26
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ PÓS-GRADUAÇÃO EM EQUOTERAPIA ISIS CONCEIÇÃO CAMPOS BOMBARDA OLIVEIRA CRITÉRIO DO USO DO CAVALO NOS CENTROS DE EQUOTERAPIA 1 CURITIBA 2015 1 Artigo apresentado à Universidade Tuiuti do Paraná como requisito para conclusão do Curso de Pós- Graduação Lato Senso especialização em Equoterapia.

CRITÉRIO DO USO DO CAVALO NOS CENTROS DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2015/10/CRITERIO-DO-USO-DO-CAVALO-N… · involuntariamente, esses movimentos são únicos, sendo que nenhum

Embed Size (px)

Citation preview

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

PÓS-GRADUAÇÃO EM EQUOTERAPIA

ISIS CONCEIÇÃO CAMPOS BOMBARDA OLIVEIRA

CRITÉRIO DO USO DO CAVALO NOS CENTROS DE

EQUOTERAPIA1

CURITIBA

2015

1 Artigo apresentado à Universidade Tuiuti do Paraná como requisito para conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Senso especialização em Equoterapia.

2

ISIS CONCEIÇÃO CAMPOS BOMBARDA OLIVEIRA

CRÍTERIOS DO USO DO CAVALO NOS CENTROS DE EQUOTERAPIA

Artigo apresentado à Pós-Graduação de Equoterapia da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito à obtenção do titulo de Especialista.

Orientadora: Prof.ª Fabiana Riskalla

CO-ORIENTADORA: Cyntia Galvão Minardi

CURITIBA

2015

3

RESUMO: Este artigo tem como objetivo identificar através da análise de um

questionário se as passadas Antepista, Sobrespista e Transpista são oferecidas nos Centros de Equoterapia do Estado de São Paulo filiado e/ou agregados a Ande Brasil e também identificar os critérios de escolha do cavalo para as sessões de Equoterapia. O questionário foi envido via e-mail a 85 Centros de Equoterapia, sendo que destes, 09 responderam ao questionário informando que ofertam as passadas Sobrepistar, Antepistar e Transpistar e apresentando algumas relações entre essas passadas os atendimentos a praticantes, bem como informaram que tem critérios para escolha do cavalo, sendo que dentre elas as mais utilizadas são docilidade, mansidão, condicionamento físico e saúde. Deste modo observou-se que todos os 09 centros, que reponderam o questionário, utilizam e fornecem dentro de suas atividades as passadas (antepista, transpista e sobrepista), verificando assim a relevância dessas passadas no trabalho de equoterapia.

PALAVRAS-CHAVES: Equoterapia, Critérios para escolha de cavalos, Tipos de passadas, Relação entre passadas e atendimentos a praticantes.

ABSTRACT: This article aims to identify through the analysis if the steps “Antepista, Sobrepista and Transpista” are offered in hippotherapy centers of São Paulo State affiliated and/or aggregates to “Ande Brasil” and also identify the criteria of choosing horses for hippotherapy sections. The questionnaire was sent for e-mail to 85 hippotherapy centers wherein 09 of those centers answered the questionnaire informing that they offer the steps “Sobrepistar, Antepistar and Transpistar” and presenting some relations between these steps to the attending for all the practitioners, as well as reported the criteria for choosing horses, wherein the more useful are gentleness, meekness, physical condition and health. So it was observed that all 09 centers They replied the questionnaire use and provide within their past activities (antepista, transpista and sobrepista), and you can check out the great importance of these past within the hippotherapy.

KEY-WORDS: Hippotherapy, Criteria for choosing horses, Kind of steps, relation between the steps and attending for the practitioners.

4

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – REPRESENTAÇÃO DAS RESPOSTAS À PERGUNTA 1......18

GRÁFICO 2 - REPRESENTAÇÃO DAS RESPOSTAS À PERGUNTA 3.......19

5

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DO ANIMAL............................................19

QUADRO 2 – AVALIAÇÃO CLÍNICA..............................................................20

QUADRO 3 – AVALIAÇÃO QUANTO AO TIPO DE UTILIZAÇÃO .................20

QUADRO 4 – PRINCIPAIS RELAÇÕES DOS TIPOS DE PASSADAS E OS

ATENDIMENTOS AOS PRATICANTES....................................................................21

6

1 INTRODUÇÃO

A relação do homem com o cavalo é bem antiga, trata-se da Pré-história

datada de 3,5 milhões A.C. a 10.000 A.C. nesta época foi quando ocorreram os

primeiros contados com o cavalo selvagem, deste primeiro contato foi que onde

ocorreu um importante contato do cavalo com o homem, pois ele foi companhia na

paz, na guerra, na caça, nos jogos, na agricultura, nos transporte e nas

comunicações, no desporto estabeleceu uma vinculação psicofísica, onde muitos

deram um sentido educativo, pedagógico e terapêutico. (LEITÃO, 2008).

Ramos (2005) relata que a participação do cavalo foi fundamental no destino

do homem a partir da sua domesticação. Nas guerras e nas conquistas tiveram a

marca das patas do cavalo, assim ter a posse do equino passou a significar nobreza

e poder. Hoje em dia o cavalo esta representado em atividade econômica, no

trabalho, no lazer e no tratamento terapêutico.

A domesticação do cavalo e a descoberta da equitação tornam o destino do homem e desse animal inseparáveis através dos séculos, representando um salto no progresso da humanidade. O cavalo foi utilizado como meio de veneração e de crença, na fabricação do soro e da vacina, no transporte, no trabalho, no lazer e no esporte, sendo esse último considerado, sob a ótica da era moderna, o mais complexo, por nenhum outro desafiar tanto a mente, mobilizando e interligando conexões neurais e combinação com a execução de movimentos complexos para a praticante deste esporte. Atualmente lhe é dado grande destaque na habilitação e educação no tratamento de pessoas portadoras de deficiência e / ou com necessidades especiais. (SAKAKURA, 2006 apud MEDEIROS, DIAS, 2002).

Monty Roberts, 1996, em seu livro O Homem que Ouve Cavalos narrou como

suas experiências com seu pai o conduziram a desenvolver a chamada doma

racional, a qual se opõe à brutalidade da doma tradicional, assim tem-se um cavalo

bem domado e que goste de ser treinado. Na doma tradicional o cavalo é exposto ao

homem em uma relação de força e medo, onde esta estabelecida uma luta que o

homem sempre é o vencedor. Na doma racional, se exclui qualquer forma de

brutalidade com o animal, pois parte-se do princípio que o cavalo vê, sente e ouve,

sendo capaz de absorver todas as sensações que lhe é passada pelo domador.

Nesta forma considera-se um cavalo bem domando aquele que pode ser montado

por um ginete ou uma criança. (RAMOS, 2005).

7

Lima (2014) diz ainda que o domador trás com sua atividade uma arte, pois

busca um trabalho com qualidade, além disso, a aptidão de domar é adquirida

observando regras estabelecidas por gerações anteriores e por meio da interação

com o animal.

Cazarim (2010) relata que Xenofonte um general grego em sua obra o Manual

de Cavalaria, uma das mais antigas obras sobre a equitação, mostra que se deve

"amansar ao invés de domar" o cavalo, assim se isso ocorrer o cavalo servirá tanto

para um passeio nos finais de semana, tanto para os empregos mais difíceis, como

por exemplo, nas guerras e empregos policiais nas grandes cidades.

A Equoterapia existe há anos, porem no Brasil começou a ser divulgada no

começo da década de 70, onde os pioneiros neste trabalho foram a Associação

Nacional de Equoterapia– ANDE-Brasil, assim foi reconhecida pelo Conselho

Federal de Medicina como um método terapêutico em 1997. (VALLE; NISHIMORI;

NEMR, 2014).

De acordo com a ANDE-Brasil são vários os exemplos que mostram que a

Equoterapia vem desde a Antiguidade Clássica até a Idade Contemporânea, temos,

por exemplo, Hipócrates (458 A.C. – 370/351 a. C.), ele indicava a equitação para a

regeneração da saúde, do bem estar e no tratamento de insônia. (LEITÃO, 2008).

Equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou com necessidades especiais. (ANDE-BRASIL, 2012).

Lermontov (2004) entende também que a Equoterapia é um método

terapêutico que utiliza o cavalo como instrumento de trabalho, assim conseguindo

auxiliar no desenvolvimento motor, emocional e social de pessoas portadoras de

deficiência e/ou de necessidades especiais, com base na prática de atividades

equestres e técnicas de equitação.

Kugler (1980) relata a semelhança entre o cavalo e o homem o andar do

cavalo e batimentos cardíacos do homem, as batidas dos membros posteriores do

cavalo são mais fortes que as dos membros anteriores, representando a sístole e a

diástole, respectivamente. Ainda o calor externo do cavalo é igual ao calor interno do

ser humano e este é o único mamífero que transpira no corpo todo, igualmente ao

homem. O cavalo consegue carregar o ser humano em seu dorso, simulando o

8

embalo da pelve humana, consequentemente transmitindo as sensações dos

embalos recebidos na vida intrauterina.

O cavalo na Equoterapia atua como um instrumento cinesioterapêutico muito

valioso, pois encima do seu dorso ele oferece varias oportunidades ao praticante

como mudança de ritmo e direção do cavalo, movimentos de aceleração e

desaceleração do passo, alterações de postura sobre o cavalo, transição de postura

com o cavalo em movimento, diferentes posicionamentos dos estribos ou a não

utilização dos mesmos, entre outros. (MEREGILLANO, 2004)

O passo do cavalo produz e transmite ao cavaleiro, uma serie de movimentos

sequenciados e simultâneos, que gera o movimento tridimensional, que se traduz,

no plano vertical, em um movimento para cima e para baixo; no plano horizontal, em

um movimento para a direita e para a esquerda, segundo o eixo transversal do

cavalo e um movimento para frente e para trás, segundo o seu eixo longitudinal.

(ANDE-BRASIL, 2012).

Lorenzetto (2010), relata que o praticante de Equoterapia necessita de uma

adaptação sobre o cavalo para poder manter o equilíbrio e ter o ajuste tônico, pois o

cavalo realiza movimentos tridimensionais verticais e horizontais, mesmo que

involuntariamente, esses movimentos são únicos, sendo que nenhum outro

equipamento ou aparelho consegue simulá-lo. Assim através da Equoterapia é

possível proporcionar ao praticantes uma capacidade motora antes desconhecida

pelo mesmo.

Cirillo, 2006 descreve que o passo é a andadura simétrica, rolada ou

marchada, basculante, há quatro tempos, que é quando os membros se elevam ou

pousam sucessivamente, sempre na mesma ordem, fazendo-se ouvir quatro batidas

distintas. O cavalo, ao se deslocar ao passo das marcas dos posteriores sobre o

solo, fica nas marcas dos anteriores correspondentes, no mesmo lugar ou as

ultrapassa. No primeiro caso fala-se que o cavalo antepista, no segundo sobrepista

e no terceiro transpista.

Segundo Lermontov (2004), para a Equoterapia a andadura mais indicada par

se utilizar em sessões é o passo devido sua regularidade. O passo é uniforme,

ritmado e pode se tornar para o cavaleiro um embalo, assim não produzindo um

impacto em quem monta.

9

Santos, 2006 expõe ainda que a escolha certa do cavalo, ou seja, da

frequência do passo é de grande importância para se obter o resultado esperado

para a adequação da postura correta do praticante.

O animal que tem um número maior de passadas por minutos (antepistar) que

fará ativar os receptores proprioceptivos, que assim só responde a estímulos

rápidos, como também os receptores articulares que respondem à pressão, gerando

aumento do tônus, que é indicado há praticantes hipotônicos. Assim quando o

cavalo tem a frequência baixa de passo (transpistar), diminuirá a velocidade dos

estímulos proprioceptivos, tendo o movimento rítmico e cadenciado, estimulando o

sistema vestibular de forma lenta, tendo assim uma diminuição do tônus muscular de

todo o corpo, que é indicado principalmente para praticantes hipertônicos.

(SANTOS, 2006).

Walter & Vendramini (2000) e Cirillo (2005) citado por Corlatti (2006)

enfatizam ainda mais os benefícios proporcionado pela Equoterapia, como: ganhos

físicos, psicológicos, educacionais e sociais. Relatam também que essa atividade

exige a participação do corpo inteiro, contribuindo para o desenvolvimento do tônus

e da força muscular, conscientização do próprio corpo, relaxamento, equilíbrio,

aperfeiçoamento da coordenação motora, melhora da autoconfiança e da

autoestima.

Uzum (2005) apud Walter e Vendramini (200) descreve algumas

características importantes do cavalo de Equoterapia como sendo: ser um atleta,

fazer andamento de forma suave e harmônica, ter o passo ritmado, cadenciado, de

baixa frequência, com possibilidade de alta e baixa velocidade, sem mudar a

cadência, ter bom engajamento natural, ter linhas harmônicas e ter bom aprumo. O

presente trabalho propõe um aprofundamento no tema: a escolha do cavalo utilizado

nas sessões de Equoterapia, mais precisamente verificar se o tipo de passada bem

como o ritmo de andadura do cavalo são utilizados como critérios para escolha do

cavalo para o atendimento em Equoterapia, através de consultas a centros de

Equoterapia do estado de São Paulo filiados e ou agregado a ANDE - Brasil.

10

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 CARACTERÍSTICAS DO CAVALO EMPREGADO EM EQUOTERAPIA

Cazarim (2010) relata que com a evolução tecnológica das máquinas a vapor

e das armas de guerra a tração animal foi considerada um método antigo. Assim o

cavalo teve que se adequar para não ser utilizado somente à arte equestre

desportiva e à lida na agricultura. Ele foi bem aproveitado e teve também presença

marcante na sociedade atual, onde passou a ser cavalo de Equoterapia, graças a

sua docilidade, seu impacto visual, andaduras e o seu símbolo de austeridade e

nobreza.

College (1990) diz que o cavalo é um ser particularmente maravilhoso em

relação aos seus sentimentos, pois o cavalo consegue se adequar e mudar de

humor juntamente com seu proprietário. O cavalo por tanto não tem ideia do que

cerca a mente humana e suas confusões mentais, mas ele é o animal que esta mais

perto do ser humano em relação as suas emoções.

É imprescindível a presença do cavalo na Equoterapia, hoje em dia é dado ao

cavalo o grande destaque como agente e reabilitação e educação, pois só ele pode

proporcionar às pessoas com necessidades especiais, através do seu movimento

tridimensional, as condições para uma reabilitação. Apenas o cavalo pode transmitir

ao seu cavaleiro uma sensação de segurança pelo calor de seu corpo e das batidas

de seu coração. (LERMONTOV, 2004).

A Equoterapia é um método de tratamento que visa à reabilitação física e metal de pessoas portadoras de necessidades especiais, que utiliza o cavalo em abordagem interdisciplinar. O cavalo, neste método, entra como um agente facilitador, proporcionando aos praticantes ganhos físicos e psicológicos, exigindo um trabalho muscular intenso e contribuição para adequação do tônus, melhora da coordenação e do equilíbrio. LORENZETTO (2010).

Walter e Vendramini (2000) relatam que o cavalo para Equoterapia tem que

ser atleta, fazer seu andamento de forma suave e harmônica, ter seu passo ritmado

e com baixa frequência tendo ainda a possibilidade de baixas e altas velocidades,

ter bom aprumo.

11

Lermontov (2004) explica algumas características do cavalo: ele é um

quadrúpede com a locomoção similar ao do ser humano, é um animal que vive em

manada e isso lhe da a segurança e permite o seu relacionamento afetivo, sua visão

é imprecisa, pois enxerga movimentos bruscos como sinais de perigo, é um animal

de fácil domesticação, uma vez que possui características juvenis assim permitindo

o aprendizado, a sua comunicação é mediante os sons e linguagem corporal.

Na equoterapia, o cavalo é o mediador responsável pela reabilitação, pois, quando está ao passo, seu dorso promove no cavaleiro movimento tridimensional (deslocamento em três eixos: vertical, horizontal e diagonal) e também movimentos e rotação de 5º da cintura pélvica, exigindo deste a participação do corpo inteiro. (CORLATTI, 2006 apud ANDE, 2004; CAZZARIM, 2005).

2.2 IMPORTÂNCIA DO MOVIMENTO TRIDIMENSIONAL DO CAVALO NA

EQUOTERAPIA

Lermontov, 2004 diz que o praticante encima do dorso do cavalo sofre três

distintas forças: uma força de cima para baixo (plano vertical), uma força lateral

alternada (plano horizontal/eixo transversal) e uma força sobre o plano póstero-

anterior (plano horizontal/eixo longitudinal). A junção dessas três formas é

denominada de movimento tridimensional, que proporciona ao praticante uma

adaptação ao ritmo do passo do cavalo, que exige contrações e descontrações

simultâneas dos músculos agonistas e antagonistas, dando um ajuste tônico da

musculatura para manutenção da postura e do equilíbrio.

Assim, quando o cavalo esta em ao passo, ocorre o movimento tridimensional

em seu dorso, que é quando o cavalo se desloca que é quando há o deslocamento

para cima e para baixo, para frente e para trás, para um lado e para o outro. (SILVA

e GRUBITS, 2004).

O movimento tridimensional realizado pelo cavalo da ao cavaleiro ganhos

físicos, isso acontece por conta do passo do cavalo, caracterizado por ser uma

andadura, rolada ou marchada, simétrica e ritmada. (BARBOSA; MUNSTER, 2013).

A oscilação provocada pelo movimento tridimensional do cavalo pode produzir

na cintura pélvica do paciente montado movimentos correspondentes ao da pelve

durante a marcha. (SAKAKUNA, 2006).

12

Uzun (2005) diz ainda, que o movimento tridimensional, rítmico e balançante

realizado pelo cavalo proporciona ao praticante estimulo ao sistema vestibular,

melhorando a consciência espaço-temporal, concentração equilíbrio e consolida a

segurança gravitacional.

2.3 TIPOS DE ANDADURAS DO CAVALO, RITMO E FREQUÊNCIA

O animal oferece uma diversidade de movimentos enquanto se está sobre seu dorso e possui três andaduras: passo, trote e galope. No trote, o cavalo movimenta duas pernas de cada vez, sempre na diagonal, sendo assim realizado em dois tempos, havendo uma simetria entre os movimentos da coluna vertebral e o seu eixo longitudinal; já os movimentos de pescoço são quase imperceptíveis. O galope é uma andadura de três tempos, ou seja, enquanto dois membros se movimentam juntos, os outros dois podem se mover separadamente, tendo ainda uma movimentação do pescoço o que ocasionará uma grande basculação, ocasionando um salto e assim um tempo de completa suspensão, e por fim será assimétrico, pois o movimento da coluna vertebral não estará em simetria com o eixo longitudinal do cavalo. Sendo assim tanto o trote e o galope são andaduras saltadas, onde o cavalo exerce um maior esforço e movimentos mais rápidos e bruscos, exigindo do cavaleiro mais força para se segurar e um maior desenvolvimento ginástico. (LORENZETTO 2010).

Rosa, 2006 relata que o comprimento da passada é a distancia entre os

contatos sucessivos com o solo (marca dos cascos no solo) pelo mesmo casco.

Quando o casco traseiro pisa atrás da marca do casco dianteiro, dizemos que o

cavalo esta antepistando. Quando o casco traseiro pisa sobra a marca deixada pelo

anterior diz-se que o cavalo esta sobrepistanto. Assim quando o casco traseiro pisa

à frente da marca do dianteiro ele esta transpistando.

Uzun (2005) verifica ainda que a característica mais importante para a

Equoterapia é o passo do cavalo que é quando ocorre uma sequencia de

movimentos e simultâneos que se resulta no movimento tridimensional, que se

resume no plano vertical em um movimento para cima e para baixo, no plano

vertical, em um movimento para direita e para esquerda, segundo o eixo transversal

do cavalo, e segundo o eixo longitudinal, um movimento para frente e para trás. A

junção destes movimentos é completada com uma pequena torção pélvica do

cavaleiro que é resultada pelas inflexões laterais do dorso do cavalo.

Uzun (2005) relata também que a análise das andaduras do cavalo foi

descrita, pela primeira vez em 1978 por Baumann, outros autores também

13

escreveram sobre a andadura do cavalos com base na primeira literatura escrita,

sem apresentar nenhum ponto de diferentes entre eles.

O passo é uma andadura simétrica, pois a variação da coluna vertebral em

relação ao eixo longitudinal do cavalo é simétrica, marchada ou rolada porque não

existe tempo de suspensão, isto é, sempre tem membros em apoio ao solo,

basculante pela consequência dos movimentos do pescoço e há quatro tempos,

porque, desde o elevar até o pousar de um determinado membro, ouvem-se quatro

batidas distintas. O trote é uma andadura simétrica, pois os movimentos da coluna

vertebral em relação ao eixo longitudinal do cavalo são simétricos, fixada, pois os

movimentos do pescoço são quase imperceptíveis e é há dois tempos, porque entre

o elevar de um bípede diagonal até seus retorno ao solo, ouvem-se duas batidas,

também é saltada, pois existe um tempo de suspensão dos seus membros. O

galope é uma andadura assimétrica, pois o movimento da coluna vertebral do cavalo

em relação ao eixo longitudinal não é simétrico, saltada porque existe um tempo de

suspensão de seus membros, muito basculada em razão dos amplos movimentos

do pescoço e há três tempos porque entre o elevar de um membro ou membros

associados, até seu retorno ao solo, ouvem-se três batidas. (ANDE-BRASIL-2012).

2.3 CORRELAÇÕES ENTRE O TIPO DE CAVALO, ANDADURA E PRATICANTE

Sakakura, 2006 relata que o deslocamento do centro da gravidade do

praticante tem haver com as variações do passo do cavalo, velocidade, estimulação

da direção e equilíbrio, isso facilita na dinâmica da estabilidade postural e

restabelecimento da desordem motora do praticante. Assim é necessário que o

praticante se utilize de suas reações de equilíbrio, aumentando o recrutamento

muscular para manter-se sobre o cavalo em movimento, preservando assim, o

equilíbrio na postura desejada.

A equitação terapêutica traz uma abordagem de tratamento ao praticante de

forma global. (SAKAKURA, 2006).

Rosa, 2006, diz que para atingir resultados funcionais terapêuticos

específicos a Equoterapia se utiliza dos movimentos multidimensionais do cavalo. O

passo do cavalo fornece estímulos sensoriais através do movimento, que é variável,

rítmico e repetitivo. Esses movimentos rítmicos e repetitivos do cavalo proporcionam

14

significativas melhoras no tônus muscular, no equilíbrio, na postura, na

coordenação, na força, na flexibilidade e nas habilidades cognitivas dos praticantes.

Ao passo e ao trote as marcas dos posteriores sobre o solo podem ficar aquém das marcas dos anteriores, então diremos que o cavalo antepista. O cavalo sobrepista quando as marcas ficam no mesmo lugar e quando ultrapassam o cavalo transpista. O passo é a andadura mais favorável para a relação cavalo e cavaleiro, o que permite uma íntima ligação em condições de grande precisão. O cavalo que sobrepista e transpista são os mais indicados, se ele transpista é melhor, pois intensifica o movimento tridimensional. (KAGUE,2004).

Pode se dizer que as andaduras naturais dos cavalos são, por sua vez, as

que se executam instintivamente, que podem ser denominadas por passo, trote e

galope. O passo é a andadura mais utilizada na Equoterapia, pois é quando o animal

realiza apoios laterais e diagonais, geralmente a partir de apoio anterior (quando se

inicia pelo anterior esquerdo, este é seguido pelo posterior direito, anterior direito,

posterior esquerdo e assim sucessivamente), podendo assim se realizar quatro

fases de deslocamento, a saber: levantar o membro do solo; suspendê-lo no ar,

retomar o contato com o solo, apoiar-se nele, determinando um tempo de apoio e

outro de suspensão. (PIEROBON e GALETTI, 2008).

Salvadori (2013) diz também que o passo é a andadura natural do cavalo

(para cima e para baixo; para os lados; para frente e para trás), divide-se em quatro

fases: levantar, oscilar, contato com o solo e apoiar, que podem ser resumidos em

apoio e suspensão. O andar do ser humano e do cavalo é muito parecido, pois os

dois provocam o deslocamento da cintura pélvica.

Falando ainda sobre a andadura ao passo, Pierobon e Galetti (2008) dizem

que ela pode variar entre o transpistar, sobrepistar e antepistar, sendo que essas

alterações podem ser desencadeadas dentro das necessidades de cada praticante.

Assim a frequência está relacionada diretamente com o comprimento do passo e à

velocidade da andadura, sendo que a frequência mais adequada para praticantes

com déficits motor é de 40 à 45 passadas por minuto.

Na Equoterapia o tipo de cavalo e de andadura são escolhidos conforme a

necessidade de cada praticante, sendo que a variação do passo do cavalo,

velocidade, estimulação de direção interferem como resposta ao deslocamento do

centro de gravidade do praticante. Assim é de extrema importância a análise de

tônus muscular do praticante, pois dependendo da qualidade do tônus, esta

15

influenciará diretamente na escolha da frequência do passo do cavalo (PIEROBON e

GALETTI, 2008).

No mundo equestre existem várias pesquisas a respeito do movimento do dorso do cavalo e suas consequências, em relação ao seu cavaleiro. A primeira consequência é o ajuste tônico, pois o cavalo é um animal que nunca está parado totalmente. A troca de apoio das patas, o deslocamento da cabeça ao olhar para um lado e outro, o abanar do rabo, etc. com isso impõem ao cavaleiro/ praticante um ajuste no seu comportamento muscular, a fim de responder ao desequilíbrio provocado por esses movimentos. (CARVALHO, 2007).

A Ande - Brasil (2012), diz que não existe uma raça especifica de cavalo para

o uso na Equoterapia, pois qualquer cavalo tem o potencial para ser utilizado, tudo

depende das características a serem estudadas na seleção, treinamento e no

desempenho que possam ser usadas nos programas de Equoterapia.

Kangue, 2004 afirma ainda que não existe uma raça própria de cavalo para o

trabalho em Equoterapia, muito menos um animal perfeitamente ideal. O que se

pode é apenas listar algumas características básicas que podem ser levadas em

consideração para quando for realizada a escolha: o cavalo "perfeito" deverá realizar

as três andaduras regulares, que são o passo, o trote e o galope e ser equilibrado,

tendo o seu centro de gravidade do garrote.

16

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para realização deste trabalho, foi desenvolvido um questionário em conjunto

com a orientadora e co orientadora, que são profissionais atuantes na equoterapia,

que teve por objetivo verificar se os centros de Equoterapia possuem como prática a

análise de ritmos/frequência de passada (antepista, sobrepista e transpista) do

cavalo, como critério para o planejamento do atendimento em equoterapia, bem

como é feita e com quais critérios a escolha dos animais para utilização nos

atendimentos. Os questionários foram enviados aos centros de Equoterapia filiados

a ANDE – Brasil, via e-mail e por contato telefônico, com intuito de se emitir uma

análise de suas repostas e ao final constatar a tese proposta, qual seja, utilização da

análise do ritmo/frequência do cavalo (antepista, sobrepista, e transpista) como

critério para o planejamento de atendimentos em equoterapia e identificação dos

critérios de escolha dos animais utilizados nos atendimentos. Para processar a

análise, delimitou-se o espectro da pesquisa aos 85 centros de Equoterapia filiados

a ANDE – Brasil e localizados no Estado de São Paulo.

3.2 CENTROS PARTICIPANTES DA PESQUISA

Foram enviados e-mails aos 85 Centros de Equoterapia filiados a Ande –

Brasil do Estado de São Paulo. Destes, apenas 09 responderam o questionário

proposto, sendo que a própria negativa em resposta ensejará uma reflexão adiante.

3.3 QUESTIONÁRIO

Para o desenvolvimento do questionário proposto, procurou-se concentrar as

perguntas de forma não evasiva, concentradas no tema e adequadas à discussão e,

sendo assim, foi apresentado aos Centros o seguinte questionário:

1) Existe, nesse Centro de Equoterapia, algum critério de escolha do cavalo

para o atendimento do praticante em Equoterapia?

Sim

Não

2) Se sim, poderia elucidar como se dá esse processo?

17

3) Os tipos de passadas: transpista, sobrepista e antepista são ofertadas pelo

seu centro?

Sim

Não

4) O tipo de passada (sobrepista, transpista, antepista) do cavalo é um critério

para o planejamento da atividade de equoterapia?

Sim

Não

5) Se sim, como relaciona o tipo de passada com a atividade e/ou praticante?

6) Comentários/Críticas/Sugestões:

3.4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

De posse das respostas ofertadas pelos centros participativos da pesquisa,

fora realizada uma análise, a qual pode ser assim descrita nos seguintes tópicos:

Primeira pergunta, constatou-se a unanimidade na existência de critérios para

escolha do cavalo, gráfico 1:

GRÁFICO 1 – REPRESENTAÇÃO DAS RESPOSTAS À PERGUNTA 1

A segunda pergunta, referente ao caso positivo no pergunta sobre existência

de critérios para escolha do cavalo, teve suas respostas distribuídas em 03 quadros

distintos: Características do Animal (QUADRO 1), Avaliação clínica (QUADRO 2) e

Avaliação quanto ao tipo de utilização (QUADRO 3):

18

QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DO ANIMAL

(1º)

8 RESPOSTAS

Docilidade/mansidão

7 RESPOSTAS

Condicionamento Físico/Saúde

5 RESPOSTAS Andadura regular

4 RESPOSTAS

Animais de maior idade, aposentados ou prestes a se

aposentar.

3 RESPOSTAS

Bom aprumo

2 RESPOSTAS

Estatura baixa, adaptação à rampa, castrados e

adestramento básico ou mínimo.

1 RESPOSTA

Adaptados para utilização de rédeas longas, tipo de doma

a que foi submetido, cadência da passada, comportamento

compatível com a atividade, tipo de alimentação.

QUADRO 2 – AVALIAÇÃO CLÍNICA

Realização de testes de reações nos olhos, cabeça e orelhas

referentes a movimentos bruscos, barulhos e toques.

Submissão do animal a um período de testes para adequação

ou não à sua utilização.

Avaliação de Médico veterinário, Ferreiro e do Instrutor.

Avaliação da adaptação do animal a nova alimentação (inclusão

de cenoura no cardápio visto utilização do alimento como meio de

interação entre praticante e animal).

Avaliação da mucosa dos olhos, boca e ânus, tendões e

boletos, situação da ranilha, solicitação dos exames de Anemia

Infecciosa Equina e Mormo.

Observação do comportamento do cavalo na baia e em

liberdade.

19

QUADRO 3 – AVALIAÇÃO QUANTO AO TIPO DE UTILIZAÇÃO

Verificação quanto ao programa no qual o cavalo vai trabalhar,

dentre eles:

Cinesioterapêutico

Enfoque emocional

Enfoque educacional

Atividade paradesportiva

Com relação à terceira pergunta, constatou-se a unanimidade na oferta dos

tipos de passada nos Centros participantes, conforme o gráfico 2:

GRÁFICO 2 - REPRESENTAÇÃO DAS RESPOSTAS À PERGUNTA 3

Dessa forma, podemos verificar a importância da relação dos tipos de

passadas e atendimentos, uma vez que todos os Centros participantes da pesquisa

informaram que os tipos de passadas (referentes às passadas antepistar,

sobrepistar e transpistar) são ofertados em suas atividades e que realizam a análise

deste critério para o planejamento das atividades de Equoterapia.

A quinta pergunta, pautada sobre o Tipo de passada (antepista, sobrepista e

transpista) e sua relação com o atendimento do praticante, proporcionou a descrição

das tipificações destacadas no quadro 4, como se observa a seguir:

QUADRO 4 – PRINCIPAIS RELAÇÕES DOS TIPOS DE PASSADAS E OS

ATENDIMENTOS AOS PRATICANTES

20

CENTROS:

1, 2, 4, 5, 7,

8

Para a avaliação do paciente, se deve relacionar a andadura ideal com

a patologia do praticante.

CENTROS:

1, 4, 9

Adequam a passada transpista para praticantes espásticos e

hipertônicos

CENTROS:

1, 9 Adequam a passada antepista para praticantes hipotônicos

CENTROS:

2, 4

Relacionam a utilização dos tipos de passadas à regulação do tônus

muscular

CENTRO: 1 Adequa a utilização da passada sobrepista a pacientes com tônus

muscular próximo ao normal

CENTRO: 3 Informou que para atendimentos voltados a cinesioterapia utilizam

cavalos com frequência de no máximo 44 passos por minuto

CENTRO: 6 Associa a passada sobrepista a pacientes hipotônicos, relacionando a

utilização ao ganho de tônus muscular.

CENTRO: 7

Informou que utiliza a passada transpista para modular a velocidades

de acordo com estímulos e patologias;

Associa as passadas sobrepista e antepista a praticantes que

necessitam de estímulos proprioceptivos mais suaves.

CENTRO: 9

Associa a passada sobrepista a praticantes espásticos;

Associa a passada antepista a praticantes autistas, com déficit de atenção,

hiperatividade e hipotônicos.

CENTRO: 2

Informa que se a atividade for realizada por uma equipe com intuito de

relacionamento pessoal e se as atividades forem de alimentação, as

andaduras não desqualificam o solípede;

Ressalta ainda que o cavalo que transpista pode ser ensinado a

antepistar ou sobrepistar.

CENTRO: 8

Informou que para os atendimentos é montada uma pista especial,

sendo discutido o aproveitamento e rendimento do praticante antes e depois

da sessão, pois, por vezes em um só praticante não ocorre apenas uma

síndrome.

Observou-se que os Centros convergem na maioria das relações e divergem

em algumas, fruto, talvez, da experimentação e obtenção de resultados positivos em

21

pacientes, contudo a análise geral permite verificar que os Centros concordam com

a teorização citada neste estudo no tocante à adequação das passadas sobrepista,

transpista e antepista.

Com relação aos comentários dos Centros em relação a pesquisa realizada,

dos 9 Centros, somente 4 se manifestaram. São eles:

Centro 03: Muito importante esta pesquisa, pois a escolha do cavalo de

Equoterapia é fundamental para os resultados, não só físicos, mas cognitivos e

emocionais. Faltam trabalhos no Brasil com relação ao tema.

Centro 06: Infelizmente nem todos os centros de Equoterapia se preocupam

com a qualidade de vida dos cavalos, suas passadas e seus temperamentos. Isso é

muito triste, pois a Equoterapia se dá através do movimento cinesioterapêutico do

cavalo. Estou na coordenação há cinco anos e já vi mais de cinco crianças

supostamente portadoras de paralisia cerebral, conseguirem desenvolver uma boa

deambulação depois da estimulação através da Equoterapia. Sendo assim, acredito

que através das pesquisas poderemos provar melhor esse trabalho e ao mesmo

tempo requerer melhores condições para nossos cavalos terapeutas.

Centro 07: É importante ressaltar que cada caso clínico deve ser discutido em

equipe interdisciplinar, após uma boa avaliação clínica, para que os profissionais

juntos possam decidir e sugerir um bom planejamento terapêutico na Equoterapia. A

escolha do cavalo, encilhamentos e material terapêutico são de fato um diferencial

na Equoterapia, e para isso o olhar de cada profissional traz o crescimento para a

equipe.

Centro 09: Por se tratarem de animais doados e o trabalho ser desenvolvido

em Instituição Filantrópica, muitas vezes não temos a opção de ter um animal

adequado para cada tipo de paciente. Tentamos adequar o passo do animal

variando sua velocidade e também a inclinação de terreno para atingir o objetivo

desejado.

22

4 DISCUSSÃO

Foram observadas respostas afirmativas de todos os noves centros na

questão referente a se os centros tem um critério de escolha do cavalo para ao

atendimento em Equoterapia. Obtiveram-se respostas bem parecidas na questão

para se elucidar o processo de escolha do cavalo, sendo cavalos mansos, bons

aprumos, morfologia do animal, passo adequado, machos castrados e de boa doma.

A semelhança das respostas é um bom sinal, pois se observa uma padronização

neste critério entre os centros participantes da pesquisa e que tal padronização

poderá servir no futuro para indicação de modelo às novas instituições.

Observa-se ainda que a semelhança entre as respostas indica que os centros

estão seguindo a linha doutrinária da Ande – Brasil (2012), a qual relata sobre a

escolha do cavalo que não existe uma raça especifica para o uso da equoterapia,

pois tudo dos objetivos traçados para cada praticante. Kangue (2004) também fala

algumas características a ser observadas na escolha, como andaduras regulares e

ser equilibrado.

Na questão se os tipos de passadas transpista, sobrepista e antepista são

ofertados nos centros, todos os noves participantes afirmaram que sim, oferecem.

Em relação à passada transpistar, sobrepistar e antepistar e o praticante e/ou

atividade, todos os centros tiveram suas resposta semelhantes, pois relacionam o

tipo de passada com as patologias e necessidades de cada praticante. Pierobon e

Galetti (2008) falam sobre transpistar, sobrepistar e antepistar que são passadas

utilizadas dentro de cada necessidade dos praticantes, sendo assim importante

analisar o tônus muscular de cada praticante, pois isso influenciará diretamente na

escolha do cavalo quanto sua frequência do seu passo.

Como o retorno dos centros foi baixo, os resultados se baseiam na análise de

9 respostas obtidas, ou seja se considerarmos um universo de 85 Centros, a

pesquisa baseou-se em 10,59% do total. Tal fato nos leva a considerar uma

carência de pesquisas na área de Equoterapia, assim como na participação dos

Centros em colaborar com o desenvolvimento destas. Muitos podem ser os motivos

da pouca assiduidade às pesquisas, porém surge um alerta para a importância dos

profissionais em começar a desenvolver e colaborar com o crescimento acadêmico

da Equoterapia.

23

No universo da pesquisa pode se observar problemáticas como o pouco

retorno dos questionários respondidos. Primeiramente, supôs-se que os e-mails

estivessem errados, assim sendo, optou-se por também ligar e solicitar a

confirmação do e-mail e ainda, mais uma vez, solicitar a resposta ao questionário,

mesmo assim poucas instituições responderam ao questionário, o que pode ser

associado a uma possível desconfiança com relação aos questionamentos ou ainda

que tais instituições não tenham a cultura de utilização de e-mails regularmente,

porém, são somente hipóteses levantadas.

Outra hipótese surgida foi uma possível dificuldade de comunicação funcional

entre os Centros e a Ande Brasil. Dessa forma vislumbra-se como fundamental para

o fortalecimento da pesquisa a otimização entre Associação e Centros filiados.

Apesar de todas as tentativas de contato com os centros de equoterapia, o

retorno foi abaixo do esperado, o que pode despertar para a discussão sobre a

importância do olhar direcionado ao equino e a fundamental pertinência da escolha

deste para o atendimento em equoterapia, respeitando as características do animal,

avaliação clinica e sua avaliação quanto ao tipo de utilização.

24

5 CONCLUSÃO

Observa-se, neste estudo, que os centros participantes se utilizam do critério

analisado para a escolha do cavalo. Assim, foi possível classificar, dentro dos

parâmetros propostos, como os centros participantes da pesquisa, estabelecem

critérios para escolha dos cavalos utilizados na prática de equoterapia, bem como a

importância e a forma de utilização dos tipos de passada (antepista, sobrepista e

transpista), sendo que foi possível classificá-los em: Características do Animal,

Avaliação clínica e Avaliação quanto ao tipo de utilização.

Observou-se também que todos os Centros ofertam os tipos de passadas

(Antepista, Sobrepista e Transpista) em suas atividades. Assim, mesmo com a

pequena amostra de resposta foi observado que as passadas antepistar, transpistar

e sobrepistar são de grande importância nos atendimentos de Equoterapia e que os

Centros filiados e/ou agregados a Ande - Brasil que responderam ao questionário

utilizam dessas passadas para melhor atender seus praticantes, tendo melhores

resultados no atendimento em Equoterapia.

A análise do cavalo é de grande importância no atendimento em equoterapia,

pois a não consideração desta, pode acarretar efeitos contraditórios aos objetivados

terapeuticamente, alterando resultados esperados e até promovendo vivencias não

funcionais ao praticante.

Considerando a baixa porcentagem de adesão à pesquisa, sugere-se que

este levantamento de dados possa oferecer aos centros e aos pesquisadores a

opção de criação de ferramentas para atualizar as informações da ANDE – Brasil e

dos Centros a ela filiados e/ou agregados anualmente, visto que o acesso ao banco

de Instituições nem sempre será feita apenas por pesquisadores, mas também pela

população em busca de instituições próximas às suas residências e que são filiadas

a Associação, que possui referência nacional.

Com tudo fica o alerta para a conscientização dos centros em colaborarem

com as pesquisas que são encaminhadas por instituições acadêmicas, alimentando

o banco de dados do próprio centro quanto da Ande-Brasil, além de despertar a

atenção em relação à forma que os centros de equoterapia cadastrados a Ande

Brasil estão tratando a escolha e necessidades do cavalo.

25

REFERÊNCIAS

ANDE – BRASIL – Curso Básico de Equoterapia. Brasília. COEPE, 2012.

BARBOSA, Gardenia de Oliveira; MUNSTER, Mey de Abreu van. Influência

da equoterapia no desenvolvimento psicomotor de pessoas com necessidades

especiais. Revista Educação Especial, v.26, n.46, maio/agosto. Santa Maria, 2013.

CARVALHO, M.R; OLIVEIRA, G.N.F. A Intervenção da terapia ocupacional na

Equoterapia. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Terapia

Ocupacional)- UNICAP, Pernambuco, 2009.

CAZARIM, Sergio: Preparação do Cavalo para a Equoterapia. Revista

Brasileira de Equoterapia. Brasília, Edição 21/22, p. 11 – 17, junho/dezembro 2010.

CIRILLO, Lélio de Castro. O cavalo e a equitação: conhecimentos

fundamentais. ANeq – Associação Nacional de equoterapia,2006.

CORLATTI, Alessandra de Toledo. O Efeito da Equoterapia em Pacientes

com Doença de Meniére: Um estudo de caso. XII Congresso Internacional de

Equoterapia. Brasília, 2006.

LEITÃO, Leopoldo Gonçalves. Sobre a equitação terapêutica: Uma

abordagem crítica. Análise Psicológica. 2008.

LERMONTOV, Tatiana: A Psicomotricidade na Equoterapia. Aparecida- SP

Ideias & Letras, 2004.

LIMA, Daniel Vaz. "O Cavalo é Igual ao Homem": Uma Etnografia da Relação

entre Humano e Cavalos na Invenção da Lida e do Mundo Campeiro. Anais do

Seminário de Antropologia da UFSCAR, ano 1, edição 1. São Carlos, 2014.

LORENZETTO, Vanessa de Carvalho. Influência da equoterapia no indivíduo

hemiparético espático com déficit de equilíbrio: estudo de caso. Revista brasileira de

Equoterapia. Brasília, Edição 21/22, p. 11 – 17, junho/dezembro 2010.

MEREGILLANO, G. Hippotherapy. Physical Medicine & Rehabilitation Clinics

of North America, Philadelphia, v. 15, n. 4, 2004, p. 843-854, nov. 2004. Acesso me:

20 de dezembro de 2014

ROBERTS, Monty. O Homem que ouve cavalos. Bertrand Brasil, 1996.

SILVA, Carlos Henrique, GRUBITS, Sonia. Discussão sobre o efeito positivo

da equoterapia em crianças cegas. PSIC - Revista de Psicologia da Vetor Editora,

Vol. 5, nº.2, 2004, pp. 06-13.

26

PIEROBON, Juliana C. Marchizeli; GALETTI, Fernanda Cristina. Estímulos

Sensório-Motores Proporcionados ao Praticante de Equoterapia pelo Cavalo ao

Passo Durante a Montaria. Ensaios e Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde. Vol.

XII, nº 2. Leme, 2008.

ROSA, Luciana Ramos. Análise Biomecânica de um Cavalo de Terapia: A

interferência do peso Corporal e da Simetria Postural do praticante na Qualidade do

Passo do Cavalo. XII Congresso Internacional de Equoterapia. Brasília, 2006.

RAMOS, Bernardo Larcerda. Doma-Uma Nova Abordagem. Escola de

Equitação do Exercito. Rio de Janeiro, 2005.

SALVADORI, Carolina Andréia. A Influência da equoterapia no Tônus

Muscular e no Equilíbrio. Goiânia, 2013.

SANTOS, Rebeca de Barros. A Influência da Postura sobre o Cavalo e a

Velocidade do Passo na Ativação dos Músculos Eretores Lombares através da

Eletromiografia de Superfície. XII Congresso Internacional de Equoterapia. Brasília,

2006.

SAKAKURA, Mayari Ticiani. Análise Comparativa Eletromiográfica do

Músculo Eretor Lombar em Pacientes com Paralisia Cerebral que Tomam Diferentes

Posições sobre o Cavalo. XII Congresso Internacional de Equoterapia. Brasília,

2006.

UZUN, Ana Luisa de Lara: Equoterapia – Aplicação em distúrbios do

equilíbrio. São Paulo. Vetor, 2005.

VALLE, L.M.O.; NISHIMORI, A.Y.; NEMR, K. Atuação fonoaudiológica na

equoterapia. Revista CEFAC. Vol. 16, março/ abril 2014.

KAGUE, Cyntia Mayumi. Equoterapia: Sua Utilização no tratamento do

equilíbrio em Pacientes com

Síndrome de Down. Cascavel, 2004.

KUGLER, W. Rudof Steiner und die antroposophie. 3. Ed Koln Du Mont

Buchverlag, 1980.

WALTER, G. B.; VENDRAMINI, O.M. Equoterapia: terapia com o uso do

cavalo. Minas Gerais: CPT/CEE-UFV, 2000.