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CRISOCOLA – (Cu,Al) 2 H 2 Si 2 O 5 (OH) 4 ·nH 2 O (?) A crisocola, um filossilicato, é um dos muitos minerais que se forma a partir da alteração de sulfetos de cobre nas zonas de oxidação. Localmente ainda é um minério de cobre de menor importância, mas historicamente foi muito importante como minério de cobre. É empregado com pedra preciosa de menor importância, devido à baixa dureza. É usada como imitação de turquesa, que é muito mais cara. Crisocola, na realidade, é um nome usado para silicatos de cobre de formas maciças, globulares, vítreas, azuis a verdes que não foram identificadas até o nível de espécie. Em função disso, as composições químicas publicadas variam muito e o mineral é designado de mineralóide. Nas análises de Difratometria de Raios X, a crisocola normalmente é amorfa, pois os cristalitos são pequenos demais para gerar um padrão de difração de Raios X. Novos estudos sugerem que crisocola é uma mistura de spertinita - Cu(OH)2 - com calcedônia e opala. A crisocola é mais rara entre os minerais secundários de cobre. Possui dureza muito baixa, mas pode estar “agatizada” (com incorporação de sílica) e, portanto, mais dura. Também pode apresentar uma crosta de quartzo ou estar intercrescida com quartzo. Muito raramente forma cristais, na forma de tufos de cristais aciculares com no máximo 5 mm de comprimento. Frequentemente forma pseudomorfos segundo azurita e possui seis variedades. 1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem Ortorrômbico (?) Azul, azul-verde ou verde. Cores podem estar misturadas. Marrom ou preto se impuro. Maciça, criptocristalina, opalina, botrioidal, estalagtítico, globular, cristais muito raros. não Tenacidade Quebradiça e séctil Maclas Fratura Dureza Mohs Partição não Conchoidal a irregular 2 - 4 não Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm 3 ) Branco quando puro. Azul pálido. Vítreo, porcelânico, terroso a fosco Transparente 1,9 - 4 2. Geologia e depósitos: A crisocola é um dos muitos minerais secundários de cobre que se formam a partir de minerais primários de cobre como calcocita, bornita, calcopirita e outros. Desta forma, geralmente é encontrada nas porções oxidadas de minérios de cobre, tanto em jazimentos hidrotermais como aqueles relacionados a rochas ígneas e os de cobre pórfiro. 3. Associações Minerais: Associa-se a minerais primários de cobre comuns (cobre nativo, calcocita, bornita, calcopirita, etc.) e a muitos minerais secundários de cobre que podem ser pretos (ex.: tenorita), vermelhos (ex.: cuprita), verdes (ex.: malaquita, pseudomalaquita, dioptásio, antlerita, atacamita, etc.) ou azuis (ex.: calcantita, azurita, etc.). Também a quartzo, calcita e wulfenita.

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CRISOCOLA – (Cu,Al)2H2Si2O5(OH)4·nH2O (?) A crisocola, um filossilicato, é um dos muitos minerais que se forma a partir da alteração de sulfetos de cobre nas zonas de oxidação. Localmente ainda é um minério de cobre de menor importância, mas historicamente foi muito importante como minério de cobre. É empregado com pedra preciosa de menor importância, devido à baixa dureza. É usada como imitação de turquesa, que é muito mais cara. Crisocola, na realidade, é um nome usado para silicatos de cobre de formas maciças, globulares, vítreas, azuis a verdes que não foram identificadas até o nível de espécie. Em função disso, as composições químicas publicadas variam muito e o mineral é designado de mineralóide. Nas análises de Difratometria de Raios X, a crisocola normalmente é amorfa, pois os cristalitos são pequenos demais para gerar um padrão de difração de Raios X. Novos estudos sugerem que crisocola é uma mistura de spertinita - Cu(OH)2 - com calcedônia e opala. A crisocola é mais rara entre os minerais secundários de cobre. Possui dureza muito baixa, mas pode estar “agatizada” (com incorporação de sílica) e, portanto, mais dura. Também pode apresentar uma crosta de quartzo ou estar intercrescida com quartzo. Muito raramente forma cristais, na forma de tufos de cristais aciculares com no máximo 5 mm de comprimento. Frequentemente forma pseudomorfos segundo azurita e possui seis variedades.

1. Características: Sistema Cristalino Cor Hábitos Clivagem

Ortorrômbico (?) Azul, azul-verde ou verde. Cores podem

estar misturadas. Marrom ou preto se

impuro.

Maciça, criptocristalina, opalina, botrioidal,

estalagtítico, globular, cristais muito raros.

não

Tenacidade

Quebradiça e séctil

Maclas Fratura Dureza Mohs Partição

não Conchoidal a irregular 2 - 4 não

Traço Brilho Diafaneidade Densidade (g/cm3)

Branco quando puro. Azul pálido.

Vítreo, porcelânico, terroso a fosco

Transparente 1,9 - 4

2. Geologia e depósitos:

A crisocola é um dos muitos minerais secundários de cobre que se formam a partir de minerais primários de cobre como calcocita, bornita, calcopirita e outros. Desta forma, geralmente é encontrada nas porções oxidadas de minérios de cobre, tanto em jazimentos hidrotermais como aqueles relacionados a rochas ígneas e os de cobre pórfiro. 3. Associações Minerais:

Associa-se a minerais primários de cobre comuns (cobre nativo, calcocita, bornita, calcopirita, etc.) e a muitos minerais secundários de cobre que podem ser pretos (ex.: tenorita), vermelhos (ex.: cuprita), verdes (ex.: malaquita, pseudomalaquita, dioptásio, antlerita, atacamita, etc.) ou azuis (ex.: calcantita, azurita, etc.).

Também a quartzo, calcita e wulfenita.

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4. MICROSCOPIA DE LUZ TRANSMITIDA:

Índices de refração: nα: 1,575 – 1,585 nβ: 1,597 nγ: 1,598 – 1,635

ND Cor / pleocroísmo: Verde ou azul celeste com um tom de verde, na maioria dos casos, mas pode ser preto azulada a preta ou, raramente, amarela.

Relevo: moderado

Clivagem: não apresenta, mesmo porque os cristais são submicroscópicos.

Hábitos: maciça, bandada, botrioidal, globular. Como é de origem secundária, todos os cristais são pseudomorfoses.

NC Birrefringência e cores de interferência:

Birrefringência máxima de 0,023 a 0,05: cores até o rosa de 2ª ordem, mas as cores de interferência sempre são mascaradas pelas intensas cores fortes do mineral.

Extinção: Em função do tamanho muito pequeno dos cristais não é possível determinar.

Sinal de Elongação: Não pode ser determinado.

Maclas: não

Zonação: não

LC Caráter: B(-) Ângulo 2V: não determinado

Alterações: crisocola é um produto de alteração de minerais primários de cobre.

Pode ser confundida com: vários outros minerais secundários de cobre cujas cores podem variar entre vários tons de verde a azul. Turquesa é semelhante.

Crisocola a ND (à esquerda) e a NC (à direita). Macroscopicamente e observando a lâmina delgada a olho nu esta crisocola em particular apresenta uma cor azul celeste intensa, o que contrasta com a cor azul-esverdeada que apresenta ao microscópio. A banda incolor a ND é calcedônia de granulação muito fina. Típico é o hábito da crisocola em bandas, a ausência de cristais individuais, a associação com outros minerais secundários de cobre e as cores praticamente idênticas a ND e NC.

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5. MICROSCOPIA DE LUZ REFLETIDA:

Preparação da amostra: o polimento da crisocola, como aliás de muitos outros minerais secundários de cobre que se associam, é relativamente simples. Não fica de boa qualidade, mas a NC é possível reconhecer com facilidade as cores das reflexões internas.

ND Cor de reflexão: Cinza escuro

Pleocroísmo: não

Refletividade: Muito baixa (~4%) Birreflectância: não

NC Isotropia / Anisotropia: Não se percebe anisotropia.

Reflexões internas: Generalizadas entre verde claro e azul turquesa.

Pode ser confundida com: outros minerais secundários de cobre cujas cores oscilam entre verde e azul. Turquesa é mais dura, calcedônia é muito mais dura e apresenta outras cores. Smithsonita mostra cores bem mais claras e alofano-Cu pode ser muito semelhante.

A NC, crisocola exibindo uma cor azul celeste e uma estrutura globular, que é um dos hábitos possíveis. A identificação conclusiva de crisocola é bem complicada em função das características ópticas muito variáveis e do difratograma inconclusivo que oferece.

Esquerda: a ND, minerais de alteração (secundários) de cobre. Típicas são as cores cinzentas e a baixa refletividade. Direita: a NC, no centro da imagem, provavelmente crisocola (reflexões internas azuladas), rodeada por outros minerais de cobre com reflexões internas em verde.

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Versão de fevereiro de 2020

Esquerda: a ND, cobre nativo (rosa-brilhante) e minerais secundários de cobre (vários tons de cinza, baixa refletividade). Direita: a mesma situação a NC. Cobre nativo é isótropo e mostra seus sulcos de polimento. Ao longo da borda do cobre nativo há uma banda de crisocola (reflexões internas azuis) e, ao lado dela, minerais secundários de cobre não-identificados com reflexões internas verdes.

A NC, associação de vários minerais secundários de cobre, entre eles provavelmente crisocola, desta vez com uma estrutura que lembra aquela da calcedônia. Em avermelhado (base da imagem), provavelmente goethita.