ 0,05). Na massa corporal magra os poloneses apresentaram resultados inferiores aos 14 anos (sexo masculino) e aos 9 anos (sexo feminino). Em relação aos níveis de adiposidade verificou-se que 11,1% dos alemães, 6,6% dos italianos e 7,1% dos poloneses dos sexo masculino foram classificados nos níveis de obesidade. No sexo feminino foram classificadas 16,2% das alemãs, 19,4% das italianas e 21,2% das polonesas nos níveis de obesidade. De modo geral, foram constatadas poucas diferenças entre as etnias tanto nas variáveis do crescimento físico quanto da composição corporal. O grupo de poloneses tendeu a apresentar resultados inferiores aos grupos alemão e italiano. Em relação aos níveis de atividade física verificou-se que 75,5% dos escolares foram classificados como sedentários. O sedentarismo associou-se positivamente com o sexo, etnia, escolaridade dos pais, horas diárias de televisão. O grupo étnico alemão apresentou 43% mais chances de sedentarismo do que os poloneses; o nível socioeconomico foi associado ao sedentarismo somente para os poloneses, com maiores chances para os que pertenciam à classe econômica média e baixa. Com relação aos hábitos alimentares verificou-se que 51,2%, 60,2% e 67,8% dos escolares não atendiam às recomendações quanto à frequencia diária do consumo de frutas, vegetais e leite, respectivamente. Palavras-chave: Crescimento. Composição corporal. Grupos étnicos. Atividade física. Hábitos alimentares.
v
ABSTRACT
PHYSICAL GROWTH, LEVELS OF ACTIVITY PHYSICAL AND FOOD HABITS OF STUDENTS OF THE DIFFERENT ETHNIC GROUPS
Author: Ilca Maria Saldanha Diniz
Advisor: Adair da Silva Lopes
Differences in socioeconomic and socio-cultural aspects as well as social environment in a geographic region are predictable. Therefore, the purpose of this study was to analyze variables of physical growth, body composition (body fat, lean body mass and adiposity), levels of physical activity and food habits of ethnic groups of German, Italian and Polish students from the State of Rio Grande do Sul, Brazil. The sample was intentionally selected according to the major ethnic background of cities and schools and then it was clustered by classroom. The sample was composed by 1428 students (696 males and 732 females). Data collection included a questionnaire involving sociodemographic aspects, levels of physical activity and food habits. Anthropometric variables (body mass, stature and triceps and subescapular skinfolds) were measured. Data analyses of growth and body composition variables used descriptive statistics, analysis of variance with Tukey’s test and the Chi-square test. For the analyses of the level of physical activity and food habits descriptive statistics and logistic regression were performed. The level of significance was set at p≤ 0.05. In general, the results demonstrated that Polish 9-year-old and both Polish and German 15 year-old girls were shorter in stature (p≤ 0,05) than Italians. For body mass, lower values for Polish 14 year-old males and 9 year-old females were observed. In the percent of body fat differences were verified in the 12 year-old age (males) and 15 years (females), with superior values for the Germans and Polish, respectively (p≤ 0,05). For lean body mass, lower values were found among Polish 14 year-old males and 9 year-old females. For males, the adiposity index pointed that 11.1% of Germans, 6.6% of Italians and 7.1% of Polishes were classified as obese. For females, 16,2% of the Germans, 19,4% of the Italians and 21,2% of the Poles were classified in the obesity levels. Differences among the ethnic groups for growth variables as well as for body composition were evidenced. The Polish group tended to present lower results that the other ethnic groups. In relation to levels of physical activity, it was verified that 75.5% of the students were classified as sedentary. Inactivity was positively associated with sex, ethnicity, parental education and hours of daily television watching. The German group presented 43% more probability for being sedentary than the Polish group; socioeconomic level was associated with inactivity only for Polishes, with greater odds for those who belonged to median and low socioeconomic levels. It was verified that 51.2% of German, 60.2% of Italian and 67.8% of Polish students did not reach the recommendations for daily consumption of fruits, vegetables and milk, respectively.
Key words: growth, body composition, ethnic groups, physical activity, food habits.
vi
SUMÁRIO
Página
LISTA DE ANEXOS..................................................................................................... LISTA DE FIGURAS.................................................................................................... LISTA DE QUADROS.................................................................................................. LISTA DE TABELAS................................................................................................... Capítulo
I. INTRODUÇÃO.................................................................................................
O Problema e sua Importância Objetivos Delimitações Limitações
II. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................
Colonização no Rio Grande do Sul Colonização Alemã no Rio Grande do Sul Colonização Italiana no Rio Grande do Sul Colonização Polonesa no Rio Grande do Sul Grupo Étnico Crescimento Físico Composição Corporal Atividade Física Hábitos Alimentares
III. METODOLOGIA........................................................................................... Caracterização do Estudo Caracterização dos Municípios População e Amostra Critérios de Exclusão Composição da Amostra Instrumentos de Medidas Coleta de Dados Tratamento e Análise dos Dados
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................... Características Demográficas e Econômicas Crescimento Físico e Composição Corporal Nível de Atividade Física Hábitos Alimentares
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V. CONCLUSÕES...............................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................ ANEXOS.........................................................................................................
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LISTA DE ANEXOS
Anexo Página
1. Questionário e Ficha Antropométrica..............................................................
2. Critério de Classificação Econômica Brasil/ANEP.........................................
3. Ofício para Coordenador Regional de Educação.............................................
4. Ofício para Diretor de Escola..........................................................................
5. Ofício de Autorização dos Pais/Responsáveis – TCLE ...................................
6. Relatório – Estudo-Piloto................................................................................
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LISTA DE FIGURAS
Figura Página
1. Mapa das etnias prioritárias no processo de colonização – IPD ..........................
2. Caracterização da amostra de acordo com municípios e grupo étnico .................
3. Caracterização da amostra de acordo com a classe socioeconômica ...................
4. Caracterização da amostra de acordo com grau de instrução dos pais..................
5. Caracterização da amostra de acordo com a classe socioeconômico, por grupo étnico.....................................................................................................................
6. Caracterização da amostra de acordo com grau de instrução dos pais, por grupo
étnico ....................................................................................................................
7. Médias de estatura, por idade................................................................................
8. Médias de massa corporal, por idade...................................................................
9. Comparação das curvas de estatura, sexo masculino com NCHS .......................
10. Comparação das curvas de massa corporal, sexo masculino com NCHS...........
11. Comparação das curvas de estatura, sexo feminino com NCHS .......................
12. Comparação das curvas de massa corporal, sexo feminino com NCHS ............
13. Níveis de adiposidade, etnias do sexo masculino ...............................................
14. Níveis de adiposidade, etnias do sexo feminino .................................................
15. Percentual de escolares classificados como sedentários, por sexo......................
16. Percentual de escolares classificados como sedentários, por grupo étnico e
sexo......................................................................................................................
17. Percentual de escolares com hábitos alimentares inadequados ..........................
18. Consumo inadequado de frutas, vegetais e leite, por grupo étnico ....................
19. Consumo inadequado de salgadinho, doces e refrigerantes, por grupo étnico....
20. Alimentos típicos consumidos nos últimos 7 dias, por grupo étnico..................
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LISTA DE QUADROS
Quadro Página
1. População e amostra dos grupos étnicos da região Noroeste do RS................
2. População e amostra dos grupos étnicos por localidade...................................
3. Descrição, categorias e critérios utilizados nas análises das variáveis ............
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LISTA DE TABELAS
Tabela Página
1. Distribuição da amostra por grupo étnico, idade e sexo.....................................
2. Constantes por sexo, idade e raça para o cálculo de gordura relativa em crianças e jovens..............................................................................................
3. Classificação do percentual de gordura relativa (% G)......................................
4. Características demográficas da amostra............................................................
5. Valores médios, desvios padrões, teste t nas variáveis de crescimento físico em ambos os sexos, por idade...........................................................................
6. Valores médios, desvios padrões da estatura e massa corporal com os valores de p para comparação entre os grupos étnicos, por idade e sexo.......................
7. Valores médios, desvios padrões do percentual de gordura e massa corporal
magra com os valores de p para comparação entre os grupos étnicos, por idade e sexo.......................................................................................................
8. Prevalências e razões de prevalências brutas para sedentarismo em escolares, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais..........
9. Prevalências e razões de prevalências ajustadas para sedentarismo em escolares, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais...............................................................................................
10. Prevalências e razões de prevalências brutas para sedentarismo em escolares das etnias alemã, italiana e polonesa, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais................................................................
11. Prevalências e razões de prevalências ajustadas para sedentarismo em escolares das etnias alemã, italiana e polonês, segundo variáveis demográficas, socioeconômicas e comportamentais .......................................
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
O Problema e sua Importância
No início do século XVII, com a chegada dos padres Jesuítas Espanhóis, o Rio
Grande do Sul começava a ser povoado pelos Europeus. Os imigrantes ocuparam as
regiões menos povoadas e a política governamental tinha como objetivo a formação de
colônias que produzissem gêneros necessários ao consumo interno (Zarth, 1997).
O povoamento das terras gaúchas na região Noroeste do Rio Grande de Sul teve
dois momentos distintos: a tomada das missões dos espanhóis pelos portugueses e a
ocupação da mata pelos imigrantes europeus (Auozani, 2005). As matas do Rio Grande do
Sul tiveram como donos naturais os índios, que viviam livres até a chegada do homem
branco: missionários, invasores e imigrantes. Não se sabe exatamente o início da ocupação
destas terras pelos índios. Conforme Marques (2002), a região era ocupada por três grupos
indígenas distintos: os gês, os guaranis e os pampeanos. Sabe-se que os últimos que aqui
permaneceram foram os guaranis (Siekierski & Lazzarotto, 1987).
A partir de 1890 grandes contingentes de colonos europeus e das “colônias velhas”
(São Leopoldo, Nova Milano, Conde D’Eu e Vila Isabel, Silveira Martins) iniciaram a
colonização das áreas da mata. De acordo com Zarth (1997), a fundação da Colônia de
Ijuhy marcou o início do processo de formação das “colônias novas” (Ijuhy, Erexim e
Santa Rosa).
A colonização de grande parte do Noroeste do Rio Grande do Sul, que hoje
compreende os municípios de Ijuí, Ajuricaba, Augusto Pestana, Panambi, Catuípe, Santo
Ângelo, Cerro Largo, Guarani das Missões e Santa Rosa com os municípios depois
desmembrados começou em 30 de maio de 1890 com a fundação oficial da “colônia Ijuhy”
pelo serviço de Terras e Colonização, órgão criado para incrementar a colonização
(Marques, 2002). A colônia Ijuhy passou a ser ocupada por imigrantes de diversos grupos
étnicos e também pelos descendentes destes oriundos das “colônias velhas” (Weber, 2002).
2
Estes grupos étnicos caracterizavam-se pelas diferenças sociais e culturais
associadas à colonização e à conservação de costumes e tradições comuns, como o uso
cotidiano da língua, hábitos alimentares, tipo de moradia, organização do espaço
doméstico, formas de sociabilidade e comportamento religioso (Seyferth, 1994).
Os primeiros grupos étnicos que chegaram na colônia Ijuhy provieram de áreas da
Europa, cuja posse alternava entre Polônia, Alemanha e Rússia, ou então descenderam de
famílias que haviam emigrado já na Europa de um país para outro; assim, a nacionalidade
destes grupos (lituanos, poloneses, russos) nem sempre coincidia com sua origem étnica,
quase sempre polonesa e alemã (Weber, 2002). Visualizava-se a colônia Ijuhy como
habitada, predominantemente, pelos grupos étnicos alemão, italiano e polonês. O Censo de
1940 registra as nacionalidades predominantes em Ijuhy: 29% alemães, 12% italianos e
11,3% poloneses (Weber, 1994).
Os primeiros 22 imigrantes alemães, que chegaram à recém-fundada colônia Ijuhy
em 1890, marcaram efetivamente o início da colonização (Marques, 2002). Entretanto,
Lazzarotto (2002) evidencia que os alemães chegaram à nova colônia a partir de maio de
1891. Entre os primeiros estavam numerosos teuto-russos que haviam se estabelecido na
Rússia e reemigraram para o Brasil, dentre estes, destacavam-se os sobrenomes: Haerter,
Tybusch, Krampe, Zimpel, Hoelzel (Fischer, 1987). A etnia alemã não deve ter chegado a
30% da população ijuiense, mas o que deu caráter germânico ao município foi a língua
falada por eles (Auozani, 2005).
Em 1890, chegou à colônia Ijuhy o primeiro grupo de imigrantes poloneses, eram
minoria e se distinguiam dos demais pela língua falada, costumes e pelos nomes e
sobrenomes. Os poloneses fixaram-se, principalmente, nas linhas 3, 4, 5, 6 oeste e linha 1
leste, formando núcleos etnicamente quase fechados (Marques, 2002). Entretanto, devido
às dificuldades encontradas (falta de abrigos, pobreza, desejo de trabalhar como artesãos),
a maioria dos poloneses transferiu-se para Guarani das Missões, colônia quase
exclusivamente de poloneses. Os que ficaram na colônia Ijuhy localizaram-se
principalmente no povoado Santana (Lazzarotto, 2002).
Nos anos seguintes, de 1891 a 1893, outros grupos europeus estabeleceram-se em
Ijuhy: italianos, austríacos e também alguns alemães (Weber, 2002). A grande leva de
imigrantes italianos vinda diretamente a Ijuhy chegou em 1892. Eram 116 pessoas (três
solteiros e dezenove famílias), na maioria colonos laboriosos, familiarizados com as lidas
do campo e, em geral, extremamente econômicos (Fischer, 1987).
3
Um forte movimento cultural acompanhou o processo de colonização através da
preservação das raízes dos descendentes dos imigrantes alemães, italianos e poloneses, por
meio do cultivo dos hábitos, costumes, danças e gastronomia (Lazzarotto, 2002). Estes
grupos étnicos procuravam reunir-se em comunidades etnicamente homogêneas. Vários
pontos do município de Ijuhy foram identificados pela hegemonia de determinado grupo
étnico (Siekierski & Lazzarotto, 1987), que proporcionou a esse ambiente características
peculiares na maneira de ser e de viver de seus habitantes, influenciando a saúde de sua
população.
Conforme Malina (1990), as variáveis ambientais influenciam de forma
significativa o crescimento de crianças e jovens. Nos estudos sobre crescimento físico
deve-se levar em consideração o fenótipo da criança e do adolescente, o qual é um produto
da interação de seu genótipo e o meio ambiente (Böhme, 1995).
O crescimento físico é considerado como a medida singular que melhor define o
estado de saúde e nutrição dos indivíduos, sendo afetado por fatores genéticos e ambientais
(INAN, 1990). Os níveis de crescimento físico expressos através da estatura e massa
corporal entre crianças e adolescentes são indicadores internacionalmente aceitos para
avaliar a qualidade de vida de um país, ou diferenças existentes em uma mesma população
(Glaner, 2002). Neste sentido, a necessidade de estudos procurando envolver
levantamentos populacionais tem sido cada vez maior nas últimas décadas, principalmente
no que se refere ao crescimento de crianças e adolescentes. Tal propósito fundamenta-se no
estabelecimento de indicadores referenciais que possam contribuir para a monitoração do
nível de saúde e qualidade de vida de um segmento populacional (Tanner, 1975).
Estudos que enfatizam grupos étnicos e aspectos culturais dos sujeitos devem levar
em conta as histórias individuais e familiares. Os jovens constituem grupos singulares, cuja
especificidade está vinculada ao fato de que eles expressam mais que outros grupos a
natureza transitória de seu status. Eles estão em busca de sua identidade e têm de
incorporar os valores de sua cultura de origem, quanto adaptar, ao mesmo tempo, os
valores com que se deparam em seu ambiente imediato (Felice & Jenkins, 1992;
Kobayashi, 1993).
Diferenças étnicas em relação à atividade física são evidenciadas em estudos que
demonstraram que a inatividade física é maior entre negros e hispânicos em comparação a
brancos (USDHHS, 1996). As americanas brancas mostraram níveis significativamente
maiores de atividade física em relação aos negros e mulheres americano-mexicanas
(Andersen, Crespo, Bartlett, Cheskin & Pratt, 1998; Winkleby, Kraemer, Ahn & Varady,
4
1998). Resultados similares foram encontrados por Sallis, McKenzie, Elder, Hoy, Galati,
Berry, Zive e Nader (1998) no estudo com crianças brancas e grupos minoritários
demonstraram que as crianças brancas são mais ativas do que as de minoria étnica.
Fischbacher, Hunt e Alexander (2004), em revisão de 17 estudos que descreveram
os níveis de atividade física e aptidão em crianças e adultos sul-asiáticos reportaram
menores níveis de atividade física e aptidão para estes grupos quando comparados com
brancos ou europeus.
Alguns estudos (Crawford, Story, Wang, Ritchie & Sabry, 2001; USDHHS, 2001,
2002) sugeriram diferenças nos aspectos de inatividade física e prevalência de sobrepeso
entre diversos grupos étnicos. Outros estudos (Cossrow & Falkner, 2004; USDHHS, 2001)
indicaram maior prevalência de obesidade entre os grupos de crianças de minoria étnica do
que crianças brancas.
A obesidade e o estilo de vida fisicamente inativo são os dois fatores de risco mais
prevalentes de doenças crônicas comuns no mundo ocidental (Bouchard, 2003). Alguns
estudos têm procurado demonstrar a associação entre excesso de gordura corporal e fatores
predisponentes a doenças crônicas não-transmissíveis, DCNT (Bouchard, 2003; Pinheiro,
Freitas & Corso, 2004). Os fatores de risco como obesidade, inatividade física e
alimentação inadequada são crescentes problemas para países em transição epidemiológica
(Bauman & Graig, 2005).
A maioria dos países na América Latina e no Caribe passa por mudanças
significativas em seus modelos de alimentação, caracterizadas pela redução no consumo de
frutas, legumes, grãos integrais, cereais e verduras e um aumento paralelo do consumo de
alimentos ricos em gordura saturada, açúcares e sal, entre eles: leite, carnes, cereais
refinados e alimentos processados (WHO, 2002). Gower e Higgins (2003) sugerem que o
ambiente e a etnicidade possam influenciar no consumo de frutas e vegetais.
Investigar os hábitos alimentares de crianças e adolescentes pode fornecer
informações valiosas no que se refere ao consumo de alimentos nos diferentes grupos
étnicos, no sentido de verificar se estão consumindo alimentos saudáveis e orientar no
desenvolvimento de intervenções que possibilitem ao escolar alguma modificação de
comportamento.
A escola constitui um centro de ensino, convivência e crescimento importante, os
valores aprendidos nela serão levados por toda a vida. Assim, é o lugar ideal para o
desenvolvimento de programas de promoção de saúde de amplo alcance, uma vez que
5
exerce grande influência sobre crianças e adolescentes nas etapas formativas mais
decisivas de suas vidas (Pelicioni & Torres, 1999).
Partindo do anteriormente exposto, verifica-se que crescimento físico, composição
corporal, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos escolares são aspectos que
podem subsidiar aos profissionais de Educação Física e da saúde na sua prática diária, a
partir do momento em que possibilitam a construção de uma referência regional para a
análise das características de saúde desse grupo populacional. Diante dessas considerações
torna-se evidente a necessidade e importância da realização deste estudo, para que se possa
avaliar o crescimento físico, composição corporal, níveis de atividade física e hábitos
alimentares de escolares de 8 a 15 anos, de ambos os sexos, dos grupos étnicos alemão,
italiano e polonês da Região Noroeste do Estado do RS.
Objetivos
Geral
Analisar variáveis do crescimento físico, composição corporal, níveis de atividade
física e hábitos alimentares de escolares de 8 a 15 anos, de ambos os sexos, dos grupos
étnicos alemão, italiano e polonês da Região Noroeste do Estado do RS.
Específicos
a) Descrever as características sociodemográficas dos escolares (informações pessoais e
familiares) por sexo, idade e grupo étnico;
b) Determinar o crescimento físico (estatura, massa corporal) e comparar com os valores
de referência sugeridos pelo National Center for Health and Statistics – NCHS, por
sexo, idade e grupo étnico;
c) Comparar e classificar as variáveis da composição corporal (percentual de gordura,
massa corporal magra e índice de adiposidade) por sexo, idade e grupo étnico;
d) Analisar os níveis de atividade física e determinar a prevalência de sedentarismo, por
sexo e grupo étnico;
e) Estabelecer as possíveis associações entre a prevalência de sedentarismo e variáveis
demográficas, econômicas e comportamentais, por sexo e grupo;
6
f) Analisar os hábitos alimentares, por sexo e grupo étnico.
Delimitações
Participaram do estudo os escolares dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês,
de ambos os sexos, na faixa etária de 8 a 15 anos, matriculados no ensino fundamental das
escolas da rede pública estadual da Região Noroeste do RS.
A seleção dos locais de coleta de dados foi realizada entre os municípios e distritos
da Região Noroeste do RS com predominância dos grupos étnicos alemão, italiano e
polonês, com base nos levantamentos realizados por consultas na literatura especializada,
historiadores e coordenadores da União das Etnias de Ijuí (UETI) e Instituto de Políticas
Públicas e Desenvolvimento Regional (IPD-UNIJUÍ).
Limitações
O estudo é limitado pelo fato da amostra ser composta apenas por alunos da rede
pública estadual, na faixa etária de 8 a 15 anos.
Os grupos étnicos foram selecionados somente pela predominância nos municípios
e distritos.
As informações referentes ao nível de atividade física, hábitos alimentares e a
caracterização sociodemográfica foram obtidas através de questionários de autopreen-
chimento, nos quais poderão aparecer erros devido à dificuldade de recordar as
informações, omissão e equívoco ao fornecer as informações, portanto os eventuais
achados não podem ser generalizados.
7
CAPÍTULO II
REVISÃO DE LITERATURA
Colonização no Rio Grande do Sul
A colonização no Rio Grande do Sul foi realizada essencialmente por açorianos,
alemães e italianos. Segundo o despacho do Conselho Ultramarino de Portugal, em 22 de
junho de 1729, a colonização do Sul do país iniciou-se com colônias de origem açoriana,
vindo a completar-se com casais de imigrantes, exceto os de origem inglesa, holandesa e
castelhana. D. João VI e D. Pedro I, na fase da colonização alemã, e mais tarde D. Pedro II,
na fase da colonização italiana, não criaram objeções, facilitando a imigração. O programa
inicial de colonização foi chamado de Walkerfield. Constituía o mesmo, na “distribuição de
um lote de terra, ferramentas, animais, sementes aos agricultores e pagamento de módicos
subsídios para a alimentação dos colonos no primeiro ano de estabelecimento” (Pellanda,
1992).
A Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) foi destinada, pelo
governo brasileiro, ao povoamento com colonos. Este sistema de colonização foi muito
diferente do adotado na província de São Paulo. No sistema de colonização desenvolvido
na Região Sul, o objetivo era fazer do povoamento e da colonização mecanismos de
conquista e de manutenção de território, povoando áreas de florestas próximas a vales de
rios. Enquanto que o sistema adotado na província de São Paulo tinha como objetivo
solucionar a carência de mão-de-obra nas propriedades de café. A colônia de São Leopoldo
(Rio Grande do Sul) tornou-se a primeira experiência de povoamento do Sul, tendo se
transformado num dos grandes sucessos da política de colonização do governo imperial
(IBGE, 2000). Segundo alguns estudiosos da imigração no Brasil, durante os anos de 1824-
1830, aproximadamente “5300 colonos alemães foram enviados para a província,
espalhando-se aos poucos pela região da planície, ao longo dos rios que formam o estuário
do Guaíba” (Herédia, 2001).
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A definitiva ocupação do Sul só seria possível pela colonização. Sentindo o
potencial humano já exaurido em Portugal, há muito tempo se pensava em lançar mão da
imigração estrangeira. Em 1817 desembarcava dona Leopoldina, da Áustria, esposa do
príncipe herdeiro D. Pedro, com cientistas austríacos, alemães e italianos.
A ocupação com imigrantes começou em 1824, quando os primeiros alemães que
chegaram ao Brasil, como possíveis soldados para resistir à oposição portuguesa à
independência, foram estabelecidos na Real Feitoria do Linho e Cânhamos, princípio do
município de São Leopoldo. O Sul do Brasil, bem como o Espírito Santo, onde o imigrante
não concorria com a produção latifundiária, foram destinados a receber os colonos para
legitimar a propaganda que se fazia na Europa de que aqui receberiam terras para cultivar
(Lazarrotto, 2002).
Os primeiros imigrantes que chegaram à nova Colônia eram “russos” pela
nacionalidade, mas pertenciam à etnia germânica. Chegaram com bagagem parca e poucos
recursos financeiros, mas trouxeram os seus costumes antigos e sua língua alemã.
Colonização Alemã no Rio Grande do Sul
A imigração alemã no Brasil teve início em 1824. Naquela época a Alemanha não
existia como unidade nacional. Havia reinados, principados, ducados, independentes entre
si. O que identificava a todos era a língua. No Brasil, o Governo Imperial enfrentava uma
preocupação constante no sul, com invasões e atividades bélicas, dificultando a
manutenção de suas fronteiras. Colonizar o Sul parecia o caminho mais viável para evitar
invasões. Leopoldina, casada com o imperador Dom Pedro I era alemã. Este fato deve ter
influenciado a vinda dos imigrantes alemães para a colonização do RS (Bindé, 2005a).
Os primeiros imigrantes alemães chegaram a Porto Alegre em 18 de julho de 1824.
No dia 25 de julho desembarcaram na Feitoria, que se chamou Colônia Alemã de São
Leopoldo em homenagem à imperatriz Dona Leopoldina.
Conforme Schäffer (1994), um mapa da distribuição espacial dos estrangeiros de
origem alemã no Estado do Rio Grande do Sul, em 1980, indicaria três áreas básicas: a
Região Metropolitana de Porto Alegre, a área Serrana, os municípios do Vale do Taquari e
o Noroeste do Estado.
Colônias homogêneas de povoamento surgiram no sul a partir do empenho dos
colonos em adquirir os lotes de terra daqueles que partiam, visando assegurar a
proximidade geográfica de seus filhos e netos. Encaminhados para as regiões mais
9
distantes e tendo recebido apenas a ajuda material do governo brasileiro, a concentração de
colonos da mesma origem étnica resultou na formação de grupos relativamente
homogêneos e isolados, onde era alta a taxa de fecundidade: 8 a 9 filhos para as mulheres
que se casavam entre os 20 e 24 anos (IBGE, 2000). No Censo de 1940 e 1950, constam os
dados sobre o uso da língua alemã. O recenseamento de 1940 localizou 393.934 pessoas
(mais de 10% da população gaúcha) que falavam alemão em casa. Este número sugere
tanto a fecundidade desses imigrantes, quanto a preservação e divulgação da língua
(Schäffer, 1994).
Em maio de 1891 chegaram a Ijuhy os primeiros imigrantes alemães (Lazzarotto,
2002). Na grande maioria eram provenientes das “colônias velhas”, mas também houve
imigrantes que provieram diretamente da Alemanha, entre os quais podem-se citar os
sobrenomes: Roeber, Kopf, Barz, Schneider, Becker, Gottschald, Kuhlmann e Schenck,
(Fischer, 1987). O maior fluxo de imigrantes alemães e de seus descendentes ocorreu nos
primeiros anos da colonização da Colônia Ijuhy. Porém, ao longo do tempo, outras famílias
aqui aportaram, plantaram suas raízes, construíram sua história de vida e deixaram
descendentes para perenizar suas obras (Bindé, 2005a).
Em torno da escola, como também da igreja e das associações, o apego às tradições
e à preservação de elementos culturais se estendeu a diversas gerações, persistindo, mais
ou menos, até os dias atuais. Pode-se afirmar que alguns dos elementos de preservação e
difusão da língua, identidade e cultura alemãs, por parte dos imigrantes e descendentes,
referem-se à escola comunitária, à imprensa, à ênfase no associativismo, na organização
das comunidades religiosas, dentre outros (Mauch & Vasconcelos, 1994).
Colonização Italiana no Rio Grande do Sul
Em 1870, a Itália conseguia sua unificação que, em conseqüência, fortaleceu a
especulação capitalista. O norte ingressava mais no campo industrial e as riquezas foram se
acumulando nas mãos de poucos, enquanto o sul, agrícola, continuava sua situação de
pobreza e abandono. Do norte da Itália procedeu o maior número de imigrantes para o
Brasil e para outras nações da América Latina (Battistel & Costa, 1982).
A grande necessidade de mão-de-obra no Brasil correspondeu ao auge da crise
socioeconômica da Itália. Daí iniciou-se a espantosa imigração dos italianos. Em 1885,
entraram no Brasil, 21.765 italianos. Entre 1875 e 1935, entraram cerca de 1,5 milhões de
italianos no país (Battistel, 1981).
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O Brasil tinha interesse em receber colonos italianos, pois a colonização alemã
atingira seus limites; os alemães não sabiam como fazer roças, não conheciam as sementes
mais apropriadas e a época de plantá-las (Marques, 2002). A maioria dos imigrantes
italianos dirigiu-se para São Paulo a fim de trabalhar em fazendas de café. Porém, não
foram bem sucedidos, viviam em regime de escravidão branca, não tinham liberdade, nem
autonomia, por isso hoje encontram-se poucos vestígios de sua cultura. Assimilaram a
cultura luso-brasileira imposta pelos patrões. Tal fenômeno não ocorreu no Rio Grande do
Sul; os italianos, como pequenos proprietários, desenvolveram sua autonomia econômica,
protegendo sua identidade étnica. Organizaram-se em sociedades (as capelas),
conservaram sua língua de origem, suas tradições e seus costumes, ainda hoje vivos e
constatáveis (Battistel, 1981).
Os italianos chegaram ao Sul do país após os alemães e, por esta razão, os núcleos
coloniais para onde foram encaminhados estavam mais distantes das regiões já habitadas,
situando-se em áreas pouco férteis, além de desprovidas de meios de comunicação,
necessários para o escoamento de produtos ou para a maior integração com o resto do país.
Além dessas dificuldades, não havia qualquer tipo de assistência médica ou religiosa
(IBGE, 2000).
A primeira leva de imigrantes italianos chegou ao Rio Grande do Sul em 1875 e
fundou os núcleos de Nova Milano, Conde D’Eu (Garibaldi) e Vila Isabel (Bento
Gonçalves). Em 1876 foi fundada Caxias do Sul e no ano seguinte, Silveira Martins. Estes
primeiros núcleos foram denominados “colônias velhas” (Lazzarotto. 2002).
As “colônias novas” começaram com a fundação da “colônia Ijuhy”, em 19 de
outubro de 1890, onde os italianos ocuparam as terras do Barreiro, Salto, Santa Lúcia,
Rincão dos Gói, Vila Santo Antônio. As primeiras famílias que se estabeleceram foram
Protti, Mastella, Gambini, Lôndero, Brum, Fiorin, Vione, Viecelli, Cereser, entre outras
(Fischer, 1987). Quase todos os imigrantes italianos que ocuparam as “colônias novas”,
principalmente a Picada Conceição, eram procedentes das províncias do norte da Itália, em
geral eram ativos, dinâmicos e decididos (Brum, 1990).
A vida do imigrante italiano assentava-se em quatro pilares básicos: a família, a
propriedade, o trabalho e a religião. O número elevado de filhos e o relativo isolamento em
relação a outras comunidades favoreceram a intensificação de casamentos entre
descendentes das famílias da Picada Conceição (Brum, 1990).
Também tiveram papel importante, muitas instituições, dentre as quais, a Igreja, a
escola, as associações beneficentes, profissionais e recreativas e também a imprensa. A
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língua foi outro ponto crucial e complexo, pois o “falar italiano” era instrumento
estratégico de união étnica (IBGE, 2000).
As casas de moradia dos imigrantes e seus descendentes acompanharam a evolução
econômica, o primeiro abrigo foram choupanas de pau-a-pique, depois vieram as casas de
madeira, as quais eram serradas manualmente. Quase todas as casas tinham porão,
utilizado como cantina. Nele, guardava-se o vinho, bem como a banha, o salame, o
presunto (copa), o queijo, além dos mantimentos para o consumo da família (Brum, 1990).
O milho foi a cultura de sustentação da colônia italiana, visto que a base de toda a
alimentação do colono era a polenta, nas três refeições que o colono fazia ao dia estava
sempre presente, sendo o elemento principal durante muitos anos na história do colono
italiano. Traziam esse costume da Velha Itália, por ter sido a polenta a base da alimentação
da classe agrícola italiana. O acompanhamento dessa refeição se diferenciava segundo a
zona italiana e segundo a condição econômica. Na nova terra, essa refeição era muitas
vezes acrescida de folhas de salada, um copo de vinho e, quando possível, de
complementos como o queijo, ovos e salame (Herédia, 2001).
Colonização Polonesa no Rio Grande do Sul
Os poloneses, em sua maioria, são descendentes de tribos eslavas que se fixaram há
mais de mil anos às margens dos rios Vístula e Warta, na região da atual Polônia. Devido a
uma série de acontecimentos no país de origem, muitos poloneses resolveram procurar
uma nova pátria. O Brasil foi o destino (Siekierski & Lazzarotto, 1987).
O início da colonização polonesa no Brasil foi em 1867. O polonês Edmund
Sebastian Wós-Saporski passou a ser chamado o pai da colonização polonesa no Brasil
quando aportou em Paranaguá, no Paraná (Bindé, 2005b).
Os primeiros imigrantes poloneses foram localizados no Estado do Paraná e
algumas famílias na Bahia e Espírito Santo. Não acostumados com a cultura tropical,
sofreram completo insucesso, sendo enviados para o Rio Grande do Sul em 1868, fixando-
se nas vizinhanças de Porto Alegre. Até 1920 cerca de 34.300 poloneses entraram no
Estado. Além de Porto Alegre localizaram-se em Guarani das Missões, Ijuí e Caxias do
Sul. A Polônia foi, sem dúvida, a terceira nação que mais forneceu imigrantes ao Rio
Grande do Sul (Marques, 2002).
Os imigrantes “polacos” começaram a chegar ao Rio Grande do Sul em número
expressivo a partir de 1890. Entretanto, em 1877, um grupo de 400 poloneses com
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passaporte russo chegou a Porto Alegre. Este grupo foi considerado como o marco da
imigração “polaca” no Rio Grande do Sul (Iarochinski, 2000).
Esses imigrantes da Polônia, geralmente muito laboriosos, de caráter um pouco
melancólico, mas bons e pacíficos, de comportamento delicado e disciplinado, teriam sido
apropriados para a colonização do vale do Rio Ijuí, se tivessem alguns recursos financeiros
e, principalmente, experiência nos trabalhos rurais. A maioria não tinha a mínima noção de
agricultura e a língua polonesa era tão diferente das outras línguas faladas por seus grupos
vizinhos, que lhes era quase impossível se fazer entender com os outros habitantes do Vale
do Rio Ijuí (Fischer, 1987). Entretanto, suas virtudes, a persistência e a assiduidade
ajudaram essa gente humilde e despretensiosa a superar todas as dificuldades.
No período de 1890 a 1894 aportaram na colônia de Ijuhy, cerca de 500 famílias de
origem polonesa, somando aproximadamente três mil imigrantes e seus descendentes
(Bindé, 2005b). Ingressaram na nova colônia com muitas dificuldades, mas as superaram
graças à sua persistência. De acordo com Marques (2002), contaram com um grande líder,
padre Antoni Cuber, que não mediu esforços para amparar os poloneses. Fundou uma
escola, em que o ensino era exclusivamente em polonês e fundou também o primeiro jornal
publicado em Ijuí, o Kolonista (1909-1910). Os poloneses formaram núcleos etnicamente
quase fechados, mas que muito contribuíram para o aumento demográfico da colônia.
Nas levas de imigrantes saídos diretamente de Porto Alegre para Ijuí, a partir de 19
de novembro de 1890, a maioria era polonesa (Lazzarotto, 2002). Devido às dificuldades
encontradas, a maioria dos poloneses se transferiu para Guarani das Missões, colônia quase
exclusiva de poloneses. Os que ficaram em Ijuí foram radicados nas linhas-base 1 a 7 leste
e 6 a 11 oeste, sendo o Povoado Santana a localidade com o maior número de poloneses.
Os poloneses que se instalaram no distrito Santana eram marceneiros, ferreiros,
comerciantes, tanoeiros, sapateiros e tecelões (Bindé, 2005b).
No grupo de poloneses que ocuparam as Linhas 1 e Base estavam os troncos das
famílias Lemanski, Siekierski, Meiger, Schimanski, Kosloski, Skalski, Savicki,
Zoborowski e outros. Os poloneses permaneceram, ao longo da de sua história, fiéis à
religião católica. Na nova terra fortificaram-se na fé, participando e colaborando com as
iniciativas da Igreja. Quase um século após a chegada dos primeiros colonos poloneses, o
Povoado Santana continua sendo uma localidade predominantemente ligada à sua origem
étnica (Siekierski & Lazzarotto, 1987).
Os poloneses sobreviveram com culturas de subsistência, vendendo porcos, melado
e rapadura. A indústria era do tipo caseira. O pão era amassado numa panela, na hora de
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assar, ou se empregava a mesma panela, ou se enrolava a massa em folhas de bananeiras,
assando-o nas brasas. O mel era espremido com as mãos e passado em um pano. Para
produzir sabão, aproveitavam as miudezas dos porcos (Siekierski & Lazzarotto, 1987).
Grupo Étnico
Os conceitos de etnia, grupo étnico e etnicidade incluem as populações nacionais
(ou minorias nacionais) que interagem com outras fora dos limites específicos do seu
Estado Nacional (Seyferth, 1981).
No que se refere às minorias nacionais, nos Estados Unidos utiliza-se o termo
“grupo minoritário”, para referir-se a um subconjunto da população imediatamente
identificável e distinguível por sua herança racial, étnica ou cultural. Dentro dos Estados
Unidos, esse conceito envolve subconjuntos da população como os afro-americanos, os
hispânicos-latinos, os asiáticos das ilhas do Pacífico. A etnicidade, num sentido menos
amplo, diz respeito à raça e, portanto, é expressão de um conjunto comum de
peculiaridades herdadas. Todavia, obviamente, mesmo que os indivíduos compartilhem
alguns traços biológicos como a cor da pele, isto não significa necessariamente que eles
compartilham as mesmas características em termos de hábitos, valores e estilo de vida.
Assim, uma definição mais global de etnicidade abrange o compartilhamento de uma
seleção comum de herança social específica, o que envolve práticas, valores e crenças
transmitidas de uma geração para outra (Michaud, 2001).
Conforme Sênior e Bhopal (1994), o conceito de etnicidade não é simples nem
preciso, mas implica um ou mais dos seguintes fatores: mesmas origens; compartilhar de
cultura e tradições que lhe são peculiares e mantidas entre gerações, o que conduz a um
senso de identidade e grupo, idioma ou tradição religiosa em comum.
Considerando que etnicidade é culturalmente determinado, raça não deve ser visto
como um sinônimo do termo. Raça implica em características biológicas que são
geneticamente determinadas (Smith, 2004).
Ao analisar etnicidade, Cohen (citado por Seyferth, 1981) coloca como exemplo
que as diferenças entre chineses e hindus considerados dentro dos seus respectivos países,
são diferenças nacionais e não étnicas. Mas quando grupos de imigrantes chineses e hindus
interagem numa terra estranha como chineses e hindus, podem ser referenciados como
grupos étnicos.
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No que se refere a grupos étnicos, Barth (citado por Seyferth, 1981) caracteriza
como uma população que se autoperpetua biologicamente, participa de valores culturais
fundamentais, forma um campo de comunicação e interação e tem membros que se
identificam e são identificados por outros como constituindo uma categoria distinguível de
outras categorias de mesma ordem.
A etnicidade é vista como uma qualidade da qual se participa, e que expressa a
ênfase na atribuição dos membros do grupo étnico. As ideologias étnicas estão
fundamentadas nos contrastes presentes nas relações inter-étnicas, que formam identidades
étnicas (Seyferth, 1981).
Grupo étnico é definido a partir de elementos como a língua falada no âmbito das
relações familiares, hábitos familiares e outros costumes, como os padrões alimentares, a
valorização do “morar bem” ou “viver bem” (IBGE, 2000).
Balibar (1995) aponta para a centralidade da língua nos processos de construção
das identidades culturais, enfatizando que a defesa de uma cultura cuja identidade,
integridade ou criatividade está ameaçada e se dá, sobretudo através da defesa da língua.
Crescimento Físico
O crescimento físico é caracterizado pelo somatório de fenômenos celulares,
biológicos, bioquímicos e morfológicos, cuja interação é efetuada através de um plano
predeterminado geneticamente e influenciado pelo meio ambiente (Rogol, Clark &
Roemmich, 2000; Rubin, 2000).
Os níveis de crescimento entre crianças e adolescentes podem ser considerados
internacionalmente como um dos mais importantes indicadores quanto à qualidade de vida
de um país ou à extensão das distorções existentes em uma mesma população em seus
diferentes subgrupos (Goldstein & Tanner, 1980).
No que se refere a estudos populacionais, destacam-se alguns referenciais
construídos em outros países que tendem a ser utilizados como parâmetros de análise em
todas as regiões, dentre estes, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda as
curvas do National Center For Health Statistics (NCHS), em estudo realizado com
crianças norte-americanas, as quais são utilizadas em muitos países como curvas de
referência (Hamill, Drizd, Johnson, Redd, Roche & Moore, 1979). Recentemente, o
referencial de crescimento do NCHS, utilizado mundialmente desde 1977, foi revisado,
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objetivando corrigir algumas falhas. O novo referencial tem sido referido como curvas de
crescimento (Kuczmarski et al., 2002).
No Brasil, dois estudos tentaram construir um padrão nacional de crescimento. O
estudo de Marques, Marcondes e Bequó et al. (1982), realizado com a população de Santo
André e da Grande São Paulo constatou que o subgrupo IV da amostra, composto por
crianças pertencentes a famílias de alta renda, era similar aos resultados encontrados pelo
NCHS. O estudo do INAN (1990) apresentou o perfil de crescimento da população
brasileira de 0 a 25 anos, considerando o aspecto regional, áreas urbana e rural e o nível
socioeconômico.
Os níveis de crescimento, expressos através da estatura e massa corporal de
crianças e adolescentes, são indicadores sensíveis, internacionalmente aceitos para detectar
a qualidade social, econômica e política do ambiente no qual elas vivem (Glaner, 2002).
No estudo da curva populacional de crescimento, deve-se levar em consideração as
influências regionais e genéticas de cada comunidade, visto estes fatores influenciarem
diretamente na estatura final de uma população (Lopes, 1999; Silva, 2002).
Diniz, Lopes, Dummel e Rieger (2006), ao compararem valores médios de estatura,
massa corporal e IMC dos escolares de Ijuí/RS, com as tabelas normativas construídas a
partir de pesquisas do NCHS (2000) e Silva (2002), demonstraram diferenças significativas
em todas as variáveis. Os escolares de Ijuí apresentaram valores de estatura, massa
corporal e IMC superiores, exceto para o sexo feminino nas idades de 9 e 11 anos, e sexo
masculino, na idade de 10 anos, na qual, os valores se assemelham na variável estatura.
Resultados semelhantes aos deste estudo foram encontrados por Guedes (2002) e
Poletto (2001) com crianças e adolescentes de Porto Alegre/RS. No estudo de Guedes os
indicadores de crescimento apresentaram índices superiores aos de referência NCHS,
independentemente do gênero e a favor do nível socioeconômico mais elevado. Poletto
(2001) encontrou resultados superiores aos do NCHS nas idades entre 8 e 14 anos. Já Kac
e Santos (1996) encontraram valores médios de estatura inferiores às medianas das curvas
do NCHS para escolares de descendência japonesa residentes no município de São
Paulo/SP.
Leite, Santos, Gugelmin e Coimbra Jr. (2006), no estudo com indígenas Xavantes
mostraram que as crianças apresentaram médias de estatura e de massa corporal baixa para
a idade. As crianças menores de 5 anos apresentaram déficit de estatura para ambos os
sexos. Embora não se possa descartar a existência de diferenças genéticas nos potenciais de
crescimento em estatura segundo a etnia, essas informações para os Xavantes apontam
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para condições ambientais amplamente desfavoráveis ao crescimento infantil e sugerem a
preponderância dos fatores de ordem ambiental sobre os de ordem genética na
determinação dos déficits antropométricos.
Atualmente não se admite uma boa assistência à criança sem o controle do seu
crescimento. A comparação da massa corporal, estatura e quantidade de gordura corporal
com curvas de crescimento são fundamentais para avaliação do crescimento humano
(Waltrick, 1996).
Composição Corporal
O termo composição corporal refere-se à estimativa da gordura corporal no simples
fracionamento do corpo em dois componentes: massa de gordura e massa corporal magra
(Petroski, 2003).
Nos últimos 20 anos, o interesse sobre mensuração de composição corporal teve
um crescimento enorme, em grande parte devido à relação da mesma com a saúde.
Conforme Heyward (2004) a composição corporal é um componente-chave do perfil de
saúde e aptidão física do indivíduo.
A ênfase dada aos estudos da gordura corporal em crianças e adolescentes se
justifica devido à sua associação, quando em excesso, com o desenvolvimento de inúmeras
doenças, representando um fator de risco para a saúde. O risco de doenças cardiovasculares
e de outras complicações para a saúde é relativamente grande quando meninos e meninas
ultrapassam, respectivamente, a faixa de 25% e 30% de gordura corporal relativa. Crianças
e jovens que se encontravam acima desses valores apresentavam maior pressão arterial
sangüínea sistólica e distólica, elevado colesterol total em relação ao nível do colesterol de
baixa densidade (LDL) com o colesterol de alta densidade (HDL) (Lohman, 1992).
Os dados de praticamente todos os países do mundo industrializado, e mesmo os
dos países em desenvolvimento, revelam uma proporção crescente de crianças e adultos
com sobrepeso e obesidade (Bouchard, 2003).
Estudos realizados com crianças e adolescentes encontraram resultados para
prevalência de sobrepeso e obesidade de 15,7% e 18% (Costa, Cintra & Fisberg, 2006);
15,5% (Ogden, Flegal & Carrol, 2002) considerando como valores de corte para sobrepeso
IMC (≥ 85 e < 95) ) e obesidade IMC (≥ 95).
Em relação a grupos étnico-culturais, estudo de Lopes e Pires Neto (1999) com
1757 crianças de 7 a 10 anos, de ambos os sexos, dos grupos étnico-culturais português,
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alemão, italiano e um grupo miscigenado, constataram a prevalência de obesidade em
torno de 10% para os quatro grupos. Já, Farias e Salvador (2005) no estudo realizado com
303 adolescentes encontraram prevalência de obesidade de 23,7%.
No estudo desenvolvido em Cotinguiba (SE) com 1.271 crianças de 7 a 14 anos,
Silva (2002) encontrou prevalência de obesidade de 9% para o sexo masculino e 14% para
o sexo feminino, nestes três estudos foram utilizados os níveis de adiposidade (Lohman,
1987) para classificação da obesidade.
Nos demais estudos foi utilizado o IMC como índice para identificação da
obesidade, mas com pontos de corte diferentes. Manios (2006) em estudo com 2.518
crianças de 1 a 5 anos, demonstrou prevalência de obesidade de 16,5% para os meninos e
18,5% para as meninas.
Strauss e Pollack (2001), no estudo longitudinal (NLSY) realizado nos EUA com
8.270 crianças de 4 a 12 anos, entre os anos de 1986 e 1998, indicaram que
aproximadamente 20% dos jovens estavam com sobrepeso. Entre os grupos étnicos
americano-africanos e hispânicos, o número de crianças com sobrepeso aumentou
significativamente, entretanto, não foi significativo para as crianças brancas.
Leite et al. (2006) ao verificarem o perfil nutricional da população indígena de
Xavantes (MG), mostraram que as crianças apresentaram prevalência de desnutrição e os
adolescentes prevalência de sobrepeso de 22,7% para os meninos e 35,5% para as meninas.
O controle da gordura corporal por meio da avaliação da composição corporal pode
auxiliar os profissionais da saúde a identificar as crianças que estão com excesso de peso
ou com sinais de desnutrição e interferir educacionalmente no processo, orientando as
crianças e adolescentes quanto ao problema.
Atividade Física
A atividade física habitual tem sido reconhecida como um componente importante
de um estilo de vida saudável (Twisk, 2001). A participação em atividades físicas durante a
infância pode ajudar no desenvolvimento das habilidades motoras, sociais e no lazer, visto
que os hábitos adquiridos na infância podem influenciar no nível de atividade física na vida
adulta. As crianças com baixos índices de atividade física parecem ser mais susceptíveis
para desenvolverem patologias degenerativas na idade adulta (Blair, Clark, Cureton &
Powell, 1989). A atividade física tem sido associada a comportamentos ou estilos de vida
saudáveis. Em contrapartida, a inatividade física aparece, muitas vezes, associada a outros
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fatores que aumentam a probabilidade do risco das doenças cardiovasculares (Guerra,
2003). A inatividade física é reconhecida como um dos maiores fatores de risco para
doenças crônicas não transmissíveis (Bauman & Craig, 2005).
A prática de atividade física regular reduz o risco de morte prematura, doenças do
coração, diabetes tipo II, atua na prevenção ou redução da hipertensão arterial, previne o
ganho de peso (diminuindo o risco de obesidade), auxilia na prevenção ou redução da
osteoporose, promove o bem-estar, reduz o estresse, a ansiedade e a depressão.
Especialmente em crianças e jovens, a atividade física interage positivamente com as
estratégias para adoção de uma dieta saudável, desestimula o uso do tabaco, do álcool, das
drogas, reduz a violência e promove a integração social (WHO, 2005).
Conforme Bar-Or e Malina (1995), jovens que apresentam um cotidiano com
níveis insuficientes de atividade física tenderiam a apresentar maior grau de exposição a
comportamentos de risco à saúde como uso de fumo, consumo de bebidas alcoólicas e
hábitos alimentares inadequados, comparados a seus pares suficientemente ativos.
Vários estudos brasileiros têm evidenciado que crianças e adolescentes
apresentaram níveis insuficientes de atividade física (Farias Júnior, 2002; Silva & Malina,
2000). Outros estudos evidenciaram que crianças e adolescentes não estavam envolvidas
em atividade física moderada e vigorosa aceitáveis para a saúde (Matsudo, Araújo,
Matsudo, Andrade & Valquer, 1998; Mota, Silva, Santos, Jose & Duarte, 2005).
Estudos sobre a atividade física e grupos étnicos em crianças e adolescentes
mostraram que 36% das crianças e 77% dos adolescentes brancos são mais ativos do que
grupos étnicos minoritários (Sallis & Pate, 2001).
Gordon-Larsen, McMurray e Popkin (1999), no estudo com adolescentes
americanos de diferentes etnias (hispânicos, não hispânicos negros e asiáticos) relataram
que os não hispânicos negros ficavam 20,4 horas por semana assistindo televisão ou vídeo.
Os não hispânicos brancos 13,1 horas. Em relação à atividade física (≥ 5 vezes por semana
de AF moderada vigorosa) verificou-se que a maioria dos adolescentes não participava
destas atividades cinco ou mais vezes na semana.
Mackenzie, Sallis, Elder, Berry, Hoy, Nader, Zive e Broyles (1997), no estudo com
287 crianças (115 americano-europeus e 172 americano-mexicanos) verificaram os níveis
de atividade física no recreio escolar na pré-escola e escola primária. Os resultados
mostram que na pré-escola, os americano-europeus se ocuparam mais com atividades
moderadas e vigorosas do que os americanos-mexicanos. Em relação aos grupos étnicos, as
crianças americano-mexicanos fizeram 17% menos atividades moderadas e vigorosas do
19
que os americano-europeus. Isto pode ser explicado pela elevada proporção de obesidade
observada nas crianças americano-mexicanos.
No estudo com escolares chilenos, na faixa etária de 13 a 15 anos (Global School-
based Student Health Survey – GSHS, 2004) em duas localidades, região V e região
metropolitana evidenciou-se uma prevalência de jovens não ativos elevada, onde cerca de
88% dos sujeitos relataram não ter realizado 60 minutos de atividades físicas moderadas
nos sete dias que antecederam as pesquisas.
De acordo com Strong, Malina, Blimkie, Daniels, Dishman, Gutin, Hergenroeder,
Must, Nixon, Pivarnik, Rowland, Trost e Trudeau (2005) os resultados de estudos
transversais e longitudinais indicaram que jovens de ambos os sexos que participam de
atividade física com nível relativamente alto têm menor adiposidade do que jovens com
níveis de atividades baixos. Programas de atividade física realizados de 3 a 7 dias
semanais, com duração de 30 a 60 minutos conduzem à redução na adiposidade geral e
visceral em crianças e adolescentes com sobrepeso.
Hábitos Alimentares
Em decorrência do processo de transição nutricional, caracterizado pela tendência
da redução das prevalências de desnutrição infantil e de aumento nas de sobrepeso e
obesidade em crianças e adultos em curso no Brasil, a obesidade aparece com um
importante componente do comprometimento do estado nutricional da população.
A formação dos hábitos alimentares é influenciada por uma série de fatores:
fisiológicos, psicológicos, socioculturais e econômicos. A aquisição dos hábitos ocorre à
medida que a criança cresce, até o momento em que terá relativa independência para
escolher os alimentos que integrarão sua dieta (Fisberg, Bandeira, Bonilha, Halpern &
Hirschbruch, 2000).
O aumento no consumo de alimentos gordurosos, com alta densidade energética, e
a diminuição na prática de exercícios físicos são os dois principais fatores, associados ao
meio ambiente, que colaboram com o aumento da prevalência de obesidade (Albano &
Souza, 2001).
O aumento da ingestão energética pode ser decorrente tanto da elevação
quantitativa do consumo de alimentos como de mudanças na dieta que se caracterizem pela
ingestão de alimentos com maior densidade energética, ou pela combinação dos dois
(Mendonça & Dos Anjos, 2004).
20
Alguns estudos (Andrade, Pereira & Sichier, 2003; Beech, Rice, Myers, Johnson &
Nicklas, 1999; Middleman, Vazquez & Durant, 1998; Munoz, Krebs-Smith, Ballard-
Barbash & Cleveland, 1997; Neumark-Sztainer, Story, Hannan & Croll, 2002) têm eviden-
ciado o consumo inadequado de frutas, legumes e grãos, o consumo excessivo de açúcares
e gordura de acordo com as recomendações da Pirâmide Alimentar do Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDHHS, 2005) por parte dos adolescentes.
No Brasil, estudos indicaram que a maioria dos jovens não atende às
recomendações mínimas exigidas no que se refere ao consumo de frutas e verduras (De
Bem, 2003; Faria Júnior, 2002; Legnani, 2006). O consumo inadequado de frutas e
legumes tem sido relacionado a doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e certos
tipos de câncer (Block, Patterson & Subar, 1992; Cavadini, Siega & Popkin, 2000;
Steinmetz & Potter, 1996).
Uma alimentação inadequada, rica em gorduras, com alimentos altamente refinados
e processados, pobre em frutas, legumes e verduras está associada ao aparecimento de
diversas doenças como aterosclerose, hipertensão arterial, obesidade, diabetes mellitus e
câncer (INAN, 1990).
Mendonça e Dos Anjos (2004), com o objetivo de identificar e avaliar alguns
indicadores que se correlacionam com mudanças nas práticas alimentares e de atividade
física na população brasileira nos últimos 30 anos evidenciaram que os fatores que
contribuíram para essas mudanças são: migração interna, alimentação fora de casa, meios
de deslocamentos e equipamentos domésticos.
No levantamento realizado por Triches, Giugliani e Justo (2005) nas escolas
municipais de Dois Irmãos e Morro Reuter (RS), com crianças da etnia alemã, constataram
que a obesidade mostrou-se associada ao menor conhecimento em nutrição e práticas
alimentares menos saudáveis. Crianças com essas características apresentaram cinco vezes
mais chances de serem obesas. Nelson, Carpenter e Chiasson (2006), no estudo sobre
alimentação, atividade física e sobrepeso entre crianças pré-escolares do Programa
Especial de Nutrição para mulheres, adolescentes e crianças, mostraram que 38% das
crianças apresentaram sobrepeso ou excesso de peso.
21
CAPÍTULO III
METODOLOGIA
Caracterização do Estudo
O presente estudo teve como objetivo analisar variáveis do crescimento físico,
composição corporal, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos escolares de 8 a
15 anos da Região Noroeste do Estado do RS, através de amostragem representativa dos
escolares dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês, caracterizou-se como
epidemiológico-descritivo e de desenho transversal (Thomas & Nelson, 2002).
Caracterização dos Municípios
A seleção dos municípios para a coleta de dados foi realizada conforme a
predominância dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês, de acordo com mapa do
Instituto de Política Públicas e Desenvolvimento Regional-IPD, Figura 1; e por consultas
na literatura especializada, historiadores e coordenadores da União das Etnias de Ijuí
(UETI). De acordo com estudos (Bindé, 2005a,b; Brum, 1990; Cuber, 1974; Fischer, 1987;
Marques, 2002; Schäffer, 1994; Siekierski & Lazzaroto, 1987), os municípios selecionados
para este estudo foram Panambi (alemão); Ajuricaba e Jóia (italiano); Guarani das Missões
(polonês); Ijuí e Distritos: Alto da União (alemão); Floresta (italiano); Santana e Chorão
(polonês).
22
Figura nº 1. Mapa das etnias prioritárias no processo de colonização.
23
População e Amostra
A população, estimada em 9260 crianças, foi constituída de escolares do ensino
fundamental (2ª a 8ª série), de ambos os sexos, na faixa etária de 8 a 15 anos, descendentes
dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês, todos residentes nos municípios
selecionados e matriculados nas escolas estaduais da região Noroeste do Estado do RS,
conforme cadastro no setor de estatística da 36ª e 14ª Coordenadorias Regionais de
Educação do Estado do RS (2006).
Seleção da Amostra
A amostra, selecionada dentre os municípios e distritos da região Noroeste do Rio
Grande do Sul que atendiam à caracterização étnica desejada (Quadro 2), foi selecionada
em três estágios: 1) estratificada proporcional por grupo étnico e localidade; 2) intencional
quanto às escolas, considerando o maior número de alunos matriculados no ensino
fundamental; 3) aleatória por conglomerados, considerando todos os alunos presentes em
sala de aula no dia da coleta de dados com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) (Anexo 5) assinado pelos pais ou responsáveis.
Para determinação do tamanho mínimo da amostra que representasse a população
foram utilizados os procedimentos sugeridos por Luiz e Magnanini (2000). Considerando
um nível de confiança de 95%, uma prevalência estimada de escolares inativos em torno de
30% (Oehlschlaeger, Pinheiro, Horta, Gelatti & Sant’ana, 2004), erro amostral tolerável de
3%, obteve-se amostra mínima de 817 escolares. Como se optou pela seleção da amostra
na forma de conglomerados, foi utilizado um efeito de delineamento de 1,5, ficando em
1.226 o tamanho mínimo da amostra por conglomerados, considerando eventuais perdas
acrescentou-se 20%. Portanto, a amostra calculada ficou em 1.471 escolares.
As escolas estaduais de ensino fundamental foram selecionadas para este estudo
pelo fato de concentrarem o maior número de alunos matriculados no ensino fundamental
nos municípios selecionados e nas localidades rurais.
Fórmula utilizada para o cálculo do tamanho da amostra:
24
Sendo:
Zα/2= 1,95 (nível de confiança)
N= 9.260 (número de sujeitos na população)
P= 0,3 (prevalência estimada)
E2 = 0,01 (erro relativo).
Quadro 1
População e Amostra dos Grupos Étnicos da Região Noroeste do RS.
Alunos ensino fundamental Amostra prevista Grupos étnicos
N % n % Alemão 3.687 39,81% 586 39,84% Italiano 3.090 33,38% 491 33,38% Polonês 2.483 26,81% 394 26,78%
Total 9.260 100,00% 1.471 100,00%
Quadro 2
População e Amostra dos Grupos Étnicos por Localidade (municípios e distritos). Alunos ensino fundamental Amostra prevista Grupos
étnicos Localidade
N % n % Ajuricaba 518 5,59% 82 5,57% Panambi 1973 21,31% 313 21,28%
Alemão
Ijuí (distritos) 1196 12,92% 190 12,92% A. Pestana 850 9,17% 135 9,18%
Jóia 1044 11,27% 166 11,29% Italiano
Ijuí (distritos) 1196 12,92% 190 12,92% G.das Missões 1286 13,89% 204 13,87% Poloneses Ijuí (distritos) 1197 12,93% 191 12,97%
Total 9.260 100,00% 1.471 100,00%
Critérios de Exclusão
Foram adotados os seguintes critérios de exclusão para os escolares selecionados
para a coleta de dados do presente estudo: a) recusa a participar do estudo; b) não
autorização dos pais; c) ausência de informações importantes no questionário (etnia, sexo,
25
idade); d) idade decimal inferior a 7,50 e superior a 15,49 anos; e) questionários
devolvidos com muitas questões em branco ou contendo respostas inválidas. Desta
maneira, foram excluídos 43 escolares.
Composição da Amostra
Considerando os critérios adotados para a composição da amostra, dos 1.471 que
deveriam participar do estudo, obteve-se um total de 1.428 escolares (696 do sexo
masculino e 732 do sexo feminino), superior ao valor mínimo de 1226 escolares.
Tabela 1
Distribuição da Amostra por Grupo Étnico, Idade e Sexo.
Alemão Italiano Polonês Todos Idade (anos) Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem. Masc. Fem.
8 42 31 18 18 23 22 83 71 9 48 55 28 30 24 25 100 110 10 37 57 27 27 21 23 85 107 11 50 55 21 31 26 25 97 111 12 33 28 44 22 25 20 102 70 13 38 41 26 35 33 24 97 100 14 23 23 26 37 22 35 71 95 15 17 12 21 27 23 29 61 68
Total 288 302 211 227 197 203 696 732
*n= 1428.
Instrumentos de Medida
O Quadro 3 apresenta a descrição das variáveis, categorias e os critérios utilizados
neste estudo.
26
Quadro 3
Descrição, Categorias e Critérios Utilizados nas Análises das Variáveis.
Variável Categoria Critério adotado Sexo Masculino
Feminino Auto-resposta
Idade
8 anos (7,50 – 8,49) 9 anos (8,50 – 9,49) 10 anos (9,50 – 10,49) 11 anos (10,50 – 11,49) 12 anos (11,50 – 12,49) 13 anos (12,50 – 13,49) 14 anos (13,50 – 14,49) 15 anos (14,50 – 15,49)
Classificação proposta por Ross e Marffell-Jones (1982).
Grupos étnicos
Alemão Italiano Polonês
Descendência dos grupos étnicos dos pais e avós e localidade.
Nível econômico
Nível A, B, C, D, E* ABEP (2003), agrupando-se os níveis A (A1, A2) e B (B1, B2); C e D.
Instrução chefe da família
≤ 4 anos 5 – 8 anos ≥ 9 anos
Grau de escolarização em anos do chefe de família.
Nível atividade física
Ativos (escore ≥ 3) Sedentários (escore < 3)
PAQ-C (1997)
TV (horas diárias) ≤ 2h/dia e > 2h/dia PAHO (2000) Hábitos alimentares
0 – 3 dias (baixo consumo) 4 – 7 dias (consumo elevado)
Freqüência de consumo referente à última semana (GSHS, 2004).
Obesidade
Meninos: ≥ 25 % de gordura Meninas: ≥ 30 % de gordura
Gordura relativa, equação preditiva (Lohman, 1986).
* Não foram encontrados escolares no nível econômico E.
Variáveis Sociodemográficas, Nível de Atividade Física e Hábitos Alimentares
No levantamento das informações referentes às características sociodemográficas,
nível socioeconômico, atividade física e hábitos alimentares, foi utilizado um questionário
composto por três partes (Anexo 1), adaptado a partir de outros instrumentos.
A primeira parte do questionário incluiu questões referentes às características
demográficas (informações pessoais e familiares) e nível socioeconômico, determinado
pelo critério de classificação socioeconômica Brasil da Associação Brasileira de Empresas
27
pesquisas (ABEP, 2003) (Anexo 2). Foi utilizada a questão referente ao grau de
escolaridade do pai ou mãe, considerando os anos de estudo.
A segunda parte incluiu questões referentes ao nível de atividade física. Para
determinar o nível de atividade física foi utilizado o questionário sobre atividade física
regular (PAQ-C), já validada para crianças (Crocker, Bailey, Faulkner, Kovalski &
McGrath, 1997; Kovalski, Crocker & Faulkner, 1997; Kovalski, Crocker e Kovalski, 1997)
e adaptado a fim de excluir atividades físicas não praticadas no Brasil (Silva & Malina,
2000). Este questionário investiga o nível de atividade física moderada e vigorosa de
crianças e adolescentes nos sete dias anteriores ao preenchimento.
O questionário PAQ-C é composto de nove questões sobre a prática de esportes e
jogos: as atividades físicas na escola e no tempo de lazer, incluindo o final de semana.
Cada questão tem valor de 1 a 5 e o escore final é obtido pela média das questões. Os
escores indicam: (1) muito sedentário; (2) sedentário; (3) moderadamente ativo; (4) ativo e
(5) muito ativo. Para este estudo foram utilizados os escores (≥3) e (<3) para classificar os
escolares como ativos e sedentários, respectivamente. O PAQ-C inclui outras questões que
não entram no cômputo do escore. No presente estudo utilizou-se também a questão
referente à média diária do tempo de assistência à televisão.
Para as associações de sedentarismo com variáveis demográficas, econômicas e
comportamentais agruparam-se as idades: ≤10 anos: crianças, e >11 anos: adolescentes
(WHO, 2002).
Na terceira parte foram avaliados os hábitos alimentares por meio do questionário
Global School-Based Student Health Survey (GSHS, 2004), desenvolvido pela
Organização Mundial de Saúde (WHO), em colaboração com as Nações Unidas e com a
supervisão do Centro de Controle de Doenças (CDC).
As informações referentes aos hábitos alimentares dos escolares foram obtidas
utilizando-se a freqüência semanal de consumo dos grupos alimentares: 1) frutas; 2)
vegetais; 3) leite e derivados; 4) salgadinhos, batata frita, cachorro-quente; 5) doces,
bolachas recheadas e chocolate; 6) refrigerantes e sucos com adição de açúcar. Para estudar
estes alimentos considerou-se a relação entre a freqüência de consumo e possíveis
implicações para a saúde. Portanto, os alimentos foram separados em dois grupos, onde no
grupo das frutas, vegetais e leite, quanto maior a freqüência de consumo, maiores as
implicações positivas à saúde. No grupo dos salgadinhos, doces e refrigerantes, quanto
maior a freqüência de consumo, maiores seriam as implicações negativas à saúde.
28
Para verificar a reprodutibilidade das questões referentes ao questionário (Anexo
1), foi realizado um estudo piloto no primeiro semestre de 2006, com amostra de escolares
de duas escolas da rede estadual de ensino (Anexo 6).
Variáveis do Crescimento Físico e Composição Corporal
No levantamento de informações do crescimento físico (massa corporal, estatura)
foi utilizada uma ficha de anotações (Anexo 1). Para as medidas de massa corporal e
estatura foram utilizadas uma balança Lithium Digital, modelo Sport (Plenna) e fita
métrica da marca 3M®. Para a verificação da composição corporal (dobras cutâneas tríceps
e subscapular): compasso de dobras cutâneas da marca CESCORF com resolução de 0,1
mm, conforme protocolo proposto por Gordon, Chumlea e Roche (1991).
O percentual de gordura foi estimado por meio da equação adaptada por Lohman
(1986) para crianças e jovens (Equação 1), com as adaptações sugeridas por Pires Neto e
Petroski (1996) em suas proposições de diferentes constantes para uso em outras idades
(Tabela 2).
Para classificação do índice de adiposidade foi utilizada a equação de Lohman
(1987) com o somatório das dobras cutâneas tríceps e subescapular, conforme Tabela 3.
Equação 1
% G = 1,35 (TR + SE)- 0,012 (TR + SE)2 - C*
C = constante (Tabela 2).
Tabela 2
Constantes por sexo, idade e raça para o cálculo de gordura relativa em crianças e jovens. Sexo Raça/ Idades Etnia 8 9 10 11 12 13 14 15
M Branca 3,7 4,1 4,4* 4,7 5,0 5,4* 5,7 6,1 M Negra 4,3 4,7 5,0 5,3 5,6 6,0 6,3 6,7 F Branca 1,7 2,0 2,4* 2,7 3,0 3,4* 3,6 3,8 F Negra 2,0 2,3 2,6 3 3,3 3,6 3,9 4,1
*Constantes sugeridas por Lohman (1986). As demais foram sugeridas por Pires Neto e Petroski (1996).
29
Tabela 3
Classificação do percentual de gordura relativa (%G).
Classificação Muito baixo
Baixo Ótimo Mod. Alto
Alto Muito Alto
M ≤ 6,0 6,1-10,0 10,1-20,0 20,1-25,0 25,1-31,0 > 31,1 F ≤ 12,0 12,1-15,0 15,1-25,0 25,1-30,0 30,1-35,5 > 35,6
Adaptado de Lohman (1987).
Coleta de Dados
Primeiramente, foram enviadas cartas à 36ª e 14ª Coordenadorias Regionais de
Educação (36ª e 14ª CRE), informando sobre os objetivos da pesquisa e, por conseguinte,
solicitando autorização para levantamento de dados nas escolas estaduais de ensino
fundamental pertencentes às respectivas Coordenadorias (Anexo 3). Posteriormente foi
solicitada autorização dos diretores das escolas estaduais selecionadas para participar do
estudo (Anexo 4). A coleta dos dados foi realizada nas escolas nos meses de julho, agosto e
setembro de 2006, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos
da Universidade Federal de Santa Catarina (Parecer consubstanciado – projeto nº 086/06,
aprovado em 26/06/2006) e da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
- (TCLE) (Anexo 5) pelos pais/responsáveis.
Inicialmente foi realizada uma reunião com os professores das escolas para
esclarecimentos sobre a pesquisa. O questionário (Anexo 1) e o TCLE (Anexo 5) foram
entregues em sala de aula, onde a pesquisadora principal explicou os procedimentos da
coleta de dados. O ofício de autorização dos pais/responsáveis e o questionário foram
levados pelos escolares para serem preenchidos em casa e foi solicitada a devolução no dia
seguinte. As medidas antropométicas (massa corporal, estatura e dobras cutâneas) foram
realizadas pela pesquisadora principal e dois avaliadores após receberem a autorização dos
pais/responsáveis e o questionário respondido.
Tratamento e Análise dos Dados
Os dados foram digitados no Programa Excel para Windows, com a análise dos
dados realizada no programa SPSS para Windows versão 11.5. Quanto à análise dos dados,
num primeiro momento utilizou-se a estatística descritiva (freqüências, médias e desvios
padrões). Em seguida foi utilizado o teste “t” para amostras independentes com o objetivo
30
de comparar as médias das variáveis antropométricas (massa corporal e estatura) entre os
sexos e o teste “t” para uma amostra para comparação das variáveis antropométricas
(massa corporal e estatura) com os valores de referência do NCHS (2000).
Para detectar as diferenças entre os valores médios das variáveis do crescimento
físico (estatura e massa corporal) e da composição corporal (percentual de gordura e massa
corporal magra) por grupo étnico, sexo e idade e possíveis interações, foi utilizada a
análise de variância (ANOVA) com três fatores. Para localizar possíveis diferenças entre
as médias dos grupos foi utilizado o teste de Tukey, considerando o nível de significância
de p ≤ 0,05.
O teste Qui-quadrado (χ2) foi utilizado para verificar a relação entre os níveis de
adiposidade corporal e as etnias, considerando o teste para cada sexo.
Para analisar as variáveis qualitativas (níveis de atividade física, hábitos
alimentares) foi empregada a estatística descritiva e teste Qui-quadrado (χ2). Para verificar
associações existentes entre inatividade física (sedentarismo) e variáveis demográficas,
econômicas e comportamentais foi calculada a Razão de Chance (OR) e seus respectivos
intervalos de confiança por meio de Regressão Logística. Nas análises das razões de
prevalência a relação foi verificada através do teste de Wald, sendo o nível de significância
adotado de 5% (p≤ 0,05).
31
CAPÍTULO IV
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados e discussões do presente estudo foram organizados por temas de
acordo com os objetivos propostos:
1. Características demográficas e econômicas da amostra;
2. Crescimento físico e composição corporal;
3. Nível de atividade física;
4. Prevalência de sedentarismo e associação com variáveis demográficas, econômicas,
comportamentais;
5. Hábitos alimentares;
Para a análise dos resultados, considerou-se a divisão dos escolares por sexo, idade
e grupo étnico nas variáveis do crescimento físico e composição corporal. Para as
associações de sedentarismo com variáveis demográficas, econômicas e comportamentais
agruparam-se as idades: ≤ 10 anos: crianças, e > 11 anos: adolescentes (WHO, 2002).
Características Demográficas e Econômicas
A amostra deste estudo foi composta de 1.428 escolares, sendo 696 (48,7%) do
sexo masculino e 732 (51,3%) do sexo feminino. Desses, 41,3% pertenciam ao grupo
étnico alemão, 30,7% ao grupo italiano e 28% ao grupo polonês. A média de idade dos
escolares foi de 11,35±2,17 (sexo masculino 11,31±2,17 e sexo feminino 11,39±2,19). As
características demográficas da amostra são apresentadas na Tabela 4.
32
Tabela 4
Características Demográficas da Amostra.
Sexo Variável Idade Masculino Feminino
Todos
% (n) % (n) % (n) 8 50,6 (42) 43,7 (31) 47,4 (73) 9 48,0 (48) 50,0 (55) 49,0 (103) 10 43,5 (37) 53,3 (57) 49,0 (94)
Alemão 11 51,5 (50) 49,5 (55) 50,5 (105) 12 32,4 (33) 40,0 (28) 33,0 (61) 13 39,2 (38) 41,0 (41) 40,1 (79) 14 32,4 (23) 24,2 (23) 27,7 (46) 15 27,9 (17) 17,6 (12) 22,5 (29) 8 - 15 41,4 (288) 41,3 (302) 41,3 (590) 8 21,7 (18) 25,4 (18) 23,4 (36) 9 28,0 (28) 27,3 (30) 27,6 (58) 10 31,8 (27) 25,2 (27) 28,1 (54)
Italiano 11 21,6 (21) 27,9 (31) 25,0 (52) 12 43,1 (44) 31,4(22) 38,4(66) 13 26,8 (26) 35,0 (35) 31,0 (61) 14 36,6 (26) 38,9 (37) 26,0 (63) 15 34,4 (21) 39,7 (27) 37,2 (48) 8 - 15 30,3 (211) 31,0 (227) 30,7 (438) 8 27,7 (23) 31,0 (22) 29,2 (45) 9 24,0 (24) 22,7 (25) 23,3 (49) 10 24,7 (21) 21,5 (23) 22,9 (44)
Polonês 11 26,8 (26) 22,5 (25) 24,5 (51) 12 24,5 (25) 28,6 (20) 26,2 (45) 13 34,0 (33) 24,0 (24) 28,9 (57) 14 31,0 (22) 36,8 (35) 34,3 (57) 15 37,7 (23) 42,6 (29) 40,3 (52) 8 - 15 28,3 (197) 27,7 (203) 28,0 (400)
Na Figura 2 são apresentadas as distribuições dos escolares em relação aos
municípios com predominância dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês.
De acordo com a proporcionalidade amostral estabelecida por localidade e etnia, os
municípios que apresentarem os maiores valores percentuais foram Ijuí/Distritos (36,6%),
Panambi (19,4%) e Guarani das Missões (13,8%).
33
9,97,6
12,7
11,49,27,1
8,9
19,4
13,8
Augusto Pestana (Italiano) Ajuricaba (Alemão)Jóia ( Italiano) Ijuí - Alto da União (Alemão)Ijuí - Floresta (Italiano) Ijuí - Santana (Polonês)Ijuí - Chorão (Polonês) Panambi (Alemão)Guarani das Missões (Polonês)
Figura 2. Caracterização da amostra de acordo com os municípios e grupo étnico.
Em relação ao nível socioeconômico (Figura 3), verifica-se que a maioria dos
escolares foi classificada na classe C (46,5%), seguida pela classe B (32,3%). Quanto ao
grau de instrução dos pais observou-se que 44,4% cursaram da 5ª a 8ª série e 48,6%
cursaram o ensino médio ou superior (Figura 4).
4
32,3
46,5
17,2
0
10
20
30
40
50
60
%
A B C D
Classes
7
44,4 48,6
0
10
20
30
40
50
60
%
< 4 5 a 8 > 9
Grau de instrução dos pais
Figura 3. Caracterização da amostra de acordo Figura 4. Caracterização da amostra de acordo com o com a classe socioeconômica. grau de instrução dos pais. Considerando a amostra por etnia verificou-se que no nível socioeconômico alto (A
e B) foram classificados, respectivamente 6,4% e 40,8% dos alemães com valores
numéricos superiores aos dos italianos e poloneses. Já na classe socioeconômica média e
baixa (C e D), o grupo étnico italiano apresentou valores numéricos superiores (51,4% e
17,1%) aos demais grupos (Figura 5). Em relação ao grau de instrução dos pais, 57,6% dos
alemães apresentaram maior escolaridade (≥9), do que os italianos (48,4%) e poloneses
34
(35,5%). Entretanto, 50,5% dos poloneses e 50% italianos apresentavam nível de
escolaridade de 5ª a 8 ª série, valores numéricos superiores ao dos alemães (Figura 6).
0102030405060
%
A B C DClasses
Alemão Italiano Polonês
0102030405060
%
≤ 4 5 a 8 ≥ 9
Grau de instrução dos pais
Alemâo Italiano Polonês
Figura 5. Caracterização da mostra de acordo Figura 6. Caracterização da amostra de acordo com a classe socioeconômica, por grupo étnico. com o grau de instrução dos pais, por grupo étnico.
Crescimento Físico e Composição Corporal
Os resultados do comportamento e a comparação das variáveis do crescimento
físico (estatura e massa corporal) e da composição corporal (percentual de gordura, massa
corporal magra e índice de adiposidade) entre os sexos por idade e as diferenças
encontradas entre os grupos étnicos alemão, italiano e polonês são apresentados a seguir.
São relatados também resultados referentes à comparação das variáveis de crescimento
físico com critério de referência NCHS (Kuczmarski et al., 2002).
Crescimento Físico entre os Sexos
Na variável estatura observou-se comportamento similar para ambos os sexos, os
valores foram crescentes não apresentando diferenças estatisticamente significativas até os
13 anos. Na idade de 14 e 15 anos ocorreram diferenças significativas (p≤ 0,05) com
valores médios superiores para os meninos (Tabela 5). Estes resultados coincidem com os
reportados por Waltrick (1996) em estudo longitudinal misto, realizado com escolares de
Florianópolis/SC, e por Böhme (1995) em estudo transversal com escolares de Viçosa/MG.
Já Poletto (2001), no estudo com escolares de Porto Alegre/RS, encontrou diferenças
significativas entre os sexos aos 11 anos. O incremento da estatura nos meninos ocorre
35
entre os 12 e os 14 anos aproximadamente e, nas meninas, por volta dos 10 e 12 anos
(Malina, Bouchard & Bar-Or, 2004).
Tabela 5
Valores Médios, Desvios Padrões e Teste t das Variáveis de Crescimento Físico (estatura e massa corporal) em Ambos os Sexos, por Idade.
Estatura (cm) Massa corporal (kg) Idade (anos) x masculino x feminino p valor x masculino x feminino p valor
8 1,30 ± 0,07 1,30 ± 0,06 0,39 27,55 ± 5,26 27,86 ± 5,26 0,13 9 1,35 ± 0,06 1,34 ± 0,06 0,45 30,95 ± 6,95 31,11 ± 7,13 0,15 10 1,40 ± 0,08 1,41 ± 0,07 0,77 25,52 ± 8,04 35,22 ± 8,56 0,57 11 1,45 ± 0,06 1,47 ± 0,08 0,07 38,78 ± 10,45 39,27 ± 7,16 0,08 12 1,51 ± 0,07 1,52 ± 0,07 0,73 42,22 ± 8,49 43,13 ± 9,06 0,06 13 1,56 ± 0,09 1,57 ± 0,06 0,86 47,22 ± 10,28 47,74 ± 8,66 0,08 14 1,62 ± 0,09 1,59 ± 0,06 0,00* 51,53 ± 11,76 52,17 ± 11,8 0,22 15 1,68 ± 0,10 1,61 ± 0,07 0,00* 58,64 ± 13,76 57,19 ± 12,9 0,09
* Significativo pelo teste t de Student, p ≤ 0,05.
O comportamento da curva referente à estatura (Figura 7) foi crescente dos 8 aos
15 anos em ambos os sexos. Os ganhos médios anuais de estatura de maior expressão
ocorreram nas idades de 11-12 e 13-15 anos, com 6 cm/ano para o sexo masculino. Os
maiores valores encontrados para o sexo feminino foram nas idades de 9-10, com 7
cm/ano. Estes resultados não coincidem com os encontrados por Waltrick (1996) e Böhme
(1995), com maiores aumentos nas idades de 13-14 anos para o sexo masculino e 11-12
para o feminino.
Em relação à massa corporal o comportamento da curva (Figura 8), foi crescente
dos 8 aos 15 anos, para ambos os sexos. Não foram encontradas diferenças significativas
entre os sexos (Tabela 6). Estes resultados corroboram com os reportados por Böhme
(1995), enquanto Waltrick (1996) evidenciou diferenças significativas a partir dos 13 anos
para meninos. Os ganhos médios anuais foram maiores nas idades de 14-15 anos, com
7,11/kg e 5,02/kg ano para o sexo masculino e feminino, respectivamente. Glaner (2002)
observou maiores ganhos nas idades de 11-13 anos para as meninas e 12-14 anos para os
meninos.
36
1,251,3
1,351,4
1,451,5
1,551,6
1,651,7
1,75
8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)
Esta
tura
(m)
Masculino Feminino
20253035404550556065
8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)
Mas
sa c
orpo
ral (
kg)
Masculino Feminino
Figura 7. Médias de Estatura, por idade. Figura 8. Médias de Massa corporal, por idade.
Comparação das Variáveis do Crescimento Físico com o Referencial NCHS/2000
As Figuras 9 e 10 demonstram o comportamento dos resultados referentes às
médias de estatura e massa corporal dos escolares da região Noroeste do Rio Grande do
Sul e as médias dos valores de referência NCHS/2000 (Kuczmarski et al., 2002).
Em relação à Figura 9 observou-se para os escolares do sexo masculino, em todas
as idades, valores semelhantes aos propostos pelo NCHS/2000, somente aos 10 e 12 anos
os escolares do presente estudo apresentaram valores superiores (p≤ 0,05). Quanto à massa
corporal (Figura 10), verificou-se que os escolares avaliados apresentaram diferenças
significativas (p≤ 0,05) nas idades de 8 a 11 anos, com valores superiores aos propostos
pelo NCHS/2000.
1,251,3
1,351,4
1,451,5
1,551,6
1,651,7
1,75
8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)
Esta
tura
(m)
Masculino NCHS
20
25
30
35
40
45
50
55
60
8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)
Mas
sa c
orpo
ral (
kg)
Masculino NCHS
Figura 9. Comparação das médias de estatura do Figura 10. Comparação das médias de massa corporal sexo masculino com o NCHS/2000. do sexo masculino com o NCHS/2000.
37
As Figuras 11 e 12 demonstram as curvas com valores das médias de estatura e
massa corporal do sexo feminino (presente estudo) e as curvas do NCHS/2000
(Kuczmarski et al., 2002). Quanto à estatura observou-se nas idades de 10 e 11 anos
valores superiores para as escolares deste estudo (p≤ 0,05), entretanto aos 14 anos os
valores propostos pelo NCHS/2000 apresentaram valores superiores (p≤ 0,05). Com
relação à massa corporal, ocorreram diferenças significativas (p≤ 0,05) nas idades de 8, 9,
10, 11, 13, 14 e 15 anos com valores superiores para os escolares da Região Noroeste do
Rio Grande do Sul, somente não ocorreu diferença na idade de 12 anos.
1,25
1,3
1,35
1,4
1,45
1,5
1,55
1,6
1,65
8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)
Esta
tura
(m)
Feminino NCHS
20
25
30
35
40
45
50
55
60
8 9 10 11 12 13 14 15Idades (anos)
Mas
sa c
orpo
ral (
kg)
Feminino NCHS
Figura 11. Comparação das curvas de estatura, Figura 12. Comparação das curvas de massa corporal, sexo feminino com o NCHS. sexo feminino com o NCHS.
Estes resultados estão de acordo com estudos realizados em Porto Alegre (RS),
onde encontraram valores superiores aos do critério de referência do NCHS. Guedes
(2002) ao comparar os valores da estatura dos escolares (sexo masculino e feminino) de
diferentes níveis socioeconômicos, com os valores de referência do NCHS, observou
valores superiores aos de referência, exceto nas idades de 12 e 13 anos para os escolares do
sexo masculino, de nível socioeconômico baixo. Na variável massa corporal do sexo
masculino e feminino os valores são superiores aos do NCHS, exceto para os escolares de
nível socioeconômico baixo, nas idades de 11 e 12 anos do sexo masculino.
Poletto (2001) observou que, no período entre 8 e 11 anos, tanto para os meninos
como para as meninas de Porto Alegre, os resultados sugerem índices superiores quando
comparados com os critérios do NCHS. Já dos 12 aos 14 anos as curvas se aproximam.
No estudo com diferentes grupos étnicos, Lopes (1999) demonstrou que as crianças
de Santa Catarina apresentaram valores superiores aos do NCHS na massa corporal dos 7
38
aos 9 anos para os meninos e aos 7 e 8 anos para as meninas. Na estatura corporal, os
resultados foram superiores aos do NCHS nas idades de 7, 8 e 9 anos para ambos os sexos.
Enquanto Farias (2002) em estudo realizado com crianças de Porto Velho (RO) encontrou
valores similares aos da curva referencial NCHS, apenas as crianças de 7 anos, do sexo
feminino, mostraram valores superiores ao NCHS.
Crescimento Físico entre os Grupos Étnicos Alemão, Italiano e Polonês
Na comparação da estatura entre os grupos étnicos, por idade e sexo, não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas (p>0,05) entre os grupos no sexo
masculino. Entretanto, no sexo feminino, as polonesas apresentaram resultados inferiores
às alemãs e italianas na idade de 9 anos e, aos 15 anos as italianas apresentaram valores
superiores as alemãs e polonesas (Tabela 6).
O comportamento da variável estatura foi crescente para todos os grupos étnicos
dos 8 aos 15 anos, em ambos os sexos. O aumento médio anual para o sexo masculino foi
de 5,57 cm/ano para o grupo alemão; 5,43 cm/ano para os grupos italiano e polonês. No
sexo feminino os aumentos foram de 5 cm/ano para o grupo italiano e 4,43 cm/ano para os
grupos alemão e polonês, respectivamente.
Lopes e Pires Neto (1999) no estudo Antropometria e composição corporal de
crianças com diferentes características étnico-culturais no estado de Santa Catarina,
encontraram resultados similares aos deste estudo na variável estatura, com valores
superiores para os grupos étnicos dos alemães e italianos, em ambos os sexos. Enquanto o
grupo étnico português e o grupo miscigenado deste estudo apresentaram valores
inferiores.
Madureira e Sobral (1999), em estudo com escolares brasileiros e portugueses,
evidenciaram diferenças estatisticamente significativas entre as nacionalidades para o sexo
masculino nas idades de 8, 10, 11, 13, 14 e 15 anos, com valores superiores para os
escolares brasileiros, exceto para a idade de 8 anos. No sexo feminino, as diferenças
encontradas foram aos 7, 10 e 16 anos de idade, sendo que aos 16 anos os valores foram
superiores para o grupo dos portugueses.
A massa corporal apresentou valores médios crescentes dos 8 aos 15 anos em todos
os grupos étnicos e em ambos os sexos (Tabela 6). Foram encontradas diferenças entre os
valores médios aos 9 anos de idade (sexo feminino) e aos 14 anos (sexo masculino) com o
39
grupo polonês, apresentando valores inferiores quando comparados aos grupos alemão e
Italiano (p≤0,05).
Os incrementos médios de massa corporal para o sexo masculino foram de 4,68
kg/ano para o grupo alemão; 4,19 kg/ano para o grupo italiano e 4,36 kg/ano para o grupo
polonês. No sexo feminino verificou-se ganho médio anual de 3,37 kg/ano para as alemãs;
4,19 kg/ano para as italianas e 4,52 kg/ano para as polonesas.
Lopes e Pires Neto (1999) também encontraram poucas diferenças entre os grupos
étnicos por idade e sexo na variável massa corporal. No sexo masculino, o grupo português
apresentou resultados inferiores quando comparado com os valores médios dos grupos
alemão e italiano somente aos 7 anos e inferiores aos demais aos 10 anos. Para o sexo
feminino não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos étnicos.
Tabela 6
Valores Médios, Desvios Padrões da Estatura e Massa Corporal com os Valores de p para Comparação entre os Grupos Étnicos, por Idade e Sexo.
Masculino
Estatura Massa corporal Idades alemães italianos poloneses p alemães italianos poloneses p
8 1,29± 0,1 1,30± 0,1 1,31± 0,1 0,72 26,8± 4,9 29,0± 4,9 27,6± 6,0 0,30 9 1,35± 0,1 1,35± 0,1 1,33± 0,1 0,42 32,3± 7,6 30,4± 6,3 28,7± 5,9 0,09 10 1,40± 0,1 1,42± 0,1 1,40± 0,1 0,59 35,8± 6,0 36,2± 9,3 34,1± 9,6 0,42 11 1,46± 0,1 1,43± 0,0 1,46± 0,1 0,40 39,9± 11,1 38,1±11,1 37,2± 8,4 0,55 12 1,52± 0,1 1,51± 0,1 1,51± 0,1 0,92 43,8± 9,5 41,5± 8,1 41,2± 7,7 0,44 13 1,56± 0,1 1,57± 0,1 1,57± 0,1 0,86 47,4± 12,8 47,7± 7,7 46,6± 8,8 0,87 14 1,64± 0,0 1,63± 0,1 1,60± 0,1 0,13 53,5a± 7,3 53,9a±14,4 46,7b±11,1 0,03*15 1,68± 0,1 1,68± 0,1 1,69± 0,1 0,94 59,6± 15,3 58,4± 15,2 58,1±11,5 0,95
Feminino 8 1,29± 0,0 1,28± 0,1 1,29± 0,1 0,81 28,1± 5,6 27,9± 7,4 27,4± 4,7 0,93 9 1,34a±0,0 1,36a±0,1 1,31b±0,1 0,04* 31,9a± 7,8 31,9a±6,7 28,2b±5,6 0,04*10 1,40± 0,1 1,42± 0,1 1,42± 0,1 0,44 34,6± 7,7 36,6± 8,7 35,0±10,3 0,60 11 1,47± 0,1 1,48± 0,1 1,45± 0,1 0,19 40,2± 9,9 38,6± 9,3 38,0± 7,1 0,58 12 1,52± 0,1 1,51± 0,1 1,51± 0,1 0,75 43,9± 6,4 43,5±12,7 41,6± 7,4 0,60 13 1,57± 0,1 1,57± 0,0 1,56± 0,1 0,83 47,3± 8,0 47,6± 8,7 48,6± 9,8 0,87 14 1,60± 0,0 1,58± 0,0 1,59± 0,1 0,37 49,0± 6,9 52,8±12,8 53,5±13,1 0,39 15 1,60a±0,1 1,63b±0,1 1,60a±0,1 0,03* 51,7±14,9 57,3±13,8 59,1±10,9 1,12
* Significativo pelo teste F, p ≤ 0,05; * a,b Médias seguidas por letras diferentes, nas linhas, diferem pelo teste Tukey, considerando p ≤ 0,05.
40
Composição Corporal
Na composição corporal dos grupos étnicos do sexo masculino percebeu-se que as
diferenças entre os grupos foram significativas (p≤0,05) para o percentual de gordura na
idade de 12 anos (Tabela 7), com o grupo alemão apresentando valores superiores aos
grupos italiano e polonês; na massa corporal magra o grupo dos alemães e italianos
apresentaram diferenças significativas superiores aos poloneses, nas idades de 9 e 14 anos.
Para o sexo feminino observou-se no percentual de gordura diferenças significativas
(p≤0,05), na idade de 15 anos, os poloneses apresentaram valores superiores ao grupo dos
alemães. Já Lopes e Pires Neto (1999) não encontraram diferenças significativas para o
percentual de gordura em todas as idades. Entretanto, para o sexo masculino na variável
massa corporal magra foram encontradas diferenças significativas, com valores superiores
para os grupos alemão e italiano aos 7 anos e, para os portugueses aos 10 anos, com
resultados inferiores às demais etnias. Já no sexo feminino, na idade de 10 anos, o grupo
português apresentou resultado inferior ao grupo alemão.
Tabela 7
Valores Médios, Desvios Padrões do Percentual de Gordura e Massa Corporal Magra com os Valores de p para Comparação entre os Grupos Étnicos, por Idade e Sexo.
Masculino Percentual de gordura Massa corporal magra Idades
Alemães Italianos Poloneses p Alemães Italianos Poloneses p 8 14,8± 4,8 17,4± 6,8 15,4± 6,5 0,31 22,7± 3,1 23,7± 2,8 23,1± 3,7 0,56 9 16,7± 7,2 16,2± 7,3 16,2± 4,9 0,94 26,5a±3,9 25,1a±3,6 23,9b±3,9 0,02*
10 19,1± 5,9 16,5± 6,5 17,8± 7,9 0,33 28,7± 3,3 29,8± 6,1 27,4± 5,3 0,25 11 19,3± 8,1 15,6± 5,8 16,4± 7,1 0,10 31,5± 6,3 31,7± 6,9 30,6± 4,8 0,79 12 19,8a±6,6 16,1b±6,3 17,0b±6,5 0,04* 34,6± 5,3 34,8± 5,6 33,8± 4,8 0,77 13 15,9± 7,8 17,1± 7,2 16,3± 6,2 0,80 39,1± 7,9 39,2± 5,5 38,7± 6,1 0,95 14 14,7± 6,6 15,6± 7,1 15,2± 7,0 0,89 45,2a±3,7 44,8a±8,8 39,1b±7,3 0,00*15 16,4± 6,3 14,5± 6,7 15,0± 8,3 0,71 49,1± 9,6 49,2± 9,6 48,9± 8,0 0,99
Feminino 8 21,0± 6,8 20,5± 7,6 20,2± 4,5 0,90 21,9± 3,1 21,7± 3,7 21,7± 2,8 0,97 9 22,1± 6,7 21,2± 7,4 18,9± 5,8 0,16 24,6± 4,7 24,8± 3,6 22,6± 3,3 0,09 10 21,7± 6,5 20,6± 7,9 20,0± 7,1 0,59 26,7± 4,4 28,6± 5,5 27,5± 6,4 0,31 11 21,3± 6,8 20,5± 6,0 21,7± 6,3 0,77 31,4± 8,2 30,3± 5,6 29,4± 4,3 0,47 12 21,9± 5,7 21,9± 5,7 20,0± 6,1 0,47 34,0± 3,9 33,4± 7,8 32,0± 4,3 0,79 13 23,0± 6,8 22,5± 6,3 24,1± 5,7 0,63 36,0± 4,7 36,4± 4,2 36,6± 6,1 0,90 14 21,5± 5,6 25,1± 6,3 24,8± 6,2 0,06 38,2± 3,8 39,3± 9,8 39,2± 7,2 0,85 15 22,4a±6,2 24,9ab±5,4 27,3b±5,3 0,03* 39,7± 0,7 42,7± 7,9 42,7± 7,4 0,54
* significativo pelo teste F, p ≤ 0,05; * a,b médias seguidas por letras diferentes, nas linhas, diferem pelo teste Tukey, considerando p ≤ 0,05.
41
Em relação aos níveis de adiposidade do sexo masculino (Figura 13), percebe-se
que a maioria dos grupos étnicos foi classificada na categoria “Ótimo” (60,4% alemães,
58,10% italianos e 53,8% poloneses). No nível “Baixo” de adiposidade corporal
classificaram-se 16,3% dos alemães, 25,6% dos italianos e 25,4% dos poloneses. Foram
constatados índices de adiposidade acima do ideal, caracterizando excesso de gordura
corporal (níveis “Moderadamente Alto” e “Alto”) em 23,3% dos alemães, 21,3% dos
italianos e em 20,8% dos poloneses. Já no nível “Alto” (acima de 25% de gordura
corporal), caracterizando a obesidade, foram classificados 11,1% dos alemães, 6,6%
italianos e 7,1% dos poloneses.
Estes resultados coincidem com os reportados por Lopes e Pires Neto (1999), que
classificaram na categoria ótima de adiposidade a maioria das crianças do sexo masculino.
Entretanto, na categoria de obesidade foram encontrados valores superiores aos deste
estudo (14% dos alemães, 12% dos italianos, 8% dos portugueses e 12% dos
miscigenados).
0
10
20
30
40
50
60
70
%
< Baixo Ótimo Mod. Alto Alto
Níveis de adiposidade
Alemão
Italiano
Polonês
Figura 13. Níveis de adiposidade, etnias do sexo masculino (p= 0,06, pelo teste χ2).
No sexo feminino (Figura 14) foram classificados no nível “Baixo” de adiposidade
3,6% das alemãs, 1,8% das italianas e 1,5% das polonesas. No nível “Ótimo” foram
classificadas 44,4% das alemãs, 44,1% das italianas e 43,8% das polonesas.
Classificaram-se nos níveis acima do Ótimo (“Moderadamente Alto” e “Alto”)
52% das alemãs, 54,2% das italianas e 54,7% das polonesas, enquanto que nos índices de
obesidade (acima de 30% de gordura corporal) foram classificadas 16,2% das alemãs,
19,4% das italianas e 21,2% das polonesas. Enquanto Lopes e Pires Neto (1999)
observaram que a maioria das crianças do sexo feminino foi classificada na categoria
42
ótima, a obesidade foi observada em 11% das alemãs, 13% das italianas e 12% das
portuguesas e 7% das crianças miscigenadas, valores inferiores aos deste estudo.
0
10
20
30
40
50
60
%
< Baixo Ótimo Mod. Alto Alto
Níveis de adiposidade
AlemãoItalianoPolonês
Figura 14. Níveis de adiposidade, etnias do sexo feminino (p= 0,06, pelo teste χ2).
Considerando a falta de consenso na literatura quanto às definições relativas ao
sobrepeso e obesidade e, as diferenças entre os métodos e pontos de corte aplicados,
percebe-se que as comparações entre estudos envolvendo diferentes populações se tornam
relativamente limitadas. Assim, a presente discussão está baseada em estudos com
amostras de diferentes etnias e que utilizaram como ponte de corte para sobrepeso e
obesidade o IMC, considerando serem os mais recentes encontrados na literatura.
Conforme a classificação dos níveis de adiposidade a prevalência de obesidade
(11,1% dos alemães, 6,6% dos italianos e 7,1% dos poloneses) entre crianças e
adolescentes do sexo masculino do presente estudo assemelha-se aos resultados
encontrados por Saxena, Ambler, Cole e Majeed (2005) no estudo com crianças e
adolescentes de diferentes etnias da Inglaterra, encontraram prevalência de 7,9% e 9% para
os grupos indianos e paquistaneses, respectivamente.
Will, Zeeb e Baune (2005), no estudo com 525 crianças de 6 a 7 anos, sendo 267
descendentes de alemães e 258 imigrantes turcos, russos e poloneses, encontraram 1,9%
dos alemães e 3,1% dos imigrantes com prevalência de obesidade, resultados inferiores aos
encontrados no presente estudo. Kromeyer-Hauschild, Zellner, Jaeger e Hoyer (1999)
também observaram que 8,2% dos escolares alemães, do sexo masculino, apresentavam
índices de obesidade. Enquanto Maffeis, Consolaro, Cavarzere, Chini, Grezzani, Silvagni,
Salzano, Luca e Tato (2006) observaram em crianças italianas da pré-escola, prevalências
de obesidade de 8,3% para o sexo masculino.
43
No sexo feminino os resultados deste estudo referentes aos índices de obesidade
foram superiores aos do sexo masculino, com valores de 16,2% para alemãs, 19,4% para
italianas e 21,2% para as polonesas. Estes resultados são superiores aos reportados por
Saxena et al. (2005), com 13% das meninas afro-caribenhas classificadas com prevalência
de obesidade. Já Kromeyer-Hauschild et al. (1999) encontraram resultados de prevalência
de obesidade para as crianças e adolescentes alemãs nos valores de 9,9%.
Maffeis et al. (2006) observaram que 7,7% das crianças italianas do sexo feminino
apresentaram prevalência de obesidade.
Hedley, Ogden, Johnson, Carroll, Curtin e Flegal (2004), examinando a prevalência
de sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes dos EUA (NHANES, 1999-2002),
encontraram um percentual de 16,5%. Já Freedman, Kahn, Serdula, Ogden e Dietz (2006),
em relação aos grupos étnicos observaram um percentual de 13% para as crianças brancas
e 20% para as crianças negras com idades entre 6 e 11 anos.
Avaliando a prevalência de sobrepeso em crianças e adolescentes dos EUA, Ogden,
Carroll, Curtin, McDowell, Tabak e Flegal (2006) encontraram percentuais de 18,2% para
o sexo masculino e 16% para o feminino.
Os resultados do presente estudo identificaram prevalências de obesidade
significativas, principalmente para o sexo feminino, com valores percentuais elevados
entre os grupos étnicos alemão, italiano e polonês do Rio Grande do Sul, os quais poderão
servir de base para programas de prevenção e conscientização das crianças e adolescentes
no que se refere a mudanças nos hábitos alimentares e incentivos a um estilo de vida ativo.
Nível de Atividade Física
O nível de atividade física regular foi avaliado por meio do questionário PAQ-C
(Croker et al., 1997) e adaptado a fim de excluir atividades físicas não praticadas no Brasil
(Silva & Malina, 2000), considerando como sedentários os escolares com escore médio
abaixo de 3,0 pontos. As médias dos escores do PAQ-C encontradas neste estudo foram
2,74 para o sexo masculino e 2,39 para o sexo feminino, valores similares aos encontrados
por Silva e Malina (2000) no estudo com adolescentes de Niterói, Rio de Janeiro (2,3 e
2,0), respectivamente para meninos e meninas. Corrobora com estes resultados o estudo de
Smith (2004), realizado com crianças de diferentes grupos étnicos dos EUA, com média de
escore do PAQ-C de 2,79. Já Welk, Wood e Morss (2003) encontraram médias dos escores
(3,23) superiores ao deste estudo.
44
Na Figura 15 observa-se que 75,5% dos escolares foram classificados como
sedentários. A prevalência de sedentarismo foi maior para o sexo feminino (84,8%) em
relação ao sexo masculino (65,7%). Estas diferenças foram estatisticamente significativas
(χ2, p< 0,00). Estudos que utilizaram a mesma metodologia encontraram prevalência de
sedentarismo de 86,4% para rapazes e 94% para moças (Silva & Malina, 2000) e 93,5%
das crianças e adolescentes de Maceió, Alagoas (Silva, Rivera, Ferraz, Pinheiro, Alves,
Moura & Carvalho, 2005), valores superiores aos deste estudo. As diferenças encontradas
entre os estudos podem ser decorrentes de questões ambientais e culturais, pois o presente
estudo foi realizado em municípios do interior com diferentes grupos étnicos, enquanto os
outros estudos foram realizados em centros maiores. Estudos disponíveis na literatura com
diferentes metodologias e pontos de corte para avaliação da atividade física evidenciaram a
alta prevalência de sedentarismo entre crianças e adolescentes. No Rio Grande do Sul,
estudos realizados no município de Pelotas, com adolescentes, encontraram prevalência de
sedentarismo de 39% (22,2% para o sexo masculino e 54,5% para o sexo feminino) e
58,2% (49% para meninos e 67% meninas), respectivamente (Oehlschlaeger et al., 2004;
Hallal, Bertoldi, Gonçalves & Victora, 2006). Estudos internacionais sobre inatividade
física demonstraram valores de 58,9% para crianças e adolescentes canadenses (Koezuka,
Koo, Allison, Adlaf, Dwyer, Faulkner & Goodman, 2006). Estudos nos EUA
demonstraram que 50% dos adolescentes e 22,6% das crianças e adolescentes, entre 9 e 13
anos de idade, foram consideradas sedentárias (CDC, 1999; CDC, 2002).
Figura 15. Percentual de escolares classificados como sedentários, por sexo.
65,7
84,875,5
0102030405060708090
100
%
Masculino Feminino Todos
45
Em relação ao sedentarismo entre os grupos étnicos alemão, italiano e polonês
(Figura 16) verificou-se que os alemães (sexo masculino e feminino) apresentaram valores
numéricos inferiores (70,1% e 61,6%) aos italianos (86,8% e 86,3%) e poloneses (78,6% e
74,4%). Entretanto, estas diferenças não foram significativas (p>0,05).
Estes resultados foram superiores aos observados em estudo com crianças de
diferentes grupos étnicos do Estado de Santa Catarina, onde os valores percentuais de
crianças que declararam não se exercitar regularmente, foi, respectivamente, para o sexo
masculino e feminino: portugueses 47,3% e 64,6%; alemães 50,4% e 58,2%; italianos
41,8% e 59,6%; miscigenados 60% e 70,6% (Lopes & Pires Neto, 2001). Já Legnani
(2006), no estudo com adolescentes de diferentes nacionalidades (brasileira, argentina e
paraguaia) encontrou resultados similares aos deste estudo: argentinos 66,7% e 83,4%;
brasileiros 70,5% e 83,5%; paraguaios 67,9% e 81%, para rapazes e moças,
respectivamente.
No estudo longitudinal sobre a saúde do adolescente realizado nos EUA, incluindo
diferentes grupos étnicos (não hispânicos negros, hispânicos e asiáticos), Gordon-Larsen,
McMurray e Popkin (1999) verificaram que 66,8% dos adolescentes não participavam de
atividades físicas moderadas e vigorosas mais de cinco vezes semanais. Os grupos étnicos
que apresentaram menores níveis de atividade física foram os não hispânicos negros e para
o sexo feminino as asiáticas.
70,161,6 63,5
86,8 86,380,3
78,6 74,4 72
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
%
Masculino Feminino Todos
Alemão Italiano Polonês
Figura 16. Percentual de escolares classificados como sedentários, por grupo étnico e sexo.
46
O questionário (PAQ-C) utilizado neste estudo incluiu questão referente à média
diária do tempo de assistência à televisão. Os resultados foram analisados considerando a
média de horas diárias de televisão e, para verificar associação com inatividade física foi
utilizado o ponto de corte (≤ 2h/dia e > 2h/dia) de assistência à televisão (PAHO, 2000).
Com relação ao tempo gasto para assistir televisão verificou-se que as crianças e
adolescentes do presente estudo despendiam em média 3,26 horas diárias assistindo
televisão. Ao analisar os grupos étnicos constatou-se que os alemães e poloneses
dedicavam um tempo maior (3,35 e 3,37 h/dia) assistindo televisão do que os italianos
(3,05 h/dia). Corroboram com estes resultados estudos com adolescentes realizados em
Pelotas, Rio Grande do Sul, onde apresentaram valores de 3,3 h/dia e 3,5 h/dia,
respectivamente (Hallal, et al., 2006; Dutra, Araújo & Bertoldi, 2006).
Estes resultados foram inferiores aos encontrados por Lopes e Pires Neto (2001)
nos diferentes grupos étnicos analisados (4,5 horas diárias) e por Silva e Malina (2000),
que relataram valores médios de 4,4 h/dia para rapazes e 4,9 h/dia para as moças.
Nos EUA, aproximadamente 26 a 30% dos jovens reportaram assistir televisão
quatro ou mais horas por dia (Andersen, Crespo, Bartlett, Cheskin & Pratt, 1998; Dowda,
Ainsworth, Addy, Saunders & Riner, 2001). Em estudo com grupos étnicos, Gordon-
Larsen, McMurray e Popkin (1999) analisaram a média de horas por semana de assistência
à televisão e média de horas em inatividade (assistir TV e vídeo, no computador, jogando
videogame). Os americanos africanos foram os que tiveram níveis maiores de inatividade
do que hispânicos e brancos. Os americanos africanos reportaram 29,7 h; hispânicos 22,2h
e brancos 19,3h.
Com respeito às atividades sedentárias (assistir televisão, vídeos, jogar videogame
e no computador), jovens americanos africanos e hispânicos reportaram níveis maiores de
envolvimento do que jovens brancos (Andersen et al., 1998; Dowda et al., 2001; Gordon-
Larsen et al., 1999).
Prevalência de sedentarismo e associação com variáveis demográficas, econômicas e comportamentais
A Tabela 8 apresenta as prevalências e razões de prevalências brutas. Através do
teste de Wald, constatou-se que a prevalência de sedentarismo está relacionada com o sexo
(p≤0,05), indicando que as meninas apresentaram 193% a mais de chances de sedentarismo
do que os meninos, resultados similares ao encontrado por Oehlschlaeger et al. (2004), que
47
verificaram que as moças apresentaram 145% mais chances de sedentarismo do que os
rapazes. Hallal et al. (2006) também constataram que o sedentarismo esteve associado
positivamente ao sexo feminino. Em todas as idades as meninas são mais prováveis de
serem inativas do que os meninos, e estas diferenças são mais evidentes em atividades
físicas vigorosas do que as moderadas (Sallis, 1993).
Em relação à etnia, os alemães apresentaram 43% mais chances de sedentarismo do
que os poloneses (p≤0,05). Já, entre as idades e entre os níveis socioeconômicos não
ocorreram diferenças significativas (p>0,05). Entretanto, no estudo de Oehlschlaeger et al.
(2004), o nível econômico baixo encontrou-se associado à prevalência de sedentarismo.
Resultado contrário foi encontrado no estudo de Hallal et al. (2006), onde a prevalência de
sedentarismo foi maior entre os níveis econômicos altos.
A escolaridade dos pais apresentou associação com o sedentarismo, os filhos dos
pais com menor escolaridade (≤ 4 anos) apresentaram 94% mais chances de sedentarismo
do que os pais que tinham maior escolaridade (≥ 9 anos). Resultados similares foram
observados no estudo de Oehlschlaeger et al. (2004), os quais encontraram duas vezes mais
chances de sedentarismo para as mães com menor escolaridade (≤ 4 anos) do que aqueles
cujas mães apresentaram grau de escolaridade de cinco a oito anos.
Houve associação entre o número de horas diárias de TV e o sedentarismo. Os
escolares que assistiam mais de duas horas diárias tiveram 62% mais chances de
sedentarismo em relação aos que assistiam tempo menor que duas horas diárias. Estudo de
Salmon, Campbell e Crawford (2006) evidenciou que crianças que assistiam televisão por
mais de duas horas/dia participavam de menor tempo em atividades físicas organizadas.
Hallal et al. (2006) também verificaram uma relação positiva entre o número de horas
diárias assistindo televisão e o sedentarismo.
48
Tabela 8
Prevalências e Razões de Prevalências Brutas (RP) para Sedentarismo em Escolares, Segundo Variáveis Demográficas, Socioeconômicas e Comportamentais.
Variáveis n Prevalência sedentarismo
Razão de prevalência RP bruta (IC 95%)
Valor p+
Sexo <0,001* Masculino 457 65,7 1,0 Feminino 621 84,8 2,93 (2,26-3,78)
Idade 0,64 8-10 416 74,8 1,0 11-15 662 75,9 1,06 (0,83-1,36)
Grupos étnicos 0,05* Alemão 464 78,6 1,43 (1,06-1,92) Italiano 326 74,4 1,13 (0,83-1,54) Polonês 288 72 1,0
NSE 0,52 A/B 386 74,5 1,0 C/D 692 76 1,08 (0,84-1,39)
Esc. pai/mãe 0,05*** ≤ 4 85 85 1,94 (1,09-3,44) 5 a 8 476 75,1 1,03 (0,80-1,32) ≥ 9 517 74,5 1,0
Horas TV/dia <0,001* < 2 horas 643 73,2 1,0 ≥ 2 horas 435 79,1 1,62 (1,26-2,07)
* Teste Wald para heterogeneidade de proporções; *** Teste de Wald para tendência linear.
Na análise ajustada (Tabela 9) observou-se que o sedentarismo apresentou-se
associado ao sexo, grupos étnicos, escolaridade dos pais e horas diária de TV. As meninas
apresentaram 175% mais chances de sedentarismo do que os meninos; os grupos étnicos
(alemão e italiano) apresentaram associação com o sedentarismo, os alemães apresentaram
78% e os italianos 48% mais chances de sedentarismo do que os poloneses; pais com
menor escolaridade tinham 79% mais chances de sedentarismo do que os de maior
escolaridade; os escolares que assistiam mais de duas horas diárias de televisão
apresentaram 66% mais chances de sedentarismo em relação aos que assistiam tempo
menor a duas horas diárias
49
Tabela 9 Prevalências e Razões de Prevalências Ajustadas para Sedentarismo em Escolares, Segundo Variáveis Demográficas, Socioeconômicas e Comportamentais.
Variáveis N Prevalência sedentarismo
Razão de prevalência RP ajustada (IC 95%)
Valor P+
Sexo <0,001* Masculino 457 65,7 1,0 Feminino 621 84,8 2,75 (2,12-3,58)
Idade 0,19 8-10 416 74,8 1,0 11-15 662 75,9 1,20 (0,91-1,58)
Grupos étnicos <0,001* Alemão 464 78,6 1,78 (1,29-2,45) Italiano 326 74,4 1,48 (1,06-2,07) Polonês 288 72 1,0
NSE 0,81 A/B 386 74,5 1,0 C/D 692 76 1,04 (0,77-1,39)
Esc. pai/mãe 0,04*** ≤ 4 85 85 1,79 (0,96-3,34) 5 a 8 476 75,1 1,11 (0,82-1,49) ≥ 9 517 74,5 1,0
Horas TV/dia <0,001* < 2 horas 643 73,2 1,0 ≥ 2 horas 435 79,1 1,66 (1,28-2,16)
* Teste Wald para heterogeneidade de proporções; *** Teste de Wald para tendência linear. Prevalência e fatores associados ao sedentarismo dos grupos étnicos alemão, italiano e polonês.
A prevalência de sedentarismo entre os grupos étnicos foi significativa (p≤0,05). O
grupo étnico alemão (Tabela 10) apresentou maior prevalência (78%) em relação aos
grupos dos italianos (74,4%) e poloneses (72%). Ocorreram diferenças significativas entre
as etnias, sendo que a chance de encontrar uma pessoa sedentária é 43% maior para os
alemães em relação aos poloneses.
As interações entre etnia e sexo foram estatisticamente significativas (p≤ 0,05) para
todos os grupos étnicos do sexo feminino. A chance de uma pessoa ser sedentária é maior
para o grupo feminino, independente da etnia. As italianas apresentaram 294% maiores
chances de sedentarismo em relação aos italianos (Tabela 10).
50
Gordon-Larsen, McMurray e Popkin (1999) demonstraram que os meninos
apresentaram maiores níveis de atividade física moderada e vigorosa do que as meninas e
as diferenças étnicas foram superiores para as meninas, com níveis de atividade física
maiores para não hispânicas brancas. Resultados similares foram encontrados por Springer,
Kelder e Hoelscher (2006), no estudo com meninas da 6ª série. As meninas brancas foram
significativamente menos ativas do que as de minoria étnica.
Foi constatada uma tendência maior ao sedentarismo entre os adolescentes (11 a 15
anos) em todos os grupos étnicos quando comparados aos mais jovens (8 a 10 anos). Não
ocorreu diferença significativa de sedentarismo entre as idades e também em relação à
escolaridade dos pais (Tabela 10). Segundo Caspersen, Pereira e Curran (2000) e Telama e
Yang (2000), a atividade física na adolescência decresce conforme aumenta a idade e é um
forte preditor da atividade na idade adulta.
O nível socioeconômico foi associado ao sedentarismo somente no grupo dos
poloneses, com 62% a mais de chances de sedentarismo para os poloneses pertencentes ao
nível socioeconômico médio e baixo (C/D) (Tabela 10). Alguns estudos (Gordon-Larsen,
Mc Murray & Popkin, 2000; Lee & Cubbin, 2002) mostraram associação entre nível
socioeconômico baixo e inatividade física.
O tempo de assistência à televisão mostrou-se associado com o sedentarismo, os
alemães e italianos que assistiam mais de duas horas diárias de TV tiveram 71% e 94%,
respectivamente, maiores chances de sedentarismo do que os que assistiam tempo menor a
duas horas diárias (Tabela 10).
Koezuka et al. (2006), no estudo com adolescentes canadenses, encontraram
associação significativa entre inatividade física e o tempo despendido assistindo televisão,
com valores de 55% e 36% mais de chances de inatividade física para os adolescentes do
sexo masculino e feminino, respectivamente, que assistiam mais de três horas/dia de
televisão. Já Ekelund, Brage, Froberg, Harro, Anderssen, Sardinha, Riddoch e Andersen
(2006), em um estudo com crianças européias, demonstraram que o tempo de assistência à
televisão não foi associado com a atividade física e continuou não significativo mesmo
depois de ajustado por gênero, idade e localidade.
51
Tabela 10
Prevalências e Razões de Prevalências Brutas (RP) para Sedentarismo em Escolares das Etnias Alemã, Italiana e Polonesa, Segundo Variáveis Demográficas, Socioeconômicas e Comportamentais.
Alemão Italiano Polonês Variá-
veis % RP bruta
(IC 95%) Vlr p+
% RP bruta (IC95%)
Vlr p+
% RP bruta (IC95%)
Vlr p+
Sedent.** 78,6 ----------- 74,4 ------------ 72 ------------ Sexo <0,001* <0,001* <0,001*
M 70,1 1,0 61,6 1,0 63,5 1,0 F 86,8 2,79(1,84-4,23) 86,3 3,94(2,46-6,30) 80,3 2,35(1,49-3,68)
Idade 0,64 0,79 0,58 8-10 77,8 1,0 73,6 1,0 70,3 1,0 11-15 79,4 1,10(0,74-1,63) 74,8 1,06(0,68-1,67) 72,9 1,14(0,72-1,79)
NSE 0,75 0,52 0,04* A/B 79,2 1,0 72,5 1,0 64,4 1,0 C/D 78,1 0,94(0,63-1,39) 75,3 1,16(0,74-1,83) 74,6 1,62(1,00-2,63)
Esc.P/M 0,45 0,08 0,06 ≤ 4 81,1 0,11(0,47-2,63) 71,4 0,96(0,18-5,10) 89,3 4,25(1,70-10,6) 5 a 8 77 0,87(0,57-1,31) 76,7 1,27(0,82-1,96) 71,3 1,27(0,79-1,01) ≥ 9 79,4 1,0 72,2 1,0 66,2 1,0
Horas TV/dia
<0,001*
<0,001*
0,32
< 2 hs 72,6 1,0 67,2 1,0 68,8 1,0 ≥ 2 hs 81,9 1,71(1,15-2,56) 79,9 1,94(1,26-2,99) 73,5 1,26(0,79-2,00) * Teste Wald para heterogeneidade de proporções; ** A RP e IC95% para a variável etnia foram de 1,43(1,07-1,92) para alemão e 1,13(0,83-1,54) italiano, p= 0,04; *** Teste de Wald para tendência linear
A Tabela 11 apresenta a análise ajustada por sexo, idade, nível socioeconômico,
escolaridade dos pais, horas diárias de TV. Após o ajuste, as interações permaneceram
significativas para etnia, sexo e horas diárias de TV. Entretanto, o nível socioeconômico
perdeu a significância estatística.
O sexo feminino independente do grupo étnico apresentou maiores chances de
sedentarismo do que o sexo masculino; os escolares dos grupos étnico alemão e italiano
que assistiam mais de duas horas diárias de televisão tiveram 63% e 152% maiores chances
de sedentarismo do que os que assistiam tempo menor a duas horas diárias,
respectivamente.
52
Tabela 11
Prevalências e Razões de Prevalências Ajustadas para Sedentarismo em Escolares das Etnias Alemã, Italiana e Polonesa, Segundo Variáveis Demográficas, Socioeconômicas e Comportamentais.
Alemão Italiano Polonês Variá-
veis % RP ajustada
(IC 95%) Vlr p+ %
RP ajustada (IC95%)
Vlr p+ %
RP ajustada (IC95%)
Vlr p+
Sexo <0,001* <0,001* <0,001* M 70,1 1,0 61,6 1,0 63,5 1,0 F 86,8 2,65(1,73-4,07) 86,3 3,64(2,19-6,06) 80,3 2,14(1,35-3,42)
Idade 0,29 0,51 0,88 8-10 77,8 1,0 73,6 1,0 70,.3 1,0 11-15 79,4 1,26(0,82-1,94) 74,8 1,20(0,69-2,09) 72,9 1,04(0,63-1,09)
NSE 0,94 0,85 0,45 A/B 79,2 1,0 72,5 1,0 64,4 1,0 C/D 78,1 1,01(0,64-1,62) 75,3 1,05(0,59-1,85) 74,6 1,23(0,71-2,13)
Esc.P/M 0,35 0,06 0,30 ≤ 4 81,1 0,07(0,42-2,71) 71,4 1,08(0,17-6,69) 89,3 3,26(1,23-8,61) 5 a 8 77 0,85(0,53-1,38) 76,7 1,36(0,78-2,36) 71,3 1,24(0,73-2,10) ≥ 9 79,4 1,0 72,2 1,0 66,2 1,0
Horas TV/dia
0,02*
<0,001*
0,37
< 2 hs 72,6 1,0 67,2 1,0 68,8 1,0 ≥ 2 hs 81,9 1,63(1,07-2,47) 79,9 2,52(1,52-4,17) 73,5 1,25(0,76-2,04) *Teste Wald para heterogeneidade de proporções; ***Teste de Wald para tendência linear.
Hábitos alimentares
Os resultados referentes ao consumo alimentar, cujas informações foram obtidas
por meio do questionário de freqüência semanal (GSHS, 2004), referem-se aos grupos
alimentares: 1) frutas; 2) vegetais; 3) leite; 4) salgadinhos; 5) doces; 6) refrigerantes. Para
estudar estes alimentos considerou-se a relação entre a freqüência de consumo e possíveis
implicações para a saúde. Portanto, os alimentos foram separados em dois grupos, sendo
que no grupo das frutas, vegetais e leite, quanto maior a freqüência de consumo,
possivelmente maiores serão as implicações positivas à saúde. No grupo dos salgadinhos,
doces e refrigerantes, quanto maior a freqüência de consumo, possivelmente maiores serão
as implicações negativas à saúde.
Na Figura 17 encontram-se informações referentes ao consumo inadequado dos
alimentos. Em relação ao consumo de frutas, vegetais e leite (≤ 3 dias por semana)
observa-se que 51,2%, 60,2% e 67,8% dos escolares, respectivamente, apresentaram baixo
consumo semanal. As diferenças entre os sexos não foram significativas (p>0,05) em
relação ao consumo inadequado de frutas, vegetais e leite. Resultados semelhantes aos
destes foram encontrados por estudos realizados no Sul do Brasil. Legnani (2006)
demonstrou que 44,3%, 67% e 58,6% dos adolescentes referiram consumo inadequado de
53
leite, frutas e vegetais, respectivamente. Farias Jr. (2002) observou que cerca de 50% dos
jovens não atendem às recomendações mínimas no consumo de frutas e verduras.
Em relação ao consumo recomendado pela pirâmide alimentar, Toral, Slater, Cintra
e Fisberg (2006) observaram um consumo inferior ao proposto tanto para frutas quanto
para verduras. Isso foi observado em aproximadamente 89% dos escolares. Estudos
internacionais relataram baixo consumo de frutas e vegetais por crianças (Munoz, Krebs-
Smith, Ballard-Barbash & Cleveland, 1997; Neumark-Sztainer, Story, Hannan & Croll,
2002).
Em relação ao consumo inadequado de salgadinhos, doces e refrigerantes
observou-se que 18,3%, 17,6% e 45,9% dos escolares referiram consumir (≥ 4 dias por
semana) estes alimentos, respectivamente. O consumo de salgadinhos e doces foi baixo
para ambos os sexos. Diferenças significativas entre os sexos (p≤0,05) foram encontradas
para o consumo de salgadinhos, com valores superiores para o sexo masculino (21,3%). O
consumo de doces do presente estudo (17,6%) apresentou valores inferiores (43,2% e 34%)
aos relatados por Legnani (2006) e Farias Jr. (2002), respectivamente.
No que se refere ao consumo de refrigerantes (Figura 17), verificou-se que 45,9%
dos escolares consumiam refrigerantes (≥ 4 dias por semana), caracterizando consumo
inadequado, percentual inferior ao encontrado no trabalho de Legnani (2006) onde 67,9%
dos adolescentes referiram consumo de refrigerantes superior a quatro dias por semana. Já
Pires (2002), no estudo com escolares de Florianópolis, observou que 8,6% das moças e
9,5% dos rapazes consumiam refrigerantes de quatro a seis dias por semana.
Carmo, Toral, Silva e Slater (2006), no estudo com adolescentes paulistas
demonstraram que os adolescentes consumiam diariamente em média porções de 230ml a
550ml de refrigerantes e bebidas com adição de açúcar. O consumo elevado de
refrigerantes está relacionado com excesso de peso (Harnack, Stang & Story, 1999;
Ludwig, Peterson & Gortmaker, 2001). Crianças tendem a substituir o leite pelo
refrigerante, o que acarreta diminuição do cálcio na dieta (Bowman, 2002; Harnack et al.,
1999).
54
0
10
20
30
40
50
60
70
80
%
Frut
as
Veg
etai
s
Lei
te
Salg
adin
hos
Doc
es
Ref
rige
rant
es
Masculino Feminino Todos
Figura 17. Percentual de escolares com hábitos alimentares inadequados.
A Figura 18 apresenta os resultados referentes ao consumo inadequado de frutas,
vegetais e leite entre os grupos étnicos alemão, italiano e polonês. Observou-se que não
ocorreram diferenças significativas (p> 0,05) entre os grupos étnicos, entretanto, percebe-
se uma tendência dos alemães (53,2% e 63,1%) apresentarem consumo inadequado de
frutas e vegetais, respectivamente, valores superiores ao dos italianos e poloneses. Já,
69,5% dos poloneses referiram baixo consumo de leite, valores superiores aos
apresentados por italianos e alemães.
Em pesquisa realizada nos EUA com escolares dos grupos étnicos (brancos,
hispânicos e americanos africanos), Beech, Rice, Myers, Johnson e Nicklas (1999)
observaram diferenças significativas entre os grupos étnicos no que se refere ao consumo
de frutas e vegetais. Os adolescentes brancos obtiveram as maiores médias de consumo
(2,7 porções), hispânicos (2,5 porções) e americano-africanos (2,3 porções).
Neumark-Stazainer, Story, Hannan e Croll (2002), no estudo com adolescentes de
diferentes grupos étnicos (48,5% brancos, 19% americanos africanos, 19,2% americanos
asiáticos, 5,8% hispânicos, 3,5% americanos nativos e 3,9% miscigenados) demonstraram
que os adolescentes hispânicos (39,1% das meninas e 32,5% dos meninos) referiram maior
consumo de frutas e vegetais.
No sul do Brasil, em pesquisa realizada com adolescentes de diferentes
nacionalidades, Legnani (2006) demonstrou que os 72,1% e 65% dos argentinos; 68,1 e
55
56,5% dos brasileiros; 60,1% e 55,1% dos paraguaios não atendiam às recomendações
mínimas quanto à freqüência semanal de frutas e vegetais, respectivamente.
53,250 49,5
63,160,5
55,8
66,6 67,8 69,5
0
10
20
30
40
50
60
70
80
%
Frutas Vegetais Leite
Alemão Italiano Polonês
Figura 18. Consumo inadequado de frutas, vegetais e leite, por grupo étnico.
Considerando o consumo de salgadinhos (Figura 19), a proporção de escolares
classificados na faixa de consumo de risco foi de 22% para os poloneses, 18,3% para os
alemães e 15,8% para os italianos. Observou-se diferenças significativas (p≤ 0,05) entre as
etnias somente para o consumo inadequado de doces e refrigerantes, 21,3% e 50% dos
poloneses referiram consumo (≥ 3 dias por semana) de doces e refrigerantes, valores
superiores ao dos italianos e alemães.
18,3 15,8 2218 13,9
21,3
46,4 41,350
0
10
20
30
40
50
60
%
Salgadinhos Doces Refrigerantes
Alemão Italiano Polonês
Figura 19. Consumo inadequado de salgadinhos, doces e refrigerantes, por grupo étnico.
56
Tendo por base os dados apresentados na Figura 20, observou-se que os alimentos
típicos mais consumidos pelos alemães foram: massas (28,1%), batata (20,5%), polenta
(18,1%) e repolho (11,4%). Os italianos referiram maior consumo de massas (26,9%),
batata (15,3%), polenta (15,1%) e lasanha (10,2%) e os poloneses demonstraram consumo
maior de pierogue (13,6%), batata (10,8%), polenta (9,8%) e cziarnina (5,8%).
Lopes (1999), no estudo com crianças de diferentes grupos étnicos, observou que
24,5% dos alemães e 26,6% das alemãs referiram consumo de batata/aipim, e os alimentos
mais citados pelos italianos foram, por ordem de preferência: polenta, macarronada, pizza,
lasanha e nhoque.
No presente estudo percebeu-se a influência da cultura italiana sobre os demais
grupos, os alemães e italianos referiram consumo de massas e polenta. Já os poloneses
consumiram polenta.
Conforme Herédia (2001), o milho foi a cultura de sustentação da colônia italiana,
visto que a base de toda a alimentação do colono era a polenta. Das três refeições que o
colono fazia ao dia a polenta estava sempre presente, sendo o alimento principal durante
muitos anos na história do colono italiano. Traziam esse costume da Velha Itália, por ter
sido a polenta a base da alimentação da classe agrícola italiana.
0
5
10
15
20
25
30
%
Bat
ata
Mas
sa
Sala
me
Pole
nta
Car
ne p
orco
Pizz
a
lasa
nha
repo
lho
pier
ogue
czia
rnin
a
sals
ichã
o
chuc
rute
fort
aia
Alemão Italiano Polonês
Figura 20. Alimentos típicos consumidos nos últimos 7 dias, por grupo étnico.
57
CAPÍTULO V
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
A maioria dos escolares pertencia à classe econômica média e baixa, os pais
possuíam escolaridade superior a 5ª série do ensino fundamental. Quanto aos grupos étnicos,
observou-se que 47,2% dos alemães foram classificados na classe econômica alta (A-B) e a
maioria dos italianos e poloneses pertencia à classe econômica média e baixa.
Considerando o grau de escolaridade dos pais constatou-se que os alemães apresentaram
maior escolaridade (ensino médio ou superior) quando comparados aos italianos e
poloneses.
De modo geral foram encontradas poucas diferenças entre os grupos étnicos
alemão, italiano e polonês tanto nas variáveis do crescimento físico (estatura e massa
corporal), quanto da composição corporal (percentual de gordura e massa corporal magra).
As poucas diferenças encontradas indicaram que o grupo étnico polonês apresentou
resultados inferiores aos grupos alemão e italiano. Estas diferenças podem ser decorrentes
de fatores ambientais, culturais e sociais. Em relação aos níveis de adiposidade, no sexo
masculino, aproximadamente 60% dos grupos étnicos (alemão, italiano e polonês) foram
classificados na categoria “Ótimo” de adiposidade corporal. Entretanto, a prevalência de
obesidade foi verificada em 11,1% dos alemães, 6,6% dos italianos e 7,1% dos poloneses.
No sexo feminino em torno de 40% das etnias (alemã, italiana e polonesa)
apresentaram adiposidade corporal dentro da faixa recomendável (“Ótimo”). No entanto,
16,2% das alemãs, 19,4% das italianas e 21,2% das polonesas foram classificadas como
obesas.
Em relação ao nível de atividade física verificou-se que 75,5% dos escolares
avaliados foram classificados como sedentários. Constatou-se que os escolares
permaneciam, diariamente, em média, 3,26 horas assistindo à televisão, valores superiores
58
ao recomendado pela literatura (duas horas/dia). O grupo étnico alemão apresentou uma
tendência maior ao sedentarismo do que os italianos e poloneses, e verificou-se que os
alemães e poloneses permaneciam maior tempo assistindo à televisão do que os italianos.
O sedentarismo associou-se com: 1) sexo, indicando que as meninas apresentaram
maior sedentarismo do que os meninos; 2) etnia, os alemães demonstraram maiores
chances de sedentarismo do que os poloneses; 3) escolaridade dos pais, os filhos de pais
com menor escolaridade apresentaram comportamento mais sedentário; 4) horas diárias de
televisão, escolares que assistiam mais de duas horas/dia apresentaram maiores chances de
sedentarismo.
No que concerne aos grupos étnicos observou-se que os alemães demonstraram
43% mais chances de sedentarismo do que os poloneses; o nível socioeconômico foi
associado ao sedentarismo somente para os poloneses, com maiores chances para os que
pertenciam ao nível socioeconômico médio e baixo; os alemães e italianos que assistiam
televisão (>2 h/dia) apresentaram maior risco de sedentarismo do que os poloneses.
Nos hábitos alimentares observou-se que 51,2%, 60,2% e 67,8% dos escolares
avaliados não atendiam às recomendações quanto à freqüência diária do consumo de
frutas, vegetais e leite, respectivamente. Apesar de apresentarem um baixo consumo de
salgadinhos e doces, demonstraram alto consumo de refrigerantes.
Em relação aos grupos étnicos observou-se que os alemães apresentaram maior
tendência ao consumo inadequado de frutas e vegetais (53,2% e 63,1%). Já 69,5% dos
poloneses referiram baixo consumo de leite, além de apresentarem um consumo
inadequado de doces e refrigerantes, superior aos grupos étnico italiano e alemão.
Recomendações:
- promover outros estudos, considerando as escolas particulares, outros grupos étnicos,
residência urbana e rural, nível socioeconômico;
- implantar programas de intervenção para a promoção da atividade física nas escolas e
fora delas (campos, praças);
- investigar os hábitos alimentares, considerando a composição dos alimentos
- conscientizar os escolares da importância de hábitos alimentares adequados;
- divulgar os resultados na UETI – União as Etnias de Ijuí;
59
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70
ANEXOS
71
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO E FICHA ANTROPOMÉTRICA
72
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS
Programa de Pós-Graduação em Educação Física
QUESTIONÁRIO
Este questionário tem como objetivo proporcionar a coleta de dados referentes ao estudo “Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos”. Leia com atenção todos os itens. Em caso de dúvida pergunte ao pesquisador. Por favor, responda todas as questões de forma consciente e responsável. Isso é muito importante para nossa pesquisa! Muito obrigado pela colaboração!
Pesquisadora responsável: Ilca Maria Saldanha Diniz - Contato: 055-8118-0318
I – ASPECTOS SOCIODEMOGRÁFICOS E NÍVEL SOCIOECONÔMICO Nome: __________________________________ Sexo: Masculino Feminino
Data de hoje:______/______/_______Data de nascimento: ___________/____________/________
Escola: ______________________ Série:___________________
Pai descendente de: Alemão Italiano Polonês Não Sabe Outro Qual:__________
Mãe descendente de: Alemão Italiano Polonês Não Sabe Outro Qual: ________
Marque com um x a resposta que corresponde à descendência de seus avós:
Avô paterno (pai do pai) descendente: Alemão Italiano Polonês Outro
Avó paterna (mãe do pai) descendente: Alemão Italiano Polonês Outro
Avô paterno (pai da mãe) descendente: Alemão Italiano Polonês Outro
Avó materna (mãe da mãe) descendente: Alemão Italiano Polonês Outro
q1. No quadro abaixo, marque com um “X” a quantidade de itens que existem em sua casa.
Itens que possuem Quantidade 0 1 2 3 4 ou + a. Televisão em cores ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) b. Rádio ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) c. Banheiro ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) d. Automóvel ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) e. Empregada mensalista ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) f. Aspirador de pó ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) g. Máquina de lavar ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) h. Videocassete e/ou DVD ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) i. Geladeira ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) j. Freezer (aparelho independente ou ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) parte da geladeira duplex.
q2. Marque com “X” até que ano escolar o chefe da família estudou (pai ou mãe):
Ensino Fundamental Ensino Médio
Ensino Superior
Pai/Mãe 1ª 2 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1ª ª2 ª3ª Completo. Incompleto
73
II – NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA – PAQ-C Gostaria de saber que tipos de atividade física você praticou NOS ÚLTIMOS SETE DIAS (nessa última semana). Essas atividades incluem esporte e dança que façam você suar ou que façam você sentir suas pernas cansadas, ou ainda jogos (tais como pique), saltos, corrida e outros, que façam você se sentir ofegante. q 3. ATIVIDADE FÍSICA Você fez alguma das seguintes atividades nos ÚLTIMOS 7 DIAS (na semana passada)? Marque as atividades que você fez e escreva o TEMPO que praticou as atividades. **Marque apenas um X por atividade e tempo que você fez esta atividade**
Nenhuma 1
2 3 4 5 6 7 Tempo
Saltos ou pular corda
Atividade no campo ou praça
Corrida curta e rápida
Caminhada
Andar de bicicleta
Correr ou trotar
Ginástica aeróbica
Natação
Dança
Andar de skate
Futebol
Voleibol
Basquete
“Caçador”
Outros (liste no espaço)
q4. Nos últimos 7 dias, durante as aulas de Educação Física, o quanto você foi ativo (jogou intensamente, correu, saltou e arremessou)? Marque apenas uma opção.
Eu não faço aulas Raramente Algumas vezes Freqüentemente Sempre
74
q5. Nos últimos 7 dias, o que você fez na maior parte do RECREIO? Marque uma opção. Ficou sentado(conversando, lendo, fazendo trabalho de casa) Ficou em pé, parado ou andou Correu ou jogou um pouco Correu ou jogou um bocado Correu ou jogou intensamente a maior parte do tempo
q6. Nos últimos 7 dias, o que você fez normalmente durante o horário do almoço (além de almoçar)? Marque apenas uma opção.
Ficou sentado(conversando, lendo, fazendo trabalho de casa) Ficou em pé, parado ou andou Correu ou jogou um pouco Correu ou jogou um bocado Correu ou jogou intensamente a maior parte do tempo.
q7. Nos últimos 7 dias, quantos dias da semana você praticou algum esporte, dança, ou jogos em que você foi muito ativo, LOGO DEPOIS DA ESCOLA? Manhã ou tarde. Marque apenas uma opção.
Nenhum dia 1 vez na semana passada 2 ou 3 vezes na semana passada 4 vezes na semana passada 5 vezes na semana passada
q8. Nos últimos 7 dias, quantas vezes você praticou algum esporte, dança, ou jogos em que você foi muito ativo, A NOITE? Marque apenas uma opção.
Nenhum dia 1 vez na semana passada 2 ou 3 vezes na semana passada 4 ou 5 vezes na semana passada 6 ou 7 vezes na semana passada
q9. NO ÚLTIMO FINAL DE SEMANA quantas vezes você praticou algum esporte, dança, ou jogos em que você foi muito ativo? Marque apenas uma opção.
Nenhum dia 1 vez 2 ou 3 vezes 4 ou 5 vezes 6 ou mais vezes q10. Em média quantas horas você assiste televisão por dia? _______ horas. q11. Qual das opções abaixo melhor representa você nos últimos 7 dias? ** Leia TODAS as afirmativas antes de decidir qual é a melhor opção**
Todo ou quase todo o meu tempo livre eu utilizei fazendo coisas que envolvem pouco esforço físico (assistir TV, fazer trabalho de casa, jogar videogames).
Eu pratiquei alguma atividade física (1-2 vezes na última semana) durante o meu tempo livre (ex. Praticou esporte, correu, nadou, andou de bicicleta, fez ginástica aeróbica).
Eu pratiquei atividade física no meu tempo livre (3-4 vezes na semana passada) Eu geralmente pratiquei atividade física no meu tempo livre (5-6 vezes na semana passada) Eu pratiquei atividade física regularmente no meu tempo livre na semana passada (7 ou mais
vezes). q12. Comparando você com outras pessoas da mesma idade e sexo, como você se considera? Marque apenas uma opção:
Muito mais em forma Mais em forma Igualmente em forma Menos em forma Completamente fora de forma
q13. Você teve algum problema de saúde na semana passada que impediu que você fosse normalmente ativo? Problema em que você não pode fazer atividade física.
Sim Não Se sim, o que impediu você de ser normalmente ativo? _______________________________ q14. Comparando você com outras pessoas da mesma idade e sexo, como você se classifica em função da sua atividade física nos últimos 7 dias? Marque apenas uma opção.
Eu fui muito menos ativo que os outros Eu fui um pouco menos ativo que os outros Eu fui igualmente ativo Eu fui um pouco mais ativo que os outros Eu fui muito mais ativo que os outros
75
q15. Marque a freqüência em que você praticou atividade física (esporte, jogos, dança ou outra atividade física) na semana passada. Nenhuma vez Algumas vezes Poucas vezes Diversas vezes Muitas vezes Tempo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado Domingo q16. Pense sobre os programas de TV que você assistiu ontem, tais como desenhos, seriados, filmes, novelas ou notícias, e faça uma estimativa de quanto tempo você assistiu TV?
Eu não assisto TV Menos de 30 minutos Entre 30 minutos e 1 hora Entre 1 hora e 2 horas Mais que 2 horas
III – HÁBITOS ALIMENTARES
As próximas questões são relacionadas à alimentação. Marque apenas uma alternativa, baseando-se no que você comeu na semana passada. q17. Durante os últimos 7 dias quantos dias você tomou leite ou iogurte?
0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q18. Nos últimos 7 dias, quantos dias você comeu frutas, tais como maça, laranjas, bananas, pêras, kiwis ou outras frutas?
0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q19. Nos últimos 7 dias, quantos dias você comeu vegetais, tais como alface, tomates, pepino, brócolis ou outra qualquer?
0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q20. Nos últimos 7 dias, quantos dias você comeu chips, cachorro quente, pastel ou outro salgadinho qualquer? 0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q21. Nos últimos 7 dias, quantos dias você comeu bolachas recheadas, biscoitos, prestígio, bombons ou chocolate?
0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q22. Nos últimos 7 dias, quantos dias você bebeu sucos ou refrigerantes com açúcar?
0 dias 1 a 3 dias 4 a 6 dias 7 dias q23. Escreva quais alimentos típicos (de sua etnia) sua família e você consumiram nos últimos 7dias? Coloque em forma de preferência: ____________________________________________
Não responder as questões seguintes: Massa corporal (kg)________________________Estatura corporal (cm) _________________ Tríceps (mm) 1ª __________________2ª_________________3ª________________ Subscapular (mm) 1ª ______________2ª_________________3ª________________
76
ANEXO 2
CRITÉRIO DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA
BRASIL / ANEP
77
PONTUAÇÃO PARA ESTIMAR O NÍVEL SOCIOECONÔMICO 1. Itens que possuem Quantidade 0 1 2 3 4 ou + a. Televisão em cores ( )0 ( )2 ( )3 ( )4 ( )5 b. Rádio ( )0 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 c. Banheiro ( )0 ( )2 ( )3 ( )4 ( )4 d. Automóvel ( )0 ( )2 ( )4 ( )5 ( )5 e. Empregada mensalista ( )0 ( )2 ( )4 ( )4 ( )4 f. Aspirador de pó ( )0 ( )1 ( )1 ( )1 ( )1 g. Máquina de lavar ( )0 ( )1 ( )1 ( )1 ( )1 h. Videocassete e/ou DVD ( )0 ( )2 ( )2 ( )2 ( )2 i. Geladeira ( )0 ( )2 ( )2 ( )2 ( )2 j.Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex ( )0 ( )1 ( )1 ( )1 ( )1 2. Grau de instrução do chefe de família Número de pontos Analfabeto / Primário incompleto ( )0 Primário completo / Ginasial incompleto ( )1 Ginasial completo / Colegial incompleto ( )2 Colegial completo / Superior incompleto ( )3 Superior completo ( )5 CORTES DO CRITÉRIO BRASIL:Classe PONTOS TOTAL BRASIL (%) Classe: A1 = 30 - 34 Classe: A2 = 25 - 29 Classe: B1 = 21 - 24 Classe: B2 = 17 - 20 Classe: C = 11 - 16 Classe: D = 6 a 10 Classe: E = 0 a 5 (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa - ABEP, 2003).
78
ANEXO 3
OFÍCIO PARA COORDENADOR REGIONAL DE EDUCAÇÃO
79
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - MESTRADO
Florianópolis, maio de 2006.
Ilmo. Sr. (a). Coordenador (a) Regional de Educação: Senhor (a) Coordenador (a):
Sou professora da rede estadual de ensino do Estado do Rio Grande do Sul, atualmente realizando estudos de mestrado no programa de Pós-Graduação em Educação Física na Universidade Federal de Santa Catarina.
No momento estou iniciando a coleta de dados para a elaboração da minha dissertação intitulada: Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos.
Tendo em vista que é necessário avaliar um considerável número de escolares para representar a população da região Noroeste do RS, o nosso estudo abrangerá 1471 escolares do ensino fundamental das escolas estaduais.
Considerando que as escolas desta Coordenadoria foram selecionadas para fazer parte da amostra deste estudo, solicitamos a V. Sª permissão para realização da coleta de dados (medidas antropométricas e aplicação de um questionário), objetivando obter informações sobre aspectos sócio-demográficos, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos escolares. Gostaríamos de esclarecer que todas as informações individuais serão mantidas em sigilo. Certos de contarmos com seu apoio agradecem a atenção dispensada. Cordialmente,
Prof. Dr. Adair da Silva Lopes Profª Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador Mestranda
80
ANEXO 4
OFÍCIO PARA DIRETOR DE ESCOLA
81
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO - MESTRADO
Florianópolis, maio de 2006.
Ilmo. Sr. (a). Diretor (a) da Escola: Senhor (a) Diretor (a):
Sou professora da rede estadual de ensino do Estado do Rio Grande do Sul, atualmente realizando estudos de mestrado no programa de Pós-Graduação em Educação Física na Universidade Federal de Santa Catarina.
No momento estou iniciando a coleta de dados para a elaboração da minha dissertação intitulada: Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos.
Tendo em vista que é necessário avaliar um considerável número de escolares para representar a população da região Noroeste do RS, o nosso estudo abrangerá 1471 escolares do ensino fundamental das escolas estaduais.
Considerando que esta escola foi escolhida para fazer parte da amostra deste estudo, solicitamos a V. Sª permissão para realização da coleta de dados (medidas antropométricas e aplicação de um questionário), objetivando obter informações sobre aspectos sócio-demográficos, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos escolares. Gostaríamos de esclarecer que todas as informações individuais serão mantidas em sigilo. Certos de contarmos com seu apoio agradecem a atenção dispensada. Cordialmente,
Prof. Dr. Adair da Silva Lopes Profª Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador Mestranda
82
ANEXO 5
OFÍCIO DE AUTORIZAÇÃO DOS PAIS/RESPONSÁVEIS
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
83
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE DESPORTOS
COORDENADORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO – MESTRADO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezados Pais ou Responsáveis:
Sou professora da rede estadual de ensino do RS, atualmente realizando Pós-Graduação no Programa de Mestrado em Educação Física – Área Atividade Física e Saúde na Universidade Federal de Santa Catarina.
No momento estou iniciando a coleta de dados para elaboração da minha dissertação intitulada: Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos.
Neste sentido, solicito a sua autorização para que seu (sua) filho (a) participe deste estudo, e colaboração auxiliando-o (a) a responder o questionário em anexo, constituído de questões referentes a níveis de atividade física, hábitos alimentares e aspectos sócio-demográficos. As medidas antropométricas: peso, estatura e dobras cutâneas serão realizadas na escola, durante as aulas de educação física pela pesquisadora.
Informo que os dados coletados serão mantidos em sigilo, servindo apenas para a pesquisa, sendo que nenhum nome ou família será divulgado. Ressalta-se que a criança poderá desistir de participar do estudo em qualquer etapa da coleta de dados.
Através das respostas obtidas do questionário e das medidas antropométricas, espera-se que seja possível analisar o crescimento físico, composição corporal, níveis de atividade física e hábitos alimentares dos grupos étnicos da região Noroeste do Rio Grande do Sul. Certos de contarmos com o seu apoio, agradecem antecipadamente e colocamo-nos á sua disposição para quaisquer esclarecimentos. Profª Ilca (55) 3333-0840/ (48) 9938-6883 ou e-mail: [email protected] Cordialmente Adair da Silva Lopes Ilca Maria Saldanha Diniz Orientador Mestranda - UFSC ------------------------------------------------------------------------------------------------------------
AUTORIZAÇÃO Autorizo meu (minha) filho (a)________________________________________________ a participar da Pesquisa Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de escolares de diferentes grupos étnicos, estando ciente dos procedimentos, objetivos e relevância do referido estudo. ____________________________________ Assinatura dos Pais ou Responsáveis
84
ANEXO 6
RELATÓRIO – ESTUDO PILOTO
85
CRESCIMENTO FÍSICO, NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E HÁBITOS ALIMENTARES DE DIFERENTES GRUPOS ÉTNICOS
RELATÓRIO DO ESTUDO PILOTO O presente relatório diz respeito ao estudo piloto da dissertação de mestrado
intitulada Crescimento físico, nível de atividade física e hábitos alimentares de diferentes
grupos étnicos, e teve como propósito testar a qualidade do instrumento e os
procedimentos de coleta de dados.
Com o objetivo de aperfeiçoar o questionário e determinar a reprodutibilidade das
questões referentes às variáveis sócio-demográficas, nível de atividade física e hábitos
alimentares realizaram-se duas aplicações deste (teste e reteste).
O estudo foi desenvolvido com escolares de duas turmas (2ª e 7ª séries) da rede
estadual de ensino, no primeiro semestre de 2006 com intervalo de 7 dias entre a primeira
testagem (teste) e a segunda (reteste). A amostra foi constituída por 40 escolares, sendo 18
meninos e 22 meninas com idade média de 11,4 anos.
Os questionários foram entregues em sala de aula, onde a pesquisadora principal
explicou as questões referentes a este, após, foi solicitado que levassem para ser
preenchido em casa e devolvessem no dia posterior.
Para determinação da reprodutibilidade do questionário foi utilizado o Índice
Kappa, considerando que o índice Kappa varia de 0 a 1, sua classificação segundo Pestana
e Gageiro (2000) pode ser interpretada da seguinte forma: para os valores maiores ou
iguais a 0,75 existe uma excelente posição de concordância; valores entre 0,40 e 0,75 de
suficiente a boa concordância; e valores menores que 0,40 fraca concordância. Os valores
de concordância referentes ao nível econômico, grau de escolaridade dos pais, questões (1
a 9) referentes ao questionário PAQ-C (escore médio das questões), horas diárias de
televisão e hábitos alimentares são apresentados abaixo (Quadro 1).
Para avaliação das questões referentes ao PAQ-C foram avaliadas as nove questões
sobre a prática de esportes e jogos; as atividades físicas na escola e no tempo de lazer,
incluindo o final de semana. Cada questão tem valor de 1 a 5 e o escore final é obtido pela
média das questões, representando o intervalo de muito sedentário (1); sedentário (2); (3)
moderadamente ativo; (4) ativo; (5) muito ativo.
86
Quadro 1.
Índice de Kappa (K) para o nível econômico, escolaridade dos pais, questões do PAQ-C e hábitos alimentares.
Variáveis Kappa (K) Valor p Nível econômico 0,71 0,00 Grau de instrução chefe família 0,58 0,02 Nível de atividade física (PAQ-C) 0,68 0,00 Horas diárias de televisão 0,99 0,00 Leite e derivados 0,67 0,01 Frutas 0,68 0,00 Vegetais 0,63 0,00 Salgadinhos 0,61 0,00 Doces 0,57 0,00 Refrigerantes 0,67 0,00
Os resultados apresentados acima indicam que para o nível econômico, grau de
instrução do chefe de família, nível de atividade física, consumo de (leite, frutas, vegetais,
salgadinho, doces e refrigerantes) foi observado grau de concordância de suficiente a boa.
Os índices mais elevados de reprodutibilidade foram observados para a média
diária do tempo de assistência à televisão.
Considerações finais
De modo geral o questionário se mostrou com boa reprodutibilidade, com índices
de concordância Kappa (K) variando de suficientes a excelentes. A aplicação deste
instrumento foi considerada adequada para crianças e adolescentes.
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