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Criar Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique Resumo Não Técnico do Relatório da Avaliação do Impacto Ambiental e Social (AIAS) Para a: Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul), Moçambique Agosto de 2018 www.smec.com

Criar Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique - smec.com · reassentamento pelo seu total apoio durante a implementação do projecto e actividades de campo. Membros

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Criar Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique

Resumo Não Técnico do Relatório da

Avaliação do Impacto Ambiental e Social (AIAS)

Para a: Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul), Moçambique

Agosto de 2018

Julho 2018

www.smec.com

AIAS Criar Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique: RNT; Draft; Agosto 2018 i

AGRADECIMENTOS A SMEC Internacional reconhece a assistência prestada por numerosas organizações e indivíduos, com referência particular aos seguintes:

▪ Funcionários do Governo de Moçambique e, em particular, o Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos (MOPHRH), a Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul) e a sua Unidade de Gestão da Bacia do Limpopo (UGBL).

▪ Funcionários do Instituto Nacional de Segurança Social de Maputo e Chicualacuala.

▪ Os Governos Distritais de Mapai e Chicualacuala, especialmente os Secretários Permanentes, os directores dos Serviços Distritais de Planeamento e infra-estruturas e comissões distritais de reassentamento pelo seu total apoio durante a implementação do projecto e actividades de campo.

▪ Membros de Organizações Não-Governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que dedicaram seu tempo para serem entrevistados.

▪ Autoridades Tradicionais, líderes comunitários, que ajudaram a SMEC nas várias atividades que estão sendo realizadas na área de estudo do Projecto.

▪ As Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP) que foram entrevistados durante o curso dos estudos e forneceram informações valiosas sobre a área do projecto.

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ÍNDICE

GLOSSÁRIO, ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS .......................................................................................... VI

RESUMO NÃO TÉCNICO ............................................................................................................................1

S.1 Introdução ao Projecto ......................................................................................................1

S.1.1 Finalidade do presente relatório .........................................................................1 S.1.2 Bacia Hidrográfica do Limpopo ...........................................................................1 S.1.3 Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique ............................2 S.1.4 Proponente do Projecto ......................................................................................2 S.1.5 Objectivo da presente Avaliação de Impacto Ambiental e Social (AIAS) ..........3

S.2 Quadro Institucional ..........................................................................................................3

S.2.1 Gestão de recursos hídricos ................................................................................3 S.2.2 Infra-estruturas de Irrigação ...............................................................................4 S.2.3 Infra-estruturas de Energia Eléctrica ...................................................................4

S.3 Implementação do Projecto ..............................................................................................5

S.3.1 Processo de Implementação do Projecto ...........................................................5 S.3.2 Relatório da Avaliação do Impacto Ambiental e Social (AIAS) ..........................6 S.3.3 Implementação do Projecto ................................................................................7

S.4 Justificativa do Projecto ....................................................................................................8 S.5 Quadro Regulamentar .................................................................................................................9

S.5.1 Abordagem Regulamentar ..................................................................................9 S.5.2 Regulamento de Moçambique ............................................................................9 S.5.3 Directrizes Internacionais ................................................................................. 12

S.6 Descrição do Projecto .............................................................................................................. 14

S.6.1 Localização do Projecto .................................................................................... 14 S.6.2 Componentes do Projecto ................................................................................ 14 S.6.3 Operações da Barragem ................................................................................... 16 S.6.4 Construção e custos do Projecto ...................................................................... 16

S.7 Características Biofísicas .......................................................................................................... 17

S.7.1 Uso e Aproveitamento da Terra ....................................................................... 17 S.7.2 Topografia ......................................................................................................... 19 Características visuais da paisagem .............................................................................. 19 S.7.3 Geologia e Solos ................................................................................................ 20 S.7.4 Clima .................................................................................................................. 20 S.7.5 Recursos Hídricos .............................................................................................. 21 S.7.6 Biodiversidade .................................................................................................. 23

S.8 Ambiente Socioeconómico ...................................................................................................... 24

S.8.1 Comunidades Afectadas ................................................................................... 24 S.8.2 Perfil Demográfico ............................................................................................ 26 S.8.3 Sistema de Posse de Terras .............................................................................. 28 S.8.4 Padrões de Uso e Aproveitamento da Terra ................................................... 29 S.8.5 Meios de Subsistência e Fontes de Geração de Rendimentos ........................ 29 S.8.6 Produção e Comercialização / Marketing ........................................................ 31 S.8.7 Posse de bens .................................................................................................... 33

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S.8.8 Serviços Sociais ................................................................................................. 34 S.8.9 Relações de Géneros ........................................................................................ 37 S.8.10 Organizações Não Governamentais / Organização com Base Comunitária ... 38 S.8.11 Património Histórico, Cultural e Propriedade Comum.................................... 38 S.8.12 Turismo ............................................................................................................. 39

S.9 Consulta com as Partes Interessadas ....................................................................................... 39 S.10 Impactos do Projecto ..................................................................................................... 42

S.10.1 Área de Influência do Projecto ......................................................................... 42 S.10.2 Impactos positivos ............................................................................................ 43 S.10.3 Impactos biofísicos ........................................................................................... 44 S.10.4 Impactos Socioeconómicos .............................................................................. 68

S.11 Plano de Gestão Ambiental e Social ....................................................................................... 89 S.12 Conclusão e Recomendações ................................................................................................. 93

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO LIMPOPO .............................................................1 FIGURA 2 BACIA HIDROGRÁFICA DO BAIXO LIMPOPO ........................................................1 FIGURA 3 PROCESSO DE AIA .............................................................................................. 10 FIGURA 4 LOCALIZAÇÃO DA BARRAGEM DE MAPAI ......................................................... 14 FIGURA 5 PEGADA DO PROJECTO ...................................................................................... 15 FIGURA 6 PAREDE DA BARRAGEM E DESCARREGADOR .................................................... 15 FIGURA 7 NÍVEIS OPERACIONAIS DA BARRAGEM ............................................................. 16 FIGURA 8 CRONOGRAMA DE CONSTRUÇÃO ..................................................................... 17 FIGURA 9 USO E APROVEITAMENTO DA TERRA ................................................................ 18 FIGURA 10 DISTRIBUIÇÃO DA FLORA .................................................................................. 23 FIGURA 11 COMUNIDADES AFECTADAS .............................................................................. 26 FIGURA 12 PADRÕES DE USO E APROVEITAMENTO DA TERRA .......................................... 28 FIGURA 13 PADRÕES DE USO E APROVEITAMENTO DA TERRA .......................................... 34 FIGURA 14 TRANSPORTE DA ÁREA DO PROJECTO .............................................................. 36

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 DADOS DO PROPONENTE DO PROJECTO .............................................................3 TABELA 2 PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO .................................................5 TABELA 3 ESTUDOS RELEVANTES .........................................................................................5 TABELA 4 UNIDADES ADMINISTRATIVAS DAS COMUNIDADES DIRECTAMENTE

AFECTADAS ........................................................................................................ 25 TABELA 5 DISTRIBUIÇÃO DAS COMUNIDADES AFECTADAS POR DISTRITO E GÉNERO ..... 25 TABELA 6 RESUMO DAS CONSULTAS ................................................................................ 39 TABELA 7 ÁREA OCUPADA PELO PROJECTO ...................................................................... 42 TABELA 8 AMBIENTAL: RISCO ALTO .................................................................................. 46 TABELA 9 AMBIENTAL: RISCO MÉDIO ............................................................................... 55 TABELA 10 NÚMERO ESTIMADO DE FAMÍLIAS AFECTADAS PELOS DIFERENTES CENÁRIOS

DE NÍVEIS DE ÁGUA ........................................................................................... 68 TABELA 11 SOCIOECONÓMICO: RISCO ALTO ...................................................................... 71 TABELA 12 SOCIOECONÓMICO: RISCO MÉDIO ................................................................... 79 TABELA 13 LISTA DE QUADRO DE PLANOS DE GESTÃO AMBIENTAL .................................. 91 TABELA 14 CÓDIGOS DE PRÁTICAS AMBIENTAIS ................................................................ 91 TABELA 15 CUSTOS PRELIMINARES DO PGAS DA CONSTRUÇÃO ........................................ 92 TABELA 16 CUSTOS PRELIMINARES DO PGAS DA OPERAÇÃO ............................................ 92

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GLOSSÁRIO, ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS

A. GLOSSÁRIO

Termos Descrição

Água de descarga/residual

A água a jusante da central de energia

ARA-Sul O proponente do Projecto.

Área de Influência A Área de Influência refere-se à escala espacial ou física em que o impacto pode ocorrer - não se relaciona com a potencial consequência do impacto.

Área de Influência Directa

Área afectada directamente pela actividade com base nas características físicas, bióticas e socioeconómicas.

Área de Influência Indirecta

Área afectada por actividades ou influências não directamente ligadas ao Projecto mas que são desencadeadas pela presença física do Projecto ou por actividades associadas.

Área do Reservatório A área que é inundada quando o reservatório está ao nível máximo antecipado.

Avaliação de impacto Baseada no género

O processo de avaliação do impacto que uma actividade pode ter nas mulheres e nos homens, e nas relações de género

Biodiversidade A variabilidade entre os organismos vivos - animais, plantas, os seus habitats – a partir de todas as fontes, incluindo os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos, bem como os complexos ecológicos dos quais fazem parte. Isto inclui a diversidade dentro das espécies, entre as espécies e dos ecossistemas.

Central de energia A estrutura física de uma instalação de geração de energia eléctrica.

Consultores de estudos de viabilidade

COBA

Os estudos de pré-viabilidade foram realizados pelo consórcio COBA/ Salomon/ Consultec.

Contrabalanço Os resultados da conservação mensuráveis resultantes de acções destinadas a contrabalançar os impactos adversos residuais significativos na biodiversidade decorrentes de desenvolvimento de projecto após terem sido tomadas as medidas apropriadas de prevenção e mitigação.

Descarregador A estrutura da barragem que é usada para efectuar a vazão de água armazenada no reservatório

DUAT O DUAT ou direito de uso e aproveitamento da terra refere-se ao processo de obtenção do direito de uso de terra em Moçambique.

Entrada (de admissão)

A entrada de uma unidade de turbina numa barragem hidroeléctrica.

Estudos Especializados

Os estudos técnicos realizados por especialistas sobre áreas especificas para efeitos da AIAS (por exemplo, ecologia marinha, aspectos socioeconómicos, etc.)

Estudo de Pré-viabilidade e Definição de Âmbito (EPDA)

Um relatório que se destina a focar a Avaliação do Impacto Ambiental e Social, definindo questões/aspectos-chave relacionados com um vasto número de potenciais preocupações para o estudo a ser realizado no processo da AIA. O relatório normalmente é acompanhado por uma revisão de informações existentes e consulta pública.

Falhas / Riscos Fatais Qualquer factor social ou ambiental que seja tão desfavorável ou grave, que se considerado isoladamente, seria suficientemente importante para ameaçar a viabilidade do projecto ou um aspecto do mesmo. Concretamente, esta característica seria considerada como “impeditiva”.

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Termos Descrição

Fluxo/Caudal Volume de água expressa em metros cúbicos ou metros cúbicos por segundo, que passam por um determinado espaço de tempo.

Fluxos ambientais (caudal ambiental)

Os fluxos ambientais descrevem a quantidade, o período e a qualidade dos fluxos de água necessários para manter os ecossistemas de água doce e estuarina e os meios de subsistência e bem-estar humanos que dependem desses ecossistemas.

Grupo Vulnerável Grupos sociais marginalizados ou empobrecidos com uma capacidade muito baixa de meios para absorver mudanças que incluem, mas não se limitando a mulheres, idosos, crianças e jovens, pessoas com deficiências, pessoas com albinismo.

Impacto Efeito ou consequência de uma acção ou evento; o grau a que o impacto é interpretado como negativo ou positivo depende do contexto e da perspectiva.

Impactos Cumulativos

Impactos que resultam do impacto incremental da actividade proposta em áreas ou em recursos comuns utilizados ou afectados directamente pelos impactos do Projecto, de outros desenvolvimentos existentes, planeados ou razoavelmente definidos na altura de realização do processo de identificação dos riscos e impactos quando adicionados aos impactos de outras actividades passadas, presentes ou num futuro razoavelmente previsível. Podem ocorrer impactos cumulativos derivados dos impactos colectivos de acções menores individuais durante um período de tempo e que podem incluir impactos directos e indirectos.

Impactos Transfronteiriços

Impactos que transcendem as fronteiras nacionais e têm repercussões nos países vizinhos.

LIDAR LIDAR (da sigla em inglês Light Detection and Ranging) é uma tecnologia óptica de detecção remota que mede as propriedades da luz reflectida de modo a obter a distância e/ou outra informação a respeito um determinado objecto distante. O método mais utilizado para determinar a distância a um objecto é a utilização de laser pulsado. A distância a um objecto é determinada medindo a diferença de tempo entre a emissão de um pulso laser e a detecção do sinal reflectido, de forma semelhante à tecnologia do radar, que utiliza ondas de rádio.

Margem direita Lado direito do rio visto por quem está virado na direcção do escoamento

Margem esquerda Lado esquerdo do rio visto por quem está virado na direcção do escoamento

Mecanismos para apresentação de Reclamações

Os processos pelos quais as partes interessadas ou intervenientes podem apresentar as suas preocupações, reclamações e queixas legítimas, bem como os procedimentos do projecto para rastrear e responder a eventuais reclamações.

Meio de subsistência As capacidades, bens ou activos (lojas, recursos, reivindicações e acesso) e actividades requeridas para se obterem os meios de vida.

Padrões de Desempenho da IFC

O Quadro de Sustentabilidade da IFC articula o compromisso estratégico da Corporação em termos do desenvolvimento sustentável e é parte integrante da abordagem da IFC relativamente à gestão de riscos. Os Padrões de Desempenho são direcionados aos clientes, fornecendo orientação sobre como identificar riscos e impactos, e são projectados para ajudar a evitar, mitigar e gerir riscos e impactos como forma de fazer negócios de forma sustentável, incluindo o envolvimento das partes interessadas e as obrigações do cliente no que se relaciona com as actividades a nível do projecto.

Partes Interessadas Refere-se a indivíduos, grupos ou organizações que podem ser directamente afectados pelo Projecto proposto (pessoas afectadas pelo projecto) bem como indivíduos ou organizações que, podem não ser afectados pelo Projecto proposto, mas que representam aqueles afectados ou que têm uma obrigação regulamentar, interesse ou influência no Projecto proposto.

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Termos Descrição

Património Cultural O legado de artefactos físicos e atributos intangíveis de um grupo ou sociedade herdados de gerações passadas, mantidos no presente e concedidos para o benefício das gerações futuras

Plano de Acção para o Reassentamento (PAR)

Um documento ou conjunto de documentos especificamente desenvolvidos para identificar as acções que serão tomadas para proceder ao reassentamento.

Plano de Gestão Um plano de gestão é uma ferramenta usada como referência para gerir uma questão particular de projecto e estabelece o porquê, o quê, como, quem, quanto e quando para essa questão.

Plano de Resposta de Emergência

Plano de Resposta de Emergência para abordar contingências associadas a transtornos de processo e circunstâncias acidentais

Princípios do Equador

Constituem um quadro de gestão de riscos, adoptado por instituições financeiras, para determinar, avaliar e gerir os riscos ambientais e sociais em projectos. O seu principal objectivo é estabelecer um padrão mínimo para a devida diligência para apoiar na tomada responsável de decisões de risco.

Processo de Participação Pública

O processo pelo qual uma organização consulta indivíduos ou organizações e entidades governamentais interessados ou afectados antes de tomar uma decisão.

Reassentamento Todas as perdas económicas e sociais resultantes da obtenção de terra e restrição de acesso, juntamente com as compensações e medidas correctivas consequentes.

Receptores sensíveis Os receptores sensíveis são seres vivos que podem ser afectados negativamente pela exposição, poluição ou contaminação. O termo é frequentemente usado para se referir a locais e áreas ocupadas por pessoas que são mais susceptíveis aos efeitos adversos da exposição a produtos químicos tóxicos, pesticidas e outros poluentes do que a população em geral, por exemplo, hospitais, escolas, creches, fontes de água potável, mas também espécies e habitats sensíveis de plantas e animais. Em geral são tomados cuidados adicionais ao manusear contaminantes e poluentes próximo dos receptores sensíveis porque estes podem ser os primeiros a sentir o impacto de mudanças adversas no seu ambiente.

Serviços dos Ecossistemas

Os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas.

Situação de Referência

Refere-se às condições do pré-projecto, antes do início do projecto, contra as quais as mudanças do projecto podem ser comparadas.

SMEC Consultoria multidisciplinar responsável pelo estudo AIAS e PAR

Sub-estação Uma instalação eléctrica onde a tensão dos circuitos de entrada e de saída é alterada e controlada.

Turbina Um motor rotativo que converte a energia de uma corrente de água, de um fluxo vapor ou de gás em energia mecânica.

WAPCOS Empresa de consultoria em irrigação.

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B. ACRÓNIMOS

Acrónimo Descrição

ACTGL Áreas de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo

AdI Área de Influência

AIA Avaliação de Impacto Ambiental (Termo regulamentar)

AIAS Avaliação do Impacto Ambiental e Social (o mesmo que AIA)

AID Área de Influência Directa

AII Área de Influência Indirecta

ANAC Administração Nacional de Áreas de Conservação

ANE Administração Nacional de Estradas

ARA-Sul Administração Regional de Águas do Sul

AS&S Ambiente, Saúde e Segurança

AWF Facilidade Africana para a Água (do inglês African Water Facility)

BAD Banco Africano de Desenvolvimento

CCP Comité de Coordenação do Programa

CPAs Código de Práticas Ambientais

CMA Consultor de Monitorização e Avaliação

CFM Caminhos de Ferro de Moçambique

CPLO Oficial de Comunicação e Participação Comunitária (do inglês Community Liaison and Participation Officer)

CTR Comissão Técnica de Reassentamento (CTR)

DAP Diâmetro à Altura do Peito

dB(A) Decibéis ponderados em A

DINAB Direcção Nacional do Ambiente

DPTADER Direcção Provincial da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

DUAT Direito de Uso e Aproveitamento da Terra

ECPs Códigos de Prática Ambiental (do inglês Environmental Codes of Practices)

EDM Eletricidade de Moçambique

EP Princípios do Equador (do inglês Equator Principles)

EPC Engenharia, Aquisições e Construção (do inglês Engineering, Procurement and Construction)

EPDA Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito

EPP Equipamento de Protecção Pessoal

ESHSU Unidade Socioambiental e de Saúde e Segurança (do Inglês Environmental, Social, Health and Safety Unit)

FAO Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (do inglês Food and Agriculture Organization of the United Nations)

FIPAG Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água

FMI Fundo Monetário Internacional

GdM Governo de Moçambique

GO Oficial de Reclamações (do Ingles Greavance Officer)

GPS Sistemas de Posicionamento Global (do Inglês Global Positioning Systems)

HICEP Hidráulica do Chókwè, E.P

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

hm3 Hectómetros Cúbicos

hm3/ano Hectómetros Cúbicos Por Ano

IAH Indicadores de Alterações Hidrológicas

IFC Corporação Financeira Internacional (do Inglês International Finance Corporation)

INE Instituto Nacional de Estatística

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Acrónimo Descrição

HPP Central Hidroeléctrica (do inglês Hydro Power Plant)

ITSs Infecções de Transmissão Sexual

LBPTC Comissão Técnica Permanente da Bacia do Limpopo (do inglês Limpopo Basin Permanent Technical Committee)

L&FS Salva-Vidas e Segurança contra Incêndios (do inglês Life and Fire Safety)

LRP Restauração dos Meios de Subsistência (do inglês Livelihood Restoration Plan)

km2 Quilómetros Quadrados

Kv Quilovolts

m metros

MAR Escoamento Médio Anual (do inglês Mean Annual Runoff)

masl Metros acima do nível do mar (do inglês Metres above sea level)

MCA Análise de Critérios Múltiplos (do inglês Multi-Criteria Analysis)

MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural

MLWL Nível Mínimo de Redução de Água (do inglês Minimum Lowering Water Level)

MOPHRH Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos

Mtpa Milhões de toneladas por ano

MVA Mega Volt Ampere

MW Megawatt

NPA Nível de Pleno Armazenamento

NMC Nível Máximo de Cheia

NOx Óxidos de azoto

OMS Organização Mundial de Saúde

ONG Organização Não Governamental

PAASs Procedimentos de Avaliação Ambiental e Social

PAH Agregado Familiar Afectado pelo Projecto (do inglês Project Affected Household)

PAP Pessoas Afectadas pelo Projecto

PAR Plano de Acção para o Reassentamento

PD IFC Padrões de Desempenho da Corporação Financeira Internacional

PGAS Plano de Gestão Ambiental e Social

PGAC Plano de Gestão Ambiental da Construção

PIAC Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas

PIB Produto Interno Bruto

P.O. Política Operacional

PPP Parceria Público Privado

PSIA Avaliação Física Socioeconómica e de Impactos (do inglês Physical Socio-Economic and Impact Assessment)

RAIAS Relatório de Impacto Ambiental e Social

RM Rádio Moçambique

RBL Regadio do Baixo Limpopo

RNT Resumo Não Técnico

SIDA Síndrome de Imunodeficiência Adquirida

SIG Sistemas de Informação Geográfica

SISs Sistemas Integrados de Salvaguardas do Banco Africano de Desenvolvimento

SOs Salvaguardas Operacionais do Banco Africano de Desenvolvimento

SRTM Missão Topográfica Radar Shuttle (do inglês Shuttle Radar Topography Mission)

S&SO Saúde e Segurança Ocupacional

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Acrónimo Descrição

SWOT / FOFA Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças (do inglês Strengths, Weaknesses, Opportunities & Threats)

TDM Telecomunicações de Moçambique

TdR Termos de Referência

TE Eficiência do Colector de Sedimentos (do inglês Trap Efficiency)

TIR Taxa Interna de Retorno

UGBL Unidade de Gestão da Bacia do Limpopo

UGP Unidade de Gestão do Projecto

UICN União Internacional para a Conservação da Natureza

UIP Unidade de Implementação do Projecto

μm Micrómetro

VAL Valor Actual Líquido

ZEE Zona Económica Exclusiva

WCD Comissão Mundial de Barragens (do inglês World Commission on Dams)

WWF Fundo Mundial para Natureza (do inglês World Wildlife Fund)

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RESUMO NÃO TÉCNICO

S.1 Introdução ao Projecto

S.1.1 Finalidade do presente relatório

A Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul) (o Proponente do Projecto), através de financiamento do Banco Africano de Desenvolvimento, contratou os serviços da SMEC Internacional Pty como Consultor Ambiental e Social para realizar uma Avaliação do Impacto Ambiental e Social (AIAS) para o projecto “Criar Resiliência Climática na Bacia do Limpopo” (referido como o ‘Projecto da Barragem de Mapai).

S.1.2 Bacia Hidrográfica do Limpopo

O Rio Limpopo tem a sua nascente na África do Sul e tem uma extensão de cerca de 1.750 km que se estende pelo Botswana, Zimbabwe, África do Sul e Moçambique, desagua no Oceano Índico

O rio tem uma bacia de drenagem de aproximadamente 408.000 quilómetros quadrados abrangindo diferentes zonas climáticas e topográficas, bem como diversos tipos de uso da terra, incluindo centros populacionais, terras de cultivo e áreas naturais, como a Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo. A bacia hidrográfica do rio Limpopo tem aproximadamente 17 milhões de habitantes (African Water Facility 2014), que se projecta venha a aumentar para quase 23 milhões de habitantes até 2040. A população da parte moçambicana da bacia é de aproximadamente 572.000 pessoas (32.000 no troço do Médio-Baixo Limpopo e 540.000 no Baixo Limpopo).

Os troços mais a jusante do rio Limpopo em Moçambique (Figura 2) enfrentam desafios significativos devido ao desenvolvimento intensivo dos recursos hídricos, ao uso da água a montante e a variações e extremos hidrológicos crescentes devido às mudanças climáticas e ao desenvolvimento de sistemas de captação de água. Ao longo das últimas décadas, registou-se um aumento na duração da estação seca, a estação húmida ficou mais curta e a intensidade da chuva aumentou. Os caudais durante a estação seca em Moçambique podem permanecer quase nulos por períodos de até oito meses Figura 2 Bacia Hidrográfica do Baixo Limpopo

Figura 1 Bacia Hidrográfica do Rio Limpopo

AIAS Criar Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique: RNT; Draft; Agosto 2018 2

num ano, enquanto as zonas mais baixas são vulneráveis a inundações devastadoras, que causam a perda de vidas e danos consideráveis aos meios de subsistência, culturas e infra-estruturas.

S.1.3 Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique

O objectivo geral do desenvolvimento do Projecto da Barragem de Mapai é melhorar a resiliência das comunidades às mudanças climáticas, bem como o melhoramento das infra-estruturas e meios de subsistência na região da Bacia do Baixo Limpopo através de uma gestão mais eficaz dos recursos hídricos durante eventos de inundações e de secas. O Projecto combina a mitigação das cheias, o desenvolvimento da irrigação e a produção energética, que dão resposta aos importantes objectivos a nível local, regional e nacional no que se relaciona com a redução dos riscos de inundações, contribuição para a segurança alimentar e aumento na disponibilidade de energia eléctrica no país.

Os beneficiários imediatos do projecto serão a população da província de Gaza na parte moçambicana da bacia do Limpopo, totalizando cerca de 572.000 pessoas (BAD, 2014).

As medidas de resiliência às mudanças climáticas aprovadas pelo Governo de Moçambique (GdM) são:

A construção da Barragem de Mapai, que ficará localizada no Rio Limpopo a aproximadamente 85 quilómetros (km) a sul da fronteira de Pafúri com o Zimbabwe (Consultar a Secção S.6);

A reabilitação e modernização de duas secções do sistema de diques de protecção em Chókwè e Xai-Xai na zona do Baixo Limpopo; e

Medidas secundárias de adaptação que incluem:

o a construção de pequenas barragens / reservatórios escavados;

o a expansão dos sistemas de recolha de águas pluviais; e

o medidas não infra-estruturais.

O GdM está agora a avançar com o desenvolvimento da Barragem de Mapai.

S.1.4 Proponente do Projecto

O proponente do Projecto é a Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul), que é uma agência governamental sob tutela do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos. A agência é responsável pelas bacias hidrográficas no sul de Moçambique, incluindo os rios transfronteiriços de Limpopo e Maputo, que registam com frequência eventos de inundações. A agência está envolvida na gestão de recursos hídricos, operação de barragens e previsão de inundações.

As principais responsabilidades da ARA-Sul estão definidas no artigo 2º dos seus estatutos (Diploma Ministerial n.° 134/93, de 17 de Novembro) e incluem:

A planificação e garantia de disponibilidade bem como a distribuição equilibrada de recursos hídricos (de superfície e subterrâneos).

O controlo do uso e utilização de águas de superfície e subterrâneas, descarga de efluentes e outras actividades que afectam os recursos hídricos.

A concessão de direitos de uso e a imposição de taxas relacionadas.

O desenho, construção e operação de estruturas hidráulicas.

A autorização e inspecção de estruturas hidráulicas.

A prestação de serviços técnicos para o sector público e privado.

AIAS Criar Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique: RNT; Draft; Agosto 2018 3

A recolha e gestão de dados hidrológicos.

A ARA-Sul está dividida em quatro Unidades de Gestão de Bacia. Este projecto é desenvolvido na área sob responsabilidade da Unidade de Gestão da Bacia do Limpopo (UGBL), com sede em Macarretane e representação em Massingir. Os detalhes da ARA-Sul estão apresentados na Tabela 1 seguinte.

Tabela 1 Dados do Proponente do Projecto

Proponente do Projecto Dados

Nome ou organização: Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul)

Endereço: Avenida Samora Machel 30, 7° Andar, CP 4033, Maputo – Moçambique

Telefone: +258 21306729/30

Fax: +257 21306156

Contacto: O Director Geral

Website da Organização: http://www.ara-sul.co.mz/

S.1.5 Objectivo da presente Avaliação de Impacto Ambiental e Social (AIAS)

A presente AIAS visa a obtenção das aprovações necessárias para o desenvolvimento da barragem de Mapai e infra-estruturas associadas (referido como ‘o Projecto’). A AIAS foi elaborada em conformidade com os requisitos regulamentares do GdM, com as salvaguardas estipuladas pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), e com as directrizes internacionais para a avaliação ambiental e social.

A AIAS identifica e avalia os potenciais impactos do Projecto nos receptores ambientais, sociais, culturais e de saúde sensíveis. Neste, são recomendadas medidas de mitigação apropriadas para evitar ou reduzir os impactos para níveis aceitáveis ao GdM e ao BAD.

Será disponibilizado um rascunho ou versão preliminar do relatório da AIAS para avaliação e comentários pelas partes interessadas, e serão realizadas reuniões de Grupos Focais, entrevistas com informantes chave e Consultas Públicas na Área do Projecto; em Chókwè e no Xai-Xai. A finalidade é apresentar os resultados importantes da AIAS é tomar em consideração os comentários das partes interessadas para sua inclusão na AIAS Final. A AIAS será então

apresentada ao Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) para aprovação do Projecto.

S.2 Quadro Institucional

S.2.1 Gestão de recursos hídricos

i) Responsabilidades Internacionais

Como resultado dos acordos transfronteiriços para a gestão do Rio Limpopo, os estados ratificantes tem o compromisso de cumprir com os tratados internacionais visando o desenvolvimento de leis e regulamentos nacionais eficazes em matéria de gestão de recursos hídricos que realçam o acesso comum e o uso dos recursos hídricos.

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ii) Responsabilidades Institucionais Nacionais

A nível nacional, o Governo de Moçambique (GdM), através do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos, concentra-se estrategicamente na manutenção e desenvolvimento de novas infra-estruturas hidráulicas, como é o caso da Barragem de Mapai, aqui proposta, a fim de aumentar a resiliência às mudanças climáticas através da mitigação dos impactos negativos contra as inundações e secas enquanto assegura a disponibilidade de água para ir de encontro às necessidades básicas da população e do desenvolvimento socioeconómico.

a) Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos

Sob tutela do Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos; a Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos é uma instituição a nível central responsável pelas questões relativas a recursos hídricos incluindo a política e estratégias para o desenvolvimento, conservação, uso e utilização dos recursos hídricos nas bacias hidrográficas; assegurar a disponibilidade de água em termos de quantidade e qualidade para usos diferentes; coordenar as acções de cooperação em matéria de recursos hídricos partilhados, assegurar a participação através de órgãos de cooperação em matéria de recursos hídricos; e avaliar a conformidade com os acordos internacionais relativos ao uso conjunto de recursos hídricos.

b) Administração Regional de Águas do Sul de Moçambique

A Administração Regional de Águas (ARA) tem jurisdição sobre a gestão de água e uso sustentável dos recursos hídricos. As ARAs (Norte, Centro e Sul) são instituições sob tutela do MOPHRH, com autonomia financeira e administrativa. As ARAs são responsáveis pela recolha de informação hidrológica, pelo controlo de sistemas de irrigação e cobrança das tarifas de água.

A ARA-Sul tem jurisdição sobre a gestão de água e uso sustentável dos recursos hídricos que abrangem quatro das principais bacias hidrográficas no sul de Moçambique: bacias do Limpopo, Save, Umbelúzi e Incomáti.

A Barragem de Mapai será localizada na bacia do Limpopo. Numa área sob jurisdição da Unidade de Gestão da Bacia do Limpopo’ (UGBL) sedeada em Chókwè, que será directamente responsável pela administração, operação, manutenção e salvaguarda da Barragem de Mapai. A UGBL deve controlar a qualidade da água e qualquer potencial fonte de poluição dentro da área parcialmente protegida em redor do reservatório da barragem.

S.2.2 Infra-estruturas de Irrigação

O Instituto Nacional de Irrigação é uma instituição pública com autonomia técnica e administrativa. É responsável pelas actividades relacionadas com a irrigação e drenagem bem como pela investigação do desenvolvimento de exploração da terra e dos recursos hídricos para fins de agricultura. Este instituto promove a reabilitação, construção, edificação e manutenção das infra-estruturas hidroagrícolas, e pela supervisão de projectos. Também procura estabelecer parcerias público-privadas para a gestão de infra-estruturas hidroagrícolas e assegura a participação nos planos de desenvolvimento relativos a bacias hidrográficas. Este instituto é gerido por um Director Geral proposto pelo Ministério de Agricultura.

S.2.3 Infra-estruturas de Energia Eléctrica

A empresa Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM) é tutelada pelo Ministério de Recursos Minerais e Energia. A EDM é a entidade responsável pelo estabelecimento e operação do serviço público de produção, transporte, distribuição e comercialização de electricidade.

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S.3 Implementação do Projecto

S.3.1 Processo de Implementação do Projecto

O presente relatório está relacionado com a construção e funcionamento da Barragem de Mapai e foi elaborado como parte integrante do processo de Avaliação do Impacto Ambiental e Social (AIAS) do Projecto e em conformidade com o novo Regulamento de AIA n.° 54/2015 (que revogou o Decreto n.° 45/2004 e respectivas alterações), bem como com os requisitos internacionais relativos à definição do âmbito de projectos.

A implementação do projecto segue uma abordagem faseada para permitir a validação dos resultados do projecto e tomada de decisão estratégica associada. A Tabela 2 apresenta um resumo da abordagem em três fases.

Tabela 2 Processo de Implementação do Projecto

Processo de Implementação do Projecto

Fase 1: Avaliação de Pré Viabilidade e Tomada de Decisão:

Examinar opções alternativas para melhorar a resiliência climática na parte Moçambicana da Bacia Hidrográfica do Rio Limpopo. Seleciona a opção preferida.

Fase 2: Estudos de Viabilidade e AIAS:

Preparar projectos preliminares e validar a viabilidade técnica, a viabilidade económica e a salvaguarda ambiental e social da opção selecionada que servirá de base para a Fase 3.

Fase 3: Estratégia de financiamento:

Viabilidade de PPP, mobilização financeira e acordos de parceria para investimentos e operações das infra-estruturas de serviços de utilidade pública de múltiplos usos associados.

Os estudos relevantes estão resumidos na Tabela.

Tabela 3 Estudos relevantes

Estudos relevantes

1. COBA, CONSULTEC & SALOMON

Criar Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique: Estudos de Pré-Viabilidade e de Viabilidade (2016 – 2017)

2. WAPCOS Plano de Desenvolvimento de Irrigação e Plano de Desenvolvimento de Pequenas e Médias Empresas na Cadeia de Agricultura Irrigada (2017)

3. SMEC Estudo de Avaliação do Impacto Ambiental e Social para a Criação de Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique

Relatório EPDA (Relatório de Definição de Âmbito) (2017)

O progresso registado até à data inclui o seguinte:

Os estudos de viabilidade do projecto, que iniciaram em Março de 2016, e incluíram a identificação e avaliação das alternativas do Projecto bem como a selecção de uma opção preferida, investigações ambientais iniciais, estudos técnicos e de engenharia, e o desenho preliminar. Em Outubro de 2017 foi apresentado um relatório rascunho final de viabilidade à ARA-Sul.

Os estudos da AIAS foram iniciados em Janeiro de 2017 e a avaliação inicial identificou as partes interessadas relevantes e as questões ambientais e sociais significativas. É importante referir

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que para a implementação do projecto será necessário o reassentamento involuntário de pessoas e meios de subsistência nas áreas de impacto da construção da barragem. Assim, será necessário elaborar-se, subsequentemente, um Plano de Reassentamento (PAR) em conformidade com a legislação nacional e com os Sistemas Integrados de Salvaguardas (SISs) e Política de Reassentamento Involuntário do Banco Africano de Desenvolvimento, bem como com a Política Operacional 4.12 do Banco Mundial.

Conforme exigido pela legislação nacional realizou-se uma extensiva consulta com as partes interessadas e afectadas e, a 26 de Dezembro de 2017 foi apresentado ao MITADER um ‘Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito’ (EPDA), ou relatório de definição de âmbito e Termos de Referência (TdR). O MITADER aprovou o EPDA e TdR e identificou os requisitos e questões a serem abordados na AIAS.

S.3.2 Relatório da Avaliação do Impacto Ambiental e Social (AIAS)

O Projecto de Resiliência foi classificado pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento

Rural (MITADER) como um projecto de "CATEGORIA A" e uma Avaliação completa do Impacto ambiental e Social (AIAS) deve ser elaborada por consultores independentes para consideração e autorização pelo MITADER.

A fase da AIAS compreende uma série de etapas que avaliam colectivamente a forma pela qual o projecto proposto irá interagir com elementos dos ambientes físicos, biológicos e socioeconómicos, resultando em impactos nos recursos/receptores. Além disso, a fase da AIAS faz uma avaliação sobre as medidas de mitigação necessárias para evitar ou reduzir a magnitude dos impactos associados ao projecto proposto. Com base numa visão equilibrada das vantagens e desvantagens do Projecto, a AIAS faz uma recomendação sobre se o Projecto deve ser autorizado.

A AIAS foi elaborada consoante os termos contidos no Artigo 11º do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental, bem como os requisitos relativos às salvaguardas do BAD e as directrizes internacionais relevantes.

A abordagem da SMEC com relação à execução do trabalho foi conforme indicado a seguir:

1) Efectuar uma revisão minuciosa de estudos anteriores e de outra informação relevante e abordar qualquer défice ou lacunas. Durante esta fase, os técnicos da SMEC efectuaram visitas ao local do projecto e tiveram discussões preliminares com as comunidades locais.

2) Confirmar os requisitos regulamentares nacionais e internacionais bem como as normas de melhores práticas do Banco Mundial e da IFC a serem consideradas durante os estudos ambientais e sociais.

3) Definir a área de estudo do Projecto.

4) Realizar estudos focados nas seguintes questões importantes:

Consulta, Identificação das Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP), e determinação dos seus bens: Consulta com as partes interessadas e identificação das PAP e seus bens potencialmente afectados pelo Projecto. Durante o estudo, foram consultados mais de 50 indivíduos e grupos e preenchidos mais de 2.400 formulários do censo socioeconómico e de bens.

Mapeamento: Verificação da informação em campo e mapeamento da área de estudo. Tal incluiu levantamentos extensos de campo e a compilação de uma base de dados SIG. O mapeamento e georeferenciamento foi finalizado com relação a 21 comunidades potencialmente afectadas, as suas machambas e estruturas dentro da área do Projecto, bem como das pessoas potencialmente afectadas nas áreas de Boane e Moamba como resultado de exploração de pedreiras localizadas nesta área.

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Biodiversidade:. Foram realizados levantamentos terrestres e aquáticos para se adquirir um melhor entendimento da importância dos habitats e da diversidade das espécies. Estes levantamentos incluíram a colocação de armadilhas nos transectos bem como observações visuais, e a amostragem de peixes e de macroinvertebrados ao longo do rio.

Estudos culturais:. Foram realizados levantamentos no local do projecto para determinar a existência de locais com importância arqueológica e de património, incluindo cemitérios potencialmente afectados.

Outra pesquisa realizada no local incidiu sobre a saúde, qualidade da água, ruído e tráfego.

5) A avaliação dos potenciais impactos ambientais e sociais realizou-se da seguinte forma:

Avaliação de impactos: Identificação e avaliação dos potenciais impactos ambientais e sociais relativamente aos regulamentos, padrões e directrizes internacionais e aplicáveis no país. A avaliação de impactos também inclui a identificação de oportunidades para intensificar os impactos benéficos do Projecto e melhorar as oportunidades de desenvolvimento social identificadas.

Medidas de mitigação:Foram desenvolvidas medidas de mitigação tomando em consideração as condições da situação de referência; os constrangimentos identificados; as preocupações e sugestões apresentadas pela comunidade; requisitos do GdM, BAD, IFC e outros requisitos relevantes, bem como o nível de informação para o desenho disponível na altura de elaboração da presente AIAS. A mitigação pode incluir:

o Controlos ambientais (por ex., medidas para a minimização das emissões prejudiciais de ruído, ar, água e de resíduos);

o Optimização do desenho (por ex., reposicionamento da parede da barragem para evitar a área do cemitério);

o Medidas processuais (por ex., estabelecimento de uma comissão de gestão da bacia hidrográfica);

o Evitar / reduzir (por ex., gestão do processo de minimização de água para conservar os recursos hídricos);

o Medidas de compensação (por ex., contrabalanços de biodiversidade); e

o Medidas relativas à programação / prazos (por ex., Definir condições restritivas para a aprovação de actividades de construção durante o período nocturno).

Avaliação do risco: A avaliação do risco foi efectuada para determinar o nível de impacto ‘Residual’ após a mitigação e a aceitabilidade em termos das disposições contidas nos critérios internacionais e nos princípios de sustentabilidade. São então exploradas oportunidades adicionais para a redução de impactos com ‘alto’ risco residual.

6) Após a avaliação de impacto foi elaborado um Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS), que apresenta um quadro com vista a assegurar que o Projecto adira a todos os compromissos apresentados na AIAS. O PGAS estipula como as questões ambientais e sociais serão geridas de forma eficaz, as disposições em matéria de pessoal e um orçamento preliminar para implementar as recomendações da AIAS.

S.3.3 Implementação do Projecto

O Projecto será implementado através das instituições estabelecidas pelo GdM relativamente à prestação de serviços de água e à gestão de recursos hídricos. O Ministério das Obras Públicas, Habitação e Recursos Hídricos através da Direcção Nacional de Gestão de Recursos Hídricos e da Administração Regional de Águas do Sul fará o controlo e acompanhamento da implementação do Projecto.

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A ARA-Sul será a agência principal de implementação e em última instância responsável por assegurar a aderência total aos requisitos regulamentares ambientais e sociais bem como aos padrões de salvaguarda adoptados.

O Projecto irá depender do desenvolvimento de uma base institucional sólida e várias agências governamentais e não governamentais irão também desempenhar funções, incluindo nas fases de pré-planeamento, reassentamento e restauração dos meios de subsistência, construção e operação. Estreita interacção e colaboração é necessária entre as organizações participantes.

S.4 Justificativa do Projecto

Os troços mais a jusante do rio Limpopo em Moçambique enfrentam desafios significativos devido ao desenvolvimento intensivo dos recursos hídricos, ao uso da água a montante e a variações e extremos hidrológicos mais severos devido às mudanças climáticas. Ao longo das últimas décadas, registou-se um aumento na duração da estação seca e redução da estação húmida, onde a intensidade da chuva aumentou. Os caudais durante a estação seca em Moçambique podem permanecer quase nulos por períodos de até oito meses num ano, enquanto as zonas mais baixas são vulneráveis a inundações devastadoras, que causam a perda de vidas e danos consideráveis aos meios de subsistência, culturas e infra-estruturas. As inundações extremas em 2013 causaram a morte de 40 pessoas e afectaram directamente cerca de 250 mil habitantes, dos quais mais de 170 mil pessoas foram deslocadas. Os danos foram estimados na ordem de 250 milhões de dólares norte-americanos (BAD, 2014).

As projecções de mudanças climáticas indicam um declínio na produção agrícola de entre 50% e 90% até 2100 (Midgley et al., 2012) e desequilíbrios significativos na disponibilidade e qualidade de água o que indica que entre 450 a 600 milhões de pessoas em África podem vir a ser afectadas pela falta de acesso a água até 2050 (Midgley et al., 2012).

O Projecto de Resiliência Climática irá providenciar uma resposta adaptativa à variabilidade hidrológica, permitindo assim uma melhor e eficaz gestão dos recursos hídricos durante períodos de seca e inundações. Adicionalmente, o Projecto irá providenciar um fornecimento à rede nacional de até 19 MW de energia e permitir uma expansão significativa de terras para prática de agricultura irrigadada de até 90,000 ha, fixando o potencial agrícola na Bacia do Limpopo em 169,000ha. Os principais beneficiários do projecto serão a população da Província de Gaza na parte moçambicana da bacia do Limpopo, totalizando cerca de 572.000 pessoas (BAD, 2014).

O projecto da Barragem de Mapai na Bacia do Limpopo é consistente com as políticas e quadros estratégicos nacionais de Moçambique, e pode, potencialmente, constituir uma vantagem fundamental para a adaptação aos extremos hidrológicos cada vez mais severos e frequentes e reforço da resiliência climática. O projecto terá efeitos socioeconómicos importantes em Moçambique, em especial na Província de Gaza, através da mitigação dos impactos de inundações e secas extremas, provisão de água para energia hidroeléctrica, irrigação, e outros benefícios multi-funcionais incluindo mecanismos para a partilha de benefícios a nível local e o melhoramento da equidade social (AFW 2014). O Projecto também irá assegurar a gestão e manutenção dos caudais ambientais. O projecto irá contribuir para promover um crescimento verde e inclusivo, em linha com a Estratégia de Longo Prazo do BAD. Também é consistente com a estratégia da AWF 2012-2016 cuja prioridade primária é a preparação de projectos financiáveis de investimento no sector de recursos hídricos (BAD, 2014).

A construção de um reservatório de grande capacidade de armazenamento no Rio Limpopo constitui uma medida de adaptação à resiliência que poderá contribuir para a gestão efectivamente dos regimes de cheias e de secas, e melhorar os meios e subsistência através do melhoramento na segurança alimentar, geração de energia eléctrica e desenvolvimento económico. Para maximizar

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este potencial foi feita uma avaliação detalhada de opções alternativas em termos do reservatório, bem como medidas complementares de adaptação, integrada nos estudos de pré-viabilidade, com o objectivo de identificar a alternativas que melhor maximizem esse potencial, e posteriormente na fase de estudo de viabilidade foi avaliada a sua viabilidade técnica, económica e financeira. Para complementar estes estudos é realizada esta avaliação dos impactos ambientas e sociais do principal empreendimento da alternativa selecionada, a barragem de Mapai.

S.5 Quadro Regulamentar

S.5.1 Abordagem Regulamentar

ARA-Sul está comprometida em assegurar que o Projecto incorpore as melhores práticas internacionais e seja executado em conformidade com os regulamentos do GdM e dos tratados e convenções internacionais aos quais Moçambique é signatário. O estudo da AIAS foi implementado em conformidade com as leis e políticas vigentes em Moçambique bem como em cumprimento dos requisitos de salvaguarda estipulados pelo BAD e pelas directrizes e políticas internacionais. Apresenta-se a seguir um resumo do quadro regulamentar vigente e considerado no estudo.

S.5.2 Regulamento de Moçambique

i) Governação para projectos de grandes infra-estruturas

A Constituição da República de Moçambique (2004) e a Política Nacional do Ambiente (Resolução n.° 5/1995) formam a base legal para o desenvolvimento de infra-estruturas de grande escala como é o caso da proposta de Barragem Multifuncional de Mapai. Estes, providenciam o quadro para a protecção de recursos naturais e o desenvolvimento sustentável de Moçambique através de um compromisso aceitável e realista entre o desenvolvimento socioeconómico e a protecção ambiental.

Os regulamentos, convenções e tratados internacionais aos quais Moçambique é signatário providenciam padrões e directrizes sustentáveis adicionais para o estudo da AIA do presente Projecto.

ii) Aprovação do Processo

O processo de Avaliação do Impacto Ambiental (AIA) está alinhado com os requisitos regulamentares estabelecidos no ‘Regulamento sobre o Processo de Avaliação Ambiental aprovado pelo Decreto n.° 54/2015 de 31 de Dezembro”. O Projecto da Barragem de Mapai foi classificado pelo

Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) através da sua Direcção Provincial de Gaza (DPTADER-Gaza) como um projecto de "CATEGORIA A" para o qual deve ser elaborada uma Avaliação completa do Impacto Ambiental e Social (AIAS). Como referido acima, o processo da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) está alinhado com as obrigações legais e políticas nacionais e internacionais, tais como as directrizes do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e outras directrizes internacionais relevantes.

O objectivo geral da AIAS é identificar e avaliar possíveis impactos ambientais e sociais associados ao ciclo de vida do Projecto, a fim de informar a tomada de decisão pelo MITADER. O processo da AIAS está dividido em quatro fases distintas, nomeadamente:

1. Pré-Avaliação da AIA – Instrução do Processo;

2. Pré-Viabilidade ambiental e Definição de Âmbito;

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3. Avaliação do Impacto Ambiental e Social; e

4. Planos de Gestão Ambiental e Social.

A Figura 3 ilustra uma panorâmica geral do processo da AIAS.

A AIAS foi elaborada consoante os termos contidos no Artigo 11º do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental, bem como o Decreto Ministerial n.° 129/2006 e o Decreto n.° 130/2006, que define a Participação Pública como uma parte integral da AIAS.

Para além disso, foi elaborado um Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) em conformidade com o Artigo 12 º do Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambiental.

iii) Recursos Hídricos

A Lei de Águas (1991) e a Política Nacional de Águas (2007) constituem os principais regulamentos que regem os recursos hídricos. Com base nos princípios de sustentabilidade ambiental a Lei de Águas determina que os recursos hídricos correspondem ao domínio público, os princípios de gestão da água, a necessidade de um inventário de todos os recursos hídricos que existem no país, o regime geral para o seu uso, os direitos gerais dos utilizadores e as obrigações correspondentes, entre outros itens. Esta lei é fundamental na justificação da proposta Barragem Multifuncional de Mapai para a mitigação de inundações, irrigação e a geração de energia eléctrica.

A Regulamentação do Uso e Exploração de Reservatórios e Lagos visa o uso e exploração dos reservatórios e lagos. Este regulamento recentemente aprovado estabelece o regime legal para o uso e utilização de reservatórios e lagos, incluindo as suas respectivas áreas de intervenção. Também inclui as disposições relativas a uma zona de protecção, que é determinada como sendo uma faixa com o mínimo de 350 m medidos do perímetro do reservatório no seu nível de máxima cheia.

Outros regulamentos sobre os recursos hídricos estão relacionados com a gestão da água, a qualidade da água e a emissão de licenças.

iv) Terras

A Lei de Terra (1997), o Regulamento da Lei de Terras (1998) e a Política Nacional da Terra (1995) regula estabelecimento, exercício, modificação, transmissão e cessação de direitos para o uso e aproveitamento de terras. Estabelece como princípio fundamental o uso sustentável dos recursos naturais para garantir a qualidade de vida das gerações actuais e futuras, garantindo que as zonas de protecção parcial e total mantenham a qualidade ambiental e os fins especiais para os quais foram estabelecidos. Outras leis de terras estabelecem zonas de protecção e os requisitos para assegurar a protecção da terra e das suas qualidades ambientais.

A Lei de Ordenamento Territorial (2007) prevê a definição e o cálculo de uma compensação justa e fornece orientação para situações em que os direitos dos cidadãos sejam afectados por

Figura 3 Processo de AIA

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expropriação ou Direitos de Passagem. A lei prevê a compensação da perda de bens tangíveis e intangíveis; ruptura da coesão social e perda de bens de produção. O regulamento exige uma compensação justa a ser paga antes da transferência de propriedade ou expropriação.

v) Aspectos Ambientais e Sociais

A Lei do Ambiente (Decreto n.º 20/1997) estabelece o quadro institucional básico para protecção ambiental; estabelecendo uma norma geral que proíbe todas as actividades que causam danos ambientais que excedam os limites legalmente definidos (a poluição, em particular); definindo normas especiais para proteger o ambiente (protegendo a biodiversidade, em particular); estabelecendo um conjunto de instrumentos de gestão ambiental (a licença ambiental, o processo de avaliação do Impacto ambiental e a auditoria ambiental); e descrevendo a inspecção do sistema, infracções e penalizações por incumprimento.

Outras leis ambientais estão relacionadas com as zonas de protecção (como o Parque Nacional do Limpopo), protecção das florestas e da pesca, biodiversidade e conservação, controlo de espécies invasoras, e gestão de recursos hídricos e resíduos. O Regulamento sobre a Qualidade Ambiental e Normas de Emissão (Decreto n.º 18/2004) está relacionado com os padrões de qualidade ambiental para o ar, água e solo, enquanto as leis adicionais estão relacionadas com a auditoria e aderência das organizações aos requisitos de protecção ambiental.

Outras leis relacionadas com o Projecto abrangem a gestão de mão-de-obra, oportunidade igual, electricidade e transporte.

vi) Reassentamento

O desenvolvimento da barragem de Mapai irá exigir a relocalização de 1 647 agregados familiares e de aproximadamente 7 576 Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP). O Regulamento sobre o Processo de Reassentamento resultante de Actividades Económicas (2012) estabelece as regras e princípios básicos sobre o processo de reassentamento com o objectivo de proporcionar a oportunidade de melhorar a qualidade de vida dos agregados familiares afectados. O Decreto também determina que um Plano de Acção de Reassentamento (PAR) deve ser concluído a tempo para ser apresentado ao MITADER juntamente com o Relatório de AIA.

Em Setembro de 2014 foram publicados dois instrumentos legais relacionados com o reassentamento:

1) O Diploma Ministerial n.° 155/2014 estabelece as Regras Internas para o funcionamento da Comissão Técnica de Acompanhamento e Supervisão do Processo de Reassentamento; e

2) O Diploma Ministerial n.° 156/2014 de 19 de Setembro constitui a Directiva Técnica do Processo de Elaboração e Implementação dos Planos de Reassentamento e descreve os processos a serem seguidos em cada uma das três fases do processo de reassentamento.

A Fase 1 (levantamento físico e socioeconómico) coincide com a preparação do estudo do impacto ambiental para o Projecto e inclui o inventário e a descrição de pessoas e bens potencialmente afectados, a definição dos possíveis impactos económicos e sociais, as medidas de reassentamento e compensação, a identificação de locais alternativos para o reassentamento, consultas com a comunidade e medidas de participação comunitária, mecanismo para a resolução de reclamações, e a definição das fases para a preparação do plano de reassentamento (Fase 2).

A Fase 2 é a fase de preparação do plano detalhado de reassentamento que inicia após a finalização do relatório sobre a Fase 1 e na altura em que o desenho final do Projecto é conhecido. Esta inclui, entre outras coisas, a actualização do recenseamento da população e um inventário dos bens; a realização e estudos detalhados sobre áreas selecionadas de reassentamento e comunidades hospedeiras (após aprovação das zonas pelo Governo Distrital); a preparação de Projectos Detalhados e de Projectos Executivos para os povoados

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de reassentamento, detalhe das habitações e infra-estruturas sociais; e as directrizes para o desenvolvimento de planos comunitários.

A Fase 3 (implementação do plano de acção para o reassentamento) providencia a definição dos mecanismos institucionais para a implementação do Projecto, a elaboração de um calendário de implementação e, entre outras acções, a determinação do orçamento para a implementação.

O Decreto Ministerial (2014) que contém a Directiva Técnica para a Elaboração e Implementação do Processo de Planeamento do Reassentamento (2014) esclarece e expande as disposições do Regulamento sobre o Processo de Reassentamento Resultante de Actividades Económicas, recomendando o faseamento do processo e a apresentação de informação exacta para cada uma das três fases recomendadas.

Conforme prescrito por lei, durante o processo de reassentamento deve realizar-se um processo de consulta pública robusto, que também exige pelo menos quatro reuniões de consulta pública associadas com o processo de reassentamento.

vii) Património Cultural

A Lei da Terra (1988) prevê a protecção legal do património cultural material e não material de Moçambique, como monumentos, complexos de construção, edifícios de importância histórica, locais artísticos ou científicos importantes e elementos naturais de especial interesse estético ou científico. Outros regulamentos abrangem a protecção e gestão dos recursos culturais.

viii) Mudanças Climáticas

A Estratégia Nacional de Mudanças Climáticas para o período entre 2013 e 2025 visa reduzir a vulnerabilidade às mudanças climáticas e melhorar as condições de vida do povo moçambicano. Propõe a adaptação às mudanças climáticas e medidas de redução do risco de desastres, centrando-se paralelamente na mitigação visando o desenvolvimento com baixa emissão de carbono. A estratégia Nacional de Mudanças Climáticas está estruturada em torno de três pilares principais: (i) a adaptação e gestão de riscos climáticos; (ii) a mitigação e desenvolvimento de baixo carbono (iii) acções transversais chaves. Estas incluem a reforma institucional e legal para mudanças climáticas, pesquisa e observação sistemática, e capacitação e transferência de tecnologia.

A estratégia acima referida esta associada a outra iniciativa traduzida em Português por ‘Contribuição Nacional Determinada e Pretendida’ (na sigla em Inglês - INDC) de Moçambique para a redução dos gases de efeito de estufa no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC). A INDC estabelece a visão, metas, mecanismos e necessidades para Moçambique implementar a estratégia de mudanças climáticas e contribuir para a UNFCCC.

Outros planos relacionados referem-se a objectivos específicos adoptados pelos distritos de Mapai e de Chicualacuala. Os objectivos incluem o aumento da resiliência da agricultura e do gado, comércio sustentável e uso de recursos florestais, fortalecer a capacidade institucional e promover o ecoturismo. A Estratégia de Género, Ambiente e Mudanças Climáticas está relacionada com a qualidade de vida das mulheres e das comunidades através da mitigação e adaptação às mudanças climáticas e uso sustentável de recursos naturais.

S.5.3 Directrizes Internacionais

O proposto Projecto da barragem de Mapai cumprirá as Salvaguardas do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e, na medida do possível, irá incorporar outras directrizes internacionais tais como os Princípios do Equador e as políticas ambientais e sociais da Corporação Financeira Internacional (IFC) 2012. Estas políticas fornecem uma estrutura de referência para instituições de crédito visadas à revisão dos riscos ambientais, sociais e de saúde de projectos, particularmente os realizados em países em desenvolvimento.

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i) Convenções Internacionais

O Projecto é obrigado a assegurar que suas operações cumpram as convenções internacionais a que o Governo de Moçambique é signatário. Estas incluem Convenções relacionadas com a qualidade do ar, habitats e Diversidade Biológica, bem como o Património Cultural.

ii) Sistemas Integrados de Salvaguardas do Banco Africano de Desenvolvimento

O BAD desenvolveu Sistemas Integrados de Salvaguardas (SISs) para actualizar as suas políticas de salvaguardas e consolidá-las num conjunto de Salvaguardas Operacionais (SOs) suportadas por Notas de Orientação relativas aos Procedimentos de Avaliação Ambiental e Social revistos (PAAS) e à Avaliação Integrada do Impacto Social e Ambiental (AIIAS). Os SISs que podem ser activados pelo Projecto são descritos a seguir:

Salvaguarda Operacional 1: Avaliação ambiental e social

Salvaguarda Operacional 2: Aquisição de terras de reassentamento involuntário, deslocamento de população e compensação

Salvaguarda Operacional 3: Biodiversidade e serviços de ecossistemas

Salvaguarda Operacional 4: Prevenção e controlo de poluição, de materiais perigosos e eficiência de recursos.

Salvaguarda Operacional 5: Condições de trabalho, saúde e segurança

iii) Princípios do Equador e Padrões de Desempenho da IFC

A Corporação Financeira Internacional (IFC) é membro do Grupo Banco Mundial, providenciando aconselhamento financeiro e em desenvolvimento para empreendimentos e projectos do sector privado em países em desenvolvimento. Os seus Padrões de Desempenho providenciam indicadores de referência para identificar e gerir riscos ambientais e sociais.

iv) Políticas Operacionais do Grupo Banco Mundial

Os projectos e actividades financiados pelo Banco Mundial são regidos por Políticas Operacionais concebidos para garantir que os projectos sejam económica, financeira, social e ambientalmente sólidos. No caso de projectos que não procuram financiamento do Banco Mundial, as suas políticas e procedimentos servem como padrões relevantes de boas práticas internacionais.

v) Comissão Mundial de Barragens

A Comissão Mundial de Barragens adoptou valores fundamentais para a tomada de decisões que estão organizados em cinco temas ou categorias principais: equidade, eficiência, tomada de decisão participativa, sustentabilidade e responsabilização. Estes temas providenciam os testes essenciais que devem ser aplicados às decisões relacionadas ao desenvolvimento de água e energia para melhorar os processos de tomada de decisão que proporcionam melhores resultados para todas as partes interessadas.

vi) Protocolos da SADC

Cursos de Água Partilhados

O Protocolo da SADC sobre Águas Partilhadas tem como objectivo promover uma cooperação mais estreita na gestão, protecção e utilização sensata, sustentável e coordenada de cursos de água partilhados e para promover a agenda da SADC de integração regional e redução de pobreza.

Género e Desenvolvimento

O Protocolo da SADC sobre Género e Desenvolvimento tem como objectivo proporcionar o empoderamento das mulheres, eliminar a discriminação e alcançar a igualdade de género através do

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desenvolvimento e implementação de legislação, políticas, programas e projectos sensíveis ao género.

S.6 Descrição do Projecto

S.6.1 Localização do Projecto

A proposta Barragem de Mapai será localizada no Rio Limpopo perto de Mapai, a aproximadamente 85 quilómetros (km) a jusante da fronteira de Pafúri com o Zimbabwe (Figura 4). Esta área está integrada na Área Transfronteiriça do Grande Limpopo (ATGL), que abrange as áreas de conservação do Parque Nacional Kruger (África do Sul), do Parque Nacional Gonarezhou (Zimbabwe), dos Parques Nacionais de Limpopo e Banhine na Província de Gaza, e do Parque Nacional de Zinave na Província de Inhambane. Na proximidade da área do Projecto estão o Parque Nacional do Limpopo no lado oeste do rio Limpopo, e o Parque Nacional de Banhine, localizado a sudeste.

A área de estudo incere-se nos distritos de Chicualacuala e Mapai, na província de Gaza, como ilustrado na Figura 4. Os centros populacionais distritais nas proximidades incluem Mapai e Chicualacuala a leste e Pafúri a noroeste. A estrada nacional N221 e a linha férrea (Linha do Limpopo) estão localizadas a leste da área do Projecto, e constituem uma ligação importante entre Moçambique e o Zimbabwe. A estrada principal N222 estende-se num sentido sudeste, vindo de Mapinhane passando por Mapai, seguindo até ao ponto de cruzamento por batelão do Rio Limpopo, e continua então num sentido norte até à fronteira com sul-africana em a Pafúri junto ao Parque Nacional Kruger.

S.6.2 Componentes do Projecto

A barragem multifuncional de Mapai foi projectada para permitir uma melhor gestão de eventos de cheias e secas na zona do Baixo Limpopo, garantindo o abastecimento, simultâneo, de água para fins de irrigação, uso doméstico e industrial, abeberamento do gado e outros fins. trata-se de uma barragem de aterro, zonada, que se desenvolve numa extensão de 3.17 km e uma altura de 52.0 m, com uma área máxima do reservatório de 349.9 km2 e uma capacidade de armazenamento de 6837 hm3 definidas para satisfazer, em grande medida, a capacidade de armazenamento necessária para alcançar cada um dos objectivos indicados acima. Adicionalmente, no pé da barragem ficará

Figura 4 Localização da barragem de Mapai

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localizada uma central de energia eléctrica (na sigla em inglês – HPP) com uma potência máxima de 19 Megawatts (MW) para injecção de energia à rede local.

O projecto é mostrado na Figura 5 na qual se mostra que será adicionalmente mantida uma zona de exclusão de 350 m em redor do perímetro do Nível Máximo de Cheia (NMC) 50 anos, que é equivalente a uma elevação de 169 metros acima do nível do mar (masl).

O projecto também irá incluir infra-estruturas auxiliares, descritas sumariamente abaixo:

Uma linha de transmissão de 31 km entre a central de energia eléctrica e uma subestação eléctrica localizada perto de Mapai;

Uma estrada de acesso para a barragem com uma extensão de 28 km entre a barragem e a Estrada N221; e

O realinhamento de 61.1 km da Estrada N222 no lado ocidental do reservatório proposto, de forma que a estrada esteja alinhada fora da zona de exclusão do reservatório.

Adicionalmente, a Autoridade Nacional das Áreas de Conservação (ANAC) solicitou que a ARA-Sul protegesse a comunidade de Salane, que está localizada dentro da zona de protecção do Parque Nacional do Limpopo no lado ocidental do reservatório proposto. Parte desta comunidade está localizada dentro da área de inundação proposta e será construído um dique com 2.3 km de extensão e quatro metros de altura para proteger as propriedades e infra-estruturas de inundações.

O desenvolvimento da barragem e do reservatório propostos pode impactar directamente em

Figura 5 Pegada do Projecto

Figura 6 Parede da barragem e descarregador

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aproximadamente 2 435 agregados familiares e 1069 pessoas afectadas pelo projecto (PAP). Destes, aproximadamente 1 647 agregados familiares (7 576 pessoas) necessitarão de ser transferidos. Um relatório separado do levantamento físico e socioeconomico das pessoas afectadas, correspondendo a fase 1 do Plano de Ação de Reassentamento (RAP), fornece detalhes sobre os requisitos de compensação e realocação, que exigirão um planeamento cuidadoso e diligência para um desenvolvimento das fases subsequentes e sua implementação bem-sucedida.

S.6.3 Operações da Barragem

A estrutura da barragem e do descarregador são projectados de forma a acomodar um evento de inundações de 5000 anos sem comprometer a integridade estrutural da barragem. Os caudais ambientais a jusante serão mantidos de forma a constituírem pelo menos aproximadamente 30% do escoamento anual médio natural. A barragem funcionará de forma a:

Gerir, de modo eficaz, um evento de inundações de 50 anos sem causar uma inundação severa a jusante, enquanto as estruturas da barragem e do descarregador são projectadas para acomodar um evento de inundações de 5000 anos sem comprometer a integridade estrutural da barragem. Tal irá proteger os centros populacionais e áreas agrícolas a jusante, em particular nas regiões de Chókwè e de Xai-Xai.

Regular os fluxos do rio para o abastecimento de água para usos multifuncionais, nomeadamente para o consumo humano e animal, e para fins industriais e de irrigação.

Geração de energia hidroeléctrica (até 19 MW) como uso secundário da água.

Manutenção dos fluxos ambientais para assegurar a integridade das condições médias do caudal do rio e providenciar resiliência a secas induzidas por mudanças climáticas.

S.6.4 Construção e custos do Projecto O programa de construção está previsto para cinco anos, incluindo a construção da barragem, da central hidroeléctrica e das infra-estruturas associadas. Os principais aspectos que afetam a fase de construção incluem a dimensão de cada obra, faseamento da construção, fases de desvio do rio e as estações do ano. Os principais trabalhos de construção incluem trabalhos de escavação, aterro e concreto.

Figura 7 Níveis Operacionais da Barragem

AIAS Criar Resiliência Climática na Bacia do Limpopo em Moçambique: RNT; Draft; Agosto 2018 17

Figura 8 Cronograma de construção

Prevê-se que a construção leve aproximadamente cinco anos. Segundo as estimativas o custo total de implementação é de 1.167 Biliões de USD com um custo operacional estimado em 2.6 Milhões de USD.

S.7 Características Biofísicas

S.7.1 Uso e Aproveitamento da Terra

O Complexo da Bacia do Rio Limpopo constitui uma das três principais regiões da Província de Gaza e abrange os distritos de Chókwè, Guijá e Chibuto, bem como as áreas menores dos distritos de Bilene, Xai-Xai e Mandlakazi. Um dos factores que distinguem o Complexo da Bacia do Rio Limpopo de outras áreas na região sul de Moçambique é o seu potencial elevado para a produção agrícola em combinação com uma forte vulnerabilidade a inundações. Esta região é caracterizada por duas estações de plantio (e em alguns casos três) e por solos aluviais ricos.

No entanto, a metade norte de Gaza nos distritos secos em redor dos distritos de Maputo e de Chicualacuala tipicamente só têm uma estação única de plantio, solos fracos e um baixo nível de chuvas. Fora dos parques nacionais esta área tem sido severamente influenciada por actividades antropogénicas que resultaram numa degradação significativa dos recursos naturais. Para além das actividades de uso da terra para fins de culturas e de pastagem de gado outras actividades incluem a recolha ilegal de madeira e o extenso desmatamento da terra para o estabelecimento de assentamentos populacionais.

O uso regional da terra em redor da área do Projecto está ilustrado na Figura 9 e consiste no indicado a seguir:

O Parque Nacional do Limpopo (PNL) estende-se para oeste da área do Projecto abrangendo uma vasta planície de inundação e é constituído por áreas florestais naturais, mais especificamente pela floresta de mopane Colophospermum, a floresta densa Androstachys johnhsonii e a floresta decídua aberta. Adjacente ao Rio Limpopo está a zona tampão do PNL, que inclui várias comunidades populacionais, que estão localizadas na sua maioria perto do rio. A zona tampão

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tem sido alvo de uma extensa degradação devido ao estabelecimento de assentamentos, desmatamento, cultivo e pastagem de gado.

O lado leste do Rio Limpopo é caracterizado por uma escarpa, que se eleva numa planície plana que se estende até Mapai e para além desta área. A planície de inundação junto do rio tem extensos assentamentos populacionais e a maior parte desta área está influenciada por actividades humanas incluindo o cultivo, pastagem de gado e desmatamento de terras. A escarpa forma a divisão da bacia hidrográfica e numa direcção mais para leste esta área está dominada por matagais decíduos e florestas decíduas abertas e florestas decíduas densas. Da mesma forma, estas áreas naturais foram alvo de uma degradação significativa devido aos assentamentos e actividades relacionadas.

A área do Projecto abrange uma extensão de aproximadamente 496,22 km2 conforme indicado a seguir:

A maior parte desta área (350,35 km2) é constituída por habitats naturais, que consistem de sete comunidades de vegetação identificadas. Destes habitats, quatro são comunidades dominantes (73 %), que são: floresta perene aberta, floresta decídua aberta, floresta de Colophospermum mopane e áreas de pradarias. Outras comunidades incluem a floresta ribeirinha, a floresta densa de Androstachys Johnsonii, a floresta decídua densa e áreas de pradarias. Estas áreas estão também num estado muito degradado devido aos assentamentos e actividades relacionadas

As áreas de cultivo ou machambas abrangem aproximadamente 15 km2 da área do Projecto, das quais a maior parte está localizada perto do rio na margem esquerda da planície de inundação. Na sua maioria, as áreas adicionais foram alvo de desmatamento da vegetação natural.

Existem 21 comunidades que estão completa ou parcialmente localizadas na área do projecto. Destas comunidades, 12 estão localizadas na margem esquerda e oito comunidades na margem direita. As comunidades estão bastante dispersas e são constituídas por propriedades rurais e outras estruturas relacionadas como é o caso de currais / cercas para animais, alpendres e latrinas. Algumas destas comunidades contrariamente as outras, têm serviços públicos como

Figura 9 Uso e Aproveitamento da Terra

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escolas primárias e centros de saúde. Os levantamentos efectuados indicam um número total de 2 435 agregados familiars e 10 696 pessoas que vivem em 21 comunidades.

As infra-estruturas incluem a estada principal N222, que se estende deste Mapai até uma travessia por batelão no Rio Limpopo, e então ao longo da margem direita até Pafúri perto da fronteira com a África do Sul. Existem várias estradas vicinais na margem esquerda que ligam as comunidades.

As características do local do Projecto estão resumidas a seguir:

S.7.2 Topografia

A área que compreende a bacia do Rio Limpopo é basicamente constituída por um relevo ondulante de planícies, pontuada por cadeias de colinas e de montanhas. A topografia varia de entre uma altitude de mais de 2 000 metros acima do nível médio das águas do mar (masl) nas regiões montanhosas da África do Sul até às vastas planícies de inundação na parte moçambicana das bacias hidrográficas.

O Projecto ficará localizado numa área onde o vale do Rio Limpopo é relativamente aberto, com um leito mais reduzido que varia entre os 100 e 300 metros de largura.

O rio tem uma planície de inundação com uma largura variável entre 1.000 e 1500m, que é delimitada pelas colinas a leste (Margem Esquerda - Foto 1) e por uma vasta planície a oeste (Margem Direita – Foto 2). Na margem esquerda existe uma planície de inundação estreita que é delimitada por colinas de rocha calcária com uma altitude de até 200 metros acima do nível médio das águas (masl). Estas colinas estendem-se paralelamente ao rio a uma distância de entre 100 a 500 metros do rio. A margem direita do rio fica localizada na zona tampão do Parque Nacional do Limpopo (PNL) e compreende uma planície de inundação com uma largura que atinge 1.500 m. A planície de inundação é delimitada por areias vermelhas de baixo-relevo que se estendem num sentido oeste por uma extensão de aproximadamente 5 km.

Características visuais da paisagem A paisagem é caracterizada por uma topografia plana a suavemente ondulada, com vales e planaltos de baixa declividade e altitude. A área a ser ocupada pelo reservatório e infra-estruturas associadas compreende um mosaico de vegetação variada. A paisagem varia de acordo com a estação e principalmente se o rio Limpopo está em caudal pleno ou quase seco, sendo possível a travessia a pé. Uma grande parte da área foi usada para fins agrícolas ou foi severamente degradada devido ao

Foto 1 Localização da barragem: olhando a partir da Margem

Direita em direcção a leste para além do Rio Limpopo até à Margem Esquerda

Foto 2 Localização da barragem: olhando a partir da

Margem esquerda em direcção a oeste

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desmatamento, pastorícia e outras actividades das comunidades, incluindo na área tampão do Parque Nacional do Limpopo, que também é ocupada pelas comunidades locais. As áreas residenciais localizam-se principalmente nas terras altas, na planície arenosa e perto das margens do rio Limpopo. Não há electricidade ou iluminação na área a ser ocupada pela barragem ou nas proximidades, além das fontes de iluminação de pequeno alcance usadas pelas comunidades. O carácter da paisagem reflecte o valor da herança cultural da área, bem como a importância que as comunidades locais atribuem a características específicas, como árvores e lagoas sagradas, entre outras. A partir da área do projecto, as vistas rurais panorâmicas estendem-se até onde os olhos podem ver ao longo do rio Limpopo, oferecendo uma paisagem tranquila e pacífica.

Apesar da influência do homem na paisagem, a área de estudo tem uma alta qualidade visual e um forte senso de lugar. As comunidades que residem na área, os que transitam pela EN222 e os turistas são os principais receptores visuais

S.7.3 Geologia e Solos

A área do Projecto é um vale plano assimétrico com pequenas colinas ao longo da margem esquerda do rio. Em geral, a base ao longo do Rio Limpopo é formada por arenitos conglomeráticos de cor esbranquiçada sobrepostos por depósitos coluviais / aluviais. A margem esquerda possui uma cobertura constituída por vegetação densa e apresenta um nível alto de desgaste superficial do material rochoso. Nos níveis mais elevados da margem esquerda existe um planalto constituído por rochas sedimentárias conglomeráticas com uma espessura de aproximadamente 1.5-2.0 m. Esta é uma formação litológica constituída por fragmentos rochosos de natureza rochosa, em geral arredondada, cercada por um cimento de natureza carbonata. Também foram observadas estratificações de natureza siltosa-argilosa de cor avermelhada. Na margem direita do rio, a cobertura da base de arenito é relativamente mais espessa, o que reflecte um declive menos íngreme. A parte central do vale do Rio Limpopo é caracterizada por depósitos aluviais.

Os solos são derivados de um leito de arenitos sedimentares (formação de Mapai) e são altamente influenciados pela dinâmica fluvial do Rio Limpopo. Os dois tipos de solos predominantes são:

Fluvissolos (FS): Estes solos abrangem a maior parte da área de estudo incluindo as áreas propostas para a barragem e para o reservatório. Estes solos são predominantemente formados por sedimentos à base de água e estão associados com rios e planícies de inundação. A profundidade do solo é muitas vezes superior a 100 cm constituem terras aráveis adequadas (culturas anuais e pomares) e muitos são usados como terras de pasto. Os fluvissolos são classificados como tendo uma capacidade reduzida de erosão.

Cambissolos (WK): Estes solos ocorrem mais afastados do rio e em geral estão localizados dentro da proposta zona de exclusão de 350 metros. São solos que se encontram na fase inicial (incipiente) de formação de solos. A profundidade é tipicamente inferior a 100 cm e são propensos à erosão. Estes solos usados para a agricultura e pastagem; no entanto são menos produtivos do que os Fluvissolos devido a serem solos de pouca profundidade e com carácter pedregoso.

S.7.4 Clima

Pluviosidade: A Bacia do Rio Limpopo é influenciada pela distribuição altamente sazonal de chuvas na área da bacia hidrográfica. Cerca de 95 % das chuvas ocorrem entre Outubro e Abril com a média dos picos totais mensais a registarem-se em Fevereiro. A pluviosidade na área do Projecto caracteriza-se como sendo das mais inferiores (área mais seca) nesta região., com uma média anual de aproximadamente 500 mm/ano e variando desde menos de 10 mm/mês durante os meses de Inverno a aproximadamente 120 mm/mês durante o Verão.

Temperatura e evapotranspiração: A área do projecto pode ser caracterizada como tendo um clima húmido tropical, onde as temperaturas mais altas ocorrem em Dezembro e Janeiro

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registando aproximadamente 26oC, e um mínimo de aproximadamente 18oC, em Junho e Julho. Devido ao baixo teor de humidade e às temperaturas altas, a evaporação constitui um factor significativo do clima com taxas médias até cerca de 2.000 mm/ano. A elevada evapotranspiração, acompanhada por temperaturas altas fazem com que a agricultura de subsistência nas terras secas constitua um desafio na Bacia do Rio Limpopo e regista-se uma perda líquida de humidade através da evaporação e da evapotranspiração em toda a bacia (FAO 2004.

Ventos: A época de ventos mais fortes do ano é entre Agosto e Fevereiro quando as velocidades médias dos ventos se situam em cerca de 8.0 km/h e os ventos prevalecentes sopram do norte e do leste. O período de maior calmaria do ano é entre Fevereiro e Agosto com velocidades médias dos ventos mais próximas de 6.4 km/h e com ventos prevalecentes provindos do sul.

Mudanças Climáticas: Segundo a modelação as previsões são que até 2080 – 2100 se preveem aumentos na temperatura média entre 3 e 6°C, relativamente ao período da situação de referência. Prevê-se que estes aumentos substanciais de temperatura tenham consequências significativas no que se relaciona com os recursos hídricos, com a agricultura e a biodiversidade. A frequência e intensidade dos ciclones tropicais ao longo da costa de Moçambique podem vir a tornar-se mais intensos, portanto aumentando a possibilidade de inundações destruidoras. Em contrapartida, as projecções relativas às chuvas anuais indicam uma redução entre Janeiro e Março. Segundo as previsões a actual descarga que está a entrar em Moçambique poderia ser reduzida em até cerca de 25 % até 2050 e a Bacia do Rio Limpopo irá provavelmente ficar seca durante a maior parte do ano devido às taxas de extracção de água excederem a quantidade disponível através dos fluxos naturais do rio.

S.7.5 Recursos Hídricos

Bacia do Rio Limpopo: A Bacia do Rio Limpopo é uma bacia transfronteiriça (408 000 km2), que se estende entre os quatros países do sul de África, nomeadamente o Botswana (20 %), África do Sul (20 %), Zimbabwe (15 %) e Moçambique (20%), onde este desagua no Oceano Índico em Xai-Xai (Consultar a Figura 1). O Rio Limpopo tem uma extensão aproximada de 1 750 km e tem uma rede relativamente densa de mais de 20 riachos e rios afluentes.

O Rio Limpopo é agora considerado como um rio perene fraco onde os fluxos do rio cessam frequentemente. Durante os períodos de seca, não existem águas de superfície por vastas extensões dos troços médio e inferior do rio. O uso intensivo da água nos países a montante, especialmente no Zimbabwe e na África do Sul, reduz os fluxos que entram em Moçambique. O rio encontra-se agora seco durante três ou quatro meses num ano normal, e pode efectivamente secar até um período de oito meses num ano.

Bacia do Baixo Limpopo: O Projecto está localizado no Baixo Limpopo em Moçambique, que se estende por aproximadamente 400 km desde Pafúri perto da África do Sul até à costa de Xai-Xai (consultar a Figura 2). O estuário da bacia do Limpopo que é formado estende-se ao longo da linha costeira por aproximadamente 35 km para o interior. O principal uso de água na Bacia do Baixo Limpopo é para a irrigação, com algum uso urbano em Chókwè e no Xai-Xai.

Durante a maior parte do tempo toda a água de superfície para irrigação e outras exigências a jusante da confluência dos Rios Limpopo e dos Elefantes é abastecida pela Barragem de Massingir, que efectua a descarga da água para o Rio dos Elefantes que está a um nível inferior. Na Barragem de Macarretane existe uma vasta extracção de água através de um canal para as áreas de irrigação nas proximidades da cidade de Chókwè. Nos últimos 40 anos, o Rio Limpopo tem demonstrado um regime hidrológico altamente variável, especialmente no curso inferior, com períodos de secas de dois a sete anos, que são repentinamente interrompidos por anos de inundações. Tal faz com que a zona agrícola em terras secas no Baixo Limpopo se torne uma zona de alto risco.

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Área do Projecto: Este troço do Rio Limpopo que flui através do local tem uma extensão aproximada de 60 km com uma largura de 300 m durante condições normais de fluxo. O nível do rio é relativamente baixo com aproximadamente 1 % e, tipicamente, tem um fluxo lento. As margens do rio em geral são baixas, mas, no entanto, ocorrem em alguns locais margens com uma altura de entre 2 a 3 metros.

Os dados médios mensais ilustram que os fluxos são maiores durante os meses de Outubro a Janeiro, com um pico um pouco superior a 500 m3/s em Novembro. No entanto, regista-se um declínio rápido dos fluxos após esta altura para fluxos muitos baixos entre Março a Agosto, sendo Junho o período de maior seca com um fluxo médio de cerca de 5 m3/s, ou 1.0 % da média do fluxo máximo.

Água Subterrânea: A área do Projecto é caracterizada por aquíferos sedimentares não consolidados. Nos Distritos de Mapai e de Chicualacuala são usados extensivamente furos de água para o abastecimento de água potável e o abeberamento dos animais. Nestes distritos foram identificados um total de 112 poços de águas subterrâneas. Sete poços de água foram identificados no enquadramento da área afectada pelo projecto, estando todos situados no lado leste (Margem esquerda) do Rio Limpopo.

Qualidade da água: A qualidade da água existente em geral é boa, sem qualquer evidência de acentuada poluição persistente ou de pressões ecológicas. No entanto, a qualidade da água pode deteriorar durante condições de caudais reduzidos devido à descarga e mistura, e aumento complementar nos teores de Sólidos Totais Dissolvidos (STD) e redução no teor de Oxigénio Dissolvido (OD). Durante o tempo chuvoso a qualidade da água pode ser afectada pelo aumento na erosão na bacia hidrográfica, enquanto a contaminação por águas de esgotos podem constituir um problema devido à fraca infra-estrutura de esgotos e a uma população crescente.

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Média do Caudal mensal do Rio Limpopo em Chokwe (E35), 1951-2016)

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S.7.6 Biodiversidade

i) Flora

Um total de 83% (350.35 km2) da área afectada está coberta com vegetação natural.

Quatro habitats ocupam 73 % (310,93 km2) da área, os quais são: Mata aberta perene, Floresta decídua aberta, Floresta de Colophospermum mopane e áreas de pastagem.

O habitat aquático incluindo caniçais e outra vegetação emergente ocupa menos de 1 %

As áreas de solos sem culturas e áreas agrícolas correspondem a 17 % da área afectada.

Foram registadas no total 42 famílias e 89 espécies de flora. Destas somente uma espécie, a Dalbergia melanoxylon (pau-preto) está listada como quase ameaçada, enquanto o estado das 88 espécies remanescentes não foi avaliado. A Dalbergia melanoxylon é uma árvore que ocorre em floresta decídua aberta e floresta densa seca. Também ocorre de uma forma reduzida na Floresta de Colophospermum mopane. A Dalbergia melanoxylon é tipicamente encontrada nas margens do Rio Limpopo em solos argilosos vermelhos ou aluviais arenosos. Em todos os habitats, esta espécie ocorre numa densidade reduzida. Em geral esta espécie não é usada como um recurso ecológico e encontra-se vastamente representada na região de Mapai.

Algumas árvores estão protegidas ao abrigo da Lei de Terras, que regulamenta áreas dentro de um raio de 50 m de qualquer rio. A Lei de Florestas e de Fauna Bravia (Decreto n.º 12/2002) classifica as árvores de acordo com o seu uso, sendo a classe mais importante a de madeiras preciosas. Esta também define uma ‘floresta de galeria’.

O impacto com maior significância será a perda de aproximadamente 350.35 km2 de vegetação natural e de 70,02 km2 adicionais compreendidos por solos estéreis e áreas agrícolas, e por 3,08 km2 de habitat aquático (fluvial).

ii) Fauna Terrestre

As espécies de fauna registadas dentro e em redor da área do Projecto incluem 19 espécies de mamíferos, 13 espécies de répteis, 95 espécies de aves terrestres, 24 espécies de aves aquáticas, e 10 espécies de anfíbios. As espécies identificadas como tendo uma importância reconhecida (Lista Vermelha da UICN ou Lei de Moçambique) são:

Elefante (Loxodonta Africana): Vulnerável

Hipopótamo (Hippopotamus amphibious): Vulnerável

Zebra de Burchell (Equus burchelli (E. quagga): Quase ameaçada

Figura 10 Distribuição da Flora

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Gato-serval (Felis serval), Macaco vervet ou Macaco de cara-preta (Chlorocebus aethiops), e Pitão-africano (sebae): Protegidas contra a caça pelo regulamento da Lei de Florestas e de Fauna Bravia de Moçambique.

Os potenciais impactos do Projecto incluem a perda de habitats para as espécies de fauna terrestre e aquática, perturbação durante a construção e modificação de habitats a um prazo mais prolongado devido ao desenvolvimento de um vasto corpo de água. Os animais potencialmente afectados pela barragem proposta e pelo reservatório estão discutidos a seguir.

iii) Peixes

Foram identificadas (21) espécies de peixes na área de estudo, das quais a Tilápia de Moçambique (Oreochromis mossambicus) está classificada como Quase ameaçada devido à hibridação com a Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) que foi introduzida e se está a propagar rapidamente. O estado das espécies remanescentes é de menor preocupação ou não foi avaliado. Destas espécies pode dizer-se que:

Condições dos Rios: 11 espécies preferem água límpida corrente, enquanto 10 espécies preferem águas lentas com vegetação.

Migração: 7 espécies não são migrantes, enquanto 14 espécies migram para as áreas de inundação circundantes ou para áreas a montante durante caudais altos e / ou chuvas intensas.

O Projecto da barragem irá efectivamente ocupar uma extensão aproximada de 60 km do Rio Limpopo, o que irá resultar em mudanças significativas para a diversidade dos habitats, em fluxos mais regulados a jusante e numa barreira para a migração dos peixes. Os habitats resultantes serão menos diversos, e de modo geral serão definidos por águas mais profundas, fluxos mais baixos e em mudanças induzidas na temperatura e na qualidade da água.

iv) Macro-invertebrados, Zooplâncton e Fitoplâncton

O levantamento determinou o indicado a seguir:

Quatro táxons principais, Moluscos, Anelíderos, Insectos e Aracnídeos estão representados por 11 Classes de macro-invertebrados.

12 táxons de zooplâncton, sendo a maior parte pertencente às Cladocera e Rotifera. Outros táxons menos abundantes incluem os Dípteros, Odonatas, Tintimidas e Copépodos.

O fitoplâncton identificado está distribuído por cinco filos: Bacilariófitos, Clorófitos, Cianófitos, Dinófitos e Euglenófitos.

Não foram identificadas quaisquer espécies de significância para a conservação.

A densidade de Fitoplâncton era boa, mas, no entanto, a baixa diversidade e abundância de Zooplâncton no Rio Limpopo reflecte o nível de pressão existente sobre o rio. A diversidade e a abundância de Zooplâncton é influenciada por um teor baixo de pH, pela transparência da água e oxigénio dissolvido, e a dominância das Cladocera e Rotifera é indicativa de condições físico-químicas que não são das melhores bem como de pressão reduzida de predação. Adicionalmente, não obstante a boa densidade de fitoplâncton, o rio com um nível de águas relativamente pouco profundas não oferece bons habitats de zooplâncton.

S.8 Ambiente Socioeconómico

S.8.1 Comunidades Afectadas

Serão directamente afectadas pelo Projecto, vinte e uma (21) comunidades de três Postos Administrativos de ambos os distritos. Estas incluem 11 comunidades no Distrito de Chicualacuala e 10 comunidades no Distrito de Mapai (Tabela 4 e Figura 8). O inquérito de todos os agregados

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familiares nas 21 comunidades identificou um total de 2 435 agregados familiares e 10,696 pessoas (Tabela 5).

Tabela 4 Unidades Administrativas das Comunidades Directamente Afectadas

Distrito Posto Administrativo Localidade Comunidade

Chicualacuala

Eduardo Mondlane Chicualacuala Rio

Chihondzoene, Chicualacuala Rio, Macassane A, Zoanga, Changanine

Pafúri Mbuzi Chicoro, Mbeti, Matsilele, Sihogone, Salane, Mawene

Mapai Mapai-Rio Chilemane, Tchóe, Chicumbane, Lissenga, Buiela, Ngala, Muzamane, Chissapa, Mapuvule, Ndombe

Tabela 5 Distribuição das Comunidades Afectadas por Distrito e Género

Distrito Número de Comunidades

Afectadas

Nº de Famílias Potencialmente

Afectadas

Número Total de Pessoas Potencialmente Afectadas

Homens Mulheres Total

Chicualacuala 11 1 060 2 230 2 285 4 154

Mapai 10 1 375 2 978 3 194 6 172

Total 21 2 435 5 208 5 479 10 696

Os aspectos principais são os seguintes:

Todas as comunidades que vivem na margem direita do Rio Limpopo encontram-se dentro da zona tampão do Parque Nacional do Limpopo.

Nem todas as comunidades serão afectadas da mesma forma pela Implementação do Projecto. A maior parte das comunidades irá ser afectada pelo nível de pleno armazenamento da barragem proposta (156.4 masl), outras serão afectadas com a ocorrência de um evento de cheias de 50 anos (169.0 masl) e um número mais reduzido será afectado pela capacidade do reservatório equivalente à ocorrência de um evento de cheias de 5000 anos (170 masl). Um pequeno número não será afectado pelo reservatório ou pela construção da barragem.

A implementação do Projecto envolverá a desapropriação de terras e propriedades, bem como o reassentamento de Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP) que vivem dentro do nível de cheia de 50 anos e na área de construção da barragem. Isto será levado a cabo de acordo com os regulamentos moçambicanos para o reassentamento, assim como as salvaguardas do BAD. As comunidades afectadas serão estabelecidas para determinar o nível de expropriação e um plano de reassentamento detalhado (PAR) será preparado para assegurar a implementação apropriada do reassentamento.

A implementação do Projecto irá envolver a expropriação de terras e de propriedades, assim como o reassentamento de Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP) que vivem na zona do desenho da barragem abrangida na por um evento de cheias de 50 anos e na área de construção da barragem. Tal será executado de acordo com os regulamentos de Moçambique relativos ao reassentamento, assim como as salvaguardas do BAD. As comunidades afectadas serão avaliadas para determinar o nível de expropriação e será elaborado um plano detalhado para o reassentamento a fim de assegurar uma implementação adequada do mesmo.

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Enquanto por um lado a expropriação de terras e o reassentamento têm impactos negativos, por outro lado, o reassentamento devido à implementação do projecto irá ter uma dimensão positiva, uma vez que irá permitir que as comunidades melhorem os seus meios de subsistência criando a disponibilidade de água durante todo o ano, o que irá trazer melhoramentos na produção agrícola devido a, entre outras, as condições de irrigação dos campos ou machambas, o abeberamento de gado e de animais domésticos e a realização de actividades regulares de pesca.

O reassentamento das comunidades é uma oportunidade para se fazer a organização adequada das comunidades, o estabelecimento de uma estrutura e gestão do espaço, permitindo assim que as comunidades melhorem as condições de vida através do fornecimento de habitações em alvenaria, o abastecimento de água potável e de condições de saneamento apropriadas disponíveis e perto das suas habitações, o estabelecimento de serviços públicos nos sectores, por exemplo, de saúde, educação, electricidade, acesso a mercados, entre outros benefícios.

S.8.2 Perfil Demográfico

i) Composição dos Agregados Familiares

Os agregados familiares afectados incluíam essencialmente o núcleo de membros da família (marido, mulher e filhos) e outros dependentes (netos, irmãos, sogros, pais das PAPs etc.). As famílias estão organizadas num padrão de propriedade rural com uma casa principal para o chefe de família e um número de outras estruturas para outros membros da família.

O tamanho médio dos agregados familiares afectados tanto no distrito de Chicualacuala como em Mapai é de 4.6 pessoas, sendo a propriedade rural mais pequena constituída por uma única pessoa e a maior constituída por 21 membros. Os agregados familiares no Distrito de Mapai têm um tamanho médio por agregado familiar um pouco superior a 4.8 pessoas enquanto as populações no distrito de Chicualacuala têm um tamanho médio por família de 4.5 pessoas. Ambos os distritos são semelhantes à média nacional, que é de 4.7 pessoas por cada família.

Durante os inquéritos, constatou-se que a maior parte dos membros dos agregados familiares (84.3%) vivem na propriedade, 7.4% estavam ausentes a trabalhar fora do país, 2.2% estavam ausentes a estudar fora do país, 1.7% estavam fora a estudar noutras partes do país enquanto outros estavam temporária ou permanentemente ausentes por outras razões. As razões indicadas incluíam a viverem no estrangeiro, em casamentos polígamos ou somente o facto de viverem em casa só nas estações de plantio, tendo sido indicado que um elemento do agregado familiar se encontrava na prisão.

Com respeito ao tamanho do agregado familiar por povoação, os resultados indicaram que as comunidades de Muzamane, Sihogane e Mawene têm os tamanhos mais reduzidos em termos de tamanho médio dos agregados familiares de 3.9, 3.8 e 3.4 pessoas respectivamente.

ii) Género, Idade, Estado Civil e Língua das Pessoas Afectadas pelo Projecto (PAP)

Figura 11 Comunidades Afectadas

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Género: agregados familiares por género, os agregados familiares na área do Projecto são constituídos por mais membros do sexo feminino (51.2%) do que membros do sexo masculino (48.8%). Isto é comparável às percentagens nacionais de 52.2% e 47.8% para membros do sexo masculino e feminino respectivamente, existentes no país.

Idade: a idade média das pessoas afectadas é de 22 anos com a mais nova tendo menos de 1 ano de idade e a mais velha 105 anos. A maior parte das pessoas afectadas (49.5%) tem menos de 18 anos de idade, 36.4% das pessoas tem uma idade compreendida entre os 18-55 anos, 43.6% entre os 56-64 anos de idade e 4.1% tem 65 anos e mais. Os resultados mostram que a maior parte dos membros que constituem os agregados familiares são jovens, mas, no entanto, também existe um número significativo de pessoas vulneráveis (com 65 anos de idade e mais). Tal significa um ónus de alta dependência dos chefes dos agregados familiares.

Estado Civil: Das PAP: 62.3% são solteiros, 27.4% casados. O número elevado de membros dos agregados familiares que são solteiros pode ser explicado pelo facto de haver uma elevada taxa de residentes mais jovens com menos de 18 anos. A maior parte das PAP viúvas têm entre 46 a 65 anos com a maior parte acima dos 65 anos de idade. Numa perspectiva de género, a maior parte das PAP viúvas (92.3%) são mulheres (o que equivale a 8.9 % da população feminina) enquanto 7.7% são homens (o que equivale a 0.8% a população masculina).

Língua: Português é a língua oficial em Moçambique e é usada nas escolas e administração, mas é raramente falada fora das cidades. No Maputo o Inglês é usado ocasionalmente, mas principalmente quando se lida com estrangeiros. O Changana é o idioma principal usado como meio de comunicação na área do Projecto e é a língua-mãe da maioria (91 %) das pessoas.

iii) Nível de Educação e Níveis de Alfabetização

Nível de Educação: O perfil de educação é: sem qualquer tipo de escolaridade (52.5%), educação infantil (7 %), ensino primário (30 %), ensino secundário (6 %) e nível universitário (0.2 %). Cerca de 15.7 % de crianças com idade escolar não frequentavam a escola e em média cerca de 2 crianças em cada família não frequentavam a escola.

Níveis de Alfabetização: a maior parte das PAP (63.2%) não sabe ler nem escrever, 34.3% informaram saber ler e escrever, e 2.5% não deram resposta.

Género: os níveis de educação são semelhantes tanto para as mulheres como para os homens.

Idade: As PAPs sem qualquer tipo de nível educacional estão essencialmente enquadradas nos grupos etários dos 0-5 anos, 26-35, 36-44 e 46-55.

iv) Padrões de Migração

Dentro da área do Projecto existe em ambos os distritos mais emigração do que imigração. A população é significativamente influenciada pelo trabalho migratório na África do Sul. Durante o inquérito realizado cerca de 7.4% de residentes de agregados familiares está a trabalhar fora do país, e 2.2 % estão a estudar fora do país. Devido à falta de oportunidades de emprego e de serviços e estruturas sociais adequadas, a imigração para a área do Projecto é muito limitada ou praticamente inexistente.

v) Grupos Vulneráveis

Os grupos vulneráveis enfrentam vários desafios que incluem, entre outros, uma saúde debilitada, o encargo da elevada dependência de órfãos e outros dependentes, a insegurança alimentar e as longas distâncias até aos locais onde estão situadas as instalações de saúde. O plano de reassentamento deve tomar em consideração a presença de grupos vulneráveis que serão afectados pelo projecto.

Categorias vulneráveis: Existem várias categorias de grupos vulneráveis que foram identificadas. Estas incluem membros de agregados familiares com menos de 18 anos de idade, os idosos com

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mais de 65 anos (4.1 %), as viúvas (4.6 %), os doentes crónicos (7.7 %) e as pessoas deficientes (1.5 %). As crianças órfãs foram também mencionadas como algumas das pessoas vulneráveis na área do Projecto.

Género: A distribuição por género relativamente às PAP idosas é de 60.8% de mulheres e 39.2 % de homens.

Doenças Crónicas: As doenças crónicas eram mais prevalecentes entre as pessoas idosas (17.7 %), e estavam distribuídas de forma equitativa entre os grupos etários de 18 aos 64 anos (11.4 % a 14%).

Idosos: Os idosos indicaram que estes dependem essencialmente dos seus filhos para fins de subsistência embora alguns ainda pratiquem a agricultura de subsistência. Outros recebiam alguns fundos periodicamente de 2 em 2 meses providenciados pelo distrito, ou seja, do Instituto Nacional de Acção Social – INAS, enquanto outros dependem de donativos para a sua sobrevivência.

Viúvas: viúvas informaram que dependem essencialmente da agricultura como fonte principal de subsistência visto ainda terem acesso às terras dos seus falecidos maridos, enquanto outras dedicam-se à produção de carvão como uma fonte alternativa de sobrevivência.

S.8.3 Sistema de Posse de Terras

Em Moçambique a terra pertence ao estado. Esta é formalmente administrada a diferentes níveis, desde o nível nacional, provincial, distrital e a um nível mais local em postos administrativos, localidades e comunidades. Na área do Projecto, as terras são formalmente administradas pelas autoridades que representam o estado, nomeadamente o Governo Distrital.

A terra é propriedade comum, a qual, não obstante constituir propriedade do Estado, é usada em conformidade com as normas e práticas consuetudinárias que não contradizem as normas estabelecidas por lei. Aqui, as terras usadas pelos agregados familiares (muito embora tal constituiu um bem comum de todos) pertence aos membros da família do sexo masculino, normalmente o mais velho na família, a quem cabe o poder de gerir, defender, controlar, dividir a terra ou mesmo entregá-la a outros membros da comunidade se for necessário. Estas terras são passadas de geração para geração

Figura 12 Padrões de Uso e Aproveitamento da Terra

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em conformidade com a lei consuetudinária através da descendência patriarcal onde só os indivíduos do sexo masculino podem (normalmente) herdar as mesmas. Na área do Projecto, algumas famílias não possuem terras, mas alugam / arrendam-nas.

S.8.4 Padrões de Uso e Aproveitamento da Terra

Na área do projecto a terra é usada especialmente para assentamentos populacionais, agricultura, pastos, obtenção de recursos naturais, e entre outros aspectos culturais (Figura 12 ).

As características da área do Projecto são:

Os assentamentos populacionais são tipicamente caracterizados por um conjunto de habitações, que constituem uma propriedade rural principal rodeada por infra-estruturas de apoio, como é o caso de outras instalações que são usadas como fins de residência pelos membros dos agregados familiares, como por exemplo casas-de-banho, cozinhas, celeiros, currais, etc., o que auxilia na gestão doméstica dos agregados familiares.

O centro da comunidade / povoação é onde existe uma maior concentração de agregados familiares, que se tornam cada vez mais dispersos quanto mais afastados estão do centro do assentamento populacional para os arredores.

Nas áreas mais férteis ao longo dos vales dos rios Limpopo e Nwanedzi, as áreas de machambas permanentes e sazonais foram transformadas em áreas de produção agrícola em grande escala, as quais são usadas para consumo dos agregados familiares e geração de rendimentos. Os espaços em redor das habitações e nas zonas montanhosas são também usadas para a produção de alimentos complementares.

Em ambos os distritos, quase todas as famílias têm animais domésticos como gado bovino, cabritos, ovelhas e porcos, e aves domésticas (galinhas e patos). São usadas grandes áreas de terra para providenciar pastos para os animais. As consultas com os chefes das comunidades revelaram que na maior parte das comunidades existem áreas de terrenoreservadas para pastagem dos animais.

A terra também é usada como uma base de recursos naturais que fornece uma variedade de serviços de ecossistemas para as comunidades na área do Projecto. Estes serviços são produtos obtidos a partir de ecossistemas que podem incluir alimentos (culturas, alimentos silvestres, forragem, animais selvagens), água, minerais, plantas medicinais, mel, materiais em madeira para a construção de habitações e de outras estruturas (assim como caniço, pedra, matope, talos, madeira, estacas, troncos, entre outros).

A energia é obtida de lenha e do carvão, que são usados respectivamente tanto para cozinhar como para negócio.

No distrito de Chicualacuala na área do Projecto existem áreas de mineração com algumas concessões mineiras, que presentemente não estão operacionais, bem como algumas terras agrícolas de regadio1 registadas junto da SDAE, e que têm os DUATS respectivos.

Algumas das áreas são usadas para fins culturais e religiosos – lugares sagrados, cemitérios comuns e de família.

S.8.5 Meios de Subsistência e Fontes de Geração de Rendimentos

i) Actividades económicas

As actividades económicas importantes estão relacionadas com:

1As concessões para a prática de agricultura de irrigação pertencem a: Zamisse Chihalatane Ernesto com 50ha e Alberto Utui com 16.6ha

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Recursos naturais: agricultura, água e florestas;

Recursos físicos: instrumentos agrários, rodovias, ferrovias;

Recursos financeiros: venda de gado e animais domésticos, silvicultura e acesso ao mercado, recursos humanos (aptidões em técnicas agropecuárias, pessoal de saúde e veterinários);

Recursos sociais: igrejas, ONGs, grupos de poupança, sistemas tradicionais de gestão de recursos e grupos de mulheres que asseguram a geração de rendimentos;

Os indivíduos economicamente activos que trabalham fora do país, como é o caso da África do Sul; e

Pequenas indústrias: moageiras, padarias, carpintarias, etc.

ii) Situação de Emprego e rendimentos

A maior percentagem das PAPs que trabalham (78.2 %) estão ocupadas em actividades agrícolas, no entanto o inquérito mostrou que os agregados familiares têm acesso a outros meios de rendimentos. Estes incluem salários / ordenados, remessas enviadas por membros de família e amigos, a venda de carvão, a venda de lenha, a pesca, a venda de produtos agrícolas (vegetais, culturas) e a venda de animais e produtos derivados dos animais.

Outros pequenos negócios dentro da área do projecto incluem o fabrico de tijolos, pequenas transacções e as operações do batelão no rio Limpopo.

Uma análise de fontes de rendimentos por género mostra que:

as mulheres estão mais activamente envolvidas na agricultura do que os homens;

Tanto a mão-de-obra qualificada como a não qualificada é essencialmente providenciada pelos homens do agregado familiar.

O trabalho doméstico é essencialmente prestado pelas mulheres do agregado familiar.

3.8% 2.5%

78.2%

0.3% 0.9% 1.7% 0.8% 1.6% 1.3% 0.9%7.9%

0.0%10.0%20.0%30.0%40.0%50.0%60.0%70.0%80.0%90.0%

Ocupação Principal dos membros do agregado familiar

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33.8

22.2

9.3

17.2

0.80.51.1

10.9

2.3

10.9

27.9

5.6

16.3

9.55.6

1.11.55.6

2.81.10.5

6.2

FONTE DE RENDA

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i) Rendimentos

Média mensal de rendimentos é de 4 726 MZN (76.7 USD).Os resultados mostram que a maioria das PAPs (62.4%) recebe entre 501-5000 MZN por mês.

Estes rendimentos traduzem-se em 158 MZN (2.6 USD) por dia para o agregado familiar. Considerando que o número médio de membros por agregado familiar é de 5 pessoas , cada membro da família depende de 31.5 MZN (0.5 USD) por mês

As pessoas na área do Projecto são consideradas pobres e vivem abaixo do limiar do nível de pobreza providenciado (linha internacional de pobreza do Banco Mundial de 1.9 USD por dia).

Rendimentos em espécie: Cerca de 2.2 % dos membros dos agregados familiares recebem os seus rendimentos em espécie, com é o caso de alimentos.

Rendimentos por género: Os resultados mostram que os homens dos agregados familiares ganharam mais em comparação com as mulheres.

Rendimentos por grupo etário: O grupo etário dos 26-35 anos recebe os rendimentos mais elevados.

ii) Despesas

Os padrões de despesas ilustram o seguinte:

Os itens em que mais se gasta anualmente nos agregados familiares incluem itens de higiene (sabão, água), cereais (feijão, farinha de milho, etc.) / outros tipos de alimentos, telefone, vestuário, carne, despesas médicas, despesas agrícolas, propinas escolares e transport

As despesas dos agregados familiares para a água são na forma de contribuições periódicas para a manutenção e operação dos recursos hídricos.

Os itens em que as despesas são menores incluem a electricidade, mobiliário, melhoramentos às habitações e manutenção de viaturas. Tal atribui-se ao facto de que um número muito reduzido de agregados familiares tem carros e que os agregados familiares não estão ligados à rede de electricidade.

S.8.6 Produção e Comercialização / Marketing

i) Produção Agrícola

A região de Gaza é classificada como a R3 – Região Agro-Ecológica Nr.3. É uma zona semi-árida com um potencial de produção baixo relativamente à maior parte dos cereais. A agricultura é a principal actividade de subsistência praticada por quase todos os agregados familiares tanto no distrito de Chicualacuala como no distrito de Mapai.

0.0%5.0%

10.0%15.0%20.0%25.0%30.0%35.0%40.0%

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10.4%

37.3%

25.2%

4.5%10.3%11.1%

Nível de renda dos membros do agregado familiar

010203040506070

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68.2

48.660.7

19.3

3.3

48.3

28.6

50.2

30.6

44.4

8 7.40.5

30.8

1.6

Padrões de Despesas

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As culturas mais comuns nesta região são a mexoeira e o sorgo, enquanto o potencial para milho é baixo;

A maioria dos agregados familiares informou que a produção agrícola de sequeiro constitui a principal forma de agricultura. Um pequeno número de agregados informou usarem água do rio e dos poços para a irrigação das suas hortas.

A produção vegetal é praticada em terrenos agrícolas localmente conhecidos como machambas. O tamanho médio de um terreno agrícola usado por cada agregado familiar na área do projecto é de 1.1 hectares. Os terrenos agrícolas estão principalmente localizados perto do Rio Limpopo devido à disponibilidade de solos férteis e de aluviões aráveis. Mais de metade dos respondentes estão a uma hora de distância a pé do local onde se situam as suas terras agrícolas.

Algumas das machambas são usadas pelas Associações de Agricultores assim como a Associação da Comunidade Buiela e Organizações não Governamentais como a fundação Save the Children Fund, que opera em ambos os distritos. As Associações são compostas por uma média de 40 membros que cultivam colectivamente. As principais plantações cultivadas incluem batata-doce, bananas, milho, tomate e pimentos, entre outras. As ONGs auxiliam as comunidades a melhorarem a produção agrícola por meio de demonstrações feitas nas machambas e de formação em melhores práticas de agricultura para o aumento da produção, e o uso de irrigação durante a estação seca.

O levantamento revelou que em média 1,675 kg das principais culturas alimentares foram produzidas na última estação por cada agregado familiar. Tal equivale a aproximadamente 34 (50kg) sacos de alimentos.

Os métodos para a aragem das hortas são principalmente rudimentares com o uso de enxadas, machados e catanas, e outras ferramentas manuais. Os membros da família são as principais fontes de mão-de-obra. É também comum, o uso de bois e de burros, nos agregados que têm os meios de acesso a estes animais. Mecanização ou o uso de tractores é limitado essencialmente a associações que efectuam a aragem de vastas áreas de terras.

ii) Produção Animal

A Província de Gaza, em particular os distritos de Chicualacuala e Mapai, tem o maior número de bovinos e de animais de pequeno porte (cabras, ovelhas, porcos e galináceos) no país.

A produção de gado é acentuada no sector familiar e é importante tanto como alimento, produção de estrume e em termos de prestígio social. É também uma forma de capital convertível pois em tempos de cheias, secas e consequente falta de alimentos, as populações vendem gado bovino, caprino, porcos e pequenos animais como galinhas, para comprar produtos alimentares básicos.

Na área do Projecto:

Os agregados possuem tipicamente aves (galinhas, patos e pombos), gado e cabras. Existiam alguns burros que pertencem a alguns agregados que são considerados ricos. Só alguns agregados tinham ovelhas e porcos .

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O gado na área do projecto é mantido em instalações para animais separadas de acordo com o tipo de animais.

O abeberamento dos animais é feito ao longo do rio ou na comunidade usando sistemas de água construídos com a ajuda da PROSUL uma ONG a operar nesta área.

A produção pecuária é acentuada por meio de assistência da ONG conhecida como ‘Projecto para o Desenvolvimento de Cadeias de Valor no Corredor Limpopo Maputo – Prosul’. O projecto Prosul foi iniciado em 2014 e funciona em ambos distritos de Chicualacuala e Mapai. A Prosul providencia formação para as comunidades com gado, ovelhas e cabritos para melhorar a criação do gado e a sua gestão.

iii) Produção de Peixe

A pesca no Rio Limpopo é praticada principalmente para consumo alimentar dos agregados familiares. No entanto, alguns destes agregados familiares nas comunidades de Ndombe e Maphuvule efectuam a pesca para fins comerciais. Os tipos de peixe mais comuns apanhados são a tilápia e o bagre. Os métodos de pesca comuns incluem o uso de redes e anzóis. Os pescadores estão organizados em associações para melhorar as suas aptidões na actividade de pesca. Segundo as consultas com os líderes das comunidades de Maphuvule e Ndombe as mulheres também estavam envolvidas nas actividades da pesca.

iv) Marketing /Comercialização

Os pontos principais para a comercialização de todos os produtos são os centros urbanos de Mapai e Chicualacuala. Em Mapai, existe um mercado semanal onde os agricultores e os comerciantes vendem os seus produtos. Os compradores e vendedores veem de locais a longas distâncias como Chicualacuala, Xai-Xai e Chókwè, normalmente de comboio. As comunidades na área do projecto usam esta oportunidade para comercializar os seus produtos. Os mercados estão situados fora da área do projecto e as comunidades têm que incorrer custos de transporte para chegarem ao mercado.

S.8.7 Posse de bens

Os bens que os agregados familiares tipicamente possuem incluem:

Bens Móveis: A importância relativa dos bens móveis está ilustrada na Figura 13. Os itens comuns incluem enxadas, machados, rádios, bicicletas, telemóveis, arados, carroça e sistemas solar.

0

200

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600

800

1000

1200 11101164

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1046

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16176

130.0 31.4 1.0 2.8 28.2 0.1 4.3 2.1 0.1

Tipo de Animais que a Família Possui

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Figura 13 Padrões de Uso e Aproveitamento da Terra

Bens Imóveis: Estruturas como habitações, celeiros, currais, cozinhas etc.

Pecuária: gado, carneiros, cabritos, porcos e galináceos são bens importantes pertencentes à maior parte dos agregados familiares.

Os bens comunitários incluem fontes de água para os animais, currais para o gado e áreas de pasto.

S.8.8 Serviços Sociais

i) Saúde

A saúde comunitária é dominada por doenças transmissíveis, a malária é a doença mais comum (99 %). Outras doenças incluem doenças diarreicas pneumonias, infecções respiratórias, Vírus da Imunodeficiência Adquirida/ Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (HIV / SIDA), Infecções de Transmissão Sexual (ITS), tuberculose, bem como parasitas intestinais.

As infra-estruturas de saúde nos distritos de Mapai e Chicualacuala são escassas, com somente 1 hospital, 10 centros / postos de saúde, 1 Posto de Primeiros Socorros e 15 Oficiais Comunitários que providenciam primeiros socorros. Em algumas comunidades não existem infra-estruturas nem serviços de saúde formais sendo comum o uso de medicina tradicional. Na área do Projecto:

A maior parte dos agregados (81.9 %) tem acesso a serviços de saúde no Hospital do Governo em Mapai e aos centros de saúde disponíveis. No entanto, outros usam uma combinação de serviços dependendo da natureza da doença procurando os serviços de agentes comunitários de saúde, de curandeiros tradicionais e unidades de serviço de saúde móveis.

Existe um agente de saúde rural em cada povoação que vive na comunidade e é chamado pelas pessoas em caso de problemas de saúde a qualquer hora do dia ou da noite. Um grande número de famílias (34.1 %) utiliza os serviços dos agentes de saúde. Tal poderá ser atribuído ao facto de estes serem facilmente acessíveis, visto estarem localizados nas próprias comunidades.

Cerca de 2.3 % de famílias deslocam-se até 5 km de distância para às instalações de saúde mais próximas, 4.8 % deslocam-se por 5 a 7 km, 10.5 % por 8-10 km e 63.5 % deslocam-se por distância superiores a 10 km.

ii) Educação

Os Distritos de Chicualacuala e Mapai têm uma rede escolar de 49 escolas. Além disso, existem 29 centros de alfabetização operados por voluntários que apoiam a alfabetização e a educação para adultos. Na área do Projecto:

Com a excepção de Sihogone, todas as comunidades têm uma escola primária ou uma sala de aulas para uma escola primária. A maioria destas será afectada pela construção da barragem. Não existiam escolas secundárias ou instituições universitárias na área do projecto.

88.5871.23

91.59

18.08 21.3239.54

8.7224.98 25.02

0.279.32 2.74 1.92 2.33 1.05 0.41 2.65

0

20

40

60

80

100

Posse de Bens

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Geralmente as escolas estão em más condições e a maior parte delapidadas, enquanto outras estão construídas com materiais provisórios. Além disso, alguns alunos estudam ao ar livre / debaixo das árvores.

Resumindo, a falta de estruturas de ensino e instalações adequadas na área do Projecto contribui para os baixos níveis de educação dos membros da comunidade.

iii) Serviços Públicos

a) Abastecimento de Água

Nos distritos de Mapai e Chicualacuala, a água para uso doméstico e para o gado é proveniente de poços de bomba manual, furos e diques. Há também pequenos sistemas de abastecimento de água que fornecem água subterrânea para os centros maiores, como Eduardo Mondlane em Chicualacuala e a sede de Mapai. As comunidades mais próximas das margens do rio também obtêm a água do rio.

No âmbito da área do projecto, os rios / riachos e furos de água são as fontes principais de água para os agregados familiares. A água da maioria dos furos é extraída por bomba, fazendo uso de energia solar, e armazenada em tanques de água e os agregados familiares têm acesso à mesma por meio de torneiras. A água dos furos/ torneiras é usada principalmente para beber enquanto a água do Rio Limpopo é essencialmente usada para o abeberamento dos animais, lavar roupa e outros usos.

b) Saneamento e Gestão de Resíduos

Apenas 2% da população possui casas de banho ligadas a fossas sépticas e 5% com latrinas tradicionais melhoradas. Aproximadamente 27% da população possui latrinas tradicionais não melhoradas e o restante não possui instalações de saneamento. A gestão de resíduos sólidos é feita a nível individual sendo queimado, enterrado próximo de casa ou acumulado em locais identificados (INE; 2010). O objectivo das ONGs, como é o caso da PRONASAR, é melhorar as condições de saneamento com segurança.

As características de saneamento na área do Projecto:

51.3 % dos agregados usam campos abertos/mato para as suas necessidades, 20.2 % usam latrinas tradicionais não melhoradas, 10.2 % usam latrinas de buraco tradicionais melhoradas, 6.6% usam as latrinas dos vizinhos e muito poucos (0.3 %) usam uma casa de banho ligada a uma fossa céptica.

66.7 % das famílias queimam o seu lixo, 27.4 % enterram o lixo no quintal, 1 % atiram o lixo para lugares públicos e outras dispersam-no ao acaso.

c) Energia Eléctrica

Na sequência da construção em 2016 de uma linha de transmissão de 245 km / 110 kV entre a subestação Mapai e a subestação Lionde em Chókwè, ambos os distritos foram conectados à rede nacional de electricidade.

Apesar destas infra-estruturas, menos do que 1 % da população em Chicualacuala e Mapai tem acesso a electricidade (Censo Geral de População e Habitação 2007). A principal fonte de energia para iluminação é através do uso de parafina e querosene (48,9%), seguida de velas (27,6%) (INE; 2007) e lenha. Na área do Projecto:

Não existe fornecimento de electricidade através da rede; e

91.2 % das famílias usa lenha para cozinhar. 63.1 % usa lanternas para iluminação, 15.2 % usa energia solar, 5.9 % usa lenha, 3.6 % usa velas, 1.4 % usa parafina e 1.2 % usa baterias / geradores.

d) Comunicação

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Ambos os distritos são servidos por um serviço de rede de telefones públicos de linha fixa. Na área do Projecto:

60 % das famílias na área do Projecto tinham acesso à comunicação por meio de telefone; e

83.4 % de famílias tinha acesso a informação por intermédio dos Chefes das Povoações, 8.2 % por intermédio do chefe da localidade enquanto outros tinham acesso a informação por intermédio de líderes religiosos e amigos.

iv) Transporte

Ambos os distritos apresentam estradas primárias, secundárias, terciárias e vicinais. No total, existe uma rede rodoviária de 4.373 km, dos quais somente 254 km estão em condições transitáveis ao longo do ano, enquanto 4.119 km estão em mau estado e / ou intransitáveis durante a estação chuvosa. Existe uma rede ferroviária operada pela Linha de Limpopo que atravessa os dois distritos que liga Moçambique ao país vizinho, no Zimbabwe, mas, no entanto, este serviço ferroviário é irregular. Existem também transportadoras em veículos privados de passageiros, em geral conhecidos como "chapa-cem". Na área do Projecto:

A estrada principal N221 está localizada a leste da área do Projecto e paralela à linha férrea, e constitui uma ligação importante entre Moçambique e o Zimbabwe. A estrada é constituída por duas faixas e existe um grande cruzamento em Mapai com estradas de ligação a oeste e a leste em direcção à área do Projecto.

A estrada principal N222 estende-se num sentido sudeste até ao rio Limpopo onde existe um ponto de passagem. Não existe ponte nem uma travessia estabelecida entre as duas margens, mas, no entanto, as viaturas podem atravessar o rio em condições de baixo fluxo. A estrada então continua num sentido norte para ligar várias comunidades e eventualmente até à fronteira sul-africana entrando no Parque Nacional Kruger.

Existe uma estrada de cascalho (Picadas) no lado leste do rio que se estende de sul a norte e liga Chilemane (Distrito de Mapai) a Chihonzoene (Distrito de Chicualacuala) a norte.

As estradas estão em mau estado e não são mantidas adequadamente, e são na sua maioria intransitáveis na estação da chuva, e não existe qualquer sistema de transporte público.

Figura 14 Transporte da área do projecto

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A travessia do Rio Limpopo, para uso para pessoas e viaturas, é feita em vários pontos ao longo do rio por barcos pequenos movidos a remo e por pequenos batelões não mecanizados. Estes são de propriedade privada e é cobrada uma taxa às pessoas e viaturas que atravessam o rio (1.500MZN).

v) Gestão de Segurança e Conflitos

O esquema de segurança em ambos distritos é gerido pela Polícia de Moçambique cuja representação estende-se ao nível dos Postos administrativos em que trabalham em coordenação com os administradores locais. Dentro da comunidade, os casos de criminalidade são geridos pelas autoridades locais, incluindo líderes comunitários e tradicionais, idosos, secretários dos bairros e líderes de quarteirões, que são mobilizados para este efeito. As autoridades comunitárias podem intervir na resolução de conflitos aplicando os seus conhecimentos sobre tradições e costumes. Estas usufruem de credibilidade e respeito entre os membros da comunidade, o que lhes dá certa autoridade e facilita a tarefa de resolver de litígios. Entre as autoridades comunitárias existem chefes tradicionais, secretários de circunscrições ou de bairros, e outros líderes legítimos.

A área do projecto foi indicada como sendo relativamente segura sem nenhuma ameaça de segurança importante. As comunidades também vivem em harmonia com as povoações vizinhas.

S.8.9 Relações de Géneros

Apesar de a Legislação Moçambicana conter disposições relativas à emancipação das mulheres e direitos iguais para ambos homens e mulheres em todas as esferas de política, economia, vida social e cultural, as mulheres continuam a ser desfavorecidas tanto em termos socioculturais, políticos e económicos em comparação aos seus homólogos masculinos. Isto aumentou o nível de pobreza especialmente em famílias chefiadas por mulheres. Na área do Projecto:

A área do Projecto é patriarcal por natureza onde os homens têm poderes para tomarem decisões, para a administração de recursos e a via para a transferência de activos para proceder através da herança masculina. Os homens são os principais responsáveis pela tomada de decisões em vários aspectos incluindo recursos como as terras. As mulheres e crianças são os principais prestadores de mão-de-obra na família e mesmo assim os níveis de rendimento permanecem muito inferiores aos dos homens.

Em termos das funções em termos dos géneros, as mulheres assumem a maior carga de trabalho em comparação aos homens. As mulheres são responsáveis por lavrar a horta, apanhar lenha, ir buscar a água, cozinhar alimentos, manter a casa limpa e cuidar das crianças. Os homens são responsáveis por lavrar a horta, apanhar lenha, pelo pasto dos animais e por ganhar um rendimento para a família. No entanto, as mulheres também são principais contribuintes para os rendimentos da família.

A maior parte das mulheres estão envolvidas em trabalho informal e a maior parte delas obtém os seus meios de subsistência através da agricultura.

Os rapazes são responsáveis por ajudar os seus pais com o pastoreio dos animais, ir buscar água e quaisquer outras tarefas designadas pelos pais. As moças são responsáveis por ajudarem as suas mães com as tarefas de casa, ir buscar água e quaisquer outras tarefas designadas pelos pais.

Em termos de participação nas actividades comunitárias, foi observado que as mulheres são muito activas. Na maior parte das reuniões comunitárias, as mulheres estiveram presentes em maior número em comparação aos homens. As consultas também revelaram que as mulheres são membros activos das diferentes associações ou grupos nas suas comunidades.

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S.8.10 Organizações Não Governamentais / Organização com Base Comunitária

Em ambos distritos existem organizações não governamentais locais e internacionais assim como organizações da sociedade civil a trabalharem para melhorar as condições de vida dos membros comunitários e desenvolvimento distrital.

S.8.11 Património Histórico, Cultural e Propriedade Comum

A Lei n.º 10/88 regulamenta a Pesquisa e a Conservação do Património Cultural de Moçambique e define o Património Cultural como algo tangível ou intangível que constitui o produto da criatividade e trabalho do homem, num ou outro tempo pré-histórico ou histórico, e descreve a evolução da natureza que tem um valor muito importante no seu conteúdo científico, histórico, cultural, artístico e artesanal. Os resultados do levantamento para o Projecto são os seguintes:

i) Religião e Crenças

Aproximadamente 35 % dos agregados familiares são Cristãos, que inclui 28.8 % de Protestantes e 19.1 % de outras denominações. Aproximadamente 17.2 % praticam as religiões Africanas e 1 % são Muçulmanos.

Muito embora a maior parte dos membros da comunidade professem uma religião formal, o culto ou veneração é uma tradição ainda forte e vastamente praticada por todos os membros das comunidades. Os mortos são considerados como que proporcionando paz e equilíbrio social aos vivos, e por isso é mantido um relacionamento pacífico entre os vivos e os mortos.

ii) Cerimónias Tradicionais

Estas cerimónias são realizadas perto das áreas consideradas sagradas, assim como túmulos ou grutas onde estão sepultados governantes e líderes já falecidos, e debaixo de árvores sagradas como é o caso do embondeiro e da marula ou canhoeiro. Líderes comunitários e anciãos tradicionais ou devidamente autorizados têm um papel de liderança nas cerimónias.

iii) Monumentos / Locais de Homenagem, Túmulos / Cemitérios

Os cemitérios constituem uma parte significativa da vida cultural da maior parte das sociedades Africanas incluindo comunidades na área do Projecto. De acordo com os líderes locais os cemitérios ou sepulturas com ou sem lápides não são mais do que uma ligação ao passado. Para as comunidades actuais sobreviventes, estes servem como um símbolo constante das suas vidas. Na área do Projecto:

46.4 % de famílias tinham as sepulturas no cemitério local, 10.5 % tinha sepulturas nas proximidades da área de habitação, enquanto 9.2 % tinha sepulturas longe das áreas de habitação. Registou-se haver uma média de 3 sepulturas por família, tendo a família menor somente uma sepultura e a família com o maior número de sepulturas ter 89 sepulturas. A maior parte das sepulturas são sepulturas de terra enquanto algumas são de cimento ou feitas de outros materiais com azulejos e mosaicos.

Algumas das sepulturas tinham sido arrastadas pelo rio e em algumas áreas foram vistos ossos humanos a flutuar no rio. Foi indicado que não se realizavam quaisquer cerimónias especiais durante o enterro dos mortos. As comunidades na área do projecto nunca executaram nem testemunharam qualquer exumação de corpos e, portanto, tinham receio do que iria acontecer aos seus entes queridos falecidos. Enquanto alguns dos idosos consultados indicaram não querer que as sepulturas fossem perturbadas, os outros estavam abertos a discussões para se encontrar uma solução.

Em Ngala (antiga Mapai) existem duas lápides de túmulos que têm um significado importante na história local, provincial e nacional. Estas homenagens servem como mais do que simplesmente símbolos para marcar os locais onde as vítimas das agressões da guerra de Ian Smith (décadas dos

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anos 60 e 70). Para a comunidade local este local de homenagem é único e é considerado como uma ligação para os seus descendentes.

Para além das sepulturas comunitárias, existem valas comuns de sepultamento em massa em algumas comunidades como por exemplo na comunidade de Mapai-Ngala onde existem valas comuns para as vítimas da guerra de Ian Smith.

S.8.12 Turismo

Os bens turísticos de Moçambique incluem o ambiente natural do país, a vida selvagem, e património cultural, o que proporciona oportunidades para praia, turismo cultura, e ecoturismo. Apesar destes bens Moçambique tem números reduzidos de turistas em comparação com os seus países vizinhos.

A província de Gaza é dotada com os Parques Nacionais de Banhine e Limpopo. Estes parques fazem parte do Parque Transfronteiriça do Grande Limpopo (35.000 quilómetros quadrados (km²)) que também inclui o Parque Nacional do Kruger na África do Sul, o Parque Nacional de Gonarezhou, o Santuário Manjinji Pan e a Malipati Safari Area no Zimbabwe, assim como a área entre o Kruger e Gonarezhou, as terras comunais de Sengwe comum no Zimbabwe e a região de Makuleke na África do Sul.

A área do Projecto é contígua ao Parque Nacional do Limpopo (PNL). Administrativamente, o PNL está dividido entre o distrito de Chicualacuala (6.400 km2), Distrito de Massingir (2.100 km2) e o Distrito de Mabalane (1.500 km2).

S.9 Consulta com as Partes Interessadas

Tem-se efectuado um processo extensivo de consulta para o Projecto. As consultas tiveram lugar a nível nacional, provincial e distrital, e incluíram:

Reuniões formais com representantes nacionais, provinciais e distritais;

Reuniões de participação pública com representantes de 21 comunidades afectadas;

Levantamentos detalhados socioeconómicos e dos bens de 2.435 agregados familiares (10.696 pessoas).

Consultas durante a realização de estudos especializados relacionados com a biodiversidade, ambiente físico, saúde e património cultural; e outras actividades relacionadas com a AIAS e o PAR.

Como resultado das consultas constatou-se que existe um forte apoio da comunidade para a construção da barragem proposta, bem como uma grande expectativa de que os seus meios de subsistência venham a ser melhorados através de um melhor acesso a uma fonte de água limpa e sustentável, bem como por acesso a terra para prática de agricultura irrigada, oportunidades para a prática de pesca artesanal e novas actividades comerciais. No entanto, continua a existir um nível significativo de apreensão sobre o impacto que a barragem pode ter nas habitações das populações e nos seus meios de vida.

As questões principais apresentadas durante as consultas realizadas estão resumidas na Tabela 6.

Tabela 6 Resumo das consultas

Grupos de partes interessadas

Categoria das questões Questões

Autoridades distritais Impactos ambientais e sociais e reassentamento

Planeamento geral, Identificação dos impactos e respectiva avaliação e coordenação, questões relativas a

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Grupos de partes interessadas

Categoria das questões Questões

terras, medidas de mitigação, áreas de reassentamento, compensação, elegibilidade para compensação, recenseamento

Autoridades provinciais em Xai-Xai

Impactos ambientais e sociais e reassentamento

Categorização e DUATs do projecto. Uso da terra, Reassentamento, Saúde e Educação, Recursos Hídricos, Recursos Minerais

Agências governamentais

Prevenção de inundações

A necessidade de reforçar a protecção contra inundações em Chókwè e no Xai-Xai

Os diques de Chókwè e do Xai-Xai

Administração da Barragem de Mapai

Gestão de água na bacia do Limpopo

Acesso Impacto na EN222 - Barragem de Mapai num troço de 61 km. Necessidade de realinhamento da estrada e garantia de acesso permanente estre as margens

Serviços de energia Geração e transmissão de electricidade

Grupos vulneráveis Protecção social para os grupos vulneráveis e sensíveis ao género

Transporte the matérial das pedreiras

ANE, CFM

Ministério de Saúde / Hospital em Mapai / Profissionais de Saúde

Saúde e Segurança Informação epidemiológica sobre Mapai e sobre a Província de Gaza. Recomendações para a fase de construção

21 Comunidades

Reassentamento Levantamento socioeconómico, perda de habitações, de machambas. Novas áreas com potencial para edificação de residências, infraestruturas novas e serviços comunitários

Impactos sobre os meios de subsistência

Acesso a água, terra, meios de subsistência, serviços comunitários

Oportunidades Escolas e hospitais, emprego, energia eléctrica, entre outros

Património Cultural Perda de locais sagrados, cemitérios, sepulturas e locais de culto, entre outros

ONGs

Meios de subsistência da comunidade e saúde

Potenciais sinergias do projecto que podem ser adicionalmente desenvolvidas com as ONGs, em particular aquelas que trabalham nas proximidades da área do projecto

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Grupos de partes interessadas

Categoria das questões Questões

Direitos da Comunidade Os direitos da comunidade são respeitados e cumpridos durante o processo de consulta e o processo de reassentamento

Parque Nacional do Limpopo e ANAC

Conservação do Parque Nacional

Violação do Parque causada pela área de construção, realinhamento da EN222, impacto sobre as comunidades que vivem na zona tampão do Parque. Implicações relativas à comunidade de Salane

Instituições Académicas

Património Cultural Potencial para achados arqueológicos na área do projecto

Obtenção de informação sobre o primeiro levantamento arqueológico no PNL

Património cultural conhecido e existente

Conservação dos Recursos Naturais

Biodiversidade e Recursos Naturais

Outros projectos (Cowi, Verde Azul, Consórcio COBA, WAPCOS)

Reassentamento em Salane

O anterior reassentamento acordado da área de Makandazulo B para Salane.

Actualização do plano de gestão do PNL

Resultados dos estudos de Pré-viabilidade e de Viabilidade

Resultados do plano de Desenvolvimento de irrigação

A maior parte das pessoas consultadas indicou que preferia permanecer na área contígua a área do projecto. As pessoas não se mostraram receptivas a possibilidade de terem que se mudar, perdendo as suas machambas, e deixando as suas ligações culturais às suas comunidades e cemitérios. Algumas expressaram a sua preocupação com o facto de não poderem atravessar o rio, mas, no entanto, a maior parte das perguntas relacioam-se com quais as restrições que poderiam vir a ser estabelecidas quanto ao acesso ao reservatório para fins de prática de pesca, lavagem e abeberamento dos animais. Várias pessoas estavam interessadas nas oportunidades para estabelecerem os seus negócios e fornecerem plântulas para uso nas áreas de reabilitação florestal.

A realização da segunda consulta pública do estudo do AIAS que visa partilhar os resultados do AIAS está em curso. Esta consulta pública segue os parâmetros defenidos para a realização das reuniões. Três reuniões adicionais foram agendadas que reflectem a necessidade de consultar as partes interessadas e afectadas correspondentes as áreas geoograficas adicionadas ao projecto – Districtos de Boane e Moamba na Provincia de Maputo e Mabalane and Provincia de Gaza.

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S.10 Impactos do Projecto

S.10.1 Área de Influência do Projecto

A área de influência do Projecto inclui a perturbação directa de terra devido à área ocupada pelo Projecto, bem como devido aos impactos da construção e operacionais sobre o ambiente circundante (consultar a Figura 5 ) e resumida na Tabela 7. O Projecto irá afectar, permanente ou temporariamente, uma área total de cerca de 498.24 km2 (49 824 ha) conforme especificado a seguir:

Esterilização permanente da terra: 416.52 km2;

Zonas de exclusão permanentes (zona tampão): 57.72 km2;

Áreas temporárias de construção: 13.5 km2; e

Área tampão em redor da construção: 10.5 km2

Tabela 7 Área ocupada pelo Projecto

Área ocupada pelo Projecto

Componente do Projecto

Perda permanente

Zona tampão permanente

Construção Temporária

Zona tampão temporária

Área Total Afectada

(km2) (km2) (km2) (km2) (km2)

Reservatório 412 57.4 469.4

Tal inclui a área coberta pelo reservatório até um nível da crista da barragem, 170 masl (metros acima do nível do mar), evento que ocorre em caso de cheias de 5000 anos.

Ficará localizada uma zona tampão com uma largura de 350 metros em redor do reservatório. A vegetação existente será mantida sendo também efectuada a reabilitação adicional de áreas previamente degradadas.

A área do reservatório inclui a área ocupada pelo Dique de protecção em redor de Salane.

Infra-estruturas da barragem

0.18 0.32 13.50 10.5 24.50

As estruturas permanentes irão incluir parede da barragem e estruturas associadas, Central Hidroeléctrica, estradas de acesso e edifícios de escritórios / alojamento.

Zona permanente de exclusão com uma largura de 100 - 200 m em redor das componentes da barragem.

As áreas temporárias incluem as áreas directamente afectadas e as áreas tampão do reservatório que serão subsequentemente reabilitadas. Incluem também as áreas temporárias de construção, estradas de acesso, estaleiros de construção, área de fabrico, etc. Também irão incluir uma zona tampão a uma distância no mínimo de 1km das habitações mais próximas.

Linha de transmissão & estrada de acesso

3.42 3.42

A servidão terá uma extensão de 31 km de comprimento e 100 m de largura.

Estrada de acesso com uma extensão de aproximadamente 28 km numa servidão com uma largura de 15 m adjacente à linha de transmissão.

Realinhamento da Estrada N222

0.92 0.92

Servidão com uma extensão de 61.1 km, 15 de largura

TOTAL 416.52 57.72 13.50 10.50 498.24

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Outros potenciais impactos não directamente relacionados com área ocupada pelo Projecto incluem:

Actividades de construção no ambiente circundante que podem potencialmente resultar em emissões de ruído, contaminação de ar, água e solos por resíduos, condições alteradas de tráfego, influxo de trabalhadores e mudanças socioeconómicas. Parte das actividades inclui a circulação de camiões e manuseamento de material da ferrovia em Mapai até ao local de contrução da barragem

As operações da barragem podem ter um impacto directo nas áreas da bacia hidrográfica e áreas a jusante, bem como nos receptores sensíveis adjacentes como por exemplo, habitações, instalações comunitárias e áreas naturais e culturais importantes.

Circulação de camiões e manuseamento de material das pedreiras até á linha férrea em Boane Moamba de onde o material será transportado até Mapai

O Projecto pode ter um impacto indirecto numa área mais vasta da bacia hidrográfica, bem como nos aspectos socioeconómicos, tanto a nível local como regional.

S.10.2 Impactos positivos

O Projecto de Resiliência irá melhorar, de forma substancial, a resiliência climática das comunidades, infra-estruturas e meios de subsistência no Baixo Limpopo através de uma gestão melhorada dos recursos hídricos durante eventos de cheias e de secas. Também se registarão benefícios ambientais e socioeconómicos significativos decorrentes da construção e funcionamento da barragem, iniciativas de gestão da bacia hidrográfica, e melhoramentos nos meios de subsistência.

i) Benefícios ambientais

Ajudando a retardar e a reduzir os picos de cheias, que irão minimizar a possibilidade de inundações a jusante. A barragem irá ter um controlo quase total de inundações em eventos de cheias de 50 anos, bem como a capacidade para limitar os picos de cheias para eventos de maiores período de retorno, mais de 5000 anos.

O Projecto irá aumentar os impactos significativos através da redução em grande medida do número de pessoas afectadas pelas cheias, aumentando o PIB e contrabalançando os potenciais custos de danos causados pelas cheias.

Durante os meses de seca, a barragem irá regular os caudais de base de forma mais consistente e melhorar a disponibilidade anual de água para os utilizadores de jusante. Tal constituirá um benefício substancial em comparação com a situação actual durante a qual o rio pode cessar o caudal por completo.

Capacidade para contribuir, de forma significativa, para a satisfação da demanda de água na bacia.

Indução para o encremento do potencial de terra para prática de agricultura irrigaável, aumentando o seu pontencial para mais do que o dobro do potencial actual.

Impactos cumulativos positivos, cuja significância é exacerbada através da coordenação e sincronização das operações da barragem de Mapai com a Barragem de Massingir.

Melhor protecção do Parque Nacional do Limpopo através da deslocação de aproximadamente 5 257 pessoas para áreas afastadas da zona tampão do Parque, e por meio do reservatório que constituirá uma barreira natural

Expansão da biodiversidade através da provisão de um corpo de água permanente e de habitats para as espécies terrestres, avícolas e aquáticas. Tal inclui providenciar uma fonte de água com uma área extensa de aproximadamente 395km2 bem como 164 km de um potencial habitat ribeirinho em redor do perímetro do reservatório. Para além disso, aproximadamente 57.4 km2 de vegetação nativa será mantida como tampão em redor do reservatório.

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Melhoramento dos corredores de fauna bravia e da biodiversidade através da remoção de actividades antropogénicas, e reabilitação das áreas degradadas na zona tampão do reservatório.

Melhoramento na gestão da bacia hidrográfica.

ii) Benefícios socioeconómicos

Providenciar condições para um abastecimento de água constante às comunidades que residem perto do reservatório. A água destinar-se-a a diversos usos tais como uso doméstico, irrigação, indústria, usos artezanais, como é o caso de fabrico de tijolos e blocos.

Oportunidades para todas as comunidades afectadas beneficiarem dos serviços que são providenciados através de um plano director, do desenvolvimento urbano, provisão de habitações convencionais, estradas de acesso, hospitais e escolas.

Aspectos melhorados de saúde devido ao abastecimento de água e infra-estruturas relacionadas.

Potencial expansão agrícola e melhoria nos meios de subsistência para os agricultores.

Oportunidades de emprego directo, em actividades do empreendimento, durante o período de construção de cinco anos e a um nível mais reduzido durante o período de operação de longo prazo, bem como oportunidades indirectas para as populações locais e para pessoas vindas de outras províncias.

Oportunidades de empregos indirectos com o desenvolvimento de actividades de outros sectores, agricultura, pesca, turismo, etc.

Os meios de subsistência para as mulheres, em particular, serão melhorados através de potenciais oportunidades para emprego directo bem como oportunidades de negócio.

Desenvolvimento económico a nível local e regional através do aumento em oportunidades de emprego e de melhores oportunidades de comércio.

As pessoas que irão trabalhar no projecto irão adquirir competências e qualificações transferíveis, que poderão utilizar noutros projectos após a finalização da construção do projecto.

Melhores infra-estruturas e serviços comunitários, uma gestão mais eficaz da bacia hidrográfica e um aumento na biodiversidade.

Melhoramento das vias de acesso bem como uma melhor travessia do Rio Limpopo.

Produção de até 19 MW de energia eléctrica que será ligada à rede eléctrica nacional e a qual constitui um grande benefício para a nação.

Aumento na potencial fauna bravia apropriada para fins turísticos, induzido pela presença do reservatório.

Oportunidade para encorajar um uso sustentável dos recursos naturais.

S.10.3 Impactos biofísicos

O Projecto constitui uma infra-estrutura de grande dimensão que irá induzir mudanças significativas à paisagem bem como potenciais impactos durante a fase de construção da barragem e das infra-estruturas associadas. Ocorrerá também, a inundação de aproximadamente 412 km2 de terras naturais e agrícolas. As operações da barragem irão alterar os regimes do fluxo hidrológico e da qualidade de água, que pode afectar, negativamente as áreas a jusante, bem como causar mudanças à biodiversidade.

Foi realizada uma avaliação detalhada dos potenciais impactos com base nos requisitos regulamentares do GdM, das salvaguardas do BAD e outros padrões e directrizes relevantes como os Padrões de Desempenho da IFC. Os potenciais impactos foram classificados de acordo com a severidade do Risco após se aplicarem medidas de mitigação apropriadas. Os potenciais impactos

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foram avaliados e os resultados foram agrupados em função do nível de risco a que estão associados. Um resumo destes é apresentado a seguir e detalhado nas Tabela 8 e Tabela 9.

i) Riscos Extremos

Após a aplicação das medidas de mitigação não existem quaisquer Riscos Extremos identificados que poderiam resultar em impactos irreparáveis e inaceitáveis no ambiente biofísico.

ii) Risco Alto

A AIAS determinou vários potenciais impactos que, mesmo depois da mitigação, iriam permanecer como riscos residuais altos de impacto ambiental. O impacto categorizado como risco alto em geral constitui uma ameaça significativa à saúde, aos meios de subsistência e à protecção das qualidades ambientais. Estes riscos podem ser acomodados num projecto desta dimensão, mas, no entanto, serão necessárias medidas de monitorização abrangentes e eficazes bem como uma mitigação adicional que pode incluir a paragem ou modificação das actividades do projecto.

Foram identificados oito impactos de Alto Risco:

▪ Uso da terra

▪ Desactivação da barragem

▪ Habitat Terrestre

▪ Qualidade do Ar

▪ Tráfego

▪ Pedreiras e transporte

▪ Saúde & Segurança Ocupacional

▪ Falha na Barragem

iii) Risco Médio

O risco médio é tolerável se as medidas de mitigação estiverem estabelecidas, contudo serão necessários procedimentos de gestão para assegurar que sejam tomadas rapidamente as acções necessárias em resposta aos danos ambientais presumíveis ou reais. Os que foram alvo de impacto estarão aptos a se adaptarem a mudanças.

Foram identificados sete impactos de risco médio:

▪ Hidrologia & qualidade da água

▪ Água subterrânea

▪ Fauna terrestre

▪ Flora & fauna aquática

▪ Biodiversidade regional

▪ Ruído & vibração

▪ Resíduos

iv) Baixo Risco

Outras questões ambientais identificadas foram avaliadas como riscos baixos após a aplicação de medidas de mitigação.

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Tabela 8 Ambiental: RISCO ALTO

1. USO E APROVEITAMENTO DA TERRA

Impactos Mitigação

Área alvo de impacto:

- Área afectada pelo projecto: 498.24 km2

- Área afectada permanentemente: 416.52 km2

- Zona tampão permanente: 57,72 km2

- Área afectada temporariamente (24km2)

Perdas:

- Floresta / Vegetação Natural: 83 %

- Assentamentos habitacionais, áreas agrícolas: 16 %

- Rio: 1 %

Mitigação

- Implementação do Plano de Ação para o Reassentamento

- Zona tampão constituída por matas florestais ao redor do reservatório (57.72 km2)

- Reabilitação das áreas perturbadas

- Plantar espécies ribeirinhas em redor do reservatório

- Irrigação a jusante

- Pesca

- Protecção melhorada do Parque Nacional do Limpopo

O projecto irá ter um impacto significativo sobre o uso e aproveitamento da terra, com uma área de cerca de 416,52 km2 prevista para ser permanentemente impedida de ser usada futuramente. Tal inclui a perturbação significativa de 21 comunidades e de áreas agrícolas que suportam aproximadamente 10,000 pessoas. Haverá, portanto, uma perturbação generalizada e uma diminuição significativa da segurança alimentar e dos meios de subsistência. Com a mitigação, este impacto pode ser reduzido de um risco Extremo a Alto, mas, no entanto, tal irá depender da alocação de recursos significativos de mitigação para efectuar a deslocação e compensação das PAP, e do contrabalanço apropriado dos recursos agrícolas e naturais. Foi efectuado um recenseamento extensivo e elaborado um PAR abrangente em conformidade com os requisitos aplicáveis em Moçambique e pelo BAD. Os recursos compensatórios aplicáveis à terra incluem o desenvolvimento de áreas agrícolas irrigadas, áreas para agricultura de sequeiro, e recursos para pesca, e o desenvolvimento e manutenção de extensos habitats ribeirinhos e de matas em redor do reservatório proposta. No entanto, devido ao nível significativo de recursos necessários para implementar com sucesso estas medidas, este risco residual continua Alto.

2. DESACTIVAÇÃO DA BARRAGEM

Impactos Mitigação

A manutenção dos limites da barragem e do reservatório limitam a oportunidade de restabelecer o ambiente natural para as condições existentes antes da barragem; e

O processo deve incluir a avaliação da funcionalidade e segurança, dos aspectos económicos, sociais, ambientais, os requisitos legais & governação, e a viabilidade técnica.

Selecção do plano de desactivação para incluir um ou uma combinação do indicado a seguir:

- Manutenção da barragem

- Remoção parcial das infra-estruturas da barragem

- Remoção total das estruturas da barragem

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2. DESACTIVAÇÃO DA BARRAGEM

Impactos Mitigação

Potenciais impactos ambientais e sociais associados a modificação da barragem, remoção parcial ou total

Todas estas opções irão necessitar de algum nível de modificação da barragem e trabalhos de construção, que irão exigir as necessárias aprovações regulamentares e a implementação de planos de gestão apropriados.

Não é comum a desativação deste tipo de infraestruturas recorrendo-se com frequência a manutenção da mesma aumentanto assim os benefícios de sua implementação.

A mitigação irá incluir uma avaliação cuidadosa de várias questões de engenharia, financeiras, biofísicas e socioeconómicas. No entanto, o prazo para a desactivação de pelo menos 50 anos e possivelmente por um período mais longo, o que torna este risco relativamente desconhecido. Consequentemente, o risco residual continua Alto e irá exigir recursos extensivos para uma gestão adequada.

3. HABITAT TERRESTRE

Impactos Mitigação

Foram identificados 19 espécies de mamíferos, 13 espécies de répteis, 95 espécies de aves terrestres, 24 espécies de aves aquáticas, e 10 espécies de anfíbios.

Perda de habitat.

Perda de espécies protegidas de animais:

- Três espécies são classificadas como tendo significância para a conservação (UICN): Elefante (Vulnerável), Hipopótamos (Vulnerável e Zebra de Burchell (Quase ameaçada).

- Três espécies estão protegidas contra a caça (Lei de Florestas e de Fauna Bravia) e incluem : Gato-serval, Macaco vervet ou

Construção

Obter uma autorização do Departamento de Florestas e de Fauna Bravia para a remoção de espécies protegidas: Gato-serval (Felis serval), Macaco vervet ou Macaco de cara-preta (Chlorocebus aethiops), e Pitão-africano (sebae)

Será consultado um especialista em ecologia para lidar com a gestão de espécies protegidas de mamíferos que se aproximem da área de construção. Estas espécies incluem o elefante, o hipopótamo e a zebra . Onde necessário, as actividades de construção serão paradas ou modificadas de forma a assegurar que os animais não sejam adversamente afectados.

O plano de gestão da construção deve incluir medidas para:

- a captura e libertação de animais que não possam deixar facilmente a área afectada para um habitat apropriado. Os animais afectados podem incluir aves que vivem no chão e animais pequenos e menos móveis como é o caso do pitão e sapos.

- minimizar o acesso e a perturbação às áreas adjacentes,

- implementar medidas específicas para gerir os animais que se aproxima da área de construção,

- restringir a realização de actividades de transporte e de construção durante o período nocturno;

- minimizar elementos que atraiem os detritívos, como é o caso de lagartos monitores e de aves, e

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3. HABITAT TERRESTRE

Impactos Mitigação

Macaco de cara-preta e Pitão-africano

Perturbação do PNL durante a construção.

Modificações de longo prazo aos habitats devido ao desenvolvimento de um corpo de água maior

- manter um programa contínuo de gestão e monitorização para avaliar as actividades dos animais e, caso necessário, para alterar o programa de construção e actividades específicas ao local, como é o caso de limitar operações ruidosas durante a noite.

Assegurar a reabilitação da área de construção e da área de exclusão do reservatório que contém habitats de espécies afectadas. Deve ser plantada uma orla de espécies de plantas ribeirinhas num raio de 50 m do reservatório.

Recuperar vegetação apropriada (toros ocos, mudas ou plântulas, sementes, etc.) afectada pelo Projecto e reutilizá-la em áreas a serem reabilitadas

Plano de gestão para minimizar as interacções humanas adversas com crocodilos e hipopótamos.

Melhorar a protecção a jusante da planície de inundação ajudando as comunidades a implementar as iniciativas de gestão da bacia hidrográfica, incluindo a propagação e plantio de vegetação ribeirinha, e limitando a pastagem de animais dentro de um rio de aproximadamente 50 m do rio.

Operação

Implementar medidas de gestão para minimizar as interacções humanas adversas com crocodilos e hipopótamos.

Fazer a monitorização das populações de animais e providenciar modificações adicionais aos habitats para facilitar o acesso sem obstáculos dos animais de e para o reservatório proposto. Onde necessário envolver um especialista para investigar as deslocações, de termo mais longo, dos animais para manter a diversidade genética.

O habitat terrestre cobre aproximadamente uma área de 350.35 km2 (83%) do local do Projecto e a sua perda permanente terá impacto sobre oito habitats diferentes, incluindo habitats ribeirinhos importantes, uma espécie ameaçada e várias árvores que são protegidas como recursos ecológicos importantes. A nível da bacia hidrográfica a perda destes habitats irá contribuir para a perda cumulativa contínua devido ao desmatamento e usos ilegais da terra, e devido à vasta área afectada o risco avaliado é considerado Extremo. A mitigação incluindo o desenvolvimento do reservatório proposto bem como habitats aquáticos e ribeirinhos importantes, a reabilitação de florestas nativas em redor da barragem em redor da barragem e iniciativas de gestão da bacia hidrográfica irão substancialmente reduzir este risco para um risco Médio, que requer medidas de mitigação abrangentes e eficazes para assegurar que estas medidas sejam implementadas de forma adequada a longo prazo. Podem ser necessários recursos adicionais para assegurar que o risco não intensifique.

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4. QUALIDADE DO AR

Impactos Mitigação

As directrizes adoptadas aplicáveis a ruídos não são alcançadas de forma consistente.

Directrizes de Saúde, Segurança e Ambiente (SS&A) da IFC, Directrizes SS&A Gerais: As Emissões Atmosférica e Qualidade do Ar no Ambiente (IFC, 2007) recomendam os seguintes níveis de critérios para as matérias particuladasPM10:

- 50 g/m3 para uma média de 24 horas de PM10 para o Projecto considerado por si só; e

- 20 g/m3 para uma média anual de PM10 devido ao Projecto e a outras fontes.

Fase de Construção

Implementar uma monitorização de volume alto tanto estática como em tempo real em receptores sensíveis receptores sensíveis.

Programar actividades de construção de forma a evitar condições meteorológicas mais quentes, secas e ventosas.

Reprogramar as actividades que geram poeira durante condições secas e com ventos a menos de 5m/s provindos do norte.

Deve ser feita a manutenção regular das estradas as quais devem ser compactadas regularmente para minimizar a geração de poeira.

Aplicar o limite de velocidade de viaturas em estradas não asfaltadas a 40 km/hora na estrada de acesso e a 20 km/hora em estradas internas.

Tapar as viaturas de transporte de materiais que geram poeira que se movimentam fora da área de construção.

Instalar colectores de poeira e/ou sistemas de aspersão com água a fim de controlar a emissão de partículas durante todas as fases, incluindo durante o descarregamento, recolha, manuseamento de agregados, aplicação de cimento, circulação de camiões e maquinaria dentro das instalações.

Minimizar a extensão e o período de exposição de superfícies descobertas.

Restaurar áreas perturbadas logo que seja possível, de um ponto de vista prático, com vegetação / cobertura com gramado.

Armazenar o cimento em silos e minimizar as emissões dos silos equipando-os com filtros.

Estabelecer locais adequados para o armazenamento, mistura e carregamento dos materiais de construção, de forma que a geração de poeira seja minimizada durante tais operações.

Montar sistemas apropriados de escape nas viaturas e dispositivos de controlo de emissões. Manter estes dispositivos em bom estado de funcionamento.

Utilizar as viaturas de com eficiente consumo de combustível.

Não efectuar a queima de resíduos sólidos.

Providenciar assistência médica aos trabalhadores e à comunidade que possa sofrer de exposição a poeira.

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4. QUALIDADE DO AR

Impactos Mitigação

Devem estar permanentemente disponíveis dois camiões de aspersão na área do projecto. Cada camião deve ter uma capacidade de cerca de 10 000 litros e um nível de aspersão de aproximadamente 2 500 litros por minuto.

Devem estar localizados pulverizadores fixos de água nas principais áreas de empilhamento de materiais.

Fase de Operação

Não efectuar a queima de resíduos sólidos.

Efectuar a manutenção do equipamento de forma a minimizar as emissões de combustão.

Em geral, durante os primeiros 48 meses de construção irá ocorrer a possibilidade de produção de poeira durante a execução dos principais trabalhos de terraplenagem. A dispersão de poeira irá ser parcialmente contida pela topografia circundante, continuando, no entanto, a existir a possibilidade de a poeira ter impacto nas comunidades localizadas imediatamente a sul da área de construção proposta. Tal comporta potenciais riscos para a saúde, o que categoriza a qualidade do ar como um risco Extremo.

O objectivo dos critérios de qualidade de ar nos receptores sensíveis será determinado em conformidade com os padrões da IFC, no entanto prevê-se que este critério possa ser excedido ocasionalmente, o que irá requerer uma mitigação adicional. Prevê-se que a mitigação possa reduzir de forma significativa o potencial dos impactos produzidos pela poeira, reduzindo este risco para um nível Alto. No entanto, tal irá necessitar de um planeamento cuidadoso a fim de evitar condições climáticas adversas e a implementação bem sucedida de várias medidas de mitigação e de monitorização implementadas no local do projecto.

5. TRÁFEGO

Impactos Mitigação

Os potenciais impactos serão sujeitos à selecção de um local ou locais para as pedreiras e à rota para o transporte e terão um impacto significativo sobre a rede de estradas e de linhas ferroviárias existente, ou alternativamente ter um impacto negativo sobre o PNL.

Os potenciais impactos ambientais associados com o uso da rede rodoviária existente incluem:

Fase de Construção

Após a selecção de uma opção preferida de transporte para os materiais da pedreira e uma vez selecionado o empreteiro deve ser apresentado ao MITADER um relatório detalhado da avaliação ambiental e social, na forma de uma adenda à AIAS da Barragem de Mapai.

O Plano de Gestão do Tráfego elaborado pelo empreiteiro deve incluir medidas para assegurar o tráfego ininterrupto durante a construção: desenho detalhado da configuração do tráfego, indicando todos os desvios, estradas temporárias, pontes temporárias, estabelecimento necessário de vias secundárias, barricadas, sinalização / iluminação de alerta, sinalização rodoviária, programa da construção etc.

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5. TRÁFEGO

Impactos Mitigação

- Podem exigir o melhoramento de troços da estrada principal N221 ou da estrada principal N222 de Pafúri.

- Questões significativas de segurança associadas com outro tráfego e pedestres;

- Congestionamento do tráfego nos centros principais como em Mabalane;

- Níveis de ruído que excedem os níveis determinados nas directrizes (consultar a secção 7.8) num raio de 300 m da estrada;

- Emissões de poeira de estradas não asfaltadas; e

- Ruído e conflito directo com animais, em particular ao longo da estrada principal N222 de Pafúri.

Os potenciais impactos associados com o transporte por via-férrea incluem:

- Tráfego, ruído, vibrações e emissões de poeira nos pontos de carregamento e descarregamento do transporte por via-férrea;

- Ruído e emissões de poeira causados pelo movimento adicional na via-férrea; e

- Interrupção do horário existente de transporte por via-férrea.

Limitar o transporte pelos camiões às horas úteis (5 da manhã até às 6 da tarde).

Fazer a gestão das filas do tráfego.

Gestão adequadas de cargas com dimensões excessivas.

Tapar as cargas transportadas que podem potencialmente derramar ou gerar partículas no ar.

Aplicar os limites de velocidade:

- Limites de velocidade regulamentares nas estradas públicas

- 40 km/hora na estrada de acesso à barragem

- 20 km/hora dentro da área das infra-estruturas da barragem

Efectuar a manutenção das estradas de acesso e minimizar a geração de poeiras usando camiões ou carrinhos de aspersão com água.

Resposta rápida na limpeza de qualquer derrame na estrada.

Monitorização do ruído contínuo, da vibração e do tráfego e implementação de um plano de acção caso os limites sejam excedidos.

Consulta contínua com a ANE e assegurar que qualquer dano às estradas públicas seja rectificado.

Fase de Operação

Dentro do PNL: Colocação de sinalização adequada ao longo da estrada principal N222 para alertar os motoristas sobre os animais do parque, e a monitorização continua dos movimentos dos animais.

Haverá um grande número de camiões de grandes dimensões a transportarem material para o local de construção durante aproximadamente quatro anos. O transporte considerável de materiais extraídos da pedreira irá corresponder a aproximadamente 64 viaturas pesadas por dia, ou a circulação de 7 camiões por hora. Sujeito à selecção do(s) local(/locais) da(s) pedreira(s) e à determinação da rota de transporte, tal pode vir a ter impactos significativos nas existentes redes rodoviárias e ferroviárias, e questões consequentes relativas à saúde e segurança. A mitigação irá incluir uma ampla variedade de medidas e a sua

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5. TRÁFEGO

Impactos Mitigação

implementação irá reduzir de forma significativa a probabilidade de ocorrência de acidentes graves, muito embora as consequências continuem as mesmas. O risco residual situa-se a um nível médio superior e a mitigação requer diligência e uma monitorização contínua a fim de assegurar que o risco não aumente.

6. PEDREIRAS E TRANSPORTE

Impactos Mitigação

▪ Existem várias rotas de transporte alternativas das pedreiras até os locais de carregamento ferroviário mais próximos. As alternativas preferidas para as pedreiras de Boane e Moamba exigem a aprovação dos (CFM). Se a aprovação não for obtida, então outras alternativas identificadas poderão ser usadas. No entanto, estas aumentarão os potenciais impactos ambientais e sociais, incluindo o reassentamento.

▪ Impactos ambientais associados ao transporte rodoviário e gestão das actividades de descarregamento / carregamento de material nos ramais ferroviários.

▪ Perturbações significativas nos horários dos comboios.

Fase de Construção

▪ Implementar medidas de gestão de tráfego resumidas na Seção 7.12.8

▪ Empreiteiro selecionado para desenvolver e implementar planos de maneio específicos da área de carregamento na ferrovia para gerir adequadamente o tráfego de caminhões, o descarregamento / carregamento e estocagem de material e o carregamento / descarregamento de material em vagões de comboio. Estes devem ser feitos nos ramais ferroviários de Boane, Moamba e Malabane. Esses planos devem se referir a impactos potenciais, medidas de mitigação e emissões de poluentes descritas no PGAS.

▪ Confirmar as alternativas de transporte rodoviário preferidas para Boane e Moamba com os CFM. Se a aprovação não for obtida, usar outras alternativas identificadas. Se outras alternativas forem selecionadas, implemente medidas adicionais de mitigação para minimizar os impactos nos residentes e empresas. Se o reassentamento for necessário, realize pesquisas sociais e prepare e implemente o PAR.

▪ Questões de programação de comboios estarão sujeitas a discussões entre a ARA-Sul, o empreiteiro selecionado e os CFM.

▪ Todos os vagões ferroviários devem ser cobertos para minimizar as emissões de poeira.

Haverá uma redução significativa desse risco, minimizando as distâncias de transporte e implementando medidas de gestão de tráfego. No entanto, este risco poderá aumentar caso as vias de transporte rodoviário preferidas não sejam aprovadas pelo CFM e sejam adotadas rotas menos favoráveis. Nesse caso, os impactos potenciais provavelmente aumentariam significativamente como resultado de possíveis impactos e reassentamentos das pessoas e empresas afectadas. Da mesma forma, será importante garantir que os operadores das pedreiras mantenham e

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6. PEDREIRAS E TRANSPORTE

Impactos Mitigação

operem dentro de seus requisitos de licenciamento ambiental e de mineração e mantenham uma colaboração estreita com o CFM para minimizar as interrupções no sistema ferroviário.

7. SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL

Impactos Mitigação

S&SO

- Sistemas menos adequados de segurança para os trabalhadores

- Ameaças de segurança para os trabalhadores e para a comunidade

- Gestão inadequada de saúde, incluindo a falta de sensibilização sobre HIV/SIDA.

- Tempo de trabalho perdido inaceitável

- Instalações de saúde melhoradas para as comunidades circundantes

Segurança

- Segurança inadequada no local de construção constitui um risco significativo para os

S&SO

Os procedimentos de saúde e segurança ocupacional serão obrigatoriamente aplicados no local do projecto. Cada empreiteiro terá que preparar um plano de saúde e segurança ocupacional (S&SO), obter a devida aprovação e implementar o mesmo. Estes planos serão preparados em conformidade com os PGAS de Saúde dos Trabalhadores e com as Directrizes de Saúde, Segurança e Ambiente (SS&A).

Todos os trabalhadores receberão uma formação adequada e providenciada com equipamento de protecção pessoal (PPE) adequado. Será feita uma supervisão frequente pelos consultores de supervisão de forma a assegurar que os trabalhadores utilizem sempre este PPE adequado.

O plano S&SO elaborado pelo empreiteiro deve descrever as tarefas e métodos a serem usados pelos trabalhadores associados com a construção e actividades operacionais e indicar a forma como estes devem ser executados de forma segura e especificar como identificar e lidar com potenciais perigos. Os empreiteiros serão responsáveis por assegurar que os trabalhadores de construção sejam adequadamente informados sobre o plano de S&SO.

Os empreiteiros devem providenciar formação aos trabalhadores sobre potenciais perigos como ataques por crocodilos e mordeduras de cobras.

Será focada atenção especial na formação sobre as questões de segurança para os trabalhadores a fim de evitar e limitar a ocorrência de acidentes, e como lidar com situações de emergência.

A sinalização rodoviária será afixada em locais apropriados para reduzir os perigos de segurança associados com o tráfego relacionado com o projecto.

Será mantido contacto com a polícia de trânsito

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7. SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL

Impactos Mitigação

activos, materiais de construção e propriedade.

- O roubo / vandalismo de activos, materiais e propriedade poderia aumentar os custos da construção e causar atrasos na finalização do projecto.

A existência de medidas inadequadas de segurança para os trabalhadores de construção e em particular para os trabalhadores estrangeiros nos locais de construção.

Os motoristas do projecto serão treinados em condução defensiva.

A velocidade das viaturas perto / dentro das comunidades será mantida baixa, a fim de evitar perigos relacionados com segurança.

A estratégia de comunicação complementa a sensibilização e disseminação de informação.

Riscos de segurança

Consulta contínua com as comunidades e os chefes das comunidades e pessoal de segurança.

Providenciar segurança nos locais de trabalho e nos acampamentos de alojamento e recrutar guardas-nocturnos.

Assegurar que exista uma vedação adequada em redor das áreas de construção, com correntes com pelo menos 2.4 m de altura e trancadas com uma corrente de aço e cadeado.

Nomear pessoal apropriado de segurança nos locais de trabalho. Devem ser utilizadas investigações pré-emprego de rastreamento para verificar os candidatos relativamente ao seu histórico de emprego, nível de habilitações e registo criminal com cadastro.

Providenciar cartões de identificação para os trabalhadores.

Manter os registos a fim de manter o controlo do número de pessoas presentes no acampamento em determinado momento.

Assegurar que os locais de trabalho tenham iluminação adequada à noite

As questões relativas a Saúde e Segurança Ocupacional (S&SO) serão significativas num projecto a esta escala, com possibilidades significativas de acidentes incluindo fatalidades. Além disso, o influxo de trabalhadores aumenta, de forma significativa, o potencial de propagação de doenças infecciosas, incluindo o HIV/SIDA. Devido à potencial perda de vida e impacto nas comunidades circundantes este risco é avaliado como Extremo. Os procedimentos relativos à Saúde e Segurança Ocupacional estão bem estabelecidos e a implementação de sistemas apropriados irá reduzir consideravelmente a probabilidade de acidentes ou de problemas de saúde. No entanto, tal requer muito esforço, incluindo a monitorização contínua, formação e assegurar um local de trabalho com a devida segurança. Este risco é portanto passível de ser gerido; no entanto é necessário um alto nível de esforço para gerir qualquer aumento ou agravamento do risco.

8. FALHA OU RUPTURA NA BARRAGEM

Impactos Mitigação

A barragem está localizada numa área de actividade sísmica, e danos devidos a terramotos ou eventos imprevistos (por ex., violação da

▪ O desenho da barragem foi avaliado em detalhe e incorporou elementos de desenho para mitigar potenciais cenários prejudiciais como é o caso de eventuais perturbações sísmicass

▪ Plano de Manutenção e de Inspecção

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8. FALHA OU RUPTURA NA BARRAGEM

segurança ou explosão) podem vir a resultar numa descarga não controlada de água e potencial perda de vida.

▪ Plano de Gestão da Segurança

▪ Plano de Prontidão e Resposta em Situações de Emergência

A probabilidade deste risco pode ser mitigada de forma eficaz de um risco Extremo através da inclusão de medidas apropriadas de desenho e da implementação de uma monitorização eficaz, bem como procedimentos de manutenção e de segurança. A implementação de um Plano de Resposta de Emergência e Prontidão possibilitará a mitigação de consequências na eventualidade de ocorrer uma falha ou ruptura na barragem. No entanto, as consequências de uma falha ou ruptura na barragem podem ainda ser catastróficas, portanto o risco residual permanece Alto.

Tabela 9 Ambiental: RISCO MÉDIO

1. HIDROLOGIA E QUALIDADE DA ÁGUA

Impactos Mitigação

Hidrologia

O incumprimento dos objectivos de resiliência às Mudanças Climáticas (cheias e secas).

Redução significativa nos fluxos a jusante e mudanças aos regimes de fluxo das correntes

Impacto no Rio Limpopo como resultado da extracção de água durante a construção

Aumento de inundações

Gestão operacional inadequada e aumento de inundações.

Mudanças ao regime do fluxo a jusante que resultam em fluxos

Fase de Desenho

Capacidade de armazenamento efectivo de evento de inundações de 50 anos e reduzir os picos para inundações maiores.

Abastecimento de água para irrigação.

Desenho para um evento de terramoto de 10 000 anos e eventos PMF.

Capacidade adequada de armazenamento para depósitos de sedimentos

Fase de Construção

PGAS e o Plano de Gestão da Construção abordam a gestão do solo e escoamento de águas, águas residuais, resíduos sólidos e perigosos e manuseamento de materiais.

Faseamento dos trabalhos de forma que o maior volume de escavações e de trabalhos de terraplenagem sejam efectuados durante condições de baixo fluxo. Quaisquer descargas de poluente em conformidade com o Regulamento de Moçambique relativo aos Padrões de Qualidade Ambiental e Directrizes SS&A da IFC: Questões ambientais 1.3 Águas residuais e Qualidade da Água Ambiente

Desmatar vastas parcelas de vegetação dentro da área do reservatório e limitar as actividades agrícolas por pelo menos seis meses antes da inundação

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1. HIDROLOGIA E QUALIDADE DA ÁGUA

Impactos Mitigação

reduzidos e na disponibilidade d água para as comunidades.

Mudanças na qualidade da água e impacto nos valores de biodiversidade.

Sistema inadequado de alerta na eventualidade de inundações.

No PGAS providenciam-se medidas de mitigação específicas relativas à qualidade da água e que incluem a contenção cuidadosa e gestão de potenciais poluentes, separação de escoamento limpo e ‘sujo’ de águas pluviais, controlos de drenagem e de sedimentação e tratamento no local e eliminação de resíduos de esgotos e de águas residuais geradas no local. Será implementado um programa de monitorização para confirmar que a qualidade da água adere aos objectivos relevantes de qualidade da água e, caso necessário, medidas de remediação executadas e/ou actividades modificadas no local. Monitorização da extracção da água de superfície e da água subterrânea para assegurar que não existam impactos adversos.

Fase de Operação

Requisitos relativos à manutenção dos fluxos ambientais

- Fluxos baixos mensais: Assegurar que a descarga mínima diária de água da barragem corresponda aos fluxos baixos médios mensais apresentados na avaliação IHA.

- Fluxos extremamente baixos: Assegurar que a condição de fluxo extremamente baixo (caudal zero) não exceda mais do que seis dias em cada ano e somente ocorra em Outubro.

- Impulsos elevados de fluxo: Assegurar que a descarga de inundações repentinas que resultam num aumento do nível de água acima dos níveis de fluxo baixo não galguem as margens do rio. Esta descarga diária deve ser em média cerca de 223 m3/s por um período de 18 dias a iniciar em finais de Dezembro e três vezes em cada ano específico de água.

- Cheias de pequenas dimensões (10 anos): Assegurar a descarga de uma inundação de pequenas dimensões de cerca de 2730m3/s que galgue as margens do canal principal e que ocorra frequentemente, por ex., cada 2 a 10 anos por um período de 45 dias a iniciar em Fevereiro.

- Cheias extensas (>10 anos): É recomendada, mas não obrigatória, uma descarga de cheias extensas que ocorre de 10 em 10 anos, ou mais.

Assegurar a conformidade com os regulamentos aplicáveis aos recursos hídricos no que se relaciona com os regimes de descarga a jusante;

Desenvolver e implementar um sistema adequado de alerta de cheias.

Procedimentos operacionais da barragem que devem incluir a gestão de descargas de fluxo ambiental para assegurar que não seja feita a descarga de água de fraca qualidade da barragem.

Instalação de estações de monitoria hidrológica e ambiental imediatamente a seguir à barragem, antes da entrada para o reservatório e nos afluentes a jusante.

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1. HIDROLOGIA E QUALIDADE DA ÁGUA

Impactos Mitigação

É necessário um programa de monitorização e de avaliação para confirmar que os requisitos propostos do fluxo ambiental podem ser mantidos de forma satisfatória, o estado sanitário a jusante.

Considerar os alvos ambientais e ecológicos do Baixo Limpopo e as características operacionais da Barragem de Massingir.

Desmatamento de vastas parcelas de vegetação na área do reservatório e limitação das actividades agrícolas por pelo menos um período de seis meses antes da inundação.

Implementação de um sistema abrangente de monitora da qualidade de água no reservatório, e para as áreas a montante e a jusante. A monitorização em tempo real irá assegurar que quaisquer questões relativas à qualidade da água sejam rapidamente solucionadas.

A barragem foi planeada para efectuar a descarga de fluxos ambientais para o ar livre, aumentando, dessa forma a oportunidade de mistura e oxigenação da água.

As iniciativas de gestão da bacia hidrográfica irão reduzir o potencial para a erosão da bacia e assoreamento da barragem. Tal inclui a manutenção de uma zona tampão de vegetação em redor do perímetro da barragem e a estabilização dos canais naturais de drenagem, em particular ao longo das encostas íngremes alinhadas com a margem esquerda.

Será feita a monitorização a fim de avaliar o equilíbrio de sedimentos e, caso necessário, será implementado um programa para regulamentar a descarga de sedimentos

Qualidade da água

Erosão e sedimentação

Águas pluviais contaminadas pelas áreas operacionais que contêm potenciais poluentes como óleos, solventes, tintas, combustível e resíduos materiais.

Derrames não controlados de líquidos de contaminantes como é o caso de combustível e óleos

Fase de Construção

O PGAS e o Plano de Gestão da Construção abordam a gestão do solo e escoamento de águas, águas residuais, resíduos sólidos e perigosos e manuseamento de materiais.

Faseamento dos trabalhos de forma que o maior volume de escavações e de trabalhos de terraplenagem sejam efectuados durante condições de baixo fluxo.

Quaisquer descargas de poluente devem ser feitas em conformidade com o Regulamento de Moçambique relativo aos Padrões de Qualidade Ambiental e Directrizes SS&A da IFC: Questões ambientais 1.3 Águas residuais e Qualidade da Água Ambiente

Desmatar vastas áreas de vegetação dentro da área do reservatório e limitar as actividades agrícolas por pelo menos seis meses antes da inundação.

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1. HIDROLOGIA E QUALIDADE DA ÁGUA

Impactos Mitigação

Descargas de águas de esgotos e de águas residuais.

Impactos da barragem na qualidade da água incluindo a deterioração da qualidade da água devido às mudanças físico-químicas e descarga a jusante de água de fraca qualidade.

Não conformidade com os objectivos da qualidade da água

No PGAS providenciam-se medidas de mitigação específicas relativas à qualidade da água e que incluem a contenção cuidadosa e gestão de potenciais poluentes, separação de escoamento limpo e ‘sujo’ de águas pluviais, controlos de drenagem e de sedimentação e tratamento no local e eliminação de resíduos de esgotos e de águas residuais geradas no local.

Será implementado um programa de monitoria para confirmar que a qualidade da água adere aos objectivos relevantes de qualidade da água e, caso necessário, medidas de remediação executadas e/ou actividades modificadas no local. Monitoria da extracção da água de superfície e da água subterrânea para assegurar que não existam impactos adversos

Fase de Operação

A barragem foi planeada para efectuar a descarga de fluxos ambientais para o ar livre, aumentando, dessa forma a oportunidade de mistura e oxigenação da água.

As iniciativas de gestão da bacia hidrográfica irão reduzir o potencial para a erosão da bacia e assoreamento da barragem. Tal inclui a manutenção de uma zona tampão de vegetação em redor do perímetro da barragem e a estabilização dos canais naturais de drenagem, em particular ao longo das encostas íngremes alinhadas com a margem esquerda.

A proposta Barragem de Mapai irá mudar os caudais do rio e afectar a disponibilidade de água para os utilizadores a jusante e os habitats ribeirinhos. Irão também ocorrer impactos consequentes na qualidade da água devido à redução dos caudais a jusante e às mudanças físico-químicas resultantes do enchimento da barragem.

As medidas de mitigação propostas incluem a manutenção dos fluxos de compensação que reproduzem tanto quanto possível o regime de caudal natural do rio, combinada com uma regulação cuidadosa da qualidade da água durante as descargas de água e durante as iniciativas de gestão da bacia hidrográfica. Estas medidas podem reduzir substancialmente o risco ambiental, bem como providenciar benefícios positivos significativos durante os períodos de condições de caudais abaixo do normal e através da redução dos picos de fluxo para grandes eventos de inundação.

2. ÁGUA SUBTERRÂNEA:

Impactos Mitigação

A recarga de água subterrânea pode ser afectada.

A água subterrânea não será usada para a construção.

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2. ÁGUA SUBTERRÂNEA:

Redução da água subterrânea devido à extracção de água durante a construção.

Poluição da água subterrânea devido às descargas não controladas de águas residuais e derrames de materiais perigosos

Água subterrânea será usada como água potável durante a construção, no entanto será rigorosamente monitorada e a água potável será transportada por camiões-cisternas do local mais próximo, caso necessário.

Plano de Gestão da Construção para reduzir a possibilidade de poluição fora do local do projecto

Implementação de um sistema de monitorização da qualidade e do nível de água subterrânea

▪ ▪

É pouco provável que o Projecto afecte adversamente os recursos de água subterrânea. As medidas de mitigação que podem ser facilmente aplicadas a longo prazo provavelmente irão constituir um benefício positivo para as comunidades locais pois dependerão menos da água subterrânea como fonte de água potável. No entanto, tal continua a ser um risco moderado devido à alta importância da água subterrânea e às consequências daí decorrentes na eventualidade de uma extracção significativa da água ou poluição da mesma.

3. FAUNA TERRESTRE:

Impactos Mitigação

19 espécies de mamíferos, 13 espécies de répteis, 95 espécies de aves terrestres, 24 espécies de aves aquáticas, e 10 espécies de anfíbios.

Perda de habitats.

Perda de espécies protegidas de animais:

- Três espécies são classificadas como tendo significância para a conservação (UICN): Elefante (Vulnerável), Hipopótamos (Vulnerável e Zebra de Burchell (Quase ameaçada).

- Três espécies estão protegidas contra a caça (Lei de Florestas e de

Fase de Construção

Obter uma autorização do Departamento de Florestas antes do desmatamento.

Efectuar o desmatamento durante a estação seca (entre Maio e Setembro) a fim de evitar a época de reprodução.

Implementar um programa de desmatamento faseado de forma a minimizar a perturbação da terra e a potencial erosão e sedimentação do rio.

A camada superficial do solo será removida das áreas desmatadas, empilhada em áreas designadas e então reutilizada nas áreas a serem reabilitadas.

Reabilitar as áreas perturbadas a curto prazo incluindo aproximadamente 13,5 km2 de área de infra-estruturas, bem como a restauração de áreas degradadas nos 57,72 km2 da área de exclusão do reservatório. O PGAS (Plano de Gestão da Biodiversidade) inclui medidas específicas de reabilitação e inclui o envolvimento das comunidades na recolha de sementes e mudas de plantas antes do desmatamento, e o estabelecimento de viveiros geridos pela comunidade.

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3. FAUNA TERRESTRE:

Impactos Mitigação

Fauna Bravia) e incluem : Gato-serval, Macaco vervet ou Macaco de cara-preta e Pitão-africano

Perturbação do PNL durante a construção.

Modificações de longo prazo aos habitats devido ao desenvolvimento de um corpo de água maior

O Departamento de Florestas deve ser consultado sobre a remoção e transplante da espécie ameaçada Dalbergia melanoxylon para um local adequado.

Implementar um programa para estabelecer a vegetação ribeirinha em redor do perímetro da barragem.

Implementar um programa para a monitorização e gestão de espécies invasoras de vegetação

Outras medidas de mitigação incluem providenciar assistência às comunidades locais para a recolha de árvores e de plantas antes da construção e da inundação do reservatório . A venda de espécies comerciais pode ser usadas para financiar a gestão contínua da bacia hidrográfica e os programas de reabilitação.

Fase de Operação Efectuar a manutenção dos fluxos ambientais a fim de minimizar o impacto nos habitats

ribeirinhos a jusante.

Monitorização contínua e manutenção das áreas de reabilitação e da zona de exclusão do reservatório.

Implementar um programa para a monitorização e gestão de espécies invasoras de vegetação.

Iniciativas de gestão da bacia hidrográfica para incluir uma gestão melhor dos habitats naturais dentro da bacia hidrográfica.

O habitat terrestre cobre aproximadamente 350.35 km2 (83%) do local do Projecto e a sua perda permanente terá impacto em aproximadamente 161 espécies de animais terrestres. Destas, três espécies têm significância em termos de conservação e outras três estão protegida pela legislação de Moçambique. Também haverá um impacto directo em parte da zona tampão do PNL. Esta questão está avaliada como um risco Alto, no entanto mitigação dos habitats e o estabelecimento de um vasto reservatório permanente irá provavelmente aumentar de forma substancial a diversidade e abundância de animais. No entanto o risco residual é considerado como sendo Médio devido ao nível significativo de esforço necessário para implementar as medidas de mitigação.

4. FLORA E FAUNA AQUÁTICA:

Impactos Mitigação

Potenciais impactos sobre a diversidade e abundância de espécies, que pode ter impacto

Fase de Construção

Medidas de proteção do solo e de controlo da erosão para minimizar o escoamento dos sedimentos e turvação do rio.

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4. FLORA E FAUNA AQUÁTICA:

Impactos Mitigação

sobre: 22 espécies de peixes, 11 classes de macroinvertebrados, 5 Filos de fitoplâncton e 12 Táxons de zooplâncton.

Mudanças significativas na diversidade dos habitats, fluxos mais regulados a jusante e uma barreira para a migração dos peixes. Os habitats resultantes serão menos diversos, e de modo geral serão definidos por águas mais profundas, fluxos mais baixos e em mudanças induzidas na temperatura e na qualidade da água.

Impedimento à migração de Peixes

Potenciais impactos sobre a biodiversidade a jusante devido a mudanças na qualidade da água e nos padrões de fluxo do rio. Tal inclui:

- mudanças à qualidade da água que têm impacto sobre as espécies de plantas e de animais.

- baixos fluxos que têm impacto sobre os requisitos mínimos de profundidade de agua para plantas e animais aquáticos.

- redução nos fluxos de inundação que têm impacto nos ciclos de reprodução de peixes.

Medidas de controlo de poluição para minimizar o risco de descargas de poluentes

Colocação de rochas de tamanho variável no canal de desvio para impedir a abrasão e para estabilizar as margens do canal.

Minimizar o risco das descargas de poluentes e de sedimentos;

Faseamento da construção de forma que os principais trabalhos de terraplenagem sejam realizados durante os períodos de não reprodução durante a estação seca.

Realização dos trabalhos de desvio do rio para acomodar o programa de construção enquanto assegurando que os fluxos naturais permaneçam desimpedidos.

Manutenção do habitat ribeirinho dentro do trecho de inundação proposto do rio durante o máximo de tempo possível.

Não permitir a introdução de espécies não endémicas e assegurar a remoção rápida de espécies peste da Barragem

Fase de Operação Assegurar que as descargas do fluxo ambiental sejam em conformidade com os planos

operacionais.

Fazer a monitorização das condições a jusante e, caso necessário, empreender acção de remediação e de revisão dos procedimentos aplicáveis a fluxos ambientais.

Estabelecer uma comissão de gestão da bacia hidrográfica e implementar medidas de gestão da bacia hidrográfica, incluindo a monitorização e manutenção das áreas reabilitadas e da área de exclusão do reservatório

Auxiliar as comunidades a jusante para protegerem as áreas de inundação, que podem incluir financiamento para propagar e plantar vegetação ribeirinha dentro de um raio de 50 m do rio.

a. Peixes

Procedimentos de implementação para a monitorização e regulação dos fluxos ambientais. Conforme discutido anteriormente (Secções 7.5.6 e 7.7.3), foi desenvolvido um regime de fluxo ambiental que aborda vários parâmetros ecológicos relacionados com a distribuição e abundância de espécies e aspectos relativos ao ciclo de vida e às condições biofísicas. Os fluxos ambientais propostos foram desenvolvidos com base numa variedade de condições de fluxo que imitam, o máximo possível, as condições naturais de secas e de inundações. Tal inclui a descarga

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4. FLORA E FAUNA AQUÁTICA:

Impactos Mitigação

- Cargas reduzidas de sedimentos podem ter impacto nos habitats do substrato do rio.

de fluxos mais elevados para tomar em consideração o alagamento das planícies de inundação e os requisitos relativos à desova.

Estabelecimento de vegetação ribeirinha em redor do perímetro do reservatório e criação de locais artificiais de reprodução, que podem incluir a instalação de tapetes de fibra e de outras estruturas fixas, providenciando sombra a objectos submersos instalados como toros e pedras, adjacentes às margens onde os peixes se podem esconder (Gora e Petts 1989). O melhoramento das entradas para riachos naturais ao longo da margem direita também pode facilitar a entrada dos peixes para os locais favoritos de desova.

Implementação de um programa de monitorização para avaliar as mudanças na composição e abundância de espécies, e dos padrões de migração durante as fases de construção e de operação do Projecto. Sujeito aos resultados de monitorização as acções de resposta podem incluir a criação de vários tipos de habitats dentro de secções específicas da barragem, bem como a montante e a jusante. Tal pode incluir áreas localizadas em terras húmidas fora do riacho para promover uma migração lateral.

A implementação de um plano para minimizar a possibilidade de espécies invasoras de peixes, como a Tilápia do Nilo, de se estabelecerem no reservatório proposto. O PGAS inclui um Plano de Gestão da Biodiversidade e controlos importantes que devem ser considerados como a inclusão de uma rede na entrada da barragem para impedir que os peixes entre no rio a jusante, bem como educar a comunidade sobre os perigos da introdução de espécies não endémicas . Os pescadores também serão encorajados a dar notificação sobre o seu pescado.

b. Invertebrados e fitoplâncton

Implementação do Plano de Gestão da Biodiversidade, que inclui o estabelecimento da vegetação ribeirinha em redor do perímetro do reservatório proposto.

Os procedimentos operacionais da barragem devem incluir a gestão da qualidade da água do reservatório, as descargas de fluxo ambiental e as descargas de sedimentos.

A gestão cuidadosa das actividades de pesca para assegurar o equilíbrio sustentável entre os recursos de peixe e a diversidade e abundância de invertebrados e de fitoplâncton.

c. Espécies invasoras

Implementação de um programa para fazer a monitorização e gestão das espécies invasoras.

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4. FLORA E FAUNA AQUÁTICA:

Impactos Mitigação

Vigilância regular da área da barragem área para a detecção e remoção de espécies invasoras. Recolha manual e mecânica de plantas invasoras e sua incineração. No caso de uma infestação em grande escala, pode ser implementado um tratamento com um herbicida apropriado após uma avaliação detalhada da gestão da peste.

Monitorização e prevenção da introdução de espécies invasoras de fauna, e desenvolvimento de programas de remoção sempre que tal ocorra

Foram identificadas vinte e duas espécies de peixes, 11 classes de macroinvertebrados, 5 Filos filoplanctónicos e 12 Táxons zooplanctónicos que utilizam a área do Projecto. Muito embora o rio apresente um sistema ribeirinho geralmente saudável existes ameaças ambientais significativas devido às mudanças climáticas induzidas pela seca e pela redução dos caudais dos rios. A pesca também constitui um recurso ecológico importante, muito embora tal se esteja a tornar menos viável devido aos caudais baixos.

O Projecto irá afectar principalmente três espécies de peixes migratórios que provavelmente não estão aptos a se adaptarem a condições de represamento e de mudanças de habitat, mas no entanto não se prevê que alguma destas espécies identificadas sofra impactos a nível regional. A abundância dos macroinvertebrados irá provavelmente aumentar, contudo prevê-se que a diversidade de espécies na barragem e nas zonas imediatamente a jusante venha a diminuir.

O risco é avaliado como sendo Alto, mas a restauração do habitat ribeirinho em redor do perímetro da barragem e uma gestão cuidadosa dos fluxos ambientais a jusante irão reduzir este risco para um Risco residual Médio. No entanto, estas medidas deverão ser implementadas com sucesso de forma a gerir, com eficiência riscos a longo prazo.

5. BIODIVERSIDADE REGIONAL:

Impactos Mitigação

Interferência com a zona tampão do PNL.

Impacto nos corredores de fauna bravia.

Impedimento à circulação de animais a nível regional.

Obter autorização emitida pela Autoridade de Parques Nacionais antes de empreender tais trabalhos no PNL.

Estabelecer uma área de exclusão do reservatório logo que possível.

Providenciar uma zona tampão vegetativa em redor da comunidade de Salane.

Implementar a restrição de 40 km / hora perto do corredor de fauna bravia de Chitsuitsuine.

Limitar o tráfego de construção durante o período nocturno.

Recrutar pessoal adicional para auxiliar os guardas do Parque na gestão das actividades de construção dentro do PNL, bem como na gestão de longo prazo de uma maior diversidade e abundância de espécies animais que têm acesso à zona tampão do PNL.

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5. BIODIVERSIDADE REGIONAL:

Impactos Mitigação

Este risco é avaliado como sendo um risco Alto devido ao impacto na zona tampão do PNL e potencial impedimento à circulação de animais a nível regional. No entanto implementação bem sucedida da restauração dos habitats e a remoção de um grande número de pessoas da zona tampão do PNL irá provavelmente atrair animais de grande porte da área central do PNL para o novo reservatório e melhorar a circulação de animais a nível regional. O risco residual é portanto considerado Médio.

6. RUÍDO E VIBRAÇÃO:

Impactos Mitigação

As directrizes adoptadas aplicáveis a ruídos não são alcançadas de forma consistente:

- Directrizes de SS&A da IFC, Directrizes Gerais de SS&A: Gestão do Ruído Ambiental (Abril 2007). Os critérios de ruído para o período diurno são (das 7 da manhã - 10 da noite):

- 55 LAeq,1hr (dBA): Residencial, institucional e educacional

- 70 LAeq,1hr (dBA): Industrial e comercial

Fase de Construção

Manter uma zona tampão de 1 000 m entre as infra-estruturas da área de construção e as habitações.

Manter uma distância mínima de 3 000 m entre a ensecadeira e as obras do aterro, e as habitações.

Manter uma distância mínima de 1 500 m entre os trabalhos de mistura de concreto e as habitações.

O empreiteiro deve fazer a modelação detalhada do ruído e a implementação das medidas de mitigação apropriadas antes da programação das principais obras a serem realizadas nos locais indicados a seguir:

- Trabalhos de desvio do rio

- A intervalos de 500 m ao longo do alinhamento da barragem

- No(s) local (/is) de mistura do concreto e empilhamento do mesmo

Quando viável, seleccionar uma instalação e equipamento com baixo nível de ruído.

Incorporar pausas nas actividades de construção que possam potencialmente gerar níveis altos de ruído.

Testar, periodicamente, os níveis de potência sonora do equipamento de mineração móvel em conformidade com a ISO 6395: 1998.

Modificar ou limitar os sinais ou alertas sonoros como buzinas, apitos e sinos, consoante permitido pela segurança.

Manter o equipamento em bom estado de funcionamento.

Limitar a entrega de equipamento e de produtos de consumo entre as 7 da manhã às 6 da tarde.

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6. RUÍDO E VIBRAÇÃO:

Impactos Mitigação

Refinar adicionalmente as medidas de mitigação de ruído, o local e os procedimentos de operação no local, onde aplicável, incluindo a investigação de barreiras temporárias de ruído no lado norte da estrada de acesso.

Resposta imediata a quaisquer questões de preocupação ou queixas apresentadas pela comunidade.

Fazer a monitorização dos níveis de ruído em receptores sensíveis e implementar medidas de mitigação adicionais caso seja necessário. Tal pode incluir:

- modificações das actividades ou provisão de protecção acústica para as instalações que emitam ruídos de nível elevado a fim de reduzir os impactos da emissão de ruídos sobre os receptores sensíveis, se necessário;

- implementar mitigação acústica viável e razoável nos receptores, se necessário; e

- negociação ou transferência dos receptores sensíveis para outro local caso as medidas de atenuação do ruído não sejam eficazes ou viáveis.

Realizar consultas regulares com oficiais do governo local e membros da comunidade sobre as actividades futuras do Projecto. Disponibilização aos membros da comunidade de um número de telefone para contacto na eventualidade de perturbação excessiva de ruído.

Incluir programa de formação sobre o controlo de ruído e sensibilização para o pessoal a trabalhar no local do projecto.

Fase de Operação

Desenho detalhado para incorporar o tratamento acústico de componentes como bombas, motores, etc.

Manter uma zona tampão de 200 m em redor das componentes das infra-estruturas, incluindo as áreas de alojamento / escritórios, barragem e descarregador e Central Hidroeléctrica (HPP).

A construção da barragem irá constituir um empreendimento significativo durante um período de cinco anos, dos quais os principais trabalhos de terraplenagem irão ocorrer durante aproximadamente quatro anos. O risco de ruído e vibração é avaliado como sendo Alto devido aos potenciais impactos nas pessoas perto do local de construção e ao longo da rota de transporte por camiões. Os níveis de ruído e vibração irão variar em conformidade com o programa de construção, portanto as medidas de mitigação necessitarão de uma avaliação e modificação numa base regular.

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6. RUÍDO E VIBRAÇÃO:

Impactos Mitigação

O objectivo dos critérios de ruído nos receptores sensíveis será determinado em conformidade com os padrões do IFC, no entanto prevê-se que estes critérios possam ser excedidos ocasionalmente, o que irá requerer uma resposta com mitigação adicional. Consequentemente, o risco residual está classificado como Moderado, na medida em que os riscos serão toleráveis, mas é necessária uma resposta rápida.

7. RESÍDUOS:

Impactos Mitigação

Resíduos líquidos e sólidos no próprio local do projecto;

Poluição de solos e de água;

Perigos para a saúde e impactos ambientais devido a práticas inadequadas de gestão de resíduos;

Resíduos putrescíveis e águas estagnadas que atraem parasitas e insectos portadores de doenças como é o caso de mosquitos; e

O armazenamento e manuseamento impróprios de combustíveis, lubrificantes, produtos químicos, produtos/ materiais perigosos no local, lavagem das instalações e do equipamento, e potenciais derrames podem danificar o ambiente e serem nocivos para a saúde dos trabalhadores de construção

Fase de Construção

Implementar um plano de gestão de resíduos: evitar, minimizar, reciclar, re-utilizar e eliminar

Eliminar, de forma apropriada, os resíduos a montante da barragem numa área de inundação apropriada

Separar e gerir os diferentes tipos de resíduos em áreas apropriadas em redor do local

As viaturas que transportam resíduos devem ser tapadas

Formação do pessoal em gestão de resíduos

Solicitar aos fornecedores que reduzam o empacotamento

Fazer a manutenção do local de construção e assegurar que não existam resíduos que não estejam seguros

Fazer a recolha de resíduos químicos em recipientes com rótulos apropriados para o seu transporte seguro para um depósito apropriado de resíduos químicos.

Armazenar, transportar e manusear todos os produtos químicos em conformidade com as boas práticas

Armazenar todos os resíduos perigosos de forma apropriada em áreas delimitadas e impermeabilizadas afastadas dos cursos de água.

Disponibilizar todas as Fichas de Dados de Segurança dos Materiais (MSDS) para os materiais perigosos no local durante a construção.

Fazer a recolha dos resíduos de hidrocarbonetos incluindo óleos de lubrificação, para o seu transporte mais seguro para fora do local do projecto para reutilização, reciclagem, tratamento ou eliminação em locais aprovados.

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7. RESÍDUOS:

Impactos Mitigação

Construir o concreto ou outras estruturas rígidas impermeáveis a fim de evitar a infiltração na eventualidade de derrames.

Manter stock suficiente de absorventes para produtos químicos ou para petroquímicos de uso geral (por ex., sujidade, serradura, etc.) dentro de uma área de armazenamento a fim de conter derrames acidentais.

O tratamento no local de águas de esgotos e de águas residuais e eliminação através de um sistema técnico e aprovado de deposição em fossa séptica

Fase de Operação

Implementar plano de gestão de resíduos: evitar, minimizar, reciclar, reutilizar e eliminar

Não efectuar a queima de resíduos sólidos

Serão produzidas vastas quantidades de resíduos, que podem potencialmente resultar numa poluição ambiental severa, e daí o risco ser classificado como sendo Alto. As medidas de mitigação podem ser facilmente aplicadas para assegurar uma gestão adequada dos resíduos e o risco residual é avaliado como sendo Médio.

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S.10.4 Impactos Socioeconómicos

Os relatórios da AIAS e do PAR abrangem uma variedade de potenciais impactos socioeconómicos associados com o Projecto, que estão essencialmente relacionados com a deslocação e perturbação das PAP e suas famílias. Existem 21 comunidades que estão total ou parcialmente localizadas dentro da área ocupada pelo Projecto. O levantamento de todos os agregados familiares nas 21 comunidades identificou um total de 2 435 agregados familiares e 10,696 pessoas (Consultar a Secção S.7.1).

No total serão afectados directamente 1,682 agregados familiares pela pegada do projecto com base em diferentes níveis de água conforme ilustrado na Tabela 10.

Tabela 10 Número Estimado de Famílias Afectadas pelos diferentes Cenários de Níveis de Água

Nível de Água Número de

famílias Número estimado

de pessoas

Nível de pleno armazenamento (156,4m) 1 043 4 798

Nível de máxima cheia de 50 anos (169m) 604 2 778

Nível de máxima cheia de 5000 anos (170m) 35 161

Total 1 682 7 737

Propõe-se que as pessoas na pegada do reservatório até um nível de máxima cheia de 50 anos (169m), e a área de exclusão adjacente com um raio de 350 m sejam deslocadas para áreas apropriadas de reassentamento. Tal abrange um total de 1.647 famílias (7 576). As comunidades dentro desta área incluem:

a) Distrito de Mapai: Buiela, Ngala, Muzamane, Chissapa, Maphuvule, Ndombe, Chicumbane e Lissenga

b) Distrito de Chicualacuala: Sihogone, Mbeti, Matsilele, Salane, Changanine, Zuanga e Macasaane.

Outras perdas relacionadas com o Projecto incluem aproximadamente 15 km2 de áreas agrícolas, aproximadamente 61.1 km da Estrada N222, infra-estruturas relacionadas com as comunidades como é o caso de escolas e centros comunitários, e pequenos negócios como os batelões de travessia, fornos para tijolos e lojas. Os principais impactos potenciais relacionam-se com:

Perturbações aos meios de subsistência, níveis de subsistência e capacidade de gerar rendimentos através da perda de bens / recursos económicos e a necessidade de se mudarem de local. Tal pode levar a um aumento nos níveis de pobreza, e causar um declínio nos padrões nutricionais e de saúde dos agregados familiares.

Perda de acesso a terras agrícolas, serviços e instalações.

Acesso impedido e a deslocalização de grande número de pessoas podem aumentar as pressões nos serviços existentes nas áreas hospedeiras, em particular nas instalações educacionais e de saúde.

Efeitos secundários resultantes do reassentamento; por exemplo, a pressão nas instalações de água e de saneamento pode afectar a qualidade da água, ou um aumento nos pastos para gado pode causar a erosão do solo.

Perda de acesso a uma base de recursos naturais, e em particular ao sistema fluvial, presentemente usado extensivamente para fins domésticos, agrícolas e comerciais. Tal é particularmente importante onde as populações locais dependem do ambiente físico para a sua

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sobrevivência. A barragem irá criar a perda dos habitats do rio e da planície de inundação, e os dos recursos naturais utilizados pelas comunidades.

Um regime hidrológico alterado no rio Limpopo a jusante da barragem que afecta os utilizadores com o impacto de um padrão não natural de variação do fluxo, da perda de água, e da possível erosão das margens do rio.

Menos impactos quantificáveis nos grupos sociais; tal como uma quebra nas relações e apoio entre vizinhos e estratégias de sobrevivência; potencial discórdia na comunidade devido à pressão nos recursos remanescentes, e efeitos socialmente desestabilizadores; e mudanças nos padrões de movimentação a nível local.

A saúde pode ser afectada na medida em que os reservatórios se tornam meios de reprodução para vectores de doenças; por exemplo, os mosquitos (como vectores para malária) e os caracóis (como vectores para bilharziose – Schistosomiasis) podem tirar partido das águas correntes lentas. Adicionalmente, um potencial aumento em Infecções de Transmissão Sexual (ITSs) na área através da migração interna, agravada por um aumento em actividades de sexo comercial.

Impactos no valor estético das condições de vida e no cenário, em particular com a criação das infra-estruturas da barragem.

Os impactos adversos colectivos nos grupos / categorias sociais vulneráveis que, devido à sua posição social, podem ser vulneráveis a mudanças introduzidas pelas actividades de projecto, ou que podem ser excluídas dos seus benefícios associados.

A mitigação dos impactos sociais está devidamente justificada no PAR, que inclui:

Quadro de Direitos de Posse e Quadro de Reassentamento;

Quadro Institucional e Organizacional;

Consulta Pública e Divulgação de Informação;

Procedimentos para Reclamações;

Integração dos Géneros;

Monitorização e Avaliação;

Programa para o Reassentamento; e

Custos e Orçamento.

Apresenta-se a seguir um resumo dos potenciais impactos. Os riscos estão resumidos e elaborados na Tabela 8 e na Tabela 9.

i) Riscos Extremos

Após a aplicação das medidas de mitigação não existem quaisquer Riscos Extremos identificados que poderiam resultar em impactos irreparáveis e inaceitáveis no ambiente biofísico.

ii) Alto Risco

A AIAS determinou vários potenciais impactos que, mesmo depois da mitigação, iriam permanecer como riscos residuais altos de impacto ambiental. O impacto categorizado como risco alto em geral constitui uma ameaça significativa à saúde, aos meios de subsistência e à protecção das qualidades ambientais. Estes riscos podem ser acomodados num projecto desta dimensão, mas, no entanto, serão necessárias medidas de monitorização abrangentes e eficazes bem como uma mitigação adicional pode incluir a paragem ou modificação das actividades do projecto.

Foram identificados seis impactos de Alto Risco:

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1. Deslocação Física Permanente para Agregados familiares localizados em áreas propensas a eventos de nível máximo de cheias (NMC) de 50 anos (169m) e impactos associados

2. Impacto nos agregados familiares localizados na área de construção e na zona tampão

3. Impacto nos agregados familiares entre eventos NMC 50 anos (169) e NMC 5000 anos (170m) e agregados familiares nas comunidades residuais que não serão deslocados

4. Saúde e Segurança comunitária e o efeito do tráfego do projecto, de viaturas pesadas nas estradas locais da comunidade

5. Impacto nos grupos vulneráveis

6. Trabalhos que envolvem a construção do dique de Salane, o realinhamento da estrada nacional EN222 e as comunidades de Salane

iii) Risco médio

O risco é tolerável se medidas de mitigação estiverem estabelecidas, no entanto os procedimentos de gestão serão necessários para assegurar que as acções necessárias sejam tomadas rapidamente em resposta aos danos ambientais supostos ou reais. As populações afectadas pelos impactos estarão aptas a se adaptarem às mudanças.

Foram identificados dez impactos de risco médio:

1. Influxo de pessoas para a área do projecto

2. Pressão sobre os recursos naturais e sociais existentes

3. Saúde e segurança ocupacional

4. Perda de oportunidades de emprego

5. Aumento nos preços do produto local e dos produtos de base devido à maior procura

6. Aumento e perturbação do tráfego que irá ter impacto nos empreendimentos comerciais de importação de produtos da África do Sul

7. Impacto no género

8. Aumento no conflito homem - fauna bravia

9. Impacto das comunidades em Chicualacuala não directamente afectadas pelo Projecto, mas localizadas entre os Rios Limpopo e Nwanetzi

10. Desactivação da barragem

iv) Risco baixo Outras questões ambientais identificadas foram avaliadas como Risco baixo após a aplicação de medidas de mitigação.

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Tabela 11 Socioeconómico: RISCO ALTO

1. DESLOCAÇÃO FÍSICA PERMANENTE DOS AGREGADOS FAMILIRES AFECTADOS ATÉ AO NMC 50 ANOS (169M) E IMPACTOS ASSOCIADOS:

Impactos Mitigação – Fase de Pré-construção

População afectada e deslocação permanente de agregados familiares

Preparação de um Plano de Acção para o Reassentamento (PAR) detalhado para mitigar os impactos negativos da aquisição de terras e deslocação física.

Providenciar instalações habitacionais de substituição em espécie e de boa qualidade. A estrutura cultural da família / agregado familiar deve ser mantida tanto quanto possível.

Providenciar uma compensação adequada para as estruturas auxiliares perdidas.

Perda de machambas e dos meios de subsistência

Preparação de um PAR detalhado para mitigar os impactos negativos da aquisição de terras, da deslocação física e económica.

No enquadramento da política distrital e planeamento rural, as autoridades distritais devem identificar áreas com potencial agrícola e disponibilizar as mesmas para as pessoas que são afectadas pelo Projecto a fim de assegurar que os agregados familiares afectados recebam terras de tamanho igual e com uma capacidade de produção ao mesmo nível das que possuíam.

As áreas de produção agrícola devem ser desmatadas antes da sua entrega às pessoas afectadas e protegida no caso de machambas pertencentes a associações.

No início da produção agrícola em área de reassentamento, devem ser providenciados suprimentos agrícolas como fertilizantes, produtos químicos para o controlo de pestes, e serem disponibilizados os serviços de extensionistas agrícolas.

Preparação de um Plano de Restauração dos Meios de Subsistência (na sigla em inglês - LRP) que irá capacitar os agregados familiares a restaurarem os seus meios de subsistência.

Envolvimentos de Organizações Não Governamentais actualmente a trabalharem na área e providenciar actividades de restauração dos meios de subsistência.

Substituição de terras alternativas apropriadas e adequadas para todas as pessoas afectadas. As terras devem ser iguais ou maiores em tamanho em comparação ao tamanho actual das suas terras.

Assegurar que os agregados familiares sejam mudados para áreas onde possam ter acesso a sistemas de irrigação para lhes possibilitar continuarem com as suas actividades agrícolas durante todo o ano.

Providenciar oportunidades de emprego para os membros dos agregados familiares.

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1. DESLOCAÇÃO FÍSICA PERMANENTE DOS AGREGADOS FAMILIRES AFECTADOS ATÉ AO NMC 50 ANOS (169M) E IMPACTOS ASSOCIADOS:

Impactos Mitigação – Fase de Pré-construção

Perda e interrupção de fontes não agrícolas de rendimentos

O PAR deve abordar a questão de pacotes de compensação pela perda de rendimentos gerados pelas actividades cuja operação irá cessar.

Providenciar acesso a oportunidades de emprego no Projecto para os agregados familiares afectados.

Assegurar que a deslocação de famílias afectadas preste especial atenção aos agregados familiares que desempenham actividades formais de subsistência de forma a minimizar os impactos sobre as mesmas.

Assegurar que as disposições de compensação protegem os agregados familiares com meios de subsistência formais que têm preferências (aceitáveis) fora do padrão definido.

O PAR deve considerar as potenciais oportunidades de turismo que podem originar quando a barragem estiver operacional.

O PAR deve garantir as mesmas oportunidades em linha com as que foram perdidas

Assegurar o envolvimento de ONGs locais.

O PAR deve incluir incentivos para assegurar o estabelecimento de uma nova associação agrícola e de pescadores.

Perda de áreas de pastos O PAR deve identificar novas áreas para o estabelecimento de cercas ou currais para o gado (currais comunitários) e novas áreas de pastos.

Devem ser definidos programas de extensão agrária levando em consideração novas formas de criação e gestão de gado nas áreas para onde serão reassentadas as comunidades.

Áreas alternativas de pastos devem ser garantidas nos novos locais de reassentamento e também identificadas para os agregados familiares que não forem fisicamente deslocados.

Perda e perturbação das redes sociais e dos laços históricos e culturais:

Nas comunidades com o mesmo líder são mantidos laços fortes, confiança e relações familiares Choe/Chicumbane/Lissenga, Sihogoene/ Matsilele /Mbetsi

A atribuição de habitações durante o reassentamento deve tentar ser feita, quanto mais possível, de forma a colocar anteriores vizinhos e amigos perto uns dos outros a fim de manter as redes e ligações sociais. Também deve levar em consideração a colocação de grupos vulneráveis. A estrutura cultural da família / aglomerado familiar deve ser mantida na medida do possível.

Deve ser dada atenção especial aos grupos vulneráveis a fim de minimizar a possibilidade de tornar as suas vidas mais vulneráveis, incluindo a manutenção da actual rede social para ajuda e apoio.

Deve haver uma maior abertura na forma de lidar com questões culturais de forma a salvar tudo o que constitui uma forma de equilíbrio sociocultural e práticas tradicionais através da transferência de locais

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1. DESLOCAÇÃO FÍSICA PERMANENTE DOS AGREGADOS FAMILIRES AFECTADOS ATÉ AO NMC 50 ANOS (169M) E IMPACTOS ASSOCIADOS:

Impactos Mitigação – Fase de Pré-construção

sagrados e para também permitir que os rituais tradicionais continuem a ser efectuados nos locais de reassentamento.

Deve ser dada especial atenção à questão de liderança local tradicional uma vez que os líderes constituem uma estrutura base para assegurar o equilíbrio sociocultural.

A fim de se manter um sentimento de pertença a uma mesma comunidade devem ser levadas em consideração, quanto necessário, as cerimónias tradicionais de “separação” dos antigos locais e de "fundação" de novos locais de habitação pelas comunidades.

Perda de património cultural, de cemitérios e de sepulturas

Consultas com o Ministério da Cultura, Ministério dos Antigos Combatentes, autoridades locais, as famílias afectadas e os anciãos sobre o melhor plano de acção para lidar com as sepulturas afectadas (tanto comunitárias como cemitérios de famílias), As sepulturas das vítimas da guerra Ian Smith e árvores culturais onde as cerimónias tradicionais comunitárias são realizadas.

Assegurar que os valores culturais e as cerimónias a serem realizadas antes do início dos trabalhos sejam tratados com respeito e não sejam negligenciados nem ignorados.

Os empreiteiros devem trabalhar conjuntamente com arqueólogos profissionais nas fases de preparação, construção e pós-construção para o manuseamento eficaz dos locais de importância cultural e arqueológico.

Plantar árvores tradicionalmente usadas em rituais nas áreas hospedeiras, o mais rápido possível.

Provisão de formação em matéria de Património Cultural ao pessoal do Projecto sobre as categorias de descobertas arqueológicas que possam vir a ser encontradas.

Implementação de um Procedimento para Descobertas Fortuitas.

As autoridades locais devem considerar estabelecer um museu local.

Desagregação familiar como resultado do reassentamento parcial das famílias.

Estas incluem Chicorro, Macassane e Chicualacuala Rio

O PAR deve abordar a questão de desagregação familiar onde esta ocorra com a intenção de assegurar que as famílias não sejam separadas. Serão consideradas as opções e caso necessário serão feitas recomendações para que a totalidade da família seja reassentada.

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1. DESLOCAÇÃO FÍSICA PERMANENTE DOS AGREGADOS FAMILIRES AFECTADOS ATÉ AO NMC 50 ANOS (169M) E IMPACTOS ASSOCIADOS:

Impactos Mitigação – Fase de Pré-construção

Perda de recursos naturais

A maior parte destes recursos como a madeira é explorada pelas mulheres (em particular mulheres solteiras / não casadas / viúvas, etc.) para fins de produção de carvão

O PAR deve salvaguardar áreas para a exploração de recursos naturais (não muito distantes dos locais de reassentamento) para o acesso por parte das comunidades, através do qual são recuperadas as suas práticas culturais tradicionais.

O PAR deve incluir o estabelecimento de plantações que incluam espécies lenhosas para a produção de carvão e que sejam exploradas de uma forma sustentável.

Oferecer as comunidades a oportunidade de efectuar o abate e remoção dos recursos lenhosos dentro das áreas propostas para o reservatório e das áreas de construção. Esta actividade deve exigir uma licença outorgada pelo Departamento de Florestas do DPTADER. A ARA-Sul como o proponente do projecto terá que apresentar um requerimento ao DPTADER.

O PAR deve salvaguardar áreas para a exploração de recursos naturais (não muito distantes dos locais de reassentamento) para o acesso por parte das comunidades através do qual são recuperadas as suas práticas culturais tradicionais.

Uma vez que a área do Projecto e as áreas de reassentamento são áreas rurais, a deslocação das comunidades será para ambientes similares, o que irá permitir que as comunidades encontrem ou readaptem as suas formas de equilíbrio e de relacionamento com o ambiente circundante, permitindo-lhes que recuperarem as suas práticas tradicionais.

Perda de infra-estruturas sociais e de serviços às comunidades não sujeitas ao reassentamento

O PAR deve identificar serviços adicionais requeridos pelas comunidades que não são alvo de reassentamento.

Sensibilização e consulta com as comunidades, famílias e envolvimento dos líderes comunitários na formulação de um plano para continuar e providenciar os serviços essenciais.

As autoridades locais têm o mandato de efectuar os planos em nome das comunidades e assegurar que estas tenham acesso aos serviços sociais. Estas devem portanto criar mecanismos para a inclusão de todas as pessoas remanescentes em termos de acessibilidade aos serviços sociais e para analisar, cuidadosamente, o melhor plano de acção para estas comunidades.

O PAR providencia medidas de mitigação, que se forem implementadas adequadamente irão assegurar que os meios de subsistência das pessoas deslocadas serão mantidos e provavelmente melhorados em comparação com os níveis anteriores ao projecto. A mitigação irá incluir uma compensação apropriada e os detalhes serão especificados num Plano de Restauração dos Meios de Subsistência. O acesso à irrigação irá providenciar oportunidades agrícolas e a sustentabilidade da segurança alimentar. Outras medidas de mitigação incluem a substituição dos serviços comunitários tais como escolas e centros de saúde, e assegurar que as questões familiares e culturais sejam abordadas de forma apropriada. A mitigação pode reduzir, de forma significativa, este impacto de

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1. DESLOCAÇÃO FÍSICA PERMANENTE DOS AGREGADOS FAMILIRES AFECTADOS ATÉ AO NMC 50 ANOS (169M) E IMPACTOS ASSOCIADOS:

Impactos Mitigação – Fase de Pré-construção

Extremo a Alto, mas no entanto tal irá depender da alocação de recursos significativos de mitigação para efectuar a deslocação e compensação das PAP, e do contrabalanço apropriado dos recursos agrícolas e naturais.

2. IMPACTO NOS AGREGADOS FAMILIARES LOCALIZADOS NA ÁREA DE CONSTRUÇÃO E NA ZONA TAMPÃO:

Impactos Mitigação

Impacto nos Agregados familiares dentro da Área de Construção e Zona Tampão

- Choe e Chilemane

Fase de Pré-construção

O PAR deve assegurar que as famílias na área de construção do Projecto estejam cobertas por um plano de reassentamento temporário segundo o qual sejam assinados compromissos de devolução de forma que estas possam beneficiar de todo o apoio necessário em termos de materiais de construção, custos de mão-de-obra para ajudar os agregados familiares afectados a estabelecerem as suas propriedades rurais em áreas mais seguras identificadas por eles.

Os agregados familiares devem ser adequadamente informados sobre os potenciais impactos nessa área.

Estas comunidades devem estar informadas sobre as implicações do seu reassentamento temporário ou permanente bem como dos seus direitos e restrições associados com a sua deslocação de forma a permitir-lhes levarem em consideração os seus interesses.

O PAR deve salvaguardar o reassentamento das comunidades levando em consideração o pacote de compensação que lhes irá ser providenciado.

O PAR também irá abordar o potencial reassentamento (temporário ou permanente) e a compensação de pessoas potencialmente afectadas pelas actividades temporárias de construção. Também existirá uma monitorização abrangente ambiente e social, que será efectuado para assegurar que meios de subsistência sejam mantidos e sejam aplicadas medidas de mitigação adicionais caso seja justificado.

3. IMPACTO NOS AGREGADOS FAMILIARES ENTRE NMC 50 ANOS (169) E NMC 5000 ANOS (170 M) E AGREGADOS FAMILIARES DE COMUNIDADES RESIDUAIS QUE NÃO SERÃO DESLOCADOS :

Impactos Mitigação

Agregados familiares enquadrados num evento de inundações NMC 5000 ANOS (170m) e agregados familiares

Fase de Pré-construção

O PAR deve assegurar que os meios de subsistência sejam protegidos, o que pode incluir a identificação de novas áreas agrícolas, novas áreas para pastos ou recomendar o reassentamento destas comunidades caso não possam ser providenciadas condições iguais ou melhoradas.

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3. IMPACTO NOS AGREGADOS FAMILIARES ENTRE NMC 50 ANOS (169) E NMC 5000 ANOS (170 M) E AGREGADOS FAMILIARES DE COMUNIDADES RESIDUAIS QUE NÃO SERÃO DESLOCADOS :

Impactos Mitigação

residuais que não serão deslocados - Comunidades de Chihondzoene, Mawene e parte de Chicualacuala Rio serão principalmente afectadas como resultado de:

▪ Perda de áreas de agricultura devido ao estabelecimento do reservatório

▪ Perda de áreas de pastos

De forma a evitar o isolamento das famílias, o PAR deve considerar alternativas para a sua inserção, nomeadamente a sua inclusão no processo de reassentamento juntamente com as partes directamente afectadas, transferi-las para comunidades que estão mais próximas ou que constituem seus vizinhos preferidos.

As autoridades administrativas devem assegurar a adopção das melhores medidas de mitigação para estas famílias incluindo assegurar a provisão de serviços essenciais e de rotas de acesso a ligar às comunidades afectadas.

Implementar um processo de sensibilização e de negociação com estas famílias para acomodar a sua sobrevivência, segurança e estabelecimento de interesse no relacionamento social associado com o processo de reassentamento.

Nesta fase, prevê-se que estas pessoas não sejam transferidas para outro local, mas, no entanto, é importante que o PAR e o Plano de Restauração dos Meios de Subsistência considerem a forma como estas pessoas podem manter os seus meios de subsistência e identidades culturais. Tal pode incluir a restauração dos serviços comunitários afectados e das estadas de acesso, bem como a disponibilização de assistência necessária para reduzir a total restauração de quaisquer recursos afectados, como as machambas e as áreas de pastos. Esta situação deve ser monitorada cuidadosamente pelas autoridades e em alguns casos (prr exemplo a manutenção de fortes ligações familiares) pode ser necessário reassentar.

4. A SAÚDE E SEGURANÇA COMUNITÁRIA E O EFEITO DO TRÁFEGO DO PROJECTO DAS VIATURAS PESADAS NAS ESTADAS RURAIS LOCAIS:

Impactos Mitigação

Saúde e Segurança Comunitária: Riscos de Acesso

O efeito do tráfego relacionado com o projecto e de viaturas pesadas nas estradas locais

Fase de construção

Terá que ser elaborado um Plano de Gestão de Tráfego pelo Empreiteiro antes do início dos trabalhos de construção. Devem ser estabelecidos limites de velocidade para as viaturas do projecto.

Realizar campanhas de conscientização rodoviária e sobre segurança para as comunidades afectadas incluindo escolas, serviços comunitários e locais de culto. Estas campanhas devem ser apoiadas por transmissões radiofónicas especificamente formuladas para audiências rurais.

Sinalização de alerta em locais de muito movimento como é o caso dos centros das vilas ou aldeamentos.

Vedar áreas perigosas e marcar claramente todas as áreas com acesso restrito ao público.

Impor restrições sobre o acesso desnecessário ao local do projecto ou a qualquer zona protegida

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4. A SAÚDE E SEGURANÇA COMUNITÁRIA E O EFEITO DO TRÁFEGO DO PROJECTO DAS VIATURAS PESADAS NAS ESTADAS RURAIS LOCAIS:

Impactos Mitigação

Fazer o acompanhamento das medidas de mitigação prescritas para reduzir os impactos da poeira e do ruído (consultar a avaliação de impacto ambiental secção 7.8).

O Empreiteiro deve ter um plano de prevenção de HIV/SIDA e de ITS para os seus trabalhadores.

Sensibilização contínua das comunidades sobre as actividades do Projecto e quaisquer riscos previstos.

Deve ser elaborado pelo Empreiteiro um Plano de Avaliação de Risco antes do início dos trabalhos de construção.

Devem ser circulados entre a comunidade números de contacto para situações de emergência caso algum membro comunitário esteja envolvido num acidente.

As actividades de construção podem ter impactos significativos nas comunidades mais próximas que sem qualquer mitigação tal pode resultar em problemas de saúde ou mesmo morte devido a acidentes. Estes impactos podem ser geridos com eficácia através de medidas de mitigação eficientes, tais como o Plano de Gestão do Tráfego e o Plano de Saúde e segurança e a aplicação das medidas de gestão da construção. Contudo, tal irá necessitar de uma monitorização significativa e devida diligência. Portanto, embora o risco seja classificado como Extremo este nível de classificação é reduzido para um nível Alto.

5. IMPACTO NOS GRUPOS VULNERÁVEIS

Impactos Mitigação

Impacto nos grupos vulneráveis

Fase de Construção

Devem ser incluídas medidas especiais no PAR para os grupos vulneráveis.

As estratégias de restauração dos meios de subsistência devem estender-se aos grupos vulneráveis e os seus níveis de rendimentos devem ser adequadamente monitorizados durante e depois da implementação do processo.

Caso seja determinado possível, os agregados familiares vulneráveis devem ser considerados para oportunidades de emprego.

A atribuição de terras durante o reassentamento deve levar em consideração a vulnerabilidade dos chefes de família. Por exemplo, devem ser atribuídos aos idosos terras para hortas mais próximas das suas habitações de forma a minimizar a distância de deslocação até às suas machambas, etc.

Durante a atribuição de terras para reassentamento e de terras para machambas devem ser considerados os laços sociais existentes dos grupos vulneráveis.

As autoridades locais através do INAS (Instituto Nacional de Acção Social) deve aumentar a monitorização da situação das pessoas vulneráveis e, juntamente com as autoridades locais, verificar os mecanismos de sobrevivência destas pessoas vulneráveis.

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5. IMPACTO NOS GRUPOS VULNERÁVEIS

Impactos Mitigação

O PAR irá incluir medidas especiais para gerir os grupos vulneráveis, incluindo estratégias de restauração de meios de subsistência, provisão de oportunidades de emprego, manutenção dos laços sociais e providenciar uma monitorização contínua e serviços de apoio. No entanto tal continua a ser um risco Alto e requer recursos suficientes para assegurar que este grupo de pessoas não seja negativamente afectado pelo Projecto.

6. TRABALHOS QUE ENVOLVEM A CONSTRUÇÃO DO DIQUE DE SALANE, O REALINHAMENTO DA ESTRADA NACIONAL EN222 E AS COMUNIDADES DE SALANE:

Impactos Mitigação

Trabalhos que envolvem a construção do dique de Salane, o realinhamento da estrada nacional EN222 e as comunidades de Salane:

▪ A perda do acesso directo à água pelas comunidades de Salane

▪ Preocupações relativas à saúde e segurança dada a proximidade das comunidades aos trabalhos de construção no reservatório e ao realinhamento da estrada nacional EN222

▪ Preocupações relativas à saúde e segurança dada a proximidade das comunidades ao reservatório operacional

▪ Impacto visual do dique de Salane

Geral

Planeamento e programação cuidadosos dos trabalhos de construção para assegurar condições de vida razoáveis para as comunidades. Estabelecer ligação com os líderes comunitários para auxiliar o planeamento para que as necessidades das comunidades sejam atendidas durante a fase de construção.

As questões relativas ao tráfego devem ser incluídas no Plano de Gestão de Tráfego a ser desenvolvido pelo Empreiteiro e devem ser aplicadas medidas visando à redução dos riscos de Saúde e de Segurança para as comunidades.

Os impactos da construção relacionados com o ruído e vibração, poeira, gestão de resíduos e qualidade de água devem ser incluídos num Plano de Gestão da Construção a ser elaborado pelo Empreiteiro.

Sensibilização das comunidades relativamente à necessidade do dique para protecção das comunidades de Salane.

Assegurar que as comunidades continuem a ter acesso a água.

Implementar uma campanha robusta de sensibilização sobre segurança para os residentes, com foco específico nas crianças em idade escolar, nos jovens e nos idosos. Procurar o apoio de líderes religiosos para assegurar que as medidas de segurança alcancem todos os membros das comunidades.

Educação e consciencialização das comunidades sobre medidas a serem tomadas para preservar o dique, sobre os mecanismos para proporcionar o acesso à água sem danificar o dique e quaisquer outros aspectos de saúde e segurança relevantes.

Estas comunidades serão afectadas pelos impactos durante a construção do dique, e este impacto será de logo prazo devido à fragmentação de outras comunidades reassentadas e diminuição de serviços de acesso e comunitários. As medidas de mitigação apresentadas no PAR também serão aplicáveis à

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6. TRABALHOS QUE ENVOLVEM A CONSTRUÇÃO DO DIQUE DE SALANE, O REALINHAMENTO DA ESTRADA NACIONAL EN222 E AS COMUNIDADES DE SALANE:

Impactos Mitigação

comunidade de Salane comunidade, as quais incluem assegurar a manutenção dos meios de subsistência e serviços sociais. Conforme referido acima tal irá exigir uma monitorização contínua e a aplicação de mitigação adicional caso seja necessário.

Tabela 12 Socioeconómico: RISCO MÉDIO

1. INFLUXO DE PESSOAS PARA A ÁREA DO PROJECTO:

Impactos Mitigação

Influxo de pessoas para a área do Projecto

▪ Ausência de lei e Desordem

- Pressão sobre as estruturas e instalações sociais

- Conflitos e reclamações

- Aumento na incidência de HIV/SIDA

- Malária e doenças relacionadas com o saneamento / higiene

- Risco de abuso infantil e de abuso sexual pelos trabalhadores

Fase de Construção

a) Influxo geral

▪ Preparar e implementar um Plano de Envolvimento das Partes Interessadas para auxiliar na gestão das expectativas das comunidades e em quaisquer outras questões que possam surgir.

▪ Implementação de um programa para o uso de mão-de-obra, produtos e serviços locais. As autoridades locais devem ser usadas, na medida do possível, durante a implementação deste programa. O Empreiteiro também deve elaborar um Plano de Recrutamento de Trabalhadores que dá prioridade às populações locais. Tal irá auxiliar a reduzir o influxo de pessoas na área e evitar a marginalização das comunidades locais na obtenção de oportunidades de emprego.

▪ As autoridades locais devem minimizar a emergência de comerciantes oriundos de fora da área através da promoção de fornecedores e de produtos locais. Devem ser identificados locais para o estabelecimento de pequenas lojas e outras instalações para a provisão de serviços aos trabalhadores.

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1. INFLUXO DE PESSOAS PARA A ÁREA DO PROJECTO:

Impactos Mitigação

▪ Para além da consulta pública realizada durante a fase de AIA, a população afectada deve ser informada sobre os objectivos e características do trabalho em questão, bem como sobre os prazos para a sua conclusão (Plano de Comunicação), antes do início dos trabalhos.

b) Ausência de lei e Desordem

▪ Devem ser claramente exibidos os dados de contacto das autoridades de segurança, bem como as regras de directrizes de segurança em todas as áreas de construção e nos acampamentos de trabalhadores e nos aldeamentos.

▪ As autoridades locais e as Forças Policiais devem trabalhar conjuntamente para minimizar quaisquer ameaças de segurança na área do projecto.

▪ O policiamento comunitário será encorajado tanto quanto possível.

▪ O Projecto deve implementar um sistema de controlo interno para restringir casos de furto de materiais.

c) Pressão sobre as estruturas e instalações sociais

▪ Devem ser estabelecidas fontes adicionais de água para as comunidades locais bem como realizadas campanhas de sensibilização sobre os perigos do consumo de água não tratada.

▪ O Projecto deve planear a provisão de infra-estruturas sociais para os seus trabalhadores; por ex., instalações de alojamento, instalações sanitárias, serviços de saúde e de abastecimento de água.

d) Conflitos e reclamações

▪ O Projecto fará a preparação e implementação de um Plano de Gestão de Queixas / Reclamações. As autoridades locais a nível distrital, de postos administrativos, localidade e comunidade serão envolvidas na resolução de reclamações. No mínimo, o Plano / Mecanismo para a Resolução de Reclamações deve incluir de forma clara um ponto de contacto para receber reclamações ou queixas apresentadas, indicar quais as pessoas responsáveis por solucionar as diferentes categorias de casos e também os canais claramente determinados para providenciarem as respostas e comentários.

e) Aumento na incidência de HIV/SIDA

▪ O Empreiteiro deve ter um Plano detalhado de Gestão de HIV/SIDA para os seus trabalhadores de forma a reduzir o risco de disseminação da doença por exemplo, providenciar preservativos, testes

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1. INFLUXO DE PESSOAS PARA A ÁREA DO PROJECTO:

Impactos Mitigação

gratuitos de HIV/SIDA e serviços de aconselhamento, bem como programas de sensibilização sobre HIV/SIDA, etc.

▪ Programas de sensibilização sobre HIV/SIDA nas comunidades, por meio radiofónico ou televisivo e qualquer outra metodologia para disseminar informação à comunidade. A ARA-Sul pode obter por contratação pública os serviços de uma Organização Não Governamental independente com experiência em matéria de HIV/SIDA com a finalidade de realizar programas de sensibilização.

▪ O Empreiteiro deve implementar um Código de Conduta para os seus trabalhadores a fim de minimizar comportamentos de risco entre os trabalhadores.

f) Malária e doenças relacionadas com o saneamento / higiene

▪ Minimizar, tanto quanto possível, as poças de água estagnada assegurando que as valas não sejam deixadas abertas por períodos de tempo longos.

▪ Devem ser estabelecidas fontes adicionais de água para as comunidades locais bem como realizadas campanhas de sensibilização sobre os perigos de consumo de água não tratada.

▪ Monitorização periódica da qualidade de água para assegurar que a água potável não esteja contaminada.

▪ O Empreiteiro deve providenciar instalações adequadas de saneamento para os trabalhadores. O Empreiteiro deve assegurar que existam instalações sanitárias separadas para homens e mulheres.

▪ Devem ser realizados programas de sensibilização comunitária relacionados com as práticas apropriadas de higiene e de saneamento pelas autoridades locais com o envolvimento dos centros de saúde.

▪ Encorajar as pessoas a usar redes mosquiteiras para dormir. A ARA-Sul com o auxílio do Ministério da Saúde deve implementar um programa relacionado com a distribuição de redes mosquiteiras às comunidades na área do projecto.

▪ Será elaborado e implementado um Plano de Gestão de Resíduos pelo Empreiteiro.

g) Risco de abuso infantil e de abuso sexual pelos trabalhadores

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1. INFLUXO DE PESSOAS PARA A ÁREA DO PROJECTO:

Impactos Mitigação

▪ O Empreiteiro deverá elaborar e implementar uma Política de Protecção contra o Assédio Sexual para os seus trabalhadores a fim de evitar qualquer tipo de possível amaça às comunidades locais com canais claramente definidos para reportar qualquer incidente que possa ocorrer.

▪ Todos os trabalhadores do Projecto devem ter 18 anos de idade ou mais.

▪ Os Serviços Distritais dos Ministérios responsáveis pelas questões de género e de trabalho devem estar na vanguarda da acção de monitorização das possibilidades de tais ocorrências.

▪ O policiamento comunitário será importante para minimizar os casos de abuso infantil e de abuso sexual.

▪ As Forças Policiais locais juntamente com as autoridades locais farão a monitorização e deverão estar atentos a possíveis casos relacionados com o abuso infantil e com o abuso sexual.

Este facto irá provavelmente ter uma vasta variedade de impactos negativos conforme indicado acima. São propostas várias medidas detalhadas que incluem a implementação de um Plano de Envolvimento das Partes Interessadas, um de Recrutamento de Trabalhadores, e Planos de Gestão de HIV/SIDA e de S&S. A Implementação bem sucedida destes planos irá gerir de foram eficiente os potenciais impactos, no entanto irá necessitar de uma monitorização contínua e, caso necessário, a implementação de medidas adicionais de remediação.

2. PRESSÃO SOBRE OS RECURSOS NATURAIS E SOCIAIS EXISTENTES:

Pressão sobre os recursos naturais e sociais existentes

Fase de Construção

▪ O plano económico e social de ambos os distritos deve levar em consideração as implicações da implementação do Projecto de forma a se poderem criar medidas adicionais de mitigação para evitar situações de pressão severa sobre os recursos naturais. Exemplos incluem fontes adicionais de água a nível local; disponibilidade de serviços de saúde através de brigadas móveis; controlo de conflitos de ocupação e vandalismo de terras; e nomeação de brigadas de extensionistas para efectuar a monitorização dos recursos naturais.

▪ O Projecto deve assegurar a provisão de infra-estruturas sociais para os seus trabalhadores, como é o caso de, entre outras, alojamento com condições sanitárias, instalações de saúde e abastecimento de água, e quando possível, estender esses serviços às comunidades circundantes como forma de aliviar a pressão sobre os recursos existentes.

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2. PRESSÃO SOBRE OS RECURSOS NATURAIS E SOCIAIS EXISTENTES:

▪ Devem ser realizadas campanhas de sensibilização pelas autoridades administrativas em coordenação com os líderes locais sobre os desafios que irão advir como resultado da pressão sobre os recursos naturais e sociais. Esta medida de mitigação também faz parte da componente do plano de comunicação para a implementação do Projecto.

▪ As autoridades devem intensificar parcerias com organizações civis e não governamentais locais visadas a preparar mecanismos para tomada de acção para evitar tribulações por parte das comunidades.

▪ O proponente do Projecto e as autoridades administrativas e o PNL devem trabalhar conjuntamente.

O envolvimento e tomada de acção eficazes das autoridades podem reduzir este risco, com sucesso, de um risco Alto a Médio. Tal pode requerer a provisão de serviços comunitários adicionais e a implementação de campanhas interactivas de sensibilização.

3. SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL:

Riscos à Saúde e Segurança Ocupacional

Fase de Construção

▪ Deve ser estabelecido pelo empreiteiro um Plano de Gestão de Saúde e Segurança Ocupacional e um Plano de Gestão de Materiais Perigosos antes do início das obras do Projecto.

▪ Antes do início do Projecto deve ser preparado um Plano de Resposta e Gestão de Emergências. Este será comunicado a todos os trabalhadores.

▪ Restrições / controlo do acesso a zonas potencialmente perigosas ou ao uso de produtos químicos perigosos.

▪ Formação de trabalhadores em procedimentos operacionais de segurança.

▪ Provisão de Equipamento de Protecção Pessoal (por ex., capacetes, fatos-macacos, máscaras que cubram o nariz, botas de segurança, etc.).

▪ Identificação com sinalização adequada de zonas de perigo e de materiais perigosos.

▪ Monitorização contínua de conformidade em termos de saúde e de segurança.

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3. SAÚDE E SEGURANÇA OCUPACIONAL:

▪ Todo o equipamento de construção usado para a execução dos trabalhos do Projecto será adequado ao fim a que se destina e apresentará certificados válidos que comprovem as inspecções bem como os requisitos de seguro.

▪ A avaliação de riscos será preparada e comunicada antes do início dos trabalhos relativamente a todos os tipos de actividades de trabalhos a serem executadas no local.

▪ Os extintores de incêndios serão localizados em pontos de alto risco de incêndio identificados no local do projecto. Estes extintores dever ser apropriados para o tipo de potenciais incêndios.

▪ Assegurar que toda a maquinaria e viaturas utilizadas no projecto sejam submetidas a uma inspecção, revisão e manutenção regulares. Todo o pessoal designado para operar a maquinaria e viaturas do projecto deve ser treinado e ser competente para esse tipo de trabalho.

▪ O empreiteiro no local do projecto disponibilizará todo o equipamento de primeiros socorros com medicamentos e equipamento relevantes, por ex., ligaduras adesivas, pomada antibiótica, algodão, analgésicos, luvas sem látex, tesouras, termómetros, soro contra veneno de cobras.

▪ Inspecção regular para assegurar a implementação das recomendações / disposições contidas nos Planos de Gestão e avaliação de conformidade com os requisitos.

▪ Apresentação regular de relatórios sobre o desempenho relativo a saúde e segurança no local do projecto para além de notificações sobre quaisquer acidentes, incidentes e/ ou emergências bem como as medidas a serem tomadas nesses casos a fim de controlar a situação e impedir que esta torne a ocorrer.

Devido à falta de recursos e de escolaridade continuam a existir questões significativas de S&SO, que estão essencialmente relacionadas com as actividades de construção e com a movimentação de activos imobilizados e equipamento.

4. PERDA DE OPORTUNIDADES DE EMPREGO:

Impactos Mitigação

Perda de oportunidades de emprego para as comunidades locais e redução nas actividades comerciais

Fase de Operação

▪ Programas de aconselhamento e orientação para os trabalhadores antes da finalização dos trabalhos de construção.

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4. PERDA DE OPORTUNIDADES DE EMPREGO:

Impactos Mitigação

▪ Formação em literacia financeira e em gestão para os trabalhadores de forma a assegurar o uso e investimento adequados e prudentes dos seus salários para garantir a continuidade dos seus rendimentos após a finalização dos trabalhos de construção.

▪ Desenvolvimento pelas autoridades locais de programas de alargamento ou ampliação de poderes ou de funções (“empowerment”) para criar oportunidades de meios de subsistência.

Existirão desafios significativos visados a assegurar que a perda do actual emprego, como é o caso da agricultura e dos pequenos negócios, sejam mitigados através de novas oportunidades.

5. AUMENTO NOS PREÇOS DE PRODUTOS LOCAIS E DE BENS ESSENCIAIS DEVIDO A UMA PROCURA MAIOR:

Impactos Mitigação

Aumento, a nível local, nos preços de produtos básicos e de bens essenciais devido a uma procura maior

Fase de Construção

As autoridades administrativas devem realizar campanhas de educação com a finalidade de minimizar a possibilidade de especulações por parte dos produtores e dos comerciantes.

Os serviços económicos distritais devem controlar a possibilidade de especulação em matéria de preços.

Os pequenos produtores devem planear as suas existências de produtos de forma que somente o excedente seja vendido.

Da mesma forma, este impacto requer um envolvimento e compromisso significativos da parte das autoridades administrativas locais a fim de o reduzir de um nível Alto para Médio. Um aspecto importante é que as autoridades devem fazer diligentemente o controlo do aumento dos preços e da especulação

6. AUMENTO E INTERRUPÇÃO NO TRÁFEGO QUE TERÁ IMPACTO EM PEQUENAS EMPRESAS QUE IMPORTAM PRODUTOS DA ÁFRICA DO SUL:

Impactos Mitigação

Aumento e interrupção no tráfego que terá impacto em pequenas empresas que importam produtos da África do Sul

Fase de Construção

Deve ser elaborado um Plano de Gestão de Tráfego pelo Empreiteiro antes do início dos trabalhos de construção.

Deve ser providenciado acesso alternativo através de desvios no caso de ser necessário o encerramento temporário de estradas.

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6. AUMENTO E INTERRUPÇÃO NO TRÁFEGO QUE TERÁ IMPACTO EM PEQUENAS EMPRESAS QUE IMPORTAM PRODUTOS DA ÁFRICA DO SUL:

Impactos Mitigação

Realizar, conjuntamente com as autoridades locais campanhas de segurança rodoviária nas comunidades e nas escolas.

Quando necessário, deve ser designado pessoal de alerta e orientação de tráfego de forma a ter sempre controlo do tráfego.

Rotas de salvaguarda para meios de transporte não motorizado e para pedestres.

Será implementado um Plano de Gestão de Tráfego para assegurar que as principais estradas de acesso como a N222 e a N221 continuem totalmente funcionais. Entre as medidas específicas contam-se a supervisão rigorosa do tráfego da construção e a monitorização regular e manutenção das estradas asfaltadas e das infra-estruturas associadas.

7. IMPACTO NO GÉNERO:

Impactos Mitigação

Impacto no género Fase de Construção

Os empregos devem ser distribuídos de forma equitativa tanto entre mulheres como homens com base em qualificações, em vez de serem baseados no género.

Disseminação de informação sobre os perigos de HIV/SIDA e de ITSs para as comunidades a qual deve ser feita durante o período de duração do Projecto. As mensagens devem ser transmitidas usando a língua local para proporcionar um melhor entendimento.

As autoridades comunitárias devem dar destaque aos aspectos culturais locais relacionados com comportamento a fim de evitar impactos sobre questões tradicionais de género a nível local.

Os pais devem aconselhar as filhas jovens contra o seu envolvimento em qualquer tipo de relacionamento com os trabalhadores.

Desenvolvimento de campanhas de sensibilização, que envolvam as comunidades em questões de género e programas educacionais para impedir o abuso contra mulheres e crianças.

Estabelecer parcerias com ONGs focada em questões de género a fim de auxiliar na criação de postos de trabalho em que as mulheres participem.

As Organizações Civis Locais em parceria com os Serviços Distritais de Saúde Mulher e Acção Social e com as ONGs focadas em questões relacionadas com o género devem auxiliar as mulheres no seu empoderamento bem como o seu envolvimento numa diversidade de tipos de trabalho ou emprego.

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7. IMPACTO NO GÉNERO:

Impactos Mitigação

Promover o envolvimento de mulheres em actividades comerciais através de formação e disponibilidade de microfinanciamento.

As medidas de mitigação podem ser implementadas eficientemente a fim de assegurar que as mulheres e as jovens sejam protegidas contra a sua exploração e tenham um acesso igual a recursos e a oportunidades de trabalho. No entanto, tal irá necessitar de uma monitorização contínua bem como a intervenção activa por parte das autoridades e das ONGs relevantes.

8. AUMENTO NO CONFLITO HOMEM - FAUNA SELVAGEM:

Impactos Mitigação

Aumento no conflito homem - fauna bravia: Os animais como hipopótamos, crocodilo e elefantes irão provavelmente ser atraídos pela disponibilidade permanente de água. As comunidades localizadas entre o Parque e o reservatório irão mais provavelmente deparar-se com fauna bravia conforme esta tenta alcançar a água.

Fase de Operação

Trabalhar conjuntamente com o PNL a fim de desenvolver uma estratégia robusta de mitigação para assegurar a segurança das comunidades bem como a protecção dos animais no Parque.

Identificação de áreas apropriadas para o abeberamento de gado, que podem incluir a abertura de canais de água para providenciar o acesso seguro a água.

Considerar a vedação de áreas frequentemente usadas pela população a fim de minimizar o risco de ataques por fauna bravia.

Prevê-se que a actividade animal venha a aumentar como resultado do influxo de pessoas para a área e seja estabelecida uma atracção de uma fonte permanente de água. O reassentamento irá auxiliar a reduzir as interacções homem - fauna bravia através da redução substancial do número de pessoas que vivem na zona tampão do PNL. Os recursos do PNL também serão melhorados para gerirem eficientemente este risco, mas no entanto continua a ser um risco médio devido às consequências negativas caso continue ainda a ocorrer qualquer interacção severa.

9. COMUNIDADES EM CHICUALACUALA NÃO DIRECTAMENTE AFECTADAS PELO PROJECTO MAS LOCALIZADAS ENTRE OS RIOS (LIMPOPO E NWANETZI):

Comunidades em Chicualacuala não directamente afectadas pelo Projecto mas localizadas entre os rios (Limpopo e Nwanetzi)

Fase de Operação

As autoridades administrativas devem investigar potenciais soluções para solucionar os actuais problemas relativos a inundações. Algumas destas soluções podem incluir sistemas adequados

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9. COMUNIDADES EM CHICUALACUALA NÃO DIRECTAMENTE AFECTADAS PELO PROJECTO MAS LOCALIZADAS ENTRE OS RIOS (LIMPOPO E NWANETZI):

de drenagem ou um serviço de transporte com embarcações para auxiliar na circulação dos residentes durante esses meses.

As autoridades e a ARA-Sul trabalharão conjuntamente com estas comunidades a fim de auxiliar a aliviar os actuais problemas relativos a inundações e isolamento.

10. DESACTIVAÇÃO DA BARRAGEM:

Impactos Mitigação

Mudança na dependência de vários usos da barragem e de outras infra-estruturas

Fase de Desactivação

Programas de aconselhamento e orientação para os trabalhadores antes da finalização dos trabalhos de construção.

Formação em literacia financeira e em gestão para os trabalhadores de forma a assegurar o uso e investimento adequados e prudentes dos seus salários para garantir a continuidade dos seus rendimentos após a finalização dos trabalhos de construção.

Desenvolvimento pelas autoridades locais de programas de empoderamento para criar oportunidades de meios de subsistência.

O Projecto terá uma vida útil projectada de 50 anos mas prevê-se que este período se torne consideravelmente mais longo. Tal providencia um período longo de projecção antecipada para poder acessar as opções de desactivação e as medidas de mitigação necessárias para assegurar a gestão adequada dos impactos sociais.

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S.11 Plano de Gestão Ambiental e Social

A AIA inclui um Quadro do Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) que irá orientar o futuro empreiteiro no desenvolver um plano de acção detalhado que será necessário para a implementação dos compromissos e medidas de mitigação identificadas na AIAS e facilitar uma gestão proactiva dos aspectos ambiental e socioeconómico da construção, operação e encerramento do Projecto. Por sua vez o PAR refere-se aos requisitos adicionais que irão gerir a compensação e deslocação das PAP, bem como a mitigação dos impactos nos seus meios de subsistência. Os objectivos do PGAS são:

Assegurar a conformidade com a AIAS, incluindo a minimização da poluição e da geração de resíduos, a minimização dos impactos ambientais e sociais e assegurar o apoio e a integração com as comunidades locais.

Descrever em detalhe as medidas de mitigação a serem executadas e designar as responsabilidades por essas medidas.

Providenciar detalhes sobre os requisitos de monitorização e uma descrição de qualquer apoio em termos de formação que possa ser exigido.

Maximizar os potenciais benefícios do projecto e controlar os impactos negativos.

i) Implementação do PGAS

Será estabelecido um Comité de Coordenação do Programa (CCP) no enquadramento das estruturas da ARA-Sul para fazer o controlo e coordenação do Projecto a nível do Ministério. A implementação do Projecto será da responsabilidade da ARA-Sul, através de uma Unidade de Implementação do Projecto (UIP). A UIP será responsável pela gestão geral do projecto, incluindo as aquisições e gestão financeira. Uma Unidade Socioambiental e de Saúde e Segurança (USAS&S) enquadrada na UIP fará a gestão da implementação do PGAS através do Empreiteiro.

Os recursos da USA&S incluem:

Gestor ambiental;

Oficial de ligação com a comunidade (CLO);

Oficiais ambientais no local;

Oficial de reclamações (GO) para coordenar

todas as funções relacionadas com reclamações;

Oficiais de saúde e segurança; e

Inspectores e técnicos

A UIP será apoiada por recursos adicionais externos incluindo:

Comissão da Bacia Hidrográfica da Barragem com responsabilidade pela coordenação da reabilitação da zona tampão da Barragem e das actividades de gestão da bacia hidrográfica

Comissão Técnica de Reassentamento (CTR) para efectuar a monitorização e coordenação das actividades do dia-a-dia das actividades de implementação do PAR.

Empreiteiro ambiental que reporta a USA&S

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Auditores externos

ii) Gestão Ambiental e Social a) Gestão ambiental

▪ Quadro de Planos Ambientais do Projecto: Estes foram preparados com base nas avaliações detalhadas de impacto e risco cobertas na AIAS. Estes planos são específicos do Projecto, no entanto os empreiteiros serão obrigados a elaborar planos mais detalhados baseados neste quadro, focando nos aspectos-chave que só serão identificados perante a conclusão do desenho detalhado e contratação do empreiteiro. Aspectos como o calendário, metodologia de construção entre outros aspectos que podem estar sujeitos a mudanças, irá criar a necessidade de rever, detalhar e melhorar o quadro do plano de gestão aqui desenvolvido.A lista do quadro de planos de gestão ambiental é apresentada na Tabela 13 abaixo

Ministério dos Obras Publicas Habitação e Recursos Hidricos

Direção Nacional de Gestão dos Recursos

Hidricos

Director Geral da ARA-SUL

ARA-SUL – Unidade de Gestão do

Projecto (UGP)

Comité de Gestão da Barragem

Comité de Implementacão de

Reassentamento

Aquisições

Finanças

e Admin

Hidráulica

Constr.

Civil

Electro-

Mecânic

Hidro-

Quimica

Unidade de Saúde e

Segurança

Gestor Ambiental

Oficiais Ambientais

de Campo

Oficial de Ligação a

Comunidade

Gestor de Queixas e

Reclamações

Inspectores

Ambientais de

Campo

Técnicos de

qualidade de Água

EspecialistasTempor

ários

Autoridades

Reguladoras

Aprovações

Ambientais

Auditores

Externos Geotecnia Edifícios

EMPREITEIRO

Equipe Ambiental e Equipe de Saúde e Segurança

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▪ Códigos de práticas ambientais (CPAs): Um conjunto de códigos de práticas ambientais (CPAs) foi preparado para vários aspectos de gestão ambiental e social, conforme a Tabela 14.

▪ Planos de Gestão Ambiental da Construção específicos do local: os PGAC são específicos do local e serão todos potencialmente afectados pela fase de construção e terão que ser preparados por vários empreteiros antes do início das actividades de construção. Os planos detalharão as medidas incluídas nos Planos Ambientais do Projecto e CPAs e, quando aplicável, os detalhes do local, “layouts” e desenhos, cronogramas, funções e responsabilidades, metodologias e procedimentos e indicadores-chave de desempenho.

▪ Plano de Monitoria Ambiental: É fornecida uma estrutura de monitoramento ambiental que define os parâmetros necessários para inclusão nos PGAC detalhados.

Tabela 13 Lista de quadro de planos de gestão ambiental elaborados

Planos de gestão do projecto

PEP 1 Plano de Gestão de Recursos Hídricos (Águas superficiais & subterrâneas)

PEP Plano de Gestão da Biodiversidade

PEP 3 Plano de Redução dos Gases de Efeito de Estufa

PEP 4 Plano de Gestão da Qualidade do Ar

PEP 5 Plano de Gestao do Ruído

PEP 6 Plano de Gestão de resíduos e efluentes

PEP 7 Plano de Gestao de Substâncias perigosas

PEP 8 Plano de Gestão do Tráfego

Tabela 14 Códigos de práticas ambientais

Códigos de Práticas Ambientais

ECP 1: Gestão de Resíduos ECP 10: Gestão da Qualidade do Ar

ECP 2: Gestão de combustíveis e produtos perigosos ECP 11: Gestão do Ruído e Vibrações

ECP 3: Gestão de Recursos Hídricos ECP 12: Proteção da Flora

ECP 4: Gestão de Drenagem ECP 13: Proteção da Fauna

ECP 5: Gestão da Qualidade do Solo ECP 14: Protecção dos Peixes

ECP 6: COntrolo da Erosão e Sedimentação ECP 15: Gestão do Tráfego e Transporte Rodoviáriao

ECP 7: Gestão do Solo Superficial ECP 16: Gestão do acampamento de construção

ECP 8: Topografia e paisagem ECP 17: Ques tões Culturais e Religiosas

ECP 9: Desenvolvimento e Operação de Áreas de Pedreiras

ECP 18:Saúde e Segurança dos Trabalhadores

ECP 19: Seguraça Ocupacional na Fase de Construção e Operação

b) Gestão social Os planos de gestão sociais incluem:

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Plano de Comunicação

Plano de HIV-SIDA

Plano de Ação de Reassentamento (PAR): O plano de ação de reassentamento é um processo de três fases. O PAR que acompanha a presente AIAS circunscreve-se a Fase 1 do PAR, que inclui o levantamento e a descrição das Pessoas Afetadas pelo Projecto (PAP) e bens, define possíveis impactos sociais e econômicos, medidas de compensação e reassentamento, identifica locais alternativos de reassentamento, consulta à comunidade e medidas de participação, mecanismos de resolução de reclamações e definição de etapas para a preparação do plano de reassentamento (Fase 2). Os principais componentes do PAR da Fase 1 são:

o Estrutura de Direitos;

o Critérios de legibilidade para o reassentamento e compensações

o Estrutura Institucional e Organizacional;

o Consulta Pública e Divulgação de Informações;

o Procedimentos de Reclamações;

o Integração do Género;

o Monitoria e Avaliação.

d. Orçamento para a implementação do PGAS O orçamento estimado para os recursos e implementação do PGAS, incluindo a restauração do local e o estabelecimento da área de exclusão do reservatório, é de US $ 8,7 milhões. Orçamento operacional preliminar é de US $ 0,7 milhão. Tabela 15 Custos preliminares do PGAS da Construção

Item Custo (USD)

1 Honorários do pessoal incluindo consultores 4,2

2 Trabalhos de reabilitação 1,7

3 Desenvolvimento dos Planos 0.2

4 Implementação dos Planos 1,6

5 Outros custos operacionais & de reforço de capacidades

1,0

Total 8,7

Tabela 16 Custos Preliminares do PGAS da Operação

Item Custo (USD)

1 Honorários do pessoal incluindo consultores 0,15

2 Trabalhos de reabilitação 0,1

3 Implementação dos Planos 0,15

4 Outros custos operacionais & de reforço de capacidades

0,3

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Item Custo (USD)

Total 0,7

S.12 Conclusão e Recomendações

A AIAS demonstra que o Projecto de Resiliência pode ser desenvolvido e implementado com sucesso de forma a cumprir os requisitos regulamentares e de política relevantes estipulados pelo Governo de Moçambique (GdM) bem como os procedimentos Operacionais do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD).

O Projecto de Resiliência irá melhorar a resiliência das comunidades às mudanças climáticas, infra-estruturas e meios de subsistência na Bacia do Baixo Limpopo através de uma gestão melhor dos recursos hídricos durante inundações e condições de seca. A AIAS destaca vários potenciais impactos benéficos que irão provavelmente derivar como resultado do desenvolvimento do Projecto, incluindo promover oportunidades de emprego e de desenvolvimento económico, a provisão de infra-estruturas e de serviços públicos, melhores oportunidades de biodiversidade e a gestão dos caudais do rio a jusante de forma a reduzir os elevados picos de inundações e melhorar o fluxo de água durante condições de fluxo abaixo do que é considerado a média.

O Projecto irá potencialmente afectar 2.435 agregados familiares (10.696 pessoas) dos quais 1.647 agregados familiares (7.576 pessoas) e os seus bens serão deslocados para áreas novas. O PAR proporciona detalhes sobre os requisitos de compensação e de deslocação, que irão exigir um planeamento cuidadoso e as devidas diligências para uma implementação bem sucedida

Foram desenvolvidas medidas de mitigação e de gestão, que irão mitigar, minimizar e / ou gerir os potenciais impactos consoante os padrões estipulados pelo GdM e pelo BAD. Estas medidas foram formalizadas num Plano de Gestão Ambiental e Social (PGAS) e o PAR que o acompanha e que abordam a monitorização ambiental e social, a implementação de medidas de mitigação e gestão de riscos, bem como o Estrutura de direitos.

Não obstante a aplicação de medidas de mitigação e de planos de gestão, continuam a existir vários potenciais impactos ‘residuais’ e os ambientes social e físico existentes na área do Projecto irão ser modificados. Estas questões irão exigir uma liderança proactiva, especificamente orientada e culturalmente sensíveis em nome da Administração Regional de Águas do Sul (ARA-Sul) com a finalidade de minimizar o risco de danos ao ambiente ou perigos para as pessoas afectadas pelo desenvolvimento do Projecto, bem como a manutenção de relações produtivas e amistosas com as comunidades locais.

Em resumo, embora existam impactos associados com o desenvolvimento do Projecto, o presente relatório demonstra que através de um compromisso e liderança sólidos estes impactos podem ser geridos de forma a cumprirem os requisitos legais estipulados pelo GdM e os padrões estipulados pelo BAD. Neste sentido são feitas as recomendações indicadas a seguir:

1. Implementação do PAR: Recomenda-se que a ARA-Sul indique o “cut-of-date”, estabeleça acordos institucionais e inicie as actividades de compensação o quanto antes.

2. Desenho do Projecto: A AIAS foi baseada no desenho a nível de viabilidade. O desenho detalhado deve tomar em consideração as oportunidades para minimizar, ainda mais, os impactos ambientais e sociais, evitando, sempre que possível, áreas sensíveis ou o aumento

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dos resultados positivos da biodiversidade. Por exemplo, os resultados da biodiversidade podem ser melhorados através do alargamento de algumas partes da área de exclusão do reservatório proposta, com uma largura de 350 m, sujeito à disponibilidade de terra e potenciais impactos sobre as comunidades circundantes.

3. Pedreiras e vias de transporte: O material rochoso para enchimento será proveniente de três pedreiras localizadas em Boane, Moamba e Mabalane. Essas pedreiras são operadas comercialmente sob licenças de mineração e ambientais existentes. Antes de iniciar a construção da barragem, a ARU-Sul e o empreiteiro devem garantir que as licenças apropriadas permaneçam válidas durante a duração das obras. O material escavado das pedreiras será transportado em distâncias curtas por estrada para os ramais ferroviários e depois transportado por via ferroviária para Mapai.

O material será então carregado de volta para camiões para transporte à área de construção pela nova estrada de acesso. As rotas de transporte rodoviário preferidas para as pedreiras de Boane e Moamba têm impactos ambientais e sociais potenciais mínimos, no entanto, elas dependem da aprovação dos CFM. Recomenda-se que a ARU-Sul negocie aprovações o mais breve possível.

4. Medidas de gestão: O presente relatório da AIAS e o PAR recomendaram várias medidas de gestão, estratégias de mitigação e acções para os vários impactos ambientais e sociais criados pelo Projecto. Estas medidas devem ser activamente implementadas e orientadas com uma intenção específica para assegurar que os impactos ambientais e sociais sejam geridos de forma apropriada.

5. Riscos residuais: Existem várias áreas de riscos ambientais e sociais potencialmente Altos, que constituem uma ameaça significativa à saúde, meios de subsistência e protecção das qualidades ambientais. Estes riscos podem ser acomodados num projecto destas dimensões, mas no entanto serão necessárias medidas de monitorização detalhadas e eficazes e a mitigação adicional pode incluir parar as actividades ou modificar as actividades do projecto.

6. Verificação do Projecto: Existem várias áreas onde é necessária a consulta logo de início, a monitorização contínua, avaliação e pesquisa para a verificação das abordagens de gestão ambiental e social. Esta consulta, monitorização, avaliação e pesquisa também podem ser efectuadas de uma forma atempada e com compromisso.

7. Planos de Gestão: Os principais compromissos à gestão e mitigação do impacto ambiental e social estão estipulados na AIAS, no PGAS e no PAR. Antes do desenvolvimento do Projecto estes planos deverão ser avaliados e actualizados de forma a reflectir condições específicas de consentimento do projecto e os detalhes de gestão.