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3 | Cristina – Eu apenas te Amei
ROSILENE OLIVEIRA
CRISTINA Eu apenas te Amei
Fevereiro/2014
Editora-
Rosilene Oliveira | 4
Copyright ©2014 by Rosilene da Silva Oliveira
Editora Perse
Rua Turiassú, 390 – Cj. 176 Perdizes- CEP 05005-000 São Paulo-SP
E-mail: [email protected] / homepage:
WWW.perse.com.br
Programação visual e Revisão do texto: Rosilene Oliveira
Capa: Carlos Neves Marques
Oliveira, Rosilene da Silva
CRISTINA – Eu apenas te amei. / Rosilene Oliveira-
São Paulo: Perse, 2014.
194p
Cód. N: B869
ISBN: 978-85-8196-587-1
1. Romance 2 .Literatura brasileira 3. Poesia. I Título
É proibida a reprodução da obra sem a autorização da autora. Direitos
reservados segundo a Lei 9.610/98, artigo 184 do Código Penal.
5 | Cristina – Eu apenas te Amei
Ao escritor e amigo Carlos Neves, que me confi-
ou essa difícil missão de escrever ‘Cristina’.
Ao amigo e poeta José Araújo, pelo incentivo e
carinho de suas palavras sempre muito prestativas.
Aos leitores que compartilharão dessa emocio-
nante história de amor.
7 | Cristina – Eu apenas te Amei
PRÓLOGO
Esta é uma emocionante história de amor repleta de
poesia, onde o perdão é um exercício constante.
Os personagens Cristina e Walter travam uma verdadei-
ra Batalha contra um poderoso oponente que os levam a
caminhos distantes, cheio de espinhos e muita dor. Movida pela
força do amor, Cristina é capaz de tudo, numa entrega que vai
além do que se possa imaginar.
Uma trama repleta de fé, esperança, luta, perseverança,
perdão e amor, que nos leva a refletir sobre o verdadeiro
sentindo da vida!
9 | Cristina – Eu apenas te Amei
CAPÍTULO 1
Eu fiz tudo o que pude para tirá-lo daquela vida, mas a
falta de Deus em sua vida o levou à ruína. Tinha tudo, talento,
beleza, carisma, fama, mas faltou-lhe o autocontrole para
administrar tudo aquilo e o preço a ser pago foi alto demais.
- Falando sozinha Cristina?
- Sheldon, é você?
- Sim, minha querida, sou eu.
- Puxa! Há quanto tempo! O que faz aqui em Brusque?
E como me encontrou?
- Eu vim lhe trazer isto!
- Uma maçã?
- Não é apenas uma maçã. É a minha gratidão por tudo
que você me fez, por tudo que passamos juntos. Você se foi sem
se despedir, deixando naquele banco uma maçã para que eu não
tivesse mais um dia de estômago vazio. Eu te segui por muito
tempo, acompanhei sua trajetória, sabia que estava aqui, então
vim.
- Fico muito feliz!
- E como vão as coisas?
Rosilene Oliveira | 10
- Estão bem agora, superando as dificuldades que apa-
recem.
- Sabe também porque vim não é?
- Sheldon! Vamos tomar um chá, essa cidade tem um
clima bem apropriado para isso!
- E também para um reencontro caloroso!
- Nem me venha com esse papo. Estou fugindo de pro-
blemas.
- Está bem, mas eu não vou desistir de você, sabe disso.
- Sim, eu sei.
Sheldon era um amigo de longa data na vida de Cristi-
na. Ele a encontrou enfrente a um lago que ficava perto de sua
casa em Brusque, de onde muitas vezes ela ficava refletindo
sobre suas angústias. Aquelas águas eram para ela a certeza de
que nada fica estacionado a menos que esteja morto. Assim
Sheldon se moveu ao seu encontro, e ela moveu-se em direção a
sua própria felicidade.
Brusque é uma das cidades de Santa Catarina que nas-
ceu da colonização e imigração de alemães, tendo início com a
chegada de um nobre austríaco, que liderava um grande grupo
de imigrantes alemães, que ali se instalaram formando vilarejos.
Cristina era parte dos 105 mil habitantes que mantinham a
11 | Cristina – Eu apenas te Amei
cultura germânica em seu cotidiano. Filha de pais tradicionais,
rígidos quanto à cultura e também quanto à obrigatoriedade de
dedicar-se aos estudos, Cristina pouco podia se aventurar a
outras atividades que não fossem as estabelecidas pela
sociedade. Brusque recebeu em sua formação, imigrantes de
diversas nacionalidades como britânicos, poloneses, norte-
americanos e italianos. Os poloneses levaram diversas artes de
tecelagem, ficando assim a cidade conhecida como a “cidade
dos tecidos”.
Caminhando pelas ruas de Brusque, com suas visíveis
características arquitetônicas e estereotipadas de ascendência
européia, e retornando para casa de volta da escola, Cristina é
surpreendida por uma bela canção que tocava ao longe, ao som
de um piano. Era uma melodia que a hipnotizava. A moça para
por alguns instantes e contempla a música. Ao término da
mesma ela segue o seu caminho, maravilhada.
Por vários dias Cristina repetia o ritual, parando ao ou-
vir sempre a mesma canção tocada ao piano, que soava com ar
de tristeza. Curiosa e tomada por certa coragem, ela resolveu
entrar pelo jardim e se aproximou até a janela. Observou o
homem que tocava, parecendo imerso num universo só seu.
Uma vizinha que passava a observou de pé da janela e vendo-a
voltar lhe perguntou:
- Menina o que está fazendo? Acaso não sabe que nesta
casa vive um homem solitário? Já a percebi parada, olhando,
observando o pianista.
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- Sim, senhora Margareth. É uma linda canção que
ouço todos os dias quando volto da escola. E sempre a mesma
melodia. Quem é o pianista? Mudou-se para cá a pouco, não?
- Sim, Cristina. Mudou-se há poucos meses. Mas nunca
o vi sair durante o dia, apenas o vejo, às vezes à noite, quando
sai com um chapéu e em seu carro de vidros todo escuro. Como
sou curiosa pude observar isso, sei também que recebe suas
encomendas de correio, mercados e outros sempre sem se
mostrar muito. Acho que é um homem perigoso, muito
misterioso!
- Será senhora?
Cristina ficou intrigada com as observações da atenta
senhora Margareth, mas ainda maravilhada com a melodia. O
rapaz morava na mesma colônia ou vilarejo, então ela sabia que
logo saberia mais sobre ele.
No dia seguinte haveria uma tradicional festa onde os
colonos se reuniriam para suas manifestações artístico-culturais.
O que acontecia com muita naturalidade e envolviam pessoas de
outros grupos, como os visitantes por exemplo.
Cristina não tinha irmãos, sua família era apenas seus
pais e parentes próximos, primos com quem tinha um excelente
relacionamento. Ela era uma moça meiga, gentil, companheira,
apaixonada pela vida, responsável com seus estudos, pretendia
fazer faculdade de administração, para no futuro administrar
13 | Cristina – Eu apenas te Amei
uma das tecelagens de sua família e assim prosperar e manter a
linhagem. Mas o destino não estaria disposto a cooperar, não
seria tão fácil esse percurso, devido às armadilhas que o mesmo
proporia.
Todos estavam envolvidos com a festividade, o dia
estava lindo, as pessoas pareciam muito felizes, a cidade de
Brusque iluminada. E mais uma vez aquela melodia era entoada,
atraindo a audição de Cristina em sua direção e mais uma vez
ela foi até aquela casa, adentrou o jardim e se aproximou da
janela. Desta vez ela foi percebida pelo homem que se
aproximou. Era um jovem, de boa aparência, tinha olhos azuis e
cabelos castanhos escuros compridos, bem cuidados, barba por
fazer e apresentava sotaque italiano, não era muito alto,
aproximadamente 1,70 e idade de 30 anos. Cristina não destoava
de sua beleza, como descendente de alemães tinha pela clara,
olhos azuis e cabelos loiros, media 1,60 e sua idade, 17 anos.
- Não quer entrar moça?
- Não. Desculpe-me a invasão, é que sua música... É
belíssima, ela me atraiu até aqui. Há dias eu a escuto, então tive
a coragem de me aproximar.
- Eu percebi sua presença por várias vezes, a sentia de
longe. Senti sua vibração. Vi quando se aproximou da outra vez,
quando uma senhora a chamou. Qual seu nome?
- Chamo-me Cristina Weber Sulzbach.
Rosilene Oliveira | 14
- Lindo nome, assim como você. Eu me chamo Walter
Franciosi Agliardi. Sou italiano, mas vivo no Brasil há 15 anos.
Tenho irmãos brasileiros, somente eu e meus pais não somos.
Me mudei para cá, em Brusque há dois meses, antes vivia em
São Paulo. Como vê sou pianistas, trabalho nas noites, durante o
dia ficou ensaiando e compondo. E você faz o que? Já trabalha?
- Não. Ainda não. Somente estudo. Meus pais têm fá-
bricas de tecelagem, pretendendo fazer administração para
cuidar delas junto com meu pai.
- Muito bem. Faz bem se dedicar aos estudos. Daí seu
sobrenome Weber, quer dizer tecelã.
- Como sabe?
- Quando escolhi viver aqui, quis saber um pouco sobre
a história da colônia e como Brusque é considerada a cidade dos
tecidos não foi difícil ver este sobrenome nos registros.
- Curioso. E por que veio para Brusque, se São Paulo é
o centro das oportunidades?
- É uma longa história. Talvez um dia eu te conte. Mas
em parte, eu me sinto um pouco acolhido com os outros
imigrantes italianos que tem por aqui.
- Pode senti-se acolhido. Aqui é um bom lugar. As pes-
soas são encantadoras.
15 | Cristina – Eu apenas te Amei
- Acabei de perceber que sim.
- A cidade está em festa, venha se juntar a nós!
- Obrigado Cristina, mas tenho muito que ensaiar, estou
harmonizando um novo repertório.
- E por que toca sempre a mesma melodia, no mesmo
horário?
-É um tributo.
- Um tributo? A quem?
- Ainda não é o momento de falar muito sobre mim. Eu
preciso ensaiar. Se quiser poderá entrar e me ouvir tocar mais de
perto.
- Obrigada, mas hoje não. Talvez outro dia. Eu vou
indo. Foi um prazer conhecê-lo.
- Igualmente.
Por alguns dias Cristina passou a frequentar, por alguns
minutos a casa do rapaz, sem que os pais soubessem. Não fica
bem uma moça freqüentar a casa de um homem solteiro! Diziam
os velhos costumes. Nessas visitas ela soube que ele havia
perdido um filho e ficado viúvo numa trágica situação de
desentendimentos. Os dois ficaram muito próximos e logo um
sentimento novo surgia entre os dois. Walter estava encantado
por Cristina e aquele semblante tristeza não existia mais. Ela