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Cultivo de bivalves
marinhos em SP
Helcio Luis de Almeida Marques Instituto de Pesca – SAA – SP
Foto: José Luiz Alves
Cultivo de moluscos bivalves marinhos:
Modalidade de aquicultura animal mais sustentável que existe:
a) Baixo impacto ambiental
b) Não utiliza ração artificial
c) Economicamente viável em qualquer escala
d) Recomendada pela FAO (1981) como a modalidade de aquicultura mais indicada para países emergentes e em programas de erradicação da pobreza
% da maricultura na produção mundial de pescado marinho:
2007 – 24,8 %; 2012 – 32,8% 2020 (projeção): 50%
PESCA x MARICULTURA FAO (2014)
24,8 28,2
50,0
41%
39%
9%
7%4%
moluscos - 9.100
mil tonalgas - 8.500
peixes marinhos - 781
peixes estuarinos -
1.900
camarões - 1.500
(2014): 38,9 milhões de toneladas
PRODUÇÃO MUNDIAL DA MARICULTURA
FONTE: FAO (2016)
41%
4% 7%
9%
39%
PRODUÇÃO MUNDIAL DE MOLUSCOS BIVALVES MARINHOS
102 espécies cultivadas em 2014
GRUPOS Milhões ton % US$ / kg US$ milhões
Almejas (berbigões) 5,5 34 0,99 5,4
Ostras 5,2 32 0,82 4,3
Mexilhões 2,0 13 1,12 2,2
Vieiras 1,8 11 1,72 3,1
Outros 1,5 10 0,70 1,0
TOTAL 16,0 16,0
FONTE: FAO (2016)
MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS 2014
PAÍS mil TON %
1 China 11.339 71,0
2 Japão 896 5,6
3 EUA 736 4,6
4 Coréia 465 2,9
5 Tailândia 321 2,0
6 França 242 1,5
7 Espanha 226 1,4
19 Brasil 20 0,1
Outros 1.722 10,8
Fonte: FAO (2016)
5 ESPÉCIES DE PESCADO MAIS CULTIVADAS NO MUNDO EM 2014 (FAO, 2016)
ESPÉCIE Milhões de ton
Carpa-capim 5,03 (Ctenopharyngodon idellus)
Carpa-prateada 4,19 (Hypophthalmichthys molitrix)
Carpa-comum 3,79 (Cyprinus carpio)
Almeja japonesa 3,78 (Ruditapes philippinarum)
Tilápia 3,20 (Oreochromis niloticus)
Almeja japonesa Ruditapes philippinarum
Nomes comuns: almeja japonesa, japanese carpet shell, Manila clam
Origem: Pacífico Ocidental, introduzida nos EUA e Europa
Maiores produtores: China, Coréia do Sul, Taiwan, EUA, Itália, França, Espanha, Grã-Bretanha
Alto valor comercial (US$ 0,94 / kg)
PRODUÇÃO DE BIVALVES MARINHOS EM SANTA CATARINA – 2009-2013
(toneladas / ano)
ESPÉCIE 2011 2013 2015
Mexilhão 15.965 16.147 17.370
Ostra 2.285 2.932 3.030
Vieira 3,8 28,7 37,2
TOTAL 18.253 19.082 20.438
FONTE: EPAGRI (2015) Atuação mais efetiva dos SI (F,E,M)
Ordenamento dos parques aquícolas
95% produzidos em SC
90% espécie exótica Crassostrea gigas
Cultivo suspenso em lanternas ou em travesseiros
Sementes de laboratório
Outros estados:
Espécie nativa C. brasiliana
Cultivo em tabuleiros no mangue
Sistema semi-extrativo (engorda)
Produção de ostras no Brasil
75% produzidos em SC
Espécie nativa Nodipecten nodosus
Cultivo suspenso em lanternas
Sementes de laboratório (UFSC)
Outros estados:
Rio de Janeiro e São Paulo
Sementes de laboratório: IED-BIG (Angra dos Reis)
Produção: 13 ton / ano
Em São Paulo:
3 produtores e 1 associação
Produção de vieiras no Brasil
Moluscos mais cultivados
Estatísticas a nível nacional pouco confiáveis
Santa Catarina (17.370 ton) é o maior produtor nacional
(95% da produção) (Santos e Costa / EPAGRI, 2016)
Outros estados produtores:
SP, RJ, PR, ES (800 toneladas)
Produção de mexilhões no Brasil
Foto: José Luiz Alves
Áreas de até 2.000 m2 às vezes repartidas entre 2 ou mais produtores
Produção intermitente
95% na APA Marinha de SP
Pequenos produtores escala familiar
Cultivo totalmente artesanal
Início: Década de 1980
Maior expansão: Década de 2000 (Cerca de 40 áreas)
Produção de mexilhões em SP
Produção de mexilhões em SP
Ubatuba (3 áreas) Caraguatatuba (17 áreas)
Ilhabela (3 áreas) São Sebastião (5 áreas)
2001: 44 áreas aquícolas 2017: Cerca de 30 áreas Morosidade do processo de regularização das áreas Roubo Desastres (naturais ou não)
PLDM SP
Plano Local de Desenvolvimento da
Maricultura - SP
Realização: 2004 a 2009
Demarcados 87 parques (mais de 200 áreas
aquícolas) nos 4 municípios
Não reconhecido pelo MPA
PLDM SP
Plano Local de Desenvolvimento da
Maricultura - SP
Realização: 2004 a 2009
Demarcados 87 parques (mais de 200 áreas
aquícolas) nos 4 municípios
Não reconhecido pelo MPA
DESESTÍMULO AOS PRODUTORES
MAPEC
Associação dos Pescadores e Maricultores da Praia da
Cocanha
Maior comunidade produtora de SP
Cultivos desde a década de
1990
Associação formada em 2000
2013: 16 áreas aquícolas parcialmente ocupadas (1/3)
Produção de 57,6 toneladas
vendidas localmente Foto: José Luiz Alves
ACIDENTE DE 2013
Vazamento de 3.500 L de óleo combustível provoca perda total da produção e das estruturas
Atualmente a produção está em recuperação mas ainda é
de apenas 40% da registrada em 2012
Parcerias técnico-científicas
Prefeitura de Caraguatatuba
Instituto Federal de SP em
Caraguatatuba
CETESB
Cenário até 2007:
Extração a partir dos bancos naturais
Extração provocava conflitos
Pouca utilização de coletores artificiais
Primeiro foco de pesquisas pelo Instituto de Pesca
Em 2009: 100% das sementes captadas
em coletores artificiais
Produção de sementes
Tradicionalmente: Sistema francês de semeadura
Uso de malha de polietileno
externa
Requer maior densidade de semeadura (mais de 400
sementes / m)
Difícil de ser mecanizado
Sistema antigo de semeadura
Fotos: José Luiz Alves
Dispensa a malha de polietileno e o lastro de
cimento Corda de polietileno rugosa
envolvida com uma rede
Permite baixa densidade de semeadura (250-300 / m)
Pode ser mecanizado
Menor custo com material e
mão de obra
Novo sistema de semeadura
Fotos: José Luiz Alves
Produtividade: 8 kg mexilhões comerciais / m de corda
Capacidade de um long-line de 50 m: 100 cordas de 2 m
Produção por long-line: 8 x 2 x 100 = 1.600 kg
Uma área aquícola de 2000 m2 comporta 6 long-lines
Produção por área aquícola: 6 x 1.600 = 9.600 kg
Produção por hectare: 5 x 9.600 = 48 toneladas
Indicadores de produção (2013)
Ciclo de cultivo: 7-8 meses / Preço de venda: R$ 10,00 / kg
Custo de produção: R$ 2 reais / kg (Assis, 2011)
Receita líquida por área aquícola: 9.600 x 7,00 = R$ 67.200,00 / 8 meses
ou R$ 8.400,00 / mês
(Geralmente divididos entre o proprietário e um parceiro)
Renda por produtor: R$ 4.200,00 / mês
(4 a 5 salários mínimos / mês)
Indicadores de produção
Desafios e oportunidades
1. Mudanças climáticas
• Número de ressacas fortes dobrou nos últimos 5 anos em relação a 2007-2012
• Altas temperaturas da água (>30oC) 2014-2015
• Floração inédita de algas tóxicas em 2016
Oportunidade:
Uso de novos materiais para maior estabilidade
dos long-lines (boias, cabos, poitas)
Aumento do número de ressacas
Foto: Suplicy (2017)
Foto: Colin Concannon (JFC Manufacturing Co Ltd) / Fonte: Suplicy, (2017)
Altas temperaturas da água
Causam mortalidade nas sementes recém captadas
Oportunidade:
Assentamento remoto de larvas produzidas em
laboratório
Tecnologia desenvolvida no LCMM da UFSC
Necessidade de treinamento
dos produtores Fonte: LCCM/UFSC (2014)
Floração de algas tóxicas - 2016
Explosão populacional de Dynophysis spp nas regiões Sul e SE do Brasil
Comercialização suspensa de junho a dezembro/16
Oportunidades:
a) Criado o Grupo de Trabalho para implementação em SP da IN 7 MPA de 08.05.2012 (Programa Nacional de Controle Higiênico-Sanitário de
Moluscos Bivalves)
b) Estabelecimento de medidas de proteção contra novos acidentes de intoxicação (monitoramento)
Desafios e oportunidades
2. Mudanças comportamentais da sociedade • Maior exigência em qualidade dos produtos
alimentícios (sustentabilidade, sanidade)
• Maior exigência por melhores condições de trabalho, maior renda e mais saúde laboral
Cultivo ainda artesanal /
equipamentos rudimentares / Excessivo esforço
Desestímulo a novos produtores
Mecanização
Foto: José Luiz Alves
Foto: José Luiz Alves
Mecanização - Perspectivas
Organização dos associados para
aquisição de equipamentos
Adequação do sistema
de semeadura à mecanização
Fonte: Felipe M. Suplicy, 2017
Fonte: Felipe M. Suplicy, 2017
Foto: Murray Connor (Ansco Engineering Ltd.)
Foto: Murray Connor (Ansco Engineering Ltd.)
Importação de mexilhões chilenos pelo Brasil Suplicy (2015)
Preço altamente competitivo (R$ 10,50 / kg de carne) Produto produzido com rígidos padrões de qualidade Ações agressivas de marketing: Patagonian mussel Importação pelo Brasil crescente desde 2012 US$ 3,4 milhões em 2014 US$ 4,7 milhões em 2015
Oportunidades
Elaboração do Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável da Maricultura Catarinense Suplicy, F.M., 2015 Plano Estratégico para o Desenvolvimento Sustentável da Maricultura Catarinense (2015-2020). Versão preliminar para aprimoramento. EPAGRI, 66 p.
Encomendado pela Federação das Empresas de Aquicultura de SC à EPAGRI Prevê objetivos e ações para um período de cinco anos através processo participativo Empresas de cultivo e processamento, órgãos do governo, pesquisa e extensão e pequenos produtores
Outras ações: Aspecto Social: a) Concluir o ordenamento da maricultura b) Promover o Associativismo e Cooperativismo Aspecto Econômico: a) Pesquisas para aumento de produtividade b) Adequar e facilitar acesso a linhas de crédito c) Expandir o mercado interno e buscar exportação
Aspecto Ambiental: a) Implantar programas de monitoramento ambiental b) Aumentar investimentos em saneamento ambiental
Conclusões:
A maricultura no Brasil precisa adotar novas tecnologias para enfrentar os desafios das mudanças climáticas,
sociais e do mercado globalizado A adoção de novas tecnologias pelo setor produtivo de
pouco servirá se não for acompanhada pela urgente implantação de políticas públicas pelos órgãos
governamentais
Referências Citadas:
ASSIS,M.R., 2011. Viabilidade financeira da mitilicultura no Litoral Norte de SP – Um estudo de caso. In: 7º Congresso Nacional de Excelência em Gestão, Rio de Janeiro, 12-13 ago, 12 p. LCCM/UFSC, 2014. Manual de Assentamento Remoto de Larvas de Mexilhão, 25 p. SANTOS, A.A.; COSTA, S.W., 2016. Síntese Informativa da Maricultura 2015. EPAGRI, 8 p. SUPLICY, F.M., 2015. Plano Estratégico para o Desenvolvimento Sustentável da Maricultura Catarinense (2015-2020). Versão preliminar para aprimoramento. EPAGRI, 66 p. SUPLICY, F.M., 2017. Cultivo de Mexilhões: Sistema Contínuo e Mecanizado. EPAGRI, 179 p.
Agradecimentos:
Felipe Suplicy (CEDAP / EPAGRI) pela valiosa ajuda com a cessão de material informativo sobre a
maricultura de Santa Catarina. Produtores da MAPEC (Caraguatatuba) pela cessão
de dados e fotos de arquivo pessoal
Prefeitura de São Sebastião pelos dados
Engo Agrônomo Maurício Rúbio – Casa da Agricultura de São Sebastião pelos dados