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1 © 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Ciências Sociais Tema 5: Sociedade Midiática Autor: Tarcisio Torres Silva Como citar este material: SILVA, Tarcisio Torres. Ciências Sociais: Sociedade Midiática. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2014. Nesta aula observaremos a maneira pela qual o desenvolvimento da sociedade caminha lado a lado com o desenvolvimento dos meios de comunicação. Desde os primórdios, quando ainda nascia o conceito de cultura, visto nas aulas anteriores, a civilização evoluiu à medida que se desenvolvia também a forma como os indivíduos se relacionam. Limitada aos gestos e depois à fala, a comunicação foi ao longo do tempo evoluindo para meios de maior abrangência, tais como os livros e os jornais. Hoje vivemos em uma sociedade midiática, permeada e mediada pelos meios de comunicação, que produzem discursos, sonhos e realidades, que reproduzem, por sua vez, os valores da sociedade em que vivemos. Para começar, vamos falar sobre a evolução dos meios de comunicação. O desenvolvimento dos meios de comunicação O desenvolvimento da comunicação humana é decorrente de um processo longo que se inicia com o desenvolvimento físico e cognitivo do homem. Inicialmente, ele se comunicava com os demais membros do grupo apenas por meio de sinais e grunhidos. Depois de muito tempo, com o desenvolvimento dos órgãos do aparelho fonético, o homem conseguiu desenvolver a fala. Essa transformação na forma como se comunicava possibilitou que surgissem formas mais organizadas entre os grupos e também o aparecimento do sentimento de pertença e vínculo comunitário, já que cada agrupamento dominava um determinado tipo de linguagem diferente de outros. Com a escrita, o homem já tinha evoluído de tal maneira que foi capaz de transformar os sinais desenhados nas paredes em códigos elaborados que resultavam na execução de uma linguagem racionalmente concebida. Inicialmente, eram muitos símbolos diferentes, o que dificultava o aprendizado e a compreensão da escrita. Um exemplo desse tipo de escrita é o hieróglifo egípcio.

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1© 2014 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.

Ciências Sociais Tema 5: Sociedade MidiáticaAutor: Tarcisio Torres Silva

Como citar este material:

SILVA, Tarcisio Torres. Ciências Sociais: Sociedade Midiática. Caderno de Atividades. Valinhos:

Anhanguera Educacional, 2014.

Nesta aula observaremos a maneira pela qual o desenvolvimento da sociedade caminha lado a lado com o desenvolvimento dos meios de comunicação. Desde os primórdios, quando ainda nascia o conceito de cultura, visto nas aulas anteriores, a civilização evoluiu à medida que se desenvolvia também a forma como os indivíduos se relacionam.

Limitada aos gestos e depois à fala, a comunicação foi ao longo do tempo evoluindo para meios de maior abrangência, tais como os livros e os jornais. Hoje vivemos em uma sociedade midiática, permeada e mediada pelos meios de comunicação, que produzem discursos, sonhos e realidades, que reproduzem, por sua vez, os valores da sociedade em que vivemos.

Para começar, vamos falar sobre a evolução dos meios de comunicação.

O desenvolvimento dos meios de comunicação

O desenvolvimento da comunicação humana é decorrente de um processo longo que se inicia com o desenvolvimento físico e cognitivo do homem. Inicialmente, ele se comunicava com os demais membros do grupo apenas por meio de sinais e grunhidos. Depois de muito tempo, com o desenvolvimento dos órgãos do aparelho fonético, o homem conseguiu desenvolver a fala. Essa transformação na forma como se comunicava possibilitou que surgissem formas mais organizadas entre os grupos e também o aparecimento do sentimento de pertença e vínculo comunitário, já que cada agrupamento dominava um determinado tipo de linguagem diferente de outros.

Com a escrita, o homem já tinha evoluído de tal maneira que foi capaz de transformar os sinais desenhados nas paredes em códigos elaborados que resultavam na execução de uma linguagem racionalmente concebida. Inicialmente, eram muitos símbolos diferentes, o que dificultava o aprendizado e a compreensão da escrita. Um exemplo desse tipo de escrita é o hieróglifo egípcio.

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Figura 5.1. Hieróglifo egípcio.Fonte: <http://goo.gl/LFfCIC>. Acesso em: 30 jun. 2014.

Com a criação do alfabeto pelos gregos, esses sinais tornaram-se mais simples e, portanto, mais disponíveis para que um número maior de pessoas tivesse acesso à linguagem escrita. Dessa forma, a organização do conhecimento não ficaria mais a cargo apenas de religiosos, políticos ou intelectuais, tradicionais figuras de representação do poder. Para o pensador Marshall McLuhan, “a escrita libertou o homem da autoridade sacerdotal, assim como o libertou da vida local e tribal”. (MCLUHAN apud COSTA, 2010, p. 124).

No século XV foi criada a prensa por Johannes Gutenberg. Era o início da era da impressão. O processo de reprodução de obras até esse momento era caro e demorado, pois dependia de pessoas especializadas para executar essa tarefa (os copistas). Com a prensa, Gutenberg conseguiu imprimir a famosa bíblia de 42 linhas (referente ao número de linhas de cada coluna do documento).

Figura 5.2. Página da bíblia de Gutenberg.

Fonte: <http://goo.gl/LFfCIC>. Acesso em: 30 jun. 2014.

Com ela, inúmeras outras obras começaram a ser impressas. Esse processo, por sua vez, incentivou que mais pessoas se alfabetizassem, culminando em maior difusão do conhecimento. A reforma religiosa que acontece logo após esse período é uma consequência dessa maior difusão do

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conhecimento, que fez com que o questionamento dos dogmas católicos feito por alguns atingisse ampla quantidade de pessoas em um período relativamente mais curto de tempo. A impressão também possibilitou a unificação da gramática e das línguas nacionais.

Saiba Mais!

Para saber mais sobre a reforma protestante e sua relação com a história dos livros e dos meios de comunicação, indicamos o filme a seguir.

Pôster do filme “Lutero”.

Lutero. Alemanha: Dir. Eric Till. 2003. Drama. 112 min.

Após quase ser atingido por um raio, Martim Lutero (Joseph Fiennes) acredita ter recebido um chamado. Ele se junta ao monastério, mas logo fica atormentado com as práticas adotadas pela Igreja Católica na época. Após pregar em uma igreja suas 95 teses, Lutero passa a ser perseguido. Pressionado para que se redima publicamente, recusa-se a negar suas teses e desafia a Igreja Católica a provar que elas estejam erradas e contradigam o que prega a Bíblia. Excomungado, Lutero foge e inicia sua batalha para mostrar que seus ideais estão corretos e que eles permitem o acesso de todas as pessoas a Deus.

(Sinopse Adoro Cinema - <www.adorocinema.com>).

À medida que a imprensa ia se desenvolvendo, desenvolvia-se também a sociedade capitalista. No século XIX, a Europa já havia passado por duas revoluções industriais, processo que gerou o crescimento das cidades e a concentração de muitas pessoas vivendo nos mesmos lugares. Era o início das metrópoles como conhecemos hoje. Nesse período foram criados os primeiros jornais impressos, possibilitados pelo desenvolvimento dos processos de impressão, o que barateou significativamente a impressão por unidade. Por isso, os primeiros jornais nos Estados Unidos ganharam o nome de “jornais de tostão”. A informação distribuída dessa forma, em muita quantidade e a preços acessíveis, dava início também à chamada era da comunicação de massa.

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Comunicação de massa

Os meios de comunicação eram entendidos pela corrente funcionalista do pensamento sociológico como instrumentos importantes de organização das massas. Entendia-se que os sujeitos nas metrópoles encontravam-se em situação de vulnerabilidade, pois haviam perdido as raízes de sua cultura tradicional. Nas grandes cidades, eram seres anônimos e imersos numa massa homogênea de indivíduos que compartilhava o espaço do trabalho alienado dos meios de produção industriais, mas que não produziam elos culturais entre si.

Dessa forma, os meios de comunicação de massa (primeiramente o jornal e depois o rádio, o cinema e a televisão) seriam responsáveis por gerar esse elo, dando aos indivíduos algo a compartilhar. Seja o resultado da partida de futebol, o horóscopo ou os acontecimentos da radionovela. Uma cultura homogênea produzida pelos meios de comunicação e difundida para as massas. Em outras palavras, a existência de uma cultura de massa.

Esse tipo de cultura que se desenvolvia com a proliferação das comunicações em massa despertou desde quase seu início o interesse de teóricos do campo social sobre seus efeitos na sociedade.

Saiba Mais!

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Richard Hamilton. O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes, 1956. Kunsthalle Tübingen, Tübingen, Alemanha. Disponível em: <http://goo.gl/JJj2dA>. Acesso em: 30 jun. 2014.

Este quadro do artista plástico inglês Richard Hamilton é considerado como o quadro que inaugura o movimento da Pop Art. Feito por meio da técnica da colagem, o quadro ilustra diversos elementos que compunham a sociedade de consumo e os meios de comunicação de massa. É possível ver nele os meios mais comuns daquela época: o cinema (letreiro, do lado de fora da janela), os quadrinhos, o rádio, o jornal e a televisão. Além disso, o quadro também imprime alguns sintomas da época, como a preocupação crescente com a beleza e a estética corporal, o advento das marcas e a linguagem da publicidade.

Uma das escolas mais famosas que teve os meios de comunicação como objeto nesse período foi a Escola de Frankfurt. Fundada nos anos 1920 na Alemanha, era formada por um grupo

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de intelectuais que elaborou um estudo crítico sobre o impacto da mídia na sociedade. Entre os principais conceitos criados por ela está o de Indústria Cultural.

O termo foi criado por Theodor Adorno e utilizado por ele e Max Horkheimer. Designava um novo modo de produção simbólica que transformava a cultura em mercado. Influenciados pelo pensamento marxista, esses pensadores acreditavam que os produtos culturais produzidos por essa indústria eram produtos que se destinavam ao lucro das empresas. Por isso, precisavam ser de fácil assimilação e utilizar formas simples a fim de proporcionar compreensão garantida. Funcionavam mais como entretenimento do que uma produção cultural que fizesse refletir sobre a realidade em que os indivíduos estavam inseridos. Ao trabalhador, já alienado pelo trabalho e pelo processo de produção capitalista industrial em que estava inserido, restava o produto cultural de baixa qualidade, consumido a fim de preencher as horas livres de trabalho (no cinema, na TV, nos toca-discos ou no rádio), mantendo-o à mercê da máquina ideológica daqueles que detêm o poder dos meios de comunicação.

Para Cristina Costa (2010, p. 131), há nesse tipo de pensamento “uma denúncia ao caráter comercial e mercantil dos meios de comunicação contaminados, desde sua origem, pelo princípio do lucro”.

No caso da televisão, esse processo é ainda mais forte, pois a fronteira entre a ficção e a realidade não é clara, já que elementos da realidade são utilizados em narrativas ficcionais, seja na publicidade ou nos produtos culturais produzidos pela indústria cultural. Dessa forma, o consumo de um produto passa a fazer parte da realidade do espectador, efeito almejado por essa indústria.

Reprodutibilidade técnica

Walter Benjamin, também ligado à Escola de Frankfurt, interessou-se pelos efeitos dos meios audiovisuais nos espectadores e constatou que a fragmentação dos procedimentos de produção cultural gera alto grau de especialização. Assim, num filme trabalham cameraman, produtores, figurinistas, maquiadores, cenógrafos, além dos atores e diretores. Cada cena é pensada em seus mínimos detalhes. O resultado é a criação de imagens que parecem ser mais reais do que o mundo que pretendem representar.

Em uma cena de um filme clássico, como Casablanca, por exemplo, tudo é milimetricamente pensado. Os efeitos que fazem a plateia se apaixonar pela dupla de protagonistas, Humphrey Bogart e Ingrid Bergman, são gerados por jogos de luz, fumaça, ângulos e falas bem elaboradas. Como pano de fundo, a música “As time goes by”, cantada por Dooley Wilson, que fez parte da memória afetiva de muitos, completa a ligação entre a técnica e a indústria cultural.

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Saiba Mais!

Casablanca. EUA: Dir. Michael Curtiz. 1942. Drama. 102 min.

Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos fugitivos tentavam escapar dos nazistas por uma rota que passava pela cidade de Casablanca. O exilado americano Rick Blaine (Humphrey Bogart) encontrou refúgio na cidade, dirigindo uma das principais casas noturnas da região. Clandestinamente, tentando despistar o Capitão Renault (Claude Rains), ele ajuda refugiados, possibilitando que eles fujam para os Estados Unidos. Quando um casal pede sua ajuda para deixar o país, ele reencontra uma grande paixão do passado, a bela Ilsa (Ingrid Bergman). Este amor vai encontrar uma nova vida e eles vão lutar para fugir juntos.

(Sinopse Adoro Cinema - <www.adorocinema.com>).

Um dos textos clássicos de Benjamin se chama A obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica. Neste texto, o autor fala da “aura” presente nos objetos de arte tradicionais que se esvai com o adven-to da reprodução das imagens. A aura representaria a unicidade do objeto, aquilo que o faz ser espe-cial enquanto obra de arte. É um conceito ligado às artes manuais, tais como a pintura e a escultura. Porém, quando se fotografa um quadro, como a Mona Lisa, por exemplo, é possível reproduzir essa fotografia quantas vezes se quiser. Essa reprodução possibilita que mais pessoas tenham contato com a obra de arte original. A reprodução, neste caso, é uma forma de conferir à obra uma atualidade.

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Figura 5.3. Andy Warhol, Mona Lisa, 1979, ©AWF.

Fonte: <http://goo.gl/gQHkC8/>. Acesso em: 30 jun. 2014.

A reprodução em massa, por outro lado, produz excessos. Torna o quadro uma espécie de celebridade. Assim, os turistas que visitam em massa o museu do Louvre, onde está localizado o quadro da Mona Lisa, querem chegar perto do quadro não pela sua unicidade, sua aura, ou mesmo para observar os detalhes que o tornaram famoso. Querem estar próximos ao quadro justamente por ele ser famoso, por ter sido tão difundido pelos meios de comunicação de massa. E quando enfim se aproximam, fotografam o quadro novamente, ampliando de forma infinita o espectro de sua reprodução.

Figura 5.4. O quadro Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, no museu do Louvre.

Fonte: <http://goo.gl/CEsNJt>. Acesso em: 30 jun. 2014.

Já o cinema é uma arte que nasceu para ser reproduzida. Não faz sentido ser única ou não exibida para as massas. Nesse aspecto, é uma arte que reflete a própria reprodutibilidade técnica em que nasceu.

Agora que você tem uma ideia melhor sobre a relação entre a sociedade e os meios de comunicação, convidamos você a assistir aos filmes que gosta a partir da perspectiva que apresentamos aqui. Note que, por meio das novas tecnologias de produção de imagens gráficas, a fronteira entre o real e o não real está cada vez mais indefinida.

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Filmes recentes como A invenção de Hugo Cabret ou Avatar, por exemplo, mostram como a computação gráfica está chegando à perfeição com a criação de imagens que são quase reais. A técnica apurada como tal continua gerando efeitos, inserindo-nos num mundo de fantasia e realidade.

Escola de Frankfurt: Coletivo de pensadores e cientistas sociais alemães ligados ao Instituto de Pesquisa Social. Seus interesses eram diversos, mas entre eles estava o interesse na crescente importância dos fenômenos de mídia e da cultura de mercado. Teve início nos anos 1920 e funcionou na Alemanha até o período da ascensão dos nazistas ao poder. Por esse motivo, vários dos participantes tiveram que emigrar do país. Muitos foram para os EUA, o que possibilitou a recriação do instituto na Universidade de Columbia. Principais pensadores: Theodor Adorno, Max Horkheimer (que assume a direção do instituto em 1930), Erich Fromm e Herbert Marcuse. Outros participantes: S. Kracauer, Walter Benjamin e Jünger Habermas.

Johannes Gutenberg: (Mogúncia, ca. 1398-1468) foi inventor e gráfico alemão. Inventou o tipo mecânico móvel para impressão por volta de 1439. Esse sistema permitiu a impressão rápida de livros, o que por sua vez substituiu o trabalho manual, lento, de cópia de livros e possibilitou o barateamento das cópias das obras, assim como sua maior disseminação. Sua maior obra é a Bíblia de Gutenberg (também conhecida como a Bíblia de 42 linhas).

Jornais de tostão: “Quando foi encontrado um meio de financiar um jornal barato para ampla distribuição, o primeiro verdadeiro veículo de massa nasceu sob a forma de ‘jornal de tostão’. Essas coisas ocorreram em meados da década de 1830 na cidade de Nova York. O jornal de massa foi um grande sucesso e dali a poucos anos espalhara-se por muitas partes do mundo.” (DEFLEUR; BALL-ROKEACH, 1993, p. 39).

Marshall McLuhan: (Edmonton, 1911-Toronto, 1980). Filósofo e teórico da comunicação canadense. Ficou conhecido por algumas máximas que lançou, como “O meio é a mensagem” e por ter cunhado o termo “Aldeia Global”, ambos decorrentes de produções suas dos anos 1960. Foi pioneiro nos estudos das transformações sociais provocadas pela revolução tecnológica do computador e das telecomunicações.

Reforma religiosa: “Foi o movimento que rompeu a unidade do Cristianismo centrado pela Igreja de Roma. Esse movimento é parte das grandes transformações econômicas, sociais, culturais e políticas ocorridas na Europa nos séculos XV e XVI, que enfraqueceram a Igreja permitindo o surgimento de novas doutrinas religiosas. A Igreja estava em crise, a burguesia crescia em importância, o nacionalismo desenvolvia-se nos Estados modernos e o Renascimento Cultural despertava a liberdade de Crítica. O aumento populacional, somado às transformações que vêm junto com esse aumento, acarreta em um baque entre a Igreja e essas transformações. Os intelectuais das cidades pensam hipóteses, passam a ter ideias, problemas que antes não existiam”. (SANTOS, 2014).

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Instruções

Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.

Questão 1

Para o pensador Marshall McLuhan, “a escrita libertou o homem da autoridade sacerdotal, assim como o libertou da vida local e tribal”. (MCLUHAN apud COSTA, 2010, p. 124). Isso quer dizer que:

a) A escrita provocou problemas de relacionamento entre os membros dos clãs.

b) A organização do conhecimento não ficaria mais a cargo apenas de tradicionais figuras de representação do poder.

c) O desenvolvimento da escrita fez com que as pessoas ficassem mais interessadas em viajar, o que provocou o processo conhecido como “nomadismo”.

d) A autoridade sacerdotal ficou mais forte, assim como o papel de políticos e intelectuais.

e) A bíblia de Gutenberg possibilitou o desenvolvimento da escrita.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 2

O surgimento do “jornal de tostão” é significativo, pois inaugura:

a) A era da impressão.

b) A era da comunicação de massa.

c) A Revolução Francesa.

d) A era da escrita.

e) A reforma religiosa.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

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Questão 3

A partida de futebol televisionada, o horóscopo ou os acontecimentos da radionovela são exemplos de uma cultura homogênea, produzida pelos meios de comunicação, que também pode ser chamada de:

a) Cultura popular.

b) Cultura erudita.

c) Cultura de massa.

d) Cultura híbrida.

e) Cultura linear.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 4

Explique o conceito de “Indústria Cultural”, destacando suas principais características.

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Questão 5

Para Walter Benjamin, o que era a “aura” presente nos objetos das artes tradicionais?

Verifique a resposta correta no final deste material na seção Gabarito.

Nesta aula falamos sobre a sociedade midiática. Pudemos observar que o desenvolvimento da sociedade está diretamente ligado ao desenvolvimento dos meios de comunicação. Além disso, notamos que esses meios são responsáveis pela difusão de um tipo especial de cultura, a chamada cultura de massa. Presente até os dias de hoje, esta cultura se tornou objeto de estudo pela Escola de Frankfurt tão logo se mostrou cada vez mais importante na sociedade. Os autores dessa escola foram responsáveis por cunhar alguns termos ainda utilizados na área de comunicação social, sendo o mais conhecido a expressão “Indústria Cultural”.

BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: ______. Magia e Técnica, Arte e Política. São Paulo: Brasiliense, 2008.

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COSTA, Cristina. Sociologia: questões da atualidade. São Paulo: Editora Moderna, 2010.

DEFLEUR, M.; BALL-ROKEACH, S. Teorias da Comunicação de Massa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1993.

SANTOS, Juberto de. Reforma Religiosa. Historianet. Disponível em: <http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=918>. Acesso em 24 jun. 2014.

Questão 1

Resposta: Alternativa “B”. A organização do conhecimento não ficaria mais a cargo apenas de tradicionais figuras de representação do poder, já que, com a disseminação da escrita, mais pessoas tiveram acesso ao conhecimento, ao registro e à produção de novas informações.

Questão 2

Resposta: Alternativa “B”. O “jornal de tostão” inaugura a era da comunicação de massa, pois pela primeira vez foi possível difundir informação através de um meio de comunicação a preços bem baixos e em grande volume.

Questão 3

Resposta: Alternativa “C”. O termo cultura de massa é o mais correto para fazer menção à cultura homogênea produzida pelos meios de comunicação.

Questão 4

Resposta: O termo foi criado por Theodor Adorno e utilizado por ele e Max Horkheimer. Designava um novo modo de produção simbólica que transformava a cultura em mercado. Esses pensadores acreditavam que os produtos culturais produzidos por essa indústria eram produtos que se destinavam ao lucro das empresas. Por isso, precisavam ser de fácil assimilação e utilizar formas simples, a fim de proporcionar assimilação garantida. Funcionavam mais como entretenimento do que uma produção cultural que fizesse refletir sobre a realidade em que os indivíduos estavam inseridos.

Questão 5

Resposta: A aura representaria a unicidade do objeto, aquilo que o faz ser especial enquanto obra de arte. É um conceito ligado às artes manuais, tais como a pintura e a escultura. Com a reprodução da imagem desses objetos através da fotografia e da imprensa, essa aura se esvai.