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CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA

Uma construção socialA percepção da infância, da adolescência e da juventude varia deuma cultura para outra. Ela não é a mesma nas sociedadesindígenas e na sociedade urbana, e não vemos as pessoas queestão nessa fase da vida da mesma forma aqui e no Afeganistão,para citar dois exemplos.

Essa percepção muda também ao longo do tempo. A idéia dainfância como um momento especial da vida, que existia naGrécia e na Roma antigas, desapareceu durante a Idade Média,quando a criança foi integrada ao mundo adulto desde tenraidade, como uma pessoa a mais. Só no final da Idade Médiavoltaou a preocupação com a infância como uma etapa da vidaque precisa de uma maior atenção. Os limites cronológicos paradiferenciar as idades são também imprecisos e flutuantes.Quando uma pessoa deixa de ser criança para ser adolescente? Equando começa e deixa de ser jovem?

O entendimento do que seja a infância, a adolescência e ajuventude é uma criação coletiva sempre em processo deredefinição. Sendo assim, a atenção e o cuidado que essesgrupos recebem é um espelho que nos devolve a imagem denossa própria sociedade.

Crianças e adolescentes no BrasilAo falar das crianças na história do Brasil é necessário recordar que durante mais de 350 anos boa partedelas nasceram, cresceram e viveram como escravas. Proibidas de ter educação, aos 6 ou 7 anos já iampara o trabalho. Os filhos de brancos pobres eram livres, mas não tinham um destino muito diferente dascrianças escravas no que diz respeito ao engajamento precoce no trabalho.

Durante a Colônia e o Império a imagem social dominante foi a criança abandonada, cujo símbolo foi a"roda dos expostos", um engenhoso dispositivo que permitia entregar anonimamente crianças recém-nascidas nas instituições religiosas, as únicas que se ocupavam delas.

No final do século 19 as idéias sobre infância sofrem profunda alteração. A criança pobre passa a ser vistacomo alguém que deve ser protegido e tutelado. Com o primeiro Código de Menores, em 1927, o Estadoconsagra a idéia de que as crianças devem ser retiradas das ruas e submetidas a medidas preventivas ecorretivas, a cargo de instituições públicas (e não mais somente as instituições religiosas). Note-se que

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há uma clara diferença entre a criança e a figura do menor. "Menor" é a criança vinda das camadaspopulares e que estaria sujeita ao vício e a toda sorte de infortúnio.

Nos anos 70 aparece um viés mais repressivo condizente com a ditadura militar que o país vivia nessemomento. Vem então o segundo Código de Menores (1979), que deu poderes quase ilimitados ao Estadopara internar crianças e adolescentes em casas de correção.

A viradaDurante o processo de superação da ditadura militar vivemos um dos momentos mais marcantes de nossavida política, quando o movimento Criança Constituinte recolheu 1,5 milhão de assinaturas paraintroduzir na Constituição de 1988 o reconhecimento dos direitos da criança e do adolescente. Dois anosdepois, esse movimento influenciou decisidamente na promulgação do Estatuto da Criança e doAdolescente-ECA, lei federal que substitui o Código de Menores.Esses avanços coincidiram com a criaçãodo Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente pelas Nações Unidas, em 1989.

O ECA dispõe sobre os direitos da criança e do adolescente (de 0 a 18 anos) e dá absoluta prioridadepara sua realização. O Estatuto inspirou também o trabalho conjunto das instâncias governamentais eda sociedade civil para que esses direitos se transformem emrealidade.

O ECA prevê a participação da população através dosConselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, que sãoformados por representantes do poder público e da sociedadecivil, em partes iguais. Esses Conselhos elaboram a política depromoção dos direitos da criança e do adolescente e fiscalizamsua execução nos três níveis: municipal, estadual e federal.

Outra forma de participação prevista no ECA, são os ConselhosTutelares, formados nos municípios para atuar nos casosconcretos de violação dos direitos das crianças eadolescentes. A peculiaridade é que qualquer cidadão oucidadã pode participar, seja como eleitor seja comocandidato, nas eleições que acontecem a cada três anos paraescolher os conselheiros. Os eleitos podem receberremuneração para exercer a função. A pouca divulgação eparticipação nessas eleições revelam que a sociedade aindanão despertou plenamente para o potencial que representaessa possibilidade de participação.

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É deverÉ deverÉ deverÉ deverÉ deverda família, da sociedade e do Estadoassegurar à criança e ao adolescente,com absoluta prioridade, o direito àvida, à saúde, à alimentação, àeducação, ao lazer, à profissionalização,à cultura, à dignidade, ao respeito, àliberdade e à convivência familiar ecomunitária, além de colocá-los a salvode toda forma de negligência,discriminação, exploração, violência,crueldade eopressão.(Art. 227 daConstituiçãoFederal)

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O icebergApesar dessa conquista que representa o Estatuto da Criança e do Adolescente - considerado um modelomundial - continua existindo um profundo desrespeito aos direitos sociais de crianças e adolescentes(educação, saúde, lazer etc). Não poderia ser de outro modo em um país que tem 52,5 milhões depobres e 19,8 milhões de indigentes, (2004, IPEA, Radar Social). Fica claro que milhões de crianças eadolescentes não têm as condições materiais mínimas para uma vida digna.

A violação dos direitos infanto-juvenis é tão comum que originou uma cultura da tolerância. Pouca gentese escandaliza, por exemplo, ao ver uma criança pedindo esmola. A violência que acontece nas famílias éfreqüentemente considerada um "assunto privado" no qual ninguém deve se intrometer. Já a denúncia dasviolações que acontecem por omissão ou ação do Estado - entre elas a violência policial - é desestimuladapela impunidade. Agregue-se a isso que as vítimas não têm condições de fazer a denúncia, seja pela curtaidade seja porque estão amarradas pelos vínculos que mantêm com os agressores, quando ocorreviolência no espaço familiar. Por isso dizemos que as estatísticas oficiais sobre violação de direitos dascrianças e adolescentes são a ponta de um iceberg cuja maior parte desconhecemos.

Famílias...Qualquer que seja a condição social da criança, do adolescente ou do jovem, o apoio da família éfundamental para seu sucesso na vida. Esta afirmação se aplica a todos os tipos de famílias que existemem nossa sociedade, onde o modelo tradicional (pai, mãe, filhos) convive com outras formas derivadasdas separações de pessoas que voltam a se casar, juntando filhos e gerando meio-irmãos. Existem ainda asmães solteiras/viúvas/separadas chefe-de-família (um fenômeno em crescimento; atualmente um entrequatro lares está nessa situação - IBGE/ SNIG), as famílias nucleadas em torno de avôs e avós, e até laresconstituídos por pessoas do mesmo sexo.

Muitas crianças, adolescentes e jovens não têm a sorte de contar com esse apoio familiar, muito pelocontrário. A violência doméstica contra crianças e adolescentes - também contra as mulheres - é umproblema muito difundido. Espancamentos, torturas psicológicas (chamar uma criança de burra o tempotodo, por exemplo) e outros maus-tratos são uma realidade cruel para dezenas, talvez centenas demilhares de crianças no Brasil.

Uma violência mais cruel ainda no plano psicológico sofrem as crianças vítimas de abuso sexual. Este tipode crime acontece na maioria dos casos dentro da residência da vítima e o agressor é, quase sempre, umhomem do círculo mais próximo que se aproveita de seu poder

A violência e o abuso sexual doméstico afetam crianças de todas as classes sociais, ao contrário doestereótipo preconceituoso que diz que estas coisas acontecem apenas entre os pobres. O Núcleo Estadual

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de Enfrentamento à Violência contra Crianças eAdolescentes, registrou no Ceará, nos primeiros 8 mesesde 2006, 733 denúncias de violência e 409 denegligência nos cuidados.

Os casos registrados de violência sexual foram 287. Essesnúmeros, como explicamos anteriormente, devem serconsiderados apenas como uma amostra de um fenômenobem maior.

A exploração sexualA exploração sexual acontece quando há uma utilizaçãosexual da criança e do adolescente que visa o lucro(prostituição, pornografia).

Trata-se de uma situação para a qual a sociedade está cada vez mais atenta, devido à visibilidade que oproblema adquiriu com o crescimento do turismo, particularmente nas capitais nordestinas. Mas pensarque o fenômeno está ligado apenas ao turismo é tapar o sol com a peneira. O mal é muito mais antigo eenraizado, e se espalha bem longe das praias, particularmente nos nós rodoviários do interior. Um estudocoordenado pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República identificou, em2005, nada menos que 932 municípios e localidades onde ocorre a exploração sexual no Brasil. O Disque-Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes registrou em três anos (maio2003-abril 2006) quase 4.500 denúncias de exploração sexual

Trabalho infantilNo início do capitalismo, nos séculos 18 e 19, as crianças foram engajadas na indústria e na mineração,onde eram duramente exploradas. Uma ata do parlamento britânico de 1833 - quando já se intentava pôrlimites ao fenômeno - fixava a jornada das crianças de 9 a 13 anos em "apenas" nove horas por dia, seisdias por semana!

Progressivamente as coisas foram mudando e o trabalho infantil e dos adolescentes foi regulamentado numsentido cada vez mais restritivo. Hoje, a legislação brasileira aceita a contratação de adolescentes comoaprendizes a partir dos 14 anos, em horários que permitam a freqüência à escola. A partir dos 16 anos, oadolescente já pode trabalhar, desde que em funções que não sejam perigosas, insalubres ou penosas.

O trabalho infantil é um grande desafio. Estima-se em 246 milhões a quantidade de afetados no mundointeiro, número que estaria diminuindo, segundo um informe de 2006 da Organização Internacional do

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Trabalho. No Brasil a tendência para aredução que durava desde 1991 foiinterrompida em 2005, quando 12,2%das crianças e adolescentes entre 5 e 17anos trabalharam (11,8% em 2004). Oaumento foi causado, principalmente,pelo engajamento em atividades típicasdas famílias do meio rural. (PNAD/IBGE).

A luta contra o trabalho infantil exigemudar a mentalidade que vê nele umaoportunidade para a "formação docaráter", quando, na verdade, para ascrianças das classes de baixa renda (as únicas quetrabalham) muitas vezes o trabalho só fazperpetuar o ciclo de pobreza, obrigando-as a abandonar os estudos ouimpedindo que lhe dediquem o tempo necessário.

Criança não é de ruaOs gregos e os romanos da antiguidade praticavam o abandono à intempérie das crianças recém-nascidasque não desejavam guardar. Essas crianças eram "expostas" aos Deuses, para que eles decidissem sobresua vida ou sua morte.

Algum paralelo moral existe entre essa prática e o fenômeno das crianças e adolescentes que moram ouperambulam o dia todo pelas ruas de nossas cidades. Afinal, elas também são o produto de umabandono. A Equipe Interinstitucional de Abordagem de Ruacontou 510 crianças e adolescentes em situação de rua emFortaleza em 2005. Os riscos a que elas estão expostas sãoenormes, desde atropelamentos até o consumo de drogas, asexualidade não segura e todo tipo de violência. Para muitas,porém, a rua também é um refúgio, o melhor que nossasociedade foi capaz de lhes ofertar.

Para mudar este quadro são necessárias políticas públicas quereestruturem o projeto de vida dessas crianças e adolescentes, ede suas famílias. Em 2006, entidades governamentais e não-governamentais de 11 estados lançaram a campanha "Criança nãoé de Rua", que propõe parcerias e ações para mudar essa situação.

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Jornal escolar “Tribuna da Educação”E.E.F.M Professora Marieta Santos - Bela Cruz

Conheça-osConheça-osConheça-osConheça-osConheça-os72% das crianças e adolescentes quemoram nas ruas de Fortaleza tem entre12 e 16 anos.74% são homens, 26% mulheres25% estão na rua há mais de 3 mesese menos de um ano20% estão na rua mais de 5 anosFonte: Equipe Interinstitucional deAbordagem de Ruas, 2005

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Infância e adolescência emmutaçãoEstamos vivendo um momento de mutação da representação que a sociedadefaz de crianças e adolescentes.

Através dos meios de comunicação e de suas próprias famílias elas sãoestimuladas a ingressar precocemente na sociedade de consumo, com seucortejo de desejos e frustrações. A exposição a conteúdos adultos nos meios decomunicação - incluindo a Internet - estimula a sexualidade e antecipa a perdaprematura do encantamento e da inocência da infância. A aparência físicatorna-se uma obsessão desde o início da adolescência, sendo inclusive objetode exploração comercial. Enquanto isso, a competitividade e a exigência nosestudos são cada vez maiores, em conformidade com o tom geral domomento histórico em que vivemos.

A sociedade sinaliza desta maneira o desejo de que os indivíduos deixem ainfância e a adolescência para trás o mais rapidamente possível e passem aadotar comportamentos "maduros". Um dos resultados dessa pressão é o aumento das desordens mentais entrecrianças e adolescentes, como a depressão, transtornos alimentares (anorexia, bulimia), hiperatividade,irritabilidade e até o suicídio.

Um novo papel para a juventudeEstamos vivendo também uma evolução da percepção que a sociedade tem da juventude. Essa

mudança tem como base o fato de nosso país nunca ter sido tão jovem como nestemomento, quando 20% da população tem entre 15 e 24 anos (43 milhões de pessoas).

O fato de as tecnologias se renovarem constantemente fortalece o papel dos adolescentese jovens. Pela primeira vez na história, eles estão mais informados e "comunicados" queseus pais (graças à Internet) e os superam na habilidade para utilizar equipamentos queocupam um lugar importante na vida cotidiana (computador e equipamentos conexos).

Mas o motivo maior da revalorização dos jovens consiste no fato da sociedade “adulta”estar pedindo sua ajuda para encontrar soluções às diversas crises que vive (do

emprego, da violência, dos valores etc). Os educadores se interrogam a respeitodas culturas juvenils e sobre a participação dos jovens na vida das escolas.Centenas de instituições da sociedade civil fazem da promoção da participação

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A indústria da moda projeta naspassarelas uma imagem “adulta”da adolescência.

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juvenil seu objetivo. Descobre-se que para temas que dizem respeito aos comportamentos (drogas,sexualidade, violência) o diálogo e a educação de jovem para jovem é geralmente mais efetivo que aintervenção de professores. Os promotores do desenvolvimento econômico passam a incentivar os jovens acriarem seus próprios empreendimentos, o que equivale dizer seus próprios empregos. Espaçosinstitucionais, como conselhos de juventude, coordenadorias e secretarias, são criados em todo o Brasil.

Jovens e violênciaOs problemas que os jovens enfrentam são de todo tipo, mas nenhum é mais brutal que a morte violenta.Em 13 anos, entre 1979 e 2002, morreram no Brasil 205.722 jovens vítimas de armas de fogo (UNESCO,2004). Como comparação chocante considere-se que nos 13 anos de guerra do Vietnã, entre 1962 e 1975,os norte-americanos tiveram 46.370 mil baixas.

De 1993 a 2002, o número de assassinatos de jovens entre 15 e 24 anos cresceu 88,6%. Com isso, a taxade morte por homicídio entre eles dobrou a média nacional (UNESCO 2004). Segundo estatísticas de 2000,70% dos adolescentes assassinados entre os 15 e 18 anos eram negros (Sistema de Informações sobreMortalidade do Ministério da Saúde).

A violência afeta as escolas, como não poderia deixar de acontecer, já que elas não são ilhas cortadasda realidade. Pequenos furtos, depredações e brigas fazem parte da vida das escolas há muito tempo(tanto tempo que a instituição parece ter se acomodado a essa realidade) sem que esteja comprovadoum aumento recente. O que sim está comprovado é que a criminalidade que se manifesta nasimediações da escola acaba por transpor seus muros. Uma pesquisa junto a diretores e alunos da 8ªsérie em escolas de cinco capitais brasileiras apontou que 12% dos alunos já tinham visto armas defogo dentro da escola (UNESCO 2006).

A violência na escola tem uma forma devastadora nas agressões físicas ou psicológicas, repetidas egratuitas, adotadas por um ou mais estudantes contra outros. Quem não se lembra desse tipo de situaçãona sua vida escolar? O fenômeno questiona a escola na sua essência. Que tipo de pessoa ela é capaz deformar? Ele questiona também a todos os estudantes, já que a violência tem muitas testemunhas que secalam ou até participam ocasionalmente, para "tirar uma casquinha".

Menos de1 a 9 anos 15 a 1710 a 14 20 a 2418 a 19

17,74Brasil 5,909,36 3,86 9,36

Total

46,22

19,83 6,2110,21 4,33 9,87 50,85Nordeste

Crianças, Adolescentes e Jovens (% sobre a população total), em percentual - População até 24 anos porregião (em %) - PNAD/IBGE-2004

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Mais repressãoresolve?O aumento da violência tem sido atribuído auma excessiva proteção dos adolescentes porparte da Lei. Esta equivocada opinião de"senso comum" parte de uma desinformaçãosobre as sanções estabelecidas pelo Estatutoda Criança e do Adolescente. O carátersocioeducativo das mesmas permitiria que ascrianças e adolescentes quebrem o ciclo quemuitas vezes as mantém em situações deviolência e infração.

O problema está em que essas medidas não sãoaplicadas e os adolescentes infratores sãointernados em centros de privação de liberdadeque, com exceções, reproduzem uma lógicasemelhante ao sistema penal dos adultos; isto é, sãoverdadeiras "escolas do crime". Em 2002, umapesquisa realizada pelo IPEA verificou que 71% doscentros de internação não tinham condições mínimas deinfra-estrutura, atendimento médico, jurídico eeducacional.

A omissão do Estado na aplicação das medidassocioeducativas previstas para a reinserção cidadã deinfratores leva pessoas a acreditar que a redução da idadepenal para 16 anos poderia frear a violência, quando isso nãopassa de uma grande ilusão.

Desemprego juvenilO chamado "desemprego estrutural" é aquele provocado pelo aumento estonteante da produtividade quedecorre dos desenvolvimentos tecnológicos. Cada vez menos trabalhadores são necessários para realizar amesma produção. A única maneira de compensar isto, no plano da criação de empregos, é com altosíndices de crescimento econômico, o que não está acontecendo no Brasil. Isto fez com que os índices dedesemprego estacionassem num patamar bastante alto.

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Para enfrentar essa situação, os jovens das classes sociais favorecidas alongam a escolaridade, de modo asair a procura de emprego mais tardiamente e com mais formação. Quem não tem essa possibilidadeenfrenta o mercado de trabalho, que para muitos acaba sendo um verdadeiro paredão. A taxa dedesocupação dos jovens entre 18 e 24 anos é quase o dobro da taxa geral. Nas regiões metropolitanas asituação é ainda pior, pois o desemprego juvenil triplica o desemprego dos adultos (30,2% contra 10,3%,em Fortaleza - SINE 2005).

O desemprego - que em si mesmo já é uma violência social - está associado à violência interpessoal peloaumento das atividades ilegais em que se envolvem adolescentes e jovens desesperados, cientes de nãoter espaço na sociedade nem perspectivas de vida digna.

Escola: oportunidades e desigualdadesDizer que o Brasil está muito atrasado em educação é um lugar-comum. A escolaridade média dosjovens entre 15 e 24 anos é inferior a 6 anos, e 12% dentre eles sequer completaram a 4ª série (IPEA,dados de 2002). Em 2004 existiam 2 milhões de analfabetos com idade entre 15 e 29 anos (PNAD/IBGE). A diferença social é gritante: entre os adolescentes de 15 a 17 anos, 93% dos que fazem partedos 20% mais ricos da população freqüentam a escola, enquanto só 72% entre os 20% mais pobres ofazem. Os primeiros estudam em escolas particulares onde o investimento por aluno é muito superiorao que se realiza nas escolas públicas. O fato de terem menos oportunidades de educação retira dosjovens em situação de pobreza um recurso vital no momento em que o mercado de trabalho requerpessoas cada vez mais qualificadas.

Essa situação é produto de uma visão que considerousempre a educação como um privilégio reservado às elites.Há somente 18 anos (se contarmos desde a Constituição de1988) ou, menos ainda, 10 anos (se considerarmos a Lei deDiretrizes e Bases da Educação de 1996) esse enfoquecomeçou a mudar no plano das políticas governamentais ena própria conscientização e engajamento da sociedade.

O direito à educação pública de qualidade só será umarealidade se lhe forem destinados os recursos necessários. OBrasil investe atualmente pouco mais de 4% do PIB (que é oconjunto da riqueza gerada nacionalmente) com a educaçãopública, quando um estudo do Grupo de Trabalho sobreFinanciamento da Educação/MEC, estimou em 2001 que oinvestimento deveria ser de 8%. É muito dinheiro que faltatodos os anos à educação.

MUDANÇAS À VISTAA educação básica - que compreende aEducação Infantil, o Ensino Fundamentale o Ensino Médio - deverá contar comfinanciamento mais adequado (emboraainda muito distante do ideal) a partir dacriação do Fundo de Manutenção eDesenvolvimento da Educação Básica e deValorização dos Profissionais da Educação(Fundeb), que tramita no CongressoNacional desde 2005. A luta pela criaçãodo Fundeb engajou grandes setores dasociedade.

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Sexualidade saudávelNo Brasil, a primeira relação sexual acontece, em média,aos 14,5 anos entre os meninos e 15,5 anos entre asmeninas (pesquisa UNESCO, 2001). O início dosrelacionamentos sexuais acontece mais cedo que nopassado, como resultado da visão mais tolerante queexiste na sociedade, num contexto cultural devalorização do corpo e dos sentidos. A erotizaçãoinduzida pelos meios de comunicação é parte importantedesse contexto (quem esqueceu, por exemplo, do frenesiprovocado em torno da “dança da garrafa?”).

O fato de o relacionamento sexual pré-matrimonialter deixado de ser tabu para as mulheres é um sinalforte dessa evolução da sociedade, no sentido deuma maior tolerância.

Essa abertura não deixa, porém, de ser problemática emalguns aspectos. Três vezes mais garotas com menos de

15 anos engravidam hoje do que 30 anos atrás. Há milhares dehistórias felizes de mães e pais adolescentes, mas, em geral,para as pessoas que se encontram nas faixas sociais maisdesfavorecidas a gravidez na adolescência significa um risco deperda de oportunidades educativas e de ingresso precoce nomercado de trabalho, estabelecidad pela necessidad de sustentara nova família assim constituída.

Outra preocupação é o aborto. Uma pesquisa realizada junto a5.000 jovens do Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre,apontou que 16,7% das adolescentes abortaram a primeiragestação; 15,5% desejaram provocar o aborto e 11,1% tentaramrealizá-lo sem sucesso (GRAVAD, 2002). O aborto remete adelicadas questões morais e éticas, além de ser um preocupanteproblema de saúde pública. Estudos mostram que nas maioriasdos casos ele é realizado em precárias condições, pondo emrisco a saúde e até a vida das mulheres que o praticam.

Os riscos provocados pela sexualidade não-segura se estende àsDoenças Sexualmente Transmissíveis e à Aids. Aproximadamente,25% de todas as DSTs são diagnosticadas em jovens com menos

CONFERE?

Os especialistas apontam aonipotência como uma das causasda não adoção decomportamentos sexuais segurospelos adolescentes. Essesentimento os leva a aceitar riscos,na crença de que nada de ruimacontecerá a eles.

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de 25 anos. Nos casos de Aids a proporção é ainda maior: metade das novas infecçõesafeta pessoas entre 15 e 24 anos.

A sexualidade na adolescência é um tema complexo, até porque transcorre em ummomento da vida em que as pessoas estão se descobrindo, onde a busca de "desafios" e avontade de "experimentar" são muito fortes. Um esforço adequado de educação para asaúde sexual, desde a infância, como recomendam os especialistas, deveria reduzirsignificativamente os riscos. O diálogo entre adolescentes (também chamado educaçãoentre pares) é outra via eficaz para a promoção do autocuidado.

A vida não é uma drogaO consumo de drogas é um dos grandes desafios que nossa sociedade enfrenta. Uma pesquisa realizadaem 2005 entre os estudantes de Ensino Fundamental e Médio mostrou que 2% já haviam experimentadococaína, 5,7% maconha, 15,5% solventes e 65,5% álcool (pesquisa CEBRID/UNIFESP, pesquisa realizada nas27 capitais brasileiras). O problema se agrava porque praticamente não existem políticas públicas de saúdepara dar apoio aos usuários que desejam abandonar o consumo.

O consumo, a produção e o comércio das drogas ilícitas (maconha, cocaína, crack, ecstasy etc) sãoreprimidos, diferentemente do que acontece com as drogas lícitas (álcool, tabaco, medicamentos), toleradaspela sociedade. Em 2005, por exemplo, foram investidos 405,8 milhões de reais em publicidades parapromover o consumo de cerveja (Almanaque Ibope). O público alvo dessas publicidades, que associampositivamente o consumo de álcool com as idéias de amizade, esporte e namoro, são os jovens. Ésta

tolerância constitui um paradoxo, porque oconsumo de álcool é um verdadeiro problema,como vimos acima.

A produção e comércio de drogas ilícitasmovimentam somas gigantescas que são aplicadas,em parte, na corrupção que protege o tráfico. Aviolência também faz parte do "inventário" dasrepercussões das drogas. A liberalização é umaproposta formulada por pessoas que pensam seressa a maneira de abrir espaço para tratar oproblema com políticas públicas adequadas,retirando o poder que atualmente está nas mãosdos tráficantes. Outros alertam que uma políticacomo essa poderia ter efeitos desastrosos, pelanova demanda de drogas que geraria. O tema estáem discussão em boa parte do mundo.

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PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS

PARA PARTICIPARCEARÁO Centro de Defesa da Criança e do Adolescente(Cedeca) associa intervenção jurídica, mobilização sociale comunicação para a vigência dos direitos infanto-juvenis, especialmente quando violados pelo poderpúblico. Tel. (85) 3252.4202 - www.cedecaceara.org.brA Associação Curumins tem a missão de dar apoio àscrianças e adolescentes em situação de rua ou em situaçãode risco para a construção da cidadania, através detrabalho educativo. Tel. (85) 3263.2172 -www.curumins.org.brO Fórum Cearense de Enfrentamento da Violência Sexualde Crianças e Adolescentes reúne organizações dasociedade civil e do poder público para acompanhar aexecução do Plano Estadual de Enfrentamento daViolência Sexual contra Crianças e Adolescentes. Tel (85)3263.2172O Fórum Estadual Pela Erradicação do Trabalho Infantil eProteção ao Trabalhador Adolescente no Ceará é umainstância formada por organizações governamentais e nãogovernamentais, dos trabalhadores e empregadores, quetem como missão, combater e erradicar o trabalho infantile proteger o trabalhador adolescente. Tel (85) 3263.2172A Equipe Interinstitucional de Abordagem de Rua é umarede composta por organizações governamentais e nãogovernamentais para dar assistência a crianças eadolescentes que estão em situação de rua em Fortaleza.Tel (85) 3263.2172

BRASILO Selo UNICEF - Município Aprovado é umreconhecimento que o município pode conquistar peloseu esforço na melhoria da qualidade de vida de Criançase Adolescentes. A premiação acontece a cada dois anosnos 11 estados comprometidos com o pacto "Um mundopara a Criança e o Adolescente do Semi-Árido" -www.selounicef.org.br

ResponsabilidadesEmbora o Brasil tenha uma das melhoreslegislações do mundo, convivemos com umarealidade nada lisonjeira sobre os direitos dacriança e do adolescente, como acabamos dever. É um paradoxo muito grande, sobretudo selevarmos em conta os discursos tão comunssobre as novas gerações como "futuro daNação". A mudança dessa situação exige umpapel mais forte do Estado, direcionandorecursos financeiros e uma gestão competentepara o atendimento das necessidades.

O melhor destes 16 anos, desde que o Estatutoda Criança e do Adolescente foi promulgado,tem sido o trabalho obstinado de centenas deorganizações para promover sua aplicação, e,sobretudo, a participação de crianças,adolescentes e jovens que vêm demonstrandosua energia em projetos e organizações, fazendoarte, política, cultura, comunicação etc.

Como coletividade nacional temos duasgrandes tarefas pendentes. A primeira é acabarcom a cultura da tolerância e da omissão emrelação à violação dos direitos de crianças eadolescentes, esse silêncio cúmplice sobre oqual falamos anteriormente.

A segunda tarefa é o fim do abismo que separacrianças, adolescentes e jovens mais ricos dosmenos ricos. Com efeito, jovens das classesmédias não convivem com jovens das classespopulares, porque os espaços de lazer, deconsumo e de estudos são diferenciados. Elespodem passar a vida toda sem se encontrarverdadeiramente nunca. Este é um obstáculogigantesco no caminho da construção de umaidentidade nacional inclusiva e integradora.

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CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA

BIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIABIBLIOGRAFIAHistória Social da Criança e da Família, Philippe Ariès. LTC Editora, 1981.Uma História da Criança Brasileira, Ana Cristina Dubeux Dourado e MariaAparecida Arias Fernandes. Palco, 1999 (Coleção Cadernos CENDHEC)Construir o passado. Ou Como mudar hábitos, usos e costumes tendocomo instrumento o Estatuto da Criança e do Adolescente, Edson Seda.Malheiros Editores, 1993 (Série Direitos da Criança).Da Coleção Primeiros Passos (Editora Brasiliense)• O que é Adolescência (Daniel Becker)• O que é Menor (Edson Passetti)• O que é Aborto (Danda Prado)• O que é Contracepção (Kurt Kloetzel)• O que é Corpolatria (Wanderley Codo e Wilson)• O que é Prevenção de Drogas (Roberto Wüsthof)• O que é Família (Danda Prado)

Para cantarMÃO-DE-OBRA ILEGALFrejatComposição: Frejat/George Israel/Mauro Sta.Cecilia

Eu moro no morroeu moro na ruasó levo esporromas eu não tenho culpaO meu irmão morreumeu primo se perdeua minha mãe pariue o meu pai sumiuMeu nome é pimpolhosó conheço o caosé olho por olhoaqui vencem os mausO meu irmão morreumeu primo se perdeua minha mãe pariue o meu pai sumiuEu queria um tênis bacanasou mão-de-obra ilegalsão três salários por semanae tem foto no jornalEu vi uma mina maneiraandando com um soldadoparecia estrangeirae eu agora ando armado.

VOCABULÁRIOVOCABULÁRIOVOCABULÁRIOVOCABULÁRIOVOCABULÁRIO

Puberdade Puberdade Puberdade Puberdade Puberdade é a etapa dodesenvolvimento em que o corpoexperimenta mudanças que opreparam para a reprodução,entrando na adolescência. Apassagem da puberdade varia depessoa a pessoa.

Pedofilia Pedofilia Pedofilia Pedofilia Pedofilia é o estado psicológicodos indivíduos cuja atração sexualestá dirigida para crianças dos doissexos, pré-púberes ou ao redor dapuberdade.

Anorexia Anorexia Anorexia Anorexia Anorexia é um transtornoalimentar caracterizado pelalimitação da ingestão de alimentos,devido à obsessão de magreza e omedo de ganhar peso.

Bulimia Bulimia Bulimia Bulimia Bulimia é um transtorno alimentarcaracterizado por uma compulsãoperiódica por comerexageradamente, seguida devômitos ou uso de métodosinadequados para evitar ganho depeso.

Sociedade civil Sociedade civil Sociedade civil Sociedade civil Sociedade civil é o conjunto deinstituições não governamentaisde todo tipo e forma jurídica,incluindo grupos informais.

Política pública Política pública Política pública Política pública Política pública é o conjunto deiniciativas governamentais parapromover determinada ação ousolucionar determinado problema;supõe uma legislação adequada,planos de trabalho e participação dasociedade civil.

Organização Internacional doOrganização Internacional doOrganização Internacional doOrganização Internacional doOrganização Internacional doTTTTTrabalho rabalho rabalho rabalho rabalho é uma agência ligada àsNações Unidas, com 178 Estadosmembros. A OIT é a estrutura quepermite buscar caminhos paraavançar na melhoria das condiçõesde trabalho no mundo.

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PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS

Referenciais Metodológicos FA7CRITÉRIOS GERAISCRITÉRIOS GERAISCRITÉRIOS GERAISCRITÉRIOS GERAISCRITÉRIOS GERAISA criança e o adolescente, seres em desenvolvimento, são a razão de ser da escola. Nosso trabalho como educadoresconsiste em garantir aos alunos o acesso a conhecimentos e valores socialmente relevantes, que os tornem capazes deexercer sua cidadania. A partir do disposto acima podemos sugerir algumas metas e diretrizes para o trabalho com este fascículo:

11111 O professor deve fazer o esforço de abandonar uma perspectiva "adultocêntrica", isto é, os alunos têmcapacidade de decidir sobre o que estão estudando, formas de avaliar, estilos de estudo. Devem ser provocados,sempre que possível, a opinar sobre as ações escolares, apropriando-se das razões por detrás das normas eprocedimentos da escola.

22222 Cabe ao professor conhecer o mundo das crianças e dos adolescentes, seus anseios, suas buscas, suasdificuldades. Tratar questões como sexualidade, violência infantil, relações familiares e tantas outras requer umgrande cuidado, mas não pode ficar em segundo plano.

PROPOSTPROPOSTPROPOSTPROPOSTPROPOSTAS DE UTILIZAÇÃO DO MAAS DE UTILIZAÇÃO DO MAAS DE UTILIZAÇÃO DO MAAS DE UTILIZAÇÃO DO MAAS DE UTILIZAÇÃO DO MATERIAL DESTE FTERIAL DESTE FTERIAL DESTE FTERIAL DESTE FTERIAL DESTE FASCÍCULASCÍCULASCÍCULASCÍCULASCÍCULOOOOONa tabela abaixo, apresentamos algumas propostas que poderão subsidiar o processo de construção doconhecimento e reflexão sobre as temáticas abordadas.

Atividade / ProjetoÁrea do Saber Objetivos Metodologia Recursos Avaliação

ECA – Estatuto daCriança e doAdolescente

A - CiênciasHumanas

- Pesquisar sobre os direitosfundamentais do ECA.- Dividir o grupo em 5 sub-grupos.- Cada grupo deverá discutir de acordocom a temáticas abaixo e registrar nopapel madeira os pontos centrais:1- Do direito à vida e à saúde.2- Do direito à liberdade, aorespeito e a dignidade.3- Do direito à convivência familiare comunitária.4- Do direito a educação, à cultura,ao esporte e ao lazer.5- Do direito à profissionalização e àproteção no trabalho.

- Conhecer os direitosfundamentais do ECA ediscutir a partir dosdispositivos suaaplicabilidade.

Estatuto da Criança e doAdolescente.Papel ofício.Papel madeira.Pinceís.

Apresentação do trabalhodos subgrupos

Conselho TutelarB - LínguaPortuguesa,Arte.

- Convidar para uma palestrarepresentante do conselho tutelar domunicípio (mobilizar a sociedade civilorganizada para participar do evento).- Preparar o términio do evento comuma atividade cultural (apresentaçãode teatro sensibilizandoa comunidade).

- Compreender aimportância da atuação doConselho Tutelar.- Sensibilizar a comunidadepara a temática da criançae do adolescente.

Papel madeira, pincéis,tinta.

- Escrever um relatório dasquestões discutidas noevento

EscolaC - Linguagem eMatemática

- Pesquisar de acordo com alegislação do ensino infantil e doConselho de educação os requisitosnecessários para o funcionamento daeducação infantil.- Fazer uma análise comparativa comas áreas exigidas pelo conselho para ofuncionamento da escola e das áreaspraticadas nas instituições de ensino.

- Comparar as exigênciaslegais para o funcionamentoda educação infantil com arealidade vivenciadana escola.

Papel e Régua. - Escrever um relatório das questões discutidas no eventoElaborar uma síntese daanálise comparativa

ValoresD - Linguagem - Assistir um capítulo do programa.- Analisar e discutir as situaçõesapresentadas no que se refere a escola,sexualidade, família, moda e consumo.

Analisar criticamente osconceitos, valores, idéiasimplícitas e explícitas emum programa juvenil da TVSugestão (Malhação)

Papel. Elaborar um textoexplicitando os valoresapresentados no programa

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REALIZAÇÃO: FASCÍCULOS:

FICHA TÉCNICA

PROGRAMA ELEITOR DO FUTURO / REALIZAÇÃO: Tribunal Regional Eleitoral - Escola Judiciária Eleitoral (CE), UNICEF e Faculdade 7 de Setembro - FA7

FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO POLÍTICA / FASCÍCULOS: Comunicação e Cultura / AVALIAÇÃO DE CONHECIMENTOS E CERTIFICAÇÂO: Faculdade 7 de Setembro - FA7

COORDENAÇÃO EDITORIAL: Daniel Raviolo / COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: Fábio Delano, Daniel Raviolo, Rui Aguiar, Humberto Mota e Cecília Lacerda

FASCÍCULO "CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS”" / TEXTO FINAL E SELEÇÃO DE IMAGENS: Daniel Raviolo / EQUIPE CEDECA: Nadja Furtado Borcolotti,

Margarida Marques, Patricia Kelly Campos de Sousa, Renata Farias, Renato Roseno e Renata Soares COLABORAÇÃO: Emanuelle Lobo e Sérgio Lima de Sousa

SELEÇÃO MÚSICAL::::: Cícera Andrade / REVISÃO::::: Fátima Porto e Fernando Filgueiras / FOTOGRAFIAS: Qu4tro Comunicação

PROJETO GRÁFICO E DESIGN: Qu4tro Comunicação

FACULDADE 7 DE SETEMBROTRIBUNAL REGIONAL

ELEITORAL DO CEARÁ